Conheça os 9 indicadores de fertilidade do solo e saiba usá-los ao favor da sua lavoura

Indicadores de fertilidade do solo: quais são, para que servem, sua importância para o solo e como avaliá-los

Altas produtividades são alcançadas com a junção de vários fatores

Além dos manejos culturais, é importante cuidar do solo e garantir qualidades químicas, físicas e biológicas. 

Cada um destes três fatores apresenta indicadores que dão qualidade ao solo. Conhecê-los pode garantir a saúde da sua lavoura e maior precisão na adubação.

Neste texto, você saberá mais sobre os indicadores de fertilidade importantes para uma boa produção. Confira!

A importância da fertilidade do solo na agricultura 

A fertilidade do solo é um indicador químico, principalmente quando se trata de produtividade. Ela é relacionada aos nutrientes, pH, matéria orgânica e outros aspectos.

Uma planta bem nutrida consegue aproveitar melhor a energia. Assim, ela se desenvolve adequadamente e tolera mais o ataque de doenças e pragas.

Entretanto, nem todos os nutrientes estão presentes no solo no momento e quantidade ideais para as plantas. Por isso é necessário fazer a adubação correta.

Você deve saber como está a saúde do seu solo para manter o equilíbrio. Ficar sempre de olho nos indicadores de fertilidade é a principal medida a ser tomada.

Dessa forma, é possível fornecer para sua cultura a quantidade ideal de todos os elementos essenciais para sua produção. 

9 principais indicadores de fertilidade do solo

A análise do solo é como o exame de sangue que você eventualmente faz. Os indicadores correspondem aos principais aspectos em relação à fertilidade.

Para saber como seu solo está, é importante saber ao que cada indicador corresponde e como isso interfere no manejo. Veja a seguir os principais indicadores.

1. pH

Este indicativo de fertilidade mede a acidez do solo. O manejo do solo, adubação e cultivos alteram o valor do pH ao longo do tempo. 

A mudança de valor altera a disponibilidade dos macronutrientes, micronutrientes e do alumínio ali presentes.

Gráfico mostra a disponibilidade de nutrientes e alumínio em função do pH do solo. A disponibilidade de molibdênio e cloro é maior.

Disponibilidade de nutrientes e alumínio em função do pH do solo 

(Fonte: Incaper)

2. Macronutrientes e micronutrientes 

Tanto os macro quanto os micronutrientes são fundamentais para a produção. 

Os macronutrientes são exigidos em maiores quantidades, e são:

  • nitrogênio;
  • fósforo;
  • potássio;
  • cálcio;
  • enxofre;
  • magnésio.

Os micronutrientes são exigidos em menores quantidades, e são:

  • boro;
  • cobre;
  • ferro;
  • manganês;
  • zinco.

Além de conhecer os macro e micronutrientes, há dois pontos que você deve considerar.

Se o teor de sódio for elevado, ocorre salinização do solo. Como consequência, há problemas na produção agrícola.

Outro ponto de atenção é o método de extração utilizado para avaliar a quantidade dos nutrientes, principalmente o fósforo.

O sistema IAC (mede o teor fósforo pela resina trocadora de íons) e o sistema Embrapa, que utiliza o método de Mehlich-1, são os mais utilizados.

É importante observar qual extrator foi utilizado, pois os valores representados são diferentes. 

Para calcular corretamente a quantidade de fósforo do solo, você precisa usar a tabela de recomendação do sistema utilizado.

3. Soma de bases

É a soma de potássio, sódio, cálcio e magnésio presentes na análise de solo. 

Sua função é auxiliar no cálculo de outros indicadores, como capacidade de troca e saturação por bases.

Pode ser que a soma de bases não venha na análise de solo. Caso isso aconteça, fique de olho nas unidades para realizar o cálculo. Elas precisam estar em cmolc/dm3.

Geralmente, o cálcio e o magnésio já estão na unidade necessária. Para os demais nutrientes, veja um exemplo de conversão:

Cálculo com fórmulas para analisar o teor dos nutrientes no solo

4. Alumínio trocável

Ela é a quantidade de alumínio presente na solução do solo.

Quanto maior o valor, mais danos ocorrem nas raízes das plantas. O  seu valor é reduzido pelo aumento de pH.

Imagem mostra dois conjuntos de plantas de milho ainda pequenas e suas respectivas raízes. O primeiro conjunto apresenta raízes mais longas e as plantas estão maiores, e não houve contato com alumínio, de acordo com o indicador colado no conjunto. O segundo conjunto apresenta plantas e raizes pequenas, e o indicador colado no conjunto indica que houve contato com alumínio.

Influência negativa do alumínio no crescimento de plantas de milho 

(Fonte: Biocom)

5. Acidez potencial

O indicador de acidez potencial ou acidez total é representado na análise do solo por hidrogênio + alumínio.

É a soma da acidez trocável com a acidez não trocável, sendo a acidez neutralizada representada pelo hidrogênio.

6. CTC

CTC do solo é a capacidade de troca de cátions.

É utilizado para cálculo de calagem e gessagem do solo. Isso porque a CTC indica a quantidade de cargas negativas que determinado solo pode ter em pH 7,0.

O cálculo pode ser realizado pela seguinte fórmula:

imagem com a fórmula: CTC = SB + (H + Al)

Com a CTC elevada, nutrientes como potássio, cálcio e magnésio são retidos no solo e disponibilizados às plantas.

Valores baixos indicam que esses nutrientes ficam mais suscetíveis a perdas por lixiviação.

banner-calculo-de-calagem

7. Saturação por bases

A saturação por bases é representada pelo V% nas análises de solo. Ele é um indicador usado para a necessidade de calagem e gessagem.

As culturas apresentam um V% ideal, geralmente entre 60% a 70%. Sabendo quanto seu solo tem de V%, você saberá se é necessário realizar calagem para elevar esse valor.

Com a calagem, há um aumento da saturação por bases e redução da acidez potencial. 

Isso aumenta a porcentagem de cargas negativas do solo ocupadas por potássio, cálcio e magnésio.

fórmula:  V% = SB sobre CTC

8. Índice de saturação de sódio

Este indicador é importante em solos de locais áridos, semiáridos, próximo de litorais ou com elevado teor de sais.

Nesses locais, o teor de sódio no solo é elevado, influenciando o desenvolvimento das plantas. Por isso, é necessário calcular o índice de saturação de sódio.

Somente assim você saberá a proporção de sódio em relação ao potássio, cálcio e magnésio.

fórmula: ISNa = Na em cmolc/dm3 sobre CTC vezes 100

Valores acima de 15% do índice de saturação de sódio indicam problemas.

Portanto, em caso de valores até 10%, você precisa adotar medidas para reduzir o teor do nutriente no solo.

9. Matéria orgânica 

A matéria orgânica é formada por diversos elementos, com destaque para o carbono. Eles vêm principalmente da decomposição de plantas e microrganismos.

Solo com muita matéria orgânica tem mais capacidade de fornecer nutrientes, além de apresentar valores maiores de CTC.

Por isso, a matéria orgânica é um importante indicativo do potencial produtivo de um solo.

Os indicadores de fertilidade do solo são utilizados para determinar os nutrientes em falta. Assim, você poderá suprir todas as necessidades de maneira certeira.

Importância do equilíbrio nutricional do solo

Conhecendo os indicadores de fertilidade e as necessidades nutricionais da cultura, a adubação se torna mais assertiva.

O planejamento do ano safra é importante para que as quantidades de nutrientes fornecidas se mantenham adequadas.

Um bom balanceamento também interfere na qualidade física e biológica do solo.

Como avaliar os indicadores de fertilidade do solo? 

Os indicadores de fertilidade sofrem constantes mudanças com o uso dos solos. Isso acontece principalmente com a ausência de algum nutriente.

A falta de determinado nutriente é observada nas plantas em pouco tempo. Para que o solo seja equilibrado nutricionalmente, é necessário adotar práticas por um longo tempo.

Assim, é necessário realizar a manutenção dos nutrientes no solo, e sempre realizar a sua análise para verificar como estão os indicadores químicos. 

Afinal, tanto a falta como o excesso são prejudiciais às plantas.

É importante realizar uma amostragem de solo representativa da sua área produtiva. É dessa forma que os valores dos indicadores de fertilidade serão mais precisos.

Conclusão

Os indicadores de fertilidade do solo são avaliados na análise de solo.

Cada indicador mede alguma propriedade química do solo. Eles são utilizados para recomendações de adubação, calagem e gessagem.

Avaliar os indicadores de fertilidade é algo que deve estar presente em toda a sua safra.

 Afinal, assim você estará sempre por dentro da saúde da sua lavoura, além de poder fazer adubações mais assertivas.

Você conhecia todos os  indicadores de fertilidade do solo? Faz a adubação com base nesses dados? Ficou alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!

5 passos para fazer o cultivo do consórcio cana e milho

Consórcio cana e milho: saiba quais são as vantagens, desvantagens e o que você deve considerar antes de optar por ele

A Embrapa lançou em outubro de 2021 uma tecnologia de consorciação de cana com milho.

O consórcio alia rentabilidade e sustentabilidade. Além disso, pode te ajudar no plantio da cana para um período de menor demanda.

A união da cana com o milho pode proporcionar um melhor aproveitamento da área e reduzir perdas de solo por erosão.

Neste artigo, você vai conhecer melhor essa tecnologia de consorciação que gera tantos benefícios. Confira a seguir!

5 passos para cultivar o consórcio cana e milho

1. Faça a análise química do solo

A análise química do solo é importante para a correção e adubação adequadas da área.

As doses de macro e micronutrientes recomendadas para cada cultura devem ser somadas e consideradas para a adubação de todo sistema.

somadas e consideradas para a adubação de todo sistema.

2. Prepare o solo

O plantio deve ser nivelado, sem realizar a operação de quebra-lombo.

Na fase de plantio, recomenda-se a utilização de piloto automático com correção RTK (Real Time Kinematic).

Se a área ficar desuniforme depois do plantio, com torrões ou camalhões, será necessário passar um rolo destorroador ou uma grade niveladora. Assim, você irá melhorar a qualidade de semeadura do milho.

3. Escolha as variedades de cana e milho

É recomendado o uso de variedades de cana com germinação mais lenta. Para o milho, escolha o de ciclo precoce, com alta inserção de espigas.

Foto de uma lavoura com consórcio de cana de açúcar e milho. Na imagem, é possível ver as duas culturas no mesmo estande.

Alta inserção de espiga do milho consorciado para não danificar a cana durante a colheita

(Foto: Fabiano Bastos, 2020) 

4. Plantio das culturas

Faça o tratamento dos toletes de cana com inseticidas e fungicidas. Eles devem ser distribuídos entre 15 a 20 gemas viáveis por metro linear, com espaçamento entre linhas de 1,5 m.

Após o plantio da cana, faça a semeadura do milho o mais rápido possível. Dessa forma você diminuirá a necessidade de supressão da cana com herbicida.

Foto de lavoura em fase inicial do estabelecimento do consórcio de cana e milho. Na foto, as plantas ainda estão pequenas, dispostas entre linhas

Fase inicial de estabelecimento do consórcio

(Foto: Fabiano Saggin, 2020)

As sementes de milho devem ser tratadas com fungicida e inseticida para garantir um bom estande de plantas.

Semeie o milho com piloto automático com correção RTK. O  espaçamento do milho deve ser de 0,5 m entre linhas e a 0,25 m das linhas de cana.

A semeadora do milho deve ser compatível com o espaçamento da cana.

Em uma lavoura de cana com espaçamento de 1,5 m, podem ser utilizadas semeadoras com três, seis ou doze linhas espaçadas em 0,5 m.

A semeadora deverá ser tracionada por trator com bitola entre 1,5 m e 2,4 m de largura, para trafegar nas entrelinhas da cana e não sobre o sulco de plantio.

5. Colha o milho

Acompanhe a maturação dos grãos de milho e o crescimento da cana. Caso o crescimento da cana acelere, a colheita do milho deverá ser iniciada o mais rápido possível.

A colhedora de milho não pode ter rodado duplo, para evitar o tráfego sobre o sulco de plantio da cana.

A plataforma de colheita deve ter no mínimo 9 linhas, com espaçamento de 0,5 m.

Na colheita, não é necessário o uso de piloto automático com correção RTK.

Após a colheita do milho, o manejo fitossanitário da cana consorciada é o mesmo da cana solteira.

O que considerar antes de optar pelo consórcio Canamilho

Antes de analisar as vantagens e desvantagens do consórcio, você deve considerar dois pontos:

  • você precisa ter condições de adquirir piloto automático com correção RTK;
  • você precisa ter semeadora de milho compatível com o espaçamento da cana.

Benefícios do consórcio cana e milho

A tecnologia Canamilho antecipa o plantio da cana para o início do período chuvoso (novembro). Nessa fase de implantação, seu crescimento é lento por causa da competição por luz.

O crescimento da cana só retorna no fim do período chuvoso, quando o milho é colhido.

Isso amplia a janela de plantio e desafoga a implantação do canavial. Afinal, a maior demanda ocorre em março.

A cana consorciada é cultivada como cana de ano. No entanto, apresenta rendimentos semelhantes à cana de ano-meio.

O uso do consórcio Canamilho tem vantagens em relação ao cultivo solteiro.

Tabela com informações sobre renda de lavoura de cana solteira e de cana com milho. A cana solteira rendeu 1.693 reais por hectare. A cana consorciada com milho rendeu 6.898 reais por hectare.

A tecnologia Canamilho não afeta a produtividade das culturas consorciadas

(Fonte: Embrapa, 2021)

Desta forma, a renovação do canavial através do consórcio é promissora e economicamente viável.

Veja alguns benefícios do consórcio Canamilho:

  • pode aumentar a produtividade da cana-de-açúcar no Cerrado;
  • antecipa o plantio da cana para um período de menor demanda;
  • permite ampliar a janela de semeadura do milho;
  • otimiza a produção por área;
  • evita a abertura de novas áreas de cultivo;
  • maior potencial de geração de etanol por área;
  • mesmo plantada em novembro, a cana apresenta comportamento e rendimento semelhantes a cana de ano-meio.
  • reduz perdas de solo por erosão e melhora o aproveitamento do solo;
  • potencializa a produção de etanol de cana e milho em usinas flex;
  • favorece a emissão de créditos de descarbonização, como prevê a política RenovaBio.

Desvantagens 

  • no sistema Canamilho, a adubação nitrogenada pode ser maior;
  • aumento no uso de pesticidas para o controle de pragas comuns entre as culturas;
  • solos arenosos e de baixa fertilidade apresentam pouca aptidão para o milho e necessitam de correções do solo.

Dicas de manejo de plantas daninhas 

Devem ser utilizadas estratégias para evitar a fitointoxicação ou perda de produtividade das culturas. Ela pode ser causada por herbicidas ou pela interferência das plantas daninhas.

É importante fazer um manejo que permita que o milho seja colhido sem plantas daninhas. Essa é uma forma de facilitar o manejo na cana-de-açúcar.

O herbicida a ser utilizado deve ser seletivo para as duas culturas, dentro de doses que elas tolerem.

Tenha precisão na escolha desses produtos para não haver nenhum tipo de dano no milho e na cana.

Veja algumas opções no mercado que atendem a esses critérios:

  • Pré-emergente: atrazina (seletivo e boa performance de controle);
  • Pós-emergente: atrazina + mesotrione (excelente controle e não acarreta danos para as culturas).

Caso o desenvolvimento da cana interfira no do milho, é necessário aplicar algum produto químico que trave o crescimento da cana.

Se o híbrido de milho utilizado for resistente ao herbicida glifosato, ele pode ser utilizado em dose baixa (menor que 180 g de equivalente ácido por hectare)

Dessa forma, ele inibirá apenas o desenvolvimento da cana.

Se for um híbrido de milho convencional, você pode aplicar nicosulfuron, na dose de 6 g por hectare.

Para o manejo adequado é preciso monitorar a pressão de pragas e doenças na cana e no milho.

Faça a  aplicação de inseticidas e fungicidas conforme recomendação técnica.

Planilha de Planejamento da Safra de Milho

Conclusão

O consórcio cana e milho pode aumentar a produtividade da cana-de-açúcar e potencializar a produção de etanol de cana e milho em usinas flex.

Proporciona a antecipação do plantio da cana para um período de menor demanda. Além disso, melhora o aproveitamento do solo e reduz as perdas por erosão.

Agora que você tem essas informações, avalie se o consórcio Canamilho é interessante para a realidade da sua fazenda.

>> Leia mais: “Como fazer a implantação e o manejo do consórcio milho-braquiária”

Restou alguma dúvida sobre o tema? Já pensou em utilizar o consórcio cana e milho em sua fazenda? Adoraria ler seu comentário!

Como melhorar a plantabilidade e corrigir linhas falhas e duplas na lavoura

Plantabilidade: entenda o que é, como afeta a sua lavoura, como obter o melhor resultado em campo e muito mais!

Os grãos são o carro chefe do agronegócio brasileiro. Os dados da Conab evidenciam isso. Os manejos bem feitos reduzem perdas e otimizam processos.

Mas além deles, a plantabilidade é um dos fatores mais importantes relacionados à produtividade dos grãos, principalmente da soja.

Com certeza você já ouviu falar dela, mas você sabe como ela pode influenciar na produtividade da sua lavoura? Confira a seguir!

O que é plantabilidade

Plantabilidade é a deposição das sementes feita de forma correta pela semeadora.

Para o estabelecimento de um bom estande produtivo, é necessário ter boa qualidade das sementes.

Além disso, o posicionamento das sementes no solo (profundidade) deve ser correto. 

O fechamento do sulco, o contato das sementes com o solo e a plantabilidade também são pontos cruciais.

Nesse caso, o foco é nas linhas de plantio. Colocar a quantidade e distância correta de sementes nas linhas é fundamental.

Uma boa plantabilidade garante o espaçamento correto entre as plantas na linha e a correta formação do estande.

Foto de lavoura de milho com boa plantabilidade. As plantas estão posicionadas em uma distância padronizada, sinalizada por três setas vermelhas.

Boa plantabilidade na cultura do milho levando ao estande correto

(Fonte: Pioneer Sementes)

Estudos a respeito dos efeitos da plantabilidade na cultura do milho já existem há mais tempo. Para a cultura da soja, eles são mais recentes.

Como a plantabilidade influencia a produtividade?

A má distribuição longitudinal das sementes causa perdas diretas de produtividade. Afinal, a eficiência no aproveitamento dos recursos disponíveis (como água, luz e nutrientes) é reduzida.

Vale lembrar que os efeitos da má plantabilidade variam conforme as culturas. Mas independente da cultura, os prejuízos são causados pelas linhas duplas e falhas.

Linhas duplas e linhas falhas

Para ser considerada dupla, a distância entre as sementes tem que ser menor que a metade do espaçamento esperado entre plantas (na linha). Assim, elas ficam mais próximas umas das outras.

Representação de distância ideal de semeadura. A imagem é dividida em três quadros: no primeiro, há quatro sementes de milho separadas por distâncias iguais. No segundo, há duas sementes de milho muito juntas, ao lado de duas sementes de milho mais separadas. No terceiro, há duas sementes de milho muito separadas.

Classificações de espaçamento

(Fonte: Dias, 2013)

Imagine fazer o plantio com uma densidade de semeadura de 12 sementes por metro.

Nesse caso, quando você dividir 1 metro  pelas 12 sementes, o espaçamento adequado esperado entre plantas é de 8,3 cm

Distâncias entre plantas inferiores a 4,15 cm (menos de 50% da distância esperada) há uma linha dupla.

As falhas são o oposto, e ocorrem quando a distância entre as plantas no campo é superior a 50% da distância adequada esperada.

Estande de soja recém plantada com falhas. Na foto, há uma fileira de plântulas separadas por distâncias iguais, e outras fileiras com falhas nessas distâncias.

Exemplo de falhas de plantio de soja

(Fonte: SeedNews)

Quando a distância entre plantas é superior a 12,45 cm (8,3 + 4,15), há uma falha. Para esse número, considere ainda o exemplo anterior.

Principais prejuízos das linhas duplas e falhas

Nas linhas duplas

As plantas estão mais próximas umas das outras. Por isso, há maior competição entre elas, seja por água, luz ou nutrientes.

A competição, principalmente por radiação solar, faz com que as plantas cresçam mais  que o normal. Ao crescer mais, elas ramificam menos.

A produção acaba sendo menor dessa forma.

Na cultura da soja, ao lado da maior competição, o vigor da semente pode causar outro problema.

Uma semente mais vigorosa poderá germinar e emergir mais rápido. Dessa forma, a planta que se sobressai domina a planta vizinha. 

Quando há muitas plantas dominantes e dominadas no estande, a sua tendência pode ser  modificar a arquitetura do dossel.

Essa modificação pode causar problemas de interceptação da radiação solar. Além disso, pode gerar falhas de deposição dos produtos fitossanitários.

Nas linhas falhas

Nesse caso, faltam plantas, e por isso a produção e a produtividade serão menores.

Algo muito comentado para a cultura da soja é a questão da plasticidade e capacidade de compensação das plantas.

É verdade que as plantas da soja podem compensar algumas falhas. No entanto, essa compensação nunca é de 100%.

Para evitar grandes prejuízos na cultura da soja, é importante manter os níveis de plantabilidade acima de 70%.

A ocorrência de linhas duplas e falhas juntas não deve ultrapassar 30%.

Principais fatores que afetam a plantabilidade

A plantabilidade pode afetar a produção e a produtividade. Para evitá-la, você precisa conhecer os principais fatores que a evitam:

  • tratamento de sementes e o uso de grafite;
  • a uniformidade das sementes e escolha dos discos de plantio;
  • o equipamento dosador e a regulagem;
  • a velocidade da operação;
  • solo e sistema de plantio;
  • sementes de boa qualidade e procedência;
  • máquinas bem reguladas;
  • manutenção das máquinas em dia.

O tratamento de sementes é essencial, mas pode alterar as características superficiais da semente. Isso faz aumentar o atrito.

Usar grafite como um lubrificante seco favorece o escoamento das sementes e melhora a plantabilidade.

Gráfico que demonstra que o uso de grafite como lubrificante seco nas sementes melhora a plantabilidade. Os resultados são muito positivos.

Efeitos do uso de grafite sobre a porcentagem de falhas e duplas em soja

(Fonte: Pioneer Sementes)

Também há diferença entre semeadoras mecânicas e pneumáticas


As pneumáticas normalmente apresentam maior precisão. Entretanto, as mecânicas também são bastante adequadas para a realização dos plantios de boa plantabilidade.

A velocidade excessiva na hora do plantio pode ser um problema, fazendo com que as sementes sejam mal posicionadas no solo.

Imagem dividida em três. A primeira mostra os efeitos de plantadeira com a 18 km/h e 12 km/h, ambas deixando falhas na lavoura. A terceira imagem mostra os efeitos de plantadeira a 6km/h

Diferentes velocidades de plantio e efeitos na plantabilidade

(Fonte: Sistema Ocepar)

Todos os fatores estão intimamente relacionados e atrelados às condições do campo, como o tipo de solo e sistema de produção (com ou sem palhada).

Não existe uma única fonte de problemas, mas diversas que vão se acumulando caso não sejam bem manejadas.

Avalie a plantabilidade com um software de gestão

Felizmente, é possível identificar problemas de plantabilidade a tempo de replantar a área. 

Uma forma eficiente de fazer isso é com a visualização de mapas NDVI. Eles apontam, a partir de imagens de satélite, falhas na linha de semeadura, como no exemplo da imagem abaixo.

Imagem de mapa NDVI, com linhas vermelhas que indicam problemas de plantabilidade em dois cantos da lavoura

A linha em cor vermelha no mapa NDVI indica possível problema de plantabilidade

Com o Aegro, sistema de gestão rural, você tem acesso a esse recurso e ainda pode solicitar uma avaliação ao seu monitor ou planejar uma nova tarefa de plantio, tudo em poucos cliques.

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banner-gerenciando o maquinário agrícola

Conclusão

Os grãos, com destaque para a soja e o milho, têm potencial de crescimento conforme os manejos e tecnologias avançam.

Além de um bom manejo, você deve ficar sempre de olho na plantabilidade. Afinal, ela tem grande importância nos sistemas de plantio e pode garantir uma safra mais produtiva.

Conheça bem os principais pontos que interferem na plantabilidade. Os mantenha sob controle e bem alinhados, e na dúvida, consulte um engenheiro-agrônomo!

E você, já enfrentou algum problema de plantabilidade na sua lavoura? Deixe seu comentário e conte sua experiência!

Saiba como o estilosante pode ser uma boa opção para a cobertura do solo

Estilosante: saiba como utilizar a leguminosa, suas vantagens, desvantagens e impactos na produção de grãos em sucessão

Se você precisa realizar cobertura do solo e adubação verde na sua lavoura, o estilosante pode ser uma ótima opção. A leguminosa pode ser utilizada de diversas formas. Ela fixa nitrogênio atmosférico e o incorpora ao solo. 

Por isso, é uma excelente alternativa para anteceder culturas como soja, milho, algodão e feijão.

Neste artigo, veja alguns motivos pelos quais você deve investir na utilização dos estilosantes e como e quando utilizá-los. Confira a seguir!

Quando e como o estilosante pode ser cultivado

O estilosante é uma leguminosa de clima tropical. Ela tem ciclo bienal e hábito de crescimento semi-prostrado. A planta pode chegar a cerca de 70 cm a 80 cm de altura.

Ela pode ser cultivada em solos arenosos e de baixa fertilidade, solteiro ou consorciado com gramíneas forrageiras. Seu sistema radicular é profundo, e pode atingir até 1,5 m de profundidade.

Seu cultivo é recomendado para regiões com pluviosidade mínima de 700 mm e máxima de 1800 mm. Não é recomendado para regiões com ocorrência de geadas.

A semeadura pode ser realizada a lanço ou em linhas. Você pode semear após  o preparo total do solo ou sobre a pastagem já formada.

A profundidade de semeadura não deve ultrapassar 2 centímetros.

Produz de 8 a 14 toneladas de matéria seca por hectare ao ano. Aos 40 dias após a emergência, devem estar estabelecidas em torno de 10 a 20 plantas/m2.

Quando consorciado com gramíneas, deve ser utilizado de 2 kg a 2,5 kg por hectare de sementes puras viáveis. A população da gramínea deve ser reduzida em 30%.

Os estilosantes demoram para se estabelecer. Assim que a gramínea começar a sombrear a leguminosa, a pressão de pastejo deve ser aumentada para favorecer o crescimento.

Consórcio de estilosantes com gramíneas

As gramíneas forrageiras mais recomendadas para o consórcio, são:

  • Brachiaria decumbens cv. Basilisk;
  • B. brizantha cvs. Marandu, Xaraés e Piatã;
  • B. humidicola cv. Humidicola e Andropogon, para solos arenosos de baixa fertilidade.

O estilosante é ótimo para anteceder o cultivo de grandes culturas como milho, soja, feijão e algodão.

A consorciação é importante por causa da decomposição mais lenta das gramíneas. O estilosante contribui para maior aporte de nitrogênio e rápida decomposição dos seus resíduos. Essa associação aumenta a proteção do solo, já que produz mais resíduos vegetais.

Utilização 

 É possível utilizar os estilosantes de diversas formas. Veja algumas delas:

  • Pastoreio;
  • Fenação;
  • Cobertura do solo;
  • Adubação verde;
  • Pode ser inserida na sucessão, consorciação e rotação de culturas.

Como o estilosante impacta a produção de grãos em sucessão

O estilosante é uma excelente planta de cobertura e beneficia as culturas em sucessão. Afinal, reduz a utilização de adubos nitrogenados.

Além disso, é uma ótima opção para o Sistema Plantio Direto e rotação de culturas. Seus nutrientes permanecem na palhada e favorecem a fertilidade da cultura seguinte.

Em consórcio com gramíneas forrageiras, reduz consideravelmente as perdas do solo.

Na tabela, informações sobre redução de perdas de solo com consórcio de Brachiaria brizantha com estilosantes.  Com brachiaria decumbens, as perdas são de 891 kh/ha/ano. Com brachiaria brizantha, as pernas são de 96 kg/ha/ano. Com brachiaria brizantha mais estilosantes, as perdas são de 10 kg/ha/ano.

 Redução de perdas de solo com a consorciação de Brachiaria brizantha com estilosantes

Fonte: (Adaptado de Dedecek et al. 2006)

Essa cobertura proporciona melhorias na fertilidade do solo e ajuda na supressão de plantas daninhas.

Com a rápida decomposição dos seus resíduos vegetais, deixam o solo descoberto e sujeito a erosão.

Por outro lado, essa rápida decomposição é benéfica para as culturas sucessoras, devido à rápida liberação dos nutrientes no solo.

Vantagens e desvantagens dos estilosantes

Veja alguns benefícios da leguminosa:

  • boa adaptação a solos arenosos e de baixa fertilidade;
  • alta tolerância ao alumínio;
  • tolerância a seca;
  • resistência à antracnose;
  • alta produção de sementes, favorecendo a ressemeadura natural em campo;
  • boa palatabilidade, digestibilidade e alto valor nutritivo para os animais;
  • excelente alternativa para recuperação de áreas degradadas;
  • redução de plantas daninhas na área;
  • adubação verde;
  • maior disponibilidade de nutrientes;
  • proteção do solo e diminuição dos riscos de erosão;
  • reduz os danos causados pelo uso intensivo do solo;
  • pode ser inserida na sucessão, consorciação e rotação de culturas;
  • baixo custo de implantação;
  • suas raízes auxiliam reduzem a compactação do solo.

Agora, veja algumas desvantagens da leguminosa:

  • baixa tolerância ao frio;
  • baixa tolerância a solos encharcados;
  • o consumo excessivo (mais de 40% da dieta animal) pode causar obstrução intestinal por fitobezoar em bovinos;
  •  estabelecimento lento.
diagnostico de gestao

Conclusão

O estilosante é uma leguminosa que pode ser utilizada  de diversas formas. Ela aumenta o aporte de nitrogênio pela fixação biológica e reciclagem de nutrientes.

Vale avaliar as vantagens e desvantagens da semeadura dos estilosantes, sempre considerando a cultura sucessora e as condições da lavoura.

Na dúvida, consulte um engenheiro-agrônomo e faça um bom planejamento!

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Saiba como ocorre a germinação das sementes e conheça 11 fatores que influenciam o processo

Como ocorre a germinação das sementes: entenda quais são as etapas, cuidados necessários e como avaliar a germinação do lote

A germinação de sementes é um processo decisivo no estabelecimento da população de plantas em uma lavoura, considerada o primeiro componente de rendimento das culturas.

Informações sobre a germinação de um lote de sementes são importantes. Através delas, você pode calcular a quantidade que deverá ser utilizada na semeadura por área.

Conhecer a porcentagem de sementes de qualidade, que poderão originar plantas vigorosas antes da semeadura, pode te garantir sucesso produtivo das culturas.

Neste artigo, entenda como ocorre o processo de germinação, as etapas envolvidas, além dos fatores que interferem no sucesso da germinação e na produção de sementes!

Como ocorre a germinação de sementes

O processo de desenvolvimento das sementes envolve uma sequência ordenada de eventos. Dentre eles há divisões celulares, acúmulo de reservas e perda de água.

As sementes se desenvolvem, passam pelo repouso fisiológico, criptobiose, quiescência e dormência. Conheça mais sobre cada um desses processos a seguir!

1. Desenvolvimento das sementes

Quando as sementes estão ligadas à planta-mãe, ocorre o acúmulo inicial de açúcares, aminoácidos e amidas.

Depois, moléculas mais complexas são formadas, incluindo proteínas, amido, lipídeos, celulose, dentre outras.

O acúmulo de matéria seca ocorre durante o enchimento das sementes, até que ela atinja o PMF (ponto de maturidade fisiológica). Nesse ponto, a semente possui alta porcentagem de água e é desligada da planta-mãe.

No PMF, a semente possui maior porcentagem de germinação e vigor. A partir dessa fase, é armazenada no campo até que o teor de água seja adequado à colheita.

A partir do PMF, as sementes iniciam seu processo de secagem, e estão suscetíveis a deterioração por umidade, temperatura, pragas e doenças

Elas devem ser colhidas o mais rápido possível e submetidas à secagem em temperatura do ar ideal. Depois disso, devem ser armazenadas em temperatura e umidade relativa do ar baixas, para que sua qualidade seja conservada ao longo do tempo.

Temperatura, umidade e teor de água baixos das sementes reduzem o metabolismo e a respiração, evitando a rápida deterioração.

Tabela com percentual de umidade de espécies em relação à colheita e ao armazenamento de sementes

Percentual de umidade de algumas espécies em relação à colheita e ao armazenamento

(Fonte: Senar, 2018)

2. Repouso fisiológico

O período de repouso fisiológico não ocorre com frequência em sementes que não toleram a dessecação e temperaturas baixas, como as recalcitrantes. Este período está associado às condições ambientais e à espécie.

Esse mecanismo permite que as sementes germinem apenas quando as condições de temperatura e umidade estiverem ideais. 

3. Criptobiose

Na criptobiose, há baixo consumo de água. O teor de água da semente é baixo, e há presença de substâncias inibidoras do metabolismo.

4. Quiescência

Este processo é inibido principalmente por:

  • restrição ou baixo teor de água nas sementes; 
  • baixo consumo de oxigênio;
  • menor atividade enzimática;
  • presença de substâncias inibidoras.

5. Dormência

A dormência das sementes acontece quando elas são expostas a condições ambientais específicas durante o período de maturação.

O período de repouso fisiológico de uma semente antes da germinação envolve a repressão. Isso significa paralisação do crescimento do embrião da semente.

Desta forma, para que a germinação ocorra, é necessária a reativação do crescimento embrionário.

A semente deve ser hidratada, reiniciando os processos anteriores.

Esta reativação depende da disponibilidade de água, que deve ser suficiente. Também depende de condições ideais de temperatura.

O tempo em dias para que ocorra a germinação de uma semente depende da espécie, da cultivar e das condições ambientais.

Representação de eventos que caracterizam o repouso após maturidade das sementes

Representação da sequência de eventos que caracterizam o repouso pós-maturidade fisiológica

(Fonte: Marcos Filho, 2005)

Agora que compreendemos os eventos relacionados ao desenvolvimento das sementes e mecanismos que regulam a sua germinação, evitando que estas germinem ainda em campo, embora em algumas espécies este fenômeno ocorra em determinadas situações, como no trigo, vamos entender quais as etapas estão envolvidas na germinação das sementes e quais fatores que contribuem para o seu sucesso ou insucesso.

Foto de uma espiga de trigo, em que sementes estão germinando.

Germinação de sementes de trigo na espiga, com formação do sistema radicular visível, em decorrência das chuvas no período pré-colheita. A suscetibilidade da germinação ainda na espiga depende da cultivar e condições climáticas vigentes.

(Fonte: Pires, 2017).

Etapas da germinação das sementes

A germinação é caracterizada pelo fim do período de repouso fisiológico. O processo começa com o contato da semente com água.

Na germinação começa o desenvolvimento embrionário, que resulta na formação de uma plântula normal.

A germinação das sementes é caracterizada por três principais eventos metabólicos. Veja mais detalhes na imagem abaixo:

Gráfico que mostra os principais eventos metabólicos da germinação das sementes. O processo é dividido em três fases.

Principais eventos metabólicos que caracterizam a germinação de sementes

(Fonte: Adaptado de Bewley, 1997. In: Marcos Filho, 2005)

11 fatores que afetam a germinação das sementes

O desempenho das sementes é influenciado por fatores relacionados à própria semente e ao ambiente. Confira quais são eles!

1. Vitalidade e viabilidade 

A semente deve ser viável, viva e completamente desenvolvida. Suas características morfológicas e fisiológicas devem estar preservadas. 

Além disso, não deve estar sob interferência de mecanismos que bloqueiam a germinação, como a dormência. Sementes dormentes são consideradas vivas, mas não viáveis.

Logo, antes da implantação de uma lavoura, é indispensável que se conheça o potencial fisiológico de um lote de sementes.

Embora o teste de germinação seja o único obrigatório para os lotes de sementes, é importante saber que elevadas porcentagens no teste de germinação não são garantias de que elevadas germinações a campo.

Ou seja, um lote de sementes pode apresentar elevada germinação e baixo vigor.

Para isso, o teste de vigor pode ser utilizado, para conhecimento do real potencial fisiológico do lote.

2. Longevidade 

Período em que a semente permanece viva. Esta característica é determinada pelo genótipo e influenciada pelo ambiente.

Sementes armazenadas com alto teor de água e em locais com alta umidade relativa do ar deterioram rápido. Isso interfere diretamente na capacidade de germinação.

Além disso, essas sementes devem ser imediatamente submetidas ao processo de secagem. Afinal, a deterioração ocorre de forma rápida em condições de altas temperaturas e umidade.

3. Grau de maturidade

 Os valores máximos de germinação ocorrem na maturidade fisiológica. Nessa fase, há maior acúmulo de matéria seca. 

O ponto de colheita é fundamental para a produção de sementes de alto potencial fisiológico.

4. Dormência

Embora as sementes dormentes estejam vivas, a germinação não ocorre.

Neste caso,  mecanismos (relacionados a temperatura, umidade, concentração e produção de enzimas e fitormônios) devem ser anulados. Só assim a germinação acontece.

Para isso, é importante observar o período de dormência e se a espécie a ser cultivada apresenta esta característica. 

5. Sanidade

Patógenos estabelecem relação com as sementes antes da germinação em campo, na fase de maturação. 

Fungos e bactérias podem estar associados às sementes. Assim, são disseminados para novas áreas.

Além disso, a contaminação por patógenos pode favorecer a deterioração durante o armazenamento. Isso reduz o potencial germinativo e de vigor de um lote de sementes.

Para conhecimento sobre a sanidade de um lote de sementes, o teste de sanidade pode ser solicitado em um laboratório de análise de sementes.

6. Genótipo 

Processos fisiológicos da semente são programados geneticamente durante a sua formação. Por isso, na mesma espécie, podem existir diferenças devido às características do material genético (cultivar) utilizado.

Por isto, o conhecimento sobre as características do material genético utilizado quanto às necessidades de água e condições ambientais é indispensável!

7. Água

 A água é responsável pela retomada da atividade metabólica da semente após a maturidade.

A velocidade da absorção da água é diferente entre as espécies. Ela não deve acontecer de forma rápida, pois provoca danos às sementes.

Em sementes em deterioração avançada a absorção é mais rápida.

Conteúdo de água necessário para que o processo de germinação ocorra

(Fonte: Adaptado de Peske; Rosenthal; Rota, 2003)

As relações entre sementes e água no solo também são importantes. O excesso provoca problemas relacionados às trocas gasosas e danos relacionados à absorção.

Em solos com pouca disponibilidade de água, há redução da velocidade da germinação, estande desuniforme e estabelecimento da população de plantas.

Por isso, é importante conferir a umidade do solo antes da semeadura e se esta encontra-se abaixo do ideal, a conferência das previsões meteorológicas de chuva e temperaturas devem ser realizadas.

No caso de previsões de chuvas próximas, a semeadura pode ser realizada sem maiores problemas. 

8.Temperatura

A germinação pode ocorrer em amplas faixas de temperatura. Porém, a temperatura ótima para a maioria das espécies cultivadas é entre  20 °C e 30 °C.

Tabela com temperatura mínima do solo e temperaturas cardinais necessárias para ocorrer a germinação de sementes

Temperatura mínima do solo e temperaturas cardinais para que ocorra a germinação da semente de algumas espécies cultivadas

(Fonte: Peske; Rosenthal; Rota, 2003)

Para a cultura da soja, por exemplo, excesso de água, combinados com temperaturas elevadas, podem resultar no tombamento de plântulas e comprometer a germinação.

9. Oxigênio

É indispensável para as reações de oxidação das reservas. O oxigênio disponibiliza energia para o desenvolvimento do embrião.

Desta forma, em ambientes muito úmidos, o processo germinativo é influenciado negativamente.

10. Luz

A luz não é um fator determinante para a maioria das espécies.  Espécies como alface, gramíneas e forrageiras, em contrapartida, são beneficiadas pela presença de luz.

11. Promotores químicos

Nitrato de potássio, água-oxigenada, ácido sulfúrico e os fitormônios (produzidos pelas plantas em pequenas quantidades) auxiliam ou bloqueiam a germinação das sementes.

No caso dos fitormônios, as auxinas favorecem o crescimento da raiz primária e do caule. As giberelinas favorecem a expansão celular e o crescimento da plântula. 

Citocininas estimulam a divisão celular, e o etileno está envolvido na superação da dormência de várias espécies.

Como avaliar a germinação de um lote de sementes?

Para conferir o potencial germinativo de um lote, diferentes métodos podem ser empregados. O teste de germinação em canteiros é o método mais utilizado entre produtores.

Confira o passo a passo:

  1. Adicione uma camada de 10 cm a 15 cm de solo em um canteiro;
  1. Abra sulcos de 3 cm de profundidade (consulte a profundidade recomendada para a semeadura da espécie a ser avaliada. Os 3 cm são adequados à cultura da soja);
  1. Acomode as sementes nos sulcos, que deverão ter de 1,5 cm a 2 cm de comprimento;
  1. Utilize um espaçamento de 10 cm a 15 cm entre os sulcos;
  1. Recubra as sementes com solo, de modo que o máximo da profundidade seja de 4 cm;
  1. Realize a semeadura de 4 repetições de 100 sementes por amostra a ser testada;
  1. Cada repetição deverá ser semeada em um sulco.
Foto de um canteiro com plântulas de soja em fileiras

Canteiro para avaliação da emergência de plântulas de soja

(Fonte: Kryzanowski; França-Neto; Henning, 2018)

Avaliação da germinação

A contagem do percentual de emergência de plântulas pode ser realizada em dois momentos. O tempo também varia conforme a espécie.

Germinação de sementes de diferentes espécies e indicações de substratos para o teste de germinação, faixa de temperatura e tempo em dias para a primeira e última contagem de sementes germinadas.

Germinação de sementes de diferentes espécies e indicações de substratos para o teste de germinação, faixa de temperatura e tempo em dias para a primeira e última contagem de sementes germinadas. Substratos: RP=Rolo de Papel; SA= Sobre Areia; EP=Entre Papel; EA=Entre Areia

(Fonte:  Regras para Análise de Sementes, 2009)

Para a avaliação, conte as plântulas que surgiram no solo por cada repetição de 100 sementes. Depois, some todas as 4 repetições do lote e calcule a média de germinação do lote.

A contagem final deverá ser realizada no 8º ou 9º dia após a semeadura.

Cuidados na implantação do teste de germinação em canteiros

  • Não conduza o teste em canteiros de hortas domésticas;
  • Nos canteiros, utilize solo de área de lavoura. Colete em camada superficial de 0 – 20 cm de profundidade;
  • O solo não deve conter inóculo de patógenos ou pragas da lavoura;
  • O solo deverá estar seco e de preferência ser peneirado;
  • O solo não deve ser reaproveitado em outros testes;
  • Para facilitar o processo de semeadura nos canteiros e garantir o espaçamento recomendado, utilize uma régua guia perfurada.

13 dicas para obter sementes de qualidade 

Existem uma série de processos que devem ser seguidos para obter qualidade das sementes. 

As vantagens do pré-condicionamento são a rápida e uniforme germinação (se o lote de sementes possui alto potencial fisiológico e vigor). O resultado disso é bom desenvolvimento e maturação uniforme.

  1. Em época de semeadura, a maturidade em período de chuva pode prejudicar a semente. Programe a semeadura para maturidade em período seco;
  2. O manejo de água também é importante. A seca durante o desenvolvimento prejudica a qualidade da semente, então maneje a irrigação corretamente;
  3. Plantas daninhas podem dificultar a colheita e interferir na qualidade das sementes. Elimine-as do estande da cultura quanto antes;
  4. Picadas de insetos podem prejudicar sementes, sobretudo as de soja. Pulverize com inseticida caso a população seja alta, e comece cedo;
  5. Existem doenças que reduzem a germinação, então utilize variedades resistentes, escolha locais com baixa incidência e realize o tratamento de sementes adequado;
  6. Não atrase a colheita! Inicie assim que as sementes debulharem ou atingirem o teor de água ideal para esta operação;
  7. Faça o monitoramento de pragas e doenças durante o cultivo;
  8. Escolha o material genético mais apropriado para as condições ambientais da região. Considere a tolerância ao estresse hídrico, caso na sua região períodos de estiagem sejam comuns;
  9. Monitore o ponto de colheita ideal. As sementes devem estar com teor de água que não provoque trincamentos (teor de água baixo: 13% para soja) ou amassamentos (teor de água alto: 18% para soja);
  10. Cuide da velocidade e regulagem da colheitadeira, além da rotação do motor adequada. Rotações do cilindro superiores a 450rpm provocam em soja com 22% de teor de água danos mecânicos. Com umidade da semente mais alta, a velocidade do cilindro pode ser entre 400 e 700rpm;
  11. A umidade da semente varia, a depender das horas do dia. Ela é maior no período da manhã e menor durante a tarde;
  12. A colheita deve ser realizada o mais próximo possível do ponto de maturidade fisiológica;
  13. A depender da espécie cultivada, as sementes podem ser pré-condicionadas através do umedecimento prévio controlado. Assim, elas reiniciam os processos metabólicos sem haver protusão da radícula e podem ser semeadas, garantindo maior uniformidade e estande a campo.
Planilha de custos dos insumos da lavoura

Conclusão

A germinação é um processo complexo, que depende de fatores intrínsecos (associados à própria semente)  e ambientais.

Conhecer as necessidades das culturas é importante, principalmente na produção de sementes de alto potencial fisiológico. Isso também vale para a implantação de uma lavoura.

Faça a avaliação de germinação de sementes para garantir uma lavoura sadia e produtiva. E na dúvida, consulte um engenheiro-agrônomo.

>>Leia mais: “Sementes esverdeadas: 3 causas mais comuns e dicas para evitá-las

Genética na agricultura: veja como ela vai mudar sua lavoura

Restou alguma dúvida sobre como ocorre a germinação das sementes? Envie a sua abaixo! 

Espaçamento entre plantas e entre linhas: saiba qual é o ideal para a sua lavoura

Espaçamento entre plantas e entre linhas: entenda as variações e como ele pode ser otimizado em áreas com boas condições de produção 

Você sabe qual o espaçamento ideal entre plantas e entre linhas para a sua lavoura? 

O ideal é aquele que está mais condizente com a realidade da sua área de produção e com o que você produz.

Em qualquer cultura, o espaçamento pode ser utilizado para otimizar a produção e obter boas rentabilidades. Isso vale para lavouras temporárias ou permanentes.

Para saber o espaçamento ideal, você deve considerar as condições do solo, o regime hídrico, a variedade da cultura e a operacionalidade. Veja mais detalhes a seguir!

Importância do espaçamento entre plantas e entre linhas

Independente do tamanho da sua área de produção ou cultura, o espaçamento entre plantas e linhas é algo que deve ser sempre considerado.

As plantas precisam de um espaço mínimo para que não haja competição entre elas. Elas podem competir por luz, água e nutrientes do solo, o que gera baixa produção.

Com a evolução da agricultura, há diversas recomendações de espaçamento entre plantas e entre linhas. Elas são utilizadas após pesquisas comprovarem sua eficácia

Na busca por informações, você precisa saber exatamente a variedade a ser cultivada. Após isso, observe as recomendações de espaçamento mínimo.

O espaçamento determina o tráfego de maquinários na lavoura, na realização dos manejos durante o crescimento da planta e na colheita.

Um dos fatores importantes para determinar o espaçamento é a condição climática da sua área de produção. Você deve observar o regime pluviométrico, luminosidade e condições do solo e clima.

Estando de olho nesses fatores gerais, você já estará em um bom caminho. 

Linhas duplas (ou gêmeas) e plantio cruzado

O plantio em filas duplas (ou gêmeas) ou no plantio cruzado volta e meia despertam a atenção dos produtores de grãos. Afinal, a busca por maior produtividade é frequente.

Os estudos da Embrapa sobre plantios de soja em fileiras duplas demonstram que elas não geram maior produtividade. São semelhantes ao plantio convencional.

No plantio cruzado da soja, os resultados de produtividade também não têm sido relevantes.

Já no sorgo, as pesquisas mostram ganhos de produtividade no plantio em fileiras duplas, assim como no plantio de milho.

Espaçamento para a soja

A soja é cultivada no espaçamento de:

  • 40 cm a 50 cm entre linhas;
  • 5 cm a 16 cm entre plantas na linha. 

A soja tem uma parte do rendimento atribuído a fatores genéticos e a outra parte ao manejo da lavoura. O espaçamento entre plantas e entre linhas faz parte desse manejo. 

O adensamento de plantas varia conforme o quadro abaixo:

Tabela que mostra o espaçamento correto entre plantas, de acordo com os hectares

Adensamento pode chegar a 450.000 por m²

(Fonte: Embrapa)

No cultivo de soja, um dos objetivos do espaçamento é reduzir a competição das plantas por água, luz e nutrientes. Além disso, evita a propagação de pragas e doenças.

Para produzir bem, a soja precisa de melhor aproveitamento da irradiação solar na área foliar. Isso garante a fotossíntese necessária para o crescimento das plantas.

Um estudo da Embrapa mostrou que o adensamento de plantas no espaçamento de 25 cm entre linhas resultou em 4,7 sacas de 60 kg/ha a mais de soja. Esse número foi comparado ao resultado no espaçamento de 50 cm.

No sistema mais adensado, ocorre o aumento mais rápido da área foliar. A consequência é que o crescimento da planta é acelerado, fazendo com que haja o acúmulo de massa para produção de grãos.

Espaçamento para o milho

A semeadura de milho tem espaçamento reduzido. Ele varia entre:

  • 45 cm e 50 cm entre linhas;
  • 6 a 7 sementes por metro.

As orientações sobre espaçamento para o milho são semelhantes às da soja. Isso quanto a consulta ao Zarc e às especificações das sementes/cultivares.

No caso do milho, fique de olho no espaçamento adequado para a finalidade do cultivo: milho silagem, pipoca, doce, grão, milho branco ou minimilho.

A diferença se dá mais com o milho silagem. Geralmente, ele é cultivado com 50 cm a 75 cm entre linhas. Assim, sobra mais espaço para o manejo de pragas e durante a colheita com máquinas.   

O maior adensamento do  proporciona uma cobertura mais rápida do solo, melhor aproveitamento da radiação solar e redução de ervas daninhas do milho.

No entanto, o adensamento pode favorecer as doenças, devido à menor aeração e do microclima favorável.

Densidade da plantação de milho: imagem mostra redução de espaços, que favorece a cobertura do solo

Densidade da plantação do milho: redução de espaços favorece a cobertura do solo

(Fonte: Embrapa)

O rendimento do milho, assim como da soja, depende de outros manejos e especificidades genéticas das sementes. Condições climáticas favoráveis também são importantes.

Espaçamento para o trigo

A semeadura do trigo é bem diferente da soja e do milho:

  • Nas linhas a distância é de 20 cm, mas pode chegar até 17 cm.  A profundidade varia entre 2 cm a 5 cm;
  • A densidade indicada é de 350 a 450 sementes por metro quadrado. Em área irrigada, entre 270 a 350 sementes por metro quadrado. 

O Zarc do trigo também é uma ferramenta importante para você. Com ela, você pode saber a época certa de realizar o plantio e reduzir os riscos da atividade.

Espaçamento para o café

O espaçamento das lavouras de café, assim com todas as permanentes, são bem variáveis:

  • o espaçamento entre linhas varia entre 3,5 m a 4 m;
  • o espaçamento entre plantas varia entre 50 cm a 1 m.

As principais influências no espaçamento são o manejo e os tratos culturais, que envolvem também a poda.

A introdução de máquinas, sobretudo durante a fase da colheita, é um dos principais fatores que devem ser observados na implantação da lavoura.

O cafeeiro leva de 3 a 5 anos para produzir. Após implantado, pode chegar até 25 anos de vida, em produção anual.

Assim, a decisão no espaçamento na produção de café é algo que não dá para mudar.

A maior distância de uma planta para outra é mais recomendável para áreas de sequeiro. Para áreas irrigadas, o adensamento é mais possível de ser feito.

Cuide do manejo de semeadura

Além de cuidar do espaçamento entre linhas e entre plantas, é necessário realizar um bom manejo de semeadura para garantir bons resultados. 

Atente-se para a época certa da semeadura. Uma cultivar pode ser ideal para determinada época e não render bem em outra. Na época correta, há condições favoráveis à expressão do potencial genético da semente.

A Embrapa orienta que você se atente à melhor época de plantio da sua região, que pode não ser a mesma de outros locais.

Para reduzir os riscos, consulte o Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático) da soja no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Os estudos da Embrapa nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste apontam que as maiores produtividades da soja são das semeaduras realizadas entre outubro e novembro.

Nessa época, as condições climáticas (chuvas, luminosidade, temperatura do ar e solo e fotoperíodo) são ideais para o crescimento, florescimento e enchimento dos grãos.

diagnostico de gestao

Conclusão

O espaçamento entre plantas e entre linhas faz parte do manejo de semeadura. É uma das fases mais importantes da produção, já que ele interfere na produtividade.

O sucesso da lavoura, contudo, também dependerá de outros fatores.

A diminuição dos riscos para a semeadura pode ser reduzida consultando o Zarc.

Buscar orientação/informação técnica sobre a semente que será utilizada no plantio é algo que você deve fazer sempre. Assim, terá certeza da época certa para a semeadura.

>> Leia mais: “Como melhorar a plantabilidade e corrigir falhas e duplas na lavoura”

Como você calcula o espaçamento entre plantas e entre linhas dos seus cultivos? Já procurou ajuda de um profissional da área para te ajudar? Deixe seu comentário!

Saiba como a drenagem do solo na agricultura melhora as condições da sua lavoura

Drenagem do solo na agricultura: entenda o que é, formas de realizar, efeitos do excesso de água nas plantas, benefícios da drenagem do solo e muito mais

A drenagem artificial do solo é uma técnica que remove o excesso de água da área. Essa remoção possibilita a exploração econômica a longo prazo de diversas culturas.

A drenagem é recomendada para áreas em que a capacidade de drenagem natural seja insuficiente para a tolerância hídrica das plantas.

Essa prática favorece as condições de aeração, umidade, atividade microbiana e estruturação do solo.

Confira a seguir um pouco mais sobre essa técnica de manejo tão importante para a agricultura.

Formas de drenar a água do solo

O processo de drenagem na agricultura pode ser realizado de duas formas: superficial e subterrânea. Somente um profissional habilitado consegue determinar qual a melhor forma de drenar a água da área.

A drenagem superficial retira o excesso de água acumulado na superfície do solo. Nesse caso, o excesso de água pode ser provocado por chuvas intensas, aliadas à baixa taxa de infiltração de água no solo. 

Essa técnica consiste na abertura de valas ou canais para escoamento do excesso de água.

Imagem de canais escavados para drenagem da água presente na superfície do solo.  O primeiro canal é reto, e o segundo é curvilíneo.

Canais escavados para drenagem da água presente na superfície do solo

(Fonte: Drenagem – Materiais e Instalação)

A drenagem subterrânea controla o nível do lençol freático a uma profundidade que não prejudica o desenvolvimento das plantas. 

Esquema que mostra tubos de drenagem subterrânea em solos mal drenados.

Tubos de drenagem subterrânea colocados em solos mal drenados

(Fonte: Traduzido de University of Minnesota Extension)

Como fazer a drenagem do solo na agricultura

A técnica de drenagem do solo é complexa. Ela deve ser feita por profissionais habilitados

Não existe receita para esse processo. Cada caso deve ser avaliado individualmente, considerando fatores como:

  • origem do excesso de água;
  • condições climáticas;
  • estudos hidrológicos;
  • topografia do terreno;
  • propriedades do solo;
  • fisiologia das plantas;
  • planejamento do uso da terra;
  • recursos financeiros disponíveis.

A partir dessas informações, é possível elaborar um projeto bem dimensionado e viável tecnicamente.

Na drenagem agrícola, é possível utilizar bombas para acelerar o processo. No entanto, o uso de motores para retirada da água pode encarecer a drenagem.

É importante lembrar que o projeto também precisa ser viável economicamente. Como os custos do processo de drenagem são altos, todo o cenário precisa ser avaliado com cuidado para o melhor direcionamento dos recursos. 

Além disso, o projeto precisa ser elaborado para minimizar os impactos ambientais.

Problemas da drenagem ineficiente e do excesso de água para as plantas

A água é indispensável para o desenvolvimento da agricultura. No entanto, o excesso dela pode prejudicar e inviabilizar a produção.

Quando realizada de forma ineficiente, a drenagem pode não retirar todo o excesso de água. Dessa forma, o solo não irá apresentar condições favoráveis ao desenvolvimento das plantas.

A seguir, você pode conferir os efeitos que o excesso de água pode causar à sua lavoura: 

  • redução do crescimento do sistema radicular;
  • redução do tamanho das plantas;
  • redução das trocas gasosas do solo;
  • redução da fixação de nitrogênio;
  • amarelecimento das folhas, em função da deficiência de nitrogênio;
  • queda das folhas e de estruturas reprodutivas;
  • favorecimento do aparecimento de doenças;
  • morte das plantas;
  • queda de produtividade.

Salinidade do solo

A salinização é resultado do aumento da concentração de sais na solução do solo. Em níveis elevados, ela compromete o desenvolvimento das plantas e a produtividade.

No Brasil, esse processo tem maior ocorrência nas regiões áridas e semi-áridas do Nordeste

Alguns fatores que colaboram para o processo de salinização do solo nessas regiões são:

  • solos rasos ou com drenagem ineficiente;
  • lençol freático pouco profundo e salino;
  • baixo índice pluviométrico;
  • alto déficit hídrico.

A baixa qualidade da água e a baixa eficiência do sistema de irrigação também contribuem para acumular sais na região do solo onde está o sistema radicular das plantas.

A irrigação e a drenagem subterrânea atuam juntas no controle dos níveis de sais presentes no perfil do solo.

A água da irrigação deve ser aplicada em quantidade que possibilite a infiltração por toda a profundidade do sistema radicular. Assim, ela promove a lixiviação dos sais. 

Enquanto isso, a drenagem subterrânea controla a profundidade do lençol freático, a um nível abaixo da zona radicular das plantas.

É importante ressaltar que irrigação e drenagem são técnicas complementares, e de grande importância para a agricultura. 

Benefícios da drenagem agrícola

Confira a seguir os benefícios da drenagem do solo na agricultura:

  • viabiliza a produção agrícola em solos encharcados ou alagados;
  • melhora as condições do solo para o desenvolvimento das plantas;
  • saneamento de áreas inundadas;
  • aumento da produtividade;
  • controle da salinidade do solo;
  • recuperação de áreas com problemas de salinidade.
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Conclusão

A drenagem do solo remove o excesso de água e melhora as condições para o desenvolvimento das plantas.

A técnica pode ser realizada de duas formas: superficial e subterrânea.

Existem muitos benefícios na drenagem do solo. Novas áreas para a agricultura podem ser incorporadas e a salinidade do solo pode ser controlada.

Além disso, as condições do solo para o desenvolvimento das plantas melhoram e há  aumento da produtividade

Procure um profissional habilitado para o planejamento desse processo. Assim, a água será retirada de forma eficiente, e os impactos ambientais serão reduzidos.

>> Leia mais:

Como a irrigação de precisão pode otimizar o uso da água e gerar economia na fazenda

DNA do Solo: Como analisar e fazer um manejo mais efetivo da lavoura

Você já conhecia a técnica de drenagem do solo na agricultura? Conte sua experiência nos comentários.

Saiba quais são e como se preparar para os efeitos do La Niña na agricultura

Efeitos do La Niña: saiba quais as chances de o fenômeno afetar a agricultura, como se preparar e as previsões para a safra 2021/2022

Com certeza você já ouviu alguém falar “esse ano é ano de La Niña” ou que “estamos em ano de El Niño”, não é mesmo?

O La Niña é um evento climático de resfriamento e aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico Equatorial.

Essas pequenas mudanças de temperatura têm efeitos mundiais! Saber mais sobre elas é fundamental para quem produz.

Você sabe quais são as expectativas climáticas para a safra 2021/2022? Sabe como se preparar para elas? Confira a seguir!

Entenda os efeitos do La Niña: o fenômeno Enos

O La Niña e o El Niño são partes do mesmo fenômeno atmosférico-oceânico. Ele ocorre no Oceano Pacífico Equatorial e é chamado Enos (El Niño Oscilação Sul).

O Enos é o aquecimento ou resfriamento anormal das águas do oceano em regiões específicas. 

A movimentação e relação entre atmosfera e oceano nessa região são conhecidas. Elas  apresentam níveis e variações consideradas normais, chamados anos neutros.

Essas regiões do mapa são as mais importantes. Elas permanecem sob monitoramento para identificação desses fenômenos.

Quando as águas dessas regiões estão mais quentes, temos o El Niño. Quando mais frias, a La Niña. Saiba mais sobre cada um deles neste vídeo:

El Niño, La Niña

La Niña

O La Niña é o resfriamento anormal das águas superficiais do Pacífico Equatorial.

O fenômeno começa com a intensificação dos ventos alísios. Eles sopram no sentido Oeste, na faixa equatorial do continente americano.

Isso faz com que grandes quantidades de água quente se acumulem no Oceano Pacífico Equatorial Oeste.

Relações oceano-atmosféricas de Walker normais (acima) e sob a influência do La Niña (abaixo).

Relações oceano-atmosféricas de Walker normais (acima) e sob a influência do La Niña (abaixo).

(Fonte: UFBA Conquista)

Esse acúmulo de águas quentes causa chuvas abundantes na região, graças à grande quantidade de evaporação.

Além disso, aumenta o fenômeno da ressurgência na costa da América do Sul.

Essa alteração causada pelas águas frias da ressurgência muda as chuvas e a temperatura média de diversas regiões.

Alterações climáticas e efeitos do La Niña na agricultura

Veja os principais riscos de efeitos do La Niña sobre as diferentes regiões brasileiras:

Efeitos do La Niña no brasil: ilustração mostra que há risco de estiagem e invernada na colheita.

(Fonte: Canal Rural)

Os efeitos do La Niña em dezembro, janeiro e fevereiro são:

  • chuvas acima da média nordeste brasileiro;
  • condições de frio acentuado no Sul do Brasil.
  • a Região Central do Brasil fica bastante instável e de difícil previsibilidade.

Nos meses de junho, julho e agosto:

  • toda costa Oeste da América do Sul sente temperaturas mais baixas, e o Sul do Brasil tem um inverno bastante seco.
Ilustração que mostra efeitos globais do la niña

Efeitos globais do La Niña

(Fonte: Enos – Cptec)

Efeitos do La Niña para a safra 2021/2022

O La Niña acontece quando em 5 trimestres consecutivos há alterações nas temperaturas das águas do Oceano Pacífico.

As alterações devem ser abaixo de -0,5.

Na safra passada, 2020/2021, houve uma La Niña moderada. Os valores, do ONI (Oceanic Niño Index), foram de -0,5 a 1,5.

Tabela que demonstra as variações do La Niña nos anos de 2020 e 2021

Variações do ONI (Oceanic Niño Index) nos anos de 2020 e 2021 (até setembro)

(Fonte: Noaa)

O resfriamento das águas influenciará a safra 2021/22. A temperatura da superfície do mar esteve, entre julho e setembro, em -0,5 °C.

Portanto, prepare-se para os efeitos do fenômeno na próxima safra e fique sempre por dentro da situação climática.

Como preparar a lavoura para os efeitos do La Niña

Saiba o que esperar do clima

O mais importante é conhecer a sua região e usar ferramentas como o Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático).

O Zarc é um programa nacional que facilita o acesso e uso dos dados e informações de risco climático no Brasil.

Ele indica datas e/ou períodos de semeadura por cultura e por município. Além disso, o programa considera características do clima, o tipo de solo e ciclo de cultivares.

Isso garante com que as adversidades climáticas sejam evitadas. Assim, elas coincidem com as fases mais críticas das culturas, minimizando as perdas agrícolas.

É uma ferramenta essencial para a gestão agrícola e para a tomada de decisão!

Planeje-se e proteja a sua lavoura

Após se informar sobre as condições climáticas na época do plantio, algumas mudanças no planejamento agrícola podem ser bem-vindas.

  • Não antecipe a compra de defensivos para doenças, porque o clima seco proporcionado pelo La Niña desfavorece algumas doenças;
  • Invista em sementes resistentes e tolerantes à seca;
  • Compre insumos quanto antes e verifique se o maquinário está pronto para a semeadura. O ideal é aproveitar um período de mais umidade para o plantio;
  • Tente tornar a janela de plantio maior. Assim, você terá mais tempo para encontrar a umidade ideal.
  • Estude o histórico da safra passada e arquive os dados da safra atual para te ajudar na próxima. Avalie quais insetos, plantas daninhas e doenças estiveram presentes e previna-se contra eles. Esteja com o manejo integrado de doenças e pragas em dia.
checklist planejamento agrícola Aegro

Conclusão

 La Niña pode afetar as diferentes regiões produtoras do Brasil.

Ainda não há definição de um evento climático de La Niña para a safra de 2021/2022. No entanto, as chances de sua ocorrência são grandes.

É importante agora ficar de olho nas notícias. Também é importante fazer o monitoramento das condições meteorológicas da sua região.

Afinal, elas irão definir quando realizar os principais manejos e tratos culturais nas lavouras.

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E você, alguma vez já sentiu os efeitos do La Niña na sua lavoura? Como fez para contorná-los? Deixe seu comentário!

O que é a La Ninã?

O La Niña é um evento climático de resfriamento e aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico Equatorial.

Quais as consequências do La Ninã?

O fenômeno começa com a intensificação dos ventos alísios. Eles sopram no sentido Oeste, na faixa equatorial do continente americano. Isso faz com que grandes quantidades de água quente se acumulem no Oceano Pacífico Equatorial Oeste. Esse acúmulo de águas quentes causa chuvas abundantes na região, graças à grande quantidade de evaporação. Além disso, aumenta o fenômeno da ressurgência na costa da América do Sul.

Quais os efeitos do La Ninã no Brasil?

Os efeitos do La Niña em dezembro, janeiro e fevereiro são: chuvas acima da média nordeste brasileiro; condições de frio acentuado no Sul do Brasil; a Região Central do Brasil fica bastante instável e de difícil previsibilidade. Nos meses de junho, julho e agosto:
toda costa Oeste da América do Sul sente temperaturas mais baixas, e o Sul do Brasil tem um inverno bastante seco.