O que são fungicidas multissítios e por que você deve passar a utilizá-los

Fungicidas multissítios na cultura da soja: como eles podem ser importantes aliados no controle e manejo de resistência de doenças. 

O Brasil é o maior produtor de soja no mundo. Mas você sabia que a produtividade poderia ser 42% superior com manejos adequados da lavoura?

O controle de doenças é um dos pontos que mais interferem nos resultados da sua safra. Por isso, conhecer as estratégias mais eficientes e fazer a utilização racional de produtos para evitar casos de resistência é fundamental!

Já utilizados com sucesso em diversas culturas, os fungicidas multissítios vêm sendo uma ferramenta importante no manejo de doenças fúngicas, especialmente em soja. 

A seguir, conheça melhor esses fungicidas e saiba por que eles podem fazer uma grande diferença nos resultados da sua próxima safra!

O que são fungicidas multissítios?

Os fungicidas podem ser classificados de acordo com o seu espectro de ação em sítio-específicos ou multissítios.  

Os fungicidas de sítio-específico atuam sobre um único ponto da via metabólica de um patógeno fúngico ou ainda sobre uma única proteína ou enzima necessária para a sua sobrevivência. 

São mais propensos a apresentarem resistência. São absorvidos pelas plantas, e geralmente possuem atuação sistêmica, ou seja, são transportados para outras partes da planta. 

Em contrapartida, os fungicidas multissítios atuam sobre diferentes pontos do metabolismo dos fungos e, devido às suas características, apresentam baixo risco de resistência, geralmente com ação de contato.

Necessitam permanecer sobre a superfície das folhas como camada de proteção contra a germinação dos esporos fúngicos. Logo, normalmente são aplicados de forma preventiva.

Essa característica dos fungicidas multissítios faz com que eles estejam suscetíveis à remoção pela água da chuva, especialmente logo após a aplicação e até mesmo pela degradação causada pela luz solar. Assim, pode conferir menor proteção ao longo do tempo e, por isso, são empregados em associação. 

Quais são os benefícios do uso desses fungicidas?

Os fungicidas multissítios apresentam capacidade de controlar vários patógenos, como demonstrado na tabela que você confere mais à frente no texto.

Por ter uma atuação de modo não específico, dificulta a pressão de seleção de patógenos resistentes. Se um local de atuação for burlado pelo patógeno, de modo que ele possa sobreviver, outros ainda estarão atuando no seu controle.

Podem ser utilizados em misturas com fungicidas de sítio específico a fim de retardar ou evitar o surgimento de resistência,  garantindo níveis de controle satisfatórios e prolongando sua vida útil.

Recomendações para aplicação de fungicidas na cultura da soja

Fungicidas multissítios

Considerando os relatos de menor sensibilidade dos principais grupos de fungicidas (triazois, estrobilurinas e carboxamidas) no manejo da ferrugem asiática da soja no Brasil, alternativas que diminuam a severidade dessa doença devem ser utilizadas. 

Resultados de pesquisa indicaram maior controle da severidade da ferrugem com a associação de picoxistrobina+ciproconazol e oxicloreto de cobre, com severidades próximas a 20%, enquanto o tratamento testemunha, sem aplicação, apresentou 73%.

A utilização de picoxistrobina+ciproconazol e clorotalonil reduziu em aproximadamente 60% a severidade da ferrugem em experimentos de campo.

Clorotalonil e mancozebe também apresentaram reduções na severidade da ferrugem em experimentos na safra 2019/20, de valores entre 40% e 50% em comparação ao tratamento controle, demonstrando potencial de utilização.

O Frac (Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas do Brasil) indica que as recomendações de fungicidas sejam baseadas em produtos registrados para o controle da ferrugem asiática. 

Você pode consultar a lista de produtos registrados no Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários (Agrofit).

Produtos de sítio-específico

Alguns fungicidas de sítio específico, quando aplicados de forma conjunta, conferem maior proteção e podem se tornar uma opção interessante. 

Estrobilurinas devem ser aplicadas combinadas com triazóis, triazolinthione e ou/carboxamidas. 

Triazóis e triazolinthione não devem ser utilizados de forma isolada por apresentarem níveis de resistência.

Carboxamidas devem ser utilizadas sempre em combinações com estrobilurinas.

O controle deve ser iniciado preventivamente, evitando assim a exposição dos produtos a altas populações dos patógenos.

Novas tecnologias, combinando a aplicação de carboxamidas (sítio específico) e multissítio como oxicloreto de cobre foram disponibilizadas recentemente para o manejo da ferrugem asiática.

A lista completa dos grupos de fungicidas e seus respectivos modos de ação, pode ser consultada na Frac.

Lembre-se que todos esses produtos devem ser utilizados conforme recomendação do fabricante quanto a doses, épocas e intervalos de aplicação. 

Combinações de fungicidas de diferentes sítios de ação (sítio específico e multissítio) no controle de diferentes patógenos causadores de doenças na cultura da soja

Combinações de fungicidas de diferentes sítios de ação (sítio específico e multissítio) no controle de diferentes patógenos causadores de doenças na cultura da soja
(Fonte: adaptado de Agrofit)

Resistência de fungos aos fungicidas: por que ocorre e como evitar?

A resistência ocorre principalmente devido à grande variabilidade de microrganismos existentes, aliada à sua capacidade de multiplicação rápida.

Dessa forma, ao aplicarmos um fungicida de sítio específico de ação, repetidas vezes e sem utilizar táticas de manejo integrado de doenças (MID), estamos realizando uma pressão de seleção.

Alguns microrganismos desenvolvem estratégias de sobrevivência à aplicação dos ingredientes ativos, que são passadas de geração para geração.

A Frac recomenda algumas estratégias para evitar a resistência dos fungos aos fungicidas, incluindo:

  • rotação de ingredientes ativos, com emprego de mecanismos de ação diferentes;
  • utilização de fungicidas na época, dose e intervalos de aplicação recomendados pelo fabricante;
  • emprego de diferentes métodos de controle de doenças, fazendo adoção do MID – Manejo Integrado de Doenças, o que inclui controle cultural, genético e biológico (quando for possível, respeitando a compatibilidade de produtos);
  • consulta a um profissional engenheiro-agrônomo para recomendações dos ingredientes ativos mais apropriados para aplicação na sua realidade.

A avaliação da necessidade de aplicação e momento (preventivo para algumas doenças) também torna-se importante para reduzir o número de tratamentos durante a safra. 

Para evitar a resistência, planeje a utilização de produtos em misturas e com diferentes mecanismos de ação.

Programa de aplicação de fungicidas, estratégia e risco de resistência. A - fungicida com alto risco de resistência; B - fungicida com baixo risco de resistência.

Programa de aplicação de fungicidas, estratégia e risco de resistência. A – fungicida com alto risco de resistência; B – fungicida com baixo risco de resistência.
(Fonte: adaptado de Zambolim, 2008)

9 possíveis causas de “insucesso” no uso de fungicidas

As falhas no controle químico de doenças geralmente são atribuídas aos fungicidas… mas você já pensou que outros fatores podem estar relacionados?

Veja os principais a seguir:

  1. diagnose do agente causal incorreta;
  2. escolha do local de plantio inadequada, com o estabelecimento da cultura em locais extremamente úmidos;
  3. clima favorável a doenças (como o caso de regiões de produção de sementes no Mato Grosso do Sul, onde a cultura da soja é cultivada sob irrigação de pivô central e o vazio sanitário muitas vezes não é adotado, favorecendo a ocorrência de inóculo inicial de ferrugem). 
  4. desconhecimento de fatores de predisposição a doenças como nutrição, clima, umidade do solo, compactação, etc.
  5. utilização de uma única medida de controle, como no caso do controle químico, usando um único ingrediente ativo durante todo o cultivo;
  6. época de aplicação inadequada (fora do estádio fenológico em que é indicada) e local de penetração dos patógenos na planta (verso das folhas, flores, frutos em formação, caules, etc);
  7. aplicação de fungicidas sistêmicos quando os patógenos já estão estabelecidos na cultura em níveis populacionais severos, como no caso da ferrugem asiática da soja; 
  8. uso de doses abaixo ou acima do recomendado, bem como utilização de um único fungicida (princípio ativo);
  9. adjuvantes inadequados e pH da calda, além da tecnologia de aplicação, tipos de bico e regulagem de equipamentos.
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Conclusão

Neste artigo vimos as diferenças entre os espectros de ação sítio-específicos e multissítios, bem como a forma que protege os cultivos. E pudemos entender como eles se tornam aliados quando utilizados em conjunto.

Vimos também as principais causas de resistência dos fungos aos fungicidas e as formas de manejo recomendadas para evitar com que elas ocorram.

Vale lembrar que um bom monitoramento da lavoura, com diagnóstico correto e precoce das doenças, bem como planejamento da utilização de produtos são fatores que determinam o sucesso no controle de doenças.

>> Leia mais:

“Lavoura saudável: como combater as doenças da soja (+ nematoides)”

“Biofungicidas: quando vale a pena usá-los para o controle de doenças na lavoura?”

Restou alguma dúvida sobre como atuam os fungicidas multissítios e por que são importantes no controle de doenças da cultura da soja? Deixe seu comentário!

Tudo o que você precisa saber sobre a mancha de mirotécio no café

Mancha de mirotécio no café: sintomas, condições favoráveis da doença, medidas preventivas e de controle

Pragas e doenças são sempre uma dor de cabeça para o produtor rural. Na cultura do café, a ferrugem e a broca do cafeeiro são conhecidas pelo impacto que podem causar na produção das plantas.

Agora, uma nova doença preocupa os produtores de mudas de café: a mancha de mirotécio. Você já ouviu falar sobre ela?

Para que você entenda a doença e tenha mais condições de fazer um manejo adequado, preparamos este artigo. Confira tudo a seguir!

O que é a mancha de mirotécio no café?

A mancha de mirotécio é uma doença identificada recentemente no Brasil, na cultura do café. Foi constatada pela primeira vez em 2003, no viveiro experimental no Rio de Janeiro, em mudas de café arábica com idades entre 2 e 5 meses.

Em 2013, também houve a ocorrência da doença em mudas de café conilon em um viveiro no Espírito Santo.

A doença foi registrada ainda em países como Índia, Indonésia, Colômbia e Costa Rica.

O patógeno que causa a mancha de mirotécio é o fungo Myrotecium roridum. Ele pode causar a desfolha das mudas de café, levando-as à morte, principalmente quando plantadas em solo contaminado com o fungo e em condições favoráveis a seu desenvolvimento.

Mas como observar essa doença nas plantas de café? Vou explicar melhor a seguir.

Sintomas da mancha de mirotécio no cafeeiro

Inicialmente, as lesões são arredondadas e irregulares, de coloração verde-claro e aspecto oleoso, podendo apresentar um halo amarelo.

Depois, as lesões progridem e há formação de anéis concêntricos de diferentes tonalidades em ambas as superfícies da folha, com cerca de 3 cm de diâmetro. A doença pode ser observada em mudinhas até os 5 meses.

Também podem ser observados esporodóquios (estrutura do fungo) superficiais salientes e com micélio de coloração branca, cobertos de massa negra de esporo.

Lesões foliares iniciais (A); lesões foliares necróticas extensas, apresentando anéis concêntricos (B); sinais típicos do patógeno em lesão necrótica, os quais constituem esporodóquios com bordas de micélio branco e, ao centro, com massa negra de esporos (barra 200 µm) (C); e conídios maduros de M. roridum produzidos em fiálides (D)
Lesões foliares iniciais (A); lesões foliares necróticas extensas, apresentando anéis concêntricos (B); sinais típicos do patógeno em lesão necrótica, os quais constituem esporodóquios com bordas de micélio branco e, ao centro, com massa negra de esporos (barra 200 µm) (C); e conídios maduros de M. roridum produzidos em fiálides (D)
(Fonte: Da Silveira, Mussi-dias, Ponte e Dias em Reserach gate)

A mancha de mirotécio pode causar o abortamento das folhas das mudas de café e atraso em seu desenvolvimento. Tal condição acaba prejudicando o uso das mudas para o plantio, além de reduzir a área foliar para fotossíntese pelas manchas necróticas. Em situações extremas, pode haver até a morte da muda.

Essa doença também pode ocorrer no algodoeiro, onde também são observados sintomas em plantas jovens e perdas na lavoura. 

O fungo já foi identificado em outras plantas como abóbora, pepino, melancia, melão, berinjela, soja e várias outras.

O fungo Myrotecium roridum é saprofítico, sobrevivendo no solo e em restos culturais. Além disso, possui ampla gama de hospedeiros e há relatos de que pode sobreviver em sementes em alguns casos.

Um ponto muito importante dessa doença é que os sintomas foliares podem ser confundidos com a mancha de Phoma.

Para diferenciar as duas doenças, tenha em mente que as lesões da mancha de mirotécio apresentam formato regular nas bordas das folhas e rápida expansão e tamanho.. 

Já a mancha de Phoma (causada pelos fungos do gênero Phoma) causa lesões de coloração escura na margem das folhas, com formato irregular, podendo apresentar anéis concêntricos.

Condições favoráveis para a mancha de mirotécio no café

Há relatos de que a doença se manifeste em viveiro de mudas com alta umidade e irrigações frequentes. 

Temperaturas de 18℃ a 30℃ são favoráveis à doença, ou seja, condições de alta umidade e temperatura são favoráveis ao patógeno. Além disso, ferimentos podem predispor as mudas ao ataque do fungo.

Assim, a mancha de mirotécio precisa de longos períodos de molhamento foliar, associada a altas temperaturas, para se manifestar nas plantas.

A doença pode ocorrer em reboleiras e o fungo pode ser disperso por água, vento e pela irrigação nos viveiros.

Medidas preventivas para evitar a mancha de mirotécio

É sempre muito importante evitar a entrada de doenças na cultura e, no caso da mancha de mirotécio, deve-se evitar também a entrada nos viveiros de mudas de café, realizando o manejo preventivo.

Algumas medidas preventivas que podem ser adotadas são:

  • substratos livres de alta quantidade de matéria orgânica e livres do patógeno;
  • controlar a irrigação das mudas;
  • evitar o excesso de umidade;
  • eliminar mudas e folhas mortas do viveiro;
  • manter mudas com boa nutrição e livres de estresse;
  • evitar hospedeiros do fungo Myrotecium roridum próximos do viveiro.
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Como controlar a mancha de mirotécio no café

Quando falamos em controle de doenças, é sempre importante pensar em todas as medidas que são disponíveis para o manejo. Não vise apenas um tipo de controle, utilize um manejo integrado.

Para a mancha de mirotécio no café, não existem cultivares resistentes e ainda não há fungicidas específicos registrados. 

Em alguns estudos, fungicidas como triazóis e estrobilurinas têm apresentado bons resultados de controle.

Por isso, utilize as medidas preventivas que comentamos no tópico anterior e procure auxílio de um(a) agrônomo(a) para as recomendações de manejo.

Conclusão

A mancha de mirotécio é uma doença recente no país, mas já preocupa os produtores de mudas de café.

Como discutimos neste texto, o fungo que causa a doença apresenta muitas plantas como hospedeiras. Por isso, é importante conhecer a doença e adotar as medidas preventivas e de controle para reduzir os prejuízos.

Agora que você conhece um pouco mais sobre o problema, não espere perder as mudas de café por mirotécio.

>> Leia mais:

“O que você precisa saber para definir o melhor espaçamento para plantio de café”

Você já teve problemas com a mancha de mirotécio no café? Quais medidas de manejo você costuma adotar na fazenda? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Como evitar e controlar a mancha de Phoma no cafeeiro

Mancha de Phoma no cafeeiro: entenda as condições para ocorrência e os principais cuidados para prevenção e controle.

Inúmeras doenças podem ocorrer em diferentes estágios da lavoura de café. Não é fácil!

Além da conhecida ferrugem, temos algumas doenças que podem causar danos na flora do cafeeiro, dentre elas, a mancha de Phoma. 

A mancha de Phoma é uma das principais doenças que atacam a florada do café, mas seu monitoramento e controle deve começar ainda antes desse período.

Separei alguns pontos importantes para entender essa doença e o que fazer para prevenir e controlá-la. Confira a seguir!

Doenças da florada do café

Antes de falar da mancha de Phoma no cafeeiro propriamente dita, é importante relembrar que existem diversas doenças que podem acometer o cafeeiro durante seu ciclo produtivo, como mostra a figura abaixo.

Se repararmos bem nessa figura, podemos observar que as principais doenças que acometem o cafeeiro durante o período da florada são a mancha de Phoma e a mancha aureolada. 

Embora o assunto desse artigo seja a mancha de Phoma, é importante destacar que essas duas doenças geralmente ocorrem ao mesmo tempo no cafeeiro. 

A mancha de Phoma no cafeeiro

O primeiro registro da mancha de Phoma no Brasil se deu nos anos 70. Desde então, ela foi disseminada pelas principais regiões produtoras do país. A doença é causada pelos fungos do gênero Phoma spp., daí vem seu nome. 

Esses fungos penetram nas folhas, frutos e brotações do café, infeccionando-os. E isso pode ser facilitado por lesões mecânicas pré-existentes, como as que a colheita mecanizada pode ocasionar. 

Condições ambientais favoráveis

A mancha de Phoma é disseminada por respingos de chuva/irrigação e é favorecida por temperaturas amenas e alta umidade. Portanto, regiões mais altas e amenas apresentam mais problemas.

Isso não significa dizer que a doença não pode ocorrer em situações de baixa altitude, já que, se as condições favoráveis ocorrerem, a doença pode se manifestar. Mas que condições são essas?

  • Temperaturas próximas a 18℃;
  • Alta umidade;
  • Ventos frios.

Períodos prolongados com essas condições, associados ao ataque de pragas e danos de geada podem favorecer a ocorrência da Phoma, mesmo em locais mais baixos ou até em viveiros.

Sintomas da mancha de Phoma

São vários órgãos atacados e sintomas distintos provocados pela Phoma, já que ela pode atacar folhas, ramos e frutos. 

Nas folhas mais novas, observa-se geralmente manchas escuras e circulares, que se expandem e tomam a folhas, encurvando-a. 

Sintomas de mancha de Phoma em folhas
Sintomas de mancha de Phoma em folhas
(Fonte: Vicente Luiz de Carvalho/Epamig)

A mancha de Phoma também pode causar danos aos botões florais, morte ascendente dos ramos produtivos (die-back) e a mumificação dos chumbinhos no pós-florada. 

Seca dos ponteiros por mancha de Phoma
Seca dos ponteiros por mancha de Phoma
(Fonte: Agrolink)
Mumificação dos chumbinhos
Mumificação dos chumbinhos
(Fonte: Vicente Luiz de Carvalho/Epamig)

Portanto, a mancha de Phoma pode impactar diretamente na produção do cafeeiro, matando o crescimento vegetativo e também as flores e os frutinhos já formados.

Formas de controle da mancha de Phoma no cafeeiro

Geralmente, é utilizado o controle químico preventivo, mas existe a possibilidade de se realizar o controle cultural da Phoma. 

Cabe destacar também que  uma nutrição correta e bem dimensionada, além do controle de pragas, são práticas fundamentais para a resiliência de qualquer lavoura. 

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Controle cultural

Como vimos anteriormente no artigo, ventos frios podem favorecer a ocorrência de Phoma. Por isso, o uso de quebra-ventos pode ser uma maneira de prevenir que isso ocorra.

Além disso, em áreas com condições favoráveis, espaçamentos mais adensados vão contribuir para o agravamento do problema. Melhor será utilizar espaçamentos maiores.

Controle químico

Em áreas onde as condições são favoráveis para o desenvolvimento da mancha de Phoma, o controle químico deve ser feito de forma preventiva, iniciando no outono-inverno, visando a pré-florada.

O controle deve seguir até a fase de chumbinho, já que o cafeeiro apresenta várias floradas. Isso garante uma boa proteção no pós-florada. 

Qual produto utilizar?

No caso da Phoma, o ingrediente ativo mais utilizado é a Boscalida, do grupo das carboxamidas, na dose recomendada em bula. Mas existem outros ingredientes ativos disponíveis:

  • triazóis: difenoconazol, epoxiconazol, flutriafol, triadimenol, ciproconazol, propiconazol, fluquinconazol, etc.
  • dicarboxamidas: iprodione.

Essa variedade, permite o uso de diferentes produtos e isso é importante, pois pode ser que existam focos de ferrugem (Hemileia vastatrix) e mancha aureolada na lavoura

Assim, se faz necessário utilizar outros fungicidas, como misturas de estrobilurinas, triazóis e/ou carboxamidas para a ferrugem; e adição de cúpricos para a mancha aureolada.

Como aplicar?

Geralmente, 4 a 5 aplicações são realizadas. Mas a frequência de aplicações depende de monitoramento, do residual do fungicida e das condições de cada lavoura.

Aplicações com as flores presentes podem atrapalhar atingir o alvo adequadamente. Por essa razão, as aplicações pré e pós-florada (quando as pétalas já caíram) são capazes de atingir e proteger os botões florais e os chumbinhos mais facilmente.

É preciso evitar a aplicação com as flores presentes, pois as pétalas impedem que o fungicida atinja o alvo adequadamente.

Conclusão

Como pudemos acompanhar ao longo do texto, a mancha de Phoma é causada por um grupo de fungos que leva esse mesmo nome e está presente nas principais regiões produtoras de café do Brasil.

Esses fungos são favorecidos por temperaturas amenas e umidade relativa alta, portanto, ocorrem em maior frequência em plantios adensados e plantios em altitudes mais elevadas. 

Os sintomas se apresentam em folhas novas, ramos, flores e frutos e podem afetar a produtividade da lavoura de café.  

Como controle, temos que começar já no planejamento do plantio de café, incluindo quebra ventos e evitando lavouras mais adensadas nas regiões com condições predominantemente favoráveis. 

Além disso, o controle químico deve iniciar antes mesmo da florada, no outono-inverno e continuar até a fase de chumbinho, já no pós-florada. 

>> Leia mais:

“Colheita do café: evite perdas e mantenha a qualidade com estas 7 dicas”

“Tudo o que você precisa saber sobre a mancha de mirotécio no café”

Restou alguma dúvida sobre a mancha de Phoma no cafeeiro? Conte pra gente nos comentários abaixo. Grande abraço!

Como identificar e fazer o manejo adequado da podridão vermelha da raiz da soja

Podridão vermelha da raiz da soja: importância, sintomas, patógenos e medidas de controle da doença

Das mais de 40 doenças de soja já identificadas no Brasil, uma delas tem merecido atenção especial do produtor nos últimos anos: a podridão vermelha da raiz.

Além de poder causar perdas severas de produtividade, essa doença é causada por um fungo de solo, o que dificulta muito seu controle.

Mas como identificar os sintomas desse problema precocemente e garantir um manejo mais eficiente?

Confira essas e outras recomendações a seguir!

Importância da podridão vermelha da raiz em soja

A podridão vermelha da raiz, também chamada de síndrome da morte súbita da soja, tem sido encontrada em todas as regiões produtivas da cultura no Brasil. No entanto, é predominante em solos úmidos e temperaturas amenas

foto que mostra podridão vermelha da raiz da soja em folhas

(Fonte: Austeclinio Lopes de Faria Neto em Embrapa)

Foi observada pela primeira vez no Brasil na safra 1981/82, em Minas Gerais. Portanto, é considerada uma doença relativamente nova.

Pode ser causada por três espécies de Fusarium (que foram relatadas no Brasil): F. brasiliense; F. tucumaniae; e F. crassistipitatum, que são diferenciadas por estruturas reprodutivas, crescimento das colônias e técnicas moleculares.

A podridão vermelha da raiz pode interferir no processo de formação de vagens e grãos da soja, por afetar o sistema radicular das plantas. Isso compromete a absorção de água e nutrientes, interferindo na taxa fotossintética. 

Nos casos mais severos, há relatos de que pode causar entre 40% e 60% de perdas na lavoura. 

Para que você conheça mais sobre essa doença, veja quais sintomas ela causa nas plantas de soja.

Sintomas da podridão vermelha da raiz

Como o próprio nome diz, o patógeno infecta a raiz da planta, tendo como sintoma inicial uma mancha avermelhada, que é visível na raiz principal, poucos centímetros abaixo do nível do solo.

Com o passar do tempo, essa mancha se expande e circunda toda a raiz, adquirindo coloração mais escura. O córtex da raiz pode sofrer necrose e a medula fica com coloração castanho clara, característica que se estende até alguns centímetros acima do solo.

Em condições de alta umidade, pode ser observado um anel vermelho na base da haste da planta.

Além disso, o fungo que causa a podridão vermelha da raiz pode produzir toxinas que se translocam até as folhas e provocam necrose internerval, tendo como sintoma a folha carijó. 

Assim, as folhas apresentam manchas cloróticas e necróticas internevais, sendo que a região das nervuras permanece com coloração verde normal.

Esses sintomas são mais evidentes próximo à floração, ou seja, os sintomas foliares se desenvolvem ao longo ou após a floração, podendo causar desfolha nas plantas, abortamento das vagens e até morte das plantas.

fotos com podridão vermelha da raiz (foto 1); sintomas foliares iniciais (foto 2) e sintoma carijó (fotos 3 e 4)

Podridão vermelha da raiz (1); sintomas foliares iniciais (2); sintoma carijó (3 e 4)
(Fonte: Pablo de Melo Oliveira)

As raízes secundárias podem apresentar rápida degradação pela doença, somente ficando a raiz principal.

Em condições de solo úmido, o córtex da raiz principal pode se destacar com facilidade, expondo seu lenho de cor clara.

Como diferenciar os sintomas de outras doenças

Na planta com sintomas de podridão vermelha da raiz, você pode observar que seu sistema radicular é menos vigoroso que o de uma planta sadia.

Para você não confundir essa doença com outras que também podem apresentar o sintoma carijó, atente-se a essas dicas:

  • podridão da haste: apresenta descoloração da parte interna da haste, o que não acontece na podridão vermelha da raiz.
  • cancro da haste: apresenta cancro na haste, o que não é observado na podridão vermelha da raiz.

Agora que já conhece sobre os sintomas, vamos falar sobre as condições favoráveis ao desenvolvimento da doença.

Patógeno e condições favoráveis da podridão vermelha da raiz de soja

As espécies de Fusarium que causam a podridão vermelha da raiz são consideradas fungos de solo.

Os conídios (esporos) de Fusarium são disseminados pela água e sobrevivem pouco tempo no solo.

Já os clamidósporos, que são estruturas de resistência do fungo, podem sobreviver no solo e em restos culturais, sendo o inóculo primário da doença.

A podridão vermelha da raiz pode ser mais severa quando há presença do nematoide do cisto da soja (Heterodera glycines), uma vez que pode ocorrer uma associação do fungo com o nematoide.

A alta umidade do solo e temperaturas amenas são favoráveis para o desenvolvimento da doença. Temperaturas em torno de 15℃ favorecem o desenvolvimento dos sintomas na raiz das plantas. Já temperaturas em torno de 22℃ a 24℃ favorecem os sintomas na parte aérea.

Além disso, solo compactado e acúmulo de água favorecem o desenvolvimento da doença, que pode ocorrer a doença em forma de reboleira ou de forma generalizada na lavoura. 

Mas como podemos manejar a doença na cultura da soja?

Manejo da podridão vermelha da raiz 

Quando falamos de manejo das doenças de plantas, discutimos sobre a realização do manejo integrado das doenças. Isso não deve ser diferente para a podridão vermelha da raiz de soja, principalmente porque ela é causada por patógeno de solo, que é de difícil controle.

Cultivares de soja precoces tendem a sofrer menos com a doença, por isso são mais recomendadas.

Como não há cultivares com resistência total a doença, você pode utilizar cultivares que apresentam certa resistência. Além disso, não é recomendado semear muito cedo a soja, pois as condições climáticas podem propiciar o desenvolvimento do patógeno.

Não há um controle químico adequado para a podridão vermelha da raiz, já que é uma doença de solo e o seu controle se torna bastante complicado. O que se tem realizado é o tratamento de sementes, que pode reduzir a incidência da doença.

Outra medida de manejo é a rotação ou sucessão de culturas, a exemplo de sorgo e trigo.

Evite também a semeadura da soja em solos mal drenados e compactados.

Além disso, evite o plantio em áreas com histórico da doença, melhore a drenagem de solos que apresentam encharcamento e previna a compactação do solo.

E, como uma dica final, para te auxiliar a recomendar as medidas de manejo da podridão vermelha da raiz procure um (a) engenheiro (a) agrônomo (a).

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Conclusão

Doenças podem causar muitas perdas na soja. Uma das que tem preocupado os sojicultores é a podridão vermelha da raiz, que já há relatos de causar grandes prejuízos nas lavouras.

Nesse artigo, além de discutirmos a importância da doença na cultura da soja, você também viu como identificar os sintomas que a doença causa.

Também pôde entender mais sobre o patógeno, condições favoráveis a seu desenvolvimento e as medidas de manejo mais indicadas.

>> Leia mais:

Tudo o que você precisa saber sobre Macrophomina em soja

“Como identificar e manejar a podridão radicular em soja”

Você tem problema com a podridão vermelha da raiz da soja? Aproveite e assine nossa newsletter para receber sempre novos artigos sobre soja! 

Como prevenir e manejar o enfezamento do milho

Enfezamento do milho: principais sintomas, medidas de prevenção à doença e as formas de controle mais indicadas

O enfezamento do milho vem ganhando cada vez mais importância devido aos plantios consecutivos da cultura.

A doença pode reduzir muito a produção de grãos, colocando todo o resultado da safra a perder.

Por isso, é importante conhecer as medidas de prevenção e controle da doença, que envolvem também o manejo correto da cigarrinha-do-milho, principal transmissora dos enfezamentos. Confira!

Importância do enfezamento do milho

Há alguns anos, o enfezamento não era considerado uma doença de grande importância para as lavouras de milho.

Mas, com a expansão da área cultivada e plantios contínuos, que proporcionam ter a cultura durante boa parte do ano, essa doença começou a ter alta incidência e perdas consideráveis na lavoura.

Há relatos de que o enfezamento do milho pode causar perdas e reduzir a produção de grãos em até 70%. Algumas publicações falam até em perda total da produção. 

O enfezamento é causado por patógenos da classe dos molicutes e tem como vetor a cigarrinha-do-milho Dalbulus maidis.

Em 2020, houve vários relatos das altas populações de cigarrinha nas lavouras, o que favorece sua disseminação em plantios tardios (até de uma safra para outra) e a ocorrência da doença.

Existem dois tipos de enfezamento na cultura do milho:

  • enfezamento vermelho, causado por fitoplasma (Maize bushy stunt phytoplasma – MBSP) – Candidatus Phytoplasma asteris;
  • enfezamento amarelo, causado por espiroplasma Spiroplasma kunkelii.

Vou explicar melhor os sintomas e características de cada um deles a seguir!

Enfezamento vermelho do milho

Como sintoma do enfezamento vermelho, pode ser observada a clorose marginal nas folhas do cartucho, que depois segue para avermelhamento das folhas inferiores e diminuição das mesmas.

duas fotos com sintomas enfezamento vermelho nas folhas do milho – A- estrias cloróticas, B – Estrias avermelhadas

Sintomas enfezamento vermelho – A- estrias cloróticas, B – Estrias avermelhadas
(Fonte: Janine Palma em Mais Soja)

Nas plantas infectadas também pode ser observado maior número de espigas, que produzem pouco ou nem produzem grão

Também podem ser observadas redução do porte da planta e redução do tamanho dos entrenódios.

Enfezamento pálido do milho

O enfezamento pálido, também chamado de enfezamento amarelo tem sintomas iniciais de clorose mais acentuada na base foliar (estrias cloróticas claras da base para o ápice das folhas). Este é o sintoma que o difere do enfezamento vermelho.

Os sintomas dos enfezamentos podem ser confundidos, mas também podem ocorrer simultaneamente, pois a planta pode desenvolver o enfezamento vermelho e pálido ao mesmo tempo.

foto de enfezamento pálido do milho

(Fonte: Rodrigo Véras da Costa em Embrapa)

Sintomas dos enfezamentos vermelho e pálido:

Os principais sintomas de ambos os enfezamentos são:

  • redução do porte das plantas;
  • avermelhamento ou estrias cloróticas claras nas folhas;
  • maior espigamento, mas as espigas têm pouco ou nenhum grão;
  • grãos chochos;
  • encurtamento de entrenódios;
  • falhas na granação dos grãos;
  • redução da produtividade.

Enfezamento e o problema da cigarrinha-do-milho

Como já mencionei acima, a cigarrinha-do-milho é o vetor dos enfezamentos. Além disso, sua presença também pode causar danos nas plantas de milho pela sucção de seiva (dano direto – inseto sugador). Mas é como vetor que ela apresenta sua maior importância (dano indireto).

Além dos enfezamentos vermelho e pálido que a cigarrinha transmite, ela também pode ser vetor do vírus da risca do milho (Maize rayado fino virus – MRFV).

Na fase adulta, a cigarrinha apresenta coloração amarelo-palha, de tamanho pequeno com cerca de 4 mm. 

Como característica para a diferenciar de outras cigarrinhas da cultura do milho, ela apresenta duas manchas circulares negras bem marcadas no alto da cabeça.

O ciclo da cigarrinha, de ovo a adulto, é influenciado pela temperatura, mas dura em média 25 dias, como você pode conferir no esquema abaixo:

ciclo da cigarrinha do milho em infográfico

(Fonte: Grupo Cultivar)

Mas como ocorre a transmissão do enfezamento pela cigarrinha-do-milho? 

Explicando de forma breve, quando a cigarrinha se alimenta de plantas doentes com enfezamento, pela sucção da seiva, adquire o espiroplasma, fitoplasma ou os dois.

Depois disso, em três semanas, os molicutes se multiplicam, circulam no corpo da cigarrinha e atingem sua glândula salivar, permitindo a transmissão do enfezamento para plantas sadias quando as cigarrinhas vão se alimentar. Assim, recomeça o ciclo da doença.

A infecção normalmente ocorre em plantas jovens, mas os sintomas aparecem quando já estão adultas.

Um ponto importante é que as cigarrinhas podem migrar para longas distâncias, inclusive de uma lavoura para outra de milho, transmitindo o enfezamento,

O hospedeiro da cigarrinha é o milho, por isso, o cultivo durante vários períodos do ano e as plantas tigueras favorecem a presença do vetor e da doença na cultura.

Agora que conhecemos mais sobre os sintomas e o vetor do enfezamento do milho, vamos discutir como prevenir e manejar a doença!

Como prevenir o enfezamento do milho na sua lavoura

No planejamento da lavoura de milho, é muito importante pensar em como prevenir as doenças da cultura. Algumas medidas preventivas do enfezamento do milho são:

  • evitar o plantio próximo de áreas com milho mais velhas, que podem favorecer a presença da cigarrinha e da doença;
  • evitar plantios consecutivos de milho na mesma área;
  • sincronizar a época de semeadura do milho (em regiões com histórico de enfezamento);
  • evitar plantios tardios, para que o desenvolvimento vegetativo das plantas não coincida com o período de maior infestação da cigarrinha;
  • eliminar a presença de plantas voluntárias (tigueras) na área, pois elas servem como hospedeiras e favorecem a sobrevivência do vetor e da doença;
  • utilizar rotação de culturas, para não ter áreas com cultura de milho após milho.

Como controlar o enfezamento do milho

O manejo do enfezamento do milho tem que englobar medidas preventivas e de controle. Entre as medidas de controle estão:

  • uso de cultivares tolerantes ou resistentes ao enfezamento do milho;
  • monitoramento do vetor na plantação;
  • controle químico para o vetor, lembrando que esse manejo pode não ser eficiente para a cigarrinha do milho. Isso ocorre devido à rapidez da transmissão da doença para as plantas de milho, pois o vetor pode infectar plantas antes do controle da cigarrinha e pela entrada contínua na plantação;
  • controle biológico do vetor;
  • tratamento de sementes com inseticida;

Ou seja, recomenda-se realizar o manejo integrado, utilizando várias medidas de controle e de prevenção da doença na lavoura de milho.

Para te ajudar no monitoramento e controle da cigarrinha-do-milho, separei uma planilha gratuita. Para baixar, clique na imagem a seguir!

planilha controle da cigarrinha do milho

Caso vá utilizar inseticidas para controle, verifique quais são registrados no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) para a doença e para a cultura (Agrofit). Para te auxiliar no manejo, procure um(a) agrônomo(a).

Conclusão

Muitas doenças podem afetar a cultura do milho. Mas, nos últimos anos o enfezamento vem ganhando importância, principalmente devido a plantios consecutivos da cultura.

Neste artigo, abordamos os dois tipos de enfezamento do milho: pálido e vermelho.

Você conferiu quais são os sintomas que permitem identificar a doença na lavoura e o que fazer como medida de prevenção.

Também aprendeu sobre a transmissão do enfezamento através de seu principal vetor, a cigarrinha-do-milho, e as medidas de controle do inseto e da doença.

Com essas informações, espero que você faça o manejo adequado e reduza as perdas na sua lavoura com enfezamento do milho.

>> Leia mais: “Tudo o que você precisa saber para o manejo da mancha-branca do milho”

Você tem problema com enfezamento do milho? Quais medidas preventivas são utilizadas? Vamos continuar essa conversa nos comentários!

O que você precisa saber para fazer aplicação de fungicidas na soja no momento ideal

Aplicação de fungicidas na soja: aplicação zero, posicionamento adequado dos produtos preventivos, curativos e muito mais!

As mesmas condições climáticas que favorecem o crescimento e desenvolvimento da cultura da soja acabam favorecendo também o desenvolvimento de algumas doenças.

A ferrugem-asiática, por exemplo, pode ser responsável por quedas de até 90% na produtividade e possui um custo médio de manejo de US$ 2,8 bilhões por ano no Brasil. 

Por isso, é preciso ter sempre atenção a novas tendências de manejo que facilitem o controle de doenças, evitem novos casos de resistência e preservem o potencial produtivo das cultivares.  

Pensando nisso, separamos as principais informações sobre aplicação de fungicidas na soja, com as novas tendências de manejo para te ajudar a alcançar altas produtividades. Confira!

Principais doenças da soja

Antes de pensar em como controlar doenças em soja, é importante saber quais as principais doenças que prejudicam essa cultura em nosso país:

infográfico de períodos de ocorrência das doenças da soja - aplicação de fungicidas na soja

(Fonte: Paulo Saran)

Conhecendo as principais doenças da soja, é muito importante que você saiba quais sintomas elas provocam e quais condições climáticas são mais favoráveis ao seu desenvolvimento. 

Aqui no blog da Aegro, já falamos sobre isso em um artigo completo. Confira: Lavoura saudável: como combater as doenças da soja (+ nematoides)

Além disso, é muito importante que você conheça o histórico de doenças da sua área e região onde ela está presente para que possa realizar um bom planejamento do manejo. 

Como prevenir a incidência de doenças em sua lavoura 

Apesar de o uso de fungicidas ser a técnica mais utilizada em nosso país, o manejo de doenças deve acontecer muito antes de se pensar em usar fungicidas. 

Por isso, fazer o básico bem feito pode ser a chave para alcançar maior eficiência no manejo de doenças. 

Para diminuir a severidade de doenças em plantas é importante garantir uma menor incidência de inóculo inicial e menor suscetibilidade da planta ao patógeno. 

O que só é possível através de um bom manejo integrado de doenças. Dentre as principais estratégias de manejo integrado na soja temos:

  • uso de rotação de culturas
  • utilização de sementes certificadas;
  • uso de cultivares de ciclo precoce; 
  • semeadura precoce; 
  • realização de um bom manejo nutricional
  • respeitar o vazio sanitário
  • controle de plantas hospedeiras, principalmente no período de vazio sanitário.
  • monitoramento constante de doenças; 
  • rotação de mecanismo de ação de fungicidas; 
  • aplicação no momento e dose estabelecidos pela bula; 
  • uso de boa tecnologia de aplicação

Qual o momento ideal para aplicação de fungicidas na soja?

O planejamento do manejo de doenças na soja não é muito simples, pois envolve vários fatores específicos relacionados à lavoura. Dentre os principais fatores podemos citar: 

  • condições climáticas; 
  • época de plantio;
  • suscetibilidade e ciclo da cultivar escolhida; 
  • histórico de doenças da sua área e região. 

Após o levantamento desses fatores, fica mais fácil determinar o momento ideal de aplicação, os produtos e doses a serem utilizados. 

Na prática, podemos entender que, em situações de ciclo mais longo ou com maior atraso na semeadura, a pressão de doenças na área será maior. Isso exigirá um manejo antecipado de doenças.

Nos últimos anos, há uma tendência muito forte de se antecipar o início das aplicações de fungicidas na soja, que geralmente ocorria próximo à fase de V7/8 (sempre antes do fechamento da linha).  

Entretanto, adiantar a primeira aplicação aumentando o intervalo de aplicações para mais de 15 dias, não se mostrou uma técnica muito efetiva. 

Por isso, muitos produtores têm optado pela realização da chamada aplicação zero. Ou seja, é uma aplicação adicional no estádio de V3-V4 (próximo a 30 dias após a emergência – DAE) para diminuir a incidência de inóculo inicial e prevenir que o fungo infecte a soja.

Aplicação Zero

Essa aplicação tem foco nas seguintes doenças: manchas foliares, antracnose e oídio. 

Como é uma aplicação complementar, não se tem utilizado produtos líderes de mercado nesta operação, pois ela visa auxiliar as demais aplicações sem aumentar custos. Por isso, geralmente é realizada com o glifosato (em soja RR).

Nessa aplicação, é muito comum o uso de produtos que associam os princípios ativos triazóis, benzimidazóis, estrobilurinas e multissítios.

Caso opte por associar fungicidas ao glifosato, sempre tome cuidado com a compatibilidade dos produtos, principalmente quanto ao pH da calda. 

Após a aplicação zero, o período entre esta aplicação e a primeira do manejo convencional de sua lavoura costuma ser mais curto, próximo a 9 dias, garantindo que a primeira aplicação seja antes do fechamento de linha e no momento ideal (estádio V7 – próximo a 40 dias após a emergência – DAE). 

Programa e aplicação convencional de fungicidas em soja

O manejo convencional que vem sendo utilizado na soja em geral se resume a 4 aplicações espaçadas de fungicidas com um intervalo de 15 dias. 

  • 1ª – antes do fechamento de linhas (V7; + ou – 40 DAE);
  • 2ª – no florescimento (V7 + 15 dias; + ou – 55 DAE);
  • 3ª – formação da vagem (V7 + 30 dias; + ou – 70 DAE); e 
  • 4ª – enchimento de grãos (V7 + 45 dias; + ou – 85 DAE).  

 As duas primeiras aplicações são consideradas as mais importantes do programa convencional de manejo (antes do fechamento e florescimento). 

Assim, os produtores costumam lançar mão dos melhores produtos disponíveis no mercado para assegurar melhor eficiência. 

Posicionamento de produtos nas aplicações

Quanto à escolha dos produtos, doses utilizadas e números de aplicação, dependerá muito da realidade da sua lavoura. É preciso considerar alguns fatores já mencionados, que ajudarão a prever a pressão de doenças na cultura. 

Entretanto, um posicionamento que tem trazido bons resultados é uso intercalado de produtos curativos e preventivos de acordo nas primeiras aplicações. 

Assim, temos a seguinte alternativa como uma ótima opção:

Aplicação zero: produto curativo;

1ª aplicação: uso de produtos curativo e preventivo (preventivo+curativo);

2ª aplicação: uso de produtos preventivos (preventivo+preventivo). 

Já para as últimas aplicações, os produtos escolhidos vão depender das condições  climáticas serem mais favoráveis para algumas doenças. 

Veja os seguinte exemplos:

Predominância de ferrugem: Mancozeb e/ou Morfolina

Manchas ou manchas + ferrugem: Clorotalonil e/ou Triazol

Devido ao surgimento de casos de resistência a fungicidas para ferrugem asiática, antes de selecionar um produto para seu controle, é importante conferir sua eficiência na atualidade. 

Uma maneira mais fácil de realizar esse processo é conferir o relatório sobre eficiência dos produtos no controle da ferrugem asiática emitido pela Embrapa

Outro cuidado que deve ser tomado na escolha do produto para a última aplicação é o período residual do fungicida para não ocorrer maior incidência de folhas e hastes verdes por ocasião da colheita.  

É importante que você esteja sempre atento às tendências de manejo de doenças na soja, contudo, lembre-se sempre que a recomendação de fungicidas na soja deve ser realizada com auxílio de um engenheiro-agrônomo capacitado.  

Ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) na cultura da soja

Ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) na cultura da soja
(Fonte: Grupo Cultivar)

Conclusão

Neste artigo vimos a importância do manejo de doenças na soja e conhecemos as principais doenças que ocorrem no Brasil. 

Vimos as principais práticas para evitar a incidência de doenças na sua lavoura e novos casos de resistência. 

Além disso, vimos o momento ideal de aplicação de fungicidas na soja e o conceito de aplicação zero. 

>> Leia mais:

“Biofungicidas: quando vale a pena usá-los para o controle de doenças na lavoura?”

Você tem dificuldade no controle de doenças na soja? Quais critérios você utiliza para aplicar fungicidas na soja? Adoraria ver seu comentário abaixo!

8 doenças do trigo e como fazer o manejo ideal

Doenças do trigo: conheça os principais sintomas para identificá-las na lavoura e as medidas de manejo mais eficientes

O trigo é uma importante cultura de inverno no Brasil. Mas, para garantir uma boa produtividade, suprindo as necessidades do grão, é preciso ficar atento às doenças que podem ocorrer, colocando toda produção em risco.

Identificar os sintomas inicialmente e saber quais manejos são mais eficientes para controlá-las é fundamental.

Por isso, preparamos este artigo com as principais doenças do trigo e como manejá-las corretamente. Confira a seguir!

1- Giberela

A giberela no trigo é causada pelo fungo Fusarium graminearum, sendo importante no período de floração da cultura. Ocorre em regiões quentes de cultivo da cultura.

A doença infecta a flor da planta de trigo, que pode ficar totalmente destruída e nem chegar a formar o grão.  

Se a infecção do fungo for lenta, pode ocorrer o desenvolvimento do grão com coloração rósea (por conta do desenvolvimento do fungo – formação de macroconídeos), enrugados e chochos.

trigo infectado por giberela

(Fonte: Paulo Kurtz em Embrapa)

Um sintoma de fácil reconhecimento da doença são as aristas arrepiadas em espiguetas esbranquiçadas ou mortas, sinal bastante característico da giberela.

Sementes e restos culturais (que podem ser de plantas de trigo ou outras hospedeiras como milho, centeio, triticale e cevada) são fontes de inóculo da doença.

Além de atacar as espigas, o fungo pode contaminar os grãos com a presença de micotoxinas.

A doença tem como condições favoráveis a seu desenvolvimento temperaturas em torno de 30°C e molhamento foliar.

Medidas de manejo da giberela

  • Semeadura antecipada, para que o florescimento das plantas não seja no período de condições favoráveis do trigo;
  • Controle químico já no início da floração.

Aqui no blog da Aegro nós já falamos tudo sobre o manejo desta doença. Confira Como identificar e controlar a giberela no trigo”.

2- Estria bacteriana

Doença causada pela bactéria Xanthomonas campestris pv. ondulosa, pode reduzir o rendimento em até 40% na cultura do trigo.

A bactéria da estria bacteriana sobrevive em restos culturais e sementes, sendo as sementes a principal forma de disseminação da doença.

Como sintomas são observadas lesões aquosas e longas nas folhas que, com o progresso da doença, podem se tornar pardas.   

Quando em longos períodos de chuva, as lesões podem coalescer e se distribuir por grande parte das folhas.

Medidas de manejo para a estria bacteriana

3- Podridão comum das raízes

A podridão comum das raízes pode ser causada por Bipolaris sorokiniana e Fusarium graminearum. Pode ser encontrada em todas as regiões de produção de trigo no país.

Como o nome já indica, essa doença afeta as raízes, que ficam com os tecidos de coloração parda, podendo causar a morte precoce das plantas. A semente é considerada a principal fonte de inóculo.

Medidas de manejo da podridão comum das raízes

4- Ferrugem da folha do trigo

Causada pelo fungo Puccinia triticina, a ferrugem da folha do trigo é considerada a doença mais comum da cultura.

A ferrugem na folha pode se desenvolver desde a formação das primeiras folhas até a maturação da planta.

No campo, você pode observar como sintomas pústulas de coloração alaranjada nas folhas, principalmente na parte superior, que reduz a área de fotossíntese e pode causar a queda precoce das folhas.

ferrugem da folha do trigo

(Fonte: Embrapa trigo)

Medidas de manejo da ferrugem da folha do trigo

  • Uso de cultivares resistentes;
  • Uso de fungicidas quando utilizar cultivares com suscetibilidade ao fungo.

5- Mancha amarela

A doença é causada por Drechslera tritici-repentis e considerada a mancha foliar mais importante do trigo, podendo causar 50% de perdas.

Essa é uma das principais doenças do trigo na região sul do Brasil, favorecida pelo plantio direto, que garante alimento para o fungo entre os cultivos.

Inicialmente, os sintomas são pequenas manchas cloróticas nas folhas que, com o progresso da doença, se expandem e ficam com a região central necrosada, circundadas por um halo amarelo.

mancha amarela em uma folha - doenças do trigo

(Fonte: Flávio Santana em Embrapa)

Temperaturas amenas e molhamento foliar são condições favoráveis para o desenvolvimento da doença.

Medidas de manejo da mancha amarela

6 – Hemiltosporiose

A hemiltosporiose ou também chamada de mancha marrom é causada pelo fungo Bipolaris sorokiniana. A doença pode provocar danos de até 80%.

Nas folhas podem ser observadas lesões elípticas de coloração cinza em regiões quentes. Nas regiões mais frias, a doença causa lesões retangulares e escuras nas folhas.

Mas, a doença pode infectar além das folhas outros órgãos da planta, como as glumas, que ficam com lesões elípticas de centro claro e bordô escuro.

Medidas de manejo da Hemiltosporiose

  • Rotação de cultura;
  • Uso de sementes sadias;
  • Uso de fungicidas para aplicação na parte aérea da planta como triazóis e estrubilurinas.

Além das doenças do trigo causadas por fungos e bactérias, há algumas causadas por vírus (viroses no trigo), que vamos discutir nos próximos tópicos.

7- Mosaico comum do trigo

O mosaico do trigo é causado pelo vírus Soil-borne wheat mosaic virus (SBWMV), que tem maior problema em regiões mais frias do país, que é uma condição ótima para o desenvolvimento da doença.

Esse vírus é transmitido protozoário Polymyza graminis, que é habitante do solo.

O vírus que causa o mosaico comum do trigo também infecta culturas como centeio, cevada e triticale.

Como sintoma, é possível observar estrias amarelas que são paralelas às nervuras no limbo foliar, sendo mais problemática nos estádios iniciais da cultura.

foto de mosaico comum do trigo com estrias amarelas nas folhas

(Fonte: Douglas Lau em Embrapa)

Medidas de manejo para o mosaico comum do trigo

A medida mais efetiva para esta doença é o uso de cultivares resistentes.

8- Nanismo amarelo da cevada

Essa doença é causada pelo vírus Barley yellow dwarf virus (BYDV), que é transmitido por afídeos (pulgões) de forma persistente circulativo.

Como o próprio nome diz, o vírus infecta cevada, mas também outras culturas como arroz, trigo, aveia, centeio, milho e sorgo.

A planta de trigo com a doença fica com tamanho reduzido (nanismo) e com amarelecimento. Folhas bandeiras ficam eretas e de coloração amarela brilhante.

Além disso, os grãos provenientes de plantas infectadas ficam enrugados e chochos.

Medidas de manejo para o nanismo amarelo da cevada

Para todas as doenças do trigo, quando for utilizar controle químico, verifique quais estão registrados no Agrofit e para te ajudar com a recomendação nas medidas de manejo procure um(a) agrônomo (a).

e-book culturas de inverno Aegro

Conclusão

O trigo é uma importante cultura de inverno no Brasil e é preciso cuidado com as doenças na lavoura para evitar as perdas.

Nesse artigo, discutimos 8 das principais doenças da cultura do trigo causadas por fungos, bactérias e vírus.

Você conferiu os principais sintomas, como identificá-las na lavoura e as principais medidas de manejo para não colocar a produção em risco!

>> Leia mais:

Veja as soluções para os principais problemas na colheita do trigo

O que você precisa saber para fazer a melhor aplicação de 2,4 D em trigo

“3 fatores que determinam a qualidade do trigo e o preço de venda dos seus grãos”

Quais doenças do trigo já afetaram a sua lavoura? Como realizou o manejo? Compartilhe suas experiências nos comentários!

6 principais doenças do algodão e como controlá-las na lavoura

Doenças do algodão: conheça os sintomas e as recomendações de manejo mais adequadas para cada uma delas 

O algodão é uma importante cultura no Brasil, com produção estimada para a safra 20/21 de 2,8 milhões de toneladas de algodão em pluma, segundo a Conab.

E, para manter essa produção, é necessário ficar atento às doenças que podem acontecer ao longo do desenvolvimento da cultura e realizar o melhor manejo.

Neste artigo, você verá 6 das principais doenças do algodoeiro, seus sintomas e como controlar para reduzir as perdas nas lavouras! Confira.

Mancha de ramulária

A mancha de ramulária é considerada a principal doença do algodoeiro, sendo causada pelo fungo Ramularia areola.

Mas nem sempre essa doença teve tanta relevância na cultura do algodoeiro. Antes, ela era considerada uma doença secundária e ocorria apenas no final de ciclo e não causava grandes perdas.

Já hoje em dia, com aumento da área cultivada com algodão principalmente nas regiões do Centro-Oeste (cerrado brasileiro), houve um ambiente favorável ao desenvolvimento do patógeno, além da utilização de mais variedades suscetíveis. Com uso de cultivares suscetíveis, a doença pode causar redução da produtividade de até 75%.

Os sintomas iniciais da doença ocorrem nas folhas mais velhas, na fase de reprodução da planta. Inicialmente, são pequenas lesões anguladas que são delimitadas pelas nervuras.

Posteriormente, você pode observar manchas angulosas de coloração branca, tendo aspecto pulverulento. Esse sintoma se inicia na fase inferior da folha e pode progredir para a superior quando as condições do ambiente forem de alta umidade.

fotos com doença da mancha da ramulária

(Fonte: Infectário departamento fitopatologia UFV)

Com o progresso da doença, você pode observar que as manchas podem se tornar necróticas. Além disso, em alta severidade, pode ocorrer a desfolha da planta, o que compromete o desenvolvimento das maçãs e a produtividade.

Essa doença inicia-se pelo baixeiro. Por isso, quando for monitorar a sua lavoura, lembre-se que é importante o monitoramento dessa região da planta.

O fungo da ramulária sobrevive em restos de cultura e em plantas voluntárias de algodão.

Medidas de manejo da ramulária

  • Uso de variedades com resistência moderada;
  • Controle químico (fungicidas).

Lembrando que para o manejo da ramulária e de outras doenças do algodoeiro, consulte um(a) agrônomo(a).

Mancha angular

A mancha angular do algodoeiro é causada pela bactéria Xanthomonas citri sp. malvacearum, que tem distribuição generalizada em todas as regiões produtoras e alto potencial destrutivo.

Você pode observar como sintoma inicial as lesões de coloração verde e aspecto oleoso. Com o progresso da doença, as lesões se tornam de coloração parda e necrosada.

As nervuras principais das folhas podem apresentar manchas angulares e, nas maçãs, lesões arredondadas.

mancha angular - doenças do algodão

(Fonte: Agrolink)

Um ponto importante relacionado à bactéria que causa a mancha angular é que ela apresenta certa resistência ao calor e radiação solar. Isso pode viabilizar a sobrevivência das bactérias em sementes e partes da planta.

A disseminação da doença na lavoura ocorre por chuvas associadas com vento, o que também favorece a infecção.

Manejo da mancha angular

  • Controle genético (variedades resistentes) – o mais recomendado;
  • Rotação de culturas;
  • Deslintamento de sementes com ácido sulfúrico (reduz inóculo inicial);
  • Controle químico.

Murcha de fusarium 

A murcha de fusarium é uma doença causada pelo fungo Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum e que necessitou da busca por variedades resistentes (manejo viável para a cultura).

Os sintomas iniciais são folhas com perda da turgescência, coloração amarelas e posterior queda. Em variedades suscetíveis, pode ocorrer a morte prematura dessas plantas.

Plantas afetadas pela doença se tornam menores, o que reduz o tamanho do capulho e afeta a produtividade da lavoura.

O causador da murcha é um fungo que vive no solo, por isso, a infecção começa pelas raízes do algodoeiro. Assim, as áreas podem ficar contaminadas por muitos anos, pois sobrevivem em esporos de resistência. 

O fungo se dissemina por sementes e partículas de terra.

São condições favoráveis para a doença: alta umidade, temperaturas moderadas de 25°C, solo com baixa fertilidade e a presença de nematoide Meloidogyne incognita, que predispõe fisiologicamente o algodoeiro ao ataque do fungo.

Medidas de manejo da murcha de fusarium

  • Variedades resistentes (medida mais eficiente);
  • Utilização de sementes sadias;
  • Limpeza de equipamentos;
  • Rotação de culturas com espécies não hospedeiras como mucuna, crotalária e amendoim.

Damping-off (mela ou tombamento)

Damping-off, mela ou tombamento é uma doença que pode ser causada por vários patógenos. Os mais comuns são Rhizoctonia solani e Colletotrichum gossypii, com ocorrência generalizada nas áreas produtoras de algodão.

Como o próprio nome diz, essa doença ataca as plântulas do algodoeiro, o que causa o tombamento pré e pós-emergência das plantas causando a morte, com falhas no estande de plantas.

Damping-off (mela ou tombamento)

(Fonte: Augusto César Pereira Goulart em Embrapa)

A doença é influenciada por alta umidade e temperatura de 18ºC a 30°C, sendo as sementes a principal fonte de inóculo.

Medidas de manejo para Damping-off

Ramulose

A ramulose é uma doença causada pelo fungo Colletotrichum gossypii, que pode infectar plantas de algodão de qualquer idade. Os danos podem chegar até 80%, dependendo das condições da área cultivada.

Os primeiros sintomas são observados primeiramente nas folhas mais novas, como manchas necróticas.

O tecido necrosado “cai” e forma perfurações nas folhas, denominadas de mancha estrelada. Também podem ser observadas lesões enrugadas nas folhas.

foto de ramulose - doenças do algodão

(Fonte: Alderi Emídio de Araújo em Embrapa)

Além disso, o fungo ainda pode afetar o meristema apical, o que provoca sua necrose e pode estimular o desenvolvimento de brotação lateral.

A principal forma de disseminação são as sementes e o fungo pode sobreviver no solo de uma safra para outra.

São condições favoráveis para o desenvolvimento da doença a alta umidade e o solo com baixa fertilidade. 

Medidas de manejo da ramulose

  • Variedades resistentes;
  • Rotação de cultura;
  • Controle químico.

Mofo-branco

O mofo-branco causado por Sclerotinia sclerotiorum está aumentando nos plantios de algodão, principalmente em áreas irrigadas após o plantio de soja e feijão.

O fungo pode atacar as folhas, hastes e maças. Inicialmente, ocorre a formação de lesões com aspecto encharcado na parte aérea das plantas. 

Com o progresso, há o sintoma bastante característico: crescimento do fungo com aspecto cotonoso (coloração branca). 

maçã de algodão atacada por mofo-branco

(Fonte: Amipa)

Os tecidos atacados pelo fungo acabam apodrecendo e o ataque prevalece na região baixeira da planta.

Após um período, ocorre a formação de escleródios (estrutura de resistência do fungo).

Condições que favorecem o desenvolvimento do fungo são temperatura amena e alta umidade. Além disso, plantios adensados podem favorecer essas condições.

Medidas de manejo para o mofo-branco no algodoeiro

  • Sementes sadias;
  • Uso de variedades com porte mais ereto o que desfavorece a formação de um microclima favorável ao fungo;
  • Aplicação de fungicida;
  • Rotação de culturas com espécies não hospedeiras.
planilha de produtividade do algodão Aegro

Conclusão

Muitas doenças podem interferir na produção do algodoeiro, causando perdas muito expressivas.

Para minimizar os danos com essas doenças na lavoura, citamos as 6 principais doenças de ocorrência da cultura do algodoeiro.

Também descrevemos os sintomas e as principais medidas de manejo. Agora que você conhece as principais doenças do algodoeiro não deixe sua lavoura ter perda com elas.

>> Leia mais:

“O que é a mancha alvo do algodoeiro e como ela pode afetar a sua lavoura”

“Guia completo de análise e manejo dos principais nematoides no algodão”

Como ter um algodoeiro resistente a doenças e mais econômico com nova cultivar transgênica

Você teve problemas com doenças na cultura do algodão? Quais afetam a sua lavoura? Como realiza o manejo? Adoraria ver seu comentário abaixo.