About Gressa Chinelato

Sou Engenheira Agrônoma e mestra pela Esalq/USP. Atualmente, estou cursando MBA em Agronegócios e fazendo doutorado no Programa de Fitopatologia na Esalq.

6 passos para fazer o planejamento financeiro da sua fazenda com sucesso

Planejamento financeiro: Como estruturá-lo em sua propriedade para tomar decisões mais assertivas e alcançar mais lucro.

Você tem controle do financeiro da sua empresa agrícola hoje? Sabe quando tem lucro ou prejuízo com a fazenda?

Diante dessas questões, vejo que muitos produtores ainda não têm uma administração financeira da propriedade.

Ter as respostas para essas perguntas é muito importante para o sucesso de um negócio agrícola.

Para responder a essas questões, é necessário ter uma boa gestão agrícola – e é indispensável ter um planejamento financeiro.

Para te ajudar com isso, preparamos este texto com 6 passos para a elaboração do planejamento financeiro. Confira!

Planejamento financeiro na sua empresa agrícola

Você já deve ter escutado esta frase: “o sucesso de um negócio começa com um bom planejamento”.

Em uma empresa rural, não é diferente. Com o avanço das tecnologias, problemas de pragas nas lavouras e o grande número de atividades envolvidas nas propriedades rurais, é necessário ter planejamento.

E o planejamento agrícola é o ato de se programar pensando no seu objetivo agrícola. Por isso, é preciso que você entenda e planeje todas as atividades envolvidas na sua lavoura.

Como sempre falo, sua propriedade rural é sua empresa, por isso, você precisa cuidar do seu negócio.

Assim, para obter lucro e tomar decisões assertivas na sua atividade, você deve ter um planejamento financeiro. Desta forma você tem o direcionamento de que caminho seguir para ter sucesso e alcançar seu objetivo.

O planejamento financeiro é importante para que sua empresa rural não tenha um custo maior que a renda. E, se isso ocorrer, você deve modificar suas atividades e sua programação.

Deixar de lado esta etapa ou realizar um planejamento financeiro mal feito pode acarretar prejuízos para sua fazenda.

Mesmo que sua empresa rural seja pequena, é muito importante realizar esse planejamento. 

Por isso, listei 6 passos para você iniciar um planejamento financeiro com sucesso na sua fazenda.

Passo 1: Realize o diagnóstico financeiro da empresa

Conheça como está a parte financeira da empresa, ou seja, a situação atual do negócio (diagnóstico do seu negócio).

Analise os dados de safras anteriores (histórico da parte financeira da propriedade). Quais foram os gastos da fazenda; o que recebeu da sua produção agrícola; qual foi o custo de produção da safra passada, entre outros dados.

Saber onde sua empresa rural está na parte financeira te auxilia no planejamento, determinando quais os pontos a serem melhorados ou que devem ser seguidos no planejamento.

Além de conhecer a parte financeira, conheça seu negócio como um todo. Saiba as características da cultura; produção estimada; operações agrícolas necessárias; defensivos que serão utilizados, entre outros.

Aqui no blog temos diversos materiais que te auxiliam no conhecimento de pragas, doenças, plantas daninhas, análise de solo, adubação e outros dados sobre a cultura que irá implantar na sua fazenda.

Então, procure ter o máximo de informações que sejam importantes para o planejamento financeiro do seu negócio – e não deixe de registrar esses dados!

E um lembrete muito importante: separe suas finanças pessoais e a da empresa sempre.

Passo 2: Registre todas as informações para realizar o planejamento financeiro 

Anote ou registre todas as informações da parte financeira de sua fazenda. Essas informações podem estar contidas no histórico da propriedade que comentamos no passo 1.

Além disso, para realizar o planejamento das finanças você precisa registrar o que pretende gastar, o que irá ganhar, quando pretende vender e muitas outras informações.

Outro ponto importante que deve ser registrado é sobre situações que podem ocorrer durante as atividades agrícolas: quais tipos de operações agrícolas podem ser usadas; preço de defensivos agrícolas; preço de venda da cultura; armazenamento do produto, entre outras.

Ou seja, você tem de ter um olhar para diferentes cenários que podem ocorrer na sua lavoura. 

Por exemplo, o preço do grão pode reduzir ou aumentar na época que você irá colher e isso deve constar no planejamento financeiro. Assim, você sabe o que fazer se isso acontecer. 

Outro ponto que deve ser considerado para o planejamento financeiro são as informações sobre o mercado. Se você produz soja, por exemplo, veja qual a tendência do preço do grão no momento em que for colher.

Também verifique e registre se irá estocar a soja colhida e quando pretende vendê-la.

Passo 3: Verifique o fluxo de caixa

Fluxo de caixa é você registrar todas as contas da sua empresa rural, tanto a entrada como a saída de dinheiro (receitas e despesas).

planejamento financeiro

(Fonte: Sebrae)

Mas como isso pode te auxiliar no planejamento financeiro?

Você pode utilizar o fluxo de caixa de safras passadas para te auxiliar a planejar a parte financeira da sua empresa, já que lá tem tudo organizado: o que e com que gastou; o que e com o que recebeu; qual foi o lucro, entre outros dados.

Enfim, o fluxo de caixa te ajuda a trilhar o planejamento financeiro.

Além disso, com o fluxo de caixa você sabe onde sua fazenda está em relação à parte financeira. Você também consegue planejar as contas da sua empresa de acordo com o valor que tem em caixa.

Ter um fluxo de caixa atual da fazenda te auxilia no acompanhamento do planejamento financeiro que realizou para a sua empresa rural.

Para fazer o fluxo de caixa da sua fazenda e o planejamento financeiro de forma descomplicada, você também pode utilizar softwares de gestão.

Vou falar mais sobre esse assunto no passo 5.

Passo 4: Confira seu estoque

Ter o estoque organizado pode te ajudar muito no planejamento financeiro da empresa.

Se você sabe o que tem no estoque e o que precisa comprar, isso facilita o planejamento financeiro.

É importante ter o estoque conferido para saber qual a quantidade disponível de cada produto e quanto essa quantidade significa em custos (em reais ou dólares).

Se você planeja suas atividades agrícolas, você sabe se precisa comprar fertilizantes, por exemplo, e pode realizar orçamentos desses produtos.

Com esses orçamentos em mãos, seu planejamento financeiro é mais efetivo.

Lembre-se que comprar insumos com antecedência pode proporcionar uma boa economia. Se precisar de ajuda com esse controle, aproveite para baixar uma planilha de controle de estoque de defensivos agrícolas.

Passo 5: Registre e controle o planejamento financeiro

Ao longo da execução das atividades da sua empresa rural, você deve se atentar se o planejamento financeiro está sendo executado (registre as informações) e o que pode ser melhorado tanto no planejamento como nas atividades da fazenda.

Caso o planejamento financeiro não tenha sido executado e você obteve prejuízo, é necessário identificar qual foi a falha do processo e corrigir.

Passo 6: Use um software de gestão agrícola

As planilhas são ótimas para começar. Mas, com o tempo, os seus dados estarão descentralizados e ficará cada vez mais difícil de analisar o cenário econômico do seu negócio rural.

Para resolver esse problema, conte com um software de gestão como o Aegro. Essa ferramenta permite que você acompanhe a trajetória completa do seu dinheiro em um só lugar, além de acompanhar os indicadores financeiros por completo.

Tudo começa com o orçamento da safra, onde você define o quanto quer gastar com insumos, maquinário, salários, entre outras possíveis despesas. Você também estabelece suas metas de produtividade e verifica o quanto precisa vender para não ficar no prejuízo.

controle de custos Aegro

Depois, você vincula as suas contas bancárias ao sistema e começa a organizar o seu fluxo de caixa, registrando parcelas a pagar e a receber. O controle das suas finanças pode ser feito tanto pelo computador, quanto pelo celular.

No final do processo produtivo, o aplicativo te oferece uma análise detalhada de custos e rentabilidade para cada talhão. Ou seja, você tem em mãos um histórico de gastos e receitas para tomar melhores decisões no futuro.

Além disso, suas informações ficam armazenadas na nuvem, o que permite que você acesse o software de qualquer lugar e garante mais segurança para o seu planejamento financeiro.

Simplifique a gestão do seu negócio com a importação financeira de contas a pagar e receber

A importação de histórico financeiro é o jeito mais simples e prático de começar a utilizar o Aegro. 

Importe os dados de contas a pagar e receber de suas planilhas ou de outras ferramentas e ganhe agilidade no uso do sistema. Assim, você mantém o controle do seu histórico e garante a eficiência do seu time, reduzindo o tempo gasto com a digitação dos dados para outras atividades.

Seus dados são importados de uma vez, permitindo que o Aegro utilize as informações para gerar as análises necessárias para o controle do negócio.

Tela que mostra importação de histórico financeiro com Aegro

Quer saber como o Aegro pode agilizar ainda mais as atividades do seu negócio? Clique aqui e assista a uma demonstração gratuita!

planilha de fluxo de caixa

Conclusão

O planejamento financeiro é indispensável para uma boa gestão da empresa rural.

Neste texto, comentamos a importância do planejamento da parte financeira da fazenda, visando a obtenção de lucro com as atividades.

Também abordamos 6 passos para que você realize um planejamento de sucesso e a importância de separar sua vida financeira das contas da fazenda.

Com estas informações, dê o primeiro passo e mãos à obra, ou melhor, mãos no computador/celular para começar seu planejamento financeiro!

>> Leia mais:

“Conheça a relação entre taxa Selic e agronegócio”

Você sabe onde está o gargalo do seu planejamento agrícola?”

Planejamento rural eficiente: maximize sua produtividade e aumente seu lucro

Você realiza o planejamento financeiro em sua fazenda? Quais são suas dificuldades? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Como fazer o manejo efetivo da necrose da haste da soja

Necrose da haste da soja: Sintomas, diagnose e as principais formas de manejo da doença para evitar prejuízos na sua lavoura.

A cultura da soja é muito importante para o Brasil, tendo como estimativa de safra para 2018/19, segundo a Conab, 115 milhões de toneladas.

No entanto, vários fatores podem afetar sua produção, como as doenças. E uma das que merecem nossa atenção é a necrose da haste da soja.

Com alto potencial de prejuízo na lavoura, a doença ganha notoriedade. Para que isso não ocorra, precisamos entender como é realizada a correta identificação e quais as principais medidas de manejo. 

Por isso, fizemos esta matéria exclusiva com a Agronômica Laboratório de Diagnóstico Fitossanitário e Consultoria, através da Dra. Tatiana Mituti,  esclarecendo todas essas questões. Confira!

Necrose da haste da soja e sua importância

A necrose da haste da soja é uma doença causada pelo vírus Cowpea mild mottle virus (CpMMV), que pertencente ao gênero Carlavirus.

Essa virose foi identificada no Brasil, primeiramente, em feijoeiro da cultivar Jalo, em 1979.

Na cultura da soja, o CpMMV foi detectado mais tarde, na safra 2000/01.

E, desde então, a doença pode causar prejuízos na cultura da soja se não forem realizadas as medidas de manejo, como vamos discutir mais adiante.

As plantas hospedeiras deste vírus pertencem à família das leguminosas, sendo a soja e o feijão os principais hospedeiros.

Em feijoeiro, o CpMMV pode causar a doença chamada mosaico angular do feijoeiro.

CpMMV é transmitido pela mosca-branca (Bemisia tabaci), sendo que a transmissão do vírus é diretamente proporcional à população de mosca-branca na área.

Esse inseto vetor é responsável pela disseminação de muitas viroses no Brasil, para várias culturas.

necrose da haste da soja

Mosca branca, Bemisa tabaci MEAM1 (biótipo B)

(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

A mosca branca infectada com o CpMMV pode disseminar a necrose da haste da soja para outras áreas de cultivo.

Mas além dessa disseminação, algumas pesquisas relatam que sementes infectadas com CpMMV apresentam potencial para disseminar o vírus nos plantios de soja.

Entender essas formas de disseminação é importante para determinar as medidas de manejo para a necrose da haste da soja.

Mas antes de falarmos sobre as medidas de manejo, veja alguns sintomas da doença:

Sintomas da necrose da haste da soja

Nas plantas de soja, o vírus pode causar alguns sintomas como:

  • Escurecimento do pecíolo e das nervuras foliares;
  • Clorose e mosaico da folha, podendo apresentar aspecto de bolhas no limbo foliar;
  • Necrose da haste;
  • Queima do broto;
  • Nanismo;
  • Vagens deformadas e grãos pequenos.

Esses sintomas ficam mais evidentes na floração e no início da formação das vagens.

Assim, no início da doença, os sintomas podem passar despercebidos pelos produtores. Os sintomas começam a se manifestar, ficando mais evidentes após a floração.

Quando a planta está infectada com o vírus, após a floração, normalmente se observam os sintomas de necrose na haste e queima do broto. E isso pode progredir para a morte da planta, que irá impactar na produção da sua lavoura. 

necrose da haste da soja

Sintomas da infecção do Cowpea mild mottle virus (CpMMV) em soja. A) Necrose sistêmica das nervuras; B) curvatura do broto apical; c) Necrose da haste da soja.

(Fonte: Gabriel M. Favara)

Se você realizar o corte da haste de soja infectada com este vírus, provavelmente irá observar um escurecimento da parte interna.

Mesmo observando a necrose da haste e outros sintomas da doença, algumas vezes estes podem passar despercebidos pelos agricultores ou serem confundidos com outras doenças.

Por isso, é importante realizar o diagnóstico correto das plantas de soja.

Diagnóstico da necrose da haste da soja

Para a correta diagnose da doença na planta ou na semente de soja, recomenda-se realizar a análise das amostras através do método molecular.

Para isso, é necessário o envio das amostras para um laboratório capacitado. Um exemplo de laboratório é o Agronômica

As etapas para análise são: extração do ácido nucléico (RNA total) a partir de folhas ou sementes; posteriormente, é realizada a RT-PCR (Transcrição Reversa – reação em cadeia de polimerase), que serve para amplificar (multiplicar) o número de cópias de uma sequência específica de RNA; e análise dos resultados, quanto à ausência ou presença da praga alvo.

necrose da haste da soja

Etapas para extração de ácido nucléico; e equipamento utilizado para a RT-PCR, que permite a correta diagnose de doenças em plantas.

(Fonte: Laboratório Agronômica)

A correta diagnose é muito importante nas plantas na sua lavoura de soja, mas principalmente nas sementes que são utilizadas para implantação da cultura na área.

Agora que você sabe como diagnosticar a necrose da haste, vamos falar sobre as principais medidas de manejo da doença.

Medidas de manejo para a necrose da haste da soja

As principais medidas de manejo para esta doença são preventivas, ou seja, devem ser realizadas para que a doença não ocorra na sua lavoura de soja.

Algumas medidas de manejo são:

  • Uso de cultivares de soja resistentes ou tolerantes ao CpMMV;
  • Uso de sementes sadias e certificadas;
  • Controle químico do vetor (mosca branca): como a transmissão do vírus para as plantas de soja é muito rápida, nem sempre o controle químico é uma boa opção.

Lembrando que, para um manejo efetivo, você deve utilizar várias medidas de manejo, ou seja, integrar diferentes práticas.

Em caso de dúvidas para a escolha da cultivar de soja a ser utilizada na sua lavoura, procure um(a) eng. Agrônomo(a).

>> Leia mais: “Mofo-branco: Como identificar, controlar e prevenir na sua lavoura

Conclusão

A necrose da haste da soja pode causar perdas na produtividade da cultura, por isso é importante conhecê-la.

Neste texto, comentamos sobre a importância da doença e sua disseminação.

Abordamos ainda os sintomas e como é realizado o diagnóstico da doença por um laboratório.

E, por fim, discutimos as principais medidas de manejo da necrose da haste da soja na sua área. 

Agora que você conhece essas informações, realize o controle preventivo para a necrose da haste da soja para evitar problemas com a doença em sua propriedade!

>> Leia mais:

Antracnose nas culturas de grãos: Como controlar de modo eficaz
Tudo sobre o oídio e como manejá-lo em sua área
Fungos de solo: veja as principais causas e como evitá-los

Você tem problemas com necrose da haste da soja na sua lavoura? Quais medidas de manejo utiliza para controle? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Tudo sobre as novas cultivares de soja com resistência ao nematoide do cisto

Resistência ao nematoide do cisto: Novas cultivares de soja, raças do NCS e as principais medidas de manejo para evitar prejuízos na lavoura.

Muitos problemas podem afetar uma lavoura de soja. O nematoide do cisto é um deles e pode causar perdas de até 100% na produtividade.

Para evitar prejuízos, é importante conhecer as características do nematoide, sintomatologia nas plantas de soja e medidas de manejo.

Uma das mais eficientes é o uso de cultivares com resistência ao nematoide do cisto. 

Aqui mostramos os estudos com novos cultivares de soja com essa resistência e outras dicas para se livrar desses nematoides na sua área. Confira!

Resistência ao nematoide do cisto da soja

O mecanismo de resistência das cultivares de soja ao Nematoide do Cisto da Soja (NCS) (Heterodera glycines) é, normalmente, a reação de hipersensibilidade. Ou seja, os tecidos da planta de soja afetados morrem, o nematoide não se desenvolve e acaba morrendo.

Existem, no mercado, várias cultivares de sojas resistentes normalmente apenas às raças 1 e 3 do NCS.

Uma cultivar lançada este ano pela Embrapa, Fundação Cerrados e Fundação Bahia, a BRS 7581RR, tem resistência a quatro raças do NCS: 1, 3, 5 e 14.

Mesmo tendo várias cultivares de soja no mercado, é necessária a contínua busca por novas variedades que sejam resistentes a mais raças do NCS e a novas fontes de resistência, pois o nematoide apresenta alta variabilidade genética.

Por isso, várias instituições de pesquisa trabalham para obtenção de cultivares resistentes de soja.

Para entender melhor como essas pesquisas são realizadas, vou comentar sucintamente sobre um trabalho desenvolvido pela UFMT para seleção de genótipos de soja resistentes a raças do NCS.

Estudos sobre resistência ao nematoide do cisto da soja

No estudo da UFMT foram testadas linhagens e cultivares de soja provenientes do Programa de Melhoramento Genético da Universidade Federal de Uberlândia.

Para a pesquisa, foi avaliada a resistência dos genótipos às raças de NCS: 1, 2, 4, 5, 6 e 14.

Também foram incluídas no teste algumas cultivares diferenciadoras (padrão de suscetibilidade e resistência) para caracterização das raças.

Foram analisadas algumas variáveis como: altura de plantas, diâmetro do caule e número de fêmeas do NCS nas raízes.

E, ao final, têm-se as cultivares que apresentaram resistência, algum grau de resistência ao nematoide do cisto ou são suscetíveis a ele.

Lembre-se que foram e são realizados muitos trabalhos para desenvolvimento de cultivares resistentes de soja por várias instituições de pesquisas.

E os trabalhos apresentam muitas diferenças quanto à execução e desenvolvimento para a obtenção de novas cultivares com resistência ao nematoide do cisto.

resistência ao nematoide do cisto

Fêmeas do nematoide do cisto da soja

(Fonte: C. Grau em Crop Protection Network)

Você observou que falamos de raças do NCS. Mas, afinal, o que são essas raças?

Raças do Nematoide do cisto da soja

Raça fisiológica é habilidade de uma determinada população em parasitar determinada planta hospedeira. Ou seja, são populações de nematoides que a maioria tem preferência por parasitar uma hospedeira.

Já foram encontradas 11 raças de NCS no Brasil. Essas raças são denominadas 1, 2, 3, 4, 4+, 5, 6, 9, 10, 14 e 14+.

As raças 4+ e 14+ somente foram descritas no Brasil e diferem das raças 4 e 14 por parasitar a ‘Hartwig’, uma cultivar de soja norte-americana até então resistente a todas as raças conhecidas nos EUA.

Ainda não sabe se tem problemas com esse nematoide na sua fazenda? Veja a seguir como descobrir:

Como saber se tenho o nematoide do cisto na minha área? Veja os principais sintomas

Na cultura da soja, o NCS causa a doença nanismo amarelo da soja.

Como o nematoide penetra na raiz, isso interfere na absorção de água e nutrientes, provocando porte reduzido (plantas pequenas) e clorose na parte área das plantas. Esses sintomas, normalmente, acontecem em reboleira.

Pelos danos causados nas raízes, algumas plantas podem acabar morrendo.

resistência ao nematoide do cisto

Danos causados por nematoides na soja, sintoma em reboleira

(Fonte: Grupo Cultivar)

Para o diagnóstico correto, deve-se observar as fêmeas presas nas raízes das plantas ou cisto no solo. Normalmente, as raízes das plantas atacadas ficam com desenvolvimento reduzido.

A análise de solo pode te auxiliar na identificação do nematoide do cisto da soja. Falamos recentemente sobre isso aqui no blog. Confira: “Nematoide de cisto: como afeta sua lavoura e o que fazer para se livrar dele”.

Manejo integrado do nematoide do cisto da soja

O cisto é uma importante estrutura para a dispersão do nematoide em áreas de cultivos, por ser resistente e leve.

Você pode disseminar o NCS de uma área infestada para uma área sem a presença do nematoide pelo transporte de solo infestado.

Esse transporte pode ocorrer pelo trânsito de máquinas e implementos agrícolas, sementes que apresentem partículas do solo, vento, água e outros.

Assim, em muitas áreas (propriedades) não infestadas pelo NCS, a prevenção da sua entrada é muito importante.

Algumas medidas relacionadas à prevenção são:

  • Limpeza de máquinas e implementos agrícolas vindas de outras áreas de cultivo. Deve-se realizar a limpeza de equipamento, veículos e até calçados vindos de áreas infestadas com o NCS;
  • Sementes sadias e certificadas.

Se o nematoide já estiver presente na sua área, você precisará conviver com o NCS, pois a erradicação desse fitonematoide é muito difícil. 

Dessa forma, algumas medidas de manejo são:

  • Rotação de culturas com plantas não hospedeiras do NCS como: milho, arroz, sorgo, algodão, entre outras;
  • Controle químico e biológico: o tratamento pode ser aplicado diretamente no solo ou no tratamento de sementes;
  • Cultivares resistentes. As cultivares resistentes de soja que são mais disponíveis no mercado são resistentes às raças 1 e 3.

Além disso, plantas armadilhas (o nematóide penetra, mas não completa seu desenvolvimento) também pode ser utilizadas. Veja aqui Como a crotalária controla nematoides em sua lavoura.

Lembre-se que o uso de cultivar resistente não deve ser feito sozinho como medida de manejo.

O uso somente da técnica de controle genético (cultivar resistente) e utilização da mesma fonte de resistência pode promover pressão de seleção sobre a população do patógeno e selecionar indivíduos capazes de parasitar as plantas que eram resistentes (perda da resistência).

Por isso, é importante um manejo integrado, utilizando diferentes técnicas.

resistência ao nematoide do cisto

(Fonte: Michigan Soybean Promotion Committee)

Conclusão

Existem no mercado cultivares de soja com resistência ao nematoide do cisto, porém apenas a poucas raças. 

Neste artigo, falamos sobre elas, sua obtenção e raças que o nematoide apresenta.

Também comentamos sobre os sintomas que o NCS pode causar na soja, sua disseminação e melhores manejos. 

Agora que você sabe dessas informações, não deixe que o nematoide cause perdas na sua propriedade!

>> Leia mais:

Como controlar nematoide das galhas de uma vez por todas

Tipos de nematoides: Conheça suas características e saiba como combatê-los


Você já utilizou cultivares com resistência ao nematoide do cisto? Quais medidas de manejo você utiliza em sua lavoura? Adoraria ver seu comentário abaixo

Mofo-branco: como identificar, controlar e prevenir na sua lavoura

Mofo-branco: características da doença e as principais formas de manejo para evitar prejuízos na sua lavoura.

As doenças estão, frequentemente, causando prejuízos na lavoura. O mofo-branco, por exemplo, tem uma ampla gama de plantas hospedeiras como soja, feijão, girassol, algodão e outras.

No caso da soja, a doença pode causar perdas de até 70% na produtividade.

Outro aspecto importante é que o fungo forma estruturas de resistência que podem permanecer viáveis no solo por vários anos. Então, é preciso evitar a entrada do patógeno na área e manejá-lo adequadamente quando já está presente para evitar perdas.

Confira a seguir as principais características da doença, ciclo de vida e formas de manejo para a sua lavoura!

O que causa o mofo-branco nas culturas agrícolas

O mofo-branco, ou podridão-de-Sclerotinia, é uma doença causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, principalmente, e pode causar altas perdas na produtividade de culturas como algodão, soja, feijão e muitas outras de grande importância econômica.

Estima-se que a doença pode afetar diferentes espécies de plantas, com registro de mais de 400 espécies hospedeiras (ampla gama de plantas hospedeiras, exceto as gramíneas). Além disso, está distribuída em muitas regiões do mundo. 

Alta umidade e temperaturas amenas são o ambiente favorável para desenvolvimento da doença. Dessa forma, áreas irrigadas podem favorecer o mofo-branco, por proporcionar ambientes com alta umidade.

Os sintomas da doença são bastante característicos. Normalmente, ocorrem lesões encharcadas nas partes aéreas da planta. E, após o progresso, há o crescimento de um micélio branco, com aspecto cotonoso (parecido com algodão) sobre essas lesões. Após um período, ocorre a formação de escleródios.

Os escleródios são enovelamento/agregado de hifas, que são estruturas de resistência do fungo. Assim, este fungo pode sobreviver no solo através dessas estruturas.

mofo-branco
Placa de Petri com crescimento em meio de cultura de Scletotinia sclerotiorum com micélio branco e escleródios
(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

A formação de escleródios ocorre em resposta às mudanças na disponibilidade de nutrientes no meio em que se encontra o fungo. Os escleródios tem formato irregular e tamanho pequeno (milímetros).

Inicialmente, essas estruturas apresentam coloração branca, que depois progride para uma cor escura e com aspecto duro.

Assim, os escleródios no final do processo da sua formação apresentam cor escura pelo depósito de melanina, que possivelmente confere proteção a essas estruturas.

Os escleródios podem sobreviver (ficarem viáveis) no solo por vários anos. Há trabalhos que apontam sobrevivência por até 10 anos, mas isso é variável conforme as condições a que essas estruturas estão expostas.

Isso é importante pois há a sobrevivência de S. sclerotiorum na área de cultivo mesmo no período de entressafra.

Disseminação S. sclerotiorum

Os escleródios podem ser disseminados por sementes, solo, máquinas agrícolas, água, entre outros.

Assim, se sua área de cultivo é livre do patógeno, este pode ser introduzido por sementes contaminadas internamente (micélio dormente) ou por escleródios que podem estar juntos com as sementes. 

Máquinas e implementos agrícolas sujos com solo contaminado também trazem problemas. 

Este conhecimento é muito importante para determinar as medidas de manejo para a doença. Vamos falar sobre isso mais a frente no texto!

E você sabe como a doença se desenvolve através dos escleródios? Vou explicar!

Ciclo de vida de S. sclerotiorum

Para entender como o patógeno se desenvolve para causar o mofo-branco, vamos discutir rapidamente o ciclo de vida de S. sclerotiorum.

Os escleródios presente no solo podem germinar de duas formas:

  • Carpogênica

Ocorre a formação de apotécios (que tem aparência de cogumelo). Esses produzem ascos que formam ascósporos (esporos do fungo), que são dispersos para o meio, disseminados pelo vento, podendo ocasionar infecções em outras plantas na área ou em regiões próximas.

Os ascósporos germinam para iniciar a infecção e causar a doença. Normalmente, a germinação carpogênica ocorre nas culturas de soja e feijão.

  • Micelogênica

Ocorre a formação de hifas e não formam esporos. Essas hifas geralmente iniciam a infecção na matéria orgânica do solo e depois penetram e colonizam a planta hospedeira (principalmente a parte das plantas em contato com o solo). Normalmente essa germinação ocorre na cultura do girassol.

É importante conhecer o ciclo de vida do patógeno para entender a importância das estruturas de sobrevivência do fungo e as medidas de manejo.

Observe no esquema abaixo como as germinações podem ocorrer e as etapas para o desenvolvimento do mofo-branco.

ciclo de vida de Sclerotinia sclerotiorum
Esquema do ciclo de vida de Sclerotinia sclerotiorum
(Fonte: Tese Roseli Muniz Giachini adaptado de Wharton e Kirk, 2007)

Agora que você sabe um pouco mais sobre o desenvolvimento do mofo-branco, vamos mostrar o desenvolvimento da doença em algumas culturas agrícolas.

Mofo-branco na cultura da soja

A doença foi uma das principais responsáveis pela redução da produtividade das lavouras de soja na região sul do país na safra 2017/18.

Nos últimos anos, o mofo-branco na cultura da soja ocasionou perdas de até 70% na produtividade. E estima-se que cerca de 10 milhões de hectares da área brasileira de cultivo de soja estejam infestados pelo patógeno.

O fungo pode atacar qualquer parte da planta, sendo mais frequente nas inflorescências, pecíolos e ramos.

Os sintomas inicialmente são manchas encharcadas, que progridem para uma coloração castanha, com um crescimento de micélio de coloração branca e aspecto cotonoso sobre essas manchas.

E, com o desenvolvimento da doença, ocorre a formação dos escleródios, que podem estar tanto na superfície como no interior de hastes e nas vagens infectadas da planta de soja.

A fase de maior vulnerabilidade é na floração e na formação de vagens.

As sementes infectadas são menores, enrugadas e com coloração não característica da semente.

mofo-branco na soja
Fungo na soja é capaz de infectar qualquer parte da planta
(Fonte: Maurício Meyer em Embrapa)

Controle de mofo-branco em soja

Para o controle químico, falaremos dos defensivos especificamente mais a frente. Mas o importante aqui é saber que  sua eficiência vai depender do momento da aplicação.

O intuito dessa aplicação deve ser atingir as partes inferiores das plantas e a superfície do solo. 

Por isso, a primeira aplicação deve ser na abertura das flores, ou seja, estádio R1 da soja. A segunda aplicação, já deve ocorrer no intervalo de aproximadamente 15 dias em relação a primeira.

Os principais fungicidas são o Fluazinam 500 g/l, Procimidona 500 g/kg, Carbendazin 500 g/l e Tiofanato Metílico 350 g/l + Fluazinam 52,5 g/l. 

Além do controle químico, há outras medidas de manejo que você pode utilizar na sua lavoura para controle do mofo-branco. Vamos falar sobre isso mais a frente no texto!

Mofo-branco na cultura do feijoeiro

O mofo-branco do feijoeiro é uma das doenças mais agressivas na cultura. As perdas podem ultrapassar 60% se o manejo não for realizado corretamente.

Normalmente a doença é mais problemática no florescimento.

Ascósporos (esporos) disseminados pelo vento caem em pétalas de flores senescentes do feijoeiro, germinam e infectam. As pétalas senescentes colonizadas caem sobre o solo ou hastes de vagens e iniciam o ciclo da doença.

Os sintomas são lesões encharcadas de coloração castanha, com micélio branco e cotonoso. Com o progresso da doença, ocorre a formação de escleródios.

mofo-branco no feijão
(Fonte: Revista Cultivar)

Mofo-branco na cultura do algodão

A doença na cultura do algodoeiro tem maior incidência em áreas irrigadas, principalmente após o cultivo de soja e feijoeiro. 

Além disso, também tem afetado a cultura em áreas com clima de temperatura amena e alta umidade, que propiciam o desenvolvimento do fungo.

Os sintomas no algodoeiro podem ocorrer nas folhas, hastes e nas maçãs.

Os sintomas normalmente são no baixeiro das plantas, tendo inicialmente a formação de lesões aquosas, que podem ter o crescimento do micélio cotono. Com o progresso da doença, há formação de escleródios.

Na fase de floração, o patógeno tem uma disseminação mais rápida, pois a flor é a fonte primária de energia para o fungo iniciar novas infecções.

Mofo-branco na cultura do girassol

Na cultura do girassol, a doença também recebe o nome de podridão branca. É considerada, mundialmente, a mais importante para a cultura.

Se o fungo ataca na fase de plântula, pode ocasionar a morte e, consequentemente, falhas no estande.

A podridão branca pode ocorrer na cultura desde o estádio de plântula até a maturação das plantas.

A doença pode apresentar 3 sintomas diferentes nas plantas:

  • Podridão basal (ocorre do estádio de plântula até a maturação): murcha da planta e lesão marrom, mole e com aspecto de encharcada. Se houver alta umidade, a lesão pode ficar coberta por um micélio branco. Além disso, pode encontrar escleródios nas áreas afetadas.
  • Podridão na porção mediana da planta (ocorre a partir do estádio vegetativo): os sintomas são parecidos com os da infecção basal. Escleródios podem ocorrer dentro e fora da haste.
  • Podridão do capítulo (ocorre a partir da floração): inicialmente observam-se lesões pardas e encharcadas no capítulo, tendo a presença do micélio cobrindo algumas de suas partes. Com o progresso da doença, pode-se encontrar muitos escleródios no interior do capítulo, além do fungo poder destruir esta estrutura floral.

Mofo-branco na cultura do amendoim

A doença é causada por S. sclerotiorum ou também pelo fungo Sclerotinia minor e pode causar perdas superiores a 50%.

Os sintomas iniciam com lesões encharcadas que, em períodos de alta umidade, ocorre crescimento de micélio branco sobre as lesões que, com o progresso da doença, pode formar os escleródios.

Mofo-branco na cultura da canola

Também chamado de podridão branca, é uma das doenças de grande importância para a cultura da canola no Brasil.

Os sintomas ocorrem no caule e na haste da planta, com a presença de apodrecimento seco. 

Com o progresso da doença, os tecidos atacados do caule ou das hastes se tornam marrons, que também ocorre o crescimento de micélio branco e cotonoso, e com a presença de escleródios.

As plantas atacadas pelo fungo normalmente apresentam desfolhamento, maturação precoce e podem ter sementes chochas.

Medidas de manejo do mofo-branco

O controle do mofo-branco é difícil. O fungo produz estruturas de resistência (escleródios) e uma ampla gama de plantas hospedeiras. Por isso, na sua área, deve-se evitar a entrada do fungo.

Além disso, não há variedades resistentes até o momento para este fungo. O que pode ocorrer são variedades com resistência parcial.

Listamos algumas medidas de manejo que podem ser utilizadas no controle do mofo-branco. Mas lembre-se que os fungicidas diferem quanto ao seu registro nas culturas.

  • Sementes sadias e certificadas para evitar a presença de escleródios misturados com a semente ou de micélio interno nas sementes;
sementes de soja com escleródio
Sementes de soja com escleródio
(Fonte: A Granja)
  • Rotação de culturas com espécies não hospedeiras do fungo;
  • População de plantas adequada, lembrando que espaçamentos pequenos são mais favoráveis ao mofo-branco;
  • Tratamento de sementes;
  • Cultivo sobre a palhada de gramíneas;
  • Eliminar plantas invasoras que são hospedeiras do fungo;
  • Utilizar variedades que possuem uma arquitetura que apresente boa aeração para não possibilitar um ambiente favorável para o patógeno (umidade);
  • Limpeza de máquinas e equipamentos agrícolas;
  • Escolha da época de plantio (evitando períodos chuvosos nos estádios que são propensos para a doença);
  • Palhada, como de gramíneas, no solo pode reduzir a formação (desenvolvimento) do fungo. A palhada também pode favorecer o desenvolvimento de microrganismos que controlam a S. sclerotiorum (antagonista).
  • Cultivo em sistema de plantio direto pode reduzir a incidência da doença em relação ao plantio convencional por dificultar o contato da planta com o solo contaminado e também o desenvolvimento do fungo. 
  • Controle biológico;
  • Tratamento químico (fungicidas);

Verifique quais produtos são registrados para o patógeno no Brasil e para a cultura que é afetada pela doença.

Para consultar os produtos registrados, não se esqueça de buscar no site do Agrofit.

E para a prescrição do produto e da dose a ser utilizada, procure um (a) eng. Agrônomo (a).

Eficiência de fungicidas para controle do mofo-branco

A Embrapa realizou uma pesquisa sobre a eficiência de fungicidas para o controle do mofo-branco na cultura da soja na safra 2017/18.

Essas pesquisas podem te auxiliar na escolha do fungicida de acordo com a incidência da doença e seu controle. 

Lembre-se de comparar os resultados com a testemunha, que são plantas que não foram aplicadas com fungicidas.

mofo-branco
Incidência, controle relativo, produtividade da soja, redução de produtividade, massa de escleródios produzidos e redução da produção de escleródios em função dos tratamentos fungicidas utilizados nos ensaios cooperativos de controle de mofo-branco em soja, na safra 2017/18.
(Fonte: Embrapa)

Lembre-se que a melhor medida de manejo é a prevenção da entrada do patógeno na sua área de cultivo.

Banner de chamada para o kit de sucesso da lavoura campeã de produtividade

E, por fim, para um manejo efetivo, você deve utilizar várias medidas de manejo, ou seja, integrando as práticas de manejo!

Conclusão

O mofo-branco é um problema em várias culturas agrícolas, trazendo grandes perdas de produtividade.

Neste artigo, abordamos os principais sintomas, ciclo de vida, condições favoráveis e disseminação da doença. Discutimos ainda várias estratégias de manejo, que devem ser realizadas de forma integrada.

Lembre-se que a prevenção da entrada do patógeno na área é a melhor estratégia!

Agora que você sabe dessas informações, não deixe que o mofo-branco cause perdas na sua produção agrícola. Bom manejo!

>> Leia mais:

“Identifique os sintomas da podridão parda da haste da soja e aprenda a evitar a doença”

Você tem problemas com mofo-branco na sua lavoura? Quais medidas de manejo utiliza para o controle da doença? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Tudo sobre oídio e como manejá-lo em sua área

Oídio: Principais características da doença e todas as formas de controle para evitar prejuízos na sua lavoura

São vários os cuidados que você precisa ter com a sua lavoura: preparo do solo, época de plantio, adubação, manejo de pragas

E, como você sabe, as doenças são um grande problema para sua produção. Por isso, você precisa identificar e saber manejá-las corretamente.

O oídio é uma doença que pode ocorrer em várias culturas, tendo um sintoma muito característico.

As perdas com esta doença podem chegar até 60%, como na cultura do trigo, por exemplo.

Por isso, preparamos este texto que aborda os principais sintomas do oídio nas plantas e o seu controle na sua lavoura. Confira!

Uma doença importante para doenças de plantas: Oídio

O oídio é uma doença causada por fungos, favorecida por ambientes secos e quentes (época seca), apesar de ser encontrada em clima úmido e frio.

Uma característica marcante são os sintomas de eflorescência de coloração branca ou acinzentada (bolor) e pulverulenta (aspecto de pó), que pode recobrir folhas, ramos, flores e até os frutos. 

Normalmente, esse sintoma de coloração branca é observado na face superior das folhas. Mas, em menor frequência, pode ser constatado na parte inferior também.

oídio

Oídio em abobrinha: eflorescência pulverulenta de coloração branca

(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

Além do sintoma de eflorescência, podem ocorrer áreas amareladas ou necróticas nos locais das manchas da eflorescência. 

Em ataques severos, pode ocasionar o retorcimento das folhas, morte de ramos, deformação de frutos, queda das folhas, flores e frutos.

A colonização do fungo na planta acontece, na maior parte das espécies, pelo desenvolvimento de uma estrutura responsável pela retirada de nutrientes das células epidérmicas da planta (haustório). 

Mas o desenvolvimento das hifas ocorre na superfície da planta, por isso, observamos a eflorescência de coloração branca (desenvolvimento fora da planta).

Seu desenvolvimento é favorecido em ambiente seco e em estufas. Chuvas fortes, por exemplo, podem retirar as estruturas do fungo da superfície da planta.

O dano causado pela doença é a interferência no processo de fotossíntese, que pode, em alguns casos extremos, causar a morte da planta. 

No entanto, o que normalmente ocorre é a redução na produção das plantas.

A disseminação da doença no campo acontece principalmente pelo vento, que leva os esporos para longas distâncias. A água também pode atuar na disseminação, em distâncias menores.

O controle, normalmente, ocorre pela utilização de variedades resistentes e controle químico.

Agora que conhecemos as características gerais, veremos os sintomas e controle da doença em algumas culturas agrícolas.

Oídio na cultura da soja

O oídio na cultura da soja é causado pelo fungo Microsphaera diffusa, que pode causar perdas produtivas de 10%.

É uma doença comum nas lavouras de soja, sendo favorecido por temperaturas entre 18℃ a 24℃ e baixa umidade.

Os sintomas podem ser notados na parte aérea da planta (folhas, pecíolos, hastes e vagens), observando estruturas de coloração branca (eflorescência), que são os esporos e micélios do patógeno. E com a evolução da doença, as manchas pulverulentas brancas nas folhas tornam-se castanho-acinzentadas.

oídio em soja

Oídio na soja: Sintomas da eflorescência de coloração branca e pulverulenta, sintomas iniciais (à esquerda) e com o progresso da doença (à direita)

(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

Em ataques severos, pode haver queda das folhas, afetando a produção.

A doença pode ocorrer durante todo o ciclo da cultura, durante as fases vegetativas e reprodutivas. A maior evolução se dá entre os estádios de R1 e R6.

oídio

(Fonte: Agro Bayer)

Medidas de manejo do oídio na cultura da soja:

  • Uso de cultivares resistentes;
  • Controle químico com fungicidas;
  • Evitar semeadura em épocas favoráveis a ocorrência da doença.

Para consultar os produtos químicos (fungicidas) que são indicados para a cultura da soja, consulte o Agrofit!

Oídio na cultura do trigo

Também conhecida como mofo ou cinza, o oídio ocorre em quase todas as regiões tritícolas do mundo e é causado pelo patógeno Blumeria graminins f. sp. tritici.

Danos de até 60% no rendimento dos grãos ocorreram na cultura do trigo com a utilização de cultivares suscetíveis.

A doença no trigo é favorecida por baixa umidade relativa do ar e temperaturas amenas (15℃ a 22℃).Os sintomas de eflorescência de coloração branca ocorrem principalmente nas folhas e nas bainhas. Se agitar asplantas doentes, você pode observar a liberação de um pó branco, que são estruturas do fungo.

Sintoma de oídio em trigo

(Fonte: Leila Maria Costamilan em Embrapa)

Com o progresso da doença, as partes da planta afetadas ficam amareladas. E, em ataques severos, podem ocorrer desfolha e acamamento da planta.

Medidas de manejo para o oídio na cultura do trigo:

  • Variedades resistentes (a medida mais indicada);
  • Tratamento químico: fungicidas sistêmicos em tratamento de sementes e na parte aérea das plantas.

Oídio na cultura do feijoeiro

O fungo que causa oídio no feijoeiro é Erysiphe polygoni.

A doença tem ampla distribuição pelo mundo, mas no Brasil, devido à sua baixa ocorrência, é considerada uma doença de importância secundária.

O oídio no feijoeiro tem maior ocorrência no estádio de florescimento e depois deste estádio, o que pode causar sérios danos à cultura se ocorrer antes da formação de vagens.

Os sintomas da doença são eflorescências pulverulentas de coloração esbranquiçadas nas folhas.

oídio em feijoeiro

Sintoma de mancha esbranquiçada e pulverulenta do oídio do feijoeiro

(Fonte: Denis Bassi)

Se ocorrer ataques severos, você pode observar folhas amareladas e retorcidas, com desfolhamento da planta.

Medidas de manejo do oídio na cultura do feijoeiro:

  • Controle químico com fungicidas;
  • Uso de cultivares resistentes;
  • Evitar semeadura em épocas favoráveis da doença.

Oídio na cultura do tomateiro

O oídio no tomateiro pode ser causado pelos fungos Oidium neolycopersici e Oidiopsis haplophylli.

A doença é bastante comum na cultura do tomateiro, aumentando sua incidência nos últimos anos devido a cultivos de tomate em estufa (ambiente protegido). E esses ambientes, como já vimos, acabam favorecendo o desenvolvimento do patógeno.

A doença é favorecida por umidade relativa baixa, menor que 60%.

Quando a doença é causada por Oidium neolycopersici, observa-se estruturas pulverulentas de coloração branca na face superior e inferior das folhas (preferencialmente na face superior), sendo chamado de oídio-adaxial.

Se a doença é causada por Oidiopsis haplophylli, não se observa facilmente a massa pulverulenta (eflorescência). 

O que se observa com facilidade são manchas amareladas nas folhas, evoluindo para necrose, que começa no centro da lesão. O oídio causado por este fungo é chamado de oídio-abaxial.

Medidas de manejo do oídio na cultura do tomateiro:

  • Controle químico

Além das culturas que comentamos acima, o oídio pode aparecer em outras espécies de plantas.

Oídio em outras culturas

O oídio pode ocorrer em várias espécies de plantas, além daquelas que comentamos. Veja algumas outras:

  • Abacateiro (Oidium perseae);
  • Aveia (Blumeria graminis f. sp. avenae);
  • Brássicas (Erysiphe polygoni);
  • Canola (Oidium balsamii);
  • Cevada (Blumeria graminis f. sp. hordei);
  • Cucurcubitáceas (Padosphaera xanthii);
  • Ervilha (Erysiphe poligoni);
  • Girassol (Erysiphe cichoracearum);
  • Videira (Erysiphe necator).

Diferença entre oídio x míldio

O oídio e o míldio podem se confundir em relação aos sintomas semelhantes, por serem pulverulentos e com coloração esbranquiçada nas plantas.

Algumas diferenças dessas doenças são:

  • O míldio se desenvolve no interior das plantas (endoparasitas). Já o oídio tem seu maior desenvolvimento fora da planta (ectoparasita);
  • O míldio se encontra mais na face inferior das folhas, por terem sua esporulação através dos estômatos que se localizam geralmente na parte inferior da folha. Já os oídios podem apresentar os sintomas na parte superior e inferior das folhas;
  • O sintoma pulverulento e branco é normalmente mais generalizado nos oídios que nos míldios (sintomas mais localizados);
  • Míldio é causado por Oomiceto e oídio por fungo.

Em análise dessas doenças em microscópio, as estruturas dos patógenos são muito diferentes, sendo de fácil distinção entre elas.

Por isso, se ficar com dúvida, procure um(a) eng.(a) agrônomo(a) ou uma clínica fitopatológica.

calculo-de-pulverizacao

Conclusão

Neste texto vimos os sintomas do oídio em diferentes culturas agrícolas.

Abordamos as condições climáticas favoráveis, desenvolvimento do patógeno na planta e as principais medidas de manejo.

E, por fim, falamos de algumas diferenças entre o míldio e o oídio.

Não deixe que o oídio reduza a sua produção agrícola. Realize o correto diagnóstico da doença e utilize as medidas de manejo para o oídio na sua lavoura. 

Lembre-se que sua lavoura é sua empresa e é preciso obter lucro com ela!

>> Leia mais:

Antracnose nas culturas de grãos: Como controlar de modo eficaz

Mofo-branco: Como identificar, controlar e prevenir na sua lavoura

Como fazer o manejo efetivo da necrose da haste da soja

Você tem problemas com oídio na sua lavoura? Quais medidas de manejo utiliza para o controle da doença? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Míldio: Como identificar na sua lavoura e combater essa doença

Míldio: Veja as principais características e sintomas dessa doença, além de todas as formas de controle para evitar prejuízos na sua lavoura.

Muitas doenças podem afetar sua lavoura em alguma fase do desenvolvimento ou durante todo o ciclo da cultura. Uma delas é o míldio.

Ele ocorre principalmente em condições climáticas de alta umidade e temperatura amena, podendo afetar diversas culturas.

Sua ocorrência na lavoura de sorgo, por exemplo, pode causar danos de até 80%.

Para reduzir as perdas com esta doença, é preciso estar preparado. Confira neste artigo as principais características, como identificar os sintomas e fazer um controle eficiente na sua lavoura!

Uma doença importante para as culturas agrícolas: míldio

O míldio é causado por um grupo de patógenos chamados de oomicetos

Existem vários gêneros de oomicetos que causam míldios como: Plasmopara, Peronospora, Bremia, Sclerospora e outros. Ao longo do texto, vamos comentar sobre algumas espécies desses gêneros que causam a doença em algumas culturas.

O míldio ataca preferencialmente as folhas, mas pode ocorrer também em ramos e frutos.

A doença ocorre mais frequentemente em regiões de umidade e com temperatura amena (condições favoráveis).

São sintomas típicos do míldio as manchas de coloração verde-claro a amarela na parte superior da folha. E, com o progresso da doença, essas manchas se tornam escuras (necróticas). 

Na parte inferior da folha que corresponde ao local da mancha, ocorre o aparecimento de estruturas do patógeno, uma eflorescência de coloração esbranquiçada (bolor cinza).

Como o patógeno coloniza os tecidos foliares surge o sintoma de mancha nas folhas na parte superior com coloração verde-claro a amarelo, como descrevemos.

E, simultaneamente a isso, ocorre a reprodução do patógeno, que emite as estruturas reprodutivas para o exterior da folha (eflorescência esbranquiçada), como comentamos. Isso ocorre geralmente através dos estômatos.

míldio

Estruturas da Plasmopara viticola (míldio da videira) na parte inferior da folha

(Fonte: Gessler et al. (2011) em Phytopathologia Mediterranea)

Essas estruturas aparecem principalmente na parte inferior da folha, onde normalmente os estômatos se localizam. Essas estruturas reprodutivas, por estarem externas à folha, são disseminadas pelo vento e pela água.

Diante disso, você pode perceber que há interferência da área fotossintética da planta, sendo um dos prejuízos que a doença causa.

Agora vamos aos sintomas e às medidas de manejo para míldio em algumas culturas.

Míldio na cultura do sorgo

O patógeno que causa míldio na cultura do sorgo é Peronosclerospora sorghi.

A doença pode causar danos de até 80% nesta cultura, com a utilização de cultivares suscetíveis.

No Brasil, o míldio do sorgo se encontra distribuído em quase todas as regiões de cultivo.

Na região sul do país, esta doença é considerada a segunda mais importante, atrás apenas da antracnose.

O patógeno pode infectar a planta de duas formas: localizada e sistêmica.

A forma localizada ocorre pela infecção de esporos (estruturas do patógeno) nas folhas. 

Essa infecção causa lesões necróticas nas folhas com formato retangular que, em condições úmidas e frias, ocorre o crescimento de estruturas do patógeno (eflorescência) com aspecto pulverulento e de cor acinzentado na parte inferior da folha.

Se o patógeno atingir o meristema da planta, pode ocorrer o aparecimento de sintomas sistêmicos.

A infecção sistêmica ocorre quando o patógeno invade as células do meristema apical.

Plantas jovens, quando infectadas sistematicamente, apresentam sintomas de clorose e enfezamento, podendo morrer prematuramente.

Além disso, pode haver prejuízos no desenvolvimento dos grãos nas plantas com a doença.

A clorose foliar é um sintoma característico da infecção sistêmica.

Este sintoma de clorose apresenta faixas de coloração de verde claro a amarelo, que são intercaladas pela coloração normal da folha.

Correspondente a essas regiões cloróticas, na parte inferior da folha, quando em condições de alta umidade, pode aparecer o crescimento de estruturas de coloração branca (eflorescência).

míldio

Infecção sistêmica (A), infecção localizada (B), estádio mais avançado da infecção sistêmica (C) em sorgo

(Fonte: Luciano Viana Cota em Embrapa)

Algumas medidas de controle para o míldio do sorgo são:

  • Variedades resistentes – este é o método mais eficiente para a doença na cultura do sorgo;
  • Rotação de culturas com espécies não-hospedeiras – lembre-se de não utilizar milho na rotação, por ser hospedeiro do patógeno (vamos ver no próximo tópico);
  • Destruição dos restos culturais;
  • Época de semeadura – deve-se antecipar a semeadura em locais de alta incidência da doença;
  • Uso de sementes de boa qualidade.

No Brasil, até o momento, não há produtos químicos registrados para o controle do míldio na cultura do sorgo. 

Por isso, não há recomendações de aplicação para a parte aérea das plantas e nem para o tratamento de sementes utilizando controle químico.

Míldio na cultura do milho

Há vários patógenos que causam míldio na cultura do milho. O mais comumente encontrado no Brasil é o Peronosclerospora sorghi, o mesmo que causa a doença no sorgo e em algumas outras gramíneas.

Esta doença no milho, no caso do Brasil, não causa prejuízos econômicos tão significativos, como ocorre em outros países.

A infecção sistêmica da planta causa clorose nas folhas, que ficam com estrias e faixas brancas. Além disso, as folhas das plantas infectadas com míldio apresentam as folhas mais eretas e estreitas, com o colmo mais fino e acamado.

Folhas estreitas e eretas, com presença de faixas esbranquiçadas.

(Fonte: Carlos Roberto Casela em Embrapa)

A doença também pode ocasionar problemas na formação dos grãos nas espigas.

Em condições de alta umidade e temperaturas frias podem surgir ainda estruturas de coloração esbranquiçada nas folhas, como ocorre na cultura do sorgo.

Algumas medidas de manejo para o míldio na cultura do milho são:

  • Utilização de variedades resistentes;
  • Tratamento de sementes com fungicidas sistêmicos;
  • Eliminação de plantas doentes e restos culturais;
  • Rotação de culturas;
  • Plantio precoce em áreas com ocorrência da doença.
planilha de produtividade de milho

Míldio na cultura da soja

Na cultura da soja, o míldio pode ocorrer em qualquer região produtora do país, sendo causada pelo oomiceto Peronospora manshurica.

Nas folhas da parte superior, os sintomas são lesões de coloração verde-claro a amarelada, que pode progredir para necrose. 

Na parte inferior da folha, nessas lesões aparecem estruturas de aspecto cotonoso (aspecto de algodão) de coloração cinza, que são estruturas de frutificação do fungo.

A doença pode se desenvolver na vagem, podendo ficar com redução do grão ou deteriorada.

O patógeno pode ser introduzido na lavoura por sementes contaminadas e estruturas reprodutivas do patógeno que são disseminadas pelo vento.

Algumas literaturas não descrevem medidas de manejo para o míldio da soja por ser considerada uma doença de pouca importância econômica para as principais regiões produtoras do país.

Mas, se você tem problema com esta doença na sua lavoura, algumas medidas de manejo que você pode utilizar para soja são:

  • Tratamento de sementes com produtos registrados;
  • Destruição de restos culturais;
  • Uso de cultivares resistentes.

Míldio em outras culturas

O míldio pode afetar outras culturas além das que comentamos. Veja algumas delas:

  • Alface (Bremia lactucae);
  • Cebola (Peronospora destructor);
  • Brássicas (Peronospora parasitica);
  • Videira (Plasmopara viticola).

E você sabia que o míldio da videira está envolvido com a descoberta do primeiro fungicida?

Míldio da videira e histórico dos fungicidas

No Brasil, o míldio é considerado a doença mais importante da videira, causada por Plasmopara viticola.

Em condições favoráveis, a doença pode ocasionar perdas de até 75% da produção.

Na videira, os sintomas da doença podem ocorrer em todas as partes verdes da planta.

Nas folhas, surgem inicialmente pequenas manchas encharcadas e translúcidas na parte superior da folha, chamada de “mancha de óleo”, se você observar as folhas contra a luz. Essas manchas têm coloração verde mais claro.

míldio

Mancha de óleo com necrose na folha.

(Fonte: Gessler et al. (2011) em Phytopathologia Mediterranea)

Com o desenvolvimento da doença, essas manchas se tornam mais escuras e podem causar a queda das folhas.

Já na face abaxial da folha, na parte correspondente a essas manchas, surgem uma eflorescência esbranquiçada (estrutura reprodutiva do patógeno), com aspecto cotonoso.

As folhas severamente infectadas podem cair, o que pode comprometer o desenvolvimento da planta.

Já nos ramos ocorrem as manchas encharcadas, que rapidamente são recobertas pela eflorescência esbranquiçada.

Nos cachos ocorre morte e queda de flores, além de podridão das bagas (frutos).

E você pode ser perguntar, o que esta doença em videira tem relação com o histórico do controle químico?

Então vamos voltar um pouco na história para entender este fato:

Míldio e o uso de fungicidas

Por volta de 1870, o míldio (Plasmopara viticola) foi identificado como um dos recentes problemas em Bordeaux, uma região da França, pelo pesquisador Pierre Marie Alexis Millardet.

Ele observou que algumas plantas de videira próximas de estradas não estavam infectadas com míldio. 

Quando perguntou ao produtor se ele tinha realizado algo com as plantas, este relatou que as videiras estavam pulverizadas com uma mistura (calda) para evitar roubo das uvas, pois elas ficavam com uma cor diferente devido à pulverização e gosto amargo.

Então, Millardet e outro pesquisador (Ulysse Gayon) investigaram sobre a mistura usada pelos agricultores e aperfeiçoaram a calda. 

Assim, em 1885, eles publicam o efeito da calda bordalesa (sulfato de cobre e cal) – que era a mistura que os produtores de uvas usavam para evitar roubo – no controle do míldio da videira.

A calda bordalesa é então considerada o primeiro fungicida!

E esta mistura de cobre e cal pode ser utilizada até hoje para o controle do míldio em videira.

Veja que a partir do míldio da videira foi divulgado o primeiro fungicida, que já era utilizado pelos produtores, mas não com esse intuito.

Míldio x oídio: algumas diferenças

O oídio é outra doença que tem importância para várias culturas agrícolas, mas falaremos sobre ela em outra oportunidade.

Fato é que míldio e oídio podem ser confundidos, pois apresentam sintomas similares de cor branca e aspecto pulverulento.

Algumas diferenças são:

  • A maioria dos míldios apresenta a eflorescência (coloração esbranquiçada e pulverulenta) na face inferior da folha, onde geralmente se localizam os estômatos. Já o oídio apresenta sintomas de coloração esbranquiçada em ambas as faces da folha com extensão em grande parte do limbo foliar;
  • Míldios ocorrem geralmente em época úmida e os oídios em época seca;

Já no microscópio, as estruturas desses patógenos são muito diferentes, sendo de fácil distinção entre elas.

Por isso, se ficar com dúvida procure um(a) eng.(a) agrônomo(a) ou uma clínica fitopatológica.

Conclusão

Neste texto, comentamos sobre o míldio nas culturas agrícolas.

Abordamos a doença em várias culturas, descrevendo os sintomas, o patógeno e as principais medidas de manejo.

Também comentamos sobre o míldio da videira e o surgimento do primeiro fungicida.

Por fim, falamos de algumas diferenças entre o míldio e o oídio.

Agora que você tem essas informações, não deixe que esta doença reduza a produção da sua lavoura!

>> Leia mais:

Doenças de final de ciclo soja: Principais manejos para não perder a produção
Mofo-branco: Como identificar, controlar e prevenir na sua lavoura
Como fazer o manejo efetivo da necrose da haste da soja
Fungos de solo: veja as principais causas e como evitá-los

Você tem problemas com míldio na sua lavoura? Quais medidas de manejo utiliza para o controle da doença? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Calcário no solo: tipos, vantagens, como funciona e eficiência

Calcário no solo: quais são os diferentes tipos, quando fazer a calagem e qual a quantidade ideal para aplicação na sua lavoura.

Muitas operações agrícolas são realizadas na fazenda antes do plantio da cultura. E a utilização de calcário no solo para correção da acidez é uma das técnicas mais conhecidas e muito recomendadas.

O calcário é proveniente de uma rocha sedimentar composta principalmente por carbonato de cálcio e age como um neutralizador da acidez do solo. 

Existem três diferentes tipos de calcário que apresentam teor de carbonato de cálcio suficiente para correção do solo, sendo que sua utilização faz grande diferença na produtividade da lavoura.

Mas você sabe por que realizar a calagem e como aumentar a eficiência dessa operação? Saiba qual tipo de calcário é mais recomendado e as quantidades certas a seguir!

O que é calagem no solo?

A calagem do solo é uma prática que consiste na aplicação de materiais corretivos, como calcário, para corrigir a acidez (pH baixo) e fornecer nutrientes essenciais, como cálcio (Ca) e magnésio (Mg).

Essa técnica faz parte de um dos principais cuidados com o solo, capaz de melhorar as condições químicas, promovendo um ambiente mais favorável para o desenvolvimento das plantas.

Para fazer a calagem, é preciso fazer uma análise de solo para identificar as necessidades, escolher o tipo de corretivo adequado (calcário dolomítico ou calcítico), calcular a quantidade recomendada e aplicar o produto de forma uniforme antes do plantio. 

Tipos de calcário no solo

Os tipos de calcário no solo variam de acordo com a porcentagem de magnésio e cálcio que eles apresentam:

  • Calcário Calcítico: maior teor de cálcio (45 a 55%) e menor de magnésio;
  • Calcário Magnesiano: teor intermediário de magnésio (5 a 12%);
  • Calcário Dolomítico: maior teor de magnésio (maior que 12%) e baixo teor de cálcio.

Existe um calcário chamado filler que tem granulometria fina, sendo indicado para o sistema de plantio direto, já que não se faz necessário o revolvimento do solo por seu alto poder de neutralização.

Para definir qual é o melhor calcário para se utilizar, verifique em sua análise de solo as quantidades de cálcio e magnésio. 

Assim você poderá escolher se irá aplicar um calcário com maior ou menor concentração desses nutrientes.

Calcário dolomítico é utilizado para aumentar Mg no solo

A aplicação do calcário no solo pode ser:

  • Incorporada: aplicação seguida de operações de aração e gradagem;  Em sistemas convencionais de cultivo, o calcário deve ser incorporado a 20 centímetros de profundidade ou mais.
  • Superficial: aplica sobre a superfície do solo sem revolvimento.

No sistema de cultivo convencional ocorre a aplicação incorporada do calcário no solo. Já no sistema de plantio direto ocorre a aplicação superficial.

Agora que você sabe um pouco mais sobre a calagem, veja como o calcário reage no solo.

Benefícios do calcário agrícola e da calagem

A calagem é uma etapa do preparo do solo para o cultivo agrícola em que materiais de caráter alcalino são adicionados ao solo para neutralizar a sua acidez. Ou seja, quando se aplica calcário no solo.

A calagem atua no pH do solo, principalmente nas camadas superficiais.

Alguns benefícios da aplicação de calcário no solo são:

  • Redução da acidez do solo;
  • Fornecimento de cálcio e magnésio para o solo;
  • Cria um ambiente propício para o desenvolvimento radicular;
  • Estimula o crescimento radicular pelo cálcio;
  • Aumenta a disponibilidade de fósforo;
  • Redução da toxidez de alumínio e manganês;
  • Aumenta a mineralização da matéria orgânica;
  • Nas propriedades físicas do solo, aumenta a agregação, podendo reduzir a compactação.

Além desses benefícios, é importante frisar que o custo com calagem representa cerca de 5% do custo com a produção total. 

Esse custo é muito baixo comparado aos efeitos positivos que a calagem pode trazer para sua propriedade.

Antes de entender como o calcário agrícola reage no solo, você precisa saber se deve aplicar e quanto de calcário usar em sua propriedade.

Que tipo de calcário escolher e quando utilizar?

A recomendação de calagem e a escolha do calcário dependem da análise de solo e das necessidades da cultura.

O calcário dolomítico é geralmente o mais indicado por seu elevado teor de magnésio, enquanto os calcários magnesiano e dolomítico, além de corrigirem a acidez, são formas econômicas de fornecer magnésio.

Já o calcário calcítico possui baixo teor de magnésio, mas sua aplicação pode ser complementada com fertilizantes como sulfato, carbonato ou óxido de magnésio.

A relação ideal entre cálcio e magnésio no solo é de 3 a 4:1 mol (Ca:Mg), garantindo boa absorção de ambos os nutrientes pelas plantas.

Embora o calcário rico em magnésio seja mais caro, todos os tipos de calcário possuem a mesma eficiência na correção da acidez do solo.

Por que corrigir o solo com calcário?

Um solo fértil é aquele que tem nutrientes suficientes para suprir as necessidades das plantas. Mas nem todos os solos são férteis.

Segundo a FAO, 33% dos solos do mundo estão degradados e os principais problemas são erosão; salinização; compactação; acidificação e contaminação. E isso tudo reduz a fertilidade dos solos.

Com o incremento da fertilidade, proporcionamos um melhor ambiente para o desenvolvimento do sistema radicular, tendo, assim, um efeito benéfico, refletindo em aumento de produtividade.

Assim, um sistema radicular bem distribuído e a posição dos nutrientes na camada de 0 cm a 40 cm do perfil do solo, permite que a raiz absorva água em profundidade e nutrientes nas quantidades necessárias para a nutrição da planta.

No entanto, em solos brasileiros, um problema recorrente é a acidez natural do solo. Já os solos ácidos têm presença de íons de hidrogênio (íons H+) e alumínio (Al3+), o que está diretamente ligado a pH do solo.

O pH pode ser dividido em ácido, básico e neutro, sendo o neutro próximo de 7. Assim, valores de pH menores que 5,5 (pH ácido), resultam em baixa disponibilidade dos nutrientes para as plantas.  Então, dependendo do pH do solo, há alteração na disponibilidade de nutrientes.

calcário no solo

(Fonte: Malavolta, 1979, em Agronomia com Gismonti)

O pH ideal para as plantas varia de 5,5 a 7, onde são disponibilizados os nutrientes essenciais para elas. Isso depende muito da cultura, como você pode observar na tabela abaixo:

(Disponível em: Associação Interprofissional de horticultura do oeste)

Por isso, a importância da correção do solo. Assim, com a calagem, você pode reduzir a acidez do solo e também fornecer nutrientes como cálcio e magnésio para as plantas.

Como determinar a necessidade de calagem?

A necessidade de calagem é determinada pela análise de solo. Somente a partir dos resultados dessa avaliação é estabelecida a quantidade de calcário a ser aplicada.  O cálculo de calagem pode ser feito pelos seguintes métodos:

  • Método da saturação por bases (V%);
  • Método do alumínio trocável;
  • Método pH SMP.

É importante deixar claro que cada método é utilizado de acordo com a região do país. O método da elevação da saturação por bases é utilizado em São Paulo, no Paraná e em algumas regiões de Cerrado.

O método de neutralização do alumínio é usado em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Já o método pH SMP é aplicado nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Geralmente, a avaliação da exigência de calcário é realizada a cada 3-5 anos.  Em solos mais arenosos, o intervalo de amostragem do solo deve ser menor.

Isso porque os solos com maior teor de areia necessitam de calagem com maior frequência quando comparados aos solos argilosos.

Por fim, é preciso frisar que doses de calcário em excesso ou quando a operação de calagem é mal executada interferem na disponibilidade dos micronutrientes.

Calcário no solo: Como precisar a quantidade ideal?

Antes de começar a realizar qualquer operação de nutrição, calagem ou gessagem, você precisa realizar a análise de solo.

Com a análise química do solo, é determinada a acidez e a disponibilidade de nutrientes para as plantas.

A análise do solo deve ser realizada antes da implantação da lavoura, podendo ser realizado no período de entressafra.

O calcário deve ser aplicado cerca de 3 meses antes do plantio da cultura. Assim, há tempo de reagir com o solo e reduzir a acidez.

Lembrando que o calcário no solo precisa de umidade para reagir. Assim, dependendo da região, essa aplicação deve ser feita ainda antes dos 3 meses.

Por isso, é importante realizar um bom planejamento agrícola, efetuando a análise de solo meses antes da implantação da cultura.

E você precisa realizar uma boa interpretação de análise de solo para determinar se precisa realizar a calagem e qual a quantidade de calcário utilizar.

Há dois métodos de cálculo de calagem que são mais utilizados no Brasil: Método da saturação por bases e Método baseado nos teores de Al e (Ca + Mg) trocáveis. Vou falar sobre eles a seguir:

Método da saturação por bases 

A fórmula utilizada por este método é:

NC = [CTC x (V2 – V1) x (100/PRNT)] / 100

NC = Necessidade de calcário, em t/ha;

CTC = CTCpH7 (capacidade de troca de cátions) em cmolc/dm3;

V2 = Porcentagem de saturação por bases desejada – isso depende da cultura da cultura, mas em geral utiliza-se:

  • 50% para cereais e tubérculos;
  • 60% para leguminosas e cana-de-açúcar – e é utilizado no cerrado;
  • 70% para hortaliças, café e frutas.

V1 = Porcentagem de saturação por bases atual do solo (encontrada na análise do solo) ou com:

V1 = [Soma de bases (K + Ca + Mg + Na) x 100 ]/CTC

PRNT = Poder Relativo de Neutralização Total (encontrado na embalagem do calcário).

Este é o conteúdo de neutralizantes contidos em corretivo de acidez, expresso em equivalente de Carbonato de Cálcio puro (%ECaCO3), que reagirá com o solo no prazo de 3 meses.

O PRNT é calculado por: PRNT = (PN x RE) / 100

PN = Poder de neutralização;

RE = Reatividade das partículas.

Assim, quanto maior o poder de neutralização do calcário, maior será a quantidade de ácidos que ele vai neutralizar – e menor será a quantidade de produto necessário. Por isso, é importante entender esse índice para a calagem.

Método baseado nos teores de Al e (Ca + Mg) trocáveis

Esse método é menos utilizado, sendo indicado para solos com baixa CTC (menor que 5 cmolc/dm3), com fórmula:

NC  = Y [Al3+ – (mt – t/100)] + [X – (Ca2+ + Mg2+)]

NC = Necessidade de calcário, em t/ha;

Y = Valor tabelado em função do poder tampão do solo:

  • Arenoso: Y = 0 a 1
  • Médio: Y = 1 a 2
  • Argiloso: Y = 2 a 3
  • Muito argiloso: Y = 3 a 4

mt = Saturação por Al3+ (100xAl/SB+Al);

t = CTCefetiva (SB + Al);

X = Teor mínimo de Ca + Mg : tabelado, sendo que para forrageiras tropicais é de 1 a 2;

Ca2+ + Mg2+ = teores trocáveis de Ca e Mg, em cmolc/dm3.

Para te auxiliar na correta determinação de calagem, procure um(a) engenheiro(a) agrônomo(a)!

Como o calcário reage no solo?

Quando aplicamos calcário no solo, ocorrem várias reações para a redução da acidez no solo. Veja resumidamente o que ocorre, de acordo com Vitti e Priori:

1- Calcário em contato com a água (umidade do solo) forma íons no solo de cálcio e magnésio (dependendo do tipo de calcário) e ânions HCO3 OH

calcário no solo

2- Os ânions serão utilizados para reduzir a acidez do solo, neutralizando a acidez (H+) e neutralizando o alumínio (AL+3)

calcário no solo

Assim, ocorre o aumento do pH, neutralização do alumínio e disponibilização de íons de cálcio e magnésio.

Como mencionei é importante o solo apresentar umidade e a prática de calagem ser realizada meses antes do plantio, pois o processo de aumento de pH e neutralização do alumínio podem demorar algum tempo.

Depois de realizar a calagem, você deve realizar a adubação para a cultura. De nada adianta realizar a adubação em solo com acidez, pois os nutrientes não serão disponibilizados para as plantas. Por isso, é importante realizar a calagem do solo antes da adubação.

Problemas do excesso de calcário no solo

Quando estamos doentes, tomamos uma dose adequada de remédio para nosso tratamento, certo? Se tomarmos uma dose maior, isso pode trazer malefícios.

Com o calcário, também é assim. Não é porque ele tem muitos benefícios que você pode utilizar qualquer dose e até aumentar a dose que é recomendada. 

Esse excesso de calcário no solo pode ser chamado de super calagem.

Por isso, utilizar o calcário na quantidade recomendada através da análise de solo é essencial.

Como mencionei anteriormente, o pH ideal é entre 5,5 a 7 (dependendo da cultura). E se o pH se elevar acima desse limite, vários nutrientes começam a ficar indisponíveis para as plantas.

Além disso, quando aplicamos calcário, adicionamos ao solo cálcio e magnésio. Esses dois nutrientes, quando em excesso, podem trazer problema para as plantas, além de interferir na absorção de potássio.

Dessa forma, as aplicações de calagem e gessagem, além da adubação devem ser feitas seguindo a análise de solo, com a dose recomendada para a cultura.

Fatores que tornam a calagem mais eficiente

Ao longo do texto falamos de vários fatores que tornam a calagem mais eficiente, separei alguns para te auxiliar nesta prática agrícola:

  • Amostragem e análise de solo;
  • Interpretação da análise de solo;
  • Determinação da necessidade de calagem;
  • Época de aplicação do calcário e planejamento agrícola;
  • Escolha do tipo e da aplicação do calcário;
  • PRNT;
  • Aplicação correta e na dose recomendada.
banner para baixar a planilha de cálculo de fertilizantes para milho e soja

Conclusão

Neste artigo, mostramos que a aplicação de calcário no solo corrige a acidez e fornece macronutrientes importantes como magnésio e cálcio, além de neutralizar o efeito fitotóxico do alumínio e do manganês, aumentando a disponibilidade de nutrientes e potencializando os efeitos dos fertilizantes.

Também explicamos como saber se a sua área precisa de calagem e, em caso positivo, como calcular a quantidade de calcário necessária.

Falamos ainda sobre os problemas que excesso de calagem pode causar. E, por fim, comentamos sobre os fatores que tornam a calagem mais eficiente.

Com essas informações, realize uma boa calagem na sua fazenda e aumente as chances de lucro com a sua lavoura!

Você faz aplicação de calcário no solo da sua fazenda? Já conhecia os fatores que podem aumentar a eficiência da calagem? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Antracnose nas culturas de grãos: como controlar de modo eficaz

Antracnose: saiba o que fazer para evitar a doença e como realizar um manejo eficiente e eficaz nas lavouras de soja, milho, feijão e sorgo.

Ver a lavoura com as folhas manchadas nunca é um bom sinal.

Ao saber que pode ser uma doença, pior ainda. As doenças podem facilmente limitar a produção e causar muitos prejuízos.

A antracnose é uma delas e pode gerar grandes perdas nas culturas de grãos.

Saiba a seguir como identificar a doença e quais as medidas de controle mais eficazes para sua lavoura. Confira!

Importância da antracnose na cultura de grãos

A antracnose é uma doença que pode ocorrer em várias culturas e afeta diferentes partes da planta.

A doença pode ocorrer em algumas culturas de grãos como feijão, soja, milho e sorgo.

Esta doença é causada por fungos do gênero Colletotrichum.

A antracnose pode gerar muitas perdas. Ela é considerada uma das doenças mais importantes da cultura do feijão, por exemplo. Neste caso, podem ocorrer perdas de até 100% com a utilização de variedades suscetíveis.

E, além das perdas quantitativas, pode também haver perdas qualitativas. O grão apresenta manchas negras ou lesões, o que reduz o preço de comercialização do produto.

Já na cultura do sorgo, a antracnose é considerada a doença mais importante por sua ampla distribuição nas áreas produtoras e pelos danos causados. Pode haver mais de 80% de perdas na produção de grãos com variedades suscetíveis.

Esses dados mostram a importância da antracnose para as culturas de grãos, com redução da produção (perda quantitativa) e perdas qualitativas, com manchas nos grãos ou sementes.

Agora vou explicar melhor as formas de sobrevivência e as condições favoráveis para a ocorrência da doença na lavoura.

Sobrevivência e condições favoráveis para a antracnose

As espécies de fungos do gênero Colletotrichum, que causam a antracnose, podem sobreviver em sementes, restos de culturas e hospedeiros alternativos (outras plantas que são hospedeiras do fungo).

A entrada do fungo na área da lavoura ocorre, geralmente, por sementes infectadas, sendo que plântulas originadas de sementes infectadas se tornam uma fonte de disseminação da doença na lavoura.

Além disso, o fungo pode reduzir a germinação das sementes infectadas.

Já a manutenção do inóculo (patógeno) na área ocorre preferencialmente por restos de culturas e por hospedeiros alternativos.

É importante entender as formas de sobrevivência do fungo para determinar as medidas de manejo.

Como podemos observar, o patógeno pode sobreviver na área por um longo período, de uma safra para outra. Por isso, é muito importante impedir a entrada do patógeno na sua lavoura.

Além disso, é importante ficar atento às condições favoráveis para a ocorrência da doença na sua área.

As condições favoráveis para a antracnose variam de temperatura moderada a alta e alta umidade.

Lembrando que plantios muito adensados podem propiciar alta umidade nas plantas e, dependendo das condições climáticas (temperaturas moderadas a altas), podem favorecer a ocorrência da doença na sua plantação.

Qual método de controle você utiliza para a antracnose nas culturas de grãos na sua lavoura?

Vou falar melhor sobre eles a seguir:

Métodos de controle da antracnose nas cultura de grãos

Como mencionei acima, o produtor deve entender as formas de sobrevivência do fungo que causa a antracnose para determinar as estratégias de manejo.

Como o fungo pode sobreviver em restos de culturas, uma importante técnica de controle é a utilização de rotação de culturas.

Ou seja, plantio alternado de diferentes espécies, na mesma área de cultivo e na mesma época do ano.

Lembrando que você tem que utilizar espécies de plantas que não sejam hospedeiras do patógeno da doença que se pretende controlar.

No plantio direto, a rotação de culturas é uma técnica obrigatória.

Você sabe que no plantio direto, a palhada fica sobre o solo e há o mínimo de revolvimento na semeadura.

E como o Colletotrichum sp. sobrevive nos restos culturais, é essencial realizar a rotação de culturas para reduzir o patógeno da área.

Caso não realize esta prática, ocorrerá aumento da população do fungo que causa a doença. Assim, na próxima safra da cultura de grãos, pode haver aumento da doença no início do ciclo da cultura, e consequentemente, perdas na produção.

>> Leia mais: “Mofo-branco: Como identificar e prevenir na sua lavoura

Outras estratégias de manejo

Além da rotação de culturas há outras estratégias de manejo. Veja:

  • Variedades resistentes (controle genético);
  • Sementes sadias;
  • Tratamento de sementes com fungicidas;
  • Espaçamento adequado para a cultura (adequação da população de plantas);
  • Aplicação de fungicidas na parte aérea das plantas.

O controle químico pode ser utilizado no tratamento de sementes e na pulverização da parte aérea das plantas. Mas lembre-se: este não é o único tipo de manejo, você deve utilizar outras técnicas também.

Para o controle da antracnose, primeiramente deve-se evitar a entrada do patógeno na área de cultivo. Isso pode ser feito utilizando sementes sadias, tratamento de sementes e outras medidas de manejo.

Se o patógeno estiver na área, deve-se realizar medidas de manejo de forma integrada, como, por exemplo, rotação de culturas, utilização de variedades resistentes, plantio com espaçamento adequado e outros.

Vou agora explicar as diferenças da antracnose nas culturas da soja, milho, feijão e sorgo.

Antracnose na soja

A antracnose foi considerada a segunda doença mais importante da cultura da soja em safras passadas, atrás da ferrugem asiática.

A espécie C. truncatum é a mais encontrada, mas há outras espécies de Colletotrichum sp. que podem causar a doença em soja.

A antracnose pode afetar a planta de soja em qualquer fase de desenvolvimento atingindo folhas, hastes e vagens.

Porém, é mais frequente na fase de floração e no enchimento de grãos, podendo causar queda das flores e vagens.

Se a doença ocorrer no início do desenvolvimento da cultura, pode haver morte das plântulas.

Os sintomas da doença nas folhas são lesões necróticas, podendo ocorrer necrose nas nervuras.

Nas vagens ocorrem lesões escuras de formato irregular e com depressões. Estes danos podem afetar os grãos ou as sementes do interior da vagem.

Os grãos e as sementes ficam com manchas, o que reduz a qualidade e o valor de comercialização, além de veicular o patógeno pela semente.

antracnose
Antracnose é a segunda pior doença da soja, perdendo apenas para a ferrugem asiática
(Fonte: Fundação Rio Verde)

Controle da antracnose na soja

  • Sementes sadias;
  • Tratamento de sementes com fungicidas registrados para o patógeno e para a cultura;
  • Rotação de culturas;
  • Espaçamento adequado nas entre linhas;
  • Fungicidas para a parte aérea (há alguns fungicidas registrados para controle da antracnose na parte aérea, aplicados principalmente nos estádio R5 e R6).

Para consultar os produtos que são registrados para controle da antracnose nas culturas de grãos, consulte o Agrofit.

Em caso de dúvida e para a prescrição do receituário agronômico, procure sempre um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).

>> Leia mais: “Doenças de final de ciclo soja: Principais manejos para não perder a produção

Antracnose no milho

A antracnose no milho é causada por Colletotrichum graminicola, que pode atacar principalmente as folhas e os colmos. Assim, pode reduzir a produção do milho em até 40%.

Tanto o ataque nas folhas como no colmo são limitantes para a cultura do milho.

Isso se deve ao aumento das áreas de plantio direto e de cultivos de 2° safra (safrinha), o que favorece a sobrevivência do fungo nos restos de culturas e posterior infecção nas plantas de milho (aumento do inóculo na sua área de cultivo).

São sintomas da antracnose foliar as lesões necróticas, arredondadas a alongadas de coloração castanha.

antracnose
(Fonte: Rodrigo Véras da Costa em Embrapa)

Já os sintomas da antracnose no colmo são as lesões estreitas com coloração castanha; os tecidos internos ficam escuros e podem entrar em processo de desintegração.

Métodos de controle da antracnose no milho:

  • Uso de variedades resistentes;
  • Rotação de culturas.

Antracnose na cultura do sorgo

Como já comentei, a antracnose é considerada a doença mais importante no sorgo.

O fungo que causa a antracnose também é o C. graminicola, como ocorre na cultura do milho.

A doença no sorgo pode ocorrer em: folhas, colmo, panícula e grãos.

Nas folhas podem ocorrer sintomas em qualquer estádio de desenvolvimento, principalmente a partir do desenvolvimento da panícula.

Inicialmente, as lesões nas folhas são circulares a ovais, com centros necróticos de coloração palha. Esses depois se tornam escuros, com as margens avermelhadas ou castanha, dependendo da variedade.

No colmo formam-se cancros, caracterizados pela presença de áreas mais claras circundadas pela pigmentação característica da planta hospedeira, principalmente em plantas adultas.

E na panícula, pode ser a extensão da fase de podridão do colmo. Ocorrem lesões abaixo da epiderme, com aspecto encharcado de coloração cinza a avermelhada.

O que pode ser notado é que panículas de plantas infectadas são menores e amadurecem mais cedo.

Controle para antracnose no sorgo

  • Uso de variedades resistentes;
  • Sementes sadias;
  • Tratamento de sementes;
  • Rotação de culturas.

>> Leia mais: “Como fazer o manejo efetivo da necrose da haste da soja

Antracnose no Feijoeiro

O fungo que causa a antracnose na cultura do feijão  é C. lindemuthianum.

Como já mencionamos, a antracnose é uma das doenças de grande importância para o feijoeiro e pode atingir toda a parte aérea da planta.

Os sintomas que você pode observar nas folhas são áreas necrosadas nas nervuras, principalmente na parte debaixo da folha, sendo um sintoma característico da doença.

Você também pode ver lesões de formato alongadas e angulosas, de coloração vermelha a marrom. Já nas vagens, as lesões são deprimidas, circulares, com borda escura (marrom ou avermelhada).

Controle da antracnose do feijoeiro

  • Sementes sadias;
  • Tratamento de sementes;
  • Variedades resistentes;
  • Rotação de culturas;
  • Fungicidas para pulverização da parte aérea.

E, para concluir, veja a tabela abaixo com as características da doença Antracnose nas culturas de soja, milho, feijão e sorgo.

antracnose

Conclusão

Neste artigo falamos sobre a antracnose, uma importante doença na cultura dos grãos.

Você viu as formas de sobrevivência do patógeno, condições favoráveis para a ocorrência da doença e as medidas de manejo.

Além disso, abordamos as principais características da antracnose nas culturas da soja, do milho, do feijão e do sorgo.

E mostramos as principais estratégias de controle da doença nas culturas de grãos.

Então, realize um bom manejo da sua cultura e evite perdas de produção com a antracnose!

>>Leia mais:

Míldio: Como identificar na sua lavoura e combater essa doença
Tudo sobre oídio e como manejá-lo em sua área

Você tem problema com a antracnose nas culturas de grãos? Qual medida de manejo você utiliza? Adoraria ver seu comentário abaixo!