Veja como lidar com as pragas e doenças do sorgo

Pragas e doenças no sorgo: veja quais são as principais e como você pode manejá-las em sua lavoura para não ter perdas.

No Brasil, o sorgo é mais utilizado para a ração animal, sendo cultivado principalmente na segunda safra, com produção estimada de 2,3 milhões de toneladas (Conab) na safra 2019/20.

Mas podem ocorrer perdas nas lavouras por ataques de pragas e doenças, o que causa muita dor de cabeça para o produtor.

Por isso, preparamos este texto com as principais pragas e doenças do sorgo que podem ocorrer na sua lavoura e como combatê-las. Confira!

Doenças na cultura do sorgo

Antracnose do sorgo

No sorgo, a antracnose é considerada a doença mais importante por sua ampla distribuição nas áreas produtoras e pelos danos causados. 

Essa doença pode ocasionar perdas na produção de grãos superiores a 80%, por conta da utilização de cultivares suscetíveis e de condições favoráveis à doença.

O fungo que causa a antracnose no sorgo é o Colletotrichum graminicola, que também causa antracnose na cultura do milho.

Assim, a doença no sorgo pode ocorrer em: folhas, colmo, panícula e grãos.

Nas folhas podem ocorrer sintomas em qualquer estádio, principalmente a partir do desenvolvimento da panícula. 

Inicialmente, as lesões são circulares a ovais, com centros necróticos de coloração palha, depois se tornam escuras com a margem avermelhada ou castanha, dependendo da variedade.

No colmo, formam-se cancros caracterizados pela presença de áreas mais claras circundadas pela pigmentação característica da planta hospedeira, principalmente em plantas adultas.

E na panícula, pode ser a extensão da fase de podridão do colmo. As lesões nesta fase se formam abaixo da epiderme com aspecto encharcado, adquirindo posteriormente coloração cinza a avermelhada. 

E como consequência da doença, as panículas de plantas infectadas são menores e amadurecem mais cedo.

Algumas medidas de manejo para antracnose no sorgo são:

  • Uso de variedades resistentes;
  • Sementes sadias;
  • Tratamento de sementes;
  • Rotação de culturas;
  • Eliminação de plantas hospedeiras do fungo.

Ferrugem do sorgo

Causada pelo fungo Puccinia purpurea, a ferrugem do sorgo é considerada uma doença comum na cultura e favorecida por regiões frias e úmidas. 

Inicialmente, você pode observar pústulas (urédias) de coloração vermelha a castanha nas folhas mais próximas ao solo. 

Com o desenvolvimento da doença, as pústulas liberam os esporos que são disseminados pelo vento.

Recomenda-se o uso de variedades resistentes para o controle da ferrugem do sorgo.

Míldio do sorgo

O míldio é causado por Peronosclerospora sorghi e apresenta ampla distribuição nas áreas produtoras de sorgo, podendo causar danos de até 80% com a utilização de cultivares suscetíveis.

Na região Sul do país, esta doença é considerada a segunda mais importante, atrás apenas da antracnose.

Assim, podem ocorrer duas formas de infecção: localizada e sistêmica.

A localizada se caracteriza por apresentar lesões necróticas nas folhas e, em condições frias e úmidas, pode ocorrer crescimento pulverulento e acinzentado na parte inferior da folha.

Já a infecção sistêmica, as plantas ficam cloróticas (clorose foliar). Na parte inferior das folhas com clorose, em condição de umidade, pode-se observar um revestimento branco, que são estruturas do agente causal do míldio.

Plantas com infecções sistêmicas podem se tornar raquíticas e morrer precocemente ou ficarem estéreis, não produzindo grãos.

Algumas medidas de manejo que você pode utilizar para o manejo do míldio são:

  • Variedades resistentes;
  • Uso de sementes de boa qualidade;
  • Rotação de culturas.

Mosaico comum do sorgo

Esta doença é virótica, causada por Sugarcane mosaic virus (SCMV), no entanto, mais recentemente, pesquisas relataram que outros vírus podem causar o mosaico em sorgo, tendo como vetor várias espécies de afídeos, como o pulgão do milho.

Como sintomas, podemos observar mosaico principalmente nas folhas mais novas, que podem desaparecer com a idade da planta. 

Além disso, pode apresentar sintomas mais necróticos nas folhas, com áreas amareladas e avermelhadas, o que pode levar à morte da planta ou baixa produção de grãos.

Para o controle dessa doença é recomendado utilizar variedades tolerantes ou resistentes.

Doença açucarada do sorgo

Esta doença também é conhecida por secreção doce ou ergot, causada pelo fungo Sphacelia sorghi, e reduz a quantidade de grãos produzidos afetando seu desenvolvimento.

Como sintoma da doença, você pode observar a presença de um líquido pegajoso de coloração rosada que progride para parda na região da panícula.

Algumas medidas de manejo para a doença açucarada são:

  • Utilização de fungicidas na fase de floração;
  • Tratamento de sementes;
  • Eliminação de plantas com sintomas da doença, principalmente em áreas de produção de sementes.

Pragas na cultura do sorgo

Lagarta-do-cartucho

Essas lagartas são larvas de mariposa (Spodoptera frugiperda) que afetam o cartucho da planta, sendo mais prejudicial quando ataca a planta com até 8 folhas.

A lagarta-do-cartucho é uma importante praga para a cultura do sorgo, podendo causar prejuízos de 17% a 38,7% na produção.

Inicialmente esta praga pode “raspar” as folhas e depois se alimentar das mais novas e centrais da planta (palmito).

O ataque em plantas pequenas pode causar a morte, já em plantas maiores ocorre a redução da produtividade.

Por isso é importante realizar o monitoramento da lavoura, que pode ser feito com armadilhas para a captura de insetos adultos (uma armadilha a cada cinco hectares) ou o monitoramento das plantas de sorgo.

Para definir quando realizar o controle, fique de olho se a praga atinge o nível de controle que é em média 3 mariposas por armadilha de feromônio. 

Ao monitorar as plantas, recomenda-se o manejo da lagarta quando for observado que 10% das folhas do cartucho estão com pequenas lesões circulares e algumas pequenas lesões alongadas, de até 1,3 cm de comprimento.

Tanto o uso de controle químico (inseticidas) quanto de controle biológico são recomendados para a lagarta-do-cartucho.

Lagarta-elasmo

Elasmopalpus lignosellus causa danos principalmente em locais em que ocorreu estiagem após a emergência das plantas.

Inicialmente, as lagartas podem “raspar” as folhas e depois afetam a região do colo da planta. Desta forma, podem danificar o ponto de crescimento e favorecer a morte das folhas centrais, provocando o sintoma de “coração morto”.

Recomenda-se realizar o manejo com o uso de inseticidas nas plantas ou nas sementes, além do plantio direto.

Broca-da-cana-de-açúcar

A broca-da-cana (Diatraea spp.) pode causar dano pelo quebramento e ataque no colmo das plantas.

No início do seu desenvolvimento, a broca também pode raspar as folhas do sorgo.

O controle dessa praga pode ser semelhante ao realizado em cana-de-açúcar com a liberação de parasitóides.  

Outras medidas de controle que também podem ser utilizadas são o tratamento de sementes e destruição de restos culturais.

Pulgão no sorgo

O sorgo pode ser infestado pelo pulgão do milho (Rhopalosiphum maidis) e pelo pulgão verde (Schizaphis graminum).

O pulgão verde pode introduzir toxinas que causam o bronzeamento das folhas e até a morte das áreas afetadas, podendo ainda ser vetor de viroses.

O controle pode ser realizado por inimigos naturais e, também, aplicação de inseticidas quando ocorrer altas populações.

Corós

Corós, bichos-bolo ou pão-de-galinha são larvas de várias espécies que podem atacar as plantas de sorgo.

Para a identificação, você pode observar que as larvas apresentam formato de “C” de cor clara e a cabeça de coloração marrom.

Normalmente, elas afetam o sistema radicular das plantas podendo causar murcha nas plantas, tombamento ou a morte.

Algumas medidas de manejo são:

  • Eliminação de hospedeiros alternativos;
  • Destruição de restos culturais;
  • Utilização de inseticidas.

Larva arame

A larva arame, Conoderus scalaris, causa danos principalmente na destruição das sementes no sulco de plantio, reduzindo o estande inicial e vigor das plantas, o que causa perdas em seu sistema de produção.

As recomendações de manejo são:

  • Rotação de culturas;
  • Tratamento de sementes.

Percevejos no sorgo

Esses insetos se alimentam principalmente dos grãos no momento de enchimento, o que podem torná-los manchados e reduzir o tamanho.

Existem dois grupos de percevejos: grandes (percevejo-gaúcho, percevejo-verde e percevejo-pardo) e pequenos (percevejo-do-sorgo e percevejo-chupador-do-arroz).

Normalmente, o controle desses percevejos é natural. Quando em altas populações, pode-se utilizar controle químico (aéreo).

Controle de pragas e doenças do sorgo

Até aqui, comentei sobre as particularidades de pragas e doenças do sorgo, no entanto, algumas medidas gerais de manejo que você pode utilizar na sua área são:

  • Planejamento agrícola da cultura: é nessa fase que se escolhe a variedade de sorgo e, como vimos, o uso de variedades resistentes é uma medida de manejo muito utilizada;
  • Identificar as pragas e doenças que afetam a cultura do sorgo;
  • Conhecer o histórico da área a ser cultivada (quais os problemas que ocorreram nas culturas ao longo dos anos);
  • Conhecer as culturas em volta da sua plantação: várias doenças e pragas do sorgo podem ocorrer em outras culturas;
  • Monitoramento da área.

Lembrando que se for utilizar produto químico, verifique o registro no Agrofit para a cultura e para praga/doença. 

Em caso de dúvidas, consulte um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).

e-book culturas de inverno Aegro

Conclusão

Como vimos, existem muitas pragas e doenças que podem afetar a sua cultura de sorgo. 

Algumas podem atacar as plantas no início do desenvolvimento ou já na fase de panícula.

Por isso, é importante conhecê-las e manejá-las para não afetar a produção da sua lavoura.

>>Leia mais:

“Zoneamento agrícola para o sorgo forrageiro: o que você precisa saber sobre essa nova medida”

Quando e como usar as forrageiras em seu sistema de produção

Quais pragas e doenças do sorgo afetam a sua lavoura? Quais medidas de manejo você utiliza? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Fungos de solo: veja as principais causas e como evitá-los

Fungos de solo: entenda o que são, veja as características dos principais tipos, as causas e como evitá-los.

A presença de fungos de solo patogênicos, frequentemente, causam muita dor de cabeça ao produtor rural.

Isso porque trazem prejuízo à lavoura, reduzindo consideravelmente a produtividade.

Por isso, é fundamental evitar a entrada de patógenos em sua propriedade e realizar um manejo adequado quando já estão presentes.

Nesse artigo, separamos algumas informações que podem te auxiliar muito na prevenção de fungos de solo. Confira!

O que são fungos de solo?

Os fungos são habitantes naturais do solo, onde podem atuar de forma benéfica ou não ao cultivo, dependendo de sua espécie.

Alguns fungos são responsáveis pela decomposição de matéria orgânica, pelo maior desenvolvimento das culturas e pelo aumento da produtividade. Estes podem estar naturalmente presentes na área ou serem incorporados via inoculação (superfície do solo).

Contudo, outras espécies podem ocasionar diversos tipos de injúrias nas culturas agrícolas, podendo reduzir a produtividade ou até mesmo matar as plantas, como é o caso do Fusarium sp. e da Scleriotinia sclerotiorum – agentes causais da podridão da raiz e do mofo branco.

Estes fungos considerados patógenos para as plantas, normalmente sobrevivem em resíduos de culturas ou em plantas hospedeiras. Mas se na área não existirem locais para abrigo, os fungos podem ser encontrados livres no solo devido à sua alta capacidade de sobrevivência

Por esse motivo os fungos de solo fitopatogênicos, uma vez introduzidos em uma lavoura, acabam gerando diversos problemas ao produtor rural.

Abaixo vou mostrar os principais fungos de solo que podem ser encontrados em sua lavoura. Acompanhe!

Conheça os principais fungos de solo

Separei para você apenas alguns dos principais fungos de solo que afetam as culturas de interesse agronômico como soja, milho, feijão e trigo

Observe as características e identifique o fungo em sua lavoura para realizar o manejo e controle adequado da doença.

Macrophomina phaseolina (podridão da raiz)

Este patógeno é capaz de infectar as culturas nos diferentes estádios de crescimento das plantas e apresenta difícil controle por produzir microescleródios (estrutura de sobrevivência do fungo) no solo.

Na prática, é capaz de ocasionar menor rentabilidade, pois além de induzir a maturação precoce, pode reduzir o estande da cultura no campo e em casos mais extremos levar à morte das plantas.

Para identificar essa doença, você pode ter um pouco de dificuldade nos estádios iniciais de infecção do patógeno, pois não apresenta sintomas visíveis.

Conforme o desenvolvimento da cultura é possível identificar alguns sintomas, que são baseados na coloração preta e empoeirada do fungo, podendo ser observada em tecidos vasculares e radiculares.

fungos de solo

Sintomas da podridão do colmo ocasionada pela Macrophomina phaseolina em milho
(Fonte: Embrapa, foto de Nicésio F. F. A. Pinto)

Fusarium sp. (podridão radicular e murcha)

Este patógeno é capaz de infectar plantas em diferentes estádios de desenvolvimento e apresenta manejo por produzir clamidósporos (estruturas de resistência), que permanecem presentes no solo por várias estações.

Na prática, é capaz de ocasionar perdas consideráveis na produção, podendo gerar baixa estatura levar à morte de plantas.

Para você identificar essa doença, fique atento à descoloração vascular e foliar, ao amarelecimento das folhas mais velhas e, principalmente, à murcha da cultura.

fungos de solo

Fusarium solani f. sp. phaseoli (podridão radicular seca) em feijoeiro
(Fonte: Embrapa)

Scleriotinia sclerotiorum (mofo branco)

Este fungo é capaz de infectar plantas de mais de 400 espécies, principalmente caule, folhas e flores por conta de sua estrutura de sobrevivência (na forma de escleródios).

Mas fique atento: as sementes são as principais fontes de inóculo!

Já a fase de maior vulnerabilidade é na floração e na formação de vagens.

Esse patógeno, como os já mostrados aqui, também influenciam diretamente a produtividade da cultura podendo levá-la à morte.

Como sintoma, você pode observar a presença de murcha e seca da planta. Também leve em consideração a presença de lesões encharcadas nas folhas (ou em outro tecido na parte aérea da planta) e, principalmente, de micélios (sua forma física lembra um algodão).

Scleriotinia sclerotiorum

Sintomas Scleriotinia sclerotiorum
(Fonte: Revista Cultivar)

Para evitar que esses e outros fungos de solo entrem em sua lavoura, separei para você quais as causas desses fungos e como evitá-los. Confira!

Fungos de solo: principais causas e como evitá-los

Os fungos que são considerados patógenos para as plantas, muitas vezes aparecem na lavoura por um pequeno descuido.

Dentre as principais causas para a entrada dos fungos de solo podemos citar a entrada na lavoura de máquinas e implementos agrícolas sujos com solos contaminados, uso de sementes não certificadas e, até mesmo, irrigação realizada com água de má qualidade.

Para evitar a entrada e a proliferação dos fungos de solo são fundamentais alguns cuidados durante o planejamento do manejo.

Por isso, realize o planejamento de sua lavoura com o devido cuidado!

E não esqueça: o sucesso no controle de qualquer doença ocasionada por fungos de solo está diretamente relacionado ao momento em que o manejo é iniciado.

Veja alguns cuidados que devem ser levados em consideração:

  • Realize a limpeza de seus maquinários e implementos frequentemente;
  • Utilize sementes certificadas;
  • Realize o tratamento de sementes;
  • Quando possível, opte por cultivares resistentes a doenças fúngicas;
  • Realize a rotação de culturas;
  • Mantenha o solo com adubação equilibrada;
  • Escolha da época de plantio;
  • Realize o manejo integrado de doenças;
  • Elimine plantas hospedeiras;
  • Realize frequentemente análises de solo em sua lavoura.

Além disso, o monitoramento de sua propriedade é fundamental, pois o manejo imediato pode fazer toda a diferença para evitar que o fungo se espalhe por todos os talhões.

E sempre que surgir qualquer dúvida sobre qual fungicida utilizar naquele momento, consulte um(a) engenheiro(a) agrônomo(a)!

Conclusão

Após todo o esforço com sua lavoura, você não pode perder tudo pela presença de um fungo de solo.

Neste artigo, vimos o que são fungos de solo, quais os principais e como reconhecê-los.

Falamos também sobre as principais causas de contaminações por fungos patogênicos e como podemos evitá-los com um bom planejamento.

Espero que essas informações possam auxiliar em seu dia a dia no campo. 

>> Leia Mais: 

“Tudo sobre tombamento da soja e como fazer o melhor manejo”

“Como identificar e manejar a podridão radicular em soja”

Você tem problemas com fungos de solo na sua lavoura? Quais medidas de prevenção utiliza para evitar essas doenças? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Vazio sanitário para soja, feijão e algodão: tudo o que você precisa saber

Vazio sanitário da soja: saiba como fazer, quem fiscaliza o cumprimento, o que fazer na lavoura durante esse período e mais!

Atualmente, quem produz soja, feijão e algodão deve respeitar o vazio sanitário. A medida evita a proliferação de pragas e doenças nas lavouras.

Nesse períodos, as pragas não conseguem se alimentar e se multiplicar. Isso resulta na eliminação ou diminuição da sua incidência.

Quer saber mais sobre os períodos de vazio sanitário da sua região?

Neste artigo, você entenderá a importância desse momento e o que fazer na sua lavoura enquanto ele dura. Confira a seguir!

O que é o vazio sanitário?

O vazio sanitário é a proibição total do cultivo de uma cultura durante um período específico.

Antes de semear soja, feijão ou algodão, você deve se atentar ao período de vazio sanitário para a sua região.

O vazio sanitário é obrigatório. Além disso, é uma medida fitossanitária que gera benefícios para quem produz.

O principal objetivo é proteger as lavouras de pragas e doenças. Isso acontece por meio da eliminação total de hospedeiros por um tempo. Ajudando na diminuição populacional de pragas como a mosca branca, lagartas e cigarrinhas, além de problemas relacionados a fungos e vírus.

O objetivo do calendário de semeadura da soja, por exemplo, é reduzir o número de aplicações de fungicidas e resistência dos fungos aos agrotóxicos

Semeaduras tardias podem receber os fungos nos estádios vegetativos, necessitando a antecipação e o aumento da aplicação de fungicidas.

Quanto tempo dura o vazio sanitário?

O período dura de 60 a 90 dias. Porém, o período não é definitivo e muda de acordo com a região.

Durante os anos, pode haver variação das datas em que se inicia e termina o vazio sanitário nas regiões, pois essa definição se baseia na incidência da praga ou doença na safra anterior.

Ou seja, caso a incidência da praga ou doença tenha aumentado em uma região, o período destinado ao vazio será maior na safra seguinte.

Durante esse tempo, o setor agrícola se beneficia com:

  • diminuição da incidência de pragas e doenças;
  • queda do uso de defensivos agrícolas e custos operacionais;
  • contribuição no manejo de resistência de pragas e doenças.

A seguir, entenda mais sobre a importância do vazio sanitário da soja, feijão e algodão.

Vazio sanitário do feijão

O período de vazio sanitário para o feijão-comum (Phaseolus vulgaris) é de 30 dias. Esse tempo vale para os Estados de Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal.

Durante esse período, quem produz deve eliminar as plantas vivas de feijão. Sejam elas cultivadas, espontâneas ou remanescentes da safra anterior.

A medida foi estabelecida como forma de controle da mosca-branca, praga que ataca o feijão.

A mosca-branca é o inseto transmissor do vírus que causa o mosaico-dourado. Essa é uma das principais doenças do feijoeiro comum.

Confira abaixo os períodos de vazio sanitário do feijão:

Tabela com informações sobre vazio sanitário em Minas (20 de setembro a 20 de outubro de 2022), Goiás (5 de setembro a 5 de outubro de 2022) e DF (20 de setembro a 20 de outubro de 2022)

(Fonte: Mapa, 2014)

Se você produz feijão e não cumprir essas regras, poderá receber multas.

Vazio sanitário do algodão

O vazio sanitário do algodão previve e controla o bicudo-do-algodoeiro. O objetivo é proteger a lavoura dos prejuízos causados pela praga.

Quem produz ou arrenda lavouras com algodão deve, obrigatoriamente, eliminar os restos culturais ou soqueira de algodão. Isso deve acontecer por 60 dias.

O período do vazio sanitário é definido pelo Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático).

Cada estado produtor possui um período específico, baseado na dinâmica do inseto-alvo.

O bicudo-do-algodoeiro possui grande capacidade de infestação. 

Seu ataque provoca queda dos botões florais. Isso impede a abertura das maçãs e, consequentemente, há queda na produtividade.

A manutenção de plantas vivas de algodão durante o vazio sanitário é uma ameaça para a cotonicultura brasileira.

Fique de olho e confira a seguir as datas para a sua região.

Tabela com datas de vazio sanitário para todas as demais regiões do Brasil

(Fonte: Governo dos Estados, 2021)

Quem descumprir as regras do vazio sanitário do algodão também estará sujeito à multa.

Vazio sanitário da soja

Por da ferrugem asiática nas lavouras de soja no Brasil,  surgiu o PNCFS (Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja). 

O programa foi criado pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Nesse programa,  ficou estabelecida a criação de Comitês Estaduais de Controle da Ferrugem da soja.

Foi determinado que cada estado deve estabelecer o período do vazio sanitário. Essa é uma medida legislativa para o controle da doença.

Atualmente, a adoção do vazio sanitário ocorre em 20 estados brasileiros:

  • Acre;
  • Alagoas;
  • Amapá;
  • Bahia;
  • Ceará;
  • Distrito Federal;
  • Goiás;
  • Maranhão;
  • Minas Gerais;
  • Mato Grosso;
  • Mato Grosso do Sul;
  • Pará;
  • Paraná;
  • Rio Grande do Sul;
  • Rondônia;
  • Roraima;
  • Santa Catarina;
  • São Paulo;
  • Tocantins.

Um período mínimo de 60 dias foi estabelecido. Durante esses dias, não é possível cultivar ou manter plantas de soja no campo.

É considerado que o período máximo de sobrevivência dos esporos da ferrugem asiática no ar é de 55 dias.

Lembre-se: fique de olho no período de vazio da sua região. Ele muda conforme a legislação local. 

Tabela - Vazio Sanitário
(Fonte: MAPA)

Na Portaria SDA nº 781, de 6 de abril de 2023, informa os períodos de vazio sanitário para a cultura da soja. Em alguns estados brasileiros há a distribuição por região, as quais as cidades são descritas no documento.

Por exemplo, região I1 do estado do Maranhão se encontram as seguintes cidades: Barão de Grajaú, Buriti Bravo, Colinas, Fernando Falcão, entre outros, enquanto na região II2: Buritirana, Campestre do Maranhão, Cidelância, Davinópolis, entre outros. Assim segue para os outros estados.

O vazio sanitário é de responsabilidade de quem produz. Quem descumpre o período está sujeito à punições e multas pelo Estado.

Ferrugem asiática

O fungo causador da ferrugem asiática pode gerar grande desfolha nas plantas e impactar na produtividade.

Esta é considerada a doença mais importante para cultura da soja. A doença pode causar danos de até 90% na lavoura. 

Os custos para combater a doença podem chegar a US$ 2,8 bilhões por safra no Brasil. Por isso, é importante a identificação e combate da ferrugem quanto antes.

Como identificar a ferrugem asiática na soja

Observe as folhas das plantas do terço inferior ou médio. Verifique se existe a presença de sintomas e/ou estrutura do fungo.

Na parte superior da folha, veja se há pontos escuros. Se encontrar, use uma lupa e analise se na parte inferior há saliências. Nessas essas estruturas são formados os esporos do fungo.

imagem de três folhas de soja em estádios diferentes da ferrugem asiátia. Na primeira folha há apenas alguns pontos amarronzados na superfície, na segunda há mais pontos alaranjados, e a terceira folha tem aspecto de enferrujada por completo.

(Fonte: Agro Bayer)

Também é importante realizar algumas medidas de manejo antes da doença aparecer. O vazio sanitário, a calendarização da semeadura e uso de variedades precoces são bons exemplos.

Realize o vazio sanitário para impedir a sobrevivência do fungo na entressafra da cultura. Assim, você quebrará o ciclo da doença.

Quem fiscaliza o cumprimento do vazio sanitário?

Os órgãos estaduais de sanidade vegetal fiscalizam o cumprimento do vazio sanitário.

Essas instituições têm competência legal para aplicar penalidades a quem não cumprir as regras do vazio estabelecidas, como multa, interdição da propriedade rural e destruição do plantio.

Como realizar o vazio sanitário?

Após a colheita da cultura (soja, feijão ou algodão), você deve:

  • limpar a área de cultivo;
  • destruir as plantas por meio do controle químico ou mecânico;
  • aguardar o período de vazio sanitário estipulado para sua região.

O que pode ser feito na lavoura durante o período de vazio sanitário?

Durante esse período, o solo não deve ficar descoberto. Isso facilita a ocorrência de plantas daninhas e de processos erosivos do solo.

Uma alternativa é investir em práticas que melhorem a qualidade química, física e biológica do solo. Assim, você pode potencializar a produção da próxima safra.

Algumas práticas são:

  • utilização de plantas de cobertura;
  • adubação verde;
  • adoção de sistemas de rotação de culturas com espécies que não sejam hospedeiras das pragas e doenças do vazio sanitário.

Quais as exceções do vazio sanitário?

Durante o vazio sanitário algumas atividades podem ser realizadas em caráter excepcional como pesquisa científica e produção de sementes genéticas.

Porém, é necessário solicitar ao órgão estadual da defesa sanitária vegetal do estado em questão.

planilha de produtividade da soja

Conclusão

O objetivo do vazio sanitário é prevenir a incidência de pragas e doenças. Isso garante lavouras sadias e de alta rentabilidade

A eliminação das plantas de soja, feijão e algodão deve ser feita por controle químico ou mecânico.

Cada estado possui um período específico de vazio sanitário que pode mudar a cada safra. Fique sempre de olho. Compartilhe com sua equipe de trabalho para se informar sobre os períodos do vazio sanitário para a soja em 2023.

Verifique o período correto e já prepare a sua área. Isso vai te ajudar a evitar perdas com pragas e doenças na sua lavoura.

>> Leia Mais: 

“7 passos para fazer o descarte de embalagens de agrotóxicos corretamente”

“Glifosato: tudo o que você precisa saber sobre o herbicida mais utilizado no mundo”

“Como o compêndio de defensivos agrícolas online facilita a emissão do receituário agronômico”

“Veja como escolher o melhor fungicida para trigo”

Tirou suas dúvidas sobre vazio sanitário? Assine nossa newsletter e receba mais conteúdos direto em seu e-mail. 

Redator Alasse Oliveira

Atualizado em 08 de agosto de 2023 por Alasse Oliveira.

Alasse é Engenheiro-Agrônomo (UFRA/Pará), Técnico em Agronegócio (Senar/Pará), especialista em Agronomia (Produção Vegetal) e mestrando em Fitotecnia pela (Esalq/USP).

Atualizado anteriormente, em 28 de fevereiro de 2022, por Denise Prevedel

Principais doenças dos citros e como tratá-las

Doenças dos citros: prevenção e correto diagnóstico são as chaves para um pomar saudável. Confira e saiba mais!

A citricultura é um setor de grande importância para o agronegócio brasileiro e principalmente para o cinturão citrícola de São Paulo, Triângulo/Sudoeste Mineiro.

Dados do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) mostram o fechamento da safra de laranja 2019/20 da região em 386,79 milhões de caixas de 40,8 kg.

Essa safra foi 35% maior que a anterior (2018/19) e com uma produtividade recorde, de 1.045 caixas por hectare.

Apesar de ser uma cultura altamente produtiva, baixas produtividades podem ser observadas quando o manejo nutricional e/ou fitossanitário não estão adequados.

Assim, as doenças dos citros afetam não somente na produção das plantas, mas também na qualidade dos frutos.

Ficou interessado? Confira a seguir sobre as principais doenças dos citros e como tratá-las!

Quais são as principais doenças dos citros?

As doenças de plantas, não só as doenças dos citros, são atividades fisiológicas anormais e injuriosas resultantes da interação dos agentes patogênicos com as plantas e o ambiente.

Portanto, é essencial saber identificá-las para que as medidas necessárias de controle sejam tomadas corretamente.

Como existem muitos agentes patogênicos que atacam as plantas cítricas, abordarei as principais, dividindo-as em quatro grupos de acordo com seus agentes patogênicos.

1. Doenças causadas por fungos

Gomose 

A gomose, ou gomose de Phytophthora, é causada pelos fungos Phytophthora parasitica e P. citrophthora.

Estes são microorganismos que habitam naturalmente o solo e penetram nas plantas através das raízes ou pela base do tronco (colo).

Em campo os principais sintomas são lesões na base do tronco com exsudação de goma. 

Desta forma, a copa apresenta um amarelecimento (clorose) intenso nas folhas podendo levar à seca completa das plantas. 

doenças dos citros

Lesão de gomose na base do tronco (A) e seca completa da parte aérea (B)
(Fonte: Citrus Diseases)

O controle da gomose deve ser preventivo, para isso é recomendado o uso de porta-enxertos resistentes como a tangerina Cleópatra, o Poncirus trifoliata e o Citrumelo swingle.

Além disso, evitar o plantio em áreas com drenagem deficitária e o acúmulo de solo ou esterco no colo das plantas são alguns cuidados que devem ser tomados.

Melanose

A melanose em citros é uma doença de grande importância para pomares em que a produção é destinada para mesa, ou seja, consumo in natura.

Causada pelo fungo Phomopsis citri leva ao aparecimento de pequenas lesões escuras na superfície dos frutos que podem evoluir formando pústulas.

As folhas também podem ser afetadas com pequenos pontos marrons, formando pústulas com halo amarelado ao redor.

melanose

Sintomas de melanose em folhas (A) e em frutos de laranjas (B)
(Fonte: Citrus Diseases)

O controle pode ser realizado com hidróxido de cobre associado com a poda e retirada de ramos secos do pomar, que podem atuar como fonte de inóculo.

Pinta preta dos citros

Causada pelo fungo Guignardia citricarpa, gerando problemas em folhas e principalmente nos frutos.

Esse patógeno pode causar manchas de diferentes tipos e isso varia de acordo com a cultivar plantada, as condições ambientais e a época de infecção.

Para o controle da pinta preta são recomendados fungicidas do grupo das estrobilurinas e cúpricos pertencentes à lista PIC (Produção Integrada de Citros).

A poda de limpeza e realização da roçagem ecológica são manejos que também podem auxiliar na redução da quantidade de inóculo nos pomares.

doenças dos citros

Diferentes sintomas de pinta preta: mancha preta (ou dura) (A), mancha sardenta (B), mancha virulenta (C), falsa melanose (D), mancha trincada (E) e mancha rendilhada (F)
(Fonte: Fundecitrus)

Podridão floral dos citros (“estrelinha”)

A podridão floral, popularmente conhecida por estrelinha, é causada pelo fungo Colletotrichum acutatum que afeta os tecidos das flores e de frutos jovens.

Assim, ao atingir esses tecidos provoca a queda dos frutos deixando apenas os cálices que tem aparência de estrelas.

Os sintomas aparecem de forma alaranjada nas pétalas das flores e dos frutos jovens, enquanto no estigma e estilete são formadas manchas enegrecidas.

Podridão floral dos citros

Podridão floral dos citros, lesões alaranjadas (A), lesões enegrecidas (B) e cálices após queda dos frutos (C)
(Fonte: Fundecitrus)

O período mais crítico para ocorrência deste patógeno é o florescimento, principalmente quando coincide com o período chuvoso que pode levar a surtos de infecção.

Como solução, o controle pode ser realizado com base em fungicidas do grupo dos triazóis e estrobilurinas, associado à manutenção da adubação e retirada de plantas debilitadas.

2. Doenças causadas por bactérias

Cancro cítrico

Causador de grandes prejuízos nos pomares cítricos por levar a desfolha das plantas, queda prematura e depreciação dos frutos.

Causado pela bactéria Xanthomonas citri subsp. citri, seus sintomas podem ser encontrados em folhas, ramos e frutos.

doenças dos citros

Sintomas de cancro cítrico em ramos (A), folhas e frutos (B e C)
(Fonte: Citrus Diseases & Fundecitrus)

As lesões salientes e marrons de cancro cítrico são características nas diferentes partes da planta e normalmente são acompanhadas de um halo amarelado.

Além de fácil disseminada em maquinário, vestuário e materiais de colheita, existe uma relação do cancro cítrico com a lagarta minadora.

Entretanto, a lagarta minadora não é vetor do cancro cítrico, mas ao se alimentar – abrindo galerias nas folhas das plantas, torna-se um agente facilitador à contaminação pela bactéria.

A principal estratégia para o controle do cancro cítrico é a erradicação.

Quando não eliminadas, as principais recomendações são quebra-ventos, pulverizações com cobre, cultivares mais resistentes e, principalmente, o controle da lagarta minadora.

danos lagarta minadora

Galerias abertas pela lagarta minadora dos citros (Phyllocnistis citrella)
(Fonte: acervo pessoal do autor)

Clorose variegada dos citros (CVC)

A CVC, ou “amarelinho”, é causada pela bactéria Xylella fastidiosa e pode afetar todas as cultivares comerciais de citros.

A bactéria causadora da CVC é transmitida por cigarrinhas e se aloja no tecido xilemático das plantas causando interrupção do fluxo de água e nutrientes.

Essa interrupção causa uma clorose foliar, similar à deficiência de Zn, mas cuja parte de trás tem pontuações marrons.

clorose variegada dos citros (CVC)

Sintomas de clorose variegada dos citros (CVC) causada pela bactéria Xylella fastidiosa
(Fonte: Citrus Diseases)

Com o avanço da clorose, os frutos passam a apresentar um desenvolvimento irregular, tamanho reduzido e alguns casos rachaduras.

Não existe controle para este patógeno, mas são recomendadas três práticas de manejo que reduzem os danos e evitam a disseminação:

  • Obtenção de mudas sadias
  • Poda dos ramos afetados;
  • Controle das cigarrinhas (vetores).

Greening ou Huanglongbing (HLB)

O greening é hoje a doença de maior importância para a citricultura, com incidência e severidade acompanhada de perto por todos os produtores e órgãos reguladores.

A doença é causada pela bactéria Candidatus liberibacter que é transmitida através do inseto psilídeo (Diaphorina citri).

Uma vez na planta não há cura, a bactéria se aloja no floema e rapidamente se espalha.

Desta forma, as folhas apresentam um amarelecimento mosqueado, ou seja, irregular e sem simetria.

Os frutos ficam com o amadurecimento irregular e apresentam deformações e assimetria em relação à columela.

O manejo do greening é realizado por meio do controle do psilídeo, inspeção e monitoramento constante além da erradicação de plantas contaminadas.

doenças dos citros

Clorose assimétrica em folhas de citros (A) e formação de frutos assimétricos (B) decorrentes do greening
(Fonte: Citrus Diseases)

3. Doenças causadas por vírus

Morte súbita dos citros (MSC)

Apesar de não ser totalmente confirmada, suspeita-se que variantes do vírus da tristeza dos citros (CTV) sejam o agente causador dessa doença.

Este vírus é transmitido para, e entre, as plantas através de insetos vetores: os pulgões, especificamente o Toxoptera citricidus.

A MSC é especialmente importante para os pomares em que plantas são enxertadas sobre porta-enxertos intolerantes: os limoeiros Cravo e Volkameriano e Rugoso.

Como o próprio nome diz, a morte ocorre de maneira súbita. Mas em alguns casos causa definhamento, reduzindo porte da planta e dos frutos produzidos.

Para controlar a incidência da doença é essencial o controle do vetor, ou ainda, a técnica da subenxertia para substituição dos porta-enxertos.

Planta atingida pela morte súbita dos citros

Planta atingida pela morte súbita dos citros
(Fonte: Fundecitrus)

Leprose dos citros

É uma doença causada pelo vírus da leprose dos citros (CiLV), transmitida pelo ácaro da leprose (Brevipalpus phoenicis).

O vírus não se espalha pela planta, ficando restrito apenas às regiões atacadas pelo ácaro. 

Os sintomas são similares aos do cancro cítrico e as lesões conforme se desenvolvem podem ocasionar a queda dos frutos e das folhas e, até mesmo, a morte de ramos.

Mas as lesões podem ser diferenciadas, pois as da leprose são deprimidas enquanto as do cancro são salientes.

doenças dos citros

Lesões deprimidas em frutos (A) e nos ramos (B) decorrentes da leprose
(Fonte: Citrus Diseases)

4. Doenças de causas desconhecidas

Declínio dos citros

É uma anormalidade observada nas plantas cítricas, em que as plantas afetadas cessam o crescimento e apresentam um definhamento seguido de murcha e morte.

Acredita-se que isto acontece devido à interrupção do fluxo de seiva das plantas, mas ainda não se sabe qual a causa.

Planta atingida pelo declínio dos citros

Planta atingida pelo declínio dos citros
(Fonte: Bossanezi e Jesus Júnior)

A principal recomendação é o arranquio e destruição das plantas afetadas. Outra alternativa é o uso de variedades mais resistentes (laranja Caipira e as tangerinas Sunki e Cleópatra).

Conclusão

Conhecer, monitorar e fazer a correta identificação são os pontos-chave do controle das doenças dos citros.

Lembre-se que muitas delas dependem do manejo regional! Converse com seus vizinhos para programar e alinhar suas pulverizações.

As doenças dos citros são muitas e podem levar a prejuízos muito significativos, por isso a prevenção é a melhor solução!

E você, qual destas doenças tem maior incidência em seus pomares? Como faz o controle? Conte pra gente nos comentários!

Agroquímicos: importância, problemas e alternativas

Agroquímicos: veja mitos e verdades do uso no agro e conheça os principais produtos e aplicações.

Cada vez mais nos deparamos com manchetes alarmantes a respeito deles nos noticiários, envolvendo casos de poluição ambiental e até intoxicação em humanos.

São os agroquímicos, agrotóxicos, defensivos agrícolas, ‘praguicidas’ ou pesticidas’.

Mas afinal, o que são todos esses nomes? Esses produtos são bons ou ruins? Devemos amá-los ou odiá-los?

Em tempos de extremismo e fake news devemos sempre buscar informações porque, como já disse o filósofo Francis Bacon, “saber é poder”.

Confira a seguir um pouco mais a respeito do que são os agroquímicos, por que precisamos deles e que nem tudo são flores.

O que são agroquímicos?

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), pela Lei Federal 7.802 de 11.07.89, os agroquímicos são definidos como:

produtos ou agentes de processos físicos, químicos ou biológicos utilizados na produção, armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, pastagem e proteção de florestas (…) cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos”.

Ou seja, são produtos que quando aplicados atuam no sistema agrícola modificando beneficamente o sistema produtivo.

Além de definir o que são, esta lei traz informações a respeito da pesquisa, produção, rotulagem, transporte, armazenamento e inúmeros outros tópicos.

Lei Federal 7.802 de 1989

Disposições a respeito dos agroquímicos da Lei Federal 7.802 de 1989, regulamentada pelo decreto Nº 4074/2002
(Fonte: Mapa e Menten et al., 2011)

Agora que já sabemos o que são os agroquímicos, podemos seguir em frente e explorar quais os principais tipos existentes no mercado.

Principais tipos de agroquímicos

Como a própria definição deixa explícito, a principal função desses produtos é alterar a composição da flora e fauna na produção agrícola.

Portanto, os agroquímicos podem ser enquadrados em algumas categorias, de acordo com o seu alvo sendo: fungicidas, inseticidas, herbicidas e outros.

Pragas dos cultivos agrícolas e seus defensivos

Principais pragas dos cultivos agrícolas e seus respectivos defensivos
(Fonte: CropLife Brasil)

Fungicidas

Os fungicidas atuam principalmente no controle e prevenção da ocorrência de fungos fitopatogênicos nos cultivos agrícolas. 

As demandas variam de cultura para cultura, principalmente nos diferentes níveis de sensibilidade das plantas aos patógenos.

São produtos requisitados de norte a sul do país, pois as condições climáticas brasileiras permitem o desenvolvimento destes fungos na maioria dos ambientes.

Inseticidas 

Inseticidas, por sua vez, são mais comuns em nosso dia a dia, pela razão de que muitas pessoas os possuem em suas casas.

É claro que as fórmulas bem como as doses e formas de aplicação utilizadas são bem diferentes que no campo, mas o princípio é o mesmo: prevenção e controle de insetos.

Os insetos, bem como os fungos, podem ser extremamente prejudiciais aos cultivos agrícolas quando não controlados e aparecem por todo o país.

Herbicidas

Junto com os fungicidas e inseticidas, os herbicidas são ferramentas essenciais para as práticas agrícolas, realizando o controle de plantas daninhas.

Quando não controladas, as plantas daninhas competem com os cultivos por água, luz e nutrientes, fazendo com que os cultivos não atinjam a produtividade máxima.

Outros produtos

Nessa categoria podemos enquadrar uma série de produtos que auxiliam as aplicações de modo a torná-las mais eficientes.

Os óleos espalhantes, adjuvantes, antiespumantes, sequestrantes e reguladores de pH são responsáveis por garantir maior eficiência e uniformidade no processo.

Importância do uso dos agroquímicos

Os agroquímicos são utilizados na agricultura desde o século XIX na forma de produtos inorgânicos, como o sulfato de cobre (principal componente da calda bordalesa).

Entretanto, o crescimento da população mundial associado ao aumento da expectativa de vida trouxe à tona um enorme desafio: como alimentar todas essas pessoas?

Perante essa necessidade, as alternativas eram expandir as áreas cultivadas ou aumentar a produção nas áreas já cultivadas.

A expansão das áreas traria prejuízos ambientais, principalmente no que diz respeito ao desmatamento, portanto, buscou-se o aumento da produção das áreas existentes.

Assim, a fim de aumentar a produtividade, precisamos reduzir as perdas e garantir um ambiente propício para o desenvolvimento dos cultivos.

Como grande parte dos trabalhos e pesquisas científicas indicam que as perdas de produção referente à ação de pragas chegam ao redor de 30% a 40%, a estratégia foi reduzir a ação dessas pragas nos cultivos agrícolas pelo uso de agroquímicos.

No Brasil, segundo dados do Ipea, um quinto do PIB nacional depende do agronegócio, tendo como base o cultivo e venda de commodities como soja, milho, laranja, café, entre outras culturas.

principais cultivos agrícolas do Brasil - IBGE - agroquímicos

Principais cultivos agrícolas do Brasil em volume de produção
(Fonte: Censo Agro IBGE (2017))

Esses cultivos dependem, e muito, dos agroquímicos, principalmente devido às grandes áreas cultivadas, o que dificulta a realização de outros tipos de manejo.

A tecnologia presente nos agroquímicos é extremamente eficiente, trazendo excelentes resultados de produção.

Mas, nem tudo são flores, o uso intensivo ou equivocado de agroquímicos pode trazer prejuízos irreparáveis.

Problemas relacionados ao uso de agroquímicos

Os principais problemas relacionados ao uso dos agroquímicos estão associados à saúde humana, ao meio ambiente e ao aparecimento de resistência de pragas.

O uso inadequado dos produtos afeta negativamente o sistema produtivo, deixando mais resíduos e atuando muitas vezes onde não devia.

A poluição ambiental por agroquímicos, seja do solo ou das águas, deve-se principalmente ao uso exagerado e inadequado.

agroquímicos

Exemplo de aplicação inadequada de agroquímicos, sem o uso dos equipamentos de proteção recomendados
(Fonte: Mundo Educação)

O não respeito às normas de aplicação, com o uso de equipamentos de proteção individual (EPI’s), expõe os trabalhadores a riscos desnecessários.

Além disso, a utilização indiscriminada de agroquímicos pode induzir a resistência das pragas, patógenos e daninhas aos produtos, tornando-os ineficientes no controle e exigindo doses cada vez mais altas para atingir o mesmo efeito.

Para entendermos melhor, podemos traçar um paralelo entre os agroquímicos e os antibióticos

Ambos possuem ingredientes ativos que atuam sobre os organismos de modo a eliminá-los.

Da mesma forma que não tomamos antibióticos sem orientação médica, os agroquímicos também devem ser utilizados sob orientação e recomendação de engenheiros agrônomos.

Principais alternativas aos agroquímicos

Graças à pesquisas, é possível tornar a agricultura menos dependente dos agroquímicos.

Os agroquímicos, ou controle químico, não é a única ferramenta disponível para o manejo das pragas, plantas daninhas e doenças em nas lavouras.

Diferentes técnicas podem ser aplicadas para a realização do manejo como o controle físico, biológico, mecânico e cultural.

agroquímicos - manejo integrado

Principais técnicas aplicadas para realização do manejo integrado
(Fonte: AMICI Mecanização Agrícola)

Quando aplicadas juntas, ou alternadas, essas técnicas formam o chamado manejo integrado, que pode ser utilizado para o controle de pragas, doenças e até plantas daninhas.

O manejo integrado das lavouras faz uso racional dos agroquímicos, tornando a agricultura mais sustentável, aliado ao desenvolvimento de novas tecnologias de aplicação que podem auxiliar na redução do volume de agroquímicos utilizados.

Outra saída para a redução do uso de agroquímicos está associada ao desenvolvimento de novas moléculas, mais eficientes e menos tóxicas.

controle biológico

Exemplo de controle biológico: vespinhas de Trichogramma parasitando ovos de lagartas
(Fonte: Embrapa)

Porém, além do custo envolvido é um processo demorado, sendo uma alternativa a longo prazo.

A agricultura orgânica, que se baseia no cultivo totalmente livre de agroquímicos, também pode ser uma alternativa viável para frutas e verduras.

Entretanto, os orgânicos conseguem – em sua maioria – fornecer maior variedade do que volume, e muitas vezes a sazonalidade é maior.

planilha de compras de insumos

Conclusão

Os agroquímicos fazem parte da realidade da produção de alimentos do Brasil e do mundo.

Entretanto, deve-se saber ponderar o seu uso e fazê-lo de forma correta – apenas quando necessário.

Finalmente, vimos que é preciso buscar o equilíbrio entre as técnicas de manejo para tornarmos a agricultura mais sustentável e segura para todos.

E você, qual sua opinião sobre os agroquímicos? Utiliza outras técnicas de controle, além do químico, em sua lavoura? Conte pra gente nos comentários!

Ciclo da ferrugem da soja e novidades da doença para esta safra

Ciclo da ferrugem da soja: ciclo da doença, ocorrência na safra 2019/20, medidas de manejo, controle químico e redução da eficiência de fungicidas.

A ferrugem asiática é uma doença de grande importância para a cultura da soja, que além do elevado custo com o seu manejo, pode causar perdas de produtividade.

Essa doença possui custo médio de US$ 2,8 bilhões por safra no Brasil, o que pode afetar a lucratividade da lavoura de soja.

Para reduzir custos e perdas é importante conhecer o seu ciclo, saber como está a ocorrência da doença nas regiões produtoras e as principais medidas de manejo.

Por isso, aproveite este texto para tirar suas dúvidas sobre o ciclo da ferrugem da soja, assim como medidas para combatê-la. Confira!

Como está a ocorrência da ferrugem asiática na safra 2019/20?

A ferrugem chegou ao Brasil em 2001, na região do Paraná, e rapidamente foi constatada nas demais regiões produtoras de soja do país. 

Sendo considerada uma das doenças mais severas da cultura da soja, ela pode interferir na produção e causar danos de até 90%.

Nesta safra (2019/20), o primeiro registro da doença ocorreu no Paraná no fim de 2019.

Houve um menor número de ocorrência nesta safra – 68 – contra 242 focos da safra passada 2018/19, no mesmo período do ano (até 28 de janeiro).

Segundo a pesquisadora da Embrapa Cláudia Vieira Godoy, isso ocorreu porque a semeadura da safra atual aconteceu mais tardiamente e de maneira mais espalhada por conta da falta de chuva, diferente da safra passada.

Mas as chuvas do início de 2020 podem proporcionar condições que favoreçam a ocorrência da doença, por isso, os produtores não podem descuidar do monitoramento da ferrugem e das medidas de manejo.

Até o momento já foram registrados mais de 65 focos de ferrugem asiática pelo Brasil, sendo apresentado maiores ocorrências nos estados do Paraná e do Mato Grosso do Sul. 

Você pode utilizar o Consórcio Antiferrugem para monitorar os focos de ferrugem da soja na sua região. 

ciclo da ferrugem da soja

Para entender mais sobre a doença e quais medidas de manejo utilizar, é importante conhecer o ciclo da ferrugem asiática.

Ciclo da ferrugem da soja

A ferrugem asiática da soja é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, que é disseminado principalmente pelo vento, ou seja, os esporos do fungo (urediniósporos) são disseminados de um local para outro podendo ir a longas distâncias. 

Os esporos são depositados na folha de soja e para que o fungo infecte a planta são necessárias condições favoráveis como disponibilidade de água livre na folha, no mínimo de 6 horas de molhamento foliar e temperatura entre 15 e 25°C

Dessa forma, as chuvas também podem favorecer o desenvolvimento da doença.

O fungo da ferrugem da soja penetra através da cutícula da folha da soja de forma direta, para infectar a planta. Após alguns dias, podem ser observados os primeiros sintomas.

Inicialmente, na parte superior das folhas podem ter pequenos pontos, com coloração mais escura que o tecido sadio, variando de verde a cinza.

Na parte inferior das folhas ocorrem as lesões – urédias (também chamadas de pústulas), com coloração castanha a marrom.

E nessas pústulas são formados os esporos que podem ser dispersos para o ambiente e começar novamente o ciclo.

Sintomas da ferrugem asiática na parte inferior da folha
(Fonte: arquivo pessoal da autora)

Com o progresso da doença, se as folhas apresentarem alta densidade de lesões ficam amarelas e caem, causando desfolha na lavoura e afetando a produção.

Em condições favoráveis, o fungo completa o seu ciclo de vida de 6 a 9 dias.

Essa foi uma rápida explicação do ciclo da ferrugem asiática da soja que você pode conferir na ilustração abaixo.

ciclo da ferrugem da soja

(Fonte: Reis e Carmona em Promip)

A doença evolui em qualquer estádio de desenvolvimento da planta, mas é possível observar com frequência a partir do fechamento do dossel, pela formação de um microclima favorável ao desenvolvimento da doença.

Além das plantas de soja da lavoura e das tigueras (plantas voluntárias), a ferrugem apresenta uma ampla gama de plantas hospedeiras, mais de 150 espécies.

E como você pode identificar essa doença na sua lavoura? Veja a seguir.

Identificação da ferrugem asiática na lavoura 

Para manejar o ciclo da ferrugem da soja é muito importante identificar a doença rapidamente na lavoura.

Para isso é importante o monitoramento constante!

Primeiro observe as folhas do terço inferior e/ou médio das plantas, principalmente nos locais com maior probabilidade de acúmulo de umidade, para verificar se há sintomas e estruturas do fungo.

Após isso, verifique as folhas na parte superior e veja se há pontos escuros.

Se observar pontos escuros, utilize uma lupa e verifique se existe a presença de saliências (urédias) na parte inferior (face abaxial ou verso da folha) das folhas .

urédias ferrugem da soja - Grupo Cultivar

(Fonte: Grupo Cultivar)

Quando as urédias liberam os esporos, fica-se com aspecto de “vulcão”.

Assim, quanto antes você perceber que a sua lavoura está doente, mais cedo vai controlá-la e menos perdas a doença causará.

Além do monitoramento, veja outras medidas de controle durante o ciclo da ferrugem da soja.

Manejo da ferrugem asiática da soja

Para o controle da ferrugem asiática da soja, as medidas de manejo que você pode utilizar são:

  • Monitoramento da lavoura de soja e de focos da ferrugem asiática na região para definir o momento ideal do controle;
  • Vazio sanitário: período de 60 a 90 dias sem o plantio de soja ou plantas voluntárias no campo. Esse período reduz a sobrevivência do fungo no campo, atrasando a ocorrência da doença na safra;
  • Uso de variedades precoces; 
  • Calendarização da semeadura (no início do período recomendado): para reduzir o número de aplicações de fungicidas e, com isso, diminuir a pressão de seleção de resistência do fungo aos fungicidas, já que essa doença pode ser dispersa a longas distâncias pelo vento;

Veja os estados que fazem parte da calendarização e do vazio sanitário e não se esqueça de observar o período ou a data dessas medidas para a sua região.

Estados calendarização e vazio sanitário
  • Controle químico (fungicidas): pode ser utilizado de maneira preventiva ou no aparecimento de sintomas;
  • Uso de cultivares resistentes ou mais tolerantes quando disponíveis;
  • Integração de vários métodos de manejo para prevenir a redução da eficiência de fungicidas e de plantas resistentes.

Baixe grátis a planilha de Estimativa da Produtividade da Soja

Fungicidas para o manejo do ciclo da ferrugem da soja

Como já comentamos, os fungicidas podem ser utilizados após a identificação dos primeiros sintomas ou preventivamente.

Para realizar o controle preventivo é importante observar alguns fatores como: aparecimento da ferrugem asiática (presença do fungo e condição climática favorável), logística de aplicação (disponibilidade de equipamentos e tamanho da propriedade), presença de outras doenças e custo do controle.

Já são 68 fungicidas registrados com vários modos de ação que você pode consultar no Agrofit e utilizar para o controle da ferrugem da soja na sua lavoura.

Para te auxiliar nessa escolha, a Embrapa realiza um estudo durante toda a safra de soja sobre a eficiência de fungicidas para o controle da ferrugem asiática.

Assim são obtidas a severidade da doença, a porcentagem de controle, a produtividade e a porcentagem de redução de produtividade. Veja as informações que foram obtidas durante a safra 2018/19.

Lembre-se que se deve utilizar mais de um tipo químico para melhorar a eficiência do controle e reduzir a resistência do fungo a fungicidas.

Redução da eficiência de fungicidas para controle da ferrugem asiática 

A resistência de fungos a fungicidas ocorre por processos evolutivos, mas o uso incorreto (uso contínuo do mesmo fungicida com mesmo modo de ação e doses incorretas) pode adiantar esse processo.

Para o ciclo da ferrugem da soja houve redução da eficiência dos fungicidas dos grupos químicos: Estrobilurinas, Triazóis e Carboxamidas.

Para utilizá-los, o FRAC orienta que:

As Estrobilurinas devem ser utilizadas no controle da ferrugem de forma preventiva, combinadas com fungicidas triazóis, triazolintione e/ou carboxamidas, garantindo adequados níveis de eficácia. 

Já as Carboxamidas devem ser utilizadas de forma preventiva e também em combinação com o grupo químico das Estrobilurinas.

Para reduzir a resistência de fungos a fungicidas, algumas medidas podem ser utilizadas, como:

– Realizar rotação de fungicidas com diferentes modos de ação;

– Uso do fungicida somente na época, na dose e nos intervalos de aplicação recomendados no rótulo/bula;

– Utilizar outras medidas de manejo (integração);

– Redução do número de aplicações e calendarização da semeadura;

– Consultar um(a) engenheiro(a) agrônomo(a) para auxiliar nas recomendações.

Conclusão

Vimos que conhecer o ciclo da ferrugem da soja é importante para entender como ela ocorre, as condições do ambiente que são favoráveis e para identificar as melhores medidas de manejo.

E que entre essas medidas, o controle químico é muito usado nas lavouras de soja, mas já foram identificados fungicidas com redução da eficiência para controle. 

Agora que você sabe essas informações, monitore a sua lavoura, integre várias medidas de manejo e reduza perdas com a ferrugem asiática na sua lavoura!

Você teve problemas com essa doença na safra 2019/20 na sua propriedade? Como você controla o ciclo da ferrugem da soja? Adoraria ver seu comentário abaixo!

5 coisas para saber que evitam a deriva de defensivos

Deriva de defensivos agrícolas: tamanho de gotas, escolha do bico, altura da barra e outras orientações para você não ter perda de produtos por deriva.

Pior do que aplicar um produto e não ver resultados, é pulverizar e ver que prejudicou as culturas sensíveis de áreas próximas.

Esse é um dos problemas da ocorrência da deriva, além da perda de produtos e aplicação de doses inadequadas em campo.

O fato da deriva ser tão comum nos mostra que não é fácil controlar essa questão na tecnologia de aplicação de defensivos.

Aqui reunimos as principais maneiras de reduzir a deriva e não prejudicar suas culturas (e nem as do vizinho). Confira!

O que é deriva de defensivos agrícolas?

É quando a aplicação do defensivo agrícola não chega ao alvo. A deriva também é definida como o movimento do defensivo no ar durante ou após a aplicação, não atingindo o local desejado.

Como sabemos, é fundamental que o defensivo atinja o local desejado, pois caso isso não ocorra estaremos perdendo dinheiro, tempo e, consequentemente, reduzindo a produtividade.

Comportamento dos defensivos agrícolas no ambiente

Comportamento dos defensivos agrícolas no ambiente
(Fonte: Campos Moraes (2012))

Mesmo com tantas informações sobre tecnologia de aplicação, podemos nos perder um pouco na hora da escolha de critérios para a tomada de decisão.

Pensando nisso, Ferrer (2014) elaborou um modelo de tomada de decisão em tecnologia de aplicação de defensivos.

Modelo conceitual de decisões em tecnologia de aplicação de produtos fitossanitários

Modelo conceitual de decisões em tecnologia de aplicação de produtos fitossanitários
(Fonte: Ferrer (2014))

Se quiser saber mais sobre tecnologia de aplicação, leia também o texto: “Tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas: as melhores práticas” e “Acerte nas aplicações de defensivos com planejamento agrícola”.

Além disso, em outro trabalho (Marasca et al. (2018)) estudaram a distância que pode chegar a deriva de produtos de acordo com a modalidade de aplicação em condições ideais e adversas. 

Observe que os valores de porcentagem de deriva podem aumentar em até 128% quando a aplicação dos defensivos ocorre em condições adversas.

deriva

Distância máxima de deriva e aumento desta em função de aplicações realizadas em diferentes modalidades e condições climáticas.
(Fonte: Marasca et al. (2018))

Agora, vamos para as principais dicas que evitam essa deriva de defensivos agrícolas!

1. Peso e diâmetro de gotas: essencial para não ocorrer deriva de defensivos

O diâmetro e peso de gotas é um dos principais fatores que afetam a deriva. Gotas com tamanho de 50 a 100 μm são classificadas como muito finas, sendo aquelas mais suscetíveis à deriva.

Manual de tecnologia de aplicação

Manual de tecnologia de aplicação
(Fonte: Andef)

Classificação das gotas e o risco de deriva

Classificação das gotas e o risco de deriva
(Fonte: Jacto)

Já, as gotas grandes são mais pesadas e por isso sua trajetória é praticamente vertical, isso confere uma maior resistência à deriva. 

Lembrando que gotas maiores resultam em menos cobertura da planta e, por isso, são mais utilizadas com defensivos sistêmicos, enquanto que gotas pequenas (finas) são recomendadas para produtos que precisam dar cobertura à planta, ou seja, àqueles de contato.

Por isso, sempre prefira usar gotas médias a grossas quando o produto permitir e as condições climáticas não estiverem propícias (como veremos na dica a seguir).

deriva

(Fonte: Jacto)

2. Condições climáticas durante as aplicações de defensivos

Para evitar a deriva, no momento da aplicação as condições climáticas precisam ser ideais. 

A recomendação é que a aplicação seja feita quando a temperatura for menor que 30°C, a umidade relativa do ar seja maior que 50%, além de velocidade do vento entre 3 e 7 km/h.

Manual de tecnologia de aplicação

Manual de tecnologia de aplicação
(Fonte: Andef)

Ventos com velocidade acima de 10 km/h contribuem para um aumento da deriva do produto, principalmente se o tamanho das gotas for fina ou muito fina, podendo atingir outras áreas de aplicação que não as desejadas. 

Entretanto, ventos com velocidade menor que 4 km/h podem reduzir a penetração dos produtos nas partes inferiores das plantas.

Para fazer a aplicação dos defensivos sempre nas melhores condições climáticas, é necessário monitorar o tempo.

3. Adjuvantes para evitar a deriva de defensivos agrícolas

Os adjuvantes podem ter diversas funções e uma delas pode ser antideriva.

Funções dos adjuvantes
(Fonte: R-TEC AGRO)

Um estudo feito por Costa et al. (2014) concluiu que o uso de óleo mineral e agente antideriva reduz a suscetibilidade à deriva em aplicação de glifosato + 2,4-D.

Adjuvantes na deriva de 2,4-D + glifosato em condições de campo
(Fonte: Costa et al., 2014)

4. Escolha corretamente a ponta de pulverização

Para escolha da ponta adequada, devemos conhecer os componentes do bico de pulverização.

Os bicos de pulverização são formados por:

  • Corpo
  • Peneira
  • Ponta
  • Capa

(Fonte: Santos e Cesar)

A escolha do bico de pulverização adequado vai ajudar a reduzir as perdas por deriva e garantir maior uniformidade na aplicação.

Vários fatores devem ser levados em consideração na hora da tomada de decisão, uma delas é qual o alvo que desejamos atingir.

Existem vários tipos de ingredientes ativos e vários alvos a serem controlados, como plantas daninhas, pragas e doenças.

Assim, primeiro defina o seu alvo, como por exemplo se ele está no solo ou na planta, como mostra a figura abaixo:

(Fonte: Agrozapp)

5. Pressão adequada, altura da barra e cobertura

Para evitar deriva e aplicar corretamente o defensivo, a altura da barra deve ser de aproximadamente 50 cm em relação ao alvo, mas o melhor é que você mude a altura dependendo do alvo, como mostramos abaixo:

Altura ideal da barra de pulverização em relação ao alvo

Altura ideal da barra de pulverização em relação ao alvo
(Fonte: Santos (2013))

Depois veja se a cobertura é a ideal, ou seja, se a quantidade de gotas do produto é suficiente.

Uma boa cobertura do alvo está relacionada a:

  • Tipo de produto
  • Tamanho de gota
  • Surfactantes
  • Volume do produto aplicado
Cobertura, pressão, deriva e vida útil dos defensivos agrícolas

Cobertura, pressão, deriva e vida útil dos defensivos agrícolas em função do tipo de bico de pulverização
(Fonte: Adegas (Embrapa Soja))

O tipo de produto envolve a formulação (granulado, pó molhável, pó solúvel, concentrado emulsionável, solução aquosa, suspensão concentrada ou grânulos dispersíveis).

Além da formulação, outras características que precisam ser observadas são:

  • Como o produto é absorvido (aplicação em pré ou pós-emergência);
  • Se o produto degrada com a luz;
  • Qual o tempo necessário para o produto ser absorvido;
  • Se ele é sistêmico ou de contato;
  • Se ele é volátil (essa é uma das principais características associados ao alto risco de deriva).
Tipos de bicos, pressão de aplicação, características e indicações de uso

Tipos de bicos, pressão de aplicação, características e indicações de uso
(Fonte: Embrapa Uva e Vinho)

Conclusão

Aqui vimos o que é deriva e quais as dicas para reduzir o risco de ocorrências.

Você viu cinco dicas importantes que podem lhe auxiliar para realmente atingir o alvo de aplicação desejado, não causando danos às outras culturas.

Com a redução da deriva, mais produtos chegam ao alvo, controlando plantas daninhas, pragas e doenças, o que consequentemente ajuda na manutenção das altas produtividades. 

Ao planejar sua aplicação, consulte sempre um engenheiro(a) agrônomo(a), leia e siga todas as instruções e precauções da bula do produto. 

Agora que você entendeu mais sobre como evitar a deriva de defensivos, que tal começar a aplicar essas dicas na hora da pulverização?

>> Leia mais:

“Entenda os princípios e benefícios da pulverização eletrostática na agricultura”

Gostou do texto? Têm mais dicas sobre como evitar a deriva de defensivos agrícolas? Adoraria ver o seu comentário abaixo!

Tudo sobre o manejo da Laranja Hamlin

Laranja Hamlin: desde a implantação do pomar até o manejo de adubação e irrigação, plantas daninhas e fitossanitário. 

Nos últimos anos, o plantio de laranjas doces precoces, como a Hamlin, aumentou nas principais regiões produtoras do país.

Essas cultivares precoces (Hamlin, Westin e Rubi) representam 23% das variedades dos pomares paulistas.

Isso garantiu aumento da produtividade dos pomares e maior oferta de frutos de qualidade para consumo in natura e para a indústria.

Mas afinal, quais as principais características dessa cultivar? E quais os manejos adequados? Confira a seguir, essas e outras informações sobre a Laranja Hamlin! 

Laranja Hamlin, uma cultivar precoce

A Laranja Hamlin (Citrus sinensis (L.) Osbeck) pertence ao grupo das laranjas doces comuns, assim como a valência.

Isso significa que quando madura apresenta níveis de acidez que podem variar de 0,9% até 1%.

Sendo considerada de maturação precoce a meia-estação, seus frutos podem entrar no mercado entre os meses de maio até agosto, dependendo da região de cultivo.

Os frutos da Laranja Hamlin são pequenos a médios, contêm poucas sementes e apresentam casca fina de coloração amarelada.

Frutos de Laranja Hamlin

Frutos de Laranja Hamlin
(Fonte: Florida Citrus Varieties)

Além disso, possuem baixos teores de suco, de açúcares (ou sólidos solúveis) e são ligeiramente ácidos.

Seu suco apresenta coloração clara quando comparado ao de outras cultivares, não sendo o ideal para processamento.

Entretanto, o principal destino para a Laranja Hamlin é a indústria de processamento para produção de suco concentrado.

Isso acontece porque as plantas, além de precoces, são muito produtivas e garantem grande quantidade de frutos em época de escassez.

Como podemos observar no gráfico abaixo:

Período de colheita por variedade SP

Período de colheita por variedade e porcentagem da produção do estado de São Paulo 
(Fonte: Markstrat – CitrusBR)

A Laranja Hamlin, como precoce, é uma das principais cultivares que alimentam a indústria de processamento para suco concentrado.

Sua precocidade permite que a indústria inicie as atividades semanas antes da maturação das demais cultivares.

Além dela, as laranjas pêra (meia-estação), valência e natal (tardias), garantem o processamento no período de maio a dezembro.

Os frutos da Hamlin também podem ser comercializados em pequena escala no mercado interno de frutas in natura.

A implantação do pomar de Laranja Hamlin

As laranjeiras são plantas perenes e permanecerão no campo por muitos anos, por isso, a implantação é um período crítico para seu sucesso.

Independente da cultivar, devemos nos atentar a pontos-chave antes e durante o plantio. 

Confira mais sobre implantação de pomares cítricos.

Manejos do pomar cítrico

A fim de alcançar elevadas produtividades, os pomares cítricos requerem manejos de adubação e irrigação, plantas daninhas, fitossanitários e outros.

1. Escolha do porta-enxerto e adensamento de plantio

Na época de obtenção das mudas, antes mesmo da implantação do pomar, precisamos determinar o espaçamento e o porta-enxerto.

Assim como para outras espécies frutíferas, o porta-enxerto tem forte influência sobre o desenvolvimento da copa da Laranja Hamlin.

Dentre os principais utilizados atualmente no Brasil, a Laranja Hamlin não apresenta incompatibilidade com nenhum deles.

Exemplos de incompatibilidade de enxertia entre copas e porta-enxertos de citros
(Fonte: Oliveira et al. (2006) – Embrapa)

Portanto, a escolha deve ser feita de acordo com as necessidades da região de cultivo e da lavoura.

Para pomares irrigados, por exemplo, não há necessidade de usar porta-enxertos resistentes à seca.

Os porta-enxertos podem influenciar no vigor, produtividade, precocidade de produção, qualidade dos frutos, tolerância seca e resistência a patógenos.

Para a Laranja Hamlin, o uso do Flying dragon – de baixo vigor, facilita o adensamento e garante produtividade superior a de outras cultivares.

Produtividade de laranjeiras Embrapa

Produtividade de laranjeiras (Citrus sinensis L. Osbeck.) Hamlin, Natal e Valência enxertadas sobre Flying dragon (Poncirus trifoliata L.) no espaçamento 4m x 2m em Bebedouro (SP). 
(Fonte: Embrapa, 2012)

2. Manejo da adubação e irrigação

A adubação e irrigação são fatores que influenciam diretamente na produtividade de pomares cítricos.

Esse processo começa com a análise de solo, continua na correção e se concretiza na adubação.

Pode ser realizado via solo ou foliar, de acordo com as necessidades do pomar no decorrer do ciclo produtivo.

Sendo assim, é um processo dinâmico que deve iniciar antes da implantação e ter acompanhamento constante, buscando atender as necessidades das plantas.

Para uma melhor adubação, confira em Adubação em Citros: 3 dicas para ser ainda mais eficiente

A irrigação, por sua vez, pode influenciar diretamente no florescimento das plantas cítricas, já que o florescimento é estimulado pelo estresse hídrico.

Em pomares irrigados, principalmente em regiões de clima tropical, podemos antecipar o florescimento regulando o fornecimento de água.

Veja mais sobre a florada do citros.

3. Manejo de plantas daninhas

Nos pomares cítricos, as plantas daninhas podem ocasionar danos diretos e indiretos.

Danos diretos são resultado da competição por água, luz e nutrientes, que leva à redução da quantidade e qualidade dos frutos colhidos.

Estima-se que as perdas de produtividade devido à competição direta com plantas daninhas possam variar de 20% até 40%.

Enquanto os danos indiretos estão relacionados ao fato das plantas daninhas serem hospedeiras em potencial para pragas, doenças e nematoides.

A Laranja Hamlin tem apresentado boa produção quando livre de plantas daninhas, principalmente nas estações mais secas.

Os manejos realizados nos pomares cítricos para o controle de daninhas, baseiam-se no uso de herbicidas na pré e pós-emergência e de roçadeira ecológica.

Outra alternativa viável é o cultivo de culturas intercalares de interesse econômico (como quiabo, berinjela e abacaxi) ou adubos verdes. 

Esses métodos integrados de manejo das plantas daninhas se destacam por evitarem a interferência, promovendo menor impacto ambiental.

Nome comumNome científico
capim-marmeladaBraquiaria plantaginea (link.) Hitchc
capim-coloniãoPanicum maximum Jacq.
capim-colchãoDigitaria horizontalis (Retz). Koel
capim-carrapichoCenchrus echinatus L.
capim-pé-de-galinhaEleusine indica (L.) Gaertn
grama-sedaCynodon dactylon (L.) Pers
capim-favoritoRhynchelitrum repens (willd.) C.E. Hubb
capim-amargosoDigitaria insularis (L.) Fedde
grama-batataisPaspalum notatum Flugee
capim-braquiáriaBraquiaria decumbens Stapf.
tiriricaCyperus rotondus L.
trapoerabaCommelina spp.
picão pretoBidens pilosa L.
guaxumasSida spp.
caruruAmaranthus spp.
falsa-serralhaEmilia sonchifolia (L.) DC.
mentrastoAgeranthum conyzoides L.
picão-brancoGalinsoga parviflora Cav
cordas-de-violaIpomoea spp.
beldroegaPortulaca oleraceae L.

Principais espécies de plantas daninhas de ocorrência nas áreas citrícolas
(Fonte: Adaptado de Victoria Filho et al. (1991))

4. Manejo fitossanitário

As laranjeiras e outras plantas cítricas são alvo de grande quantidade de pragas e doenças.

Ácaros, pulgões, lagartas, psilídeos, cochonilhas, cigarrinhas e formigas são exemplos das pragas causadoras de danos, sendo alguns deles vetores de doenças.

Doenças como a verrugose, a gomose e a pinta preta são algumas das doenças fúngicas que acometem os pomares cítricos.

Enquanto das doenças bacterianas se destacam o Huanglongbing (HLB) ou Greening, a clorose variegada dos citros (CVC) e o cancro cítrico.

Atualmente, os principais entraves da citricultura brasileira estão relacionados à ocorrência das doenças bacterianas do cancro cítrico e do HLB.

Isto porque, para estas duas doenças, há determinação legal que exige que as plantas infectadas sejam arrancadas, a fim de evitar a disseminação dos patógenos.

Portanto, para manter os pomares cítricos em bom estado fitossanitário é necessário vigilância constante e sistemática.

Monitoramento da presença do psilídeo

Monitoramento da presença do psilídeo (Diaphorina citri), inseto transmissor do HLB em pomares cítricos
(Fonte: Fundecitrus)

Amostragens e/ou inspeções periódicas são essenciais para a detecção e diagnóstico da ocorrência de pragas e doenças.

E uma vez verificado o problema, deve-se buscar a recomendação técnica adequada para a resolução do problema.

A melhor estratégia para o controle de pragas e doenças é a prevenção e isto deve acontecer desde o início do plantio.

Conclusão

A Laranja Hamlin é uma cultivar essencial para a citricultura brasileira, principalmente para a produção do suco concentrado.

Assim como outras cultivares, seu manejo requer cuidado e atenção desde as primeiras etapas do pomar até as inspeções periódicas.

Neste texto você viu características, implantação do pomar e métodos diversos de manejo. 

Um pomar bem cuidado e com os manejos adequados é garantia de longevidade e bons frutos nas colheitas.

>>Leia mais:

Como ter uma produção de mudas cítricas de boa qualidade

Tudo sobre a produção de laranja pêra

E você, quais manejos realiza em seu pomar de Laranja Hamlin? Deixe o seu comentário abaixo!