Murcha-de-Fusarium em feijão: saiba como identificar e manejar

Murcha-de-Fusarium em feijão: entenda os sintomas, condições favoráveis para a ocorrência, fases mais suscetíveis e como evitá-la

A murcha-de-Fusarium é uma das principais doenças do feijão. Ela ocorre com maior frequência em feijão-comum e feijão-caupi.

Ela pode se manifestar em todas as fases de cultivo, e sua evolução ocorre ao passar dos anos. Isso acontece especialmente porque o patógeno é um habitante de solo, o que dificulta ainda o seu controle.

Neste artigo, veja como combater a murcha-de-Fusarium em feijão, como identificar no campo, sintomas e principais medidas de controle para reduzir e evitar danos na sua lavoura! Boa leitura!

O que é a murcha-de-Fusarium em feijão?

Espécies do fungo Fusarium são os principais patógenos causadores de doenças em plantas. A murcha-de-Fusarium, também conhecida como fusariose, é causada pelo fungo Fusarium oxysporum f. sp. phaseoli.

Eles conseguem utilizar inúmeras culturas distintas como hospedeiras. Além disso, são amplamente distribuídas pelas regiões produtoras de alimentos no mundo. O gênero Fusarium possui como plantas hospedeiras principalmente o feijão-comum e o feijão-caupi.

Murcha-de-Fusarium: sintomas

Os sintomas típicos da doença são reflexos do que acontece nas raízes. Nas raízes e nos caules, há escurecimento dos vasos e é possível ver estruturas rosadas do fungo. Ainda, as folhas amarelam e secam, sintomas que aparecem muito em reboleiras, prejudicando o enchimento das vagens.

Entretanto, é a parte aérea da planta que demonstra mais problemas. Os principais em que você deve prestar atenção são:

  • Amarelecimento das folhas com murcha parcial ou total das plantas, especialmente em horários mais quentes do dia, podendo levar inclusive a morte;
  • Escurecimento do sistema vascular que pode ser observado a partir do corte e visualização interna do caule das plantas. Nem sempre este sintoma ocorre, e por isso, a ausência de escurecimento interno não é sinônimo de que o problema não esteja ocorrendo;
  • Perda de rigidez dos tecidos durante dias ou períodos mais secos;
  • Em períodos de alta umidade no solo e sintomas severos, podem ser observadas estruturas de coloração cinza a rosada;
  • Em áreas infestadas com nematoides, como o nematoide-das-galhas e das lesões, a doença pode ser mais severa. Afinal, ambos os patógenos favorecem a entrada do fungo no interior das raízes;
  • Quando a doença ocorre ainda no período vegetativo, as plantas apresentam crescimento anormal, tornando-se raquíticas e de tamanho menor;
  • Nas vagens, podem ser visualizadas lesões de aspecto aquoso, podendo inclusive contaminar as sementes. Isso agrava o problema, especialmente quando as sementes são usadas em novas semeaduras. Afinal, isso acaba contaminando outros pontos da lavoura ou introduzindo a doença em locais onde ela era ausente.

Inicialmente, é comum que os sintomas sejam observados em reboleiras. Além disso, a murcha das plantas pode ser confundida com outras doenças e com estresse hídrico.

Por isso, ao sinal de irregularidades na lavoura, é importante que a inspeção seja feita para investigar as possíveis causas.

A doença afeta o sistema responsável pela passagem e translocação de água e nutrientes pela planta). Por isso, causa problemas principalmente em raízes, prejudicando a absorção de elementos importantes para o desenvolvimento das plantas. 

murcha-de-fusarium
Sinais de murcha-de-Fusarium nas raízes de feijão
Fonte: (Esalq-USP)

Condições favoráveis para o fungo Fusarium sp. no feijão

Embora a doença possa se manifestar no período vegetativo, é a partir do florescimento que os danos são mais severos. Afinal, nesse período a planta demanda maior fluxo de água e nutrientes necessários para o enchimento dos grãos. 

As temperaturas amenas (entre 24°C a 28°C), quando combinadas com alta umidade do solo, favorecem o fungo causador da doença. Os solos compactados, arenosos, ácidos e com baixo teor de matéria orgânica também são favoráveis.

Por isso, o manejo dos solos é fundamental para a saúde das plantas. Vale lembrar que outros tipos de solo podem ser tão impactados pela doença quanto os arenosos e ácidos. Ou seja, é importante que a doença não seja negligenciada

Os danos e prejuízos da doença dependem da sua severidade. A severidade, por sua vez,  depende da cultivar implantada na área. Em cultivares favoráveis para a doença, os danos podem ultrapassar os 50% e causar perda total do cultivo.

murcha-de-fusarium
Sinais de murcha-de-fusarium em folhas de feijão
Fonte: (TopCropManager)

Como fazer o controle de Fusarium no feijão?

O controle de Fusarium no feijão a partir de fungicidas não é uma medida eficiente. Afinal, o patógeno é um habitante de solo e que pode permanecer viável, sobrevivendo por longos períodos. Justamente por isso, o controle genético é a principal ferramenta de controle.

Outra medida que deve ser priorizada em áreas com histórico da doença é a rotação de culturas (controle cultural). Esta prática evita que o fungo continue o seu ciclo e produza novas populações, se caracterizando como uma medida preventiva de controle.

Como o patógeno tem espécies de feijão-comum e feijão-caupi como hospedeiras, estas não devem ser cultivadas na área por determinado período. É necessário inserir espécies não hospedeiras para quebrar o ciclo da doença e reduzir a sua população na área de cultivo.

Qual o melhor fungicida para Fusarium?

Como o fungo é um patógeno de solo, o tratamento de sementes com combinação de fungicidas de contato são medidas importantes.

Atualmente, no Agrofit, podem ser encontrados cinco produtos para controle da doença na cultura do feijão. Os principais grupos químicos incluem a combinação de estrobilurina + benzimidazóis.

Opções de fungicida para Fusarium de fenilpirrol + acilalaninato + benzimidazol + neonicotinóide também podem ser usadas no controle. 

Entretanto, lembre-se que a escolha do melhor fungicida para Fusarium deve ser baseada na realidade da lavoura e na ajuda de profissionais da agronomia.

Como combater a murcha-de-Fusarium antes dela chegar na lavoura?

Neste caso, as boas práticas agrícolas como manejo de solo são cruciais para evitar os danos da doença. Além disso, o uso de sementes certificadas é indispensável. Elas são produzidas sob rigor, fiscalização e inspeções frequentes.

Em lavouras com suspeita de problemas, mesmo que não identificados devidamente, é importante que o manejo com máquinas seja feito com cuidado. Faça primeiro o manejo em  áreas com ausência de problemas, e depois, em áreas com suspeita.

Isto evita que possíveis patógenos sejam disseminados ao longo das áreas de produção através de solo contaminado aderido às máquinas. Um manejo de solo que evite a compactação da área ou que auxilie na redução do problema também pode ser útil. 

planilha pulverização de defensivos agrícolas

Conclusão

A murcha-de-Fusarium ou amarelecimento-de-Fusarium é uma doença que pode reduzir significativamente a produtividade do feijão-comum e do feijão-caupi.

Como os sintomas são semelhantes a diversas outras doenças e estresses, é fundamental que a doença seja devidamente diagnosticada. Isso especialmente para que as medidas de controle mais adequadas sejam implantadas na área.

O controle genético e o tratamento de sementes, aliados a medidas que recuperem a saúde do solo, são as mais eficientes para o controle da doença.

Como o compêndio de defensivos agrícolas online facilita a emissão do receituário agronômico

Compêndio de defensivos agrícolas online: emissão do receituário agronômico exige consulta fitossanitária assertiva para escolha do produto certo

A emissão do receituário merece cuidados especiais, mas a boa notícia é que hoje a consulta fitossanitária dos defensivos agrícolas pode ser feita através de dispositivos online. Isso é feito do campo, facilitando o dia a dia dos profissionais habilitados na prescrição dos produtos. 

O receituário agronômico deve ser emitido de acordo com as informações das bulas dos defensivos, seguindo as recomendações dos fabricantes e das legislações dos órgãos competentes. 

Por isso, é fundamental que esses profissionais estejam sempre atentos às atualizações e registros de novos produtos, evitando-se problemas legais e ambientais. 

A escolha de uma ferramenta com informações atualizadas para a pesquisa fitossanitária é fundamental para a prescrição e uso correto dos agroquímicos. Assim, você evita multas e autuações por erros na recomendação desses produtos.  

Neste artigo, vamos mostrar como um compêndio de defensivos agrícolas online pode ser uma ferramenta de apoio nesta etapa tão importante. Boa leitura! 

Para que serve um compêndio de defensivos agrícolas?

Um compêndio de defensivos agrícolas deve fornecer dados essenciais e atualizados para embasar a prescrição de defensivos agrícolas, tornando-a mais assertiva. É sabido que a indicação e o uso correto desses produtos aumentam a eficiência do processo produtivo!

Eles são atualizados conforme as bulas desses produtos e informações recebidas de seus fabricantes, como:

  • Listagem de produtos que podem ser comercializados no Brasil;
  • Empresas fabricantes;
  • Classificação toxicológica e ambiental;
  • Classificação por organismo alvo de sua ação;
  • Controle de produtos aptos e não aptos por estados; 
  • Diagnósticos (relação de pragas);
  • Relação de culturas;
  • Modalidade e época de aplicação do defensivo
  • Controle de dosagem, volume de calda e intervalo de segurança;
  • Informações de aplicação aérea quando aplicável; 
  • Controle de número de aplicações mínimo e máximo. 

Dessa forma, a pesquisa através do compêndio agrícola auxilia os profissionais técnicos na tomada de decisão sobre os produtos mais utilizados para determinado alvo ou problema

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Tipos de defensivos agrícolas

A classificação dos defensivos pode ser feita de diversas formas. Normalmente a mais usual é de acordo com o organismo alvo de sua ação. Como exemplo, podemos citar:

  • Classificação para controle de doenças fúngicas: fungicidas;
  • Classificação para controle de doenças bacterianas: bactericidas;
  • Classificação para controle de insetos: inseticidas;
  • Classificação para controle de ácaros: acaricidas;
  • Classificação para controle de nematóides nos solo: nematicidas;
  • Classificação para controle de ervas daninhas: herbicidas

Outro tipo de classificação considera o nível de toxicidade dos produtos a humanos, sendo elas por categorias

  • Categoria 1 (faixa vermelha): produto extremamente tóxico;
  • Categoria 2 (faixa vermelha): produto altamente tóxico;
  • Categoria 3 (faixa amarela): produto moderadamente tóxico;
  • Categoria 4 (faixa azul): produto pouco tóxico;
  • Categoria 5 (faixa azul): produto improvável de causar dano agudo;
  • Não classificado (faixa verde).
agroreceita
Modelo de faixa de classificação toxicológica a ser exibida no rótulo e bula de agroquímicos. 
(Fonte: Anvisa)

Como o compêndio online minimiza erros causados pelas alterações nas bulas dos defensivos

Acompanhar o grande volume de informações contidas nas bulas dos mais de 3 mil defensivos agrícolas registrados no Brasil e suas constantes alterações é uma tarefa que exige tempo e conhecimento. 

De acordo com o Decreto Federal 4.074/02, os defensivos só poderão ser prescritos conforme as recomendações de uso de seus rótulos e bulas.

Informações mais detalhadas sobre esses produtos podem ser consultadas no Agrofit (Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários), plataforma do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Conforme banco de dados da plataforma AgroReceita, em apenas 6 meses, de março a agosto de 2022, 43% das bulas dos defensivos químicos e biológicos foram atualizadas pelo Mapa.

Dentre os tipos de defensivos, os herbicidas foram os produtos que mais sofreram alterações. Na sequência tivemos os inseticidas e os fungicidas.

Além das atualizações das bulas, até agosto deste ano, o Brasil registrou 228 novos produtos formulados. Ainda existiam  881 produtos químicos formulados e 90 orgânicos, biológicos e microbiológicos aguardando para serem registrados.

Diferenças na comercialização de defensivos por estado

Somando-se a isso, a legislação para a comercialização e uso desses produtos é extensa e não padronizada nos estados brasileiros. Isso dificulta o dia a dia dos engenheiros-agrônomos, engenheiros-florestais e técnicos-agrícolas.

Eles são responsáveis pela prescrição dos defensivos, que precisam se manter atualizados sobre essas alterações. Embora exista uma listagem nacional dos produtos aptos e não aptos, cada estado pode decidir pela comercialização e uso em suas fronteiras. 

Como exemplo, podemos citar o estado de São Paulo, cujo órgão responsável é o Gedave, que atualmente possui 2.140 produtos aptos para serem comercializados. Enquanto isso, o Rio Grande do Sul, regulado pelo Siga, possui 1.570 aptos para comercialização.  

Portanto, antes de prescrever os defensivos, os responsáveis técnicos precisam avaliar se os produtos podem ou não ser comercializados naquele estado.

Por que o compêndio de defensivos agrícolas online auxilia na emissão do receituário 

A consulta fitossanitária deve seguir procedimentos para avaliação sobre o nível de infestação de uma determinada praga ou doença e independe do método. Isso é feito visando ao controle por meio de aplicação de produtos fitossanitários.

A recomendação sobre quais produtos utilizar, a quantidade por hectare e métodos de aplicação deve ser acompanhada de métodos alternativos de controle e manejo de solo. O objetivo é a redução das pragas e doenças

Com um compêndio de defensivos agrícolas online é possível realizar a consulta dos defensivos químicos e biológicos registrados para uso no Brasil. Você pode fazer isso direto do campo ou de onde você estiver.

Também é possível identificar quais são os produtos mais indicados para determinada cultura, alvo ou problema. 

O compêndio de defensivos agrícolas online do AgroReceita, por exemplo, disponibiliza um banco de dados das bulas desses produtos, com atualização em tempo real, conforme dados do Mapa.

Foto da página da Agro Receita

Além disso, possibilita a pesquisa dos produtos que podem e não podem ser comercializados nos estados brasileiros. A plataforma não permite que o usuário selecione um produto inapto para seu estado. 

Um bom compêndio deve fornecer automaticamente as seguintes informações: 

  • Listagem dos defensivos aptos e não aptos por estados, por fabricantes;
  • Tipos e classificação; 
  • Relação de pragas e diagnósticos;
  • Relação de culturas; 
  • Número máximo e mínimo de aplicações;
  • Fase da cultura, do solo ou do estágio do problema;
  • Dosagem recomendada, volume de calda e cálculo da área a tratar;
  • Intervalo de segurança;
  • Época e modalidade de aplicação.

Conclusão

As atualizações das bulas dos defensivos agrícolas registrados no Brasil ocorrem com certa frequência, bem como a liberação de novos produtos a cada ano. 

Por isso, é importante que os profissionais técnicos habilitados na emissão do receituário agronômico usem ferramentas confiáveis. Elas ajudam na pesquisa do produto mais recomendado para determinado alvo ou problema. 

Outro fato importante é a base da legislação atual, que é extensa e não padronizada nos estados brasileiros. Ela pode induzir o profissional ao erro no momento da prescrição desses produtos, gerando multas altíssimas

Para tanto, o uso de um banco de dados atualizado, seja para a pesquisa fitossanitária ou para a emissão do receituário agronômico, é fundamental para a segurança dos profissionais envolvidos e para a assertividade do seu negócio

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Curuquerê-dos-capinzais: como identificar e controlar

Curuquerê-dos-capinzais: conheça as características, quais culturas são afetadas pela praga e como manter a lavoura livre dela

Também conhecida como curuquerê-do-algodão, essa lagarta desfolhadora é considerada uma das principais pragas do algodoeiro. Ela pode reduzir a produtividade da cultura em até 67%.

Por causar danos tão significativos, conhecer todas as características da praga é fundamental para controlá-la antes de sofrer prejuízos. Além disso, saber os manejos corretos te ajudará a manter a sua cultura saudável e produtiva.

Neste artigo, conheça as principais características da lagarta curuquerê-dos-capinzais, bem como culturas afetadas e danos causados por ela. Boa leitura!

O que é o curuquerê-dos-capinzais?

A lagarta curuquerê (Alabama argillacea ou mocis latipes) ou lagarta dos capinzais, é chamada de diferentes formas. No entanto, ela pertence à ordem Lepidóptera, e é uma mariposa da família Erebidae. Ela é encontrada em diversos lugares, desde América do Norte, Central e do Sul.

Ela pode atacar outras espécies além do algodão, e possui duas características importantes. A primeira é que ela possui hábitos migratórios. Ou seja, as mariposas tendem a migrar de diferentes locais. Por isso, o controle regional é extremamente importante.

Alteração de cor da mocis latipes é visualizada quando esta atinge altas populações na área de cultivo
(Fonte: F.J. Celoto/Lab. MIP – Unesp/Ilha Solteira)

A segunda característica é o hábito monófogo durante o estádio larval. Isso significa que as mariposas são encontradas majoritariamente na cultura do algodão.

Período larval e ciclo de vida da mocis latipes

A cultivar utilizada na lavoura pode responder de forma diferente ao número de ovos ovipositados pela lagarta. Ela pode influenciar em maior ou menor postura.

Cada fêmea pode ovipositar entre 6 e mais de 1700 ovos. A escolha da cultivar mais adequada à área, observando o histórico de ataque da lagarta, é fundamental.

O período de oviposição da lagarta dura aproximadamente um mês. Após, os ovos são incubados durante 4 e 6 dias, eclodindo posteriormente e liberando as novas lagartas ao ambiente.

O tempo em que a lagarta permanece em fase de lagarta é variável. Ele pode durar até 30 dias, a depender da temperatura. O período em que a lagarta entra no casulo para se transformar em mariposa, pode durar entre 10 e 30 dias.

Esse período também é influenciado pela temperatura. No verão, e consequentemente em temperaturas mais elevadas, o ciclo de vida pode ser mais rápido. Assim, o potencial de danos é maior, exigindo cuidados redobrados.

Temperaturas entre 25°C e 30°C são favoráveis à lagarta. Temperaturas acima de 35°C prejudicam o desenvolvimento da espécie, assim como temperaturas muito amenas.

Como identificar a praga

Esta lagarta tem coloração diferente das principais lagartas da soja, do algodão e do milho. Sua coloração é verde clara, e ela possui duas estrias dispostas ao longo de todo o corpo. Além disso, há pontos pretos distribuídos aleatoriamente de uma extremidade até a outra.

Característica da lagarta-caruquerê-dos-capinzais em fase larval ou de lagarta, pré-pupa (à esquerda) e pupa (à direita).
(Fonte: González et a., 2021)

Mas esta não é a única cor que esta lagarta pode ter. Em populações elevadas, elas mudam de coloração. O corpo torna-se preto, mantendo as listras brancas e os pontos pretos visíveis nas laterais do corpo. 

Desta forma, ao visualizar lagartas pretas na lavoura, produtores já podem ter ideia de que a população deste inseto está elevada. Consequentemente, os danos já estão ocorrendo em grandes proporções.

Lagarta-dos-capinzais em fase adulta, sobre folha de soja
(Fonte: González et a., 2021)

Distribuição da lagarta curuquerê nas regiões produtoras

No Brasil, a ocorrência da lagarta é principalmente entre os meses de janeiro a julho. No entanto, apresenta diferenças nas regiões. Na região Centro-Sul, a lagarta pode ser observada principalmente a partir do mês de dezembro, até julho. 

Em São Paulo, em contrapartida, o pico de maior população deste inseto ocorre próximo ao mês de abril. No Nordeste, pode ocorrer no início de janeiro até o mês de maio. 

Desta maneira, geralmente, as infestações têm origem inicial na região Centro-Norte, e posteriormente para a região Centro-Sul do país. 

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Curuquerê no algodão e em outras culturas

Na cultura do algodão, principal cultura afetada, os danos podem ocorrer em todas as partes da planta. Entretanto, os danos acontecem especialmente quando a população da praga encontra-se elevada na área. Ou, ainda, quando há pouca disponibilidade de alimento.

Inicialmente, a lagarta se alimenta de folhas novas do ponteiro, que apresentam sinais de raspagem. Com o avançar, as lagartas atacam o terço mediano da planta, provocando desfolha generalizada.

Ela pode consumir mais de 90 cm² de folhas até completar todo o seu ciclo de vida. Dada a capacidade de cada fêmea ovipositar até entre 1800 ovos, uma única lagarta pode causar redução da área foliar. Essa redução pode ser equivalente a mais de 16,2 m²

Sendo as folhas indispensáveis para a fotossíntese e para a produção, a rápida identificação desta praga para o controle é fundamental. Assim, você consegue manter o potencial produtivo da cultura frente a este inseto.

Para a cultura do algodão, as fases iniciais e a abertura das maçãs são as mais críticas. A primeira é delicada pois pouca quantidade de folhas estarão disponíveis, fazendo com que a lagarta consuma outras partes da planta. 

A segunda também é delicada, já que o ataque à maçã provoca maturação forçada. Isso causa redução da qualidade e quantidade das fibras produzidas. Até os 135 dias, a lagarta pode ainda, causar:

  • redução do peso do capulho e das sementes;
  • redução da porcentagem e uniformidade das fibras;
  • retardo do ciclo floral em aproximadamente um mês.

A lista de culturas afetadas é longa. A presença próxima destas culturas a áreas de produção de algodão podem favorecer a reprodução da praga e as infestações iniciais. A lagarta curuquerê também pode afetar significantemente a:

Além da lagarta ser um problema, as mariposas (fase posterior a lagarta), também têm potencial de causar danos. Afinal, elas podem se alimentar de diferentes espécies frutíferas.

Manejo da lagarta Alabama argillacea

O manejo da lagarta curuquerê-dos-capinzais não é tarefa fácil e exige um conjunto de medidas. Elas incluem controle preventivo, controle cultural, controle genético, controle biológico e controle químico.

Controle preventivo

Algumas medidas preventivas para evitar a ocorrência desta praga é evitar que condições ideais de desenvolvimento sejam dadas.

Nas últimas safras, os danos causados pelo curuquerê-dos-capinzais têm ocorrido no início da safra. Isso acontece muito em razão da presença contínua das plantas de algodão, que permanecem nas áreas de cultivo após a safra.

Por isso, o monitoramento da área e beiradas de lavouras e estradas é fundamental. Assim, você elimina as plantas tigueras.

Com a presença de plantas de algodão na área, a lagarta encontra condições de continuar a produzir novos indivíduos. Desta maneira, as infestações tendem a ocorrer cada vez mais cedo, visto que a lagarta já possui uma pequena população presente na lavoura.

Controle cultural

As medidas de controle cultural tem como objetivo manejar a cultura em benefício próprio, dificultando o estabelecimento da praga nas áreas de produção. 

A redução da irrigação com pivô pode auxiliar no controle. No entanto, é necessário observar que esta prática pode favorecer outras pragas importantes, como a mosca-branca.

Controle genético

Outra medida utilizada para o controle da lagarta curuquerê do algodão é a escolha de cultivares resistentes ou tolerantes. Essa é uma medida fundamental, uma vez que este inseto já apresenta relatos de resistência a alguns inseticidas químicos.

Controle com inimigos naturais

Alguns parasitóides e fungos atuam como inimigos naturais e podem ser utilizados no controle desta lagarta. 

É importante que medidas de manejo integrado de pragas sejam tomadas em conjunto. Afinal, uma única forma de controle geralmente não é eficaz a longo prazo.

Para a utilização do controle biológico e químico, é necessário que produtores e técnicos tenham conhecimento dos produtos utilizados e verifiquem a compatibilidade entre eles. 

Além disso, é necessário conhecer o período entre as aplicações, para evitar interferência na eficiência do controle.

Controle químico

Para a cultura do algodão, segundo o Agrofit, existem atualmente 277 produtos registrados para o controle desta lagarta na cultura do algodão. Dentre eles, existem opções à base dos ingredientes ativos:

  • Abamectina;
  • Acefato;
  • Beta-cipermetrina;
  • Bifentrina;
  • Fipronil;
  • Cipermetrina;
  • Clorpirifós;
  • Cipermetrina;
  • Diflubenzurom;
  • Metomil, dentre outros.

No entanto, a escolha do controle químico deve sempre ser baseada no inseticida que cause menos danos aos inimigos naturais presentes na área.

O uso contínuo de inseticidas não seletivos (que eliminam também os inimigos naturais presentes na área de cultivo) podem provocar o desequilíbrio. Isso acontece ao ponto de uma praga secundária vir atingir uma população que cause danos à cultura.

Este é o caso de inúmeras espécies de lagartas que assumiram papel de pragas primárias em diversas culturas, principalmente na cultura do milho. Por isso, o manejo integrado de pragas com a junção de diferentes métodos de controle é indispensável.

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Conclusão

A lagarta curuquerê dos capinzais ou do algodoeiro é uma das principais pragas da cultura. A identificação rápida do problema é fundamental para o controle, especialmente devido aos riscos da resistência dessa praga aos inseticidas.

Além disso, é fundamental que outros métodos de controle sejam empregados de forma conjunta. Alguns exemplos são o controle preventivo, controle cultural, genético, biológico (quando possível e disponível) e químico.

Também é importante evitar que a população da praga alcance grandes densidades. Isso principalmente devido aos riscos de pressão de seleção de indivíduos resistentes aos inseticidas químicos.

Você já percebeu a presença do curuquerê-dos-capinzais na sua lavoura? Compartilhe conosco, vamos adorar o seu comentário!

Tudo o que você precisa saber sobre o amendoim-bravo (Euphorbia heterophylla)

Amendoim-bravo: conheça as características dessa planta daninha, como ocorre a propagação, quais são os danos causados na cultura da soja e muito mais.

O amendoim-bravo, também conhecido como leiteiro, é uma espécie invasora de grande importância. Essa planta cresce rapidamente, possui ciclo curto e elevada produção de sementes. 

É considerada uma das principais plantas daninhas em lavouras de soja transgênica. Ela está presente em todo território brasiliero e afeta culturas anuais e perenes. 

Conhecer suas características e as melhores táticas de manejo de plantas daninhas é fundamental para evitar danos na cultura.

Neste artigo, saiba como identificar o leiteiro e conheça táticas culturais, mecânicas, preventivas e químicas para livrar sua lavoura dele. Boa leitura!

Características do amendoim-bravo ou leiteiro (Euphorbia heterophylla)

O amendoim-bravo ou leiteiro (planta cujo nome científico é Euphorbia heterophylla) é uma planta daninha herbácea e que tem ciclo de vida anual. Popularmente, ela também é conhecida como leiteira, flor-de-poeta e café-do-diabo.

Essa planta libera uma substância leitosa ao sofrer algum tipo de injúria, o que justifica seu nome. A secreção de látex é uma característica das espécies da família Euphorbiaceae

Amendoim-bravo ou leiteiro (Euphorbia heterophylla)
(Fonte: Embrapa)

O caule é ereto e cilíndrico, podendo ser simples ou ramificado. A cor da base varia do verde ao vermelho. O amendoim-bravo pode atingir até 80 cm de altura. A inflorescência é do tipo ciátio. Várias flores masculinas estão dispostas ao redor de uma única flor feminina. 

As folhas dessa planta daninha são simples e possuem formatos bastante variáveis. Essa característica é conhecida por heterofilia. Numa mesma planta há folhas com diferentes formas. Elas podem ser ovaladas, lanceoladas, elípticas, obovadas ou com formato de violino.

(Fonte: Embrapa)

Propagação do leiteiro (planta daninha)

A propagação do amendoim-bravo ou leiteiro ocorre por sementes. Quando o fruto atinge a maturação, as sementes são lançadas para longe da planta-mãe. As sementes são liberadas no ambiente pelo rompimento explosivo do fruto, o que facilita a sua disseminação.

Essa planta invasora tem a capacidade de produzir elevado número de sementes. Uma única planta produz aproximadamente 490 sementes. Essa característica aumenta o seu potencial de competição com outras espécies vegetais.

As sementes do amendoim-bravo têm formato ovalado irregular e coloração castanha. O tamanho varia de 2 mm a 3 mm de comprimento, por 2 mm a 2,5 mm de largura. 

As sementes podem preservar o poder germinativo por longos períodos. Além disso, elas apresentam alto potencial de germinação mesmo em maiores profundidades de solo. Temperaturas entre 25 °C e 35 °C favorecem a germinação do leiteiro.

Sementes de amendoim-bravo ou leiteiro (Euphorbia heterophylla)
(Fonte: Manual de Identificação e Controle de Plantas Daninhas)

Danos causados pela Euphorbia heterophylla cultura da soja

O leiteiro é uma planta bastante agressiva e que apresenta rápido crescimento inicial.  À medida que se desenvolve, ele forma uma densa cobertura sobre as plantas de soja. Como a soja tem o desenvolvimento mais lento, ela é sombreada pelo amendoim-bravo

O intenso sombreamento interfere negativamente no desenvolvimento das plantas de soja e na produtividade. A Euphorbia heterophylla compete com a cultura da soja por água, nutrientes, luz e espaço. Ela afeta a quantidade e a qualidade do produto colhido. 

Em culturas anuais, o amendoim-bravo reduz em até 60% a produção de grãos. A presença de plantas daninhas na colheita da soja pode dificultar fisicamente o processo. A alta infestação de invasoras compromete o funcionamento da colhedora e interfere na eficiência da atividade.

A presença do amendoim-bravo durante a colheita também eleva o teor de umidade dos grãos. Consequentemente, há maiores gastos com o beneficiamento da soja. Como o amendoim-bravo produz látex, isso contribui para que impurezas se fixem no material colhido. 

Ainda, o amendoim-bravo ainda pode ser hospedeiro das principais pragas da soja, como o percevejo-marrom (Euschistus heros) e a mosca-branca (Bemisia tabaci).

Essa planta daninha pode ser infectada pelo vírus do mosaico-anão (Euphorbia mosaic virus – EMV). A partir da planta infectada, o vírus é transmitido pela mosca-branca às plantas de soja. 

Por isso, o vírus do mosaico-anão em soja está associado à presença do leiteiro. Em lavouras onde há grande população de mosca-branca, a incidência dessa virose é maior.

Além disso, o leiteiro é considerado hospedeiro de nematoides (Meloidogyne incognita e Pratylenchus coffeae) e do fungo Diaporthe phaseolorum, causador do cancro da haste da soja.

Como fazer o controle do leiteiro (amendoim-bravo)

O amendoim-bravo é uma planta de difícil controle, que já apresentou resistência a herbicidas. Nesse sentido, é importante que o manejo dessa planta daninha integre diferentes métodos de controle: preventivo, cultural, mecânico e químico.

Métodos preventivos

O manejo preventivo tem o objetivo de evitar que sementes de leiteiro e de outras daninhas sejam introduzidas na área cultivada.  Para isso, algumas medidas podem ser adotadas:

  • plantio da lavoura com sementes certificadas;
  • limpeza de máquinas e implementos agrícolas para evitar que torrões de terra contaminados com sementes de plantas daninhas sejam transportados de uma área infestada para outra;
  • controle das espécies invasoras não apenas na área cultivada, mas também nas estradas, carreadores e nas bordaduras das lavouras;
  • controle das daninhas no período da entressafra.

Métodos culturais

Dentre as práticas culturais que podem ser empregadas no manejo do leiteiro, temos:

  • rotação de culturas;
  • adubação equilibrada;
  • cobertura verde;
  • época de semeadura;
  • bom preparo de solo;
  • plantio de variedade/cultivar adaptada à região; 
  • variação no espaçamento e na densidade de plantas.

Métodos mecânicos

No manejo mecânico, as plantas daninhas podem ser eliminadas pelos seguintes métodos:

  • cultivo mecanizado; 
  • arranquio;
  • capina;
  • roçagem (manual ou mecânica).

Em lavouras cultivadas sob o sistema de plantio direto, a palhada tem impacto sobre a passagem de luz, temperatura e umidade do solo. Esse efeito físico exercido pela cobertura morta também contribui para o manejo das espécies invasoras

Método químico

O amendoim-bravo já apresentou resistência múltipla aos herbicidas inibidores da enzima acetolactato sintase, que são:

  • clorimuron-etil;
  • cloransulam-metil;
  • imazamox;
  • imazaquim;
  • imazethapyr.

Essa daninha também já manifestou resistência aos herbicidas inibidores da enzima protoporfirinogênio oxidase (Protox), que são:

  • acifluorfen;
  • diclosulam;
  • flumetsulam;
  • flumiclorac-pentyl;
  • fomesafen;
  • lactofen;
  • metsulfuron-methyl;
  • nicosulfuron;
  • saflufenacil.

Além disso, mais recentemente foram constatados biótipos dessa planta invasora resistente ao glifosato. No manejo do amendoim-bravo, é muito importante que o uso de herbicidas seja integrado a outros métodos de controle.

No controle químico, alguns cuidados devem ser adotados, como a rotação de produtos com mecanismos de ação diferentes. Também é importante seguir as orientações da bula dos produtos quanto à dosagem, modo e época de aplicação.

O sucesso da aplicação dos herbicidas ainda está relacionada ao estádio de desenvolvimento das plantas daninhas. Plantas jovens são mais fáceis de serem controladas do que plantas adultas.

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Conclusão

O amendoim-bravo ou leiteiro é uma planta daninha de difícil controle, ciclo curto. Ele já apresentou resistência a algumas moléculas herbicidas, dentre elas o glifosato. Uma planta de leiteiro é capaz de produzir cerca de 490 sementes

Na cultura da soja, essa planta daninha compete por recursos, promove o sombreamento, dificulta o processo de colheita e eleva os custos de produção. Além disso, ela pode ser hospedeira de pragas e doenças.

O manejo do amendoim-bravo deve ser realizado pela adoção de diferentes métodos de controle: preventivo, cultural, mecânico e químico. Na dúvida, sempre consulte um(a) engenheiro(a)-agrônomo(a).

Você já teve problemas com o amendoim-bravo na sua lavoura? Me conte sua experiência.

Como livrar a lavoura da planta erva-de-passarinho

Erva-de-passarinho: saiba o que é, quais são as características, como ocorre a disseminação e como realizar o controle no cafeeiro.

As ervas-de-passarinho são um grupo das principais plantas daninhas encontradas em todo o mundo. A maioria das espécies está distribuída em regiões tropicais e subtropicais.

No Brasil, a maior diversidade da erva-de-passarinho está presente no Cerrado e na Amazônia. Essas plantas aparecem em áreas de floresta nativa e são fonte de alimento para as aves. 

Dependendo do contexto, elas são consideradas plantas daninhas. Afinal, se desenvolvem sobre espécies alimentícias de grande importância agronômica, como o café. 

Neste artigo, saiba como reconhecer essa planta daninha e quais as táticas de manejo mais eficazes. Boa leitura!

O que é erva-de-passarinho?

A erva-de-passarinho, também conhecida como visto, é uma planta trepadeira arbustiva, pertencente às famílias Loranthaceae e Santalaceae. Ela parasita árvores de grande porte e também culturas de grande interesse econômico, como o café. 

Essa planta daninha também é conhecida como:

  • passarinheira;
  • enxerto-de-passarinho;
  • tetipoteira;
  • visco;
  • visgo; 
  • esterco-de-jurema;
  • guirarepoti. 

Essas plantas crescem em galhos de espécies lenhosas. O nome erva-de-passarinho se deve ao fato de as sementes dessas plantas serem disseminadas por pássaros

As aves se alimentam dos frutos e liberam as sementes por regurgitação ou pelas fezes nos galhos das árvores. Ao cair sobre os troncos e galhos, as sementes se fixam através de uma substância viscosa e aderente. Ali elas germinam e a erva-de-passarinho se desenvolve.

Características da passarinheira

As plantas conhecidas por erva-de-passarinho parasitam uma ampla variedade de hospedeiros, como o café, citrus, umbu, goiaba, manga e também espécies madeireiras. 

Esse grupo de plantas também representa um grande problema para a arborização urbana. As ervas-de-passarinho são perenes e parcialmente parasitas. Elas realizam fotossíntese, mas dependem parcialmente de um hospedeiro para extrair água e nutrientes.

Uma característica desse grupo de plantas são as raízes sugadoras, também chamadas de haustórios. Elas penetram na planta hospedeira e estabelecem uma conexão com o xilema.

Dele, a erva-de-passarinho extrai a seiva bruta, substância composta por água e nutrientes.

erva de passarinho
Erva-de-passarinho parasitando tronco de árvore
(Fonte: Prefeitura Municipal de Curitiba, foto de Ricardo Almeida)

De modo geral, o caule das ervas-de-passarinho apresenta nós e entrenós bem definidos e os ramos são cilíndricos, comprimidos ou angulosos. As folhas são sempre verdes e a forma varia de acordo com a espécie

A inflorescência apresenta cores diversas e pode ser racemosa, terminal ou axilar, a depender da espécie da erva-de-passarinho. A polinização dessas plantas é feita por insetos, aves e pelo vento.

Os frutos têm cores variadas. Eles podem ser em formato de globos, ovais ou em formato de elipse. Confira abaixo as características de algumas espécies de ervas-de-passarinho. 

Foto de erva-de-passarinho em  árvores
Struthanthus vulgaris Mart. A – Hábito arbustivo na copa de álamo (Populus sp.); B – Detalhe de ramos e folhas; C – Flores; D – Frutos
(Fonte: Embrapa, 2005)

É comum que as ervas-de-passarinho sejam confundidas com algumas plantas epífitas. No entanto, é bom deixar claro que as espécies epífitas não causam danos diretos ao hospedeiro. 

Elas estabelecem uma relação de inquilinismo com a planta hospedeira. Isso quer dizer que as epífitas apenas utilizam o hospedeiro como apoio, sem retirar água e nutrientes. 

erva-de-passarinho em vários estágios de desenvolvimento
Struthanthus polyrhysus Mart. A – Hábito arbustivo na copa de tipuana (Tipuana tipu); B – Detalhe de ramos enovelados e folhas; C – Flores; D – Frutos
(Fonte: Embrapa, 2005)

Como controlar a erva-de-passarinho parasita?

As ervas-de-passarinho são bastante resistentes à erradicação. No cafeeiro, o controle se resume à poda dos troncos, galhos e ramos infestados por essas plantas. A poda deve ser feita abaixo da área parasitada.

No momento da poda das plantas de café, é importante ter bastante atenção. Qualquer parte restante das ervas-de-passarinho pode se recuperar e voltar a parasitar o cafeeiro.

O constante monitoramento da lavoura de café é fundamental para a identificação e o controle dessas plantas daninhas. Também é preciso monitorar as áreas próximas às lavouras para verificar a presença de ervas-de-passarinho parasitando outras espécies lenhosas.

O período de inverno é o mais indicado para a realização da poda de limpeza do cafeeiro. A poda para o controle das ervas-de-passarinho deve ser feita antes da frutificação. Isso reduz as fontes de sementes que poderiam ser disseminadas pelas aves e infestar o cafezal.

O trabalho de controle das ervas-de-passarinho é caro e leva bastante tempo para ser executado. É necessária muita mão de obra, o que eleva os custos de produção do café.

Infelizmente, ainda faltam estudos a respeito de outros métodos eficientes de controle das ervas-de-passarinho nas culturas agrícolas.

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Danos dessa planta daninha na cultura do café

À medida que a erva-de-passarinho se desenvolve sobre os galhos do cafeeiro, ela envolve e ocupa a copa da planta

Esse processo tem impacto direto na produção do grão de café. Isso ocorre pois a cobertura da copa reduz a fotossíntese, o que afeta o crescimento e a capacidade reprodutiva do cafeeiro.

Além disso, quando a erva-de-passarinho parasita a cultura, ela limita a quantidade de água e nutrientes para o café distribuídos para o restante da planta. A carência nutricional contribui para a redução do vigor das plantas.

Isso prejudica o crescimento, a produtividade do cafezal e a qualidade dos frutos. A presença da erva-de-passarinho também pode comprometer a arquitetura das plantas, pela deformidade do caule, e também causar a seca de folhas e ramos.

Plantas infestadas por essas daninhas são mais suscetíveis a estresses ambientais, assim como ao ataque de pragas e doenças do café. Dependendo do nível de infestação, pode ocorrer a morte das plantas.

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Conclusão

As ervas-de-passarinho são plantas trepadeiras que infestam espécies lenhosas de gêneros alimentícios, ornamentais e madeireiros.

A presença dessas plantas na lavoura provoca a redução da fotossíntese e do vigor das plantas de café. Elas também podem levar à seca dos ramos e galhos. 

Os danos causados pelas ervas-de-passarinho causam ainda a redução do crescimento, da produção e da qualidade dos frutos. Em casos severos de infestação, pode ocorrer a morte prematura do cafeeiro. 

Por enquanto não há pesquisas científicas suficientes para o controle dessa daninha. Por isso, a poda dos ramos parasitados é o único método indicado para o manejo da erva-de-passarinho.

Você já teve problemas com a erva-de-passarinho na sua lavoura de café? Tem alguma dúvida sobre esse assunto? Adoraria ler seu comentário.

Saiba como identificar e manejar a vassourinha-de-botão

Vassourinha-de-botão: conheça as características da planta daninha, os danos causados nas culturas, produtos indicados para controle e mais!

A vassourinha-de-botão pertence à família Rubiaceae, e é uma planta daninha nativa da América tropical. Ela infesta lavouras, pastagens, áreas degradadas e antropizadas.

No Brasil, essa espécie tem sido considerada uma das mais danosas plantas daninhas da soja, do milho e do algodão. Ela tem ganhado destaque por já haver relatos da ineficiência do uso do glifosato no seu controle.

Neste artigo, saiba como identificar essa invasora e fique por dentro das melhores formas de manejo. Boa leitura!

Características da vassourinha (planta daninha)

A vassourinha-de-botão (nome científico Spermacoce verticillata) é uma planta invasora de difícil controle, que ocorre em todo o território brasileiro. Popularmente, ela também é conhecida por: 

  • perpétua-do-mato;
  • poaia-botão;
  • poaia-rosário;
  • falsa-poaia;
  • vassourinha;
  • erva-botão;
  • cordão-de-frade.

A vassourinha-de-botão tem porte herbáceo e ciclo de vida anual ou perene. O caule dessa planta daninha é bastante ramificado. Seu hábito de crescimento é semiprostrado ou ereto. Ainda, ela pode atingir cerca de 80 centímetros de altura

As folhas não têm pecíolos ou são curtamente pecioladas. Elas são simples e têm formato linear-lanceolado

Planta daninha vassourinha-de-botão (Spermacoce verticillata)
(Fonte: Atlas of Florida Plants)

A inflorescência dessa espécie invasora é do tipo cimeira. Isso quer dizer que as flores estão dispostas muito próximas umas das outras, o que forma um aglomerado com aparência de globo. As flores da vassourinha têm coloração branca.

Na vassourinha-de-botão, as inflorescências estão localizadas nas axilas e na porção terminal dos ramos. Os frutos dessa invasora são do tipo cápsula.

Inflorescência da vassourinha-de-botão (Spermacoce verticillata)
(Fonte: Atlas of Florida Plants)

A raiz da vassourinha é pivotante e profunda. Trata-se de uma planta muito rústica, que consegue se desenvolver mesmo terrenos ácidos e com baixa fertilidade de solo. A propagação dessa espécie ocorre por sementes.

Além da sua importância na agricultura, a vassourinha-de-botão também é bastante utilizada na medicina tradicional, no tratamento de diversas doenças. Ela apresenta propriedades anti-inflamatórias, analgésicas e antimicrobianas.

Como identificar essa planta invasora?

A correta identificação das plantas daninhas é fundamental para que o manejo seja realizado com sucesso. A vassourinha-de-botão pode ser identificada visualmente com base nas suas características. Lembre-se de observar os seguintes aspectos ao fazer a avaliação visual:

  • crescimento semi-prostrado ou ereto;
  • folhas lisas
  • folhas simples com formato linear-lanceoladas; 
  • flores nas axilas da planta;
  • flores aglomeradas e em formato de globo, com cor branca; 
  • fruto tipo cápsulas;
  • sistema radicular pivotante.

Além dessas características, para saber se a planta daninha é a vassourinha-de-botão, veja se a última inflorescência está assentada sob brácteas pendentes. 

Outro aspecto que deve ser considerado é a disposição das folhas no ramo. Ainda, as folhas ficam inseridas na mesma altura, no mesmo nó, ao redor do eixo.

Folhas de vassourinha-de-botão
Folhas de vassourinha-de-botão (Spermacoce verticillata)
(Fonte: Atlas of Florida Plants)

A identificação visual pela planta adulta é mais fácil, quando comparada a uma planta jovem. No entanto, é importante destacar que o controle é mais eficiente quando realizado nos estádios iniciais do desenvolvimento das espécies invasoras. 

Danos causados pela Spermacoce verticillata

A presença da vassourinha-de-botão interfere negativamente no desenvolvimento das espécies cultivadas. A competição por recursos (água, luz, espaço e nutrientes) reduz o crescimento das plantas, diminui a produtividade e interfere na qualidade do produto final

Além disso, a presença de espécies indesejáveis prejudica o processo de colheita. Afinal, ela aumenta a quantidade de impurezas e eleva a umidade do produto.

A vassourinha-de-botão também pode ser hospedeira de doenças, insetos-praga, ácaros e nematoides. A seguir, veja melhor como realizar o manejo dessa planta daninha.

Vassourinha-de-botão: controle da espécie invasora

Por se tratar de uma espécie de difícil controle, é importante que o manejo da vassourinha-de-botão seja pautado em esquema integrado de estratégias de controle. 

Métodos como o preventivo, cultural, mecânico e químico podem ser utilizados no manejo dessa planta invasora.

Químico

O controle químico é bastante eficiente no manejo das plantas daninhas. No entanto, é preciso deixar claro que ele deve ser adotado em associação com outros métodos de controle.

Em campo, já foi observada a resistência ao glifosato no controle da vassourinha-de-botão. Isso principalmente quando o glifosato é aplicado em plantas em estádios avançados de desenvolvimento. 

Por isso, é importante que o controle químico seja feito quando as plantas invasoras ainda são jovens. Confira a seguir as moléculas herbicidas registradas para a vassourinha-de-botão na Embrapa e no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento):

  • diclosulam + halauxifen-metil;
  • glifosato-sal de isopropilamina;
  • glufosinato-sal de amônio;
  • glufosinato-sal de amônio + lauril éter sulfato de sódio;
  • imazapir;
  • picloram + herbicida 2,4-D;
  • picloram + 2,4-D-trietanolamina;
  • picloram-trietanolamina + 2,4-D-trietanolamina.

Ao adotar o manejo químico, é importante sempre respeitar as orientações quanto à dosagem, época e modo de aplicação dos produtos. Use os equipamentos de proteção individual no manuseio e na aplicação dos produtos.

A rotação de herbicidas com diferentes mecanismos de ação é outro ponto que merece atenção. Essa estratégia diminui a pressão de seleção, dificultando a seleção de plantas resistentes. Além disso, a rotação amplia o número de espécies controladas

Preventivo

As medidas preventivas têm o objetivo de evitar a entrada e o estabelecimento das espécies invasoras em áreas não contaminadas. Algumas das estratégias preventivas que você pode adotar são:

  • evitar que as plantas daninhas se reproduzam e disseminem suas sementes na área. Para isso, é importante que elas sejam controladas ainda na fase inicial de desenvolvimento;
  • realizar a limpeza das ferramentas, máquinas e implementos agrícolas. Isso evita que torrões de terra contendo sementes de vassourinha-de-botão e de outras espécies sejam transferidos de uma área para outra; 
  • eliminar focos de infestação de plantas daninhas;
  • realizar o controle das espécies invasoras no período da entressafra;
  • realizar o controle das plantas espontâneas nas bordaduras das lavouras, estradas e carreadores;
  • realizar o plantio da cultura com sementes de alto valor cultural.

Cultural

No controle cultural, são adotadas as boas práticas agronômicas. Essas práticas têm o objetivo de fornecer condições adequadas para o desenvolvimento da espécie cultivada.

Veja os principais métodos de controle cultural utilizados no manejo da vassourinha-de-botão:

  • época de plantio;
  • arranjo espacial das plantas;
  • rotação de culturas;
  • cobertura do solo no período da entressafra;
  • integração lavoura-pecuária;
  • consórcios de cultivos.

Mecânico

No controle mecânico, a supressão das plantas invasoras ocorre pelo efeito físico de equipamentos como enxada e cultivador. Os métodos utilizados nesse tipo de controle são:

  • capina manual;
  • roçada manual ou mecânica;
  • cultivo mecanizado.

A cobertura morta também possui efeito físico e colabora com o controle das espécies invasoras. Os restos vegetais formam uma barreira física que impede a passagem de luz, temperatura e umidade. 

Além disso, o processo de decomposição desses resíduos liberam compostos aleloquímicos. Essas substâncias podem inibir a germinação e o estabelecimento das plantas invasoras.

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Conclusão

A vassourinha-de-botão (Spermacoce verticillata) é uma planta daninha de difícil controle. Ela pode se desenvolver mesmo sob condições de baixa fertilidade e acidez do solo.

A identificação desta espécie invasora é feita principalmente pelas suas características visuais. Nesse artigo, foram apresentados vários aspectos que podem te ajudar nesse processo.

O manejo dessa daninha é realizado pela adoção de medidas preventivas, culturais, mecânicas e químicas. Na dúvida, sempre consulte um(a) engenheiro(a)-agrônomo(a).

Você conhecia a vassourinha-de-botão? Já teve problemas com essa planta daninha na sua lavoura? Adoraria ler o relato da sua experiência.

Capim-rabo-de-raposa (Setaria parviflora): guia de manejo dessa planta daninha

Capim-rabo-de-raposa: saiba como identificar, danos causados e as melhores técnicas de manejo preventivo, cultural, mecânico e químico.

O capim-rabo-de-raposa é uma gramínea encontrada desde o sul dos Estados Unidos até a Argentina e o Chile. No Brasil, ela é muito presente, encontrada principalmente em áreas de cerrado.

Trata-se de uma planta que infesta lavouras anuais e perenes, como soja, milho, algodão e cana-de-açúcar. Ela se desenvolve em diferentes condições climáticas e tipos de solo. Por isso, causa prejuízos grandes e precisa ser devidamente controlada.

Neste artigo, veja mais detalhes sobre essa planta daninha, como realizar o manejo, danos causados e mais! Confira a seguir.

Como identificar o capim-rabo-de-raposa

O capim-rabo-de-raposa (Setaria parviflora) é uma gramínea perene. Ela tem crescimento ereto, ou seja, forma touceiras. Popularmente, também é conhecida como capim-rabo-de-gato, capim-rabo-de-rato, capim setaria, bambuzinho, espartilho e esparto-pequeno.

O caule dessa gramínea é do tipo rizoma. Os colmos são levemente achatados e podem atingir 1 metro de altura. As folhas do capim-rabo-de-raposa são formadas por bainha, lígula e lâmina foliar (limbo). As folhas têm formato linear-lanceolado.

Capim-rabo-de-raposa e inflorescência (Setaria parviflora)
(Fonte: Missouri State University)

A inflorescência é do tipo espiga. Ela é constituída por várias espiguetas de cor palha ou avermelhada. Essas espiguetas estão envoltas por várias cerdas.

Essa planta pode ser identificada em campo pelas inflorescências. Na mesma planta, é possível observar espigas completas e espigas sem espiguetas, porém com a presença das cerdas.

Essa espécie invasora é propagada por sementes e pela divisão dos rizomas. Além de ocupar áreas de lavoura, essa gramínea cresce espontaneamente em áreas urbanas, terrenos baldios e margens de estradas.

Rizomas do capim-rabo-de-raposa (Setaria parviflora)
(Fonte: Missouri State University)

O capim-rabo-de-raposa pode ser confundido com o capim-custódio (Pennisetum setosum). No entanto, é importante deixar claro que o capim-rabo-de-raposa tem porte menor e a coloração da inflorescência tem tons mais claros

Danos causados pelo capim setaria (Setaria parviflora) 

A competição entre as plantas daninhas e as espécies cultivadas é um dos fatores que contribui para a redução da produtividade. O capim-rabo-de-raposa compete com a cultura principal pelos mesmos recursos: água, luz, espaço e nutrientes

Além disso, essa gramínea pode ser hospedeira de insetos-pragas, ácaros, fungos e nematoides.  Algumas consequências da presença do capim-rabo-de-raposa no momento da colheita são:

  • aumento da umidade do produto colhido (grãos e fibra de algodão);
  • aumento dos custos de beneficiamento de grãos;
  • redução da qualidade do produto final; 
  • dificuldades operacionais (como embuchamento da colhedora).

Como realizar o manejo da erva de raposa?

No caso do capim-rabo-de-raposa, a reprodução por sementes e pela fragmentação dos rizomas confere a essa gramínea um grande potencial de infestação. Isso dificulta o controle.

Diante disso, é importante fazer o manejo integrado das plantas daninhas. A associação de diferentes métodos garante maior eficiência no controle e evita o aumento da infestação.

O manejo do capim-rabo-de-raposa envolve a adoção de medidas preventivas, culturais, mecânicas (ou físicas) e químicas. Confira a seguir.

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Manejo preventivo 

O manejo preventivo tem o objetivo de prevenir que sementes e outras estruturas reprodutivas sejam introduzidas e se disseminem em uma área não infestada. Para isso, algumas práticas agrícolas podem ser adotadas, como:

  • utilizar sementes e mudas certificadas;
  • utilizar esterco de procedência conhecida e livre de patógenos e sementes;
  • realizar o controle das espécies invasoras nos carreadores, bordaduras das lavouras e beiras de estradas;
  • limpar os equipamentos, as máquinas e os implementos agrícolas, para evitar que restos vegetais e torrões de terra contaminados sejam transferidos de uma área para outra.

Manejo cultural

O manejo cultural das plantas daninhas fornece boas condições para que a espécie de interesse agronômico se desenvolva. Isso aumenta a capacidade competitiva entre as plantas cultivadas e as invasoras.  Dentre as estratégias que podem ser adotadas, temos:

  • adubação equilibrada;
  • bom preparo de solo;
  • cobertura verde;
  • densidade de plantio;
  • plantio de cultivares/variedades adaptadas às condições da região;
  • rotação de culturas;
  • sistema de plantio (convencional ou direto). 

Manejo mecânico ou físico

O manejo mecânico (ou físico) envolve arrancar ou cortar as plantas daninhas. Nesse sentido, algumas técnicas podem ser empregadas, como:

  • aração e gradagem;
  • arranquio e capina manual;
  • cobertura morta;
  • cultivo mecanizado;
  • roçagem manual ou mecânica.

Manejo químico

No mercado, é possível encontrar diversos herbicidas recomendados para o manejo do capim-rabo-de-raposa. Abaixo, você pode conferir algumas moléculas com registro ativo no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento);

  • Alacloro;
  • Atrazina;
  • Cletodim;
  • Glifosato;
  • MSMA;
  • Pendimetalina;
  • Propanil;
  • Tebutiurom;
  • Trifluralina;
  • Quizalofope-P-etílico.

O herbicida paraquate já foi bastante utilizado no controle químico do capim-rabo-de-raposa. No entanto, é importante lembrar que desde o ano de 2020, a Anvisa determinou a proibição do uso e da comercialização dessa molécula.

Antes de usar qualquer produto químico leia com atenção o rótulo, a bula e o receituário agronômico. Sempre faça a rotação de herbicidas com diferentes mecanismos de ação. Essa técnica dificulta a seleção de plantas resistentes aos produtos químicos. 

Além disso, a rotação diminui o banco de sementes do solo e aumenta o número de espécies controladas.

Não se esqueça de utilizar os equipamentos de proteção individual (EPI) necessários para a manipulação e aplicação dos herbicidas. Eles são essenciais para garantir a segurança de todos

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Conclusão

O capim-rabo-de-raposa (Setaria parviflora) é uma gramínea perene que forma densos agrupamentos. A propagação ocorre por sementes e pela divisão de rizomas, o que dificulta o manejo.

Essa gramínea compete por recursos, reduz a produtividade, dificulta as operações de colheita, reduz a qualidade do produto colhido e eleva os custos com o beneficiamento.

O manejo deve ser realizado de maneira integrada. Lembre-se que a adoção de mais de uma estratégia aumenta a eficiência do controle e evita o aumento da infestação. 

Você já conhecia o capim-rabo-de-raposa? Está enfrentando problemas com essa espécie na lavoura? Deixe seu comentário.

Cuidados para ser mais assertivo no uso do herbicida 2,4-D

Herbicida 24-D: características, condições climáticas para aplicação, em quais culturas pode ser aplicado, produtos comerciais disponíveis e muito mais.

O 24-D é um dos herbicidas hormonais mais utilizados por produtores em todo o mundo. 

Ele é uma importante ferramenta no manejo de plantas daninhas, principalmente no controle de espécies invasoras de folha larga. Trata-se de um produto altamente eficiente e de baixo custo

Saber suas características, como funciona o mecanismo de ação e quais produtos contém esse herbicida é fundamental para garantir um bom uso.

Neste artigo, você verá todas as informações de que precisa para garantir sucesso no uso do 2,4-D. Aproveite a leitura!

O que é o herbicida 24-D?

O 2,4-D é um herbicida sistêmico e seletivo. Seu princípio ativo é o ácido 2,4-diclorofenoxiacético. O mecanismo de ação do 2,4-D é a imitação do efeito das auxinas nas plantas. 

Elas são hormônios que, em altas concentrações, alteram o crescimento e a divisão celular vegetal, causando a morte das plantas.

O herbicida 24-D pertence ao grupo químico do ácido ariloxialcanóico. Além de atuar no controle das plantas invasoras, o herbicida também funciona como regulador de crescimento quando utilizado em baixas dosagens.

Herbicida 24-D: modo de ação em folha larga

Ao absorver doses elevadas de  2,4-D, as ervas daninhas de folha larga confundem essa molécula com os hormônios encontrados naturalmente nas plantas. As consequências são:

  • crescimento anormal dos tecidos;
  • curvamento do caule e pecíolos;
  • formação de calos no caule;
  • encarquilhamento e clorose das folhas;
  • morte das plantas.

O produto pode ser aplicado em pré e pós-emergência. A absorção do produto ocorre pelas folhas e pelas raízes. Ainda, a translocação do 2,4-D nas plantas é feita via floema e xilema.  

Esse composto tem classificação toxicológica máxima. Ou seja, é extremamente tóxico. Porém, se manuseado e aplicado de forma correta e na dosagem especificada na bula dos produtos, ele não apresenta riscos.

O 2,4-D é um produto seletivo para gramíneas. Ou seja, elas são plantas resistentes ao herbicida.  Ele também é aplicado para a eliminação de plantas daninhas da soja na fase pré-plantio. 

Nesse caso, é preciso ficar de olho no intervalo de tempo entre a aplicação do 2,4-D e a semeadura. O efeito residual do herbicida compromete a emergência das plântulas de soja. No Brasil, o herbicida 24-D tem autorização para ser utilizado nas seguintes culturas:

  • arroz (sequeiro e irrigado);
  • aveia;
  • cana-de-açúcar;
  • café;
  • centeio;
  • cevada;
  • milheto;
  • milho;
  • pastagens;
  • soja (pré-plantio);
  • sorgo;
  • trigo;
  • triticale.

2,4-D: nomes comerciais à base do ingrediente ativo

Atualmente, estão disponíveis no mercado 41 produtos herbicidas com registro no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) à base do ingrediente ativo 2,4-D. Confira a lista abaixo!

  • Arena;
  • Artys;
  • Atulamina 806 SL;
  • Cortador 806 SL;
  • Crater;
  • Dez;
  • Dical;
  • Dontor;
  • Famoso BR;
  • Forasteiro;
  • Grant;
  • Herbimax 806 SL;
  • Intruder;
  • Invernada;
  • Jacaré;
  • Jaguar;
  • Jornada;
  • Jornada HL;
  • Krost 806 SL;
  • Lifter;
  • Mannejo;
  • Mirant;
  • Navajo;
  • Panoramic;
  • Pren-D 806;
  • Quallis;
  • Shopra 970 WG;
  • Temicab Xtra; Chapon Plus, Wrangler;
  • Troller;
  • Turuna;
  • Verlon;
  • Zack;
  • Zura 806 SL;
  • 2,4-D Agritec;
  • 2,4-D Amina CCAB 806 SL;
  • 2,4-D CHDS;
  • 2,4-D CROP 806 SL;
  • 2,4-D Nortox;
  • 2,4-D Nortox 970 WG;
  • 2,4-D Super Amine SG;
  • 2,4-D (240) + Picloram (64) SL.

É importante ressaltar que é fundamental seguir as orientações técnicas da bula dos produtos. A dosagem, o intervalo de segurança, a atividade residual e o modo de aplicação são informações imprescindíveis para realizar o bom manejo das plantas daninhas.

Cuidados no uso do herbicida 

A pulverização do herbicida 24-D requer alguns cuidados a fim de evitar a contaminação de áreas vizinhas em razão da deriva do defensivo

Além de utilizar equipamentos devidamente regulados e calibrados, é fundamental respeitar as condições climáticas para garantir boa qualidade da aplicação. As condições climáticas ideais para realizar a pulverização são:

  • Umidade relativa do ar: mínima de 55%;
  • Temperatura: abaixo de 30°C;
  • Velocidade do vento: 3 km/h a 10 km/h.

Abaixo, você pode conferir como determinar a velocidade do vento e não errar na hora de realizar a aplicação do 2,4-D. 

Tabela que mostra a velocidade do vento ideal para aplicar o herbicida 2,4-D
Velocidade do vento ideal para a pulverização de defensivos agrícolas
(Fonte: Manual de Tecnologia de Aplicação de Produtos Fitossanitários)

Mistura de 2,4-D e glifosato

A mistura de defensivos agrícolas no tanque de pulverização é uma realidade bastante comum no meio rural. 

Essa prática é adotada quando a área infestada apresenta plantas daninhas de folha estreita e de folha larga. A mistura também é utilizada em casos em que algumas espécies invasoras tenham manifestado resistência ao herbicida glifosato

Além disso, essa estratégia melhora a eficiência operacional (duas aplicações em uma) e reduz os custos de produção. Porém, é preciso cuidado nessa operação, pois nem todos os produtos podem ser misturados.

A mistura de herbicidas incompatíveis pode comprometer o manejo das espécies invasoras. Por isso, sempre consulte um(a) engenheiro(a)-agrônomo(a) para te orientar quanto à aplicação em mistura de produtos químicos. 

Fazer uma boa limpeza do pulverizador antes de aplicar outro produto na lavoura também é essencial.

O herbicida 2,4-D é comumente aplicado em associação com o glifosato no manejo de espécies de difícil controle, como a buva, corda-de-viola e trapoeraba

Ambos são sistêmicos e têm modo de ação diferente, o que amplia o espectro de plantas daninhas controladas. A mistura do 2,4-D com o glifosato é utilizada na dessecação pré-plantio.

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Conclusão

Os herbicidas à base do ingrediente ativo 2,4-D são sistêmicos e utilizados no manejo de plantas daninhas de folha larga.

O 2,4-D pode ser utilizado em culturas como milho, cana-de-açúcar, trigo, soja (pré-plantio) e pastagens. Em baixas dosagens, ele atua como regulador de crescimento e em altas doses tem efeito herbicida.

Respeitar as condições climáticas ideais no momento da aplicação do 2,4-D é essencial para evitar a deriva do produto. Assim, você garante maior eficiência do controle das espécies invasoras.

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