About Lucas Nogueira

Sou Engenheiro Agrônomo pela ESALQ/USP em Piracicaba-SP. Atualmente sou Mestrando em Fitotecnia na mesma instituição, pesquisando sobre plantio direto e consórcio de culturas graníferas com forrageiras tropicais.

Como fazer o preparo do solo para plantio de feijão

Preparo do solo para plantio de feijão: confira os tipos de solos, condições ideais para cultivo e outras dicas para uma boa produção. 

Nos últimos anos, o feijão esteve entre os cinco grãos mais produzidos no Brasil, com uma média de 3 milhões de toneladas por ano

Toda essa produção é dividida, basicamente, em três safras ao longo do ano.

  • safra de verão ou “das águas”, semeada entre outubro e novembro;
  • – safra outonal ou “da seca”, que é plantada entre fevereiro e março;
  • – safra de inverno entre abril e junho.

Isso garante uma oferta constante de feijão para o mercado, sendo consumido ao longo de todo o ano. 

Essas três safras só são possíveis graças ao ciclo curto da cultura e ao uso da irrigação.

Desta forma, o cultivo de feijão pode ter altos retornos financeiros, o que viabiliza uma agricultura mais intensiva com cada vez mais investidores e produtores para o setor.

Veja neste texto como tudo começa nesse cultivo, aprendendo mais sobre o preparo do solo para plantio de feijão, a época ideal e das características ambientais exigidas pela cultura.

Tipo de solo para plantar feijão

O feijoeiro é uma planta que se adapta a diferentes características do solo, podendo ser cultivado desde texturas arenosas até uma textura argilosa pesada. 

Contudo, o principal aqui é observar a drenagem do solo.

Solos com texturas mais argilosas e tendência de má drenagem devem ter a semeadura evitada na safra de verão, evitando assim um possível problema nas raízes da planta.

Isso porque a má drenagem propicia o ataque da semente por fungos do solo, o que diminui a emergência das plântulas, afetando a população do feijoal. 

Outra característica que afeta muito o feijoeiro é a compactação de solo

A planta apresenta um sistema radicular modesto, que limita a exploração do solo por água e nutrientes e, por essa razão, solos compactados podem reduzir a produtividade em até 75%!

preparo do solo para plantio de feijão

Produtividade do feijoeiro em função do grau de compactação do solo
(Fonte: Alves et al. (2003))

Quanto à fertilidade e acidez do solo, o feijoeiro não é diferente da maior parte das nossas culturas, sendo até de maior importância dado a falta do desenvolvimento do sistema radicular vigoroso, que apresenta 85% das raízes nos primeiros 20 cm de solo.

Agora uma consideração extremamente importante: a sucessão do cultivo de feijão sobre feijão ou sobre soja (quando feito logo em sequência) deve ser evitada ao máximo.

Essa prática pode aumentar a incidência de doenças como antracnose, podridão radicular, Rhizoctonia, mofo-branco e também de pragas.

Preparo do solo para plantio de feijão

Bom, temos três principais meios para o preparo do solo para plantio de feijão ou de qualquer cultura anual.

O primeiro deles é o velho conhecido preparo convencional, que tem o objetivo de revolver a camada superficial do solo. 

Esse preparo é realizado normalmente com discos como arados, grades pesadas ou arado de aiveca.

O importante é evitar o uso recorrente da mesma profundidade dos implementos e trabalhar o solo com o teor de umidade ideal. Tudo isso para evitar camadas de compactação que, como vimos, prejudicam muito a produtividade do feijoeiro.

O segundo método é o preparo reduzido, que visa reduzir o número de operações e dos problemas com erosão. 

O principal implemento para a realização da operação é o arado escarificador que deve ser utilizado com o solo de 30% a 40% da capacidade de campo.

E o terceiro método de manejo do solo é a semeadura direta ou plantio direto na palha, da qual já falei bastante aqui no blog.  

A semeadura direta visa o não revolvimento do solo e também a cobertura total do solo por resíduos vegetais.

Componentes da produtividade do feijoeiro

Componentes da produtividade do feijoeiro em cinco sistemas de preparo do solo (médias de quatro anos)1
(Fonte: Stone & Moreira (2000))

Como podemos ver na tabela, a semeadura direta tende a aumentar os teores de matéria orgânica do solo.

Além de reduzir a erosão causada pelas chuvas, aumentar a disponibilidade de água e diminuir a compactação do solo. 

Mas os benefícios desse sistema de plantio direto acontecem apenas quando temos constantemente uma camada de palha cobrindo todo o solo.

Quais as condições ideais para plantar feijão?

O feijoeiro pode ser cultivado praticamente em todo o Brasil, porque suas exigências de temperatura são enquadradas em pelo menos 1 de suas 3 safras em quase todo o território nacional.

As temperaturas críticas da planta ficam na faixa de 15 a 29º C, sendo considerada uma faixa ótima entre 20 e 22º C – importantes na época de florescimento da cultura.

Por outro lado, a ocorrência de baixas temperaturas pode reduzir ou atrasar a germinação e a emergência de plântulas, consequentemente reduzindo a produção. 

Já as altas temperaturas prejudicam especialmente no florescimento da cultura do feijoeiro.

Portanto, temperaturas acima de 29º C provocam o abortamento das flores e acima disso há a esterilização do grão de pólen. 

É possível evitar essa situação planejando a semeadura para que o florescimento da planta não corresponda a altas temperaturas médias.

Conclusão

Vimos os passos iniciais para a instalação de uma lavoura de feijão, as características de solo desejáveis, opções de preparo de solo até a influência do clima no feijoal.

A cultura do feijão pode se adaptar a praticamente todas as regiões do Brasil, sendo preciso apenas planejar o ciclo da cultura com as condições climáticas locais.

O cultivo de feijão pode ser uma ótima opção no sistema de produção, principalmente em sistemas irrigados onde conseguimos colher três safras no ano!

>> Leia Mais:

5 passos para calcular o custo de produção de feijão por hectare”

Feijão Guandu: Como ele pode melhorar seu sistema de produção

Inoculante para feijão caupi: Por que e como utilizar

Qual tipo de preparo do solo para plantio de feijão você utiliza? Restou dúvidas ou tem alguma dica para compartilhar? Deixe nos comentários abaixo!

Rotação de culturas: entenda as vantagens e desvantagens dessa prática

A rotação de culturas é uma técnica agrícola tradicional e amplamente utilizada, que envolve a alternância de diferentes tipos de plantas em uma mesma área ao longo de várias temporadas de cultivo. 

Uma das suas principais vantagens é a melhoria da saúde do solo, que ajuda a manter o equilíbrio de nutrientes, prevenir a degradação e melhorar sua estrutura. 

Além disso, ajuda a interromper os ciclos de vida de pragas e doenças específicas de determinadas culturas, reduzindo a necessidade de pesticidas e promovendo um ambiente agrícola mais sustentável.

Continue acompanhando o conteúdo para mais informações sobre a rotação de culturas!

O que é rotação de culturas?

A rotação de culturas é uma técnica que alterna diferentes espécies de plantas cultivadas em uma mesma área ao longo do tempo. 

A técnica é usada para melhorar a saúde do solo, reduzir pragas e doenças, aumentar a produtividade e ajudar a manter o equilíbrio de nutrientes

Ou seja, após uma safra de milho, por exemplo, você pode plantar feijão ou trigo, para ter maior diversidade no sistema agrícola e reduzindo os impactos do monocultivo

Além de aumentar a biodiversidade, a rotação ainda ajuda para a sustentabilidade agrícola, evitando a degradação do solo, melhorando sua estrutura e capacidade de retenção de água. 

Quanto mais a rotação for usada em uma lavoura, maior será o equilíbrio ecológico, a rentabilidade e a longevidade da área cultivada.

Quais as vantagens da rotação de culturas?

A rotação de culturas apresenta muitas vantagens ao sistema de produção, principalmente em relação aos defensivos. 

O uso dos mesmos herbicidas, fungicidas e inseticidas todos os anos é um prato cheio para a seleção natural. 

Com isso, vemos surgir um número expressivo de plantas daninhas resistentes a várias moléculas de herbicidas, o que torna o controle delas ainda mais complicado.

Considerando esse fato, a prática de rotação de culturas se torna ainda mais importante em uma fazenda, especialmente pelas seguintes vantagens:

1. Melhoria da saúde do solo

Sem dúvidas, a maior vantagem da rotação de culturas é a melhoria da saúde do solo e a sua própria manutenção

A diversidade de plantas cultivadas promove variações na absorção e devolução de nutrientes, prevenindo a exaustão de elementos específicos. 

Sendo assim, leguminosas, como feijão e ervilha, por exemplo, fixam nitrogênio atmosférico no solo, enriquecendo para culturas seguintes que demandam esse nutriente. 

Além disso, a rotação contribui para a estruturação do solo, aumentando sua porosidade e capacidade de retenção de água, essenciais para o desenvolvimento radicular e resistência à erosão.

2. Redução de pragas e doenças

A rotação de culturas é uma estratégia eficaz para interromper os ciclos de vida de pragas e patógenos específicos de determinadas culturas. 

Monoculturas contínuas criam um ambiente favorável para a proliferação de pragas e doenças que se adaptam a uma única espécie vegetal. 

Ao alterar culturas, será mais difícil o estabelecimento e a disseminação desses organismos, reduzindo a necessidade de intervenções químicas

Isso não apenas diminui os custos com pesticidas, mas também mitiga os impactos ambientais negativos associados ao seu uso.

Leia também: 

3. Aumento da biodiversidade

Ao atrair organismos benéficos, como polinizadores e predadores naturais de pragas, promovendo o equilíbrio do ecossistema, a rotação de culturas também acaba sendo uma vantagem para uma maior biodiversidade na lavoura. 

Essa diversidade fortalece a resiliência do sistema agrícola, reduzindo sua vulnerabilidade a estresses causados por pragas, doenças e condições climáticas adversas, tornando a produção mais sustentável e equilibrada.

4. Redução do uso de químicos

Outra vantagem da rotação de culturas é a contribuição para a redução do uso de químicos ao controlar pragas e doenças de forma natural, interrompendo seus ciclos de vida. 

Alternar espécies diferentes diminui a proliferação de organismos associados ao monocultivo e melhora a saúde do solo, reduzindo a necessidade de fertilizantes e defensivos agrícolas.

Tudo isso torna o sistema produtivo ainda mais sustentável e menos dependente de insumos químicos.

5. Implicações econômicas

Embora a rotação de culturas exija um planejamento detalhado e possa envolver investimentos adicionais, seus benefícios econômicos são significativos. 

A melhoria da saúde do solo e a redução de pragas e doenças resultam em menores custos de produção e maiores rendimentos a longo prazo. 

Além disso, a diversificação de culturas pode abrir novos mercados e fontes de receita para os agricultores, mitigando os riscos econômicos associados à dependência de uma única cultura.

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Rotação de culturas x monocultura

A rotação de culturas alterna diferentes espécies em uma mesma área ao longo das safras, melhorando diversos aspectos, em especial o solo e a quebra do ciclo de pragas e doenças, promovendo  sustentabilidade.

Já a monocultura é o cultivo contínuo de uma única espécie, priorizando a produtividade de um produto específico. Essa abordagem pode exaurir o solo, aumentar a dependência de químicos e tornar a lavoura mais suscetível a pragas e doenças.

A rotação favorece o equilíbrio ecológico, enquanto a monocultura pode comprometer a sustentabilidade a longo prazo.

Rotação de culturas x rotação de terras

A rotação de terras pode ser uma prática para complementar a rotação de culturas, já que melhora a sustentabilidade agrícola e a qualidade do solo.

Ao alternar o uso de diferentes áreas de cultivo, a rotação de terras permite que algumas áreas descansem, o que favorece a recuperação da estrutura do solo e a reposição de nutrientes.

Isso ajuda a evitar o esgotamento de nutrientes em uma área específica, permitindo que as culturas sejam alternadas de forma mais eficaz.

Além disso, a rotação de terras reduz o risco de compactação do solo, que pode ocorrer com o uso constante de máquinas pesadas, e melhora a drenagem e a aeração do solo.

Quais as desvantagens da rotação de culturas?

Uma desvantagem crítica da rotação de cultura está ligada ao fato de não cultivar a mesma cultura todos os anos. 

Geralmente, as microrregiões das culturas são tão especializadas que dificilmente se encontra maquinário ou, até mesmo, mercado na região para outras diferentes culturas.

Contudo, a rotação d pode ser feita de uma forma mais simples, semeando plantas de cobertura ou variando apenas a área semeada com soja e milho na primeira safra.

Mesmo com esses pontos, e outras diversas vantagens, é importante que você entenda os pontos negativas da rotação de culturas, que podem ser: 

  • Complexidade de manejo: Exige mais planejamento e conhecimento sobre diferentes culturas.
  • Custo inicial: Pode haver um aumento nos custos de implementação, como o investimento em sementes e equipamentos para diferentes culturas.
  • Espaço limitado: Pode ser difícil em áreas com grande demanda por uma cultura específica.
  • Necessidade de adaptação: A mudança de culturas pode exigir ajustes no manejo, o que pode levar a uma curva de aprendizado.

Rotação de culturas x sistema de plantio direto

A rotação de culturas e o Sistema de Plantio Direto (SPD) são práticas complementares, mas com objetivos diferentes. 

A rotação de culturas envolve alternar as plantas cultivadas para melhorar a saúde do solo e reduzir pragas, enquanto o SPD visa minimizar o preparo do solo, mantendo a cobertura vegetal e evitando a erosão. 

Juntas, essas práticas favorecem a sustentabilidade agrícola, com a rotação diversificando as culturas e o SPD preservando a estrutura do solo, ambos contribuindo para maior produtividade e conservação ambiental.

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Como implantar rotação de cultura na lavoura?

A rotação de culturas pode ser implantada facilmente e o maior segredo aqui é o planejamento!

Comece avaliando o solo e identificando as condições climáticas da sua região para selecionar culturas que se complementem em termos de necessidade de nutrientes e adaptação ao ambiente.

Outro segredo para ter sucesso, é seguir as dicas abaixo e implementar na sua organização para iniciar a rotação. Confira:

  1. Analise o solo: Faça testes de fertilidade e textura do solo para identificar suas necessidades e potenciais limitações;
  2. Escolha culturas adequadas: Combine culturas que tenham diferentes características, como gramíneas (milho, trigo) e leguminosas (soja, feijão);
  3. Planeje os ciclos de plantio: Determine a sequência de plantio para evitar a repetição de espécies que tenham as mesmas pragas ou doenças. Por exemplo, plante soja após milho para se beneficiar da fixação de nitrogênio pela soja.
  4. Inclua culturas de cobertura: Entre safras, cultive espécies que protejam o solo, como braquiária ou aveia, para evitar erosão e melhorar a retenção de nutrientes.
  5. Registre e monitore as práticas: Utilize ferramentas como a Aegro para registrar os talhões, ciclos de plantio e resultados.
  6. Capacite sua equipe: Certifique-se de que todos os envolvidos na lavoura compreendam a importância da rotação e saibam identificar pragas, doenças ou sinais de melhoria do solo.
  7. Avalie os resultados regularmente: Após algumas safras, analise os impactos da rotação na produtividade e saúde do solo para fazer ajustes no planejamento.

Além dessas dicas, você pode dividir a propriedade e semear pequenos talhões, alternando os talhões em rotação ao longo dos anos, para não ter nenhum tipo de surpresa financeira.

Por exemplo: um talhão dividido em quatro partes, sendo que a primeira parte é semeada com milho ou girassol, algodão, etc. no primeiro ano e o restante com soja

Na próxima safra, outra parte do talhão será semeada com alguma outra cultura e o restante com a soja, e por aí vai.

3 exemplos de rotação de culturas

1. Soja → Milho → Braquiária

    A soja fixa nitrogênio no solo, beneficiando o milho na safra seguinte. Depois do milho, a braquiária melhora a matéria orgânica e estrutura do solo, reduzindo a compactação e o risco de erosão.

    2. Trigo → Soja → Milheto

    O trigo é cultivado no inverno, seguido pela soja no verão, aproveitando a adubação residual. Após a colheita da soja, o milheto é plantado como cobertura, ajudando na reciclagem de nutrientes e controle de pragas.

    3. Arroz → Feijão → Crotalária

    O arroz, de ciclo curto e exigente em nutrientes, é seguido pelo feijão, que aproveita o solo já corrigido. A crotalária, como adubo verde, melhora a fertilidade e reduz nematoides para a próxima safra.

    Essas rotações ajudam a melhorar a fertilidade do solo, reduzir pragas e doenças e aumentar a produtividade de forma sustentável.

    Como o Aegro pode ajudar na rotação de culturas?

    No Aegro você consegue registrar e acompanhar todas as etapas do processo da fazenda, desde o plantio até a colheita, proporcionando uma visão clara sobre o desempenho das culturas ao longo do tempo. 

    Esse tipo de utilização ajuda a fazer a análise do histórico de tudo o que foi feito em cada talhão, ajudando a tomar decisões sobre a rotação de culturas.

    Por exemplo, ao usar a rotação com milho e soja, o Aegro pode monitorar o impacto de cada safra sobre o solo e auxiliar na escolha da melhor cultura de inverno ou de verão para otimizar os resultados. 

    Com o uso de funcionalidades como o planejamento financeiro e de recursos, o sistema prevê os custos e lucros, garantindo que a rotação seja economicamente viável.

    A plataforma também oferece  monitoramento de saúde do solo e de culturas, além de integrar dados com outras áreas do gerenciamento agrícola, como o controle de insumos e a gestão de produtividade​

    Marque uma demonstração gratuita e veja tudo o que o Aegro pode fazer pela sua propriedade rural. Clique no botão e faça seu registro em menos de 1 minuto!

    7 problemas e soluções para colheita de soja no Mato Grosso

    Colheita de soja no Mato Grosso: respondemos as principais dúvidas para minimizar as perdas da lavoura durante esse processo. 

    A soja é um dos principais carros-chefes da agricultura mato-grossense. Nesta safra 2019/20, bateu-se recordes de área, produção e produtividade. 

    Segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), a produtividade e a área plantada de soja neste estado cresceram quase 10% nos últimos cinco anos

    Já a produção total teve um aumento de quase 20% no mesmo período.

    Mas com os altos custos de produção dessa safra de soja, cerca de 8% a mais que da safra anterior, minimizar as perdas é essencial.

    Veja a seguir 7 problemas na colheita da soja no MT e como solucioná-los para maximizar os ganhos na propriedade!

    Desafios da colheita de soja no Mato Grosso em 2020

    Recentemente, o preço da saca esteve acima dos R$ 70 e aumentou as expectativas de renda. Ainda mais em um ano em que o custo médio de produção ficou perto dos R$ 4 mil por hectare.

    colheita de trigo no mato grosso

    Evolução do percentual de área colhida de soja em Mato Grosso
    (Fonte: Canal Rural)

    Sendo assim, o desafio enfrentado pelo produtor são as perdas na colheita, que variam entre 5% e 10% no Brasil e até 15% em casos extremos. 

    Contudo, podem ser reduzidas a 1% tomando os cuidados necessários. 

    Essas perdas na colheita de soja estão ligadas principalmente às regulagens na colhedora, chegando a representar até 80%.

    Já as perdas pela formação e manejo da lavoura representam no mínimo 20% das perdas totais. O ideal recomendado é que não ultrapassem 60 kg ou uma saca por hectare.

    No estado do Mato Grosso, a colheita da safra de soja é sempre uma atividade feita com uma janela curta de tempo, seja devido à segunda safra de algodão ou milho, ou ainda, pelas condições climáticas.

    Listamos aqui os principais problemas na colheita de soja no Mato Grosso e como ficar atento para evitá-los ou solucioná-los. Confira!

    Perdas devidas ao manejo e formação da lavoura

    1. Plantas baixas

    Plantas com porte baixo (abaixo dos 60 cm) favorecem a formação de vagens e de hastes muito próximas ao solo. 

    Isso aumenta as chances de perda por conta da altura de corte da plataforma e a quebra de ramos e de vagens.

    Solução

    Ficar atento à época de semeadura e à população de plantas. 

    Semeaduras tardias tendem a diminuir o tempo de vegetação das plantas e o porte delas, assim como a baixa população de plantas favorece esse processo.

    2. Acamamento

    Plantas deitadas não são recolhidas pela máquina, causando uma das maiores perdas na colheita. 

    O uso de cultivares e população de plantas não adequados à colheita mecanizada podem gerar e agravar esse problema.

    Solução

    Populações de plantas maiores que as recomendadas tendem a aumentar o porte da lavoura, levando ao acamamento. 

    Dessa forma, a solução aqui é usar a população e as cultivares corretas para a sua região.

    3. Preparo do solo

    O preparo incorreto do solo bem como a abertura de novas áreas podem gerar um relevo acidentado. 

    Acidentes de relevo geram problemas na plataforma de corte das colhedoras, principalmente nas que possuem plataforma fixa.

    Solução

    Os preparos físicos e químicos corretos do solo permitem o melhor desenvolvimento da planta e aumentam a performance da colhedora, diminuindo assim as perdas.

    4. Plantas daninhas

    Temos dois problemas neste tópico, um relacionado à competição com as daninhas no início do ciclo da soja, o que causa baixo porte de plantas e pode gerar várias dificuldades na colheita relacionadas à altura das plantas. 

    Outro problema é referente à infestação tardia das daninhas na lavoura. 

    Isso faz com que a umidade permaneça alta por mais tempo, prejudicando a velocidade da colheita, exigindo maior velocidade do cilindro trilhador e maior altura de corte da plataforma. 

    Desta forma, aumenta-se o dano mecânico aos grãos e a incidência de fungos, além da perda de vagens colhidas com a maior altura da plataforma de corte.

    Solução

    A melhor solução para isto é a prevenção. 

    Um estande bem formado de plantas, com palha no solo e um bom controle de daninhas diminuem e muito as chances de se ter problemas com o mato no final do ciclo. 

    Mas em outro caso, uma última saída é o controle do mato com alguma aplicação adicional ou a dessecação da soja.

    Colheita de Soja no Mato Grosso: Perdas durante o processo

    5. Corte e alimentação da colhedora

    Mau posicionamento do molinete e alta velocidade aumentam a debulha das vagens e acamamento das plantas, as que não são recolhidas. 

    Assim, cortes realizados acima dos 12 cm aumentam as perdas totais em 9% a 12%.

    Solução

    O uso de molinete com garras diminui as perdas por impactos (debulha das vagens), assim como a velocidade correta de rotação. 

    Quanto à plataforma de corte, o melhor ajuste em relação ao solo, com altura média de 9 cm a 12 cm, diminui a quantidade de grãos perdidos.

    6. Colheita de soja no Mato Grosso: Trilha

    Alta velocidade de colheita e do cilindro debulhador intensificam a quantidade de material no cilindro trilhador. 

    Assim, consequentemente se aumenta o número de vagens não debulhadas. 

    Já a baixa velocidade de colheita, sendo que a quantidade de material no cilindro é pequena, aumenta-se a chance de injúrias nos grãos.

    Solução

    A velocidade correta da colhedora diminui em grande parte as perdas na trilha, assim como a umidade correta dos grãos durante a colheita, já que diminui as chances de injúrias. 

    colheita de soja no mato grosso

    (Fonte: Mato Grosso Econômico)

    7. Separação e Limpeza

    Outro fator importante para a colheita de soja no Mato Grosso e em outros estados é que a velocidade excessiva do saca palhas, regulagem inadequada das peneiras e do ventilador também provocam perdas de grãos.

    Solução

    A velocidade correta do cilindro debulhador, que controla a palha que vai para o saca palhas, assim como a regulagem correta das peneiras e do ventilador reduzem as perdas na separação e limpeza dos grãos na colhedora.

    Otimize a colheita de soja para evitar problemas

    A performance da colheita da soja depende em grande parte do planejamento de todo o ciclo da lavoura. 

    O momento da semeadura é de grande importância pois a população de plantas utilizada e a cultivar vão ditar o porte e a altura das vagens, o que influenciará diretamente nas perdas durante a colheita. 

    Também devem ser levados em consideração a adubação correta e o manejo do solo, que influenciam diretamente nas perdas, como vimos acima. 

    Com tudo isso em mente, sabe-se que o planejamento é o principal meio de diminuir as perdas na colheita.

    Pensando nisso, com o uso de um software é possível acompanhar os históricos das áreas, planejar e criar alertar para aplicações e manutenção das máquinas. 

    O software Aegro, por exemplo, possui todas as ferramentas para que os produtores possam planejar toda a safra, do plantio, caixa da fazenda, até a colheita!

    Colheita Aegro

    Planejamento e registro da atividade da colheita pelo aplicativo do software Aegro

    planilha para estimativa de perdas na colheita Aegro

    Conclusão

    Neste texto, vimos onde acontecem as principais perdas na colheita de soja no Mato Grosso e em outras regiões. 

    Mostramos também como o planejamento é fundamental para diminuir essas perdas que podem chegar em até 15% nas propriedades rurais.

    A diminuição das perdas na colheita pode ser revertida sem o aumento dos gastos e isso impacta diretamente na lucratividade dentro da fazenda.

    Dessa forma, o aumento dos lucros na propriedade eleva também a competitividade do setor frente ao mercado internacional, mostrando cada vez mais a grandeza do agro brasileiro.

    Tem mais dúvidas quanto à colheita de soja no Mato Grosso? Quer compartilhar suas experiências com a gente? Deixe o seu comentário abaixo!

    Feijão guandu: como ele pode melhorar seu sistema de produção

    Feijão guandu: saiba todos os benefícios desse cultivo, suas utilizações como adubo verde, consórcio e na alimentação animal. 

    Nos últimos anos, o cultivo de feijão guandu cresceu aproximadamente 50% no mundo. Além de ser uma planta rústica e tolerante a secas e solos inférteis, apresenta um grande potencial para alimentação humana e animal.

    Essas características fazem do feijão guandu uma planta extremamente interessante para os sistemas de produção, principalmente os que apresentam déficit hídrico em algum período do ano.

    O guandu pode beneficiar o solo, servindo como um ótimo adubo verde, além de poder ser consorciado com outras culturas e incrementado na alimentação animal.

    Veremos a seguir os aspectos do feijão guandu, como pode ser introduzido nos sistemas de produção e os benefícios dessa cultura na realidade brasileira.

    Características do feijão guandu

    O feijão guandu (Cajanus cajan) é uma leguminosa arbustiva da família das fabáceas, semiperene, de crescimento ereto/semiereto e que pode rebrotar após cortado. O ciclo de produção varia de 90 até 180 dias aproximadamente, isso porque o guandu é uma planta sensível ao fotoperíodo. 

    Como é uma planta de dias curtos, assim como a soja, a fase vegetativa é influenciada pelo comprimento do dia. 

    Dessa forma, quanto mais cedo o plantio (início da primavera) maior o ciclo vegetativo da planta e, consequentemente, maior a produção de biomassa.

    feijão guandu

    Relação entre biomassa seca e época de semeadura do Feijão Guandu
    (Fonte: Modificado de Amabile et al (1996))

    O feijão guandu é uma leguminosa e, portanto, é capaz de fixar nitrogênio do ar por meio de associação simbiótica com microrganismos.  

    Graças à fixação biológica do nitrogênio, famosa FBN, o guandu apresenta altíssimas porcentagens desse nutriente em seus grãos e nas folhas (entre 15% e 20%).

    Por não ter grandes exigências climáticas, pode ser cultivado de modo satisfatório nas regiões tropicais, subtropicais e no semiárido brasileiro.

    Para completar o ciclo, o guandu necessita entre 500 e 1200 mm de chuvas. A fertilidade dos solos pode influenciar de maneira pequena no rendimento da planta, sendo que a disponibilidade de microrganismos que propiciem a FBN é o principal fator.

    Como resultado, pode produzir de 5 a 15 toneladas por hectare de matéria seca e pode fixar de 90 a 150 kg de nitrogênio no solo por hectare. Sendo que as maiores produtividades ocorrem em solos com pH entre cinco e seis.

    Sistema de produção

    O feijão guandu pode entrar no sistema de produção como cultura alimentícia durante a segunda safra, como adubo verde e também como suplementação proteica animal. 

    Como alimentação humana, seu uso tem crescido em algumas regiões do Brasil por conta da rusticidade da planta, seu elevado teor proteico e sua produção considerável de cerca de uma tonelada de grãos por hectare.

    Quando usado como adubo verde, o feijão guandu se destaca não só pela fixação de nitrogênio no solo, mas também pela rápida degradação da sua biomassa, que está relacionada com a alta relação C/N (carbono e nitrogênio) do material. 

    Já vimos aqui no Lavoura 10 como a relação C/N influencia na degradação do material vegetal e, também, já discutimos como o uso de plantas leguminosas é inviável pura e simplesmente para a formação de palha no solo. 

    Mas os benefícios do guandu não estão na formação de palha. 

    Como já citamos, a maior vantagem dessa planta é seu alto teor de nitrogênio e seu potencial na adubação verde e na rotação de culturas, que pode ter grandes benefícios na área. 

    Outro uso crescente do feijão guandu no Brasil é na alimentação animal. Aí está outra aplicabilidade para seu alto teor de nitrogênio, já que quanto maior o teor do nutriente maior o teor proteico do alimento.

    Dessa forma, muitos produtores têm usado o guandu como forrageira para ser ofertada no inverno para os animais, picada, ensilada com milho, pastejada diretamente affordablepapers e até mesmo em fardos de feno.

    Veremos mais sobre alimentação animal mais adiante. Agora, vamos falar um pouco de como contornar as limitações do feijão guandu: consorciando!

    Consórcios com feijão guandu

    Uma das maneiras de contornar o problema da rápida decomposição da palha formada pelo feijão guandu e, ainda assim, aproveitar seus benefícios no solo como cultura de cobertura e adubo verde é consorciando essa leguminosa com gramíneas.

    O guandu pode ser consorciado com milho ou sorgo, com o objetivo de aumentar a qualidade da silagem do material ou apenas para beneficiar o solo. 

    feijão guandu

    Milho (BRS 1035) solteiro e consorciado com guandu com e sem nitrogênio
    (Fonte: Modificado de Oliveira et al (2010))

    Também pode-se consorciar com forrageiras tropicais como a braquiária. A Embrapa lançou em 2010 o sistema Santa Brígida que consorcia milho, guandu e braquiária.

    Milho (BRS 1035) solteiro e em diferentes consórcios

    Milho (BRS 1035) solteiro e em diferentes consórcios
    (Fonte: Modificado de Oliveira et al (2010))

    Implantado solteiro, consorciado com milho ou com braquiária, a população de guandu semeada é em torno de 10 plantas por metro, espaçadas de 40 cm a 1,2 m. A taxa de semeadura pode chegar em até 40 kg de sementes por hectare.

    Relação de Carbono e Nitrogênio na palha das culturas

    Relação de Carbono e Nitrogênio na palha das culturas
    (Fonte: Modificado de Oliveira et al (2010))

    Como podemos ver, quando se realiza o consórcio do feijão guandu alteramos sua relação C/N de aproximadamente 25 para mais de 40, aumentando em muito o tempo de persistência desse material sobre o solo.

    Assim, com palha mais tempo sobre o solo, tem-se maior proteção contra a chuva e os processos erosivos, além de maior umidade, temperatura e outros características do solo.

    Feijão guandu na alimentação animal

    Outro uso para o guandu que tem crescido muito no Brasil é sua utilização na alimentação animal.

    Ao contrário de outras leguminosas usadas como adubo verde, como as crotalárias, o feijão guandu não é tóxico para o gado.

    Desse modo, ele tem grande serventia para incrementar os teores de proteína nas dietas, por meio de silagem ou pastejo direto.

    Como silagem, o guandu pode ser semeado em consórcio com o milho, sendo colhidos e ensilados conjuntamente. Esse processo pode elevar os níveis de proteína bruta da dieta em até 6%.

    Valor nutritivo das silagens de milho com níveis crescentes de guandu
    (Fonte: Quintino et al (2013))

    O feijão guandu também pode ser semeado em consórcio simultâneo com pastagens como braquiária ou sobressemeado. Nesse caso, o objetivo é ser consumido diretamente pelos animais.

    Como os animais pastejam pouco o guandu antes do florescimento, o cultivar conseguirá crescer e acumular uma boa quantia de biomassa até se tornar mais palatável no início da seca (pós-florescimento).

    Na estação chuvosa seguinte, o material remanescente de guandu deverá ser roçado por volta dos 50 cm de altura, visando sua rebrota e o início de um novo ciclo de vegetação e posterior pastejo.

    e-book culturas de inverno Aegro

    Conclusão

    O feijão guandu pode ser uma ótima opção quando pensamos em alimentação animal, na famosa rotação de culturas e como adubação verde.

    Essa leguminosa pode incrementar a produtividade dos sistemas de produção e, de quebra, ajudar na sanidade dos solos agrícolas.

    Após anos da “dobradinha” soja-milho, o sistema tende a declinar a produtividade e exige maior quantidade de insumos. Dessa forma, é de extrema importância que possamos variar essa sucessão sem diminuir os lucros.

    >> Leia mais:

    Qual a melhor época para plantar feijão?

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    ILPF: O que você precisa saber para utilizar esse sistema

    ILPF: vantagens e desvantagens, como implantar e indicações para um sistema de integração lavoura-pecuária-floresta. 

    A pressão pelo aumento da eficiência na produção, visando maiores rendimentos e a diminuição da abertura de novas áreas para a agropecuária, vem aumentando na cadeia produtiva mundial.

    No Brasil, uma das soluções é o plantio direto, a integração lavoura-pecuária (ILP) e mais recentemente o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF).

    A ILPF tem o objetivo de integrar sistemas produtivos, o que pode ser vantajoso para o meio ambiente e para o produtor.

    A seguir, veja mais sobre o sistema ILPF e descubra seus pontos fortes e fracos, além de quais os melhores cenários para implantar esse sistema de produção.

    O que é ILPF? 

    A integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) assim como a integração lavoura-pecuária (ILP) inclui diferentes sistemas produtivos em um só. Mas no caso do sistema ILPF, existe o componente florestal.

    A ideia da ILPF é de produzir grãos, pastagem para o gado e madeira de forma integrada na mesma área, mas não tudo ao mesmo tempo.

    Com a tecnologia atual seria praticamente impossível colocar tudo isso no mesmo balaio e ao mesmo tempo. Produzir diferentes produtos na mesma área em sistema ILPF só é possível quando se escala as culturas ao longo do tempo.

    Mas como isso acontece? Bem, as árvores ficarão no sistema o tempo todo e a atividade agrícola e pecuária se alternam em sucessão ou em consórcio ao longo do tempo, nas entrelinhas das árvores.

    Na figura abaixo, pode-se ter uma ideia do sistema em que a lavoura é semeada na época do plantio das árvores, até que elas tenham tamanho suficiente para a entrada do gado. 

    Após algum tempo, há o desbaste das árvores que retira algumas para usos menos nobres e deixa outras para fins de maior valor agregado. 

    E com a entrada de luz que o desbaste proporciona, é que acontece a retomada da lavoura entre as faixas.

    ILPF

    (Fonte: Embrapa (2012))

    Produzir gado, grãos e árvores na mesma área era algo impensável há algumas décadas atrás e, só é possível hoje, graças aos avanços no melhoramento genético, manejo e das máquinas agrícolas.

    Quais as vantagens do ILPF?

    A inserção planejada de árvores no sistema pode gerar alguns benefícios agrícolas, econômicos e também ambientais à propriedade.

    Do ponto de vista da agropecuária, o componente florestal pode agir como uma barreira natural para doenças dispersas pelo vento, protegendo as plantações até mesmo de condições climáticas inadequadas.

    As árvores alteram o microclima da área e, se bem manejadas, podem auxiliar muito no bem-estar animal, principalmente de bovinos oriundos de raças taurinas, que são menos adaptadas ao nosso clima tropical.

    Do lado econômico, a adição de árvores pode gerar mais rentabilidade na propriedade e diminuir gastos com doenças e pragas de bovinos, já que muitas estão associadas ao estresse ambiental do animal.

    Os animais tendem a procurar o conforto térmico e sem áreas sombreadas podem diminuir a ingestão de forragem, diminuindo o ganho de peso ou a produção de leite.

    conforto térmico

    (Fonte: Embrapa (2012))

    Os benefícios ambientais dessa prática são inúmeros e alguns deles, posteriormente,  refletem em ganhos econômicos – são os chamados serviços ecossistêmicos.

    • Aumento da infiltração de água; 
    • Diminuição do escoamento superficial e da erosão; 
    • Aumento nos teores de matéria orgânica no solo;
    • Auxílio na ciclagem de nutrientes do sistema;
    • Entre outros. 

    São serviços que a própria natureza gera de forma muito mais barata e eficiente do que se nós mesmos fizéssemos. Os serviços ecossistêmicos estão relacionados com a purificação da água, por exemplo, aumento da fertilidade do solo, etc.

    Desvantagens do ILPF

    Um sistema com árvores pode ser algo um tanto diferente para quem está acostumado com apenas agricultura ou pecuária na mesma área.

    O planejamento do sistema ILPF requer bem mais atenção, já que as árvores permanecerão na área por um longo tempo.

    Sistema ILPF mal planejado com excesso de sombra

    Sistema ILPF mal planejado com excesso de sombra
    (Fonte: Embrapa)

    O manejo da área também sofre algumas alterações que trataremos mais adiante, mas resumindo: o sistema ILPF necessita de maior capacitação do produtor para que sua máxima eficiência possa ser atingida.

    Outro ponto negativo é a falta de mercado madeireiro em muitas regiões do país, o que certamente dificulta a comercialização da madeira.

    Pensando em manejo, o eucalipto é a espécie mais indicada devido ao baixo custo de manejo e de mudas e por conta da tecnologia já acumulada. 

    Outras espécies de maior valor agregado como mognos ou cedros exóticos têm maior custo na obtenção das mudas e no manejo, já que essas espécies não apresentam desrama natural, sendo necessário um alto custo operacional e de mão de obra.

    Operações como o desbaste e a destoca também podem ser uma desvantagem para a adoção do sistema, pois são onerosas e podem infligir danos ao solo se malfeitas.

    Em qual cenário o sistema ILPF é indicado?

    O sistema ILPF pode ser adotado por qualquer produtor com capacitação ou assessoria necessária para o empreendimento, além de capital para o investimento.

    Mas como já falamos, existem cenários onde o sistema pode maximizar seus benefícios e minimizar pontos negativos.

    Um desses cenários é a pecuária leiteira, porque a produção das vacas é altamente influenciada pelo estresse ambiental. 

    A pecuária de corte que utiliza gado de origem europeia, também pode se beneficiar do bem-estar térmico ocasionado pelo componente florestal.

    Outro fator importante na hora de pensar na viabilidade do sistema ILPF é o mercado madeireiro da região.

    Uma propriedade que esteja inserida em uma região com forte mercado de madeiras para fins nobres (construção, movelaria, etc.), tem grandes chances de aumentar consideravelmente os lucros ao final do ciclo de corte das árvores.

    Projetando um sistema ILPF

    Um sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) se baseia em renques.

    Renques são faixas de arborizadas plantadas com grande distância entre elas e podem ser formados por linhas únicas, duplas ou triplas de árvores.

    ILPF

    Linhas Únicas, Duplas e Triplas de árvores em ILPF
    (Fonte: Embrapa (2012))

    Deste modo, o projeto de um sistema ILPF deve se basear no ciclo de corte da espécie florestal utilizada e, mais ainda, no número de intervenções que o proprietário está disposto a fazer no sistema.

    Por exemplo, espécies de rápido crescimento como o eucalipto, se plantadas com espaçamentos pequenos entre renques vão necessitar de mais desbastes para controlar o sombreamento nas faixas de cultivo.  

    Sabendo disso, o recomendado para diminuir a “manutenção” do sistema é utilizar grandes espaçamentos entre renques, acima de 30 metros. 

    Outro fator que dita o espaçamento entre as faixas de árvores é o tamanho dos implementos utilizados na propriedade.

    O importante é ter em mente que o componente florestal ficará por um bom tempo no sistema, até mais de 10 ou 15 anos visando madeiras com fins nobres. 

    Com isso, desenhar e pensar o futuro do sistema é vital para seu sucesso! 

    Conclusão 

    Neste texto, vimos um pouco mais afundo sobre o sistema ILPF tão falado por aí. 

    Como tudo na vida, esse sistema apresenta pontos positivos e negativos que devem ser levados em conta na hora da implantação!

    A integração lavoura-pecuária-floresta é uma prova de que podemos produzir o ano todo nos trópicos, além de ser mais um exemplo da força do agro brasileiro.

    >> Leia mais:

    “O que é e por que investir em tecnologias poupa-terra?”

    Se interessou pelo ILPF e quer saber mais a respeito? Deixe seu comentário abaixo.

    Integração Lavoura Pecuária: como implementar e tirar o melhor proveito

    Integração Lavoura Pecuária: conceitos e dicas para fazer na prática e aumentar a produtividade da sua fazenda. 

    Nos últimos anos, a técnica de produção que integra a lavoura com a pecuária tem caído no gosto dos produtores, principalmente no cerrado onde existem largas áreas de pecuária subutilizadas. 

    A integração lavoura pecuária (ILP) tem sido uma revolução na agricultura tropical, pois permite aumentar a lotação animal e ainda produzir grãos na mesma área.

    Nesse texto veremos quais os conhecimentos necessários para a implantação do sistema e como adotar a integração lavoura pecuária para aumentar a produtividade da fazenda.

    O que é Integração Lavoura Pecuária?

    A Integração Lavoura Pecuária ou ILP é uma técnica que possibilita o cultivo de pastagem e de produção de grãos ao mesmo tempo na mesma área.

    Isso é possível graças ao consórcio entre culturas, o qual já abordamos aqui no Blog do Aegro. A pastagem pode ser consorciada com grãos como milho, sorgo, arroz e até mesmo com a soja.

    integração lavoura pecuária
    (Fonte: Banco de imagens do autor)

    Alguns dias ou semanas após a colheita dos grãos, o capim já está pronto para o pastejo – garantindo um pasto de ótima qualidade na entressafra.

    Ela pode ser utilizada para a pecuária ao longo do período da seca e depois dessecada para uma nova semeadura de grãos ou pode continuar como pasto por algumas safras, sendo rotacionada com outras áreas.

    O sistema de Integração Lavoura Pecuária pode resultar em vários benefícios à fertilidade do solo quando bem implantado.

    modelos ILP
    Fonte: (Bungenstab et al. (2012))

    Os benefícios da ILP se originam da entrada das plantas forrageiras no ambiente de produção. 

    Com suas raízes e sua grande produção de biomassa, elas reciclam nutrientes, melhoram a física do solo e aumentam os teores de matéria orgânica em profundidade no solo.

    Implantando um Sistema de Integração Lavoura Pecuária

    Pré-requisitos

    Ao pensar em adotar o sistema de ILP, o produtor deve se atentar às ferramentas que ele tem na propriedade e na região para a devida mão de obra.

    Isso porque para um pecuarista ter o maquinário necessário para a implantação, manutenção e colheita de uma lavoura nem sempre é algo comum. 

    Por isso é importante que o pecuarista se certifique da existência de vizinhos ou prestadores desses tipos de serviços na sua cidade e região.

    Já para o agricultor, a infraestrutura necessária para a pecuária é um grande investimento.

    Dessa forma, o primeiro passo é planejar a manufatura das cercas e divisão dos talhões (futuros pastos) bem como de embarcadouros e troncos.  

    Se certificar da estrutura pecuária da região também é extremamente importante, assim como os fornecedores de matrizes ou de novilhos(as) e possíveis abatedouros para a comercialização.

    Em qual safra consorciar?

    Deve-se realizar um planejamento para consorciar a forragem na primeira ou na segunda safra.

    Se o produtor rural optar por um consórcio com a cultura de primeira safra teremos um pasto com mais matéria seca e com formação mais rápida, já que ele crescerá com abundância de luz e calor e com baixo ou nenhum estresse hídrico.

    Por outro lado, o consórcio do capim com a cultura de segunda safra proporcionará uma menor produção de forragem.

    Porém o produtor terá produzido duas safras na área, o que pode aumentar o lucro ou a oferta de alimento final para o gado.

    Sistema de Produção de braquiária consorciada com milho
    Sistema de Produção de braquiária consorciada com milho em primeira e segunda safra
    (Fonte: Oliveira et al. (2019))

    Antes de decidir quando semear a forrageira é preciso verificar se a oferta de forragem será suficiente nas áreas que não serão semeados os grãos, garantindo sempre áreas de pastagens em meio à rotação de culturas dos talhões.

    Após certificar que o gado não passará fome durante o crescimento da primeira ou da segunda safra, é o momento de escolher o capim e a forma de semeá-lo.

    Bem, já escrevi aqui no Blog sobre as diferentes espécies de braquiárias e os prós e contras de cada uma (confira aqui), então falarei diretamente sobre os modos de implantação do consórcio de grãos com forrageiras tropicais.

    Integração Lavoura Pecuária: quando semear a forrageira?

    As forrageiras podem ser semeadas em dois tempos diferentes, no mesmo momento da semeadura dos grãos ou um período depois.

    Para a semeadura conjunta do capim com a cultura granífera é necessário utilizar culturas de rápido crescimento como o milho ou o sorgo forrageiro que sombreiam rapidamente as entrelinhas, limitando o crescimento da forragem.

    Nesse caso, também utilize algum herbicida como Nicosulfuron e Mesotrione para o milho (ou Glifosato para milho resistente) em subdose (1/2 ou 1/3) para diminuir a competição do capim com a cultura.

    Para consórcio da forrageira com sorgo, ainda não existem graminicidas registrados para a cultura, mas mesmo assim a competição entre as espécies pode ser diminuída aumentando a população de sorgo ou semeando a forrageira na época da adubação de cobertura. 

    A forrageira é semeada após a cultura quando se deseja diminuir a competição por risco climático, no caso do milho, ou por conta da cultura apresentar crescimento mais lento, como no caso da soja e do sorgo forrageiro (porte baixo e demora para sombrear a entrelinha).

    Quando a semeadura da forrageira é feita de forma defasada (após o plantio da cultura) no milho ou no sorgo, ela é realizada a lanço por causa da adubação de cobertura.

    integração lavoura pecuária
    Produção de braquiária semeada simultaneamente ao milho e na ocasião da adubação de cobertura
    (Fonte: Borghi et al. (2015))

    Já no caso da soja, a semeadura do capim é feita a lanço também, mas no final do enchimento dos grãos (R5-R6), para que após isso as folhas da soja caiam e cubram as sementes da forrageira.

    Como semear a forrageira?

    No sistema de Integração Lavoura Pecuária a forrageira pode ser semeada em consórcio com a cultura de grãos de duas formas: a lanço e em linha.

    Quando semeada em linha, o capim pode ser colocado na caixa do adubo de plantio e semeado na mesma linha da cultura. O importante aqui é lembrar de utilizar apenas adubo fosfatado para não prejudicar a semente.

    Dessa forma, a germinação da planta forrageira será mais lenta e pode reduzir a competição entre as espécies. 

    Além disso, a forrageira também pode ser semeada na entrelinha da cultura, apesar de ser um método menos utilizado.

    Isso é possível quando o milho ou o sorgo são semeados com espaçamentos maiores (90, 80 cm) e os carrinhos da semeadora são usados intercalados.

    E o método mais utilizado pelos produtores é a semeadura a lanço da forrageira, com um implemento de distribuição na frente do trator. 

    Massa Seca de Milho e de Forrageira no momento da colheita do milho
    Massa Seca de Milho e de Forrageira no momento da colheita do milho, de acordo com o método de semeadura do consórcio
    (Fonte: Pereira et al. (2015))

    Esse método é mais eficaz quando se usa uma semeadora de arrasto, que é capaz de incorporar de maneira mais eficiente a semente do capim semeado a lanço. 

    Lembre-se: É importante aumentar a porcentagem de sementes utilizada em 20% a 30% quando aplicada a semeadura a lanço!

    banner-5-planilhas-para-controlar-a-fazenda

    Conclusão

    A Integração Lavoura Pecuária possibilita uma rotação entre agricultura e pastagem que beneficia o solo, a recuperação de áreas degradadas e auxilia intercalando princípios ativos de fitossanitários na produção.

    Como resultado, vimos nesse texto que a técnica pede cuidado maior do produtor e atenção no manejo, mas que a longo prazo esse trabalho pode gerar rendimento maior no bolso.

    Agora que sabemos que essa tal de ILP não é um bicho de sete cabeças, você pode se informar mais sobre o método com consultores, cooperativas ou aqui mesmo no Blog do Aegro! 

    >> Leia Mais:
    ILPF: O que você precisa saber para utilizar esse sistema

    “O que é e por que investir em tecnologias poupa-terra?”

    Pretende implementar a Integração Lavoura Pecuária? Tem alguma dica para nos passar? Deixe seu comentário abaixo para continuarmos essa conversa!

    Agricultura de precisão: equipamentos essenciais e novidades do mercado

    Agricultura de precisão: equipamentos mais utilizados, etapas e recomendações de como e quando usar, além das inovações tecnológicas.  

    Com tecnologias de ponta para o setor e interligando toda a propriedade, a agricultura de precisão (AP) é uma abordagem que envolve uma integração de técnicas agrícolas. 

    Buscando minimizar perdas, na AP são utilizados métodos inovadores desde a amostragem de solo e de plantas até para os silos de grãos e os armazéns. 

    Mas com tantas novidades para AP no mercado, quais são essenciais na lavoura? 

    Aproveite este artigo para ficar por dentro das inovações e dos principais equipamentos para implementar a agricultura de precisão na sua produção rural. Confira!

    Para que serve a agricultura de precisão? 

    A agricultura de precisão trata nosso ambiente de uma forma desuniforme, o que é mais condizente com a realidade.

    E, tratando o ambiente com suas diferenças na qualidade do solo, fertilidade, temperatura do ar, umidade e velocidade dos ventos, podemos proporcionar o manejo necessário para a lavoura atingir todo seu potencial.

    mapa de produtividade desuniformidade

    Exemplo de mapa de produtividade ilustrando a desuniformidade na produção
    (Fonte: Arquivo pessoal do autor)

    Utilizando os insumos e manejando o local correto de acordo com sua desuniformidade, conseguimos ir para uma situação mais uniforme.

    mapa de produtividade uniformidade

    Exemplo de mapa de produtividade ilustrando a maior uniformidade na produção
    (Fonte: Arquivo pessoal do autor)

    Tudo isso, usando menos insumos nas áreas com menor necessidade e investindo estrategicamente nas áreas com maior prioridade, uniformizando a lavoura.

    As vantagens da AP são inúmeras:

    • Diminuição no uso de fitossanitários;
    • Diminuição no uso de adubos;
    • Aplicação de insumos no momento correto;
    • Menores perdas na colheita, etc. 

    Agricultura de precisão: equipamentos essenciais nas fazendas 

    Há alguns anos, os principais instrumentos utilizados na agricultura de precisão eram os sensores de produtividade em tempo real das colhedoras.

    Em seguida vieram os aplicadores de insumo a taxas variáveis.

    As colhedoras com sensores de produtividade em tempo real são, de longe, a tecnologia mais adotada atualmente. Elas já estão presentes na maior parte das fazendas de grande porte do nosso país!

    agricultura de precisão equipamentos

    Agricultura de precisão: equipamentos como console de colhedora com sensor de produtividade e variabilidade espacial já é realidade no campo
    (Fonte: Farmers Weekly)

    Já os aplicadores de fitossanitários e adubos a taxas variáveis são equipamentos com uso ainda em crescimento no Brasil.

    E, mais recentemente, vieram as semeadoras que ajustam a taxa de semeadura para adequar à população de plantas. 

    Culturas como o milho, por exemplo, podem ter um incremento expressivo da produtividade com o aumento da população em locais com alta fertilidade.

    Já a soja funciona ao contrário: altas populações em solos com alta fertilidade podem levar ao acamamento de plantas. 

    Então, nesse caso, a semeadora pode aumentar a população em áreas de baixa fertilidade visando maximizar o lucro daquela área.

    Mesmo que os aplicadores a taxas variáveis ainda sejam pouco usados por aqui, são eles que propiciam, na prática, reduções nos usos de insumos na propriedade.

    Porcentagem e tempo de uso, mapas, imagens aéreas e equipamentos presentes nas propriedades AP

    Porcentagem e tempo de uso, mapas, imagens aéreas e equipamentos presentes nas propriedades que adotam AP
    (Fonte: Senar)

    Esses aparelhos, aliados às tecnologias de georreferenciamento, mapas de produtividade e fertilidade – e ao já bastante usado piloto automático – conseguem distribuir os insumos em maior ou menor quantidade dependendo da programação.

    Mas, nos últimos anos, a chegada dos drones agrícolas e sensores cada vez mais precisos fizeram uma nova revolução na própria AP.

    Sensores que indicam como a planta está nutricionalmente, além do acúmulo de biomassa e qualidade do solo, foram acoplados aos drones na agricultura de precisão.

    Isso fez com que essas informações pudessem ser geradas com mais rapidez e frequência, facilitando a tomada de decisão na lavoura.

    Etapas da agricultura de precisão

    A agricultura de precisão se baseia essencialmente em um ciclo de três etapas: 

    • Levantamento de dados
    • Interpretação desses dados; 
    • Medidas de manejo adotadas com base nos dados levantados.

    Para cada uma das etapas existem equipamentos para auxiliar o produtor, desde o levantamento dos dados até o manejo propriamente dito.

    O levantamento de dados pode ser feito manualmente ou através de sensores, que têm a capacidade de adquirir um volume maior de dados, aumentando sua precisão.

    Já a interpretação desses dados é feita pelo produtor rural ou por técnicos capacitados com o auxílio de programas ou softwares de gestão. 

    Tecnologia e a agricultura de precisão

    Esses programas, ligados aos sensores, são capazes de transformar a informação gerada em mapas e gráficos que vão embasar a tomada de decisões na propriedade.  

    E, ao final do ciclo, temos os aparelhos que são instalados aos implementos para, de fato, realizar as mudanças de manejo planejadas na fase de interpretação dos dados coletados.

    Na agricultura de precisão, os equipamentos permitem o uso de taxa variável na semeadura, adubação de base/cobertura e uso dos produtos fitossanitários

    Eles auxiliam também na precisão do plantio, com ajustes automáticos de espaçamento e velocidade da semeadura.

    >> Leia mais: “Software para Agricultura de Precisão: o guia definitivo para escolher um

    Kit para Agricultura de Precisão: Equipamentos  essenciais para começar

    O essencial para iniciar a Agricultura de Precisão em áreas de grandes culturas é ter uma boa administração do faturamento e gastos da propriedade.

    Isso é primordial para reconhecer se o investimento em AP pode gerar retorno favorável.

    Constatada a viabilidade, vale investir em equipamentos básicos que cumpram cada uma das etapas que descrevemos anteriormente!

    No caso do levantamento de dados, os sensores das colhedoras para gerar mapas de produtividade são o principal equipamento.

    Seguido pelas análises de solo em grade e georreferenciadas que são essenciais para se sobreporem aos mapas de produtividade, indicando como a lavoura está performando em cada situação de solo.

    Já existem também alguns sensores fixos com baixo custo que podem ser deixados no campo gerando esses dados. 

    Também existem formas indiretas de levantar essas informações, como no caso de equipamentos que medem a condutividade elétrica do solo e a relaciona às características físicas e químicas desse solo.

    Após levantar os dados e interpretá-los junto a um técnico, é necessário aplicar as medidas de manejo diferenciadas.

    Para isso, aplicadores de taxa variável são essenciais, pois são eles que colocam tudo em prática.

    Como já vimos aqui, eles podem ser os aplicadores de adubo ou de semente à taxa variável ou sensores que leem, ao mesmo tempo, imagens do solo e aplicam herbicidas de acordo com a quantidade de plantas daninhas.

    Novidades de mercado e o futuro do agro

    O mercado da Agricultura de Precisão foi revolucionado pela ascensão dos drones, barra de luzes, sensores e algoritmos, por meio da “internet das coisas”.

    A popularização dos drones na agricultura possibilitou que sensores avançados fossem capazes de analisar as lavouras em um tempo mais curto.

    Os drones agrícolas são uma grande contribuição da agricultura de precisão
    Os drones agrícolas são uma grande contribuição da agricultura de precisão (Fonte: DJI)

    Isso melhorou o entendimento das informações sobre o que os sistemas de produção dão em resposta aos diferentes manejos adotados, que podem variar.

    Por sua vez, os sensores são capazes de levantar essa quantidade de dados de forma rápida graças aos algoritmos e à inteligência artificial, permitindo a relação de dados antes sem relevância com índices de qualidade das lavouras.

    Já a “internet das coisas” promete interligar todos os equipamentos e máquinas das propriedades, formando uma rede que levanta, interpreta e define o manejo, tudo na tela do proprietário.   

    guia - a gestão da fazenda cabe nos papéis

    Conclusão 

    As inovações não param, por isso que a agricultura de precisão tende a melhorar cada vez mais o agro e a rotina do produtor rural com a implementação dessas tecnologias no campo. 

    Neste artigo, vimos os equipamentos essenciais para a agricultura de precisão na fazenda, as etapas de utilização e as novidades de mercado.  

    Essas novas tecnologias prometem deixar a lavoura mais eficiente, incrementando a produção de alimentos diante de um cenário de aumento da população mundial e da escassez de comida. 

    E ainda mais, aumentando a rentabilidade das fazendas ao minimizar desperdícios. 

    >> Leia mais:

    “Quais os impactos da nanotecnologia na agricultura?”

    Saiba as vantagens da Cafeicultura de Precisão e como aplicá-la

    Se na agricultura de precisão equipamentos de ponta fazem a diferença, quais você já utiliza? Gostaria de saber mais sobre AP? Deixe a sua dúvida nos comentários abaixo. 

    Adubo para milho: recomendações para aumentar a produtividade da lavoura

    Adubo para milho: recomendação da época certa e doses ideais para aplicação de nitrogênio, fósforo e potássio em cada situação, inclusive para milho silagem.

    Muitas vezes a lavoura de milho é colocada em segundo plano na propriedade.

    Mas, com o conhecimento de alguns conceitos sobre planta, solo e nutrientes, podemos aumentar a eficiência dos insumos e minimizar os riscos da cultura.

    O manejo da adubação é essencial para isso, principalmente pela baixa fertilidade dos solos brasileiros.

    Confira a seguir as melhores recomendações de adubo para milho e como tirar o melhor proveito delas em sua propriedade. 

    Conceitos básicos da recomendação de adubo para milho

    Um dos conceitos de suma importância na adubação é o de rendimento máximo econômico.

    Nele, o produtor deve procurar a lucratividade máxima da exploração agrícola e não o máximo rendimento.

    Isso porque, o máximo rendimento normalmente não se traduz em máxima rentabilidade.

    Produtividade com doses de nitrogênio

    Produtividade de grãos em função de doses de nitrogênio
    (Fonte: Lyra et al., 2014)

    Como podemos ver na figura acima, com o aumento da dose do nutriente, no caso nitrogênio, o incremento na produtividade da cultura diminui.

    Com isso, você deve observar, de acordo com seu sistema de produção e híbrido usado, qual o maior rendimento econômico para adubação.

    Junto com o conceito de rendimento máximo econômico, você deve trabalhar com as análises de solo

    O solo é um ambiente dinâmico e uma análise mostra apenas uma “imagem parada”. Com isso em mente, mantenha sempre um histórico de análises para entender como as adubações e o uso de corretivos estão agindo no solo.

    E outros dois conceitos importantes são os de adubação de correção e de manutenção.

    A adubação de manutenção coloca a quantidade de nutrientes que foram exportados pela planta, ou seja, que foram colhidos e saíram do sistema.

    Já a adubação de correção aumenta o estoque do nutriente no solo, e ele é de grande importância já que a planta necessita absorver maior quantidade do nutriente do que a exportada.

    Nitrogênio na recomendação de adubação para milho

    O nitrogênio é o nutriente de maior demanda nas plantas. Especialmente no milho e em outras gramíneas, ele apresenta as maiores respostas à produtividade tanto de biomassa quanto de grãos.

    O nitrogênio está diretamente relacionado com a fixação de carbono pela planta e com a síntese de aminoácidos. E, carbono e aminoácidos são iguais à biomassa e proteínas.

    Apesar de ser nutriente mais exigido, o nitrogênio praticamente não existe nas rochas que dão origem aos solos.

    Então, podemos considerar que a fonte primária de nitrogênio é o ar. E ele vai parar no solo basicamente de duas formas: amônio (NH4) e nitrato (NO3).

    Mas, como isso impacta o manejo da adubação nitrogenada?

    Bom, dependendo da fonte de adubo nitrogenado que utilizarmos, ela tende a ter diferentes comportamentos no solo.

    A ureia, por exemplo, após ser aplicada no solo úmido, será quebrada em amônio.

    A quebra da ureia eleva o pH em uma mínima região em torno do grânulo de adubo, fazendo com que boa parte do nutriente aplicado seja perdido por volatilização.

    Outros adubos nitrogenados com base no amônio, como o sulfato de amônio e o nitrato de amônio, também podem sofrer com a volatilização em menor grau, principalmente se forem aplicados sobre restos vegetais.

    Já os fertilizantes à base de nitratos podem sofrer com outro problema: a lixiviação. O nitrato não se prende à famosa CTC do solo.

    Isso faz com que o nutriente possa ser levado pela água até zonas mais profundas e fora do alcance do sistema radicular de algumas culturas.

    Adubação com nitrogênio

    Agora que já sabemos um pouco sobre alguns conceitos do nitrogênio, vamos falar de números… Quanto devo aplicar de nitrogênio na lavoura?

    Para respondermos a essa pergunta, devemos ter em mente dois conceitos:

    • Saber quanto de nitrogênio estamos retirando na silagem ou nos grãos de milho para que possamos repor via adubação;
    • Considerar que, do nitrogênio absorvido pela planta, apenas de 30% a 50% (no máximo) são oriundos diretamente do adubo. 

    E de onde vem o resto? Do solo!

    Dessa forma, é sempre importante mantermos uma adubação nitrogenada condizente com a produtividade da área e com a quantidade de nitrogênio exportada do sistema.

    recomendação de adubação para milho

    Extração média de nutrientes pela cultura do milho destinada à produção de grãos e silagem em diferentes níveis de produtividade
    (Fonte: IPNI)

    Observando a tabela acima, podemos ver que o milho extrai em média 21 kg de nitrogênio por tonelada de grão. 

    Se fossemos repor o nitrogênio extraído utilizando uma adubação de ureia (45% de N), seriam usados em média 47 kg do adubo por tonelada produzida.

    Um talhão com produtividade média de 9 toneladas de grão/ha, por exemplo, exigiria uma reposição de aproximadamente 420 kg de ureia/ha.

    No caso da produção de silagem, a exportação de nitrogênio é de 10 kg por tonelada de matéria seca produzida. 

    Levando em conta uma produção de 50 toneladas de silagem, com um teor de matéria seca de 30% (15 toneladas de matéria seca), seriam necessários 150 kg de N/ha ou 330 kg de ureia/ha.

    Quando aplicar o nitrogênio na adubação de milho?

    Muito se fala sobre os possíveis benefícios de se parcelar a adubação nitrogenada ao longo do crescimento da planta.

    Mas para compreender melhor isso, temos que entender qual o período de maior exigência de nitrogênio pela planta de milho. 

    absorção do nitrogênio no milho

    Estágios fenológicos e curva de absorção do nitrogênio no milho
    (Fonte: Forseed)

    Como podemos ver na figura acima, a fase do pendoamento é onde ocorre o pico de absorção de nitrogênio na planta de milho.

    Dessa forma, devemos garantir que haja a quantidade necessária desse nutriente no solo.

    Um experimento antigo, de 1974, mostra o efeito dos diferentes parcelamentos da adubação nitrogenada no milho:

    recomendação de adubação para milho

    Efeito do parcelamento de nitrogênio nas doses de 60 kg/ha e 120 kg/ha na produção de milho
    (Fonte: Novais et al., 1974)

    No experimento da tabela acima, podemos ver duas coisas interessantes. A primeira é como o nitrogênio é limitante na produção (diferenças entre 60 kg e 120 kg de N aplicados).

    A segunda é que as maiores produtividades foram com o nitrogênio fornecido todo aos 45 dias após o plantio, com 33% do N fornecido no plantio e o restante aos 45 dias após o plantio (cobertura).

    Adubo para milho: Fósforo

    O fósforo é essencial na recomendação de adubo para milho.

    A maior parte das áreas agrícolas do Brasil é deficiente em fósforo e seu manejo é um tanto quanto complexo devido à sua interação com o solo. Mas o nutriente é essencial na recomendação de adubação para milho.

    Os adubos fosfatados aplicados no solo se dissolvem, passando para a solução do solo (local onde fica disponível para absorção pelas plantas) e sua tendência é de se adsorver aos sólidos do solo.

    adubo para milho

    Representação da relação entre o fósforo na solução do solo, na fase lábil e não lábil
    (Fonte: International Superphosphate Manufacturers Association – ISMA, 1978)

    Com a forte tendência de se adsorverem à camada sólida do solo, eles passam para a forma lábil. Ou seja, o fósforo aqui pode passar para a solução do solo e, consequentemente, para a planta. 

    O problema é que, ao longo do tempo, o fósforo da fase lábil se “prende” mais fortemente ao solo, passando para não lábil.

    Nessa forma, o fósforo fica praticamente indisponível para as plantas e seu retorno para a forma lábil é extremamente lenta.

    Resumindo, toda vez que aplicamos fósforo no solo, pagamos um “pedágio” ao próprio solo (como dizia o saudoso Prof. Vitti).

    Adubação com fósforo

    Na hora da adubação temos duas estratégias que podem ser adotadas:

    • Corrigir os baixos níveis de fósforo no solo;
    • Fornecer apenas a quantidade necessária do nutriente para a safra atual.

    A primeira estratégia se chama adubação de correção. E, como os solos brasileiros apresentam alto potencial de fixação de fósforo, essa adubação exige altíssimas doses de fertilizante.

    A segunda estratégia, a adubação de manutenção, é a mais utilizada por aqui.

    Mas, para se usar a segunda estratégia temos que nos lembrar do “pedágio” que pagamos ao solo. Desse modo, quanto menor o teor de fósforo do seu solo, maior a “quantia paga”.

    Classes de teores de fósforo no solo

    Interpretação das classes de teores de fósforo no solo
    (Fonte: IPNI)

    De forma geral, podemos considerar que 20% a 30% do fósforo aplicado é utilizado pela planta.

    Então, de acordo com a tabela acima, o produtor deve observar qual o teor de fósforo do seu solo.

    Com base lá na primeira tabela deste artigo, a planta de milho exporta aproximadamente 10 kg/ha de P2O5 (ou 4,2 kg de P) por tonelada de grão produzida.

    Qual quantidade de adubo fosfatado aplicar

    Então, para uma produção de 5 toneladas de grãos em um solo com teor médio ou alto de fósforo (textura média ou argilosa), precisaremos de 50 kg de P2O5

    Considerando uma fonte de 50% de P2O5 (MAP ou Super Triplo), precisaríamos de 100 kg de adubo fosfatado/ha.

    Já em um solo com teores baixos de fósforo, a mesma produtividade precisaria de cerca de 160 kg/ha de P2O5, ou 320 kg de MAP ou Super Triplo, considerando uma eficiência de 30%.

    E, em solos arenosos com baixos teores de fósforo, a fixação (pedágio) que esse nutriente tem no solo pode ser maior ainda. Isso diminuiria ainda mais sua eficiência.

    A ideia aqui é que quanto menor o teor do de P no solo e mais arenosa sua textura, maior o pedágio pago ao solo (ou menor a eficiência da adubação fosfatada).

    Falando sobre eficiência da adubação fosfatada, alguns manejos podem ajudar a aumentar essa eficiência. 

    A correção do pH do solo é uma forma simples de aumentar a eficiência de absorção do fósforo pelas plantas.

    Como fazer a fosfatagem

    Outra discussão no meio agronômico é sobre a aplicação de fósforo a lanço ou incorporado.

    Aplicações de fósforo no solo

    Teores de fósforo no solo de acordo com diferentes métodos de aplicação
    (Fonte: Prochnow et al., 2018)

    Observando a imagem acima, podemos tirar algumas conclusões sobre esses dois métodos de adubação fosfatada.

    Uma delas é que a fosfatagem a lanço concentra o fósforo nas camadas superficiais.

    Isso pode interferir no crescimento do sistema radicular para camadas mais profundas e, em épocas de déficit hídrico, pode ser uma desvantagem.

    Outra conclusão é que como a maior parte do fertilizante fica na camada superficial, solos com pouca ou nenhuma cobertura (palha) podem sofrer com a erosão, levando todo o fertilizante embora. 

    A vantagem operacional do fertilizante aplicado a lanço é clara para todos os produtores e pode ser feita de maneira técnica. 

    Mas, para isso, precisamos conhecer em quais situações a incorporação ou aplicação no sulco de plantio do fósforo é recomendada.

    Uma delas é em áreas novas de agricultura ou em áreas onde existam baixos teores de fósforo na subsuperfície.

    Outra situação onde o fósforo incorporado se sai melhor é em terrenos declivosos ou que não tenham palha suficiente ou ainda que passem por cultivo convencional (sem o sistema de plantio direto). 

    Por isso, é sempre importante estar atento ao histórico das análises de solo da propriedade.

    Potássio 

    O potássio é o segundo nutriente em maior quantidade nas plantas.

    Apesar de não ser um componente estrutural (não está ligado à estrutura da planta), está presente em grande parte das reações, sendo o principal cátion nas plantas.

    A dinâmica do potássio nos solos tropicais é muito mais simples em comparação ao nitrogênio e ao fósforo. 

    Em solos muito intemperizados, como os do Brasil, todo o potássio está na CTC do solo e, por equilíbrio, passa para a água do solo, de onde a planta pode absorvê-lo.

    Desse modo, uma simples análise de solo pode dizer com mais exatidão a quantidade total de potássio que temos na área.

    Mas, e quanto ao manejo da adubação de potássio na lavoura de milho?

    Bem, podemos dizer que, como a dinâmica desse nutriente no solo é mais simples, seu manejo é também mais simples.

    Adubação potássica

    O que irá nos guiar para o cálculo da quantidade de potássio a ser adicionada na área será o teor do nutriente na análise de solo (baixo, médio ou alto) e a produtividade esperada.

    Para um baixo teor de potássio, o correto, como no caso do fósforo, é corrigir esse teor ao longo do tempo para que possamos diluir os custos da adubação de correção.

    Então vamos lá! Com um teor médio ou adequado de potássio no solo, sabemos que a exportação de potássio nos grãos de milho fica em torno de 15,5 kg K/ton ou 26 kg KCl/ton.

    Sabemos, com isso, que uma produtividade esperada de 5 toneladas de grãos irá precisar de 130 kg de KCl/ha. 

    No caso da produção de silagem, o potássio é exportado em 14 kg/ton de matéria seca.

    Em uma produtividade de 50t de silagem (30% matéria seca) estaremos exportando 210 kg de potássio/ha, ou 350 kg de KCl/ha.

    Podemos ver que a exportação de potássio na produção de silagem é bem maior que na produção de grãos – e isso tem grande importância no manejo.

    Produções de silagem podem esgotar o estoque de potássio do solo de modo bem mais rápido. Por isso, esteja atento às análises de solo e à adubação de manutenção.

    Como fazer a adubação com potássio

    Qual é a melhor época para a aplicação de potássio na lavoura de milho?

    Como regra geral, doses acima de 50 kg/ha de cloreto de potássio no plantio podem prejudicar as sementes.

    Mas essa quantidade depende muito da textura do solo e do teor de argila dele. 

    Solos arenosos (menos de 15% de argila) podem facilmente apresentar problemas com altas doses de KCl na semeadura.

    matéria seca, nitrogênio, fósforo e potássio no milho

    Acúmulo de matéria seca, nitrogênio, fósforo e potássio na parte aérea de plantas de milho
    (Fonte: Karlen et al., 1987)

    Sobre o momento da aplicação, vemos na figura acima que praticamente todo o potássio necessário para a cultura é absorvido antes do florescimento.

    Com essa informação em mente, o essencial é que a cultura tenha o potássio necessário desde o início. 

    Para isso, o recomendado é parcelar parte da adubação na semeadura e parte entre V4 e V6 no máximo. Outra opção é realizar a adubação antecipada a lanço adotada em alguns locais.

    A figura acima nos mostra que, entre V3 e V4 (aproximadamente 30 dias após a semeadura), a planta de milho aumenta exponencialmente a absorção de nutrientes.

    Por isso, a importância de se programar para a adubação de cobertura e garantir que o fertilizante esteja disponível para a cultura quando ela mais necessita.

    Banner de chamada para o download da planilha de controle de custos de safra

    Conclusão

    A cada safra vemos surgir mais produtos que prometem resolver todos os problemas no campo e, no meio disso tudo, nos esquecemos dos conhecimentos mais simples. 

    Mas o futuro do agro está exatamente aí: aplicar o conhecimento para aumentar a eficiência e o lucro dos nossos produtores, produzindo mais com menos!

    Com as recomendações passadas aqui, espero que você alcance mais produtividade na sua área!

    Restou alguma dúvida sobre a recomendação de adubo para o milho? Adoraria ver seu comentário!