Mercado futuro da soja: entenda como funciona, as principais vantagens e desvantagens e como você pode tirar proveito disso para alavancar sua rentabilidade.
E se eu te falar que você pode vender soja sem ter plantado ou comprar um “caminhão” de soja sem ter um silo para guardar?
Pois é, isso é possível no mercado futuro da soja.
Pode parecer complicado no começo, mas no futuro é uma boa maneira de assegurar o preço de venda e faturar no mercado.
Nesse artigo vamos abordar como funciona o mercado futuro da soja e como você, empresário rural, pode tirar proveito disso para aumentar sua lucratividade. Confira comigo!
O que é o mercado futuro da soja?
Sem complicações e em palavras simples, o mercado futuro da soja assegura o preço de hoje para a venda que você fará amanhã.
Mas como isso funciona? Eu explico. Por exemplo…
Vamos supor que hoje a cotação da soja 2019/20 está em R$ 80 por saca de 60 kg e, para o empresário rural, esse é um bom preço. Então prefiro não esperar, porque “vai que o preço despenca quando for vender”.
Assim, pode-se proteger das oscilações do mercado fazendo um contrato de mercado futuro e fixando o preço da soja nos R$ 80 de hoje, mesmo que a venda só se concretize meses depois.
Como veremos a seguir, temos muito o que levar em consideração ao atuar neste mercado, mas podemos tirar bom proveito disso.
Como funciona o mercado futuro da soja?
Assim como para outras commodities, os contratos são negociados na bolsa BM&FBovespa e podem ser relativos à soja Brasil ou à soja da bolsa de Chicago (Estados Unidos). Em ambos os casos os contratos são fixados em dólar.
(Fonte: AFNews)
Nesse mercado, se negocia soja a granel tipo exportação, com certas especificações de pureza e teor mínimo de óleo. Cada contrato segue as condições da tabela abaixo.
Os contratos em aberto ficam disponíveis no site da BM&FBovespa e o ideal é que você escolha entre esses junto com a sua corretora.
O calendário de negociações segue de acordo com o pré-estabelecido pela BM&FBovespa, disponível aqui, com informações relativas às atividades de negociação, registro, compensação, liquidação e depósito centralizado durante o referido ano.
Vale lembrar que no mercado futuro só existe a liquidação financeira, em primeiro momento, não há a entrega do produto físico. Sendo que isso é um grande atrativo para investidores.
Se você tiver curiosidade de entrar no site da bolsa, verá que existem vários códigos para designar os produtos e serviços. Parece complicado, mas eu explico.
Como são formados os preços?
A formação dos preços de qualquer contrato disponível para o mercado futuro da soja depende da cotação do mercado físico, dada pelo indicador da soja Cepea/Esalq-Usp e da proximidade do mês de vencimento do contrato.
Assim, quanto mais alto o valor do indicador do mercado físico, mais o contrato futuro de soja se valoriza.
No entanto, essa valorização é limitada pela proximidade do mês de vencimento.Quanto mais próximo da data, menor a valorização.
Entenda os códigos
O mercado futuro da soja utiliza códigos que indicam o produto negociado, o mês de vencimento e o ano.É importante entender essas siglas para quando for realizar suas operações no futuro.
Veja na imagem abaixo como são formados os códigos:
(Fonte: Autor, de acordo com as diretrizes da BM&FBovespa)
Desta forma, os meses seguem uma nomenclatura específica, que apresento na tabela abaixo.
(Fonte: Autor, de acordo com as diretrizes da BM&FBovespa)
Vale lembrar que a data de vencimento e o último dia para negociação do contrato é sempre o 2º dia útil anterior ao mês de vencimento.
Tarifações e garantias
Para investir no mercado futuro da soja, é exigido que se tenha a garantia mínima de 4.32% do valor do negócio em conta, em ações ou em títulos do tesouro. Também existem tarifações para cada negócio.
Veja as principais tarifas cobradas em operações:
Repare que as tarifas dependem do volume de contratos e do tempo de permanência.
Quais as vantagens e desvantagens do mercado futuro da soja?
Vantagens
Com o mercado futuro da cultura de soja você consegue fixar o preço atual, protegendo-se contra oscilações do mercado.
Pelo fato da liquidação ser apenas financeira e não do produto físico em primeiro momento, isso é interessante para investidores pois não é necessário possuir um silo para comprar ou uma planta de soja para vender.
Assim, há a possibilidade de especular o mercado – como em qualquer investimento na bolsa – o que possibilita alavancar sua lucratividade.
Desvantagens
Como todo investimento, o mercado futuro da soja está sujeito a riscos. Os preços podem subir acima do que você fixou ou, ainda, existe a possibilidade de perder dinheiro com especulações na bolsa.
Por isso, o ideal é entender a dinâmica e o funcionamento do mercado futuro antes de entrar nessa jogada.
Da mesma forma, especular na bolsa pode ser uma maneira de ganhar mais com a venda ou acordo de compra da soja, mas sempre tenha cautela.
Como investir no mercado futuro da soja?
Se após tudo o que abordamos até agora, você se interessou pelo mercado futuro da soja, decidiu conhecer mais a fundo e investir, o que você precisa fazer é encontrar uma corretora que opere na bolsa.
No site da BM&FBovespa, você encontra uma lista completa de corretoras, basta escolher uma de sua confiança e que trabalhe neste mercado.
A partir disso, faça seus investimentos e tome suas decisões de compra e venda. Geralmente, o contato é por telefone, mas algumas corretoras disponibilizam canais online para fazer suas operações.
Conclusão
Como conferimos no texto, o mercado futuro da soja é uma opção para quem quer fugir das oscilações do mercado e garantir o preço atual na venda que virá.
E como ressaltamos, é um mercado onde não ocorre a venda física da soja em primeiro momento – há apenas a liquidação financeira do produto. Por essa razão, muitos investidores utilizam esse mercado para especulação e como alavanca para se ganhar dinheiro.
Embora existam algumas garantias iniciais e taxas que devem ser pagas, quando se entende o funcionamento esse mercado se torna um ótimo aliado para aumentar a rentabilidade do produtor e, principalmente, do empresário rural.
E você, já comprou ou vendeu no mercado futuro da soja? Restou alguma dúvida sobre este assunto? Conte pra gente nos comentários abaixo. Grande abraço e até a próxima!
Deficiência de magnésio na soja: conhecendo e sabendo a função do nutriente na sua cultura, fica fácil o sucesso produtivo.
Plantas bem estabelecidas, ou seja, bem nutridas é o primeiro passo para o sucesso na produção, incluindo no cultivo de soja.
Assim, o magnésio (Mg) está entre os nutrientes cruciais por ser constituinte da molécula de clorofila, essencial para a vida vegetal.
Sabemos que sua disponibilidade em solos arenosos tropicais ácidos e com baixo teor de matéria orgânica é um pouco limitada.
Então, o que acha de conhecer mais esse nutriente, suas peculiaridades e formas de aumentar a eficiência na utilização? Confira a seguir!
Importância do magnésio na soja
Bom, o magnésio é o terceiro cátion mais abundante, sendo superado apenas pelo cálcio e hidrogênio.
Além disso, o magnésio é um elemento classificado como macronutriente secundário, sendo tratado como essencial para as plantas. Mas você sabe o por quê?
Na soja e assim como em outras plantas, o magnésio (Mg) é conhecido como um componente da molécula de clorofila.
O magnésio exerce ainda outras funções, como a ativação enzimática que atua como cofator de enzimas fosforilativas, que estão relacionadas à carga energética da célula (ATP ou ADP).
Além desta, outra função desse nutriente está relacionado à assimilação de CO2 e dos processos relacionados à produção de açúcar e amido, importante pois o magnésio ativa a RuBP carboxilase.
Desta forma, podemos dizer que o magnésio está associado a várias atividades das plantas que requerem e fornecem energia, a exemplo da fotossíntese, respiração, síntese de moléculas (proteínas, lipídeos, carboidratos) e absorção iônica.
Percebe-se que o Mg é de grande importância para as culturas, como podemos ver abaixo na tabela que consta os valores de composição da soja, chamando a atenção para magnésio que é o 7° em valor.
Composição elementar de uma cultura de soja (31 de grãos e 51 de restos, matéria seca) (Fonte: Prof. Faquin – Nutrição Mineral de Plantas)
Como identificar deficiência de magnésio na soja
Inicialmente ocorre uma coloração verde-pálido nas bordas, evoluindo para uma clorose marginal nas folhas mais velhas, em seguida a clorose avança para dentro das folhas, entre nervura.
Os sintomas iniciais se manifestam nas folhas basais, porém com prosseguimento dos sintomas de deficiência as folhas novas são afetadas devido à baixa produção de clorofila.
Esta ordem dos acontecimentos quanto dos sintomas de deficiência indicam que o Mg, assim como o nitrogênio (N) e o fósforo (P), é móvel na planta.
Em alguns casos a deficiência de Mg pode induzir a formação de pintasque lembram ferrugem e manchas necróticas irregulares podendo aparecer entre as nervuras, nos folíolos intermediários e no topo da planta.
Outro sintoma causado pela deficiência de Mg em soja é uma aparente maturação precoce.
Além disso, pode ocorrer oenrugamento das margens das folhas para baixo e o amarelecimento das folhas partindo das margens para o interior, havendo um bronzeamento de toda a superfície da folha.
Em solos arenosos tropicais ácidos e com baixo teor de matéria orgânica é mais frequente a deficiência de magnésio, assim como de cálcio, mas pode ser prevenido pela correta aplicação de calcário.
Também é comum notar deficiência de Mg em cultivos de soja em solos com baixo teor de magnésio (Mg < 8 mmolc dm-3) e/ou baixa saturação (Mg/CTC < 13%) e relação Mg/K menor que 3,0.
Fonte de magnésio para adubação na soja
A principal forma de disponibilizar magnésio é por meio da aplicação de calcários, ou seja, via solo.
Mas para solos que demandam mais do que o fornecido pelos calcários, deve-se realizar a aplicação adicional dessa adubação com fertilizantes.
Atualmente no mercado existem diversos produtos que fornecem magnésio de forma isolada e/ou com algum nutriente, como mostra a tabela a seguir.
Fonte
% de Mg
Calcário calcítico
2
Calcário magnesiano
3-7
Calcário dolomítico
>7
Sulfato de magnésio
9-16
K-Mag
18
Termofosfato
19
Hidróxido de magnésio
69,1
Multifosfato magnesiano(Fosmag)
5-3,5
Óxido de magnésio (Magnesita)
50-90
Silicato de magnésio
40,2
Sulfato duplo de potássio e magnésio
11
Nitrato de magnésio
9,3
(Fonte: do autor – compilado da Microquímica com Agrolink)
A principal aplicação de magnésio é via solo, porém existem alguns produtos que podem ser aplicados via adubação foliar, a exemplo do sulfato de magnésio.
Em estudos, relata-se que há efeito positivo de aplicação via foliar como mostra os dados e gráficos abaixo, entretanto muito ainda se discute sobre isso.
Descrição dos tratamentos para avaliação de doses de magnésio aplicado foliar em três estádios na cultura da soja (Fonte: Fundação MS)
Fatores que aumentam a eficiência do magnésio na soja
Alguns pontos devem ser considerados quando se busca eficiência na utilização do Mg na soja, sendo eles:
1- Condições ideais de pH para disponibilização do magnésio situado em valores superiores a 5,4.
2- Além do pH, a saturação de magnésio mais adequada à cultura da soja são as seguintes:
CTC < 80 mmol dm-3 ,o Mg apresenta-se na faixa de 13% a 18% e CTC > 80 mmol dm-3 ,o Mg apresenta-se na faixa de 13% a 20%
3- Interações nutricionais:
Fósforo x Magnésio
Entre esses dois nutrientes ocorre a interação chamada de sinergismos, isto é, a absorção de fósforo (P) é máxima em solos que apresentam teores adequados de magnésio.
O Mg é um carreador de P, porque o Mg participa da ativação das ATPases da membrana responsáveis pela absorção iônica.
Velocidade de absorção de fósforo em função da concentração de Mg na solução nutritiva (Fonte: AgroMag)
Magnésio x Cálcio x Potássio
Para a cultura da soja, a relação entre os nutrientes magnésio, cálcio e potássio varia de acordo com a CTC (capacidade de troca catiônica), sendo os valores seguintes:
Em solos com CTC menor que 80 mmol dm-3, a relação Ca/Mg e Mg/K mais adequada à cultura da soja é de 1 a 2 e de 5 a 10, respectivamente.
Em solos com CTC maior que 80 mmol dm-3, a relação Ca/Mg e Mg/K mais adequada é de 1,5 a 3,5 e de 3 a 6, respectivamente.
Causas do excesso do magnésio na soja
Normalmente, casos de excesso de magnésio são raros, porém essa situação pode ocorrer.
Com a utilização contínua de calcário com relação cálcio/magnésio de 1:1 e fazendo cálculos baseados somente no valor de Ca, tem-se uma superestimação da quantidade aplicada de Mg.
Como consequência, isso pode ocasionar deficiência de potássio e comprometer a sua produção de grãos.
E como evitar isso? Fazendo o monitoramento visual e, ainda, aliando com análises de laboratório, tanto de solo quanto foliar, para que possa ser tomada as providências para a próxima safra, principalmente sobre a escolha do calcário a ser utilizado.
Conclusão
Neste artigo, vimos a importância do Mg para as plantas, elencamos as principais formas de identificar a deficiência de magnésio nas plantas de soja e também informamos algumas fontes do nutriente.
Também pontuamos características que aumentam a eficiência na utilização de Mg na soja.
Ciclo da ferrugem da soja: ciclo da doença, ocorrência na safra 2019/20, medidas de manejo, controle químico e redução da eficiência de fungicidas.
A ferrugem asiática é uma doença de grande importância para a cultura da soja, que além do elevado custo com o seu manejo, pode causar perdas de produtividade.
Para reduzir custos e perdas é importante conhecer o seu ciclo, saber como está a ocorrência da doença nas regiões produtoras e as principais medidas de manejo.
Por isso, aproveite este texto para tirar suas dúvidas sobre o ciclo da ferrugem da soja, assim como medidas para combatê-la. Confira!
Como está a ocorrência da ferrugem asiática na safra 2019/20?
A ferrugem chegou ao Brasil em 2001, na região do Paraná, e rapidamente foi constatada nas demais regiões produtoras de soja do país.
Sendo considerada uma das doenças mais severas da cultura da soja, ela pode interferir na produção e causar danos de até 90%.
Nesta safra (2019/20), o primeiro registro da doença ocorreu no Paraná no fim de 2019.
Houve um menor número de ocorrência nesta safra – 68 – contra 242 focos da safra passada 2018/19, no mesmo período do ano (até 28 de janeiro).
Segundo a pesquisadora da Embrapa Cláudia Vieira Godoy, isso ocorreu porque a semeadura da safra atual aconteceu mais tardiamente e de maneira mais espalhada por conta da falta de chuva, diferente da safra passada.
Mas as chuvas do início de 2020 podem proporcionar condições que favoreçam a ocorrência da doença, por isso, os produtores não podem descuidar do monitoramento da ferrugem e das medidas de manejo.
Até o momento já foram registrados mais de 65 focos de ferrugem asiática pelo Brasil, sendo apresentado maiores ocorrências nos estados do Paraná e do Mato Grosso do Sul.
Você pode utilizar o Consórcio Antiferrugem para monitorar os focos de ferrugem da soja na sua região.
Para entender mais sobre a doença e quais medidas de manejo utilizar, é importante conhecer o ciclo da ferrugem asiática.
Ciclo da ferrugem da soja
A ferrugem asiática da soja é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, que é disseminado principalmente pelo vento, ou seja, os esporos do fungo (urediniósporos) são disseminados de um local para outro podendo ir a longas distâncias.
Os esporos são depositados na folha de soja e para que o fungo infecte a planta são necessárias condições favoráveis como disponibilidade de água livre na folha, no mínimo de 6 horas de molhamento foliar e temperatura entre 15 e 25°C.
Dessa forma, as chuvas também podem favorecer o desenvolvimento da doença.
O fungo da ferrugem da soja penetra através da cutícula da folha da soja de forma direta, para infectar a planta. Após alguns dias, podem ser observados os primeiros sintomas.
Inicialmente, na parte superior das folhas podem ter pequenos pontos, com coloração mais escura que o tecido sadio, variando de verde a cinza.
Na parte inferior das folhas ocorrem as lesões – urédias (também chamadas de pústulas), com coloração castanha a marrom.
E nessas pústulas são formados os esporos que podem ser dispersos para o ambiente e começar novamente o ciclo.
Sintomas da ferrugem asiática na parte inferior da folha (Fonte: arquivo pessoal da autora)
Com o progresso da doença, se as folhas apresentarem alta densidade de lesões ficam amarelas e caem, causando desfolha na lavoura e afetando a produção.
Em condições favoráveis, o fungo completa o seu ciclo de vida de 6 a 9 dias.
Essa foi uma rápida explicação do ciclo da ferrugem asiática da soja que você pode conferir na ilustração abaixo.
A doença evolui em qualquer estádio de desenvolvimento da planta, mas é possível observar com frequência a partir do fechamento do dossel, pela formação de um microclima favorável ao desenvolvimento da doença.
Além das plantas de soja da lavoura e das tigueras (plantas voluntárias), a ferrugem apresenta uma ampla gama de plantas hospedeiras, mais de 150 espécies.
E como você pode identificar essa doença na sua lavoura? Veja a seguir.
Identificação da ferrugem asiática na lavoura
Para manejar o ciclo da ferrugem da soja é muito importante identificar a doença rapidamente na lavoura.
Para isso é importante o monitoramento constante!
Primeiro observe as folhas do terço inferior e/ou médio das plantas, principalmente nos locais com maior probabilidade de acúmulo de umidade, para verificar se há sintomas e estruturas do fungo.
Após isso, verifique as folhas na parte superior e veja se há pontos escuros.
Se observar pontos escuros, utilize uma lupa e verifique se existe a presença de saliências (urédias) na parte inferior (face abaxial ou verso da folha) das folhas .
Quando as urédias liberam os esporos, fica-se com aspecto de “vulcão”.
Assim, quanto antes você perceber que a sua lavoura está doente, mais cedo vai controlá-la e menos perdas a doença causará.
Além do monitoramento, veja outras medidas de controle durante o ciclo da ferrugem da soja.
Manejo da ferrugem asiática da soja
Para o controle da ferrugem asiática da soja, as medidas de manejo que você pode utilizar são:
Monitoramento da lavoura de soja e de focos da ferrugem asiática na região para definir o momento ideal do controle;
Vazio sanitário: período de 60 a 90 dias sem o plantio de soja ou plantas voluntárias no campo. Esse período reduz a sobrevivência do fungo no campo, atrasando a ocorrência da doença na safra;
Uso de variedades precoces;
Calendarização da semeadura (no início do período recomendado): para reduzir o número de aplicações de fungicidas e, com isso, diminuir a pressão de seleção de resistência do fungo aos fungicidas, já que essa doença pode ser dispersa a longas distâncias pelo vento;
Veja os estados que fazem parte da calendarização e do vazio sanitário e não se esqueça de observar o período ou a data dessas medidas para a sua região.
Controle químico (fungicidas): pode ser utilizado de maneira preventiva ou no aparecimento de sintomas;
Uso de cultivares resistentes ou mais tolerantes quando disponíveis;
Integração de vários métodos de manejo para prevenir a redução da eficiência de fungicidas e de plantas resistentes.
Fungicidas para o manejo do ciclo da ferrugem da soja
Como já comentamos, os fungicidas podem ser utilizados após a identificação dos primeiros sintomas ou preventivamente.
Para realizar o controle preventivo é importante observar alguns fatores como: aparecimento da ferrugem asiática (presença do fungo e condição climática favorável), logística de aplicação (disponibilidade de equipamentos e tamanho da propriedade), presença de outras doenças e custo do controle.
Já são 68 fungicidas registrados com vários modos de ação que você pode consultar no Agrofit e utilizar para o controle da ferrugem da soja na sua lavoura.
Para te auxiliar nessa escolha, a Embrapa realiza um estudo durante toda a safra de soja sobre a eficiência de fungicidas para o controle da ferrugem asiática.
Lembre-se que se deve utilizar mais de um tipo químico para melhorar a eficiência do controle e reduzir a resistência do fungo a fungicidas.
Redução da eficiência de fungicidas para controle da ferrugem asiática
A resistência de fungos a fungicidas ocorre por processos evolutivos, mas o uso incorreto (uso contínuo do mesmo fungicida com mesmo modo de ação e doses incorretas) pode adiantar esse processo.
Para o ciclo da ferrugem da soja houve redução da eficiência dos fungicidas dos grupos químicos: Estrobilurinas, Triazóis e Carboxamidas.
As Estrobilurinas devem ser utilizadas no controle da ferrugem de forma preventiva, combinadas com fungicidas triazóis, triazolintione e/ou carboxamidas, garantindo adequados níveis de eficácia.
Já as Carboxamidas devem ser utilizadas de forma preventiva e também em combinação com o grupo químico das Estrobilurinas.
Para reduzir a resistência de fungos a fungicidas, algumas medidas podem ser utilizadas, como:
– Realizar rotação de fungicidas com diferentes modos de ação;
– Uso do fungicida somente na época, na dose e nos intervalos de aplicação recomendados no rótulo/bula;
– Utilizar outras medidas de manejo (integração);
– Redução do número de aplicações e calendarização da semeadura;
– Consultar um(a) engenheiro(a) agrônomo(a) para auxiliar nas recomendações.
Conclusão
Vimos que conhecer o ciclo da ferrugem da soja é importante para entender como ela ocorre, as condições do ambiente que são favoráveis e para identificar as melhores medidas de manejo.
E que entre essas medidas, o controle químico é muito usado nas lavouras de soja, mas já foram identificados fungicidas com redução da eficiência para controle.
Agora que você sabe essas informações, monitore a sua lavoura, integre várias medidas de manejo e reduza perdas com a ferrugem asiática na sua lavoura!
Você teve problemas com essa doença na safra 2019/20 na sua propriedade? Como você controla o ciclo da ferrugem da soja? Adoraria ver seu comentário abaixo!
Fungicidas da cultura da soja: resistência, como realizar o manejo disso, além de fungicidas e medidas alternativas de manejo para doenças da soja.
A soja é um importante grão para o país, com produção estimada de 121 milhões de toneladas para a safra 2019/20, segundo a Conab.
Muitos fatores prejudicam a produção, mas no cultivo da soja as doenças vêm ganhando destaque.
Uma das razões para isso ocorrer, é que alguns fungos causadores de doença já foram identificados como resistentes a fungicidas (redução da sensibilidade).
Por isso, neste texto descrevemos alguns dos fungicidas da cultura da soja que já apresentaram resistência, medidas para realizar esse manejo e informações sobre alternativas de controle. Confira!
Importância dos fungicidas da cultura da soja
A lavoura é um sistema complexo, envolvendo fatores que podem contribuir ou afetar a produção.
Uma das razões que pode impactar negativamente a sua produção agrícola da lavoura de soja são as doenças.
O uso de fungicidas para o manejo dasdoenças da soja é muito importante, mas não podemos nos esquecer das outras estratégias que devem ser integradas ao manejo.
No Brasil foram utilizados cerca de 15% de fungicidas, dentre os demais defensivos agrícolas consumidos em 2017, nas diversas plantas cultivadas no país.
Tipos de defensivos agrícolas empregados em 2017 (toneladas) (Fonte: Sindiveg em Marques Junior)
Em áreas produtoras de soja, a utilização de fungicidas é bastante expressiva, que pode contribuir para o manejo da ferrugem e outras doenças como mancha alvo, mancha parda, antracnose e outras.
O volume de fungicida aplicado na cultura da soja teve um aumento ao longo dos anos, sendo um dos motivos pela ocorrência da ferrugem asiáticano Brasil na cultura da soja a partir de 2001 (uso intensivo).
E esse uso de fungicidas vem sendo utilizado amplamente nessa cultura para o manejo de fungos fitopatogênicos, no entanto, deparamos com relatos de resistência a esses produtos.
Resistência de um fungo a um fungicida é a redução da sensibilidade do fungo ao defensivo agrícola, ou seja, é a resposta natural do fungo a uma ameaça externa que pode afetar sua sobrevivência, que nesse caso é o fungicida.
Essa característica é herdável e estável em um fungo como resposta da aplicação de fungicida.
A resistência implica em falhas de manejo de doenças em uma lavoura.
Com esta definição surge o seguinte questionamento: O que leva a ter resistência de fungos a fungicidas?
Como ocorre a resistência de fungos a fungicidas?
Normalmente, a resistência a fungicidas ocorre por processos evolutivos, que pode manifestar pelo uso contínuo do defensivo agrícola com o mesmo modo de ação, uso de doses incorretas do fungicida recomendado, entre outros.
Ou seja, ocorre a seleção dos fungos resistentes pela utilização inadequada dos produtos (fungicidas).
A resistência é um processo natural (evolução), assim, populações de fungos menos sensíveis a fungicidas já estão presentes na natureza, mesmo sem nunca terem sido expostas aos mesmos.
Mas com o uso inadequado adiantamos esse impacto e, desta forma, ocorre uma influência na velocidade de desenvolvimento da resistência, com a tendência de eliminar populações mais sensíveis do patógeno, aumentando a frequência dos menos sensíveis e atuando como agentes de seleção.
Representação de como os fungos podem se tornar resistentes a fungicidas (pressão de seleção) (Fonte: Summa Phytopathologica)
E quais os relatos de resistência dos fungicidas da cultura da soja?
Fungicidas da cultura da soja que já apresentam resistência
Alguns fungicidas que foram relatados com perda de eficiência para algumas doenças de soja foram:
– Para ferrugem asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi) houve redução na sensibilidade de fungicidas dos grupos químicos: Estrobilurinas, Triazóis e Carboxamidas.
A partir da safra 2007/08 foi detectado redução na eficiência dos fungicidas. Na safra 2007/08 de Triazóis, em 2013/14 de Estrobilurinas, e das Carboxamidas na safra 2016/17.
– Para mancha alvo (doença de final de ciclo) causada por Corynespora cassiicola apresentou resistência aos grupos químicos benzimidazóis, estrobilurinas e carboxamidas.
Nesses casos de redução na eficiência dos fungicidas, deve-se utilizar outras medidas de manejo das doenças de soja, mas antes, veja algumas recomendações para o manejo de resistência a fungicidas.
Como realizar o manejo de resistência a fungicidas?
Como vimos, o manejo de doenças pode ficar menos eficiente com a utilização de alguns fungicidas.
Para reduzir essa resistência e aumentar a vida útil dos fungicidas, o Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas (FRAC) recomenda as seguintes estratégias que podem ser utilizadas no controle:
Realizar rotação de fungicidas com diferentes modos de ação;
Utilizar o fungicida somente na época, na dose e nos intervalos de aplicação recomendados no rótulo/bula;
Contar com outras medidas de manejo para o controle das doenças da soja (manejo integrado de doenças que vamos discutir no próximo tópico);
Consultar um(a) engenheiro(a) agrônomo(a) para auxiliar nas recomendações, monitoramento da safra e na tomada de decisão quanto à estratégia de controle para as doenças da soja na lavoura.
Além dessas estratégias, não se esqueça de realizar a aplicação do fungicida de forma eficiente, observando as condições climáticas adequadas e dos equipamentos agrícolas a serem utilizados.
A Embrapa também orienta para evitar mais que duas aplicações do mesmo produto em sequência.
Contudo, para o controle eficiente das doenças da soja da sua lavoura, verifique as alternativas de manejo.
Alternativas de controle das doenças da soja
Devemos lembrar que os fungicidas são parte do controle de doenças da soja, mas como já comentamos, devem ser utilizadas e integradas outras estratégias de manejo, que vamos discutir a seguir.
Vazio sanitário (controle da ferrugem asiática): é o período em que a área fica sem plantas de soja. Ele varia de 60 a 90 dias, o que reduz a sobrevivência do fungo;
Calendarização da semeadura (ferrugem asiática): realizar a semeadura no início do período recomendado pode reduzir o número de aplicações de fungicidas na sua área;
Evitar a semeadura em épocas com condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento do fungo;
Controle químico, o qual se caracteriza pelo uso de defensivos agrícolas.
Uso consciente de fungicidas para a ferrugem asiática da soja
Para o uso do controle químico, o produtor deve utilizar produtos registrados para a doença de soja que se pretende manejar, além de serem aplicados em doses, épocas e intervalos de aplicação como recomendado pelo fabricante.
Para a ferrugem asiática da soja, uma importante doença da cultura, têm-se 67 produtos registrados para a doença no Agrofit, que você pode consultar e definir qual deve ser utilizado de acordo com os mecanismos de ação e das recomendações a seguir.
Alguns fungicidas que podem ser utilizados para o manejo dessa doença da soja, segundo o FRAC, são:
Estrobilurinas (QoI): Inibidores de respiração no complexo 3
Essas devem ser utilizadas combinadas com os fungicidas triazóis, triazolintione e/ou carboxamidas para garantir adequados níveis de eficiência.
E o programa de controle de ferrugem deve ser iniciado de forma preventiva à ocorrência da doença.
Triazóis e Triazolintione (DMI): Inibidores da síntese de ergosterol
Indica a associação de DMI com estrobilurinas, como descrito no tópico anterior.
Carboxamidas (SDHI): Inibidores de respiração no complexo 2
Este grupo de fungicida deve ser combinado com fungicidas do grupo químico das estrobilurinas, para garantir adequados níveis de eficácia.
Além disso, a Embrapa também realizou um estudo sobre a eficiência de fungicidas multissítiospara o controle da ferrugem da soja.
Esses fungicidas afetam diferentes pontos metabólicos do fungo e apresentam baixo risco de resistência.
Os multissítios são diferentes dos fungicidas sítio-específicos que são ativos contra um único ponto da via metabólica de um patógeno ou contra uma única enzima ou proteína necessária para o fungo, que são os que comentamos acima.
Diante da pesquisa da Embrapa sobre a eficiência dos fungicidas multissítios na safra 2018/19, esses podem ser uma ferramenta importante para o manejo da ferrugem-asiática na soja, sendo necessário o registro do fungicida no MAPA para a sua utilização.
Dessa forma, podem-se realizar aplicações de fungicidas sítio-específicos com misturas com fungicidas multissítios.
Além da ferrugem, para a mancha alvo, o Frac recomenda não utilizar Carboxamidas de maneira isolada, mas deve-se realizar a associação com fungicidas multissitios no manejo da doença.
Conclusão
Os fungicidas são importantes para o controle de doenças da soja, mas vimos que alguns fungos se tornam resistentes a fungicidas.
Assim, neste texto foi discutido o que é resistência a fungicidas e como elas ocorrem.
Além disso, falamos sobre os fungicidas que tiveram relatos de perda de eficiência e como manejar essa suscetibilidade. E ainda, discutimos alternativas de manejo para doenças da soja.
Com isso, você pode ter um manejo mais eficiente na sua lavoura, controlando as doenças da soja e também os custos agrícolas.
Você teve problemas com perda da eficiência de fungicidas da cultura da soja? Você realiza rotação de mecanismos de ação? Adoraria ver seu comentário abaixo!
Cálculo de adubação para soja: As principais recomendações para nitrogênio, fósforo e potássio que vão aumentar sua produtividade.
A fertilidade do soloé um dos fatores mais importantes para a produção de grãos.
Em solos tropicais, como os do Brasil, é fundamental que se faça uso de fertilizantes para que sejam alcançadas altas produtividades no cultivo de soja.
Por isso, um bom manejo da adubação, além de aumentar a produtividade, pode promover a economia deste insumo. Os fertilizantes consomem uma grande porção dos recursos investidos na lavoura!
Cálculo de adubação NPK para soja em solos do Cerrado e do Rio Grande do Sul
Nitrogênio
A soja é uma planta leguminosa e que tem, portanto, capacidade de se associar a bactérias que realizam a fixação biológica de nitrogênio (FBN).
Por isso, não é necessário fazer a adubação com N para a cultura da soja.
Alguns autores recomendam que caso seja aplicado N, a dose não deve exceder 20 kg/ha.
O excesso de N pode inibir a nodulação e consequentemente a FBN.
Segundo o pesquisador da Embrapa Trigo, José Pereira da Silva Junior, o uso do inoculante pode aportar mais de 300 kg/ha de N.
O inoculante possui um custo de até 95% menor em comparação ao fertilizante nitrogenado.
Formação de nódulos da bactéria fixadora de nitrogênio Bradyrhizobium japonicum em raízes de soja (Fonte: Koppert)
Adubação com Fósforo e Potássio
A recomendação de adubação fosfatada e potássica é feita em função da exigência da cultura, da textura do solo e da disponibilidades de nutrientes nos solos.
Como estes fatores possuem particularidades regionais, é importante aprendermos a interpretar os teores de P e K no solo conforme a recomendação de cada região.
Além disso, a forma de aplicação, se em área total (adubação corretiva) ou no sulco de plantio (adubação de manutenção) é muito importante na definição da dosagem.
Recomendação para solos do Cerrado
Para os solos da região do Cerrado, o manejo da adubação de soja com P e K é recomendado conforme a disponibilidade destes nutrientes no solo.
Para P, a interpretação dos teores é feita com base no teor de argila como na tabela abaixo.
Classes de interpretação da disponibilidade de fósforo para solos de Cerrados, de acordo com os teores de argila (Fonte: Embrapa (2007))
Quando a disponibilidade de P nos solos for classificada como baixa e muito baixa, deve ser feita a correção do grau de fertilidade do solo.
Essa correção pode ser feita aplicando fontes de P em área total ou de forma gradual, ou seja, no sulco de semeadura.
Nestas condições a mesma é feita com base na tabela abaixo.
Indicação de adubação fosfatada corretiva e adubação fosfatada corretiva gradual para solos de Cerrados, de acordo com a classe de disponibilidade de P e os teores de argila (Fonte: Embrapa (2007))
Caso a disponibilidade de P no resultado de sua análise de solo esteja nas classes médio ou bom, recomenda-se apenas a adubação de manutenção que é de 20 kg/ha de P2O5 por tonelada de soja a ser produzida.
A adubação potássica corretiva é feita quando o teor de argila é maior que 20%.
A tabela abaixo indica as dosagens de K que devem ser aplicadas com base nos teores de K disponíveis no solo.
Indicação de adubação corretiva de potássio para solos de Cerrados com teores de argila maiores que 200 g kg-1, de acordo com a classe de disponibilidade de K (Fonte: Embrapa (2007))
E no momento da semeadura da soja, deve-se aplicar 20 kg de K2O por tonelada de soja que se espera produzir.
Doses acima de 50 kg/ha devem ser fracionadas.
Se este for o caso da sua lavoura, ⅓ da dose deve ser aplicado na semeadura e ⅔ da dose em cobertura (de 30 a 40 dias após a semeadura).
Recomendação para solos do Rio Grande do Sul
No Rio Grande do Sul, a recomendação de adubação com P e K para soja é feita com base no Manual de Adubação e de Calagem para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Neste caso, vamos interpretar uma análise de solo e fazer recomendação de adubação para a soja.
Abaixo, temos os resultados da análise de solo de 5 glebas diferentes.
Resultados da análise de solo de cinco glebas de uma lavoura (Fonte: Manual de adubação)
Vamos tomar a gleba 1 como exemplo para interpretarmos os teores de P e K no solo.
Para P, a classificação é feita conforme o teor de argila como pode ser visto na tabela a seguir.
Interpretação do teor de fósforo no solo extraído pelo método Mehlich-1, conforme o teor de argila e para solos alagados (Fonte: Manual de adubação)
Como o solo da gleba 1 possui 65% de argila, o mesmo se encaixa na classe 1.
Este mesmo solo possui um teor de 2,0 mg/dm3 de P, considerado um teor de P muito baixo.
Já para K, a interpretação do teor no solo é feita com base no resultado da CTC do solo a pH 7,0.
Interpretação do teor de potássio conforme as classes de CTC do solo a pH 7,0 (Fonte: Manual de adubação)
A CTCpH7,0 do solo da gleba 1 foi de 14,2 cmolc/dm3.
Portanto, este solo se encaixa na classe com CTCpH7,0 entre 5,1 e 15,0 cmolc/dm3.
O teor de K foi de 65 mg/dm3, sendo classificado como alto.
Agora que já sabemos como interpretar os teores de P e K em uma análise de solo, vamos aprender qual quantidade recomendada por ha.
Recomendação de P e K por hectare
A produtividade média da soja no estado do Rio Grande do Sul é de aproximadamente 3 t/ha.
Usaremos então esta produtividade média para fazer a recomendação para uma lavoura de soja no primeiro cultivo.
Neste caso, geralmente a rotação é feita com milho ou trigo no segundo cultivo.
A tabela a seguir mostra a recomendação de P e K em P2O5 e K2O, respectivamente:
Fósforo e Potássio por cultivo (Fonte: Manual de adubação)
Como a soja é o primeiro cultivo e o teor foi classificado como muito baixo, a recomendação é de 110 kg/ha de P2O5.
É importante lembrar que este valor é para uma produtividade de 2 t/ha de soja.
Para uma produtividade maior que 2 t/ha, deve ser acrescido 15 kg de P2O5 por tonelada.
Portanto, a recomendação final é de 125 kg/ha de P2O5.
A mesma lógica é aplicada para definir quanto de K deve ser aplicado.
O teor no solo foi classificado como alto e portanto a recomendação é de que seja aplicado 45 kg/ha de K2O mais 25 kg/ha por tonelada extra.
A recomendação para K é de que seja aplicado 70 kg/ha de K2O.
Lembramos que a aplicação de K no momento do plantio não deve exceder 50 kg/ha de K2O.
Nestas condições, deve-se optar pelo parcelamento da dose.
Formulação do fertilizante para plantio
A quantidade de fertilizantes recomendada para plantio da cultura da soja no solo da gleba 1 foi de 125 kg/ha de P2O5 e 50 kg/ha de K2O.
Mas como saber a formulação do adubo que devo aplicar e a quantidade?
Você deve dividir a dose recomendada pelo nutriente em menor quantidade para determinar a proporção entre eles.
Dessa maneira, uma formulação adequada deve obedecer esta relação de 2,5/1,0.
Uma formulação NPK comercial facilmente recomendada neste caso é a 0 – 25 – 10.
Esses valores são expressos em porcentagem.
Então, em 100 kg do formulado, temos 25 kg de P2O5 e 10 kg de K2O.
Pela legislação brasileira, o somatório do teor dos nutrientes nas formulações deve ficar no intervalo de 24 a 54%:
Neste caso 25 + 10 = 35.
Ou seja, esta formulação atende a legislação.
Devem ser aplicados 500 kg/ha da formulação para atender a exportação de P e K pela cultura da soja.
Cálculo de adubação para soja: Fatores que afetam a produtividade de grãos
O Brasil é um dos maiores produtores de soja do mundo, disputando com os Estados Unidos, a cada ano, a liderança no ranking mundial.
Segundo levantamento do Departamento de Agricultura dos EUA de novembro de 2019, o Brasil tem uma estimativa de produção de 123 milhões de toneladas na safra 19/20.
Pesquisadores da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, elencaram seis fatores como sendo os mais importantes na definição da produtividade de soja:
Assim, para obter uma boa produtividade, todos esses fatores devem ser otimizados.
Para isso, o produtor deve fazer um bom planejamento antes do plantio da soja. Tudo isso passa pela correção do solo, escolha do espaçamento e da cultivar adequada, entre outros fatores.
A importância do manejo adequado da adubação na soja
Depois do clima, a fertilidade do solo é o fator mais limitante para a produção de soja.
Um bom manejo da adubação é muito importante não só para alcançar altas produtividades como para reduzir custos de produção.
Os fertilizantes compõem em média 27,82% dos custos de produção da soja no Brasil.
O gráfico abaixo mostra a participação percentual média dos principais itens que compõem os custos operacionais de soja, entre os anos-safra 2007/08 e 2015/16.
(Fonte: Conab)
Cálculo de adubação para soja: Análise e correção do solo
O cálculo da adubação para soja deve ser feito com base no resultado das análises química e física do solo.
É importante também realizar uma boa correção do solo para melhorar o aproveitamento dos fertilizantes aplicados.
A calagem fornece Ca e Mg para a cultura da soja e aumenta a disponibilidade de outros nutrientes, como o fósforo (P) por elevar o pH e neutralizar o alumínio trocável (Al3+).
A gessagemé uma opção interessante em áreas em que os efeitos da calagem são limitados às camadas mais superficiais, em especial solos argilosos.
Apesar de não corrigir o pH, o gesso agrícola fornece Ca e S e reduz o Al3+ em profundidade, aumentando o crescimento radicular.
Conclusão
Os custos com a aplicação de fertilizantes na lavoura são muito elevados. Por isso, um bom manejo da adubação pode promover grande economia de recursos.
A soja é capaz de se associar a bactérias fixadoras de N atmosférico e, a aplicação de N em formas minerais, inibe a formação de nódulos nas raízes.
A adubação com P e K pode ser facilmente calculada após a interpretação do teor dos nutrientes no solo.
Vimos neste artigo que o P deve ser preferencialmente aplicado na semeadura.
E o parcelamento da adubação potássica em soja pode ser necessário quando as recomendações de K forem maiores que 50 kg/ha.
Com estas informações, espero que você possa fazer o melhor manejo de adubação na sua lavoura de soja.
Doenças da soja: saiba como identificar as mais frequentes, incluindo nematoides, e os métodos de controle mais eficazes para cada uma delas.
Identificar e controlar as doenças da soja exige um nível cada vez maior de conhecimento técnico e acompanhamento prático da lavoura.
Embora a mais importante seja a ferrugem asiática, diversas outras doenças podem afetar a produtividade, causando perdas de até 100%.
A chave para manter a lavoura saudável é identificar a doença em seu início e realizar medidas de manejo adequadas.
Por isso, fizemos este artigo exclusivo com a Agronômica Laboratório de Diagnóstico Fitossanitário para que você entenda e controle as doenças da soja. Confira!
Principais doenças da soja
As doenças podem ocorrer em todo o ciclo da cultura ou em períodos específicos (estádios de desenvolvimento). As principais doenças da soja são:
Ferrugem asiática
Mancha-alvo
Oídio
Mofo-branco
Crestamento foliar de cercospora e mancha púrpura da semente
Antracnose
Mancha parda ou septoriose
Mancha olho-de-rã
Cancro da haste
Mela ou requeima
Podridão de carvão das raízes
Confira o período de ocorrência mais frequente das doenças da soja na imagem a seguir:
(Fonte: Paulo Saran)
Tendo isso em vista, vamos agora para a identificação e manejo das principais doenças da soja:
Ferrugem asiática da soja
(Fonte: Arquivo pessoal da autora)
A ferrugem asiática da soja é considerada a mais importante na cultura da soja e é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi. Os sintomas podem aparecer em qualquer estádio de desenvolvimento da planta.
A ferrugem asiática da soja pode causar perdas de 10% a 90% nas lavouras, atingindo todas as regiões produtoras do Brasil.
O diagnóstico nos estádios iniciais da doença pode ser difícil por não ter os esporos alaranjados como em outras ferrugens.
Por isso, inicialmente, procure por minúsculos pontos mais escuros nas folhas, variando de coloração verde a cinza (utilize uma lupa).
Na face inferior das folhas no local correspondente ao dos pontos, observe pequenas saliências, que são as urédias (estruturas de reprodução do fungo).
Na safra 2019/20, já tivemos registro da ferrugem asiática no campo. Acompanhe os dados de ocorrência da doença no Consórcio Antiferrugem.
Manejo da ferrugem asiática:
Monitore a lavoura
Não se esqueça de utilizar uma lupa e observar a parte de baixo da folha para visualização das urédias.
Utilize fungicidas
Use fungicidas, como a morfolina, preventivos ou quando aparecer os primeiros sintomas.
Lembre-se que já foi registrada a redução da eficiência de fungicidas à base de carboxamidas, triazóis e estrobilurina isolada.
Como existem vários produtos registrados para manejo da ferrugem da soja e com vários ingredientes ativos, você pode utilizar fungicidas com diferentes modos de ação.
Isso minimiza riscos de perda da eficiência dos fungicidas.
Além disso, reduza a aplicação excessiva de fungicidas e realize a calendarização da semeadura.
Vazio sanitário
É o período que a área fica sem plantas de soja. Ele varia de 60 a 90 dias, o que reduz a sobrevivência do fungo.
Realizar a semeadura no início do período recomendado pode reduzir o número de aplicações de fungicidas na sua área. Isso ocorre porque há menos esporos da doença no ambiente.
Uso de variedades precoces
Utilizando essas variedades, você irá reduzir o tempo de exposição da planta no campo, podendo reduzir a infecção.
Além da ferrugem asiática, conheça outras doenças da soja que podem afetar a sua lavoura e como fazer seu controle:
Nas folhas, os sintomas se iniciam por pontuações pardas, com halo amarelado, evoluindo para mancha foliar circular, de coloração castanho-clara a castanho-escura.
Essas manchas podem apresentar pontuação no centro e anéis concêntricos de coloração mais escura (semelhantes a um alvo).
Para te auxiliar na escolha do fungicida, veja o trabalho que a Embrapa realizou para determinar a eficiência de fungicidas da cultura da soja no controle da mancha-alvo.
O oídio é uma doença é causada pelo fungo Microsphaera diffusa. Em algumas regiões do país a doença ocorre por ter as condições favoráveis para o desenvolvimento do fungo.
Essas condições são temperaturas amenas e baixa umidade, sendo frequente em regiões com maior altitude. Além disso, esse fungo tem fácil dispersão pelo vento.
Sintomas da doença podem ser observados nas folhas, que vão apresentar uma estrutura branca (micélio e esporos do fungo) – que podem se tornar cinzas com o passar do tempo.
Essas estruturas são capazes de impedir a fotossíntese e provocar queda prematura das folhas.
Como fazer o manejo do oídio:
Utilização de variedades resistentes;
Controle químico;
Evitar a semeadura em épocas com condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento do fungo.
Os sintomas são lesões encharcadas inicialmente, que evoluem para uma coloração castanha e, depois, há a formação de um micélio branco, que formam escleródios.
O fungo pode sobreviver no solo por um longo período (em média de 5 a 10 anos) na forma de estruturas de resistência do fungo (escleródios).
Placa de Petri com crescimento em meio de cultura de Scletotinia sclerotiorum com micélio branco e escleródios (Fonte: Arquivo pessoal da autora)
Manejo do mofo-branco:
Sementes certificadas, limpeza de máquinas e implementos agrícolas;
Tratamento de sementes com fungicidas do grupo MBC (metil benzimidazol carbamato);
Rotação/sucessão de culturas;
Semeadura em palhada de plantas não hospedeira como as gramíneas (isso desfavorece a formação e liberação de esporos do fungo);
Utilização de cultivares que favoreçam a aeração entre as plantas para não criar um ambiente ideal para desenvolvimento do fungo;
Doença causada pelo fungo Cercospora kikuchii, que ataca todas as partes da planta.
Ocorre em várias regiões produtoras de soja, sendo mais intensa em locais quentes e chuvosos.
Nas folhas, você pode observar manchas castanho-avermelhadas, produzindo o efeito chamado de “bronzeamento” na folha, que pode evoluir para grandes manchas escuras.
Já nas vagens, causa manchas vermelhas a castanhas. É através das vagens que o fungo atinge a semente, causando manchas avermelhadas denominadas “mancha púrpura”.
Principais manejos
Uso de sementes certificadas;
Tratamento de sementes com fungicidas;
Pulverização com fungicida na parte aérea da planta: existem vários produtos registrados para este patógeno.
O fungo mais comum que causa antracnose em soja é o Colletotrichum truncatum. A doença pode ocorrer no início da cultura e você pode observar o tombamento das plantas jovens de soja.
(Fonte: Arquivo pessoal da autora)
Nas vagens surgem manchas aquosas no início da doença, escurecendo depois.
Isso pode favorecer a queda das vagens e sementes com manchas deprimidas. Já nas folhas podem ocorrer manchas e necrose.
Manejo da antracnose:
Utilização de sementes certificadas;
Sementes tratadas com fungicidas;
Controle químico;
Rotação de culturas;
Plantio da soja no espaçamento adequado, especialmente no plantio direto, para não apresentar condições adequadas para o fungo (alta umidade e clima quente).
A mancha parda é causada por Septoria glycines e está disseminada por todo o país.
No início do desenvolvimento da doença, você pode observar pequenas pontuações de cor parda nas folhas que, ao se desenvolverem, formam manchas com halos amarelados e centro de contornos angulares, de coloração parda da face superior e rosada na parte inferior da folha. Pode haver desfolha prematura.
Manejo da mancha parda:
Rotação de culturas;
Aplicação de fungicidas na parte aérea durante a formação e enchimento das vagens.
Mancha olho-de-rã
É causada pelo fungo Cercospora sojina e pode ocasionar perdas de 10% a 60%.
Os sintomas da doença podem ser observados nas folhas, hastes, vagens e sementes.
Nas folhas ocorrem pequenas manchas encharcadas na face superior que evoluem para lesões de formato arredondado, com o centro castanho claro e bordas castanho-avermelhadas.
Já na face inferior das folhas, as lesões apresentam coloração mais escura.
Os sintomas nas vagens são lesões circulares a alongadas, deprimidas, com coloração marrom-avermelhada.
Nas sementes, causa rachaduras e manchas de coloração parda e cinza.
Manejo da mancha olho-de-rã:
Variedade resistente;
Tratamento de sementes.
Cancro da haste
A doença pode ser causada por Diaporthe aspalathi e Diaporthe caulivora. Ambas as espécies causam sintomas semelhantes nas plantas.
Você pode observar lesões profundas nas hastes, com coloração castanho-avermelhadas a negras, alongadas e elípticas, adquirindo coloração castanho-clara com bordas castanho-avermelhadas.
Um aspecto importante desta doença são folhas amareladas e com necrose internerval (folha “carijó”), permanecendo presas à planta.
Já as sementes podem apresentar enrugamento e rachaduras no tegumento. E é possível observar micélio de coloração esbranquiçada a bege sobre a superfície.
As lesões causadas por D. aspalathi raramente circundam a haste e não há murcha.
Já as lesões causadas por D. caulivora circundam o caule, causando murcha e morte da planta.
Doença causada por Rhizoctonia solani, podendo apresentar até 60% de redução na cultura da soja.
Ocorre em reboleira nas lavouras e tem desenvolvimento em alta umidade relativa.
Os sintomas são folhas com lesões encharcadas de coloração pardo-avermelhada a roxa, evoluindo para marrom-escura a preta.
Uma particularidade é que folhas infectadas geralmente ficam aderidas às outras ou às hastes por meio do micélio, que pode disseminar o fungo para tecidos sadios.
Nas hastes, pecíolos e vagens ocorrem manchas castanho-avermelhadas.
Nos tecidos mortos, o fungo forma um micélio fino com produção de escleródios de cor bege a castanho escuro.
A infecção pode acontecer na germinação das sementes, tornando as radículas escuras.
Se sua lavoura apresentar a doença no período do florescimento e ocorrer falta de água, as folhas tornam-se cloróticas, secam e adquirem coloração marrom, permanecendo aderidas aos pecíolos.
O colo da planta apresenta lesões de coloração marrom-avermelhada e superficiais.
(Fonte: Agronômica)
Já as raízes das plantas adquirem coloração cinza com microescleródios negros.
Manejo da podridão de carvão das raízes:
Cobertura do solo;
Plantio em campos que não tenham tido histórico da doença.
Nematoides na cultura da soja
Os nematoides causam doenças na cultura da soja que podem chegar ao prejuízo estimado de R$ 35 bilhões ao ano no Brasil.
Danos causados pelo nematoide do cisto da soja (Heterodera glycines) e pelo nematoide das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus) na região de Primavera do Leste (MT) (Fonte: Tatiane Zambiazi em Grupo Cultivar)
Para evitar esses prejuízos na lavoura, conheça os principais nematoides que podem ocorrer na soja e suas medidas de manejo:
Manejo de nematoides:
O controle dos nematoides é muito difícil, já que são parasitas do solo. Algumas medidas que podem te auxiliar são:
Evitar áreas com histórico dos nematoides;
Evitar a entrada dos nematoides: sementes de boa qualidade, limpeza de implementos, máquinas agrícolas e outros;
Para te auxiliar nas recomendações, monitoramento da safra e tomada de decisão quanto à estratégia de controle para as doenças, procure um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).
Caso os sintomas estejam inconclusivos, é importante que você encaminhe o material para um laboratório especializado em diagnóstico. Assim você terá o diagnóstico de forma mais rápida e precisa.
Como obter sucesso no controle das doenças da soja
Antes de falarmos sobre as principais doenças da cultura da soja, é importante sabermos sobre o planejamento do manejo. Para isso, considere as seguintes informações:
Histórico da área de cultivo;
Conheça os sintomas e condições favoráveis para as doenças;
Conheça todos os métodos de manejo que podem ser utilizados e avalie qual o melhor para sua propriedade;
Utilize sementes de boa qualidade;
Não utilize apenas uma medida de manejo: tente integrar vários métodos;
O sucesso no controle, principalmente das doenças causadas por fungos, está correlacionado ao momento em que o manejo é iniciado na lavoura.
Isso pode ser devido a medidas legislativas, como vazio sanitário, ou práticas culturais.
Para reduzir a introdução de patógenos na lavoura é preciso utilizar sementes de boa qualidade e procedência.
Por isso, é importante fazer a análise destas sementes em laboratórios confiáveis. Essa medida ajuda a garantir a alta produtividade nas próximas safras.
As sementes de soja podem transmitir alguns patógenos fúngicos como:
Cercospora kikuchii
Septoria glycines
Colletotrichum truncatum
Diaporthe aspalathi
Cercospora sojina
Eles também podem ser transmitidos por restos culturais e servir de fonte de introdução para a lavoura.
Você também pode ter doenças na lavoura de soja causadas por Sclerotinia sclerotiorum, Rhizoctonia solani e Macrophomina phaseolina.
Esses fungos de solo formam estruturas de resistência denominadas escleródios, que podem causar danos enormes nas lavouras por serem bem agressivos e de difícil controle.
Conclusão
Neste texto foram discutidas as principais doenças da soja, seus sintomas e melhores práticas para controle na lavoura.
Além disso, falamos sobre os quatro nematoides mais importantes para a soja e também como combatê-los.
Com isso, você pode orçar os custos dessas medidas de manejo e fazer um planejamento efetivo.
Desse modo, tenho certeza que você terá uma lavoura com maior controle das doenças e também dos seus custos!
Quais doenças da soja você encontra hoje na sua propriedade? Como você controla essas doenças? Têm problemas com nematoides? Adoraria ver seu comentário abaixo!
Deficiência de boro na soja: Importância para a lavoura, acompanhamento nutricional e melhores fontes de adubação.
Grande parte do cultivo de soja no país ocorre em solos de baixa fertilidade, o que demanda elevadas doses de fertilizantese corretivos.
Assim, o rendimento de grãos de soja tem forte relação não só com os macronutrientes, mas também com os micros, como oboro quepossui função de maximizar a produção.
Mas, para isso, precisamos disponibilizaresse nutriente em quantidades adequadas e em épocas críticas.
Saiba a seguir como identificar a deficiência de boro na soja para maior rentabilidade na lavoura.
Nutrição de plantas: Como evitar a deficiência de boro na soja
Para entendermos mais sobre o boro (B), precisamos conhecer alguns pontos a respeito da nutrição de plantas.
O solo conta com uma grande quantidade de nutrientes que podem ser classificados como: essenciais, benéficos ou até mesmo tóxicos.
As plantas absorvem esses nutrientes do solo e os transformam em compostos que garantem seu crescimento, desenvolvimento e produção.
Nutrientes essenciais são aqueles que atuam em algum processo fisiológico da planta e que, em sua ausência, ela não completa seu ciclo de vida.
Por isso, para uma boa produtividade, todos os nutrientes essenciais devem estar presentes.
Mas, lembre-se: nem todos os nutrientes presentes são essenciais! De modo geral, eles são 14 e são divididos entre macronutrientes (N, P, K, Ca, S e Mg)e micronutrientes(B, Cl, Cu, Fe, Mn, Mo, Ni e Zn).
O que classifica um nutriente nessas categorias é a quantidade exigida pelas plantas. Ou seja, os micronutrientes são exigidos em menores quantidades, mas isso não os faz menos essenciais que os macronutrientes.
No solo, o pH é um dos fatores de maior influência na disponibilidade dos micronutrientes, como você pode notar na figura abaixo:
Variação na disponibilidade de micronutrientes em função do pH (Fonte: Malavolta, 1979)
Agora que falamos sobre a importância geral dos nutrientes, vou explicar a importância do boro para a soja.
Importância do boro para a soja
O boro (B) é um micronutriente associado à síntese de compostos como o DNA e RNA, proteínas e fitohormônios.
Ele atua juntamente com o cálcio (Ca) na formação da parede celular; auxilia no processo de germinação do tubo polínico; e na divisão celular.
Além disso, estimula o desenvolvimento e crescimento radicular e o transporte de açúcares na planta.
Sua absorção, transporte e redistribuiçãoocorrem enquanto o boro se encontra na forma de ácido bórico (H3BO3), que é a principal forma encontrada no solo.
Uma vez absorvido pela planta, o transporte interno acontece de forma unidirecional, via xilema, do solo para a parte aérea, graças à transpiração das plantas.
Isso faz com que a concentração desse nutriente, independente da dose aplicada, seja maior nas folhas, vagens e sementes, respectivamente. Veja:
Efeito de diferentes doses de boro aplicado ao solo em sua distribuição na parte aérea de Brassica napus L. (Fonte: Gerath et al., 1975, em Marchner, 1986)
Por isso, ainda há controvérsias a respeito da aplicação foliar desse nutriente devido à baixa mobilidade no floema e ao elevado custo operacional.
A baixa mobilidade faz com que os sintomas de deficiência de boro sejam visíveis primeiro nos órgãos mais novos e regiões de crescimento das plantas.
Sua correção no sulco de plantio é de extrema importância para garantir maior rentabilidade.
Como identificar a deficiência de boro na soja
A deficiência de boro na soja ocorre primeiro em folhas mais jovens e meristemas apicais.
Deficiência de boro na soja são observados nas folhas novas. Elas ficam grossas, enrugadas, com alguma clorose internerval e pontas enroladas para baixo. Os internódios também podem ficar encurtados. (Fonte: Plantix)
Para evitarmos a deficiência, o primeiro passo é fazer a análise de solo e a correção das áreas.
Outra técnica que podemos adotar é a análise química das plantas. É uma alternativa para acompanhar a nutrição e identificar a deficiência de B na lavoura.
Para obtermos melhores resultados, as amostras da análise precisam ser muito bem padronizadas!
Por isso, devemos escolher folhas que já atingiram o ponto de maturação fisiológica, ou seja, estão em seu máximo desenvolvimento.
Na cultura da soja, o ponto máximo de acúmulo de nutrientes ocorre no início do florescimento (R1).
Então, da mesma forma que fazemos nas análises de solo, precisamoscoletar aleatoriamente amostras de folhas na lavoura.
Para a amostragem, coleta-se a 3ª e/ou 4ª folha trifoliolada da haste principal, sem o pecíolo.
Lembrando que acontagem das folhas seinicia no ápice, sendo a primeira folha aquela trifoliolada completamente expandida. Veja na figura abaixo:
Terceira e quarta folhas trifolioladas que podem ser utilizadas para a análise química (R1) (Fonte: DRIS)
Quanto mais folhas coletarmos, mais representativa ficará a amostragem.
A quantidade de folhas a serem coletadas e enviadas para análise depende da homogeneidade da lavoura.
Diferentes tipos de solos, relevos e topografias, ou ainda diferentes manejosadotados, tornam a lavoura mais heterogênea, sendo necessário maior número de amostras.
Mas, de modo geral, a recomendação é que sejam coletadas pelo menos 30 folhas por hectare. Após isso, devemos interpretá-las!
Essa interpretação é feita com base na comparação com os valores-padrão estabelecidos para a cultura.
Interpretação de resultados dos teores nutricionais foliares de soja (R1)*. Valores referentes aos teores no terceiro ou quarto trifólio sem o pecíolo, coletado da haste principal (Fonte: Embrapa Soja, 2013)
Deficiência de boro na soja: Fontes para adubação
Agora que conhecemos um pouco sobre a deficiência de boro na soja, podemos pensar em como manejar esse nutriente na cultura.
No mercado existe uma diversidade de produtos comerciais e fontes de boro para adubação de soja.
Elas diferem entre si pelo nível de solubilidade para influenciar na forma de aplicação desses fertilizantes.
Para a soja, a aplicação via solo no sulco de semeadura é amais recomendada por não ser uma cultura responsiva à adubação foliar.
A aplicação do boro também pode ser feita via solo, na forma líquida, muitas vezes junto com a de herbicidas.
Isso garante uniformidade de aplicação, economia de tempo e de operações, sem interferir no controle das plantas daninhas.
Mas lembre-se que fontes muito solúveis podem causar toxicidade às plantas, então devemos optar pelas menos solúveis.
Diferentes fontes de boro, suas garantias e nível de solubilidade (Fonte: adaptado de Vitti et al.)
Conclusão
Tanto os macros quantos os micronutrientes, como o boro, têm grande influência na produtividade da soja.
E, por isso, conhecer o comportamento no solo e a deficiência de boro na soja é essencial para adequarmos os manejos em busca da máxima produtividade.
Neste artigo também abordamos como fazer o acompanhamento nutricional da lavoura e quais as principais fontes e formas de aplicação desse micronutriente tão importante.
Espero que, com essas informações, você possa evitar a deficiência de boro na sua lavoura de soja!
O zinco é um micronutriente que faz toda a diferença na produção. Afinal, ele atua no crescimento da soja e na formação de grãos.
No entanto, ele é pouco móvel na planta e os muitos fatores podem afetar na sua disponibilidade.
Acompanhe neste artigo as dicas de como manejar o zinco na soja e alcançar mais produtividade na lavoura!
Para que serve o zinco na planta?
Com o passar dos anos e com a alteração no sistema de produção, produtores começaram a se atentar às mudanças associadas à adubação.
Uma dessas mudanças foi o despertar com relação à importância dos micronutrientes, que começam a ser mais estudados e mostram que os resultados fazem diferença na produção.
Na soja, por exemplo, a cada 1 tonelada de grãos, a planta precisa absorver cerca de 40g de zinco (Zn). E, desse montante, 66% vão para o grão, demonstrando um alto valor de extração.
Exigências nutricionais para a produção de 1t de grãos de soja (Embrapa, 1993) (Fonte: IPNI)
Apesar dessa grande extração, o zinco se encontra adsorvido na argila de matéria orgânica, o que reduz a disponibilidade para as plantas.
Estudos relatam que o zinco está na solução do solo em uma concentração muito baixa e que ainda estão cerca de 60% como complexos orgânicos solúveis.
Além disso, o zinco bem como outros micronutrientes, é geralmente disponível na solução do solo em pHs mais baixos (ácido a neutro).
Disponibilidade de macros e micronutrientes em diferentes pHs do solo. Note que a maioria dos micronutrientes está mais disponível em solos com pH de ácido a neutro. (Fonte: 360 Yield Center)
Por isso sua correta adubação é tão importante. O zinco atua principalmente na síntese de proteínas e no crescimento meristemático por atuar na formação do aminoácido triptofano, precursor do ácido indolilacético.
O zinco para a soja no solo deve estar com no mínimo de 1,0 mg/dm³, o que garante plantas sem manifestação de deficiência. Assim, garante-se o bom desenvolvimento das enzimas relacionadas a esse nutriente.
Algumas enzimas contendo zinco encontradas em plantas superiores e inferiores (Fonte: DCS)
As plantas absorvem o zinco na forma catiônica de Zn²+. Mas nos estudos, existem dúvidas se elas o absorvem por processo passivo ou ativo.
Além do que, alguns outros nutrientes em altas concentrações podem afetar a absorção do zinco, levando a planta a desenvolver sintomas de deficiência.
Como exemplo, podemos elencar o fósforo. Esse nutriente, quando aplicado em altas dosagens, pode inibir a absorção de Zn pela planta.
Podemos justificar essa situação com inúmeras afirmações, mas a mais aceita é a do “efeito de diluição”, que consiste num crescente aumento de absorção de P.
Isso acarreta aumento na matéria seca e, por consequência, desencadeia a diluição do zinco que estava presente na planta.
Sobre a mobilidade na planta, ao ser absorvido, o Zn é transportado pelo xilema na forma de quelato. Porém, sua redistribuição via floema é limitada. Ou seja, o zinco é pouco móvel.
E quais as causas da imobilidade? No floema, o micronutriente encontra um pH alcalino (em torno de 8) e muitos íons de fosfato. Isso favorece a ocorrência de complexos de baixa solubilidade (óxidos de zinco, hidróxidos e fosfatos), acarretando menor redistribuição para as partes das brotações.
Por isso, em situações de deficiência, a ocorrência de sintoma é manifestada em folhas novas.
Adubação com zinco
Vendo que nossos solos são altamente intemperizados e nossas rochas de origens não tão ricas, torna-se essencial a adubação com micronutrientes.
O zinco pode ser aplicado na cultura da soja das seguintes formas:
Via solo, com intuito de uma correção lenta, gradual e corretiva, a exemplo dos oxi-sulfatos de zinco na dosagem de 5 kg/ha;
Via folha, buscando uma correção mais imediata, menos duradoura e corretiva. Neste caso, recomenda-se utilizar sulfato de Zn na dosagem de 75g/100L de água a 20℃;
Via semente.
Para prevenção de deficiências de zinco em solos de cerrado, recomenda-se aplicação de 4 kg/ha a 6 kg/ha em solos com baixo teor. Isso independentemente da fonte ser solúvel ou insolúvel.
Em casos de reaplicação, recomenda-se a utilização da análise foliar, que pode ser feita a cada dois anos.
Nos casos de culturas anuais, essa dose pode ser dividida em 3 partes iguais e aplicadas no sulco de semeadura em cultivos sucessivos.
Em solos com teor médio de zinco, recomenda-se a utilização de ¼ da dose aconselhada anteriormente, devendo ser aplicada no sulco de plantio.
Interpretação de resultados de análise de solos para micronutrientes para culturas anuais na região dos cerrados. (Fonte: INPI)
Toxicidade e deficiência de zinco na soja
Níveis ótimos de zinco podem variar de 20 mg/kg a 120mg/kg de matéria seca de planta.
Normalmente, a deficiência está associada a teores mais baixos que 20 mg/kg, e a toxicidade a uma quantidade superior a 400 mg/kg.
Como citamos acima, os sintomas de carência de zinco vão se manifestar em folhas mais novas devido a pouca mobilidade na planta.
Os sintomas mais característicos são o encurtamento dos internódios e produção de folhas novas pequenas, com sinais de clorose e lanceoladas, tendo como resultado plantas anãs.
Além disso, folhas mais novas podem ficar com clorose internerval de coloração amarelo-ouro e as nervuras com cor verde-escura.
Sintoma inicial de deficiência de zinco nas folhas novas com clores internerval com cor amarelo-ouro. (Fonte: Agrolink)
(Fonte: IPNI)
A deficiência de zinco pode ocorrer devido à origem natural do solo, como os derivados de arenitos, que apresentam baixa disponibilidade desse micronutriente.
Aplicações muito elevadas de calcário e fósforo, como comentado anteriormente, também podem favorecer a deficiência de zinco.
O problema também pode ocorrer em regiões com baixa quantidade de chuvas.
Em casos de toxicidade, as plantas se manifestam com coloração avermelhada nas nervuras e pecíolos.