Fungicidas da cultura da soja que já apresentam resistência e alternativas de controle

Fungicidas da cultura da soja: resistência, como realizar o manejo disso, além de fungicidas e medidas alternativas de manejo para doenças da soja.

A soja é um importante grão para o país, com produção estimada de 121 milhões de toneladas para a safra 2019/20, segundo a Conab.

Muitos fatores prejudicam a produção, mas no cultivo da soja as doenças vêm ganhando destaque.

Uma das razões para isso ocorrer, é que alguns fungos causadores de doença já foram identificados como resistentes a fungicidas (redução da sensibilidade).

Por isso, neste texto descrevemos alguns dos fungicidas da cultura da soja que já apresentaram resistência, medidas para realizar esse manejo e informações sobre alternativas de controle. Confira!

Importância dos fungicidas da cultura da soja

A lavoura é um sistema complexo, envolvendo fatores que podem contribuir ou afetar a produção.

Uma das razões que pode impactar negativamente a sua produção agrícola da lavoura de soja são as doenças.

O uso de fungicidas para o manejo das doenças da soja é muito importante, mas não podemos nos esquecer das outras estratégias que devem ser integradas ao manejo.

No Brasil foram utilizados cerca de 15% de fungicidas, dentre os demais defensivos agrícolas consumidos em 2017, nas diversas plantas cultivadas no país. 

defensivos agrícolas em 2017

Tipos de defensivos agrícolas empregados em 2017 (toneladas)
(Fonte: Sindiveg em Marques Junior)

Em áreas produtoras de soja, a utilização de fungicidas é bastante expressiva, que pode contribuir para o manejo da ferrugem e outras doenças como mancha alvo, mancha parda, antracnose e outras.

O volume de fungicida aplicado na cultura da soja teve um aumento ao longo dos anos, sendo um dos motivos pela ocorrência da ferrugem asiática no Brasil na cultura da soja a partir de 2001 (uso intensivo).

E esse uso de fungicidas vem sendo utilizado amplamente nessa cultura para o manejo de fungos fitopatogênicos, no entanto, deparamos com relatos de resistência a esses produtos.

Resistência de um fungo a um fungicida é a redução da sensibilidade do fungo ao defensivo agrícola, ou seja, é a resposta natural do fungo a uma ameaça externa que pode afetar sua sobrevivência, que nesse caso é o fungicida. 

Essa característica é herdável e estável em um fungo como resposta da aplicação de fungicida.

A resistência implica em falhas de manejo de doenças em uma lavoura.

Com esta definição surge o seguinte questionamento: O que leva a ter resistência de fungos a fungicidas?

Como ocorre a resistência de fungos a fungicidas?

Normalmente, a resistência a fungicidas ocorre por processos evolutivos, que pode manifestar pelo uso contínuo do defensivo agrícola com o mesmo modo de ação, uso de doses incorretas do fungicida recomendado, entre outros.

Ou seja, ocorre a seleção dos fungos resistentes pela utilização inadequada dos produtos (fungicidas).

A resistência é um processo natural (evolução), assim, populações de fungos menos sensíveis a fungicidas já estão presentes na natureza, mesmo sem nunca terem sido expostas aos mesmos.

Mas com o uso inadequado adiantamos esse impacto e, desta forma, ocorre uma influência na velocidade de desenvolvimento da resistência, com a tendência de eliminar populações mais sensíveis do patógeno, aumentando a frequência dos menos sensíveis e atuando como agentes de seleção.

Resistência de fungos aos fungicidas

Representação de como os fungos podem se tornar resistentes a fungicidas (pressão de seleção)
(Fonte: Summa Phytopathologica)

E quais os relatos de resistência dos fungicidas da cultura da soja?

Fungicidas da cultura da soja que já apresentam resistência

Alguns fungicidas que foram relatados com perda de eficiência para algumas doenças de soja foram:

– Para ferrugem asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi) houve redução na sensibilidade de fungicidas dos grupos químicos: Estrobilurinas, Triazóis e Carboxamidas.

A partir da safra 2007/08 foi detectado redução na eficiência dos fungicidas. Na safra 2007/08 de Triazóis, em 2013/14 de Estrobilurinas, e das Carboxamidas na safra 2016/17.

– Para mancha alvo (doença de final de ciclo) causada por Corynespora cassiicola apresentou resistência aos grupos químicos benzimidazóis, estrobilurinas e carboxamidas.

Nesses casos de redução na eficiência dos fungicidas, deve-se utilizar outras medidas de manejo das doenças de soja, mas antes, veja algumas recomendações para o manejo de resistência a fungicidas.

Como realizar o manejo de resistência a fungicidas?

Como vimos, o manejo de doenças pode ficar menos eficiente com a utilização de alguns fungicidas.

Para reduzir essa resistência e aumentar a vida útil dos fungicidas, o Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas (FRAC) recomenda as seguintes estratégias que podem ser utilizadas no controle:

  • Realizar rotação de fungicidas com diferentes modos de ação;
  • Utilizar o fungicida somente na época, na dose e nos intervalos de aplicação recomendados no rótulo/bula;
  • Contar com outras medidas de manejo para o controle das doenças da soja (manejo integrado de doenças que vamos discutir no próximo tópico);
  • Consultar um(a) engenheiro(a) agrônomo(a) para auxiliar nas recomendações, monitoramento da safra e na tomada de decisão quanto à estratégia de controle para as doenças da soja na lavoura.

Além dessas estratégias, não se esqueça de realizar a aplicação do fungicida de forma eficiente, observando as condições climáticas adequadas e dos equipamentos agrícolas a serem utilizados.

A Embrapa também orienta para evitar mais que duas aplicações do mesmo produto em sequência.

Contudo, para o controle eficiente das doenças da soja da sua lavoura, verifique as alternativas de manejo.

planilha de produtividade da soja

Alternativas de controle das doenças da soja

Devemos lembrar que os fungicidas são parte do controle de doenças da soja, mas como já comentamos, devem ser utilizadas e integradas outras estratégias de manejo, que vamos discutir a seguir.

  • Vazio sanitário (controle da ferrugem asiática): é o período em que a área fica sem plantas de soja. Ele varia de 60 a 90 dias, o que reduz a sobrevivência do fungo;
  • Calendarização da semeadura (ferrugem asiática): realizar a semeadura no início do período recomendado pode reduzir o número de aplicações de fungicidas na sua área;
  • Uso de variedades resistentes;
  • Utilização de variedades precoces;
  • Uso de sementes certificadas;
  • Rotação de culturas ou sucessão;
  • Plantio no espaçamento adequado;
  • Evitar a semeadura em épocas com condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento do fungo;
  • Controle químico, o qual se caracteriza pelo uso de defensivos agrícolas.

Uso consciente de fungicidas para a ferrugem asiática da soja

Para o uso do controle químico, o produtor deve utilizar produtos registrados para a doença de soja que se pretende manejar, além de serem aplicados em doses, épocas e intervalos de aplicação como recomendado pelo fabricante.

Para a ferrugem asiática da soja, uma importante doença da cultura, têm-se 67 produtos registrados para a doença no Agrofit, que você pode consultar e definir qual deve ser utilizado de acordo com os mecanismos de ação e das recomendações a seguir.

Alguns fungicidas que podem ser utilizados para o manejo dessa doença da soja, segundo o FRAC, são:

Estrobilurinas (QoI): Inibidores de respiração no complexo 3

Essas devem ser utilizadas combinadas com os fungicidas triazóis, triazolintione e/ou carboxamidas para garantir adequados níveis de eficiência.

E o programa de controle de ferrugem deve ser iniciado de forma preventiva à ocorrência da doença.

Triazóis e Triazolintione (DMI): Inibidores da síntese de ergosterol

Indica a associação de DMI com estrobilurinas, como descrito no tópico anterior.

Carboxamidas (SDHI): Inibidores de respiração no complexo 2

Este grupo de fungicida deve ser combinado com fungicidas do grupo químico das estrobilurinas, para garantir adequados níveis de eficácia.

Além disso, a Embrapa também realizou um estudo sobre a eficiência de fungicidas multissítios para o controle da ferrugem da soja.

Esses fungicidas afetam diferentes pontos metabólicos do fungo e apresentam baixo risco de resistência.

Os multissítios são diferentes dos fungicidas sítio-específicos que são ativos contra um único ponto da via metabólica de um patógeno ou contra uma única enzima ou proteína necessária para o fungo, que são os que comentamos acima. 

Diante da pesquisa da Embrapa sobre a eficiência dos fungicidas multissítios na safra 2018/19, esses podem ser uma ferramenta importante para o manejo da ferrugem-asiática na soja, sendo necessário o registro do fungicida no MAPA para a sua utilização.

Dessa forma, podem-se realizar aplicações de fungicidas sítio-específicos com misturas com fungicidas multissítios.

Além da ferrugem, para a mancha alvo, o Frac recomenda não utilizar Carboxamidas de maneira isolada, mas deve-se realizar a associação com fungicidas multissitios no manejo da doença.

Conclusão

Os fungicidas são importantes para o controle de doenças da soja, mas vimos que alguns fungos se tornam resistentes a fungicidas.

Assim, neste texto foi discutido o que é resistência a fungicidas e como elas ocorrem.

Além disso, falamos sobre os fungicidas que tiveram relatos de perda de eficiência e como manejar essa suscetibilidade. E ainda, discutimos alternativas de manejo para doenças da soja.

Com isso, você pode ter um manejo mais eficiente na sua lavoura, controlando as doenças da soja e também os custos agrícolas.

>> Leia mais:

5 maneiras de controlar os nematoides na soja

O que são fungicida sistêmico e de contato e qual utilizar

“Biofungicidas: quando vale a pena usá-los para o controle de doenças na lavoura?”

Você teve problemas com perda da eficiência de fungicidas da cultura da soja? Você realiza rotação de mecanismos de ação? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Conheça as 11 principais doenças da soja e como combatê-las (+ nematoides)

Doenças da soja: saiba como identificar as mais frequentes, incluindo nematoides, e os métodos de controle mais eficazes para cada uma delas.

Identificar e controlar as doenças da soja exige um nível cada vez maior de conhecimento técnico e acompanhamento prático da lavoura. 

Embora a mais importante seja a ferrugem asiática, diversas outras doenças podem afetar a produtividade, causando perdas de até 100%.

A chave para manter a lavoura saudável é identificar a doença em seu início e realizar medidas de manejo adequadas. 

Por isso, fizemos este artigo exclusivo com a Agronômica Laboratório de Diagnóstico Fitossanitário para que você entenda e controle as doenças da soja. Confira!

Agronômica Laboratório de Diagnóstico Fitossanitário

Principais doenças da soja

As doenças podem ocorrer em todo o ciclo da cultura ou em períodos específicos (estádios de desenvolvimento). As principais doenças da soja são:

  • Ferrugem asiática
  • Mancha-alvo
  • Oídio
  • Mofo-branco
  • Crestamento foliar de cercospora e mancha púrpura da semente
  • Antracnose
  • Mancha parda ou septoriose
  • Mancha olho-de-rã
  • Cancro da haste
  • Mela ou requeima
  • Podridão de carvão das raízes

Confira o período de ocorrência mais frequente das doenças da soja na imagem a seguir:

doenças da soja
(Fonte: Paulo Saran)

Tendo isso em vista, vamos agora para a identificação e manejo das principais doenças da soja:

Ferrugem asiática da soja

ferrugem asiática
(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

A ferrugem asiática da soja é considerada a mais importante na cultura da soja e é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi. Os sintomas podem aparecer em qualquer estádio de desenvolvimento da planta.

ferrugem asiática da soja pode causar perdas de 10% a 90% nas lavouras, atingindo todas as regiões produtoras do Brasil. 

O diagnóstico nos estádios iniciais da doença pode ser difícil por não ter os esporos alaranjados como em outras ferrugens.

Por isso, inicialmente, procure por minúsculos pontos mais escuros nas folhas, variando de coloração verde a cinza (utilize uma lupa).

Na face inferior das folhas no local correspondente ao dos pontos, observe pequenas saliências, que são as urédias (estruturas de reprodução do fungo).

Na safra 2019/20, já tivemos registro da ferrugem asiática no campo. Acompanhe os dados de ocorrência da doença no Consórcio Antiferrugem.

Manejo da ferrugem asiática:

  • Monitore a lavoura

Não se esqueça de utilizar uma lupa e observar a parte de baixo da folha para visualização das urédias.

  • Utilize fungicidas

Use fungicidas, como a morfolina, preventivos ou quando aparecer os primeiros sintomas.

Lembre-se que já foi registrada a redução da eficiência de fungicidas à base de carboxamidas, triazóis e estrobilurina isolada.

Como existem vários produtos registrados para manejo da ferrugem da soja e com vários ingredientes ativos, você pode utilizar fungicidas com diferentes modos de ação.

Isso minimiza riscos de perda da eficiência dos fungicidas.

Além disso, reduza a aplicação excessiva de fungicidas e realize a calendarização da semeadura.

  • Vazio sanitário

É o período que a área fica sem plantas de soja. Ele varia de 60 a 90 dias, o que reduz a sobrevivência do fungo.

Atente-se ao período do vazio sanitário da sua região. Você pode conferi-lo aqui.

  • Calendarização da semeadura

Realizar a semeadura no início do período recomendado pode reduzir o número de aplicações de fungicidas na sua área. Isso ocorre porque há menos esporos da doença no ambiente.

Calendarização da semeadura
  • Uso de variedades precoces

Utilizando essas variedades, você irá reduzir o tempo de exposição da planta no campo, podendo reduzir a infecção.

Além da ferrugem asiática, conheça outras doenças da soja que podem afetar a sua lavoura e como fazer seu controle:

Mancha-alvo

doenças-da-soja-mancha-alvo
(Fonte: Mais soja)

É causada pelo fungo Corynespora cassiicola, podendo ocasionar perdas de até 50% em cultivares suscetíveis.

Nas folhas, os sintomas se iniciam por pontuações pardas, com halo amarelado, evoluindo para mancha foliar circular, de coloração castanho-clara a castanho-escura.

Essas manchas podem apresentar pontuação no centro e anéis concêntricos de coloração mais escura (semelhantes a um alvo).

Formas de manejo para a mancha-alvo:

  • Utilização de cultivares resistentes;
  • Tratamento de sementes;
  • Rotação/sucessão de culturas;
  • Uso de fungicidas.

Para te auxiliar na escolha do fungicida, veja o trabalho que a Embrapa realizou para determinar a eficiência de fungicidas da cultura da soja no controle da mancha-alvo. 

Além disso, atente-se que já foram relatadas populações do fungo C. cassiicola resistentes a fungicidas MBC (metil benzimidazol carbamato).

Oídio

oídio soja
(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

O oídio é uma doença é causada pelo fungo Microsphaera diffusa. Em algumas regiões do país a doença ocorre por ter as condições favoráveis para o desenvolvimento do fungo.

Essas condições são temperaturas amenas e baixa umidade, sendo frequente em regiões com maior altitude. Além disso, esse fungo tem fácil dispersão pelo vento.

Sintomas da doença podem ser observados nas folhas, que vão apresentar uma estrutura branca (micélio e esporos do fungo) – que podem se tornar cinzas com o passar do tempo.

Essas estruturas são capazes de impedir a fotossíntese e provocar queda prematura das folhas. 

Como fazer o manejo do oídio:

  • Utilização de variedades resistentes;
  • Controle químico;
  • Evitar a semeadura em épocas com condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento do fungo.

Mofo-branco

O mofo-branco é causado por Sclerotinia sclerotiorum, fungo que tem mais de 400 espécies de hospedeiros, incluindo soja e feijão. A doença é responsável por até 30% de perdas da produção em um campo agrícola.

Os sintomas são lesões encharcadas inicialmente, que evoluem para uma coloração castanha e, depois, há a formação de um micélio branco, que formam escleródios.

O fungo pode sobreviver no solo por um longo período (em média de 5 a 10 anos) na forma de estruturas de resistência do fungo (escleródios).

mofo-branco
Placa de Petri com crescimento em meio de cultura de Scletotinia sclerotiorum com micélio branco e escleródios
(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

Manejo do mofo-branco:

  • Sementes certificadas, limpeza de máquinas e implementos agrícolas;
  • Tratamento de sementes com fungicidas do grupo MBC (metil benzimidazol carbamato);
  • Rotação/sucessão de culturas;
  • Semeadura em palhada de plantas não hospedeira como as gramíneas (isso desfavorece a formação e liberação de esporos do fungo);
  • Utilização de cultivares que favoreçam a aeração entre as plantas para não criar um ambiente ideal para desenvolvimento do fungo;
  • Controle de daninhas hospedeiras do mofo branco;
  • Controle químico com aplicação no início da floração até a formação das vagens.

Crestamento foliar de cercospora e mancha púrpura da semente

mancha púrpura cercospora soja
(Fonte: Pioneer)

Doença causada pelo fungo Cercospora kikuchii, que ataca todas as partes da planta.

Ocorre em várias regiões produtoras de soja, sendo mais intensa em locais quentes e chuvosos. 

Nas folhas, você pode observar manchas castanho-avermelhadas, produzindo o efeito chamado de “bronzeamento” na folha, que pode evoluir para grandes manchas escuras.

Já nas vagens, causa manchas vermelhas a castanhas. É através das vagens que o fungo atinge a semente, causando manchas avermelhadas denominadas “mancha púrpura”.

Principais manejos

  • Uso de sementes certificadas;
  • Tratamento de sementes com fungicidas;
  • Pulverização com fungicida na parte aérea da planta: existem vários produtos registrados para este patógeno.

>> Leia mais: “Como identificar e manejar o crestamento bacteriano na soja”

Antracnose

O fungo mais comum que causa antracnose em soja é o Colletotrichum truncatum. A doença pode ocorrer no início da cultura e você pode observar o tombamento das plantas jovens de soja.

antracnose soja
(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

Nas vagens surgem manchas aquosas no início da doença, escurecendo depois.

Isso pode favorecer a queda das vagens e sementes com manchas deprimidas. Já nas folhas podem ocorrer manchas e necrose.

Manejo da antracnose:

  • Utilização de sementes certificadas;
  • Sementes tratadas com fungicidas;
  • Controle químico;
  • Rotação de culturas;
  • Plantio da soja no espaçamento adequado, especialmente no plantio direto, para não apresentar condições adequadas para o fungo (alta umidade e clima quente).

Mancha parda ou septoriose 

A mancha parda é causada por Septoria glycines e está disseminada por todo o país.

No início do desenvolvimento da doença, você pode observar pequenas pontuações de cor parda nas folhas que, ao se desenvolverem, formam manchas com halos amarelados e centro de contornos angulares, de coloração parda da face superior e rosada na parte inferior da folha. Pode haver desfolha prematura. 

Manejo da mancha parda:

  • Rotação de culturas;
  • Aplicação de fungicidas na parte aérea durante a formação e enchimento das vagens.

Mancha olho-de-rã

É causada pelo fungo Cercospora sojina e pode ocasionar perdas de 10% a 60%.

Os sintomas da doença podem ser observados nas folhas, hastes, vagens e sementes. 

Nas folhas ocorrem pequenas manchas encharcadas na face superior que evoluem para lesões de formato arredondado, com o centro castanho claro e bordas castanho-avermelhadas. 

Já na face inferior das folhas, as lesões apresentam coloração mais escura.

Os sintomas nas vagens são lesões circulares a alongadas, deprimidas, com coloração marrom-avermelhada.

Nas sementes, causa rachaduras e manchas de coloração parda e cinza. 

Manejo da mancha olho-de-rã:

  • Variedade resistente;
  • Tratamento de sementes.

Cancro da haste

A doença pode ser causada por Diaporthe aspalathi e Diaporthe caulivora. Ambas as espécies causam sintomas semelhantes nas plantas.

Você pode observar lesões profundas nas hastes, com coloração castanho-avermelhadas a negras, alongadas e elípticas, adquirindo coloração castanho-clara com bordas castanho-avermelhadas. 

Um aspecto importante desta doença são folhas amareladas e com necrose internerval (folha “carijó”), permanecendo presas à planta.

Já as sementes podem apresentar enrugamento e rachaduras no tegumento. E é possível observar micélio de coloração esbranquiçada a bege sobre a superfície. 

As lesões causadas por D. aspalathi raramente circundam a haste e não há murcha.

Já as lesões causadas por D. caulivora circundam o caule, causando murcha e morte da planta. 

Manejo do cancro da haste:

  • Tratamento de sementes;
  • Rotação/sucessão de culturas;
  • Cultivares resistentes (D. aspalathi).

Mela ou requeima 

Doença causada por Rhizoctonia solani, podendo apresentar até 60% de redução na cultura da soja.

Ocorre em reboleira nas lavouras e tem desenvolvimento em alta umidade relativa. 

Os sintomas são folhas com lesões encharcadas de coloração pardo-avermelhada a roxa, evoluindo para marrom-escura a preta. 

Uma particularidade é que folhas infectadas geralmente ficam aderidas às outras ou às hastes por meio do micélio, que pode disseminar o fungo para tecidos sadios.

Nas hastes, pecíolos e vagens ocorrem manchas castanho-avermelhadas. 

Nos tecidos mortos, o fungo forma um micélio fino com produção de escleródios de cor bege a castanho escuro. 

Manejo da requeima

  • Rotação de culturas não hospedeiras do fungo;
  • Semeadura direta;
  • Sementes sadias;
  • Tratamento de sementes;
  • Espaçamento de plantio adequado;
  • Fungicidas;
  • Nutrição equilibrada.

Podridão de carvão das raízes

A podridão de carvão na soja é causada pelo fungo Macrophomina phaseolina, sendo a doença radicular mais comum nas áreas de soja.

A infecção pode acontecer na germinação das sementes, tornando as radículas escuras.

Se sua lavoura apresentar a doença no período do florescimento e ocorrer falta de água, as folhas tornam-se cloróticas, secam e adquirem coloração marrom, permanecendo aderidas aos pecíolos.

O colo da planta apresenta lesões de coloração marrom-avermelhada e superficiais.

podridão de carvão das raízes
(Fonte: Agronômica)

Já as raízes das plantas adquirem coloração cinza com microescleródios negros.

Manejo da podridão de carvão das raízes: 

  • Cobertura do solo;
  • Plantio em campos que não tenham tido histórico da doença.

Nematoides na cultura da soja

Os nematoides causam doenças na cultura da soja que podem chegar ao prejuízo estimado de R$ 35 bilhões ao ano no Brasil.

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Danos causados pelo nematoide do cisto da soja (Heterodera glycines) e pelo nematoide das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus) na região de Primavera do Leste (MT)
(Fonte: Tatiane Zambiazi em Grupo Cultivar)

Para evitar esses prejuízos na lavoura, conheça os principais nematoides que podem ocorrer na soja e suas medidas de manejo:

11-doenças-da-soja-nematoides

Manejo de nematoides:

O controle dos nematoides é muito difícil, já que são parasitas do solo. Algumas medidas que podem te auxiliar são:

  • Evitar áreas com histórico dos nematoides;
  • Evitar a entrada dos nematoides: sementes de boa qualidade, limpeza de implementos, máquinas agrícolas e outros;
  • Rotação de culturas com espécies não hospedeiras, em especial as práticas de adubo verde e culturas de cobertura;
  • Uso de cultivares de soja tolerantes ou resistentes.

Para te auxiliar nas recomendações, monitoramento da safra e tomada de decisão quanto à estratégia de controle para as doenças, procure um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).

Caso os sintomas estejam inconclusivos, é importante que você encaminhe o material para um laboratório especializado em diagnóstico. Assim você terá o diagnóstico de forma mais rápida e precisa.

>>Leia mais: “Identifique os sintomas da podridão parda da haste da soja e aprenda a evitar a doença”

Como obter sucesso no controle das doenças da soja

Antes de falarmos sobre as principais doenças da cultura da soja, é importante sabermos sobre o planejamento do manejo. Para isso, considere as seguintes informações: 

  • Histórico da área de cultivo; 
  • Conheça os sintomas e condições favoráveis para as doenças; 
  • Conheça todos os métodos de manejo que podem ser utilizados e avalie qual o melhor para sua propriedade; 
  • Utilize sementes de boa qualidade;
  • Não utilize apenas uma medida de manejo: tente integrar vários métodos;
  • Faça a adubação de soja adequadamente.

O sucesso no controle, principalmente das doenças causadas por fungos, está correlacionado ao momento em que o manejo é iniciado na lavoura.

Isso pode ser devido a medidas legislativas, como vazio sanitário, ou práticas culturais.

Para reduzir a introdução de patógenos na lavoura é preciso utilizar sementes de boa qualidade e procedência.

Por isso, é importante fazer a análise destas sementes em laboratórios confiáveis. Essa medida ajuda a garantir a alta produtividade nas próximas safras.

As sementes de soja podem transmitir alguns patógenos fúngicos como: 

  • Cercospora kikuchii
  • Septoria glycines
  • Colletotrichum truncatum
  • Diaporthe aspalathi
  • Cercospora sojina

Eles também podem ser transmitidos por restos culturais e servir de fonte de introdução para a lavoura. 

Você também pode ter doenças na lavoura de soja causadas por Sclerotinia sclerotiorum, Rhizoctonia solani e Macrophomina phaseolina.

Esses fungos de solo formam estruturas de resistência denominadas escleródios, que podem causar danos enormes nas lavouras por serem bem agressivos e de difícil controle.

planilha controle de custos por safra

Conclusão

Neste texto foram discutidas as principais doenças da soja, seus sintomas e melhores práticas para controle na lavoura.

Além disso, falamos sobre os quatro nematoides mais importantes para a soja e também como combatê-los.

Com isso, você pode orçar os custos dessas medidas de manejo e fazer um planejamento efetivo. 

Desse modo, tenho certeza que você terá uma lavoura com maior controle das doenças e também dos seus custos!

>> Leia mais:

“Mancha-púrpura na soja: como livrar sua lavoura dela”

Quais doenças da soja você encontra hoje na sua propriedade? Como você controla essas doenças? Têm problemas com nematoides? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Podridão branca da espiga: Entenda mais e controle essa doença na sua área

Podridão branca da espiga: Sintomas, disseminação, fonte de inóculo, grãos ardidos, micotoxinas e o manejo para reduzir os prejuízos em sua lavoura.

Vários fatores podem afetar a produção de uma lavoura, entre eles as doenças

A podridão branca da espiga, por exemplo, pode causar perdas superiores a 70% no peso das espigas, impactando demais a produtividade e qualidade da produção.

Para reduzir os prejuízos com a doença, é preciso conhecê-la e saber como manejar corretamente.

Por isso, fizemos este artigo exclusivo com o Agronômica Laboratório de Diagnóstico Fitossanitário para que você entenda e evite a podridão branca em sua área. Confira:

Podridão branca da espiga: Importância e patógenos

A podridão branca da espiga pode causar grandes prejuízos na cultura do milho, afetando diretamente os grãos ou sementes, ou seja, o produto comercial. 

Ela causa redução na produtividade e qualidade dos grãos ou sementes colhidas na lavoura.

A podridão branca é causada pelos fungos Stenocarpella macrospora e Stenocarpella maydis, que tem como o nome sinônimo de Diplodia maydis e D. zeae.

Por isso, você também pode encontrar o nome da doença como Podridão da Espiga causada por Diplodia.

Uma pesquisa da Embrapa constatou perdas superiores a 70% no peso das espigas quando comparadas com espigas não inoculadas artificialmente com S. maydis.

As espécies de Stenocarpella spp. podem ocasionar, além da podridão branca, a Podridão do Colmo, podendo ser causada por ambas as espécies; e a Mancha foliar de Diplodia, causada por S. macrospora.

A ocorrência da podridão branca da espiga depende do clima. São condições favoráveis ao desenvolvimento da doença as temperaturas moderadas e alta umidade.

Por isso, atenção após longos períodos de chuva.

E como identificar essa doença na sua lavoura? Vamos falar sobre isso a seguir:

podridão branca da espiga

Doença causa perda de produtividade e qualidade na lavoura de milho
(Fonte: Elevagro)

Como identificar a podridão branca da espiga

Geralmente, os sintomas da podridão branca começam pela base da espiga, com crescimento do micélio do fungo entre os grãos.

Você pode observar na imagem abaixo, as espigas infectadas podem adquirir coloração acinzentada a esbranquiçada, enrugada e leve. 

Além disso, podem apresentar as palhas internas fortemente aderidas umas às outras e aos grãos por ter ocorrido o crescimento do micélio do fungo quando a infecção acontece logo após  a polinização.

Os grãos ou sementes, quando infectados, apresentam coloração cinza a marrom.

Com o desenvolvimento do fungo, observa-se a formação de uma camada esbranquiçada entre as fileiras de grãos na espiga, o que explica o nome da doença: podridão branca da espiga.

espiga Embrapa Stenocarpella maydis

Espiga completamente colonizada por Stenocarpella maydis
(Fonte: Embrapa)

Se as espigas são colonizadas tardiamente na cultura, os sintomas se mostram menos severos.

Porém, é possível observar o crescimento do fungo entre os grãos, não apresentando manifestação externa na espiga.

Nas sementes contaminadas pode não ocorrer a germinação, indicando que os fungos atacam e matam o embrião.

Já se a semente germina e a plântula emerge infectada, o vigor da planta sobrevivente é comprometido.

Baseado no sintoma, não é possível que você diferencie se a doença é causada por S. macrospora ou por S. maydis.

Uma forma simples de diferenciar os fungos é pelo tamanho dos esporos (conídios) visualizados em microscópio. Normalmente, os esporos de S. macrospora são maiores que os de S. maydis.

Embrapa esporos de S. macrospora

Conídios de Stenocarpella macrospora
(Fonte: Embrapa)

Embrapa Stenocarpella maydis

Conídios de Stenocarpella maydis
(Fonte: Embrapa)

Lembrando que existem outros métodos para a diferenciação dos fungos. Agora que você sabe os sintomas dessa doença, como manejá-la na sua área?

Controle da podridão da espiga na sua área

Quando pensamos em medidas de manejo para a podridão branca da espiga, uma importante estratégia de controle preventivo é a utilização de sementes sadias.

Para garantir a qualidade das sementes e a produção de grãos de milho na sua lavoura, é recomendável enviá-las a um laboratório para detecção precoce, mesmo quando não apresentam aspecto de “grãos ardidos”.

Laboratórios como o Agronômica dispõem de métodos rápidos e sensíveis para a detecção precoce da doença.

Assim, há mais segurança para os lotes e campos de produção de sementes e grãos de milho. Você ainda agrega valor econômico e nutricional a seu produto final.

Para um eficiente controle da podridão branca da espiga, você pode utilizar um controle integrado, com:

  • Uso de sementes sadias;
  • Tratamento de sementes: prevenir a deterioração da semente e evitar a transmissão dos patógenos das sementes infectadas para as plântulas;
  • Rotação de culturas;
  • População adequada, para não propiciar um ambiente favorável para a doença;
  • Equilíbrio nutricional;
  • Resistência genética: híbridos de milho (comerciais) têm sido classificados quanto a sua resistência às podridões do colmo e da espiga. Mas, não existe uma descrição clara da reação dos materiais genéticos especificamente para cada patógeno.

Em caso de dúvidas, procure um engenheiro(a) agrônomo(a).

Agora que você sabe como manejar a doença na sua lavoura, veja as principais fontes de inóculo e a disseminação da podridão branca da espiga.

Fontes de inóculo e disseminação da podridão branca da espiga

Os fungos S. macrospora e S. maydis são fungos necrotróficos, apresentando fase parasitária na planta viva e fase saprofítica em restos culturais. 

Por isso, esses fungos podem ser encontrados fora do período de cultivo em sementes e nos restos culturais. Esta informação é importante para a determinação das fontes de inóculo.

Uma importante fonte de inóculo desses fungos são as sementes contaminadas.

Por isso, é de extrema importância que você utilize na sua lavoura sementes sadias e certificadas.

A semente infectada é um dos principais veículos para disseminação dos fungos para novas áreas de cultivo e lavouras de milho.

Outro ponto importante é que sementes infectadas com os fungos causadores da podridão branca, quando armazenadas, podem garantir a sobrevivência dos patógenos até a semeadura.

O período mais crítico para a introdução da doença é de duas a três semanas após o início da formação dos grãos.

Além das sementes, restos de culturas de milho contaminados com S. macrospora e S. maydis que permanecem na superfície do solo também são fontes de inóculo para a doença.

Monocultura e SPD

A podridão branca da espiga ocorre com mais intensidade em lavouras de monocultura, principalmente produtoras de semente, onde o milho é frequentemente cultivado na mesma área, ocasionado pela fonte de inóculo dos restos culturais.

Neste sentido, a Aprosoja orienta os produtores que, plantios sucessivos com ampla adoção do sistema de plantio direto, sem rotação de culturas, e a utilização de genótipos suscetíveis, acabam favorecendo a ocorrência da doença.

Isso acontece em função da elevada capacidade dos patógenos sobreviverem no solo e em restos de cultura, resultando no rápido acúmulo de inóculo nas áreas de cultivo.

Atente-se que o problema não é realizar o plantio direto, mas não utilizar a rotação de culturas, que é um dos princípios fundamentais do SPD.

A palha (restos culturais) sobre o solo desfavorece a decomposição rápida, o que aumenta o período de sobrevivência dos patógenos necrotróficos, favorecendo a dispersão e a ocorrência da podridão branca da espiga.

A infecção da espiga normalmente ocorre por esporos dos fungos disseminados pelo vento, provenientes de restos culturais contaminados com o patógeno.

Esses patógenos afetam os grãos e as sementes por poderem produzir grãos ardidos e micotoxinas.

Grão ardidos e micotoxinas causados por Stenocarpella macrospora e S. maydis

Os fungos S. macrospora e S. maydis são conhecidos por causar os “grãos ardidos”, que tem essa denominação pelas espigas se tornarem leves devido ao baixo peso dos grãos infectados.

Grãos ardidos em milho são grãos que possuem pelo menos um quarto de sua área descolorida. Sua cor varia entre diferentes tons de marrom, roxo e vermelho.

podridão branca da espiga

Comparação de amostras de grãos de milho ardidos (A) e sadios (B)(Fonte: Rodrigo Véras da Costa em Embrapa)

Além disso, associados a esses grãos ardidos, pode haver problemas qualitativos (qualidade do grão) e quantitativos (grãos de menor peso).

Com isso, ocorre redução do preço de comercialização do grão ou da semente.

Então, podridão da espiga e do grão causadas por fungos que afetam o milho em contaminação na pré-colheita são denominados grãos ardidos.

Já se isso ocorre na pós-colheita (transporte, beneficiamento e armazenamento) é denominado grãos mofados ou embolorados.

Os principais fungos que podem causar grãos ardidos na sua lavoura são:

  • S. maydis;
  • S. macrospora;
  • Fusarium verticilioides; 
  • F. subglutinans; 
  • Gibberella zeae; 
  • Penicillium oxalicum (ocasionalmente);
  • Aspergillus flavus (ocasionalmente);
  • A. parasiticus (ocasionalmente).

Além da produção dos grãos ardidos, os fungos podem produzir micotoxinas.

Isso pode influenciar no valor econômico dos grãos e na redução da qualidade nutricional para o consumo humano e para produção de rações para os animais.

Micotoxinas são metabólitos secundários produzidos por fungos e estão associados a efeitos desfavoráveis à saúde humana e animal.

O fungo S. maydis pode produzir uma micotoxina denominada diplodiotoxina. O S. macrospora também pode produzir as micotoxinas diplodiol, chaetoglobosins K and L.

planilha de produtividade de milho

Conclusão

A podridão branca da espiga do milho pode causar perdas quantitativas e qualitativas nos grãos e nas sementes, causando os grãos ardidos.

Neste artigo comentamos a importância e os patógenos que causam a doença.

Além disso, abordamos os principais sintomas e como realizar um manejo eficiente na sua lavoura.

Por fim, discutimos as fontes de inóculo, disseminação da doença e a produção de micotoxinas.

Agora que você sabe mais sobre a doença, realize o manejo na sua lavoura para não ter problemas com a podridão branca da espiga em sua propriedade!

>> Leia mais:

Antracnose nas culturas de grãos: Como controlar de modo eficaz

Mofo-branco: Como identificar, controlar e prevenir na sua lavoura

Míldio: Como identificar na sua lavoura e combater essa doença

Você já teve problemas com podridão branca da espiga do milho na sua lavoura? Quais medidas de manejo utiliza para o controle? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Como fazer o manejo efetivo da necrose da haste da soja

Necrose da haste da soja: Sintomas, diagnose e as principais formas de manejo da doença para evitar prejuízos na sua lavoura.

A cultura da soja é muito importante para o Brasil, tendo como estimativa de safra para 2018/19, segundo a Conab, 115 milhões de toneladas.

No entanto, vários fatores podem afetar sua produção, como as doenças. E uma das que merecem nossa atenção é a necrose da haste da soja.

Com alto potencial de prejuízo na lavoura, a doença ganha notoriedade. Para que isso não ocorra, precisamos entender como é realizada a correta identificação e quais as principais medidas de manejo. 

Por isso, fizemos esta matéria exclusiva com a Agronômica Laboratório de Diagnóstico Fitossanitário e Consultoria, através da Dra. Tatiana Mituti,  esclarecendo todas essas questões. Confira!

Necrose da haste da soja e sua importância

A necrose da haste da soja é uma doença causada pelo vírus Cowpea mild mottle virus (CpMMV), que pertencente ao gênero Carlavirus.

Essa virose foi identificada no Brasil, primeiramente, em feijoeiro da cultivar Jalo, em 1979.

Na cultura da soja, o CpMMV foi detectado mais tarde, na safra 2000/01.

E, desde então, a doença pode causar prejuízos na cultura da soja se não forem realizadas as medidas de manejo, como vamos discutir mais adiante.

As plantas hospedeiras deste vírus pertencem à família das leguminosas, sendo a soja e o feijão os principais hospedeiros.

Em feijoeiro, o CpMMV pode causar a doença chamada mosaico angular do feijoeiro.

CpMMV é transmitido pela mosca-branca (Bemisia tabaci), sendo que a transmissão do vírus é diretamente proporcional à população de mosca-branca na área.

Esse inseto vetor é responsável pela disseminação de muitas viroses no Brasil, para várias culturas.

necrose da haste da soja

Mosca branca, Bemisa tabaci MEAM1 (biótipo B)

(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

A mosca branca infectada com o CpMMV pode disseminar a necrose da haste da soja para outras áreas de cultivo.

Mas além dessa disseminação, algumas pesquisas relatam que sementes infectadas com CpMMV apresentam potencial para disseminar o vírus nos plantios de soja.

Entender essas formas de disseminação é importante para determinar as medidas de manejo para a necrose da haste da soja.

Mas antes de falarmos sobre as medidas de manejo, veja alguns sintomas da doença:

Sintomas da necrose da haste da soja

Nas plantas de soja, o vírus pode causar alguns sintomas como:

  • Escurecimento do pecíolo e das nervuras foliares;
  • Clorose e mosaico da folha, podendo apresentar aspecto de bolhas no limbo foliar;
  • Necrose da haste;
  • Queima do broto;
  • Nanismo;
  • Vagens deformadas e grãos pequenos.

Esses sintomas ficam mais evidentes na floração e no início da formação das vagens.

Assim, no início da doença, os sintomas podem passar despercebidos pelos produtores. Os sintomas começam a se manifestar, ficando mais evidentes após a floração.

Quando a planta está infectada com o vírus, após a floração, normalmente se observam os sintomas de necrose na haste e queima do broto. E isso pode progredir para a morte da planta, que irá impactar na produção da sua lavoura. 

necrose da haste da soja

Sintomas da infecção do Cowpea mild mottle virus (CpMMV) em soja. A) Necrose sistêmica das nervuras; B) curvatura do broto apical; c) Necrose da haste da soja.

(Fonte: Gabriel M. Favara)

Se você realizar o corte da haste de soja infectada com este vírus, provavelmente irá observar um escurecimento da parte interna.

Mesmo observando a necrose da haste e outros sintomas da doença, algumas vezes estes podem passar despercebidos pelos agricultores ou serem confundidos com outras doenças.

Por isso, é importante realizar o diagnóstico correto das plantas de soja.

Diagnóstico da necrose da haste da soja

Para a correta diagnose da doença na planta ou na semente de soja, recomenda-se realizar a análise das amostras através do método molecular.

Para isso, é necessário o envio das amostras para um laboratório capacitado. Um exemplo de laboratório é o Agronômica

As etapas para análise são: extração do ácido nucléico (RNA total) a partir de folhas ou sementes; posteriormente, é realizada a RT-PCR (Transcrição Reversa – reação em cadeia de polimerase), que serve para amplificar (multiplicar) o número de cópias de uma sequência específica de RNA; e análise dos resultados, quanto à ausência ou presença da praga alvo.

necrose da haste da soja

Etapas para extração de ácido nucléico; e equipamento utilizado para a RT-PCR, que permite a correta diagnose de doenças em plantas.

(Fonte: Laboratório Agronômica)

A correta diagnose é muito importante nas plantas na sua lavoura de soja, mas principalmente nas sementes que são utilizadas para implantação da cultura na área.

Agora que você sabe como diagnosticar a necrose da haste, vamos falar sobre as principais medidas de manejo da doença.

Medidas de manejo para a necrose da haste da soja

As principais medidas de manejo para esta doença são preventivas, ou seja, devem ser realizadas para que a doença não ocorra na sua lavoura de soja.

Algumas medidas de manejo são:

  • Uso de cultivares de soja resistentes ou tolerantes ao CpMMV;
  • Uso de sementes sadias e certificadas;
  • Controle químico do vetor (mosca branca): como a transmissão do vírus para as plantas de soja é muito rápida, nem sempre o controle químico é uma boa opção.

Lembrando que, para um manejo efetivo, você deve utilizar várias medidas de manejo, ou seja, integrar diferentes práticas.

Em caso de dúvidas para a escolha da cultivar de soja a ser utilizada na sua lavoura, procure um(a) eng. Agrônomo(a).

>> Leia mais: “Mofo-branco: Como identificar, controlar e prevenir na sua lavoura

Conclusão

A necrose da haste da soja pode causar perdas na produtividade da cultura, por isso é importante conhecê-la.

Neste texto, comentamos sobre a importância da doença e sua disseminação.

Abordamos ainda os sintomas e como é realizado o diagnóstico da doença por um laboratório.

E, por fim, discutimos as principais medidas de manejo da necrose da haste da soja na sua área. 

Agora que você conhece essas informações, realize o controle preventivo para a necrose da haste da soja para evitar problemas com a doença em sua propriedade!

>> Leia mais:

Antracnose nas culturas de grãos: Como controlar de modo eficaz
Tudo sobre o oídio e como manejá-lo em sua área
Fungos de solo: veja as principais causas e como evitá-los

Você tem problemas com necrose da haste da soja na sua lavoura? Quais medidas de manejo utiliza para controle? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Tudo sobre as novas cultivares de soja com resistência ao nematoide do cisto

Resistência ao nematoide do cisto: Novas cultivares de soja, raças do NCS e as principais medidas de manejo para evitar prejuízos na lavoura.

Muitos problemas podem afetar uma lavoura de soja. O nematoide do cisto é um deles e pode causar perdas de até 100% na produtividade.

Para evitar prejuízos, é importante conhecer as características do nematoide, sintomatologia nas plantas de soja e medidas de manejo.

Uma das mais eficientes é o uso de cultivares com resistência ao nematoide do cisto. 

Aqui mostramos os estudos com novos cultivares de soja com essa resistência e outras dicas para se livrar desses nematoides na sua área. Confira!

Resistência ao nematoide do cisto da soja

O mecanismo de resistência das cultivares de soja ao Nematoide do Cisto da Soja (NCS) (Heterodera glycines) é, normalmente, a reação de hipersensibilidade. Ou seja, os tecidos da planta de soja afetados morrem, o nematoide não se desenvolve e acaba morrendo.

Existem, no mercado, várias cultivares de sojas resistentes normalmente apenas às raças 1 e 3 do NCS.

Uma cultivar lançada este ano pela Embrapa, Fundação Cerrados e Fundação Bahia, a BRS 7581RR, tem resistência a quatro raças do NCS: 1, 3, 5 e 14.

Mesmo tendo várias cultivares de soja no mercado, é necessária a contínua busca por novas variedades que sejam resistentes a mais raças do NCS e a novas fontes de resistência, pois o nematoide apresenta alta variabilidade genética.

Por isso, várias instituições de pesquisa trabalham para obtenção de cultivares resistentes de soja.

Para entender melhor como essas pesquisas são realizadas, vou comentar sucintamente sobre um trabalho desenvolvido pela UFMT para seleção de genótipos de soja resistentes a raças do NCS.

Estudos sobre resistência ao nematoide do cisto da soja

No estudo da UFMT foram testadas linhagens e cultivares de soja provenientes do Programa de Melhoramento Genético da Universidade Federal de Uberlândia.

Para a pesquisa, foi avaliada a resistência dos genótipos às raças de NCS: 1, 2, 4, 5, 6 e 14.

Também foram incluídas no teste algumas cultivares diferenciadoras (padrão de suscetibilidade e resistência) para caracterização das raças.

Foram analisadas algumas variáveis como: altura de plantas, diâmetro do caule e número de fêmeas do NCS nas raízes.

E, ao final, têm-se as cultivares que apresentaram resistência, algum grau de resistência ao nematoide do cisto ou são suscetíveis a ele.

Lembre-se que foram e são realizados muitos trabalhos para desenvolvimento de cultivares resistentes de soja por várias instituições de pesquisas.

E os trabalhos apresentam muitas diferenças quanto à execução e desenvolvimento para a obtenção de novas cultivares com resistência ao nematoide do cisto.

resistência ao nematoide do cisto

Fêmeas do nematoide do cisto da soja

(Fonte: C. Grau em Crop Protection Network)

Você observou que falamos de raças do NCS. Mas, afinal, o que são essas raças?

Raças do Nematoide do cisto da soja

Raça fisiológica é habilidade de uma determinada população em parasitar determinada planta hospedeira. Ou seja, são populações de nematoides que a maioria tem preferência por parasitar uma hospedeira.

Já foram encontradas 11 raças de NCS no Brasil. Essas raças são denominadas 1, 2, 3, 4, 4+, 5, 6, 9, 10, 14 e 14+.

As raças 4+ e 14+ somente foram descritas no Brasil e diferem das raças 4 e 14 por parasitar a ‘Hartwig’, uma cultivar de soja norte-americana até então resistente a todas as raças conhecidas nos EUA.

Ainda não sabe se tem problemas com esse nematoide na sua fazenda? Veja a seguir como descobrir:

Como saber se tenho o nematoide do cisto na minha área? Veja os principais sintomas

Na cultura da soja, o NCS causa a doença nanismo amarelo da soja.

Como o nematoide penetra na raiz, isso interfere na absorção de água e nutrientes, provocando porte reduzido (plantas pequenas) e clorose na parte área das plantas. Esses sintomas, normalmente, acontecem em reboleira.

Pelos danos causados nas raízes, algumas plantas podem acabar morrendo.

resistência ao nematoide do cisto

Danos causados por nematoides na soja, sintoma em reboleira

(Fonte: Grupo Cultivar)

Para o diagnóstico correto, deve-se observar as fêmeas presas nas raízes das plantas ou cisto no solo. Normalmente, as raízes das plantas atacadas ficam com desenvolvimento reduzido.

A análise de solo pode te auxiliar na identificação do nematoide do cisto da soja. Falamos recentemente sobre isso aqui no blog. Confira: “Nematoide de cisto: como afeta sua lavoura e o que fazer para se livrar dele”.

Manejo integrado do nematoide do cisto da soja

O cisto é uma importante estrutura para a dispersão do nematoide em áreas de cultivos, por ser resistente e leve.

Você pode disseminar o NCS de uma área infestada para uma área sem a presença do nematoide pelo transporte de solo infestado.

Esse transporte pode ocorrer pelo trânsito de máquinas e implementos agrícolas, sementes que apresentem partículas do solo, vento, água e outros.

Assim, em muitas áreas (propriedades) não infestadas pelo NCS, a prevenção da sua entrada é muito importante.

Algumas medidas relacionadas à prevenção são:

  • Limpeza de máquinas e implementos agrícolas vindas de outras áreas de cultivo. Deve-se realizar a limpeza de equipamento, veículos e até calçados vindos de áreas infestadas com o NCS;
  • Sementes sadias e certificadas.

Se o nematoide já estiver presente na sua área, você precisará conviver com o NCS, pois a erradicação desse fitonematoide é muito difícil. 

Dessa forma, algumas medidas de manejo são:

  • Rotação de culturas com plantas não hospedeiras do NCS como: milho, arroz, sorgo, algodão, entre outras;
  • Controle químico e biológico: o tratamento pode ser aplicado diretamente no solo ou no tratamento de sementes;
  • Cultivares resistentes. As cultivares resistentes de soja que são mais disponíveis no mercado são resistentes às raças 1 e 3.

Além disso, plantas armadilhas (o nematóide penetra, mas não completa seu desenvolvimento) também pode ser utilizadas. Veja aqui Como a crotalária controla nematoides em sua lavoura.

Lembre-se que o uso de cultivar resistente não deve ser feito sozinho como medida de manejo.

O uso somente da técnica de controle genético (cultivar resistente) e utilização da mesma fonte de resistência pode promover pressão de seleção sobre a população do patógeno e selecionar indivíduos capazes de parasitar as plantas que eram resistentes (perda da resistência).

Por isso, é importante um manejo integrado, utilizando diferentes técnicas.

resistência ao nematoide do cisto

(Fonte: Michigan Soybean Promotion Committee)

Conclusão

Existem no mercado cultivares de soja com resistência ao nematoide do cisto, porém apenas a poucas raças. 

Neste artigo, falamos sobre elas, sua obtenção e raças que o nematoide apresenta.

Também comentamos sobre os sintomas que o NCS pode causar na soja, sua disseminação e melhores manejos. 

Agora que você sabe dessas informações, não deixe que o nematoide cause perdas na sua propriedade!

>> Leia mais:

Como controlar nematoide das galhas de uma vez por todas

Tipos de nematoides: Conheça suas características e saiba como combatê-los


Você já utilizou cultivares com resistência ao nematoide do cisto? Quais medidas de manejo você utiliza em sua lavoura? Adoraria ver seu comentário abaixo

Agrofit: Conheça o maior banco de informações sobre defensivos do Brasil

Agrofit: Saiba como pesquisar no maior banco de informações sobre defensivos agrícolas do Brasil!

Tão comum quanto as pragas do campo são as dúvidas para combatê-las.

O Agrofit é uma importante ferramenta na hora de pesquisar pelos produtos que vamos utilizar em nossa lavoura.

Com informações de doses, formulações, marcas e tudo o que é necessário para as aplicações, o Agrofit agrupa todos os defensivos registrados no Brasil.

Mas você sabe como fazer as pesquisas de forma mais eficiente no site? Confira o passo a passo a seguir!

Agrofit: Como funciona o banco de informações de agroquímicos

O Agrofit é um site do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)/Coordenação Geral de Agrotóxicos e Afins, que contém um banco de informações sobre os produtos agroquímicos e afins registrados no Ministério da Agricultura. 

O site permite a realização de pesquisas importantes para controle de pragas na agricultura brasileira.

Para você acessar o banco de informações, primeiramente entre no site do MAPA. A tela que aparecerá inicialmente é essa da figura abaixo! Veja:

Agrofit

Vamos ver agora um passo a passo de como pesquisar no site. Para isso, vamos supor que precisamos buscar informações sobre o controle de plantas daninhas na cultura do milho.

Passo a passo para acessar o Agrofit

1- Após entrar no site, clique em Consulta Aberta (Acesso Livre). Sua tela ficará como na imagem abaixo:

Agrofit

2- A pesquisa pode ser feita clicando nos links que aparecem na parte superior do site. 

3- Você poderá fazer a busca por pragas (insetos, doenças e plantas daninhas), ingredientes ativos, produtos formulados, produtos técnicos ou relatórios.

Vamos selecionar no item “pragas” as “plantas daninhas”. Na sua tela aparecerá a página abaixo:

Como podemos ver, neste caso, você precisará saber o nome da planta daninha que deseja obter informações.

4- Vamos procurar sobre a planta daninha conhecida por corda-de-viola. Para isso, escreva no campo “nome vulgar” o nome da planta daninha (no nosso caso, “corda-de-viola”), como na figura abaixo. 

Caso você já saiba a espécie, você poderá buscar pelo nome científico.

5- Clique em consultar! Aparecerá então a tela abaixo, com todas as espécies de cordas-de-viola.

6- Feito isso, selecione qual espécie deseja informações. No nosso exemplo, vamos clicar em Ipomoea purpurea.

Ao clicar sobre a espécie, você poderá ver informações sobre aquela planta, incluindo os produtos que atuam no seu controle.

O site apresenta as características daquela espécie como: ciclo, forma de reprodução, habitat, características botânicas das folhas, flores e frutos, regiões de ocorrência e os produtos indicados para o seu manejo.

Agora vamos ver caso você deseje encontrar informações específicas para o manejo de plantas daninhas na cultura do milho.

Agrofit: Como pesquisar informações específicas para uma cultura

1- Selecione a consulta por ingredientes ativos. Aparecerá a tela abaixo:

2- Clique em “culturas” e selecione “milho”

3- Clique em consultar e, então, em sua tela aparecerá todos os produtos registrados para a cultura do milho.

4- Selecione agora o produto que você deseja obter mais informações. No exemplo, selecionamos o herbicida atrazina.

Aparecerá em sua tela todas as informações sobre este produto, todos os produtos formulados registrados para a cultura do milho e que contenham como ingrediente ativo a atrazina.

Você também poderá obter informações sobre:

  • Classe do produto
  • Fórmula
  • Nome químico
  • Classe/categoria agronômica (no caso, herbicida)

E, no campo inferior esquerdo aparecerá a quantidade de produtos registrados com aquele ingrediente ativo – que no nosso exemplo são 56. 

Agrofit: Busca por produtos formulados

Você poderá também, fazer a busca por Produtos Formulados. Neste caso, aparecerá a tela abaixo:

Neste caso, você pode pesquisar pelo:

  • Nome da marca comercial
  • Titular do registro
  • Número do registro
  • Ingrediente ativo
  • Aplicação
  • Classe
  • Classificação toxicológica
  • Classificação ambiental
  • Cultura em que é registrado

Em Produtos Formulados você poderá consultar as doses recomendadas; o modo de ação do produto (contato ou sistêmico); como ele pode ser aplicado (terrestre ou aéreo); a classificação toxicológica e ambiental; o titular do registro; marca comercial e as culturas e plantas daninhas para quais são indicados.

Quanto mais informações você tiver, mais rápido encontrará o produto que deseja.

Lembrando que agora estamos sobre um novo marco regulatório sobre a classificação dos produtos.

A classificação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que antes eram 4 categorias, passam a ser 5. Além disso, inclui o item “não classificado” para aqueles produtos de baixíssimo potencial de dano.

O Brasil adotou essa reclassificação para utilizar como base os padrões do Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos (Globally Harmonized System of Classification and Labelling of Chemicals – GHS), passando a ter regras harmonizadas com as de países da União Europeia e da Ásia.

A reclassificação fica assim:

Categoria 1 – Produto Extremamente Tóxico – faixa vermelha: 43.

Categoria 2 – Produto Altamente Tóxico – faixa vermelha: 79.

Categoria 3 – Produto Moderadamente Tóxico – faixa amarela: 136.

Categoria 4 – Produto Pouco Tóxico – faixa azul: 599.

Categoria 5 – Produto Improvável de Causar Dano Agudo – faixa azul: 899.

Não classificado – Produto Não Classificado – faixa verde: 168.

Não informado – 16.

Produtos cujo processo matriz não foi localizado: 2.

Baixe grátis o Guia para Manejo de Plantas Daninhas

Conclusão

Vimos no texto de hoje como encontrar produtos em um dos maiores bancos de informações de defensivos do Brasil, o Agrofit.

No Agrofit é possível pesquisar as informações sobre os produtos registrados para todas as culturas.

Você também pode realizar a pesquisa pela praga, doença ou planta daninha, além de consultar os ingredientes ativos e produtos formulados.

Espero que com essas informações você possa fazer melhor uso desse banco de informações tão importante como é o Agrofit!

Ainda tem dúvidas sobre o Agrofit? Tem mais dicas de como fazer a pesquisa sobre produtos utilizados nas lavouras? Adoraria ver o seu comentário abaixo!

Nematoide de cisto: Como afeta sua lavoura e o que fazer para se livrar dele

Nematoide de cisto: Como identificar esse micro-organismo na sua área e fazer o controle de forma adequada para evitar prejuízos.

Nematoides não são um tema fácil quando se fala de lavouras. Sua presença pode causar perdas significativas na produção de soja e e, além do prejuízo direto, eles também contribuem de diferentes modos para outras doenças.

O nematoide de cisto, por exemplo, é uma das maiores dores de cabeça na lavoura de soja. E como identificar sua presença na área? Qual a forma de controle ideal?

Nesse artigo, vou mostrar como você pode se livrar desse fitonematoide em sua lavoura. Confira a seguir! 

Nematoide de cisto: Heterodera glycine 

O nematoide de cisto (Heterodera glycine) é um endoparasita com ciclo de vida que dura em torno de 21 a 23 dias, com 4 fases ou ecdises. Na segunda fase do ciclo juvenil, ele realiza infestação nas raízes. 

São as fêmeas que completam o ciclo e permanecem dentro da raiz, após fertilizadas, produzindo e armazenando ovos no interior de seu corpo que, após a sua morte, se altera, se tornando rígido e quimicamente adquirindo coloração marrom. 

Essa estrutura possui cerca de 500 ovos que, mesmo sem a presença de hospedeiro, podem permanecer viáveis por até 7 anos.

nematoide de cisto

(Fonte: Nematoide Brasil)

O nematoide Heterodera glycine ou nematoide de cisto (NCS) possui de três a seis gerações por ano.

As fêmeas têm de 0,4 mm a 0,8 mm de comprimento, com formato de limão, ligeiramente alongado. Já os machos possuem de 0,6 mm a 1,6 mm de comprimento, vermiformes com cauda arredondada.

As condições ótimas para seu desenvolvimento são temperaturas entre 23℃ e 28℃, cessando com temperaturas inferiores a 14℃ ou superiores a 34℃. Condições nada difíceis em nosso país tropical, não é mesmo? 

Ocorrência e sintomas do nematoide de cisto

O nematoide de cisto foi identificado pela primeira vez na região do Cerrado, nas lavouras de soja, na safra de 1991/92. Hoje, estima-se que esteja presente em milhões de hectares no Brasil.

É característico desse nematoide que os sintomas apareçam em reboleiras, com plantas de baixo crescimento, com clorose, nanismo, raquíticas e com amarelamento.

O amarelecimento causado por NCS ocorre na época de florescimento da cultura da soja.

Ele se diferencia do ocorrido por deficiências nutricionais, como de ferro, pois essas aparecem mais cedo no ciclo da cultura. 

Mas o diagnóstico definitivo sempre exige observação do sistema radicular, que fica reduzido e infestado, apresentando minúsculas fêmeas brancas do nematoide.

nematoide de cisto

Sistema de raízes fica reduzido e infestado por minúsculas fêmeas do nematoide de cisto da soja (A); fêmeas maduras e cistos (B); cisto rompido com ovos (C); 

(Fonte: Luiz Ferraz e Derek Brown)

Identificação do nematoide de cisto

Se tem uma coisa que não se pode deixar passar para identificar nematoides é a análise de solo. Ela é a base para identificar qual espécie está atacando a lavoura.

O período da entressafra é um bom momento para realizar essa análise. Você também pode fazer a análise das raízes de plantas daninhas que, na maioria das vezes, são hospedeiras dos nematoides.

A amostra habitual da análise de solo da sua lavoura pode ser utilizada para a análise de nematoides. Aqui no blog nós já falamos sobre isso na matéria: “Tudo o que você precisa saber para acertar na escolha do laboratório de análise de solo.”

Disseminação

A movimentação de nematoides no solo é bastante limitada. Com o manejo de muitas áreas, somos responsáveis por boa parte da disseminação dos nematoides entre elas.

Um cuidado muito importante para evitar a disseminação é a limpeza do maquinário

Assim, evitamos a disseminação de nematoides. Além de que, iniciar pelas áreas limpas ou mais sadias, sempre é a melhor opção.

Manejo do nematoide de cisto

Uma vez presente na região, é muito difícil a eliminação da população de nematoides. Por isso, o  foco aqui é quebrar o ciclo dele. 

Cultural

Rotação de culturas é vantajosa em vários aspectos para a sua lavoura, desde que sejam espécies não hospedeiras do nematoide.  

Nesse sentido, as crotalárias são uma das melhores opções no controle dos nematoides. 

Suas raízes exercem a função de armadilha, permitindo a penetração de nematoides jovens que não conseguirão se desenvolver até a fase adulta na planta hospedada. 

Aqui no blog falamos recentemente sobre “Como a crotalária controla nematoides em sua lavoura”.

Além disso, elas contribuem como massa verde e também na fixação biológica de nitrogênio atmosférico. Isso ajuda no aumento do fornecimento de carbono fotossintetizado para fungos e bactérias.

Outras plantas que podem ser utilizadas são a braquiária e o milheto, com foco na produção de matéria orgânica, favorecendo outros micro-organismos com hábitos alimentares diferentes, diminuindo, assim, os fitonematoides.

nematoide de cisto

Sintomas do nematoide de cisto aparecem em reboleiras, com amarelamento. Em muitos casos, plantas acabam morrendo

(Fonte: Revista Globo Rural)

Nematicidas biológicos e químicos

Os produtos biológicos têm apresentado ótimos resultados a campo, atuando por competição ou predação dos nematoides.

Eles ainda permanecem por mais tempo no ambiente e contribuem para toda a vida biológica do agrossistema.

Essa modificação da rizosfera favorece a alteração da suscetibilidade do hospedeiro. 

Os principais agentes biológicos utilizados são: 

  • Pochonia chlamydosporia
  • Pausteria nishizawae
  • Paecilomyces lilacinus

O tratamento pode se dar de forma direta ao solo e também na forma de tratamento de sementes para combate e controle preventivo.

No tratamento de sementes, o uso de produtos biológicos e até mesmo químicos para controle de nematoides tem intuito de promover o desenvolvimento radicular inicial, permitindo que a planta se estabeleça. 

Cultivares resistentes 

Existem no mercado algumas opções de cultivares de com resistência ao NCS. A maioria é resistente às raças 1 e 3. Além disso, é muito importante você avaliar se essa cultivar é precoce ou tardia para que se encaixe no seu planejamento

A Embrapa, que tem o maior banco de germoplasma de soja tropical do mundo, lançou recentemente a cultivar BRS 7581RR. Ela é resistente a quatro raças: 1, 3, 5 e 14 do nematoide do cisto da soja (NCS). É uma cultivar RR precoce de ciclo médio de 85 a 117 dias.

Os silicatos também têm se apresentando como uma alternativa, atuando como indutor químico de resistência. 

Conclusão

Muitas das estratégias de controle de nematoides podem servir como prevenção e contribuir muito na qualidade da lavoura como um todo. 

Desde o uso de mais rotação de culturas e plantio direto ao uso de microrganismos..

Desse modo, você vai aos poucos se livrando dos fitonematoides e estabelecendo uma lavoura mais sã e produtiva. 

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Você já teve problemas com o nematoide de cisto na sua área? Como fez o manejo? Compartilhe suas experiências nos comentários!

Mofo-branco: como identificar, controlar e prevenir na sua lavoura

Mofo-branco: características da doença e as principais formas de manejo para evitar prejuízos na sua lavoura.

As doenças estão, frequentemente, causando prejuízos na lavoura. O mofo-branco, por exemplo, tem uma ampla gama de plantas hospedeiras como soja, feijão, girassol, algodão e outras.

No caso da soja, a doença pode causar perdas de até 70% na produtividade.

Outro aspecto importante é que o fungo forma estruturas de resistência que podem permanecer viáveis no solo por vários anos. Então, é preciso evitar a entrada do patógeno na área e manejá-lo adequadamente quando já está presente para evitar perdas.

Confira a seguir as principais características da doença, ciclo de vida e formas de manejo para a sua lavoura!

O que causa o mofo-branco nas culturas agrícolas

O mofo-branco, ou podridão-de-Sclerotinia, é uma doença causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, principalmente, e pode causar altas perdas na produtividade de culturas como algodão, soja, feijão e muitas outras de grande importância econômica.

Estima-se que a doença pode afetar diferentes espécies de plantas, com registro de mais de 400 espécies hospedeiras (ampla gama de plantas hospedeiras, exceto as gramíneas). Além disso, está distribuída em muitas regiões do mundo. 

Alta umidade e temperaturas amenas são o ambiente favorável para desenvolvimento da doença. Dessa forma, áreas irrigadas podem favorecer o mofo-branco, por proporcionar ambientes com alta umidade.

Os sintomas da doença são bastante característicos. Normalmente, ocorrem lesões encharcadas nas partes aéreas da planta. E, após o progresso, há o crescimento de um micélio branco, com aspecto cotonoso (parecido com algodão) sobre essas lesões. Após um período, ocorre a formação de escleródios.

Os escleródios são enovelamento/agregado de hifas, que são estruturas de resistência do fungo. Assim, este fungo pode sobreviver no solo através dessas estruturas.

mofo-branco
Placa de Petri com crescimento em meio de cultura de Scletotinia sclerotiorum com micélio branco e escleródios
(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

A formação de escleródios ocorre em resposta às mudanças na disponibilidade de nutrientes no meio em que se encontra o fungo. Os escleródios tem formato irregular e tamanho pequeno (milímetros).

Inicialmente, essas estruturas apresentam coloração branca, que depois progride para uma cor escura e com aspecto duro.

Assim, os escleródios no final do processo da sua formação apresentam cor escura pelo depósito de melanina, que possivelmente confere proteção a essas estruturas.

Os escleródios podem sobreviver (ficarem viáveis) no solo por vários anos. Há trabalhos que apontam sobrevivência por até 10 anos, mas isso é variável conforme as condições a que essas estruturas estão expostas.

Isso é importante pois há a sobrevivência de S. sclerotiorum na área de cultivo mesmo no período de entressafra.

Disseminação S. sclerotiorum

Os escleródios podem ser disseminados por sementes, solo, máquinas agrícolas, água, entre outros.

Assim, se sua área de cultivo é livre do patógeno, este pode ser introduzido por sementes contaminadas internamente (micélio dormente) ou por escleródios que podem estar juntos com as sementes. 

Máquinas e implementos agrícolas sujos com solo contaminado também trazem problemas. 

Este conhecimento é muito importante para determinar as medidas de manejo para a doença. Vamos falar sobre isso mais a frente no texto!

E você sabe como a doença se desenvolve através dos escleródios? Vou explicar!

Ciclo de vida de S. sclerotiorum

Para entender como o patógeno se desenvolve para causar o mofo-branco, vamos discutir rapidamente o ciclo de vida de S. sclerotiorum.

Os escleródios presente no solo podem germinar de duas formas:

  • Carpogênica

Ocorre a formação de apotécios (que tem aparência de cogumelo). Esses produzem ascos que formam ascósporos (esporos do fungo), que são dispersos para o meio, disseminados pelo vento, podendo ocasionar infecções em outras plantas na área ou em regiões próximas.

Os ascósporos germinam para iniciar a infecção e causar a doença. Normalmente, a germinação carpogênica ocorre nas culturas de soja e feijão.

  • Micelogênica

Ocorre a formação de hifas e não formam esporos. Essas hifas geralmente iniciam a infecção na matéria orgânica do solo e depois penetram e colonizam a planta hospedeira (principalmente a parte das plantas em contato com o solo). Normalmente essa germinação ocorre na cultura do girassol.

É importante conhecer o ciclo de vida do patógeno para entender a importância das estruturas de sobrevivência do fungo e as medidas de manejo.

Observe no esquema abaixo como as germinações podem ocorrer e as etapas para o desenvolvimento do mofo-branco.

ciclo de vida de Sclerotinia sclerotiorum
Esquema do ciclo de vida de Sclerotinia sclerotiorum
(Fonte: Tese Roseli Muniz Giachini adaptado de Wharton e Kirk, 2007)

Agora que você sabe um pouco mais sobre o desenvolvimento do mofo-branco, vamos mostrar o desenvolvimento da doença em algumas culturas agrícolas.

Mofo-branco na cultura da soja

A doença foi uma das principais responsáveis pela redução da produtividade das lavouras de soja na região sul do país na safra 2017/18.

Nos últimos anos, o mofo-branco na cultura da soja ocasionou perdas de até 70% na produtividade. E estima-se que cerca de 10 milhões de hectares da área brasileira de cultivo de soja estejam infestados pelo patógeno.

O fungo pode atacar qualquer parte da planta, sendo mais frequente nas inflorescências, pecíolos e ramos.

Os sintomas inicialmente são manchas encharcadas, que progridem para uma coloração castanha, com um crescimento de micélio de coloração branca e aspecto cotonoso sobre essas manchas.

E, com o desenvolvimento da doença, ocorre a formação dos escleródios, que podem estar tanto na superfície como no interior de hastes e nas vagens infectadas da planta de soja.

A fase de maior vulnerabilidade é na floração e na formação de vagens.

As sementes infectadas são menores, enrugadas e com coloração não característica da semente.

mofo-branco na soja
Fungo na soja é capaz de infectar qualquer parte da planta
(Fonte: Maurício Meyer em Embrapa)

Controle de mofo-branco em soja

Para o controle químico, falaremos dos defensivos especificamente mais a frente. Mas o importante aqui é saber que  sua eficiência vai depender do momento da aplicação.

O intuito dessa aplicação deve ser atingir as partes inferiores das plantas e a superfície do solo. 

Por isso, a primeira aplicação deve ser na abertura das flores, ou seja, estádio R1 da soja. A segunda aplicação, já deve ocorrer no intervalo de aproximadamente 15 dias em relação a primeira.

Os principais fungicidas são o Fluazinam 500 g/l, Procimidona 500 g/kg, Carbendazin 500 g/l e Tiofanato Metílico 350 g/l + Fluazinam 52,5 g/l. 

Além do controle químico, há outras medidas de manejo que você pode utilizar na sua lavoura para controle do mofo-branco. Vamos falar sobre isso mais a frente no texto!

Mofo-branco na cultura do feijoeiro

O mofo-branco do feijoeiro é uma das doenças mais agressivas na cultura. As perdas podem ultrapassar 60% se o manejo não for realizado corretamente.

Normalmente a doença é mais problemática no florescimento.

Ascósporos (esporos) disseminados pelo vento caem em pétalas de flores senescentes do feijoeiro, germinam e infectam. As pétalas senescentes colonizadas caem sobre o solo ou hastes de vagens e iniciam o ciclo da doença.

Os sintomas são lesões encharcadas de coloração castanha, com micélio branco e cotonoso. Com o progresso da doença, ocorre a formação de escleródios.

mofo-branco no feijão
(Fonte: Revista Cultivar)

Mofo-branco na cultura do algodão

A doença na cultura do algodoeiro tem maior incidência em áreas irrigadas, principalmente após o cultivo de soja e feijoeiro. 

Além disso, também tem afetado a cultura em áreas com clima de temperatura amena e alta umidade, que propiciam o desenvolvimento do fungo.

Os sintomas no algodoeiro podem ocorrer nas folhas, hastes e nas maçãs.

Os sintomas normalmente são no baixeiro das plantas, tendo inicialmente a formação de lesões aquosas, que podem ter o crescimento do micélio cotono. Com o progresso da doença, há formação de escleródios.

Na fase de floração, o patógeno tem uma disseminação mais rápida, pois a flor é a fonte primária de energia para o fungo iniciar novas infecções.

Mofo-branco na cultura do girassol

Na cultura do girassol, a doença também recebe o nome de podridão branca. É considerada, mundialmente, a mais importante para a cultura.

Se o fungo ataca na fase de plântula, pode ocasionar a morte e, consequentemente, falhas no estande.

A podridão branca pode ocorrer na cultura desde o estádio de plântula até a maturação das plantas.

A doença pode apresentar 3 sintomas diferentes nas plantas:

  • Podridão basal (ocorre do estádio de plântula até a maturação): murcha da planta e lesão marrom, mole e com aspecto de encharcada. Se houver alta umidade, a lesão pode ficar coberta por um micélio branco. Além disso, pode encontrar escleródios nas áreas afetadas.
  • Podridão na porção mediana da planta (ocorre a partir do estádio vegetativo): os sintomas são parecidos com os da infecção basal. Escleródios podem ocorrer dentro e fora da haste.
  • Podridão do capítulo (ocorre a partir da floração): inicialmente observam-se lesões pardas e encharcadas no capítulo, tendo a presença do micélio cobrindo algumas de suas partes. Com o progresso da doença, pode-se encontrar muitos escleródios no interior do capítulo, além do fungo poder destruir esta estrutura floral.

Mofo-branco na cultura do amendoim

A doença é causada por S. sclerotiorum ou também pelo fungo Sclerotinia minor e pode causar perdas superiores a 50%.

Os sintomas iniciam com lesões encharcadas que, em períodos de alta umidade, ocorre crescimento de micélio branco sobre as lesões que, com o progresso da doença, pode formar os escleródios.

Mofo-branco na cultura da canola

Também chamado de podridão branca, é uma das doenças de grande importância para a cultura da canola no Brasil.

Os sintomas ocorrem no caule e na haste da planta, com a presença de apodrecimento seco. 

Com o progresso da doença, os tecidos atacados do caule ou das hastes se tornam marrons, que também ocorre o crescimento de micélio branco e cotonoso, e com a presença de escleródios.

As plantas atacadas pelo fungo normalmente apresentam desfolhamento, maturação precoce e podem ter sementes chochas.

Medidas de manejo do mofo-branco

O controle do mofo-branco é difícil. O fungo produz estruturas de resistência (escleródios) e uma ampla gama de plantas hospedeiras. Por isso, na sua área, deve-se evitar a entrada do fungo.

Além disso, não há variedades resistentes até o momento para este fungo. O que pode ocorrer são variedades com resistência parcial.

Listamos algumas medidas de manejo que podem ser utilizadas no controle do mofo-branco. Mas lembre-se que os fungicidas diferem quanto ao seu registro nas culturas.

  • Sementes sadias e certificadas para evitar a presença de escleródios misturados com a semente ou de micélio interno nas sementes;
sementes de soja com escleródio
Sementes de soja com escleródio
(Fonte: A Granja)
  • Rotação de culturas com espécies não hospedeiras do fungo;
  • População de plantas adequada, lembrando que espaçamentos pequenos são mais favoráveis ao mofo-branco;
  • Tratamento de sementes;
  • Cultivo sobre a palhada de gramíneas;
  • Eliminar plantas invasoras que são hospedeiras do fungo;
  • Utilizar variedades que possuem uma arquitetura que apresente boa aeração para não possibilitar um ambiente favorável para o patógeno (umidade);
  • Limpeza de máquinas e equipamentos agrícolas;
  • Escolha da época de plantio (evitando períodos chuvosos nos estádios que são propensos para a doença);
  • Palhada, como de gramíneas, no solo pode reduzir a formação (desenvolvimento) do fungo. A palhada também pode favorecer o desenvolvimento de microrganismos que controlam a S. sclerotiorum (antagonista).
  • Cultivo em sistema de plantio direto pode reduzir a incidência da doença em relação ao plantio convencional por dificultar o contato da planta com o solo contaminado e também o desenvolvimento do fungo. 
  • Controle biológico;
  • Tratamento químico (fungicidas);

Verifique quais produtos são registrados para o patógeno no Brasil e para a cultura que é afetada pela doença.

Para consultar os produtos registrados, não se esqueça de buscar no site do Agrofit.

E para a prescrição do produto e da dose a ser utilizada, procure um (a) eng. Agrônomo (a).

Eficiência de fungicidas para controle do mofo-branco

A Embrapa realizou uma pesquisa sobre a eficiência de fungicidas para o controle do mofo-branco na cultura da soja na safra 2017/18.

Essas pesquisas podem te auxiliar na escolha do fungicida de acordo com a incidência da doença e seu controle. 

Lembre-se de comparar os resultados com a testemunha, que são plantas que não foram aplicadas com fungicidas.

mofo-branco
Incidência, controle relativo, produtividade da soja, redução de produtividade, massa de escleródios produzidos e redução da produção de escleródios em função dos tratamentos fungicidas utilizados nos ensaios cooperativos de controle de mofo-branco em soja, na safra 2017/18.
(Fonte: Embrapa)

Lembre-se que a melhor medida de manejo é a prevenção da entrada do patógeno na sua área de cultivo.

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E, por fim, para um manejo efetivo, você deve utilizar várias medidas de manejo, ou seja, integrando as práticas de manejo!

Conclusão

O mofo-branco é um problema em várias culturas agrícolas, trazendo grandes perdas de produtividade.

Neste artigo, abordamos os principais sintomas, ciclo de vida, condições favoráveis e disseminação da doença. Discutimos ainda várias estratégias de manejo, que devem ser realizadas de forma integrada.

Lembre-se que a prevenção da entrada do patógeno na área é a melhor estratégia!

Agora que você sabe dessas informações, não deixe que o mofo-branco cause perdas na sua produção agrícola. Bom manejo!

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Você tem problemas com mofo-branco na sua lavoura? Quais medidas de manejo utiliza para o controle da doença? Adoraria ver seu comentário abaixo!