About Gressa Chinelato

Sou Engenheira Agrônoma e mestra pela Esalq/USP. Atualmente, estou cursando MBA em Agronegócios e fazendo doutorado no Programa de Fitopatologia na Esalq.

GPS agrícola: conheça os melhores tipos e escolha o ideal para sua fazenda

GPS agrícola: diferentes formas de usos no campo, como funcionam e o que considerar na hora da escolha.

O GPS é um sistema muito utilizado no nosso cotidiano, seja no carro, no celular ou na agricultura – auxiliando na gestão de empresas rurais em todo o Brasil.

Sua utilização em propriedades rurais permite a realização de atividades com maior eficiência e economia de recursos.

Mas para ter todos os benefícios, é importante selecionar o melhor para suas atividades, o que depende muito de cada propriedade rural.

Pensando nisso e para te auxiliar na escolha do melhor sistema para sua fazenda, apresentamos vários tipos e usos do GPS agrícola. Confira a seguir!

Utilização do GPS na agricultura

A tecnologia está em todo seguimento e, claro, na agricultura não seria diferente. Ela pode ser amplamente empregada na análise de solo, pulverização, plantio e colheita, e em outras atividades necessários ao longo do ciclo da lavoura.

O uso do GPS (Global Positioning System – sistema global de posicionamento) está entre as tecnologias que mais vêm ganhando espaço na agricultura. Aliado às novas técnicas de inteligência artificial e robótica, os sistemas de posicionamento são o presente e o futuro da agricultura mundial.

Isso porque seu uso permite realizar navegação, medições de áreas, determinar pontos (coordenadas), armazenar dados, entre outras funções.

Com os dados gerados e disponibilizados pelo GPS, é possível que o produtor realize as atividades com maior exatidão e eficiência, além de auxiliar na tomada de decisão.

Dessa forma, o uso do GPS nas atividades agrícolas pode otimizar os processos, facilitar a comunicação entre os envolvidos (produtor, operador, agrônomo, administrador), diminuir erros humanos, reduzir os riscos de algumas perdas agrícolas, entre outros benefícios.

Mas como escolher o melhor tipo de GPS agrícola para sua fazenda?

gps agrícola
Computador de bordo e GPS instalados no trator permitem que o plantio seja realizado de acordo com o projeto traçado, garantindo maior produtividade
(Fonte: Diário da região)

Como realizar a escolha do GPS agrícola

Cada propriedade tem suas particularidades e necessidades. Por isso, para escolher o melhor sistema, leve alguns fatores em consideração:

  • atividade na qual você utilizará o GPS
  • custo-benefício
  • precisão do GPS
  • facilidade na operação
  • facilidade na manutenção/atualização

Você pode ter o GPS agrícola no celular, tablet ou em um aparelho específico. É importante definir qual a função dele na propriedade para determinar qual GPS utilizar e qual deve ser a sua precisão de acordo com a função na fazenda.

Com essa definição, você terá o melhor GPS agrícola para a sua necessidade, potencializando seus benefícios nas atividades de manejo e auxiliando sua gestão agrícola.

Veja alguns dos usos do GPS agrícola no negócio rural.

GPS agrícola na Agricultura de Precisão

Você sabe que as porções da sua propriedade apresentam características diferentes. Por isso, é necessário um sistema de gestão que otimize e aproveite melhor cada porção da área.

É isso que a Agricultura de Precisão (AP) leva em conta. As lavouras apresentam um ambiente desuniforme e necessitam de um manejo que explore essa diferença para aproveitar a área da propriedade na parte econômica e também na sustentabilidade do sistema.

Lembrando que a AP foi viabilizada pelo surgimento do GPS e o seu uso nesse segmento permite o mapeamento da área das atividades agrícolas, localização de pontos nos talhões etc.

Basicamente, qualquer avaliação ou aplicação feita na propriedade pode ser rastreada geograficamente com exatidão. Isso permite a confecção de mapas que ressaltam as características específicas de cada área, com um nível de detalhe comparável à precisão do GPS agrícola.

GPS agrícola com piloto automático

O uso do piloto automático está cada vez mais frequente nas atividades agrícolas e é importante para que a máquina siga um caminho pré-determinado, sem (ou com pouca) interferência do operador.

Basicamente, o sistema de piloto automático funciona por meio de um receptor instalado nas máquinas agrícolas.

Esse receptor recebe sinal de satélite vindo do GPS agrícola e envia as informações de posicionamento ao sistema de direção da máquina, fazendo com que ela siga um caminho pré-determinado, sem a interferência do operador.

GPS Agrícola
(Fonte: Geo Agri)

Algumas vantagens do piloto automático são:

  • redução da fadiga do operador
  • flexibilidade de horário (por ser guiado por GPS)
  • redução no tempo da operação
  • maior produtividade (uniformidade do espaçamento)
  • menor número de manobras

GPS agrícola em aplicações a taxas variáveis

A pressão pelo uso cada vez mais racional de recursos e para a diminuição da aplicação de agroquímicos nas lavouras tem no uso do GPS agrícola um aliado bastante forte. 

A aplicação em taxa diferencial permite entregar apenas a quantidade necessária de produto em diferentes partes da lavoura, de acordo com medições prévias de sanidade, fertilidade ou ataque de pragas.

O sistema de GPS é primordial para concatenar as coordenadas das medições com o controle diferencial da aplicação de produtos, seja por aplicações aéreas ou terrestres.

GPS agrícola para monitoramento de colheita

Em uma área de lavoura, é normal que existam diferenças entre produção máxima e mínima, gerando uma produtividade média ao final do ciclo da cultura.

Mapear áreas em que a produção é mais baixa permite explorar as características específicas delas para potencializar a produção em safras seguintes, ou mesmo ao longo da safra.

O uso do GPS agrícola permite criar mapas de colheita que informam sobre a heterogeneidade da produção. Esses mapas podem ser avaliados junto a outras informações colhidas para detectar os fatores mais limitantes de produção. 

GPS agrícola para uso racional de água

Os sistemas de irrigação também podem se beneficiar do uso do GPS agrícola, permitindo uma irrigação diferencial em cada área, evitando encharcamento ou limitação hídrica, como pode acontecer quando se usa uma taxa única de irrigação.

Seja através da medição da umidade do solo ou de indicadores de teor de água nas plantas, o sistema de irrigação pode ser ajustado para entregar apenas a quantidade recomendada por área.

GPS agrícola no celular ou no tablet

Você pode utilizar aplicativos no celular ou no tablet com a função de GPS agrícola para determinar áreas, coordenadas, pontos, etc., que podem ser gratuitos ou ter um custo de aquisição de acordo com cada aplicativo. 

Veja alguns apps para uso na agricultura:

C7 GPS Dados

O C7 GPS Dados É um aplicativo para obter as coordenadas de pontos isolados (waypoints) ou de trilhas, possibilitando o armazenamento das mesmas em um arquivo GeoTXT.

Com os dados armazenados, é possível calcular a área, o perímetro de polígonos e a distância total percorrida em uma trilha registrada.

GEO AREA

Aplicativo que mede área e pode ser utilizado para estimativa de produção de culturas, medição de área de cultivo e produção agrícola.

A2

O A2 pode ser utilizado para medir a superfície (área), perímetro e distância de terra. Este aplicativo também pode ser usado para medir áreas agrícolas, telhados das casas, lote, entre outras. Oferecido no Google Play por R$ 95,99.

GPS Fields Area Measure 

Um medidor de áreas e distâncias que possibilita ter a distância, perímetro ou área por meio do mapa; ou seja, o aplicativo localiza a área no mapa e indica os pontos para o cálculo da área ou perímetro.

GPS agrícola para pulverização no celular

Realizar a pulverização detalhadamente com o uso do GPS agrícola pode trazer diversos benefícios como a utilização do insumo/produto de forma eficiente, evitando desperdício e falta do produto em alguns locais da lavoura.

Com esta ferramenta, também se pode mapear as áreas que já foram pulverizadas das que não receberam esta operação.

Alguns aplicativos que podem te auxiliar com esta atividade são:

Farm Sprayer GPS

Use no celular ou tablet para controlar a área que foi pulverizada da área sem aplicar a pulverização. Ele também pode ser utilizado para as operações de plantio e adubação.

Cálculo de Pulverização

Aplicativo para a calibração do pulverizador, com o cálculo do volume pulverizado e da vazão do bico. Disponível aqui.

Sprayer Calibrator

App desenvolvido para ajudar o agricultor a escolher e calibrar o bico de pulverização, além de auxiliar a definir a velocidade necessária do trator e a distância entre os bicos. Baixe aqui.

Além desses, existem outros tipos de GPS agrícola que podem auxiliar em sua propriedade. Seguem alguns tipos e marcas a seguir. 

Mercado de aparelhos de GPS agrícola

GPS agrícola AgriBus

A empresa trabalha com tecnologia de aplicações de suporte à operação de trator, controle de dados de operação, receptores GNSS/GPS de alta precisão, equipamento de intertravamento de máquina de operação multifuncional e operação automatizada.

Linha de Produtos AgriBus
Linha de Produtos AgriBus
(Fonte: AgriBus)

Entre os produtos desta marca estão: 

AgriBus-NAVI

Aplicação simples e de baixo custo para o acionamento de trator. É um aplicativo instalado em máquinas agrícolas para ajudar nas operações diretas no campo.

AgriBus-AutoSteer

Opções de direção automática que podem ser adaptadas.

AgriBus-GMini

GPS de ultraprecisão com conexão sem fio.

Além desses, também há navegador web para gravar operações agrícolas e modelos de receptores de GPS.

GPS agrícola Seggna

Empresa brasileira que investiu em GPS nacional para auxiliar a agricultura de precisão. Os modelos Super Challenger and Challenger Pro variam de R$ 5.700,00 a R$ 6.800,00.

GPS Agrícola
Produtos Seggna
(Fonte: Seggna)

GPS agrícola Farmpro

A Farmpro é uma empresa nacional que aplica todo seu conhecimento na área agrícola e industrial, desenvolvendo equipamentos e soluções para as montadoras e ajudando o produtor rural a obter maior produtividade e rentabilidade na sua lavoura.

Produto Farmpro Max7
Produto Farmpro Max7 – preço sob consulta
(Fonte: Farmpro)

Vale lembrar que existem várias marcas, modelos e produtos no mercado além desses. Para escolher, você deve determinar qual é o melhor para sua necessidade e propriedade rural.

Outros fornecedores de GPS agrícola são as empresas Trimble, Verion e Daga Agrinavi, dentre outras.  

Em caso de dúvidas, consulte um profissional especializado.

>> Leia mais: “O que é SIG na agricultura e como essa tecnologia pode ser útil na sua fazenda

Como funciona um GPS agrícola

O GPS é um sistema de orientação por satélite. Resumindo, os satélites enviam sinais de rádio para os receptores (aparelho de GPS), que podem estar no trator ou no celular, e esses interpretam os sinais para determinar a localização.

Na agricultura, os sistemas de posicionamento DGPS (sistema de posicionamento global diferencial), GPS absoluto e RTK (Real Time Kinematic) são muito utilizados.

Na imagem abaixo, veja melhor como funciona o sistema GPS de uma forma geral.

GPS Agrícola
(Fonte: O Globo)

Conclusão

A tecnologia está sendo muito utilizada na agricultura, como é o caso do sistema de GPS.

Neste texto, abordamos seus benefícios, como escolher o melhor para sua fazenda e como ele funciona.

Além disso, comentamos sobre alguns tipos que você pode utilizar na agricultura.

Depois dessas informações, avalie qual a necessidade da sua fazenda com a utilização do GPS agrícola, escolha o melhor para as suas atividades e obtenha os benefícios que este sistema pode trazer para sua empresa rural!

Assine nossa newsletter para receber mais conteúdos como este artigo. Envie o texto para mais pessoas que precisem de dicas sobre o GPS agrícola.

Redator João Paulo Pennacchi

Atualizado em 19 de junho de 2023 por João Paulo Pennacchi

Sou engenheiro eletricista formado pela UNIFEI e engenheiro-agrônomo formado pela UFLA. Mestre e doutor em agronomia/fisiologia vegetal pela UFLA e PhD em ciências do ambiente pela Lancaster University. Atualmente desenvolvo pesquisa na área de fisiologia de culturas agrícolas pela UFLA.

Ciclo da ferrugem da soja e novidades da doença para esta safra

Ciclo da ferrugem da soja: ciclo da doença, ocorrência na safra 2019/20, medidas de manejo, controle químico e redução da eficiência de fungicidas.

A ferrugem asiática é uma doença de grande importância para a cultura da soja, que além do elevado custo com o seu manejo, pode causar perdas de produtividade.

Essa doença possui custo médio de US$ 2,8 bilhões por safra no Brasil, o que pode afetar a lucratividade da lavoura de soja.

Para reduzir custos e perdas é importante conhecer o seu ciclo, saber como está a ocorrência da doença nas regiões produtoras e as principais medidas de manejo.

Por isso, aproveite este texto para tirar suas dúvidas sobre o ciclo da ferrugem da soja, assim como medidas para combatê-la. Confira!

Como está a ocorrência da ferrugem asiática na safra 2019/20?

A ferrugem chegou ao Brasil em 2001, na região do Paraná, e rapidamente foi constatada nas demais regiões produtoras de soja do país. 

Sendo considerada uma das doenças mais severas da cultura da soja, ela pode interferir na produção e causar danos de até 90%.

Nesta safra (2019/20), o primeiro registro da doença ocorreu no Paraná no fim de 2019.

Houve um menor número de ocorrência nesta safra – 68 – contra 242 focos da safra passada 2018/19, no mesmo período do ano (até 28 de janeiro).

Segundo a pesquisadora da Embrapa Cláudia Vieira Godoy, isso ocorreu porque a semeadura da safra atual aconteceu mais tardiamente e de maneira mais espalhada por conta da falta de chuva, diferente da safra passada.

Mas as chuvas do início de 2020 podem proporcionar condições que favoreçam a ocorrência da doença, por isso, os produtores não podem descuidar do monitoramento da ferrugem e das medidas de manejo.

Até o momento já foram registrados mais de 65 focos de ferrugem asiática pelo Brasil, sendo apresentado maiores ocorrências nos estados do Paraná e do Mato Grosso do Sul. 

Você pode utilizar o Consórcio Antiferrugem para monitorar os focos de ferrugem da soja na sua região. 

ciclo da ferrugem da soja

Para entender mais sobre a doença e quais medidas de manejo utilizar, é importante conhecer o ciclo da ferrugem asiática.

Ciclo da ferrugem da soja

A ferrugem asiática da soja é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, que é disseminado principalmente pelo vento, ou seja, os esporos do fungo (urediniósporos) são disseminados de um local para outro podendo ir a longas distâncias. 

Os esporos são depositados na folha de soja e para que o fungo infecte a planta são necessárias condições favoráveis como disponibilidade de água livre na folha, no mínimo de 6 horas de molhamento foliar e temperatura entre 15 e 25°C

Dessa forma, as chuvas também podem favorecer o desenvolvimento da doença.

O fungo da ferrugem da soja penetra através da cutícula da folha da soja de forma direta, para infectar a planta. Após alguns dias, podem ser observados os primeiros sintomas.

Inicialmente, na parte superior das folhas podem ter pequenos pontos, com coloração mais escura que o tecido sadio, variando de verde a cinza.

Na parte inferior das folhas ocorrem as lesões – urédias (também chamadas de pústulas), com coloração castanha a marrom.

E nessas pústulas são formados os esporos que podem ser dispersos para o ambiente e começar novamente o ciclo.

Sintomas da ferrugem asiática na parte inferior da folha
(Fonte: arquivo pessoal da autora)

Com o progresso da doença, se as folhas apresentarem alta densidade de lesões ficam amarelas e caem, causando desfolha na lavoura e afetando a produção.

Em condições favoráveis, o fungo completa o seu ciclo de vida de 6 a 9 dias.

Essa foi uma rápida explicação do ciclo da ferrugem asiática da soja que você pode conferir na ilustração abaixo.

ciclo da ferrugem da soja

(Fonte: Reis e Carmona em Promip)

A doença evolui em qualquer estádio de desenvolvimento da planta, mas é possível observar com frequência a partir do fechamento do dossel, pela formação de um microclima favorável ao desenvolvimento da doença.

Além das plantas de soja da lavoura e das tigueras (plantas voluntárias), a ferrugem apresenta uma ampla gama de plantas hospedeiras, mais de 150 espécies.

E como você pode identificar essa doença na sua lavoura? Veja a seguir.

Identificação da ferrugem asiática na lavoura 

Para manejar o ciclo da ferrugem da soja é muito importante identificar a doença rapidamente na lavoura.

Para isso é importante o monitoramento constante!

Primeiro observe as folhas do terço inferior e/ou médio das plantas, principalmente nos locais com maior probabilidade de acúmulo de umidade, para verificar se há sintomas e estruturas do fungo.

Após isso, verifique as folhas na parte superior e veja se há pontos escuros.

Se observar pontos escuros, utilize uma lupa e verifique se existe a presença de saliências (urédias) na parte inferior (face abaxial ou verso da folha) das folhas .

urédias ferrugem da soja - Grupo Cultivar

(Fonte: Grupo Cultivar)

Quando as urédias liberam os esporos, fica-se com aspecto de “vulcão”.

Assim, quanto antes você perceber que a sua lavoura está doente, mais cedo vai controlá-la e menos perdas a doença causará.

Além do monitoramento, veja outras medidas de controle durante o ciclo da ferrugem da soja.

Manejo da ferrugem asiática da soja

Para o controle da ferrugem asiática da soja, as medidas de manejo que você pode utilizar são:

  • Monitoramento da lavoura de soja e de focos da ferrugem asiática na região para definir o momento ideal do controle;
  • Vazio sanitário: período de 60 a 90 dias sem o plantio de soja ou plantas voluntárias no campo. Esse período reduz a sobrevivência do fungo no campo, atrasando a ocorrência da doença na safra;
  • Uso de variedades precoces; 
  • Calendarização da semeadura (no início do período recomendado): para reduzir o número de aplicações de fungicidas e, com isso, diminuir a pressão de seleção de resistência do fungo aos fungicidas, já que essa doença pode ser dispersa a longas distâncias pelo vento;

Veja os estados que fazem parte da calendarização e do vazio sanitário e não se esqueça de observar o período ou a data dessas medidas para a sua região.

Estados calendarização e vazio sanitário
  • Controle químico (fungicidas): pode ser utilizado de maneira preventiva ou no aparecimento de sintomas;
  • Uso de cultivares resistentes ou mais tolerantes quando disponíveis;
  • Integração de vários métodos de manejo para prevenir a redução da eficiência de fungicidas e de plantas resistentes.

Baixe grátis a planilha de Estimativa da Produtividade da Soja

Fungicidas para o manejo do ciclo da ferrugem da soja

Como já comentamos, os fungicidas podem ser utilizados após a identificação dos primeiros sintomas ou preventivamente.

Para realizar o controle preventivo é importante observar alguns fatores como: aparecimento da ferrugem asiática (presença do fungo e condição climática favorável), logística de aplicação (disponibilidade de equipamentos e tamanho da propriedade), presença de outras doenças e custo do controle.

Já são 68 fungicidas registrados com vários modos de ação que você pode consultar no Agrofit e utilizar para o controle da ferrugem da soja na sua lavoura.

Para te auxiliar nessa escolha, a Embrapa realiza um estudo durante toda a safra de soja sobre a eficiência de fungicidas para o controle da ferrugem asiática.

Assim são obtidas a severidade da doença, a porcentagem de controle, a produtividade e a porcentagem de redução de produtividade. Veja as informações que foram obtidas durante a safra 2018/19.

Lembre-se que se deve utilizar mais de um tipo químico para melhorar a eficiência do controle e reduzir a resistência do fungo a fungicidas.

Redução da eficiência de fungicidas para controle da ferrugem asiática 

A resistência de fungos a fungicidas ocorre por processos evolutivos, mas o uso incorreto (uso contínuo do mesmo fungicida com mesmo modo de ação e doses incorretas) pode adiantar esse processo.

Para o ciclo da ferrugem da soja houve redução da eficiência dos fungicidas dos grupos químicos: Estrobilurinas, Triazóis e Carboxamidas.

Para utilizá-los, o FRAC orienta que:

As Estrobilurinas devem ser utilizadas no controle da ferrugem de forma preventiva, combinadas com fungicidas triazóis, triazolintione e/ou carboxamidas, garantindo adequados níveis de eficácia. 

Já as Carboxamidas devem ser utilizadas de forma preventiva e também em combinação com o grupo químico das Estrobilurinas.

Para reduzir a resistência de fungos a fungicidas, algumas medidas podem ser utilizadas, como:

– Realizar rotação de fungicidas com diferentes modos de ação;

– Uso do fungicida somente na época, na dose e nos intervalos de aplicação recomendados no rótulo/bula;

– Utilizar outras medidas de manejo (integração);

– Redução do número de aplicações e calendarização da semeadura;

– Consultar um(a) engenheiro(a) agrônomo(a) para auxiliar nas recomendações.

Conclusão

Vimos que conhecer o ciclo da ferrugem da soja é importante para entender como ela ocorre, as condições do ambiente que são favoráveis e para identificar as melhores medidas de manejo.

E que entre essas medidas, o controle químico é muito usado nas lavouras de soja, mas já foram identificados fungicidas com redução da eficiência para controle. 

Agora que você sabe essas informações, monitore a sua lavoura, integre várias medidas de manejo e reduza perdas com a ferrugem asiática na sua lavoura!

Você teve problemas com essa doença na safra 2019/20 na sua propriedade? Como você controla o ciclo da ferrugem da soja? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Barter de milho: como começar e como melhorar suas negociações

Barter de Milho: Entenda o que é e como funciona essa operação, conferindo como você pode realizá-la no seu negócio rural e ter benefícios.

Vários são os custos de uma lavoura de milho e ter capital suficiente para tudo isso exige muito trabalho, além de inúmeros cálculos e estratégias.

Você pode dispor de recursos próprios, linhas de créditos ou de operações financeiras.

Uma operação financeira que pode auxiliar o produtor rural a ter os insumos para a próxima safra é o chamado Barter.

Nessa operação, os insumos agrícolas ou maquinários são comercializados e o pagamento é feito com produto agrícola após a colheita.

Aqui vamos comentar mais sobre o Barter de Milho. Aproveite os benefícios dessa operação e tire todas as suas dúvidas!

Barter de milho: significado

O termo Barter vem do inglês que significa permutar, ou também chamado de troca. Ou seja, é uma operação financeira baseada em troca de mercadorias, em que o produtor se compromete a entregar uma parte da sua produção em troca de insumos ou serviços, que podem ser herbicidas, inseticidas, adubos e outros.

A operação de Barter normalmente acontece antes da colheita ou até mesmo do plantio, sendo negociado os insumos que serão utilizados na lavoura para efetuar o pagamento com produto colhido (paga com o que produz) e não realizando o pagamento em dinheiro.

Assim o produtor não precisa mexer no capital de giro e pode até melhorá-lo.

Se pensarmos na história, essa operação se remete ao escambo, um dos comércios mais primitivos de troca de mercadorias – mas com suas diferenças.

A operação de Barter começou com a cultura do café e, hoje, já é utilizado nas culturas como milho, soja, algodão e café – e está no mercado brasileiro desde 1990.

Para o produtor rural, o Barter é uma opção para obtenção de insumos que são necessários para a lavoura por meio de pagamento quando colhe a safra.

Além disso, o agricultor pode adquirir insumos sem ter crédito no mercado.

E também pode facilitar a negociação entre produtor e empresa de insumos ou serviços, em que a moeda de compra é o próprio produto da lavoura, sem usar dinheiro.

Contrato de Barter de milho: Como funciona

Como já comentamos, o Barter é importante ao produtor por permitir a compra de insumos agrícolas, maquinários ou equipamentos que são necessários para realizar a safra sem tirar dinheiro do bolso.

Então, além do produtor e da empresa de insumos ou de maquinários, que já discutimos neste texto, esta operação geralmente também envolve off-taker (trading, cerealista ou comercial exportadora).

São três partes que realizam uma negociação onde cada uma tem seus objetivos e, que muitas vezes, escutamos falar de ser uma “troca triangulada”. 

Veja o objetivo de cada parte envolvida nesta operação financeira:

  • Produtor: aquele que precisa de insumos ou maquinário para sua lavoura e prazo para pagamento, em troca disso, entrega parte dos produtos colhidos da lavoura;
  • Empresa de insumos ou de maquinários: quem fornece insumo ao produtor e estipula o prazo para o pagamento desses insumos;
  • Trading, cerealista ou comercial exportadora: compra a produção do produtor para revender no mercado interno, exportar ou para utilizar como matéria-prima em seus processos produtivos e paga a empresa de insumos.

Então, o produtor adquire insumo para sua lavoura e em troca realiza o pagamento com milho. E, normalmente, as empresas de insumos trabalham em parceria com as tradings que vão adquirir o milho.

Essa operação pode trazer benefícios para ambas as partes envolvidas, o que podemos chamar de relação ganha-ganha.

O Barter, em geral, está associado a uma Cédula de Produto Rural (CPR) que é um documento/contrato em que o produtor se compromete a entregar parte da produção agrícola (próxima colheita) como pagamento dos insumos utilizados.

barter de milho

(Fonte: TerraMagda)

Como em todo contrato, é preciso cuidado para o preenchimento e formulação da CPR para ambas as partes.

Por isso, busque auxílio de um profissional especializado para começar essa operação.

Como começar uma operação de Barter

Quando os produtores rurais precisam de produtos agropecuários e querem entregar parte da sua produção como pagamento, eles podem realizar o Barter.

Para iniciar este processo é necessário definir quais insumos e/ou maquinários são necessários para a implantação da lavoura e que precisam ser negociados.

Além disso, precisa-se verificar quais são as empresas ou cooperativas que realizam essa operação com o produtor de milho e como é realizada através da CPR, como já comentamos.

É necessário ficar atento a esse documento e verificar se a operação é vantajosa para o produtor, definindo se irá ou não realizá-la.

O Barter é uma opção de negociação interessante quando não há disponibilidade de compra dos insumos para a safra à vista.

Mas lembre-se: há várias formas de custeio da lavoura, por isso, é necessário conhecê-las e determinar qual é a melhor para a empresa agrícola na safra de milho.

Barter de milho: como a operação é utilizada por agricultores e cooperativas

Como exemplo, temos o caso de produtores de milho do Mato Grosso que no último ano realizaram a operação de Barter quando o preço do grão era baixo, como forma mais segura de não obter prejuízo, mas com empresas confiáveis para fazer o procedimento.

Cooperativas podem ajudar nessa escolha de empresas que auxiliam nas transações.

Elas também podem estimular o Barter para alcançar uma produção mínima de milho na região.

Foi isso que algumas cooperativas fizeram em 2018, quando havia redução no preço do grão e, com isso, desestímulo para a produção do milho pelos agricultores e da área plantada.

Modalidades de Barter

No canal da AgroSchool, a Marina Piccini explica as principais modalidades de Barter que são:

Compra de contrato

Produtor já fechou contrato com a trading, sendo que esse contrato não está ligado a nenhum financiamento. 

Assim, o produtor entrega o produto colhido à trading – como já foi negociado em contrato – e essa pagará para a empresa fornecedora de insumos ao produtor.

Campanha da empresa/cooperativa com a Trading

Neste caso, a empresa de insumos ou cooperativa decide fazer campanha para aumentar suas vendas em parceria com uma trading.

Quando o produtor está colhendo a safra, a empresa cria um pacote promocional com preços diferenciados aos produtores e a trading entra com uma cotação de preço para àquela safra futura.

Empresa ou Cooperativa assume o preço

Situação na qual a empresa ou cooperativa assume o risco, sem ter auxílio da trading. Ela monta o seu pacote de insumos e cobra um valor de produção por isso.

bot diagnóstico de gestão agrícola Aegro

Vantagens da operação de Barter de milho

Em qualquer operação financeira, precisamos saber suas vantagens. Para a operação de Barter, alguns benefícios são:

  • Oportunidade de financiamento seguro;
  • Facilidade na compra de insumos ou maquinários;
  • Oportunidade dos produtores com menor crédito rural realizar as atividades agrícolas;
  • Negociação travada: redução das variações dos preços tanto dos insumos como das commodities;
  • Redução do risco na operação financeira devido ao CPR, que legaliza e formaliza o processo;
  • Conhecimento antecipado da quantidade de produto agrícola para realizar o pagamento da operação financeira.

Além de conhecer todas essas vantagens, é necessário ficar atento a alguns pontos na operação de Barter (precauções):

  • Analise a equivalência de preço dos insumos e dos produtos agrícolas;
  • Veja as condições de contrato (CPR) entre os envolvidos no Barter;
  • Observe o custo-benefício desta operação (taxa de juros).

E você ficou interessado(a) no tema e quer aprender mais sobre essa operação financeira? Você pode se especializar em Barter realizando um curso. Confira abaixo:

Curso de Barter 

Se você quer conhecer mais sobre esta operação financeira para te auxiliar com o seu negócio agrícola ou quer ser um profissional neste tipo de operação, faça uma especialização. 

A AgroSchool possui um curso online sobre Barter e você pode aprender o passo a passo de como realizar essa operação, além de quais são os riscos e oportunidades, estrutura necessária, estudos de casos e exercícios.

Conclusão

Sabemos que Barter é uma operação financeira para adquirir insumos ou maquinários e realizar o pagamento com o grão colhido.

Ela é utilizada por produtores de milho para troca de insumos e quando há variação no preço do grão, estimuladas por cooperativas e empresas.

Por isso, vale a pena considerar essa opção de negociação da sua safra e para a sua empresa rural. Então, analise esta operação para a aquisição de insumos e maquinários para sua lavoura.

>> Leia Mais: 

O que é hedge e por que você deveria ter essa opção
Como fazer um contrato de hedge e como ele pode assegurar sua rentabilidade

Você realiza Barter de Milho na sua propriedade rural? Quais as vantagens dessa operação para sua empresa? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Fungicidas da cultura da soja que já apresentam resistência e alternativas de controle

Fungicidas da cultura da soja: resistência, como realizar o manejo disso, além de fungicidas e medidas alternativas de manejo para doenças da soja.

A soja é um importante grão para o país, com produção estimada de 121 milhões de toneladas para a safra 2019/20, segundo a Conab.

Muitos fatores prejudicam a produção, mas no cultivo da soja as doenças vêm ganhando destaque.

Uma das razões para isso ocorrer, é que alguns fungos causadores de doença já foram identificados como resistentes a fungicidas (redução da sensibilidade).

Por isso, neste texto descrevemos alguns dos fungicidas da cultura da soja que já apresentaram resistência, medidas para realizar esse manejo e informações sobre alternativas de controle. Confira!

Importância dos fungicidas da cultura da soja

A lavoura é um sistema complexo, envolvendo fatores que podem contribuir ou afetar a produção.

Uma das razões que pode impactar negativamente a sua produção agrícola da lavoura de soja são as doenças.

O uso de fungicidas para o manejo das doenças da soja é muito importante, mas não podemos nos esquecer das outras estratégias que devem ser integradas ao manejo.

No Brasil foram utilizados cerca de 15% de fungicidas, dentre os demais defensivos agrícolas consumidos em 2017, nas diversas plantas cultivadas no país. 

defensivos agrícolas em 2017

Tipos de defensivos agrícolas empregados em 2017 (toneladas)
(Fonte: Sindiveg em Marques Junior)

Em áreas produtoras de soja, a utilização de fungicidas é bastante expressiva, que pode contribuir para o manejo da ferrugem e outras doenças como mancha alvo, mancha parda, antracnose e outras.

O volume de fungicida aplicado na cultura da soja teve um aumento ao longo dos anos, sendo um dos motivos pela ocorrência da ferrugem asiática no Brasil na cultura da soja a partir de 2001 (uso intensivo).

E esse uso de fungicidas vem sendo utilizado amplamente nessa cultura para o manejo de fungos fitopatogênicos, no entanto, deparamos com relatos de resistência a esses produtos.

Resistência de um fungo a um fungicida é a redução da sensibilidade do fungo ao defensivo agrícola, ou seja, é a resposta natural do fungo a uma ameaça externa que pode afetar sua sobrevivência, que nesse caso é o fungicida. 

Essa característica é herdável e estável em um fungo como resposta da aplicação de fungicida.

A resistência implica em falhas de manejo de doenças em uma lavoura.

Com esta definição surge o seguinte questionamento: O que leva a ter resistência de fungos a fungicidas?

Como ocorre a resistência de fungos a fungicidas?

Normalmente, a resistência a fungicidas ocorre por processos evolutivos, que pode manifestar pelo uso contínuo do defensivo agrícola com o mesmo modo de ação, uso de doses incorretas do fungicida recomendado, entre outros.

Ou seja, ocorre a seleção dos fungos resistentes pela utilização inadequada dos produtos (fungicidas).

A resistência é um processo natural (evolução), assim, populações de fungos menos sensíveis a fungicidas já estão presentes na natureza, mesmo sem nunca terem sido expostas aos mesmos.

Mas com o uso inadequado adiantamos esse impacto e, desta forma, ocorre uma influência na velocidade de desenvolvimento da resistência, com a tendência de eliminar populações mais sensíveis do patógeno, aumentando a frequência dos menos sensíveis e atuando como agentes de seleção.

Resistência de fungos aos fungicidas

Representação de como os fungos podem se tornar resistentes a fungicidas (pressão de seleção)
(Fonte: Summa Phytopathologica)

E quais os relatos de resistência dos fungicidas da cultura da soja?

Fungicidas da cultura da soja que já apresentam resistência

Alguns fungicidas que foram relatados com perda de eficiência para algumas doenças de soja foram:

– Para ferrugem asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi) houve redução na sensibilidade de fungicidas dos grupos químicos: Estrobilurinas, Triazóis e Carboxamidas.

A partir da safra 2007/08 foi detectado redução na eficiência dos fungicidas. Na safra 2007/08 de Triazóis, em 2013/14 de Estrobilurinas, e das Carboxamidas na safra 2016/17.

– Para mancha alvo (doença de final de ciclo) causada por Corynespora cassiicola apresentou resistência aos grupos químicos benzimidazóis, estrobilurinas e carboxamidas.

Nesses casos de redução na eficiência dos fungicidas, deve-se utilizar outras medidas de manejo das doenças de soja, mas antes, veja algumas recomendações para o manejo de resistência a fungicidas.

Como realizar o manejo de resistência a fungicidas?

Como vimos, o manejo de doenças pode ficar menos eficiente com a utilização de alguns fungicidas.

Para reduzir essa resistência e aumentar a vida útil dos fungicidas, o Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas (FRAC) recomenda as seguintes estratégias que podem ser utilizadas no controle:

  • Realizar rotação de fungicidas com diferentes modos de ação;
  • Utilizar o fungicida somente na época, na dose e nos intervalos de aplicação recomendados no rótulo/bula;
  • Contar com outras medidas de manejo para o controle das doenças da soja (manejo integrado de doenças que vamos discutir no próximo tópico);
  • Consultar um(a) engenheiro(a) agrônomo(a) para auxiliar nas recomendações, monitoramento da safra e na tomada de decisão quanto à estratégia de controle para as doenças da soja na lavoura.

Além dessas estratégias, não se esqueça de realizar a aplicação do fungicida de forma eficiente, observando as condições climáticas adequadas e dos equipamentos agrícolas a serem utilizados.

A Embrapa também orienta para evitar mais que duas aplicações do mesmo produto em sequência.

Contudo, para o controle eficiente das doenças da soja da sua lavoura, verifique as alternativas de manejo.

planilha de produtividade da soja

Alternativas de controle das doenças da soja

Devemos lembrar que os fungicidas são parte do controle de doenças da soja, mas como já comentamos, devem ser utilizadas e integradas outras estratégias de manejo, que vamos discutir a seguir.

  • Vazio sanitário (controle da ferrugem asiática): é o período em que a área fica sem plantas de soja. Ele varia de 60 a 90 dias, o que reduz a sobrevivência do fungo;
  • Calendarização da semeadura (ferrugem asiática): realizar a semeadura no início do período recomendado pode reduzir o número de aplicações de fungicidas na sua área;
  • Uso de variedades resistentes;
  • Utilização de variedades precoces;
  • Uso de sementes certificadas;
  • Rotação de culturas ou sucessão;
  • Plantio no espaçamento adequado;
  • Evitar a semeadura em épocas com condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento do fungo;
  • Controle químico, o qual se caracteriza pelo uso de defensivos agrícolas.

Uso consciente de fungicidas para a ferrugem asiática da soja

Para o uso do controle químico, o produtor deve utilizar produtos registrados para a doença de soja que se pretende manejar, além de serem aplicados em doses, épocas e intervalos de aplicação como recomendado pelo fabricante.

Para a ferrugem asiática da soja, uma importante doença da cultura, têm-se 67 produtos registrados para a doença no Agrofit, que você pode consultar e definir qual deve ser utilizado de acordo com os mecanismos de ação e das recomendações a seguir.

Alguns fungicidas que podem ser utilizados para o manejo dessa doença da soja, segundo o FRAC, são:

Estrobilurinas (QoI): Inibidores de respiração no complexo 3

Essas devem ser utilizadas combinadas com os fungicidas triazóis, triazolintione e/ou carboxamidas para garantir adequados níveis de eficiência.

E o programa de controle de ferrugem deve ser iniciado de forma preventiva à ocorrência da doença.

Triazóis e Triazolintione (DMI): Inibidores da síntese de ergosterol

Indica a associação de DMI com estrobilurinas, como descrito no tópico anterior.

Carboxamidas (SDHI): Inibidores de respiração no complexo 2

Este grupo de fungicida deve ser combinado com fungicidas do grupo químico das estrobilurinas, para garantir adequados níveis de eficácia.

Além disso, a Embrapa também realizou um estudo sobre a eficiência de fungicidas multissítios para o controle da ferrugem da soja.

Esses fungicidas afetam diferentes pontos metabólicos do fungo e apresentam baixo risco de resistência.

Os multissítios são diferentes dos fungicidas sítio-específicos que são ativos contra um único ponto da via metabólica de um patógeno ou contra uma única enzima ou proteína necessária para o fungo, que são os que comentamos acima. 

Diante da pesquisa da Embrapa sobre a eficiência dos fungicidas multissítios na safra 2018/19, esses podem ser uma ferramenta importante para o manejo da ferrugem-asiática na soja, sendo necessário o registro do fungicida no MAPA para a sua utilização.

Dessa forma, podem-se realizar aplicações de fungicidas sítio-específicos com misturas com fungicidas multissítios.

Além da ferrugem, para a mancha alvo, o Frac recomenda não utilizar Carboxamidas de maneira isolada, mas deve-se realizar a associação com fungicidas multissitios no manejo da doença.

Conclusão

Os fungicidas são importantes para o controle de doenças da soja, mas vimos que alguns fungos se tornam resistentes a fungicidas.

Assim, neste texto foi discutido o que é resistência a fungicidas e como elas ocorrem.

Além disso, falamos sobre os fungicidas que tiveram relatos de perda de eficiência e como manejar essa suscetibilidade. E ainda, discutimos alternativas de manejo para doenças da soja.

Com isso, você pode ter um manejo mais eficiente na sua lavoura, controlando as doenças da soja e também os custos agrícolas.

>> Leia mais:

5 maneiras de controlar os nematoides na soja

O que são fungicida sistêmico e de contato e qual utilizar

“Biofungicidas: quando vale a pena usá-los para o controle de doenças na lavoura?”

Você teve problemas com perda da eficiência de fungicidas da cultura da soja? Você realiza rotação de mecanismos de ação? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Conheça as 11 principais doenças da soja e como combatê-las (+ nematoides)

Doenças da soja: saiba como identificar as mais frequentes, incluindo nematoides, e os métodos de controle mais eficazes para cada uma delas.

Identificar e controlar as doenças da soja exige um nível cada vez maior de conhecimento técnico e acompanhamento prático da lavoura. 

Embora a mais importante seja a ferrugem asiática, diversas outras doenças podem afetar a produtividade, causando perdas de até 100%.

A chave para manter a lavoura saudável é identificar a doença em seu início e realizar medidas de manejo adequadas. 

Por isso, fizemos este artigo exclusivo com a Agronômica Laboratório de Diagnóstico Fitossanitário para que você entenda e controle as doenças da soja. Confira!

Agronômica Laboratório de Diagnóstico Fitossanitário

Principais doenças da soja

As doenças podem ocorrer em todo o ciclo da cultura ou em períodos específicos (estádios de desenvolvimento). As principais doenças da soja são:

  • Ferrugem asiática
  • Mancha-alvo
  • Oídio
  • Mofo-branco
  • Crestamento foliar de cercospora e mancha púrpura da semente
  • Antracnose
  • Mancha parda ou septoriose
  • Mancha olho-de-rã
  • Cancro da haste
  • Mela ou requeima
  • Podridão de carvão das raízes

Confira o período de ocorrência mais frequente das doenças da soja na imagem a seguir:

doenças da soja
(Fonte: Paulo Saran)

Tendo isso em vista, vamos agora para a identificação e manejo das principais doenças da soja:

Ferrugem asiática da soja

ferrugem asiática
(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

A ferrugem asiática da soja é considerada a mais importante na cultura da soja e é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi. Os sintomas podem aparecer em qualquer estádio de desenvolvimento da planta.

ferrugem asiática da soja pode causar perdas de 10% a 90% nas lavouras, atingindo todas as regiões produtoras do Brasil. 

O diagnóstico nos estádios iniciais da doença pode ser difícil por não ter os esporos alaranjados como em outras ferrugens.

Por isso, inicialmente, procure por minúsculos pontos mais escuros nas folhas, variando de coloração verde a cinza (utilize uma lupa).

Na face inferior das folhas no local correspondente ao dos pontos, observe pequenas saliências, que são as urédias (estruturas de reprodução do fungo).

Na safra 2019/20, já tivemos registro da ferrugem asiática no campo. Acompanhe os dados de ocorrência da doença no Consórcio Antiferrugem.

Manejo da ferrugem asiática:

  • Monitore a lavoura

Não se esqueça de utilizar uma lupa e observar a parte de baixo da folha para visualização das urédias.

  • Utilize fungicidas

Use fungicidas, como a morfolina, preventivos ou quando aparecer os primeiros sintomas.

Lembre-se que já foi registrada a redução da eficiência de fungicidas à base de carboxamidas, triazóis e estrobilurina isolada.

Como existem vários produtos registrados para manejo da ferrugem da soja e com vários ingredientes ativos, você pode utilizar fungicidas com diferentes modos de ação.

Isso minimiza riscos de perda da eficiência dos fungicidas.

Além disso, reduza a aplicação excessiva de fungicidas e realize a calendarização da semeadura.

  • Vazio sanitário

É o período que a área fica sem plantas de soja. Ele varia de 60 a 90 dias, o que reduz a sobrevivência do fungo.

Atente-se ao período do vazio sanitário da sua região. Você pode conferi-lo aqui.

  • Calendarização da semeadura

Realizar a semeadura no início do período recomendado pode reduzir o número de aplicações de fungicidas na sua área. Isso ocorre porque há menos esporos da doença no ambiente.

Calendarização da semeadura
  • Uso de variedades precoces

Utilizando essas variedades, você irá reduzir o tempo de exposição da planta no campo, podendo reduzir a infecção.

Além da ferrugem asiática, conheça outras doenças da soja que podem afetar a sua lavoura e como fazer seu controle:

Mancha-alvo

doenças-da-soja-mancha-alvo
(Fonte: Mais soja)

É causada pelo fungo Corynespora cassiicola, podendo ocasionar perdas de até 50% em cultivares suscetíveis.

Nas folhas, os sintomas se iniciam por pontuações pardas, com halo amarelado, evoluindo para mancha foliar circular, de coloração castanho-clara a castanho-escura.

Essas manchas podem apresentar pontuação no centro e anéis concêntricos de coloração mais escura (semelhantes a um alvo).

Formas de manejo para a mancha-alvo:

  • Utilização de cultivares resistentes;
  • Tratamento de sementes;
  • Rotação/sucessão de culturas;
  • Uso de fungicidas.

Para te auxiliar na escolha do fungicida, veja o trabalho que a Embrapa realizou para determinar a eficiência de fungicidas da cultura da soja no controle da mancha-alvo. 

Além disso, atente-se que já foram relatadas populações do fungo C. cassiicola resistentes a fungicidas MBC (metil benzimidazol carbamato).

Oídio

oídio soja
(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

O oídio é uma doença é causada pelo fungo Microsphaera diffusa. Em algumas regiões do país a doença ocorre por ter as condições favoráveis para o desenvolvimento do fungo.

Essas condições são temperaturas amenas e baixa umidade, sendo frequente em regiões com maior altitude. Além disso, esse fungo tem fácil dispersão pelo vento.

Sintomas da doença podem ser observados nas folhas, que vão apresentar uma estrutura branca (micélio e esporos do fungo) – que podem se tornar cinzas com o passar do tempo.

Essas estruturas são capazes de impedir a fotossíntese e provocar queda prematura das folhas. 

Como fazer o manejo do oídio:

  • Utilização de variedades resistentes;
  • Controle químico;
  • Evitar a semeadura em épocas com condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento do fungo.

Mofo-branco

O mofo-branco é causado por Sclerotinia sclerotiorum, fungo que tem mais de 400 espécies de hospedeiros, incluindo soja e feijão. A doença é responsável por até 30% de perdas da produção em um campo agrícola.

Os sintomas são lesões encharcadas inicialmente, que evoluem para uma coloração castanha e, depois, há a formação de um micélio branco, que formam escleródios.

O fungo pode sobreviver no solo por um longo período (em média de 5 a 10 anos) na forma de estruturas de resistência do fungo (escleródios).

mofo-branco
Placa de Petri com crescimento em meio de cultura de Scletotinia sclerotiorum com micélio branco e escleródios
(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

Manejo do mofo-branco:

  • Sementes certificadas, limpeza de máquinas e implementos agrícolas;
  • Tratamento de sementes com fungicidas do grupo MBC (metil benzimidazol carbamato);
  • Rotação/sucessão de culturas;
  • Semeadura em palhada de plantas não hospedeira como as gramíneas (isso desfavorece a formação e liberação de esporos do fungo);
  • Utilização de cultivares que favoreçam a aeração entre as plantas para não criar um ambiente ideal para desenvolvimento do fungo;
  • Controle de daninhas hospedeiras do mofo branco;
  • Controle químico com aplicação no início da floração até a formação das vagens.

Crestamento foliar de cercospora e mancha púrpura da semente

mancha púrpura cercospora soja
(Fonte: Pioneer)

Doença causada pelo fungo Cercospora kikuchii, que ataca todas as partes da planta.

Ocorre em várias regiões produtoras de soja, sendo mais intensa em locais quentes e chuvosos. 

Nas folhas, você pode observar manchas castanho-avermelhadas, produzindo o efeito chamado de “bronzeamento” na folha, que pode evoluir para grandes manchas escuras.

Já nas vagens, causa manchas vermelhas a castanhas. É através das vagens que o fungo atinge a semente, causando manchas avermelhadas denominadas “mancha púrpura”.

Principais manejos

  • Uso de sementes certificadas;
  • Tratamento de sementes com fungicidas;
  • Pulverização com fungicida na parte aérea da planta: existem vários produtos registrados para este patógeno.

>> Leia mais: “Como identificar e manejar o crestamento bacteriano na soja”

Antracnose

O fungo mais comum que causa antracnose em soja é o Colletotrichum truncatum. A doença pode ocorrer no início da cultura e você pode observar o tombamento das plantas jovens de soja.

antracnose soja
(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

Nas vagens surgem manchas aquosas no início da doença, escurecendo depois.

Isso pode favorecer a queda das vagens e sementes com manchas deprimidas. Já nas folhas podem ocorrer manchas e necrose.

Manejo da antracnose:

  • Utilização de sementes certificadas;
  • Sementes tratadas com fungicidas;
  • Controle químico;
  • Rotação de culturas;
  • Plantio da soja no espaçamento adequado, especialmente no plantio direto, para não apresentar condições adequadas para o fungo (alta umidade e clima quente).

Mancha parda ou septoriose 

A mancha parda é causada por Septoria glycines e está disseminada por todo o país.

No início do desenvolvimento da doença, você pode observar pequenas pontuações de cor parda nas folhas que, ao se desenvolverem, formam manchas com halos amarelados e centro de contornos angulares, de coloração parda da face superior e rosada na parte inferior da folha. Pode haver desfolha prematura. 

Manejo da mancha parda:

  • Rotação de culturas;
  • Aplicação de fungicidas na parte aérea durante a formação e enchimento das vagens.

Mancha olho-de-rã

É causada pelo fungo Cercospora sojina e pode ocasionar perdas de 10% a 60%.

Os sintomas da doença podem ser observados nas folhas, hastes, vagens e sementes. 

Nas folhas ocorrem pequenas manchas encharcadas na face superior que evoluem para lesões de formato arredondado, com o centro castanho claro e bordas castanho-avermelhadas. 

Já na face inferior das folhas, as lesões apresentam coloração mais escura.

Os sintomas nas vagens são lesões circulares a alongadas, deprimidas, com coloração marrom-avermelhada.

Nas sementes, causa rachaduras e manchas de coloração parda e cinza. 

Manejo da mancha olho-de-rã:

  • Variedade resistente;
  • Tratamento de sementes.

Cancro da haste

A doença pode ser causada por Diaporthe aspalathi e Diaporthe caulivora. Ambas as espécies causam sintomas semelhantes nas plantas.

Você pode observar lesões profundas nas hastes, com coloração castanho-avermelhadas a negras, alongadas e elípticas, adquirindo coloração castanho-clara com bordas castanho-avermelhadas. 

Um aspecto importante desta doença são folhas amareladas e com necrose internerval (folha “carijó”), permanecendo presas à planta.

Já as sementes podem apresentar enrugamento e rachaduras no tegumento. E é possível observar micélio de coloração esbranquiçada a bege sobre a superfície. 

As lesões causadas por D. aspalathi raramente circundam a haste e não há murcha.

Já as lesões causadas por D. caulivora circundam o caule, causando murcha e morte da planta. 

Manejo do cancro da haste:

  • Tratamento de sementes;
  • Rotação/sucessão de culturas;
  • Cultivares resistentes (D. aspalathi).

Mela ou requeima 

Doença causada por Rhizoctonia solani, podendo apresentar até 60% de redução na cultura da soja.

Ocorre em reboleira nas lavouras e tem desenvolvimento em alta umidade relativa. 

Os sintomas são folhas com lesões encharcadas de coloração pardo-avermelhada a roxa, evoluindo para marrom-escura a preta. 

Uma particularidade é que folhas infectadas geralmente ficam aderidas às outras ou às hastes por meio do micélio, que pode disseminar o fungo para tecidos sadios.

Nas hastes, pecíolos e vagens ocorrem manchas castanho-avermelhadas. 

Nos tecidos mortos, o fungo forma um micélio fino com produção de escleródios de cor bege a castanho escuro. 

Manejo da requeima

  • Rotação de culturas não hospedeiras do fungo;
  • Semeadura direta;
  • Sementes sadias;
  • Tratamento de sementes;
  • Espaçamento de plantio adequado;
  • Fungicidas;
  • Nutrição equilibrada.

Podridão de carvão das raízes

A podridão de carvão na soja é causada pelo fungo Macrophomina phaseolina, sendo a doença radicular mais comum nas áreas de soja.

A infecção pode acontecer na germinação das sementes, tornando as radículas escuras.

Se sua lavoura apresentar a doença no período do florescimento e ocorrer falta de água, as folhas tornam-se cloróticas, secam e adquirem coloração marrom, permanecendo aderidas aos pecíolos.

O colo da planta apresenta lesões de coloração marrom-avermelhada e superficiais.

podridão de carvão das raízes
(Fonte: Agronômica)

Já as raízes das plantas adquirem coloração cinza com microescleródios negros.

Manejo da podridão de carvão das raízes: 

  • Cobertura do solo;
  • Plantio em campos que não tenham tido histórico da doença.

Nematoides na cultura da soja

Os nematoides causam doenças na cultura da soja que podem chegar ao prejuízo estimado de R$ 35 bilhões ao ano no Brasil.

10-doenças-da-soja-sintomas-nematoides
Danos causados pelo nematoide do cisto da soja (Heterodera glycines) e pelo nematoide das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus) na região de Primavera do Leste (MT)
(Fonte: Tatiane Zambiazi em Grupo Cultivar)

Para evitar esses prejuízos na lavoura, conheça os principais nematoides que podem ocorrer na soja e suas medidas de manejo:

11-doenças-da-soja-nematoides

Manejo de nematoides:

O controle dos nematoides é muito difícil, já que são parasitas do solo. Algumas medidas que podem te auxiliar são:

  • Evitar áreas com histórico dos nematoides;
  • Evitar a entrada dos nematoides: sementes de boa qualidade, limpeza de implementos, máquinas agrícolas e outros;
  • Rotação de culturas com espécies não hospedeiras, em especial as práticas de adubo verde e culturas de cobertura;
  • Uso de cultivares de soja tolerantes ou resistentes.

Para te auxiliar nas recomendações, monitoramento da safra e tomada de decisão quanto à estratégia de controle para as doenças, procure um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).

Caso os sintomas estejam inconclusivos, é importante que você encaminhe o material para um laboratório especializado em diagnóstico. Assim você terá o diagnóstico de forma mais rápida e precisa.

>>Leia mais: “Identifique os sintomas da podridão parda da haste da soja e aprenda a evitar a doença”

Como obter sucesso no controle das doenças da soja

Antes de falarmos sobre as principais doenças da cultura da soja, é importante sabermos sobre o planejamento do manejo. Para isso, considere as seguintes informações: 

  • Histórico da área de cultivo; 
  • Conheça os sintomas e condições favoráveis para as doenças; 
  • Conheça todos os métodos de manejo que podem ser utilizados e avalie qual o melhor para sua propriedade; 
  • Utilize sementes de boa qualidade;
  • Não utilize apenas uma medida de manejo: tente integrar vários métodos;
  • Faça a adubação de soja adequadamente.

O sucesso no controle, principalmente das doenças causadas por fungos, está correlacionado ao momento em que o manejo é iniciado na lavoura.

Isso pode ser devido a medidas legislativas, como vazio sanitário, ou práticas culturais.

Para reduzir a introdução de patógenos na lavoura é preciso utilizar sementes de boa qualidade e procedência.

Por isso, é importante fazer a análise destas sementes em laboratórios confiáveis. Essa medida ajuda a garantir a alta produtividade nas próximas safras.

As sementes de soja podem transmitir alguns patógenos fúngicos como: 

  • Cercospora kikuchii
  • Septoria glycines
  • Colletotrichum truncatum
  • Diaporthe aspalathi
  • Cercospora sojina

Eles também podem ser transmitidos por restos culturais e servir de fonte de introdução para a lavoura. 

Você também pode ter doenças na lavoura de soja causadas por Sclerotinia sclerotiorum, Rhizoctonia solani e Macrophomina phaseolina.

Esses fungos de solo formam estruturas de resistência denominadas escleródios, que podem causar danos enormes nas lavouras por serem bem agressivos e de difícil controle.

planilha controle de custos por safra

Conclusão

Neste texto foram discutidas as principais doenças da soja, seus sintomas e melhores práticas para controle na lavoura.

Além disso, falamos sobre os quatro nematoides mais importantes para a soja e também como combatê-los.

Com isso, você pode orçar os custos dessas medidas de manejo e fazer um planejamento efetivo. 

Desse modo, tenho certeza que você terá uma lavoura com maior controle das doenças e também dos seus custos!

>> Leia mais:

“Mancha-púrpura na soja: como livrar sua lavoura dela”

Quais doenças da soja você encontra hoje na sua propriedade? Como você controla essas doenças? Têm problemas com nematoides? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Como reduzir custos com um software de gestão agrícola

Custos na gestão agrícola: Como controlar melhor as despesas da fazenda e diminuir gastos utilizando tecnologia.

Sempre pensamos em reduzir custos sem abrir mão da qualidade e da produtividade. 

Para conseguir isso, temos algumas ferramentas que nos ajudam. Você que atua no agronegócio, já pensou em investir em um software de gestão agrícola? 

Com a automação de processos proporcionada por um software para gestão de fazendas, você ganha agilidade no registro, consulta as informações e otimiza as rotinas e tarefas da equipe.

Além disso, tem mais organização, controle e clareza na visualização de dados, com acompanhamento diário e em tempo real. Isso facilita o planejamento agrícola e a tomada de decisão.

Por isso, preparamos este artigo sobre como reduzir custos na sua empresa rural com um software de gestão agrícola. Confira!

[form-post-v2]

Por que ter o controle de custos na gestão agrícola com um software?

Os custos na gestão agrícola envolvem a tomada de decisões da sua empresa rural. Por isso, é importante calcular o custo de produção agrícola, que são as despesas que ocorrem na lavoura para obter a produção.

Para isso, é importante ter todos os registros de contas e atividades detalhadamente, inclusive os custos fixos e custos variáveis.

Realizar uma boa gestão agrícola, pensando em reduzir custos, não é uma tarefa fácil. Mas você pode utilizar softwares agrícolas para te auxiliar nesta tarefa.

Você percebeu, por exemplo, que na última safra o resultado ficou abaixo do esperado e que precisa reduzir custos de produção. Mas como resolver esse problema?

Se você conta apenas com registros dos custos e atividades da safra na memória, fica difícil identificar e decidir o que deve ser modificado para reduzir custos na gestão agrícola. 

Agora, se você tem anotações manuais ou registros em planilhas, esses dados podem te ajudar a tomar a decisão certa para a redução de custos… Mas isso exige um pouco de trabalho, pois é preciso anotar todos os dados e também analisá-los.

Como a gestão das atividades agrícolas envolve diversos dados, muitas planilhas podem gerar confusão na tomada de decisão.

Qual software rural utilizar para reduzir custos na gestão agrícola?

Conte com um software agrícola que integre gestão operacional, técnica e financeira. Isso permite que você saiba exatamente para onde está indo cada centavo aplicado e cada custo da sua empresa rural.

Também fique atento para softwares que podem oferecer gráficos e uma visão da fazenda que nenhuma planilha agrícola consegue.

Custos na Gestão Agrícola

(Fonte: SNA)

Com um software de gestão agrícola, você pode visualizar facilmente todas as informações sobre sua propriedade como: gastos com insumos; estoques; o que está definido em cada talhão; sementes; fertilizantes; aplicação de defensivos agrícolas; cálculo do custo e outros. 

E, com essas informações, você pode analisar todos os dados do seu negócio. 

Levando em consideração esses dados, fica mais fácil decidir quais custos devem ser reduzidos ou onde você deve colocar mais investimento, entre outras decisões estratégicas da empresa rural.

Confira mais algumas vantagens com um software na gestão agrícola de custos:

Vantagens de contar com um software rural

Um bom software agrícola para sua fazenda é aquele que oferece funções que colaboram para seu trabalho, dando resultados cada vez melhores. 

Contar com um programa de gestão rural completo e eficiente, capaz de auxiliar do planejamento à colheita, é o caminho para reduzir custos sem perder qualidade e produtividade.

Algumas vantagens que bons softwares agrícolas oferecem são:

  • Ganho de tempo;
  • Dados armazenados normalmente na rede e não apenas no seu computador;
  • Agilidade na obtenção de dados;
  • Redução de perdas de dados agrícolas;
  • Facilidade na administração de custos;
  • Visualização de gráficos e indicadores impossíveis de se obter em planilhas agrícolas;
  • Rapidez no acesso às informações armazenadas.

Controle seus custos na palma da mão

O que estamos mostrando a você é que com um software agrícola, como o Aegro, você leva sua propriedades no bolso! É possível ter acesso a todas as informações e dados que precisar, a qualquer momento, e em qualquer lugar. 

E é o usuário principal (seja o proprietário da fazenda, gerente ou consultor) quem decide a que funções o restante da equipe terá acesso, quem poderá registrar ou alterar dados.

O pessoal que vai a campo não precisa ter acesso à área de contas, por exemplo. Esse acesso pode ficar acessível somente para quem cuida da parte financeira.

A tela do painel de controle da safra mostra diversas informações disponíveis para o produtor: produtividade esperada, cultivares que serão semeados, comparação de custos orçados e realizados, etc.

Você pode ver também a evolução atual do plantio e da colheita, observações registradas diretamente do campo utilizando o aplicativo e uma agenda das próximas atividades.

aegro

Confira como o produtor de soja Fernando economizou pelo menos 5% em custos da safra com gestão tecnológica da fazenda, acesse aqui.

Aegro: Software de gestão agrícola que traz visão global da lavoura

Aegro é um sistema simples de usar e altamente eficiente, focado no processo produtivo, que dá acesso rápido às safras que estão sendo trabalhadas no momento. 

O software foi construído com produtores rurais e agrônomos para criar uma solução totalmente pensada para a sua rotina. Nós já ajudamos mais de 4 mil usuários, com mais de 1,5 milhão de hectares monitorados.

O Aegro permite que você consulte o histórico de outras safras sem precisar procurar e abrir outros arquivos ou programas. 

Ou seja, além de otimizar o trabalho e facilitar a tomada de decisão, o software ainda proporciona um aprendizado: você fica atento para não repetir o que já foi provado que não dá certo.

O Aegro oferece: 

Você pode, por exemplo, registrar e ter informações sobre as despesas; receitas; fluxo de caixa; conta bancária; extrato e nota fiscal. Essas informações te auxiliam na redução de custos na gestão agrícola do seu negócio.

Gestão de custos rápida e fácil com Aegro. Quer saber mais? Fale com um de nossos consultores aqui.

Outro exemplo dessa visão global que temos com o Aegro é a visualização das operações agrícolas por áreas.

O software apresenta todas as áreas que integram a safra atual e mostra as atividades planejadas, separadas por progresso ou por tipos: preparo do solo; semeadura; adubação e cobertura; aplicação de defensivos agrícolas, irrigação e colheita.

Dessa maneira, você pode visualizar com rapidez o que está planejado e o que já foi realizado.

É possível ver o que está no período certo para ser concluído e se há atividades atrasadas – incluindo possíveis ações que ainda não têm planejamento bem definido.

aegro

Além disso, o software também disponibiliza indicadores e relatórios de maneira objetiva e prática. 

Assim fica mais rápido e fácil analisar a fazenda quando precisar tomar uma decisão ou avaliar a saúde do seu negócio.

aegro

Aegro é o aplicativo que fala a língua do campo. Teste por você mesmo o sistema de gestão agrícola Aegro. Temos algumas opções grátis para você começar agora:

  • Computador (tempo limitado – clique aqui)
  • Celular Android (aplicativo gratuito – clique aqui)
  • Celular iOS (aplicativo gratuito – clique aqui)
  • Utilize seus Pontos Bayer para contratar a versão completa do Aegro (clique aqui).

Conclusão

Há muitas atividades e custos envolvidos para a obtenção do produto agrícola, o que torna a gestão agrícola muito importante para a sua empresa rural.

Para te auxiliar com esta tarefa e reduzir custos na gestão agrícola, vimos que você pode utilizar um software rural.

Abordamos neste artigo as possibilidades trazidas pelos softwares e as vantagens da sua utilização.

Por isso, utilize um software agrícola na sua propriedade e melhore sua gestão!

>> Leia mais:

5 maneiras de melhorar seu gerenciamento rural

Como utilizar a entressafra de maneira produtiva em sua fazenda

Como você realiza a gestão agrícola da sua empresa? Você utiliza softwares agrícolas? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Podridão branca da espiga: Entenda mais e controle essa doença na sua área

Podridão branca da espiga: Sintomas, disseminação, fonte de inóculo, grãos ardidos, micotoxinas e o manejo para reduzir os prejuízos em sua lavoura.

Vários fatores podem afetar a produção de uma lavoura, entre eles as doenças

A podridão branca da espiga, por exemplo, pode causar perdas superiores a 70% no peso das espigas, impactando demais a produtividade e qualidade da produção.

Para reduzir os prejuízos com a doença, é preciso conhecê-la e saber como manejar corretamente.

Por isso, fizemos este artigo exclusivo com o Agronômica Laboratório de Diagnóstico Fitossanitário para que você entenda e evite a podridão branca em sua área. Confira:

Podridão branca da espiga: Importância e patógenos

A podridão branca da espiga pode causar grandes prejuízos na cultura do milho, afetando diretamente os grãos ou sementes, ou seja, o produto comercial. 

Ela causa redução na produtividade e qualidade dos grãos ou sementes colhidas na lavoura.

A podridão branca é causada pelos fungos Stenocarpella macrospora e Stenocarpella maydis, que tem como o nome sinônimo de Diplodia maydis e D. zeae.

Por isso, você também pode encontrar o nome da doença como Podridão da Espiga causada por Diplodia.

Uma pesquisa da Embrapa constatou perdas superiores a 70% no peso das espigas quando comparadas com espigas não inoculadas artificialmente com S. maydis.

As espécies de Stenocarpella spp. podem ocasionar, além da podridão branca, a Podridão do Colmo, podendo ser causada por ambas as espécies; e a Mancha foliar de Diplodia, causada por S. macrospora.

A ocorrência da podridão branca da espiga depende do clima. São condições favoráveis ao desenvolvimento da doença as temperaturas moderadas e alta umidade.

Por isso, atenção após longos períodos de chuva.

E como identificar essa doença na sua lavoura? Vamos falar sobre isso a seguir:

podridão branca da espiga

Doença causa perda de produtividade e qualidade na lavoura de milho
(Fonte: Elevagro)

Como identificar a podridão branca da espiga

Geralmente, os sintomas da podridão branca começam pela base da espiga, com crescimento do micélio do fungo entre os grãos.

Você pode observar na imagem abaixo, as espigas infectadas podem adquirir coloração acinzentada a esbranquiçada, enrugada e leve. 

Além disso, podem apresentar as palhas internas fortemente aderidas umas às outras e aos grãos por ter ocorrido o crescimento do micélio do fungo quando a infecção acontece logo após  a polinização.

Os grãos ou sementes, quando infectados, apresentam coloração cinza a marrom.

Com o desenvolvimento do fungo, observa-se a formação de uma camada esbranquiçada entre as fileiras de grãos na espiga, o que explica o nome da doença: podridão branca da espiga.

espiga Embrapa Stenocarpella maydis

Espiga completamente colonizada por Stenocarpella maydis
(Fonte: Embrapa)

Se as espigas são colonizadas tardiamente na cultura, os sintomas se mostram menos severos.

Porém, é possível observar o crescimento do fungo entre os grãos, não apresentando manifestação externa na espiga.

Nas sementes contaminadas pode não ocorrer a germinação, indicando que os fungos atacam e matam o embrião.

Já se a semente germina e a plântula emerge infectada, o vigor da planta sobrevivente é comprometido.

Baseado no sintoma, não é possível que você diferencie se a doença é causada por S. macrospora ou por S. maydis.

Uma forma simples de diferenciar os fungos é pelo tamanho dos esporos (conídios) visualizados em microscópio. Normalmente, os esporos de S. macrospora são maiores que os de S. maydis.

Embrapa esporos de S. macrospora

Conídios de Stenocarpella macrospora
(Fonte: Embrapa)

Embrapa Stenocarpella maydis

Conídios de Stenocarpella maydis
(Fonte: Embrapa)

Lembrando que existem outros métodos para a diferenciação dos fungos. Agora que você sabe os sintomas dessa doença, como manejá-la na sua área?

Controle da podridão da espiga na sua área

Quando pensamos em medidas de manejo para a podridão branca da espiga, uma importante estratégia de controle preventivo é a utilização de sementes sadias.

Para garantir a qualidade das sementes e a produção de grãos de milho na sua lavoura, é recomendável enviá-las a um laboratório para detecção precoce, mesmo quando não apresentam aspecto de “grãos ardidos”.

Laboratórios como o Agronômica dispõem de métodos rápidos e sensíveis para a detecção precoce da doença.

Assim, há mais segurança para os lotes e campos de produção de sementes e grãos de milho. Você ainda agrega valor econômico e nutricional a seu produto final.

Para um eficiente controle da podridão branca da espiga, você pode utilizar um controle integrado, com:

  • Uso de sementes sadias;
  • Tratamento de sementes: prevenir a deterioração da semente e evitar a transmissão dos patógenos das sementes infectadas para as plântulas;
  • Rotação de culturas;
  • População adequada, para não propiciar um ambiente favorável para a doença;
  • Equilíbrio nutricional;
  • Resistência genética: híbridos de milho (comerciais) têm sido classificados quanto a sua resistência às podridões do colmo e da espiga. Mas, não existe uma descrição clara da reação dos materiais genéticos especificamente para cada patógeno.

Em caso de dúvidas, procure um engenheiro(a) agrônomo(a).

Agora que você sabe como manejar a doença na sua lavoura, veja as principais fontes de inóculo e a disseminação da podridão branca da espiga.

Fontes de inóculo e disseminação da podridão branca da espiga

Os fungos S. macrospora e S. maydis são fungos necrotróficos, apresentando fase parasitária na planta viva e fase saprofítica em restos culturais. 

Por isso, esses fungos podem ser encontrados fora do período de cultivo em sementes e nos restos culturais. Esta informação é importante para a determinação das fontes de inóculo.

Uma importante fonte de inóculo desses fungos são as sementes contaminadas.

Por isso, é de extrema importância que você utilize na sua lavoura sementes sadias e certificadas.

A semente infectada é um dos principais veículos para disseminação dos fungos para novas áreas de cultivo e lavouras de milho.

Outro ponto importante é que sementes infectadas com os fungos causadores da podridão branca, quando armazenadas, podem garantir a sobrevivência dos patógenos até a semeadura.

O período mais crítico para a introdução da doença é de duas a três semanas após o início da formação dos grãos.

Além das sementes, restos de culturas de milho contaminados com S. macrospora e S. maydis que permanecem na superfície do solo também são fontes de inóculo para a doença.

Monocultura e SPD

A podridão branca da espiga ocorre com mais intensidade em lavouras de monocultura, principalmente produtoras de semente, onde o milho é frequentemente cultivado na mesma área, ocasionado pela fonte de inóculo dos restos culturais.

Neste sentido, a Aprosoja orienta os produtores que, plantios sucessivos com ampla adoção do sistema de plantio direto, sem rotação de culturas, e a utilização de genótipos suscetíveis, acabam favorecendo a ocorrência da doença.

Isso acontece em função da elevada capacidade dos patógenos sobreviverem no solo e em restos de cultura, resultando no rápido acúmulo de inóculo nas áreas de cultivo.

Atente-se que o problema não é realizar o plantio direto, mas não utilizar a rotação de culturas, que é um dos princípios fundamentais do SPD.

A palha (restos culturais) sobre o solo desfavorece a decomposição rápida, o que aumenta o período de sobrevivência dos patógenos necrotróficos, favorecendo a dispersão e a ocorrência da podridão branca da espiga.

A infecção da espiga normalmente ocorre por esporos dos fungos disseminados pelo vento, provenientes de restos culturais contaminados com o patógeno.

Esses patógenos afetam os grãos e as sementes por poderem produzir grãos ardidos e micotoxinas.

Grão ardidos e micotoxinas causados por Stenocarpella macrospora e S. maydis

Os fungos S. macrospora e S. maydis são conhecidos por causar os “grãos ardidos”, que tem essa denominação pelas espigas se tornarem leves devido ao baixo peso dos grãos infectados.

Grãos ardidos em milho são grãos que possuem pelo menos um quarto de sua área descolorida. Sua cor varia entre diferentes tons de marrom, roxo e vermelho.

podridão branca da espiga

Comparação de amostras de grãos de milho ardidos (A) e sadios (B)(Fonte: Rodrigo Véras da Costa em Embrapa)

Além disso, associados a esses grãos ardidos, pode haver problemas qualitativos (qualidade do grão) e quantitativos (grãos de menor peso).

Com isso, ocorre redução do preço de comercialização do grão ou da semente.

Então, podridão da espiga e do grão causadas por fungos que afetam o milho em contaminação na pré-colheita são denominados grãos ardidos.

Já se isso ocorre na pós-colheita (transporte, beneficiamento e armazenamento) é denominado grãos mofados ou embolorados.

Os principais fungos que podem causar grãos ardidos na sua lavoura são:

  • S. maydis;
  • S. macrospora;
  • Fusarium verticilioides; 
  • F. subglutinans; 
  • Gibberella zeae; 
  • Penicillium oxalicum (ocasionalmente);
  • Aspergillus flavus (ocasionalmente);
  • A. parasiticus (ocasionalmente).

Além da produção dos grãos ardidos, os fungos podem produzir micotoxinas.

Isso pode influenciar no valor econômico dos grãos e na redução da qualidade nutricional para o consumo humano e para produção de rações para os animais.

Micotoxinas são metabólitos secundários produzidos por fungos e estão associados a efeitos desfavoráveis à saúde humana e animal.

O fungo S. maydis pode produzir uma micotoxina denominada diplodiotoxina. O S. macrospora também pode produzir as micotoxinas diplodiol, chaetoglobosins K and L.

planilha de produtividade de milho

Conclusão

A podridão branca da espiga do milho pode causar perdas quantitativas e qualitativas nos grãos e nas sementes, causando os grãos ardidos.

Neste artigo comentamos a importância e os patógenos que causam a doença.

Além disso, abordamos os principais sintomas e como realizar um manejo eficiente na sua lavoura.

Por fim, discutimos as fontes de inóculo, disseminação da doença e a produção de micotoxinas.

Agora que você sabe mais sobre a doença, realize o manejo na sua lavoura para não ter problemas com a podridão branca da espiga em sua propriedade!

>> Leia mais:

Antracnose nas culturas de grãos: Como controlar de modo eficaz

Mofo-branco: Como identificar, controlar e prevenir na sua lavoura

Míldio: Como identificar na sua lavoura e combater essa doença

Você já teve problemas com podridão branca da espiga do milho na sua lavoura? Quais medidas de manejo utiliza para o controle? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Como começar a plantação de soja e 6 passos para melhorar sua lavoura

Plantação de soja: saiba como planejar o plantio, vantagens de cultivar o grão, como escolher a cultivar e muito mais!

A soja é uma importante cultura no país, em produção, produtividade e área plantada. Segundo dados da Conab, a produtividade esperada para a safra 2021/22 é de 3.526 kg/ha e produção de 140.752,2 milhões de toneladas de soja. Esse número representa um crescimento de 2,5% em relação à safra passada. 

Para atingir altas produtividades, você precisa se atentar a todas as atividades agrícolas e isso começa antes da plantação de soja. Por isso, separamos dicas que vão te ajudar a ter resultados ainda melhores na lavoura. Confira!

O que é preciso saber para começar a plantar soja

O plantio da soja pode trazer bons resultados, mas para isso é fundamental conhecer bem a planta e estar atento às melhores práticas para semeadura, manutenção e colheita, a fim de evitar prejuízos.

A soja (Glycine max) é uma planta herbácea pertencente à família Fabaceae. Suas sementes têm germinação epígea e o sistema radicular pivotante, com uma raiz principal e diversas ramificações.

Existe hoje uma grande variedade de cultivares de soja no mercado, sendo que a duração total do ciclo pode variar de 100 a 160 dias, com predominância de 115 a 125 dias nos ciclos comerciais mais comuns.

Independente da cultura, o planejamento da safra é fundamental para o sucesso da atividade, afinal, ele evita e minimiza o efeito de problemas futuros, como o aparecimento de insetos-pragas e doenças.

Conhecer o histórico da área é muito importante para traçar um plano de manejo eficiente no controle de pragas, doenças e plantas daninhas.

Na escolha da cultivar de soja, dê preferência por aquelas com alta produtividade, adaptadas às condições climáticas da região e resistentes ao ataque de pragas e doenças.

Outro passo importante no planejamento do plantio da soja é fazer um levantamento das máquinas e implementos que serão necessários.

A partir dessas informações, é possível estabelecer um plano de ação coerente com a realidade da propriedade e, assim, iniciar o plantio da soja.

Lembre-se que os custos de produção devem ser acompanhados durante toda a safra.

3 vantagens de investir na plantação de soja

1. Demanda

A soja é a principal commodity brasileira. A maior parte da soja produzida no Brasil tem como destino o mercado externo, sendo a China o principal importador. 

Em 2022, as exportações brasileiras deverão ser de cerca de 87 milhões de toneladas.

2. Versatilidade

A soja é um grão com aplicação em diferentes setores da indústria.

Na indústria alimentícia, ela é utilizada como matéria-prima para a produção de bebidas, sorvetes, salsichas e chocolates. 

O óleo de soja é empregado na produção de margarina, maionese e gordura vegetal.

Na indústria química, a soja é aplicada na fabricação de tintas, cosméticos e plásticos. Podendo também ser utilizada na produção de biodiesel.

No processo de extração do óleo é obtido o farelo de soja. Esse subproduto é amplamente empregado na produção de ração animal

Ou seja, a soja é um produto de grande demanda e com diversidade de aplicação industrial.

3. Facilidade e incentivo

O Brasil apresenta condições favoráveis para o desenvolvimento da cultura como clima e solo

Atualmente, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Paraná e Goiás são os maiores produtores de soja do país. 

A topografia das áreas produtoras do grão também possibilita a mecanização total da cultura.

O Brasil é referência na pesquisa com a cultura da soja, além de possuir políticas, como o crédito agrícola, que incentivam a produção brasileira.

Agora que já falamos sobre o que você precisa saber e as vantagens de investir numa plantação de soja, vamos à parte prática!

Como começar um plantio de soja

Escolha e preparo do solo

Para o sucesso no plantio de soja, um dos principais pontos é a qualidade do solo em que será feito o cultivo. A área escolhida para a começar a plantar soja deve ter características de clima, solo e topografia favoráveis à cultura, com solo rico em nutrientes.

A análise de solo é outra etapa essencial. Ela te permite estabelecer quais as formulações dos adubos e corretivos, e quais as quantidades necessárias ao longo da safra.

A análise de solo é a principal ferramenta de avaliação da fertilidade. Ela possibilita a tomada de decisão para calagem e adubação.

Sem uma análise química do solo e um adequado manejo, o sucesso está distante do agricultor e da sua empresa agrícola. Assim afirma o professor Alleoni, do Departamento de Ciência do Solo da Esalq/USP.

Lembre-se de fazer a análise de solo cerca de 3 meses antes de iniciar o plantio da soja.

Faça uma boa amostragem do solo, pois as fazendas não são homogêneas. Veja na figura abaixo as dicas para coletar a amostra de solo:

Ilustração sobre como coletar a amostra do solo. O processo começa com a divisão das áreas de amostragem, depois limpeza superficial, coleta da parte central da terra (eliminar as laterais), misturar manualmente a terra coletada e retirar uma amostra de 300 gramas para enviar ao laboratório.

(Fonte: Calcário Solo Fértil)

A profundidade da amostragem do solo para culturas anuais normalmente é de 0 cm — 20 cm. Se a área tem suspeita de acidez em subsuperfície ou você quer saber se há esse risco, faça uma amostragem até 60 cm de profundidade.

Escolha um laboratório de confiança para enviar as amostras de solo da sua área de cultivo.

Com os resultados dessa análise, você pode repor o que falta de nutrientes para a produção. Por isso, realize uma boa interpretação de análise de solo

Você deve analisar:

  • Estado ou região da área amostrada; 
  • Quantidade de soja que você pretende produzir;
  • Histórico da área (adubação); 
  • Tipo de cultivo; 
  • Custo do adubo; 
  • Método utilizado no laboratório de análise de solo; 
  • Profundidade da amostragem, entre outras informações.

Calagem, gessagem e adubação para soja

A partir de análise de solo, você fará cálculos para verificar a necessidade de fazer calagem e/ou gessagem

O nitrogênio é fornecido para a soja pela inoculação das sementes

A interpretação da análise de solo para os outros macronutrientes como fósforo, potássio e os micronutrientes depende da região.

Em cada região, há uma tabela para determinar a adubação que a soja requer. Isso te ajuda na interpretação da análise de solo e a definir a quantidade necessária de cada nutriente.

Dependendo da região, os laboratórios de análise do solo utilizam diferentes tipos de extrator (Mehlich-1 ou P resina) para determinar o fósforo. 

Por isso, é importante ficar de olho nesse fator.

Por exemplo, a tabela abaixo utiliza a produtividade esperada para determinar a recomendação da adubação de fósforo e potássio. 

O extrator de fósforo é o P resina, utilizado para o estado de São Paulo.

tabela com diferenças entre tipos de extração do solo diferentes

Adubação mineral de semeadura para o Estado de São Paulo; produtor deve observar diferentes tipos de extrator utilizado na análise de solo

(Fonte: Mascarenhas e Takana em Embrapa)

Escolha da cultivar

Você deve escolher uma ou mais cultivares de soja para a sua lavoura. É importante que ela seja adaptada para a sua região, de modo a evitar quebra de safra por motivos climáticos.

Para te ajudar nesta escolha, você pode utilizar o Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático). Essa ferramenta minimiza os riscos relacionados aos fenômenos climáticos adversos. 

Ela também permite identificar, por município, a melhor época de plantio das culturas, nos diferentes tipos de solo e ciclos de cultivares.

Para utilizar o Zarc, você deve entrar no site do Mapa e escolher o estado da sua fazenda. Em seguida, selecione a cultura da soja.

Desenho do mapa do Brasil, com destaques coloridos nas principais regiões sojicolas.

(Fonte: Embrapa e Mapa)

Após este procedimento, um arquivo será baixado. Nele, você encontra as cultivares de soja mais adaptadas à sua região. 

Você também pode conferir a época preferencial para semeadura em função da cultivar e do solo. De modo geral, a semeadura da soja vai de outubro a dezembro, com obtenção das maiores produtividades normalmente entre outubro e meados de novembro, segundo a Embrapa.

Considere o ciclo da cultivar para saber com quanto tempo irá fazer a colheita, principalmente se for realizar o plantio do milho safrinha em seguida. Em geral, o ciclo da soja dura de 100 a 160 dias.

Também é possível saber todas essas informações pelo Zarc, aplicativo gratuito da Embrapa.

Print da tela do Zarc: a tela mostra as melhores datas para plantio da cultura

 Zarc – Plantio Certo mostra as melhores datas de plantio de 43 culturas, recuperando dados do Zarc

(Fonte: Aplicativo Zarc na Playstore – faça download gratuito aqui)

Em resumo, na escolha da cultivar é importante considerar fatores como:

  • época de plantio;
  • tipo de solo;
  • condições climáticas da região;
  • histórico da área;
  • resistência/tolerância da cultivar à herbicidas, pragas e doenças;
  • ciclo da cultivar;
  • tolerância a estresse hídrico;
  • produtividade.

Espaçamento e profundidade ideais

A forma como as plantas são dispostas na área pode influenciar diretamente nos resultados de produtividade das lavouras.

Para ter um arranjo espacial ideal na sua lavoura é importante identificar a densidade de semeadura e o espaçamento para o plantio.

Para cada cultivar é recomendável uma população diferente de plantas por hectare.

O espaçamento entre linhas normalmente utilizado para a cultura da soja é:

  • 0,45 m a 0,50 m (tradicional);
  • 0,25 m a 0,30 m (mais estreito). 

Pode ocorrer variação no espaçamento conforme a cultivar, maquinário e sistema de cultivo.

Outro ponto importante para o plantio é a profundidade. O ideal é de 3 cm a 5 cm para a soja.

Como plantar soja no sistema de plantio direto

Normalmente, você pode utilizar dois sistemas de plantação de soja: o sistema de plantio direto e o sistema convencional.

A produtividade média de soja no plantio direto é 20% superior à do manejo de solo convencional, segundo a Embrapa.

Você não pode pensar que plantio direto é somente plantar na palhada. Existem três princípios fundamentais desse sistema:

  • não revolvimento do solo e mínimo nas linhas de semeadura;
  • manter o solo permanentemente coberto por cobertura vegetal viva ou morta (palhada);
  • rotação e/ou associação de culturas, para aumentar a biodiversidade.

Para iniciar o plantio direto, você deve se atentar em:

  • definir a cultura de cobertura;
  • definir a rotação de cultura da sua fazenda;
  • planejamento do plantio e da condução das culturas na área;
  • máquinas e implementos agrícolas que serão utilizados no sistema.

Planejamento agrícola e financeiro

O planejamento é importante para qualquer atividade que você irá realizar, como é o caso do plantio. 

No entanto, o planejamento agrícola e financeiro não é apenas importante no plantio. Ele deve ser realizado durante todo o ciclo da cultura e na comercialização do grão.

Segundo o chefe-geral da Embrapa Soja, o planejamento e a adoção de práticas sustentáveis são essenciais para alta produtividade da soja. É assim que acontece com os produtores campeões em produtividade. 

Para planejar as atividades da sua fazenda, você pode:

  • registrar todas as atividades que serão desempenhadas. Para a plantação de soja, por exemplo, registre quais operações serão realizadas; quando o solo será preparado; data de plantio; máquinas utilizadas; adubação; calagem; compra de insumos, entre outros;
  • analise o histórico das safras passadas da cultura da soja;
  • faça o planejamento financeiro da sua propriedade;
  • informe-se sobre condições meteorológicas da sua região, sobre as commodities, sobre o mercado de insumos, etc;
  • determine qual sistema de cultivo irá realizar na sua lavoura e se utilizará agricultura de precisão;
  • monitore o planejamento agrícola e o financeiro;

Planilhas agrícolas  e softwares agrícolas podem te ajudar no planejamento do plantio da soja.

Tela do Aegro, na aba de plantio. NA tela, há 5  janelas correspondentes a diferentes plantios.

Planejamento facilitado e completo no software agrícola Aegro

>>Leia mais: “6 recursos do Aegro que vão te ajudar durante o plantio

Custo da plantação de soja

Identificar o custo de produção da soja é essencial para a gestão agrícola da sua propriedade.

Segundo o Compêndio de Estudos da Conab, os itens que apresentam maiores porcentagens no custo operacional de soja são fertilizantes e agrotóxicos.

Gráfico que revela os principais itens que compõem os custos da soja:. Do maior para o menor: fertilizantes, agrotóxicos, sementes, operações com máquinas e depreciação de máquinas e implementos.

Participação percentual média dos principais itens que compõem os custos operacionais de soja entre os anos-safra 2007/08 e 2015/16

(Fonte: Conab)

Saber o custo da lavoura de soja influencia suas tomadas de decisões durante o planejamento até a comercialização da soja. 

Por isso, você deve ter todas as informações da sua propriedade registradas.

Para te auxiliar a obter o custo da plantação de soja, você precisa ter um bom fluxo de caixa. Ele é o registro de todas as contas da sua empresa rural, tanto a entrada como a saída de dinheiro.

Para facilitar, preparamos um modelo de fluxo de caixa em Excel que você pode usar gratuitamente!

Para te auxiliar no planejamento dos custos da sua lavoura ou fazer uma estimativa se os seus custos correspondem com a média da sua região, também há uma solução.

Nesse link da Conab, você pode pesquisar os custos com insumos agropecuários.

Tela do Aegro que mostra um gráfico em fatia dos principais custos com a soja.

Com o software agrícola Aegro, você sabe seu custo exato, além da rentabilidade por talhão após a safra. Tudo isso em apenas alguns cliques

Conclusão

Neste artigo, você viu 6 dicas de especialistas para te auxiliar na plantação de soja. 

O planejamento, espaçamento e profundidade de plantio, análise de solo, escolha da cultivar, preparo do solo e custo do plantio são fundamentais.

A implantação de uma lavoura de soja se inicia com o planejamento da safra

Isso envolve conhecer o histórico da área, a análise de solo, a escolha da cultivar, a aquisição de insumos, a disponibilidade de máquinas, implementos e mão de obra.

Assim, realize o plantio da soja em boas condições para obter uma alta produção e produtividade na sua fazenda!

>> Leia mais:

Colheita de soja: 7 dicas para torná-la mais eficiente

“7 problemas e soluções para colheita de soja no Mato Grosso”

Quais dificuldades você teve na sua última plantação de soja? Quais operações agrícolas você utiliza? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Atualizado em 24 de novembro de 2021 por @tatiza-barcellos

Tatiza é engenheira-agrônoma e mestra em agronomia, com ênfase em produção vegetal, pela Universidade Federal de Goiás.