Como fazer o MIP da soja?

MIP da soja: Como fazer o manejo integrado das pragas da cultura da soja e como isso irá trazer benefícios tanto econômicos como ambientais. 

Quando você ouve alguém falando sobre o Manejo Integrado de Pragas (MIP), considera algo impossível de ser feito na cultura da soja?

E se eu te disser que existem muitos casos de sucesso ao utilizar esse método, você acreditaria?

Embora seja um manejo menos facilitador do que aquele convencional, o MIP vai te garantir maior rentabilidade a longo prazo e contribuir para uma produção mais sustentável.

Mas, acredito que muitas dúvidas ainda precisam ser respondidas. Por isso, nosso artigo de hoje é sobre como fazer o MIP na soja. Confira!

Por que fazer o MIP?

Antes de falarmos sobre o MIP na cultura da soja, precisamos entender melhor alguns aspectos sobre esse tipo de manejo e por que é tão importante que ele seja implementado na agricultura de uma forma geral. 

Com o advento dos inseticidas na década de 1930, o mercado agrícola passou a produzir mais, justamente por ter formas mais rápidas de controlar as pragas.

Mas, desde então, não houve uma forma equilibrada de se fazer o uso dos pesticidas. Por isso, muitos problemas começaram a ocorrer, como, por exemplo:

  • resistência de pragas-chave a pesticidas;
  • uso irracional dos pesticidas;
  • Pragas antes secundárias se tornando as principais da cultura;
  • Ressurgência de pragas em níveis muito mais altos;
  • Toxicidade para humanos e organismos não-alvo;
  • Contaminação do ambiente;
  • Pesticidas incompatíveis com o controle biológico

Com esses e outros problemas que foram surgindo, na década de 1960, pesquisadores de diversas áreas propuseram um manejo com outras formas de controle que não somente o químico.

Então, mais do que uma forma de reduzir os custos, o MIP visa muitos outros aspectos nos âmbitos sociais e ambientais.

E o que é o MIP?

O MIP é um conjunto de medidas de controle que objetiva manter as pragas abaixo do nível de dano econômico quando estas chegam no nível de controle.

Todas as medidas adotadas devem ser feitas de formas coordenada e harmônica, com base no custo/benefício, levando em consideração aspectos econômicos, sociais e ambientais. 

Mas, é importante lembrar que o MIP não visa eliminar as pragas do agroecossistema. O principal objetivo é manter essas pragas abaixo do nível de controle de maneira equilibrada.

Como começar o MIP da soja?

Antes de entrar com os métodos de controle, você precisa conhecer o histórico da área e quais pragas podem vir a lhe causar prejuízos ao longo da safra.

Mas, para conhecer, é preciso saber identificar as principais pragas da soja. Dessa forma, você terá como monitorá-las. 

O monitoramento é uma prática que deve se tornar parte da sua rotina. Há a necessidade de que toda semana você verifique a densidade populacional das pragas. 

Com o monitoramento semanal, será possível ter uma melhor tomada de decisão, optando por métodos mais adequados para aquela ou aquelas pragas que poderão causar danos econômicos. 

As maneiras mais comuns utilizadas pelos produtores de soja para monitorar as pragas são pano de batida e armadilhas atrativas. 

Pano-de-batida

No pano-de-batida, é possível verificar a presença de lagartas desfolhadoras – como lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis); falsa-medideira (Chrysodeixis includens); percevejos, como percevejo marrom e percevejo verde (Nezara viridula); e dos inimigos naturais presentes na área. 

Com isso, será possível calcular níveis de ação e de não-ação. Ao fazer o pano-de-batida é importante que você tenha em mãos uma ficha para monitoramento dos insetos. A Embrapa Soja desenvolveu uma ficha que você pode utilizar para te auxiliar neste momento.

Armadilhamento

Uma outra maneira seria o monitoramento das mariposas (fase adulta das lagartas que atacam a soja) por atratividade utilizando feromônio da espécie, com armadilhas do tipo delta

A quantidade de armadilhas vai depender da espécie de mariposa que está sendo monitorada. Por isso, siga as instruções do fabricante. 

MIP da soja: Diferentes métodos para reduzir as pragas

Ao longo da safra, realizando o monitoramento, você percebe a necessidade de controlar algumas pragas que poderão lhe causar prejuízos caso você não as controle.

controle pragas da soja

E aí: qual seria a melhor forma de controle?

No MIP, você poderá utilizar não somente um, mas vários métodos para controlar as pragas. Vou te indicar alguns deles abaixo:

Controle cultural

O controle cultural é um ótimo aliado para reduzir a densidade populacional das pragas. O interessante deste tipo de controle é que, de uma forma geral, vai contribuir para aumentar ainda mais sua produtividade.

Por exemplo, escolher uma semente de qualidade, fazendo uma boa irrigação, eliminando restos culturais e plantas utilizadas como hospedeiras alternativas dos insetos-praga. 

Controle comportamental 

Existem algumas maneiras de mudar o comportamento das pragas de modo a reduzir suas densidades populacionais. 

Os feromônios podem ser utilizados no monitoramento, mas podem também atuar para confundir os insetos no momento do acasalamento. 

Controle biológico

O controle biológico na cultura da soja é de extrema importância e tem tido resultados muito expressivos. 

Uma forma é fazer o controle biológico natural, conservando os inimigos naturais presentes na área. 

Também pode-se utilizar o controle biológico inundativo, fazendo liberações massais de organismos fornecidos por biofábricas.

Como no caso dos microhimenopteros Trichogramma pretiosum (controle de ovos de mariposas) e Trissolcus basalis (controle de ovos de percevejos).

Um micro-organismo que tem sido muito recomendado para controle de Helicoverpa armigera é o Baculovirus para evitar casos de ataques severos, como os de 2012/2013. 

Controle utilizando plantas resistentes 

O uso de plantas transgênicas é uma maneira bastante efetiva de combater as principais pragas da cultura (lagartas desfolhadoras).

No MIP da soja, é importante que, ao utilizar esse tipo de manejo, se tenha a área de refúgio para contribuir no manejo de resistência das pragas.

Lembre-se: utilizar planta transgênica não vai lhe deixar isento de fazer monitoramentos e outras táticas do MIP.

Controle químico

Ao contrário do que muitos imaginam, o MIP permite sim o uso do controle químico, mas de forma racional e equilibrada. 

O ideal é utilizar inseticidas seletivos aos inimigos naturais para manter a sanidade do ambiente.

Existem diversos inseticidas registrados para controle de pragas na cultura da soja, mas nem todos são seletivos e podem permanecer por muito tempo na lavoura.

O custo dos inseticidas mais seletivos pode significar um empecilho de início, porém, a longo prazo, irá garantir redução de custos. 

Alguns erros cometidos no MIP da soja

Muitas vezes, no intuito de aproveitar alguma operação, acabamos cometendo erros. E eles podem tornar o custo mais alto de forma desnecessária.

Um exemplo bem comum é aplicar inseticidas junto com fungicidas para aproveitar o uso das máquinas que já irão rodar no campo de qualquer jeito. 

Mas essa decisão é, na maioria das vezes, impensada e sem monitoramento prévio

Além disso, pode aumentar os custos e causar aqueles fenômenos comentados anteriormente como: resistência das pragas aos inseticidas, ressurgência de pragas, dentre outros problemas.

Imagine só… 

João tem dois filhos. Um deles está com infecção na garganta e o outro não. Para aproveitar os remédios, João decide medicar os dois filhos ao mesmo tempo. 

O que João fez, foi uma imprudência, porque o filho que não está doente poderá ter problemas com o medicamento. Sem contar que João gastou sem necessidade.

Levando para o contexto da lavoura, acontece mais ou menos a mesma coisa.

Por isso, mesmo que seja um pouco mais complicado fazer o MIP, as táticas são necessárias para garantir maior sanidade do sistema de plantio. 

Conclusão

O MIP da soja não é algo impossível de ser feito e existem muitos casos de sucesso. 

É importante que você faça o MIP na sua lavoura para evitar problemas com relação ao abuso no uso de inseticidas.

Para começar esse manejo é importante conhecer o histórico da área e fazer monitoramentos semanais.

Discutimos aqui os principais métodos de controle e alguns erros cometidos no MIP da soja.

Com essas informações, espero que você tenha condições de tomar a melhor decisão no controle de pragas da sua lavoura.

Restou alguma dúvida sobre o MIP da soja? Quais tipos de controle você adota em sua lavoura hoje? Adoraria ler seu comentário!

Lagartas na soja: como identificar e controlar

Lagartas na soja: principais diferenças entre elas, fases em que ocorrem danos na lavoura e os melhores métodos de controle.

Você já sabe que as lagartas causam muitos prejuízos quando não controladas. Nesta safra, por exemplo, estamos vendo surtos da Helicoverpa armigera em áreas de soja.

Você saberia identificar cada lagarta que afeta a cultura da soja, seus hábitos, coloração e danos que causam?

Tudo isso é muito importante para que você saiba exatamente quando e como agir para manter a fitossanidade da cultura.

Veja tudo isso neste artigo e faça um manejo ainda melhor na sua propriedade!

Lagartas que ocorrem na soja

As lagartas são a fase jovem dos insetos da ordem Lepidoptera, em que estão as borboletas e mariposas.

Nas lavouras, as lagartas das mariposas são as principais responsáveis por causar injúrias.

São diversas as espécies que ocorrem desde a fase inicial até a fase reprodutiva. 

As principais lagartas que atacam a cultura da soja são:

Vamos conhecer melhor cada uma delas a seguir!

Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus

Lagarta-elasmo

Lagarta-elasmo
(Fonte: Bayer)

A lagarta-elasmo ou broca-do-colo é uma praga que ataca a soja logo no plantio. E, se não for controlada, pode danificar muito sua lavoura.

É importante saber que essa lagarta ocorre, preferencialmente, em solos mais arenosos. Além disso, ela necessita de períodos prolongados de seca para se estabelecer na fase inicial da cultura. 

As lagartas têm coloração inicial esverdeada, mas tornam-se mais amarronzadas conforme vão aumentando de tamanho (que pode chegar a 2 cm).

Possuem faixas transversais amarronzadas ou avermelhadas no dorso. 

Os sintomas de ataque são murcha e secamento das folhas, levando a planta à morte.

Isso ocorre devido ao seu hábito de fazer cortes e broqueamento nas plantas novas.

Lagarta-elasmo soja

Período de ocorrência da lagarta-elasmo
(Imagem adaptada de Instituto Phytus)

Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon)

Lagarta-rosca

Lagarta-rosca
(Fonte: TD Monsanto) 

Assim como a lagarta-elasmo, a lagarta-rosca também ocorre na fase inicial da cultura. Porém, ela ocorre em solos mais úmidos e com grandes concentrações de matéria orgânica. 

Tanto os adultos como as lagartas possuem hábitos noturnos. As mariposas têm coloração parda ou marrom com envergadura das asas anteriores de cerca de 5 cm.

As lagartas, com coloração variável (sendo a mais comum a pardo-acinzentada), podem chegar a 4,5 cm de comprimento. Durante o dia, ficam abrigadas no solo. 

Elas se alimentam principalmente das hastes, mas atacam as sementes recém-germinadas da soja.

Podem causar sintomas como reboleiras com falhas na germinação, coração morto e plântulas com murchamento. 

Lagarta-rosca soja

Período de ocorrência da lagarta-rosca
(Imagem adaptada de Instituto Phytus)

Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis

É a lagarta desfolhadora mais comum em todo o território nacional. E, por ser desfolhadora, a lagarta-da-soja começa a aparecer no estádio vegetativo V2

As lagartas menores possuem coloração verde e podem ser confundidas com a lagarta-falsa-medideira, pois também costumam medir palmos. 

Lagartas maiores, com cerca de 1,5 cm de comprimento, podem ter coloração tanto esverdeadas como amarronzadas. Elas ainda apresentam três linhas brancas longitudinais no dorso. 

A lagarta-da-soja se alimenta do terço superior das plantas e, conforme vão se tornando maiores, a desfolha aumenta. Dependendo da densidade da população, podem se alimentar até mesmo de flores e vagens. 

lagarta-da-soja

Período de ocorrência da lagarta-da-soja
(Imagem adaptada de  Instituto Phytus)

Lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens)

Lagarta-falsa-medideira

Lagarta-falsa-medideira
(Foto: Bayer)

Outra lagarta desfolhadora é a lagarta-falsa-medideira. Ela tem sido um problema grande nas lavouras de soja, principalmente quando seus surtos ocorrem junto com a lagarta-da-soja.

Quando eclodem, as lagartas têm coloração verde-clara e, ao se alimentarem, podem apresentar uma cor mais verde-amarronzada.

Possuem listras longitudinais brancas com pontuações pretas no dorso

Esta lagartas são assim conhecidas porque se locomovem “medindo palmo”, com dois pares de pernas abdominais. 

Localizam-se no terço inferior das plantas e consomem as folhas sem atingir as nervuras, deixando um aspecto rendilhado. 

Lagarta-falsa-medideira soja

Período de ocorrência da lagarta-falsa-medideira
(Imagem adaptada de Instituto Phytus)

Lagarta-das-maçãs (Chloridea (=Heliothis) virescens)

Lagarta-das-maçãs

Lagarta-das-maçãs 
(Fonte: Pioneer Sementes)

A lagarta-das-maçãs é a principal praga do algodoeiro, mas se tornou extremamente polífaga nas últimas décadas, atacando diversas outras culturas, como a soja. 

As lagartas inicialmente têm coloração verde-claro e, com o tempo, se tornam mais amarronzadas, podendo atingir até 2,5 cm de comprimento. 

Elas se alimentam dos ponteiros das plantas, começando pelas folhas novas, passando para as brácteas até atingir flores e botões florais.

Os sintomas típicos são diminuição das flores e consequente redução da produção de vagens. 

Lagarta-das-maçãs soja

Período de ocorrência da lagarta-das-maçãs
(Imagem adaptada de Instituto Phytus)

Lagarta-do-cartucho (Spodoptera spp.)

Lagarta-do-cartucho

Complexo de Spodoptera spp.
(Fonte: Lavoro)

As lagartas do complexo de Spodoptera têm uma grande importância econômica na soja, devido à voracidade das espécies.

A espécie Spodoptera frugiperda causa danos, principalmente, nas plântulas. Spodoptera eridania e S. cosmioides atacam tanto na fase vegetativa como na reprodutiva. 

As espécies possuem características morfológicas distintas e, por isso, há a necessidade de melhor detalhamento na identificação. 

Podem atacar desde as plântulas até as vagens. Inicialmente, causam sintomas semelhantes à lagarta-rosca, pois cortam as plântulas rente ao solo.

E, quando atacam na fase reprodutiva, se abrigam no interior das plantas. 

Período de ocorrência da lagarta-do-cartucho
(Imagem adaptada de Instituto Phytus)

Como controlar as lagartas na soja?

Para controlar as lagartas na soja, não existe apenas um método que irá acabar com todas elas.

No Manejo Integrado de Pragas (MIP), você deve iniciar com a base, que é o monitoramento, e partir para o controle após a tomada de decisão

Após realizar o monitoramento, você poderá utilizar vários métodos de controle das lagartas que podem prejudicar sua lavoura.

Dentre os métodos, podemos citar controle cultural, controle genético, controle biológico e controle químico. Mas você poderá decidir por outros métodos também.

Vamos ver melhor cada um deles a seguir:

Controle cultural 

Em diversas culturas é possível realizar a rotação de culturas para controlar lagartas. Porém, na soja, as lagartas são muito polífagas e a rotação não surtiria muito efeito.

Mas você poderá utilizar técnicas que vão melhorar a sanidade da lavoura, que ficará mais resistente ao ataque dessas pragas

Algumas ações que irão te ajudar nisso:

  • Destruição de restos culturais;
  • Adubação de maneira correta;
  • Plantar na época adequada;
  • Destruição de hospedeiros alternativos;
  • Tratamento de sementes. 

Controle genético

Existem variedades de soja modificadas geneticamente, como a Intacta RR2 PRO®, e variedades selecionadas com resistência natural a insetos. 

As tecnologias com a proteína Bt (Bacillus thuringiensis) conferem resistência à maioria das lagartas aqui citadas. 

É importante lembrar que, quando você for utilizar uma variedade resistente, é necessário que se faça o plantio da área de refúgio, para não haver seleção de insetos resistentes.

Controle biológico 

O controle biológico dos lepidópteros-praga na cultura da soja pode ser feito com micro e com macroorganismos.

Pode ocorrer de forma natural, com organismos presentes na cultura, ou você pode aplicar, de forma inundativa, adquirindo em empresas especializadas na produção desses agentes. 

Alguns exemplos de organismos para controle de lagartas na soja:

  • Baculovirus;
  • Beauveria bassiana;
  • Bacillus thuringiensis
  • Trichogramma pretiosum

Controle químico

Não mais importante que os demais tipos de controle, no manejo integrado de pragas você pode realizar o controle com inseticidas, desde que seja de forma consciente. 

Aplicar de forma calendarizada de nada vai contribuir para a redução das pragas a longo prazo. Pelo contrário, você talvez irá gastar mais do que precisava e ainda poderá piorar a situação das pragas. 

Então, sempre que for utilizar um inseticida para controle das lagartas, consulte um Eng. agrônomo(a) e leia a bula.

Existem vários inseticidas registrados no Agrofit (MAPA), mas aconselho você a optar por aqueles mais seletivos aos inimigos naturais.

E também fique atento à tecnologia de aplicação, pois, como você viu, algumas lagartas ficam mais no terço inferior e outras no terço superior das plantas.

Nos artigos a seguir, temos mais orientações sobre o controle químico:

planilha manejo integrado de pragas MIP Aegro, baixe agora

Conclusão

Neste artigo, você viu as principais lagartas na soja. Algumas podem atacar apenas na fase inicial da cultura e outras atacam desde a fase inicial até a fase reprodutiva.

Foi possível ver que os sintomas são bastante característicos, o que vai te ajudar a identificar melhor as pragas.

Para controlar as lagartas, o ideal é que você faça o manejo integrado de pragas com várias táticas em conjunto para melhor resultado.

>> Leia mais:

“Novidade no mercado de defensivos: inseticida Plethora”

Como fazer o MIP da soja

Como você faz o controle das lagartas na soja hoje? Qual sua maior dificuldade? Adoraria ler seu comentário! 

Como começar a plantação de soja e 6 passos para melhorar sua lavoura

Plantação de soja: saiba como planejar o plantio, vantagens de cultivar o grão, como escolher a cultivar e muito mais!

A soja é uma importante cultura no país, em produção, produtividade e área plantada. Segundo dados da Conab, a produtividade esperada para a safra 2021/22 é de 3.526 kg/ha e produção de 140.752,2 milhões de toneladas de soja. Esse número representa um crescimento de 2,5% em relação à safra passada. 

Para atingir altas produtividades, você precisa se atentar a todas as atividades agrícolas e isso começa antes da plantação de soja. Por isso, separamos dicas que vão te ajudar a ter resultados ainda melhores na lavoura. Confira!

O que é preciso saber para começar a plantar soja

O plantio da soja pode trazer bons resultados, mas para isso é fundamental conhecer bem a planta e estar atento às melhores práticas para semeadura, manutenção e colheita, a fim de evitar prejuízos.

A soja (Glycine max) é uma planta herbácea pertencente à família Fabaceae. Suas sementes têm germinação epígea e o sistema radicular pivotante, com uma raiz principal e diversas ramificações.

Existe hoje uma grande variedade de cultivares de soja no mercado, sendo que a duração total do ciclo pode variar de 100 a 160 dias, com predominância de 115 a 125 dias nos ciclos comerciais mais comuns.

Independente da cultura, o planejamento da safra é fundamental para o sucesso da atividade, afinal, ele evita e minimiza o efeito de problemas futuros, como o aparecimento de insetos-pragas e doenças.

Conhecer o histórico da área é muito importante para traçar um plano de manejo eficiente no controle de pragas, doenças e plantas daninhas.

Na escolha da cultivar de soja, dê preferência por aquelas com alta produtividade, adaptadas às condições climáticas da região e resistentes ao ataque de pragas e doenças.

Outro passo importante no planejamento do plantio da soja é fazer um levantamento das máquinas e implementos que serão necessários.

A partir dessas informações, é possível estabelecer um plano de ação coerente com a realidade da propriedade e, assim, iniciar o plantio da soja.

Lembre-se que os custos de produção devem ser acompanhados durante toda a safra.

3 vantagens de investir na plantação de soja

1. Demanda

A soja é a principal commodity brasileira. A maior parte da soja produzida no Brasil tem como destino o mercado externo, sendo a China o principal importador. 

Em 2022, as exportações brasileiras deverão ser de cerca de 87 milhões de toneladas.

2. Versatilidade

A soja é um grão com aplicação em diferentes setores da indústria.

Na indústria alimentícia, ela é utilizada como matéria-prima para a produção de bebidas, sorvetes, salsichas e chocolates. 

O óleo de soja é empregado na produção de margarina, maionese e gordura vegetal.

Na indústria química, a soja é aplicada na fabricação de tintas, cosméticos e plásticos. Podendo também ser utilizada na produção de biodiesel.

No processo de extração do óleo é obtido o farelo de soja. Esse subproduto é amplamente empregado na produção de ração animal

Ou seja, a soja é um produto de grande demanda e com diversidade de aplicação industrial.

3. Facilidade e incentivo

O Brasil apresenta condições favoráveis para o desenvolvimento da cultura como clima e solo

Atualmente, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Paraná e Goiás são os maiores produtores de soja do país. 

A topografia das áreas produtoras do grão também possibilita a mecanização total da cultura.

O Brasil é referência na pesquisa com a cultura da soja, além de possuir políticas, como o crédito agrícola, que incentivam a produção brasileira.

Agora que já falamos sobre o que você precisa saber e as vantagens de investir numa plantação de soja, vamos à parte prática!

Como começar um plantio de soja

Escolha e preparo do solo

Para o sucesso no plantio de soja, um dos principais pontos é a qualidade do solo em que será feito o cultivo. A área escolhida para a começar a plantar soja deve ter características de clima, solo e topografia favoráveis à cultura, com solo rico em nutrientes.

A análise de solo é outra etapa essencial. Ela te permite estabelecer quais as formulações dos adubos e corretivos, e quais as quantidades necessárias ao longo da safra.

A análise de solo é a principal ferramenta de avaliação da fertilidade. Ela possibilita a tomada de decisão para calagem e adubação.

Sem uma análise química do solo e um adequado manejo, o sucesso está distante do agricultor e da sua empresa agrícola. Assim afirma o professor Alleoni, do Departamento de Ciência do Solo da Esalq/USP.

Lembre-se de fazer a análise de solo cerca de 3 meses antes de iniciar o plantio da soja.

Faça uma boa amostragem do solo, pois as fazendas não são homogêneas. Veja na figura abaixo as dicas para coletar a amostra de solo:

Ilustração sobre como coletar a amostra do solo. O processo começa com a divisão das áreas de amostragem, depois limpeza superficial, coleta da parte central da terra (eliminar as laterais), misturar manualmente a terra coletada e retirar uma amostra de 300 gramas para enviar ao laboratório.

(Fonte: Calcário Solo Fértil)

A profundidade da amostragem do solo para culturas anuais normalmente é de 0 cm — 20 cm. Se a área tem suspeita de acidez em subsuperfície ou você quer saber se há esse risco, faça uma amostragem até 60 cm de profundidade.

Escolha um laboratório de confiança para enviar as amostras de solo da sua área de cultivo.

Com os resultados dessa análise, você pode repor o que falta de nutrientes para a produção. Por isso, realize uma boa interpretação de análise de solo

Você deve analisar:

  • Estado ou região da área amostrada; 
  • Quantidade de soja que você pretende produzir;
  • Histórico da área (adubação); 
  • Tipo de cultivo; 
  • Custo do adubo; 
  • Método utilizado no laboratório de análise de solo; 
  • Profundidade da amostragem, entre outras informações.

Calagem, gessagem e adubação para soja

A partir de análise de solo, você fará cálculos para verificar a necessidade de fazer calagem e/ou gessagem

O nitrogênio é fornecido para a soja pela inoculação das sementes

A interpretação da análise de solo para os outros macronutrientes como fósforo, potássio e os micronutrientes depende da região.

Em cada região, há uma tabela para determinar a adubação que a soja requer. Isso te ajuda na interpretação da análise de solo e a definir a quantidade necessária de cada nutriente.

Dependendo da região, os laboratórios de análise do solo utilizam diferentes tipos de extrator (Mehlich-1 ou P resina) para determinar o fósforo. 

Por isso, é importante ficar de olho nesse fator.

Por exemplo, a tabela abaixo utiliza a produtividade esperada para determinar a recomendação da adubação de fósforo e potássio. 

O extrator de fósforo é o P resina, utilizado para o estado de São Paulo.

tabela com diferenças entre tipos de extração do solo diferentes

Adubação mineral de semeadura para o Estado de São Paulo; produtor deve observar diferentes tipos de extrator utilizado na análise de solo

(Fonte: Mascarenhas e Takana em Embrapa)

Escolha da cultivar

Você deve escolher uma ou mais cultivares de soja para a sua lavoura. É importante que ela seja adaptada para a sua região, de modo a evitar quebra de safra por motivos climáticos.

Para te ajudar nesta escolha, você pode utilizar o Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático). Essa ferramenta minimiza os riscos relacionados aos fenômenos climáticos adversos. 

Ela também permite identificar, por município, a melhor época de plantio das culturas, nos diferentes tipos de solo e ciclos de cultivares.

Para utilizar o Zarc, você deve entrar no site do Mapa e escolher o estado da sua fazenda. Em seguida, selecione a cultura da soja.

Desenho do mapa do Brasil, com destaques coloridos nas principais regiões sojicolas.

(Fonte: Embrapa e Mapa)

Após este procedimento, um arquivo será baixado. Nele, você encontra as cultivares de soja mais adaptadas à sua região. 

Você também pode conferir a época preferencial para semeadura em função da cultivar e do solo. De modo geral, a semeadura da soja vai de outubro a dezembro, com obtenção das maiores produtividades normalmente entre outubro e meados de novembro, segundo a Embrapa.

Considere o ciclo da cultivar para saber com quanto tempo irá fazer a colheita, principalmente se for realizar o plantio do milho safrinha em seguida. Em geral, o ciclo da soja dura de 100 a 160 dias.

Também é possível saber todas essas informações pelo Zarc, aplicativo gratuito da Embrapa.

Print da tela do Zarc: a tela mostra as melhores datas para plantio da cultura

 Zarc – Plantio Certo mostra as melhores datas de plantio de 43 culturas, recuperando dados do Zarc

(Fonte: Aplicativo Zarc na Playstore – faça download gratuito aqui)

Em resumo, na escolha da cultivar é importante considerar fatores como:

  • época de plantio;
  • tipo de solo;
  • condições climáticas da região;
  • histórico da área;
  • resistência/tolerância da cultivar à herbicidas, pragas e doenças;
  • ciclo da cultivar;
  • tolerância a estresse hídrico;
  • produtividade.

Espaçamento e profundidade ideais

A forma como as plantas são dispostas na área pode influenciar diretamente nos resultados de produtividade das lavouras.

Para ter um arranjo espacial ideal na sua lavoura é importante identificar a densidade de semeadura e o espaçamento para o plantio.

Para cada cultivar é recomendável uma população diferente de plantas por hectare.

O espaçamento entre linhas normalmente utilizado para a cultura da soja é:

  • 0,45 m a 0,50 m (tradicional);
  • 0,25 m a 0,30 m (mais estreito). 

Pode ocorrer variação no espaçamento conforme a cultivar, maquinário e sistema de cultivo.

Outro ponto importante para o plantio é a profundidade. O ideal é de 3 cm a 5 cm para a soja.

Como plantar soja no sistema de plantio direto

Normalmente, você pode utilizar dois sistemas de plantação de soja: o sistema de plantio direto e o sistema convencional.

A produtividade média de soja no plantio direto é 20% superior à do manejo de solo convencional, segundo a Embrapa.

Você não pode pensar que plantio direto é somente plantar na palhada. Existem três princípios fundamentais desse sistema:

  • não revolvimento do solo e mínimo nas linhas de semeadura;
  • manter o solo permanentemente coberto por cobertura vegetal viva ou morta (palhada);
  • rotação e/ou associação de culturas, para aumentar a biodiversidade.

Para iniciar o plantio direto, você deve se atentar em:

  • definir a cultura de cobertura;
  • definir a rotação de cultura da sua fazenda;
  • planejamento do plantio e da condução das culturas na área;
  • máquinas e implementos agrícolas que serão utilizados no sistema.

Planejamento agrícola e financeiro

O planejamento é importante para qualquer atividade que você irá realizar, como é o caso do plantio. 

No entanto, o planejamento agrícola e financeiro não é apenas importante no plantio. Ele deve ser realizado durante todo o ciclo da cultura e na comercialização do grão.

Segundo o chefe-geral da Embrapa Soja, o planejamento e a adoção de práticas sustentáveis são essenciais para alta produtividade da soja. É assim que acontece com os produtores campeões em produtividade. 

Para planejar as atividades da sua fazenda, você pode:

  • registrar todas as atividades que serão desempenhadas. Para a plantação de soja, por exemplo, registre quais operações serão realizadas; quando o solo será preparado; data de plantio; máquinas utilizadas; adubação; calagem; compra de insumos, entre outros;
  • analise o histórico das safras passadas da cultura da soja;
  • faça o planejamento financeiro da sua propriedade;
  • informe-se sobre condições meteorológicas da sua região, sobre as commodities, sobre o mercado de insumos, etc;
  • determine qual sistema de cultivo irá realizar na sua lavoura e se utilizará agricultura de precisão;
  • monitore o planejamento agrícola e o financeiro;

Planilhas agrícolas  e softwares agrícolas podem te ajudar no planejamento do plantio da soja.

Tela do Aegro, na aba de plantio. NA tela, há 5  janelas correspondentes a diferentes plantios.

Planejamento facilitado e completo no software agrícola Aegro

>>Leia mais: “6 recursos do Aegro que vão te ajudar durante o plantio

Custo da plantação de soja

Identificar o custo de produção da soja é essencial para a gestão agrícola da sua propriedade.

Segundo o Compêndio de Estudos da Conab, os itens que apresentam maiores porcentagens no custo operacional de soja são fertilizantes e agrotóxicos.

Gráfico que revela os principais itens que compõem os custos da soja:. Do maior para o menor: fertilizantes, agrotóxicos, sementes, operações com máquinas e depreciação de máquinas e implementos.

Participação percentual média dos principais itens que compõem os custos operacionais de soja entre os anos-safra 2007/08 e 2015/16

(Fonte: Conab)

Saber o custo da lavoura de soja influencia suas tomadas de decisões durante o planejamento até a comercialização da soja. 

Por isso, você deve ter todas as informações da sua propriedade registradas.

Para te auxiliar a obter o custo da plantação de soja, você precisa ter um bom fluxo de caixa. Ele é o registro de todas as contas da sua empresa rural, tanto a entrada como a saída de dinheiro.

Para facilitar, preparamos um modelo de fluxo de caixa em Excel que você pode usar gratuitamente!

Para te auxiliar no planejamento dos custos da sua lavoura ou fazer uma estimativa se os seus custos correspondem com a média da sua região, também há uma solução.

Nesse link da Conab, você pode pesquisar os custos com insumos agropecuários.

Tela do Aegro que mostra um gráfico em fatia dos principais custos com a soja.

Com o software agrícola Aegro, você sabe seu custo exato, além da rentabilidade por talhão após a safra. Tudo isso em apenas alguns cliques

Conclusão

Neste artigo, você viu 6 dicas de especialistas para te auxiliar na plantação de soja. 

O planejamento, espaçamento e profundidade de plantio, análise de solo, escolha da cultivar, preparo do solo e custo do plantio são fundamentais.

A implantação de uma lavoura de soja se inicia com o planejamento da safra

Isso envolve conhecer o histórico da área, a análise de solo, a escolha da cultivar, a aquisição de insumos, a disponibilidade de máquinas, implementos e mão de obra.

Assim, realize o plantio da soja em boas condições para obter uma alta produção e produtividade na sua fazenda!

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Colheita de soja: 7 dicas para torná-la mais eficiente

“7 problemas e soluções para colheita de soja no Mato Grosso”

Quais dificuldades você teve na sua última plantação de soja? Quais operações agrícolas você utiliza? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Atualizado em 24 de novembro de 2021 por @tatiza-barcellos

Tatiza é engenheira-agrônoma e mestra em agronomia, com ênfase em produção vegetal, pela Universidade Federal de Goiás.

Herbicidas pré-emergentes para soja: Os melhores produtos e suas orientações

Herbicidas pré-emergentes para soja: Importância e quais as principais perguntas que você deve se fazer antes de usá-los!

O Brasil possui atualmente 50 casos registrados de plantas daninhas resistentes a herbicidas. 

Além disso, temos aquelas que são naturalmente de difícil controle. E ainda nos preocupamos com plantas resistentes em países vizinhos que podem ser dispersadas para cá. 

Agora, com certeza, você deve estar pensando em como lidar com todos esses problemas e evitar novos na sua lavoura de soja…

Uma das alternativas de sucesso no manejo da resistência de daninhas são os herbicidas aplicados em pré-emergência! E é sobre eles que vamos falar a seguir. Confira! 

Casos de resistência a herbicidas no Brasil 

Como mencionei acima, temos 50 casos registrados de resistência a herbicidas no país. Dentre eles, temos algumas grandes preocupações:

Temos ainda a questão da resistência em países vizinhos, como picão preto resistente a glifosato no Paraguai.

Neste contexto, os herbicidas pré-emergentes têm sido uma ótima alternativa para o sucesso no manejo da resistência.

Eles diminuem a necessidade do uso de herbicidas pós-emergentes e têm pouquíssimos casos de resistência registrados no Brasil no Mundo. 

Mas você sabe o que considerar antes de utilizar os herbicidas pré-emergentes para soja? Separei as principais recomendações.

6 pontos que você deve considerar antes de utilizar herbicidas pré-emergentes para soja 

1. Estou utilizando uma boa tecnologia de aplicação? 

Muitos produtores se acostumaram a utilizar herbicidas pós-emergentes, principalmente glifosato e, infelizmente, descuidaram um pouco da tecnologia de aplicação.

Uma pesquisa de inspeção de pulverizadores, por exemplo, constatou que 50% de todas as máquinas testadas possuíam problemas com adequação do manômetro; conservação de pontas de pulverização; e falhas na calibração do pulverizador. 

Ocorre que, na pós-emergência, geralmente pelo padrão de seletividade dos herbicidas, se a quantidade do produto que chega na planta daninha for menor, o controle fica prejudicado. Mas, se a quantidade for maior, provavelmente não ocorrem grandes problemas. 

E é devido a isso que o termo “chorinho do agricultor” foi consagrado! Essa prática, porém, aumenta a seleção de resistência.

herbicidas pré-emergentes soja

Dessecação de plantas daninhas na entressafra da soja

(Fonte: John Deere)

E, definitivamente, o chorinho do agricultor não funciona com pré-emergentes!

Quando se usa um pré-emergente, a dose deve ser respeitada. Qualquer quantidade a mais pode ocasionar grande problemas à cultura da soja ou à cultura de sucessão.

2. Qual o tipo de solo da área em que irei aplicar os herbicidas pré-emergentes para soja? 

A textura do solo é muito importante para a recomendação de herbicidas pré-emergentes para soja. 

Solos com maior quantidade de argila e matéria orgânica retêm mais herbicidas em seus colóides ou na própria matéria orgânica, deixando menos herbicida na solução dos solos (onde pode ser absorvido e fazer efeito)!

Desta forma, se o produto for recomendado para os dois tipos de solo, costuma-se utilizar maior dose em solo argiloso (conferir sempre indicações da bula). 

Porém, alguns herbicidas não são recomendados para alguns tipos de solo. Atente-se a isso!

Um herbicida muito móvel, por exemplo, pode ser aplicado em solo arenoso e ir diretamente para os lençóis freáticos, o que é prejuízo para o agricultor e para o meio ambiente.

3. A área possui palha ou cobertura verde? 

O herbicida pré-emergente só é efetivo se chegar ao solo. Então qualquer barreira entre o solo e ponta de pulverização pode prejudicar sua ação. 

A palha presente no solo e a maneira que está distribuída afetam diretamente a ação dos herbicidas pré-emergentes. 

Alguns herbicidas possuem pouquíssima capacidade de atravessar a palha e chegar ao solo, como a trifluralina, excelente no controle de gramíneas, mas que em condições de muita palha (> 25% de cobertura do solo) tem seu efeito muito prejudicado.

Além disso, outro fato pouco levado em consideração pelos agricultores é a infestação da área no momento da aplicação. 

Se houver muitas plantas daninhas, com grande cobertura do solo no momento da aplicação, estas podem absorver o produto antes de chegar ao solo, prejudicando seu efeito.

herbicidas pré-emergentes soja

Área de consórcio de milho com brachiaria após a colheita do milho

(Fonte: Soesp)

4. Qual o pH do solo? 

O pH do solo influencia principalmente em herbicidas considerados ácidos e bases fracos como inibidores da ALS e 2,4 D. 

Estes herbicidas, conforme o pH do solo, podem ter maior ou menor mobilidade no solo, o que confunde muito.  

A aplicação de imazetapir, por exemplo, após uma calagem pesada, pode ocasionar maior lixiviação do produto, diminui sua efetividade e pode contaminar o meio ambiente. 

5. Qual o período entre a aplicação do pré-emergente e o plantio da soja?

Você deve ficar muito atento à carência mínima entre o período residual dos produtos utilizados na cultura anterior ou na entressafra para o plantio de soja. 

Todos sabemos que a época de plantio da soja é muito importante para atingir grande produções. Iniciar o plantio cedo evita ataque de pragas no final de ciclo e, consequentemente, adianta o plantio do milho safrinha.

Porém, se o período residual mínimo não terminou, mesmo com ótimas condições para plantio não arrisque: a probabilidade de fitointoxicação é alta. 

Um herbicida comumente utilizado no trigo ou no início da entressafra de soja para controle de folhas largas é o Metsulfuron. Mas o período mínimo entre o plantio da soja e sua aplicação é de 60 dias.

Não respeitar este período, no mínimo, provoca menor crescimento e desenvolvimento das soja.

carryover de metsulfuron em soja

Carryover de metsulfuron em soja

(Fonte: AgroProfesional)

Além disso, herbicidas utilizados em pós-emergência das plantas daninhas, como 2,4 D, podem ter uma certa ação residual e necessitar de um período entre sua aplicação e o plantio da soja. Atente-se a isso! 

6. Qual o período residual do herbicida pré-emergente para soja? Qual cultura irei plantar em sucessão?  

Muitas vezes, nos preocupamos muito com os resíduos que podem prejudicar a soja e esquecemos que eles podem prejudicar a cultura de sucessão. 

Como a seletividade dos herbicidas para as culturas é diferente, às vezes um décimo da dose usada na soja pode prejudicar o milho. 

Desta forma, mesmo 90% do produto sendo degradado pelo tempo, os 10% restantes ainda podem afetar o milho. 

O herbicida imazaquin, por exemplo, pode ser usado na pré-emergência da soja (algumas variedade de soja pode ter maior suscetibilidade) para controle de plantas daninhas de difícil controle como trapoeraba e leiteiro


Porém, devemos esperar um intervalo de 300 dias entre a aplicação deste produto e o plantio de milho.

carryover de imazaquin em milho

Carryover de imazaquin em milho

(Fonte: Alonso)

Herbicidas pré-emergentes para soja: Controle de plantas daninhas de folha larga 

Diclosulam 

Quando aplicar: herbicida com ação residual para controle de banco de sementes, utilizado nas primeiras aplicações do manejo outonal.

Espectro de controle: ótimo controle de folhas largas (ex: buva) e algumas gramíneas (ex: capim-amargoso). 

Dosagem recomendada: 29,8 a 41,7 g ha-1.

Pode ser misturado com: associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato e 2,4 D).

Cuidados: o solo deve estar úmido. 

Flumioxazin 

Quando aplicar: herbicida com ação residual para controle de banco de sementes, utilizado nas primeiras aplicações do manejo outonal ou no sistema de aplique plante da soja

Espectro de controle: ótimo controle de folhas largas (ex: buva) e algumas gramíneas (ex: capim-amargoso). 

Dosagem recomendada: 40 a 120 g ha-1.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato; 2,4 D e imazetapir).

Sulfentrazone

Quando aplicar: herbicida com ação residual para controle de banco de sementes, utilizado na primeira aplicação do manejo outonal.

Espectro de controle: ótimo controle de plantas daninhas de folhas largas e bom controle de algumas gramíneas. 

Dosagem recomendada: 0,5L ha-1, pois apresenta grande variação na seletividade de cultivares de soja.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato; 2,4 D; chlorimuron e clomazone).

Recomendado principalmente para áreas onde também ocorre infestação de tiririca.

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Herbicidas pré-emergentes para soja: Controle de plantas daninhas de folha estreita

S-metolachlor 

Quando aplicar: herbicida com ação residual utilizado no sistema de aplique plante da soja.

Espectro de controle: gramíneas de semente pequena (ex: capim-amargoso, capim-pé-de-galinha).

Dosagem recomendada:1,5 a 2,0 L ha-1.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato).

Cuidados: não deve ser aplicado em solos arenosos. O solo deve estar úmido, com perspectivas de chuva. 

Trifluralina 

Quando aplicar: herbicida com ação residual, utilizado na primeira aplicação do manejo outonal.

Espectro de controle: gramíneas de semente pequena (ex: capim-amargoso e capim-pé-de-galinha).

Dosagem recomendada: 1,2 a 4,0L ha-1 dependendo da planta daninha a ser controlada e nível de cobertura do solo.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato e graminicidas).

Cuidados: deve ser aplicado em solo úmido e livre de torrões. Formulações antigas têm problemas com fotodegradação (necessidade de incorporação). Eficiência muito reduzida em solos com grande quantidade de palha ou durante grande período de seca.  

Clomazone

Quando aplicar: herbicida com ação residual, no sistema de plante aplique.

Espectro de controle: gramíneas de semente pequena (ex: capim-colchão, capim-pé-de-galinha) e algumas folhas largas de sementes pequena.

Dosagem recomendada: 1,6 a 2,0 L ha-1 dependendo da planta daninha a ser controlada e nível de cobertura do solo.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato) e sulfentrazone.

Cuidados: Cuidado com deriva em culturas suscetíveis vizinhas. 

É importante que a recomendação de produtos fitossanitários seja feita por um engenheiro agrônomo (a). Mas o produtor deve estar sempre atento a novas informações para auxiliar em sua recomendação. 

Conclusão

Neste artigo, vimos a importância do manejo de herbicidas pré-emergentes para soja. 

Quais são as principais perguntas que um produtor deve se fazer antes do uso de pré-emergentes.

Além disso, citamos os principais herbicidas aplicados em pré-emergência que podem ser utilizados para controle de plantas daninhas em soja.

Com essas informações, tenho certeza que você irá realizar um bom manejo de herbicidas pré-emergentes na sua lavoura de soja!

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Como fazer a dessecação de soja para colheita eficiente
“Herbicidas para soja: Manejo certeiro sem prejudicar a lavoura”
Alternativas ao Paraquat de dessecar soja para colheita

Quais herbicidas pré-emergentes para soja você utiliza hoje? Restou alguma dúvida? Adoraria ver seu comentário abaixo!


Soja precoce: entenda mais sobre e escolha sua cultivar

Soja precoce: Qual melhor grupo de maturação para sua área, diferentes tecnologias e outras dicas para o sucesso da lavoura.

Soja precoce é muito utilizada quando queremos fazer o milho safrinha, ou mesmo para tentar escapar da ferrugem-asiática.

Porém, quanto menor o ciclo do cultivo, menor sua capacidade de recuperação após a ocorrência de problemas.  

Por isso, a escolha da cultivar e algumas técnicas de manejo são essenciais para plantar soja precoce com segurança. 

Neste artigo, mostraremos algumas cultivares que você pode usar na lavoura e 7 dicas para melhorar sua produtividade. Confira!

Soja precoce: grupos de maturação

A soja precoce nada mais é que cultivares que se desenvolvem em um menor período de tempo.

Na prática, são materiais que possuem um ciclo entre plantio e colheita menor quando comparados com outros.

As cultivares de ciclo precoce permitem uma colheita antecipada mantendo a qualidade dos grãos!

Mas, no momento da escolha, é preciso se atentar, pois uma mesma cultivar pode apresentar uma variação de 10 a 12 dias em seu ciclo de uma região para a outra.

Porém, com o lançamento de muitas cultivares, características novas foram surgindo e o termo “precoce” acabou ficando muito generalista e confundindo muitos produtores.

Assim, as cultivares de soja chamadas de ciclo super-precoce, precoce, semi-precoce, médio e tardio vêm sendo substituídas pelos “grupos de maturação”.

Mas, para você não ficar na dúvida, abaixo mostramos o que ciclo precoce, por exemplo, corresponde na tabela de grupos de maturação:

  • Número abaixo de 6.0: super-precoces
  • Número entre: 6.0 a 6.5: precoces
  • Números próximos de 7.0: ciclo normal
  • Até o número próximo ou igual a 10: tardias

De acordo com pesquisadores, essa nova nomenclatura ajuda a escolher as cultivares com melhor adaptação para cada região.

soja precoce

(Fonte: Monsoy)

Olhando o mapa, você consegue visualizar qual o grupo de maturação indicado para sua fazenda. Para isso, é levado em conta o fotoperíodo de cada região.

Em seguida, é só consultar na descrição de sua cultivar se o grupo de maturação que ela pertence é indicada para sua região!

Mas você quer entender na prática como isso funciona? 

Abaixo vamos mostrar algumas cultivares de ciclo precoce e você pode observar isso na descrição da cultivar!

Diferentes cultivares de soja precoce

A chave para o sucesso de sua lavoura é o planejamento. E planejar e analisar qual é a melhor cultivar para sua fazenda é essencial!

Planeje sua semeadura de soja pensando na segunda safra.

E não se esqueça: opte sempre por sementes certificadas, que tem qualidade garantida.

Para te ajudar, abaixo separamos algumas cultivares de soja precoce.

BRASMAX GARRA IPRO (63I64RSF IPRO)

É uma cultivar de soja precoce, que permite a antecipação de semeadura, ampliando a janela de plantio para a segunda safra.

Tem excelente potencial produtivo, inclusive em áreas com incidência a Phytophthora.

Além disso, é tolerante a sulfonilureias, contribuindo para o manejo de plantas daninhas.

Como podemos observar na tabela abaixo, algumas empresas, como a Brasmax, ainda disponibilizam ao produtor as duas nomenclaturas “ciclo precoce” e “grupo de maturação”.

soja precoce

(Fonte: Sementes Maua)

BS 2606 IPRO

É uma cultivar precoce, com grande agressividade radicular, o que possibilita tolerância a períodos de estresse hídrico.

Possui alto potencial produtivo e tolerância ao complexo de podridões radiculares.

NA 5909 RG

Possui alta estabilidade em diferentes ambientes, possibilidade de escalonamento de plantio.

Precocidade e alta produtividade. Além disso, possui uma arquitetura favorável ao controle de doenças.

soja precoce

(Fonte: Nidera)

M5917 IPRO

Possui precocidade com alto teto e ciclo excelente para regiões de safrinha, além de estabilidade produtiva.

Registra melhor desempenho nos ambientes de maior potencial produtivo e tem resistência ao acamamento.

Mostramos aqui, algumas variedades e seus pontos fortes! Para mais opções confira o portfólio das empresas!

Soja precoce: 7 dicas para o sucesso da lavoura

Cultivares precoces são bastante exigentes e o manejo é fundamental, principalmente porque essas plantas possuem pouco tempo para absorção e produção de grãos de qualidade.

Vamos mostrar aqui, algumas dicas para você alcançar altas produtividades.

1º Dica: Realize o tratamento de suas sementes

Essa técnica é forte aliada para o estabelecimento do estande adequado da lavoura, refletindo, é claro, em maior produtividade média.

Antes de escolher quais produtos utilizar, tenha em mãos o histórico da área.

2º Dica: Inoculação de sementes

A utilização de inoculantes reduz a necessidade de fertilizantes químicos, particularmente os fertilizantes nitrogenados.

Além disso, pode aumentar em até 15% a produtividade da soja.

3º Dica: Época de semeadura da soja precoce

Observe as indicações da cultivar escolhida e planeje sua semeadura pensando na segunda safra (como o plantio de milho, por exemplo).

Planejamento é fundamental para o sucesso de sua safra!

4º Dica: Adubação

Realize a análise de solos de sua propriedade para definir a adubação. Não economize aqui. Uma boa adubação irá refletir diretamente em seu rendimento.

5º Dica: Manejo de pragas e doenças

Realize o manejo preventivo e o acompanhamento regular de pragas e doenças.

Qualquer descuido poderá acarretar na perda de produtividade. Utilize manejos alternativos!

6º Dica: Manejo de plantas daninhas

Realize o manejo de plantas daninhas com herbicidas pré e pós-emergentes.

Cuidado com herbicidas que possuam residuais. Eles podem influenciar negativamente a emergência da cultura.

7º Dica: Colheita

Realize o planejamento da colheita de forma que não influencie a semeadura de milho.

(Fonte: Revista Globo Rural)

planilha de produtividade da soja

Conclusão

Neste artigo vimos o que são cultivares precoces de soja e quais as alterações na nomenclatura.

Mostramos as principais variedades de soja precoce disponíveis no mercado.

Você conferiu a importância do manejo em cultivares de soja precoce e algumas dicas para melhorá-lo na lavoura.

Espero que com essas dicas você alcance ainda mais sucesso em sua empresa rural!

>> Leia mais:

“O que é e por que adotar o sistema de combinação de híbridos”

Você utiliza soja precoce? Realiza o manejo adequado? Deixe seu comentário!

Como fazer o manejo efetivo da necrose da haste da soja

Necrose da haste da soja: Sintomas, diagnose e as principais formas de manejo da doença para evitar prejuízos na sua lavoura.

A cultura da soja é muito importante para o Brasil, tendo como estimativa de safra para 2018/19, segundo a Conab, 115 milhões de toneladas.

No entanto, vários fatores podem afetar sua produção, como as doenças. E uma das que merecem nossa atenção é a necrose da haste da soja.

Com alto potencial de prejuízo na lavoura, a doença ganha notoriedade. Para que isso não ocorra, precisamos entender como é realizada a correta identificação e quais as principais medidas de manejo. 

Por isso, fizemos esta matéria exclusiva com a Agronômica Laboratório de Diagnóstico Fitossanitário e Consultoria, através da Dra. Tatiana Mituti,  esclarecendo todas essas questões. Confira!

Necrose da haste da soja e sua importância

A necrose da haste da soja é uma doença causada pelo vírus Cowpea mild mottle virus (CpMMV), que pertencente ao gênero Carlavirus.

Essa virose foi identificada no Brasil, primeiramente, em feijoeiro da cultivar Jalo, em 1979.

Na cultura da soja, o CpMMV foi detectado mais tarde, na safra 2000/01.

E, desde então, a doença pode causar prejuízos na cultura da soja se não forem realizadas as medidas de manejo, como vamos discutir mais adiante.

As plantas hospedeiras deste vírus pertencem à família das leguminosas, sendo a soja e o feijão os principais hospedeiros.

Em feijoeiro, o CpMMV pode causar a doença chamada mosaico angular do feijoeiro.

CpMMV é transmitido pela mosca-branca (Bemisia tabaci), sendo que a transmissão do vírus é diretamente proporcional à população de mosca-branca na área.

Esse inseto vetor é responsável pela disseminação de muitas viroses no Brasil, para várias culturas.

necrose da haste da soja

Mosca branca, Bemisa tabaci MEAM1 (biótipo B)

(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

A mosca branca infectada com o CpMMV pode disseminar a necrose da haste da soja para outras áreas de cultivo.

Mas além dessa disseminação, algumas pesquisas relatam que sementes infectadas com CpMMV apresentam potencial para disseminar o vírus nos plantios de soja.

Entender essas formas de disseminação é importante para determinar as medidas de manejo para a necrose da haste da soja.

Mas antes de falarmos sobre as medidas de manejo, veja alguns sintomas da doença:

Sintomas da necrose da haste da soja

Nas plantas de soja, o vírus pode causar alguns sintomas como:

  • Escurecimento do pecíolo e das nervuras foliares;
  • Clorose e mosaico da folha, podendo apresentar aspecto de bolhas no limbo foliar;
  • Necrose da haste;
  • Queima do broto;
  • Nanismo;
  • Vagens deformadas e grãos pequenos.

Esses sintomas ficam mais evidentes na floração e no início da formação das vagens.

Assim, no início da doença, os sintomas podem passar despercebidos pelos produtores. Os sintomas começam a se manifestar, ficando mais evidentes após a floração.

Quando a planta está infectada com o vírus, após a floração, normalmente se observam os sintomas de necrose na haste e queima do broto. E isso pode progredir para a morte da planta, que irá impactar na produção da sua lavoura. 

necrose da haste da soja

Sintomas da infecção do Cowpea mild mottle virus (CpMMV) em soja. A) Necrose sistêmica das nervuras; B) curvatura do broto apical; c) Necrose da haste da soja.

(Fonte: Gabriel M. Favara)

Se você realizar o corte da haste de soja infectada com este vírus, provavelmente irá observar um escurecimento da parte interna.

Mesmo observando a necrose da haste e outros sintomas da doença, algumas vezes estes podem passar despercebidos pelos agricultores ou serem confundidos com outras doenças.

Por isso, é importante realizar o diagnóstico correto das plantas de soja.

Diagnóstico da necrose da haste da soja

Para a correta diagnose da doença na planta ou na semente de soja, recomenda-se realizar a análise das amostras através do método molecular.

Para isso, é necessário o envio das amostras para um laboratório capacitado. Um exemplo de laboratório é o Agronômica

As etapas para análise são: extração do ácido nucléico (RNA total) a partir de folhas ou sementes; posteriormente, é realizada a RT-PCR (Transcrição Reversa – reação em cadeia de polimerase), que serve para amplificar (multiplicar) o número de cópias de uma sequência específica de RNA; e análise dos resultados, quanto à ausência ou presença da praga alvo.

necrose da haste da soja

Etapas para extração de ácido nucléico; e equipamento utilizado para a RT-PCR, que permite a correta diagnose de doenças em plantas.

(Fonte: Laboratório Agronômica)

A correta diagnose é muito importante nas plantas na sua lavoura de soja, mas principalmente nas sementes que são utilizadas para implantação da cultura na área.

Agora que você sabe como diagnosticar a necrose da haste, vamos falar sobre as principais medidas de manejo da doença.

Medidas de manejo para a necrose da haste da soja

As principais medidas de manejo para esta doença são preventivas, ou seja, devem ser realizadas para que a doença não ocorra na sua lavoura de soja.

Algumas medidas de manejo são:

  • Uso de cultivares de soja resistentes ou tolerantes ao CpMMV;
  • Uso de sementes sadias e certificadas;
  • Controle químico do vetor (mosca branca): como a transmissão do vírus para as plantas de soja é muito rápida, nem sempre o controle químico é uma boa opção.

Lembrando que, para um manejo efetivo, você deve utilizar várias medidas de manejo, ou seja, integrar diferentes práticas.

Em caso de dúvidas para a escolha da cultivar de soja a ser utilizada na sua lavoura, procure um(a) eng. Agrônomo(a).

>> Leia mais: “Mofo-branco: Como identificar, controlar e prevenir na sua lavoura

Conclusão

A necrose da haste da soja pode causar perdas na produtividade da cultura, por isso é importante conhecê-la.

Neste texto, comentamos sobre a importância da doença e sua disseminação.

Abordamos ainda os sintomas e como é realizado o diagnóstico da doença por um laboratório.

E, por fim, discutimos as principais medidas de manejo da necrose da haste da soja na sua área. 

Agora que você conhece essas informações, realize o controle preventivo para a necrose da haste da soja para evitar problemas com a doença em sua propriedade!

>> Leia mais:

Antracnose nas culturas de grãos: Como controlar de modo eficaz
Tudo sobre o oídio e como manejá-lo em sua área
Fungos de solo: veja as principais causas e como evitá-los

Você tem problemas com necrose da haste da soja na sua lavoura? Quais medidas de manejo utiliza para controle? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Todas as orientações para tratamento de sementes de soja

Tratamento de sementes de soja: Opções de produtos para diferentes pragas, como fazer o tratamento na fazenda e outras dicas para assegurar altas produtividades!

O tratamento de sementes é uma prática que vem sendo utilizada por um número cada vez maior de sojicultores.

Essa técnica é forte aliada para o estabelecimento do estande adequado da lavoura, refletindo, é claro, em maior produtividade.

Mas você sabe quais os principais cuidados para realizar essa técnica com sucesso em sua área?

Confira neste artigo dicas para que o tratamento de sementes de soja seja realizado de forma correta e traga melhor resultado para você!

Tratamento de sementes de soja: O que é e qual sua importância?

A produção de soja no país vem crescendo consideravelmente nos últimos anos. Deste modo, a utilização de boas práticas de manejo é fundamental para garantir altas produtividades.

O manejo correto do solo, utilização de sementes de alta qualidade, a época de semeadura e a utilização correta de herbicidas são essenciais para o sucesso de sua lavoura de soja.

Contudo, muitas vezes a semeadura da soja não é realizada em condições ótimas, comprometendo o estabelecimento da lavoura do estande inicial. Assim, é necessário muitas vezes realizar a ressemeadura.

Nessas situações, o tratamento de sementes de soja entra como um forte aliado, sendo considerado um manejo preventivo!

Mas, afinal de contas, o que é tratamento de sementes?

O tratamento de sementes é a aplicação de produtos/substâncias sobre as sementes, sejam eles defensivos químicos e/ou biológicos, que preservem o desempenho das sementes, permitindo que elas expressem seu potencial.

Essa técnica é como uma garantia adicional ao produtor, auxiliando no estabelecimento do estande inicial das plântulas, principalmente em condições adversas.

Na prática, o tratamento com produtos vai proteger a semente do contato inicial com o solo até a fase inicial de formação das plantas.

Tratamento de sementes de soja com inseticida

O primeiro passo antes de definir qual inseticida será utilizado em seu tratamento, é identificar quais as principais pragas que afetam a cultura.

Além disso, você deve se atentar a alguns fatores como:

  • Histórico da área
  • Tipo de manejo utilizado (cultivo mínimo, plantio direto)
  • Cultura anterior utilizada
  • Pragas comuns na região e na fazenda.

Com essas informações em mãos, você poderá escolher qual o melhor inseticida a ser utilizado contra o ataque dessas pragas em sua lavoura.

Isso irá proporcionar melhor manejo e minimizar o custo com produtos.

Quando for escolher seu inseticida, leve em consideração o modo de ação, espectro de controle e se o mesmo pode causar fitotoxidade à semente.

Confira as principais pragas em soja e qual inseticida você pode utilizar:

Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)

Inseticidas sistêmicos (por exemplo: fipronil, imidacloprido + tiodicarbe e clorantraniliprole).

Mosca-branca (Bemisia sp.): 

Inseticidas neonicotinóides. Eles podem ajudar a reduzir ou retardar o estabelecimento da praga.

Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis):

Inseticidas sistêmicos (ex: clorantraniliprole).

Antes de escolher seu inseticida, não deixe de consultar seu engenheiro agrônomo!

Tratamentos de sementes de soja com fungicidas

As doenças são um grande problema na produção de soja, podendo diminuir consideravelmente o potencial produtivo da cultura.

Deste modo, identificar qual o melhor tratamento de sementes de soja é fundamental para garantir o estabelecimento do estande inicial e maior rentabilidade.

O primeiro passo antes de escolher qual fungicida irá utilizar é realizar a análise sanitária de sua semente.

Assim, você poderá identificar quais patógenos estão presentes em seu lote de sementes e pode escolher com precisão qual o melhor fungicida.

Quando for escolher seu fungicida, leve em consideração: modo de ação, espectro de controle e se o mesmo causa fitotoxidade à semente.

De acordo com a Embrapa Soja, combinar fungicidas sistêmicos com de contato tem sido uma excelente alternativa de controle, já que o espectro de ação da mistura é ampliado pela ação de mais produtos.

tratamento de sementes de soja

Tratamento de sementes com fungicidas: esquema do modo de ação do fungicida de contato (A) e sistêmico (B), quando aplicados isolados
(Fonte: Augusto César Pereira Goulart)

Patógenos em soja e qual fungicida você pode utilizar:

Fusarium semitectum: 

Fungicidas sistêmicos (ex: carbendazim).

Sclerotinia sclerotiorum:  

Combinação de fungicidas sistêmicos e de contato  (ex: carbendazin + thiram ou carboxin + thiram).

De acordo com Pesquisadores da Embrapa, os principais patógenos presentes em sementes de soja podem ser controlados por fungicidas do grupo dos benzimidazóis.

Dentre os fungicidas sistêmicos, carbendazin, tiofanato metílico e thiabendazole são os mais indicados para o tratamento de sementes de soja.

Entre os fungicidas de contato, captan, thiram e tolylfluanid possuem bom desempenho na emergência das sementes.

tratamento de sementes de soja

Fungicidas e doses para o tratamento de sementes de soja
(Fonte: Embrapa)

Tratamento de sementes de soja: Opções de como tratar

O tratamento de sementes pode ser realizado de duas maneiras: na fazenda, conhecido como tratamento “on farm”; ou na indústria, chamado de tratamento industrial de sementes “TIS”.

Vamos mostrar aqui um pouquinho de cada uma dessas técnicas.

6 Dicas para o tratamento na fazenda

Para você que prefere realizar o tratamento de sementes de soja em sua fazenda, vamos mostrar 6 dicas para o sucesso da operação:

1º dica:

Opte apenas por produtos registrados para a cultura da soja!

2º dica:

Dê preferência aos produtos que combinem: fungicidas e inseticidas. Contudo, observe se o princípio ativo dos produtos escolhidos controlam as principais pragas e doenças de sua região.

3º dica: 

Escolha um local adequado para tratar suas sementes longe de animais e pessoas. Utilize o equipamento de proteção individual.

4º dica: 

Use luvas sempre que manusear sementes tratadas. Os produtos utilizados apresentam alto nível de toxidade.

5º dica: 

Fique atento ao volume de calda! O indicado é que o volume de calda final não ultrapasse 600 mL/100 Kg de sementes. Isso inclui: produtos + água.

6º Dica: 

Caso utilize inoculantes, confira algumas orientações sobre essa técnica que já demos aqui no blog: “Inoculação: Todos os tipos e +7 dicas para tirar o máximo proveito dela

tratamento de sementes de soja

(Fonte: Portal do Agronegócio)

Tratamento industrial

As sementes que recebem o tratamento industrial chegam na fazenda já tratadas. A empresa utiliza-se de máquinas especiais para realizar esse tratamento.

Nesta técnica, o produtor não tem contato direto com o produto e o volume de defensivo aplicado é mais preciso!

Visualmente, já é possível observar a melhor cobertura do produto sobre a semente!

Contudo, no momento da compra, observe se os produtos aplicados na semente são realmente aqueles que você precisa!

E, principalmente, quando foi realizado o tratamento de sementes e quanto tempo essa semente ficou armazenada!

Não deixe de conversar com seu agrônomo!

Antes de iniciar a semeadura, realize um teste de emergência em um canteiro em sua propriedade.

tratamento de sementes de soja

(Fonte:Agro-sol)

Principais produtos nos tratamentos de sementes de soja

Atualmente inúmeros produtos são indicados para o tratamento de sementes de soja. Vamos mostrar aqui alguns deles!

Fortenza Duo®

 A utilização desse produto é indicado para pragas como helicoverpa, mosca-branca (Bemisia tabaci), Coró-da-soja (Liogenys fuscus), vaquinha-verde-amarela (Diabrotica speciosa), dentre outras.

É composto por dois inseticidas: ciantraniliprole e tiametoxam. Proporciona maior espectro de controle de pragas e tem efeito residual prolongado. 

Avicta Completo®  (Avicta 500FS, Maxim Advanced e Cruiser 350FS):

A utilização desse produto é indicado para nematoide das galhas (Meloidogyne incognita); nematoide das lesões (Pratylenchus brachyurus); mancha púrpura da semente (Cercospora kikuchii); podridão de esclerotinia (Sclerotinia sclerotiorum); fusariose (Fusarium pallidoroseum); coró-da-soja (Liogenys fuscus); vaquinha-verde-amarela (Diabrotica speciosa), dentre outras.

Esse produto oferece ao produtor tripla proteção. É composto por nematicida, fungicida e inseticida abamectina + fludioxonil + metalaxil-M + tiabendazol + tiametoxam, o que garante amplo espectro de controle.

Standak Top®

A utilização desse produto é indicada para antracnose (Colletotrichum dematium var. truncata); broca do colo (Elasmopalpus lignosellus); coró-da-soja (Phyllophaga cuyabana); vaquinha-verde-amarela; mancha púrpura da semente; podridão seca (Phomopsis sojae), dentre outras.

Oferece ao produtor inseticida e fungicida: fipronil + piraclostrobina + tiofanato-metílico, com a mistura de produtos de contato e sistêmico, proporcionando alto espectro de controle.

Cropstar®

A utilização deste produto é indicada para vaquinha-verde-amarela; broca do colo (Elasmopalpus lignosellus); nematoide das galhas; nematoide das lesões, entre outras.

Oferece ao produtor inseticida e nematicida: tiodicarbe + imidacloprido. Essa mistura de produtos proporciona alto espectro de controle.

Essas são algumas das muitas opções de tratamento químico com fungicidas, inseticidas e nematicidas disponíveis no mercado.

Além desses produtos comumente utilizados você pode optar em inserir em seu tratamento de sementes: 

  • Reguladores de crescimento;
  • Micronutrientes;
  • Inoculantes;
  • Revestimento de sementes e outras opções disponíveis no mercado!

Tratamento de sementes: Quanto custa?

O custo com o tratamento de sementes pode variar de acordo com a região!

De modo geral, os custos para o tratamento de sementes de soja representa de 1,5% a 3% dos custos totais.

Contudo, pelos benefícios e garantia de um bom estabelecimento da cultura, esse custo não é alto.

Antes de optar pela utilização dessa técnica, realize os cálculos de custo e verifique qual é a melhor opção para sua propriedade!

planilha de produtividade da soja

Conclusão

Neste artigo vimos a importância do tratamento de sementes de soja e como ele pode aumentar a produtividade de sua lavoura.

Você conferiu quais os tipos e tratamentos mais utilizados e os custos relacionados a essa prática. Também apresentamos orientações de como escolher o tratamento correto!

Espero que com essas dicas você alcance ainda mais sucesso em sua empresa rural!

>> Leia mais:

Soja RR: Tire suas dúvidas e consiga melhores resultados

Como escolher as melhores cultivares de soja para sua lavoura

Soja precoce: Entenda mais sobre e escolha sua cultivar

Você realiza o tratamento de sementes de soja em sua fazenda? Quer saber mais sobre o assunto? Adoraria ver seu comentário!

Tudo o que você precisa saber sobre dessecação para plantio de soja

Dessecação para plantio de soja: Seletividade para culturas, carry over, além de todos os manejos e opções de produtos para utilizar no controle de plantas daninhas.

O manejo de plantas daninhas na entressafra é considerado o mais importante no sistema de produção de grãos. 

Isso porque neste período existe um número maior de ferramentas que podem ser utilizadas, como herbicidas de diversos mecanismos de ação, além de técnicas de controle mecânico e cultural. 

Quando se trata da soja, é de extrema importância que o cultivo comece no limpo, pois a cultura tolera convívio com daninhas por um curto período de tempo.

E como realizar um manejo eficiente de plantas daninhas para plantar soja no limpo? Confira a seguir!

Pontos importantes sobre a dessecação de plantas daninhas para o plantio de soja 

Como citado anteriormente, a cultura da soja tolera o convívio com plantas daninhas por um período muito curto: em torno de 18 dias após a emergência. Em condições adversas, essa tolerância pode ser de 7 dias após a emergência ou até menos. 

Vamos então abordar pontos importantes sobre a dessecação para plantio de soja no limpo:

Identificação de plantas daninhas 

A identificação correta de quais plantas daninhas existem em sua área e sua distribuição são essenciais para que as estratégias de manejo funcionem sem um gasto excessivo de dinheiro.  

Você precisa identificar as plantas daninhas ainda quando pequenas, pois são mais fáceis de controlar.

Além disso, saiba quais daninhas podem estar presentes no banco de sementes da área (através do histórico da sua área). Assim você está mais preparado quando elas emergirem.

Quando houver plantas daninhas de folhas larga (buva, por exemplo) e folhas estreitas (Ex: capim-amargoso) de difícil controle na área, deve-se priorizar o manejo de plantas de folhas largas na entressafra, devido à seletividade da soja. 

Baixe gratuitamente aqui o Guia para Manejo de Plantas Daninhas e saiba como controlá-las melhor em sua lavoura!

Resistência a herbicidas 

Após identificar as plantas daninhas presentes na área, é muito importante saber quais destas possuem histórico de resistência na área ou no país, pois importantes ferramentas de manejo podem não funcionar. 

Além disso, é importante que o manejo seja planejado para evitar a seleção de resistência, utilizando práticas como: 

  • Rotação de mecanismo de ação de herbicidas;
  • Rotação de culturas;
  • Adubação verde;
  • Consórcio entre culturas (por exemplo: milho/brachiaria). 

Consórcio milho com brachiaria

(Fonte: FundaçãoMS)

Estádio das plantas daninhas na área

O estádio em que a planta daninha está é determinante para a eficiência dos herbicidas. De modo geral, quanto menor a planta daninha, mais facilmente será controlada. 

Para daninhas de folhas largas, recomenda-se que o controle seja feito com 2 a 4 folhas. Para folhas estreitas, com 2 a 3 perfilhos. 

Cuidado! Para algumas plantas daninhas, como capim-pé-de-galinha e o caruru-palmeri, este período é muito curto. 

dessecação para plantio de soja

Dessecação para plantio de soja: capim-pé-de-galinhas dentro do estádio ideal de controle – 2 perfilhos

Caruru-palmeri dentro do estádio ideal de controle: 4 folhas

(Fonte: On Vegetables)

Quando as plantas crescem e se desenvolvem, a quantidade de ceras e estruturas na superfície das folhas pode aumentar, dificultando a entrada e transporte dos herbicidas (caso da trapoeraba).

Além disso, podem desenvolver estruturas de reserva que facilitam o rebrote após o manejo (como o capim-amargoso). 

Manejo outonal (manejo antecipado ou sequencial)

O manejo de plantas daninhas deve ser feito logo após sua emergência para facilitar o manejo das plantas daninhas devido ao menor estádio de desenvolvimento. 

Além disso, se houver plantas perenizadas na área, provenientes de escapes do cultivo anterior, o manejo deve começar o mais rápido possível, caso sejam necessárias aplicações sequenciais de herbicidas. 

>> Leia Mais: “Como fazer o manejo de plantas daninhas em plantio direto

Uso de herbicidas pré-emergentes 

Atualmente os pré-emergentes são grandes aliados do combate à resistência, pois:

  • Controlam as plantas daninhas logo em sua emergência;
  • Para as principais plantas daninhas, existem poucos ou nenhum caso de resistência registrados no país;
  • Diminuem a necessidade de aplicações em pós-emergência.

O problema do uso dos pré-emergentes é que existem mais pontos a serem considerados para sua correta recomendação. Devemos considerar o teor de argila, pH do solo, quantidade de palha no solo, clima, infestação e período residual. 

Veja neste vídeo que eu separei:

É importante saber qual o objetivo do pré-emergente, pois precisa ser aplicado antes da emergência das sementes. 

A buva, por exemplo, possui maior emergência durante período de junho a setembro (Variando um pouco conforma a região), com clima ameno e maior umidade (tendo menor emergência durante o ciclo do cultivo). 

Já o capim-amargoso emerge o ano interior (conforme a disponibilidade hídrica). 

dessecação para plantio de soja

Emergência de plântulas de buva

(Fonte: Arquivo do autor)

 Além disso, o alvo é o solo. Desta forma, se houver muita palha, o pré-emergente deve ser capaz de ultrapassar essa barreira. 

Se houver uma massa verde grande na área (plantas daninhas com grande cobertura do solo), não se recomenda a aplicação destes produtos, pois ficam retidos nessa massa. 

Seletividade da cultura e Carry over

Quando são utilizados herbicidas com período residual seja ele longo (Ex: metsulfuron 60 dias) ou curto (Ex: 2,4 D ⋍ 14 dias), é importante que as culturas que sejam plantadas dentro deste período sejam seletivas ao produto.

Caso a cultura não seja seletiva, a carência mínima deve ser respeitada, para que não ocorra o Carry over (Fitointoxicação da cultura por resíduo de herbicidas). 

dessecação para plantio de soja

Carryover de metsulfuron em soja

(Fonte: AgroProfesional)

Tecnologia de aplicação e condições climáticas adversas

Para a eficiência da aplicação de herbicidas, as boas práticas de tecnologia de aplicação devem ser respeitadas.  

Após um período de seca prolongado na entressafra (o que aconteceu este ano em diversas regiões do país), deve-se esperar que as plantas se restabeleçam e consigam absorver o produto.

Após alguns dias de uma chuva representativa, deve-se aplicar os herbicidas dentro das condições climáticas recomendadas, com uso de bons adjuvantes. Deve-se evitar uso de baixa vazão (nestas condições, o mínimo recomendo são 100 L ha-1 de volume de calda).

Caso ocorram plantas daninhas perenizadas de difícil controle na área, recomenda-se que seja feita a roçagem destas plantas (um pouco antes da chuva). Quando iniciarem o rebrote, provavelmente com o início das chuvas, aplicar nas folhas novas. 

dessecação para plantio de soja

Dessecação de plantas daninhas (capim-amargoso) fora do estádio recomendado

(Fonte: Copacol)

Principais herbicidas utilizados no manejo de entressafra da soja

Herbicidas pós-emergentes: 

Paraquat

Quando aplicar: pode ser utilizado em plantas pequenas provenientes de sementes (< 10 cm ou 3 perfilhos) ou em manejo sequencial para controle da rebrota de plantas maiores.

Espectro de controle: não seletivo. 

Dosagem recomendada:  1,5 a 2,0 L ha-1.

Pode ser misturado com: apresenta muitos problemas com incompatibilidade de calda. 

Cuidados: Necessidade de bom molhamento das folhas. Está sendo retirado do mercado por problemas de toxicidade. 

Chlorimuron 

Quando aplicar: utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial e fornece efeito residual.

Espectro de controle: plantas daninhas de folhas largas (ex: buva).

Dosagem recomendada: 60 a 80 g ha-1.

Pode ser misturado com: geralmente associado a outros herbicidas sistêmicos (ex: glifosato).

Cuidados: Muitas áreas com buva resistente. 

2,4 D 

Quando aplicar: utilizado nas primeiras aplicações de manejo sequencial. 

Espectro de controle: plantas daninhas de folhas largas (ex: buva).

Dosagem recomendada: 1,2 a 2 L ha-1.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato) e/ou pré-emergentes.

Cuidado com problemas de incompatibilidade no tanque (principalmente graminicidas). 

Cuidados: quando utilizar 2,4 D próximo à semeadura de soja, deve-se deixar um intervalo entre a aplicação e a semeadura de 1 dia para cada 100 g i.a. ha-1 de produto utilizado.

Glifosato

Quando aplicar: possui ótimo controle de plantas pequenas (até 4 folhas ou 2 perfilhos) ou pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial.

Espectro de controle: não seletivo.

Dosagem recomendada: 2,0 a 4,0 L ha-1.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (Ex: 2,4 D, graminicidas), pré-emergentes (ex: sulfentrazone) ou de contato (ex: saflufenacil). 

Produtos à base de dois sais ou em formulação granulada possuem maiores problemas de incompatibilidade de calda! 

Cuidados: muitos casos de resistência. Perdas de eficiência quando associado a produtos que aumentam o pH da calda. 

Glufosinato de amônio

Quando aplicar: pode ser utilizado em plantas pequenas provenientes de sementes (< 10 cm ou 3 perfilhos) ou em manejo sequencial para controle de rebrota de plantas maiores. 

Espectro de controle: não seletivo, porém mais efetivo em folhas largas. 

Qual a dosagem recomendada: 2,5 a 3,0 L ha-1.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato e graminicidas). 

Saflufenacil 

Quando aplicar: pode ser utilizado em plantas pequenas (< 10 cm) ou em manejo sequencial para controle de rebrota de plantas maiores. 

Espectro de controle: plantas daninhas de folhas larga (ex: buva).

Dosagem recomendada: 35 a 100 g ha-1.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato). 

Cletodim 

Quando aplicar: possui ótimo controle de plantas pequenas (até 2 perfilhos) ou pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial.

Espectro de controle: controle de gramíneas. 

Dosagem recomendada: 0,5 a 1,0 L ha-1.

Pode ser misturado com: geralmente associado ao glifosato. Quando misturado com 2,4 D, aumentar 20% da dose de clethodim. 

Haloxyfop

Quando aplicar: possui ótimo controle de plantas pequenas (até 2 perfilhos) ou pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial.

Espectro de controle: controle de gramíneas. 

Dosagem recomendada: 0,55 a 1,2 L ha-1.

Pode ser misturado com: geralmente associado ao glifosato. Quando misturado com 2,4 D aumentar 20% da dose de haloxyfop.

O uso de adjuvantes deve seguir a recomendação de bula!


dessecação para plantio de soja

Infestação de buva na soja devido à falha de manejo na entressafra

(Fonte: Arquivo do autor)

Herbicidas pré-emergentes:

Diclosulam 

Quando aplicar: herbicida com ação residual para controle de banco de sementes, utilizado na primeira aplicação do manejo outonal.

Espectro de controle: ótimo controle de folhas largas (ex: buva) e algumas gramíneas (ex: capim-amargoso). 

Dosagem recomendada: 29,8 a 41,7 g ha-1.

Pode ser misturado com: associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato e 2,4 D).

Cuidados: solo deve estar úmido. 

Flumioxazin 

Quando aplicar: herbicida com ação residual para controle de banco de sementes, utilizado na primeira aplicação do manejo outonal ou no sistema de aplique plante da soja

Espectro de controle: ótimo controle de folhas largas (ex: Buva) e algumas gramíneas (ex: capim-amargoso). 

Dosagem recomendada: 40 a  120 g ha-1.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato, 2,4 D e imazetapir).

S-metolachlor 

Quando aplicar: herbicida com ação residual utilizado no sistema de aplique plante da soja.

Espectro de controle: gramíneas de semente pequena (ex: capim-amargoso, capim-pé-de-galinha).

Dosagem recomendada:1,5 a 2,0 L ha-1.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato).

Cuidados: não deve ser aplicado em solos arenosos. O solo deve estar úmido, com perspectivas de chuva. 

Trifluralina 

Quando aplicar: herbicida com ação residual, utilizado na primeira aplicação do manejo outonal.

Espectro de controle: gramíneas de semente pequena (Ex: capim-amargoso, capim-pé-de-galinha).

Dosagem recomendada: 1,2 a 4,0 L ha-1 dependendo da planta daninha a ser controlada e nível de cobertura do solo.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato e graminicidas).

Cuidados: deve ser aplicado em solo úmido e livre de torrões. Formulações antigas tem problemas com fotodegradação (necessidade de incorporação). Eficiência muito reduzida em solo com grande quantidade de palha ou durante período seco.  

Sulfentrazone

Quando aplicar: herbicida com ação residual para controle de banco de sementes, utilizado na primeira aplicação do manejo outonal.

Espectro de controle: ótimo controle de plantas daninhas de folhas largas e bom controle de alguns gramíneas. 

Dosagem recomendada: 0,5 L ha-1, pois apresenta grande variação na seletividade de cultivares de soja.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato, 2,4 D, chlorimuron e clomazone).

Recomendado principalmente para áreas onde também ocorre infestação de tiririca!

É importante que a recomendação de produtos fitossanitários seja feita por um agrônomo. Mas o produtor deve estar sempre atento a novas informações para auxiliar em sua recomendação. 

Conclusão

Neste artigo, vimos a importância do manejo eficiente de dessecação para plantio de soja. 

Mostramos as principais ferramentas de controle químico que podem ser utilizadas no período de entressafra e como realizar seu posicionamento correto para não ocasionar danos à cultura da soja.  

Além disso, citamos técnicas importantes que devem ser utilizadas no manejo integrado de plantas daninhas.  

Com essas informações, tenho certeza que você irá realizar um bom manejo de herbicidas na sua dessecagem pré-plantio de soja!

Quais herbicidas você utiliza na entressafra? Restou alguma dúvida sobre a dessecação para plantio de soja? Adoraria ver seu comentário abaixo!