Vazio sanitário para soja, feijão e algodão: tudo o que você precisa saber

Vazio sanitário da soja: saiba como fazer, quem fiscaliza o cumprimento, o que fazer na lavoura durante esse período e mais!

Atualmente, quem produz soja, feijão e algodão deve respeitar o vazio sanitário. A medida evita a proliferação de pragas e doenças nas lavouras.

Nesse períodos, as pragas não conseguem se alimentar e se multiplicar. Isso resulta na eliminação ou diminuição da sua incidência.

Quer saber mais sobre os períodos de vazio sanitário da sua região?

Neste artigo, você entenderá a importância desse momento e o que fazer na sua lavoura enquanto ele dura. Confira a seguir!

O que é o vazio sanitário?

O vazio sanitário é a proibição total do cultivo de uma cultura durante um período específico.

Antes de semear soja, feijão ou algodão, você deve se atentar ao período de vazio sanitário para a sua região.

O vazio sanitário é obrigatório. Além disso, é uma medida fitossanitária que gera benefícios para quem produz.

O principal objetivo é proteger as lavouras de pragas e doenças. Isso acontece por meio da eliminação total de hospedeiros por um tempo. Ajudando na diminuição populacional de pragas como a mosca branca, lagartas e cigarrinhas, além de problemas relacionados a fungos e vírus.

O objetivo do calendário de semeadura da soja, por exemplo, é reduzir o número de aplicações de fungicidas e resistência dos fungos aos agrotóxicos

Semeaduras tardias podem receber os fungos nos estádios vegetativos, necessitando a antecipação e o aumento da aplicação de fungicidas.

Quanto tempo dura o vazio sanitário?

O período dura de 60 a 90 dias. Porém, o período não é definitivo e muda de acordo com a região.

Durante os anos, pode haver variação das datas em que se inicia e termina o vazio sanitário nas regiões, pois essa definição se baseia na incidência da praga ou doença na safra anterior.

Ou seja, caso a incidência da praga ou doença tenha aumentado em uma região, o período destinado ao vazio será maior na safra seguinte.

Durante esse tempo, o setor agrícola se beneficia com:

  • diminuição da incidência de pragas e doenças;
  • queda do uso de defensivos agrícolas e custos operacionais;
  • contribuição no manejo de resistência de pragas e doenças.

A seguir, entenda mais sobre a importância do vazio sanitário da soja, feijão e algodão.

Vazio sanitário do feijão

O período de vazio sanitário para o feijão-comum (Phaseolus vulgaris) é de 30 dias. Esse tempo vale para os Estados de Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal.

Durante esse período, quem produz deve eliminar as plantas vivas de feijão. Sejam elas cultivadas, espontâneas ou remanescentes da safra anterior.

A medida foi estabelecida como forma de controle da mosca-branca, praga que ataca o feijão.

A mosca-branca é o inseto transmissor do vírus que causa o mosaico-dourado. Essa é uma das principais doenças do feijoeiro comum.

Confira abaixo os períodos de vazio sanitário do feijão:

Tabela com informações sobre vazio sanitário em Minas (20 de setembro a 20 de outubro de 2022), Goiás (5 de setembro a 5 de outubro de 2022) e DF (20 de setembro a 20 de outubro de 2022)

(Fonte: Mapa, 2014)

Se você produz feijão e não cumprir essas regras, poderá receber multas.

Vazio sanitário do algodão

O vazio sanitário do algodão previve e controla o bicudo-do-algodoeiro. O objetivo é proteger a lavoura dos prejuízos causados pela praga.

Quem produz ou arrenda lavouras com algodão deve, obrigatoriamente, eliminar os restos culturais ou soqueira de algodão. Isso deve acontecer por 60 dias.

O período do vazio sanitário é definido pelo Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático).

Cada estado produtor possui um período específico, baseado na dinâmica do inseto-alvo.

O bicudo-do-algodoeiro possui grande capacidade de infestação. 

Seu ataque provoca queda dos botões florais. Isso impede a abertura das maçãs e, consequentemente, há queda na produtividade.

A manutenção de plantas vivas de algodão durante o vazio sanitário é uma ameaça para a cotonicultura brasileira.

Fique de olho e confira a seguir as datas para a sua região.

Tabela com datas de vazio sanitário para todas as demais regiões do Brasil

(Fonte: Governo dos Estados, 2021)

Quem descumprir as regras do vazio sanitário do algodão também estará sujeito à multa.

Vazio sanitário da soja

Por da ferrugem asiática nas lavouras de soja no Brasil,  surgiu o PNCFS (Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja). 

O programa foi criado pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Nesse programa,  ficou estabelecida a criação de Comitês Estaduais de Controle da Ferrugem da soja.

Foi determinado que cada estado deve estabelecer o período do vazio sanitário. Essa é uma medida legislativa para o controle da doença.

Atualmente, a adoção do vazio sanitário ocorre em 20 estados brasileiros:

  • Acre;
  • Alagoas;
  • Amapá;
  • Bahia;
  • Ceará;
  • Distrito Federal;
  • Goiás;
  • Maranhão;
  • Minas Gerais;
  • Mato Grosso;
  • Mato Grosso do Sul;
  • Pará;
  • Paraná;
  • Rio Grande do Sul;
  • Rondônia;
  • Roraima;
  • Santa Catarina;
  • São Paulo;
  • Tocantins.

Um período mínimo de 60 dias foi estabelecido. Durante esses dias, não é possível cultivar ou manter plantas de soja no campo.

É considerado que o período máximo de sobrevivência dos esporos da ferrugem asiática no ar é de 55 dias.

Lembre-se: fique de olho no período de vazio da sua região. Ele muda conforme a legislação local. 

Tabela - Vazio Sanitário
(Fonte: MAPA)

Na Portaria SDA nº 781, de 6 de abril de 2023, informa os períodos de vazio sanitário para a cultura da soja. Em alguns estados brasileiros há a distribuição por região, as quais as cidades são descritas no documento.

Por exemplo, região I1 do estado do Maranhão se encontram as seguintes cidades: Barão de Grajaú, Buriti Bravo, Colinas, Fernando Falcão, entre outros, enquanto na região II2: Buritirana, Campestre do Maranhão, Cidelância, Davinópolis, entre outros. Assim segue para os outros estados.

O vazio sanitário é de responsabilidade de quem produz. Quem descumpre o período está sujeito à punições e multas pelo Estado.

Ferrugem asiática

O fungo causador da ferrugem asiática pode gerar grande desfolha nas plantas e impactar na produtividade.

Esta é considerada a doença mais importante para cultura da soja. A doença pode causar danos de até 90% na lavoura. 

Os custos para combater a doença podem chegar a US$ 2,8 bilhões por safra no Brasil. Por isso, é importante a identificação e combate da ferrugem quanto antes.

Como identificar a ferrugem asiática na soja

Observe as folhas das plantas do terço inferior ou médio. Verifique se existe a presença de sintomas e/ou estrutura do fungo.

Na parte superior da folha, veja se há pontos escuros. Se encontrar, use uma lupa e analise se na parte inferior há saliências. Nessas essas estruturas são formados os esporos do fungo.

imagem de três folhas de soja em estádios diferentes da ferrugem asiátia. Na primeira folha há apenas alguns pontos amarronzados na superfície, na segunda há mais pontos alaranjados, e a terceira folha tem aspecto de enferrujada por completo.

(Fonte: Agro Bayer)

Também é importante realizar algumas medidas de manejo antes da doença aparecer. O vazio sanitário, a calendarização da semeadura e uso de variedades precoces são bons exemplos.

Realize o vazio sanitário para impedir a sobrevivência do fungo na entressafra da cultura. Assim, você quebrará o ciclo da doença.

Quem fiscaliza o cumprimento do vazio sanitário?

Os órgãos estaduais de sanidade vegetal fiscalizam o cumprimento do vazio sanitário.

Essas instituições têm competência legal para aplicar penalidades a quem não cumprir as regras do vazio estabelecidas, como multa, interdição da propriedade rural e destruição do plantio.

Como realizar o vazio sanitário?

Após a colheita da cultura (soja, feijão ou algodão), você deve:

  • limpar a área de cultivo;
  • destruir as plantas por meio do controle químico ou mecânico;
  • aguardar o período de vazio sanitário estipulado para sua região.

O que pode ser feito na lavoura durante o período de vazio sanitário?

Durante esse período, o solo não deve ficar descoberto. Isso facilita a ocorrência de plantas daninhas e de processos erosivos do solo.

Uma alternativa é investir em práticas que melhorem a qualidade química, física e biológica do solo. Assim, você pode potencializar a produção da próxima safra.

Algumas práticas são:

  • utilização de plantas de cobertura;
  • adubação verde;
  • adoção de sistemas de rotação de culturas com espécies que não sejam hospedeiras das pragas e doenças do vazio sanitário.

Quais as exceções do vazio sanitário?

Durante o vazio sanitário algumas atividades podem ser realizadas em caráter excepcional como pesquisa científica e produção de sementes genéticas.

Porém, é necessário solicitar ao órgão estadual da defesa sanitária vegetal do estado em questão.

planilha de produtividade da soja

Conclusão

O objetivo do vazio sanitário é prevenir a incidência de pragas e doenças. Isso garante lavouras sadias e de alta rentabilidade

A eliminação das plantas de soja, feijão e algodão deve ser feita por controle químico ou mecânico.

Cada estado possui um período específico de vazio sanitário que pode mudar a cada safra. Fique sempre de olho. Compartilhe com sua equipe de trabalho para se informar sobre os períodos do vazio sanitário para a soja em 2023.

Verifique o período correto e já prepare a sua área. Isso vai te ajudar a evitar perdas com pragas e doenças na sua lavoura.

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Redator Alasse Oliveira

Atualizado em 08 de agosto de 2023 por Alasse Oliveira.

Alasse é Engenheiro-Agrônomo (UFRA/Pará), Técnico em Agronegócio (Senar/Pará), especialista em Agronomia (Produção Vegetal) e mestrando em Fitotecnia pela (Esalq/USP).

Atualizado anteriormente, em 28 de fevereiro de 2022, por Denise Prevedel

Safra e safrinha: veja as diferenças, dicas e cuidados para o produtor

Safra e safrinha: entenda as principais diferenças, os riscos e como fazer a programação da sua lavoura.

Se você tem contato com a agricultura, com certeza já ouviu muito os termos “safra” e “safrinha”. Mas você sabe o que significam ou qual a implicação sobre as culturas?

Geralmente, esses termos são associados às culturas anuais e se referem tanto à época de plantio quanto à expectativa de produção em si.

Confira neste artigo, o que muda entre essas duas épocas de cultivo e como extrair o máximo potencial de sua lavoura. Vem comigo!

Qual a diferença entre safra e safrinha (e entressafra)?

Safra, safrinha e entressafra. Confuso, né? Bem, esses termos estão associados às culturas anuais, principalmente à dobradinha soja-milho em plantio direto, como você já deve saber. 

Assim, eles se referem à época do ano agrícola em que será feito o plantio das culturas e, ainda, refere-se à produtividade esperada. 

Na safra, o plantio é feito quando as chuvas voltam e vai de outubro a dezembro, como no caso do milho. Nessa época, as condições climáticas –  temperatura, luminosidade e umidade – são as melhores para o desenvolvimento das culturas. 

Por isso, em geral o produtor investe mais na safra, pois há um potencial produtivo e de retorno financeiro maior.

A safrinha vem logo após a safra e foi assim apelidada, no diminutivo, porque a produtividade era geralmente menor, devido a condições sub-ótimas de luminosidade, além dos riscos de veranico, por exemplo.

Hoje, devido ao aumento de área e produtividade do milho safrinha, por exemplo – o qual se tornou maior que a safra –  já podemos chamar a safrinha de 2ª safra.  Pois esse termo dá a ideia da importância dessa época de plantio para o agro. Mas, e a entressafra?

A entressafra é o período entre o fim da colheita da(s) principal(is) e o início da próxima colheita. Esse período pode e deve ser aproveitado para colocar a fazenda em ordem e se preparar para a próxima safra.

Para resumir: a safra é a primeira safra; safrinha, a segunda. A entressafra fica entre o fim do último cultivo (da segunda safra, por exemplo) e o início da próxima safra.

Ciclo do milho safrinha

Devido à força e participação no agronegócio nacional, geralmente associamos safra e safrinha à soja e milho. Por essa razão, será o foco deste texto também.

Mas para outras culturas, as nomenclaturas podem ser diferentes. Por exemplo, no feijão, temos até uma terceira safra; e nas culturas adaptadas a condições mais frias, temos o chamado cultivo de inverno.

Mas vamos à cultura do milho… O milho safrinha deixou de ser coadjuvante no cenário nacional porque a produtividade média hoje é semelhante à da safra, mas a produção e a área plantada são bem maiores.

Pra você ter noção, tanto a produção de milho safrinha quanto a área plantada são o dobro do que se tem na safra, como podemos ver na figura abaixo.

(Fonte: IBGE – Levantamento Sistemático da Produção Agrícola)

Isso é fruto da preferência pela soja na safra principal devido às condições de mercado, por exemplo. E onde é possível o cultivo, faz-se milho na safrinha.  Além disso, os estádios fenológicos são os mesmos do milho plantado na safra. 

Mas, em geral, os estádios podem durar mais tempo, pois devido à luminosidade que não é a mais adequada e ao menor acúmulo de graus dia, o ciclo do milho é maior na safrinha.

Quando se planta o milho safrinha?

O plantio do milho safrinha ocorre entre janeiro e abril para as maiores regiões produtoras, mas isso pode variar um pouquinho nos vários cantos desse Brasilzão. Como mostra o calendário de plantio da Conab que eu trouxe pra você observar abaixo:

milho safrinha

(Fonte: adaptado de Conab)

O que é safrinha de soja?

Este é um assunto que gera polêmica!  Pode parecer interessante cultivar a soja na safrinha, principalmente quando o preço do milho está baixo e o mercado da soja está aquecido. Mas calma, “pisa no freio Zé”… pois existem mais contras que prós nesse caso.

Primeiro, as condições de fotoperíodo, pluviosidade e temperatura não são as melhores e poucas cultivares seriam adaptadas – o que por si só já é um problema. 

Ainda mais se o cultivo for feito após a safra da própria soja.

Desta maneira, pragas, plantas daninhas, doenças e até questões de conservação e cobertura do solo seriam problemáticos.

Outro argumento que coloca a soja safrinha como uma atividade de alto risco é o fato de não termos informações sólidas sobre população de plantas, pragas e adubação da cultura nessa época.

Portanto, soja safrinha é ainda um cultivo arriscado e que necessita de mais informações e análises para se mostrar uma boa opção.

Planejamento de safra e safrinha

Um bom planejamento conta muito no sucesso das atividades que você realiza em sua fazenda. 

Nem seria preciso dizer que como cada cultura tem um ciclo e em determinados casos você pode plantá-las na safra e na safrinha, é preciso organização.

Como estamos falando em sistemas de produção, a escolha da cultura para a safra determina ou limita as opções para safrinha, principalmente por questões fitossanitárias, do cronograma e da janela de cultivo. 

Veja na figura abaixo os exemplos dos ciclos das culturas e das épocas de plantio e colheita

safra e safrinha

(Fonte: adaptado de Heringer)

Uma ideia é utilizar o período de entressafra para realizar esse planejamento.

Geralmente é o período “mais tranquilo” da fazenda e, portanto, podemos usá-lo de maneira proveitosa para planejamento e manutenção do maquinário, por exemplo.

Se precisar de uma mãozinha para se programar e colocar a casa em ordem, o Aegro pode te ajudar. 

Assim, suas informações ficam organizadas e de fácil visualização, para você não se perder no planejamento.

Banner de chamada para o download da planilha de controle de custos de safra

Conclusão

Como acompanhamos, os termos safra e safrinha são relacionados a épocas de cultivo de culturas anuais dentro do ano agrícola. 

De modo geral e em anos normais, a safra significa melhores condições para a cultura e maiores produtividades. 

Por sua vez, a safrinha apresenta condições marginais de cultivo e, portanto, limitações que se traduzem em menores produtividades ou produção total.

Mas vimos que nem sempre é assim. No caso da cultura mais associada à safrinha, o milho, é clara a importância dessa época de plantio para a agricultura nacional, já para a soja precisamos tomar cuidado.

Por isso, o produtor deve estar atento a esses detalhes na hora de planejar seu plantio, pois assim terá pensado nos riscos de cultivar determinada cultura na safra ou na safrinha. 

Além de que, um bom planejamento pode ajudar bastante em um plantio e condução de lavoura bem-feitos.

>>Leia mais:

“Por que o crambe pode ser uma ótima opção para a safrinha”

Manejos pré-plantio: o que você precisa para começar bem a próxima safra

E você? Já sabia das diferenças entre safra e safrinha? Restou alguma dúvida? Conte pra gente nos comentários abaixo. Grande abraço!

Qual o teor de umidade de armazenamento da soja?

Umidade de armazenamento da soja: entenda ainda mais sobre umidade e temperatura na hora de armazenar o grão de soja.

Quando se colhe a soja, pode ser necessário armazená-la por um determinado período. 

E para manter as boas condições do grão, precisa-se fazer o armazenamento em umidade e temperatura adequadas.

Seja qual for o seu objetivo, grão ou semente, atente-se ao teor de umidade para armazenar este produto e a quais condições de temperatura e umidade relativa do ar que vai colocá-lo.

Assim, para preservar a qualidade do grão é essencial que a colheita seja realizada com a umidade do grão adequada. Isso porque é muito comum que após a colheita da soja ocorra o processo de secagem.

Vamos ver agora como a umidade de armazenamento da soja pode afetar a qualidade do grão.

Como a umidade afeta a qualidade do grão de soja

Muitos fatores interferem na qualidade do grão de soja, entre eles podemos citar:

  • condições genéticas;
  • estrutura da semente;
  • fatores de pré e pós-colheita;
  • umidade e temperatura ambiente.

A umidade pode interferir tanto no campo, durante o processo de maturação das sementes, como também durante o armazenamento, pois a umidade do ar interfere no grau de umidade da semente. 

umidade de armazenamento da soja

Lavoura de soja no MS praticamente perdida em função de chuvas intensas
(Fonte: Ciência e Agricultura – Carlos Bortoletto)

No campo, durante a etapa final do ciclo de soja, a ocorrência de chuvas intensas e frequentes antes da colheita podem causar a deterioração da semente.

Observe pela figura abaixo que, quando ocorre chuvas antes da colheita, acontece uma oscilação no teor de água da semente.

Isso causa alterações físicas que podem ser observadas pelo aparecimento de rugas nas sementes.

umidade de armazenamento da soja

(Fonte: adaptado de França-Neto e Henning (1984))

Sementes de soja com sintomas de deterioração por umidade

À esquerda: sementes secas com enrugamento devido a esse tipo de dano; no centro: sintoma de deterioração por umidade, caracterizado no teste de tetrazólio; à direita, sementes de soja com rupturas no tegumento.
(Fonte: Embrapa Soja; França-Neto et al. (2016))

Já durante o armazenamento das sementes de soja ocorre o equilíbrio higroscópico entre a semente e a umidade relativa do ar do local armazenado, ou seja, do silo.

Por isso que pode considerar que a umidade relativa do ar é a medida do grau de umidade das sementes. 

Além disso, lembre-se que após colher a soja, os grãos começam a entrar no processo de deterioração, principalmente devido à taxa respiratória. 

Assim, a secagem tem um papel fundamental! Pois com a umidade de até 13%, a taxa respiratória é baixa, não causando problemas. 

Agora que você viu como a umidade interfere no grão de soja, vamos falar sobre a umidade ideal para armazená-lo.

Qual a umidade ideal para armazenar soja?

Quando se armazena as sementes de soja, deve-se lembrar que vai acontecer uma troca de umidade entre a semente e o ambiente em que ela está armazenada. 

Esse fenômeno, como dito anteriormente, é denominado de equilíbrio higroscópico.

Para armazenar a semente com a umidade ideal, é necessário realizar a secagem dos grãos pois este processo vai retirar a água, o que possibilitará armazenar a soja por um período maior de tempo.

A umidade de armazenamento da soja ideal vai depender do tempo que você deseja armazenar os grãos, da umidade relativa do ar e da temperatura do ambiente no qual será armazenada.

Para entender melhor, vamos observar a tabela abaixo que relaciona a umidade da soja (%) com a temperatura (°C) e apresenta o período de tempo que é possível armazenar o grão.

Por exemplo, se você armazenar o grão por um período de um ano a 32°C, a umidade da soja deverá ser de 10% ou 11%.

Observe que com o aumento da % de umidade do grão, reduzimos o tempo de armazenamento. 

Outro ponto a ser visto é que com a redução da temperatura do ambiente é possível armazenar o grão com até 16% de umidade, caso seja de 2°C.

armazenamento seguro para soja

Gráfico de armazenamento seguro para soja
(Fonte: Science of Sensing)

Como deve ser feito o armazenamento da soja

Após a colheita da soja, algumas práticas podem e devem ser utilizadas como:

  • limpeza e preparo da unidade que armazenará os grãos;
  • avaliação dos grãos na recepção, para verificar se há necessidade das etapas de pré-limpeza e limpeza;
  • manutenção dos equipamentos;
  • manejo das pragas de grãos armazenados;
  • controle das condições do ambiente de armazenamento (temperatura e umidade relativa do ar);
  • cuidados na secagem, carregamentos de silos e dos armazéns.

Como vimos, o ideal é que a porcentagem de umidade do grão seja a mais baixa possível. Entretanto, sabemos que isso não é facilmente alcançado em campo.

A maturação fisiológica da soja ocorre quando o grão está com umidade entre 45% e 50%, mas a colheita só é realizada quando a umidade atinge entre 14% e 20%.

Para armazenar por um período de até um ano, você vai precisar secar esses grãos até atingirem 11% de umidade.

Mas, caso o armazenamento seja maior que um ano, essa umidade deverá chegar entre 9% e 10%, a depender da temperatura ambiente e da umidade relativa do ar.

Processo de secagem dos grãos de soja

Já vimos que o processo de secagem dos grãos é uma etapa importante a ser realizada para o armazenamento dos grãos de soja.

Para isso, você pode optar pelos métodos:

  • naturais;
  • adaptados;
  • tecnificados.

Os métodos mais utilizados para a secagem da soja são os tecnificados, como o sistema contínuo e o seca-aeração.

Secagem contínua

Neste caso, podem ser utilizadas temperaturas do ar de 70 a 130°C na entrada do secador.

Para isso é necessário que os grãos não tenham muitas impurezas, além disso, deve ser realizada a remoção diária de poeira para evitar incêndios.

Assim, na secagem contínua deve ser feito o acompanhamento da temperatura dos grãos, para que não ultrapasse os 43°C.

Secador de fluxo contínuo

Secador de fluxo contínuo
(Fonte: Agrolink)

Seca-aeração

Neste sistema, os grãos passam por uma secagem preliminar com o objetivo de chegar a dois ou três pontos percentuais acima da umidade que se deseja. 

Na secagem por este método são utilizadas temperaturas entre 60 e 90°C.

Após esta etapa, ocorre uma secagem estacionária que acontece com ar, porém sem aquecimento.

Secador estacionário

Secador estacionário
(Fonte: Agrolink)

planilha controle de custos por safra

Conclusão

No texto de hoje você soube mais sobre a umidade de armazenamento da soja.

Vimos a importância de realizar a secagem dos grãos para armazenar, pois isso influencia diretamente no tempo de armazenamento, junto com outros fatores como: temperatura e umidade relativa do ar.

Assim, também mostramos a importância de se atentar ao período de colheita, à secagem e ao armazenamento dos grãos para garantir e manter a qualidade do seu produto.

>>Leia mais:

“Entenda melhor a classificação da soja e saiba usá-la para aumentar sua lucratividade

Gostou do texto? Tem mais dicas sobre a umidade de armazenamento da soja? Adoraria ver o seu comentário abaixo!

Tudo que você precisa saber sobre o ciclo da soja

Ciclo da soja: confira como e quanto dura o ciclo da soja em dias, quais as principais etapas do desenvolvimento desse cultivo e muito mais.

A safra de soja 2022 deve chegar a 144,7 milhões de toneladas, mantendo o Brasil como um dos maiores produtores de soja do mundo. Mas como conseguimos atingir esse patamar tão privilegiado?

Esse sucesso se deve aos anos de pesquisa e dedicação do ciclo da soja, das técnicas de manejo eficiente e da gestão agrícola de sucesso.

E você, sabe tudo sobre o ciclo da soja e seus principais estágios? Veja mais a seguir!

Como se desenvolve uma planta de soja?

Os componentes da planta

Para compreender o ciclo da soja, precisamos antes conhecer as partes que compõem uma planta de soja.

A soja (Glycine max) é uma planta herbácea pertencente à família Fabaceae, a mesma do feijão.

Suas sementes apresentam uma germinação epígea e o sistema radicular pivotante, com uma raíz principal e muitas ramificações (raízes secundárias).

Apesar das raízes alcançarem até 1,8 m de profundidade e 50 cm em crescimento lateral, a maior parte delas permanece concentrada nos primeiros 30 cm de profundidade.

ciclo da soja

Detalhe dos componentes de uma plântula de soja (Glycine max)
(Fonte: International Plant Nutrition Institute – IPNI)

O caule é híspido e em haste única, mas durante o ciclo pode emitir ramos laterais. Sua altura varia de acordo com as cultivares e as regiões de cultivo.

Durante o ciclo da soja, podemos observar diferentes tipos de folhas na planta:

  • Cotiledonares
  • Unifolioladas (simples) 
  • Trifolioladas (compostas)

Cada uma em uma etapa diferente do ciclo de desenvolvimento da planta.

As flores apresentam fecundação autógama (autofecundação) e podem apresentar diferentes colorações, desde brancas, roxas até cores intermediárias.

Delas se desenvolvem as vagens que passam de verdes para amarelo-pálido, conforme os grãos aumentam de tamanho e amadurecem.

De modo geral, existem dois tipos de plantas de soja: aquelas cujo crescimento é determinado e as de crescimento indeterminado.

ciclo da soja

Detalhe de racemo terminal em soja BRS Sambaíba RR
(Fonte: Embrapa)

Quando o crescimento é determinado, a planta apresenta um racemo terminal e quando inicia-se o florescimento, o crescimento vegetativo cessa.

Já as de crescimento indeterminado, não tem racemo terminal e o crescimento vegetativo continua após o florescimento.

Ciclo da soja: Estágios de desenvolvimento

Agora que já sabemos sobre as características da planta, vamos nos aprofundar nos estágios de desenvolvimento do ciclo da soja.

O modelo mais utilizado nos dias de hoje, salvo algumas modificações, foi idealizado pelos pesquisadores Fehr e Caviness em 1977.

Esse sistema propõe a divisão do ciclo da soja nos estágios vegetativos (V), reprodutivos (R) e suas subdivisões.

Destas, apenas nos dois primeiros estágios as letras não são seguidas de números, todas as demais são designadas por números após as letras.

estágios vegetativos e reprodutivos

Descrição dos estágios vegetativos e reprodutivos da soja (Glycine max)
(Fonte: Adaptado de IPNI)

É importante ressaltar que uma lavoura de soja é classificada nesses estágios quando pelo menos 50% ou mais das plantas do campo estão nele.

Isso é feito pois pode ocorrer variação na velocidade de crescimento das plantas dentro das áreas.

fenologia da soja. Fonte: Coopertradição

Esquema das plantas de soja nos diferentes estágios de desenvolvimento
(Fonte: Coopertradição)

A divisão e padronização do ciclo da soja e sua nomenclatura facilita e muito a comunicação entre os produtores rurais, engenheiros agrônomos e outros profissionais da área.

Agora que temos isso em mente, vamos abordar as principais dúvidas que surgem em relação ao ciclo da soja.

Quanto tempo dura o ciclo da soja em dias?

O ciclo da soja em dias vai variar de 100 a 160 dias, dependendo da cultivar. Porém, os ciclos comerciais mais comuns costumam ter de 115 a 125 dias, característico da época de semeadura de cultivares precoces a médias.

Antes, as cultivares costumavam ser chamadas de superprecoces, precoces, semiprecoces, médias e tardias com base na duração do ciclo.

Nos últimos anos, as nomenclaturas relacionadas à duração do ciclo da soja passou por algumas reestruturações, que explicarei a seguir.

Muitas vezes, a mesma cultivar plantada em diferentes regiões apresentava variações na duração do seu ciclo.

Isso acabava por confundir os produtores e os consultores, causando dores de cabeça desnecessárias.

Para contornar essa situação surgiram os chamados grupos de maturação ou grupos de maturidade relativa.

grupo de maturidade relativa

Distribuição dos grupos de maturação (maturidade relativa) das cultivares no Brasil
(Fonte: Alliprandini et al. (2009))

Esses grupos de maturação levam em consideração cada região de cultivo e classificam as cultivares com valores que variam de 0 a 10.

Ainda separam as cultivares de acordo com a melhor adaptação para cada região, onde poderão atingir o máximo de seu potencial produtivo.

Assim, classificados em grupos, sabemos quais cultivares são mais aptas nas regiões do país.

Quais são as etapas do cultivo de soja?

Agora com tudo padronizado, alinhar as etapas do cultivo ao ciclo da soja será bem mais fácil.

Certamente a primeira etapa é o plantio, assim como a última será a colheita.

Como conhecemos os grupos de maturação, a escolha da cultivar ideal para nossas lavouras não será um problema.

Outros cuidados como a amostragem para correção e adubação do solo têm de ser realizados muito antes do plantio, não podemos deixar para última hora.

O controle de plantas daninhas também tem que ser bem planejado, lembre-se que alguns pré-emergentes podem afetar a emergência da soja.

Durante o desenvolvimento da lavoura, precisamos de atenção com as pragas e doenças ocorrendo na lavoura.

Por sua vez, o monitoramento de pragas bem como das doenças deve ser realizado em cada estágio de desenvolvimento da cultura.

Dessa forma podemos elaborar estratégias de manejo integrado, o que nos garante ações rápidas e certeiras para reduzir as perdas!

Todas essas etapas podem ser alocadas num único local: os softwares de gestão agrícola.

Esses aplicativos podem auxiliar na organização de calendários, entradas e saídas de insumos, controle de estoques e muito mais.

planejamento de safra de soja Aegro

Conclusão

Conhecer a nomenclatura do ciclo da soja facilita a vida de todos, desde os produtores aos profissionais da área.

Por isso é importante estar antenado para as mudanças e novidades, assim como o surgimento dos grupos de maturação.

No mundo globalizado que vivemos, a tecnologia vem ao nosso encontro e no campo não deve ser diferente.

A correta gestão dos manejos durante o ciclo da soja fará com que a cada ano possamos garantir novas safras recordes.

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E você, já conhecia tudo sobre o ciclo da soja? Utiliza algum software de gestão agrícola para te auxiliar no campo? Conta pra gente nos comentários!

Alternativas ao Paraquat de dessecar soja para colheita

Dessecar soja: Entenda por que o produto foi proibido, quais as normas para o processo de transição e as perspectivas do mercado para novos substitutos. 

Atualmente, o herbicida Paraquat vem sendo largamente utilizado no Brasil, sendo um dos oito fitossanitários mais comercializados no país. 

Esta intensa comercialização se deve à sua utilização em 11 culturas para manejo de plantas daninhas e dessecação de culturas, com objetivo de facilitar a colheita mecanizada.

No entanto, mesmo apresentando ótimos resultados na lavoura este produto causa um risco elevado para a saúde do aplicador.

Se você quer saber mais sobre a situação atual deste produto para dessecar soja e quais são as perspectivas caso ele realmente seja proibido, confira a seguir!

Para que serve o Paraquat?

O Paraquat é um herbicida que atua no processo fotossintético das plantas, impedindo o transporte de elétrons e formando radicais livres que são extremamente tóxicos às plantas, o que causa necrose dos tecidos. 

Este herbicida possui ação não seletiva (atinge todas as plantas) e é utilizado para o controle de plantas daninhas em pós-emergência. 

Indicado para controle de folhas largas – até 4 folhas – e de gramíneas de até 3 perfilhos (provenientes de sementes) ou usado na última aplicação do manejo sequencial de plantas perenizadas.  

Além disso, é amplamente utilizado como dessecante na pré-colheita de algumas culturas, com o objetivo de remover ramos e folhas verdes e uniformizando a maturação. 

Essa dessecação é uma prática que facilita a colheita mecanizada. 

Assim, o Paraquat é um dessecante muito eficiente e com ação rápida (sintomas aparecem em até 30 min após aplicação) e por não se translocar pela planta, possui baixos riscos de contaminação dos grãos ou fitotoxidade em sementes. 

dessecar soja

Nos cloroplastos, o Paraquat atrapalha a fotossíntese
(Fonte: Paraquat Information Center)

Por que o Paraquat foi proibido no Brasil?

Por volta de 2008, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) iniciou o processo de reavaliação de 14 fitossanitários utilizados no país, dentre esses o Paraquat. 

Após uma série de estudos, em 2017 a Anvisa relatou que este produto pode causar danos à saúde do aplicador, pois aumenta o risco da doença de Parkinson e pode causar mutações em células, além de apresentar alta toxicidade aguda. 

Devido a isto, por meio da RDC Nº 177, de 21 de Setembro de 2017 foi decidido proibir a produção, importação, comercialização e utilização de produtos técnicos e formulados à base do ingrediente ativo Paraquat. 

Porém deixando um prazo de três anos com uso controlado da molécula, para que as empresas pudessem contrapor a decisão com novos estudos e o setor produtivo tivesse tempo de encontrar novas alternativas. 

Entretanto, durante esse período de transição foram proibidas algumas modalidade de uso:

  • Produção e importação de produtos formulados em embalagens de volume inferior a cinco litros;
  • Utilização nas culturas de abacate, abacaxi, aspargo, beterraba, cacau, coco, couve, pastagens, pêra, pêssego, seringueira, sorgo e uva; 
  • A modalidade de uso como dessecante; 
  • Aplicações costal, manual, aérea e por trator de cabine aberta. 

Medidas preventivas e período de pesquisas

Durante o período de transição as empresas ampliaram seu programas de treinamento e capacitação para diminuir o risco do produto. 

Assim, se uniram em uma Força Tarefa do Paraquat, visando implementar essas medidas preventivas e realizar mais estudos para contrapor a decisão da Anvisa. 

Veja mais neste vídeo do canal da AB AgroBrasil:

Outro ponto é que todo produtor que fosse utilizar o Paraquat, seria necessário assinar um termo de responsabilidade, reconhecendo e assumindo os riscos do uso do produto.  

Após o período de três anos, que se completa no dia 22 de setembro de 2020, caso as empresas não consigam apresentar novos estudos que contraponham à decisão da Anvisa, ficará realmente proibido o uso de Paraquat no Brasil. 

Assim, será responsabilidade das empresas recolher todos os estoques do herbicida em poder de revendas ou produtores para que o produto seja efetivamente retirado do mercado.

Isso deve acontecer no prazo máximo de 30 dias após a data de proibição

Logo após esse período, os órgãos de fiscalização do governo pretendem realizar fiscalizações nos estabelecimentos e fazendas e, caso encontre estoques do produto, poderá aplicar multas ao responsável.

Por que o Paraquat fará falta para dessecar soja?

No processo de maturação dos grãos, a planta envia nutrientes ao grão até que o mesmo atinja o ponto máximo de acúmulo de matéria seca, chegando ao ponto de maturidade fisiológica (cessando o transporte de nutrientes) no estádio R7 da cultura.  

A partir deste ponto, os grãos não vão mais se desenvolver nem crescer, mas não podem ser colhidos devido ao teor de umidade elevado (o que dificulta o armazenamento e o custo com secagem) e a presença de ramos e folhas verdes que atrapalham a colheita mecanizada.

Por isso, a aplicação de um herbicida que seque a planta rapidamente é fundamental para colher em condições melhores e não deixar o grão exposto a condições adversas. 

Este problema é agravado em regiões que têm histórico de excesso de chuvas na colheita, pois o produtor tem uma janela muito curta para não ter prejuízos com a elevada umidade nos grãos

dessecar soja

Dessecação pré-colheita da soja
(Fonte: Rehagro)

Herbicidas alternativos ao Paraquat para dessecar soja

Infelizmente, até o momento não temos produtos disponíveis no mercado com a mesma eficiência do Paraquat para realizar a dessecação da soja.

Por isso, muitas vezes será necessário associar mais de um produto (elevando os custos).

Outro ponto importante é que com a perda desta ferramenta o produtor terá que fazer um planejamento melhor do manejo de plantas daninhas, para que não ocorram escapes no momento da dessecação.

A incidência de plantas daninhas no momento da dessecação prejudica a cobertura das plantas e a ação do produto e, as plantas daninhas que não morrerem com essa aplicação, vão prejudicar o processo de colheita e aumentar a umidade dos grãos. 

Então, as principais alternativas disponíveis no mercado são:

  • Diquat na dose de 2 L/ha;
  • Saflufenacil na dose de 70 g/ha a 140 g/ha + adjuvante não iônico;
  • Glufosinato na dose de 2 L/ha + óleo;
  • Flumioxazin na dose de 50 g/ha.

Além dos herbicidas presentes no mercado, as empresas estão estudando novos herbicidas com características interessantes que talvez possam ter um melhor desempenho ao dessecar soja para colheita.  

Escapes de buva na soja dessecada

Escapes de buva na soja dessecada
(Fonte: Cooperalfa)

Conclusão

Vimos aqui a importância que o Paraquat tem no mercado brasileiro e por que os órgãos reguladores optaram por proibir sua utilização. 

Entendemos melhor como foi o processo de proibição e a nova regulamentação para o período de transição.  

Além disso, ressaltamos que se realmente ocorrer essa proibição, os produtores não poderão manter estoque do produto em sua fazenda. 

Quanto a outras alternativas, os herbicidas disponíveis no mercado possuem menor eficiência e menor custo, porém existem perspectivas de novos produtos a serem lançados. 

Você já testou alternativas para dessecar soja pré-colheita? Aproveite e baixe aqui a planilha gratuita para estimar sua produtividade de soja!

7 problemas e soluções para colheita de soja no Mato Grosso

Colheita de soja no Mato Grosso: respondemos as principais dúvidas para minimizar as perdas da lavoura durante esse processo. 

A soja é um dos principais carros-chefes da agricultura mato-grossense. Nesta safra 2019/20, bateu-se recordes de área, produção e produtividade. 

Segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), a produtividade e a área plantada de soja neste estado cresceram quase 10% nos últimos cinco anos

Já a produção total teve um aumento de quase 20% no mesmo período.

Mas com os altos custos de produção dessa safra de soja, cerca de 8% a mais que da safra anterior, minimizar as perdas é essencial.

Veja a seguir 7 problemas na colheita da soja no MT e como solucioná-los para maximizar os ganhos na propriedade!

Desafios da colheita de soja no Mato Grosso em 2020

Recentemente, o preço da saca esteve acima dos R$ 70 e aumentou as expectativas de renda. Ainda mais em um ano em que o custo médio de produção ficou perto dos R$ 4 mil por hectare.

colheita de trigo no mato grosso

Evolução do percentual de área colhida de soja em Mato Grosso
(Fonte: Canal Rural)

Sendo assim, o desafio enfrentado pelo produtor são as perdas na colheita, que variam entre 5% e 10% no Brasil e até 15% em casos extremos. 

Contudo, podem ser reduzidas a 1% tomando os cuidados necessários. 

Essas perdas na colheita de soja estão ligadas principalmente às regulagens na colhedora, chegando a representar até 80%.

Já as perdas pela formação e manejo da lavoura representam no mínimo 20% das perdas totais. O ideal recomendado é que não ultrapassem 60 kg ou uma saca por hectare.

No estado do Mato Grosso, a colheita da safra de soja é sempre uma atividade feita com uma janela curta de tempo, seja devido à segunda safra de algodão ou milho, ou ainda, pelas condições climáticas.

Listamos aqui os principais problemas na colheita de soja no Mato Grosso e como ficar atento para evitá-los ou solucioná-los. Confira!

Perdas devidas ao manejo e formação da lavoura

1. Plantas baixas

Plantas com porte baixo (abaixo dos 60 cm) favorecem a formação de vagens e de hastes muito próximas ao solo. 

Isso aumenta as chances de perda por conta da altura de corte da plataforma e a quebra de ramos e de vagens.

Solução

Ficar atento à época de semeadura e à população de plantas. 

Semeaduras tardias tendem a diminuir o tempo de vegetação das plantas e o porte delas, assim como a baixa população de plantas favorece esse processo.

2. Acamamento

Plantas deitadas não são recolhidas pela máquina, causando uma das maiores perdas na colheita. 

O uso de cultivares e população de plantas não adequados à colheita mecanizada podem gerar e agravar esse problema.

Solução

Populações de plantas maiores que as recomendadas tendem a aumentar o porte da lavoura, levando ao acamamento. 

Dessa forma, a solução aqui é usar a população e as cultivares corretas para a sua região.

3. Preparo do solo

O preparo incorreto do solo bem como a abertura de novas áreas podem gerar um relevo acidentado. 

Acidentes de relevo geram problemas na plataforma de corte das colhedoras, principalmente nas que possuem plataforma fixa.

Solução

Os preparos físicos e químicos corretos do solo permitem o melhor desenvolvimento da planta e aumentam a performance da colhedora, diminuindo assim as perdas.

4. Plantas daninhas

Temos dois problemas neste tópico, um relacionado à competição com as daninhas no início do ciclo da soja, o que causa baixo porte de plantas e pode gerar várias dificuldades na colheita relacionadas à altura das plantas. 

Outro problema é referente à infestação tardia das daninhas na lavoura. 

Isso faz com que a umidade permaneça alta por mais tempo, prejudicando a velocidade da colheita, exigindo maior velocidade do cilindro trilhador e maior altura de corte da plataforma. 

Desta forma, aumenta-se o dano mecânico aos grãos e a incidência de fungos, além da perda de vagens colhidas com a maior altura da plataforma de corte.

Solução

A melhor solução para isto é a prevenção. 

Um estande bem formado de plantas, com palha no solo e um bom controle de daninhas diminuem e muito as chances de se ter problemas com o mato no final do ciclo. 

Mas em outro caso, uma última saída é o controle do mato com alguma aplicação adicional ou a dessecação da soja.

Colheita de Soja no Mato Grosso: Perdas durante o processo

5. Corte e alimentação da colhedora

Mau posicionamento do molinete e alta velocidade aumentam a debulha das vagens e acamamento das plantas, as que não são recolhidas. 

Assim, cortes realizados acima dos 12 cm aumentam as perdas totais em 9% a 12%.

Solução

O uso de molinete com garras diminui as perdas por impactos (debulha das vagens), assim como a velocidade correta de rotação. 

Quanto à plataforma de corte, o melhor ajuste em relação ao solo, com altura média de 9 cm a 12 cm, diminui a quantidade de grãos perdidos.

6. Colheita de soja no Mato Grosso: Trilha

Alta velocidade de colheita e do cilindro debulhador intensificam a quantidade de material no cilindro trilhador. 

Assim, consequentemente se aumenta o número de vagens não debulhadas. 

Já a baixa velocidade de colheita, sendo que a quantidade de material no cilindro é pequena, aumenta-se a chance de injúrias nos grãos.

Solução

A velocidade correta da colhedora diminui em grande parte as perdas na trilha, assim como a umidade correta dos grãos durante a colheita, já que diminui as chances de injúrias. 

colheita de soja no mato grosso

(Fonte: Mato Grosso Econômico)

7. Separação e Limpeza

Outro fator importante para a colheita de soja no Mato Grosso e em outros estados é que a velocidade excessiva do saca palhas, regulagem inadequada das peneiras e do ventilador também provocam perdas de grãos.

Solução

A velocidade correta do cilindro debulhador, que controla a palha que vai para o saca palhas, assim como a regulagem correta das peneiras e do ventilador reduzem as perdas na separação e limpeza dos grãos na colhedora.

Otimize a colheita de soja para evitar problemas

A performance da colheita da soja depende em grande parte do planejamento de todo o ciclo da lavoura. 

O momento da semeadura é de grande importância pois a população de plantas utilizada e a cultivar vão ditar o porte e a altura das vagens, o que influenciará diretamente nas perdas durante a colheita. 

Também devem ser levados em consideração a adubação correta e o manejo do solo, que influenciam diretamente nas perdas, como vimos acima. 

Com tudo isso em mente, sabe-se que o planejamento é o principal meio de diminuir as perdas na colheita.

Pensando nisso, com o uso de um software é possível acompanhar os históricos das áreas, planejar e criar alertar para aplicações e manutenção das máquinas. 

O software Aegro, por exemplo, possui todas as ferramentas para que os produtores possam planejar toda a safra, do plantio, caixa da fazenda, até a colheita!

Colheita Aegro

Planejamento e registro da atividade da colheita pelo aplicativo do software Aegro

planilha para estimativa de perdas na colheita Aegro

Conclusão

Neste texto, vimos onde acontecem as principais perdas na colheita de soja no Mato Grosso e em outras regiões. 

Mostramos também como o planejamento é fundamental para diminuir essas perdas que podem chegar em até 15% nas propriedades rurais.

A diminuição das perdas na colheita pode ser revertida sem o aumento dos gastos e isso impacta diretamente na lucratividade dentro da fazenda.

Dessa forma, o aumento dos lucros na propriedade eleva também a competitividade do setor frente ao mercado internacional, mostrando cada vez mais a grandeza do agro brasileiro.

Tem mais dúvidas quanto à colheita de soja no Mato Grosso? Quer compartilhar suas experiências com a gente? Deixe o seu comentário abaixo!

Soja convencional: Uma opção para aumentar sua rentabilidade

Soja convencional: veja características, vantagens, diferenças de outras cultivares, mercado e resultado produtivo para sua lavoura. 

A estimativa do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária) indica que 8% do total de soja produzida no Mato Grosso é convencional, do total de 33 milhões de toneladas produzidos no estado.

Isso porque utilizar cultivares convencionais contribui na rotação de produtos para o controle de plantas daninhas, além de ter um custo de produção mais baixo.

E sobre o portfólio de cultivares, as convencionais apresentam bons resultados produtivos e um mercado cada vez mais em ascensão para bonificações diferenciadas.

Neste artigo vou compartilhar as vantagens da soja convencional e os diferenciais dessas cultivares disponíveis no mercado. Confira a seguir!

Características da soja convencional

Uma das decisões mais importantes no planejamento da safra com certeza é a cultivar. 

E para essa escolha, a proporção continental do Brasil interfere bastante nessa decisão. Sendo que as regiões com condições climáticas tão distintas do país necessitam de cultivares diferentes, que possam apresentar bons resultados produtivos. 

São dois os tipos principais de cultivares disponíveis, as convencionais e as transgênicas

A soja convencional conta com uma tecnologia intrínseca, ou seja, sem modificação por melhoramento genético, possui tecnologia natural como ferramenta de manejo de alta resistência a doenças e alto potencial produtivo, além de também ter produtividade competitiva.

Já a soja transgênica possui alto potencial produtivo e as principais são a RR, resistente ao glifosato, e a IPRO que também possui tolerância ao glifosato e a alguns insetos como as lagartas. 

Entre os benefícios, as cultivares convencionais contribuem na manutenção da biodiversidade e, se em conjunto com a aplicação de manejo integrado, para uma maior conservação do meio ambiente. 

Além disso, atua na rotação de cultivares evitando o desenvolvimento de resistências a doenças e plantas daninhas.

Mas para isso, a qualidade da semente é importante. 

Então, lembre-se: uma semente certificada é sua melhor garantia de qualidade em atributos fisiológicos, físicos, sanitários e genéticos. 

Saiba um pouco mais no artigo Semente de soja: Principais cuidados e novas tecnologias para fazer a melhor escolha

soja convencional

(Fonte: Página Rural)

Vantagens da Soja Convencional

A cultivar deve atuar como uma ferramenta que auxilia no manejo da lavoura e, no caso das cultivares convencionais, você pode rotacionar os produtos fitossanitários de controle de plantas daninhas e pragas agrícolas. 

Além da vantagem de diminuir os custos da lavoura com o pagamento de royalties, existe a possibilidade de bonificação para esse tipo de produto, que vamos falar mais adiante. 

Mesmo não passando por um processo de melhoramento biotecnológico, como uma transgenia, os resultados de desempenho agronômico das cultivares convencionais também são competitivos.

Como exemplo, trabalhei com o teste de 13 cultivares e muitos pontos importantes foram considerados e revelados no resultado produtivo da cultivar. 

Os principais que são válidos considerar em características agronômicas:

  • Projeção de produtividade e estabilidade;
  • Grupo de maturação; 
  • Tolerância e resistência a doenças;
  • População;
  • Época de semeadura;
  • População recomendada. 

Para comparar essas cultivares e verificar as vantagens e desvantagens, foram utilizadas parcelas com o objetivo de avaliar o desempenho de cada uma, lado a lado.

Assim, foi possível verificar os dados dos vendedores de características agronômicas, descrição da semente, pacote sanitário, populações e data de semeadura de cada variedade. 

A partir daí, selecionamos as cultivares com alta adaptabilidade, média adaptabilidade e não recomendadas.

Entre os principais critérios foram considerados produtividade e estabilidade, tolerância a doenças, grupo de maturação, composição e altura do grão – que são as principais características varietais que devem ser ponderadas, engalhamento, acamamento, ciclo e nós viáveis. 

Com os resultados de desempenho agronômico deste teste foi decidido qual das cultivares seria colocada no próximo ano em uma parcela de hectares e, caso os resultados na próxima safra fossem mantidos, seria plantada em um grande talhão. 

Esse procedimento garantiu confiabilidade da adaptação e do desempenho da cultivar em nossas condições.

Diferenças entre soja convencional, Intacta e soja RR

Somente a partir de 2005 que a produção de soja transgênica foi liberada no Brasil. 

Nas cultivares transgênicas como RR ou IPRO (soja Intacta) são utilizados produtos do grupo dos glifosatos no manejo fitossanitário. 

Agora nas cultivares convencionais, você terá que utilizar produtos para folhas largas e produtos para folhas estreitas, sendo que isso pode ser uma grande vantagem.

Se considerarmos que 25% das perdas nas lavouras são por conta das plantas daninhas que estão apresentando mais resistência, a utilização de outros tipos de produtos fitossanitários vão auxiliar no manejo integrado. 

A mudança do manejo fitossanitário pode contribuir e muito com os resultados da sua área.

Como essas cultivares interferem nos resultados

Os resultados produtivos são iguais aos das cultivares transgênicas no quesito produtividade. As cultivares convencionais também são resistentes a nematoides como os cistos – que são mais comuns em áreas arenosas.

Veja esta lista de cultivares disponíveis no mercado que você pode verificar as recomendações agronômicas para a sua região:

  • BRS 7980 da Embrapa;
  • Cultivar BRS 8381 da Embrapa;
  • BRS 8581 da Embrapa;
  • BR 284 da Embrapa;
  • Brs 6680 da Embrapa;
  • 4182 da Amaggi/TMG;
  • ANsc83 022 da Agronorte; 
  • BRS pintado da Amaggi;
  • TMG 4185 da TMG;
  • W870 (Bayer) do Agrobom;
  • Msoy 8757 da Monsoy;
  • M 8866 da Monsoy;
  • FTS 4188 CV da FT.

Você também pode verificar as opções de cultivares de soja convencional no site da Embrapa, de acordo com sua localização. 

soja convencional

Cultivares por Região Edafoclimática (REC)
(Fonte: Embrapa Soja) 

Mercado da soja convencional

O mercado tem aumentado a demanda por soja convencional. Existem tendências que os animais na União Européia sejam alimentados exclusivamente com grãos não geneticamente modificados, segundo o relatório do Global Protein Ingredients.

Também há iniciativas como o Programa Soja Livre, uma parceria da Aprosoja Mato Grosso e da Embrapa para o fortalecimento e o desenvolvimento do mercado para a soja. O objetivo é que os produtores tenham poder de escolha por meio de conteúdos e dias de campo para repassar informações sobre as tecnologias das cultivares convencionais. 

Assim como o Centro de Difusão e Aprendizagem (CAD) – Parecis que tem promovido mostras dos campos experimentais com as sojas convencionais.  

A venda como soja convencional e sua bonificação é condicionada a todo o cuidado realizado durante o manejo, pois não é permitido a contaminação por soja transgênica.

Por isso, as práticas de limpeza do maquinário desde a plantadeira, colheitadeira e caminhões é muito importante.  

Vale lembrar que boas práticas tecnológicas como a inoculação e o manejo integrado de pragas fazem toda a diferença nos seus resultados produtivos.

planilha de produtividade da soja

Conclusão

As cultivares convencionais podem proporcionar um maior valor agregado ao produto e também contribuir em um manejo mais integrado da sua lavoura pela rotação de produtos.

Os custos de produção são altos e, por isso, vimos que realizar a escolha de uma cultivar que tenha alta produção e estabilidade é fundamental. 

O grande diferencial sempre é a compatibilidade de diferentes táticas para o sucesso da lavoura. 

E você, qual cultivar de soja convencional utiliza na sua lavoura? Ficou com dúvidas? Deixe o seu comentário abaixo. 

Como é feita a colheita de soja? Veja passo a passo!

Como é feita a colheita de soja: saiba qual é o ponto ideal e as principais orientações para garantir boa produtividade e rentabilidade.

A colheita da soja é um momento de extrema importância e que exige muito planejamento do produtor.

Quando feita fora do momento adequado, pode refletir em menor produtividade. Por isso, é fundamental que as operações de colheita sejam planejadas, evitando que os grãos fiquem expostos às condições climáticas.

É preciso fazer desde a revisão e planejamento logístico dos maquinários até o acompanhamento do clima e fenologia da soja, para garantir a colheita no ponto ideal. 

Por isso, vale a pena se preparar e saber mais sobre como é a feita a colheita de soja de maneira eficiente e melhor. Confira a seguir!

Quando realizar a colheita de soja

A colheita de soja ocorre conforme o ciclo de cada cultivar, sendo normalmente feita entre janeiro e abril nas regiões do Centro-Oeste e Nordeste. A colheita de soja precoce em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul durante janeiro e fevereiro possibilita a semeadura da segunda safra, como o milho safrinha.

Na prática, é recomendável que a colheita da soja seja realizada logo após a maturidade fisiológica do grão, ou seja, quando o transporte de nutrientes para o grão cessa e ela chega ao acúmulo máximo de matéria seca, com as melhores condições fisiológicas. 

Porém, nesse período, a soja se encontra com alta umidade e presença de ramos e folhas verdes, o que impossibilita a colheita mecanizada. Dessa forma, realiza-se o manejo de dessecação, quando necessário, para diminuir o período em que os grãos ficam no campo expostos a condições climáticas adversas, pragas e doenças. 

Assim, o produtor deve realizar a aplicação do dessecante no estádio R7 da cultura, logo após o ponto de maturidade fisiológica, quando pelo menos uma vagem está com coloração madura na haste principal.

Para você identificar no campo a melhor época de aplicação, é simples. Observe o momento em que a soja possuir em torno de 70% de suas vagens com coloração amarronzada ou bronzeada, no estádio R7.

fenologia da soja. Fonte: Coopertradição

Ciclo da cultura da soja
(Fonte: Coopertradição)

Veja mais sobre como fazer um manejo eficiente de herbicidas para soja, mesmo em casos difíceis, e evite problemas em sua área plantada, no artigo: “Herbicidas para soja: manejo certeiro sem prejudicar a lavoura”.

Qual o tempo entre o plantio e a colheita da soja?

O tempo entre o plantio e a colheita pode variar de acordo com a região e a cultivar utilizada, indo de 100 a 160 dias – sendo que os ciclos das cultivares mais plantadas vão de 60 a 120 dias.

De acordo com as características da região, você pode selecionar uma variedade mais tardia ou precoce para ter as melhores condições climáticas em seu ciclo. Além da escolha da cultivar, é importante consultar o zoneamento agrícola da soja e plantar na época certa para que ocorram chuvas nos momentos ideais da cultura (como florescimento e início do enchimento de grãos). 

Após o ponto de maturidade fisiológica dos grãos, considera-se que os mesmos já estão sendo armazenados no campo. Desta forma, se ocorrerem muitas chuvas após esse período, os grãos podem mofar ou brotar dentro das vagens – o que diminui consideravelmente seu preço de mercado.  

Então, um dos primeiros passos para ter uma boa colheita de soja é plantar no tempo certo.

Para te auxiliar nisso, confira o Zarc, aplicativo da Embrapa desenvolvido para que o produtor acesse de forma rápida o Zoneamento Agrícola de Risco Climático. 

como é feita a colheita de soja

(Fonte: Dinheiro Rural)

Umidade e ponto ideal de colheita da soja

A colheita de soja deve ser realizada assim que possível, após os grãos atingirem a maturação fisiológica.

Na prática, a colheita deve ocorrer quando os grãos de soja atingirem teor de água que possibilite a colheita mecânica.

Quando a colheita é realizada fora da faixa do teor de umidade ideal, pode ocorrer perdas na rentabilidade do produtor, devido aos danos mecânicos.

Por isso, o planejamento dessa etapa é fundamental!

Estudos realizados por pesquisadores da Embrapa Soja, indicam que a colheita realizada antecipadamente, com 18% de umidade, proporciona maiores danos nos grãos.

Atualmente, a umidade recomendada para colheita pode variar entre 13% a 15%.

O indicado é que você monitore a umidade de seus grãos nos dias que antecedem a data prevista para colheita, pois as condições climáticas influenciam diretamente nisso.

Monitorando a umidade dos grãos durante a colheita, você também evitará perdas na colheita.

Se logo após a colheita você deseja armazenar sua soja, fique atento aos processos de secagem e condições de armazenamento.

E não se esqueça de verificar qual a umidade dos grãos antes da entrada na unidade armazenadora.

A alta umidade pode lhe trazer problemas futuros, por isso tenha atenção!

Passo a passo para uma colheita de soja eficiente

1º Passo: Planejamento

Planeje seu plantio, para colher no momento certo. Planejando o plantio e a colheita, você evita que as plantas fiquem no campo por um longo período.

2º Passo: Manejo Fitossanitário

Faça uma bom preparo do solo e manejo fitossanitário de pragas, doenças e plantas daninhas.

3º Passo: Maturação

Acompanhe o processo de maturação da sua soja.

4º Passo: Manejo de Dessecação

Faça um bom manejo de dessecação no estádio ideal, utilizando boa tecnologia de aplicação. 

Estima-se que a realização da dessecação para colheita de soja fora do estádio recomendado pode ocasionar perdas de até 12 sacas ha-1.

5º Passo: Revisão

Revise as máquinas que serão utilizadas na colheita como colhedoras, bazucas, tratores e caminhões. Evite surpresas no meio da processo!

6º Passo: Velocidade

Mantenha uma velocidade de colheita constante. Altas velocidades resultam em prejuízo.

7º Passo: Umidade

Acompanhe a umidade dos grãos e a previsão do tempo para iniciar e terminar sua colheita com as melhores condições possíveis. 

8º Passo: Transporte e Armazenamento

Planeje como será feito o escoamento e armazenamento de seus grãos. Acompanhar as tendências de mercado pode ajudar neste processo.

Estima-se que em apenas uma safra o Brasil perde aproximadamente 1,076 milhão de toneladas de soja devido a falhas no transporte. Por isso, o transporte e armazenamento dos grãos devem ser planejados e feitos com muito cuidado. 

como é feita a colheita de soja

(Fonte: Dinheiro Rural)

9º Passo: Relatório 

Anote todos os problemas que ocorreram durante a colheita para evitá-los no próximo ano. 

Além disso, tenha em mãos todas as informações sobre a safra atual e as passadas, com ajuda de um software como o Aegro, isso facilitará qualquer tomada de decisão.

reprodução de uma tela de colheita de soja acompanhada pelo Aegro

Exemplo da gestão da colheita pelo Aegro: dados seguros e acompanhamento da operação em alguns cliques

10º Passo: Resultados

Colha os seus grãos! Faça os cálculos de lucratividade e planeje o futuro do sua empresa rural.

Veja mais neste artigo:Planejamento rural eficiente: maximize sua produtividade e aumente seu lucro”.

planilha controle de custos por safra

Conclusão

Realizar o planejamento da colheita é necessário e fundamental para a qualidade do grão.

Por isso, neste artigo vimos o que devemos saber para colher a soja no momento ideal, assim como realizar um bom manejo de dessecação.

Também vimos a importância de colher com a umidade ideal e de evitar chuvas nesse período. 

Além disso, citamos 10 passos de como se planejar para não ter surpresas desagradáveis e fazer uma colheita eficiente. 

>> Leia mais:

“5 perdas na colheita que você pode estar sofrendo e o que fazer para resolver”

Como é feita a colheita de soja em sua lavoura? Já teve algum problema? Adoraria ver seu comentário abaixo!