Como fazer o cálculo de gessagem: métodos recomendados e as novas pesquisas

Cálculo de gessagem: Quais são as doses recomendadas em cada situação e métodos novos para essas orientações.

A gessagem é uma ferramenta muito importante e você sabe disso.

No entanto, é preciso cuidado para evitar que haja perda ou desequilíbrio de nutrientes.

Então, como acertar na quantidade de gesso necessária em cada área? Como fazer o cálculo de gessagem para culturas como soja e milho?

Veja a seguir o passo a passo nos métodos tradicionais e uma nova fórmula de necessidade de gesso que pode te ajudar na sua área. Confira!

O que é gessagem e seu efeitos no manejo do solo

As raízes de plantas que conseguem apenas explorar um volume reduzido de solo fica mais sujeita aos efeitos da seca, provocada por veranicos frequentes na região do cerrado.

Para resolver essas situações, a gessagem vem sendo relacionada com a melhoria do ambiente químico em subsuperfície (abaixo de 20 cm de solo).

Os efeitos dessa prática são acentuados quando em conjunto com a calagem.

gessagem agrícola
(Fonte: Nutrisafra)

Entenda a gessagem

A gessagem é simplesmente a prática da aplicação de gesso para correção do solo

O gesso (CaSO4 • 2 H2O) pode ter origem da mineração da rocha gipsita ou ser subproduto da produção de fertilizantes fosfatados, comumente conhecido como gesso agrícola ou fosfogesso

O gesso agrícola contém entre 26% e 28% de Ca e em torno de 15% de gesso, além de pequenas quantidades de P2O5 e flúor.

gesso agrícola
(Fonte: Solloagro)

Efeitos da gessagem no solo

No solo, o gesso sofre dissociação conforme a fórmula abaixo:

cálculo de gessagem

(Fonte: Adaptado de Vitti, disponível em Solloagro)

Essa reação abastece a solução do solo com cálcio e sulfato, que servem como nutrientes para as plantas. 

O cálcio tem participação na formação da parede celular, o que garante a estrutura às plantas.

Já o enxofre é absorvido pelas plantas na forma de sulfato e participa da formação de aminoácidos e proteínas nos vegetais. 

A forte atração entre o cálcio e o sulfato presentes na solução faz com que em torno de 70% do gesso fique na forma de sulfato de cálcio com carga zero, facilmente lixiviado para a subsuperfície. 

O gesso é, portanto, capaz de fornecer cálcio e enxofre na forma de sulfato também em maiores profundidades. 

Outro efeito da gessagem é a diminuição da saturação de Al pela formação do par iônico AlSO4+, que não é tóxico para as plantas e passível de lixiviação para fora da região explorada pelas raízes. 

Esta lixiviação ocorre também com outras bases como magnésio e potássio

O gesso agrícola não é um corretivo de acidez do solo como o calcário, ou seja, não modifica o pH do solo.

Entretanto, tem ação direta sobre o aumento da saturação por bases (V%) em profundidade e uma melhor distribuição do sistema radicular das plantas. 

O gráfico abaixo mostra o aumento no V% e uma melhor distribuição das raízes de cana-de-açúcar nos tratamentos que receberam diferentes doses de gesso: 

(Fonte: van Raij, 2011, disponível em IPNI)

Recapitulando, quais são então os benefícios da aplicação de gesso agrícola?

Benefícios da aplicação de gesso agrícola

  • Fornece cálcio e enxofre em profundidade (camadas mais profundas); 
  • Reduz a saturação por alumínio em subsuperfície;
  • Aumenta a saturação por bases (V%) em subsuperfície; 
  • Promove condições para um melhor desenvolvimento e distribuição do sistema radicular em profundidade;
  • Aumenta a absorção de água e nutrientes – nitrogênio (n), cálcio, fósforo, enxofre, etc. 

Como saber se há necessidade de realizar a gessagem?

A necessidade de aplicação de gesso deverá ser baseada nos resultados de análise de solo de amostras coletadas na camada de 20 – 40 cm, e não na camada de 0-20 cm como é comum.

Trabalhos realizados por Souza et al. (1992) e Vitti et al. (2008) elencaram condições químicas dos solos brasileiros em geral em que a aplicação do gesso agrícola poderá ter maior resposta no aumento da produtividade de culturas

Caso o resultado de sua análise de solo apresente uma ou mais condições como as descritas abaixo, a aplicação do gesso agrícola é recomendada:

  • Teor de Ca menor que 0,5 cmolc dm-3
  • Teor de alumínio maior que 0,5 cmolc dm-3
  • Saturação por alumínio (m%) maior que 20%;
  • Saturação por bases (V%) menor que 35%.

Cálculo de gessagem para soja e milho

Há na literatura várias formas fórmulas para calcular a necessidade de gessagem para culturas anuais, como soja e milho

Veja duas das mais utilizadas:

1) Em função da textura do solo (Sousa e Lobato, 2004)

2) Visando aumento da saturação por bases (V%) em subsuperfície (Demattê, 1986; Vitti et al., 2008):

Cálculo de gessagem: Nova fórmula de necessidade de gesso 

A ciência está constantemente desenvolvendo novas tecnologias e formas de manejo para aumentar o rendimento das culturas, diminuindo custos produtivos.

Métodos como o de cálculo de gessagem baseado no teor de argila desconsidera fatores associados à natureza da argila do solo. 

Além disso, muitos métodos não levam em consideração as dosagens de gesso que proporcionam maior produtividade economicamente viável.

Os autores Caires e Guimarães (2018) utilizaram técnicas de mineração de dados de experimentos de campo com aplicação de diferentes doses de gesso para propor uma nova metodologia de cálculo de gessagem. 

Os experimentos consideraram latossolos sob sistema de plantio direto (superfície coberta) na região Sul do Brasil. Foram analisadas áreas com cultivo de milho, soja, trigo e cevada.

Os resultados demonstram que as melhores produtividades para estas culturas foram atingidas quando a saturação de cálcio na capacidade de troca catiônica efetiva (CTCef) da camada de 20 – 40 cm foi em torno de 60%. 

Isso mostra a importância do cálcio em subsuperfície para estimular o crescimento radicular e uma maior produtividade. 

Os autores do estudo propuseram então uma nova fórmula baseada elevação da saturação por cálcio para 60% da CTCef da camada de 20 – 40 cm.

Recomenda-se o método quando a saturação por cálcio nesta camada for inferior a 54%.

Nova fórmula para cálculo de gessagem

Este novo método de cálculo de gessagem trouxe resultados diferentes do apresentado por outros métodos. 

Tomemos como exemplo um solo de cerrado na região de Jaguariaíva, no Paraná, com os seguintes resultados de análise de solo: 

(Fonte: Gape)

Este solo atende aos requisitos para receber a aplicação de gesso: teor de cálcio é de 0,2 cmolc dm-3 e a saturação por alumínio (m) é maior que 20%.

Utilizando a fórmula baseada no teor de argila (%), a dose recomendada é de 0,85 t/ha de gesso.

Enquanto que com a fórmula proposta por Caires e Guimarães (2018) seria de 6,0 t/ha. 

Dosagens mais elevadas de gesso foram associadas com aumento na produtividade de milho e soja. 

cálculo de gessagem

(Fonte: Gape)

Efeitos de altas dosagens 

A função natural do gesso é de agir como um condicionador de solo, transportando bases para a subsuperfície.

A lixiviação de K e Mg foi reportada em diversos trabalhos. 

E a aplicação de altas dosagens de gesso agrícola em cafezais mostrou-se prejudicial à cultura pelo desequilíbrio de nutrientes no solo. 

Os autores Caires e Guimarães recomendam a aplicação de gesso agrícola somente em solos com alto teor de Mg nas camadas superficiais. 

A combinação do gesso agrícola com a aplicação de calcário dolomítico tem demonstrado ser uma solução viável para os latossolos com teor elevado de alumínio.

Conclusão

A gessagem é uma importante ferramenta para aumentar a produtividade da lavoura, porém deve ser feita de maneira criteriosa para evitar a lixiviação excessiva de nutrientes. 

Neste artigo, mostramos os tipos de gesso disponíveis e abordamos um pouco sobre os efeitos da aplicação de gesso agrícola nas propriedades químicas do solo. 

Também mostramos quando é necessário fazer e a diferença entre alguns métodos de recomendação de cálculo de gessagem.

Apresentamos também um novo método, baseado da elevação da saturação por Ca para 60% da CTC efetiva da camada de 20-40 cm. 

Espero que você possa aproveitar essas informações e calcular a aplicação ideal para sua propriedade.

Restou alguma dúvida sobre como fazer o cálculo de gessagem em sua área? Tem alguma dica? Deixe seu comentário!

Adubo para cana: principais recomendações para alta produtividade

Adubo para cana: nutrientes mais requeridos, recomendações das doses, principais fontes e como fazer a adubação líquida no canavial.

Já fez a adubação para cana este ano?

A adubação do canavial parece simples, mas alguns macetes fazem a diferença para conseguir uma produtividade acima da média.

Reunimos aqui os principais pontos de atenção, como a extração de nutrientes pela cana e as doses mais recomendadas. Confira!

Adubo para cana-de-açúcar

Em cana-de-açúcar, assim como nas demais culturas, para realizar a adubação precisamos saber qual a quantidade de nutriente requerida pela cultura e em qual quantidade o solo pode fornecer. 

Assim, temos a fórmula abaixo:

Adubação = (nutriente requerido pela planta – nutriente fornecido pelo solo) x F

F é o fator de aproveitamento do fertilizante.

Na figura abaixo podemos ver que a cana-de-açúcar extrai diferentes quantidades de cada nutriente, de acordo com a fase de desenvolvimento da cultura.

macronutrientes cana

(Fonte: Yara)

Vamos ver agora alguns dos nutrientes essenciais e que não podem faltar na hora da adubação.

Recomendação de adubação para cana-de-açúcar

Nitrogênio

Em relação à adubação com nitrogênio, a cana-planta apresenta normalmente respostas baixas à adubação nitrogenada. 

Por isso, em geral é recomendado a dose de 30 Kg/ha para cana-planta, independentemente da produtividade esperada.

Já as soqueiras de cana-de-açúcar respondem melhor à adubação nitrogenada. Segue abaixo a recomendação:

Adubação de nitrogênio cana-soca

Adubação de nitrogênio para cana-soca

Fósforo

O nutriente mais limitante em área de expansão de cana-de-açúcar é o fósforo.

A cana-planta pode receber até 180 kg P2O5 ha-1. Já nas soqueiras, esse valor é reduzido para 30 kg a 60 kg P2O5 ha-1. 

Adubação de fósforo cana-planta

Adubação de fósforo para cana-planta

Já na cana-soca, a recomendação mais aceita é aquela que, para fósforo resina até 15 mg/dm³, deve-se colocar 30 Kg/ha da fórmula de fósforo, como vemos abaixo:

Adubação de fósforo cana-soca

Adubação de fósforo para cana-soca

Potássio

O potássio é outro importante macronutriente tanto em cana-planta como na cana-soca. 

No entanto, o excesso de potássio ou sua falta pode diminuir a qualidade da cana-de-açúcar. Para isso, veja a recomendação:

Adubação de potássio cana-planta

Adubação de potássio para cana-planta

Adubação de potássio cana-soca

Adubação de potássio para cana-soca

Micronutrientes

No caso dos micronutrientes, em solos de menor fertilidade, o cobre e o zinco são os mais limitantes para a cultura da cana. 

Para a correção da deficiência desses micronutrientes você pode seguir a recomendação abaixo ou, segundo outros estudos, fazer a adubação no sulco de plantio, na dose de 5 a 7 t ha-1  de zinco e cobre.

Para manganês, pode ser utilizado o sulfato de ferro ou de manganês a 1%. No caso do boro, pode ser usado 20 kg a 30 kg de bórax ha-1 no solo ou pulverização com ácido bórico 0,5%. 

adubo para cana

Efeito da aplicação de micronutrientes em cana-de-açúcar
(Fonte: Mellis e Quaggio, 2009)

Extração e exportação de nutrientes na cana-de-açúcar

Além de carbono, hidrogênio e oxigênio, a cana-de-açúcar necessita de uma série de outros nutrientes.

Alguns elementos são exigidos em maiores quantidades, por isso são conhecidos por macronutrientes. São eles: nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e enxofre.

adubo para cana

Extração e exportação de macronutrientes para a produção de 100 toneladas de colmo (Orlando, 1993)
(Fonte: Vitti et al.)

Outros são exigidos em menores quantidades e, por isso, são denominados micronutrientes. São eles: boro, cloro, cobre, ferro, manganês, molibdênio e zinco.

Extração e exportação de micronutrientes

Extração e exportação de micronutrientes para a produção de 100 toneladas de colmo (Orlando, 1993)
(Fonte: Vitti)

Tipos de adubo para cana

Podemos ter diferentes fontes minerais para adubação na cana-de-açúcar.

Em relação ao nitrogênio, pode ser utilizada a ureia, desde que ela seja levemente incorporada ao solo em uma profundidade de 5 cm. Isso reduz as perdas por volatilização.

Outra fonte de nitrogênio que pode ser utilizada é o sulfato de amônio, que também irá fornecer enxofre ao sistema. 

Sulfato de amônio (SA)

Vantagens do sulfato de amônio (SA)
(Fonte: Advansix)

Fontes de nitrogênio mais utilizadas

  • Ureia (45% de N);
  • Sulfato de amônio (21% de N e 23% de enxofre);
  • Nitrato de potássio (13% de N e 44% de K2O);
  • Fosfato monoamônico ou MAP (10% de N e 46 a 50% de P2O5);
  • Fosfato diamônico ou DAP (16% de N e 38 a 40% de P2O5).

No caso do fósforo, a adubação fosfatada não vai interferir na qualidade da cana-de-açúcar. Mas, os fosfatos solúveis, inclusive o termofosfato e o multifosfato magnesiano, produzem melhores resultados que os fosfatos naturais.

Principais fontes de fósforo

  • Fosfato monoamônico ou MAP (10% de N e 46 a 50% de P2O5);
  • Fosfato diamônico ou DAP (16% de N e 38 a 40% de P2O5);
  • Superfosfato simples ou super simples (16% a 18% de P2O5 e 18% a 20% de cálcio);
  • Superfosfato triplo ou super triplo (41% de P2O5 e 7 a 12% de Ca);
  • Termofosfato (18% de P2O5, 9% de magnésio, 20% de Ca e 25% de SiO4).

Fonte de potássio

O suprimento de potássio para a cana-de-açúcar pode ocorrer por meio do uso da vinhaça. 

A vinhaça e a torta de filtro são resíduos da fabricação do açúcar e do álcool. 

Na produção de açúcar, 1 tonelada de cana-de-açúcar gera 35 kg de torta de filtro. Cada litro de álcool produzido resulta em 10 a 13 litros de vinhaça. 

A vinhaça é rica em potássio; já a torta de filtro, em fósforo e cálcio.

No caso da torta de filtro, a aplicação pode ser feita em área total em pré-plantio, no sulco de plantio e nas entrelinhas.

Em área total utiliza-se de 80 a 100 t ha-1 de torta de filtro. No sulco de plantio, de 10t a 20 t ha-1; e, nas entrelinhas da cana-de-açúcar, de 40 a 50 t ha-1.

Principais fontes de potássio:

  • Cloreto de potássio, sulfato de potássio (48% a 50% ou 60% a 62% de K2O);
  • Nitrato de potássio (16% de N e 46% de K2O).

Adubo para cana: adubação líquida

A adubação líquida contribui para o aumento da produtividade dos canaviais, pois melhora o aproveitamento dos nutrientes aplicados.

Com a adubação líquida, evitam-se perdas por fixação e lixiviação, além de benefícios químicos, físicos, biológicos e fisiológicos ao solo e às plantas.

Geralmente a adubação líquida é feita via foliar para suprir uma necessidade nutricional imediata. Por isso, a adubação foliar sempre vai ser complementar.

Pode ser utilizada adubação líquida no plantio da cana, fazendo a pulverização dos nutrientes nos colmos-semente ou na soqueira, principalmente com fósforo, boro e zinco.

adubo para cana

Chave para determinar sintomas de deficiências
(Fonte: Rossetto e Dias, 2007)

Custos do adubo para cana-de-açúcar

O preço do adubo para cana vai depender da quantidade que você vai precisar e qual irá utilizar.

Assim, primeiro deve ser estudada a análise de solo para identificar quais as deficiências de nutrientes conforme a produtividade esperada.

Produtividade média de cana

Produtividade média de cana (colmos, açúcar e etanol), qualidade e viabilidade econômica em resposta à aplicação de micronutrientes em oito locais
(Fonte: Mellis e Quaggio, 2009)

planilha ponto otimo de renovacao canavial

Conclusão

A deficiência de macro e micronutrientes reduz a produtividade no campo. E, uma correta adubação se torna essencial para garantir bons resultados na lavoura.

Vimos neste artigo que a cana-de-açúcar requer quantidades diferentes de nutrientes ao longo do seu ciclo.

Também vimos que existem vários tipos de adubos minerais que podem ser utilizados, além dos adubos orgânicos, como a vinhaça e a torta de filtro.

Agora que você entendeu um pouco mais sobre a adubo para cana, que tal colocar em prática?

>> Leia mais: 

Plantação de cana-de-açúcar: Maior produtividade e ponto ótimo de renovação

Nematoides na cana-de-açúcar: Como reconhecer e manejar

Colheita de cana: 5 dicas para otimizar a sua

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Manejo do zinco na soja: como utilizá-lo para potencializar sua produção

Zinco na soja: Entenda o papel desse micronutriente na lavoura, como fazer a adubação e identificar sintomas de deficiência ou toxicidade na soja.

Têm dúvidas sobre a adubação de zinco na soja?

O zinco é um micronutriente que faz toda a diferença na produção. Afinal, ele atua no crescimento da soja e na formação de grãos.

No entanto, ele é pouco móvel na planta e os muitos fatores podem afetar na sua disponibilidade.

Acompanhe neste artigo as dicas de como manejar o zinco na soja e alcançar mais produtividade na lavoura!

Para que serve o zinco na planta?

Com o passar dos anos e com a alteração no sistema de produção, produtores começaram a se atentar às mudanças associadas à adubação. 

Uma dessas mudanças foi o despertar com relação à importância dos micronutrientes, que começam a ser mais estudados e mostram que os resultados fazem diferença na produção.

Na soja, por exemplo, a cada 1 tonelada de grãos, a planta precisa absorver cerca de 40g de zinco (Zn). E, desse montante, 66% vão para o grão, demonstrando um alto valor de extração.

exigências nutricionais soja Embrapa

Exigências nutricionais para a produção de 1t de grãos de soja (Embrapa, 1993)
(Fonte: IPNI) 

Apesar dessa grande extração, o zinco se encontra adsorvido na argila de matéria orgânica, o que reduz a disponibilidade para as plantas.

Estudos relatam que o zinco está na solução do solo em uma concentração muito baixa e que ainda estão cerca de 60% como complexos orgânicos solúveis. 

Além disso, o zinco bem como outros micronutrientes, é geralmente disponível na solução do solo em pHs mais baixos (ácido a neutro).

pHs do solo

Disponibilidade de macros e micronutrientes em diferentes pHs do solo. Note que a maioria dos micronutrientes está mais disponível em solos com pH de ácido a neutro.
(Fonte: 360 Yield Center)

Por isso sua correta adubação é tão importante. O zinco atua principalmente na síntese de proteínas e no crescimento meristemático por atuar na formação do aminoácido triptofano, precursor do ácido indolilacético. 

O zinco para a soja no solo deve estar com no mínimo de 1,0 mg/dm³, o que garante plantas sem manifestação de deficiência. Assim, garante-se o bom desenvolvimento das enzimas relacionadas a esse nutriente.

Algumas enzimas contendo zinco encontradas em plantas superiores e inferiores
(Fonte: DCS

>> Leia mais: “Tipos de adubos químicos na cultura da soja”.

Zinco: Absorção, transporte e redistribuição 

As plantas absorvem o zinco na forma catiônica de Zn²+. Mas nos estudos, existem dúvidas se elas o absorvem por processo passivo ou ativo. 

Além do que, alguns outros nutrientes em altas concentrações podem afetar a absorção do zinco, levando a planta a desenvolver sintomas de deficiência. 

Como exemplo, podemos elencar o fósforo. Esse nutriente, quando aplicado em altas dosagens, pode inibir a absorção de Zn pela planta. 

Podemos justificar essa situação com inúmeras afirmações, mas a mais aceita é a do “efeito de diluição”, que consiste num crescente aumento de absorção de P.

Isso acarreta aumento na matéria seca e, por consequência, desencadeia a diluição do zinco que estava presente na planta. 

Sobre a mobilidade na planta, ao ser absorvido, o Zn é transportado pelo xilema na forma de quelato. Porém, sua redistribuição via floema é limitada. Ou seja, o zinco é pouco móvel.

E quais as causas da imobilidade? No floema, o micronutriente encontra um pH alcalino (em torno de 8) e muitos íons de fosfato. Isso favorece a ocorrência de complexos de baixa solubilidade (óxidos de zinco, hidróxidos e fosfatos), acarretando menor redistribuição para as partes das brotações.

Por isso, em situações de deficiência, a ocorrência de sintoma é manifestada em  folhas novas

planilha de produtividade da soja

Adubação com zinco 

Vendo que nossos solos são altamente intemperizados e nossas rochas de origens não tão ricas, torna-se essencial a adubação com micronutrientes. 

O zinco pode ser aplicado na cultura da soja das seguintes formas:

  1. Via solo, com intuito de uma correção lenta, gradual e corretiva, a exemplo dos oxi-sulfatos de zinco na dosagem de 5 kg/ha;
  2. Via folha, buscando uma correção mais imediata, menos duradoura e corretiva. Neste caso, recomenda-se utilizar sulfato de Zn na dosagem de 75g/100L de água a 20℃;
  3. Via semente

Para prevenção de deficiências de zinco em solos de cerrado, recomenda-se aplicação de 4 kg/ha a 6 kg/ha em solos com baixo teor. Isso independentemente da fonte ser solúvel ou insolúvel. 

Em casos de reaplicação, recomenda-se a utilização da análise foliar, que pode ser feita a cada dois anos.

Nos casos de culturas anuais, essa dose pode ser dividida em 3 partes iguais e aplicadas no sulco de semeadura em cultivos sucessivos.

Em solos com teor médio de zinco, recomenda-se a utilização de ¼ da dose aconselhada anteriormente, devendo ser aplicada no sulco de plantio.

manejo do zinco na soja

Interpretação de resultados de análise de solos para micronutrientes para culturas anuais na região dos cerrados.
(Fonte: INPI)  

Toxicidade e deficiência de zinco na soja

Níveis ótimos de zinco podem variar de 20 mg/kg a 120mg/kg de matéria seca de planta.

Normalmente, a deficiência está associada a teores mais baixos que 20 mg/kg, e a toxicidade a uma quantidade superior a 400 mg/kg.

Como citamos acima, os sintomas de carência de zinco vão se manifestar em folhas mais novas devido a pouca mobilidade na planta. 

Os sintomas mais característicos são o encurtamento dos internódios e produção de folhas novas pequenas, com sinais de clorose e lanceoladas, tendo como resultado plantas anãs. 

Além disso, folhas mais novas podem ficar com clorose internerval de coloração amarelo-ouro e as nervuras com cor verde-escura.

deficiência de zinco

Sintoma inicial de deficiência de zinco nas folhas novas com clores internerval com cor amarelo-ouro.
(Fonte: Agrolink

manejo do zinco na soja

(Fonte: IPNI)

A deficiência de zinco pode ocorrer devido à origem natural do solo, como os derivados de arenitos, que apresentam baixa disponibilidade desse micronutriente.

Aplicações muito elevadas de calcário e fósforo, como comentado anteriormente, também podem favorecer a deficiência de zinco. 

O problema também pode ocorrer em regiões com baixa quantidade de chuvas. 

Em casos de toxicidade, as plantas se manifestam com coloração avermelhada nas nervuras e pecíolos.

>> Leia mais: “Cuidados que você deve ter para evitar deficiência de potássio na soja

Conclusão

Neste artigo, falamos sobre a importância do zinco na soja e suas funções. Relatamos como é seu comportamento no solo, na planta e sua absorção. 

Vimos como a adubação desse micronutriente deve ser realizada, garantindo mais sucesso produtivo em sua lavoura.

Descrevemos ainda os sintomas de deficiência e toxicidade na planta.

Espero que você tire o máximo proveito dessas informações e as aplique em sua propriedade!

>> Leia mais:

Por que adubação foliar em soja pode ser uma cilada

Cálculo de adubação para soja

Como cobalto e molibdênio na soja podem elevar sua produtividade

Restou alguma dúvida sobre o zinco na soja? Tem alguma dica para compartilhar? Adoraria ler seu comentário!

Como fazer o manejo adequado da adubação fosfatada

Fertilizantes fosfatados: como o fósforo se comporta no solo, quais são os produtos mais utilizados, quando e como realizar a adubação fosfatada

Nos solos brasileiros, a fração de fósforo disponível para as plantas é muito pequena. Diante disso, a adubação fosfatada é uma prática indispensável para aumentar o potencial produtivo da área.

Sabendo da importância desse nutriente, é preciso conhecer os fertilizantes e saber quando e como aplicá-los de modo a aumentar a eficiência da adubação.

Confira a seguir mais informações sobre os fertilizantes e o fornecimento de fósforo para as culturas. Boa leitura!

Como o fósforo se comporta no solo

Em geral, os solos tropicais apresentam baixa fertilidade natural em razão do elevado grau de intemperismo. Eles também têm alta capacidade de retenção de fósforo.

Isso quer dizer que o fósforo se liga aos minerais de argila e aos óxidos de ferro e alumínio. O fósforo ainda pode se precipitar com o alumínio, o ferro e o cálcio, ficando menos disponível para ser absorvido pelas plantas. 

Ou seja, há uma competição entre o solo e as plantas pelo fósforo fornecido via adubação.

Nesse sentido, para atender à demanda das plantas por fósforo, é preciso, antes, saturar os componentes consumidores desse elemento. 

Em razão disso, é comum que sejam fornecidas grandes quantidades de adubos fosfatados, mesmo esse nutriente sendo exigido em pequenas quantidades pelas plantas.

Além do mais, o pH do solo é um fator que interfere na disponibilidade desse nutriente. Por isso a calagem é uma prática muito importante, pois reduz a fixação do fósforo no solo e aumenta a eficiência da adubação. 

Sendo assim, o fósforo está mais disponível em solos com pH entre 5,5 e 6,5

Em resumo, quanto maior a presença de óxidos de ferro e alumínio, mais ácido, argiloso e intemperizado for o solo, menor é a disponibilidade de fósforo para ser absorvido pelas plantas. 

Agora que você já sabe como é o comportamento do fósforo no solo, vamos falar sobre os diferentes tipos de fertilizantes.

Principais fertilizantes fosfatados

No mercado estão disponíveis diferentes fontes de fósforo para uso na agricultura. Assim, conhecer as características desses fertilizantes é fundamental para o sucesso do cultivo. 

Os principais fertilizantes utilizados na adubação fosfatada são:

superfosfato triplo;

● superfosfato simples;

● fosfato monoamônico (MAP);

● fosfato diamônico (DAP);

● termofosfato magnesiano;

● fosfatos naturais importados: Gafsa (Tunísia), Arad (Israel) e Bayóvar (Peru);

● fosfatos naturais nacionais: fosfato de Araxá, fosfato de Patos de Minas e fosfato de Jacupiranga.

É preciso deixar claro que cada fertilizante apresenta uma concentração de fósforo que é expressa em P2O5.

Na tabela abaixo você pode conferir as garantias mínimas exigidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para a comercialização desses fertilizantes.

Especificações mínimas dos fertilizantes minerais simples exigidas pelo MAPA
Especificações mínimas dos fertilizantes minerais simples exigidas pelo MAPA
(Fonte: MAPA)

Quando e como aplicar os fertilizantes fosfatados

Um dos pontos que merece atenção diz respeito ao momento ideal para realizar a adubação fosfatada. 

A recomendação é que ela seja feita por ocasião da semeadura da lavoura. Isso porque o fósforo é um nutriente essencial para o desenvolvimento das raízes e para o estabelecimento da cultura.

Os adubos fosfatados podem ser aplicados de forma localizada, na linha de plantio, ou em área total, a lanço. 

A decisão de como distribuir os fertilizantes na área deve levar em consideração vários fatores, dentre eles a cultura, o tipo de solo e o sistema de cultivo (convencional, cultivo mínimo ou plantio direto).

Fertilizantes fosfatados em milho e soja

Em sistemas de cultivos anuais, como é o caso do milho e da soja, é importante dar preferência aos fertilizantes solúveis, como o superfosfato simples e triplo, o MAP e o DAP. 

Quando trabalhamos com fontes de baixa solubilidade em água, como os fosfatos naturais, recomenda-se a aplicação a lanço, com posterior incorporação, visando acelerar a  solubilização do fertilizante. 

Apesar de não ser exigido em grandes quantidades por essas culturas, a deficiência de fósforo pode comprometer a produtividade final. No caso da soja, esse nutriente tem papel relevante nos processos de nodulação e fixação biológica de nitrogênio.

No entanto, é preciso deixar claro que a quantidade exata de fósforo e o modo de aplicação devem ser estabelecidos a partir da interpretação dos resultados da análise de solo e da exigência da cultura.

Respostas de algumas culturas a doses de fertilizantes fosfatados solúveis em água aplicados a lanço e incorporados em latossolo argiloso do Cerrado, com disponibilidade de fósforo muito baixa
Respostas de algumas culturas a doses de fertilizantes fosfatados solúveis em água aplicados a lanço e incorporados em latossolo argiloso do Cerrado, com disponibilidade de fósforo muito baixa
(Fonte: IPNI)

>> Leia mais: “A fertilidade do solo como seu plano para alcançar altas produtividades

Como aumentar a eficiência da adubação fosfatada

A eficiência da adubação fosfatada está relacionada a diferentes aspectos, dentre eles a correção da acidez do solo. A calagem proporciona melhor aproveitamento do fósforo pelas plantas e também favorece a atividade microbiana do solo. O ideal é trabalhar com o pH do solo entre 5,5 e 6,5. 

Para aumentar a eficiência também é preciso se atentar ao fornecimento ideal de água e a interação com outros nutrientes. Como o fósforo é absorvido por difusão, a umidade do solo é fundamental para que essa reação ocorra. 

Além disso, já tem disponível no mercado fertilizantes com tecnologia de liberação gradual que reduzem as perdas e otimizam a absorção do fósforo pelas plantas, o que torna a adubação mais eficiente.

Por fim, a fonte de fósforo, a granulometria do fertilizante e o modo como os adubos fosfatados são aplicados no solo também influenciam na eficiência da adubação.

A distribuição localizada, na linha de semeadura ou na cova de plantio favorece a absorção do fósforo. Isso porque esse nutriente apresenta baixa mobilidade no solo. Assim, ao depositar o adubo próximo às raízes das plantas, a absorção desse elemento é beneficiada e mais eficiente é a adubação.

Por outro lado, a distribuição a lanço promove a exploração de um maior volume de solo pelo sistema radicular. 

Ou seja, cada caso deve ser avaliado segundo suas características, levando em consideração aspectos técnicos, econômicos e ambientais.

>> Leia mais: “Identifique como está a fertilidade do solo e nutrição de plantas da sua área

Conclusão 

Os solos brasileiros apresentam baixo teor de fósforo disponível para as plantas. Por isso, a adubação fosfatada é uma prática fundamental na manutenção da produtividade da área e no sucesso do cultivo.

Solos ácidos, argilosos e oxídicos apresentam alta capacidade de fixação de fósforo, o que reduz a disponibilidade desse nutriente para as plantas.

Os adubos fonte de fósforo mais utilizados são o superfosfato triplo e simples, MAP, DAP, termofosfato magnesiano e fosfatos naturais.

É indicado que os adubos fosfatados sejam fornecidos no plantio, tendo em vista a importância desse nutriente na fase inicial de desenvolvimento da lavoura. Eles podem ser aplicados na linha de plantio ou em área total.

>> Leia mais:

Fertilizantes orgânicos e seu uso na agricultura de larga escala

Fertilizantes NPK: Como obter alta eficiência das fórmulas comerciais

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redatora Tatiza Barcellos


Atualizado em 06 de julho de 2023 por Tatiza Barcellos.

Tatiza é engenheira-agrônoma e mestra em agronomia, com ênfase em produção vegetal, pela Universidade Federal de Goiás.

Adubo orgânico e seu uso na agricultura de larga escala

Adubo orgânico: benefícios para a lavoura, produtos mais utilizados e recomendações de cálculo para alcançar o melhor resultado.

A agricultura do futuro deve ser produtiva e consciente para suprir a demanda de alimentos no mundo. E esse duplo desafio significa que temos muito que evoluir em nossas práticas de campo. 

Por isso, atividades como a adubação orgânica, por exemplo, podem fazer muita diferença nos plantios.

Saiba como incluir essa prática em larga escala na sua lavoura para melhorar a fertilidade do solo. Confira!

O que é adubo orgânico?

O adubo orgânico consiste no uso de resíduo de diferentes origens sobre o solo. Podem ser de fonte animal (esterco de bovino, aves, suínos, etc.), vegetal (adubos verdes e coberturas mortas) ou outras origens como resíduos urbanos (lixo sólidos e outros resíduos como lodo); resíduos industriais (cinzas e outros); compostos orgânicos (vermicomposto); biofertilizantes (enriquecidos ou não); e adubos orgânicos comerciais.  

O objetivo de sua utilização é melhorar as propriedades físicas, químicas e biológicas dos solos, indo além de ser somente um suprimento de nutrientes.

Entre seus componentes estão grandes quantidades de carbono, mas também N, P, K, Ca, Mg e micronutrientes.

Qual a diferença entre adubos e fertilizantes orgânicos?

Diferente dos adubos ou insumos de síntese química, que já estão disponíveis às plantas logo após a aplicação sobre o solo, os adubos orgânicos podem ser disponibilizados de forma mais gradual.

Os adubos orgânicos passam pelo processo de digestão ou mineralização por bactérias, fungo, actinomicetos, protozoários, algas, além de insetos e suas larvas. 

Essa intensa digestão libera N, P, K, Ca e Mg, deixando a forma orgânica imobilizada para a forma de nutrientes mineralizados, ou seja, disponíveis.

Os adubos orgânicos passam por um importante processo que é a mineralização. Esse processo ocorre através da transformação enzimática microbiológica, que promove a liberação de nutrientes e sua disponibilidade às plantas. 

E isso é a chave para que você escolha o momento da aplicação, pois a disponibilidade é mais gradual e deve ser planejada previamente.

As origens dos materiais influencia nesse processo pois, por exemplo, materiais mais ricos em nitrogênio possuem mais rápida decomposição, com liberação como amônia. 

Já materiais menos ricos em nitrogênio decompõem-se mais lentamente, liberando pouco nitrogênio e, ao final, gerando maior porção de húmus. 

Mineralização dos adubos orgânicos

Basicamente, esse é o processo da transformação de uma matéria orgânica em uma substância inorgânica. 

E ele é muito influenciado pelo suprimento de oxigênio, pelas próprias características do material orgânico e condições ambientais as quais são submetidos. 

fertilizantes organicos

(Fonte: Embrapa)

Esse processo também é influenciado pela relação carbono-nitrogênio. 

Relação C/N

O carbono e o nitrogênio são extremamente importantes para a decomposição dos fertilizantes orgânicos. Dependendo do valor da relação entre carbono e nitrogênio (C/N) a eficiência desse processo muda.

Considerando que a relação C/N da microbiota decompositora é de cerca de 10:1, e que sejam liberadas duas moléculas de CO² para cada carbono incorporado à biomassa microbiana, a mineralização de N pode ocorrer com a adição de resíduos com relação C/N menor que 30. 

Isso porque, uma relação C/N alta diminui a velocidade do crescimento da microbiota do solo, já que não será possível degradar todo o carbono presente no resíduo pela falta de N.

fertilizantes orgânicos

(Fonte: Agraer)

A palha de cana tem relação C/N (carbono por nitrogênio) de 80, enquanto que o lodo doméstico tem essa relação com valor 10. 

Benefícios da adubação orgânica

O adubo orgânico traz diversos benefícios ao ser utilizado em campo, tais como o aumento da capacidade de retenção de água por parte das plantas e melhoria da agregação do solo, da estrutura. Além disso, contribui também para:

  • Redução da plasticidade e coesão;
  • Amenizar a variação da temperatura do solo;
  • Aumentar a capacidade de troca catiônica;
  • Aumentar o poder tampão;
  • Compostos orgânicos atuam como quelato, maior capacidade de complexação;
  • Matéria orgânica em decomposição é fonte de nutriente;

5 tipos de adubos orgânicos para usar na lavoura

1. Vinhaça

Resíduo da indústria sucroalcooleira, a vinhaça é produzida na proporção de 10 a 13 litros para cada litro de álcool. 

Esse material é rico em potássio, possuindo diferentes concentrações de acordo com o material de origem (mosto).

Além disso, existem estudos sobre os efeitos alelopáticos em espécies de plantas daninhas, através do ácido aconítico (AA) liberado. 

A Embrapa tem feito estudos em relação a esse potencial do AA e sua atuação no período de sobrevivência das sementes de espécies daninhas, maiores até mesmo que aqueles obtidos com o uso de herbicidas.

2. Torta de filtro

A torta de filtro também é um resíduo da indústria sucroalcooleira. É constituída de 1,2% a 1,8% de fósforo e cerca de 70% de umidade,  alto teor de cálcio e consideráveis quantidades de micronutrientes.

A torta pode, em condições específicas, substituir as aplicações de fertilizante fosfatado, pois cerca de 50% do fósforo da torta pode ser considerado prontamente disponível.

Para cada tonelada de cana processada são gerados, em média, 30 kg de torta, que é resultado da clarificação do caldo obtido em moenda. 

Quando o caldo recebe a solução de hidróxido de cálcio e enxofre, favorece a elevação do pH e promove a floculação das substâncias orgânicas.

Ela também é um material muito rico para o processo de compostagem. 

3. Bokashi 

O bokashi (do japonês, matéria orgânica fermentada) é um adubo fermentado composto de diversas fontes. Além de ser rico em nutrientes, contribui no aumento da diversidade de microrganismos que vivem no solo. 

4. Dejetos

Os resíduos da produção animal são muito grandes e podem ser reaproveitados nas lavouras. Na produção de suínos, por exemplo, são produzidos em torno de 35 a 40 litros/dia por matriz e, em terminados, de 13 a 15 litros/suíno/dia. 

Nos bovinos de leite, a produção de esterco e urina é de 45 a 48 kg/vaca/dia, o que representa 10% de seu peso corporal. 

Nos bovinos de corte, esse número fica em torno de 30 a 35 kg/cabeça/dia.

5. Compostos

Esse é o adubo orgânico mais disponível no mercado. Pode ter diferentes fontes tanto vegetal como animal que passaram pelo processo também fermentativo.   

Recomendação dos adubos orgânicos

Os adubos orgânicos seguem recomendações gerais a partir do tipo de cultura, conforme as exigências delas e composição do adubo. 

Veja abaixo uma tabela genérica de composição de algumas fontes de adubos: 

fertilizantes organicos

(Fonte: Manual Internacional de Fertilidade do solo)

É importante que os adubos orgânicos não sejam provenientes de resíduos contaminados por metais pesados e componentes químicos tóxicos.

Eles precisam ser homologados pela legislação e regulamentados por entidades certificadoras de agricultura orgânica, tanto em nível nacional, quanto internacional.

Por isso, o processo de maturação dos adubos orgânicos é muito importante.

Cálculo para recomendação correta do adubo orgânico

As recomendações de doses podem seguir a lógica de cálculo:

Taxa de aplicação: N recomendado para a cultura (kg/ha) / N disponível do fertilizante orgânico (Kg/ t). 

Saiba mais sobre esse cálculo neste vídeo:

Como calcular adubação orgânica? COMPLETO
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Conclusão

O uso de fertilizantes orgânicos nas lavouras faz muita diferença na produção, pois contribui sobremaneira na qualidade do solo.  

Neste artigo, falamos um pouco sobre os benefícios desses adubos e como eles podem contribuir para o aumento da produtividade.

Mostramos as opções mais utilizadas e disponibilizamos um cálculo para as recomendações de dose de forma generalista.

Espero que você encontre uma fonte mais viável financeiramente, desde que seja um produto de qualidade, e insira os adubos orgânicos na sua lavoura!

>> Leia mais:

Fertilizantes para plantas: Tudo que você precisa saber para aumentar a eficiência
Fertilizantes NPK: Como obter alta eficiência das fórmulas comerciais

“Por que fertilizantes organominerais são uma alternativa interessante para sua lavoura”

Você já tentou utilizar adubo orgânico na sua propriedade? Compartilhe suas experiências nos comentários!


Milheto: como cultivar e suas vantagens para a agropecuária

Milheto: melhores épocas para plantio e semeadura para seu uso como cobertura ou pastejo, além de outras dicas para melhorar a produtividade do cereal!

Seja como planta de cobertura no plantio direto, adubação verde ou pastejo, o milheto vem sendo cada vez mais requerido no Brasil.

Entre suas características estão a baixa necessidade de fertilidade e resistência à seca. Tem boa produção de matéria seca e alto potencial como planta descompactadora de solo.

Mas você sabe quais são as melhores condições para cultivo desse cereal?

Neste artigo vamos falar sobre as características de plantio, diferentes cultivares e outras dicas para melhor produtividade. Confira a seguir!

Milheto: para que serve?

O milheto Pennisetum glaucum tem origem do deserto do Saara, na África, e foi levado para a Índia em torno de 2.000 a.C. 

Ainda é nessa região da África ocidental em que ocorre o cultivo de 50% do total mundial de milheto, sendo muito utilizado para alimentação humana. 

O milheto é uma planta da família das gramíneas, que pode ser utilizado com finalidade de:

  • produção de grãos para alimentação humana;
  • produção de forrageamento para os animais;
  • produção de palhada em sistemas integrados e plantio direto.

Comparado ao milho e sorgo, o milheto requer mais calor para germinar, se estabelecendo de maneira uniforme e proveitosa.

No sistema de plantio direto, contribui devido a seu desenvolvimento em condições de baixo nível de fertilidade, tendo ainda alta resistência à seca. 

Além disto, os nutrientes extraídos pela planta permanecem na palhada, favorecendo a cultura subsequente.

E ela tem, em especial, a característica de ter uma raiz profunda, o que promove uma elevada capacidade de extração de nutrientes.

Seu cultivo demanda pouca aplicação de insumos, o que reduz o custo de produção. 

milheto

(Fonte: Tecnoshow Comigo)

Épocas de plantio do milheto com diferentes finalidades 

O milheto como cobertura de solo para o sistema plantio direto, se recomenda a semeadura na safrinha, após a colheita do milho ou da soja, no período que vai do final de janeiro até meados de abril. 

Quanto mais precoce o plantio na safrinha , maior  é a produção de massa verde e grãos. 

Não se esqueça também que as sementes exigem boas condições de umidade e temperatura de solo, variando entre 18℃ e 24℃, necessárias para uma boa germinação.

Em setembro é a época de dissecá-lo do sistema, antes da semeadura do milho ou da soja em novembro.

Se a finalidade for para a produção animal, o ideal é que o plantio ocorra na primavera, até outubro. Isso porque é neste momento em que ocorrem as primeiras chuvas e o ambiente está ideal, com temperatura de 20℃, além de haver umidade suficiente para a emergência. O pastejo pode ser iniciado de 80 a 150 dias depois. 

Caso o plantio seja realizado em outra época, como início do verão, o período do pastejo varia de 50-100 dias. Caso ocorra no início de outubro, isso varia de 40 a 60 dias.

A semeadura pode ocorrer em linha ou a lanço. 

Na semeadura a lanço da planta, usada neste caso como forrageira para pastejo, são recomendados de 18 kg a 20 kg de semente/ha, com espaçamento de 20 cm a 30 cm entre linhas. 

Na semeadura a lanço para a produção de grãos de milheto, sementes ou silagem, o recomendado é de 12 kg a 15 kg/ha, com espaçamento entre linhas de 40 cm a 60 cm.

Caso a semeadura seja a lanço, recomenda-se 20% a mais de sementes/ha

Cultivar de milheto 

A cultivar BRS 1503, da Embrapa, é boa opção para produção de grãos, forragem e  palhada de alta qualidade. 

Ela tem crescimento rápido e alta capacidade de rebrota, além de tolerância ao acamamento 

Milheto como silagem para a alimentação animal

Na América, especialmente no Brasil, o milheto começou a ser usado como forrageamento, tanto para pecuária de corte como de leite.

É uma cultura altamente produtiva, com potencial de produção de até 50 toneladas por hectare de massa verde e aproximadamente 15 toneladas de hectare de matéria seca, quando cultivado nos meses de setembro e outubro. 

O milheto tem sido cada vez mais requerido para formulação de rações de aves e suínos. Nestes casos, além de ampliar as fontes de componentes para a ração, tem como característica não apresentar efeitos antinutricionais como taninos e cianogênicos. 

Seu teor de energia metabolizável é similar ao dos demais grãos energéticos utilizados na alimentação animal. Sua fonte de proteína bruta é maior que a do milho e semelhante a do sorgo. Veja na tabela abaixo:

milheto

(Fonte: Embrapa)

Estudos indicam que, em condições de pastejo em animais de recria, proporciona ganhos de até 600 gramas de peso vivo/dia. Isso equivale a 20 arrobas por hectare em cinco meses. 

Assim, para a produção de silagem, o milheto pode substituir o milho ou o sorgo, com vantagens em produtividade e qualidade, quando cultivado em safrinha ou tardiamente.

milheto para pastejo

Milheto forrageiro tem alto teor de proteína e nutrientes

(Fonte: Milkpoint)

Outras características do milheto

O milheto possui um sistema radicular vigoroso, que pode chegar a até 3 metros de profundidade. 

Isso contribui muito na ciclagem de nutrientes e acúmulo na camada superior do solo de substâncias como cálcio, potássio e nitrogênio. 

Por isso, estudos estão sendo feitos sobre o seu uso no controle de nematoides

Além disto, a rebrota após o corte ou pastejo é bem vigorosa. 

milheto

(Fonte: Instituto Federal Goiano)

O milheto é excelente para produção de palhada, chegando a produzir, dentro de 30-40 dias, 50 toneladas de massa verde.

Uma de suas vantagens é a baixa exigência hídrica: 300 gramas de água para cada grama de matéria seca. Para se ter ideia, o milho necessita de 370 gramas e o sorgo de 321 gramas de água.  

A produção de matéria verde do milheto sem adubação pode variar de 20t a 70t/ha. 

Já em relação à produção de milheto para alimentação humana, uma curiosidade: a farinha feita a partir dos grãos do milheto é base alimentar na Índia e África – é usada de forma bem semelhante à farinha de trigo no ocidente. Devido a seu alto valor nutritivo, é considerado um alimento funcional.

Também tem sido utilizado na produção de biomassa para biocombustíveis, através de bioenzimas especiais.

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Conclusão 

O milheto é uma cultura de multifuncionalidades, desde a produção de grãos ao sistema de plantio direto.

Neste artigo, discutimos as melhores épocas para plantio conforme sua finalidade e também como fazer a semeadura.

Abordamos ainda as características dessa cultura em comparação ao milho e ao sorgo.

A utilização do milheto pode ser uma grande vantagem, principalmente no avanço do plantio direto. Mas, lembre-se que o fator determinante será o planejamento

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Você já teve alguma experiência com plantio de milheto? Restou alguma dúvida? Adoraria ver seu comentário!

Fertilizantes NPK: Como obter alta eficiência das fórmulas comerciais

Fertilizantes NPK: Como influenciam na sua produtividade e qual melhor momento para aplicação em soja e milho.

O tão conhecido e falado NPK também tem seus truques!

Esse tipo de fertilizante, contendo Nitrogênio, Fósforo e Potássio, é a principal fonte de nutrientes que colocamos no solo.

Por isso, conhecer como otimizar seu uso e conseguir uma nutrição ainda melhor para a lavoura é essencial!

Veja neste artigo como obter a melhor eficiência com os fertilizantes NPK em sua lavoura.

Fertilizantes e tipos de NPK

Os fertilizantes fornecem nutrientes necessários para o pleno crescimento e desenvolvimento das plantas. Os mais utilizados são os químicos, estercos e resíduos de plantas. 

Uma fonte nutricional bem equilibrada aumenta a produtividade. Desta forma, damos destaque ao fertilizante NPK. 

Os fertilizantes NPK são fontes de três nutrientes: nitrogênio (N), fósforo (P2O5) e potássio (K2O). 

No Brasil, a utilização de NPK vem crescendo devido ao aumento produtivo no país, como você pode ver na figura abaixo:

fertilizantes NPK

(Fonte: IPNI)

O fertilizante NPK pode ser disponibilizado de diferentes tipos físicos, sendo eles:

Mistura de grânulos: 

Ocorre quando dois ou três tipos de grânulos diferentes estão presentes na mistura. 

Consiste simplesmente em uma mistura física de matérias-primas previamente granuladas. Neste caso, cada grânulo é fonte de somente um nutriente

Por exemplo: Mistura de grânulos de sulfato de amônio + Grânulos de super fosfato triplo + Grânulos de cloreto de potássio.

fertilizantes NPK


(Fonte: Boletim técnico 89 – UFLA)

Mistura granulada:

É uma mistura de produtos em pó que passa pelo processo de granulação para que os diferentes nutrientes fiquem no mesmo grânulo. Não ocorre reação entre os componentes da mistura. 

Por exemplo: N-P-K no grânulo

fertilizantes NPK

(Fonte: Boletim técnico 89 – UFLA)

NPK micrado com micronutriente: 

Nesse processo ocorre, além da adição de N, P e K, também há adição de algum(ns) micronutrientes aos grânulos. Isso garante uma melhor distribuição, principalmente de micronutrientes, normalmente requeridos em pequenas quantidades. 

É uma mistura de produtos em pó que passa pelo processo de granulação. 

NPK de liberação lenta (osmocote): 

É um fertilizante constituído por grânulos, formado pela mistura das matérias primas, fonte de nitrogênio, fósforo e potássio. 

Esse fertilizante tem uma característica específica de ir liberando lentamente os nutrientes do qual é composto. 

Os benefícios da utilização deste fertilizante são:

  • Nutrição precisa e segura;
  • Utilização de uma única adubação;
  • Fornecimento contínuo dos nutrientes durante o desenvolvimento das mudas;
  • Disponibilização do nutriente num período de 2 a 14 meses;
  • Melhor aproveitamento dos nutrientes, evitando excesso e falta;
  • Proporciona maior volume e crescimento de raízes, menor suscetibilidade a condições adversas, entre outras vantagens.

Fórmulas de adubos NPK

Existe no mercado uma infinidade de fórmulas de fertilizantes NPK. Veja as mais utilizadas em cada região na tabela que eu selecionei: 

fórmula média NPK

(Fonte: IPNI) 

Mas como escolher entre as formulações? 

A escolha deve ser baseada na análise de solo associadas à demanda da cultura. A formulação deve ser a mais próxima possível das demandas da cultura plantada. 

E quando a formulação não se encaixa? 

Quando isso ocorrer, é necessário fazer uma suplementação do nutriente faltante com uma fonte externa. 

Agora que você já entendeu os diferentes tipos de NPK, vamos falar sobre a aplicação desse fertilizante na soja e também no milho.

planilha de fertilizantes

Fertilizantes NPK na soja

O  Brasil é o segundo maior produtor de soja do mundo atualmente. Esse destaque na produção é reflexo da atividade eficaz de manejo, principalmente relacionado à adubação equilibrada e feita no momento correto. 

Relata-se que a soja chega ao seu pico máximo de absorção aos 75 dias. Veja a tabela de exportação da soja: 

fertilizantes NPK

(Fonte: Embrapa)

Sabe-se que a soja consegue se associar a microorganismos capazes de fixar nitrogênio atmosférico. 

Hoje, inoculações com Bradyrhizobium possibilitam uma economia anual estimada de US$ 3 bilhões em fertilizantes nitrogenados. 

Com isso, podemos perceber que a soja consegue ser autossuficiente com relação ao N, quando na presença da associação biológica.

Existem relatos, em estudos, que a adubação nitrogenada interfere negativamente nas FBN. Portanto, recomenda-se que o uso de adubo nitrogenado não supere 20Kg/ha. 

Hoje ainda ocorre a associação de Azospirillum brasilense, que é responsável pela produção de fito-hormônios que desenvolvem o sistema radicular, o que também auxilia no aumento da eficiência produtiva, pois aumenta a área radicular.  

As recomendações de adubação na soja são baseadas na quantidade de produção esperada. Veja:

fertilizantes NPK

(Fonte: Boletim 100)

Recomenda-se que, quando as doses de potássio excederem 50kg/ha, haja o fracionamento de ⅔ na cobertura e ⅓ no plantio. 

Se o teor de argila for inferior a 40%, também recomenda-se o fracionamento

O fósforo é disponibilizado todo no momento da semeadura, isso devido à sua função energética, demandada principalmente no momento da germinação. 

>> Leia mais: “Como fazer o manejo mais adequado dos fertilizantes fosfatados na sua área

Fertilizantes NPK para milho

A utilização de fertilizantes químicos na cultura do milho é uma alternativa eficiente, pois expressa um aumento significativo da produtividade. 

No milho, as principais adubações  são realizadas na semeadura e na cobertura. Entre os nutrientes utilizados em grande quantidade se destacam o NPK. 

No caso específico dessa cultura, ocorre o interesse de dois produtos, a silagem e o grão. Com isso, deve-se conhecer a quantidade extraída pela planta em cada situação. 

fertilizantes

(Fonte: IPNI)

Estudos comprovam que a quantidade demandada de nutriente segue paralela à produção. Ou seja, quanto mais se produz, mais se exige. 

As maiores exigências são de nitrogênio e potássio (K), seguida de cálcio (Ca), magnésio (Mg) e fósforo (P).  

No que se refere à exportação dos nutrientes nos grãos, o fósforo é quase todo translocado para as sementes (80 a 90%); seguindo-se o nitrogênio (75%); enxofre (60%); magnésio (50%); potássio (20-30%); e cálcio (10-15%).

Portanto, percebe-se que potássio e cálcio são os dois nutrientes que ficam mais retidos na palhada, sendo importante a reposição destes no solo. 

Já, quando estamos tratando de produção de silagem, devem se atentar à reposição completa desses nutrientes, visto que toda a planta é colhida. 

Bem, agora que já sabemos para onde vão os nutrientes nas plantas, vamos visar a máxima eficiência produtiva

Eficiência produtiva

Primeiramente, é importante que saibamos qual é a época que a planta mais demanda esses nutrientes e associar à atividade desses elementos no solo! 

No milho, pode-se dizer que os nutrientes são absorvidos a todo momento. Porém, a intensidade de absorção é diferenciada em cada ciclo.

A primeira absorção intensa ocorre no desenvolvimento vegetativo em V4 a V12. A segunda ocorre durante a fase reprodutiva ou formação da espiga.

Conhecido como elemento de “arranque”, o potássio tem um padrão diferente de absorção quando comparado ao N e ao P. 

A máxima absorção do K ocorre no período vegetativo, se acumulando muito entre os 30 a 40 dias de desenvolvimento. 

No caso do nitrogênio e do fósforo, ocorrem dois picos de absorção: fase de desenvolvimento vegetativo e reprodutivo (formação de espiga). 

Para garantir maior eficiência, a aplicação de N deve ser feita no plantio e na fase de desenvolvimento vegetativo. É importante também pensar na uniformidade de aplicação.

O não suprimento deste nutriente durante a fase inicial de desenvolvimento vegetativo, com aplicação de toda a dose no florescimento (65 DAP), assim como o excessivo número de aplicações parceladas, afetam negativamente a produção. 

Conclusão 

Os fertilizantes NPK vêm sendo a melhor ferramenta para aumentar a eficiência produtiva da lavoura, principalmente devido à praticidade. 

Mas para ter um bom resultado é preciso conhecer os diferentes tipos e melhor momento para aplicação na cultura. 

Neste artigo, explicamos tudo isso e outros pontos que facilitam o planejamento agrícola da sua fazenda.

Os resultados discutidos aqui evidenciam que, no manejo de fertilizantes, o conhecimento das demandas de nutrientes durante o ciclo da cultura contribuem para uma maior eficiência da adubação!

>> Leia mais:

Adubação foliar é uma prática que funciona?

“Adubação de sistemas: como fazer para ter mais economia e alta produtividade”

Fertilizantes orgânicos e seu uso na agricultura de larga escala

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Adubação foliar: entenda os princípios e saiba o que funciona

Atualizado em 06 de julho de 2022.

Adubação foliar: o que é, como ocorre a absorção dos nutrientes, quais os cuidados necessários, vantagens e desvantagens.

O adubo foliar serve para complementar a nutrição das plantas. Nesse caso, os fertilizantes são aplicados via foliar, ou seja, pulverizados sobre as folhas

Os adubos foliares fornecem macro e micronutrientes para as plantas. Afinal, assim como as raízes, as folhas têm a capacidade de absorver nutrientes. 

Neste artigo, saiba o que é adubação foliar, quando aplicar fertilizante foliar e detalhes sobre o processo em milho e soja. Boa leitura!

O que é adubação foliar?

A adubação foliar é uma estratégia para que os nutrientes sejam absorvidos pela parte aérea das plantas, principalmente pelas folhas. Já na adubação via solo, os adubos químicos e/ou orgânicos são incorporados ao solo, e a absorção dos nutrientes é feita pelas raízes das plantas. 

A adubação foliar garante uma rápida resposta das plantas, além de contribuir para o aumento da produtividade. Micronutrientes como zinco, ferro, cobre e boro são absorvidos rapidamente através desse tipo de adubação, o que ajuda no desenvolvimento da planta.

Vale lembrar que a recomendação de adubação via foliar sempre deve ser orientada pelo resultado da análise das folhas das plantas.  Somente pela análise foliar é possível verificar a deficiência ou a toxicidade de nutrientes.

De modo geral, os fertilizantes são classificados em orgânicos e inorgânicos. Como o próprio nome diz, os adubos orgânicos são derivados da matéria orgânica como resíduos de plantas e esterco animal. 

Já os inorgânicos são produzidos quimicamente e compreendem a maior parte dos fertilizantes utilizados hoje em dia

estrutura da folha

Estrutura de uma folha: em destaque a cutícula (parte adaxial) e os estômatos (parte abaxial)

(Fonte: Adaptado de Agrolink) 

Absorção dos nutrientes pelas folhas das plantas

O processo de absorção dos nutrientes pelas folhas começa quando a solução fertilizante foliar entra em contato com a superfície foliar. A penetração dos nutrientes nas folhas ocorre pelos estômatos e, principalmente, pelos poros através da cutícula

A cutícula é uma camada que recobre toda a superfície da folha e tem a função de evitar a perda de água. Depois de atravessar a cutícula, os nutrientes se movimentam pelo apoplasto e pelo simplasto.

Por fim, ocorre a distribuição dos nutrientes das folhas para as outras partes da planta.

Esse processo depende do movimento dos nutrientes no floema e no xilema. Alguns nutrientes apresentam maior mobilidade que outros. 

Como usar fertilizante foliar

Na utilização dos adubos foliares é muito importante se atentar a fase fenológica da cultura em que será realizada a aplicação. Os nutrientes precisam ser fornecidos no período em que as plantas são mais exigentes

Somente assim será possível observar ganhos na produtividade.

Além disso, é preciso sempre seguir as recomendações do fabricante do produto e do profissional responsável pela adubação foliar. Cada produto apresenta dosagem, diluição e modo de aplicação específico.

Para garantir maior eficiência na aplicação dos adubos foliares se atente à qualidade da água utilizada. Cuide também do horário em que será realizada a prática de manejo e dos bicos de pulverização. Isso garante que toda a área foliar seja recoberta pelas gotas.

Tipos de fertilizantes foliares e quando aplicá-los

O adubo foliar pode ser aplicado em diferentes situações e em diferentes fases fenológicas da cultura. É importante que ele seja fornecido nas fases de maior exigência nutricional. 

Além disso, existem três principais tipos de adubação foliar. Os fertilizantes foliares podem ser aplicados de forma preventiva, corretiva e complementar.

A adubação preventiva, como o próprio nome diz, é realizada de forma antecipada para evitar o aparecimento de deficiência nutricional nas plantas.

Já na adubação corretiva, os adubos são fornecidos com o objetivo de corrigir alguma deficiência nutricional. É importante que a recomendação seja feita tendo como referência a análise foliar.

A adubação complementar é realizada para complementar a adubação via solo. Vale lembrar que a adubação foliar não substitui a adubação via solo.

O que considerar para fazer aplicações de adubo foliar

A adubação via solo fornece os principais macronutrientes para a planta de forma bastante eficiente. Esse é o exemplo do NPK, composto por nitrogênio, fósforo e potássio.

Entretanto, durante o ciclo da cultura, pode haver deficiência de certos micronutrientes essenciais. Por exemplo, boro, zinco e manganês. 

Os fertilizantes foliares aplicados sobre as folhas são mais rapidamente assimilados pela planta do que via solo. Porém, seu aproveitamento é de curto prazo.

Portanto, é importante que os nutrientes sejam aplicados nas fases fenológicas em que a planta tem maior capacidade de resposta à adubação. Isso garante um aumento da produtividade.

É importante que você saiba que a adubação foliar é utilizada de forma associada à aplicação via solo. Uma prática não substitui a outra: elas são complementares, de modo a atender a demanda das plantas por nutrientes. 

Também é interessante ressaltar que sempre deve ser respeitado o modo de aplicação dos produtos e a dosagem recomendada. Adubos foliares não devem ser aplicados via solo e vice-versa.

Fatores que influenciam a eficiência do adubo foliar

Alguns aspectos externos e internos das plantas devem ser considerados para que você tenha eficiência na aplicação de adubo foliar.

Fatores externos

Os fatores externos são a molhabilidade da superfície da folha, a temperatura e a umidade relativa do ar, luz e pH da solução.

  1. Molhabilidade da superfície foliar: Para que o nutriente seja absorvido pela  planta, é necessário que a solução atinja a superfície foliar. Para isso, deve-se ter bastante investimento na tecnologia de aplicação do fertilizante foliar, com bicos específicos, e uso de umectantes e espalhantes. 
  2. Temperatura e umidade relativa do ar: Os períodos mais favoráveis para realizar a adubação foliar são  pela manhã e fim da tarde. Umidade relativa alta e temperaturas amenas favorecem a absorção foliar. 
  3. Luz: A maioria das plantas abre seu estômato na luz e fecha no escuro. Por isso, é imprescindível que a aplicação seja realizada com boa intensidade luminosa.
  4. pH da solução: Recomenda-se utilizar o pH para cada nutriente específico. Mas, de uma forma geral, utiliza-se a solução nutritiva com pH entre 5 e 6. 

Fatores internos

Os fatores internos são a superfície foliar, a idade da folha e o estado iônico interno.

  1. Superfície foliar: Cutícula mais fina, alto número de estômatos e presença de pilosidade podem aumentar a superfície de contato e favorecer a absorção dos nutrientes. É essencial que a adubação foliar cubra tanto a parte superior quanto a inferior das folhas.
  2. Idade da folha: Absorção dos nutrientes é maior em folhas mais novas, pois nas folhas mais velhas a camada de cutícula é mais grossa o que interfere na absorção. As folhas mais novas também têm maior atividade metabólica e absorvem os nutrientes mais rapidamente. 
  3. Estado iônico interno: Plantas com deficiência de algum nutriente tendem a absorver mais rápido a molécula aplicada. Por isso, analisar se realmente há deficiência vai lhe garantir a aplicação correta.

Vantagens e desvantagens da adubação foliar

Como qualquer prática, a adubação foliar apresenta algumas vantagens e desvantagens. Confira a seguir.

Vantagens 

Uma das vantagens da adubação foliar é a rápida resposta das plantas quando da utilização desses produtos.

A adubação foliar também apresenta maior uniformidade de distribuição dos nutrientes. Isso, é claro, quando comparada à aplicação de fertilizantes granulados via solo.

Além disso, a adubação foliar é indicada para situações em que a adubação via solo apresenta condições adversas, como solo encharcado e períodos de seca. 

Desvantagens 

Uma desvantagem da adubação foliar se refere ao baixo efeito residual dessa prática.

É interessante que ela seja realizada juntamente com a aplicação de outros produtos para evitar o aumento dos custos de produção.

Dependendo da dosagem e das condições ambientais em que a adubação foliar for realizada, pode ocorrer a queimadura das folhas e de plantas jovens.

Por isso, para evitar problemas, sempre siga as recomendações da bula dos produtos e do engenheiro agrônomo responsável.

Adubação foliar no milho e na soja

Adubo foliar para milho

A adubação do milho através das folhas é realizada, principalmente, no período vegetativo. Isso ocorre durante a fase inicial de desenvolvimento das plantas (estádio V4 e V7).

A adubação via foliar é feita com o objetivo de corrigir as deficiências nutricionais. Elas podem ser detectadas pelo diagnóstico visual.

No entanto, é importante ressaltar que os sintomas visuais de deficiência nutricional podem ser facilmente confundidos com outros fatores. Por exemplo, o ataque de doenças e distúrbios fisiológicos das plantas. 

Adubo foliar para soja 

A adubação foliar em soja é bastante eficiente, porque a cultura é muito exigente em nutrientes. No entanto, a quantidade de nutrientes fornecidos na adubação foliar não substitui a adubação via solo.

Os nutrientes mais exigidos pela soja são nitrogênio, potássio, cálcio, fósforo, magnésio e enxofre.

Na cultura da soja, o período de maior exigência nutricional vai do aparecimento da primeira folha trifoliada totalmente desenvolvida até o início do enchimento dos grãos (V2 até R5). 

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Conclusão

O uso de adubação foliar pode ser um grande aliado na sua cultura. Mas não é uma prática para substituir e sim para complementar a adubação via solo, quando necessário.

Neste artigo, vimos que alguns fatores internos e externos podem comprometer a eficiência do fertilizante foliar. Por isso, fique de olho!

Não se esqueça de considerar todos os fatores vistos aqui para fazer a aplicação de adubo foliar na sua área! E na dúvida, sempre consulte um(a) engenheiro(a)-agrônomo(a).

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Potássio para milho: Por que é tão importante e como fazer seu manejo

“Por que a adubação com silício pode ser sua aliada na produtividade”

“Tudo o que você precisa saber sobre cobre nas plantas”

Você já fez adubação foliar em sua lavoura? Quais foram os resultados? Deixe seu comentário!

Atualizado em 06 de julho de 2022 por Tatiza Barcellos.

Tatiza é engenheira-agrônoma e mestra em agronomia, com ênfase em produção vegetal, pela Universidade Federal de Goiás.