Por que fertilizantes organominerais são uma alternativa interessante para sua lavoura

Fertilizante organomineral: entenda os benefícios e como eles podem aumentar a produtividade 

A produção agrícola brasileira é dependente da importação de corretivos e fertilizantes. E, quando as cotações mudam, você sabe que o impacto pode ser enorme nos custos de produção da sua lavoura.

Os fertilizantes organominerais são uma fonte alternativa interessante em relação aos convencionais, além de serem mais sustentáveis.

Mas, você sabe quais são as diferenças entre eles e quando pode ser realmente vantajosa sua utilização? 

Confira um pouco mais sobre a importância dos fertilizantes organominerais e as perspectivas para uso em sua lavoura! 

Uso sustentável de fertilizantes 

Dados da Anda (Agência Nacional para Difusão de Adubos) mostram que as importações de fertilizantes intermediários cresceram 15,1% entre os meses de janeiro a maio de 2020 em relação ao mesmo período de 2019, chegando a 10.656.063 milhões de toneladas.

O Brasil é um país altamente dependente da importação de fertilizantes para uso agrícola. Fontes alternativas como os fertilizantes organominerais podem trazer benefícios, principalmente por atuarem além da fertilidade do solo

Os organominerais podem contribuir com o aproveitamento de resíduos orgânicos de origem animal e vegetal, aumentar os teores de matéria orgânica do solo e como consequência a atividade da microbiota do solo

Aqui no Blog do Aegro nós já falamos sobre os fertilizantes orgânicos e seu uso na agricultura em larga escala. Confira!

Agora, vamos explicar as características dos fertilizantes organominerais e sua diferença com relação aos convencionais.

Quais as diferenças entre os fertilizantes organominerais e os convencionais? 

Os fertilizantes organominerais são combinações de fontes orgânicas, como por exemplo, o esterco animal de aves e suínos com outro fertilizante mineral. 

Em relação ao esterco animal, o fertilizante organomineral apresenta maior concentração de nutrientes por se tratar de um produto mais estável e uniforme. 

Esses fertilizantes geralmente possuem solubilização gradativa e podem ser disponibilizados ao longo do ciclo de uma cultura. 

A vantagem dos fertilizantes organominerais sobre os minerais é o fornecimento da matéria orgânica, além dos macro e micronutrientes

Exemplos de dois tipos de fertilizantes organominerais: 

  • “Esterco granulado misturado com fertilizante”, em que dois produtos distintos são visíveis – esterco peletizado e os grânulos de fertilizante;
  • “Fertilizante organomineral fundido”, em que  apenas um grânulo distinto é visível. 

Lembrando que diferentes fontes e concentrações de nutrientes podem ser adicionadas aos diferentes tipos de fertilizante organomineral, o que interfere na composição final do produto. 

foto de esterco granulado misturado com fertilizante e de fertilizante organomineral fundido

Esterco granulado misturado com fertilizante (à esquerda) e fertilizante organomineral fundido (à direita)
(Fonte: Organomineral Fertilizers and Their Application to Field Crops)

Composição dos fertilizantes organominerais

A Instrução Normativa  n.º 61, de 8 de julho de 2020, do Mapa (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento) estabelece as regras e outras especificações sobre fertilizantes orgânicos e dos biofertilizantes destinados à agricultura.

Os fertilizantes organominerais sólidos ou fluidos para aplicação via solo ou fertirrigação devem conter: 

  • carbono orgânico: mínimo de 8% (oito por cento) para produto sólido e 3% (três por cento) para o produto fluido;
  • umidade: máximo de 20% (vinte por cento) para produto sólido;
  • CTC: mínimo de 80 (oitenta) mmolc/kg para o produto sólido;
  • nitrogênio (N), fósforo (P2O5), potássio (K2O), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S) de no mínimo 1%, além de micronutrientes

Existe também uma classificação para estes fertilizantes, conforme a instrução normativa. Os fertilizantes organominerais devem ser classificados a partir das matérias-primas utilizadas na sua produção em:

  • Classe A: produto que utiliza matéria-prima gerada nas atividades extrativas, agropecuárias, industriais, agroindustriais e comerciais, isentas de despejos ou contaminantes sanitários; 
  • Classe B: produto que utiliza quaisquer quantidades de matérias-primas orgânicas geradas nas atividades urbanas, industriais e agroindustriais e apresenta o uso autorizado pelo Órgão Ambiental. 

A instrução normativa também indica algumas restrições quanto ao uso de fertilizante organomineral do tipo Classe A ou outros que possuam quantidade de resíduos de origem animal em áreas de pastagem.

Seu uso é permitido em pastagens e capineiras apenas quando incorporado ao solo. Em pastagens, o pastoreio só deverá ser permitido após 40 dias de incorporação do fertilizante no solo.

Vantagens do uso dos organominerais

  • incremento da matéria orgânica do solo
  • melhoria da agregação e estrutura do solo
  • aumento da atividade microbiana
  • elevação da CTC do solo
  • aumento da capacidade de retenção da água no solo
  • aumento da porosidade do solo 
  • redução da densidade do solo

Vale ressaltar que, por ser um produto rico em matéria orgânica, seu uso pode ser importante em solos arenosos. Isso porque a baixa capacidade de troca de cátions, característica desses solos, pode promover a lixiviação dos adubos convencionais utilizados. 

Desvantagens dos organominerais 

  • a disponibilidade de nutrientes é lenta 
  • podem ser necessárias altas doses de fertilizante aplicadas ao solo para suprir a demanda nutricional das recomendações
  • ciclagem de elementos como o fósforo ligado a fonte orgânica é lenta 
  • dependendo da fonte orgânica utilizada na produção, pode conter agentes contaminantes como metais pesados
bot diagnóstico de gestão agrícola Aegro

Perspectivas do uso de fertilizantes organominerais 

Algumas pesquisas realizadas mostram resultados positivos do uso desses fertilizantes. 

Na cana-de-açúcar foi comprovada a eficiência agronômica dessas fontes de forma mais pronunciada na cana planta. Após duas safras, o organomineral foi 7% mais lucrativo em relação ao fertilizante mineral. 

Além disso, observou-se uma maior disponibilidade de P residual usando fertilizante organomineral.

O uso de fertilizantes organominerais + inibidores da urease e nitrificação (OM+I)  aumentou o teor de Nitrogênio na camada de 0,05-0,10 m na sucessão trigo/milho e a produtividade total de grãos das duas culturas estudadas.

tabela da Embrapa - fertilizantes organominerais

(Fonte: Embrapa)

Mais pesquisas devem ser realizadas para um maior entendimento da dinâmica destes fertilizantes no solo e sua utilização em comparação aos fertilizantes convencionais.

Conclusão

Neste texto abordamos sobre os fertilizantes organominerais e como eles podem auxiliar no manejo mais sustentável da sua lavoura.

Você conheceu a regulamentação da composição dos organominerais e as perspectivas do seu uso.

É importante considerar o conhecimento sobre fertilidade do solo na tomada de decisão do manejo da adubação.

Espero que este texto tenha ajudado você a pensar um pouco sobre o uso de fontes de fertilizantes organominerais.

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Descubra qual o melhor adubo para sua lavoura

“Fertilização em excesso? Entenda os riscos da overfert e saiba como evitar que ela ocorra”

Você já utilizou fertilizantes organominerais em sua lavoura? Quais foram os resultados? Ajude outros produtores deixando sua experiência nos comentários!

Como cobalto e molibdênio na soja podem elevar sua produtividade

Cobalto e molibdênio na soja: entenda as suas funções e como eles podem aumentar a produtividade da lavoura.

A soja é uma cultura de grande importância para o agronegócio brasileiro. A estimativa da  Conab para produção do grão na safra 2020/21 é de 133,7 milhões de toneladas, confirmando o país como terceiro maior produtor mundial da oleaginosa.

Para se alcançar elevadas produtividades, é necessário um manejo nutricional adequado. Nutrientes como o molibdênio e o elemento benéfico cobalto e participam de diversas reações importantes na cultura da soja

Entenda como o cobalto e molibdênio podem elevar a produtividade da sua lavoura!

Funções do cobalto e molibdênio na soja

Os micronutrientes são considerados essenciais para o crescimento das plantas e são requeridos em menores quantidades em comparação com os macronutrientes. 

O molibdênio (Mo) é considerado micronutriente e o cobalto (Co), um elemento benéfico. 

O Mo participa da fixação biológica do nitrogênio (FBN), pois está presente na enzima nitrogenase. 

Já o Co é um elemento benéfico para o crescimento de microrganismos, como as bactérias simbióticas do gênero Rhizobium. Também é componente da cobalamina (vitamina B12), precursora da leghemoglobina, que está relacionada à atividade dos nódulos na cultura da soja

A deficiência do Co pode interferir no atraso ou redução do processo de nodulação da soja. 

A deficiência do Mo pode interferir no metabolismo do Nitrogênio (N) e na FBN. Os sintomas de deficiência na soja geralmente são similares aos do N, como é o caso da clorose. 

Disponibilidade dos micronutrientes no solo 

A prática da calagem de forma adequada pode auxiliar na correção da deficiência e disponibilidade dos micronutrientes no solo.

A calagem é o primeiro passo para a construção da fertilidade do solo e para o aumento da eficiência no uso dos fertilizantes

Para a manutenção e o aumento da produtividade da soja é necessário o uso de fertilizantes. Estima-se que estes representem cerca de 25% dos custos totais da lavoura de soja. 

gráfico de representatividade nos custos da lavoura em porcentagem: fertilizantes representam cerca de 75%

(Fonte: Aprosoja)

Dessa forma, a busca por eficiência no uso de recursos é cada vez mais importante para aumento da produtividade e redução dos custos. 

A disponibilidade dos micronutrientes é reduzida com o aumento do pH do solo. Com o molibdênio ocorre uma exceção, pois a biodisponibilidade do Mo aumenta com o aumento do pH do solo, além deste nutriente ser absorvido pelas plantas na forma de molibdato (MoO42-).

A acidez do solo, comum em solos tropicais altamente intemperizados, promove a deficiência do Mo

O cobalto é absorvido pelas plantas na forma de Co2+ e o aumento excessivo do pH do solo pode ocasionar deficiência, já que para este elemento benéfico ocorre um comportamento inverso na sua disponibilidade em comparação ao Mo

gráfico sobre disponibilidade dos nutrientes de acordo com o pH do solo

Disponibilidade dos nutrientes de acordo com o pH do solo
(Fonte: Ipni)

A calagem pode corrigir a deficiência do Mo se os teores deste nutriente no solo forem adequados. 

A deficiência do Mo ocorre com mais frequência em solos arenosos, pois o molibdato é um ânion que apresenta alta mobilidade no solo, sendo facilmente lixiviado. 

Fases de desenvolvimento da soja

A cultura da soja apresenta diferentes estádios fenológicos (vegetativos e reprodutivos). 

O processo de nodulação da soja varia conforme o crescimento e desenvolvimento em função das fases fenológicas

estádios fenológicos da soja - Cobalto e molibdênio na soja

(Fonte: Compass minerals)

Estudos mostram que os primeiros nódulos radiculares na soja começam a partir das infecções da raiz principal e suas ramificações primárias (estádios V1 e V2), sendo dependente de fatores como cultivar, estirpe de bactéria, ambiente e manejo. 

Nos estádios V4 e V5, a nodulação aumenta em intensidade e o incremento na nodulação atinge um pico durante a fase de florescimento em (R1 e R2)

Com o aumento da frutificação, a atividade fotossintética é aumentada e um novo pico é atingido em R5.1 e R5.2

Outro pico de nodulação e fixação biológica de nitrogênio (FBN) também pode ser constatado entre os estádios R5.1 e R5.3

imagem de raíz de soja com fixação biológica de nitrogênio.

(Fonte: Embrapa Soja)

Como aplicar os micronutrientes? 

Pesquisas de longo prazo realizadas com soja no Brasil recomendam uma dosagem de 12 a 25 g ha-1 de Mo e 2 a 3 g ha-1 de Co aplicados na mistura com o inoculante  (Bradyrhizobium) nas sementes de soja na semeadura ou via foliar na mesma dosagem, em até 15 dias após a semeadura. 

Entre as fontes destes elementos podemos citar para o Mo (molibdato de sódio e molibdato de amônio) e para o Co (sulfato de cobalto).  

Vale destacar novamente que, caso existam teores suficientes de Mo no solo, a correção do pH com a calagem também promoverá a disponibilidade deste nutriente para a soja.  

A recomendação é que o processo de inoculação deve ser realizado considerando cuidados como: 

  • plantio das sementes logo após a inoculação
  • quantidade e qualidade do inoculante 
  • boas condições de umidade do solo

A aplicação de Mo via foliar, antes do início da floração e na mesma concentração recomendada para as sementes é uma alternativa para o manejo nutricional da soja. 

Para o Co, a aplicação via foliar pode apresentar menor eficiência em comparação ao Mo, devido à baixa translocação na planta

Uma pesquisa mostrou que a aplicação de Mo e Co via sementes e/ou adubação foliar no estádio V4 promoveu incrementos significativos no rendimento da cultura da soja

Conclusão

Nesse texto você conferiu alguns aspectos sobre o micronutriente molibdênio e o elemento benéfico cobalto.

Você viu como eles podem interferir na fixação biológica de nitrogênio e processos de nodulação

É importante conhecer as fases fenológicas da cultura da soja para tomada de decisão sobre práticas adequadas de fertilização.

Espero que este texto tenha ajudado você a pensar um pouco sobre a importância do cobalto e molibdênio na cultura da soja!

Qual é sua maior dificuldade no cultivo da soja para altas produtividades? Restou alguma dúvida sobre o cobalto e o molibdênio na soja? Adoraria ler seu comentário!

Guia rápido da adubação nitrogenada para altas produtividades

Adubação nitrogenada: confira as recomendações para potencializar a produção da sua lavoura de milho, arroz, feijão e trigo.

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O nitrogênio é um dos nutrientes mais demandados para o desenvolvimento das plantas.

E, com índices de produtividades cada vez mais altos, estratégias de manejo que permitam explorar o total potencial das plantas são sempre bem-vindas! Neste cenário, podemos destacar a adubação nitrogenada.

A seguir, explicarei melhor a importância dessa adubação e algumas estratégias que auxiliam no sucesso produtivos de algumas culturas. 

Importância da adubação nitrogenada nas culturas

O pleno desenvolvimento vegetal é pautado na disponibilidade de todos os nutrientes tratados como essenciais. 

Dentro desse grupo podemos destacar o nitrogênio (N), elemento essencial e ainda caracterizado como macronutriente. Isto é, um nutriente requerido pelas plantas em maior quantidade

Essa maior demanda é justificado pelo fato do N ser utilizado para a síntese de proteínas e outros compostos orgânicos.

Sua baixa disposição pode acarretar diminuição drástica da produção, pois limita o crescimento vegetal, reduz a expansão e divisão celular, além de comprometer a área foliar e diminuir a taxa fotossintética. 

Desta forma, os fertilizantes nitrogenados têm sido usados para o suprimento adequado desse nutriente, sustentando os altos índices de produtividade. 

Demanda da adubação nitrogenada nas culturas 

Devido ao uso intensivo dos solos, é preciso fazer a reposição dos nutrientes, incluindo o N. 

A seguir mostro a adubação nitrogenada das culturas do milho, arroz, feijão e trigo

Adubação nitrogenada do milho 

O milho, uma gramínea, pode apresentar variação quanto à absorção de N devido à quantidade de raízes, condições ambientais e, logicamente, a seu estágio fenológico. 

O manejo do nitrogênio para a produção de grãos de milho deve ser feito considerando aspectos como:

Em geral, a absorção de N nessa gramínea é mais acentuada no começo do crescimento vegetativo, chegando ao maior valor no início da fase reprodutiva, decaindo em seguida. 

A dosagem depende de muitos fatores como: estado de fertilidade do solo, cultivar utilizada, expectativa de produção e condições climáticas, dentre outras. 

tabela com expectativa de produtividade do milho de acordo com os nutrientes - adubação nitrogenada
(Fonte: Pionner Sementes)

A adubação nitrogenada para milho é recomendada tanto na semeadura como na cobertura.

Na semeadura, é recomendável utilizar até 30 kg/ha de nitrogênio. Estudos relatam que dosagens superiores a isso podem apresentar efeito tóxico para as plantas devido ao nitrato. 

Quanto à aplicação na cobertura, como já dito, deve ser aplicado no momento de maior absorção desse nutriente. Dependendo da dosagem, pode-se aplicar em dose única quando as plantas encontram-se em V3 e V4

Porém, se há uma expectativa de produção alta e é preciso fazer uma alta reposição de N, é aconselhável fazer o parcelamento com objetivo de reduzir as perdas e aumentar a eficiência na utilização dos fertilizantes

A época recomenda para a aplicação da segunda cobertura gira em torno de V7 e V8, fase essa que as plantas ainda estão exigindo e absorvendo bastante N. 

Adubação nitrogenada do arroz

A adubação nitrogenada no arroz requer alguns cuidados, pois sua falta pode acarretar redução direta na produtividade por afetar o desenvolvimento vegetal

O excesso de N também é prejudicial nessa cultura, pois causa problemas de acamamento e esterilidade das espiguetas, além de favorecer o aparecimento de doenças

Segundo o  Irga (Instituto Rio Grandense do Arroz), é recomendável a aplicação de 10 kg/ha a 20 kg/ha de N no momento do plantio. 

Já na adubação nitrogenada de cobertura, recomenda-se que o restante da dosagem seja parcelada, sendo ⅔ quando a planta estiver com três a quatro folhas e ⅓ com oito a nove folhas expandidas.

ilustração de aplicação de nitrogênio no arroz
(Fonte: Unifértil)

Adubação nitrogenada do feijão

O feijoeiro é considerado uma planta exigente em nutrientes em função do ciclo curto e do pequeno e pouco profundo sistema radicular.

A absorção de nitrogênio ocorre praticamente durante todo o ciclo da cultura, mas a época de maior exigência e absorção ocorre dos 35 aos 50 dias após a emergência (DAE) da planta (florescimento). Neste período, relata-se que a planta absorve de 2 kg a 2,5 kg N/ha por dia.

No feijoeiro é comum ocorrer a associação simbiótica, porém a quantidade de N fixado só é considerável a partir de 35 DAE, requerendo um suprimento antecipado de N visto que as plantas irão demandar antes deste período. 

Desta maneira, depois de analisar os parâmetros de solo, de cultivar, de condições climáticas, da extração/exportação, da expectativa de produção da lavoura, tem-se a dosagem. 

É recomendável a aplicação de ⅓ da dose no sulco de plantio. O restante (⅔) deve ser aplicado até os 20 dias de emergência. 

Em solos arenosos, pode-se parcelar essa dose da cobertura em até duas vezes, aplicando a primeira até os 20 DAE e o restante até uns 35 dias.

Adubação nitrogenada do trigo

No trigo, a maior parte da absorção do nitrogênio acontece entre as fases de alongamento do caule e de espigamento, chegando ao máximo na antese. 

A dose de adubo a aplicar na planta de trigo varia de 60 kg a 120 kg/ha de N em função do teor de matéria orgânica do solo, cultura anterior, condições climáticas e expectativa de produção.

É bastante usual aplicar de 15 kg a 20 kg/ha de N na semeadura, com o intuito de estimular o vigor inicial. 

O restante deve ser aplicado nos estádios de perfilhamento e alongação do colmo da cultura 

A aplicação nessa fase é crucial por ser o momento em que a planta de trigo está definindo os componentes de produção como, por exemplo, o número de espiguetas por espiga e número de afilhos. 

Inoculação da soja supre a demanda da planta?

De acordo com estudo da Embrapa, a adubação nitrogenada da soja é desnecessária, seja na semeadura como em qualquer fase do desenvolvimento.

A inoculação bem feita garante o suprimento da demanda de N da planta de soja. 

As bactérias Bradyrhizobium que são utilizadas para a produção dos inoculantes conseguem captar o N atmosférico e deixá-lo de uma forma assimilável para as plantas. 

No caso dessas bactérias, é possível notar a sua presença por meio da formação de nódulos nos sistema radicular das plantas. 

Ainda segundo a Embrapa, o inoculante pode aportar mais de 300 quilos de nitrogênio por hectare (kg de N/ha) para a soja, com um custo até 95% menor em comparação ao fertilizante nitrogenado.

Existe inoculante em outras culturas?

Sim, o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) permite a utilização de bactérias Azospirillum brasiliense para a formulação de inoculantes para milho e trigo (gramíneas). 

O nitrogênio por elas fixado ocorre em menor quantidade que o fixado pelas bactérias do gênero Bradyrizobuim. Assim, não são capazes de fixar grande quantidade do nutriente requerido para o alcance de elevadas produtividades.

Portanto, nesse caso, faz-se a inoculação com o objetivo de reduzir os gastos com fertilizantes nitrogenados, mas não dispensa sua utilização. 

planilha para adubação de milho

Conclusão 

O nitrogênio assume papel fundamental quando estamos nos referindo à produtividade de diversas culturas, principalmente por ser bastante requerido para o desenvolvimento vegetal. 

Por isso, a adubação nitrogenada deve ser planejada de acordo com as peculiaridades da fazenda, sempre buscando a maior eficiência dos recursos. 

Vimos que a inoculação com microrganismos fixadores de N é uma boa estratégia, garantindo maior rentabilidade devido à redução dos gastos com adubos nitrogenados. 

>> Leia mais:

“Por que a adubação com silício pode ser sua aliada na produtividade”

Como você planeja sua adubação nitrogenada? Vem tendo resultados produtivos? Deixe seu comentário!

Guia prático da adubação para algodão

Adubação para algodão: exigências nutricionais da planta, épocas favoráveis e recomendações para alcançar mais produtividade na lavoura!

Nos últimos 15 anos, a produção de algodão no Brasil saltou de 1 milhão de toneladas de plumas para quase 3 milhões na safra 2019/20.

O avanço da cotonicultura se deve a fatores como melhoramento genético e manejo das lavouras. E uma das principais partes do manejo é a adubação da cultura. 

Os cultivares de alto potencial produtivo apresentam grande sensibilidade ao estresse ambiental e a adubação correta auxilia a planta na hora de passar por condições desfavoráveis.

Então, veja a seguir as exigências nutricionais do algodoeiro, correções de solo e como fazer o manejo da adubação para o algodão!

Exigências nutricionais do algodão

A planta de algodão apresenta crescimento inicial lento, aumentando consideravelmente o acúmulo de nutrientes a partir dos 25 dias após o plantio. O pico ocorre entre as fases de primeiro botão e primeira flor.

Durante a fase de florescimento máximo, cerca de ⅓  do potássio é absorvido em um período de 14 dias. Isso nos mostra como um possível déficit de nutrientes nas épocas-chave podem afetar muito a produtividade.

De modo geral, cerca de 60% dos nutrientes são absorvidos entre o início do florescimento e a formação dos capulhos.

gráfico que demonstra acúmulo de matéria seca (A) e de nutrientes (B) pelo algodoeiro

Acúmulo de matéria seca (A) e de nutrientes (B) pelo algodoeiro
(Fonte: Embrapa, 2006)

As classes de interpretação de fósforo e potássio no solo dependem muito do teor de argila e da CTC do solo. 

De maneira geral, o teor ideal de fósforo está entre 15 e 20 mg/dm3 (para solos argilosos e arenosos respectivamente)

Já os teores ideais de potássio estão entre 30 e 50 mg/dm3 para solos com CTC menor e maior que 4 cmolc/dm3 respectivamente.

O algodoeiro é uma planta com pouco crescimento radicular, já que devido a seu complexo ciclo de desenvolvimento, apresenta um curto período vegetativo (40-45 dias), que é o principal momento de crescimento das raízes.

Durante o período vegetativo, as raízes têm menos competição com os drenos da parte aérea da planta. Mas, com o início da fase reprodutiva, as flores e frutos constituem drenos mais fortes para os fotoassimilados das folhas, diminuindo a taxa de crescimento das raízes.

Correção do solo

Um dos principais fatores relacionados à baixa produtividade de algodão é a acidez do solo, principalmente em função da sensibilidade da planta ao alumínio e pelo sistema radicular limitado.

Dessa forma, a correção do pH do solo utilizando a calagem e a neutralização do alumínio presente na CTC por meio da gessagem são duas técnicas fundamentais para garantir uma alta produtividade na lavoura de algodão.

A principal fórmula utilizada para o cálculo da necessidade de calagem (NC) é o da saturação por bases:

NC (t/ha) = (V2 -V1) x CTC/100 x f , sendo:

  • CTC (cmolc/dm3) = capacidade de troca de cátions do solo a pH 7,0 (SB + H++Al3+, em cmolc/dm3)
  • V2 = porcentagem de saturação por bases recomendada para a cultura (60% para o algodoeiro)
  • V1 = porcentagem de saturação por bases atual do solo, calculada pela fórmula: (SB/CTC) x 100
  • SB = soma de bases trocáveis (Ca2+ + Mg2+ + K+, em cmolc/dm3)
  • f = fator de correção do PRNT do calcário, f = 100/PRNT
  • PRNT = Poder Residual de Neutralização Total do calcário

Como a planta de algodão é exigente em magnésio, o recomendado é utilizar o calcário dolomítico ou magnesiano quando o teor de Mg no solo for menor que 1 cmolc/dm3.

Lembrando sempre que, para que ocorra a neutralização da acidez do solo por parte do calcário, é necessário que chova para que a água inicie a reação no solo.

Com isso em mente, é recomendado que se realize a calagem com um período de aproximadamente 30 dias antes da semeadura.

Critérios para gessagem

No caso do gesso, quando nas camadas de 20 cm a 40 cm ou 40 cm a 60 cm ocorrerem as situações abaixo, é recomendada a gessagem:

  • Cálcio inferior a 0,5 cmolc dm-3.
  • Alumínio superior a 0,5 cmolcdm-3.
  • Saturação por Al (m) superior a 30%.

A fórmula para aplicação de gesso mais simples é a multiplicação da porcentagem de argila do solo por 50. 

Por exemplo: em um solo com 50% de argila, aplicar no máximo 2.500 kg/ha de gesso.

Épocas de adubação do algodão

A adubação do algodoeiro pode ser realizada em 3 épocas, sendo elas pré-plantio, plantio e cobertura.

A adubação pré-plantio facilita o manejo da cultura, já que aumenta o rendimento da operação de semeadura, sendo comumente usada para o fósforo.

Para nitrogênio e potássio, pode-se realizar os 3 tipos de adubação. O mais seguro é a utilização da adubação de plantio mais o parcelamento da cobertura.

gráfico da produtividade de algodão em caroço em função de doses e época de aplicação de potássio, em solo com 500g/kg de argila e 63 mg/dm3 de K. Santa Helena de Goiás, safra 2003/2004.

Produtividade de algodão em caroço em função de doses e época de aplicação de potássio, em solo com 500g/kg de argila e 63 mg/dm3 de K. Santa Helena de Goiás, safra 2003/2004.
(Fonte: Embrapa, 2005)

Gráfico com produtividade de algodão em caroço em função de doses e épocas de aplicação de nitrogênio no sistema de integração lavoura-pecuária, em Montividiu, GO, safra 2002/2003.

Produtividade de algodão em caroço em função de doses e épocas de aplicação de nitrogênio no sistema de integração lavoura-pecuária, em Montividiu, GO, safra 2002/2003.
(Fonte: Embrapa, 2005)

É interessante notar que, em ambos os casos de adubação pré-plantio (nitrogênio e potássio), a qualidade do solo conta muito para a eficácia desse manejo.

Solos que necessitam corrigir teores de nutrientes e acidez podem responder de modo negativo a uma adubação pré-plantio.

Recomendações de adubação para algodão

As recomendações de adubação devem ser feitas levando em conta a condição do solo, ou seja, os teores atuais de nutrientes e a exportação de nutrientes do algodoeiro.

A adubação para elevar os teores de nutrientes do solo + a exportação é a chamada adubação de correção, que visa corrigir a fertilidade no perfil do solo.

A recomendação que leva em conta apenas a exportação dos nutrientes chamamos de adubação de manutenção, já que irá apenas suprir as demandas da planta.

Embora a adubação de manutenção pareça a opção mais lógica à primeira vista, ela nem sempre irá suprir toda a demanda da planta se os teores de nutrientes no solo estiverem abaixo do indicado.

Para as recomendações e cálculos de adubação do algodoeiro, usaremos adubação de manutenção, com base na exportação média de nutrientes por tonelada de produção.

tabela com exportação média de nutrientes para produção de uma tonelada e simulação para uma produção de 4.500 kg/ha de algodão em caroço (300 arrobas)

Exportação média de nutrientes para produção de uma tonelada e simulação para uma produção de 4.500 kg/ha de algodão em caroço (300 arrobas)
(Fonte: Embrapa, 2014)

Desse modo, uma produtividade média de 300 arrobas de algodão (4,5 toneladas/ha) irá demandar 54 kg de P2O5/ha que, convertido em supersimples (que apresenta 18% de P2O5), serão necessários 300 kg/ha do adubo.

No caso do nitrogênio, serão necessários 153 kg/ha de N – ou 340 kg/ha de ureia (que tem 45% de N).

Lembrando sempre que, no caso de adubação no sulco de plantio, o importante é se atentar à dose máxima de 50 kg de cloreto de potássio e de nitrogênio. Isso evita que ocorram queimaduras nas plântulas por conta da salinidade.

planilha de produtividade do algodão Aegro

Conclusão

A adubação é um dos manejos mais importantes de uma lavoura. Decidir o quanto, como e quando utilizar é essencial para acertar nessa etapa.

Devemos sempre nos atentar à fertilidade do solo, tentando manter os níveis de nutrientes adequados para a cultura.

Um manejo correto, no tempo certo, ajuda a planta a alcançar todo seu potencial produtivo. Para isso, devemos sempre estar atentos aos sinais das plantas e do ambiente, já que como dizem: o olho do dono é que engorda o boi.

>>Leia mais:

“Logística da pluma do algodão: o que impacta o escoamento da produção?”

Como você faz o manejo de adubação para algodão na sua lavoura? Restou alguma dúvida? Deixe seu comentário!

Como ter mais eficiência na adubação com ureia agrícola

Ureia agrícola: qual a situação ótima para sua aplicação e estratégias para evitar perdas em sua lavoura

A ureia é um dos fertilizantes mais importantes para a produção agrícola, por ter alto teor de nitrogênio e custo relativamente baixo.

Mas esse adubo requer cuidado quanto à utilização e manejo, pois é propenso a variáveis que podem acarretar grandes perdas. 

Confira neste artigo as estratégias para maximizar a eficiência na utilização da ureia agrícola em sua lavoura!

O que é a ureia agrícola?

A ureia CO(NH2)2 é um fertilizante sólido granulado tida como principal e mais eficaz fonte de nitrogênio (N) para adubação no Brasil. Apresenta-se na forma de grãos e contém concentração de 44% a 46% de nitrogênio.

Esse fertilizante apresenta como vantagem a alta concentração de N aliada a baixo custo de produção e transporte, além da facilidade de aplicação. Tem alta solubilidade e facilidade de mistura com outras fontes de fertilizantes. 

Mas, por outro lado, existe facilidade de perdas devido à sua elevada higroscopicidade (tendência de absorver umidade do ar atmosférico) e maior suscetibilidade à volatilização

Vou explicar melhor tudo isso a seguir!

Como evitar perdas de ureia durante a aplicação na lavoura

Como a ureia agrícola apresenta limitações quanto ao uso, algumas estratégias devem ser adotadas para diminuir as perdas de nitrogênio para a atmosfera, que podem ultrapassar a marca de 50%. 

A situação ótima para a aplicação da ureia agrícola na lavoura ocorre antes da chuva e/ou irrigação, ou seja, em local seco e somente depois expor a ureia à umidade

Se a ureia for aplicada sob condições de solo úmido (após chuva) e não chover em seguida, é bem provável que ela se transforme em amônia, um gás que acaba evaporando juntamente com os vapores de água

E o que ocorre quando a ureia entra em contato com as folhas molhadas?

Nesse caso, a ureia pode provocar queimaduras irreversíveis na planta devido à concentração do fertilizante.

Para maximizar a eficiência da ureia agrícola, é comum usar como estratégia o parcelamento do fertilizante, principalmente quando se trabalha com altas dosagens. Isso permite um certo “controle”, diminuindo as perdas por volatilização. 

O parcelamento da adubação nitrogenada normalmente é realizado quando ocorre condições de chuvas fortes ou muito calor e seca, casos em que a ureia pode se perder por lixiviação e volatilização.

Aplicação da ureia em milho

Na cultura do milho, recomenda-se que a aplicação seja feita quando a planta já está bem nutrida de N, o que ocorre em torno do V5. Isso porque é nessa fase que os componentes de rendimentos já foram definidos. 

Além desse componente de rendimento, a aplicação é feita nem V5 porque o milho tem crescimento acelerado de V7 até a fase de emissão de pendão, demandando altas taxas de nitrogênio.

Aplicação da ureia em feijão

O feijoeiro apresenta associação com bactérias fixadora de N, porém o que é fixado não é suficiente para o pleno desenvolvimento do feijoeiro. 

Além da quantidade provinda da FBN não suprir a demanda da planta, essa quantidade N fixado só passa a ser considerável a partir de 35 a 40 dias após a emergência (DAE), requerendo, desta maneira, adubação nitrogenada

Assim, é muito comum ocorrer a aplicação de fertilizantes nitrogenados, como é o caso da ureia. 

É recomendada a aplicação de ⅓ na semeadura e ⅔ 20 DAE. Esse N de cobertura pode ser parcelado quando ocorrem altas dosagens, podendo ser feito em 2 vezes. A primeira seria entre 15 e 20 dias e a segunda até 35 dias da emergência das plantas.

Aplicação da ureia em trigo

Sabemos que a dosagem de N aplicado é baseado na quantidade de matéria orgânica do solo na cultura precedente e na expectativa de rendimento de grãos. 

Em geral, na cultura do trigo, é recomendada a aplicação de 15 kg/ha a 20 Kg/ha de N na semeadura. 

Já na cobertura, o ideal é aplicar no início do afilhamento. Porém, quando as doses são mais elevadas, pode-se fracionar aplicando também no início do alongamento

ilustração do manejo do nitrogênio nas Fases do desenvolvimento do trigo

Fases do desenvolvimento do trigo
(Fonte: Mais Soja)

A aplicação tardia de N em cobertura, após a fase de emborrachamento, geralmente não afeta o rendimento de grãos, mas pode aumentar o teor de proteína do grão.

Aplicação da ureia em aveia 

Aveia para grãos 

Estudos trabalhando com dose de base e épocas de aplicação de cobertura relatam que as melhores produções de grão de aveia se deram quando na semeadura aplicou-se 30 kg/ha de N. 

Já na cobertura, os melhores resultados foram constatados quando a adubação nitrogenada (ureia) foi aplicada entre os 25 a 30 dias após a emergência. 

Aveia para forragem 

Já na aveia para forragem, em recomendações técnicas da Embrapa, indica-se aplicação de 20 Kg/ha de N no plantio. 

Na cobertura e após cada corte é aconselhável aplicação de 20 kg/ha de N em cobertura na fase de perfilhamento (20 a 25 DAE). 

Estratégias para reduzir perdas de N dos fertilizantes nitrogenados

Os adubos nitrogenados, como a ureia, podem apresentar grandes perdas. Assim, inúmeras pesquisas e produtos buscam aumentar a eficiência desses fertilizantes. Essas pesquisas trabalham com as seguintes classificações conforme a especificação:

Fertilizante de liberação lenta ou controlada 

Nessa situação, o elemento apresenta um atraso na disponibilidade inicial ou um prolongamento na disponibilidade devido a alguns mecanismos como:

  • controle na solubilidade em água do material por camadas semipermeáveis;
  • materiais proteicos; 
  • outras formas químicas (por reduzir a hidrólise de compostos solúveis em água de baixo peso molecular).

Fertilizante nitrogenado estabilizado 

Nessa classificação, diz-se que foi adicionado uma estabilidade de N no fertilizante, o qual é responsável por manter o N por mais tempo, seja na forma da ureia ou amoniacal.  

Inibidor da nitrificação

Os fertilizantes deste grupo são aqueles que foram acrescidos de uma substância que inibe a oxidação biológica (bactérias). 

Os fertilizantes com inibidores de reações químicas são divididos em dois grupos: os inibidores de nitrificação e os inibidores da urease

Esquema da  demanda da planta versus suprimento dos fertilizantes convencionais e dos de eficiência aumentada

Esquema da  demanda da planta versus suprimento dos fertilizantes convencionais e dos de eficiência aumentada
(Fonte: Embrapa Solos)

Tecnologias que podem aumentar a eficácia da ureia

A ureia pode sofrer altas taxas de volatilização sob condições de:

  • pH acima de 7,0;
  • temperatura elevada;
  • altas doses podem acarretar maiores perdas;
  • aplicação em solos compactados e com acúmulo de água também podem incrementar esses valores de perda.

Dessa forma, alguns mecanismos têm sido trabalhados para melhorar a eficiência desse fertilizante. A seguir, elenco as principais:

Ureia de liberação controlada

A ureia de liberação controlada com grânulos revestidos tem a proposta de aumentar a eficiência de uso pelo fornecimento gradual do nitrogênio de acordo com a necessidade da planta. Além disso, visa reduzir perdas por volatilização.

Os materiais mais comuns no revestimento são: formaldeído (baixa solubilidade), fonte inorgânica (enxofre) e polímeros sintéticos.  

imagem com quatro fotos de ureia agrícola revestida com enxofre

Imagem de ureia revestida com enxofre
(Fonte: Embrapa Solos)

Esquema das camadas de revestimento

Esquema das camadas de revestimento
(Fonte: Unesp)

Ureia com inibidores de reação química

Os fertilizantes com inibidores de nitrificação atuam diminuindo a ação das bactérias que transformam o N-amoniacal em N-nítrico. 

Mas por que manter o N amoniacal? Essa forma do nitrogênio é a mais assimilável pelas plantas e menos propensa a perdas por lixiviação.  

Ureia com inibidores da urease apresenta a hidrólise mais tardia, ou seja, fica por mais tempo na forma de ureia, reduzindo as perdas. Isso ocorre mesmo sob casos de aplicação superficial na presença de resíduos vegetais e solo úmido, situações comuns no sistema de plantio direto

planilha-adubacao-milho

Conclusão 

A ureia agrícola é um dos adubos de maior importância no cenário produtivo, tendo em vista seus altos teores de N e custo-benefício compensatório. 

Mas esse fertilizante requer cuidado quanto à utilização e manejo, pois é propenso a variáveis que podem acarretar grandes perdas. 

Hoje no mercado há tecnologias que tentam aumentar sua eficiência, porém, isso ainda requer mais estudos e acessibilidade

Mesmo com as grandes perdas que a ureia agrícola pode apresentar, se bem planejado, seu uso assegura ganhos produtivos. 

>> Leia mais:

Superfosfato triplo e simples: solubilidade, formas e diferenças

Fertilizantes NPK: como obter alta eficiência das fórmulas comerciais

Como você trabalha com a ureia agrícola em sua propriedade? Já utiliza ureias de alta eficiência? Conte sua experiência nos comentários!

Manejos pré-plantio: o que você precisa para começar bem a próxima safra

Pré-plantio: confira as dicas de planejamento, adubação, correção e preparo do solo para as principais culturas agrícolas.

A safra atual está quase no fim e as expectativas para a próxima (2020/21) são grandes. As áreas para cultivo de soja e milho têm previsão de aumento de 2,5% e 1,8%, respectivamente.

Para muitos especialistas, o cenário é favorável e o Brasil poderá inclusive superar a produção da atual temporada.

Mas, antes de chegar à produção final, muito tem de ser feito! E tudo isso começa no pré-plantio!

Você conhece os principais manejos e cuidados que devem ser tomados nessa fase de preparação para a próxima safra? Confira a seguir! 

Principais atividades do pré-plantio

Os manejos pré-plantio diferem de cultura para cultura. Cada uma delas apresenta particularidades.

Nem todos os manejos feitos no pré-plantio da soja ou feijão serão realizados para o pré-plantio do milho ou algodão.

Entretanto, muitas das atividades que devem ser realizadas no pré-plantio são comuns a diversas culturas agrícolas.

Algumas delas são feitas diretamente no campo enquanto outras são feitas ainda no escritório, durante o planejamento agrícola.

Planejamento da safra

O planejamento da safra é o momento para fazer um bom levantamento da capacidade operacional e de ativos da propriedade.

Com base no levantamento, pode-se identificar se há necessidade de alterações ou ajustes nos planos.

Caracterização das condições químicas, físicas e biológicas do solo devem estar em mãos ou já em análise, para que possam ser planejadas as correções necessárias.

Essa caracterização será necessária para a correção do pH do solo e como base para os cálculos de necessidade e parcelamento da adubação.

Feito isso, é possível traçar um plano de ação e, dessa forma, executar todas as operações desejadas sem grandes problemas.

Adubos verdes e culturas de cobertura

Os adubos verdes têm como função principal ciclar e fornecer nutrientes para o solo ao mesmo tempo que atuam trazendo benefícios às características físicas do solo.

Muitas das espécies utilizadas como adubos verdes podem também ser utilizadas como culturas de cobertura, ou seja, para produção de palhada.

foto de exemplo de área com adubo verde e outra sem - pré-plantio

Exemplo de área com adubo verde e outra sem

Além da biomassa que produzem, muitos adubos verdes, principalmente as leguminosas, podem auxiliar na redução do uso de fertilizantes nitrogenados.

Existem diversos outros benefícios do uso de adubos verdes. Algumas espécies, como a crotalária, atua no controle de nematoides no pré-plantio da cultura agrícola.

O uso e a escolha do adubo verde dependerá do sistema de produção trabalhado e das atividades que você verá a seguir.

Adubação, correção e preparo do solo no pré-plantio

Essas três atividades, adubação, correção e preparo do solo estão intimamente relacionadas e dependem muito uma das outras. Portanto, requerem atenção redobrada!

Preparo do solo

O preparo do solo é um manejo que deve vir alinhado às demais atividades que se planeja realizar.

Os diferentes sistemas de produção, convencional, reduzido ou o plantio direto, demandam mais ou menos operações e interferem na forma como devem ser realizadas as demais atividades.

Isso deve ser levado em consideração para não perder o cronograma de atividades no pré-plantio nem errar na realização delas. 

Atenção para as boas práticas agrícolas de modo a evitar a compactação dos solos ou ainda uso excessivo de corretivos e fertilizantes.

Correção e adubação

A correção dos solos no pré-plantio depende muito dos solos que será trabalhado e, muitas vezes, pode exigir parcelamento. Isso deve ser levado em consideração no cronograma.

A adubação no pré-plantio é a primeira etapa do cronograma de adubação elaborado com base nos resultados da análise de solo.

Diferentes culturas apresentam diferentes necessidades: esse ponto é o que mais diverge nos manejos.

Aqui no Blog do Aegro nós já falamos sobre adubação específicas para citros, café, feijão, milho e soja

Dessecação pré-plantio

A dessecação pré-plantio, ou dessecação antecipada, é uma prática recomendada para eliminar toda a vegetação existente em uma área antes da semeadura da cultura.

Isso inclui plantas daninhas e restos de culturas antecessoras.

foto de Dessecação da área pelo menos 30 dias antes do plantio do cultivo agrícola - pré-plantio

Dessecação da área pelo menos 30 dias antes do plantio do cultivo agrícola
(Fonte: Dekalb)

A dessecação pode vir associada com o período de vazio sanitário, quando necessário, e deve ser realizada pelo menos 30 dias antes do plantio.

Seus objetivos são facilitar o plantio, permitir o desenvolvimento inicial das plantas, facilitar o controle de plantas daninhas e, é claro, aumentar a produtividade!

Vazio sanitário

O vazio sanitário é um período de ausência de plantas nas áreas, sejam ela cultivadas ou voluntárias (daninhas).

Portanto, nesse período pré-plantio, principalmente da soja, feijão e algodão, todas as espécies vegetais devem ser retiradas das áreas que serão cultivadas.

A duração desse período de vazio sanitário pré-plantio pode variar de 30 até 90 dias, de acordo com a localização dos plantios.

Tabela com Período de vazio sanitário nos diferentes estado e regiões brasileiras

Período de vazio sanitário nos diferentes estado e regiões brasileiras
(Fonte: Embrapa)

E você pode se perguntar: “Mas pra que eu preciso seguir o vazio sanitário?”

A aplicação desta técnica no pré-plantio visa minimizar a disseminação de pragas e doenças em restos culturais de uma safra para a outra.

Além disso, por ser regulamentado pelo Estado, produtores que descumprirem essa norma estão sujeitos a punições e multas.

De olho no clima

O clima é sempre o fator que mais preocupa, afinal, é muito difícil de prevê-lo, mesmo com os excelentes centros de pesquisa.

O excesso de chuva, ou ainda a falta dela, pode prejudicar e muito as lavouras, sendo fator determinante para o início das atividades, principalmente no pré-plantio.

Por esse motivo, é essencial acompanhar de perto as previsões meteorológicas.

El Niño, La Niña ou neutralidade

Tão importante quanto as previsões de curto prazo é o acompanhamento do fenômeno conhecido como ENOS, que pode se configurar como El Niño, La Niña ou neutralidade.

As perspectivas mais recentes para a primavera/verão de 2020 é de prevalecimento de La Niña seguido de neutralidade.

Projeções de probabilidade de ocorrência de El Niño, La Niña ou neutralidade

Projeções de probabilidade de ocorrência de El Niño, La Niña ou neutralidade
(Fonte: Notícias Agrícolas)

Isso significa que, para a região Sul, há maior possibilidade de escassez de chuvas, enquanto para o Nordeste, as chuvas devem vir em volume pouco acima do esperado.

As regiões Sudeste e Centro-Oeste entram na chamada “zona de transição” que é pouco afetada pelas mudanças trazidas por esse fenômeno.

Previsões do tempo

Você deve estar sempre atento também a mudanças abruptas e pode acompanhar tudo isso pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

É preciso estar de olho nas variações climáticas que podem ser adversas, como possibilidade de seca prolongada, tempestades, geadas, etc. 

Você pode planejar corretamente seus manejos no pré-plantio acompanhando as previsões para a sua região aqui.

checklist planejamento agrícola Aegro

Conclusão

Os cultivo agrícolas apresentam particularidades e semelhanças e, muitas vezes, parte das atividades realizadas no pré-plantio destas são similares.

Entretanto, os períodos de realização das atividades podem variar para cada região, como no caso do vazio sanitário da soja.

Estar atento às condições climáticas da região para a próxima safra é essencial para um melhor planejamento das atividades do pré-plantio.

Para todas as atividades propostas é bom estar sempre atento às boas práticas agrícolas, evitando o desperdício de recursos, protegendo o ambiente e as pessoas!

Quais dessas ou outras atividades você realiza no pré-plantio em sua região? Conta pra gente nos comentários!

Enxofre para as plantas: função, adubação e outras recomendações de manejo

Enxofre para as plantas: função do nutriente, formas de absorção e exigências na cultura do milho e da soja

O enxofre é fundamental para a planta, pois é um macronutriente com papel estrutural em diversas moléculas – a exemplo do grupo dos aminoácidos, como metionina e cistina, necessárias para a formação de proteínas.

E, apesar da maior reserva do enxofre estar no solo como S-orgânico, adições desse elemento vêm demonstrando incrementos em produtividade, principalmente em solos arenosos e pobres em matéria orgânica. 

Veja como fazer o manejo do enxofre na sua lavoura e as principais recomendações a seguir!

Importância e função do enxofre para as plantas

O enxofre (S) é um dos nutrientes mais requeridos pelas plantas, fundamental em processos metabólicos e na produção de proteínas, o que influencia o desenvolvimento e enchimento dos grãos, por exemplo. Também está vinculado a processos metabólicos da fotossíntese, presente em coenzimas como a ferredoxina, e associado à fixação de nitrogênio.

Além dessas funções, o S também manifesta importância quanto às funções fungistáticas, acaricidas e inseticidas

O enxofre, assim como o cálcio e o magnésio, é conhecido como um macronutriente secundário, e precisa estar disponível à planta durante todo seu ciclo. Na maioria das culturas, a necessidade de enxofre gira em torno de 10 kg a 30 kg/ha. 

Mas existe diferença da necessidade entre leguminosas e gramíneas. Normalmente, as leguminosas são mais exigentes quando comparada às gramíneas. Isso se deve ao fato do teor de S em suas sementes ser maior.

Extração e exportação de S pelas culturas

Extração e exportação de S pelas culturas
(Fonte: Pauletti, 2004)

O solo fornece o enxofre para as plantas por meio da matéria orgânica – representando até 90% do total requerido pelas culturas agrícolas. Mas, para obter uma melhor produtividade, pode ser necessário incremento do S por meio da aplicação de fertilizantes

Esse nutriente é aplicado indiretamente, via alguns adubos como o superfosfato simples, sulfato de amônio e sulfato de potássio, por exemplo, e também através do gesso agrícola.

Na natureza, as rochas ígneas são a fonte primária de enxofre, normalmente como sulfato.

Absorção, transporte e redistribuição

As plantas absorvem o enxofre via sistema radicular, na forma de sulfato SO42+ , mas também de uma forma pouco eficiente pode ocorrer a absorção do SO2 atmosférico através dos estômatos foliares. 

Alguns ânions (como o cloreto e o selenato) podem atrapalhar o processo de absorção desse nutriente, tendo em visto que ocorre a inibição competitiva, acarretando menor eficiência quanto à absorção. 

O transporte deste nutriente é via xilema, seguindo das raízes para a parte aérea. O movimento inverso é muito pequeno, ou seja, sua redistribuição é bem reduzida. 

Por causa desse reduzido transporte via floema, a maioria da manifestação de carência de enxofre nas plantas ocorre em órgãos mais novos, como brotações e folhas mais novas.  

Tipo de solo e adsorção

Os solos argilosos, com altos teores de óxidos de ferro, apresentam grande capacidade de adsorção de SO4, o que diminui a sua movimentação no perfil do solo.

Já em solos arenosos e bastante intemperizados, a movimentação do SO4 é maior e, com isso, pode ser perdido por percolação, além de já ter menor reserva de S orgânico

Nota-se que as maiores respostas à aplicação de S são vistas em solos intemperizados, com baixo teores de matéria orgânica e baixo teor de argila.

Sintomas e problemas da deficiência de enxofre

Como o enxofre é pouco redistribuído nos tecidos vegetais, em caso de carência do elemento, os sintomas aparecem primeiro nas folhas mais novas, como uma clorose generalizada no limbo foliar.

Além dessa clorose, há o comprometimento da síntese de proteínas que requerem os aminoácidos cistina, cisteína e metionina. Também pode haver crescimento retardado e acúmulo de antocianina. 

A fixação biológica do N2 atmosférico também é bastante diminuída sob condições de deficiência de S, assim como a síntese de gorduras (óleos), que fica afetada nestas condições.

Por participar de uma série de reações e de um grande número de compostos, a carência de enxofre para as plantas provoca uma série muito grande de distúrbios metabólicos.

A deficiência de enxofre nas plantas não é comum, pois geralmente os solos possuem quantidade suficiente deste nutriente. Mas, devido à utilização intensiva dos solos, isso pode ser notado.

Fontes e opções de aplicação de enxofre para as plantas

O solo fornece de 60% a 90% do total de enxofre necessário para as plantas. Para ser aproveitado pelas plantas, o S-orgânico deve ser mineralizado, o que depende da relação C/S. 

Entretanto, sabe-se que a adição de enxofre nas plantas é feita normalmente de uma forma indireta, ou seja, via alguns adubos que o apresentam em sua constituição. 

Normalmente, os fertilizantes fosfatados estão na forma de sulfato e suas diversas combinações. 

O sulfato de amônio é uma boa opção para adição de enxofre para plantas, e também nitrogênio, sendo usado para adubação de cobertura, tendo em vista que o S contido está prontamente disponível e o N é pouco volatilizado.

O superfosfato simples apresenta como vantagem a presença de cálcio e enxofre, possibilitando a melhoria das condições subsuperficiais do solo. 

Outra fonte de S, o gesso também é uma alternativa, mas requer cautela quando usado, pois pode causar desequilíbrio de bases na camada de 0 cm a 20 cm. 

O S elementar apresenta alta concentração de enxofre, porém de uma forma ainda não disponível, dependendo da atuação de microrganismos. Mas, por seu custo ser relativamente baixo, desperta interesse a sua utilização. 

O sulfato de potássio é muito utilizado em culturas sensíveis ao cloro e que são exigentes quanto ao potássio. Também é bastante empregado em solos salinos, pois é um fertilizante com índice salino mais baixo

O sulfato de magnésio e potássio são muito utilizados em áreas com limitações quanto à chuva e/ou irrigação

Fontes de fertilizantes contendo enxofre

Fontes de fertilizantes contendo enxofre
(Fonte: Informações Agronômicas nº 129)

Exigência de enxofre em milho e soja

Adubação e manejo de enxofre para milho 

A extração de enxofre pela planta de milho é pequena: varia de 15kg a 30 kg/ha para produção de grãos em torno de 5 t/ha a 7 t/ha.

No milho, os sintomas de deficiência são amarelecimento do caule e das folhas mais novas, início nas bordas até a nervura central das folhas e as folhas mais velhas permanecem verdes.

Desta maneira, tem-se utilizado o enxofre no solo na forma de sulfato para prever respostas ao elemento. 

Assim, em solos com teores de enxofre inferiores a 10 ppm (extração com fosfato de cálcio), o milho apresenta grande probabilidade de resposta a esse nutriente. Neste caso, recomenda-se a aplicação de 30 kg de S por hectare

Para acompanhar a extração e exportação de nutrientes e obter mais produtividade na lavoura, baixe aqui a planilha gratuita de adubação do milho!

Adubação e manejo de enxofre para soja

A cultura da soja requer, em média, 10 kg de S para cada tonelada produzida.

O S é um nutriente fundamental para rendimentos maiores da soja por ser, principalmente, um elemento catalisador das principais reações que envolvem o fósforo nas transformações bioquímicas na cultura.

Plantas deficientes de S apresentam amarelo pálido nas folhas mais novas, tornando toda a planta na tonalidade amarela, além das folhas ficarem pequenas.

diferença de plantas com e sem enxofre

(Fonte: Pauletti e Sloboda)

Para conhecer os teores de enxofre na sua lavoura é importante fazer a análise de solo e, em seguida, o ajuste à quantidade produzida, como mostra a tabela a seguir: 

Indicação de adubação de correção e de manutenção com enxofre (S)

Indicação de adubação de correção e de manutenção com enxofre (S), conforme as faixas de teores de S no solo (mg dm-3), a duas profundidades no perfil do solo, para a cultura da Soja no Brasil. 2ª aproximação
(Fonte: Embrapa)

banner para baixar a planilha de cálculo de fertilizantes para milho e soja

Conclusão 

O enxofre é essencial ao desenvolvimento vegetal e está intimamente ligado à matéria orgânica do solo. 

Neste artigo, falamos sobre sua forma de absorção (SO42-) e elencamos algumas fontes desse nutriente para a lavoura.

O fornecimento em doses adequadas depende da cultura e de uma análise de solo.  

Com essas informações, espero que você consiga melhores resultados na produtividade da sua lavoura!

Leia mais:

Descubra qual o melhor adubo para a sua lavoura

9 micronutrientes das plantas: como e quando utilizá-los

Como ter mais eficiência na adubação com ureia agrícola

Como você tem manejado o enxofre para as plantas em sua lavoura? Já notou efeitos positivos em produtividade? Conte pra gente nos comentários!

Superfosfato triplo: o que é e como tirar o máximo proveito desse fertilizante fosfatado

Superfosfato triplo: saiba mais sobre a utilização, eficiência agronômica e aplicação deste e de outros fertilizantes fosfatados.

Os solos brasileiros são reconhecidos como pobres em fósforo (P), elemento que com mais frequência limita a produção agrícola. 

Atualmente, os superfosfatos simples e superfosfatos triplos correspondem a 90% ou mais de todo P2O5 utilizado na agricultura brasileira. 

O superfosfato triplo é um fertilizante fosfatado de origem mineral que pode solucionar esse problema. Conhecer detalhes desse insumo é essencial para não errar na adubação.

A seguir, veja como o superfosfato triplo funciona, como tirar o máximo de proveito dele na sua lavoura e muito mais!

Fósforo nas plantas 

O fósforo nas plantas é essencial. Isso principalmente na fase de estabelecimento das lavouras. Ele é fundamental em vários processos fisiológicos das plantas, como a respiração e a fotossíntese. 

Além disso, ele aumenta a resistência das plantas às doenças e melhora a utilização da água. Plantas deficientes em fósforo apresentam crescimento lento. O desenvolvimento da parte aérea e do sistema radicular é prejudicado. 

Os sintomas de deficiência de fósforo aparecem nas folhas mais velhas. Elas adquirem coloração arroxeada. Quando os sintomas visuais aparecem, a deficiência nas plantas já é crítica.
O fornecimento tardio de adubos fosfatados não terá efeito sob a lavoura. Disponibilizar o fósforo na dosagem e no momento certo é fundamental para garantir qualidade e alcançar altas produtividades.

Quais são as limitações do superfosfato triplo?

O superfosfato triplo é um dos adubos fonte de fósforo mais utilizados na agricultura. Apesar disso, esse insumo apresenta algumas limitações quanto a sua utilização.

Primeiramente, é preciso se atentar à compatibilidade entre os insumos utilizados na correção e fertilização do solo.

Conhecer a compatibilidade desses produtos é de extrema importância para garantir a eficiência do processo de adubação.

Abaixo você pode conferir a compatibilidade entre os corretivos da acidez do solo, os fertilizantes minerais e orgânicos.

Exemplificacão de solubilidade de adubos e nutrientes
Matriz de compatibilidade entre fertilizantes e corretivos
(Fonte: Boletim Técnico IAC)

No caso do superfosfato triplo, deve-se evitar a mistura desse fertilizante com o calcário, pois eles apresentam incompatibilidade. Isso quer dizer que a mistura compromete as propriedades físico-químicas desses insumos e, consequentemente, a sua eficiência.

O superfosfato triplo também apresenta limitada compatibilidade com a ureia, que é utilizada como fonte de nitrogênio para as plantas, e com o fosfato diamônico (DAP). 

Nesse caso, é preciso se atentar à proporção da mistura e ao momento em que ela deve ser realizada. A recomendação é que, em caso de mistura, essa seja feita pouco antes da aplicação.

Além disso, o superfosfato triplo não apresenta problemas de incompatibilidade com o cloreto de potássio, sulfato de potássio, sulfato de potássio e magnésio e com adubos orgânicos.

A acidez do solo também é um parâmetro que merece atenção na aplicação do superfosfato triplo.

Em solos ácidos, com baixo pH, é fundamental que seja feita a correção da acidez antes da aplicação de adubos fosfatados solúveis.

Essa estratégia é recomendada para diminuir os sítios de adsorção do fósforo no solo. Isso melhora a eficiência da adubação e aumenta a quantidade de fósforo disponível para as plantas. 

Adubos fosfatados que apresentam nitrogênio em sua composição, como é o caso do MAP e DAP, têm maior potencial para acidificação do solo. No entanto, essa característica não é observada no superfosfato triplo.

Outro fator limitante diz respeito ao elevado custo dos adubos fosfatados. Isso impacta diretamente no custo total de produção. 

Qual a viabilidade do superfosfato triplo?

A viabilidade da utilização do superfosfato triplo deve levar em consideração a análise de uma série de coeficientes. Para que uma prática de manejo seja viável é preciso que parâmetros técnicos, econômicos e ambientais caminhem lado a lado.

Para isso, todo o cenário deve ser estudado e cada caso deve ser avaliado individualmente.

Por isso é importante realizar a análise físico-química do solo, bem como conhecer as exigências nutricionais da cultura e a duração do seu ciclo. Apenas assim é possível determinar a dosagem correta do adubo e em qual momento deve ser disponibilizado para as plantas. 

No caso da adubação fosfatada, atenção especial deve ser dada à acidez do solo, que tem influência direta na disponibilização do fósforo para as plantas. Não se esqueça de avaliar a compatibilidade do superfosfato triplo com outros insumos. Isso pode ter um impacto direto na eficiência dos produtos.

Solubilidade do superfosfato triplo 

O superfosfato triplo (SPT) é altamente solúvel em água e CNA. Outros adubos solúveis em água e CNA são:

O superfosfato triplo é utilizado principalmente na forma de grânulos. Isso diminui a superfície de exposição do adubo com o solo, diminuindo também o processo de solubilização. 

Além disso, essa forma facilita o manejo e a aplicação.

Como tirar o máximo proveito do super triplo na lavoura

A eficiência da adubação fosfatada vai muito além do fornecimento do nutriente na dosagem correta. Vários fatores devem ser considerados e todo o cenário deve ser avaliado.

Independente do nutriente fornecido para as plantas, é preciso conhecer o histórico de cultivo da área.

O histórico deve conter informações sobre:

  • calagens realizadas na lavoura;
  • quais adubos e em qual quantidade foram utilizados;
  • quais culturas foram plantadas;
  • sistema de manejo adotado;
  • produtividades alcançadas. 

Todas essas informações contribuem com a orientação e eficiência da adubação.

Além disso, conhecer o solo é fundamental. Fatores como o pH e a umidade interferem na disponibilidade dos adubos fosfatados para as plantas, como o super triplo e simples.

A eficiência da adubação também está relacionada à fonte, a solubilidade, a granulometria e ao modo de aplicação dos produtos.

Diferença entre superfosfato triplo e simples

O superfosfato simples é um fertilizante mineral que tem em sua composição 18% de fósforo, 16% de cálcio e 10% de enxofre. 

A diferença entre ele e o superfosfato triplo está na concentração dos nutrientes, principalmente do fósforo. Eles também diferem na forma de obtenção. 

Os dois fertilizantes são produzidos a partir do beneficiamento de rochas fosfáticas

Elas são submetidas a processos químicos. Pela reação com o ácido fosfórico é produzido o superfosfato triplo.

Enquanto isso, a produção do superfosfato simples envolve a aplicação de ácido sulfúrico no processo de beneficiamento da matéria-prima. O superfosfato simples e o superfosfato triplo podem ser encontrados no mercado na forma de grânulos ou em pó

Ambos têm coloração acinzentada e apresentam elevada solubilidade. Isso significa que o fósforo se apresenta na forma mais solúvel.

Esquema que mostra os diferentes tipos de fertilizantes fosfatados
Rota de produção de alguns fertilizantes fosfatados comercializados no Brasil
(Fonte: Teixeira, P. P. de C.)

O que é adubação fosfatada?

A adubação fosfatada é o uso de fertilizantes que têm principalmente o fósforo em sua composição.

O principal objetivo dessa prática é a manutenção do potencial produtivo da área pela elevação dos níveis de fósforo  no solo. Os adubos fosfatados mais utilizados na agricultura são:

  • Fosfato monoamônico ou MAP;
  • Fosfato diamônico ou DAP;
  • Superfosfato simples;
  • Superfosfato triplo.

Solubilidade dos fertilizantes fosfatados

A legislação brasileira determina que a garantia dos adubos fosfatados seja fornecida com base na quantidade de fósforo solúvel em extratores como:

  • água;
  • ácido cítrico; e
  • citrato neutro de amônio + água (CNA + H2O).

A solubilidade de uma substância é a capacidade de se dissolver em outra. A compreensão dessa informação auxilia na tomada de decisão sobre qual a melhor fonte de fósforo e o melhor manejo de adubação a ser adotado. 

No entanto, solubilidade não é sinônimo de disponibilidade do fósforo no solo. Fatores como acidez, teor de argila, umidade do solo e outras condições ambientais interferem na disponibilidade e absorção desse elemento.

Como fazer a adubação fosfatada?

A aplicação dos adubos fosfatados é realizada, principalmente, durante o plantio e diretamente no sulco. Dependendo da cultura, a adubação fosfatada também é feita em cobertura.

O plantio é o melhor momento para que o fósforo seja disponibilizado em profundidade, próximo às raízes. Isso se deve ao fato desse elemento apresentar baixa mobilidade no solo.

Vale lembrar que toda recomendação de adubação deve ser orientada pela análise de solo e pela exigência nutricional da cultura.

Adubos fonte de fósforo

No mercado, é possível encontrar inúmeras fontes de fósforo além do superfosfato triplo. A escolha da melhor fonte de fósforo deve considerar fatores como:

  • as características físico-químicas do solo; 
  • a exigência nutricional da cultura; 
  • o sistema de plantio adotado (convencional, cultivo mínimo, plantio direto);
  • o modo de aplicação;
  • as características do fertilizante. 

Além dos aspectos técnicos, é importante avaliar a viabilidade econômica da adubação.

Confira os principais fertilizantes fosfatados utilizados nas lavouras do Brasil e sua composição:

  • Fosfato monoamônico (MAP): 48% de pentóxido de fósforo e 9% de nitrogênio;
  • Fosfato diamônico (DAP): 45% de pentóxido de fósforo e 17% de nitrogênio;
  • Superfosfato simples: 18% de pentóxido de fósforo, 16% de cálcio e 10% de enxofre;
  • Superfosfato triplo: 41% de pentóxido de fósforo e 10% de cálcio.

Diversas opções de fertilizantes fosfatados podem ser usadas para garantir o suprimento de fósforo às plantas. Porém, considere aspectos técnicos e econômicos destes insumos para definir qual usar.

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Conclusão 

O fósforo é um nutriente essencial para o pleno desenvolvimento dos vegetais. 

Conhecer a composição química de fertilizantes como o superfosfato triplo e como eles reagem no solo é essencial. 

Não deixe de fornecer o fósforo na dosagem e no momento certo. Utilizando as fontes adequadas, você terá a chave do sucesso para grandes produtividades

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Você já usou o superfosfato triplo para suprir a demanda de fósforo da sua lavoura? Vem sendo eficiente? Conte sua experiência nos comentários abaixo!