Guia completo para o manejo da lagarta-preta (Spodoptera cosmioides)

Lagarta-preta: conheça as características, como identificar e quais táticas de controle cultural, genético e químico utilizar 

A lagarta-preta causa prejuízos econômicos consideráveis em várias culturas. 

Conhecer as espécies hospedeiras e o manejo são coisas fundamentais para evitar danos. Saber identificá-las no campo é o primeiro passo para evitá-los.

Neste artigo, você verá todas as características da lagarta-preta as táticas de controle mais adequadas! Confira!

Características da lagarta-preta 

A lagarta-preta é capaz de se alimentar de diversas espécies de plantas. Isso inclui plantas nativas, daninhas e grandes culturas.

Conhecer as espécies hospedeiras é muito importante para o manejo e controle da lagarta.

A semeadura de espécies hospedeiras pode gerar aumento significativo da população de lagartas na cultura e nas culturas posteriores. 

Isso causa prejuízos já no estabelecimento da população de plantas, pois o estande inicial pode ser comprometido.

Condições ideais para o desenvolvimento da lagarta

A depender da temperatura, a lagarta preta pode produzir mais ou menos gerações em um ano agrícola.  

As melhores temperaturas para a lagarta giram em torno de 25 °C a 28 °C.

Culturas atacadas pela lagarta-preta 

Os ataques da lagarta-preta podem acontecer em diversas culturas. Soja, milho, trigo, feijão e café são alguns exemplos. 

É comum que culturas sem índice de ocorrência da lagarta-preta comecem a sofrer com a praga.

O uso errado de inseticidas de amplo espectro e outras moléculas químicas faz com que esta população de inimigos naturais seja eliminada. 

Como consequência, há desequilíbrio e aumento da população das lagartas nas áreas de cultivo.

Por isso, é necessário que as aplicações visando ao controle sejam feitas racionalmente. É necessário avaliar a lavoura e a real necessidade do uso do produto.

A depender das pragas e doenças, utilizam-se critérios para avaliar se o custo da aplicação compensa os danos econômicos.

Danos causados pela lagarta-preta na lavoura

Os danos causados pela lagarta-preta são:

  • Intensa desfolha, principalmente pela capacidade de consumir o dobro de área foliar em comparação a outras espécies de lagartas;
  • Danos em vagens e grãos, afetando a qualidade do produto final e a reduzindo a produtividade da cultura.
Foto de uma lagarta-preta com listras brancas sobre uma folha de soja com muitos furos.

Danos causados pela lagarta preta na cultura da soja. Os danos são provocados pela “raspagem” e consumo do tecido foliar, provocando furos nas folhas

(Fonte: Moreira e Aragão, 2009) 

Como identificar a lagarta-preta no campo?

A lagarta-preta pertence ao gênero Spodoptera sp. Esse gênero possui 30 espécies, e 15 delas causam danos nas culturas agrícolas.

A coloração dos ovos, da larva e das mariposas são utilizados na identificação.

4 fotos em sequência: a primeira é a foto de uma mariposa, a segunda é de uma mancha preta sobre um papel (vários ovos acumulados), a quarta é uma lagarta-preta sobre terra marrom, e a última são pupas, ou casulos da lagarta.

Aspecto visual de adulto macho, dos ovos, da lagarta-preta e das pupas

(Fonte: Teodoro, 2013)

Os ovos da lagarta tem coloração amarelada. Eles são postos em massa na parte inferior das folhas das plantas hospedeiras, próximos à nervura central. 

Os ovos são recobertos pela fêmea por algo semelhante a algodão, como forma de proteção. Uma fêmea pode colocar de 30 até 300 ovos, a depender das condições ambientais.

Foto de vários ovos pequenos e rosados sobre uma folha. Sobre esses ovos, há uma espécie de algodão.

Aspecto da massa de ovos da lagarta preta 

(Fonte: Fonseca, 2006)

A lagarta preta possui o corpo escuro, a depender do seu estágio de desenvolvimento. 

A característica marcante dessa espécie é a presença de listras de uma extremidade do corpo até a outra. Essas listras são alaranjadas, e vêm acompanhadas de pontos brancos e triângulos pretos.

O ciclo de vida na cultura da soja pode ser em média 48 dias. O ciclo depende da temperatura do local.

Este período engloba desde a fase de pupa até a emergência das mariposas.  

É importante ressaltar que as mariposas têm hábitos noturnos. Elas são mais vistas durante a noite. 

As lagartas são encontradas nas partes inferiores das plantas. Isso dificulta que os produtos fitossanitários de controle a alcancem.

Além disso, as lagartas podem ser encontradas com diferentes colorações, em função a fase de desenvolvimento. Elas podem ter coloração cinza-clara, castanha ou pretas.

Foto do ciclo da lagarta-preta: os ovos viram lagartas, em seguida pupas, e por fim, adultos

Ciclo de vida da lagarta-preta

(Fonte: Batistela e Oliveira Jr, 2013)

Como diferenciar as principais lagartas do complexo Spodoptera sp. 

Spodoptera frugiperda

A Spodoptera frugiperda (lagarta-militar) possui formato de Y invertido na região da cabeça.

Ela tem quatro quadrados pretos na região posterior da cabeça. Além disso, possui listra de cor creme na lateral do corpo com pontuações.

Foto de uma spodoptera frugiperda em uma superfície branca. A lagarta tem um tom verde-escuro com listras amarelas-escuras, e alguns fiapos que saem de todo o seu corpo.

Detalhes morfológicos para identificação de S. frugiperda

(Fonte: Marsaro Júnior, 2016)

Spodoptera eridania

A Spodoptera eridania possui como característica principal triângulos negros ao longo de todo comprimento do corpo. 

Além disso, ela tem uma listra branca ou amarelada interrompida por uma mancha escura. Essa mancha não chega até a região da cabeça.

Foto de duas lagartas: uma preta e uma verde escuro com listras brancas.

Indicação dos triângulos negros distribuídos por todo corpo de S. eridania. A listra branca ou amarela é interrompida no primeiro segmento abdominal, não chegando até a região da cabeça

(Fonte: De Freitas e colaboradores, 2019)

Manejo da lagarta-preta

Além do uso equilibrado de inseticidas, o controle cultural, biológico e até mesmo químico pode ser utilizado.

Para prosseguir com esses controles, é essencial que você siga o MIP (Manejo Integrado de Pragas). Essa é uma forma de garantir um controle eficiente da lagarta-preta e de outras pragas.

Para facilitar o seu trabalho no MIP, separamos uma planilha gratuita para você. Com ela, você pode gerenciar os dados do monitoramento e ter um bom controle antes de sofrer danos econômicos.

Clique na imagem abaixo para baixar a planilha:

planilha manejo integrado de pragas MIP Aegro, baixe agora

Manejo cultural

Medidas que visem à preservação dos inimigos naturais são fundamentais para evitar altas populações da lagarta. Usar produtos fitossanitários seletivos é essencial.

Rotação de culturas e eliminação de plantas daninhas hospedeiras podem auxiliar na redução da população da praga

No entanto, é importante lembrar que muitas culturas são hospedeiras. Conhecer todas essas plantas é uma etapa importante no planejamento de rotação.

Manejo biológico

No controle biológico, utilizam-se vírus como o Baculovírus. É importante identificar corretamente a lagarta para usar o Baculovírus apropriado.

No caso da lagarta preta, estudos afirmam que o controle ocorre de forma satisfatória com o Baculovírus frugiperda

A bula do produto indicado diz que o produto é indicado para a cultura do milho, mas pode ser aplicado em todas as culturas que apresentem as pragas alvo: 

  • Spodoptera frugiperda;
  • Spodoptera cosmioides.

Mas, atenção: para um controle eficiente, as condições ambientais para aplicação devem ser favoráveis. O horário da aplicação também é relevante. Evite períodos quentes e de baixa umidade relativa do ar.

Evite aplicações antes das 17 horas. Assim, você não terá interferência da temperatura e da radiação solar intensa da tarde.

Evitar o escorrimento do produto. Fique de olho para que toda a planta seja recoberta pelo produto. Afinal, o contato entre a lagarta e o produto precisa acontecer.

Aplique o Baculovírus quando presença da lagarta for constatada entre 10 a 15 dias após a germinação. Você pode realizar uma segunda aplicação entre 17 e 22 dias após a primeira.

Durante a aplicação, a calda deve permanecer em agitação, para que o produto seja sempre diluído e distribuído na área de forma homogênea. 

O bico mais recomendado é o do tipo leque.

Manejo químico

Inseticidas do grupo dos piretróides devem ser evitados. Afinal, eles não são seletivos.

Os produtos registrados para a cultura da soja, no controle da lagarta-preta, incluem os grupos químicos:

  • metilcarbamato de oxima;
  • álcool alifático.

No entanto, esses produtos apresentam alta toxicidade ao meio ambiente. Eles podem interferir na população de inimigos naturais.

Outras opções existentes, incluem reguladores fisiológicos, como os dos grupos das diamidas e espinosinas. Esses produtos, porém, não são registrados para o controle desta lagarta.

Uso de organofosforados pode potencializar o controle. 

O tratamento de sementes pode ser uma boa tática para garantir proteção. Isso é ideal quando a semente ainda está no solo e já é constatada a presença da lagarta na área. 

Você pode usar tiametoxam e fipronil, por exemplo.

Como utilizar a tecnologia no controle de pragas na sua lavoura

A tecnologia pode ser utilizada para potencializar o controle de pragas e doenças, de diferentes formas:

  • Mapeamento na área de cultivo: dessa forma, você pode planejar se tratamentos de sementes devem ser realizados ou quais culturas podem ser utilizadas em determinadas áreas;
  • Acompanhamento das condições climáticas: analisar o clima anterior e posterior à implantação da cultura, para verificação de condições favoráveis. 

Se você for realizar uma aplicação, verifique se há previsões próximas de chuva. Ela pode poderá interferir na eficiência do controle.

Registrar as informações da sua lavoura é fundamental na tomada de decisão. Esses dados podem aumentar suas chances de sucesso no controle de pragas, doenças, plantas daninhas.

Um software de gestão agrícola como o Aegro pode ser seu aliado no controle de pragas na lavoura. Através do aplicativo, você pode monitorar sua cultura e planejar as atividades do MIP (Manejo Integrado de Pragas).

Foto de uma tela de computador com o software Aegro aberto, na seção de mapa de calor. Há um desenho da dimensão de terra da lavoura com as cores verde e laranja.

Históricos de talhões no Aegro

No Aegro, você tem acesso ao histórico de cada um de seus talhões, e pode verificar se algum deles apresenta maior incidência de pragas.

Mapas com níveis de infestação também podem ser facilmente visualizados. Assim, você saberá exatamente quando e onde agir.

Foto de tela do Aegro com a parte de mapas de calor. No desenho da lavoura, há as cores vermelho em baixo, laranja no meio e verde em cima.

Mapa de calor no Aegro

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Conclusão

A lagarta-preta pode causar a desfolha inicial da cultura e a perda de vagens e grãos. Ela reduz a qualidade e produtividade da cultura.

Diversas táticas de controle podem ser utilizadas para o controle da lagarta-preta. O Manejo Integrado de Pragas e o uso de inseticidas seletivos são os principais. 

Observe as condições ambientais favoráveis para a praga e também para a aplicação do controle, principalmente biológico.

Você já teve problemas com a lagarta-preta? Restou alguma dúvida sobre a praga? Adoraria ler seu comentário!

Como a morfolina pode te ajudar no manejo de doenças da soja

Morfolina: entenda como o fungicida funciona, as recomendações de uso, cuidados que você deve seguir e muito mais!

Os relatos de resistência de fungos são cada vez mais frequentes. 

Por isso, é necessário usar alternativas de manejo nas culturas. Isso principalmente com grupos químicos diferentes.

As morfolinas são um bom exemplo de alternativa. No entanto, para funcionarem bem, alguns cuidados devem ser tomados.

Neste artigo, você irá conhecer o modo de ação das morfolinas nas plantas, indicações de uso e cuidados necessários para uma aplicação eficiente e segura!

O que é morfolina?

A morfolina é um fungicida que pode ser utilizado em todos os momentos do ciclo da soja.

O efeito da morfolina acontece somente depois da germinação dos esporos do fungo na planta. Ela impede a infecção e a colonização dos fungos.

Se utilizada da forma correta, a morfolina tem médio a baixo risco de resistência. 

A ação causa a morte dos fungos. Por isso os fungos devem estar presentes na planta para haver efeito.

Como a morfolina funciona

A morfolina pode ser absorvida e transportada para outras partes da planta. 

Ilustração de plantas sob o efeito de fungicidas. A planta que está sob efeito de um fungicida sistêmico está com coloração diferente, indicando que o produto atinge toda a planta, independente do local de aplicação.

Modo de ação dos fungicidas conforme a sua capacidade de translocação. O fungicida sistêmico, pode ser aplicado na parte aérea, por exemplo, e ser translocado (transportado para o sistema radicular, raízes).

(Fonte: adaptado pela autora de Dorrance e colaboradores., 2007)

Por isso, a aplicação desse fungicida sistêmico pode ser via foliar, na parte aérea. 

Assim, outras partes da planta também entrarão em contato com o fungicida pela capacidade de translocação.

Recomendações de uso de morfolina na soja

Alguns cuidados devem ser tomados na aplicação e na recomendação. 

Esses cuidados são relacionados à eficiência e a possíveis efeitos fitotóxicos causados nas plantas após a aplicação.

Pontos importantes no uso de morfolinas: 

  • As morfolinas não têm efeito sobre manchas foliares ou fungos que sobrevivem em restos de cultura.
  • Para se ter eficiência no uso, a doença causada pelo fungo deve estar presente na área
  • Para que o fungicida seja efetivo, a aplicação deve ser feita no tempo correto. O tempo ideal é quando a doença está na fase inicial. Aplicações anteriores ao início da doença não tem efeito.
  • Limitação em uso de misturas. Triazóis e triazolintiones não são recomendados.
  • Morfolinas devem ser sempre aplicadas em misturas com outros princípios ativos. Assim, você evita que populações resistentes do fungo sejam selecionadas no campo.

Controle de ferrugem asiática da soja com morfolina

Na cultura da soja, a morfolina (especialmente fenpropimorfe) é recomendada para o controle da ferrugem asiática. Isso principalmente se você quer fazer manejo da resistência. 

Gráfico que mostra que a produtividade  da soja com ferrugem asiática sob uso de morfolina é muito maior  em relação ao uso de outros fungicidas.

Produtividade da cultura da soja no controle da ferrugem asiática com diferentes associações de fungicidas. O tratamento 6 representado no gráfico foi realizado com associação de [trifloxistrobina + Proticonazol + Bixafem] + [Fenpropimorfe (morfolina)] e apresentou a maior produtividade, devido ao controle efetivo da doença.

(Fonte: Baldo, 2020)

O estádio de desenvolvimento da doença determinará a eficiência da aplicação. 

Por isso, aplique no início dos sintomas (quando localizados no terço inferior ou “baixeiro”). Não deixe de misturar a morfolina com outros princípios ativos.

Misturas podem ser realizadas com fungicidas multissítios, ou com triazóis + estrobilurinas

O triazol escolhido deve ser de menor agressividade (ciproconazole + estrobilurinas + morfolina, por exemplo). Assim, você evita o efeito fitotóxico.

Diferentes doses são recomendadas de acordo com os sintomas. Sempre confira a bula dos produtos, e siga as recomendações do fabricante.

É recomendado realizar o monitoramento e aplicações após o início do florescimento.

Se os sintomas aparecerem antes deste estádio, a aplicação pode ser feita imediatamente. 

Lembre-se de não ultrapassar 2 aplicações por ciclo da cultura. Faça no máximo 14 dias de intervalo. 

Em doses maiores (conforme orientação do produto), realize uma única aplicação. Isso porque o risco de fitotoxicidade é alto. 

Doses maiores são recomendadas exclusivamente em situações de alta pressão de fungos na área.

Foto de três folhas de soja com parte ampliada. A primeira apresenta alguns pontos marrons, a segunda muitos pontos e a terceira, possui coloração completamente marrom.

Sintomas e sinais observados de ferrugem asiática. A cultura deve ser monitorada constantemente, e aplicações com morfolina em misturas, só devem ser realizadas com a presença inicial da doença (terço inferior ou “baixeiro”)

(Fonte: Bayer, 2021)

Controle de oídio na soja com morfolina

A morfolina pode ser utilizada ainda para o controle de oídio. Use misturas de morfolina + estrobilurina + carboxamida, por exemplo.

Foto de folha de soja com sinais de oídio. As folhas apresentam coloração esbranquiçada e alguns furos.

Sintomas e sinais de oídio. Os sintomas se apresentam como um pó “esbranquiçado” em ambas as faces da folha (inferior e superior), podendo cobrir toda a planta, afetando hastes e vagens. 

(Fonte: Godoy e colaboradores, 2021)

Para o controle do oídio, deve haver cerca de 20% de severidade no terço inferior da planta.

Após o estádio R5.5 da soja, aplicações já não devem ser feitas.

Faça o número de aplicações máximas conforme o que indica a bula do produto. Normalmente, o ideal é fazer uma aplicação por ciclo da cultura, a depender da evolução da doença na área. 

Em caso de necessidade de mais uma aplicação, outros fungicidas recomendados para o oídio na soja devem ser utilizados.

Não se esqueça de monitorar a área, e de consultar um engenheiro agrônomo.

Recomendações de morfolina para outras culturas

Segundo o Agrofit, para outras culturas, o uso de morfolina é recomendado para as seguintes doenças:

  • Algodão: indicado para ramulária;
  • Cevada: indicado para mancha-reticular e ferrugem-da-folha;
  • Trigo: indicado para oídio, ferrugem-da-folha e ferrugem-do-colmo.

É importante observar que a morfolina pode causar queimaduras em cultivares suscetíveis de trigo. Isso também depende das condições climáticas no momento da aplicação.

Não aplique em períodos de baixa umidade relativa do ar (inferiores a 60%) e temperaturas superiores a 30 °C. 

Em temperaturas muito baixas ou em períodos de previsão de geadas próximas, a aplicação no trigo também não é indicada.

Fique de olho nas previsões climáticas para os dias após a pulverização. Chuvas quatro dias após a aplicação podem influenciar negativamente no desempenho do fungicida. 

O orvalho também afeta a eficiência do produto.

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Conclusão

O uso das morfolinas para o controle de doenças de culturas como a soja, cevada, trigo e algodão é importante no manejo de resistência.

As aplicações devem ser realizadas em misturas com outros princípios ativos. Aplique somente quando a doença já estiver na área, porque o efeito do fungicida é curativo.

Não deixe de seguir as recomendações da bula do produto. Procurar a orientação de um(a) engenheiro(a)-agrônomo(a) também é fundamental!

>> Leia mais: “Seguro soja: por que você deve fazer

Restou alguma dúvida sobre o uso das morfolinas? Adoraria ler seu comentário!

Como a tecnologia Enlist na soja pode tornar sua lavoura mais produtiva

Tecnologia Enlist na soja: saiba o que ela traz de novo para o mercado, suas vantagens e desvantagens, marcas disponíveis e muito mais! 

O mercado das commodities agrícolas se moderniza ano após ano.

A demanda pelo uso de outros herbicidas além do glifosato abriu mercado para o surgimento da soja resistente à outros mecanismos de ação. 

Além disso, uma das melhores formas de manejo da lavoura é o uso de cultivares mais resistentes.

Nesse artigo, você conhecerá a tecnologia Enlist na soja. Ela promete soluções inovadoras na sua lavoura. Acompanhe!

O que é a tecnologia Enlist na soja?

A tecnologia Enlist é um sistema que engloba vários herbicidas e as sementes de soja com a tecnologia.

A empresa Corteva Agriscience desenvolveu a tecnologia pensando em plantas que ficaram resistentes ao glifosato, após uso excessivo do herbicida.

Plantas como buva, capim-amargoso e tiririca são um desafio para quem produz. Essa tecnologia surge como mais uma opção de manejo.

Foto de lavoura de soja infestada com plantas daninhas altas

Lavoura de soja infestada com plantas daninhas

(Fonte: Pioneer)

Quais herbicidas utilizar com a tecnologia Enlist na soja

A tecnologia Enlist permite que você use três herbicidas em lavouras com soja já emergida:

A Enlist  tem sido associada a materiais de alta produtividade, e ainda pode ser aliada às outras tecnologias como a soja Bt. 

Além disso, pode ser uma boa opção para o controle de algumas pragas.

Sistema de herbicidas da tecnologia Enlist

Esse portfólio reúne inovação em sementes, formulações químicas, manejo de plantas daninhas e insetos. Vale lembrar que você pode utilizar outros herbicidas com a tecnologia Enlist.

Os dois herbicidas do sistema Enlist são indicados para a soja quem tem a nova tecnologia.

1. Enlist Colex-D 

É um concentrado solúvel sistêmico, que tem como ingrediente ativo o 2,4-D sal de Colina.

Aplique para o controle de plantas daninhas de folha larga na soja Enlist. Você pode fazer isso tanto em pré como em pós emergência.

Em pré-emergência, pulverize nos estádios iniciais de desenvolvimento (até 4 folhas) e anterior ao florescimento das plantas daninhas.

No período pós-emergência, aplique o Enlist Colex-D no estádio de desenvolvimento da soja V2, V3 ou até R2. 

2. EnlistDuo Colex-D

É um herbicida sistêmico. Seus ingredientes ativos são uma mistura pronta de 2,4-D sal de colina e glifosato sal dimetilamina.

Use em pré e pós-emergência da soja Enlist.

Você terá os melhores resultados aplicando nas mesmas condições e épocas do Enlist Colex-D.

Faça no máximo 2 aplicações em pré-emergência e 2 aplicações em pós emergência.

Esquema que mostra a época de aplicação dos herbicidas Enlist. A aplicação deve ser feita antes da emergênca, e entre os estádios V2 e R2

Época de aplicação dos herbicidas Enlist

(Fonte: DocPlayer)

Lembre-se de verificar as doses e as plantas indicadas na bula do produto.

Sempre siga o receituário agronômico e todas as normas de segurança para fazer as aplicações.

O Colex-D  é uma tecnologia inovadora e exclusiva presente nesses produtos.

Veja quais são as vantagens dessa tecnologia:

  • Confere baixa volatilidade dos herbicidas;
  • Redução considerável da deriva na aplicação;
  • Maior facilidade no manuseio do produto;
  • Menor odor.

Sementes de soja da tecnologia Enlist

Atualmente existe a soja Enlist E3 e a Enlist Conkesta E3

A grande vantagem dessas sojas é a melhora no controle de daninhas. Afinal, há uma grande possibilidade do uso de mais ingredientes ativos.

O manejo de resistência de plantas daninhas e controle de plantas voluntárias pode ser feito de forma mais eficaz.

Na safra 21/22, 14 variedades de soja com essa tecnologia foram liberadas para o plantio. 

A previsão para a próxima safra (22/23) é de 33 variedades.

Foto da embalagem de sementes com tecnologia Enlist na soja. A embalagem é retangular, nas cores verde escuro, amarelo mostarda e branco. A marca é Iberá sementes.

Sementes de soja com tecnologia Enlist E3

(Fonte: Ibera)

1. Soja Enlist E3

Essa soja é tolerante aos herbicidas Enlist Colex-D, glifosato e glufosinato de amônio. Ela combina genética de alta produtividade com um melhor manejo das principais plantas daninhas que preocupam sojicultores.

2. Soja Conkesta E3

As variedades de soja Conkesta E3 possuem outra tecnologia além da tolerância aos herbicidas Enlist Colex-D, glifosato e glufosinato de amônio.

Além de muito produtiva, ela auxilia no manejo de lagartas.

A soja Conkesta E3 tem proteínas Bt, e protege contra as seguintes lagartas:

  • Lagarta-da-soja;
  • Lagarta-falsa-medideira;
  • Lagarta-elasmo;
  • Lagarta-das-maçãs;
  • Lagarta-helicoverpa.

Essa tecnologia protege moderadamente a soja das seguintes lagartas:

  • Lagarta-preta;
  • Lagarta-das-folhas.

Como qualquer outra soja Bt, é necessário que você plante o refúgio, para proteção da tecnologia.

Se optar pela soja Conkesta E3, poderá usar variedades Enlist E3 como refúgio.

Essa prática é de extrema importância dentro do Manejo Integrado de Pragas. Além disso, ela faz com que a durabilidade das tecnologias seja prolongada.

Esquema de como adotar o refúgio na lavoura, para melhorar o uso da tecnologia Enlist na soja. É possível deixar uma borda em refúgio, faixas ou blocos.

Diferentes maneiras de plantar refúgio na lavoura

(Fonte: Boas Práticas Agronômicas)

Marcas de soja com tecnologia Enlist

As variedades com essa tecnologia serão comercializadas inicialmente nas seguintes marcas de sementes:

  • Brasmax;
  • Donmario; 
  • Neogen;
  • NK;
  • Nidera Sementes;
  • Syngenta;
  • Stine;
  • TMG;
  • HO Genética;
  • Cordius;
  • Brevant Sementes;
  • Pioneer.

Vantagens e desvantagens 

Essa nova tecnologia ainda é recente. É necessário ao menos terminar a primeira safra para listar as vantagens e desvantagens.

Até então, saiba que é mais uma ferramenta para o manejo integrado de plantas daninhas e de pragas.

O preço desses novos produtos pode ser listado inicialmente como uma desvantagem, por serem altos. 

No entanto, a tendência é que com o decorrer do tempo passe a ser mais acessível. As vantagens são inúmeras, como maior proteção contra daninhas e algumas pragas.

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Conclusão

A nova tecnologia Enlist soja foi lançada para a safra 21/22. Ela promete muitas vantagens para quem produz o grão.

As sementes de soja são resistentes a três ingredientes ativos de herbicidas, além de algumas pragas.

Planeje adequadamente a sua próxima safra, e avalie a necessidade da utilização dessa nova tecnologia. Use com inteligência para obter resultados positivos.

Restou alguma dúvida sobre a tecnologia Enlist na soja? Você já está utilizando esse sistema na sua lavoura nesta safra? Adorarei ver seu comentário!

Veja tudo sobre como controlar a ferrugem do cafeeiro

Ferrugem do cafeeiro: conheça os sintomas da doença, quais são as condições favoráveis para seu desenvolvimento e qual a melhor forma de manejo

A ferrugem alaranjada é considerada a doença mais importante da cultura do café. Ela se destaca por causa dos muitos danos causados à lavoura.

Essa doença está disseminada por todas as áreas produtoras de café do país. Apesar disso, o Brasil responde como o maior produtor e exportador de café do mundo.

Neste artigo, confira mais um pouco sobre a ferrugem do cafeeiro e aprenda a melhor forma de controlar a doença.

O que é a ferrugem do cafeeiro

A ferrugem do cafeeiro pode ser causada por duas espécies de fungos

No Brasil, a espécie responsável pela ferrugem alaranjada da plantação de café é a Hemileia vastatrix. Esse é um parasita que necessita de tecido vegetal vivo do hospedeiro para se desenvolver.

A espécie Hemileia coffeicola causa a ferrugem farinhosa. Essa doença é menos agressiva que a ferrugem alaranjada. Não há relatos de sua presença nas lavouras brasileiras de café. 

Sintomas da ferrugem do cafeeiro

Os sintomas são observados primeiro nas folhas da saia do cafeeiro. Com a evolução da doença, os sintomas avançam para o topo da planta. 

Em qualquer fase do desenvolvimento, as folhas estão suscetíveis ao ataque do fungo.

Os primeiros sintomas da ferrugem no café são lesões claras nas folhas. Com o tempo, elas ficam necrosadas. 

A redução da área foliar diminui a fotossíntese da planta. Como consequência, o desenvolvimento do café é prejudicado.

Foto de folha de cafeeiro com sintomas de ferrugem. A folha apresenta pontos alaranjados e amarelados.
Folhas de café com sintomas de ferrugem causada por Hemileia vastatrix
(Fonte: Daily Coffee News)

Na parte inferior da folha, é possível observar massas de esporos. Elas têm aspecto empoeirado e cor amarelo-alaranjada. 

Foto de verso da folha do café com ferrugem. A folha está repleta de manchas alaranjadas.
Face inferior da folha de café com sintomas de ferrugem
(Fonte: World Coffee Research)

Outro sintoma provocado pela ferrugem é a desfolha das plantas. A queda precoce das folhas, associada à morte dos ramos, afeta a produção. 

A desfolha provocada pela ferrugem prejudica o vingamento da florada do café e dos frutos na fase de chumbinho.

Os sintomas dessa doença refletem nas próximas safras, com a queda da produção de frutos. 

Em casos avançados da doença, pode ocorrer a morte das plantas.

Dependendo da severidade, a doença pode reduzir a longevidade do cafezal, além de inviabilizar economicamente a atividade.

Condições ideais para a doença

Dentre os aspectos favoráveis à ocorrência da ferrugem alaranjada nos cafezais, destacam-se a umidade e a temperatura. Esses fatores interferem diretamente no ciclo de vida do fungo e no estabelecimento da doença.

As condições ideais para a ocorrência e o desenvolvimento dessa doença são:

  • alta umidade relativa do ar;
  • temperatura moderada, entre 22 °C e 24 °C;
  • ausência de luz direta;
  • presença de um filme de água na superfície das folhas.

Disseminação

A disseminação dos esporos do fungo Hemileia vastatrix acontece pela ação do vento e por respingos de água da chuva

Os insetos, as pessoas e alguns tratos culturais também são responsáveis pela disseminação da ferrugem.

No caso da poda, é muito importante fazer a limpeza das ferramentas. 

Uma lâmina de corte pode entrar em contato com uma planta infectada. Se, em seguida, ela encosta em uma planta saudável, pode disseminar uma série de doenças.

Dessa forma, mantenha as ferramentas de poda sempre limpas e afiadas.  

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Como fazer o manejo da ferrugem do cafeeiro

Considerando a extensão dos danos causados pela ferrugem, o monitoramento da lavoura é uma importante ferramenta no manejo.

Quanto antes ela for detectada, maiores são as chances de sucesso no seu controle. 

Cultivares tolerantes e fungicidas 

O controle da ferrugem do cafeeiro é realizado pelo plantio de cultivares tolerantes/resistentes e pela pulverização de fungicidas químicos.

Os fungicidas à base de cobre são utilizados no controle preventivo da doença. 

Quando pulverizados na superfície das folhas, eles formam uma barreira tóxica. Isso protege a planta e evita o desenvolvimento da ferrugem.

Além disso, o cobre é um elemento essencial para a cultura do café. Seu uso melhora o estado nutricional das plantas. 

Os fungicidas do grupo químico estrobilurina e carboxamida têm ação sistêmica. Eles são  aplicados na parte aérea das plantas no combate à ferrugem.

Os fungicidas do grupo triazol também são sistêmicos, e podem ser aplicados via foliar ou via solo. 

Esses produtos podem ser utilizados em associação com inseticidas sistêmicos, como o tiametoxan e o imidacloprido, para o controle do bicho-mineiro do café.

Os ingredientes ativos registrados no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) para o controle da ferrugem alaranjada na cultura do café são:

  • ciproconazol;
  • mancozebe;
  • tebuconazol;
  • azoxistrobina + ciproconazol; 
  • azoxistrobina + benzovindiflupyr.

Faça a rotação dos produtos químicos e siga as recomendações do fabricante quanto à forma de aplicação e dosagem dos produtos. Assim, o controle da doença não terá sua eficiência prejudicada.

Por se tratar de uma cultura com potencial de ser explorada por longos períodos, os cuidados com a implantação do pomar são de extrema importância. 

Por isso, escolha sempre cultivares resistentes às doenças.

As mudas devem ser adquiridas de viveiros certificados. Isso garante a sua procedência e a qualidade fitossanitária. Assim, você não coloca em risco a sanidade da sua lavoura. 

Espaçamento entre plantas

O espaçamento do café também pode favorecer a doença. Quando adensado, o espaçamento favorece as doenças fúngicas devido às condições microclimáticas. 

Além disso, a proximidade das plantas dificulta a chegada dos defensivos agrícolas nas folhas localizadas nas regiões internas da planta. 

Isso interfere na eficácia do controle químico.

As podas são uma prática de manejo bastante utilizada na cafeicultura. Essa técnica contribui para melhorar a arquitetura da planta, promover maior luminosidade e arejamento da lavoura.

Ela também facilita a realização de outros tratos culturais, reduz a incidência de pragas e doenças, além de facilitar o controle fitossanitário.

Cuide do solo da sua lavoura

Em relação à fertilidade do solo, existe uma relação entre a deficiência de nitrogênio e a incidência de ferrugem alaranjada e cercosporiose.

A adubação equilibrada contribui para o bom desenvolvimento do plantio.

Além disso, melhora a capacidade de resposta das plantas frente às adversidades e minimiza os prejuízos causados por essas doenças.

Em resumo, as práticas que podem ser adotadas para o controle da ferrugem do cafeeiro são:

  • aplicação de fungicidas químicos;
  • plantio de cultivares resistentes/tolerantes;
  • evitar espaçamento adensado;
  • podas;
  • adubação equilibrada.
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Conclusão

A ferrugem alaranjada do cafeeiro é uma doença presente em todas as áreas produtoras de café do Brasil.

Os sintomas da doença são muitos, e prejudicam a florada e formação dos frutos. Por isso, estar sempre de olho na sua lavoura é fundamental.

A disseminação dos esporos ocorre pela ação do vento, respingos de água, pelas pessoas, insetos e algumas práticas culturais.

O manejo da ferrugem do cafeeiro é realizado, principalmente, pela aplicação de defensivos químicos e pelo plantio de cultivares resistentes à doença. Faça o controle correto para evitar grandes danos na lavoura!

Você já conhecia a ferrugem alaranjada do cafeeiro? Já teve problemas com essa doença? Conte sua experiência nos comentários.

Guia de controle das principais plantas daninhas do café

Plantas daninhas do café: saiba quais são, conheça seus riscos para o cafezal e aprenda a identificá-las a tempo

As plantas daninhas competem por água, luz e nutrientes. Elas causam prejuízos ao crescimento e produtividade do cafeeiro.

É comum encontrar espécies invasoras na lavoura de café, e elas devem ser controladas.

Ficar de olho na ocorrência de plantas invasoras de difícil controle é fundamental. Assim, é possível utilizar métodos eficientes para contê-las.

Nesse artigo, veja quais os diferentes métodos de controle das principais plantas daninhas do café você pode utilizar. Confira!

As principais plantas daninhas do café

1. Picão-preto

O picão-preto é uma espécie de folha larga comum nas lavouras do Brasil.

Ele preocupa muito os cafeicultores devido à descoberta de daninhas resistentes ao glifosato.

É uma espécie que cresce rápido e se reproduz por sementes. Uma planta produz até 6 mil sementes/ciclo. Ela é encontrada o ano todo na lavoura.

As sementes são dispersas por animais, máquinas, implementos e pelo ser humano.

Imagem de parte de um tecido de roupa com vários pedaços da planta picão-preto agarrados nele.
Sementes de picão-preto sendo dispersas pelo ser humano
(Fonte: Oficina de Ervas)

Ficam em dormência até um período favorável à germinação, e permanecem no solo por até 5 anos.

Além de competir por recursos com o café, é hospedeiro de pragas e doenças.

É interessante controlar o picão-preto na cultura do café especialmente quando a lavoura estiver sendo implantada. O cafezal novo é mais sensível à competição.

As maiores perdas ocorrem de outubro a abril, época do florescimento. Vale controlar as plantas daninhas antes dessa época.

Foto da planta daninha picão-preto no estágio de florescimento. Há duas pequenas flores amarelas em botão no topo da planta.
Planta de Picão-preto florescendo
(Fonte: GoBotany)

Métodos de controle

O manejo biológico é um método de controle eficiente. Manter o solo coberto com plantas ou palhada também.

Além do controle das plantas daninhas do café, a prática disponibiliza nutrientes, regula a temperatura do solo e reduz as perdas de água.

Utilize os recursos internos da fazenda como:

  • restos vegetais da poda e da desbrota do café;
  • palha gerada no beneficiamento.

Utilize mucuna-preta ou mucuna-cinza como cobertura viva nas entrelinhas do café. Essas plantas inibem o crescimento do picão-preto.

Outro método de controle é o controle químico, com a utilização de herbicidas pré ou pós emergentes.

No cafezal jovem, faça a pulverização direcionada de herbicida de pré-emergência em solo limpo ou sob baixa cobertura de plantas daninhas. Veja algumas recomendações de produtos:

  • Goal BR (5 a 6 L p.c./ha);
  • Alaclor (5 a 7 L p.c./ha);
  • Ametrina 800 (1,5 a 2,5 kg p.c./ha);
  • Ametrina 250 + Simazina 250 (5 a 8 L p.c./ha);
  • Flumyzin 500 (150-180 ml p.c./ha).

Na aplicação de pós-emergente, evite a deriva e a fitototoxidade nos cafeeiros. Use herbicidas seletivos, como:

  • Goal BR (6 L p.c./ha);
  • Ametrina 800 (até duas folhas 1,5 kg p.c./ha; mais de 2 folhas 2,5 kg p.c./ha);
  • Ametrina 250 + Simazina 250 (5 a 8 L p.c./ha);
  • Flumyizin 500 (50 ml p.c./ha).

2. Capim-amargoso

O capim-amargoso é uma planta de folha estreita e ciclo perene. Ela forma touceiras, com altura de 50 cm a 100 cm.

Além da reprodução por sementes dispersas pelo vento, também se reproduz por rizomas, o que dificulta o controle.

Foto da planta capim-amargoso na frente de um cafezal.
Capim-amargoso na entrelinha do cafezal
(Fonte: Café Point)

Métodos de controle

Antes de tudo, faça o controle não químico (físico)das plantas daninhas.

Palha e cobertura verde sobre o solo desaceleram a germinação das invasoras. Elas também aumentam os teores de matéria orgânica, retendo mais água e auxiliando durante a seca.

O controle químico do capim-amargoso é realizado em pós-emergência da planta daninha.

Faça o manejo químico com herbicidas seletivos inibidores de ACCAse. O café é isento dessa enzima. Desse grupo, você pode usar:

  • Cletodim 240 (0,45 L p.c./ha);
  • Verdict Max 540 (0,2 a 0,4 L p.c./ha);
  • Kennox (0,5 a 0,7 L p.c./ha);
  • Poquer 240 (0,45 L p.c./ha).

Realize a aplicação com glifosato + óleo.

Na presença de plantas florescidas, entre com a capina (roçadeira) antes da pulverização. Aguarde haver área foliar suficiente para absorção do produto.

3. Capim-pé-de-galinha

O capim-pé-de-galinha é uma planta anual. Ela ocorre em épocas quentes e se adapta bem a solos compactados.

Os colmos podem ser eretos, com até 50 cm de altura. Também podem ser prostrados ao chão, ramificados e achatados. A planta se reproduz via semente (mais de 120 mil sementes por planta).

Foto do capim-pé-de-galinha. A planta tem hastes finas, com diversas pequenas sementes grudadas nas hastes.
Estruturas reprodutivas do capim-pé-de-galinha
(Fonte: Syngenta)

O vento transporta essas sementes até próximo da linha do café.

Se a população da invasora for alta, você terá prejuízos, principalmente em áreas de cafezal novo.

Além da competição por recursos, elas são hospedeiras de patógenos. Por isso, deixam a lavoura vulnerável às doenças. 

Apresentam resistência a herbicidas comuns no dia a dia. Já foram identificadas populações resistentes a 8 mecanismos de ação.

Métodos de controle

Utilize a tecnologia e o manejo integrado como aliados no controle da daninha. Faça o controle biológico, físico e químico, além de rotação de mecanismos de ação.

Não permita que as plantas floresçam e produzam sementes. Isso reduzirá drasticamente a população da invasora. 

Realize triação em plantas jovens na entressafra e controle químico no preparo da colheita.

Em pós-emergência, opte pela utilização de inibidores de ACCAse + glifosato. Assim, você irá proporcionar um bom controle.

Veja alguns produtos recomendados:

  • Inibidores de ACCAse:
    • AUG 126;
    • Fluazifop;
    • Haloxyfop.
  • Inibidores de Protox:
    • Galigan 240 (3 L p.c./ha);
    • Goal BR (2 L p.c./ha).

Pulverize em plantas com até 1 perfilho, pois as chances de sucesso são maiores!

4. Buva

A buva é uma planta anual que se reproduz por sementes. A alta produção de sementes (até 200.000 por planta por ciclo) faz dela uma grande vilã da produção agrícola.

A buva é resistente ao glifosato. Seu controle é dificultado, e deve ser feito quando ainda é nova.

Foto da planta daninha buva, em foco.
Planta de Buva no cafezal
(Fonte: CaféPoint)

Métodos de controle

Use o controle cultural como a cobertura do solo nas entrelinhas do cafeeiro com braquiária como primeira opção. Esta técnica é de grande importância no manejo integrado.

Assim você reduzirá a aplicação de herbicidas, visto que serão realizadas apenas triações químicas na linha.

Preste atenção ao detectar a buva na linha de plantio. Se possível, use o controle físico, arrancando as plantas que conseguir.

A aplicação de produtos químicos pode ser realizada por pulverização direcionada com inibidores de protox. A aplicação sequencial é uma opção dependendo do nível de infestação.

Veja alguns exemplos de ingredientes ativos recomendados:

  • Oxyfluorfen (Galigan 240EC, Goal BR 240EC)
  • Carfentrazona etílica (Aurora 400EC)
  • Saflufenacil (Heat 700WG)

Para que o controle seja mais eficiente, as plantas devem estar menores que 25 cm.

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5. Caruru

Diversas espécies de caruru podem aparecer no cafezal. Além disso, essa planta daninha ataca diferentes tipos de lavouras.

Além da competição por recursos com a planta de café, o caruru é hospedeiro do nematoide Meloidogyne e do vírus do mosaico do tabaco.

A planta tem ciclo anual, altura que varia de 20 cm a 2m, produz inflorescências verdes ou arroxeadas. Ela pode produzir mais de 100.000 sementes por ciclo.

Foto da planta daninha caruru. A planta  da imagem tem hastes felpudas e avermelhadas.
Espécie de Caruru
(Fonte: Mais Soja)

Métodos de controle

O caruru é uma planta de difícil controle por ser resistente a herbicidas. Há uma ampla lista de resistência simples e múltiplos produtos.

Para plantas resistentes a diversos princípios ativos, o manejo integrado se torna ainda mais importante.

Monitore o cafezal, e quando perceber o desenvolvimento de alguma dessas plantas utilize o controle físico. Não deixe o caruru produzir sementes.

Mantenha o solo das entrelinhas coberto com palha, restos do beneficiamento, ou cobertura verde (braquiária).

Quando necessário, entre com o controle químico com aplicação pós-emergente em plantas pequenas, com jato dirigido.

Você pode utilizar o ingrediente ativo Saflufenacil (Heat 700WG) em plantas pequenas (até 5 cm) ou em manejo sequencial para controle de rebrota de plantas maiores.

6. Tiririca

A tiririca é uma daninha perene, muito agressiva, com altura entre 10 a 60 cm e se reproduz por tubérculos. Um tubérculo pode originar várias plantas.

Por esse tipo de reprodução, é considerada uma das daninhas de mais difícil controle na agricultura.

Diversas espécies de tiririca podem ser encontradas na lavoura, com características peculiares.

Foto de diversas plantas tiririca em fileira, perto de um cafezal novo
Tiririca na linha de plantio de cafezal novo
(Fonte: Rehagro)

Métodos de controle

A prevenção é a melhor forma de evitar a tiririca. Não permita que ela se estabeleça em sua lavoura.

Tenha especial atenção com o cafezal jovem, pois a tiririca utiliza muita água e nutrientes. 

Além disso, é bastante tolerante a temperaturas altas, o que afetará muito o estabelecimento do café novo nas épocas mais quentes.

O manejo integrado continua sendo a melhor maneira de controlar, com monitoramento e utilização dos controles físico e mecânico.

Caso note infestação antes da implantação do cafezal, considere o preparo do solo. Ele expõe os tubérculos e induz a brotação. 

Integrado ao controle químico, é eficiente para reduzir a população da tiririca.

O controle químico pode ser realizado com pulverização sequencial, evitando assim possíveis plantas resistentes. Não se esqueça de fazer a rotação dos herbicidas!

Pulverize dirigidamente os herbicidas glifosato e Diurom (Diuron Nortox 800WP). 

Os grupos químicos halosulfuron, imazapic, imazapir e triclopir também são utilizados.

7. Corda-de-viola

A planta daninha corda-de-viola é uma planta do tipo trepadeira com flores muito vistosas.

A reprodução ocorre via sementes. A planta pode atingir até 3m de comprimento e se enrolar sobre as culturas.

Essa situação é grave, pois causa sombreamento do cafezal, além de atrapalhar a colheita e as pulverizações.

Foto da corda-de-viola no cafezal. A planta forma uma espécie de círculo sobre as plantas de café.
Corda-de-viola cobrindo cafezal
(Fonte: Café Point)

Métodos de controle

Utilize a estratégia de controle no início das águas, com as plantas ainda de tamanho pequeno.

Pulverize herbicidas adequados. Você pode fazer uma aplicação sequencial (3 semanas após a primeira) de glifosato ou herbicida com base em 2,4-D.

Os herbicidas carfentrazina (Aurora 400EC), metsulfurom (Ally 600WG) e dicarboxamida (Flumizyn 500SC) também vêm dando bons resultados.

Use o controle físico para as plantas que escapam do controle químico, arrancando manualmente antes de produzirem sementes.

Com ervas já cobrindo os cafeeiros, faça apenas arranquio. Não tire as plantas, pois pode haver queda de frutos do café.

Imagem da corda-de-viola morta sobre o cafezal. As plantas da invasora estão marrons e secas.
Corda-de-viola seca após arranquio manual sobre o café
(Fonte: Café Point)

8. Capim braquiária

O capim braquiária é uma gramínea comum nos cafezais.

A cobertura do solo com braquiária nas entrelinhas é comum para inibir o aparecimento de outras daninhas.

Entretanto, quando mal manejada e muito próxima das plantas de café, pode causar competição e interferência no crescimento.

Respeite sempre a distância mínima de 1 m de cada lado da linha do cafeeiro.

Foto de braquiária nas entrelinhas de um cafezal. A braquiária tem aspecto de capim, e está plantada com espaçamento das plantas de café.
Braquiária nas entrelinhas do cafeeiro
(Fonte: Café Point)

Métodos de controle

As plantas Mucuna, Crotalária e Lablab reduzem o crescimento da Braquiária. Portanto, são boas opções de controle quando a gramínea estiver sendo prejudicial.

Faça roçadas regularmente antes do seu florescimento, para que as sementes não germinem sob a “saia” do cafeeiro.

Os produtos recomendados para o capim-amargoso e para o capim-pé-de-galinha também controlam a braquiária.

9. Poaia-branca

A poaia-branca é uma daninha anual. Ela tem folha larga e se desenvolve via sementes.

Possui grande vigor vegetativo, e pode cobrir todo o solo com uma densa massa vegetal. 

Isso gera competição por nutrientes e água, principalmente quando a poaia se desenvolve na linha das plantas de café.

Em regiões quentes, você verá a planta durante o ano todo. Ela é hospedeira de pragas e doenças que afetam o cafeeiro.

Foto de poaia branca com três flores brancas sobre a planta.
Planta daninha Poaia-branca florescendo
(Fonte: WeedImages)

Métodos de controle

Os controles com cobertura viva ou morta são eficientes no controle desta daninha. Utilize o controle químico em consórcio quando necessário.

Para o manejo químico em cafezal novo, use os ingredientes ativos:

  • glufosinato de amônio (Off road 200SL, Patrol BR 200SL);
  • oxyfluorfen (Galigan 240EC, Goal BR 240EC);
  • glifosato.

No cafezal adulto, além dos citados acima, outros ingredientes ativos podem ser usados:

  • diuron (Cention 500SC);
  • metsulfurom (Nufuron 600WG);
  • carfentrazona+glifosato (Fera Ultra).
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Conclusão

Você certamente já teve de lidar com alguma dessas plantas daninhas do café.

É sempre bom dar preferência aos manejos cultural e mecânico. Também é importante manter linhas do café limpas e as entrelinhas cobertas e roçadas.

As condições de pulverização são importantes. Faça aplicação dirigida ao solo, evite o contato do produto químico com o café e evite a deriva.

Com planejamento correto, seu cafezal será muito mais rentável!

Já teve problema com essas plantas daninhas do café? Conhece mais espécies importantes na cultura? Deixe seu comentário!

Como o baculovírus pode controlar as pragas da sua lavoura

Baculovírus: saiba em quais culturas pode ser utilizado, vantagens, desvantagens e cuidados necessários no uso

A demanda por produtos produzidos de forma sustentável tem crescido. 

As opções disponíveis no mercado são muitas, com controle próximo e até mesmo superior ao controle químico.

Dentre os biopesticidas utilizados no controle de pragas há os baculovírus. Eles têm alta eficiência no controle de insetos, principalmente lagartas.

Neste artigo, você entenderá mais como ele funciona, vantagens e desvantagens e como produzi-lo na sua fazenda! 

O que é o baculovírus e como ele funciona

Os baculovírus são vírus com DNA de fita dupla. Eles pertencem à família Baculoviridae

Eles possuem uma ou mais partículas do vírus que se encontram fora da célula hospedeira, com envelope em formato de bastão. Isso caracteriza a forma das partículas dessa família de vírus.

Os baculovírus tem uma característica única dentre os vírus estudados. Eles têm duas formas observáveis distintas, a depender de estarem dentro ou fora da célula hospedeira:

  • Uma extracelular (fora da célula hospedeira) conhecido como BV (budded virus);
  • Outra envolvida na transmissão do vírus, quando ele já se encontra dentro de uma célula hospedeira, denominado vírus ocluso. Ele é responsável  pela transmissão do vírus entre os demais insetos.
Na imagem à esquerda, é possível observar o formato de uma partícula viral de baculovírus fora da célula hospedeira (extracelular ou BV). Na imagem à direita, observa-se a transmissão do corpo de oclusão

Ultraestrutura de um baculovírus por microscopia eletrônica de transmissão. Na imagem à esquerda, é possível observar o formato de uma partícula viral de baculovírus fora da célula hospedeira (extracelular ou BV). Na imagem à direita, observa-se a transmissão do corpo de oclusão

(Fonte: Gramkow, 2010)

Ciclo do baculovírus no organismo das lagartas

O ciclo começa com a ingestão dos vírus aplicados na superfície das folhas. Isso acontece durante a alimentação do inseto.

O processo de transmissão do vírus no interior do corpo do inseto começa. O inseto fica debilitado e torna-se incapaz de se alimentar.

Outra característica observada é a movimentação dos insetos, especialmente das lagartas, para a parte superior da planta hospedeira.

A morte da lagarta da soja ocorre entre cinco a oito dias após a infecção.

Para saber se a morte do inseto foi causada pelo baculovírus, você deve prestar atenção em alguns detalhes.

A coloração do inseto fica amarela-esbranquiçada. No caso das lagartas, também há um aspecto leitoso.

Após alguns dias, as lagartas ficam pretas e se rompem. Depois disso, liberam partículas virais na superfície das folhas.

Esquema do ciclo do baculovírus, que vai desde a infecção primária das células até a morte do inseto-alvo

Infecção de um inseto hospedeiro de baculovírus

(Fonte: adaptado de Szewczyc e colaboradores, 2006. Em: Valicente; Tuelher, 2009)

Como funciona o controle de lagartas nas culturas do milho e soja

O modo de ação do baculovírus  é a partir da ingestão de partículas infectivas

A partir disso, elas são capazes de se multiplicar nas células do inseto hospedeiro e serem transmitidas para outros insetos.

Não há ação sobre as fases de ovo, pupa ou adulto, somente nas fases de lagarta.

As formulações disponíveis podem ser consultadas através do Agrofit (Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários). 

Elas possuem diferenças, principalmente em relação à proporção de ingredientes que tem a função de diluir e facilitar a dispersão do vírus.

Além disso, existem diferentes espécies de baculovírus. Elas são usadas no controle de outros insetos, além das lagartas da soja e da lagarta-do-cartucho do milho.

Por isso, é sempre necessário consultar qual espécie está sendo utilizada e qual é a praga alvo.

Caso da Soja

Os principais danos observados na cultura pela lagarta-da-soja ocorrem principalmente na fase larva. Elas podem causar até 100% de perdas.

Cada lagarta tem potencial de consumir até 90 cm² de folhas, até se tornarem pupas. Para o controle biológico da lagarta-da-soja, utiliza-se o Baculovirus anticarsia.

Caso do Milho

Para a cultura do milho, a principal praga é a lagarta-do-cartucho. Ela consegue reduzir a produção em até 52%.

Embora ela cause danos severos na fase reprodutiva da cultura, têm sido relatada causando danos com frequência nas fases iniciais. A lagarta-do-cartucho afeta o estande e a população final de plantas por área.

Para o controle da lagarta, utiliza-se principalmente o Baculovírus spodoptera.

Alguns outros baculovírus também são utilizados, como:

  • Baculovirus erinnyis, desenvolvido para o controle do mandarová da mandioca;
  • Baculovirus condylorrhiza, utilizado no controle da lagarta do álamo;
  • Variações de formulações do Baculovirus anticarsia e Baculovirus spodoptera.

Vantagens, desvantagens e cuidados no uso de baculovírus na agricultura

Os biopesticidas têm vantagens, desvantagens e cuidados durante a aplicação. Confira a seguir cada um deles.

Vantagens do uso de baculovírus

  • Os baculovírus afetam especificamente seu hospedeiro (principalmente lagartas, a depender do tipo de baculovírus). Os inimigos naturais de pragas e doenças presentes no local de cultivo não são afetados;
  • São inofensivos à saúde humana e animal;
  • O uso é muito fácil;
  • Fácil formulação e aplicação. Como consequência, há economia e segurança em relação aos inseticidas químicos;
  • O controle é efetivo. No milho, quando manejado adequadamente, diminui o número de aplicação de inseticidas de 3 a apenas 1.

Desvantagens 

  • Os baculovírus atuam apenas em um pequeno grupo ou único organismo alvo. Assim, para o controle das demais pragas, é necessário usar outros inseticidas;
  • A aplicação requer cuidado no horário em que será realizada. O controle só é eficiente quando há ingestão do produto pelas lagartas

As lagartas da soja se alimentam de noite. Por isso, as pulverizações com produtos a base de baculovírus devem ser realizadas após às 16 horas.

Assim, você também evita a exposição prolongada aos raios ultravioleta, que inativam o vírus. 

Cuidados na aplicação de baculovírus

O monitoramento da lavoura com uso de armadilhas deve estar associado ao manejo das pragas nas culturas

Quando a infestação for muito alta, acima do nível de controle recomendado, há redução da eficiência do produto.

A aplicação de baculovírus na cultura da soja não é recomendada quando o percentual de desfolha for superior a 30% até o período final da floração

Também é contraindicada se a desfolha for maior que 15% após o início do desenvolvimento das vagens (para a cultura da soja por exemplo).

Além disso, as condições climáticas também devem ser observadas. 

Quando houver níveis altos de infestação no início do desenvolvimento da cultura, coincidindo com períodos de estresse hídrico, o produto não deve ser aplicado.

O inseticida à base de baculovírus pode ser fabricado na fazenda?

O bioinseticida formulado a partir do baculovírus pode ser fabricado na própria fazenda.

No entanto, você deve seguir cuidados rigorosos. Além disso, você deve aplicar um produto formulado sobre a cultura antes. Assim, as lagartas utilizadas na sua fabricação terão o vírus.

Passo a passo para fabricação de dose, correspondente para aplicação em 1 hectare:

  • Entre 7 a 10 dias após a aplicação de baculovírus na área de cultivo, colete 50 a 70 lagartas mortas (correspondente a 20 gramas do inseticida) pelo microrganismo;
  • Congele as lagartas e as mantenha assim até a sua utilização;
  • Macere as lagartas congeladas (em quantidades maiores de produto, utilize o liquidificador, quando disponível) e filtre a solução resultante;
  • A solução resultante pode ser congelada imediatamente após a trituração, mas a calda elaborada com adição da solução e da água não pode ser reaproveitada;
  • A quantidade de solução filtrada deve ser diluída em 200 litros de água, correspondente ao volume de água recomendado para aplicação;

Para a aplicação, podem ser utilizados pulverizadores de barra, canhão e avião, desde que o volume da calda não seja inferior a 100 litros. 

Afinal, volumes menores causam o entupimento dos bicos. O formulado aplicado leva em torno de 7 a 9 dias para matar as lagartas.

Planilha de custos dos insumos da lavoura

Conclusão

O controle biológico de pragas é uma alternativa eficiente.

Ele pode ser realizado em diferentes culturas, e é indispensável que você saiba quais espécies controlam a praga alvo.

Embora existam diferentes espécies de baculovírus, a lagarta da soja só é controlada com o Baculovirus anticarsia.

Além disso, não esqueça de observar as condições ambientais e momento certo de desenvolvimento da cultura. Eles são importantes para a eficiência máxima do produto na área de cultivo. 

>> Leia mais: “Guia completo para o manejo da lagarta-preta (Spodoptera cosmioides)

Você já utilizou baculovírus para controlar as pragas na sua fazenda? Compartilhe sua experiência nos comentários!

Como o inoculante BiomaPhos contribui para o aumento da produtividade

BiomaPhos: saiba como o produto age no solo, quais as culturas indicadas, como aplicar, cuidados necessários e muito mais!

O uso de insumos biológicos na agricultura está cada vez mais recorrente. Dentre esses produtos, os inoculantes ocupam posição de destaque.

Do fósforo aplicado nas lavouras, só cerca de 20% a 30% é aproveitado pelas plantas. Para resolver esse problema, o inoculante BiomaPhos foi lançado no mercado.

O produto melhora a absorção de fósforo pelas plantas, reduz os custos com adubação e aumenta a produtividade.

Neste artigo, você pode conferir um pouco mais sobre o BiomaPhos e como ele pode beneficiar a sua lavoura.

O que é o BiomaPhos

O BiomaPhos é um inoculante líquido. Ele é formulado a partir de cepas bacterianas Bacillus subtilis e Bacillus megaterium.

Ele solubiliza o fósforo presente no solo e o disponibiliza para as plantas. 

O processo ocorre através de uma relação entre as bactérias do inoculante e as plantas. Como consequência, há um aumento de produtividade e de crescimento.

O produto pode ser utilizado tanto em sistema de plantio direto quanto em sistema convencional.

O inoculante biológico é uma tecnologia limpa e sustentável, que promove ganhos em produtividade a um baixo custo.

Como o inoculante libera o fósforo retido no solo

Os solos brasileiros costumam possuir um grande estoque de fósforo. Apesar disso, esse elemento não se encontra em formas disponíveis para as plantas absorverem. 

O fósforo se fixa aos minerais de argila e a metais como ferro, alumínio e cálcio. Também se fixa a frações na matéria orgânica. 

As bactérias presentes no inoculante BiomaPhos agem sob as formas de fósforo que não estão disponíveis para a cultura. Elas transformam esse fósforo em fosfato, uma forma acessível para as plantas.

As bactérias produzem enzimas e ácidos orgânicos na região próxima às raízes das plantas. Elas solubilizam as formas minerais ou mineralizam formas orgânicas de fósforo presente no solo. 

Dessa forma, as plantas conseguem absorver e assimilar esse nutriente em maiores quantidades. A consequência disso é uma melhor nutrição da lavoura e aumento da produtividade.

Além disso, o BiomaPhos contribui para o melhor desenvolvimento das raízes, o que otimiza a absorção de nutrientes pelas plantas.

Como o BiomaPhos age sob o fósforo já presente no solo, o inoculante apresenta melhores resultados em solos ricos em fósforo total.

É importante lembrar que o BiomaPhos é uma tecnologia complementar. Ela não dispensa a suplementação com fósforo mineral

Inoculantes que promovem a fixação biológica de nitrogênio dispensam a adubação nitrogenada, no caso da soja.

Ilustração que compara plantas com e sem inoculante de microrganismos que solubilizam fósforo

Comparação das plantas com inoculante e sem inoculante de microrganismos solubilizadores de fósforo (P)

(Fonte: Balanço Social 2019 – Embrapa)

Como aplicar e onde comprar 

O inoculante BiomaPhos pode ser aplicado via jato dirigido no sulco de semeadura ou no tratamento de sementes

Quando utilizado no sulco de plantio, a dose recomendada é de 200 mL/ha.

No tratamento de sementes, a dosagem recomendada é de 100 mL do inoculante para cada 60.000 sementes

O BiomaPhos é comercializado pela empresa Bioma. Para adquirir o produto, basta acessar o site da empresa. 

O inoculante não apresenta incompatibilidade quando utilizado em conjunto com outros inoculantes. Ou seja, é possível misturar diferentes inoculantes na mesma calda.

Culturas indicadas

Atualmente, o inoculante é indicado para a cultura da soja e do milho.

Apesar disso, alguns estudos já demonstraram que o inoculante tem potencial em culturas como feijão, sorgo, arroz, cana-de-açúcar, braquiária e café.

Cuidados na aplicação

Adote algumas medidas na aplicação do inoculante BiomaPhos. A seguir, você vai encontrar alguns desses cuidados:

● verifique o prazo de validade do produto;

● siga as recomendações do fabricante para forma de armazenamento,   manipulação e dosagem do produto;

agite bem o inoculante antes da aplicação;

● realize a inoculação das sementes à sombra e em local arejado;

● utilize uma calda açucarada quando aplicar em sementes, para melhor fixação do inoculante;

● distribua o produto de maneira uniforme, garantindo que toda a superfície das sementes seja recoberta pelo inoculante;

● realize a inoculação somente após o tratamento químico das sementes;

● faça a semeadura num prazo de até 24 horas após a inoculação.

Quanto a produtividade aumenta com o BiomaPhos?

Em lavouras de soja, os resultados apontaram incremento de até 10% na produtividade. Na cultura do milho, o incremento foi de 12%.

Para algumas culturas, como o amendoim e a batata, o BiomaPhos ainda está em fase de testes. No entanto, os resultados são promissores e apresentaram ganhos de até 30% na produtividade.

Vantagens do inoculante

Confira a seguir as vantagens da utilização do inoculante BiomaPhos:

● aumento da produtividade;

redução dos custos de produção;

● redução da importação de adubos fosfatados;

redução da emissão de carbono na atmosfera;

● tecnologia limpa, renovável e sustentável;

menor impacto ambiental.

Planilha de custos dos insumos da lavoura

Conclusão

O BiomaPhos é um inoculante líquido que melhora a absorção de fósforo pelas plantas e, consequentemente, aumenta a produtividade.

Atualmente, ele é indicado para uso em lavouras de soja e milho, podendo ser utilizado tanto em sistema de plantio direto quanto convencional.

Você pode aplicar o produto via jato dirigido no sulco de plantio ou via tratamento de sementes

Para obter bons resultados, sempre siga as recomendações do fabricante e fique de olho nos cuidados que devem ser tomados.

O BiomaPhos é uma tecnologia limpa e renovável, e caminha com a agricultura sustentável.

>> Leia mais:

Coinoculação: como a prática pode aumentar a produtividade da soja

Inoculante para milho silagem: como escolher o melhor

Você já utilizou o inoculante BiomaPhos? Como foi a sua experiência com o produto? Deixe um comentário! 

Biofungicidas: quando vale a pena usá-los para o controle de doenças na lavoura?

Biofungicidas: saiba o que são, como são produzidos, como atuam nas plantas e quais são as vantagens e desvantagens.

As doenças das plantas podem ser um obstáculo para o sucesso da sua lavoura quando não manejadas de forma eficiente. 

Associado a isso, a busca da sociedade por alimentos com menos resíduos de agroquímicos torna o manejo de doenças de plantas um desafio ainda maior. 

Biofungicidas são produtos pouco tóxicos e altamente eficientes. Eles podem ser utilizados no controle das principais doenças das plantas cultivadas.

Nesse artigo, você irá conhecer melhor os biofungicidas e como consultar os produtos disponíveis no mercado. Boa leitura!

O que são biofungicidas?

Biofungicidas são produtos químicos que controlam doenças causadas por bactérias e fungos patogênicos de inúmeras culturas.

Como as pessoas têm buscado por alimentos com cada vez menos agroquímicos, novas soluções são oferecidas, como os bioinsumos

Dentro deles estão os biofungicidas, que são:

  • microrganismos que atuam diretamente nos patógenos que atacam as plantas, fazendo com que eles não se desenvolvam;
  • fungos e bactérias não patogênicos que quando aplicados na planta, entram em contato com o patógeno e o enfraquecem. Agem como fungicidas naturais.

Como são desenvolvidos os biofungicidas?

Os biofungicidas produzidos a partir de organismos encontrados no meio ambiente. Por natureza, são predadores de outros microrganismos.

Essas espécies são estudadas em laboratório e em campo para garantir sua eficácia no controle de doenças.

O registro dos produtos desenvolvidos nas pesquisas envolve a avaliação e aprovação do Mapa, do Ibama e da Anvisa. Trata-se de um processo bastante lento.

Na imagem, bactérias Bacillus amyloliquefaciens, usadas como matéria-prima de biofungicidas.

Bactéria Bacillus amyloliquefaciens, usada como matéria-prima de biofungicida

(Fonte: Indiamart)

Quando comprovada sua eficiência e confiabilidade, ele é devidamente registrado. 

Em seguida, os microrganismos são reproduzidos industrialmente e de maneira controlada para a fabricação dos produtos comerciais.

Atuação nas culturas

Os biofungicidas podem ser aplicados no tratamento de sementes e também pulverizados diretamente na cultura.

Quando o produto entra em contato com a planta doente ou com o patógeno, começa o processo de controle da doença. Esse controle pode ser por meio de:

  • ação direta: o agente biológico produz substâncias antibióticas e antifúngicas que impedem o progresso, infecção e reprodução da doença no hospedeiro;
  • ação indireta: o agente biológico estimula a planta a se defender do patógeno.

Esses microrganismos benéficos atuam por meio da produção de metabólitos secundários, que têm ação contra bactérias e fungos patogênicos.

A ação é minuciosamente estudada para que o perfil do produto seja o mais confiável possível. Ou seja, é necessário encontrar microrganismos cujas enzimas liberadas não sejam nocivas às plantas.

Controle de doenças causadas por fungos de solo

Um dos microrganismos mais usados na produção de biofungicidas são fungos do gênero Trichoderma.

Eles controlam doenças causadas por fungos de solo em soja, cana-de-açúcar, algodão, olerícolas, etc.

Essas doenças infectam raízes, base do caule, sistema vascular. Além disso, causam murchas e podridões.

Imagem mostra fungo trichoderma em uma placa de vidro. O fungo possui coloração verde.

Fungo Trichoderma, que pode ser usado como biofungicida

(Fonte: Embrapa)

Há grande expectativa na utilização deste fungo no controle do mofo-branco da soja, da fusariose e da podridão radicular.

Além do controle de doenças, também há estudos sobre benefícios do fungo em relação ao crescimento das plantas e aumento na produtividade.

Essa ação se dá pela maior disponibilidade de nutrientes para as plantas, através da ação de enzimas que solubilizam fosfatos e material orgânico. 

Algumas linhagens de Trichoderma também produzem hormônios promotores de crescimento.

Prós e contras do uso de biofungicidas

Você irá encontrar vantagens e desvantagens na utilização de biofungicidas, como em todas as práticas de manejo. Veja algumas delas abaixo e faça sua análise.

Vantagens

  • A pulverização segue as práticas tradicionais de aplicação de fungicidas;
  • Redução na utilização de agroquímicos;
  • Redução do risco de contaminação ambiental; 
  • Redução do risco de contaminação do aplicador; 
  • Os alimentos produzidos têm menor concentração de resíduos químicos; 
  • Redução de custos no controle de doenças;
  • Controle eficiente de doenças;
  • Promotor de crescimento das plantas; 
  • Opção no manejo integrado de doenças.

Desvantagens

  • Poucas pesquisas na área de biofungicidas;
  • Menor prazo de validade dos produtos;
  • Requer maior cuidado no manuseio e transporte.

Ainda há um longo caminho a percorrer para que os biofungicidas sejam vistos como prioridade no controle de doenças no Brasil.

Com estudos científicos, maior oferta de produtos e tecnologia é possível que o agronegócio brasileiro desponte como líder nesse segmento.

Produtos no mercado nacional

São vários os produtos comerciais disponíveis no mercado. 

Pela plataforma Agrofit do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, você pode realizar a consulta dos biofungicidas. Siga o passo a passo a seguir: 

  1. Acessar o site do sistema Agrofit;
  2. Selecionar “Produtos formulados”;
  3. Em “Classe”, selecionar a opção “Fungicida microbiológico”;
  4. Selecionar “Consultar”.

Como resultado da pesquisa será apresentada uma lista com todos os biofungicidas com registro no Brasil.

Imagem mostra o site do Mapa, na aba de busca por insumos agrícolas.

Site de busca de insumos agrícolas do Mapa

(Fonte: Mapa)

Esta pesquisa lhe mostrará diversos organismos microbiológicos que já passaram pelo processo de pesquisa e autorização. Eles podem ser utilizados na formulação de produtos comerciais.

Os produtos utilizam diversas espécies de microrganismos, e dentre eles estão:

Bacillus spp.

  • Sonata: Utilize para controle de oídio, mofo-cinzento, podridão-olho-de-boi, antracnose, mancha-púrpura e pinta-preta.
  • Ataplan: Pulverize para agir em casos de antracnose, fusariose, tombamento da soja e podridão do colo.

Trichoderma spp.

  • Tricho-Turbo: Controle de tombamento, mancha-de-fusarium, mofo-branco e nematicida.

Utilize os produtos citados para o controle das respectivas doenças em todas as culturas.

Na imagem, foto da embalagem de 1 litro do biofungicida Tricho-turbo

Embalagem do biofungicida Tricho-turbo

(Fonte: Vittia)

Os biofungicidas são produtos classificados com tarja verde. Portanto, são pouco perigosos quanto à classificação toxicológica e ambiental.

No entanto, siga todos os procedimentos de segurança na aplicação dos produtos. 

Faça o uso do equipamento corretamente, e previna-se de possíveis danos utilizando todo o equipamento de proteção individual recomendado.

Siga as orientações da bula e do receituário agronômico para proceder com a pulverização!

Planilha de custos dos insumos da lavoura

Conclusão

Os biofungicidas são uma ótima opção para evitar o uso de produtos altamente tóxicos.

Apesar de ainda pouco difundidos no nosso modelo de produção agrícola, eles possuem inúmeras vantagens. Redução de custos e melhor qualidade dos alimentos são apenas algumas delas.

Não se esqueça de tomar todos os devidos cuidados ao manipular e aplicar o produto. E na dúvida, consulte um engenheiro-agrônomo.

>> Leia mais:

“Mancha-púrpura na soja: como livrar sua lavoura dela”

Você já sente segurança para utilizar biofungicidas no controle de doenças da lavoura? Já utiliza essa tecnologia no manejo integrado? Compartilhe sua experiência!