Inoculante para feijão caupi: por que e como utilizar

Inoculante para feijão caupi: Entenda a importância da prática e confira as recomendações de como fazê-la em sua lavoura

O Brasil é o maior produtor mundial de feijão. Segundo a Conab, a safra 2019/20 está estimada em 687,4 mil toneladas.

O feijão, por seu elevado teor de proteína na semente, exige uma alta quantidade de nitrogênio para se desenvolver. A prática de inoculação auxilia no processo de fixação biológica de nitrogênio.

Vamos entender um pouco mais sobre o uso de inoculante para feijão caupi (Vigna unguiculata), também conhecido como feijão de corda, macassa, fradinho ou miúdo. Confira a seguir!

O feijão caupi e a inoculação

A melhor opção para um bom estabelecimento da lavoura ainda é o tratamento bem feito da semente. Isso resulta em produtividade.

O inoculante é um produto que conta com microrganismos de ação benéfica ao crescimento das plantas.

Os microrganismos mais utilizados são os fixadores biológicos de nitrogênio, que realizam a fixação do nitrogênio atmosférico. Essa reação é catalisada pela enzima nitrogenase, através de estruturas formadas nas raízes do feijoeiro, os nódulos, onde o corre a fixação biológica de nitrogênio.

Os 78% dos gases da atmosfera são formados por N. É simples perceber que tem muita fonte livre de N por aí. O objetivo desses microrganismos é disponibilizar o nitrogênio à planta em troca do carbono gerado na fotossíntese das plantas.

O inoculante intensifica o processo natural da fixação biológica de nitrogênio, promovendo a associação de outras bactérias com a planta. Elas captam o nitrogênio do ar e o disponibilizam para o feijoeiro.

inoculante para feijão caupi

(Fonte: Embrapa)

Um dos principais microrganismos utilizados para a inoculação do feijão é o Rhizobium spp., especialmente o Rhizobium tropici.

Algumas outras bactérias também fixam nitrogênio sem a necessidade de formação de nódulos nas raízes. Essas são as bactérias diazotróficas. 

A mais conhecida delas é o Azospirillum brasilense, que também pode ser utilizado na cultura como inoculante.

A utilização conjunta de mais de um microrganismo no processo de inoculação tem se mostrado com ótimos resultados produtivos.

Quais os benefícios do inoculante para feijão caupi?

O uso de um inoculante para feijão caupi está relacionado ao aumento do rendimento de grãos do feijão.

Sua utilização também reduz o uso de adubo nitrogenado e diminui significativamente o custo da lavoura.

Segundo a Embrapa, com uso de inoculante, o ganho médio no rendimento do feijão pode chegar a 25%.

A necessidade de nitrogênio na lavoura de feijão para obter altas produtividades fica em torno de 80 kg a 150 kg de N/ha. 

Em lavouras de larga escala, pode-se chegar à redução de 50% ou total do adubo nitrogenado aplicado após a inserção da prática de inoculação, com os mesmo índices de produtividade.  

A prática da inoculação é uma alternativa para a substituição, total ou parcial, dos adubos nitrogenados.

Passo a passo de como utilizar inoculante para feijão caupi

Como em qualquer tratamento de semente, são necessários alguns cuidados para uso do inoculante para feijão caupi:

Para garantir a qualidade, é preciso verificar o registro do Mapa na embalagem do produto, bem como se ele é específico para a cultura do feijão.

Recomendações específicas para a inoculação do feijão são:

  • utilize produtos de qualidade e dentro da validade;
  • siga a dosagem recomendada do inoculante para o procedimento;
  • a distribuição do produto precisa ser completa, pegando toda a superfície da semente.
  • garanta que o produto seja conservado, até seu uso, em local fresco e arejado;
  • identifique uma ou duas das quatro estirpes de bactérias que são recomendadas para o Brasil;
  • realize a operação de inoculação sempre à sombra;
  • proteja as sementes inoculadas do sol e calor;
  • não faça a inoculação dentro das caixas da semeadora;
  • não utilize menos de 100 ml de inoculante líquido por saca de 50 kg de sementes;
  • ao usar inoculante turfoso, você pode utilizar uma solução açucarada a 10% para aumentar a aderência;
  • após o procedimento de inoculação, as sementes devem ser semeadas o mais breve possível. 

Para garantir que o máximo de inoculante viável chegue ao solo na semeadura, a uniformidade da distribuição dele na superfície da semente fará toda a diferença.

inoculação para feijão caupi

(Fonte: Embrapa)

O que é importante considerar no uso de inoculante para feijão caupi

O feijão caupi é plantado em grande parte da região nordeste do Brasil, que possui condições climáticas favoráveis como altas temperaturas, alta salinidade e baixa umidade.

A recomendação do tipo de inoculante para o feijão caupi é diferente da recomendação para o feijão comum (Phaseolus). Por isso, é importante verificar essa questão no momento da compra do produto.

A Embrapa Agrobiologia vem, há anos, desenvolvendo pesquisas utilizando estirpes locais que já são adaptadas às condições ambientais como inoculantes. 

É uma alternativa mais barata para os produtores familiares, que são responsáveis por cerca de 70% da produção de feijão caupi. 

Nesse material você encontra mais informações sobre a recomendação da Embrapa. 

Durante meu estágio da graduação tive a oportunidade de acompanhar o trabalho da Dra. Norma Gouvêa Rumijanek, da Embrapa Agrobiologia. O procedimento é simples e traz resultados bem significativos na fixação biológica de nitrogênio na cultura.

Embrapa Agrobiologia
Embrapa Agrobiologia

(Fonte: Arquivo pessoal)

Custo do inoculante para feijão caupi

O custo das doses disponíveis no mercado fica em torno de R$ 5. Comparado ao custo do fertilizante nitrogenado para suprir a necessidade de 80 a 150 kg/ha, a prática é bem acessível.

Faça a sua escolha pelo custo, qualidade e dose de microrganismos presente no produto. 

Os produtos disponíveis no mercado são do tipo turfoso ou líquido.

O inoculante turfoso necessita da preparação de uma solução açucarada a 10% para promover a aderência à semente. Já o inoculante líquido vem na quantidade correta para ser colocado no tratamento de semente.

Lembre-se que utilizar sementes de boa qualidade faz toda diferença!

A Embrapa Meio-Norte alerta que implantar lavouras com grãos salvos promove uma baixo rendimento por hectare, enfraquece a genética da cultura, trazendo sérios riscos de introduzir pragas.

Ao utilizar a prática de adubação nitrogenada em conjunto com a inoculação, é importante ter cuidado com a dosagem. Segundo Cardoso e Andreote (2016), a disponibilização do N-mineral em altas doses pode prejudicar a fixação biológica.

Conclusão

A inoculação é um investimento barato para a sua produção e mais sustentável para sua lavoura. 

O investimento nesse manejo vale para garantir o suprimento de nitrogênio à cultura do feijão caupi. Ele pode garantir a qualidade da produção e redução dos custos, além de ser uma prática simples e eficaz. 

Você deve planejar bem, escolher um bom produto e fazer a inoculação para o feijão de forma correta. Aproveite as dicas e boa inoculação!

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Descubra qual o melhor adubo para plantas

Melhor adubo para plantas: confira sobre as classificações, diferenças entre adubo mineral e orgânico, vantagens dos fertilizantes líquidos e mais. 

O Brasil utiliza cerca de 30 milhões de toneladas de fertilizantes na agricultura todos os anos e, aproximadamente, 75% dessa quantia é importada.

Assim, a variação mundial nos preços dos fertilizantes afeta imensamente produtores nacionais.

São adubos orgânicos, minerais, de liberação controlada, foliares, formulados e por aí vai. Mas como escolher o melhor para a lavoura? E qual o modo de aplicação mais eficiente para cada tipo de fertilizante? 

Os novos fertilizantes, lançados a cada ano, trazem ainda mais dúvidas na hora de gerir a propriedade, pois afinal, o que todas essas novidades têm de diferente e o que podem trazer de vantagens e rentabilidade? 

Bem, para saber o melhor momento de investir em um novo adubo e não jogar dinheiro fora, precisa-se conhecer melhor a dinâmica dos nutrientes no ambiente de produção.

Então, me acompanhe neste texto para ajudar na escolha do seu melhor adubo para plantas e saiba mais sobre o mundo dos fertilizantes.

Classificação dos adubos 

Segundo a legislação brasileira, os fertilizantes podem podem ser classificados em três tipos.

O primeiro são os mais utilizados na agricultura de larga escala: os fertilizantes minerais ou sintéticos. Esses adubos são concentrados e de rápida assimilação pelas plantas.

Temos também os adubos orgânicos, de origem animal ou vegetal (ou ambos), com concentrações menores de nutrientes, sendo que muitas vezes não estarão rapidamente disponíveis para as plantas. Esses adubos têm como principal função “alimentar o solo” para promover o aumento da matéria orgânica.

E o terceiro tipo são os adubos organominerais que são compostos por uma mistura de fertilizantes orgânicos e minerais, sendo que na maioria dos casos apresentam maiores quantidades de adubos orgânicos e baixas quantidades de adubos minerais ou sintéticos. 

melhor adubo

(Fonte: Emanuel Malai)

Além disso, os adubos também se diferenciam pela sua constituição, podendo ser simples (composto que fornecerá um ou mais nutrientes) ou mistura (mistura de dois ou mais fertilizantes simples).

O fertilizante misturado pode ser classificado em simples – fertilizante misto em que cada nutriente principal está contido em grãos separados – ou complexo – que contém todos os nutrientes de sua fórmula no mesmo grão.

Mas os adubos também podem ser classificados pelo estado físico: 

  • Pó: fertilizantes simples ou misto, sendo moídos na forma de pó;
  • Farelado: com grânulos desuniformes;
  • Granulado: é o fertilizante na forma de grânulos;
  • Líquido: tipo de fertilizante na forma líquida.

Certo, vimos que existem diversas classificações de fertilizantes, mas qual a diferença no uso de cada um deles? O que muda na prática? Veremos a seguir!

Melhor adubo para plantas: mineral ou orgânico?

Bom, já falei um pouco sobre isso, mas vamos entender um melhor sobre a grande diferença entre os adubos minerais e orgânicos. 

Os fertilizantes minerais e sintéticos (por exemplo, o nitrogênio) possuem composição química e são utilizados para disponibilizar prontamente os nutrientes para as plantas, mas pouco ou nada influenciam o sistema a longo prazo.

Outro ponto é a concentração alta desses adubos que facilitam a logística e a aplicação, principalmente em áreas extensas de cultivo como feijão, arroz, soja, milho, algodão, trigo, etc.  

Já os adubos orgânicos apresentam menores concentrações de nutrientes e, consequentemente, necessitam de grandes volumes de aplicação, o que dificulta a logística em áreas de grandes culturas. 

Por outro lado, os adubos orgânicos influenciam na fertilidade do solo a longo prazo, aumentando a matéria orgânica e, assim, o potencial do solo em reter os nutrientes minerais e sintéticos (CTC do solo).

Mas em contrapartida, outro ponto negativo é que as maiores perdas de nitrogênio ocorrem por conta desses adubos, tanto por volatilização quanto por lixiviação. 

Para combater esse problema é aconselhado a mistura de pequenas doses de fósforo que ajudam a fixar o nitrogênio no fertilizante natural, diminuindo a perda e incrementando o adubo.

Tamanho da partícula 

O modo como a mistura de adubos para plantas é feito também é outro fator que influencia muito na aplicação. 

Fertilizantes em misturas simples segregam com facilidade, devido aos diferentes tamanhos e peso dos grânulos, e essa segregação tende a tornar a aplicação desuniforme.

Esse problema pode ser resolvido com misturas complexas de fertilizantes. Como cada grânulo contém todos os compostos químicos, dessa forma eles se distribuem de maneira mais uniforme na lavoura durante a aplicação. 

Já a forma física dos adubos influencia no tempo de reação deles, assim como no calcário, por exemplo. Quanto menor a partícula, menor o tempo para esse fertilizante reagir no solo e liberar nutrientes.

Mas isso não quer dizer que partículas menores sempre são melhores. 

Fertilizantes mais propensos a sofrerem lixiviação no perfil do solo ou por escorrimento superficial da água podem ter sua eficiência diminuída quando aplicados em partículas menores e passarem por chuvas torrenciais. 

Outro exemplo é o do fósforo (P), que apresenta adubos com diferentes solubilidades em água. Os mais solúveis podem ser adsorvidos ao solo e/ou lixiviados mais facilmente quando aplicados em formas de partículas menores.

Desse modo, as fontes de P mais solúveis são recomendadas para aplicações no sulco de plantio na forma de grânulos, aumentando a eficiência do fertilizante.

Por outro lado, as fontes menos solúveis de fósforo apresentam reação mais lenta no solo, dessa forma a aplicação de partículas menores agiliza esse processo e é mais aconselhável nas adubações em área total (fosfatagem).

Melhor adubo: líquidos

Nos últimos anos, houve um aumento no surgimento e comercialização dos fertilizantes líquidos, principalmente dos adubos foliares.

Esse estado líquido dos adubos tem como ponto positivo a logística mais fácil e o uso que pode ser, basicamente, de duas formas: foliar e fertirrigação.

Porém, existem certas limitações nos adubos foliares que nem sempre são claras. 

Apesar da alta concentração dos fertilizantes líquidos, que facilita o manejo, eles devem ser aplicados em baixíssimas concentrações (1% a 2%) para evitar danos às folhas.

Dessa forma, a aplicação em grandes quantidades fica limitada, o que inviabiliza os nutrientes exigidos em grandes quantidades pelas plantas como nitrogênio, fósforo, potássio e outros macros, ainda que essa adubação foliar seja apenas para tratamentos de emergência.

Nesses casos de deficiência, mesmo com várias aplicações foliares, é difícil suprir as necessidades das culturas, por isso, torna-se mais viável o uso de fertilizantes sólidos. 

Contudo, uma possibilidade viável é o uso de adubos foliares para aplicações de micronutrientes e, mesmo quando o solo apresenta deficiência acentuada, a aplicação via solo é a mais indicada.

melhor adubo

(Fonte: Semeadura Líquida)

As aplicações foliares de zinco, manganês, boro e ferro têm se mostrado eficazes, sendo comum a associação de fertilizantes líquidos aos defensivos para aplicação, desde que não prejudiquem a eficiência do defensivo em questão.  

E na fertirrigação, o mais aconselhável é a utilização dos adubos após o início da irrigação, finalizando antes do término dela. Desse modo evitamos as perdas por lixiviação ou danos por salinidade nas raízes e folhas das plantas.

Conclusão

Vimos que escolher o melhor adubo para plantas não é uma decisão simples, pois existem diferentes classificações que interferem diretamente na melhor opção. 

Precisa-se compreender a função de cada fertilizante e qual o cenário mais adequado para cada um.

Não existem soluções mágicas, nem uma “bala de prata” que resolverá todos os problemas na agricultura. Lembre-se que os nutrientes correspondem a 5% da planta, todo o resto (95%) vem da fotossíntese. 

Por isso, é necessário pensar no manejo como um todo!

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Enxofre para as plantas: adubação e outras recomendações de manejo

Como ter mais eficiência na adubação com ureia agrícola

O que achou deste texto? Tem mais dúvidas sobre o melhor adubo para plantas? Deixe nos comentários abaixo!

Fertilidade do solo e adubação: dicas de como melhorar seu manejo

Fertilidade do solo e adubação: confira como se relacionam e entenda por que nem sempre há resposta da adubação.

A maioria dos solos brasileiros tem baixa fertilidade natural. Então, como foi possível ganharmos o cerrado e produzirmos tanto?

Bem, graças a muito estudo sobre fertilidade do solo, correção e adubação, além é claro, da coragem do produtor em meter o peito e desbravar o Brasil, hoje sabemos o resultado! 

Mas se engana aquele que acha que está tudo resolvido neste assunto. 

Ainda existe muito para ser feito quanto à eficiência do uso de nutrientes e nunca é demais falar sobre boas práticas que às vezes são esquecidas.

Confira neste artigo dicas sobre fertilidade do solo e adubação e entenda como podem influenciar na sua produção. Vem comigo!

O que determina a fertilidade do solo?

A fertilidade do solo se refere à capacidade do mesmo em fornecer os nutrientes para que as plantas se desenvolvam e cumpram seu ciclo. 

Dessa forma, não se pode esquecer dos elementos tóxicos que devem estar em níveis que não comprometam o desenvolvimento vegetal.

Dessa definição conseguimos extrair três informações importantes sobre a fertilidade do solo:

  1. A fertilidade do solo depende da sua disponibilidade de nutrientes;
  2. A fertilidade do solo é relativa às exigências nutricionais das plantas;
  3. Ao analisar quimicamente um solo, pode-se inferir sobre sua fertilidade.

Isso quer dizer que um solo considerado fértil para uma espécie menos exigente pode não ser capaz de fornecer os nutrientes necessários para uma espécie mais exigente.

Se as exigências de uma espécie vegetal para cumprir seu ciclo são menores, teoricamente ela necessita de menor fertilidade. 

Logo, se a espécie for mais exigente, mais nutrientes serão necessários. 

É importante ressaltar que um solo fértil não, necessariamente, é sinônimo de solo produtivo. Outros fatores além da química como o clima, a física e a biologia de solo influenciam nisso.

Qual a relação entre fertilidade do solo e adubação?

Bem, a adubação é (ou pelo menos deveria ser) feita com base no balanço entre as exigências nutricionais da planta e a disponibilidade de nutrientes no solo (fertilidade). 

Veja de maneira simplificada na fórmula abaixo:

Adubação = (exigência da planta – disponibilidade no solo)

fertilidade do solo e adubação

(Fonte: Blog Unicamp)

Assim, fica claro que existe uma relação íntima entre três disciplinas:

  • Nutrição de plantas
  • Fertilidade de solo
  • Adubos e adubação

Quanto maior a disponibilidade de nutrientes ou a fertilidade do solo, menor será, proporcionalmente, a necessidade de adubação. E isso é relativo às exigências da cultura em questão como já abordamos no tópico anterior.

3 dicas para melhorar a fertilidade do solo com adubação

1. Pergunte ao solo

Não podemos falar de fertilidade sem antes fazer uma análise de solo

O padrão de comparação é a camada de 0 a 20 cm do solo, na qual se baseiam as recomendações de adubação.

Com base em ensaios que correlacionam a produção relativa das plantas aos teores dos elementos do solo, diversas instituições de pesquisas definiram classes de teores de nutrientes no solo.

As classificações podem mudar de acordo com a instituição de pesquisa, mas em linhas gerais, se o teor de determinado nutriente no solo é considerado baixo, este será limitante à produção. 

Por isso é fundamental elevar esses teores até níveis adequados (adubação de correção), além de fornecer a quantidade exportada pela planta (adubação de manutenção)

Por outro lado, se o nutriente está na faixa adequada, teoricamente não há resposta à adubação. Sendo necessária apenas a adubação de manutenção para manter esses níveis.

interpretação de teores de potássio e de fósforo em solos

Limites de interpretação de teores de potássio e de fósforo em solos
(Fonte: adaptado IAC)

Toda essa conversa de teores no solo é válida para P, K, Ca, Mg, S (fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre) e os micronutrientes. Mas e o N (nitrogênio)?

Não existe ainda um teste padrão para inferir quanto de N há disponível no solo, por isso: pergunte às plantas!

2. Pergunte às plantas

As plantas não mentem. O excesso ou falta de nutrientes aparece na forma de sintomas característicos nas folhas e no crescimento da planta, isso seria a diagnose visual da fertilidade do solo.

Essa avaliação requer conhecimento e treino, o que muitas vezes gera problemas e a torna subjetiva. Por isso, um método mais certeiro de inferir sobre a fertilidade via planta é pela análise foliar.

Para cada espécie existe uma época correta de coleta, folhas específicas e um número de amostras mínimos. Você pode encontrar essas informações aqui, disponibilizadas pelo Departamento de Ciência do Solo – Esalq/USP. 

A partir disso, podemos comparar os resultados com uma base de dados de plantas da mesma espécie e verificar se está tudo bem. 

A diagnose foliar  pode servir como um complemento à análise de solo, revelando se o que está no solo realmente está suprindo a exigência da planta ou se devemos intervir com adubações, por exemplo.  

Além disso, a produtividade esperada e a exportação de nutrientes pela planta ajudam a definir a demanda de nutrientes e a adubação de manutenção da cultura. 

Isso é importante, principalmente, no caso do N que não sai na análise de solo.

Concentração de nutrientes nas partes exportadas das culturas

Concentração de nutrientes nas partes exportadas das culturas
(Fonte: Informações Agronômicas Nº130 – IPNI)

3. A adubação

Como já dissemos, existem basicamente dois tipos de adubação.

A adubação de correção deve ser feita com base na análise de solo, a fim de elevar os teores de nutrientes que podem não estar adequados para a cultura. Esses nutrientes devem estar disponíveis desde antes do plantio.

Adubação = (Exigência da planta – disponibilidade no solo) x f

É importante lembrar que a eficiência de uma adubação de correção não é 100%. 

Portanto, devemos sempre utilizar um fator (f) para corrigir o cálculo que geralmente é maior para solos argilosos devido à reatividade maior desses solos.

Já a adubação de manutenção é feita visando repor os nutrientes exportados pela cultura. 

Deve ser ressaltado que a demanda da planta não é uniforme durante seu ciclo. Cada cultura tem estádios de maior demanda e nesses estádios o nutriente já deve estar disponível para absorção.

fertilidade do solo e adubação

Porcentagem do N total na planta, absorvido antes e após o florescimento; e porcentagem do N no grão absorvido pós-florescimento (VT-R1) e remobilizado de outras partes da planta
(Fonte: Pioneer)

Assim, de modo simplificado, fornecemos uma pequena quantidade de nutrientes no plantio e o restante em cobertura, sempre pensando na marcha de absorção de nutrientes. 

Dessa maneira, consegue-se aumentar a eficiência da adubação.

Conclusão

Observamos que existe uma relação íntima entre fertilidade do solo, adubação e nutrição de plantas.

Ressaltamos também que a fertilidade do solo depende da disponibilidade de nutrientes, baixos teores de elementos tóxicos e da planta utilizada como referência, a sua cultura.

Além da importância de adubações feitas corretamente para garantir a eficiência do uso de fertilizantes.

>> Leia mais:

Como fazer o manejo e a correção do solo alcalino

“Conheça os 9 indicadores de fertilidade do solo e saiba usá-los ao favor da sua lavoura”

Restou alguma dúvida sobre fertilidade do solo e adubação? Conte pra gente nos comentários abaixo. Grande abraço!

Conheça as melhores práticas de adubo para feijão

Adubo para Feijão: veja que adubar de forma correta, com estratégias certeiras, pode permitir as produções esperadas.

Todo sucesso na produção está vinculado ao estado nutricional da planta e no feijão isso não é diferente! 

O feijão é uma cultura de ciclo rápido, por isso fazer uma adubação assertiva é o caminho para boas produtividades. 

Assim, aqui vamos relatar a importância do adubo para feijão e como o cultivo pode se tornar mais produtivo quando essa adubação é fornecida no momento certo e de forma exata.

O que devo fazer antes de adubar?

Sabemos que não adianta adubar sem que haja condições ideais, desta forma, a seguir demonstro os passos que devem ser feito antes da adubação.

1- Amostragem do solo

Conhecer a real situação do solo é um fator importante para quem busca respostas produtivas. 

Mas como se consegue averiguar isso? Por meio de amostras de solo que serão submetidas à análise. 

Assim, a amostra enviada ao laboratório (amostra composta) pesando 500 gramas deve ser provinda da mistura de 15 sub-amostras.

Recomenda-se também que sejam coletadas de áreas consideradas homogêneas quanto ao tipo de solo, vegetação, topografia e histórico da área e que não ultrapasse de 10 a 20 hectares

Além disso, aconselha-se realizar a amostragem com dois meses de antecedência à adubação, com a possibilidade de fazer possíveis correções necessárias.

2- Calagem 

Se com o resultado da análise de solo em mãos, você notar que apresenta elevada acidez, altos teores de alumínio trocável e deficiência de cálcio, magnésio e fósforo, será necessário calagem

Entre os benefícios da calagem estão: 

  • Aumento da eficiência dos fertilizantes;
  • Aumento da atividade microbiana (liberação de nutrientes);
  • Melhora das propriedades físicas do solo; 
  • Aumento da produtividade;
  • Elevação do pH; 
  • Fornecimento de Ca e Mg como nutrientes; 
  • Diminuição ou eliminação dos efeitos tóxicos do Al, Mn e Fe; 
  • Diminuição da “fixação” de P;
  • Aumento da disponibilidade do N, P, K, Ca, Mg, S e Mo do solo.

Quando aplicar? Em qualquer época do ano, com 3 meses de antecedência à semeadura.

Quando esse tempo é inferior, recomenda-se a utilização de calcário com maior PRNT para que reaja mais rápido. 

E sua distribuição? Deve ser a mais uniforme possível e incorporada a maior profundidade que conseguir. 

Em sistemas de plantio direto já estabelecido, o calcário é distribuído na superfície do solo sem que haja incorporação, acarretando em efeito mais lento.  

Como determinar a necessidade de calcário (NC)? A NC pode ser calculada por dois métodos: da neutralização da acidez trocável e elevação dos teores de cálcio e magnésio trocáveis e, pelo método da saturação por bases. 

Confira a equação do método da neutralização da acidez trocável e elevação de Ca e Mg:

NC=Y[Al3+– (mt . t/100)] + [X – (Ca2++Mg2+)]

E a equação do método da soma de bases: 

NC= T(Ve – Va)/100

Então, qual quantidade aplicar de calcário (QC)? Calculando a NC, não levamos em consideração a porcentagem da superfície do terreno a ser coberta (SC), qual a profundidade de incorporação (PF) e o poder relativo de neutralização total do calcário (PRNT). Dessa forma, a quantidade de aplicação será feita pela seguinte fórmula:

QC= NC x (SC/100) x (PF/100) x (100/PRNT)

3- Gessagem 

O gesso é um sulfato de cálcio di-hidratado responsável por condicionar a subsuperfície do solo. 

As vantagens em sua utilização são: 

  • Diminuição do alumínio trocável nas camadas mais profundas, aumentando assim o cálcio;
  • Fornecimento de enxofre a baixo custo;
  • Propicia condições para o crescimento radicular em subsuperfície, permitindo que a planta explore maior volume de solo, acessando mais água e nutrientes. 

Quando aplicar? No momento em que o solo apresentar em análise de 20 a 40 cm, valores de cálcio menor que 4,0 mmol/dm-3  e/ou saturação por alumínio (m%) maior que 30%. 

E quanto aplicar? A quantidade a aplicar pode ser feita com base na textura do solo, no teor de fósforo remanescente e no NC calculado pelo método de neutralização da acidez (equações contidas na 5ª aproximação – recomendações para uso de corretivos fertilizantes em MG).

Qual o melhor adubo para feijão?

É fundamental que os adubos sejam colocados à disposição para as plantas em local e tempo certo. 

No feijão isso é bem pontual devido ao seu ciclo curto e por seu sistema radicular ser pouco profundo. 

Relata-se que a cada 1000 kg de grãos de feijão são exportados:

  • 35,5 kg de N
  • 4,0 kg de P
  • 15,3 kg de K
  • 3,1 kg de Ca
  • 2,6 kg de Mg 
  • 5,4 kg de S
adubo para feijão

Marcha de absorção do feijoeiro 
(Fonte: Haag et al. (1967))

Nitrogênio 

O nitrogênio é absorvido durante todo o ciclo do feijoeiro, mas em maior quantidade entre o 35º e 50º dia após emergência (DAE). 

Diferente da soja, no feijão somente a fixação biológica de nitrogênio não é suficiente – demandando assim adubação. 

Desta forma, normalmente a adubação é feita com ⅓ na semeadura e ⅔ na cobertura de 25 a 30 DAE

As doses de N variam de 40 a 120 kg/ha, dependendo do nível de tecnologia e produtividade esperada.

Fósforo

A época de maior velocidade de absorção de fósforo vai desde aproximadamente 30 dias até os 55 dias da emergência, acentuando-se no final do florescimento e no início de formação das vagens. 

Por isso, recomenda-se que sua aplicação seja toda na semeadura, ao lado e abaixo das sementes. 

Suas dosagens variam de 30 a 110 kg/ha a depender da produtividade esperada, do nível de tecnologia empregado e dos teores desse nutriente no solo.

Potássio 

O potássio tem comportamento de absorção diferente dos nutrientes anteriores. 

Desta maneira, existem dois picos de absorção: um marcado pela diferenciação dos botões florais (25 a 35 DAE) e outro no florescimento e formação das vagens (45 a 55 DAE).

A recomendação desse nutriente varia de 20 a 50 kg/ha, de acordo com a produtividade, tecnologia e teor presente no solo. 

Em solos arenosos, por exemplo, existem recomendações de parcelamento, sendo feito metade da dose na semeadura e a outra metade na cobertura de 25 a 30 DAE. 

Para outros solos, a dosagem pode ser fornecida toda no plantio

Cálcio e Magnésio 

Ambos são fornecidos pela aplicação de calcário, que além de corrigir o pH disponibiliza esses dois nutrientes.

Enxofre 

O feijoeiro responde bem a adubações de enxofre quando o solo apresenta baixos teores, por isso, recomenda-se aplicar 20 kg/ha desse nutriente, podendo ser fornecido por adubos nitrogenados ou fosfatados que o contém. 

Esse elemento também é disponibilizado pelo gesso, enfatizando mais uma vez a importância de fazer a gessagem.

Zinco e Boro 

Constatando baixo teores de boro no solo, deve-se realizar a aplicação de 1 kg/ha

E, se notar a de zinco, também deve-se aplicar de 2 a 4 kg/ha, preferencialmente junto com a adubação de plantio.

Condições do solo e Fórmula de adubo para feijão

Quando o solo apresenta condições nutricionais adequadas, outra estratégia é a adubação trabalhada em valores de extração e exportação, como mostra a tabela a seguir. 

nutrientes feijão

Extrações e exportações de nutrientes segundo diferentes autores
(Fonte: Brasil IPNI)

No mercado é possível encontrar inúmeras formulações de adubo e diferentes fontes de adubos. 

A escolha deve ser baseada no nível de tecnificação adotada, na produção esperada, nos teores de nutrientes no solo e, além disso, no valor que o produtor pretende investir. 

A seguir elenco algumas formulações de NPK utilizadas no feijoeiro: 

08-24-12
06-26-12
08-20-15

Adubação orgânica para feijão

A cultura do feijão responde bem à adubação orgânica.

Com adubações de 15 a 20 t/ha de esterco de curral e até 4 a 8 t de esterco de galinha ou cama de frango de corte, percebe-se o efeito residual dessa adubação em até o 3º ano. 

Adubos orgânicos devem ser aplicados a lanço e, em seguida, serem incorporados com o auxílio da grade.

Adubo foliar para feijão

A adubação foliar é importante no diagnóstico de qualquer deficiência, principalmente de micronutrientes.

Porém, não pode ser tratada como substituta da adubação via solo e nem é muito recomendada para culturas anuais, como é o caso do feijão.

Mas em casos pontuais e para respostas rápidas, essa pode ser uma estratégia que não provoca efeito algum sobre a cultura subsequente. 

Atente-se à dosagem dessas aplicações, pois podem provocar fitotoxicidade severas quando muito altas. 

Na cultura do feijão, pode ser efetuada aplicação via foliar de 60 g/ha de molibdênio (154 g/ha de molibdato de sódio ou 111 g/ha de molibdato de amônio) entre 15 e 25 DAE.

Conclusão

Vimos que antes de adubar deve ter atenção a várias práticas, tudo para aumentar a eficiência dos fertilizantes. 

Além disso, destacamos a importância das dosagens e aplicações dos nutrientes no feijoeiro e informamos algumas formulações utilizadas. 

Citamos também a importância da adubação orgânica e da adubação via foliar para o sucesso produtivo do feijoeiro. 

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Veja como identificar as principais pragas do feijão

Inoculante para feijão caupi: Por que e como utilizar

Plantas daninhas em feijão: principais espécies, manejo e combate

E você, como realiza a adubação do seu feijoeiro? Tem alguma dica? Deixe nos comentários abaixo. 

5 dicas para uma lavoura de trigo mais produtiva

Lavoura de trigo: confira algumas recomendações para garantir mais produtividade nesta cultura.

A lavoura de trigo, quando próxima à colheita, é algo bonito de se ver! Nos remete aos campos da Toscana e às belas paisagens europeias que vemos nos filmes.

Bem, no Brasil também plantamos muito trigo! Principalmente na região Sul onde a cultura se desenvolve melhor.

Mas você sabe quais os principais cuidados para garantir a produção da lavoura de trigo?

Confira comigo como podemos atuar no manejo da lavoura de trigo para garantir uma boa produção e obter sucesso na atividade.

Como obter sucesso na lavoura de trigo

O sucesso da lavoura de trigo – tanto em volume, como em sustentabilidade da produção – depende de diversos fatores. 

Podemos citar os relacionados ao:

  • Clima e solo da região de cultivo;
  • Cultivar e fenologia da planta; 
  • Manejo da lavoura de acordo com o sistema de produção.

Os cuidados para o sucesso da produção vão desde o plantio até a colheita e pós-colheita. 

Existem fatores que podem maximizar sua produção e outros que jogam contra o produtor. Confira a seguir 5 dicas de como obter sucesso com sua lavoura de trigo.

1. Não esqueça do clima

Antes mesmo do plantio devemos considerar o clima e o solo da região

Isso porque chuvas fora de hora e temperaturas inadequadas podem pôr em risco a lavoura de trigo e, dependendo do tipo de solo, a retenção e disponibilidade de água será distinta.

Por exemplo, o excesso de chuvas na maturidade fisiológica do trigo, característico do clima subtropical, é prejudicial. Nessas regiões também podemos ter problemas com geadas. 

Por outro lado, em regiões tropicais, o problema passa ser as altas temperaturas e a umidade relativa no florescimento.

Assim, começar com o pé direito é avaliar o clima e acertar na janela de plantio. Mas como fazer isso?

Para isso existe o zoneamento agroclimático para cultura do trigo, que leva em conta o clima e classifica a janela de plantio de acordo com o tipo de solo (arenoso, textura média ou argiloso).

Abaixo você pode conferir o Rio Grande do Sul como exemplo, mas isso varia de acordo com o estado. Com base no zoneamento, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) define as janelas de plantio adequadas.

lavoura de trigo

Períodos de semeadura para a cultura de trigo de sequeiro no RS
(Fonte: Embrapa Trigo)

2. Acerte no plantio

Bom, já sabemos que a semeadura da lavoura de trigo deve ocorrer de acordo com as definições do zoneamento para cada localidade. Agora, vamos definir qual cultivar semear.

A lista de cultivares de trigo é extensa e para cada região a melhor cultivar pode ser diferente. Aqui você pode encontrar informações detalhadas sobre as cultivares e escolher a que melhor lhe sirva.

cultivares de triticale Mapa

Cultivares de Triticale registradas no Mapa com indicação de cultivo em 2019
(Fonte: Informações Técnicas para Trigo e Triticale)

De qualquer maneira, algumas coisas não mudam. O espaçamento indicado para o trigo, por exemplo, é de 17 cm, no máximo 20 cm entre linhas. 

Já a densidade de semeadura (sementes viáveis/m2) varia de acordo com a localidade e a cultivar escolhida.

É importante lembrar que o plantio do trigo deve ser feito com o mínimo de mobilização do solo e sempre no contexto do sistema de plantio direto: com rotação de culturas e manutenção de cobertura sobre o solo, garantindo conservação do solo e maior sustentabilidade de produção.

3. Adubação e correção da lavoura de trigo

Antes de semear a lavoura de trigo, como está o seu solo?

A partir de uma análise de solo da área, devemos realizar as correções e adubações corretivas, caso necessário.

No cálculo da calagem, o ideal é que se eleve a saturação de bases até 70% e conforme os teores de nutrientes do solo, deve-se fazer a adubação corretiva. 

Existem várias recomendações, veja como exemplo abaixo a do estado do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. As demais você pode encontrar nesta publicação.

lavoura de trigo
lavoura de trigo

(Fonte: Informações Técnicas para Trigo e Triticale)

4. Cuidados com a lavoura de trigo

Com a lavoura de trigo no campo surgem então novos desafios. Além das condições climáticas, as quais não controlamos, surgem as daninhas, pragas e doenças. 

Por isso, aqui vamos dar algumas diretrizes para que fique claro a importância do manejo.

Daninhas

As daninhas são mais problemáticas no ínicio da fase de desenvolvimento da cultura. 

O período crítico de competição é de 45 a 50 dias após emergência. Dessa forma, a lavoura de trigo precisa ficar livre de competição nesse período.  

Ao fim do ciclo do trigo, as daninhas podem contaminar o cereal colhido e aumentar sua umidade, por isso, tenha cuidado.

Doenças

Duas doenças que merecem atenção especial são: giberela e brusone.

Elas atacam diretamente a espiga do trigo e causam danos significativos ao rendimento da lavoura.  

Ambas são favorecidas em situações onde o período de molhamento é elevado e as temperaturas superiores a 20 ºC. São doenças de difícil controle e de alto potencial de dano, principalmente pela baixa resistência/tolerância da maioria das cultivares a elas. 

Para ajudar os produtores, foi criado um simulador de risco de ocorrência dessas doenças, o Sisalert. Afinal, toda ajuda é bem-vinda!

Pragas

Na lavoura de trigo, as pragas mais comuns são as lagartas (desfolha), pulgões (transmitem viroses), corós (causadores de danos no sistema radicular, sementes e plântulas do trigo) e percevejos (que atacam durante todo o ciclo, causando danos variados).

Cabe ressaltar que esses insetos só devem ser controlados quando atingirem a população que causem dano econômico. Antes disso não é economicamente viável.

Escala fenológica do trigo

Escala fenológica do trigo segundo Feekes-Large
(Fonte: Embrapa)

5. Lavoura de Trigo: colheita 

Na colheita, colhemos os “frutos” do nosso trabalho e alguns fatores são determinantes para o sucesso dessa prática na lavoura de trigo.

Deve-se evitar chuvas no período de maturidade fisiológica do trigo, pois isso reduz a qualidade final do cereal. 

Por isso, se possível antecipe a colheita, mas tenha em mente que a umidade de grão ideal é próxima a 13%.

Colher na umidade correta e com o maquinário regulado adequadamente reduz perdas quantitativas e qualitativas, obtendo assim, o máximo da sua lavoura de trigo. Ou seja, seu objetivo desde o início.

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Conclusão

Ao longo do texto, observamos que existem diversos detalhes para serem levados em conta para o sucesso de uma lavoura de trigo.

Devemos estar atentos ao clima da região e se ele é favorável ao cultivo do trigo e qual a cultivar mais adequada para um bom desenvolvimento. 

A partir disso, olhamos para o solo e as necessidades de correção.

O plantio deve sempre respeitar a época recomendada e o espaçamento. Além disso, o controle de pragas, doenças e daninhas deve ser realizado de forma sustentável, minimizando perdas e maximizando os rendimentos.

Também vimos as melhores condições para colheita a fim de evitar perdas, conseguindo as melhores produções e um produto de qualidade.

>> Leia mais:

O que você precisa saber para fazer a melhor aplicação de 2,4 D em trigo

“Como garantir a qualidade durante os processos de secagem e armazenamento de trigo”

“Melhores práticas para fazer o tratamento de sementes de trigo na fazenda”

Restou alguma dúvida sobre a lavoura de trigo? Deixe sua dúvida ou comentário abaixo. Grande abraço e até a próxima!

Solo arenoso: como fazer o melhor plantio nesse tipo de terra

O que é solo arenoso, suas características, alternativas para melhor resultado produtivo e como recuperar a fertilidade. 

Quando tratamos de produção, uma das primeiras coisas que se vem à mente é o solo. Existem diversos tipos de solo, com diferentes texturas, estruturas, profundidades e riquezas

Mas como a produção é demandada, temos que aprender a lidar com as peculiaridades de cada um e, dentre esses, vamos destacar aqui os solos arenosos. Eles constituem cerca de 8% do território nacional e podem obter produções satisfatórias.

Confira a seguir as principais estratégias de utilização e de manejo do solo arenoso!

O que é um solo arenoso?

Solo arenoso, também chamado de solo de textura leve, é caracterizado pelo alto teor de areia (superior a 70%) e menor teor de argila (inferior a 70%) em sua composição. É um tipo de solo normalmente granuloso, pobre em nutrientes e com baixo teor de matéria orgânica.

gerador de triângulo textural

(Fonte: Gerador de Triângulo Textural)

A grande parte dos solos arenosos está presente na região Nordeste, sendo um dos maiores problemas para agricultura. 

Entretanto, esses solos também podem ser encontrados em São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia, Pará, Maranhão, Piauí e Pernambuco, ocorrendo ainda no Norte de Minas Gerais, Alagoas, Ceará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Tocantins e Goiás.

Características do solo arenoso

  1. Consistência granulosa (grãos grossos, médios e finos);
  2. Alta porosidade e permeabilidade, devido ao arranjo das partículas;
  3. Pouca umidade;
  4. Pobreza em nutriente;
  5. Baixo teor de matéria orgânica;
  6. pH ácido;
  7. Alta possibilidade de erosão.

Por que o solo arenoso é pobre em nutrientes: dificuldades no cultivo

Os solos arenosos são constituídos quase que exclusivamente por grãos de areia, ou seja, quartzo, desta maneira são pobres em nutrientes.  Além disso, esses solos se esgotam rapidamente com poucos anos de uso, necessitando de manejo planejado para continuar oferecendo condições à produção. Os baixos teores de matéria orgânica (menor que 1%) agravam essa situação. 

A deficiência de água em solo arenoso é um fator agravante para a produção agrícola, pois apresenta uma drenagem excessiva devido à sua constituição de areia e pequena retenção de água, favorecendo a lixiviação de nutrientes.

Outra dificuldade é sua baixa capacidade de retenção de cátions, assim como também é comum encontrar saturação acima de 50% de alumínio tóxico, o que pode resultar em produções baixas. 

Mas uma das maiores limitações dos solos arenosos quanto à utilização agrícola é que são propensos à erosão, ainda mais quando comparados aos solos argilosos e, principalmente, em relevo suave-ondulado ou ondulado. 

O processo erosivo inicia no momento em que esses solos são desmatados ou utilizados pelo gado. 

Se ocorrer nas cabeceiras de vertentes ou margeando os mananciais, a erosão tende a desenvolver voçorocas. 

Em solos arenosos a mecanização só é viável em áreas de relevo plano, devido a esta propensão à erosão. Assim, recomenda-se restringir operações mecanizadas com grande potência.

Como recuperar a fertilidade?

Solos arenosos não são sinônimos de solos inférteis ou improdutivos, eles apenas são mais sujeitos à deficiência nutricional e reduzida quantidade de MO, uma vez que este fator está relacionado à rocha de sua formação e à ação de fatores climáticos, como o intemperismo. 

Devido a isso, é indicado a aplicação de resíduos vegetais e adubos orgânicos (bagaço de cana, bagaço de coco e estercos de animais) com fosfato e potássio.

Sobre a acidez, recomenda-se adição de calcário com objetivo de aumentar o pH, neutralizar o alumínio tóxico e também auxiliar na disponibilização de cálcio e magnésio. 

O indicado é que a adubação seja feita de forma constante, parcelada e equilibrada, sendo necessário coordenação e análise de solo das condições locais, da cultura, da cultivar e dos resultados esperados.

Como e o que plantar em solos arenosos 

Com a utilização de novas práticas de manejo sustentável e por meio da tecnologia, as áreas de solos arenosos estão entrando no sistema produtivo e conseguindo mostrar o seu potencial. 

A seguir elenco algumas estratégias de manejo que vão melhorar e facilitar o sucesso em solos arenosos:

Sistema de Plantio direto (SPD)

Com objetivo de preservar o solo, o plantio direto vem sendo uma ferramenta necessária para a utilização produtiva de solos arenosos. 

Este sistema permite a conservação do solo e da água por meio de práticas que:

  • Minimizam a erosão; 
  • Aumentam a retenção de água e nutrientes no solo; 
  • Melhoram os atributos biológicos do solo; 
  • Reduzem os picos de temperatura no solo; 
  • Diminuem a infestação de plantas daninhas
  • Permitem maior agilidade operacional nas atividades agropecuárias. 

Além disso, nesse sistema se consegue elevar os teores de matéria orgânica do solo, aumentando assim sua capacidade de troca catiônica e retenção de água – características correlacionadas ao sucesso produtivo. 

solo arenoso

Cultivo de soja em plantio direto

Adubação verde 

A utilização de adubos verdes e/ou plantas de cobertura em solos arenosos faz toda a diferença quando se quer resultados produtivos. 

A adubação verde consiste no uso de plantas, podendo ser gramíneas ou leguminosas, visando a proteção superficial dos solos bem como a melhoria das condições físicas, químicas e biológicas do solo. 

As plantas que estão sendo bastante empregadas em solos arenosos são as gramíneas milheto, brachiaria e panicum, por conta do grande aporte de palhada e por terem um sistema radicular bem agressivo. 

Mas ainda é utilizado as crotalárias e o feijão guandu, pois da mesma forma apresentam um bom aporte de palhada e, além disso, fixação biológica de nitrogênio. 

Fazendo a utilização da adubação verde, os solos arenosos ficam menos propensos à erosão, com aumento do teor de matéria orgânica e de nutrientes. 

Sucessão e consórcio de cultura

Sendo que a decomposição dos materiais vegetais ocorrem de maneira distinta por causa da composição dos mesmos, a sucessão e rotação de culturas aparece como uma estratégia essencial na manutenção de palhada em solo arenoso. 

Palhas de leguminosas tendem a decompor mais rapidamente devido à baixa relação carbono/nitrogênio, mas por outro lado são ricas em nitrogênio. 

Já as gramíneas, apresentam uma palha que fica por um longo período sob o solo, porém são mais carentes em nitrogênios, ou seja, possuem grande quantidade de carbono em sua constituição. 

Assim, vêm sendo empregado as seguintes sucessões:

  1. Soja na safra, seguida de milho + braquiária na safrinha (consórcio). A soja fornece o aporte de nitrogênio para as duas culturas posteriores. Em seguida, o milho é colhido e a braquiária pode se desenvolver melhor sendo aporte de cobertura do solo para a próxima safra. 
  2. Soja na safra, seguida de pastagem + guandu (consórcio). Nesse sistema, a pastagem consorciada com guandu favorece sua qualidade nutricional e física do solo promovidas pela leguminosa.

Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF)

Pensando em manejo sustentável, muitos produtores vêm utilizando o sistema ILPF para garantir uma produção de sucesso.

Diferente do que ocorre em monocultura, a interação de atividade agrícola e pecuária na mesma área resulta em aumento de produtividade, pois existe uma sinergia entre ambas. 

Nesse sistema, as principais vantagens são: 

  • Manter a fertilidade
  • Contribuir para evitar o aquecimento excessivo do solo; 
  • Reduzir as perdas de água por evaporação;
  • Servir de barreira física para evitar a entrada de fungos causadores de doenças; 
  • Conforto animal. 

A manutenção desse sistema em solo arenoso consiste basicamente em mantê-lo permanentemente vegetado, com ciclagem de nutrientes e de raízes ao longo do ano para promover a construção física e química do solo.

Divulgação do kit de 5 planilhas para controle da gestão da fazenda

Conclusão

Neste artigo abordamos o que são solos arenosos e quais as suas limitações quanto à utilização agrícola. 

Vimos como lidar com com suas deficiências nutricionais e quais cuidados devemos ter quanto ao cultivo nesse tipo de solo. 

Ainda demos dicas de como manejá-lo com o enfoque no manejo sustentável e integrado. 

>> Leia Mais:

Solo humífero: vantagens e desvantagens de utilizar para plantio

“Como melhorar a qualidade do solo com o terraceamento”

Rochagem: como essa prática pode beneficiar sua lavoura

Como evitar e corrigir a compactação do solo na sua propriedade

Como fazer o manejo e a correção do solo alcalino

Você tem solo arenoso em sua propriedade? Como faz o manejo para um cultivo sustentável? Se restou alguma dúvida, deixe nos comentários abaixo. 

Adubo para plantio de milho: 5 dicas para maximizar a produção

Adubo para plantio de milho: entenda mais sobre a adubação de plantio e confira recomendações para o sucesso de sua lavoura.

Em 2019, o Brasil se tornou o maior exportador de milho e a tendência para 2020 é o crescimento da área plantada da cultura.

Uma das estratégias para aumentar a produtividade e manter o Brasil entre os maiores produtores é a fertilidade do solo.

Por isso, confira agora as cinco dicas que separamos para te ajudar a ter mais sucesso no adubo para plantio de milho. Aproveite!

Orientações: adubo para plantio de milho

O Brasil é um dos maiores produtores de milho do mundo e, segundo o IBGE, as expectativas de produção para 2020 são cerca de 92,7 milhões de toneladas.

Contudo, de acordo com estudos de pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-Minas Gerais) a manutenção de altas produtividades só é possível levando em conta alguns fatores como:

  • Escolha do híbrido;
  • Tratamento de sementes;
  • Condições climáticas;
  • Fertilidade do solo;
  • Manejo de pragas, doenças e plantas daninhas.

Dentre esses fatores, a fertilidade do solo é um dos mais importantes para a produção de grãos.

Por isso, é essencial que você realize um bom planejamento antes do plantio do milho.

Confira a seguir algumas dicas sobre adubação para plantio de milho que podem auxiliar no seu planejamento – maximizando sua produção de grãos.

1ª Dica: Planejamento Inicial

O preparo para a adubação da cultura inicia muito antes da semeadura. Primeiramente, você deve conhecer todo o sistema de produção da lavoura.

Isso inclui tanto as culturas semeadas na área, quanto as análises de solos atuais e as antigas!

Dessa forma, ter em mãos o histórico das análises já realizadas em outras safras é fundamental para você entender o comportamento de seu solo.

Assim, você entende como ele age com a aplicação de corretivos e com a adubação.

A recomendação deve ser realizada em função da análise de solos e exigência da cultura do milho, podendo variar de acordo com a textura de seu solo.

Realize o planejamento antes de adubar sua lavoura, assim você minimizará seus custos e aumentará a rentabilidade de sua propriedade.

adubo para plantio de milho

2ª Dica: Cálculo de adubação para plantio do milho

Após observar a análise de solo, o segundo passo é verificar se a adubação a ser realizada será a de manutenção ou a de correção.

Já falamos aqui no blog sobre esses conceitos, mas vale a pena relembrar!

A adubação de manutenção, nada mais é aquela que colocamos no solo, sendo a quantidade de nutrientes que foram extrapolados pelas plantas, em outras palavras, aqueles nutrientes que foram colhidos (saindo do sistema).

Já na adubação de correção, acrescenta-se nutrientes no solo visando aumentar o estoque.

Outro fator levado em consideração no momento do cálculo de adubação é a cultura anterior e a produtividade média do milho esperada.

Abaixo podemos observar as indicações para aplicação de nitrogênio para o milho segunda safra, no estado do Paraná.

adubo para plantio de milho

Adubação nitrogenada para o cultivo de milho segunda safra no Paraná
(Fonte: Manual de adubação e calagem para o estado do Paraná)

Acima apresento apenas a tabela indicada para a adubação nitrogenada para o cultivo do milho segunda safra no estado do Paraná.

Porém, caso semeie milho na primeira safra no Paraná, fique atento, pois as indicações sofrem algumas alterações.

Agora se você for de outro estado, pode conferir aqui no blog, ou consultar alguma instituição de pesquisa próxima da sua localização.

Mas se você ainda está em dúvida de como calcular sua adubação na prática, não deixe de conferir o vídeo abaixo, do canal AgricOnline:

3ª Dica: Adubo para plantio de milho – macronutrientes

A adubação de macronutrientes é fundamental para o sucesso do estabelecimento do estande inicial.

Isso porque se tornou rotina de boa parte das regiões optar pela utilização dos macronutrientes parceladamente, parte no plantio e o restante em adubação de cobertura.

Porém o indicado é que cada agricultor leve em conta as particularidades e necessidades de sua propriedade, ficando sempre atento às características físico-químicas de seu solo.

Contudo vale a pena lembrar que alguns cuidados sempre devem ser levados em consideração, como por exemplo:

  • Doses elevadas de potássio, que podem prejudicar o estabelecimento do estande adequado e influenciar negativamente as sementes.
  • Altos níveis de nitrogênio no plantio, que podem ser perdidos por lixiviação e, o excesso de sais no sulco, pode prejudicar a qualidade das sementes.

Já a adubação do fósforo deve ser estratégica, pois no solo esse nutriente é pouco móvel. Uma das alternativas tem sido aplicação de nutrientes via tratamento de sementes.

Um exemplo prático é o Fulltec Mais, composto por nitrogênio, fósforo e alguns micronutrientes.

4ª Dica: Adubo para plantio de milho: micronutrientes

Apesar da quantidade requerida de micronutrientes ser bastante pequena, sua ausência pode refletir em menor desenvolvimento das plantas e, consequentemente, menor produtividade.

A aplicação de micronutrientes no solo muitas vezes é inviável, devido ao comportamento complexo de alguns micronutrientes e a influência de inúmeros fatores sobre sua disponibilidade para as plantas.

Por isso, a aplicação no plantio do milho deve ser realizada com cautela e dentro do planejamento, para evitar perda de fertilizantes e dinheiro.

Nesse caso, novamente a aplicação de nutrientes via tratamento de sementes aparece como uma excelente alternativa!

Atualmente no mercado, existem inúmeros produtos compostos por micronutrientes, por isso observe qual a necessidade de sua lavoura. O agricultor deve sempre consultar seu engenheiro(a) agrônomo(a).

5ª Dica: Adubo para plantio de milho: custos

Os fertilizantes compõem em média 25% dos custos de produção de milho no Brasil. Para você calcular os custos e a quantidade de fertilizantes em sua lavoura, você deve considerar:

  • Aplicação de calcário;
  • Aplicação de gesso agrícola;
  • Aplicação de macro e micronutrientes.

Não esqueça de levar em consideração a dose utilizada, quantidade de nutrientes e preço pago por quilo, litro ou tonelada.

Para facilitar, tenha todas as informações na palma da mão em uma planilha ou software de controle agrícola. 

O Aegro é um software de gestão agrícola que atua mesmo offline e auxilia o produtor da semeadura até a colheita, assim como no cálculo dos custos com adubação. Oferece:

  • Gestão de patrimônio e de máquinas;
  • Operações agrícolas como custos e insumos;
  • Gestão financeira e comercialização;
  • Monitoramento integrado de pragas – MIP;
  • Integração com o Climatempo; 
  • Imagens de satélite e análise NDVI;
  • Cotação de seguro rural; 
  • Anotador – ferramenta para os lançamentos do LCDPR;
  • Entre outras funções para o controle da fazenda. 

É possível testar o sistema de gestão agrícola Aegro de forma gratuita, por meio de:

Também existe a possibilidade de utilizar seus Pontos Bayer para contratar a versão completa do Aegro (clique aqui).

Custo de produção agrícola no Aegro

Visualização de custos de uma fazenda com gestão pelo Aegro (dados são ilustrativos)

Conclusão

A adubação para o plantio do milho é de extrema importância para o estabelecimento da cultura.

Mostramos neste artigo algumas dicas para te auxiliar nessa etapa, desde o planejamento inicial aos custos.

Espero que com essas informações, você consiga realizar o plantio de milho e alcançar altas produtividades. Boa safra!

Como você realiza adubação em sua lavoura? Ficou com alguma dúvida sobre adubo para plantio de milho? Deixe seu comentário abaixo!

Feijão guandu: como ele pode melhorar seu sistema de produção

Feijão guandu: saiba todos os benefícios desse cultivo, suas utilizações como adubo verde, consórcio e na alimentação animal. 

Nos últimos anos, o cultivo de feijão guandu cresceu aproximadamente 50% no mundo. Além de ser uma planta rústica e tolerante a secas e solos inférteis, apresenta um grande potencial para alimentação humana e animal.

Essas características fazem do feijão guandu uma planta extremamente interessante para os sistemas de produção, principalmente os que apresentam déficit hídrico em algum período do ano.

O guandu pode beneficiar o solo, servindo como um ótimo adubo verde, além de poder ser consorciado com outras culturas e incrementado na alimentação animal.

Veremos a seguir os aspectos do feijão guandu, como pode ser introduzido nos sistemas de produção e os benefícios dessa cultura na realidade brasileira.

Características do feijão guandu

O feijão guandu (Cajanus cajan) é uma leguminosa arbustiva da família das fabáceas, semiperene, de crescimento ereto/semiereto e que pode rebrotar após cortado. O ciclo de produção varia de 90 até 180 dias aproximadamente, isso porque o guandu é uma planta sensível ao fotoperíodo. 

Como é uma planta de dias curtos, assim como a soja, a fase vegetativa é influenciada pelo comprimento do dia. 

Dessa forma, quanto mais cedo o plantio (início da primavera) maior o ciclo vegetativo da planta e, consequentemente, maior a produção de biomassa.

feijão guandu

Relação entre biomassa seca e época de semeadura do Feijão Guandu
(Fonte: Modificado de Amabile et al (1996))

O feijão guandu é uma leguminosa e, portanto, é capaz de fixar nitrogênio do ar por meio de associação simbiótica com microrganismos.  

Graças à fixação biológica do nitrogênio, famosa FBN, o guandu apresenta altíssimas porcentagens desse nutriente em seus grãos e nas folhas (entre 15% e 20%).

Por não ter grandes exigências climáticas, pode ser cultivado de modo satisfatório nas regiões tropicais, subtropicais e no semiárido brasileiro.

Para completar o ciclo, o guandu necessita entre 500 e 1200 mm de chuvas. A fertilidade dos solos pode influenciar de maneira pequena no rendimento da planta, sendo que a disponibilidade de microrganismos que propiciem a FBN é o principal fator.

Como resultado, pode produzir de 5 a 15 toneladas por hectare de matéria seca e pode fixar de 90 a 150 kg de nitrogênio no solo por hectare. Sendo que as maiores produtividades ocorrem em solos com pH entre cinco e seis.

Sistema de produção

O feijão guandu pode entrar no sistema de produção como cultura alimentícia durante a segunda safra, como adubo verde e também como suplementação proteica animal. 

Como alimentação humana, seu uso tem crescido em algumas regiões do Brasil por conta da rusticidade da planta, seu elevado teor proteico e sua produção considerável de cerca de uma tonelada de grãos por hectare.

Quando usado como adubo verde, o feijão guandu se destaca não só pela fixação de nitrogênio no solo, mas também pela rápida degradação da sua biomassa, que está relacionada com a alta relação C/N (carbono e nitrogênio) do material. 

Já vimos aqui no Lavoura 10 como a relação C/N influencia na degradação do material vegetal e, também, já discutimos como o uso de plantas leguminosas é inviável pura e simplesmente para a formação de palha no solo. 

Mas os benefícios do guandu não estão na formação de palha. 

Como já citamos, a maior vantagem dessa planta é seu alto teor de nitrogênio e seu potencial na adubação verde e na rotação de culturas, que pode ter grandes benefícios na área. 

Outro uso crescente do feijão guandu no Brasil é na alimentação animal. Aí está outra aplicabilidade para seu alto teor de nitrogênio, já que quanto maior o teor do nutriente maior o teor proteico do alimento.

Dessa forma, muitos produtores têm usado o guandu como forrageira para ser ofertada no inverno para os animais, picada, ensilada com milho, pastejada diretamente affordablepapers e até mesmo em fardos de feno.

Veremos mais sobre alimentação animal mais adiante. Agora, vamos falar um pouco de como contornar as limitações do feijão guandu: consorciando!

Consórcios com feijão guandu

Uma das maneiras de contornar o problema da rápida decomposição da palha formada pelo feijão guandu e, ainda assim, aproveitar seus benefícios no solo como cultura de cobertura e adubo verde é consorciando essa leguminosa com gramíneas.

O guandu pode ser consorciado com milho ou sorgo, com o objetivo de aumentar a qualidade da silagem do material ou apenas para beneficiar o solo. 

feijão guandu

Milho (BRS 1035) solteiro e consorciado com guandu com e sem nitrogênio
(Fonte: Modificado de Oliveira et al (2010))

Também pode-se consorciar com forrageiras tropicais como a braquiária. A Embrapa lançou em 2010 o sistema Santa Brígida que consorcia milho, guandu e braquiária.

Milho (BRS 1035) solteiro e em diferentes consórcios

Milho (BRS 1035) solteiro e em diferentes consórcios
(Fonte: Modificado de Oliveira et al (2010))

Implantado solteiro, consorciado com milho ou com braquiária, a população de guandu semeada é em torno de 10 plantas por metro, espaçadas de 40 cm a 1,2 m. A taxa de semeadura pode chegar em até 40 kg de sementes por hectare.

Relação de Carbono e Nitrogênio na palha das culturas

Relação de Carbono e Nitrogênio na palha das culturas
(Fonte: Modificado de Oliveira et al (2010))

Como podemos ver, quando se realiza o consórcio do feijão guandu alteramos sua relação C/N de aproximadamente 25 para mais de 40, aumentando em muito o tempo de persistência desse material sobre o solo.

Assim, com palha mais tempo sobre o solo, tem-se maior proteção contra a chuva e os processos erosivos, além de maior umidade, temperatura e outros características do solo.

Feijão guandu na alimentação animal

Outro uso para o guandu que tem crescido muito no Brasil é sua utilização na alimentação animal.

Ao contrário de outras leguminosas usadas como adubo verde, como as crotalárias, o feijão guandu não é tóxico para o gado.

Desse modo, ele tem grande serventia para incrementar os teores de proteína nas dietas, por meio de silagem ou pastejo direto.

Como silagem, o guandu pode ser semeado em consórcio com o milho, sendo colhidos e ensilados conjuntamente. Esse processo pode elevar os níveis de proteína bruta da dieta em até 6%.

Valor nutritivo das silagens de milho com níveis crescentes de guandu
(Fonte: Quintino et al (2013))

O feijão guandu também pode ser semeado em consórcio simultâneo com pastagens como braquiária ou sobressemeado. Nesse caso, o objetivo é ser consumido diretamente pelos animais.

Como os animais pastejam pouco o guandu antes do florescimento, o cultivar conseguirá crescer e acumular uma boa quantia de biomassa até se tornar mais palatável no início da seca (pós-florescimento).

Na estação chuvosa seguinte, o material remanescente de guandu deverá ser roçado por volta dos 50 cm de altura, visando sua rebrota e o início de um novo ciclo de vegetação e posterior pastejo.

e-book culturas de inverno Aegro

Conclusão

O feijão guandu pode ser uma ótima opção quando pensamos em alimentação animal, na famosa rotação de culturas e como adubação verde.

Essa leguminosa pode incrementar a produtividade dos sistemas de produção e, de quebra, ajudar na sanidade dos solos agrícolas.

Após anos da “dobradinha” soja-milho, o sistema tende a declinar a produtividade e exige maior quantidade de insumos. Dessa forma, é de extrema importância que possamos variar essa sucessão sem diminuir os lucros.

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