Mofo-branco: como identificar, controlar e prevenir na sua lavoura

Mofo-branco: características da doença e as principais formas de manejo para evitar prejuízos na sua lavoura.

As doenças estão, frequentemente, causando prejuízos na lavoura. O mofo-branco, por exemplo, tem uma ampla gama de plantas hospedeiras como soja, feijão, girassol, algodão e outras.

No caso da soja, a doença pode causar perdas de até 70% na produtividade.

Outro aspecto importante é que o fungo forma estruturas de resistência que podem permanecer viáveis no solo por vários anos. Então, é preciso evitar a entrada do patógeno na área e manejá-lo adequadamente quando já está presente para evitar perdas.

Confira a seguir as principais características da doença, ciclo de vida e formas de manejo para a sua lavoura!

O que causa o mofo-branco nas culturas agrícolas

O mofo-branco, ou podridão-de-Sclerotinia, é uma doença causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, principalmente, e pode causar altas perdas na produtividade de culturas como algodão, soja, feijão e muitas outras de grande importância econômica.

Estima-se que a doença pode afetar diferentes espécies de plantas, com registro de mais de 400 espécies hospedeiras (ampla gama de plantas hospedeiras, exceto as gramíneas). Além disso, está distribuída em muitas regiões do mundo. 

Alta umidade e temperaturas amenas são o ambiente favorável para desenvolvimento da doença. Dessa forma, áreas irrigadas podem favorecer o mofo-branco, por proporcionar ambientes com alta umidade.

Os sintomas da doença são bastante característicos. Normalmente, ocorrem lesões encharcadas nas partes aéreas da planta. E, após o progresso, há o crescimento de um micélio branco, com aspecto cotonoso (parecido com algodão) sobre essas lesões. Após um período, ocorre a formação de escleródios.

Os escleródios são enovelamento/agregado de hifas, que são estruturas de resistência do fungo. Assim, este fungo pode sobreviver no solo através dessas estruturas.

mofo-branco
Placa de Petri com crescimento em meio de cultura de Scletotinia sclerotiorum com micélio branco e escleródios
(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

A formação de escleródios ocorre em resposta às mudanças na disponibilidade de nutrientes no meio em que se encontra o fungo. Os escleródios tem formato irregular e tamanho pequeno (milímetros).

Inicialmente, essas estruturas apresentam coloração branca, que depois progride para uma cor escura e com aspecto duro.

Assim, os escleródios no final do processo da sua formação apresentam cor escura pelo depósito de melanina, que possivelmente confere proteção a essas estruturas.

Os escleródios podem sobreviver (ficarem viáveis) no solo por vários anos. Há trabalhos que apontam sobrevivência por até 10 anos, mas isso é variável conforme as condições a que essas estruturas estão expostas.

Isso é importante pois há a sobrevivência de S. sclerotiorum na área de cultivo mesmo no período de entressafra.

Disseminação S. sclerotiorum

Os escleródios podem ser disseminados por sementes, solo, máquinas agrícolas, água, entre outros.

Assim, se sua área de cultivo é livre do patógeno, este pode ser introduzido por sementes contaminadas internamente (micélio dormente) ou por escleródios que podem estar juntos com as sementes. 

Máquinas e implementos agrícolas sujos com solo contaminado também trazem problemas. 

Este conhecimento é muito importante para determinar as medidas de manejo para a doença. Vamos falar sobre isso mais a frente no texto!

E você sabe como a doença se desenvolve através dos escleródios? Vou explicar!

Ciclo de vida de S. sclerotiorum

Para entender como o patógeno se desenvolve para causar o mofo-branco, vamos discutir rapidamente o ciclo de vida de S. sclerotiorum.

Os escleródios presente no solo podem germinar de duas formas:

  • Carpogênica

Ocorre a formação de apotécios (que tem aparência de cogumelo). Esses produzem ascos que formam ascósporos (esporos do fungo), que são dispersos para o meio, disseminados pelo vento, podendo ocasionar infecções em outras plantas na área ou em regiões próximas.

Os ascósporos germinam para iniciar a infecção e causar a doença. Normalmente, a germinação carpogênica ocorre nas culturas de soja e feijão.

  • Micelogênica

Ocorre a formação de hifas e não formam esporos. Essas hifas geralmente iniciam a infecção na matéria orgânica do solo e depois penetram e colonizam a planta hospedeira (principalmente a parte das plantas em contato com o solo). Normalmente essa germinação ocorre na cultura do girassol.

É importante conhecer o ciclo de vida do patógeno para entender a importância das estruturas de sobrevivência do fungo e as medidas de manejo.

Observe no esquema abaixo como as germinações podem ocorrer e as etapas para o desenvolvimento do mofo-branco.

ciclo de vida de Sclerotinia sclerotiorum
Esquema do ciclo de vida de Sclerotinia sclerotiorum
(Fonte: Tese Roseli Muniz Giachini adaptado de Wharton e Kirk, 2007)

Agora que você sabe um pouco mais sobre o desenvolvimento do mofo-branco, vamos mostrar o desenvolvimento da doença em algumas culturas agrícolas.

Mofo-branco na cultura da soja

A doença foi uma das principais responsáveis pela redução da produtividade das lavouras de soja na região sul do país na safra 2017/18.

Nos últimos anos, o mofo-branco na cultura da soja ocasionou perdas de até 70% na produtividade. E estima-se que cerca de 10 milhões de hectares da área brasileira de cultivo de soja estejam infestados pelo patógeno.

O fungo pode atacar qualquer parte da planta, sendo mais frequente nas inflorescências, pecíolos e ramos.

Os sintomas inicialmente são manchas encharcadas, que progridem para uma coloração castanha, com um crescimento de micélio de coloração branca e aspecto cotonoso sobre essas manchas.

E, com o desenvolvimento da doença, ocorre a formação dos escleródios, que podem estar tanto na superfície como no interior de hastes e nas vagens infectadas da planta de soja.

A fase de maior vulnerabilidade é na floração e na formação de vagens.

As sementes infectadas são menores, enrugadas e com coloração não característica da semente.

mofo-branco na soja
Fungo na soja é capaz de infectar qualquer parte da planta
(Fonte: Maurício Meyer em Embrapa)

Controle de mofo-branco em soja

Para o controle químico, falaremos dos defensivos especificamente mais a frente. Mas o importante aqui é saber que  sua eficiência vai depender do momento da aplicação.

O intuito dessa aplicação deve ser atingir as partes inferiores das plantas e a superfície do solo. 

Por isso, a primeira aplicação deve ser na abertura das flores, ou seja, estádio R1 da soja. A segunda aplicação, já deve ocorrer no intervalo de aproximadamente 15 dias em relação a primeira.

Os principais fungicidas são o Fluazinam 500 g/l, Procimidona 500 g/kg, Carbendazin 500 g/l e Tiofanato Metílico 350 g/l + Fluazinam 52,5 g/l. 

Além do controle químico, há outras medidas de manejo que você pode utilizar na sua lavoura para controle do mofo-branco. Vamos falar sobre isso mais a frente no texto!

Mofo-branco na cultura do feijoeiro

O mofo-branco do feijoeiro é uma das doenças mais agressivas na cultura. As perdas podem ultrapassar 60% se o manejo não for realizado corretamente.

Normalmente a doença é mais problemática no florescimento.

Ascósporos (esporos) disseminados pelo vento caem em pétalas de flores senescentes do feijoeiro, germinam e infectam. As pétalas senescentes colonizadas caem sobre o solo ou hastes de vagens e iniciam o ciclo da doença.

Os sintomas são lesões encharcadas de coloração castanha, com micélio branco e cotonoso. Com o progresso da doença, ocorre a formação de escleródios.

mofo-branco no feijão
(Fonte: Revista Cultivar)

Mofo-branco na cultura do algodão

A doença na cultura do algodoeiro tem maior incidência em áreas irrigadas, principalmente após o cultivo de soja e feijoeiro. 

Além disso, também tem afetado a cultura em áreas com clima de temperatura amena e alta umidade, que propiciam o desenvolvimento do fungo.

Os sintomas no algodoeiro podem ocorrer nas folhas, hastes e nas maçãs.

Os sintomas normalmente são no baixeiro das plantas, tendo inicialmente a formação de lesões aquosas, que podem ter o crescimento do micélio cotono. Com o progresso da doença, há formação de escleródios.

Na fase de floração, o patógeno tem uma disseminação mais rápida, pois a flor é a fonte primária de energia para o fungo iniciar novas infecções.

Mofo-branco na cultura do girassol

Na cultura do girassol, a doença também recebe o nome de podridão branca. É considerada, mundialmente, a mais importante para a cultura.

Se o fungo ataca na fase de plântula, pode ocasionar a morte e, consequentemente, falhas no estande.

A podridão branca pode ocorrer na cultura desde o estádio de plântula até a maturação das plantas.

A doença pode apresentar 3 sintomas diferentes nas plantas:

  • Podridão basal (ocorre do estádio de plântula até a maturação): murcha da planta e lesão marrom, mole e com aspecto de encharcada. Se houver alta umidade, a lesão pode ficar coberta por um micélio branco. Além disso, pode encontrar escleródios nas áreas afetadas.
  • Podridão na porção mediana da planta (ocorre a partir do estádio vegetativo): os sintomas são parecidos com os da infecção basal. Escleródios podem ocorrer dentro e fora da haste.
  • Podridão do capítulo (ocorre a partir da floração): inicialmente observam-se lesões pardas e encharcadas no capítulo, tendo a presença do micélio cobrindo algumas de suas partes. Com o progresso da doença, pode-se encontrar muitos escleródios no interior do capítulo, além do fungo poder destruir esta estrutura floral.

Mofo-branco na cultura do amendoim

A doença é causada por S. sclerotiorum ou também pelo fungo Sclerotinia minor e pode causar perdas superiores a 50%.

Os sintomas iniciam com lesões encharcadas que, em períodos de alta umidade, ocorre crescimento de micélio branco sobre as lesões que, com o progresso da doença, pode formar os escleródios.

Mofo-branco na cultura da canola

Também chamado de podridão branca, é uma das doenças de grande importância para a cultura da canola no Brasil.

Os sintomas ocorrem no caule e na haste da planta, com a presença de apodrecimento seco. 

Com o progresso da doença, os tecidos atacados do caule ou das hastes se tornam marrons, que também ocorre o crescimento de micélio branco e cotonoso, e com a presença de escleródios.

As plantas atacadas pelo fungo normalmente apresentam desfolhamento, maturação precoce e podem ter sementes chochas.

Medidas de manejo do mofo-branco

O controle do mofo-branco é difícil. O fungo produz estruturas de resistência (escleródios) e uma ampla gama de plantas hospedeiras. Por isso, na sua área, deve-se evitar a entrada do fungo.

Além disso, não há variedades resistentes até o momento para este fungo. O que pode ocorrer são variedades com resistência parcial.

Listamos algumas medidas de manejo que podem ser utilizadas no controle do mofo-branco. Mas lembre-se que os fungicidas diferem quanto ao seu registro nas culturas.

  • Sementes sadias e certificadas para evitar a presença de escleródios misturados com a semente ou de micélio interno nas sementes;
sementes de soja com escleródio
Sementes de soja com escleródio
(Fonte: A Granja)
  • Rotação de culturas com espécies não hospedeiras do fungo;
  • População de plantas adequada, lembrando que espaçamentos pequenos são mais favoráveis ao mofo-branco;
  • Tratamento de sementes;
  • Cultivo sobre a palhada de gramíneas;
  • Eliminar plantas invasoras que são hospedeiras do fungo;
  • Utilizar variedades que possuem uma arquitetura que apresente boa aeração para não possibilitar um ambiente favorável para o patógeno (umidade);
  • Limpeza de máquinas e equipamentos agrícolas;
  • Escolha da época de plantio (evitando períodos chuvosos nos estádios que são propensos para a doença);
  • Palhada, como de gramíneas, no solo pode reduzir a formação (desenvolvimento) do fungo. A palhada também pode favorecer o desenvolvimento de microrganismos que controlam a S. sclerotiorum (antagonista).
  • Cultivo em sistema de plantio direto pode reduzir a incidência da doença em relação ao plantio convencional por dificultar o contato da planta com o solo contaminado e também o desenvolvimento do fungo. 
  • Controle biológico;
  • Tratamento químico (fungicidas);

Verifique quais produtos são registrados para o patógeno no Brasil e para a cultura que é afetada pela doença.

Para consultar os produtos registrados, não se esqueça de buscar no site do Agrofit.

E para a prescrição do produto e da dose a ser utilizada, procure um (a) eng. Agrônomo (a).

Eficiência de fungicidas para controle do mofo-branco

A Embrapa realizou uma pesquisa sobre a eficiência de fungicidas para o controle do mofo-branco na cultura da soja na safra 2017/18.

Essas pesquisas podem te auxiliar na escolha do fungicida de acordo com a incidência da doença e seu controle. 

Lembre-se de comparar os resultados com a testemunha, que são plantas que não foram aplicadas com fungicidas.

mofo-branco
Incidência, controle relativo, produtividade da soja, redução de produtividade, massa de escleródios produzidos e redução da produção de escleródios em função dos tratamentos fungicidas utilizados nos ensaios cooperativos de controle de mofo-branco em soja, na safra 2017/18.
(Fonte: Embrapa)

Lembre-se que a melhor medida de manejo é a prevenção da entrada do patógeno na sua área de cultivo.

Banner de chamada para o kit de sucesso da lavoura campeã de produtividade

E, por fim, para um manejo efetivo, você deve utilizar várias medidas de manejo, ou seja, integrando as práticas de manejo!

Conclusão

O mofo-branco é um problema em várias culturas agrícolas, trazendo grandes perdas de produtividade.

Neste artigo, abordamos os principais sintomas, ciclo de vida, condições favoráveis e disseminação da doença. Discutimos ainda várias estratégias de manejo, que devem ser realizadas de forma integrada.

Lembre-se que a prevenção da entrada do patógeno na área é a melhor estratégia!

Agora que você sabe dessas informações, não deixe que o mofo-branco cause perdas na sua produção agrícola. Bom manejo!

>> Leia mais:

“Identifique os sintomas da podridão parda da haste da soja e aprenda a evitar a doença”

Você tem problemas com mofo-branco na sua lavoura? Quais medidas de manejo utiliza para o controle da doença? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Por que defensivos biológicos? Conheça mais sobre esses produtos e tire suas dúvidas

Defensivos biológicos: Quando usá-los e o que fazer para adaptar à realidade da sua lavoura.

Os defensivos biológicos vêm ganhando mais espaço na agricultura brasileira. Prova disso é o crescimento do mercado, que avançou mais de 70% em 2018, segundo dados da Abcbio.

Mas sua utilização ainda é pequena: alcança apenas 5% da produção em algumas regiões do país, de acordo com a associação.

Neste artigo, vou te mostrar por que e quando usar os defensivos biológicos e as alternativas para adaptá-los à sua realidade. Confira a seguir!

O que são defensivos biológicos?

Os defensivos biológicos são aqueles que têm como base produtos naturais utilizados no controle de insetos e doenças agrícolas.

Sua classificação pode se dar de acordo o princípio ativo utilizado:

  • Produtos de controle biológico têm como princípio ativo os microbiológicos (como bactérias, fungos e vírus) e macrobiológicos (como parasitoides e predadores).
  • Produtos de substâncias sintetizadas em organismos – têm como princípio ativo os bioquímicos e semioquímicos.

Para controle de insetos, a entomologia foca na utilização de insetos predadores vivos, nematoides entomopatogênicos ou patógenos microbianos para suprimir populações de diferentes insetos-praga. 

No controle de doenças, a função fica com os antagonistas microbianos para suprimir doenças, bem como o uso de patógenos específicos do hospedeiro para controlar populações de ervas daninhas.

O que é o controle biológico e Manejo Integrado de Pragas?

A premissa do controle biológico é o uso de inimigos naturais, no qual pragas e doenças podem ser suprimidas pelas atividades de um ou mais micróbios associados às plantas ou outros insetos. 
O MIP (Manejo Integrado de Pragas) é o método racional e preventivo para a sua lavoura. Você se baseia na identificação correta das espécies, monitoramento constante e avaliação dos níveis de necessidade de controle e condições ambientais.

infográfico com bases e pilares do MIP

Mercado de defensivos biológicos

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Brasil é responsável por 1/5 do consumo mundial dos produtos químicos para a agricultura. Utilizamos 19% da quantidade produzida no mundo. 

E a questão mais alarmante é que cerca de 30% dos agroquímicos foram classificados como muito perigosos. 

Mas o que mais tem impactado e sido sentido no campo é o desenvolvimento de resistência das pragas, doenças e plantas daninhas. Essa resistência se deve ao uso contínuo e não racional dos agroquímicos.

Neste sentido, os defensivos biológicos têm tido maior desenvolvimento, de forma recente, como estratégia de insumo para a produção em escala. 

Em 2012, através do Ministério da Agricultura, foi lançada a  Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica que apoia os pesticidas naturais. 

Isso impulsionou empresas do setor vinculadas à Associação Brasileiras das Empresas do Controle Biológico (ABCBio). Além disso, empresas tradicionais do ramo dos defensivos químicos também vêm incluindo produtos biológicos no portfólio. 

Os dados são muito positivos. Só em 2018, com novos registros de defensivos biológicos, o crescimento do mercado foi de 77% – o que representa em torno de R$ 464,5 milhões.

defensivos biológicos

(Fonte: SBA)

É uma tecnologia que dá resultado. E, com as empresas mais estruturadas e os resultados de protocolos agronômicos mais acertados, o desafio é levar informação para mais produtores, segundo Arnelo Nedel, presidente da ABCBio.

A fatia do bolo do mercado de defensivos agrícolas que são comercializados em nosso país ainda é pequena. 

Porém, os movimentos de produção de microrganismos On farm tem crescido em muito e não são contabilizados. 

E essa tem sido a realidade para pequenos produtores com produção de biofertilizantes até mesmo para grande grupos como o Amaggi.

defensivos biológicos - Biofábrica on farm em fazenda de Goiás

Biofábrica on farm em fazenda de Goiás

defensivos biológicos - Produção de biofertilizante em agricultura orgânica no RS

Produção de biofertilizante em agricultura orgânica no RS
(Fotos: Arquivo pessoal da autora)

Exemplos de defensivos biológicos 

Antes de citar uma lista de produtos que você pode usar em sua lavoura para controlar pragas e doenças, acho importante falar da base de conhecimento que leva o controle biológico e os biodefensivos. 

Os micro e macro organismos usados no controle biológico têm como base as relações de antagonismos interespécies:

  • Antagonismo direto: mecanismo hiperparasitismo/predação, exemplo Trichodermma spp.
  • Antagonismo de caminho misto: mecanismo de produção de antibióticos, enzimas líticas, resíduos não regulamentados e interferências física e química. Exemplo: Pseudomonas spp. na produção de antibióticos.
  • Antagonismo indireto: mecanismos como concorrência e a partir de exsudação, consumo de lixiviados, sideróforos e indução de resistência das plantas. 

E outro termo que é mais amplo é o estabelecimento de uma boa microbiota nos solos. Isso promove a chamada supressividade dos solos, nos quais temos, como resultados: 

  • Patógeno não se estabelece;
  • Patógeno se estabelece, mas falha ao causar a doença; ou
  • Patógeno se estabelece, mas a severidade é reduzida.
defensivos biológicos - Vespa da espécie Trichogramma galloi parasita ovos da broca-da-cana

Vespa da espécie Trichogramma galloi parasita ovos da broca-da-cana
(Fonte: Terra)

Empresas de produtos biológicos para agricultura

Agora, deixo uma lista de empresas que produzem algum tipo de defensivo natural, seja controlador biológico, produto bioquímico ou semioquímico:

  • Simbiose;
  • Promip;
  • Koppert;
  • Laboratório Farroupilha;
  • Gênica;
  • BioControle;
  • STK Bio Ag Technologies;
  • RSA Biotecnologia Agrícola;
  • Ballagro;
  • FMC – Nemix;
  • Korin – Embiotic;
  • Bayer – Sonata.

E também empresas que promovem soluções On Farm (serviços envolvendo defensivos naturais):

Defensivos agrícolas x defensivos biológicos

  • Solubio;
  • Agrobiológica – Soluções Naturais.

Não é uma disputa: é uma forma um pouco diferente de controlar pragas e doenças nas lavouras. 

Os desafios da agricultura atual são muitos:

  • Doenças iatrogênicas
  • Desequilíbrio biológico, com alterações no ciclo de nutrientes e matéria orgânica;
  • Eliminação de organismos benéficos; 
  • Resistência desenvolvida por pragas e doenças aos produtos químicos convencionais;
  • Falta de desenvolvimento de novas moléculas química.

E o MIP é parte fundamental nessa mudança. Além de que, a pesquisa tem possibilitado caracterizar estruturas e funções de agentes de biocontrole, patógenos e plantas hospedeiras nos níveis molecular, celular, orgânico e ecológico.

planilha Manejo Integrado de Pragas - MIP

Conclusão

Vimos que o desenvolvimento do setor de defensivos biológicos é cada vez maior. E a perspectiva é de melhora significativa também nos protocolos de aplicação de campo e qualidade de produtos empregados.

Isso se deve principalmente aos avanços em tecnologias computacionais, biologia molecular básica, química analítica e estatística. 

A expansão dos defensivos biológicos é motivada pelo foco em uma agricultura mais sustentável do ponto de vista econômico e do meio ambiente. 

E isso repercute em melhoria na qualidade de vida do produtor rural e também do produto que você entrega.

>> Leia mais:

Agrotóxicos naturais: Manejo certeiro mesmo em grandes culturas

6 inseticidas naturais para você começar a usar na sua lavoura

“O que são bioinsumos e como eles podem ajudar a reduzir custos”

Qual é a sua experiência com os defensivos biológicos na lavoura? Restou alguma dúvida? Deixe seu comentário!

Tudo sobre oídio e como manejá-lo em sua área

Oídio: Principais características da doença e todas as formas de controle para evitar prejuízos na sua lavoura

São vários os cuidados que você precisa ter com a sua lavoura: preparo do solo, época de plantio, adubação, manejo de pragas

E, como você sabe, as doenças são um grande problema para sua produção. Por isso, você precisa identificar e saber manejá-las corretamente.

O oídio é uma doença que pode ocorrer em várias culturas, tendo um sintoma muito característico.

As perdas com esta doença podem chegar até 60%, como na cultura do trigo, por exemplo.

Por isso, preparamos este texto que aborda os principais sintomas do oídio nas plantas e o seu controle na sua lavoura. Confira!

Uma doença importante para doenças de plantas: Oídio

O oídio é uma doença causada por fungos, favorecida por ambientes secos e quentes (época seca), apesar de ser encontrada em clima úmido e frio.

Uma característica marcante são os sintomas de eflorescência de coloração branca ou acinzentada (bolor) e pulverulenta (aspecto de pó), que pode recobrir folhas, ramos, flores e até os frutos. 

Normalmente, esse sintoma de coloração branca é observado na face superior das folhas. Mas, em menor frequência, pode ser constatado na parte inferior também.

oídio

Oídio em abobrinha: eflorescência pulverulenta de coloração branca

(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

Além do sintoma de eflorescência, podem ocorrer áreas amareladas ou necróticas nos locais das manchas da eflorescência. 

Em ataques severos, pode ocasionar o retorcimento das folhas, morte de ramos, deformação de frutos, queda das folhas, flores e frutos.

A colonização do fungo na planta acontece, na maior parte das espécies, pelo desenvolvimento de uma estrutura responsável pela retirada de nutrientes das células epidérmicas da planta (haustório). 

Mas o desenvolvimento das hifas ocorre na superfície da planta, por isso, observamos a eflorescência de coloração branca (desenvolvimento fora da planta).

Seu desenvolvimento é favorecido em ambiente seco e em estufas. Chuvas fortes, por exemplo, podem retirar as estruturas do fungo da superfície da planta.

O dano causado pela doença é a interferência no processo de fotossíntese, que pode, em alguns casos extremos, causar a morte da planta. 

No entanto, o que normalmente ocorre é a redução na produção das plantas.

A disseminação da doença no campo acontece principalmente pelo vento, que leva os esporos para longas distâncias. A água também pode atuar na disseminação, em distâncias menores.

O controle, normalmente, ocorre pela utilização de variedades resistentes e controle químico.

Agora que conhecemos as características gerais, veremos os sintomas e controle da doença em algumas culturas agrícolas.

Oídio na cultura da soja

O oídio na cultura da soja é causado pelo fungo Microsphaera diffusa, que pode causar perdas produtivas de 10%.

É uma doença comum nas lavouras de soja, sendo favorecido por temperaturas entre 18℃ a 24℃ e baixa umidade.

Os sintomas podem ser notados na parte aérea da planta (folhas, pecíolos, hastes e vagens), observando estruturas de coloração branca (eflorescência), que são os esporos e micélios do patógeno. E com a evolução da doença, as manchas pulverulentas brancas nas folhas tornam-se castanho-acinzentadas.

oídio em soja

Oídio na soja: Sintomas da eflorescência de coloração branca e pulverulenta, sintomas iniciais (à esquerda) e com o progresso da doença (à direita)

(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

Em ataques severos, pode haver queda das folhas, afetando a produção.

A doença pode ocorrer durante todo o ciclo da cultura, durante as fases vegetativas e reprodutivas. A maior evolução se dá entre os estádios de R1 e R6.

oídio

(Fonte: Agro Bayer)

Medidas de manejo do oídio na cultura da soja:

  • Uso de cultivares resistentes;
  • Controle químico com fungicidas;
  • Evitar semeadura em épocas favoráveis a ocorrência da doença.

Para consultar os produtos químicos (fungicidas) que são indicados para a cultura da soja, consulte o Agrofit!

Oídio na cultura do trigo

Também conhecida como mofo ou cinza, o oídio ocorre em quase todas as regiões tritícolas do mundo e é causado pelo patógeno Blumeria graminins f. sp. tritici.

Danos de até 60% no rendimento dos grãos ocorreram na cultura do trigo com a utilização de cultivares suscetíveis.

A doença no trigo é favorecida por baixa umidade relativa do ar e temperaturas amenas (15℃ a 22℃).Os sintomas de eflorescência de coloração branca ocorrem principalmente nas folhas e nas bainhas. Se agitar asplantas doentes, você pode observar a liberação de um pó branco, que são estruturas do fungo.

Sintoma de oídio em trigo

(Fonte: Leila Maria Costamilan em Embrapa)

Com o progresso da doença, as partes da planta afetadas ficam amareladas. E, em ataques severos, podem ocorrer desfolha e acamamento da planta.

Medidas de manejo para o oídio na cultura do trigo:

  • Variedades resistentes (a medida mais indicada);
  • Tratamento químico: fungicidas sistêmicos em tratamento de sementes e na parte aérea das plantas.

Oídio na cultura do feijoeiro

O fungo que causa oídio no feijoeiro é Erysiphe polygoni.

A doença tem ampla distribuição pelo mundo, mas no Brasil, devido à sua baixa ocorrência, é considerada uma doença de importância secundária.

O oídio no feijoeiro tem maior ocorrência no estádio de florescimento e depois deste estádio, o que pode causar sérios danos à cultura se ocorrer antes da formação de vagens.

Os sintomas da doença são eflorescências pulverulentas de coloração esbranquiçadas nas folhas.

oídio em feijoeiro

Sintoma de mancha esbranquiçada e pulverulenta do oídio do feijoeiro

(Fonte: Denis Bassi)

Se ocorrer ataques severos, você pode observar folhas amareladas e retorcidas, com desfolhamento da planta.

Medidas de manejo do oídio na cultura do feijoeiro:

  • Controle químico com fungicidas;
  • Uso de cultivares resistentes;
  • Evitar semeadura em épocas favoráveis da doença.

Oídio na cultura do tomateiro

O oídio no tomateiro pode ser causado pelos fungos Oidium neolycopersici e Oidiopsis haplophylli.

A doença é bastante comum na cultura do tomateiro, aumentando sua incidência nos últimos anos devido a cultivos de tomate em estufa (ambiente protegido). E esses ambientes, como já vimos, acabam favorecendo o desenvolvimento do patógeno.

A doença é favorecida por umidade relativa baixa, menor que 60%.

Quando a doença é causada por Oidium neolycopersici, observa-se estruturas pulverulentas de coloração branca na face superior e inferior das folhas (preferencialmente na face superior), sendo chamado de oídio-adaxial.

Se a doença é causada por Oidiopsis haplophylli, não se observa facilmente a massa pulverulenta (eflorescência). 

O que se observa com facilidade são manchas amareladas nas folhas, evoluindo para necrose, que começa no centro da lesão. O oídio causado por este fungo é chamado de oídio-abaxial.

Medidas de manejo do oídio na cultura do tomateiro:

  • Controle químico

Além das culturas que comentamos acima, o oídio pode aparecer em outras espécies de plantas.

Oídio em outras culturas

O oídio pode ocorrer em várias espécies de plantas, além daquelas que comentamos. Veja algumas outras:

  • Abacateiro (Oidium perseae);
  • Aveia (Blumeria graminis f. sp. avenae);
  • Brássicas (Erysiphe polygoni);
  • Canola (Oidium balsamii);
  • Cevada (Blumeria graminis f. sp. hordei);
  • Cucurcubitáceas (Padosphaera xanthii);
  • Ervilha (Erysiphe poligoni);
  • Girassol (Erysiphe cichoracearum);
  • Videira (Erysiphe necator).

Diferença entre oídio x míldio

O oídio e o míldio podem se confundir em relação aos sintomas semelhantes, por serem pulverulentos e com coloração esbranquiçada nas plantas.

Algumas diferenças dessas doenças são:

  • O míldio se desenvolve no interior das plantas (endoparasitas). Já o oídio tem seu maior desenvolvimento fora da planta (ectoparasita);
  • O míldio se encontra mais na face inferior das folhas, por terem sua esporulação através dos estômatos que se localizam geralmente na parte inferior da folha. Já os oídios podem apresentar os sintomas na parte superior e inferior das folhas;
  • O sintoma pulverulento e branco é normalmente mais generalizado nos oídios que nos míldios (sintomas mais localizados);
  • Míldio é causado por Oomiceto e oídio por fungo.

Em análise dessas doenças em microscópio, as estruturas dos patógenos são muito diferentes, sendo de fácil distinção entre elas.

Por isso, se ficar com dúvida, procure um(a) eng.(a) agrônomo(a) ou uma clínica fitopatológica.

calculo-de-pulverizacao

Conclusão

Neste texto vimos os sintomas do oídio em diferentes culturas agrícolas.

Abordamos as condições climáticas favoráveis, desenvolvimento do patógeno na planta e as principais medidas de manejo.

E, por fim, falamos de algumas diferenças entre o míldio e o oídio.

Não deixe que o oídio reduza a sua produção agrícola. Realize o correto diagnóstico da doença e utilize as medidas de manejo para o oídio na sua lavoura. 

Lembre-se que sua lavoura é sua empresa e é preciso obter lucro com ela!

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Mofo-branco: Como identificar, controlar e prevenir na sua lavoura

Como fazer o manejo efetivo da necrose da haste da soja

Você tem problemas com oídio na sua lavoura? Quais medidas de manejo utiliza para o controle da doença? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Agrotóxicos naturais: Manejo certeiro mesmo em grandes culturas

Agrotóxicos naturais mais recomendados para citros, soja e milho que você pode conhecer e testar na sua lavoura

A cada nova safra temos novos desafios. E nosso objetivo sempre é o de obter eficiência agronômica nos cultivos.

Ou seja, alcançar bons resultados na produção e também que o programa agronômico aplicado seja otimizado.

O uso de defensivos naturais como tecnologia a campo tem ganhado maturidade como prática cotidiana de uso nas lavouras. 

Nesse artigo vou compartilhar um pouco sobre resultados positivos de seus usos em diferentes lavouras. Confira!

Defensivos agrícolas convencionais x agrotóxicos naturais: Quais as diferenças?

Defensivos agrícolas são caracterizados como herbicidas, inseticidas e fungicidas, podendo ter atuação seletiva ou não. 

Os defensivos convencionais são agentes de processos químicos ou sintéticos. Já os defensivos naturais são agentes de processos biológicos.

E, nesse sentido, os produtos biológicos têm recebido maior atenção, com experimentos em grandes culturas complementando a eficiência dos produtos químicos. 

O diferencial dos defensivos biológicos é a segurança para o aplicador e a eficiência do controle dos alvos. Isso porque, em geral, são seguidas corretamente as recomendações dos fabricantes. Eles ainda possuem um nível residual que se mantém no sistema e é muito positivo para o equilíbrio biológico. 

Embora o uso de agroquímicos seja indispensável para atender às crescentes demandas de

alimentos, existem oportunidades em diversas outras culturas, sempre como um componente do MIP.

O Manejo Integrado de Pragas faz toda a diferença em qualquer sistema produtivo e um defensivo natural se encaixa – e é mais eficiente – quando está neste contexto.

Mas 43% dos produtores brasileiros ainda não têm conhecimento sobre os defensivos biológicos, segundo a Abcbio. 

É uma quantidade bem significativa que desconhece outras opções de controle disponíveis, não é mesmo?

Classificação toxicológicas dos defensivos agrícolas

A classificação toxicológica é umas das formas de mensurar o impacto dos defensivos agrícolas no ambiente. 

Ela é feita a partir de resultados de estudos toxicológicos agudos, realizados com a formulação pretendida, tanto no ingrediente ativo como componentes.

Atualmente, a Anvisa padronizou a classificação com respectivos nomes das categorias e cores nas faixas do rótulo dos produtos em quatro classes:

  • Classe I, produto extremamente tóxico, faixa vermelha
  • Classe II, produto altamente tóxico, faixa amarela
  • Classe III, produto moderadamente tóxico, faixa azul
  • Classe IV, produto pouco tóxico, faixa verde
agrotóxicos

Classe toxicológica e suas respectivas cores de faixa

(Fonte: Anvisa) 

E uma das grandes diferenças entre defensivos químicos e os biológicos é a classificação. Os biológicos são faixa verde, indicando que são pouco tóxicos em geral. 

Agrotóxicos naturais pesquisados pela Embrapa

A Embrapa é protagonista em volume de pesquisas e resultados na área de controle biológico

Uma prioridade da instituição é agilizar a transferência dos conhecimentos e tecnologias gerados nesta área para o setor produtivo. Isso permite ampliar a utilização de agentes de controle biológico, colaborando para a redução do uso de agrotóxicos sintéticos.

Nesse sentido, a Embrapa tem publicações como o livro “Defensivos agrícolas naturais: uso e perspectivas”.

Além disso, pesquisas de microrganismos endofíticos também são um caso antigo. A Embrapa foi protagonista na descoberta do Azospirillum spp. 

Lembrando que o Brasil é líder no uso de bactérias fixadoras de nitrogênio. Tal condição representa uma economia de US$ 13 milhões que seriam gastos em fertilizantes químicos.

A Embrapa também têm realizado pesquisas sobre o controle de insetos sugadores de seiva, como o psilídeo asiático Diaphorina citri Kuwayama (Hemiptera: Liviidae) em citrus.

Outros estudos são com os bioherbicidas e com rizobactérias como Burkholderia pyrrocinia e Pseudomonas fluorescens.

Agrotóxicos naturais para citros

O Brasil é responsável por cerca de 85 % da produção mundial de citros. E, até mesmo por isso, vemos investimentos para o manejo da cultura, inclusive em termos de agrotóxicos naturais.

Um dos principais problemas dos pomares, a larva minadora, pode ser combatida com a vespa Ageniaspis citricola

Os pulgões e vaquinhas também são grandes problemas da cultura, sendo que o controle é efetivo com o uso de parasitóides (como Aphidius sp) ou com óleo de Nim e caldo de fumo. 

Pesquisas também apontam o uso de Metarhizium anisopliae no controle de Ceratitis capitata, até mesmo em associação muito positiva com defensivos naturais como o nim. Você pode ver sobre o estudo aqui.

Agrotóxicos naturais para soja e milho

Segundo a Anvisa, existem 2.053 defensivos registrados para o controle de problemas fitossanitários em soja. Há ainda 155 defensivos biológicos, classificados como pouco tóxicos.

Os principais para você conhecer e testar são:

  • Trichoderma spp. para mofo branco;
  • Bacillus subtilis para o controle de nematoide dos cistos (Heterodera glycines);
  • Bacillus thuringiensis para controle de lagartas;
  • Chromobacterium subtsugae para o controle de percevejo, mosca branca, pulgões e ácaros;
  • Paecilomyces spp.: para controle de nematoide;
  • Metarhizium anisopliae para controle de coró em milho e cigarrinha das pastagens;
  • Beauveria spp. para o controle de pragas como a mosca branca.
agrotóxicos naturais

Cigarrinha morta pela ação do fungo-verde Metarhizium anisopliae

(Fonte: GBio)

Inseticidas naturais para lagartas

O clássico baculovírus tem sua eficiência comprovada a campo e novas opções no mercado. 

O Trichogramma pretiosum também tem sua eficiência comprovada, parasitando ovos de diversas mariposas. 

E outros estudos têm avançado em avaliar a aplicação dos mesmos em conjunto com a aplicação de herbicidas no controle de Spodoptera frugiperda, o que facilita a sua utilização. Veja aqui sobre o estudo.

agrotóxicos naturais

Apresentação Curso do Controle Biológico Embrapa Clima Temperado

(Fonte: Promip)

Uso e perspectivas dos agrotóxicos naturais

Atualmente, os agrotóxicos naturais cobrem apenas 2% dos fitossanitários usados

globalmente. No entanto, sua taxa de crescimento mostra uma tendência crescente nas duas últimas décadas. 

No Brasil, o mercado dos agrotóxicos naturais ainda é de 1% dos defensivos agrícolas. E a perspectiva de crescimento aumentou em torno de 20% ao ano a partir da safra de 2012/2013, quando houve introdução de Helicoverpa armigera. Em 2014, houve a detecção de populações de Spodoptera frugiperda resistentes a toxinas de Bacillus thuringiensis em cultivos transgênicos.

Nessa tendência mundial, não estamos ficando para trás. O foco tem sido em pesquisa e inovação na melhoria de formulações de biopesticidas bacterianos, virais e fúngicos. 

Há ainda tecnologias eficientes de aplicação, como os drones, que já falamos algumas vezes aqui no blog, e que estão potencializando muito a eficiência do uso de parasitoides a campo. 

Entre produtos com princípio ativos como feromônios, agentes macrobiológicos (parasitas, parasitoides e predadores) e agentes microbiológicos (bactérias, fungos e vírus), já existem 128 produtos registrados.

A produção global de biopesticidas ou agrotóxicos naturais foi estimada em mais de 3 mil toneladas por ano, o que está aumentando rapidamente. Globalmente, o uso desses produtos está aumentando 10% a cada ano.

O aumento da demanda de produtos agrícolas livres de resíduos, o cultivo de alimentos orgânicos e o registro mais fácil em relação aos agrotóxicos convencionais são alguns dos impulsionadores desse mercado. 

A ciência dos agrotóxicos naturais ainda é considerada nova e está apenas evoluindo. É necessária uma pesquisa aprofundada em muitas áreas, especialmente na produção, formulação, entrega e comercialização dos produtos. 

banner planilha manejo integrado de pragas

Conclusão

Os agrotóxicos naturais vêm despertando interesse por suas vantagens associadas à segurança ambiental, especificidade para o alvo, eficácia, biodegradabilidade e adequação no Manejo Integrado de Pragas. 

Neste artigo, falamos sobre as principais diferenças entre os agrotóxicos naturais e convencionais. Também mostramos os biopesticidas mais recomendados para culturas como citros, soja e milho.

Você viu ainda os defensivos naturais utilizados para controle de pragas como as lagartas.

Embora a aplicação potencial de biopesticidas em segurança ambiental seja bem conhecida, a procura tem aumentado com a crescente demanda por alimentos orgânicos. 

Novos caminhos são possíveis para desenvolvermos uma agricultura mais precisa e sustentável do ponto de vista do meio ambiente e também dos negócios.

>> Leia mais:

“Saiba tudo sobre o ácaro azul das pastagens, uma praga emergente no Brasil”

Tem alguma experiência com o uso de agrotóxicos naturais em suas lavouras? Restou alguma dúvida? Deixe seus comentários!

Míldio: Como identificar na sua lavoura e combater essa doença

Míldio: Veja as principais características e sintomas dessa doença, além de todas as formas de controle para evitar prejuízos na sua lavoura.

Muitas doenças podem afetar sua lavoura em alguma fase do desenvolvimento ou durante todo o ciclo da cultura. Uma delas é o míldio.

Ele ocorre principalmente em condições climáticas de alta umidade e temperatura amena, podendo afetar diversas culturas.

Sua ocorrência na lavoura de sorgo, por exemplo, pode causar danos de até 80%.

Para reduzir as perdas com esta doença, é preciso estar preparado. Confira neste artigo as principais características, como identificar os sintomas e fazer um controle eficiente na sua lavoura!

Uma doença importante para as culturas agrícolas: míldio

O míldio é causado por um grupo de patógenos chamados de oomicetos

Existem vários gêneros de oomicetos que causam míldios como: Plasmopara, Peronospora, Bremia, Sclerospora e outros. Ao longo do texto, vamos comentar sobre algumas espécies desses gêneros que causam a doença em algumas culturas.

O míldio ataca preferencialmente as folhas, mas pode ocorrer também em ramos e frutos.

A doença ocorre mais frequentemente em regiões de umidade e com temperatura amena (condições favoráveis).

São sintomas típicos do míldio as manchas de coloração verde-claro a amarela na parte superior da folha. E, com o progresso da doença, essas manchas se tornam escuras (necróticas). 

Na parte inferior da folha que corresponde ao local da mancha, ocorre o aparecimento de estruturas do patógeno, uma eflorescência de coloração esbranquiçada (bolor cinza).

Como o patógeno coloniza os tecidos foliares surge o sintoma de mancha nas folhas na parte superior com coloração verde-claro a amarelo, como descrevemos.

E, simultaneamente a isso, ocorre a reprodução do patógeno, que emite as estruturas reprodutivas para o exterior da folha (eflorescência esbranquiçada), como comentamos. Isso ocorre geralmente através dos estômatos.

míldio

Estruturas da Plasmopara viticola (míldio da videira) na parte inferior da folha

(Fonte: Gessler et al. (2011) em Phytopathologia Mediterranea)

Essas estruturas aparecem principalmente na parte inferior da folha, onde normalmente os estômatos se localizam. Essas estruturas reprodutivas, por estarem externas à folha, são disseminadas pelo vento e pela água.

Diante disso, você pode perceber que há interferência da área fotossintética da planta, sendo um dos prejuízos que a doença causa.

Agora vamos aos sintomas e às medidas de manejo para míldio em algumas culturas.

Míldio na cultura do sorgo

O patógeno que causa míldio na cultura do sorgo é Peronosclerospora sorghi.

A doença pode causar danos de até 80% nesta cultura, com a utilização de cultivares suscetíveis.

No Brasil, o míldio do sorgo se encontra distribuído em quase todas as regiões de cultivo.

Na região sul do país, esta doença é considerada a segunda mais importante, atrás apenas da antracnose.

O patógeno pode infectar a planta de duas formas: localizada e sistêmica.

A forma localizada ocorre pela infecção de esporos (estruturas do patógeno) nas folhas. 

Essa infecção causa lesões necróticas nas folhas com formato retangular que, em condições úmidas e frias, ocorre o crescimento de estruturas do patógeno (eflorescência) com aspecto pulverulento e de cor acinzentado na parte inferior da folha.

Se o patógeno atingir o meristema da planta, pode ocorrer o aparecimento de sintomas sistêmicos.

A infecção sistêmica ocorre quando o patógeno invade as células do meristema apical.

Plantas jovens, quando infectadas sistematicamente, apresentam sintomas de clorose e enfezamento, podendo morrer prematuramente.

Além disso, pode haver prejuízos no desenvolvimento dos grãos nas plantas com a doença.

A clorose foliar é um sintoma característico da infecção sistêmica.

Este sintoma de clorose apresenta faixas de coloração de verde claro a amarelo, que são intercaladas pela coloração normal da folha.

Correspondente a essas regiões cloróticas, na parte inferior da folha, quando em condições de alta umidade, pode aparecer o crescimento de estruturas de coloração branca (eflorescência).

míldio

Infecção sistêmica (A), infecção localizada (B), estádio mais avançado da infecção sistêmica (C) em sorgo

(Fonte: Luciano Viana Cota em Embrapa)

Algumas medidas de controle para o míldio do sorgo são:

  • Variedades resistentes – este é o método mais eficiente para a doença na cultura do sorgo;
  • Rotação de culturas com espécies não-hospedeiras – lembre-se de não utilizar milho na rotação, por ser hospedeiro do patógeno (vamos ver no próximo tópico);
  • Destruição dos restos culturais;
  • Época de semeadura – deve-se antecipar a semeadura em locais de alta incidência da doença;
  • Uso de sementes de boa qualidade.

No Brasil, até o momento, não há produtos químicos registrados para o controle do míldio na cultura do sorgo. 

Por isso, não há recomendações de aplicação para a parte aérea das plantas e nem para o tratamento de sementes utilizando controle químico.

Míldio na cultura do milho

Há vários patógenos que causam míldio na cultura do milho. O mais comumente encontrado no Brasil é o Peronosclerospora sorghi, o mesmo que causa a doença no sorgo e em algumas outras gramíneas.

Esta doença no milho, no caso do Brasil, não causa prejuízos econômicos tão significativos, como ocorre em outros países.

A infecção sistêmica da planta causa clorose nas folhas, que ficam com estrias e faixas brancas. Além disso, as folhas das plantas infectadas com míldio apresentam as folhas mais eretas e estreitas, com o colmo mais fino e acamado.

Folhas estreitas e eretas, com presença de faixas esbranquiçadas.

(Fonte: Carlos Roberto Casela em Embrapa)

A doença também pode ocasionar problemas na formação dos grãos nas espigas.

Em condições de alta umidade e temperaturas frias podem surgir ainda estruturas de coloração esbranquiçada nas folhas, como ocorre na cultura do sorgo.

Algumas medidas de manejo para o míldio na cultura do milho são:

  • Utilização de variedades resistentes;
  • Tratamento de sementes com fungicidas sistêmicos;
  • Eliminação de plantas doentes e restos culturais;
  • Rotação de culturas;
  • Plantio precoce em áreas com ocorrência da doença.
planilha de produtividade de milho

Míldio na cultura da soja

Na cultura da soja, o míldio pode ocorrer em qualquer região produtora do país, sendo causada pelo oomiceto Peronospora manshurica.

Nas folhas da parte superior, os sintomas são lesões de coloração verde-claro a amarelada, que pode progredir para necrose. 

Na parte inferior da folha, nessas lesões aparecem estruturas de aspecto cotonoso (aspecto de algodão) de coloração cinza, que são estruturas de frutificação do fungo.

A doença pode se desenvolver na vagem, podendo ficar com redução do grão ou deteriorada.

O patógeno pode ser introduzido na lavoura por sementes contaminadas e estruturas reprodutivas do patógeno que são disseminadas pelo vento.

Algumas literaturas não descrevem medidas de manejo para o míldio da soja por ser considerada uma doença de pouca importância econômica para as principais regiões produtoras do país.

Mas, se você tem problema com esta doença na sua lavoura, algumas medidas de manejo que você pode utilizar para soja são:

  • Tratamento de sementes com produtos registrados;
  • Destruição de restos culturais;
  • Uso de cultivares resistentes.

Míldio em outras culturas

O míldio pode afetar outras culturas além das que comentamos. Veja algumas delas:

  • Alface (Bremia lactucae);
  • Cebola (Peronospora destructor);
  • Brássicas (Peronospora parasitica);
  • Videira (Plasmopara viticola).

E você sabia que o míldio da videira está envolvido com a descoberta do primeiro fungicida?

Míldio da videira e histórico dos fungicidas

No Brasil, o míldio é considerado a doença mais importante da videira, causada por Plasmopara viticola.

Em condições favoráveis, a doença pode ocasionar perdas de até 75% da produção.

Na videira, os sintomas da doença podem ocorrer em todas as partes verdes da planta.

Nas folhas, surgem inicialmente pequenas manchas encharcadas e translúcidas na parte superior da folha, chamada de “mancha de óleo”, se você observar as folhas contra a luz. Essas manchas têm coloração verde mais claro.

míldio

Mancha de óleo com necrose na folha.

(Fonte: Gessler et al. (2011) em Phytopathologia Mediterranea)

Com o desenvolvimento da doença, essas manchas se tornam mais escuras e podem causar a queda das folhas.

Já na face abaxial da folha, na parte correspondente a essas manchas, surgem uma eflorescência esbranquiçada (estrutura reprodutiva do patógeno), com aspecto cotonoso.

As folhas severamente infectadas podem cair, o que pode comprometer o desenvolvimento da planta.

Já nos ramos ocorrem as manchas encharcadas, que rapidamente são recobertas pela eflorescência esbranquiçada.

Nos cachos ocorre morte e queda de flores, além de podridão das bagas (frutos).

E você pode ser perguntar, o que esta doença em videira tem relação com o histórico do controle químico?

Então vamos voltar um pouco na história para entender este fato:

Míldio e o uso de fungicidas

Por volta de 1870, o míldio (Plasmopara viticola) foi identificado como um dos recentes problemas em Bordeaux, uma região da França, pelo pesquisador Pierre Marie Alexis Millardet.

Ele observou que algumas plantas de videira próximas de estradas não estavam infectadas com míldio. 

Quando perguntou ao produtor se ele tinha realizado algo com as plantas, este relatou que as videiras estavam pulverizadas com uma mistura (calda) para evitar roubo das uvas, pois elas ficavam com uma cor diferente devido à pulverização e gosto amargo.

Então, Millardet e outro pesquisador (Ulysse Gayon) investigaram sobre a mistura usada pelos agricultores e aperfeiçoaram a calda. 

Assim, em 1885, eles publicam o efeito da calda bordalesa (sulfato de cobre e cal) – que era a mistura que os produtores de uvas usavam para evitar roubo – no controle do míldio da videira.

A calda bordalesa é então considerada o primeiro fungicida!

E esta mistura de cobre e cal pode ser utilizada até hoje para o controle do míldio em videira.

Veja que a partir do míldio da videira foi divulgado o primeiro fungicida, que já era utilizado pelos produtores, mas não com esse intuito.

Míldio x oídio: algumas diferenças

O oídio é outra doença que tem importância para várias culturas agrícolas, mas falaremos sobre ela em outra oportunidade.

Fato é que míldio e oídio podem ser confundidos, pois apresentam sintomas similares de cor branca e aspecto pulverulento.

Algumas diferenças são:

  • A maioria dos míldios apresenta a eflorescência (coloração esbranquiçada e pulverulenta) na face inferior da folha, onde geralmente se localizam os estômatos. Já o oídio apresenta sintomas de coloração esbranquiçada em ambas as faces da folha com extensão em grande parte do limbo foliar;
  • Míldios ocorrem geralmente em época úmida e os oídios em época seca;

Já no microscópio, as estruturas desses patógenos são muito diferentes, sendo de fácil distinção entre elas.

Por isso, se ficar com dúvida procure um(a) eng.(a) agrônomo(a) ou uma clínica fitopatológica.

Conclusão

Neste texto, comentamos sobre o míldio nas culturas agrícolas.

Abordamos a doença em várias culturas, descrevendo os sintomas, o patógeno e as principais medidas de manejo.

Também comentamos sobre o míldio da videira e o surgimento do primeiro fungicida.

Por fim, falamos de algumas diferenças entre o míldio e o oídio.

Agora que você tem essas informações, não deixe que esta doença reduza a produção da sua lavoura!

>> Leia mais:

Doenças de final de ciclo soja: Principais manejos para não perder a produção
Mofo-branco: Como identificar, controlar e prevenir na sua lavoura
Como fazer o manejo efetivo da necrose da haste da soja
Fungos de solo: veja as principais causas e como evitá-los

Você tem problemas com míldio na sua lavoura? Quais medidas de manejo utiliza para o controle da doença? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Antracnose nas culturas de grãos: como controlar de modo eficaz

Antracnose: saiba o que fazer para evitar a doença e como realizar um manejo eficiente e eficaz nas lavouras de soja, milho, feijão e sorgo.

Ver a lavoura com as folhas manchadas nunca é um bom sinal.

Ao saber que pode ser uma doença, pior ainda. As doenças podem facilmente limitar a produção e causar muitos prejuízos.

A antracnose é uma delas e pode gerar grandes perdas nas culturas de grãos.

Saiba a seguir como identificar a doença e quais as medidas de controle mais eficazes para sua lavoura. Confira!

Importância da antracnose na cultura de grãos

A antracnose é uma doença que pode ocorrer em várias culturas e afeta diferentes partes da planta.

A doença pode ocorrer em algumas culturas de grãos como feijão, soja, milho e sorgo.

Esta doença é causada por fungos do gênero Colletotrichum.

A antracnose pode gerar muitas perdas. Ela é considerada uma das doenças mais importantes da cultura do feijão, por exemplo. Neste caso, podem ocorrer perdas de até 100% com a utilização de variedades suscetíveis.

E, além das perdas quantitativas, pode também haver perdas qualitativas. O grão apresenta manchas negras ou lesões, o que reduz o preço de comercialização do produto.

Já na cultura do sorgo, a antracnose é considerada a doença mais importante por sua ampla distribuição nas áreas produtoras e pelos danos causados. Pode haver mais de 80% de perdas na produção de grãos com variedades suscetíveis.

Esses dados mostram a importância da antracnose para as culturas de grãos, com redução da produção (perda quantitativa) e perdas qualitativas, com manchas nos grãos ou sementes.

Agora vou explicar melhor as formas de sobrevivência e as condições favoráveis para a ocorrência da doença na lavoura.

Sobrevivência e condições favoráveis para a antracnose

As espécies de fungos do gênero Colletotrichum, que causam a antracnose, podem sobreviver em sementes, restos de culturas e hospedeiros alternativos (outras plantas que são hospedeiras do fungo).

A entrada do fungo na área da lavoura ocorre, geralmente, por sementes infectadas, sendo que plântulas originadas de sementes infectadas se tornam uma fonte de disseminação da doença na lavoura.

Além disso, o fungo pode reduzir a germinação das sementes infectadas.

Já a manutenção do inóculo (patógeno) na área ocorre preferencialmente por restos de culturas e por hospedeiros alternativos.

É importante entender as formas de sobrevivência do fungo para determinar as medidas de manejo.

Como podemos observar, o patógeno pode sobreviver na área por um longo período, de uma safra para outra. Por isso, é muito importante impedir a entrada do patógeno na sua lavoura.

Além disso, é importante ficar atento às condições favoráveis para a ocorrência da doença na sua área.

As condições favoráveis para a antracnose variam de temperatura moderada a alta e alta umidade.

Lembrando que plantios muito adensados podem propiciar alta umidade nas plantas e, dependendo das condições climáticas (temperaturas moderadas a altas), podem favorecer a ocorrência da doença na sua plantação.

Qual método de controle você utiliza para a antracnose nas culturas de grãos na sua lavoura?

Vou falar melhor sobre eles a seguir:

Métodos de controle da antracnose nas cultura de grãos

Como mencionei acima, o produtor deve entender as formas de sobrevivência do fungo que causa a antracnose para determinar as estratégias de manejo.

Como o fungo pode sobreviver em restos de culturas, uma importante técnica de controle é a utilização de rotação de culturas.

Ou seja, plantio alternado de diferentes espécies, na mesma área de cultivo e na mesma época do ano.

Lembrando que você tem que utilizar espécies de plantas que não sejam hospedeiras do patógeno da doença que se pretende controlar.

No plantio direto, a rotação de culturas é uma técnica obrigatória.

Você sabe que no plantio direto, a palhada fica sobre o solo e há o mínimo de revolvimento na semeadura.

E como o Colletotrichum sp. sobrevive nos restos culturais, é essencial realizar a rotação de culturas para reduzir o patógeno da área.

Caso não realize esta prática, ocorrerá aumento da população do fungo que causa a doença. Assim, na próxima safra da cultura de grãos, pode haver aumento da doença no início do ciclo da cultura, e consequentemente, perdas na produção.

>> Leia mais: “Mofo-branco: Como identificar e prevenir na sua lavoura

Outras estratégias de manejo

Além da rotação de culturas há outras estratégias de manejo. Veja:

  • Variedades resistentes (controle genético);
  • Sementes sadias;
  • Tratamento de sementes com fungicidas;
  • Espaçamento adequado para a cultura (adequação da população de plantas);
  • Aplicação de fungicidas na parte aérea das plantas.

O controle químico pode ser utilizado no tratamento de sementes e na pulverização da parte aérea das plantas. Mas lembre-se: este não é o único tipo de manejo, você deve utilizar outras técnicas também.

Para o controle da antracnose, primeiramente deve-se evitar a entrada do patógeno na área de cultivo. Isso pode ser feito utilizando sementes sadias, tratamento de sementes e outras medidas de manejo.

Se o patógeno estiver na área, deve-se realizar medidas de manejo de forma integrada, como, por exemplo, rotação de culturas, utilização de variedades resistentes, plantio com espaçamento adequado e outros.

Vou agora explicar as diferenças da antracnose nas culturas da soja, milho, feijão e sorgo.

Antracnose na soja

A antracnose foi considerada a segunda doença mais importante da cultura da soja em safras passadas, atrás da ferrugem asiática.

A espécie C. truncatum é a mais encontrada, mas há outras espécies de Colletotrichum sp. que podem causar a doença em soja.

A antracnose pode afetar a planta de soja em qualquer fase de desenvolvimento atingindo folhas, hastes e vagens.

Porém, é mais frequente na fase de floração e no enchimento de grãos, podendo causar queda das flores e vagens.

Se a doença ocorrer no início do desenvolvimento da cultura, pode haver morte das plântulas.

Os sintomas da doença nas folhas são lesões necróticas, podendo ocorrer necrose nas nervuras.

Nas vagens ocorrem lesões escuras de formato irregular e com depressões. Estes danos podem afetar os grãos ou as sementes do interior da vagem.

Os grãos e as sementes ficam com manchas, o que reduz a qualidade e o valor de comercialização, além de veicular o patógeno pela semente.

antracnose
Antracnose é a segunda pior doença da soja, perdendo apenas para a ferrugem asiática
(Fonte: Fundação Rio Verde)

Controle da antracnose na soja

  • Sementes sadias;
  • Tratamento de sementes com fungicidas registrados para o patógeno e para a cultura;
  • Rotação de culturas;
  • Espaçamento adequado nas entre linhas;
  • Fungicidas para a parte aérea (há alguns fungicidas registrados para controle da antracnose na parte aérea, aplicados principalmente nos estádio R5 e R6).

Para consultar os produtos que são registrados para controle da antracnose nas culturas de grãos, consulte o Agrofit.

Em caso de dúvida e para a prescrição do receituário agronômico, procure sempre um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).

>> Leia mais: “Doenças de final de ciclo soja: Principais manejos para não perder a produção

Antracnose no milho

A antracnose no milho é causada por Colletotrichum graminicola, que pode atacar principalmente as folhas e os colmos. Assim, pode reduzir a produção do milho em até 40%.

Tanto o ataque nas folhas como no colmo são limitantes para a cultura do milho.

Isso se deve ao aumento das áreas de plantio direto e de cultivos de 2° safra (safrinha), o que favorece a sobrevivência do fungo nos restos de culturas e posterior infecção nas plantas de milho (aumento do inóculo na sua área de cultivo).

São sintomas da antracnose foliar as lesões necróticas, arredondadas a alongadas de coloração castanha.

antracnose
(Fonte: Rodrigo Véras da Costa em Embrapa)

Já os sintomas da antracnose no colmo são as lesões estreitas com coloração castanha; os tecidos internos ficam escuros e podem entrar em processo de desintegração.

Métodos de controle da antracnose no milho:

  • Uso de variedades resistentes;
  • Rotação de culturas.

Antracnose na cultura do sorgo

Como já comentei, a antracnose é considerada a doença mais importante no sorgo.

O fungo que causa a antracnose também é o C. graminicola, como ocorre na cultura do milho.

A doença no sorgo pode ocorrer em: folhas, colmo, panícula e grãos.

Nas folhas podem ocorrer sintomas em qualquer estádio de desenvolvimento, principalmente a partir do desenvolvimento da panícula.

Inicialmente, as lesões nas folhas são circulares a ovais, com centros necróticos de coloração palha. Esses depois se tornam escuros, com as margens avermelhadas ou castanha, dependendo da variedade.

No colmo formam-se cancros, caracterizados pela presença de áreas mais claras circundadas pela pigmentação característica da planta hospedeira, principalmente em plantas adultas.

E na panícula, pode ser a extensão da fase de podridão do colmo. Ocorrem lesões abaixo da epiderme, com aspecto encharcado de coloração cinza a avermelhada.

O que pode ser notado é que panículas de plantas infectadas são menores e amadurecem mais cedo.

Controle para antracnose no sorgo

  • Uso de variedades resistentes;
  • Sementes sadias;
  • Tratamento de sementes;
  • Rotação de culturas.

>> Leia mais: “Como fazer o manejo efetivo da necrose da haste da soja

Antracnose no Feijoeiro

O fungo que causa a antracnose na cultura do feijão  é C. lindemuthianum.

Como já mencionamos, a antracnose é uma das doenças de grande importância para o feijoeiro e pode atingir toda a parte aérea da planta.

Os sintomas que você pode observar nas folhas são áreas necrosadas nas nervuras, principalmente na parte debaixo da folha, sendo um sintoma característico da doença.

Você também pode ver lesões de formato alongadas e angulosas, de coloração vermelha a marrom. Já nas vagens, as lesões são deprimidas, circulares, com borda escura (marrom ou avermelhada).

Controle da antracnose do feijoeiro

  • Sementes sadias;
  • Tratamento de sementes;
  • Variedades resistentes;
  • Rotação de culturas;
  • Fungicidas para pulverização da parte aérea.

E, para concluir, veja a tabela abaixo com as características da doença Antracnose nas culturas de soja, milho, feijão e sorgo.

antracnose

Conclusão

Neste artigo falamos sobre a antracnose, uma importante doença na cultura dos grãos.

Você viu as formas de sobrevivência do patógeno, condições favoráveis para a ocorrência da doença e as medidas de manejo.

Além disso, abordamos as principais características da antracnose nas culturas da soja, do milho, do feijão e do sorgo.

E mostramos as principais estratégias de controle da doença nas culturas de grãos.

Então, realize um bom manejo da sua cultura e evite perdas de produção com a antracnose!

>>Leia mais:

Míldio: Como identificar na sua lavoura e combater essa doença
Tudo sobre oídio e como manejá-lo em sua área

Você tem problema com a antracnose nas culturas de grãos? Qual medida de manejo você utiliza? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Doenças de final de ciclo soja: principais manejos para não perder a produção

Doenças de final de ciclo soja: como identificar as mais recorrentes e os 5 principais manejos para reduzir o risco de prejuízos na lavoura.

Alcançar uma boa produtividade na cultura da soja é desafiador.

Além das questões climáticas e pragas ao longo do cultivo, doenças de final de ciclo soja podem colocar em risco quase toda a produção.

As perdas podem variar de 10% a 90% da produção, como no caso da ferrugem asiática, por exemplo.

A seguir, falaremos sobre os principais manejos para não perder a produtividade da sua lavoura e as doenças de final de ciclo mais recorrentes. Confira!

Principais manejos para doenças de final de ciclo soja

Uma doença pode ser controlada por mais de um método de manejo, então tente integrá-los e pense no custo-benefício.

Vou listar aqui os principais manejos para as doenças mais recorrentes no final do ciclo da cultura da soja:

1- Cultivares resistentes

Se a doença é problema na sua região e se há cultivares que são resistentes para esta doença  na plantação de soja, utilize cultivares resistentes para o manejo.

Indicado para:

  • Mancha olho de rã
  • Oídio
  • Mancha-alvo

2 – Sementes sadias e tratadas (tratamento de sementes)

É muito importante utilizar sementes certificadas, principalmente porque muitos patógenos são transmitidos pelas sementes contaminadas.

Além das sementes sadias, o tratamento de sementes também é indicado para várias doenças.

Ele pode ser realizado com controle químico e biológico.

No Agrofit você pode verificar os produtos biológicos e químicos registrados para tratamento das sementes

Indicado para:

  • Crestamento foliar
  • Mancha olho de rã
  • Mancha-alvo
  • Antracnose (fungicida sistêmico e de contato)

doenças de final de ciclo soja
(Fonte: Cotrisoja)

3 – Rotação de culturas

Realize rotação de culturas com espécies que não sejam hospedeiras dos patógenos das doenças indicadas para esta medida de manejo. 

Indicado para:

  • Mancha-parda
  • Mancha-alvo
  • Antracnose

4 – Controle químico da parte aérea das plantas

Você pode identificar quais produtos são registrados para a cultura da soja e para o patógeno no Agrofit.  Nele você também encontra qual a dose recomendada.

Não esqueça que para cada doença são realizados procedimentos diferentes.

Para algumas doenças você deve realizar aplicações de fungicidas da cultura da soja de modo protetor. Em outras, somente deve realizar as aplicações no início do desenvolvimento da doença.

Indicado para:

  • Crestamento foliar
  • Mancha-parda (na fase de formação e enchimento das vagens)
  • Oídio
  • Mancha-alvo

Em caso de dúvida no controle das doenças, procure sempre um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).

5 – Gestão agrícola

Planejamento é essencial em qualquer atividade na lavoura, inclusive para o manejo de doenças. Com um planejamento agrícola bem feito, você organiza situações como compra de fungicida, aplicação de defensivos, tratamento de sementes, insumos e outros.

Também é essencial registrar essas atividades, seja com uso de planilhas ou de software para fazenda.

Isso ajuda a gestão agrícola, a tomada de decisões e, consequentemente, o manejo de doenças de final de ciclo soja.

Por isso, esteja atento à sua gestão para o controle eficiente das doenças de final de ciclo soja.

Para lhe ajudar a começar a gestão no final de ciclo da soja, disponibilizamos aqui, gratuitamente, uma planilha de estimativa de produtividade de soja. Com ela, você irá conseguir estimar sua produção e planejar melhor a colheita e venda.

planilha-produtividade-soja

Uma das principais doenças é, na verdade, um complexo delas

Algumas doenças da soja podem ocorrer juntas, ou seja, em um complexo que pode causar perdas de até 30% no rendimento da lavoura.

Abaixo você verá as doenças de final de ciclo soja que podem formar esse complexo (crestamento foliar e mancha-parda) e suas principais características, permitindo sua correta identificação e manejo:

Crestamento foliar de Cercospora e Mancha púrpura da semente

Uma das principais doenças de final de ciclo soja é  causada pelo fungo Cercospora kikuchii. O crestamento foliar é favorecido por clima quente e chuvoso.

Este fungo pode atacar todas as partes da planta.

Os sintomas nas folhas são pontuações escuras, com coloração castanho-avermelhado, que se desenvolvem e formam grandes manchas.

Também pode ocorrer a queda prematura das folhas. Isso pode ser confundido pela senescência prematura da cultura,  que pode reduzir a produtividade da lavoura.

Nas vagens, aparecem pontuações vermelhas que evoluem para manchas castanho-avermelhadas.

Através da vagem, o fungo atinge a semente, causando a mancha-púrpura na semente ou grão.

Na haste podem ocorrer lesões avermelhadas e levemente deprimidas.

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Mancha-púrpura no grão ou semente de soja
(Fonte: Paulo Edimar Saran)

Mancha-parda ou septoriose

A mancha-parda é uma doença causada pelo fungo Septoria glycines e pode ocorrer desde o início do desenvolvimento da cultura da soja. O fungo necessita de um período mínimo de molhamento foliar de 6 horas e temperatura entre 15℃ a 30℃ para o desenvolvimento dos sintomas.

No final do ciclo da cultura, a doença causa pontuações pardas nas folhas, que evoluem para manchas castanhas com centro angular com halo amarelo. A doença também causa desfolha precoce nas plantas de soja.

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(Fonte: Paulo Edimar Saran)

Um conhecimento importante sobre as doenças é como o fungo sobrevive após a colheita da cultura.

Esse conhecimento muitas vezes ajuda no desenvolvimento das estratégias eficientes de controle da doença.

As formas de sobrevivência dos fungos que causam a mancha-parda e o crestamento foliar são através de sementes infectadas e restos culturais.

Doenças de final de ciclo soja que ocorrem também no desenvolvimento  da cultura

Algumas publicações também relatam outras doenças como sendo de final de ciclo na cultura da soja.

Porém, doenças como antracnose, oídio, mancha olho de rã, entre outras, podem ocorrer desde estádios de desenvolvimento mais iniciais até o final do ciclo.

Veja na figura abaixo as principais doenças da cultura da soja e os momentos em que elas ocorrem:

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(Fonte: Paulo Edimar Saran)

Antracnose

Essa doença é causada pelo fungo Colletotrichum truncatum e é favorecida em regiões de clima quente e úmido.

A Antracnose foi considerada a segunda doença mais importante da cultura em safras passadas.

Pode ocorrer na cultura da soja desde o início do desenvolvimento e ocasionar morte das plântulas.

Ao longo do desenvolvimento da cultura, o fungo tende a causar manchas na haste, folhas e nas vagens.

A partir da floração pode ocorrer sintomas nas vagens, que ficam com coloração castanha-escura.

As sementes ou grãos, se atacadas pelo fungo, apresentam manchas castanhas deprimidas. O fungo pode sobreviver em restos culturais e sementes.

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(Fonte: Fundação Rio verde)

Mancha olho de rã

As perdas com está doença podem chegar até 60%. Ela é causada pelo fungo Cercospora sojina.

Esta doença também é favorecida por presença de água nas folhas e temperaturas altas, sendo mais comum na fase de floração da planta.

Nas folhas, inicialmente, ocorrem pequenos pontos escuros que evoluem para lesões marrons, com margem mais escura.

Com o desenvolvimento da doença, na face superior ocorrem manchas castanho-claras no centro, com bordos castanho-avermelhados. Na face inferior, a região central apresenta coloração cinza.

Nas vagens podem ocorrer lesões avermelhadas circulares a alongadas.

O fungo que causa esta doença também pode atacar as sementes, que ficam com coloração acinzentada a marrom.

Este fungo sobrevive em restos de culturas e pode ser disseminado por sementes.

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(Fonte: Paulo Edimar Saran)

Mancha-alvo

A mancha alvo é causada por Corynespora cassiicola, que é favorecida por temperaturas amenas e alta umidade.

A doença pode apresentar perdas de até 35% na produtividade.

Podem ocorrer sintomas nas folhas, haste, vagens e sementes ou grãos.

Nas folhas, os sintomas da doença se iniciam por pontuações pardas, com halo amarelado, evoluindo para manchas circulares de coloração castanha.

Normalmente, essas manchas apresentam pontuação no centro e anéis concêntricos de coloração mais escura (semelhantes a um alvo).

Nas vagens, podem ocorrer lesões de formato circular, levemente deprimidas.

O fungo pode penetrar da vagem para a semente de soja, formando lesões de coloração castanha.

Este fungo também pode sobreviver em restos culturais e ser disseminado por sementes contaminadas.

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(Fonte: Dirceu Gassen em Agrolink)

Oídio

Doença causada pelo fungo Microsphaera difusa, que é favorecido por temperaturas amenas e baixa umidade.

Oídio pode ocorrer em folhas, vagens e hastes, apresentando inicialmente coloração branca e, com o passar do tempo, coloração castanha-acinzentada.

Esta doença também pode favorecer a queda precoce das folhas.

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(Fonte: Cláudia V. Godoy em Embrapa)

Ferrugem asiática

Phakopsora pachyrhizi é o fungo que causa a ferrugem asiática, podendo causar perdas de 10% a 90% nas lavouras.

Essa doença pode ser observada em qualquer estádio de desenvolvimento da planta, mas preferencialmente a partir do fechamento do dossel.

Esta doença é de difícil identificação nos estádios iniciais, por não ter os esporos alaranjados como em outras ferrugens.

Os esporos desta ferrugem são mais claros. Assim, deve-se olhar na parte de baixo das folhas com auxílio de uma lupa e procurar saliências que são as pústulas.

-Caso você dificuldade para o diagnostico, procure uma clínica fitopatológica para a correta identificação.

Com o progresso da doença, essas estruturas ficam com coloração castanha, se abrem e liberam esporos.

Se você observar folhas amarelas na lavoura, provavelmente a ferrugem já está presente há mais de 30 dias na lavoura, ficando difícil o controle.

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Lavoura de soja durante o período reprodutivo intensamente atacada por ferrugem asiática (A), e a mesma lavoura, uma semana após, apresentando severa desfolha (B)
(Fonte: Pioneer sementes)

Recentemente no blog nós demos 6 dicas para combater de vez a ferrugem asiática da sojaTambém falamos sobre combate às ferrugens: controle essas doenças nas culturas do milho e soja.

planilha - monitore e planeje a safra de soja de forma automática

Conclusão

Neste texto apresentamos a classificação das doenças de final de ciclo soja, os sintomas e condições favoráveis para cada uma delas.

Você também conferiu dicas que podem te ajudar no manejo das doenças e evitar perdas de produtividade na cultura da soja.

Com essas informações, aperfeiçoe seu planejamento agrícola e faça um bom manejo das doenças de final de ciclo.

Afinal, sua lavoura é parte da sua empresa agrícola e você precisa obter lucro com ela!

>> Leia mais:

“Mancha-púrpura na soja: como livrar sua lavoura dela”

“Como identificar e manejar o crestamento bacteriano na soja”

Quais doenças de final de ciclo soja têm sido mais recorrentes em sua lavoura? Quais métodos de controle você tem utilizado? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Doenças do milho: conheça as 10 principais e as formas de manejo 

Atualizado em 09 de agosto de 2022.

Doenças do milho: saiba como identificá-las, quando acontecem, quais danos trazem à cultura e muito mais!

A cultura do milho pode ser afetada por diversas doenças causadas por fungos, bactérias, vírus e nematoides.

As doenças são um dos fatores limitantes para a produção de milho. Por isso, a correta identificação é essencial para a adoção de estratégias de manejo adequadas. 

A seguir, conheça um pouco mais sobre as doenças do milho e como realizar o controle. Boa leitura!

Quais as principais doenças do milho?

As principais doenças da cultura do milho são:

  • Antracnose;
  • Cercosporiose;
  • Enfezamento;
  • Ferrugem;
  • Helmintosporiose;
  • Mancha-branca ou pinta-branca;
  • Mosaico comum;
  • Nematóides;
  • Podridão de Fusarium;
  • Mancha de Diplodia.

Das citadas, as doenças foliares no milho são as ferrugens, a antracnose foliar, a helmintosporiose, a cercosporiose e a mancha-branca. A mancha de Diplodia e a podridão de Fusarium são doenças da espiga do milho, que causam podridões no colmo e nas espigas.

Agora, confira um pouco mais sobre cada uma delas e entenda como identificar as doenças no milho.

1. Antracnose no milho

A antracnose é uma doença fúngica causada pelo patógeno Colletotrichum graminicola. Os sintomas da antracnose no milho podem ser observados nas folhas e no colmo da planta.

Nas folhas, aparecem lesões de formatos variados e de coloração castanho claro. Geralmente, os sintomas iniciam nas folhas do baixeiro e avançam em direção ao ápice da planta.

No colmo, é possível observar lesões com aspecto encharcado e de coloração marrom escuro. Em áreas onde é realizado o sistema de plantio direto, a incidência de antracnose é maior. Isso ocorre em razão do aumento da quantidade de inóculo nos restos culturais. 

2. Cercosporiose do milho

A cercosporiose é uma doença de grande importância econômica e que ataca as folhas do milho. Ela é causada pelos fungos Cercospora zea-maydis, Cercospora sorghi f. sp. maydis e Cercospora zeina.

O principal sintoma da cercosporiose é o aparecimento de lesões que crescem paralelamente às nervuras das folhas. Dependendo da severidade da doença, pode ocorrer o acamamento das plantas.

A disseminação da doença é feita pelos esporos do fungo. Os restos culturais são a principal fonte do inóculo.

3. Enfezamento

O enfezamento do milho é uma doença sistêmica causada por microrganismos conhecidos por molicutes. Dois tipos de enfezamento atacam a cultura do milho, são eles:

  • Enfezamento pálido (Spiroplasma kunkelli);
  • Enfezamento vermelho (Phytoplasma). 

O inseto vetor dessa doença no milho é a cigarrinha (Dalbulus maidis). O sintoma característico do enfezamento pálido são estrias de coloração esbranquiçada que surgem na base das folhas. Além disso, as plantas ficam raquíticas.

No enfezamento vermelho, as folhas adquirem coloração avermelhada. Além disso, ocorre o encurtamento dos entrenós e perfilhamento na base da planta e nas axilas foliares. 

Em ambos os casos, as plantas de milho infectadas podem apresentar maior número de espigas. No entanto, elas têm poucos ou nenhum grão, o que afeta diretamente a produtividade.

4. Ferrugem (comum, polissora e tropical)

As doenças conhecidas por ferrugem são de origem fúngica. Elas estão disseminadas na maioria das áreas produtoras de milho. A cultura do milho pode ser atacada por  três tipos de ferrugem:

  • Ferrugem comum do milho(Puccinia sorghi);
  • Ferrugem polissora do milho (Puccinia polysora);
  • Ferrugem tropical ou branca do milho(Physopella zeae).

Dessas três, a ferrugem polissora pode ser considerada a mais agressiva. Quando o manejo não é realizado de forma adequada, as lavouras contaminadas pela ferrugem polissora podem ter a produtividade reduzida em mais de 50%

Confira no quadro abaixo quais são os sintomas dos três tipos de ferrugem e quais as condições favoráveis para o desenvolvimento de cada uma delas.

Diferenças entre as ferrugens do milho
(Fonte: adaptação da autora)

5. Helmintosporiose no milho

A helmintosporiose é uma doença que tem maior incidência em lavouras de milho cultivadas na safrinha. Essa doença é causada pelo fungo Exserohilum turcicum.

O principal sintoma da helmintosporiose na cultura do milho é o aparecimento de lesões necróticas nas folhas. Essas manchas têm formato alongado e podem ser observadas primeiro nas folhas mais velhas.

6. Mancha-branca ou pinta-branca

A mancha-branca é uma doença do milho causada por mais de um patógeno. A bactéria Pantoea ananatis é a principal deles. Alguns fungos no milho também estão associados a essa doença. 

O sintoma característico dessa doença é o aparecimento de lesões de formato circular. Essas lesões têm o aspecto encharcado e coloração verde-clara.

Esse sintoma tem início na ponta das folhas. Eles são visíveis, primeiro, nas folhas inferiores. À medida que a doença avança, esses sintomas atingem as folhas superiores da planta.

7. Mosaico-comum do milho

O mosaico comum do milho é uma doença causada pelo vírus Sugarcane mosaic virus. Essa virose também ataca a cultura do sorgo e outras gramíneas. O principal vetor do mosaico comum é o pulgão (Rhopalosiphum maidis).

O sintoma típico dessa doença é o aparecimento de manchas em diferentes tons de verde nas folhas. Essas manchas conferem às folhas um aspecto de mosaico.

Além disso, as plantas de milho contaminadas apresentam menor altura. As espigas e os grãos também têm o tamanho reduzido. 

8. Nematoides

As principais espécies de nematoides que atacam o milho são:

  • Pratylenchus brachyurus;
  • Pratylenchus zeae; 
  • Helicotylenchus dihystera;
  • Criconemella spp.; 
  • Meloidogyne spp; 
  • Xiphinema spp.

Os sintomas causados por nematóides dependem da suscetibilidade do milho, da espécie e da densidade populacional do patógeno.

Os nematóides atacam o sistema radicular das plantas e interferem na absorção de água e nutrientes. Isso prejudica o desenvolvimento do milho.

Reflexo do ataque desses parasitas, as plantas de milho apresentam menor porte, clorose e murcha foliar nos períodos mais quentes do dia.

9. Podridão de Fusarium

A podridão de Fusarium é uma doença causada por fungos no milho, sendo eles o Fusarium moniliforme e o Fusarium subglutinans. Essa doença causa a murcha das plantas, tombamento e podridão da espiga.

No colmo das plantas de milho é possível observar lesões de coloração marrom. Na parte interna do colmo, o tecido adquire coloração rosada.

A infecção por esses patógenos é favorecida por alguma injúria causada por insetos e nematóides, por exemplo. A lesão funciona como porta de entrada para o fungo.

Os agentes causadores da podridão de Fusarium são fungos de solo. Eles têm a capacidade de sobreviver nos restos culturais por longos períodos.

>>Leia mais: “Podridão branca da espiga: Entenda mais e controle essa doença na sua área

10. Mancha de diplodia

A mancha de diplodia é causada pelo fungo necrotrófico Stenocarpella macrospora

Os sintomas dessa doença podem ser observados em várias partes da planta: folhas, colmo, hastes, espigas e sementes do milho.

A mancha de diplodia causa lesões nas folhas, podridão do colmo, podridão da espiga e grãos ardidos. As lesões foliares têm formato alongado e se caracterizam pela presença de um pequeno círculo visível contra a luz.

As sementes infectadas são o principal veículo de disseminação da doença. Os esporos do fungo sobrevivem nos restos culturais.

Quando as doenças no milho ocorrem?

Algumas doenças têm maior ocorrência dependendo da fase fenológica do milho. A ferrugem comum, por exemplo, pode acontecer entre os estádios V3 e R4. A ferrugem polissora, por sua vez, acontece entre V6 e R5.

A cercosporiose tem maior incidência entre a metade do estádio V6 e o final do R5. A mancha-branca ocorre entre metade do estádio V9 até o fim do ciclo da cultura. 

Já a podridão de fusarium acontece mais para o final do ciclo, entre R3 e R6. Ficar por dentro das épocas de incidência é fundamental para conseguir evitar as doenças, protegendo a produtividade da lavoura.

Confira abaixo quais as épocas de maior incidência de outras doenças do milho, de acordo com o ciclo da cultura.

Agora que você conheceu as principais doenças da cultura do milho e quando elas ocorrem, veja como realizar o manejo. 

Como controlar as doenças no milho

O manejo de doenças na cultura do milho é realizado pela adoção de medidas genéticas, culturais e químicas

É importante que sejam adotadas várias estratégias de controle para aumentar a eficiência do manejo. Abaixo, veja algumas medidas a serem empregadas no manejo de doenças em lavouras de milho:

  • Plantio de cultivares resistentes/tolerantes;
  • Evitar alta densidade de semeadura;
  • Evitar o plantio sucessivo de milho na mesma área;
  • Realizar o plantio e a colheita em épocas adequadas;
  • Utilizar sementes com qualidade fisiológica e sanitária;
  • Tratamento de sementes com fungicidas para milho;
  • Rotação com espécies não hospedeiras das doenças;
  • Controle das plantas invasoras;
  • Controle das pragas do milho;
  • Adubação do milho equilibrada;
  • Evitar o excesso de água em lavouras irrigadas;
  • Eliminação de restos culturais contaminados;
  • Escolha híbridos de milho resistentes;
  • Controle químico com produtos registrados no Mapa.

Todas essas recomendações são de grande importância e devem ser consideradas no programa de manejo de doenças na cultura do milho.

Conclusão

De modo geral, a ocorrência de doenças nas lavouras é um dos gargalos da produção agrícola. O milho é uma cultura afetada por doenças causadas por vírus, bactérias, fungos e nematóides. 

O conhecimento das doenças e de como realizar o controle faz parte do planejamento agrícola. Isso garante maiores chances de sucesso para o seu negócio.

Agora que você conhece as principais doenças do milho adote as estratégias citadas no artigo para maior eficiência no controle das doenças e também maior produtividade da lavoura.

Você tem mais dúvidas sobre estas doenças do milho? Quais práticas de manejo você utiliza? Adoraria ver seu comentário aqui embaixo.

foto da redatora Tatiza. Ela está com blusa preta, casaco jeans azul, e está sorrindo na frente de uma paisagem cheia de plantas

Atualizado em 09 de agosto de 2022 por Tatiza Barcellos.

Tatiza é engenheira-agrônoma e mestra em agronomia, com ênfase em produção vegetal, pela Universidade Federal de Goiás.