Percevejo marrom: 7 estratégias de controle na soja

Percevejo marrom: conheça quais são as melhores estratégias de controle, incluindo os principais inseticidas, controle biológico, época de aplicação e outros.

O percevejo marrom da soja, Euschistus heros, é um grande desafio no manejo de pragas na cultura da soja.

Ao atacar as vagens de soja o percevejo afeta diretamente a produtividade e a sanidade do produto final.

Estima-se que na colheita os grãos atacados apresentam peso 40% inferior ao sadios implicando em perdas de até 10 sacas de soja por hectare.

Devido a limitação de ferramentas de manejo efetivas, essa praga tem tirado nosso sono safra após safra.

Por isso aqui vamos ver quais são as principais estratégias de controle para que você escolhas as que mais se enquadrem a sua realidade.

1ª Saiba qual o período de maior ataque do percevejo marrom na soja

Como próprio nome diz, esse inseto possui coloração marrom e mede cerca de 11 mm de comprimento.

Durante o inverno, o percevejo marrom pode entrar em diapausa. Ou seja, há redução do desenvolvimento do percevejo devido as baixas temperaturas.

Nesses períodos ele sobrevive nas palhadas/restos culturais, ou migra para áreas de refúgio e de mata.

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Atividade alimentar do percevejo marrom na safra e entressafra da cultura da soja

(Fonte: Fundação MS)

Normalmente fêmeas ovipositam nas folhas ou vagens em formato de massas ou fileiras com 5 a 7 ovos de cor amarelada.

Ao eclodir, as ninfas de 1° instar (1° estágio) ficam juntas sobre os ovos.

No 2° instar já iniciam o processo de alimentação, mas os danos são insignificantes. No entanto, no 3° instar os prejuízos da alimentação se tornam significativos.

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Percevejo marrom Euschistus heros adulto (a), ovos (b), ninfas de primeiro (c) e quinto ínstar (d)

(Fonte: Embrapa)

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Ciclo de desenvolvimento do percevejo marrom, Euschistus heros
(Fonte: Cividanes)

Assim, o período de ataque que causa maiores prejuízos é de R3 até R7 na cultura da soja, quando devemos realizar amostragens e tomar as medidas de controle necessárias.

Ainda, é bom lembrar que uma das plantas daninhas maiores hospedeiras do percevejo é o capim-rabo-de-burro. Portanto, ao notar a presença dessa planta na lavoura, você deve ficar de olho também na possível presença dos percevejos.

2ª Reconheça os danos do percevejo marrom

Em fase inicial de cultivo, ataques podem levar ao abortamento de vagens e implicar no retardamento da maturação dos grãos.

É comum observar a planta com retenção foliar e hastes verdes, distúrbio fisiológico denominada de Soja Louca I.

Já ataques no seu período mais suscetível (R3- 7), o percevejo marrom da soja ataca as vagens e reduz o peso e tamanho de grãos (g). Os grãos também ficam enrugados e chochos, apresentando coloração arroxeada a enegrecida.

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Danos nos grãos ocasionados pela alimentação do percevejo marrom da soja
(Fonte: Bayer)

Dessa forma, em lavouras para a obtenção de sementes, as mesmas se tornam inviáveis para tal devido ao seu baixo vigor.

Também pode haver danos na qualidade ou danos invisíveis ao produtor, os quais são alterações nos teores de proteína e de óleo no grão.

Por isso, após a venda da produção, penalidades financeiras poderão vir a acontecer por parte da indústria devido aos grãos escurecidos ou sujos, que dificultam o beneficiamento e produção de óleo.

3ª Utilize inseticidas apenas ao atingir o Nível de Controle (NC)

Embora o percevejo marrom se faça presente na área desde o período vegetativo da cultura, é no período reprodutivo que ocorrem os prejuízos.

O estágio fenológico de maior suscetibilidade ocorre no início do desenvolvimento das vagens – R3 (fase de “canivetinho”) e vai até a maturação fisiológica da planta – R7.

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Nível de controle para o percevejo marrom da soja pelo monitoramento por exame de plantas
(Fonte: Embrapa)

Para estimar a população do percevejo marrom na cultura da soja você pode usar o método de exame de plantas (como mostra figura acima). Mas o método mais eficaz continua sendo o pano de batida.

Recomenda-se iniciar as amostragens semanalmente nos períodos mais frescos do dia.

O controle deve ser realizado atingir a média de 2 percevejos por pano-de-batida para produção de grãos e 1 percevejo por pano-de-batida em áreas destinadas a produção de sementes.

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Com o Aegro você tem todos os dados de monitoramento de pragas agrícolas organizados, seguros e fáceis de serem visualizados.

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4ª Inseticidas para percevejo marrom

Entre as estratégias de controle do Manejo Integrado de Pragas, o controle químico por meio da pulverização de inseticidas tem sido a mais efetiva.

Infelizmente os produtos comerciais destinados ao controle do percevejo marrom se limitam basicamente a 3 grupos químicos: Organofosforado, Piretróide e Neonicotinóide.

Atualmente existem no portal Agrofit do Mapa 47 produtos registrados.

Já foi levantada a hipótese de casos de resistência do percevejo marrom ou perda da eficiência das moléculas existentes no mercado, mas nada ainda foi confirmado em campo.

Um projeto entre IRAC e PROMIP estudou as principais substâncias utilizadas no controle e que tiveram suspeita de perda de eficiência. O resultado foi de que esses produtos não perderam eficiência sobre o percevejo marrom, sendo eles:

  • Acefato;
  • Tiametoxam;
  • Imidacloprid;
  • Lambda-cialotrina;
  • Beta-ciflutrina;
  • Imidacloprid + beta-ciflutrina.

Além disso, em trabalho realizado pelo pesquisador Edmar Tuelher e colaboradores foi mapeado o risco da falha de controle do percevejo marrom em Goiás.

Também foi concluído que os produtos ainda apresentavam a eficiência mínima recomendada pelo Mapa de 80%.

Apenas foi verificada falha de controle para a beta-ciflutrina no sudoeste de Goiás e para o imidaclopride no nordeste do estado.

5ª Não promova a resistência do percevejo marrom aos inseticidas na sua área

As suspeitas de resistência na maioria das vezes são falhas na aplicação ou pulverizações em momentos inadequados, como aplicações tardias.

Mesmo assim é necessário prevenir a resistência para que os produtos continuem a ter eficiência de controle.

Para isso, tenho algumas dicas:

  • Invista em tecnologia de aplicação: barra, bicos e vazão adequada;
  • Pulverizar no momento de maior atividade da praga, normalmente nos meses mais quentes;
  • Evitar “aplicações caronas” junto aos fungicidas para o controle da ferrugem asiática. Essas aplicações são feitas em intervalos de até 21 dias, o que pode ser inapropriado ao controle do percevejo marrom;
  • Ainda nesse sentido, sempre utilize o monitoramento o Nível de Controle para direcionar suas pulverizações.

6ª Inclua o controle biológico no seu manejo

Ressalta-se que, além da eficiência dos inseticidas é importante priorizar aqueles seletivos a inimigos naturais.

Inúmeros inimigos naturais são encontrados nas lavouras de soja. Eles contribuem na redução populacional do percevejo marrom, sendo os parasitoides de ovos os mais importantes.

Destacam-se as espécies Trissolcus basalis e Telenomus podisi que atacam os ovos do percevejo marrom da soja. Já foram relatadas taxas de parasitismo de 60% para T. basalis e 80% para T. podisi.

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Parasitoides em ovos de percevejo
(Fonte: BUG/Koppert em Veja)

No decorrer da safra, os índices de parasitismo em ovos variam de 30 a 70%, sendo E. heros, o mais parasitado, especialmente por T. podisi.

Além de parasitoides de ovos, o parasitoide de ninfas e adultos do percevejo marrom Hexacladia smithii tem mostrado taxas de parasitismos de até 14%.

Dessa maneira, a escolha de inseticidas seletivos permite a sobrevivência desses inimigos naturais na área. Somados a eficiência dos inseticidas, eles maximizam as chances de sucesso no controle do percevejo marrom da soja.

>> Leia mais: “Todas as formas de controle para se livrar do percevejo-castanho” 

7ª Conheça e faça controles alternativos

Outras estratégias de controle também podem ser utilizadas e associadas aos métodos químico e biológico.

Uma das alternativas, é o uso de cultivares precoces associado à manipulação da época de semeadura. Também pense sobre o uso de plantas armadilhas.

Além disso, algumas novidades relacionadas ao manejo devem ser introduzidas no mercado em breve em forma de pacote tecnológico.

São elas a soja tolerante ao percevejo, até 4 percevejos/metro linear sem afetar sua produtividade e a armadilha iscada como feromônio sexual que auxiliará no monitoramento populacional da praga.

>> Leia mais: “Como fazer o manejo eficiente da mosca-branca

Conclusão

Apesar das dificuldades no controle do percevejo marrom, o monitoramento da praga para acertar o momento de aplicação maximiza as chances da efetividade do controle químico.

Ao lado desse, outras estratégias como medidas culturais e biológicas contribuem para minimizar o impacto do ataque de percevejos na cultura da soja.

Assim, utilize todas essas estratégias e informações para melhorar seu manejo e combater eficientemente o percevejo marrom!

Como você faz hoje o manejo do percevejo marrom? Restou alguma dúvida? Tem outra estratégia que não citei aqui? Deixe seu comentário abaixo!

Controle biológico das lagartas da soja

Controle biológico da lagarta da soja: Conheça os principais produtos, como funciona esse tipo de controle e fique livre do prejuízo causado pelas lagartas.

Mesmo após a aplicação de inseticidas nós podemos ver as folhas de soja recortadas pelas lagartas.

Isso pode resultar em grande perda de área foliar, de produtividade e até mesmo obrigar o replantio como aconteceu na safra 2016/17.

Nesse momento achamos que não tem jeito: todas aquelas lagartas não vão sair da lavoura.

Mas existe saída para se livrar desses insetos, e ela envolve o controle biológico.

Veja como esse tipo de controle funciona e como implementá-lo na sua fazenda para um manejo eficaz das lagartas.

Os tipos de controle biológico da lagarta da soja ou de outras culturas

O princípio de qualquer controle é interromper o ciclo de vida de lagartas pragas da soja ou de outra cultura.

No controle biológico há duas formas de controles principais promovidas, que são:

  • Parasitismo: associação entre seres vivos no qual apenas um se beneficia, ou seja, um é o parasita agente agressor e o hospedeiro;
  • Predação: aqui a relação entre dois seres vivos no qual um é uma presa e o outro predador;

Além disso, os produtos de controle biológico podem ser de origem:

  • Microbiológicos, como bactérias, fungos e vírus;
  • Macrobiológicos, como parasitóides e predadores.

O primeiro passo para o controle biológico da lagarta da soja é a identificação

Sei que você já conhece elas, mas na prática às vezes muitas dúvidas surgem para identificarmos quem é quem.

E essa correta identificação é essencial para o manejo, mas é ainda mais no controle biológico da lagarta da soja.

Isso porque os produtos biológicos são mais seletivos, controlando mais especificamente cada inseto.

Assim, para te ajudar vamos conferir as principais características dessas lagartas.

Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis)

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(Fonte: Insect Images)

Sua coloração é verde, com estrias brancas na parte superior. Em casos de grandes populações na área, ou seja, em certa escassez de alimento, sua coloração pode se tornar mais escura.

É a desfolhadora mais comum na cultura da soja, sendo encontradas geralmente nas partes inferiores das folhas se protegendo.

Possui como hábito alimentar as partes centrais das folhas, mas deixando as nervuras intactas.

Lagarta falsa-medideira (Chrysodeixis includens e Rechiplusia nu)

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Lagarta Chrysodeixis includens, uma das espécies chamadas “lagarta falsa-medideira
(Fonte: Insect Images)

Sua coloração é verde-clara, com pontos pretos e linhas esbranquiçadas no dorso.

Possui como características se movimentar como se estivessem “medindo palmos”.

E o hábito de se proteger na face inferior das folhas, dificultando a sua detecção no início do ciclo de vida.

Se alimenta da região central das folhas, conforme o desenvolvimento da cultura elas se alimentam de folhas mais velhas ou do baixeiro.

Esse hábito de ficar no terço-inferior da cultura, desafia o seu controle, principalmente no momento em que as linhas da cultura já estão fechadas.

Além de causar desfolhas, também atacam flores, gerando abortamento das mesmas. O abortamento resulta em perdas de produtividade para além de diminuição do processo fotossintético.

>> Leia mais: “As 4 principais pragas no plantio da soja e como combatê-las

Broca das axilas (Crocidosema aporema)

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(Fonte: Insect Images)

Sua coloração é branco esverdeada com a cabeça preta. Nos últimos instares de desenvolvimento, se torna bege-amarelada com a cabeça marrom.

Realizam seu ataque na extremidades das folhas, se agrupando como fios de seda.

Também realizando o ataque através da penetração no caule da cultura, bloqueando o fluxo de seiva para as folhas, comprometendo o desenvolvimento da planta.

Mais ao final do ciclo podem ficar escondidas nas flores e vagens, dificultando o seu monitoramento.

Lagarta militar ou lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)

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(Fonte: Insect Image)

Sua coloração varia entre cinza-escuro, verde, marrom e preta.

A lagarta apresenta também uma faixa com pontos pretos e três linhas branco-amareladas e na cabeça um desenho de “Y” invertido, características que facilitam sua identificação.

E como característica forte para identificar a lagarta é a grande quantidade de excrementos (fezes) na folha.

Além de que, só se encontra uma lagarta por planta, pois essa espécie pratica canibalismo.

Sua mariposa possuem hábitos noturnos, com asas anteriores pardo-escuras e posteriores branco-acinzentadas.

Ela realiza ataque na cultura desde a emergência (cortando as plântulas) até as fases vegetativa e reprodutiva (raspando as folhas e desfolhando).

Os principais produtos para controle biológico da lagarta da soja

Baculovírus

O baculovírus promove a mortalidade de lagartas.

Ele é conhecido a um bom tempo, principalmente no sul do brasil. Seu uso é muito frequente na cultura da soja.

Ele pode promover o controle de até 95% das lagartas até 1 cm.

Recentemente, foi lançado no mercado o Cartucho CartuchoVIT, a base de baculovírus spodoptera. O produto é recomendado para o controle da Spodoptera frugiperda.

As vantagens são a baixa necessidade de entrada e um formulado de fácil aplicação. Além disso, o baculovírus pode ser fabricado na sua própria fazenda.

Veja aqui a bula aqui.

Bacillus thuringiensis

A tecnologia Bt é uma das principais para o controle biológico da lagarta da soja ou de outras culturas.

Conhecida pelas culturas Bt, onde os genes que produzem as proteínas tóxicas às lagartas são incorporadas às plantas de soja.

Se a tua cultivar não tiver essa tecnologia, você pode entrar com o bioinseticida a base de Bt.

Quando a lagarta ingere um folha que foi “inoculada” com a bactéria Bt, ela entra no organismo da lagarta.

Com isso, ela promove a produção de proteínas, sendo que a mais conhecida é a Cry, a qual leva a morte das lagartas.

Além de, produtos comerciais registrados de alta qualidade no mercado, a Embrapa tem promovido formações de capacitações para a produção agrícola.

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(Fonte: Apresentação Promip Curso de Controle Biológico em Embrapa Clima Temperado)

Trichogramma pretiosum

Esse inseto é uma mini vespa que pode controlar lagartas ainda na fase de ovo, evitando e reduzindo os danos na lavoura.

Seus ovos são distribuídos na quantidade de cerca de 100 mil ovos por hectare previamente parasitados, que após eclodidos irão colonizar os ovos de lagartas.

Assim, o controle é através do parasitismo, pois ele localiza o alvo enquanto um produto convencional tem que atingir o alvo.

O Trichogramma também tem ação sobre as principais lagartas da soja como a Spodoptera frugiperda, a Falsa-medideira, Helicoverpa spp. e a Anticarsia gemmatalis.

A frequência de aplicação é de cerca de duas a três em um intervalo de dez dias.

A entrada na cultura da soja é recomendada em R1 a R2, pré-fechamento de linhas, cerca de 5 a 7 dias após a aplicação para ferrugem.

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(Fonte: Apresentação Promip Curso de Controle Biológico em Embrapa Clima Temperado)

Beauveria bassiana

É um fungo, nos quais os esporos entram em contato com as lagartas germinando e crescendo diretamente através da cutícula para o interior do corpo do hospedeiro.

Assim, o fungo prolifera por toda lagarta, produzindo toxinas e utilizando seus nutrientes.

Algumas pesquisas já foram feitas no Brasil sobre o fungo no combate a S. frugiperda, veja duas delas aqui e aqui.

Ao contrário da bactéria Bacillus thuringiensis, esse fungo não precisa ser ingerido para combater as pragas.

Manejo Integrado de Pragas

O controle biológico da lagarta da soja faz parte do MIP. Pode até parecer que esse é só mais um termo que temos repetido bastante nos textos.

Mas o objetivo é trazer informações válidas e que te ajudem nos manejos. Por isso, sempre vale focar no Manejo Integrado de Pragas (MIP).

Ele tem como base três fatores, que são: o nível de controle, o monitoramento, e o nível de dano econômico.

Com isto você controla bem melhor as entradas com inseticidas, evitando aumento de resistências e promovendo naturalmente os inimigos naturais de pragas agrícolas.

Talvez não em níveis que por si só façam o controle das lagartas, mas ajuda no controle das infestações. É também um sinal muito positivo de que o agroecossistema está entrando em equilíbrio.

Além disso, pense no MIP como um método de prevenção da com resistência de defensivos agrícolas. Por isso, sempre recomendo seguir os passos que o IRAC orienta:

  • Siga os dados existentes nas instruções de uso de cada produto;
  • Consulte os rótulo para conhecer melhor o modo de ação de cada produto, e pode ser ainda mais facilitado pela consulta deles no site do IRAC;
  • Alternar os mecanismos de ação, não faça aplicação de mesmo mecanismos de ação de forma seguida;
  • Planeje as janelas de aplicações da tua lavoura.

Aqui disponibilizamos gratuitamente uma planilha para você fazer seu MIP: saiba qual o Nível de Controle de cada praga e quando você deve aplicar, mantendo tudo organizado. Clique na figura a seguir para baixar!

E para as janelas de aplicações, a recomendação é que não ultrapasse 30 dias. De modo geral, esse é o tempo de geração de um inseto-praga. Nesta janela considere também os residuais dos produtos na lavoura.

Além disso, saiba também sobre os fundamentos do MIP e o  Manejo Integrado de Pragas no Milho.

 Para continuar a saber mais sobre o manejo de pragas agrícolas, recomendo bastante o artigo “Principais pragas agrícolas: Como se preparar”.

>>Leia mais: “6 Inseticidas naturais para você começar a usar na sua lavoura”
>>Leia mais: “Entenda a importância das abelhas na agricultura”

Conclusão

As lagartas são um grande desafio nas lavouras de soja, principalmente aquelas que apresentam população grande na área.

Utilizar o controle biológico da lagarta da soja é uma grande vantagem, já que é outro tipo de controle para colaborar no seu manejo.

Desse modo, planeje bem o seu programa de defensivos e inclua algum desses controles biológicos como uma alternativa, monitore bem e teste.

Tenho certeza que agora, conhecendo os principais produtos biológicos e todas as dicas que falei aqui, você  conseguirá manter as lagartas sob controle!

Leia mais:

“Tudo o que você precisa saber na pré-safra sobre as principais pragas de milho e sorgo
7 verdades sobre “Helicoverpa zea: sua origem e como combatê-la
“Percevejo marrom:  7 Estratégias de controle na soja”

Como fazer o MIP da soja?

Você já usa algum controle biológico da lagarta da soja? Tem outras dicas além das que citei? Conte para nós deixando seu comentário abaixo!

Principais pragas do algodão e as estratégias certeiras para seu controle

Principais pragas do algodão: Saiba quais insetos você deve se atentar e quais são os melhores métodos e dicas cruciais para seu controle.

A dimensão das pragas de algodão é imensa: são listadas 1326 espécies de insetos, sendo que as maiores perdas são devido a 162 pragas.

As principais pragas agrícolas são aquelas que afetam as estruturas das plantas que irão resultar no rendimento da cultura.

Mas quais são as principais pragas do algodão no Brasil? E como conseguir controlá-las eficientemente?

Neste artigo separamos as pragas que mais prejudicam a cultura no país, mostrando as estratégias para seu controle eficaz! Confira!

A praga mais importante dentre as principais pragas do algodão: Bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis)

Considerada a principal praga da cultura, as larvas do bicudo se desenvolvem no interior de botões e maçãs atacadas. Já a forma adulta é encontrada em flores abertas ou protegidos pelas brácteas.

Os principais danos do bicudo-do-algodoeiro incluem botões florais abertos e amarelados com presença de perfurações escuras (orifícios de alimentação) ou com pólen aderido (orifícios de oviposição). Veja a diferença!!

principais pragas do algodão

Dano de oviposição (à esquerda) e alimentação (à direita) do bicudo-do-algodoeiro em botões florais
(Fonte: Forestry)

O botão floral atacado pode cair, assim as flores não abrem normalmente (flores balão) e as pétalas ficam perfuradas.

Além disso, observamos a destruição de fibras e sementes dentro dos capulhos atacados.

Condições favoráveis para a ocorrência do bicudo-do-algodoeiro

  • Plantio fora da janela;
  • Não destruir a soqueira na entressafra;
  • Plantas daninhas na pré-safra;
  • Presença de áreas de matas próximos à lavoura que abrigam os insetos na ausência do algodão.

Medidas utilizadas com eficiência de controle para o bicudo-do-algodoeiro

Uma das principais medidas é o plantio-isca, que atrai e elimina os bicudos com inseticidas antes do plantio definitivo.

Também é utilizado o tubo mata bicudo nas bordas da lavoura para reduzir a pressão inicial da praga e o  plantio na janela recomendada.

Como forma de controle químico, é recomendada a pulverização de inseticidas. No portal Agrofit existem 99 produtos registrados para o manejo do bicudo.

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Bicudo-do-algodoeiro atacando flores do algodoeiro
(Fonte: Arquivo pessoal do autor Lucas Barros)

No entanto, outras medidas preventivas deverão ser feitas para retardar ou diminuir a intensidade do ataque na cultura, como a destruição de soqueiras.

Outra dica, é antecipar o preparo do solo em pelo menos 40 dias. Isso faz com que seja eliminado os refúgios do bicudo, desalojando eles da área.

O controle biológico é pouco utilizado, ocorrendo predominantemente de forma natural pelos inimigos naturais da área.

Por isso, é importante escolher inseticidas seletivos, como defensivos naturais, e só realizar pulverizações quando necessário.

Nesse sentido, o professor Dr. Octávio Nakano da ESALQ/USP indica que a melhor maneira de monitorar e tomar a decisão no controle é através da contagem do número de maçãs/planta.

Para cada maçã em formação/planta ou maçã formada/planta corresponde a porcentagem (%) de infestação que podemos tolerar para o número de botões florais atacadas/planta.

Por exemplo, se observamos 2 maçãs por planta de algodão naquele estágio de desenvolvimento, significa que podemos tolerar 2% de infestação de botões florais atacados. Acima disso deve se fazer a pulverização.

3-principais-pragas-do-algodão


Com o Aegro você consegue ter o registro e visualização do armadilhamento e monitoramento do bicudo de forma fácil e rápida.

Dessa forma, a proteção é feita em função das maçãs formadas.

Quanto maior o número de maçãs obtidas/planta, significa que a produção já está garantida e portanto a tolerância à praga é maior.

Broca da raiz (Eutinobothrus brasiliensis)

A broca da raiz faz galerias na região do colo das plantas e pode ser ali encontrada. Nesses locais as fêmeas criam orifícios e depositam seus ovos.

As brocas da raiz causam danos de murchamento das plantas novas, sendo que as plantas desenvolvidas apresentam folhas avermelhadas e murchas.

Solo úmido e áreas de baixada, assim como áreas de plantio direto e que não faz a destruição de restos culturais favorece o surgimento da praga.

O controle da broca da raiz pode ser realizado integrando os métodos culturais e químico.

No portal Agrofit estão registrados 28 produtos para o seu controle.

Mosca branca (Bemisia tabaci biótipo B)

Considerado como a praga do século, e uma das principais pragas do algodão, essa praga está presente durante todo ano agrícola e no algodão não é diferente.

A mosca-branca tem aproximadamente 1 mm de comprimento e possui 4 estágios ninfais, sendo o primeiro móvel.

Os danos no algodão podem ser diretos e indiretos. Os danos diretos ocorrem pela sucção de seiva que pode resultar no enrolamento de folhas jovens.

Além disso causam a formação de uma substância açucarada – mela ou honeydew – e posterior queda das folhas.

Os danos da mela podem comprometer diretamente a qualidade da fibra devido o desenvolvimento de um fungo conhecido como fumagina.

Como dano indireto, a mosca-branca é vetor da virose “mosaico comum” do algodoeiro. As plantas infectadas podem apresentar redução no porte e na capacidade fotossintética.

Tempo quente, nublado e relativamente úmido são condições ideias para o desenvolvimento da mosca branca, além da ausência de inimigos naturais.

O seu controle pode ser realizado por meio de aplicações foliares inseticidas sistêmicos ou tratamento de sementes.

Pulgão do algodoeiro (Aphis gossypii)

É uma das principais pragas do algodão, ocorrendo no início da cultura, sendo que uma fêmea pode originar até 100 ninfas em 10 dias.

O pulgão do algodoeiro é um insetos que apresenta cores variando do amarelo-claro até o verde-escuro.

Normalmente eles se localizam na face inferior (abaxial) das folhas e nos brotos novos das plantas onde sugam a seiva.

Os sintomas causados incluem folhas dos ponteiros enrugadas, enroladas ou encarquilhadas; os brotos ficam deformados e nota-se a presença de mela nas folhas inferiores por consequência da sucção contínua da seiva.

Essa mela favorece o aparecimento da fumagina, que reduz a qualidade da fibra e implica no seu beneficiamento.

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Fumagina em plumas de algodão após ataque de pulgão
(Fonte: Agrolink)

Além desses sintomas, pode ocorrer a transmissão de viroses como o “vermelhão ” e “mosaico das nervuras ”.

Tempo quente, nublado e relativamente úmidos são condições ideias para o desenvolvimento dos pulgões, além da ausência de inimigos naturais.

Controle do pulgão do algodoeiro

O nível populacional tolerado do pulgão é de 1 por cm2 de folha em média, avaliando-se a quarta folha, a contar de cima para baixo; valores acima deste estimado exigem a pulverização do inseticida.

Em geral o controle deve ser feito até 60 dias de idade das plantas.

No entanto, ao final do ciclo da cultura o pulgão também precisa ser controlado para impedir que a formação de fumagina não venha afetar a qualidade da fibra.

O seu controle pode feito através de pulverizações de inseticidas sistêmicos ou mesmo utilizados no tratamento de sementes.

No portal Agrofit estão registrados 146 defensivos agrícolas para o manejo do pulgão.

Percevejo castanho da raiz (Scaptocoris castanea)

São percevejos de cor pardo escuro que utilizam plantas silvestres e gramíneas como plantas hospedeiras.

Quando realizado o preparo do solo exalam cheiro desagradável característico de sua presença.

Além disso, em períodos secos ele aprofundam-se no solo, retornando à superfície em períodos chuvosos.

Como essa praga provoca danos nas raízes, as plantas jovens se tornam amareladas e murchas. Na maior parte dos casos as plantas morrem pois a absorção de nutrientes do solo fica comprometida.

Um bom preparo do solo, com arações profundas seguidas de gradagens e correção de acidez no solo são operações que ajudam no controle dos percevejos.

No mais, uma das principais estratégias de Manejo Integrado de Pragas (MIP) utilizada tem sido o tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos.

No portal Agrofit existe apenas um produto registrado para o manejo do percevejo castanho da raiz.

Principais pragas do algodão: Complexo de percevejos

As principais espécies são: Nezara viridula, Euschistus heros e Piezodorus guildinii .

Esses percevejos são migrantes da cultura da soja e provocam queda de botões florais, flores e maçãs novas, pontuações internas nas maçãs, deformações das maçãs em forma de bico-de-papagaio e maçãs que não se abrem normalmente.

A presença de plantios de soja nas proximidades da lavoura do algodão é condição favorável para o aparecimento desses insetos.

Curuquerê do algodoeiro (Alabama argilacea)

O dano dessa praga pode ser observado no início de desenvolvimento da cultura do algodão em decorrência de práticas culturais mal executadas, como por exemplo a não destruição de plantas de algodão da safra anterior.

As lagartas do curuquerê possuem coloração variada com listras longitudinais, mas quando em altas infestações se tornam escurecidas.

Na fase adulta, as mariposas apresentam coloração marrom avermelhada e possuem hábito noturno.

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Curuquerê do algodoeiro em folha de algodão
(Fonte: Arquivo pessoal do autor Lucas Barros)

Os danos observados são o limbo foliar atacado, com desfolha proporcional ao número de lagartas podendo ser até total.

As condições favoráveis para sua ocorrência são temperaturas elevadas e após períodos chuvosos.

A tolerância é de 25% de desfolhamento, em média, para qualquer fase de desenvolvimento das plantas. Acima desse valor deve-se pulverizar a lavoura.

Inseticidas reguladores de crescimento (“fisiológicos) e biológicos, assim como a liberação massal de microvespas parasitoides de ovos da espécie Trichogramma pretiosum são utilizados no controle da praga.

A liberação massal de T. pretiosum pode ser feita uma vez por semana ou a cada 5 dias na dose de 100.000 a 120.000 parasitoides/ha assim que se observar a presença da praga no campo.

No portal Agrofit existem um total de 208 produtos registrados para o manejo do curuquerê.

Lagarta falsa-medideira (Chrysodeixis includens)

Lagarta migrante das áreas de soja, atualmente está bem adaptada a cultura do algodão.

As lagartas possuem tipicamente coloração verde com linhas longitudinais brancas ao longo do corpo.

Os adultos apresentam sob a coloração cinza-escura com uma mancha prata na porção nas asas.

As lagartas causam a desfolha nas folhas que inicialmente apresentam-se raspadas e aspecto rendilhado, evoluindo para perfurações circulares na folhas.

São de difícil controle pelo inseticidas por terem o hábito de se localizarem no baixeiro das plantas.

No portal Agrofit existem 7 produtos registrados para da lagarta falsa-medideira.

Principais pragas do algodão: Complexo Heliothinae

Esse complexo é representado pelas espécies Chloridea (=Heliothis) virescens (Lagarta-da-maçãs) e Helicoverpa armigera (lagarta-do-velho-mundo).

As lagartas dessa espécie possuem coloração esverdeada enquanto a forma adulta são de cor parda e apresentam hábito noturno.

Entre os principais danos do ataque destacam-se botões florais e maçãs danificadas com galerias formadas pelo inseto, além de queda de botões e maçãs.

Geralmente o ataque é descendente, ou seja, com início no ponteiro das plantas.

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H. virescens atacando maçã do algodoeiro.
(Fonte: UT Crops)

Para avaliar essa praga, devemos proceder a amostragem dos ponteiros de cada planta. Quando detectarmos 10% de ponteiros ou mais atacado, iniciaremos as pulverizações.

Os métodos de controle desse complexo são os mesmos recomendados para o curuquerê.

Além disso, também pode ser feito o plantio de algodão Bt que contêm as proteínas Cry1 e Cry2, as quais conferem resistência as espécie desse complexo.

No portal Agrofit existem no total de 115 produtos registrados para o manejo de C. virescens e 35 tipos de inseticidas para Helicoverpa armigera.

Lagarta rosada (Pectinophora gossypiella)

As lagartas dessa espécie quando em estágio larval avançado possuem coloração rosada, enquanto as mariposas possuem manchas cinza-escuras.

Os danos causados pela lagarta rosada são observados quando as flores apresentam aspecto de roseta, além de murcha e queda de botões florais.

As maçãs ficam total ou parcialmente destruídas, fibras e sementes danificadas.

No campo, denominamos as maçãs atacadas e que não abrem normalmente de “carimãs”. Nesses casos, as a fibra apresenta aspecto de ferrugem.

Como estratégia de manejo, não se recomenda o plantio fora de época. Para controlá-la pode ser pulverizar inseticidas reguladores de crescimento e fazer a liberação massal de T. pretiosum.

Para monitorar a lagarta rosada, devemos amostrar 100 maçãs em formação, abri-las e observar a presença da praga no seu interior. Caso se detecte 5% de maçãs com lagartas, deve-se iniciar a pulverização.

Podemos usar a armadilha com feromônio sexual para monitorar a população da praga.

Assim, ao observarmos 10 adultos/armadilha devemos realizar o controle.

No portal Agrofit estão registrados 41 produtos para o manejo da lagarta rosada.

Complexo Spodoptera spp.

As lagartas desse complexo são representadas pelas espécies S. eridania, S. cosmioides e Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho).

São uma das principais pragas do algodão, alcançando o comprimento de 40 mm.

As lagartas apresentam coloração variada, enquanto as mariposas chegam a 35 mm de comprimento efetuando postura de ovos em forma de massa sobre as folhas.

Após o ataque, as folhas ficam perfuradas e os parênquimas raspados. Brácteas, flores e maçãs são danificadas no seu interior ou nas bases.

Os ataques geralmente ocorrem da parte mediana até o ponteiro, sendo o período crítico do início do florescimento ao surgimento do primeiro capulho.

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Lagarta do cartucho, S. frugiperda, atacando maçã do algodoeiro, sendo essa uma das principais pragas do algodão
(Fonte: Arquivo pessoal do autor Lucas Barros)

As condições favoráveis ao aparecimento dessas lagartas são os plantios vizinhos ou sucessivos de milho e milheto.

Por serem plantas hospedeiras favorecem o desenvolvimento e manutenção da praga na área.

O controle deve ser iniciado quando forem encontradas 5% de plantas com massas de ovos e eclosão de lagartas.

No portal Agrofit existem 55 produtos registrados para o manejo do complexo Spodoptera spp.

Junto as aplicações de inseticidas quando necessárias, também pode ser feito o plantio de algodão Bt que contêm a proteína vegetativa VIP que confere resistência a espécie S. frugiperda.

Uma das principais pragas do algodão atualmente: Ácaros

O surto dessa praga tem aumentado nos últimos anos no Brasil, se constituindo uma das principais pragas do algodão.

Ocorrem principalmente em locais ou anos com maior incidência de veranicos.

Além disso, outro fator diz respeito ao estímulo ao aumento populacional dos ácaros após a aplicação intensiva inseticidas piretroides e neonicotinoides, fenômeno chamado de hormoligose.

Ácaro rajado (Tetranychus urticae)

O ácaro rajado possui cor verde-amarelada na forma jovem e avermelhada na fase adulta, formando colônias nas faces inferiores das folhas.

O ácaro rajado caracteriza-se por formar colônias nas faces inferiores das folhas e produzir “teias” que servem de proteção ao ataque de predadores e dispersão.

Os principais danos ocorrem na face superior das folhas com manchas avermelhadas a partir das nervuras, áreas necrosadas e desfolha de plantas.

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Folhas de algodão com sintomas do ataque de ácaro-rajado
(Fonte: Arquivo pessoal do autor Lucas Barros)

As plantas de algodão também podem ter seu ciclo encurtado e com produção de maçãs pequenas e fibras de má qualidade.

Condições favoráveis para sua ocorrência são tempo quente e seco. O seu controle pode ser feito com uso de acaricidas específicos ou inseticidas-acaricidas.

No portal Agrofit estão registrados 54 produtos para o manejo do ácaro rajado.

Ácaro vermelho (Tetranychus ludeni)

Essa espécie também produz teias para se proteger de predadores.

Os seus danos são os mesmos visualizados pelo ataque do ácaro rajado, assim como seu controle através de uso de acaricidas específicos ou inseticidas-acaricidas.

No portal Agrofit existem 7 produtos registrados para o manejo do ácaro vermelho.

Ácaro branco (Polyphagotarsonemus latus)

São organismos pequenos e de coloração esbranquiçada que estão localizados na face inferior das folhas, principalmente em folhas novas do ponteiro, lugares sombreados e lavouras adensadas.

Como danos causados destacam-se folhas escurecidas, coriáceas com o bordo virado para baixo, enquanto a face superior da folha apresenta aspecto vítreo e a inferior brilhante.

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Folhas de algodoeiro com aspecto coriáceo atacado por ácaro branco, uma das principais pragas do algodão
(Fonte: Arquivo pessoal do autor Lucas Barros)

As condições favoráveis para seu desenvolvimento são tempo nublado ou chuvoso, locais sombreados e temperaturas elevadas.

O uso de defensivos agrícolas do tipo acaricidas específicos ou inseticidas-acaricidas são os métodos de controle recomendados.

No portal Agrofit existem 3 produtos registrados para o manejo do ácaro branco.

Conclusão

Aqui vimos as principais pragas do algodão, sendo que o bicudo-do-algodoeiro e as lagartas se constituem nos insetos mais preocupantes da cultura.

Perceba que não existe um único método de controle que possa “dar conta” de tudo.

Também não se esqueça que o manejo de pragas já começa logo após a colheita do algodão, com a destruição de soqueiras e outras medidas culturais.

É preciso um Manejo Integrado de Pragas (MIP), aliado à gestão agrícola para que possamos realmente combater as pragas sem prejuízo econômico.

Assim, aproveite as dicas e bom manejo!

>>Leia mais: “Manejo integrado de pragas: 8 fundamentos que você ainda não aprendeu
>>Leia mais: 11 pragas da soja que podem acabar com sua lavoura”
>>Leia mais: “Tudo o que você precisa saber sobre área de refúgio para plantas Bt [Infográfico]

Como você faz o manejo das principais pragas do algodão? Tem alguma dica que não citamos aqui? Restou alguma dúvida? Comente abaixo!

Como fazer um manejo efetivo de pragas do algodão

Pragas do algodão: Saiba mais sobre o manejo dentro da cultura, conheça as principais pragas e seus danos, além de outras orientações para o controle eficaz.

Os prejuízos na cultura do algodão podem chegar a até 60% da produtividade pelo ataque do bicudo do algodão.

Mas não é só o bicudo que prejudica o algodão. Pelo contrário, são muitos insetos que podem reduzir a produtividade.

Para o controle eficaz dessas pragas não basta a aplicação de inseticidas. É preciso entender como manejar o ambiente como um todo.

Pode até parecer complicado, mas não é: medidas simples podem fazer toda a diferença no seu manejo de pragas do algodão.

Aqui vamos entender melhor sobre o manejo e conhecer medidas para colocar em prática agora e obter o controle eficiente das pragas. Confira!

Por que temos tantas pragas do algodão?

Não é novidade para ninguém que manejar as pragas da cultura do algodão não é tarefa fácil.

Abaixo você pode conferir o ciclo do algodão e as principais pragas do algodão:

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Incidência de pragas ao longo do ciclo de desenvolvimento da cultura do algodoeiro
(Fonte: Monsanto)

Mas por qual motivo o algodoeiro é fortemente atacado?

A explicação óbvia é que a cultura está dentro em um sistema produtivo intenso, ou seja, durante quase o ano todo há culturas na área.

Isso propicia muito a abundância de pragas do algodão, mas existem também outras justificativas.

Uma delas é a presença de nectários nas folhas das plantas de algodão, o que atrai e favorece o desenvolvimento dos insetos.

Assim, é comum verificar durante todo o ciclo de desenvolvimento do algodão inúmeras pragas atacando e que podem limitar a sua produtividade.

Segundo o Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária, na safra 2017/2018 o uso de inseticidas representaram 20% do custo total de produção da cultura do algodão no estado de Mato Grosso.

Sendo que, somente o bicudo do algodoeiro foi responsável por aproximadamente 10% desse custo de produção.

Estima-se que no mínimo 15 pulverizações por ciclo são realizadas nas propriedades de que cultivam algodão.

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Número de pulverizações na região do cerrado para o controle de pragas do algodão
(Fonte: Agro em Dia)

Sem dúvida alguma este controle químico está fortemente relacionada a abundância de pragas na cultura, mas do ponto de vista econômico e ambiental não é sustentável.

Sustentabilidade agrícola é o que a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão busca na cotonicultura, e para alcançar esse objetivo um dos primeiros passos é manejar as pragas racionalmente.

Assim, precisamos entender a cultura do algodão e inserir outros métodos de controle, como o cultural, como não deixar restos culturais na entressafra, ou mesmo o controle biológico e defensivos naturais.

Pensando nisso, abordaremos aqui sobre as principais pragas do algodão e como iniciar o Manejo Integrado de Pragas (MIP).

Manejo Integrado de Pragas do algodão (MIP)

Um dos princípios básicos do manejo é conhecer a praga no campo, seus estágios de desenvolvimento, o momento que ela ataca a planta e quando ela começa a se tornar um problema econômico.

Além disso, conhecer os principais inimigos naturais das pragas do algodão e os inseticidas seletivos são igualmente importantes.

Muito pouco ou quase nada se dá importância aos inimigos naturais, mas eles são responsáveis por controlar naturalmente 60 a 70% das pragas do algodão. Portanto, devemos preservá-los com inseticidas seletivos.

Entendendo a planta do algodoeiro para aplicar ao MIP

É importante você saber que a cultura do algodão perde naturalmente 60 a 70% das suas estruturas reprodutivas.

Dessa forma, nem todo botão floral ou maçã atacada irão resultar em prejuízos econômicos.

Além disso, nem toda desfolha é prejudicial já que área foliar em excesso poderá sombrear as folhas do baixeiro e reduzir a fotossíntese das folhas.

Assim, nem toda folha raspada ou desfolhada implicará em perda de produtividade.

Além do que, as maçãs mais pesadas, ou aquelas que irão resultar em maior produtividade se encontram na 1ª posição ou 1º nó do ramo do ramo frutífero..

Assim, você deve obedecer o nível de ação ou controle (NC) estabelecido para cada praga.

Para isso o monitoramento de pragas e o acompanhamento da evolução de pragas e inimigos naturais na área é essencial!

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Como fazer o monitoramento das pragas do algodão?

De modo geral, devemos dividir áreas grandes em talhões de 100 ha e tomar amostras de 100 plantas/talhão, escolhendo 20 pontos com 5 plantas.

Levando em consideração a distribuição da praga na área, dos 20 pontos devemos escolher 4 pontos na periferia e os demais no interior.

A freqüência de amostragens poderá ser de 3 a 7 dias podendo ser aumentada caso a densidade de pragas se encontre próxima do nível tolerado.

O resultado da amostragem anterior nos indicará com que frequência ou intensidade devemos adotar.

Além das pragas, também devemos anotar a presença de inimigos naturais. Eles nos indicarão o nível de não-ação (NNA).

Nessa situação a população do inimigo natural será capaz de controlar a praga e mantê-la abaixo do NC.

Além disso, é essencial que você tenha os dados de monitoramento registrados em local seguro, para que você possa realmente ter o controle e fazer o MIP.

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Com o Aegro você tem seus dados de MIP georreferenciados, sabendo exatamente onde estão as maiores infestações. Os dados ficam seguros, fáceis de serem visualizados e interpretados.

Para começar sua gestão deixamos disponível gratuitamente uma planilha para que você estime a sua produtividade da cultura do algodão. Baixe aqui!

Assim, após esclarecer alguns preceitos básicos vamos as pragas do algodoeiro, seus danos e Nível de Controle (NC).

Principais pragas da cultura do algodão

A partir de agora vamos comentar as principais pragas do algodão e como são os sintomas (danos) desses insetos na cultura.

Desse modo, você pode identificar melhor quais são as pragas presentes na sua lavoura. Veja:

Coleópteros-praga: os besouros que atacam o algodoeiro

Bicudo do algodoeiro – Anthonomus grandis

É a principal praga do algodão, sendo que as fêmeas (que possuem longevidade de 20 a 30 dias) depositam seus ovos no interior dos botões florais, onde as larvas se desenvolvem. O adulto é encontrado nas flores abertas ou protegidos pelas brácteas.

Com isso, os botões podem cair, as flores não abrem (flores balão) e as pétalas ficarem perfuradas.

O prejuízo na cultura do algodão também se deve à destruição de fibras e sementes.

Você pode identificar os danos do bicudo em botões florais abertos e amarelados com presença de perfurações escuras (orifícios de alimentação) ou com pólen aderido (orifícios de oviposição).

Você pode ver abaixo a diferença desses danos:

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Danos em botões florais: À esquerda o de oviposição, à direito o de alimentação
(Fonte: Forestry images)

Nível de Controle (NC): Cada maçã (formada ou em formação) corresponde a porcentagem (%) de infestação que podemos tolerar. Assim, se houver 2 maçãs por planta em média na lavoura, podemos tolerar 2% de infestação de botões florais atacados.

A Embrapa também fala sobre NC em 5% de plantas com botões atacados ou com presença do adulto.

Broca da raiz – Eutinobothrus brasiliensis

As brocas da raiz são encontradas na região do colo da planta de algodão, onde os ovos são colocados pelas fêmeas.

Os danos na cultura se caracterizam pelo murchamento de plantas novas e folhas avermelhadas e/ou murchas em plantas desenvolvidas.

Hemípteros: pulgões e cochonilhas do algodão

Mosca-branca – Bemisia tabaci biótipo B

Os danos diretos são causados pela mosca-branca sugar a seiva, provocando o enrolamento de folhas jovens, além de formar uma substância açucarada e causar queda das folhas do algodão.

Essa substância açucarada também afeta a qualidade da fibra, já que ela favorece o fungo fumagina.

Já os danos indiretos ocorrem pela transmissão da virose “mosaico comum” do algodoeiro.

Pulgão do algodoeiro – Aphis gossypii

Os pulgões se localizam na parte inferior da folha ou em brotos e folhas novas, causando ponteiros enrugados, além de folhas enrugadas e encarquilhadas.

Também observamos brotos deformados e mela nas folhas devido a sucção contínua da seiva. Essa mela favorece a fumagina, a qual prejudica a qualidade da fibra.

Os pulgões do algodoeiro também causam danos indiretos pela transmissão das viroses “vermelhão ” e “mosaico das nervuras ”.

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Fumagina em plumas de algodão após ataque de pulgão
(Fonte: Agrolink)

Nível de Controle (NC): 1 pulgão por cm² de folha em média, avaliando-se a quarta folha, contando de cima para baixo.

Além disso, a Embrapa recomenda o NC de 5 a 15% de plantas com colônias no caso de cultivares suscetíveis à virose, enquanto que em cultivares resistentes, 60 a 70% de plantas com colônias.

Percevejo castanho da raiz – Scaptocoris castanea

Esse percevejo ataca as raízes, prejudicando a absorção de nutrientes e provocando sintomas de folhas amareladas e murchas.

Complexo de percevejos

As principais espécies são: Nezara viridula, Euschistus heros e Piezodorus guildinii .

Eles ocasionam a queda de botões florais, flores e maçãs novas. Você também pode observar pontuações e deformações nas maçãs (em forma de “bico de papagaio”).

Nível de Controle (NC) para todos os percevejos: 20% das plantas com botões atacados.

Lagartas que atacam a cultura do algodão

Curuquerê do algodoeiroAlabama argilacea

É uma praga de início do ciclo do algodão, e ocorre normalmente devido a não destruição de soqueiras de algodão da safra anterior.

Com o ataque, as folhas ficam cortadas e pode ocorrer desfolha intensa das plantas.

Nível de Controle (NC): Média de 25% de desfolhamento, para qualquer fase de desenvolvimento das plantas de algodão.

Lagarta falsa-medideira – Chrysodeixis includens

Essa lagarta ocorre normalmente na cultura da soja, mas está se adaptando ao algodoeiro.

A falsa-medideira causa desfolha, sendo que inicialmente você observa a folha rendilhada e depois perfurada, como na imagem abaixo.

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(Fonte: Claudinei Kappes em Campo e Negócios)

Lagartas Heliothinae

Essas lagartas foram o “complexo Heliothinae”, sendo formado pelas espécies Heliothis virescens (Lagarta-da-maçãs) e Helicoverpa armigera.

Com o ataque das lagartas os botões florais e maçãs são danificadas, podendo ocorrer a queda dos mesmos.

Nível de Controle (NC): 10% ou mais dos ponteiros atacados na lavoura.

Veja mais: Você conhece o ciclo de vida da Helicoverpa armigera?”.

Lagarta rosada – Pectinophora gossypiella

O nome dessa lagarta é devido a sua cor rosada, já quando adulta a mariposa possui manchas cinza-escuras.

Os principais danos são a murcha e queda de botões florais, além das maçãs destruídas, com as fibras e sementes prejudicadas.

Nível de Controle (NC): 5% de maçãs com lagartas, sendo recomendado a amostragem de 100 maçãs em formação.

Complexo Spodoptera spp.

As lagartas desse complexo são representadas pelas espécies S. eridania, S. cosmioides e S. frugiperda (lagarta-do-cartucho).

Essas lagartas podem ser extremamente agressivas para as espécies vegetais, como o algodão, chegando a até 40 mm de comprimento.

Dessa forma, com a infestação as folhas ficam perfuradas e raspadas, sendo que as flores e maçãs sofrem danos no seu interior ou nas bases.

Nível de Controle (NC): 5% de plantas com massas de ovos e eclosão de lagartas.

Veja também sobre Spodoptera frugiperda:
O que você precisa saber para livrar sua lavoura da Spodoptera frugiperda
“Passo a passo de como combater a lagarta-do-cartucho”

Ácaros que atacam a cultura do algodão

Essa praga tem sua frequência aumentada nos últimos anos no Brasil, principalmente em locais ou anos com mais secos. Assim, temos três ácaros principais que atacam o algodoeiro:

1.Tetranychus urticae – Ácaro-rajado

Com o ataque do ácaro-rajado, as folhas ficam com manchas avermelhadas a partir das nervuras, há também necrose e desfolha de plantas.

2. Tetranychus ludeni – Ácaro vermelho

Os danos são muito similares ao do ácaro-rajado

3. Polyphagotarsonemus latus – Ácaro branco

Os sintomas são folhas escuras e mais duras, com as bordas viradas para baixo, enquanto a face superior da folha apresenta aspecto vítreo e a inferior brilhante.

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Ácaro branco na cultura do algodão
(Fonte: FMC)

Nível de Controle (NC) para todos os ácaros: Detecção de reboleira ou 30% de plantas com colônias.

8 Dicas essenciais no manejo de pragas do algodão

Deixaremos 8 dicas para que você tenha sucesso no manejo das pragas do algodão a curto e longo prazo:

Na entressafra controle plantas daninhas e as soqueiras do algodão;

Escolha cultivares de ciclo curto e plante na janela recomendada;

Faça o tratamento de sementes para se preparar ao ataque de pragas iniciais;

Invista no monitoramento de pragas e nos Níveis de Controle de pragas (NC);

Caso necessário, no início de cultivo dê prioridade à inseticidas seletivos aos inimigos naturais;

Faça a rotação dos mecanismos de ação;

Ao plantar algodão com tecnologia Bt, plante áreas de refúgio estruturado (algodão não-Bt);

No refúgio e nas áreas de algodão Bt, somente aplique mediante a detecção do NC.

Assim, para te ajudar no monitoramento com Nível de Controle (NC) das pragas do algodão, a Embrapa possui esta tabela:

8-pragas-do-algodão-NC
(Fonte: Embrapa)

Conclusão

A cultura do algodão possui algumas particularidades que favorecem as pragas, e aqui você pode entender como isso ocorre.

Vimos também como iniciar o Manejo Integrado de Pragas (MIP), lembrando sempre que essa gestão exige guardar e interpretar os dados de população de insetos adequadamente.

Com as principais pragas do algodão, seus danos e níveis de controle será possível identificar mais facilmente esses insetos da lavoura e começar um manejo mais consciente e eficaz.

>>Leia mais: “Como fazer manejo integrado de pragas (MIP) na cultura do milho
>>Leia mais: “11 pragas da soja que podem acabar com sua lavoura”
>>Leia mais: “Tudo o que você precisa saber na pré-safra sobre as principais pragas de milho e sorgo

Como você faz o manejo de pragas do algodão hoje? Usa algum sistema para guardar suas informações de campo? Ficou alguma dúvida? Conte para nós deixando seu comentário abaixo!

Como se preparar para as principais pragas agrícolas

Principais pragas agrícolas: um compilado completo das pragas de soja, algodão e milho. Respondemos também as perguntas mais frequentes para o manejo eficiente.

Como se preparar para as principais pragas agrícolas

Antes mesmo de colocar as semeadoras em campo, devemos estar preparados para enfrentar as adversidades.

E uma das grandes preocupações é o ataque de pragas.

Até porque a presença de insetos-praga na lavoura se faz presente antes, durante e depois do plantio.

Pensando nisso, fizemos um compilado sobre as principais pragas agrícolas das culturas da soja, algodão e milho. Assim, você pode se preparar para enfrentar as pragas agrícolas da melhor maneira possível. Confira!

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Quando devo me preocupar com as principais pragas agrícolas? 

Em vista do sistema sucessivo de cultivo, com culturas sobrepondo culturas, as chamadas pontes verdes, observamos pragas a qualquer momento do ano.

Assim, para evitar frustrações após o plantio, um bom manejo de pragas para a safra deve ser iniciado ainda na entressafra.

Mas por que a entressafra é um período crítico e determinante para os cultivos?

Isso se deve ao fato de que a fase de estabelecimento da cultura é a mais suscetível/sensível ao ataque de pragas e doenças.

Sendo assim, a presença de inóculos iniciais e/ou altas densidades populacionais das principais pragas agrícolas pode comprometer todo o planejamento da safra.

Portanto, é na entressafra que devemos fazer o “dever de casa”, como o controle de plantas daninhas e tigueras.

Isso porque elas servem de abrigo e alimento para as pragas, permitindo a reprodução das mesmas na entressafra.

Aqui vão algumas dicas para esse controle de plantas daninhas e voluntárias:

Caso contrário, você pode ter alguns problemas e danos, conforme veremos a seguir:

Qual é o risco de não fazer o manejo da entressafra corretamente?

Ao deixar na área plantas daninhas ou tigueras – que são hospedeiros alternativos -, você permite o aumento da população da praga e o seu ataque em altas densidades populacionais no início de cultivo.

Isso pode reduzir o número de plantas por unidade de área e, em consequência, afetar diretamente a produtividade.

Além disso, os danos iniciais de um ataque intenso das principais pragas agrícolas afeta todo o desenvolvimento da planta, prejudicando a produção.

O que devo fazer para minimizar os riscos do ataque das principais pragas agrícolas?

Isso implica na adoção do Manejo Integrado de Pragas (MIP). Assim, devemos seguir alguns passos simples na entressafra:

  • proceder amostragem com identificação do inseto-praga;
  • verificar sua densidade populacional;
  • tomar a decisão da melhor ferramenta a ser utilizada, incluindo controle biológico, químico e cultural.

Abaixo disponibilizamos gratuitamente uma planilha para você fazer seu MIP. Clique na imagem para baixar agora!

planilha manejo integrado de pragas - mip Aegro

Entre as medidas a serem adotadas, podemos citar o uso correto da dose do produto à praga-alvo, rotacionar os mecanismos de ação e priorizar o uso inseticidas seletivos aos inimigos naturais de pragas agrícolas.

Tendo em vista a entressafra, também vale pensar no uso de culturas de cobertura ou adubos verdes não hospedeiros das principais pragas agrícolas da sua área. Tudo isso, além do controle de plantas daninhas, como já comentamos.

Principais pragas agrícolas de soja, milho e algodão

Percevejo barriga-verde (Dichelops spp.)

As duas espécies principais são Dichelops melacanthus e Dichelops furcatus.

Apesar de atacar a soja, na maioria das regiões produtoras, não tem sido essa a espécie mais preocupante.

No entanto, no milho, esse percevejo pode causar danos consideráveis, sendo uma das principais pragas agrícolas da cultura.

O percevejo barriga-verde pode atacar as plantas em seu período crítico, que vai desde a germinação até a emissão do quinto par de folhas (VE- V5).

Repare abaixo a migração do percevejo das safras anteriores para o milho, ressaltando a importância do monitoramento na entressafra:

Ele penetra seus estiletes na região do colo, injeta toxinas e perfura as folhas ainda em formação.  As plantas que sofrem o ataque dessa praga apresentam halos amarelados.

Além disso, a planta pode produzir perfilhos improdutivos, o que resulta em perda de produtividade.

A medida que a planta de milho vai se desenvolvendo, você pode observar pequenos orifícios nas folhas que ficam dispostos transversalmente. 

Também é possível notar o enrolamento anormal das folhas do cartucho do milho e, em casos mais severos, pode ocorrer a morte das folhas. 

Atualmente, o principal método de controle da praga tem sido o tratamento de sementes e a pulverização foliar com inseticidas sistêmicos.

No Agrofit, existem cerca de 50 produtos registrados para o manejo do percevejo-barriga-verde no milho para as duas espécies do gênero Dichelops

Helicoverpa spp.

A Helicoverpa zea e Helicoverpa armigera são algumas das principais pragas agrícolas nas culturas de importância econômica do Brasil.

Enquanto a H. zea é originária da região do México, a H. armigera é originária da Oceania.

Por isso, a H. zea possui maior adaptação ao milho e a H. armigera mais adaptada às culturas do algodão e da soja.

Veja detalhes dessas pragas no artigo “Você conhece o ciclo de vida da Helicoverpa armigera?

Bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis)

O bicudo-do-algodoeiro é considerado uma das principais pragas do algodão desde a sua detecção, em 1983.

Essa praga tem o hábito de se alimentar dos botões florais, flores e maçãs do algodoeiro.

foto de Bicudo-do-algodoeiro atacando maçã do algodoeiro - principais pragas agrícolas

Bicudo-do-algodoeiro atacando maçã do algodoeiro
(Fonte: Boas Práticas Agronômicas)

As fêmeas têm o hábito de fazer as posturas dos ovos nesses locais, especialmente nos botões florais. 

Portanto, é importante que você saiba a diferença entre os danos de alimentação e os danos de oviposição (ato de depositar os ovos).

Quando há o dano de oviposição podemos observar a presença de uma substância cerosa, parecido com um calo pequeno, no orifício criado quando a fêmea deposita seus ovos.

Já o dano de alimentação, o orifício não é coberto com essa secreção e observam-se somente as pontuações enegrecidas ou necrosadas.

Na prática, os dois tipos de danos podem trazer prejuízos, no entanto, o dano de oviposição é mais prejudicial.

Isso ocorre porque as larvas do bicudo se desenvolvem nessas estruturas reprodutivas e impossibilitam o desenvolvimento do capulho. 

Além disso, temos o aumento da população da praga, pois, com as larvas protegidas dentro do botão floral e maçã do algodoeiro, o inseticida não consegue penetrar.

Medidas de manejo para o bicudo-do-algodoeiro

  • O plantio-isca para atrair os bicudos e eliminá-los com inseticidas antes do plantio definitivo;
  • O uso de armadilhamento, no qual em um tubo de papelão biodegradável é colocado o feromônio sintético para atração do bicudo e também é pincelado óleo de algodão com inseticida de efeito de choque;  
  • A eliminação dos restos culturais após a colheita, pois nesse momento o bicudo se dispersa para refúgios e pode permanecer em diapausa durante a entressafra;
  • Pulverização de inseticidas em área total.

É importante ressaltar a importância do armadilhamento para essa praga que, assim como na mosca-das-frutas, vem trazendo bons resultados.

No portal Agrofit existem 112 produtos registrados para o manejo do bicudo.

Mosca-branca (Bemisia tabaci – biótipo B)

Assim como a lagarta do cartucho, a mosca-branca Bemisia tabaci é um tipo de praga cosmopolita e polífaga.

Já foi detectada se desenvolvendo em plantas de milho, cultura que anteriormente era uma alternativa para “quebrar” o seu ciclo biológico.

foto de Presença de Bemisia tabaci biótipo B em plantas de milho

Presença de Bemisia tabaci biótipo B em plantas de milho
(Quintela et al., 2016)

Ao longo de um ano, a mosca-branca pode produzir até 15 gerações e é uma das principais pragas agrícolas atualmente.

Nas culturas hospedeiras, se localiza preferencialmente na face inferior das folhas. Ali ovipositam, em média, de 150 a 300 ovos.

Uma característica dessa praga é que, após se alimentar nas folhas, é comum observar a presença de uma substância açucarada e pegajosa, conhecida como “honeydew”.

Os danos da mosca-branca podem ser agrupados em diretos e indiretos.

Danos diretos da mosca-branca

Na soja, o dano direto é causado tanto pelas ninfas como pelos adultos, que sugam a seiva, e as folhas infestadas podem apresentar manchas cloróticas. Além disso, podem ocorrer reduções na produtividade e antecipação do ciclo em até 15 dias.

Em períodos de veranico, os danos podem ser potencializados, pois a população da praga aumenta, a planta encontra-se fragilizada, e o dano pode ser potencializado.

Na cultura do algodão e da soja, é comum observarmos a formação da fumagina sobre as estruturas vegetativas e reprodutivas:

No algodão, o grande problema da formação da fumagina é a contaminação do línter, que prejudica diretamente a qualidade da fibra e, até mesmo, a colheita.

Danos indiretos da mosca-branca

Com relação ao dano indireto, este é caracterizado pela transmissão de vírus nas culturas hospedeiras.

No algodão, os vírus do grupo geminivírus são os mais comuns. Na cultura da soja, a mosca-branca é transmissora do vírus da “necrose-da-haste”, do grupo dos carlavírus.

Ainda na soja, é possível observar o enrolamento e clorose das folhas. Esse conjunto de fatores impacta diretamente na produtividade.

Atualmente no portal Agrofit existem mais de 55 produtos registrados para o manejo da mosca-branca na soja e 49 no algodão.

Lagarta-do-cartucho do milho (Spodoptera frugiperda)

Existe um complexo de lagartas do gênero Spodoptera e a espécie Spodoptera frugiperda, lagarta-do-cartucho, é a praga-chave da cultura do milho, além de ser um sério problema nas culturas da soja e do algodão.

É uma praga polífaga, ou seja, consegue se alimentar de diferentes espécies de plantas. Por isso, está associada à maioria das culturas anuais de importância econômica.

No milho, as lagartas preferem alimentar-se de folhas novas, mas também podem atacar as espigas.

Devido ao canibalismo dessa praga, é comum observar no cartucho do milho apenas uma lagarta. 

Sintomas típicos de seu ataque no milho são folhas raspadas e/ou desfolhadas no cartucho. Em casos severos, verificamos o cartucho destruído e espigas danificadas.

Tanto no milho quanto na soja e no algodão, as lagartas podem atacar a base/colo das plantas recém emergidas, semelhante o comportamento típico da lagarta-rosca (Agrotis ipsilon).

Além disso, na soja e no algodão essa lagarta também pode atacar suas estruturas reprodutivas: vagens, capulhos e maçãs. Ao danificá-las, comprometem diretamente a produtividade.

foto de Spodoptera frugiperda atacando maçãs do algodoeiro

Spodoptera frugiperda atacando maçãs do algodoeiro
(Fonte: Senar)

No portal Agrofit existem 213 produtos comerciais registrados para a cultura do milho, 34 para a essa praga na soja e 70 para o algodão.

Você pode ver mais sobre a Spodoptera frugiperda nestes artigos:

Passo a passo de como combater a lagarta-do-cartucho

“As tecnologias que você precisa saber para controlar “Spodoptera frugiperda”

Cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis)

Atualmente, a cigarrinha-do-milho Dalbulus maidis é considerada uma das principais pragas na cultura do milho.

Uma característica comportamental marcante dessa praga é sua agilidade em se movimentar.

Ela está entre as pragas mais importantes do milho e isso se deve pela capacidade em transmitir doenças.

Assim, plantas infectadas podem manifestar a doença do enfezamento pálido, vermelho e o raiado fino:

três fotos, uma ao lado da outra, mostram Cigarrinha-do-milho e as doenças enfezamento pálido e vermelho

Cigarrinha-do-milho e as doenças enfezamento pálido e vermelho
(Fonte: Pioneer)

As plantas doentes apresentam entrenós encurtados e ficam definhadas, com menor porte. Assim como a mosca-branca, a cigarrinha-do-milho também produz a substância açucarada “honeydew”.

A principal estratégia de manejo adotada para essa praga é o tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos e a pulverização foliar com inseticidas com ação de choque e com efeito residual. 

No portal Agrofit existem 27 produtos registrados para seu manejo.

Percevejo-marrom (Euschistus heros)

Euschistus heros possui ciclo biológico – fase de ovo até a fase adulta – médio de 29 dias. Em geral, os adultos dessa praga possuem longevidade média de 116 dias.

Nas vagens ou folhas são observadas pequenas massas de ovos, na média de 5 a 8 ovos. Ali as ninfas permanecem ao redor dos ovos até atingirem o segundo ínstar.

A partir dessa fase é que podemos observar os danos. Ao penetrar seu aparelho bucal nas vagens para se alimentar, eles atingem as sementes.

Em consequência, o ataque desse percevejo danifica diretamente os tecidos da semente ou grão, que ficam praticamente todos chocos e enrugados.

Assim, há perda de massa do grão, de qualidade e sua inviabilização para ser comercializado como semente.

Além disso, é comum notarmos retenção foliar e vagens murchas devido à intensa sucção de seiva.

No Agrofit existem 58 produtos registrados para o manejo do percevejo marrom na cultura da soja e 3 produtos na cultura do algodão.

Ácaro-rajado (Tetranychus urticae)

Outra praga muito comum e polífaga é o ácaro-rajado. Embora tenha características muito semelhantes aos insetos, essa praga é uma aracnídeo (classe Arachnida).

A espécie Tetranychus urticae pode atacar muitas culturas. Dentre elas, algodão, soja e feijão são as que mais sofrem. 

Ela tem o hábito de formar teias nas folhas, o que cria um ambiente propício para seu desenvolvimento e ainda protege as ninfas e os adultos de possíveis ataques de predadores. 

Além disso, essa teias prejudicam o controle químico e a solução é aplicar jatos de água na lavoura para que sejam destruídas.

O ciclo desse ácaro varia de acordo com as condições ambientais, mas, em média, costuma ser de 7 a 20 dias. 

fotos de adultos de ácaro-rajado e teia que produzem na planta: principais pragas agrícolas

 Adultos de ácaro-rajado e teia que produzem na planta
(Fonte: University of Florida)

Os ataques são mais comuns em épocas com altas temperaturas e clima seco. Os danos são diretos com perfurações das células superficiais e redução da capacidade fotossintéticas das plantas. 

É importante fazer o manejo integrado desse ácaro, pois o manejo convencional tende a selecionar as populações resistentes. 

Os principais métodos são controle biológico com ácaros predadores e entomopatógenos; controle cultural, com destruição de restos culturais e manejo de plantas invasoras; além de controle químico com a rotação de diferentes modos de ação. 

No portal Agrofit existem 32 produtos registrados para o manejo de ácaro-rajado na cultura da soja, 72 produtos para a cultura do algodão, 12 para feijão e 1 para milho. 

Manejo Integrado de Pragas (MIP) 

É importante que você tenha em mente que o controle de todas essas pragas deve seguir preceitos do Manejo Integrado de Pragas (MIP).

O MIP não visa eliminar as pragas, mas mantê-las abaixo do nível de controle, de maneira equilibrada, após verificação com monitoramento. 

Dessa maneira você conseguirá evitar a resistência de pragas-chave a pesticidas, o uso irracional dos pesticidas, ressurgência de pragas em níveis muito mais altos, contaminação do ambiente e pesticidas incompatíveis com o controle biológico. 

Perguntas frequentes sobre as principais pragas agrícolas e o Manejo Integrado de Pragas (MIP)

Próximo ao plantio, posso usar inseticida na dessecação?

No momento da dessecação da área, poderá ser feita a aplicação de inseticidas junto ao herbicida.

Antes disso, é preciso fazer amostragens na área para verificar a densidade populacional.

Spodoptera frugiperda, Helicoverpa armigera e Dichelops melacanthus são as principais pragas-alvo nessa fase. Entre os inseticidas utilizados nesse momento estão os pertencentes aos grupos químicos metilcarbamato e organofosforado (grupo 1A e 1B do IRAC).

Quais outras medidas posso tomar?

Paralelo a isso, você também pode fazer o tratamento de sementes com inseticidas de contato e sistêmico.

O intuito é garantir o estande de plantas na área, prevenindo os danos de insetos de solo e parte aérea.

Os principais inseticidas utilizados são do grupo químico dos neonicotinoides (grupo 4A do IRAC), piretroides (grupo 3A do IRAC), metilcarbamatos (grupo 1A do IRAC) e pirazol (grupo 2B do IRAC).

Como manejar a resistência das principais pragas agrícolas?

Fase inicial de plantio

Se for necessário, aplique um inseticida foliar até 25 dias após a semeadura.

Os produtos devem ter mecanismos de ação diferente do inseticida utilizado no tratamento de sementes.

Portanto, inseticidas com o mesmo mecanismo de ação utilizado para tratar as sementes não deverão ser utilizados por pelo menos 30 dias.

Pós-fase inicial de plantio

Caso mais de uma aplicação de inseticida seja necessária durante o período de 30 dias após a semeadura, opte por inseticidas com mecanismo de ação diferente.

É importante saber que é possível fazer aplicações múltiplas do mesmo mecanismo de ação dentro de um período de 30 dias.

Veja o exemplo abaixo os usos de inseticidas divididos em três momentos:

Esquema demonstrando como fazer a rotação com diferentes mecanismos de ação por janela ou geração da praga (30 dias)

Esquema demonstrando como fazer a rotação com diferentes mecanismos de ação por janela ou geração da praga (30 dias)
(Fonte: IRAC)

Conclusão

As pragas listadas aqui são polífagas, altamente adaptadas ao sistema agrícola, de extrema importância econômica e quase sempre de difícil controle.

Para isso, é importante planejarmos e fazer o uso correto das ferramentas de MIP disponíveis.

Se as medidas preventivas, na entressafra, não forem realizadas adequadamente, sem a destruição de plantas daninhas e tiguera, essas pragas vão causar prejuízos econômicos.

Tendo isso em vista, faça seu planejamento agrícola, coloque em prática nossas dicas e boa safra!

“Inseticidas ecdisteroides: como agem nos insetos e por que são uma boa opção de manejo”

Quais as principais pragas agrícolas que te dão mais dor de cabeça? Tem mais dicas sobre essas pragas? Restou alguma dúvida? Deixe seu comentário!

Atualizado em 05 de novembro de 2020 por Thaís Fagundes Matioli
Agrônoma formada pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), mestra em ciências/entomologia e doutoranda no Departamento de Entomologia da Esalq-USP.

12 principais pragas da soja que podem acabar com sua lavoura

As pragas da soja podem acabar com a produtividade da sua lavoura, mas você pode se preparar conhecendo melhor cada uma delas. Veja aqui as 12 principais pragas da soja e como fazer seu manejo.

As pragas agrícolas podem prejudicar muito a produtividade da sua lavoura, podendo até inviabilizar o trabalho de um ano inteiro.

No Brasil, o clima tropical quente e úmido, juntamente com o cultivo de duas ou mais safras no ano, favorece a reprodução das pragas.

Aliado a isso, as pragas têm adquirido a capacidade cada vez maior de atacar um grande número de espécies, podendo, com isso, permanecer presentes nas áreas de cultivo durante todo o ano.

Por isso, o combate às pragas deve se iniciar muito antes da safra, com monitoramento. E, para isso, é indispensável que você conheça quem são elas. Conheça a seguir!

Principais pragas da soja: importância e dicas para combatê-las

Conhecer as pragas da soja, bem como suas principais características e métodos de controle, é fundamental para se ter altas produtividades. 

Dessa maneira  conseguimos realizar adequadamente o Manejo Integrado de Pragas (MIP), pelo qual temos melhor controle e equilíbrio do ambiente.

Por meio de monitoramento periódico (uma das bases do MIP), realizamos as pulverizações somente quando necessário, para não haver desperdício.

Confira as principais pragas da soja, que vamos abordar em detalhes a seguir, e veja no gráfico as principais épocas em que elas ocorrem, para orientar seu monitoramento:

  1. Lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis)
  2. Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)
  3. Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)
  4. Lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens)
  5. Lagarta-falsa-medideira (Rachiplusia nu)
  6. Lagartas broqueadoras de vagens e grãos
  7. Mosca-branca (Bemisia spp.)
  8. Percevejo-castanho (Scaptocoris spp.)
  9. Outros percevejos
  10. Tamanduá-da-soja (Sternechus subsignatus)
  11. Ácaros
  12. Corós da soja
pragas da soja

Para facilitar e otimizar o seu trabalho, o monitoramento da lavoura pode ser realizado com o software agrícola Aegro

Assim, além de todos os seus pontos georreferenciados, você pode consultar o histórico da sua lavoura nas diferentes culturas plantadas, épocas do ano e pressão por espécie de praga. 

Com o Aegro, seus dados ficam seguros e muito mais fáceis de ser visualizados. Os produtores de soja também podem acompanhar as pragas pelo aplicativo e manual de pragas da Embrapa Soja. 

Ambos, manual e aplicativo, foram desenvolvidos por pesquisadores da Embrapa e podem auxiliar  muito na tomada de decisão e na identificação das pragas que ocorrem na sua lavoura.

Além disso, disponibilizamos gratuitamente uma planilha para você fazer seu MIP. Baixe clicando aqui!

Agora que sabemos toda a importância que o conhecimento das pragas representa, vamos entender mais sobre cada uma delas:

1. Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis)

A lagarta-da-soja é uma potente desfolhadora da cultura. Inicia o seu ataque no topo da parte aérea das plantas de soja, podendo persistir até a fase de enchimento dos grãos. 

Pode apresentar até quatro gerações durante a safra. Seu ciclo biológico dura cerca de 30 dias.

Pode se alimentar de folhas, flores ou até mesmo de vagens. Quando o ataque é muito intenso, as lagartas assumem coloração preta com listras brancas. Essa modificação fisiológica do inseto é causada pela competição por alimento.

2- pragas-da-soja
Característica visual da lagarta-da-soja em diferentes fases de desenvolvimento. Pode adquirir coloração escura devido à competição por alimento, em alta pressão da praga na lavoura (Fonte: Elaine Nascimento, 2016)

Controle da lagarta-da-soja

Seguindo o Manejo Integrado de Pragas na cultura da soja, o controle deve ser realizado conforme estas três situações:

  • quando forem encontradas, em média, 20 lagartas grandes (igual ou maior que 1,5 cm) por metro de fileira;
  • quando a desfolha atingir 30% antes da floração;
  • quando a desfolha atingir 15% tão logo apareçam as primeiras flores.
3-pragas da soja

Defensivos naturais também podem ser utilizados, como a ação do Baculovírus para essa lagarta, vide a imagem acima (Fonte: SOSA-GOMEZ, 1983)

Após ou durante o fechamento das entrelinhas da cultura da soja, os inseticidas reguladores de crescimento constituem uma ótima opção para o controle dessa praga.

Quando materiais (cultivares) de soja com tecnologia Bt forem implantados na área de cultivo, torna-se necessária a implementação de áreas de refúgio em pelo menos 20% da área cultivada com a soja transgênica.

O refúgio é fundamental para o manejo antirresistência, e para prolongar a vida útil e eficiência dos inseticidas no controle da praga.

>> Leia mais: “Lagartas na soja: como identificar e controlar

2. Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)

A lagarta-do-cartucho pode ocorrer tanto nos estádios iniciais de desenvolvimento da cultura da soja quanto nos estádios mais avançados, como o reprodutivo.

Ela se alimenta de espécies de mais de 23 famílias de plantas. Apresenta preferência por gramíneas (como milho e arroz), mas pode se alimentar de outras plantas, como soja e algodão, dentre inúmeras outras de interesse agrícola.

4-pragas-da-soja

Assim, é comum a lagarta estar presente em culturas comumente utilizadas como cobertura, como milheto, aveia, trigo, as quais serão dessecadas para a posterior semeadura  da soja.

Controle da lagarta-do-cartucho

O manejo dessa praga da soja começa com a boa dessecação da cultura de cobertura para a produção de palha no Sistema Plantio Direto (SPD).

Além disso, para o controle de Spodoptera frugiperda, não é recomendado aplicar inseticidas na fase de dessecação, mesmo que haja lagartas.

Isso porque a semeadura é realizada cerca de 25 dias após a dessecação, e, na ausência de alimento, as lagartas viram pupas ou morrem.

Assim, se o plantio for realizado logo após a dessecação e for constatada a presença de lagartas, a aplicação de inseticidas se faz necessária. 

Isso porque a lagarta-do-cartucho pode afetar o estande inicial da lavoura, “cortando” literalmente as plântulas recém emergidas. 

Os inseticidas registrados e recomendados podem ser consultados no Agrofit. Mas é necessário ainda que se conheça a eficiência das moléculas, uma vez que a praga já apresenta resistência a alguns grupos químicos.

3. Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)

Também conhecida como broca-do-colo, a lagarta-elasmo se alimenta de diversas espécies de plantas. É tida como uma das pragas iniciais da soja.

Uma mesma lagarta pode atacar até três plantas de soja durante a sua fase larval. Os danos são maiores em condições de alta temperatura e déficit hídrico no solo. Assim, sua presença é menor no Sistema Plantio Direto, devido à conservação de umidade do solo.

Sua época de ocorrência é entre o período da emergência da soja, até 30 a 40 dias do desenvolvimento (estádio V2-V3). Ocorre com maior intensidade na região do Cerrado, em áreas com predominância de solos arenosos.

Controle da lagarta-elasmo

Naturalmente ocorre quando há chuvas bem distribuídas, durante os primeiros 30 dias de desenvolvimento da soja.

O controle químico é menos eficaz, principalmente, por causa da posição em que a praga fica alojada na planta.

É possível fazer o tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos em áreas com histórico de ocorrência da praga.

4. Lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens)

A falsa-medideira é fácil de ser reconhecida, já que ela tem o hábito de se deslocar dobrando o corpo como se estivesse medindo palmos.

5-pragas da soja
(Fonte: Defesa Vegetal)

Pode causar intensa desfolha na soja, principalmente na fase reprodutiva da cultura. Ocorre na cultura da soja desde as primeiras folhas, podendo persistir até o enchimento dos grãos, sendo favorecidas por períodos de seca.

Embora a falsa-medideira seja facilmente reconhecida, em função do seu comportamento de deslocamento, a diferenciação entre ela e outras lagartas também denominadas falsas-medideiras (como Rachiplusia nu) não é tão fácil assim.

Muitas vezes, a diferenciação pode ser realizada apenas por análise laboratorial; por isso, ficar atento à ocorrência delas na lavoura é fundamental.

Controle da falsa-medideira

É necessário realizar o controle da praga nestas três situações:

  • ao se verificar 20 lagartas grandes (igual ou maior que 1,5 cm) por metro de fileira;
  • quando a desfolha atingir 30% antes da floração;
  • quando a desfolha atingir 15% tão logo apareçam as primeiras flores.

É possível utilizar inseticidas reguladores de crescimento durante a fase de fechamento das fileiras, além do uso de soja transgênica Bt.

>> Leia mais: “Reduza drasticamente suas aplicações utilizando o Manejo Integrado de Pragas”.

5. Lagarta falsa-medideira (Rachiplusia nu)

A lagarta falsa-medideira (R. nu) é assim conhecida porque, além de possuir a mesma cor da falsa-medideira (C. includens), também se movimenta como se estivesse “medindo palmos”. 

Essa espécie de lagarta tem ocorrido com maior frequência nas últimas safras, preocupando produtores de norte a sul do país. Possui hábito polífago — ou seja, é capaz de se alimentar de inúmeras espécies de plantas.

Os ovos de R. nu são ovipositados de forma isolada, podendo ser encontrados principalmente na face inferior das folhas, sendo de coloração branco-amarelada. 

A fase de lagarta tem duração média de 18 a 21 dias, a depender da temperatura. É nessa fase que os maiores danos ocorrem, principalmente ao passar do desenvolvimento das lagartas. Temperaturas amenas favorecem essa espécie.

As lagartas possuem coloração verde intensa e podem atingir comprimento de 2,7 cm. A fase de pupa desta espécie dura em média 12,7 dias.

Os danos causados pela Rachiplusia nu incluem:

  • desfolha;
  • aspecto rendilhado dos folíolos, mantendo apenas as nervuras intactas;
  • cada lagarta pode consumir um total de 1074 mg, chegando até 100 cm² de folhas.
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Fase larval de R. nu, e danos causados, com preservação das nervuras (Fonte: Marsaro Júnior, 2016)

Controle da lagarta falsa-medideira da soja R. nu

O controle deve ser baseado no monitoramento da lavoura e na escolha dos inseticidas para combater a praga. 

Essa lagarta deve ser controlada quando atingir o nível de ação, que, para lagartas, de forma geral, deve ser realizada quando a desfolha for igual ou superior a 30% durante o estádio vegetativo da soja e quando atingir 15% durante o período reprodutivo da soja.

É importante que os inseticidas para controle sejam utilizados no momento correto, quando houver real necessidade, assim evitando a eliminação de insetos benéficos à lavoura.

Áreas de refúgio devem ser utilizadas obrigatoriamente para o manejo antirresistência, a fim de se evitar problemas de resistência aos inseticidas e à tecnologia Bt.

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Mariposa da falsa-medideira R. nu (Fonte: Specht, 2020)

6. Lagartas broqueadoras de vagens e grãos

Estão são as lagartas consideradas broqueadoras de vagens e grãos:

  • Complexo de lagartas do gênero Spodoptera: 
    • S. eridania: são mais ativas no período noturno, e encontradas com maior frequência no terço inferior das plantas;
    • S. cosmioides: ataca grande número de hospedeiros;
      Ambas as espécies causam desfolha ou destroem as vagens em formação, possuindo importância crescente na região do Cerrado
  • Lagarta-da-maçã-do-algodoeiro (Heliothis virescens):
    Alimentam-se de vagens da soja e, às vezes, das folhas;
  • Broca-pequena-das-vagens (Maruca vitrata):
    Essas pragas broqueiam — ou seja, causam danos às vagens, hastes e pecíolos da soja, com maior ocorrência em períodos de seca associados a altas temperaturas;
  • Helicoverpa armigera:
    Essa lagarta se alimenta principalmente de folhas e hastes da soja, mas tem preferência pelas estruturas reprodutivas (botões florais, vagens e grãos).

Controle das lagartas broqueadoras de vagens e grãos

Para o controle, é recomendável utilizar inseticidas seletivos para o complexo de inimigos naturais das pragas agrícolas. Além disso, o uso de inseticidas deve ser realizado de acordo com os níveis de controle; por isso, a amostragem e o histórico da área são informações muito importantes.

Informações sobre inseticidas recomendados para o controle de cada uma das espécies de lagartas podem ser encontrados no Agrofit, a partir da pesquisa por nome comum da praga ou nome científico. 

Consulte sempre um agrônomo para melhor recomendação do produto, de acordo com as necessidades da sua lavoura.

Para o controle de lagartas, ainda de modo geral, é necessário implementar um programa de manejo integrado de pragas (MIP), com a junção de diferentes métodos de controle, principalmente para o manejo antirresistência.
As recomendações para o manejo das principais espécies com relatos de resistência podem ser conferidas diretamente nos materiais disponibilizados pelo Comitê de Ação à Resistência a Inseticidas (IRAC).

7. Mosca-branca (Bemisia sp.)

A mosca-branca é um inseto sugador que pode transmitir vírus em plantas leguminosas como a soja.

Além disso, durante a alimentação, esse inseto-praga da soja libera parte da seiva sugada – substâncias açucaradas sobre os tecidos da planta, que favorecem o desenvolvimento de um fungo de coloração escura conhecido como fumagina.

A fumagina por si só não afeta a cultura da soja. Porém, devido ao recobrimento da superfície foliar, pode reduzir a área fotossinteticamente ativa, prejudicando a cultura.

Os danos em soja são causados tanto pelos adultos quanto pelas ninfas, na fase vegetativa ou reprodutiva da cultura.

No entanto, o ataque é predominante na fase de enchimento de grãos, sendo favorecido por períodos de estiagem prolongada associados à ocorrência de altas temperaturas.

8-pragas-da-soja-mosca-branca
Aparência visual de adulto, ninfas e ovos da mosca-branca

Controle da mosca-branca

O controle pode ser feito pela escolha da melhor época de semeadura, eliminação de plantas hospedeiras, rotação de culturas e seleção de inseticidas efetivos.

Ademais, o período de vazio sanitário, utilizado para o controle da ferrugem-asiática, é também uma importante ferramenta de controle para essa praga da soja.

Para a aplicação de inseticidas, é importante entender que moléculas têm apresentado eficiência na região de cultivo, bem como em que fases da mosca-branca elas possuem ação.

O tratamento de sementes com inseticidas também ajuda a reduzir ou retardar o estabelecimento da praga.

8. Percevejo-castanho (Scaptocoris spp.)

O percevejo-castanho é um inseto polífago e de hábito subterrâneo, sendo uma praga que ataca um grande número de plantas hospedeiras. 

Sua presença é facilmente reconhecida, devido ao forte cheiro que exala quando o solo é movimentado.

No Brasil, as principais espécies de percevejos-castanhos associadas à cultura da soja incluem são:

  • Scaptocoris castanea;
  • S. carvalhoi;
  • S. buckupi.

O inseto suga a seiva das raízes da soja e pode ser encontrado predominante em solos arenosos

Desse modo, os sintomas provocados podem ser confundidos com uma deficiência nutricional ou doença, já que destroem as raízes da soja e os nódulos de fixação biológica de nitrogênio, afetando negativamente o estabelecimento do estande, o vigor e o desenvolvimento das plantas. 

Os danos têm sido mais frequentes nos estados do Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul.

Controle do percevejo-castanho

O controle do percevejo-castanho é preventivo. Por isso, é necessário fazer o monitoramento dessas pragas por meio de amostragens, antes da instalação da lavoura.

Além disso, a alteração da época de semeadura e a aplicação de inseticidas no sulco de semeadura auxiliam o manejo.

Quanto ao controle biológico, estudos estão sendo realizados para controlar a praga usando fungos entomopatogênicos, como o Metarhizium anisopliae.

9. Outros percevejos

Além do percevejo-castanho, há outros percevejos que podem danificar as vagens ou os grãos da soja em formação. São eles:

  • Percevejo-marrom-da-soja (Euschistus heros);
  • Percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildinii);
  • Percevejo-verde (Nezara viridula).
9-pragas-da-soja
Percevejo-marrom: (a), ovos (b), ninfas de primeiro (c) e quinto ínstar (d) (Fonte: Panizzi, 2012)
10-pragas da soja
Percevejo-verde-pequeno: adulto (a), ovos (b), ninfa de primeiro (c) e quinto ínstar (d) (Fonte: Panizzi; Bueno; Silva, 2012)

A época de ocorrência é o período de florescimento e, após a colheita da soja precoce, migram para talhões de soja mais tardia.

Os sintomas são grãos menores, enrugados, chochos e com a cor mais escura que o normal.

Quando o ataque ocorre nos estádios R3 a R4, podem favorecer o abortamento de vagens.

Se o ataque é durante o enchimento da vagem (R5), podem afetar o rendimento da cultura e a qualidade dos grãos ou sementes produzidas.

Além disso, um ataque severo de percevejos na soja pode causar distúrbio fisiológico na planta, causando retenção foliar.

Regiões de ocorrência dos percevejos:

  • Percevejo-marrom, percevejo-verde-pequeno e o percevejo-verde: região Centro-Sul do Brasil;
  • Percevejo-verde: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul;
  • Percevejo-marrom e o verde-pequeno: Cerrado.

Controle de percevejos

Deve ser iniciado no estádio R3, quando houver dois percevejos por metro para lavouras de grãos e um percevejo por metro para lavouras destinadas a sementes.

O controle biológico pode ser feito das seguintes formas:

  • Parasitóides de ovos: Trissolcus basalis;
  • Parasitóide de adultos: Hexacladia smithii.

No entanto, os parasitóides são muito sensíveis a inseticidas de amplo espectro de ação. Por isso, tenha atenção quanto aos defensivos escolhidos.

10. Tamanduá-da-soja (Sternechus subsignatus)

As plantas jovens são as mais suscetíveis ao ataque dessa praga, conhecida como bicudo, cascudo ou tamanduá-da-soja.

Controle do Tamanduá-da-soja

Devem ser realizadas amostragens nos talhões em que, na safra anterior e na entressafra, tenham sido observados ataques severos da praga.

A rotação de cultura (por exemplo, com milheto, Crotalaria juncea ou mucuna-preta) é uma boa opção de controle.

Ademais, ao emergir, os adultos podem ser controlados com inseticidas, também sendo possível o tratamento de sementes com fipronil, tiametoxam.

11. Ácaros

Podemos citar quatro ácaros que podem causar danos à cultura de soja:

  • Ácaro-rajado (Tetranychus urticae);
  • Ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus);
  • Ácaro vermelho (Tetranychus ludeni ou Tetranychus desertorum);
  • Ácaro-verde (Mononychellus planki)
11-pragas-da-soja-acaros
(Fonte: Unipac)

Os ácaros ficam na parte inferior das folhas e, possivelmente, é necessária uma lupa para vê-los.

No entanto, você pode observar seus sintomas — que, normalmente, são pontuações claras (células mortas) na folha que podem evoluir para manchas. Os sintomas são desuniformes nas plantas e ao longo da lavoura.

No caso do ácaro branco, os sintomas são folhas encarquilhadas, podendo até ser confundido por viroses. Isso ocorre porque esse ácaro ataca as folhas novas, prejudicando o processo de expansão da folha.

Além do mais, o ataque dos ácaros decorre condições climáticas ou algum desequilíbrio.

O desequilíbrio pode ser causado pela aplicação de inseticidas pouco seletivos, que matam também os inimigos naturais dos ácaros.

São exemplos desses inseticidas os piretróides, usados em soja para lagartas e percevejos. Já os neonicotinoides favorecem os ataques por estimular a reprodução dos ácaros.

Quantos às condições climáticas, as estiagens favorecem todos os ácaros citados, exceto o ácaro-branco, que prefere períodos chuvosos.

Além disso, no geral, as infestações ocorrem nos estádios iniciais de desenvolvimento da cultura e, especialmente, após o florescimento das plantas.

O importante aqui é saber identificar o problema e anotar a presença dos ácaros na lavoura, para que isso fique registrado no histórico da área.

Controle de ácaros

Não existe um método adequado para realizar a amostragem dessas pragas da soja, já que há dificuldade em visualizá-los, o que dificulta o manejo.

Muitas vezes, as próprias condições climáticas desfavoráveis já controlam essa praga da soja.

12. Corós

Podemos citar três espécies de corós dessas pragas da soja e suas regiões de ocorrência:

  • Coró-da-soja (Liogenys fusca): Goiás e Mato Grosso;
  • Coró-da-soja-do-cerrado (Phyllophaga capillata): Distrito Federal, Mato Grosso e Goiás;
  • Coró-pequeno-da-soja: Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás;

Os corós se alimentam de raízes da soja e até mesmo nódulos de fixação biológica de nitrogênio.

Por isso, os sintomas são de desenvolvimento lento, amarelecimento, murcha e morte.

Com isso, causam redução na capacidade das plantas de absorver água e nutrientes, podendo ocorrer até 100% de perda da lavoura.

Semeaduras tardias tendem a sofrer maiores danos, uma vez que há predomínio de larvas maiores, que são mais vorazes.

Controle dos corós da soja

É importante fazer amostragens no solo, para identificar as espécies presentes dessas pragas da soja, seu nível populacional e o estádio de desenvolvimento.

Além disso, o monitoramento dessas pragas deve ser feito antes do plantio, já que é recomendado o controle preventivo.

Outro controle preventivo é a alteração da época de semeadura e o preparo do solo com implementos agrícolas adequados. O uso de armadilhas luminosas permite capturar adultos do inseto durante a noite e, assim, também contribuir para reduzir infestações.

Como controle químico, temos a aplicação de inseticidas nas sementes ou no sulco de semeadura da soja.

Conclusão

Aqui vimos as principais pragas da soja, sabendo mais sobre suas características e métodos de controle.

Conseguimos compreender também a época de ocorrência dessas pragas e as condições favoráveis a cada uma delas para que o monitoramento da lavoura seja realizado constantemente.

Agora é possível começar o MIP efetivamente, seja por planilhas ou um software agrícola como o Aegro, que possibilitam um controle mais eficaz e econômico.

>>Leia mais:

Como controlar a lagarta enroladeira das folhas na sua lavoura

Guia completo para o manejo da lagarta-preta

Como proteger sua lavoura da lagarta-rosca

Gostou destas dicas sobre amostragem e monitoramento de pragas da soja? Assine nossa newsletter para receber mais artigos como este!

redatora Bruna Rohrig

Atualizado em 07 de junho de 2023 por Bruna Rhorig.

Bruna é agrônoma pela Universidade Federal da Fronteira Sul, mestra em fitossanidade pela Universidade Federal de Pelotas e doutoranda em fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul na área de pós-colheita e sanidade vegetal.

7 verdades sobre Helicoverpa zea: sua origem e como combatê-la

Helicoverpa zea: Como identificar facilmente a lagarta-da-espiga e quais as medidas de controle mais eficientes para a lavoura.

A Helicoverpa zea, também conhecida por lagarta-da-espiga, está entre as espécies de pragas mais importantes para a agricultura.

Isso porque ela ataca inúmeras culturas, especialmente o milho, chegando a até 96% de infestação nas espigas.

Essa espécie tipicamente do “Novo Mundo” (do continente Americano, como mostra figura abaixo) pode causar inúmeros danos.

No entanto, com tantas lagartas que podem atacar a lavoura, podemos facilmente nos confundir e nos deixar levar pela rotina do dia a dia.

Por isso, veja aqui 7 verdades sobre Helicoverpa zea que lhe ajudarão a entender melhor sobre essa praga e como combatê-la.

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Distribuição global de Helicoverpa zea
(Fonte: CABI)

1.Helicoverpa zea e sua origem

A lagarta-da-espiga tem sua distribuição em parte da América do Norte, na América Central e parte da América do Sul, englobando todo o território brasileiro.

Atualmente, existem 18 espécies identificadas do gênero Helicoverpa spp., sendo que, duas delas estão presentes no Brasil: a lagarta-da-espiga-do-milho (Helicoverpa zea) e a Helicoverpa armigera.

A Helicoverpa armigera é da região da Oceania, sendo mais adaptada às culturas do algodão e da soja.

Já a Helicoverpa zea é originária da região do México, resultando em maior adaptação ao milho e, por isso, sendo mais facilmente encontrada nessa cultura.

Essas duas lagartas, normalmente, não podem ser diferenciadas a olho nu, sendo necessário o uso de alguma lupa ou microscópio.

Desse modo, a morfologia externa desses insetos, em todas as fases do ciclo biológico são muito semelhantes, o que dificulta a identificação.

No entanto, se você encontrar um inseto com as características da Helicoverpa em milho é mais provável que seja a H. zea.  A seguir você confere todas essas características:

2. A identificação da Helicoverpa zea não é tão complicada

O inseto adulto da Helicoverpa zea é uma mariposa que mede cerca de 40 mm, com asas anteriores amarelo-parda.

Ele também possui uma faixa escura na transversal e algumas manchas nas asas, também de coloração escura. Já as asas posteriores são de cor mais clara.

Abaixo você pode ver as principais características da Helicoverpa zea e H. armigera, bem como seu ciclo:

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Ciclo e identificação de Helicoverpa zea ou H. armigera
(Fonte: Mapa, Bayer, FAEG e Santin Gravena em Globo Rural)

Além disso, os danos causados pela lagarta-da-espiga podem ser confundidos com os danos causados pela lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda).

Mas você pode diferenciá-las facilmente através da coloração da cabeça, que é mais escura na Spodoptera frugiperda.

A lagarta-da-espiga tem a cabeça de coloração marrom bem clara enquanto a lagarta-do-cartucho apresenta a cabeça quase preta. Aqui no blog, temos outros artigos sobre esse assunto. Veja:

>> “As tecnologias que você precisa saber para controlar “Spodoptera frugiperda
>> “Passo a passo de como combater a lagarta-do-cartucho

3. Conhecer o ciclo de vida da Helicoverpa zea ajuda a combatê-la

O conhecimento do ciclo de vida dos insetos te ajuda a entender em que fase as pragas agrícolas atacam a cultura.

Além disso, esse conhecimento é essencial para facilitar a identificação e saber quando é melhor fazer o monitoramento da lavoura.

Como você viu na imagem acima, a vida total desse inseto é em torno de 40-45 dias, sendo que ele passa por seis instares larvais num período de aproximadamente 18 dias.

Assim, podem ocorrer durante o ano mais de cinco gerações.

Com essas informações podemos definir algumas estratégias de manejo para combate da Helicoverpa zea:

  • Como o tempo de cada geração é de aproximadamente 30 dias, estabeleça janelas de aplicação com aproximadamente 30 dias de duração;
  • Você até pode fazer aplicações múltiplas do mesmo modo de ação dentro de uma janela, mas desde que os efeitos não excedam os 30 dias duração da janela. Assim, a chance da lagarta ser exposta ao mesmo modo de ação do inseticida são reduzidas, sendo menor o risco de desenvolvimento de resistência;
  • As aplicações em pré-plantio e no tratamento de sementes também devem ser seguir essa estratégia de janela de 30 dias;
  • O tratamento de sementes podem não oferecer controle de 30 dias, então, se necessário, aplique um inseticida foliar. No entanto, é indicado que essa aplicação ocorra mais tarde, até 25 dias após a semeadura;
  • Caso não consiga manter essa janela de aplicação, mude o mecanismo de ação do inseticida em cada pulverização;

A praga possui hábitos noturnos, movimentando-se a partir do entardecer, sendo que as condições de umidade contribuem para seu crescimento populacional.

No milho, a lagarta-da-espiga está listada entre as pragas primárias, tendo grande importância nos estádios de R1 a R4.

pragas-cultura-milho

4. Os danos da Helicoverpa zea no milho são característicos

No milho, o adulto (mariposa) da lagarta-da-espiga coloca seus ovos nos estilos-estigmas (cabelo do milho).

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Ovo de Helicoverpa spp. no “cabelo” (estilo-estigmas) de milho
(Fonte: Foto de J. Obermeyer em Purdue Extension)

Mas, também pode colocar os ovos nas folhas de plantas ainda em estádios vegetativos de desenvolvimento.

Na espiga, você poderá encontrar de 13 a 15 ovos, tendo um período de incubação em torno de três dias.

As larvas recém-nascidas alimentam-se dos cabelos de milho, e dependendo da intensidade de ataque podem ocorrer grandes falhas nas espigas pela não-formação dos grãos.

Já as lagartas maiores se alimentam dos grãos leitosos, o que também facilita a penetração de microrganismos e pragas de armazenamento de grãos.

Danos causados no milho:

  • Ataca os estigmas impedindo a fertilização;
  • Alimentam-se de grãos leitosos;
  • Deixam orifícios que facilitam a penetração de microrganismos que podem causar podridões e facilitar as pragas no armazenamento.
danos-helicoverpa-zea

(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

Danos da Helicoverpa zea em outras culturas:

  • Brocam os frutos;
Helicoverpa zea

(Fonte: Plant Health Progress)

  • Destroem mudas;
  • Alimentam-se dentro da coroa da planta causando buracos na nervura central;
  • Abrem pequenos orifícios na extremidade da flor e causam falhas na produção de grãos.

5. O controle de Helicoverpa zea pode ser por produtos biológicos

O controle biológico é feito através dos predadores e parasitoides:

  1. A tesourinha Doru luteipes se alimenta de ovos e de larvas pequenas da praga;
  2. A vespa Trichogramma parasita os ovos de Helicoverpa zea.
controle-biológico-helicoverpa-zea

Vespa Trichogramma
(Fonte: Lucas Machado – Universidade Federal de Lavras)

O uso de Trichogramma é recomendado tanto para área de plantio de milho convencional quanto de milho Bt.

A liberação do parasitoide deve ser associada ao monitoramento das mariposas na área-alvo.

O monitoramento deve ser feito com armadilhas contendo feromônio sexual sintético, específico para cada espécie de praga-alvo.

Pode ser utilizado também em soja, algodão, independentemente do tamanho da área.

Além disso, podemos controlar essa lagarta por meio de produtos biológicos Bt ou mesmo com a cultura transgênica Bt.

No entanto não utilize essas duas tecnologias em conjunto, já que isso seleciona indivíduos resistentes.

Para ver mais sobre usos de defensivos naturais no combate à pragas acesse este artigo: “Como utilizar defensivos naturais e diminuir custos”

6. O controle de Helicoverpa zea por inseticidas não é tão fácil assim

O controle químico é difícil, pois as aplicações de inseticidas devem ser direcionadas às espigas.

Isso porque as lagartas, ao eclodirem dos ovos, penetram nas espigas através do estilo-estigma.

Por isso recomendamos a adoção do Manejo Integrado de Pragas (MIP), que traz inúmeros benefícios além do controle desta praga.

Para te ajudar, disponibilizamos gratuitamente uma planilha para você fazer seu MIP. Clique na figura abaixo para acessar!

7. Helicoverpa zea é resistente a algumas medidas de controle

Têm sido relatados casos de resistência a inseticidas na América do Norte e na América Latina.

Esses casos são principalmente em relação aos grupos químicos dos carbamatos (1A), organofosforados (1B), piretróides (3A) ou a tecnologia de plantas Bt (Bacillus thuringiensis).

Conclusão

A Helicoverpa zea (lagarta-da-espiga) continua sendo uma importante praga para a cultura do milho, sendo necessário conhecer mais sobre o inseto.

A correta identificação, bem como o conhecimento do ciclo, controle biológico e outras informações que você viu aqui,são essenciais para um manejo adequado.

Assim, faça o MIP e controle a Helicoverpa zea em sua lavoura, protegendo todo o potencial de produção de sua cultura!

>> Leia mais:

Reduza drasticamente suas aplicações utilizando o Manejo Integrado de Pragas
As perguntas (e respostas!) mais frequentes sobre manejo integrado de pragas
Como fazer manejo integrado de pragas (MIP) na cultura do milho


Como você faz o controle da Helicoverpa zea em sua propriedade? Adoraria ver seu comentário abaixo!

4 principais inseticidas para combater pragas de grãos

Tipos de inseticidas para lavouras de grãos: saiba quais os defensivos químicos certos para combater as pragas da sua lavoura de grãos eficientemente.

De acordo com a FAO, cerca de 40% da produção agrícola no mundo é perdida todos os anos devido a ataques de pragas.

No Brasil, essa importância não é menor: as pragas agrícolas causam grande apreensão. Tanto é que 25,5%  dos gastos brasileiros em defensivos agrícolas são em inseticidas.

Mas, se bem utilizados dentro do MIP, os inseticidas podem ajudar muito no alcance de altas produtividades agrícolas.

Por isso, neste artigo, vou te mostrar os principais inseticidas para as principais pragas de grãos. Confira:

Conceitos importantes sobre tipos de inseticidas

Um mesmo inseticida pode atingir vários alvos, como diferentes lagartas, percevejos e outros insetos.

Além disso, muitas vezes o mesmo produto pode ser utilizado em diferentes culturas, especialmente em grãos, onde as pragas são semelhantes.

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Bula do produto inseticida comercial: Engeo Pleno
Classe: Inseticida sistêmico de contato e ingestão; Grupo químico: neonicotinoide e piretroide

(Fonte: Syngenta)

No entanto, as pulverizações devem ser feitas com alternância de produtos de grupos químicos e modo de ação diferentes.

Essa rotação visa diminuir a pressão de um determinado produto sobre as populações de pragas.

Conhecimento do produto e da semente são fundamentais

Isso minimiza tempo, gastos, mão-de-obra, maquinário e principalmente produtos químicos, que em sua maioria pesam muito no bolso do produtor.

Só aí já temos uma ideia de alguns dos benefícios que inseticidas podem trazer na agricultura. Mas, diante de tantos grupos químicos, conhecer os principais deles é essencial!

Os inseticidas são comumente classificados de acordo com sua composição química.

grupo-químico-inseticidas

Grupos químicos, mecanismos de ação, processos afetados e principais ingredientes ativos de inseticidas
(Fonte: Irac)

Existem várias formas do inseticida afetar a praga. Cada grupo químico tem sua característica quanto ao seu modo de ação sobre o inseto. Confira:

ação-tipo-inseticida

(Fonte: Yamamoto adaptado de J Cooper & H Dobson)

Agora veremos os principais tipos de inseticidas por grupos químicos para as principais pragas de grãos:

1° principal tipo de inseticida: diamidas

Principais características:

  • regulam a libertação de cálcio intracelular;
  • age diretamente na contração muscular;
  • provoca um aumento rápido da concentração de cálcio;
  • leva, posteriormente, à cessação de alimentação, letargia, paralisia e, por fim, a morte da praga.

Substância química ativa: Clorantraniliprol e ciantraniliprol (comercializados pela DuPont e Syngenta). 

Alvos: Espécies da ordem de Lepidoptera, Coleoptera, Diptera e Hemiptera.

Principal praga: Helicoverpa armigera (Lepidoptera: Noctuidae)

Estudos indicaram que os inseticidas flubendiamida (Belt) e espinosade (Tracer) mostraram serem muito eficientes no controle da Helicoverpa armigera.

A dose varia de acordo com o nível de infestação e incidência da praga na área.

Geralmente a dose comercial de Belt recomendada para controle de armigera varia entre 50 ml e 70 ml/hectare.

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(Fonte: Rural Pecuária em Embrapa Soja)

2° principal tipo de inseticida: organofosforados

Principais características:

  • custo relativamente baixo;
  • largo espectro de atividade e de alto impacto sobre insetos;
  • ampla gama de produtos agrícolas e sanitários;
  • existem produtos organofosforados desde extremamente tóxicos até aqueles com baixa toxicidade, como o Temephos, que tem seu uso permitido em água potável;
  • na área da Saúde, têm sido bastante usados dada sua eficiência.

Estrutura molecular: são ésteres, amidas ou derivados tiol dos ácidos de fósforo, contendo várias combinações de carbono, hidrogênio, oxigênio, fósforo, enxofre e nitrogênio,

Persistência/Degradação: são biodegradáveis, sendo, portanto sua persistência curta no solo: 1 a 3 meses.

Modo de ação: por contato e ingestão. Agem como inibidores das enzimas colinesterases, causando o aumento dos impulsos nervosos, assim podendo ocasionar a morte.

Alvos: espécies da ordem de Coleópteros, sugadores, mastigadores como: ácaros, percevejos, lagarta-da-soja, mosca-branca, etc.

Principal praga: Ácaros na cultura da soja

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(Foto: Daniel R. Sosa-Gómez em Embrapa)


Ataques severos de ácaros em lavouras de soja podem ser responsáveis por danos que variam de 4 a 8 sc/ha.

Um produto eficaz no controle de ácaros do grupo dos organofosforados é o Orthene, inseticida e acaricida da Arysta Lifescience.

Sua dosagem varia de 300 L a 400 L de calda/hectare.

3° principal tipo de inseticida: carbamatos

Principais características:

  • paralisação muscular do inseto;
  • os alvos apresentam 4 estágios sintomáticos: excitação, convulsão, paralisia e morte.

Estrutura molecular: são praguicidas orgânicos derivados do ácido carbâmico.

Temos três classes de carbamatos conhecidos: carbamatos inseticidas (e nematicidas), carbamatos herbicidas e carbamatos fungicidas.

Persistência/degradação: são compostos instáveis e muitos fatores influenciam a degradação: a umidade, temperatura, luz, volatilidade.

Carbamatos são metabolizados por microrganismos, plantas e animais ou degradados na água e no solo, especialmente em meio alcalino.

Modo de ação: com ação de contato e ingestão, são igualmente inibidores das enzimas colinesterases, embora por mecanismo diferente dos organofosforados.

Principal praga: Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) em milho

Seus prejuízos são estimados em mais de US$ 400 milhões anualmente, e, a lagarta-do-cartucho é considerada a pior praga do milho.

tipos de inseticidas

(Fonte: Agronomia Rústica)

Apesar de seu nome ser em referência a danos feitos principalmente no cartucho do milho, ela pode afetar todos os órgãos da planta em diferentes estágios.

Um produto eficaz no controle de ácaros do grupo dos organofosforados é o Lannate, inseticida sistêmico e de contato da Du Pont.

Sua dosagem varia de 200 L a 300 L de calda/hectare.

4° principal tipo de inseticida: piretróides

Principais características dos piretroides:

  • são atualmente os inseticidas mais utilizados;
  • apresentam baixa toxicidade em mamíferos;
  • baixo impacto ambiental, são efetivos contra um largo espectro de insetos e são necessárias baixas quantidades para exercerem sua ação;
  • agem nos insetos com rapidez causando paralisia imediata e mortalidade, efeito de choque denominado “Knock down”;
  • são geralmente usados como misturas;
  • devem respeitar um intervalo de segurança após aplicação.

Estrutura molecular: são compostos sintéticos análogos aos componentes obtidos a partir dos piretróides, extraídos do crisântemo.

Persistência/degradação:

  • intervalo de segurança de até 37 dias;
  • têm boa estabilidade sob luz e temperatura ambiente.

Modo de ação: são os compostos de mais rápida ação na interferência da transmissão de impulsos nervosos. Podem possuir efeito repelente, espantando os insetos ao invés de eliminá-los.

Principais Pragas

  • Lagarta-da-maça (Heliothis virescens);
  • Lagarta-militar (Spodoptera frugiperda);
  • Lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis).

Um produto eficaz no controle de dessas três lagartas do grupo dos piretroides é Permetrina 384 EC, inseticida de contato e ingestão da UPL.

Sua dosagem varia de 100 L a 500 L de calda/hectare (depende do nível de infestação da praga.

Apesar dos inseticidas ajudarem muito, é fundamental fazer o Manejo Integrado de Pragas (MIP) para um controle efetivo das pragas e para não selecionar indivíduos resistentes.

Resistência de pragas a inseticidas e o MIP

O uso contínuo dos defensivos agrícolas sem rotação de seus mecanismos de ação pode afetar diretamente no seu bolso.

Isso porque, dessa maneira, há o desenvolvimento de populações de pragas resistentes a inseticidas.

Além disso, nas últimas décadas, a descoberta de novos inseticidas, de grupos químicos e modo de ação distintos dos inseticidas já existentes no mercado está se tornando cada vez menor.

Desta forma, o agricultor não tem novas opções quando o produto está apresentando falhas de controle devido à evolução da resistência. E, assim, o problema se torna evidente.

O Manejo Integrado de Pragas tem sido o principal responsável por reverter esse quadro, além de trazer mais sustentabilidade para sua fazenda.

mip-tipos-inseticidas

(Fonte: Sebastião Araújo em Embrapa)

O MIP reúne um plano de medidas que busca promover o equilíbrio no sistema.

Assim, muitas outras medidas de controle, além do químico que aqui falamos, devem ser usados.

E isso faz com que haja menor pressão de seleção de indivíduos resistentes e maior eficácia de controle das pragas.

O mais interessante é que por vezes vemos que o MIP reduz as aplicações, podendo também diminuir seus custos de produção agrícola.

Para ver mais acesse “Reduza drasticamente suas aplicações utilizando o Manejo Integrado de Pragas.”

Veja também o MIP especialmente para a cultura do milho em: Como fazer manejo integrado de pragas (MIP) na cultura do milho

Conclusão

Você pode ter prejuízos imensos se o controle de pragas não for feito corretamente.

Nesse sentido, conhecer os principais inseticidas, sejam eles químicos ou inseticidas naturais, e as pragas que combatem, é fundamental para a correta escolha e manejo.

No entanto, não devemos nos apegar somente ao controle químico, mas misturar e agregar diversas medidas de controle de insetos, seguindo as recomendações do MIP.

Esse conhecimento e definição das melhores estratégias de controle fazem parte do planejamento agrícola.

Agora que você já sabe mais sobre os principais tipos de inseticidas para grãos, já pode começar a se planejar no combate às pragas!

>> Leia mais:

“Novidade no mercado de defensivos: inseticida Plethora”

As melhores formas de controle para cigarrinha-das-pastagens

“O que você precisa saber sobre o mecanismo de ação dos inseticidas neonicotinoides, organofosforados e carbamatos”

“Inseticidas ecdisteroides: como agem nos insetos e por que são uma boa opção de manejo”

Gostou do texto? Tem mais algum tipo de inseticida que você costuma usar e não citamos aqui? Restou alguma dúvida? Comente abaixo!