Como identificar e manejar a podridão radicular em soja

Podridão radicular em soja: conheça os sintomas, as condições de desenvolvimento, transmissão e disseminação para realizar o melhor método de controle

A podridão radicular por fitóftora é uma das doenças da soja mais importantes. 

Em cultivares altamente suscetíveis, pode causar a redução de até 100% no rendimento de grãos.

A doença está presente na maioria das áreas produtoras de soja do país e já causou muitos prejuízos.

Neste artigo, você verá como identificar essa doença e quais as melhores práticas para evitá-la. Boa leitura!

O que causa a podridão radicular em soja?

A podridão radicular em soja (ou podridão da raiz e haste por fitóftora) é causada pelo oomiceto Phytophthora sojae.

É comum que se refiram à podridão radicular por fitóftora como uma doença fúngica. No entanto, o patógeno dessa doença (oomiceto) não é considerado um fungo verdadeiro.

De origem grega, Phytophthora significa “destruidor de plantas” (Phyto = planta e phthora = destruidor).

Os Phytophthora são conhecidos por causar danos a culturas como soja, tomate, batata e citros. 

Sintomas da doença

Os sintomas da podridão radicular na soja podem ser observados da pré-emergência à fase adulta da cultura. 

O grau de severidade da doença está relacionado ao nível de resistência da soja. Plantas jovens são mais suscetíveis que plantas adultas.

No solo, as sementes infectadas podem apodrecer e a germinação pode ser retardada. Plântulas infectadas na fase inicial apresentam tecidos de coloração marrom

É comum que as plântulas morram durante a emergência.

Sintomas de podridão radicular por fitóftora em mudas de soja: (A) leve descoloração das raízes e lesão com aspecto encharcado no caule; (B) lesão de coloração marrom no caule e raízes; (C1-C3) danos no hipocótilo e cotilédone; (D) podridão da semente

Sintomas de podridão radicular por fitóftora em mudas de soja: (A) leve descoloração das raízes e lesão com aspecto encharcado no caule; (B) lesão de coloração marrom no caule e raízes; (C1-C3) danos no hipocótilo e cotilédone; (D) podridão da semente
(Fonte: Traduzido de Chang et al., 2017)

Em plantas adultas, é possível observar o apodrecimento da haste e dos ramos, que exibem coloração marrom. Esse sintoma avança da base da haste até as ramificações. 

A podridão radicular da soja também ataca severamente o sistema radicular. 

As raízes secundárias são destruídas e a raiz principal apodrece, adquirindo coloração marrom.

A doença provoca a redução do vigor da planta, clorose e a murcha das folhas. As folhas, mesmo secas, não se desprendem da planta. 

Sintomas de podridão da raiz e haste por fitóftora em soja

Sintomas de podridão da raiz e haste por fitóftora em soja
(Fonte: Daren Mueller)

A podridão radicular por fitóftora diminui a uniformidade da lavoura e o estande de plantas. 

Em alguns casos é necessário realizar operações de ressemeadura, o que aumenta os custos de produção. A doença também diminui o rendimento e a produtividade de grãos. 

Os sintomas da doença podem aparecer em plantas isoladas na lavoura. Também podem se manifestar em reboleiras, geralmente onde há acúmulo de água no solo.

Reboleira de soja com sintomas de podridão da raiz e haste por fitóftora

Reboleira de soja com sintomas de podridão da raiz e haste por fitóftora
(Fonte: Cary Hicks)

Em síntese, os principais sintomas da podridão radicular em soja são:

  • apodrecimento do sistema radicular;
  • lesões de coloração marrom em sentido ascendente na haste principal;
  • clorose
  • murcha das folhas; 
  • redução no rendimento e produtividade de grãos.

Transmissão e disseminação

Só ocorre um ciclo da podridão radicular durante o ciclo da soja. As plantas infectadas serão fonte de inóculo somente na próxima safra

O patógeno Phytophthora sojae consegue sobreviver por longos períodos, mesmo na ausência do hospedeiro. 

O solo e os restos culturais de soja contaminada são considerados as principais fontes de inóculo.

Além disso, o patógeno da podridão radicular em soja não é transmitido e disseminado por sementes de soja.

infográfico com ciclo da podridão radicular por fitóftora

Ciclo da podridão radicular por fitóftora
(Fonte: Traduzido de Crop Protection Network)

Condições para o desenvolvimento da podridão radicular em soja

As condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento da podridão por fitóftora são temperaturas em torno de 25 °C e 30 °C, além de elevada umidade do solo. 

A doença tem maior ocorrência em solos argilosos, solos compactados e mal drenados. 

Há práticas que aumentam a severidade da doença. O plantio direto na soja e a aplicação de altas doses de fertilizantes orgânicos antes da semeadura são exemplos.

Manejo da doença

O principal manejo da podridão radicular consiste no plantio de cultivares de soja resistentes à doença

Mesmo utilizando cultivares resistentes, fique de olho na ocorrência da doença na área. Existe a possibilidade de quebra da resistência da cultivar pelo patógeno.

Além do plantio de cultivares resistentes, adote práticas que melhorem as condições de drenagem e a descompactação do solo

Tenha em vista as condições de desenvolvimento da doença nesse momento. 

Outra medida a ser adotada é a rotação de culturas. Essa prática evita o aumento da quantidade do patógeno no solo.

Segundo a Embrapa, a aplicação de fungicidas na parte aérea da planta não apresenta efeito contra a podridão radicular por fitóftora. 

No Brasil, não há produtos químicos registrados para o tratamento de sementes de soja contra essa doença.

planilha de produtividade da soja

Conclusão

A podridão radicular por fitóftora da soja é uma doença causada pelo oomiceto Phytophthora sojae

O solo e os restos culturais contaminados são as principais fontes do inóculo. 

O principal método de controle utilizado para a podridão radicular por fitóftora é o plantio de cultivares resistentes

Também é importante realizar a rotação de culturas e o correto manejo do solo

Ele precisa apresentar condições como boa drenagem e descompactação, essenciais para que a doença não se estabeleça.

>> Leia mais:

“Conheça as 11 principais doenças da soja e como combatê-las (+ nematoides)”

Você já teve problemas com a podridão radicular em soja? Quais práticas de manejo você utilizou no controle da doença? Adoraria ler seu comentário!

Como o uso de drones na pulverização do cafeeiro pode trazer economia e eficiência nas aplicações

Drones na pulverização do cafeeiro: confira as possíveis vantagens dessa ferramenta que vem ganhando espaço nas lavouras

A utilização de drones na pulverização do cafeeiro chama a atenção de qualquer pessoa que os aviste sobrevoando os cafezais. 

Eles realizam de maneira autônoma um trabalho que só era possível realizar manualmente.

Utilizada também em outras culturas, a pulverização com drones demonstra eficácia no controle de doenças do café, como a ferrugem e a cercosporiose.

Ainda é necessária validação e autorização oficial para aplicação de insumos agrícolas via drones, mas as perspectivas de benefícios são inúmeras. Confira!

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Uso de drones na pulverização do cafeeiro

Apesar de muito recente, o uso de drones na pulverização agrícola no Brasil é uma realidade que tem ganhado cada vez mais espaço no campo, inclusive na produção de café

No agronegócio mundial, o mercado de drones agrícolas deve chegar a US$ 4,8 bilhões em 2024.

No Brasil, são quase 70 mil proprietários de drones cadastrados na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), boa parte deles voltados para serviços no agro.

Vale lembrar que o uso dos drones na agricultura devem seguir regras rígidas, então vale ficar sempre de olho nelas.

Para que servem

Chamados de RPA (aeronaves remotamente pilotadas), os drones agrícolas são usados na aplicação de agrotóxicos, adjuvantes, fertilizantes, inoculantes, corretivos e sementes.

Os drones utilizados para esses serviços pertencem à classe 2 (peso máximo de decolagem maior que 25 kg e até 150 kg) e à classe 3 (peso de decolagem até 25 kg). 

Atualmente, está em discussão no Ministério da Agricultura uma legislação específica para serviços com esses drones, com padrões técnicos operacionais e de segurança.

Enquanto a legislação não fica pronta, o que vale são as regras da Anac para operação com drones.

Drone de pulverização agrícola da linha Agra T20

Drone de pulverização agrícola da linha Agra T20
(Foto: DJI)

Vantagens do uso de drones

Há drones utilizados no agronegócio e em outras atividades profissionais, como:

A eficácia de muitos deles é comprovada em diversos serviços, mas os drones de pulverização agrícola ainda passam por testes de validação e formas de operação.

Uma das áreas do agronegócio que tem recebido experimentos é a da produção de café.

No Brasil, há diversas regiões produtoras, como o sul de Minas Gerais. Regiões como essa possuem topografia irregular, e por isso são um campo aberto para atuação dos drones.

Experimentos com o uso de drones na pulverização do cafeeiro apontam redução de até 80% nos gastos com insumos

Veja algumas vantagens da pulverização com drones:

  • voo entre 3 e 5 metros de altura;
  • economia de água e produtos químicos;
  • aplicação mais eficiente, com bicos abaixo das hélices;
  • redução da deriva de defensivos, com possibilidade de aplicação com ventos de até 30 km/h;
  • baixo custo (R$ 40 a R$ 150/ha) e eficiência operacional;
  • de 20 até 100 vezes mais rápido que o trabalho manual;
  • opera em áreas de difícil acesso.
Operação com drone pulverizador do tipo pelicano

Operação com drone pulverizador do tipo pelicano
(Foto: Daniel Bandeira Estima/Skydrones)

Um experimento recente da Embrapa e da empresa AP Agrícola, numa área de café em Minas, mostrou que os drones são eficientes em locais de difícil acesso.

O equipamento foi testado em florestas, ribanceiras e morros. A qualidade da gota na aplicação do produto e o resultado foram considerados excepcionais. O manejo nutricional (adubação foliar) também está sendo testado.

A Embrapa avaliou, em São Roque de Minas, ser possível aplicar uma calda concentrada que reduz cinco vezes a parcela de produto que não atinge o alvo.

Combate às doenças do cafeeiro

Em Muzambinho, sul de Minas Gerais, o cafeicultor Marcelo Salomão faz a pulverização do cafeeiro com drones há 2 anos.

A tecnologia é utilizada para controlar doenças do cafeeiro, como a ferrugem e a cercosporiose. São aplicados 15 L ha-1 de defensivos, com custo de R$ 150 por hectare

“As aplicações são feitas em duas áreas, uma de 5 hectares e outra de 11 hectares”, disse Salomão, para quem a vantagem principal é a economia de tempo.

“Com drone, fazemos a aplicação de 11 hectares em 2 horas e meia. Se fosse manual, seria um dia para cada hectare. Além disso, economiza muito mais água”, afirmou.

O cafeicultor cita ainda como vantagens o fato de não ter contato direto com agrotóxicos e de economizar água e combustível com o transporte de água para fazer as caldas.

Esquema de operação do drone - drones na pulverização do cafeeiro

Esquema de operação do drone
(Foto: Agras)

Pesquisas aprimoraram eficiência na aplicação

Quem faz a pulverização nas áreas do cafeicultor Marcelo Salomão é o operador de drones Davi Elias, da Drones Solutions Brasil.

Além de atuar com prestação de serviço, Elias realiza pulverizações para pesquisas da Fundação Procafé. Ele usa drones da Agras.

“Uma das constatações sobre a eficiência é a quantidade de aplicação por hectare, para diversos produtos, de forma geral, que tem de ser de 24 L ha-1”, disse Elias.

Outra constatação é que a aplicação deve ser feita com o voo de 3 a 4 metros da copa do cafeeiro, e com ventos de no máximo 30 km/hora.

Marcelo Jordão, pesquisador da Fundação Procafé, informou que resultados mais concretos sobre a pulverização com drones serão conhecidos em setembro deste ano.

Dificuldades com drones na pulverização do cafeeiro

Agrônomo e pesquisador da cafeicultura, José Braz Matiello explica que o cafeeiro tem particularidades que precisam ser melhor observadas na pulverização com drones.

Uma delas é a área foliar. “Se formos observar, há muitos cafezais que possuem 5 mil plantas por hectare, e cada planta pode chegar a 20 m² de área foliar”, disse Matiello.

Para o pesquisador, um dos desafios da pulverização com drones é no combate à broca-do-café, pois o inseto fica “escondido” na planta, o que dificulta a pulverização.

“No controle do bicho-mineiro, por exemplo, creio que o drone terá eficiência, pois ele entra pela copa da árvore, então a pulverização já vai em cima”, comentou.

Drone em operação no cafeeiro

Drone em operação no cafeeiro
(Foto: Drosol)

planilha de cálculo de pulverização, baixe agora

Conclusão

A pulverização com drones na produção de café vale a pena no combate à ferrugem e à cercosporiose do cafeeiro.

Conforme você viu neste artigo, a aplicação de insumos com drones gera economia de custos, de tempo e possibilita uma pulverização mais eficiente.

É importante você lembrar que essa é uma tecnologia cuja eficácia ainda está sendo validada para diversos serviços de pulverização do cafezal.

Assim, não é qualquer praga ou doença que a pulverização com drone conseguirá combater, e o manejo nutricional também está sendo testado. 

Por isso, é interessante observar a experiência de produtores rurais que utilizam essa ferramenta, e avaliar se os drones são uma boa opção para o seu cafezal.

Você já cogitou usar drones na pulverização do cafeeiro? Já utilizou em seu cafezal? Então deixe um comentário contando sua experiência ou sua opinião.

O que mudou com a nova regulamentação para controle da ferrugem asiática da soja?

Nova regulamentação para controle da ferrugem asiática da soja: saiba como identificar o patógeno e quais as principais mudanças de procedimentos de controle

A ferrugem asiática é uma das doenças mais severas que atingem a cultura da soja, em qualquer etapa do ciclo produtivo. 

Nas regiões onde a ferrugem é relatada como epidêmica, os níveis de dano podem variar de 10% a 90% da produção

Você está por dentro da revisão e atualização dos principais procedimentos de controle da ferrugem asiática da soja? Conhecer a nova regulamentação é fundamental para não cometer erros no manejo!

Quer saber mais sobre essa doença e quais foram as principais mudanças na regulamentação para seu controle? Confira!

A ferrugem asiática da soja

A ferrugem asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, é extremamente danosa por poder atingir qualquer estádio de desenvolvimento da soja.

Apesar de só sobreviver e se reproduzir em plantas vivas, o fungo causador da ferrugem possui uma ampla gama de hospedeiras, plantas que podem ser infectadas por ele. Cerca de 150 espécies de leguminosas são hospedeiras do fungo.

No último mês, o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) publicou a Portaria n.º 306, que revisou e atualizou os principais procedimentos do PNCFS (Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja).

O PNCFS é instituído a nível nacional através da Instrução Normativa n.º 2, desde 2007. A nova regulamentação para controle da ferrugem asiática entrou em vigor no dia 1º de junho de 2021.

Como identificar a ferrugem asiática na lavoura?

Os primeiros sintomas da ferrugem asiática da soja são pequenas lesões nas folhas, de coloração castanha a marrom-escura.

Tais lesões possuem pequenas protuberâncias na parte inferior correspondente. Essas protuberâncias são estruturas do patógeno, chamadas urédias.

Conforme a doença se desenvolve, as urédias adquirem coloração castanho-claro e abrem-se como um poro.
Esporos do patógenos são expelidos desse poro. Ao serem carregados pelo vento, podem infectar novas plantas ou folhas, disseminando a doença.

Fases de desenvolvimento da ferrugem asiática da soja

Fases de desenvolvimento da ferrugem asiática da soja: sintomas iniciais, urédias na face inferior e detalhes das urédias abertas

(Fonte: Embrapa – Rafael M. Soares)

Como era antes da nova regulamentação para controle da ferrugem asiática?

A nível nacional, a doença vem sendo manejada graças a combinação de diferentes estratégias, também conhecida como MID (manejo integrado de doenças).

Confira algumas das principais estratégias do MID:

Com as cultivares mais precoces semeadas logo no início da safra, você consegue reduzir a ocorrência da doença no campo, além do número de aplicações de fungicidas.

Já bem definidas em alguns estados brasileiros, as janelas de semeadura orientam os produtores a semear em épocas menos propícias para o desenvolvimento da doença, mas favoráveis à soja.

Diferentes períodos de semeadura da soja de acordo com estado

(Fonte: Embrapa)

O fungo causador da ferrugem precisa de hospedeiros para sobreviver. Dessa forma, o vazio sanitário os elimina do campo, reduzindo a sobrevivência do patógeno.

Períodos de vazio sanitário da cultura da soja

(Fonte: Canal Rural)

O controle químico, com fungicidas, é o mais tradicional para prevenção e controle do avanço da doença na cultura da soja. Mas é preciso ter cuidado.

O uso indiscriminado de fungicidas na cultura da soja, de mesmo grupo químico, pode causar redução na porcentagem de controle ou ainda o desenvolvimento de resistência no patógeno.

Redução gradual no controle da ferrugem asiática da soja em diferentes anos e com princípios ativos diferentes

(Fonte: Embrapa)

O que muda com a nova regulamentação para controle da ferrugem asiática?

Com a nova regulamentação para controle da ferrugem da soja, haverá a instituição de um novo modelo de governança do programa de controle de pragas.

Quem fará a definição e instituição das medidas fitossanitárias de períodos de vazio sanitário e calendário de semeadura será a Secretaria de Defesa Agropecuária de cada estado.

As Secretarias deverão estabelecer as medidas com base nas sugestões e trabalho conjunto com os Órgãos Estaduais de Defesa Sanitária Vegetal e as Superintendências Federais de Agricultura.

Além disso, os resultados das pesquisas de monitoramento da doença, de eficiência de fungicidas e o zoneamento agrícola deverão ser considerados para o estabelecimento das medidas.

Esse novo modelo de governança do PNCFS é resultado de longas discussões motivadas por sugestões e integração de ideias de diversas partes, desde os produtores rurais até órgãos oficiais de Sanidade Vegetal.

As mudanças serão maiores apenas para aqueles estados onde o vazio sanitário não é realizado e nem há calendários de semeadura da cultura da soja.

Para o ano de 2021, mantêm-se as datas já definidas anteriormente, não havendo mudança e garantindo tempo para que você se programe.

planilha de produtividade da soja

Conclusão

A ferrugem asiática da soja causa danos que podem trazer queda de até 90% da produção. Por isso, é essencial saber identificar esse patógeno para combatê-lo da forma mais eficiente possível.

As técnicas de vazio sanitário e uso de calendários de semeadura para as diferentes regiões produtoras já vem sendo amplamente utilizadas como medidas de controle da doença.

Com a nova regulamentação, o uso dessas duas técnicas passa a ser oficial para os diferentes estados brasileiros. 

Mantenha-se sempre por dentro das regulamentações, para garantir uma escolha de manejo realmente eficaz.

E você, já sabia das mudanças da nova regulamentação para controle da ferrugem asiática? O que pensa sobre elas? Adoraria ler seu comentário!

Identifique os sintomas da podridão parda da haste da soja e aprenda a evitar a doença

Podridão parda da haste da soja: entenda o impacto da doença, as condições favoráveis para a sua ocorrência e como controlá-la para evitar perdas

Inúmeras doenças relatadas na cultura da soja são responsáveis pela diminuição da produtividade e qualidade dos grãos e sementes produzidas.

Você conhece a podridão parda da haste da soja? Essa doença pode causar danos, especialmente nos estádios reprodutivos da cultura.

Quer saber mais? Confira neste artigo como evitar perdas pela podridão da haste da soja e quais manejos podem ser utilizados na sua lavoura!

O que é a podridão parda da haste da soja

A podridão parda da haste da soja é causada pelo fungo Cadophora gregata (também conhecido como Phialophora gregata). Sua ocorrência pode reduzir até 25% da produtividade da cultura, principalmente nos estádios reprodutivos.

Cadophora gregata foi relatado ocorrendo na Argentina, América do Norte, distribuído em regiões de temperaturas amenas e umidade relativa do ar e solo altas; em alguns países da Europa, como a Croácia; no Japão e no Egito.

No Brasil, a podridão parda da haste pode ocorrer principalmente nos estados da região sul, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, locais caracterizados pelo clima ameno.

O fungo pode ser disseminado para áreas sem ocorrência da doença em forma de hifas e esporos que não são visíveis a olho nu, através de:

  • irrigação;
  • vento;
  • animais;
  • flores e inflorescências;
  • frutas, vagens e raízes;
  • caules acima do solo;
  • brotos;
  • troncos e galhos;
  • sementes verdadeiras (incluindo grãos).

Outro agravante deste patógeno é que, embora a infecção das plantas ocorra ainda durante os estádios vegetativos, seus sintomas e sinais são observados apenas no período reprodutivo, principalmente durante o enchimento dos grãos.

É importante que você monitore a área, uma vez que o controle mais eficiente é o uso de cultivares resistentes, e diversos patógenos já têm apresentado resistência aos fungicidas disponíveis no mercado.

Sintomas e danos 

Os sintomas podem ser facilmente confundidos com o cancro da haste e da podridão vermelha da raiz.

Porém, distinguem-se principalmente pela alteração da cor da parte interna da haste, o que não ocorre nas demais doenças.

Os sintomas foliares da podridão parda da haste, de folhas “carijó”, podem ser confundidos com os causados pelo nematoide do cisto da soja (Heterodera glycines), mas diferenciam-se por estes estarem associados aos cistos nas raízes.

Esses sintomas são observados a partir do estádio R5, caracterizado pelo início do enchimento dos grãos.

Descoloração de cor marrom-escura pode ser observada no tecido vascular da planta, incluindo raízes e colo. Em casos severos, pode apresentar sintomas de murcha intensa, semelhante à restrição hídrica.

sintomas da podridão parda da haste da soja

Sintomas na haste de plantas de soja causados por Cadophora gregata, causador da podridão parda da haste

(Fonte: Saran, 2017)

O escurecimento interno da haste e do sistema vascular são observados na planta. Eles podem estar associados a sintomas de clorose e necrose internerval, acarretando queda precoce das folhas e vagens.

O ciclo da cultura pode ser acelerado e o enchimento dos grãos prejudicado pela redução da área foliar.

necrose interna do sistema vascular da planta

Alterações características de plantas de soja, com necrose interna do sistema vascular causado por Cadophora gregata

(Fonte: Costamilan, L. M., 2014)

sintomas foliares da podridão parda

Sintomas foliares da podridão parda da haste de soja, com necrose internerval, sintoma de folhas “carijó”, causada por Cadophora gregata

(Fonte: Costamilan, L. M., 2014)

O fungo pode sobreviver por longos períodos no solo e em profundidades de até 30 centímetros.

Condições favoráveis para ocorrência da podridão parda da haste da soja

Temperaturas entre 15°C e 27°C,  associadas à alta umidade do solo após o florescimento, são ideais para o desenvolvimento do fungo.

Temperaturas superiores a 27 °C diminuem os danos pelo patógeno, reduzindo a descoloração do sistema vascular.  Em temperaturas maiores que 32 °C, o desenvolvimento do patógeno é prejudicado, podendo cessar.

A infecção ocorre aproximadamente 30 dias após a germinação, através do sistema radicular.

O inóculo inicial pode ser proveniente dos restos culturais de plantas hospedeiras (como Vigna angularis, do feijão) e plantas de soja, disseminado pelo vento, e encontrado em reboleiras e manchas ao acaso ao longo da lavoura.

Por isso é importante que você fique de olho nos sintomas durante o cultivo.

Manejo da podridão parda da haste da soja

Prevenção

O uso de cultivares resistentes pode diminuir significativamente o inóculo da doença nas áreas de produção ao longo dos anos.

Mas, atenção! É importante que os materiais resistentes sejam utilizados por mais de quatro anos, para que uma cultivar suscetível seja novamente implantada na área

A diminuição dos danos ao longo do tempo está associada ao menor inóculo do patógeno na área e a linhagens menos agressivas.

Sistemas de plantio também interferem na severidade da doença. Sistemas de plantio direto costumam favorecer a intensidade da doença, pela degradação lenta da palhada na superfície do solo.

É importante ressaltar que embora não desenvolva estruturas de sobrevivência no solo, o patógeno pode permanecer viável nos restos culturais por longos períodos, devido à capacidade de hibernar como micélio nos resíduos da cultura que permanecem no solo.

Em sistema de plantio convencional, estudos demonstram que a incorporação da palhada e revolvimento do solo diminuem o inóculo primário do patógeno nas áreas de produção.

Por isso, inspecione e monitore a sua área de produção para a ocorrência dessa e de outras doenças. Realize o planejamento do manejo que pode ser utilizado para diminuir o inóculo primário de doenças.

A rotação de culturas também é eficiente no controle, mas somente após o terceiro ano. Assim, você reduz as perdas e os custos de controle.

Controle

O tratamento de sementes com fungicidas pode evitar o desenvolvimento do fungo nas fases iniciais, conferindo proteção às sementes ainda no solo.

Porém, quando o inóculo primário já se encontra na lavoura, o tratamento de sementes não é eficiente. 

Por ser um patógeno de solo, o controle químico é bastante difícil, não havendo produtos registrados para o seu controle.

Limpeza das máquinas e implementos utilizados em diferentes áreas são medidas eficientes para evitar a disseminação do patógeno para áreas livres da doença.

Conclusão

A podridão parda da haste da soja é uma doença de grande impacto. O manejo adequado, como sistema de plantio e rotação de culturas, pode reduzir perdas. 

Embora a podridão parda da haste da soja seja considerada uma doença de final de ciclo, ela pode reduzir significativamente a produção e qualidade dos grãos colhidos.

É importante que você tente evitar ao máximo a disseminação de doenças para áreas em que elas não estão presentes. Assim você evita os custos aliados ao controle, bem como a resistência de patógenos a fungicidas.

>> Leia mais:

Tudo o que você precisa saber sobre Macrophomina em soja

“Como identificar e manejar a podridão radicular em soja”

Você já precisou lidar com a podridão parda da haste da soja? Conseguiu resolver o problema? Deixe um comentário com sua experiência!

Como identificar e manejar o crestamento bacteriano na soja

Crestamento bacteriano na soja: saiba quais são os sintomas da doença, como identificar e como o manejo preventivo pode evitar maiores problemas.

O crestamento bacteriano é uma das mais comuns doenças da soja, mas não tem grande importância econômica. 

Ela tem maior ocorrência em regiões úmidas e de clima temperado, apesar do patógeno estar presente em todas as áreas produtoras de soja no país.

No Brasil, ainda são escassas as informações quanto aos prejuízos causados por essa bacteriose nas lavouras de soja. Nos Estados Unidos já foram relatados danos que chegam a 40%.

Neste artigo, você poderá conferir os principais sintomas e a melhor forma de manejo dessa doença. Confira!

Sintomas do crestamento bacteriano na soja

O crestamento bacteriano na soja é uma doença causada pelo microrganismo Pseudomonas savastanoi.

Os sintomas podem aparecer em toda parte aérea da planta, como folhas, hastes, pecíolos e vagens. É comum que eles sejam observados primeiramente nas folhas jovens. 

Ao contrário de outras doenças foliares, como a ferrugem asiática, os sintomas são mais evidentes no terço médio e superior da planta

As lesões nas folhas começam com pequenas manchas de aspecto encharcado (anasarca), translúcidas e circundadas por um halo amarelo. A largura desse halo está relacionada à temperatura do ambiente.

Sob altas temperaturas, o halo amarelo que contorna as lesões pode ser estreito ou quase inexistente. Em condições mais amenas, é grande e evidente.

Folha de soja com sintomas de crestamento bacteriano causado pela bactéria Pseudomonas savastanoi pv. glycinea

Folha de soja com sintomas de crestamento bacteriano causado pela bactéria Pseudomonas savastanoi pv. glycinea
(Fonte: Daren Mueller, Iowa State University, Bugwood.org)

Com o avanço da doença, as lesões aumentam de tamanho e a área de tecido foliar morto acaba se desprendendo do ferimento. Assim, as folhas ficam com aparência rasgada.  

Folha de soja com severos sintomas de crestamento bacteriano

Folha de soja com severos sintomas de crestamento bacteriano
(Fonte: Daren Mueller, Iowa State University, Bugwood.org)

Plantas jovens, quando severamente atacadas por essa bacteriose, podem apresentar sintoma parecido ao de virose: o enrugamento das folhas.

O correto diagnóstico da doença é fundamental para estabelecer um plano de manejo eficiente.

Folhas de soja com sintomas de crestamento bacteriano: manchas necrosadas e enrugamento das folhas

Folhas de soja com sintomas de crestamento bacteriano: manchas necrosadas e enrugamento das folhas
(Fonte: Howard F. Schwartz, Colorado State University, Bugwood.org)

Como identificar a doença?

A avaliação da face inferior da folha permite realizar o diagnóstico, geralmente exato, da doença. Nas horas úmidas da manhã, você pode observar o exsudato da bactéria sob as manchas angulares e enegrecidas

Esse exsudato é um líquido produzido como reação ao ataque da bactéria. Ele se apresenta como uma película brilhante sob as lesões, o que indica a contaminação.

No entanto, somente a análise laboratorial do material vegetal garante o diagnóstico preciso.

Condições para o desenvolvimento do crestamento bacteriano na soja

A bactéria Pseudomonas savastanoi existe epifiticamente na superfície foliar. Isso quer dizer que ela consegue sobreviver nas plantas sem infectá-las. 

Nessa fase epifítica, as bactérias podem ser localizadas em pontos estratégicos da planta, de modo a garantir sua sobrevivência e multiplicação.

Em dias secos, o exsudato da bactéria é disseminado na lavoura por meio de finas escamas. No entanto, é necessária a presença de um filme de água na superfície vegetal para haver infecção da planta sadia.

O processo infeccioso começa com a entrada da bactéria no interior do tecido vegetal por aberturas naturais (estômatos) e ferimentos

Além disso, esse microrganismo é um patógeno hemibiotrófico, ou seja, coloniza plantas vivas, mas também sobrevive em tecido morto. Sendo assim, os restos culturais são fonte do inóculo de uma safra para outra. 

É importante destacar que a bactéria tem seu desenvolvimento favorecido sob temperaturas amenas, entre 20 °C  e 26 °C, e elevada umidade.

infográfico com ciclo do crestamento bacteriano na soja

Ciclo do crestamento bacteriano na soja
(Fonte: Traduzido de Crop Protection Network)

Manejo da doença

A bactéria pode ser transmitida por sementes e restos culturais contaminados. O fato desse patógeno sobreviver nos restos vegetais fora da época de cultivo aumenta as chances de infecção da próxima safra.

Além disso, as sementes infectadas podem não apresentar sintomas e acabam funcionando como veículo disseminador a longas distâncias da bactéria e também de outros microrganismos patogênicos. 

A qualidade genética, fisiológica e sanitária do material de propagação tem impacto direto na produtividade e nos custos de produção. Para evitar problemas em sua lavoura, aborde a questão sanitária das sementes com rigor.

Tratando-se de doenças, o melhor manejo é o preventivo. Para isso é importante que você adote mais de uma estratégia para reduzir as chances de desenvolvimento e disseminação da doença na área.

Abaixo, você pode conferir algumas medidas preventivas para o crestamento bacteriano na soja:

O controle químico dessa bacteriose é limitado devido à reduzida quantidade de produtos registrados para a doença. Atualmente, podem ser encontrados dois produtos para o crestamento bacteriano na soja: oxicloreto de cobre e óxido cuproso

Porém, é importante lembrar que quando a doença se encontra em estado avançado, o uso desses produtos terá pouco ou nenhum efeito.

Outro ponto relevante é o plantio contínuo de mesmos genótipos de soja resistentes à doença. Essa prática aumenta a pressão de seleção na área e favorece o crescimento populacional de bactérias com resistência natural. 

Ou seja, haverá a seleção de microrganismos adaptados às novas condições ambientais.

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Conclusão

Os principais sintomas do crestamento bacteriano na soja são visíveis nas folhas jovens: manchas de aparência encharcada e translúcida, circundadas por um halo amarelado. 

Você viu que o diagnóstico pode ser feito em campo pela avaliação da face inferior da folha. Porém, para a identificação exata da doença bacteriana, lembre-se de levar o material para ser analisado em laboratório.

Por fim, não se esqueça que o melhor manejo da doença é o preventivo. A adoção de diferentes técnicas de manejo diminui a probabilidade de desenvolvimento e estabelecimento da doença na área. 

Espero que essas informações possam ter te ajudado a identificar a doença a tempo de evitar prejuízos em sua plantação de soja.

>> Leia mais:

“Doenças de final de ciclo da soja: principais manejos para não perder a produção”

Você já teve problemas com crestamento bacteriano na soja? Conte pra gente sua experiência nos comentários!

Tudo sobre tombamento da soja e como fazer o melhor manejo

Tombamento da soja ou Damping off:  entenda quais são as causas, sintomas, importância e manejo dessa doença.

O tombamento da soja é uma doença que pode causar perda de produtividade, afetar a qualidade dos grãos, promover a morte das plantas e falhas na lavoura.

Para evitar esses problemas, é importante conhecê-la melhor e saber quais medidas de manejo são mais adequadas. Isso vai ajudar a reduzir as perdas na lavoura já em sua fase inicial. 

Confira tudo isso e mais a seguir!

O que é tombamento da soja e damping off? 

O tombamento da soja é uma doença causada principalmente por alguns fungos presentes no solo, que habitam os restos vegetais e se alimentam deles.

Damping off é um termo genérico para designar doenças que atingem as sementes (fase de germinação) e as plântulas (após a emergência). Nessa fase, sementes e brotos ainda estão desenvolvendo os tecidos vegetais e dependem das reservas da semente. 

Essas doenças são consideradas doenças da fase inicial do ciclo da soja.

Os efeitos do tombamento na soja geram redução e falha no estande da lavoura, podendo causar redução na produtividade de 30% a 60% em áreas e lavouras infestadas. 

Em ataques severos, pode ser necessário realizar a ressemeadura da área, elevando extremamente o custo da lavoura.

Agentes causadores

Vários patógenos de solo podem causar o tombamento da soja, como os fungos Rhizoctonia sp., Phytium sp.,   Rhizoctonia sp., Colletotrichum sp., Sclerotium rolfsii  e Fusarium sp. Esses são extremamente agressivos e causam a morte das plântulas rapidamente.

Alguns podem causar sintomas durante o ciclo da cultura da soja e não só na fase inicial, mas neste texto, vamos considerar somente os ataques na fase inicial do ciclo da cultura.

Os patógenos que causam damping off possuem grande adaptabilidade em relação ao solo e são considerados bastante agressivos

Eles produzem enzimas que causam a decomposição das plântulas/sementes, que servirão de nutrientes para esses patógenos.

Como a distribuição desses patógenos pode não ser homogênea na área, podem ser observados sintomas em reboleiras

Além disso, esses patógenos não apresentam especificidade em relação ao hospedeiro, ou seja, os fungos podem afetar mais de uma cultura.

Principais sintomas do tombamento da soja

Os patógenos podem afetar as sementes antes do estágio de plântula, causando apodrecimento mole nas sementes. Esse sintoma faz com que o broto não consiga sequer emergir. 

Outros sintomas que podem ser observados são o escurecimento dos tecidos e perda de turgidez, manchas marrons encharcadas na extremidade da raiz principal em pré-emergência, que escurecem e sofrem apodrecimento flácido. 

Como consequência, a planta morre ou as plântulas têm seu crescimento reduzido.

Quando as plântulas já estão em pós-emergência, um sintoma muito característico é o escurecimento do colo da plântula (estrangulamento parcial do colo da planta). 

Além disso, as folhas cotiledonares ficam amareladas e caem com o tempo. A plântula fica enfraquecida, tomba e morre. Também é possível observar o escurecimento das raízes.

Plântulas com sintomas típicos (lesões deprimidas marrom-avermelhadas no hipocótilotombamento de pós-emergência) com ataque de Rhizoctonia solani

Plântulas com sintomas típicos (lesões deprimidas marrom-avermelhadas no hipocótilotombamento de pós-emergência) com ataque de Rhizoctonia solani
(Fonte: Augusto César Pereira Goulart em Research gate)

O ataque de Rhizoctonia solani ocorre entre a pré-emergência e até 30 dias depois desse estágio. Temperatura e umidade elevadas são favoráveis ao patógeno. 

Inicialmente, ocorrem estrias nas raízes, que progridem para podridão seca. Também pode ocorrer o estrangulamento da haste ao nível do solo (como observado na foto acima). 

Vale lembrar que os sintomas de cada fungo podem ser diferentes.

Além da presença do patógeno e da cultura, é importante haver as condições adequadas para o desenvolvimento do patógeno, de acordo com o triângulo da doença (ambiente-patógeno-hospedeiro).

Normalmente, as condições favoráveis para a doença são temperatura e umidade elevadas. Altos volumes de chuva e alta temperatura podem causar essas condições.

Outro contribuinte para a ocorrência da doença é o solo mal drenado. Discutiremos esse assunto a seguir!

Medidas de manejo para o tombamento da soja 

Utilizar várias medidas de manejo em vez de uma é interessante, principalmente se for de modo integrado e consciente.

Variedades resistentes e controle químico são alternativas de manejo difíceis de serem utilizadas para esta doença.

Os patógenos que causam o tombamento não são específicos para a cultura, e é difícil acertar o produto químico e as variedades resistentes para esse grupo.

Assim, algumas medidas de manejo que podem ser utilizadas para o tombamento da soja são:

Um ponto importante que deve ser observado é o tempo que a semente leva para germinar. Quanto mais demora para ocorrer a germinação, maior o contato da semente com os patógenos no solo. 

Deve-se ter uma estratégia para  um processo de germinação mais rápido, podendo utilizar cultivares de soja com rápida germinação para reduzir o tempo de disponibilidade ao ataque dos patógenos.

Lembrando que para te auxiliar nas recomendações de manejo do tombamento da soja consulte um(a) agrônomo(a).

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Conclusão 

Muitas doenças afetam a cultura da soja e podem causar sérios prejuízos. Mas, uma doença que pode não ser identificada e passar despercebida pelo produtor é o tombamento da soja.

Neste texto, discutimos as características da doença e como ela pode afetar sua produtividade.

Também mostramos os principais sintomas e as medidas de manejo que tendem a ser mais eficientes.

Assim, após conhecer sobre o tombamento da soja, espero que você consiga evitar esse problema em sua lavoura!

>> Leia mais:

“Como o Manejo Integrado de Doenças pode reduzir custos e aplicações no seu cultivo”

Restou alguma dúvida sobre o tombamento da soja? Quais medidas de manejo você utiliza para evitar esta doença? Adoraria ver seu comentário.

O que é a mancha alvo do algodoeiro e como ela pode afetar a sua lavoura

Mancha alvo do algodoeiro: saiba quais são os sintomas, como ela afeta a lavoura e como manejar a doença no algodoeiro.

A mancha alvo é uma doença de grande impacto econômico para a agricultura e que tem preocupado muitos produtores de algodão nos últimos anos.

Seu controle não é tão simples, já que a disseminação do fungo na lavoura ocorre pela ação do vento e pelas gotas de água da chuva. Isso favorece a repetição de ciclos da doença na área.

Nesse artigo, vou te mostrar os principais sintomas da mancha alvo do algodoeiro e como fazer o manejo ideal da doença. Confira a seguir!

Importância da mancha alvo do algodoeiro

A mancha alvo é uma doença causada pelo fungo Corynespora cassiicola. Ela tem ampla ocorrência nas áreas agricultáveis e causa prejuízos em diversas culturas, principalmente na soja. Nos últimos anos, também tem ganhado notoriedade na cotonicultura.

O patógeno tem a capacidade de sobreviver em restos culturais e em hospedeiros alternativos, favorecendo repetidos ciclos da doença na área, o que dificulta seu controle. 

Os esporos do fungo podem ser disseminados na lavoura pelo vento e por gotículas de água da chuva.

Principais sintomas da doença

Os sintomas iniciais da mancha alvo no algodoeiro podem ser observados nas folhas do terço inferior da planta. 

É comum que a doença se manifeste após o fechamento da entrelinha. O elevado número de folhas do algodoeiro e os espaçamentos adensados favorecem o desenvolvimento do fungo Corynespora cassiicola, uma vez que as folhas do baixeiro estão sob condições de alta umidade e temperatura. 

Na fase inicial, é possível observar pequenas pontuações escuras com halo amarelo nas folhas. Com o agravamento da doença, essas lesões evoluem e assumem formatos maiores, podendo ser irregulares ou circulares.

As lesões circulares apresentam anéis concêntricos de tecido necrosado em seu interior, o que lembra o formato de um alvo. Por esse motivo, o nome da doença: mancha alvo.

foto de lesão sintomática típica da mancha alvo em folha do algodoeiro

Lesão sintomática típica da mancha alvo
(Fonte: University of Tennessee Institute of Agriculture)

foto de sintomas de mancha alvo nas folhas e brácteas do algodão

Sintomas de mancha alvo nas folhas e brácteas do algodão
(Fonte: University of Tennessee Institute of Agriculture)

Outro sintoma observado é a queda prematura das folhas. A desfolha e as lesões foliares diminuem a capacidade da planta de realizar a fotossíntese. Por consequência, há prejuízos no desenvolvimento das plantas e redução da produtividade. 

foto de desfolha do algodoeiro causada pela mancha alvo

Desfolha do algodoeiro causada pela mancha alvo
(Fonte: University of Tennessee Institute of Agriculture)

Considerando os danos causados pelo fungo, a queda da produtividade está relacionada à perda da área fotossintética da planta. 

Em outras palavras, o tecido necrosado das folhas não é mais capaz de impedir a radiação solar e realizar fotossíntese. Dessa forma, há queda na produção de fotoassimilados e, consequentemente, da produtividade. 

Doenças, nematoides, ataque de insetos e toxidez por fertilizantes ou pelo uso incorreto de produtos fitossanitários também provocam alterações nas folhas, como clorose ou queima

Assim, é importante ter uma diagnose correta da doença para fazer o manejo adequado, como vou explicar melhor a seguir. 

Como fazer o manejo da mancha alvo do algodoeiro

O manejo da mancha alvo no algodoeiro requer monitoramento constante para evitar que a doença evolua e cause prejuízos. 

Dessa forma, o método químico de controle é um dos utilizados no combate a essa doença.

Dentre as moléculas registradas para o controle da mancha alvo no algodão, podemos citar:

  • epoxiconazol + fluxapiroxade + piraclostrobina 
  • protioconazol + trifloxistrobina
  • bixafem + protioconazol + trifloxistrobina
  • fluxapiroxade + piraclostrobina 
  • azoxistrobina + mancozebe + tebuconazol
  • azoxistrobina + mancozebe 

No controle químico, é importante seguir as recomendações técnicas quanto à forma de uso do produto, época e tecnologia de aplicação, dose e volume de calda.

Outra sugestão é a rotação de produtos com diferentes mecanismos de ação para evitar a pressão de seleção na área. 

Além disso, algumas práticas podem ser adotadas junto ao uso de fungicidas para evitar que a doença se estabeleça, como:

  • manejo da altura das plantas de algodão com reguladores de crescimento;
  • controle de plantas daninhas (hospedeiras alternativas);
  • incorporação dos restos culturais;
  • evitar espaçamentos adensados;
  • seguir as recomendações quanto à população de plantas;
  • parcelamento da adubação nitrogenada;
  • rotação de culturas com espécies não hospedeiras;
  • evitar a sucessão de plantio algodão-soja, uma vez que são culturas suscetíveis à mancha alvo.

Ainda não há cultivares de algodão resistentes à mancha alvo. Dessa forma, o manejo deve ser voltado para práticas que desaceleram ou interrompam o desenvolvimento da doença. 

Vale lembrar que quanto antes a doença for detectada, mais eficiente será o controle e menores serão os danos. 

Como o NDVI pode ajudar a monitorar a doença na lavoura?

O NDVI (Normalized Difference Vegetation Index) vem sendo amplamente utilizado para monitorar diferentes aspectos das lavouras. Como a mancha alvo é uma doença que ataca a parte aérea do algodão, essa tecnologia permite observar o comportamento e a evolução da doença pelos mapas. 

É possível também avaliar o nível de desfolha, identificar o foco da doença na área, plantas mortas, quantificar danos e determinar o melhor momento da aplicação de fungicidas. 

A presença da mancha alvo no algodão diminui a cobertura foliar da planta, e consequentemente, altera o valor NDVI. Essa modificação irá resultar em mapas diferentes daqueles gerados para a mesma lavoura antes da presença da doença.

Assim, é possível traçar estratégias de manejo adequadas para o controle da doença, uma vez que irregularidades no campo podem ser detectadas ainda em fase inicial.

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Conclusão

A mancha alvo é uma doença fúngica causada pelo patógeno Corynespora cassiicola e que ataca culturas de interesse agronômico, como o algodão. Os principais sintomas são visíveis nas folhas: lesões e desfolha precoce.  

O manejo da mancha alvo no algodoeiro inclui ações combinadas de modo a preservar a sanidade da lavoura e evitar ou retardar a disseminação da doença na área. 

Tendo em vista os sintomas causados, os mapas NDVI também podem ser uma importante ferramenta no gerenciamento das lavouras. Eles reúnem informações que possibilitam observar padrões na área, avaliar a condição dos plantios e se antever aos problemas. 

Espero que com essas informações você possa fazer um manejo eficiente da doença em sua lavoura!

>> Leia mais:

“6 principais doenças do algodão e como controlá-las na lavoura”

Você já teve problemas com mancha alvo do algodoeiro? Conte pra gente sua experiência nos comentários! 

Como combater o estresse térmico nas plantas?

Estresse térmico nas plantas: saiba como ele pode afetar a produtividade da sua lavoura e o que fazer para contornar esse problema!

Todos nós já passamos por situações estressantes em algum momento da vida, não é mesmo? E as plantas também podem passar por estresses. É claro que o estresse nas plantas não é o mesmo que o nosso, mas a ideia e os efeitos são parecidos.

Quando estamos estressados, muitas vezes não conseguimos pensar ou agir direito, o que afeta diretamente nosso rendimento nas atividades diárias.

O mesmo acontece com as plantas! Quando submetidas a estresses, principalmente por longos períodos, as plantas perdem rendimento. Isso reflete diretamente na produtividade.

Um dos principais estresses pelos quais as plantas passam é o estresse térmico, e você pode aprender um pouco mais sobre ele no texto a seguir!

O que é o estresse térmico?

Estresses são fatores externos que exercem influências desvantajosas sobre as plantas.

O estresse térmico nada mais é que o efeito negativo das condições térmicas, ou seja, da temperatura do ar sobre as plantas.

É natural pensarmos logo nas altas temperaturas e como elas podem causar estresse nas plantas – e isso realmente acontece! 

Também as baixas temperaturas podem ser uma forma de estresse térmico, embora isso seja menos comum para os climas tropicais e subtropicais do Brasil.

Sejam temperaturas altas ou baixas, a duração do estresse também é importante.

Quando o período de estresse é muito prolongado, as lavouras sentirão seus efeitos e isso vai refletir na colheita e na produtividade.

Vamos ver agora como o estresse térmico atua nas plantas?

Como o estresse térmico afeta a lavoura?

Os efeitos do estresse térmico nas plantas podem variar de acordo com o estágio de desenvolvimento em que elas se encontram.

Confira na tabela que preparei para vocês:

Possíveis danos causados pelo estresse térmico nas plantas nos estágios de desenvolvimento

Possíveis danos causados pelo estresse térmico nas plantas nos estágios de desenvolvimento
(Fonte: Tabela elaborada pelo autor, baseada em Ali et al., 2020)

Como podemos ver, independente do estágio em que as plantas se encontram, o estresse térmico traz grandes prejuízos.

Além dos efeitos citados, plantas sob condições de estresse tornam-se mais suscetíveis a doenças, reduzindo ainda mais a produtividade da lavoura.

A influência dos estresses na incidência de doenças

Quando pensamos em doenças de plantas, a primeira coisa em que devemos pensar é no famoso triângulo da doença.

Com base nele, sabemos que a doença é um resultado da interação de 3 fatores: o ambiente, o hospedeiro e o patógeno.

Assim, podemos concluir que mudanças ambientais vão influenciar na relação de nossas plantas com as doenças. E, nesse caso, não só o estresse térmico nas plantas irá afetar a incidência de doenças, mas também outros tipos de estresse, como o hídrico.

ilustração com o triângulo da doença, influências dos estresses na incidência de doenças sendo ambiente, hospedeiro e patógeno.

O triângulo da doença

Estresse hídrico

O estresse hídrico pode ocorrer de duas formas: pelo excesso ou pela falta de água para as plantas.

No caso da falta de água, as plantas crescem menos e tornam-se subdesenvolvidas.

Consequentemente, apresentam menores taxas fotossintéticas, de síntese proteica, de atividade metabólica e enzimáticas.

foto de área com irrigação e área de sequeiro com plantas submetidas a estresse hídrico

Área com irrigação e área de sequeiro com plantas submetidas a estresse hídrico
(Fonte: Café Point)

Muitas dessas enzimas e proteínas têm função primordial no processo de defesa das plantas contra os patógenos. Dessa forma, plantas submetidas a estresses tornam-se mais suscetíveis a doenças.

o excesso de água no solo também torna as plantas mais vulneráveis à ação de patógenos. 

Quando em situação de excedente hídrico, os tecidos radiculares se tornam mais suculentos, o que facilita a penetração dos patógenos.

Se o encharcamento for muito prolongado, as plantas começam a ficar sem oxigênio nas raízes, e isso afeta diretamente a respiração aeróbica (dependente de oxigênio), causando:

  • redução do metabolismo celular;
  • perda da integridade da membrana celular;
  • acúmulo de gases como dióxido de carbono e etileno.

Tudo isso deixa as plantas cada vez mais atrativas aos agentes patogênicos!

Claro que cada patógeno é favorecido por um cenário. Há patógenos que se desenvolvem melhor no excedente do que na escassez (e vice-versa).

Estresse térmico

O estresse térmico nas plantas, assim como o hídrico, favorece a incidência das doenças quando as temperaturas são muito elevadas ou muito baixas.

De modo geral, as plantas que crescem sob condições de estresse térmico têm um desenvolvimento debilitado

Além disso, o estresse térmico nas plantas afeta diretamente a expressão gênica, o que  pode favorecer e/ou inibir genes que atuam diretamente na resistência aos patógenos.

Os estresses térmicos podem influenciar também no ciclo de vida dos patógenos, os acelerando! 

Isso significa que as infestações podem se tornar mais severas do que o normal, e o controle, mais difícil.

Como amenizar os efeitos do estresse térmico nas plantas?

O controle dos causadores do estresse térmico nas plantas é impossível, pois não podemos controlar o clima, não é mesmo?

Existem algumas estratégias que podemos adotar na lavoura para reduzir os efeitos ou a ocorrência do estresse térmico nas plantas.

Se nossa região de plantio apresentar histórico de elevadas temperaturas que podem causar estresse térmico, devemos “de cara” buscar por cultivares de maior tolerância.

Programas de melhoramento genético de diversas culturas de grãos já selecionaram e desenvolveram cultivares mais resistentes.

Nos últimos anos, estudos vêm mostrando efeitos positivos da aplicação de substâncias chamadas osmólitos, como o ácido abscísico, jasmonatos e ainda o ácido ascórbico, para a redução do estresse em plantas.

Claro que essas substâncias não são milagrosas, e podem não surtir efeito em condições extremas de estresse.

O manejo do solo, com aplicação de compostos orgânicos e corretivos de solo (orgânicos e inorgânicos), e outras técnicas agrícolas (culturas de cobertura, mulching e a rotação) podem também promover a redução do estresse térmico nas lavouras.

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Conclusão

Como vimos no decorrer do texto, os estresses das plantas podem causar danos irreversíveis e, como consequência, reduzir a produtividade.

O estresse térmico é um dos mais comuns e com grande potencial de interferir no sucesso das lavouras do Brasil afora. Além dos prejuízos que ele traz, pode servir como facilitador para a incidência de doenças nas lavouras.

Por isso, é importante conhecer como ele pode afetar a lavoura para que possamos combatê-lo da melhor forma possível.

>> Leia mais:

“Como minimizar os impactos e prejuízos da geada no milho”

“Agricultura irrigada ideal e produtiva”

“Entenda os principais fenômenos meteorológicos na agricultura e planeje melhor sua produção”

E você, tem observado perdas por estresse térmico em sua região? Conte pra gente nos comentários como você contorna a situação.