About Gressa Chinelato

Sou Engenheira Agrônoma e mestra pela Esalq/USP. Atualmente, estou cursando MBA em Agronegócios e fazendo doutorado no Programa de Fitopatologia na Esalq.

Hedge agrícola: o que é e por que você deveria ter essa opção

Hedge agrícola: como funciona essa operação, todas as dicas de como utilizá-la e ter uma boa opção de venda da sua produção.

A função do hedge é minimizar os riscos e proteger contra as oscilações de preço que podem afetar a produção agrícola.

O risco do mercado de commodities é grande, e com a margem pequena da agricultura, não é difícil acabar tendo prejuízo.

Neste artigo, vou explicar o que é hedge agrícola e como essa operação financeira pode ser uma opção de negócio para você. Confira a seguir.

O que é e por que fazer hedge?

Hedge é uma palavra inglesa que significa proteção/cobertura. Assim, hedge é um instrumento que busca proteger operações financeiras contra oscilações de preço.

Ele reduz o risco de grandes variações de preço de um ativo ou commodity, por exemplo.

É uma operação antiga. No século 19, no mercado de commodities de Chicago, agricultores e pecuaristas traziam os produtos para venda na cidade e queriam reduzir o risco com a oscilação de preço dos produtos.

Então, eles decidiram negociar o preço antes da venda, o que hoje é chamado de operação a termo.

Por isso, o hedge faz parte de instrumentos financeiros chamados de derivativos. Vou explicar melhor no próximo tópico!

Derivativos e hedge agrícola

Os derivativos são instrumentos que têm objetivo de gerenciar o risco financeiro adequadamente, sendo utilizado por pessoas ou instituições.

Como o próprio nome diz, os derivativos derivam do preço de algum ativo. Ou seja, o valor depende e deriva de um ativo como commodities, taxa de juros, taxa de câmbio da moeda estrangeira, ações e outras.

Existem vários tipos de derivativos, sendo mais comuns:

  • Mercado a termo (compromisso de comprar ou vender um bem por preço fixado em data futura);
  • Mercado futuro;
  • Opções;
  • Swaps.

Esses podem ou não ser negociados na bolsa de valores.  Veja a diferença desses tipos de derivativos na tabela abaixo:

tabela com tipos de derivativos de hedge nos mercados a termo, futuro, de opções e de swap.

(Fonte: InvestMax)

Os derivativos têm várias funções. Uma delas é justamente proteger contra a variação do preço (hedge).

Os derivativos agropecuários disponíveis para negociação na bolsa de valores são: açúcar cristal, boi gordo, café arábica, etanol, milho e soja.

Agora que conhecemos mais sobre o conceito e como funciona o hedge, vamos entender como utilizá-lo no agronegócio.

Função dentro do agronegócio

É comum termos notícias, por exemplo, de que o preço da saca de soja caiu, afetando muitos produtores brasileiros.

Esse fato é frequente no Brasil, que produz commodities como soja, milho, café e outras. E elas apresentam variações de preço dependendo da oferta e demanda.

O Brasil produziu 252,3 milhões de toneladas de soja na safra 2020/21, segundo a Conab. Agora imagine se todos os produtores fossem vender esse grão ao mesmo tempo!

O preço certamente seria baixo, pois a oferta do produto seria alta. E isso, poderia trazer prejuízo aos produtores, não tendo dinheiro nem para pagar o custo de produção.

E como sempre gosto de destacar: sua lavoura é sua empresa e você precisa ter lucro com ela para continuar o negócio!

Por isso, você precisa vender o seu produto (commodity) por um preço adequado.

Assim, é possível realizar o hedge agrícola — ou seja, essa operação financeira que protege o valor do produto contra as variações/oscilações do preço de venda, onde o preço é negociado antes.

Agora que você já sabe o que é hedge agrícola, vou falar sobre a importância dessa operação para a agricultura.

Exemplo prático da importância do hedge agrícola

Do plantio até a colheita da lavoura, há um período de vários meses e muita coisa pode ocorrer nesse tempo. Você corre diversos riscos, como:

E tudo isso pode afetar a produção e o preço de venda do produto. Além das oscilações de preços das commodities.

O hedge, como já falamos, minimiza esses riscos com a oscilação de preços. Vou dar um exemplo de hedge agrícola, considerando a commodity soja.

Lembro que este é um exemplo muito simplificado, tendo mais valores e custos que podem estar associados a esta operação.

Suponhamos que o produtor de soja vai colher sua safra daqui a 40 dias e está com medo das oscilações do preço da saca. Ele então decide realizar hedge no mercado a termo para assegurar o preço e cobrir o custo de produção, com valor acordado de R$ 70 a saca de 60 Kg.

Após os 40 dias, no vencimento do contrato, o preço à vista da soja é de R$ 75. O produtor vai entregar a soja a R$ 70 e, assim, perde (na verdade, deixa de ganhar) R$ 5 comparado à venda à vista.

Mas, se ao contrário, o preço da saca de soja estiver R$ 65 no dia da venda, o produtor ganharia R$ 5. Pois, como se valeu do hedge agrícola, ele vende a produção a R$ 70 a saca.

Então, é importante entender que o hedge é uma operação que protege a commodity contra a oscilação de preço.

Mas antes de realizar uma estratégia de hedge em sua fazenda, veja outros pontos que são essenciais antes de iniciar esta operação.

O que você precisa saber antes de fazer a operação

Para fazer operações de hedge agrícola, você precisa ter um bom planejamento da lavoura e saber seu custo de produção.

Assim, você terá os dados precisos para a tomada de decisão do quanto vale a pena vender sua produção agrícola. Por exemplo, se meu custo de milho foi de 22 reais, meu hedge agrícola precisa ser, no mínimo, desse valor.

captura de tela de custo realizado no sistema de gestão rural Aegro
Com o Aegro, é possível planejar um custo orçado e acompanhar o custo realizado na safra em apenas alguns cliques, com todos os dados seguros

Por isso é tão importante conhecer, ou ao menos ter um planejamento, dos custos da produção da sua lavoura. Assim, você pode verificar se o preço que está negociando cobre ou não seu custo de produção.

Veja algumas dicas de como realizar o hedge na agricultura.

Dicas para realizar o hedge agrícola

Como você observou nos tópicos anteriores, o hedge agrícola pode ser importante para a proteção de preços das commodities e você pode ter essa opção para sua fazenda.

Então veja algumas dicas para realizar o hedge agrícola em sua fazenda:

  • Tenha o planejamento e custo de produção da lavoura;
  • Mantenha um planejamento estratégico: qual quantidade de produção será comercializada (fazer hedge) e qual será armazenada, por exemplo;
  • Acompanhe o preço dos produtos na bolsa de valores: veja por quanto as commodities estão sendo negociadas e analise com base no seu custo de produção;
  • Defina qual derivativo irá utilizar para realizar o hedge. Se utilizar o mercado futuro, por exemplo, você precisa ter uma conta em uma corretora de mercado futuro para conseguir negociar na bolsa de valores, ou entrar em contato com um corretor;
  • Ao escolher um corretor, ou uma empresa corretora, esteja seguro que são pessoas idôneas e de confiança;
  • Observe todas as opções no mercado de derivativos e tipos de hedge agrícola, escolhendo a melhor para a sua propriedade.
planilha controle de custos por safra

Conclusão

O hedge agrícola é uma importante ferramenta para se proteger das oscilações de preços das commodities.

Mas antes de fazer uma operação do tipo, você precisa conhecer tudo sobre o que está relacionado a ela.

Neste artigo, mostramos o que é hedge agrícola e o que são os derivativos. Falamos sobre como eles são importantes para a agricultura e o que você pode fazer antes de realizar essa operação.

Espero que essas informações te ajudem a melhorar o processo de venda dos seus produtos agrícolas e ter mais lucratividade!

>> Leia mais:

Tudo sobre barter: garanta o sucesso do seu negócio rural
Barter de milho: como começar e como melhorar suas negociações

Ficou alguma dúvida sobre o que é hedge agrícola e como ele pode ser feito? Assine nossa newsletter para receber nossos artigos direto em seu e-mail!

Aumente a produtividade da plantação de milho (+8 materiais gratuitos)

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Plantação de milho: conheça os sistemas de cultivo, densidade, manejo da lavoura e outros pontos importantes para maior rentabilidade

A safra de milho 2021/22 deve alcançar 116,2 milhões de toneladas, um recorde de produção estimado pela Conab, o que mantém o Brasil como um dos principais produtores do grão no mundo.

Enquanto isso, os gastos totais para a próxima safra de milho nas lavouras com alta tecnologia podem chegar a R$ 5.434 por hectare, segundo dados do Imea (Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária).

Alcançar uma boa produtividade é essencial para ‘diluir’ esses custos. Assim, você corre menores riscos de prejuízo, especialmente na safrinha.

A seguir, saiba como obter melhor produção na safra verão e safrinha. Confira!

O que considerar antes de começar a plantação de milho

Antes de começar o plantio, você precisa fazer um planejamento agrícola bem feito. Isso envolve tomar decisões importantes, como época e tipo de plantio.

Qual a melhor época para plantar milho?

O primeiro passo é definir se irá plantar safra e/ou safrinha.

A época do plantio do milho safra (ou safra de verão) depende do seu Estado:

  • Centro-Oeste: até outubro ou novembro;
  • Sudeste: até outubro ou novembro;
  • Sul: final de agosto;
  • Nordeste: janeiro.

A segunda safra é chamada de safrinha por não ser plantada em um período ideal para a cultura. A melhor época de plantio, para qualquer Estado, é sempre logo após a colheita do milho safra. Isso garante maior produtividade na safrinha.

Nesse período, pode ocorrer déficit hídrico. O ciclo do milho safrinha também pode ser prolongado por haver menor insolação em algumas regiões no país.

Normalmente, não existe diferença entre o ciclo do milho safra e safrinha. O que pode ocorrer é um prolongamento do ciclo devido às condições climáticas.

plantação de milho

Fases de desenvolvimento do milho 

(Fonte: Pioneer Sementes)

Processo de irrigação

Em seu planejamento, você precisa considerar se haverá necessidade de irrigação na lavoura de milho para sua região. Também vale verificar o custo que terá com essa atividade.

Faça isso através de uma boa análise das previsões climáticas durante o período do milho na lavoura. Isso evitará, por exemplo, que você planeje irrigações demais em períodos de muita chuva.

Métodos de plantio de milho: plantio convencional ou plantio direto?

O sistema de Plantio Direto visa um menor revolvimento do solo e mantém o máximo de resíduos das culturas anteriores.  Isso deixa o solo rico em matéria orgânica.

Com isso, o solo fica coberto, há menor erosão e maior fertilidade. Mas como definir qual sistema de plantio é mais vantajoso para sua lavoura?

Se optar pelo Plantio Direto, lembre-se que a área sempre necessita estar coberta. Você precisará de culturas de cobertura. Caso opte pelo plantio convencional, precisará planejar todas as atividades de preparo do solo e ainda pensar em sua conservação.

Por isso, a escolha de qual sistema utilizar na produção de milho depende muito de quem produz e da tecnologia empregada na lavoura.

plantação de milho

Sistema de plantio direto pode ser feito na cultura do milho

(Fonte: Cerrado Rural)

Agora que falamos sobre as épocas de plantio de milho e sistemas de cultivo, veja como ter maior produção e lucro na plantação de milho.

9 passos para ter uma plantação de milho de sucesso

Para garantir um milharal de sucesso, você precisa se atentar a vários detalhes:

1. Densidade populacional

No Brasil, a densidade de plantas varia de 30 mil a 90 mil plantas por hectare. Ao elevar essa densidade, você vai observar aumento da produtividade (Kg/ha) até certo ponto.

A partir deste ponto ótimo, as plantas de milho começam a competir entre si por espaço, luz, água e nutrientes. Isso resulta na diminuição da produtividade.

Vários fatores interferem nessa densidade populacional ótima, especialmente:

  • Características dos híbridos;
  • Condições ambientais;
  • Condições de manejo.

2. Espaçamento ideal

O espaçamento convencional varia de 80 cm a 90 cm. O espaçamento reduzido, de 45 cm a 50 cm. Esse é o mais utilizado atualmente.

3. Profundidade

A profundidade de plantio das sementes de milho varia em relação ao solo.

Em solos arenosos, é recomendável profundidade de 5 cm a 8 cm. Em solos argilosos o plantio é feito em profundidade de 3 cm a 5 cm.

4. Temperatura

As temperaturas ideais do solo para a germinação adequada do milho devem estar entre 25 °C e 30 °C. Temperaturas menores que 10 °C ou maiores que 40 °C são prejudiciais à germinação.

5. Velocidade da semeadura

A semeadura do milho também tem especificidades. A velocidade ideal de semeadura é de 10 km h-1 em semeadoras a vácuo. Em semeadoras de discos, a velocidade ídeal é 4 a 6 km h-1.

6. Condições climáticas

Dependendo da época de plantio, a cultura do milho estará exposta condições climáticas diferentes.

Por exemplo, o milho safrinha pode sofrer com déficit hídrico e com a menor luminosidade. Isso estende seu ciclo de cultivo, mesmo para milho verde.

Por isso, dependendo da época de plantio e das cultivares de milho, há um manejo diferente. Fique de olho nas condições meteorológicas da sua região.

Também defina se precisará fazer o plantio de milho irrigado na safrinha.

7. Análise de solo e adubação

Você precisa fazer a análise de solo para identificar a fertilidade e as necessidades do solo local.

Assim, com a interpretação dos dados da análise, é definido o que precisa ser feito na área. Por exemplo:

  • calagem;
  • gessagem;
  • identificar qual nutriente está deficiente no solo, etc.

A adubação também depende da produtividade esperada. Ou seja, depende da exportação de cada nutriente retirado do solo para produzir o grão e do histórico das culturas anteriores.

Lembre-se que o nitrogênio é muito importante para a cultura do milho. Sua deficiência pode comprometer a produtividade.

8. Manejo fitossanitário

Monitore a sua lavoura frequentemente! Fique de olho em possíveis doenças, pragas e plantas daninhas. Isso te ajuda a definir o momento ideal de realizar a aplicação de defensivos na sua lavoura.

Várias doenças podem ocorrer na cultura do milho. Por exemplo:

Por isso, é essencial fazer o monitoramento da cultura. Fique sempre de olho nas condições ideais para a ocorrência das doenças.

Ferrugem do milho

Sintomas e condições ambientais favoráveis às principais doenças do milho

Também fique de olho nas pragas comuns na cultura do milho, como a lagarta-do-cartucho. Por isso, não deixe de considerar o Manejo Integrado de Pragas (MIP) na sua lavoura.

9. Sementes resistentes

Usar variedades resistentes pode evitar diversos problemas na lavoura. Uma estratégia válida é a utilização de híbridos de milho com a tecnologia VTPRO4. Essa variedade protege o milho contra:

  • Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda);
  • Lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea);
  • Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus);
  • Larva alfinete (Diabrotica speciosa);
  • Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon);
  • Broca-do-colmo (Diatraea saccharalis).

Além disso, variedades resistentes oferecem maior flexibilidade no controle de plantas daninhas. Lembre-se que as plantas daninhas interferem muito na produtividade do milho. 

Elas podem reduzir o rendimento da cultura em até 70%, dependendo da espécie, estádio fenológico, condições meteorológicas, tipos de solo e outras.

>> Leia mais: “Como fazer o manejo de herbicida para milho

Qual o ponto ideal de colheita do milho?

Após atingir a maturidade fisiológica o milho pode ser colhido. Para reconhecer o ponto de maturidade fisiológica, você deve se atentar a dois aspectos visuais do grão de milho.

  • O avanço da linha de leite até a ponta do grão;
  • A formação de uma camada negra na inserção do grão no sabugo.

A colheita deve ser realizada quando os grãos atingirem umidade inferior a 16%. Se estiver com dúvidas quanto a umidade dos grãos, retire amostras e leve até um laboratório.

Além disso, vale lembrar que a colheita do milho da safra verão deve ser realizada o mais rápido possível.

Gestão da lavoura de milho

Ser eficiente na agricultura é muito importante para o sucesso do agronegócio. Isso te dá lucros e rendimentos com a atividade.

Quando você pensa em eficiência, pode pensar em produzir certa quantidade de grãos, por exemplo. Mas você sabe ao certo qual é essa quantidade para ser eficiente?

Para chegar a essa quantidade, primeiramente você tem de realizar a gestão da sua lavoura.

Com a gestão da sua propriedade rural, você determina quais foram os gastos com a lavoura. Também descobre o valor de venda do grão e quanto lucro pretende obter.

Dessa forma, você consegue mensurar a quantidade que precisa produzir para pagar todos os gastos e registrar lucro.

Para esse gerenciamento, você pode utilizar planilhas ou softwares agrícolas. Eles te ajudam a analisar as informações da fazenda, melhorando a tomada de decisão!

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Com Aegro você consegue fazer a gestão da sua fazenda e visualizar a rentabilidade da lavoura

Saiba mais sobre o software agrícola aqui

8 materiais gratuitos para te ajudar na plantação de milho

E-books

1. Guia definitivo do planejamento agrícola para milho e soja: veja sobre as principais informações para seu planejamento da safra de milho e soja.

2. Guia de manejo do milho: saiba como melhorar o manejo do milho desde o plantio até a colheita.

Planilhas

3. Estimativa de produtividade do milho: estime a produtividade antes da colheita, apenas coletando algumas plantas.

4. Controle da cigarrinha-do-milho: liste produtos para controle biológico e químico, com suas respectivas recomendações gerais.

5. Manejo Integrado de Pragas: veja o nível de controle para cada praga de soja e milho em relação à sua área, sabendo quando pulverizar.

6. Planejamento da Safra de Milho: monitore e planeje sua lavoura de milho a partir do ciclo da cultivar e da época do plantio. Você também pode obter a previsão das atividades da lavoura, como data de adubação, plantio, aplicação de fungicida e herbicida.

7. Planilha para adubação do milho: adicione os dados da análise de solo e a planilha fará o resto para você!

Webinar

8. Tudo o que você precisa saber sobre plantas daninhas na 2ª safra de Milho: nesse webinar, o Prof. Dr. Pedro Christoffoleti explica as principais boas práticas para manejar as plantas daninhas na safrinha de milho.

planilha de planejamento da safra de milho

Conclusão

Neste artigo, você viu sobre como ter uma boa produção e lucro com a lavoura de milho.

Fique sempre de olho nas etapas dos 6 passos importantes para sua plantação de milho. Fazer um bom planejamento agrícola é essencial.

Com essas informações, você certamente vai conseguir uma boa produção e rentabilidade em sua lavoura!

>> Leia mais:

Como produzir 211 sacas de milho por hectare com gestão agrícola

Principais e melhores manejos na dessecação para pré-plantio de milho

Qual a época e sistema de cultivo em sua plantação de milho? Você realiza gestão agrícola? Adoraria ver seu comentário abaixo!

redatora Denise Prevedel

Atualizado em 18 de abril de 2022 por Denise Prevedel.

Denise é engenheira-agrônoma e mestra em agronomia pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS). Doutoranda em agronomia pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).

Como plantar cana-de-açúcar para altas produtividades

Como plantar cana-de-açúcar: tipos de plantio, melhor época, correção do solo e adubação para uma melhor formação de canavial.

A cultura da cana-de-açúcar tem grande importância econômica para o Brasil.

Segundo levantamento da Conab, a safra 2018/2019 deve alcançar produção de 615,84 milhões de toneladas.

Mas para se ter um canavial formado, o custo é alto: em média R$ 7.253,50 por hectare.

Por isso, saber como plantar cana-de-açúcar para obter alta produtividade é fundamental! E pode ser a diferença entre registrar lucro ou ‘empatar’ com os custos.

A seguir, vamos falar sobre a melhor época, tipo e espaçamento de plantio para sua lavoura e mais algumas dicas! Confira!

Como plantar cana-de-açúcar: sistemas e melhor época para plantio

A cana-de-açúcar pode ser plantada o ano todo. O que indicará a melhor época para plantio é o sistema que se deseja e a região em que a lavoura está.

Vou mostrar algumas divisões para a época de plantio:

Cana de ano (12 meses)

A cana de ano é plantada pouco tempo depois da última colheita e colhida no ano seguinte.

Assim, a área destinada à cana de ano sempre está cultivada com a cultura.

Normalmente, o plantio deve ocorrer entre setembro e novembro, em solos com alta fertilidade.

Trata-se de um ciclo rápido, por isso é necessária alta fertilidade do solo.

Cana de ano e meio (18 meses)

Após a última colheita do canavial, o solo fica vários meses descansando ou recebe uma cultura de rotação (soja e amendoim são os mais utilizados).

O plantio da cana de ano e meio acontece, normalmente, entre janeiro e março.

A cana inicia seu desenvolvimento nos primeiros três meses após o plantio.

Mas, com a chegada da seca e do inverno, esse processo se torna mais lento por cinco meses (de abril a agosto).

A planta então vegeta nos sete meses subsequentes (setembro a abril), para amadurecer nos meses seguintes. Para cortar a cana, espera-se entre 16 e 18 meses.

Cana de inverno

O plantio ocorre nos meses de inverno (junho a agosto).

Mas o produtor deve ter cautela com esta época de plantio, dependendo da região da lavoura, por ser um período de pouca chuva em vários locais do Brasil.

Uma estratégia é utilizar torta de filtro no sulco de plantio, pois contém cerca de 70% a 80% de umidade.

Pode-se também utilizar fertirrigação com vinhaça ou irrigação na área para melhor produtividade da cultura. Sobre isso, falarei mais adiante!

Agora vou mostrar os tipos de plantio e as recomendações para cada um deles!

planilha ponto otimo de renovacao canavial

Como plantar cana-de-açúcar: Tipos de plantio

Alguns tipos de plantio da cana-de-açúcar realizados no Brasil são:

Plantio manual:

Neste plantio, os colmos da cana-de-açúcar (muda) são colocados em uma carreta ou caminhão e são, manualmente, jogados no sulco de plantio.

O colmo dentro do sulco é fragmentado, e depois disso, o produtor deve cobrir o sulco. Ou seja, o trabalho manual é colocar os colmos no sulco e a sua fragmentação.

A quantidade de colmo utilizado no plantio é de 10 a 15 toneladas/hectare.

Plantio mecanizado:

Ocorre a colheita mecanizada da cana-de-açúcar por colhedoras, em que se obtém fragmentos de cana (rebolo – popularmente chamado de tolete).

Com um distribuidor mecanizado, há abertura do sulco de plantio, distribuição dos fragmentos de cana e, por fim, o fechamento do sulco.

como plantar cana-de-açúcar


(Fonte: Cana Online)

Plantio com mudas pré-brotadas (MPB) no sistema Meiosi:

A MPB é uma muda originada a partir de gemas individualizadas da cana-de-açúcar.

como plantar cana-de-açúcar


(Fonte: Fernanda Testa/G1)

Veja as etapas descritas pelo IAC para a produção de MPB:

como plantar cana-de-açúcar


A-Corte do minirebolo; B-Tratamento químico; C-Caixa de brotação;
D e E-Aclimatação; F-Obtenção do MPB.
(Fonte: IAC)

Um tipo de plantio realizado com a MPB é o Método Interrotacional Ocorrendo Simultaneamente, mais conhecido por Meiosi.

A Meiosi visa a implantação de um sistema de viveiro na área da lavoura comercial que se deseja originar.

Fala-se em viveiro por utilizar MPB, que apresenta alta qualidade fitossanitária e vigor.

O método consiste em plantar com MPB de forma a intercalar um percentual da área de reforma.

Sua própria produção será utilizada como muda para o restante da área.

Assim, realiza-se o plantio com MPB de uma ou duas linhas, com espaço para o posterior plantio de 8 a 10 linhas.

como plantar cana-de-açúcar

(Fonte: Notícias agrícolas)

Do período de crescimento das MPB até a colheita para plantio das linhas vizinhas, pode-se realizar o cultivo na área sem MPB com culturas de ciclo curto.

Inicialmente, o plantio das linhas seguintes do plantio da MPB era realizado de forma manual. Hoje já ocorre plantio mecanizado.

Depois de escolhidos a época e o tipo de plantio da cana-de-açúcar, você pode ficar em dúvida sobre qual espaçamento deve utilizar.

Vou falar sobre isso agora!

Como plantar cana-de-açúcar: Espaçamento do canavial

O espaçamento do seu canavial depende do solo, dos maquinários, da tecnologia empregada na sua propriedade e de outros aspectos.

O espaçamento adequado contribui para aumento da produção, já que interfere na oferta de luz, temperatura e água.

Por isso, você tem que conhecer os tipos de espaçamento e determinar qual é o melhor para a sua propriedade, levando em conta a relação custo/benefício. Veja como plantar cana-de-açúcar com:

Espaçamento simples:

O espaçamento simples ou tradicional apresenta distância entre as linhas de cultivo variando de 1,10 metro a 1,50 metro.

Espaçamento duplo:

No espaçamento duplo, as linhas de plantio se alternam, tendo uma distância maior e outra menor.

Os espaçamentos duplos mais comuns são: 1,50 m x 0,90 m; 1,40 m x 0,45 m; 1,60 m x 0,90 metro.

Lembrando que, para o espaçamento duplo, é realizado o corte (rente ao solo) mecânico simultâneo de dois sulcos (linhas).

Por isso, é importante ter maquinários adaptados a este cultivo, como colhedora de duas linhas, por exemplo, entre outros maquinários.

A profundidade do sulco, em ambos os casos, deve variar entre 20 cm e 30 centímetros.

Definidos época, tipo e espaçamento de como plantar cana-de-açúcar, você não pode se esquecer da adubação adequada e da correção do solo.

Como plantar cana-de-açúcar: Análise de solo e correção

Como plantar cana-de-açúcar sem considerar a fertilidade do solo em que estará a lavoura?

Por isso é essencial realizar a análise de solo. Assim, você conseguirá identificar a fertilidade e as necessidades do solo local.

E, como a cana-de açúcar é uma cultura semi-perene, permanecendo de 4 anos a 6 anos na área, a análise de solo deve ser feita na profundidade de até 40 cm a 50 cm.

Outro ponto importante é que ela deve ser realizada 3 meses antes do início do plantio.

Esse período é importante para que haja tempo suficiente de fazer calagem e gessagem, se necessárias.

Após a análise de solo, deve-se interpretar os dados para determinar o que precisa ser colocado na área.

Lembrando que verificar o pH do seu solo é extremamente importante.

Em solos com pH ácidos, os nutrientes podem ficar indisponíveis para as plantas.

como plantar cana-de-açúcar


(Fonte: Malavolta, 1979 em Agronomia com Gismonti)

O ideal é que o pH do solo esteja entre 5,5 e 6,5. Caso contrário, deve ser corrigido.

Para reduzir a acidez, você pode utilizar a calagem, que também fornece cálcio e magnésio para as plantas.

Neste post do blog falamos “Tudo o que você precisa saber sobre cálculo de calagem (+calcário líquido)”. Confira!

Outra atividade agrícola que pode ser muito importante antes do plantio é a gessagem.

A gessagem é realizada com gesso agrícola, que é um condicionador de solo.

Ele neutraliza o alumínio, que é tóxico para as plantas, possibilitando aumento do sistema radicular.

Além disso, disponibiliza cálcio e enxofre para o solo.

Esse aumento do sistema radicular em profundidade é importante para a cana, pois a cultura fica por vários anos na área antes da reforma do canavial.

O que vai determinar a necessidade da gessagem é a análise de solo.

Adubação da cana-de-açúcar: Torta de filtro e vinhaça

Após as correções do solo, no plantio da cana-de-açúcar deve ser realizada a adubação.

Para determinar qual o adubo utilizar, também é importante verificar sua análise de solo.

Como já falamos recentemente aqui no Blog do Aegro, um nutriente muito importante para o cana-de-açúcar é o fósforo.

Neste post você pode conferir Como fazer manejo de fósforo para aumentar a produção de cana”.

Para o plantio da cana-de-açúcar você também pode utilizar a torta de filtro e a vinhaça.

(Fonte: Gurgel)

Torta de filtro

A torta de filtro é um resíduo proveniente da filtração do caldo extraído das moendas no filtro rotativo.

Sua constituição é de 1,2% a 1,8% de fósforo e de cerca de 70% de umidade quando sai do processo.

A torta de filtro pode ser usada no sulco de plantio da cana-de-açúcar, utilizando normalmente de 20t a 30 toneladas/hectare.

Vinhaça

A vinhaça é um resíduo da destilação do caldo para a obtenção de etanol. Ela possui grandes quantidades de matéria orgânica e potássio.

É possível e utilizar vinhaça como fertilizante (fertirrigação).

Ela pode promover melhoria na fertilidade do solo, mas a quantidade não deve ultrapassar sua capacidade de retenção de íons.

Isso significa que as dosagens dependem das características do solo.

A vinhaça pode ser utilizada no sulco de plantio da cana-de-açúcar.

Veja como calcular a quantidade de vinhaça para utilizar na sua área.

como plantar cana-de-açúcar


(Fonte: Unica – Estado da arte da Vinhaça)

Com a análise de solo, você determina o que deve ser realizado.

Caso opte por utilizar vinhaça e torta de filtro, verifique as concentrações desses resíduos e a quantidade que seu solo necessita.

Uma boa adubação no plantio é essencial para o desenvolvimento da cana-de-açúcar.

Por isso, veja quais as limitações do seu solo para a escolha do adubo, torta de filtro e/ou vinhaça necessários para adubação da área de plantio.

E não se esqueça da calagem e da gessagem!

Além disso, para ter mais produtividade na sua plantação de cana-de-açúcar, você também pode contar com a agricultura de precisão!

Agricultura de Precisão no seu canavial

Você deve ter notado que a sua propriedade não é uniforme. Pode haver vários tipos de solo, por exemplo.

Então, você não pode realizar todas as atividades, como aplicar fertilizantes ou agroquímicos, de forma uniforme na lavoura.

Para ter um melhor aproveitamento de cada porção da sua propriedade, você pode utilizar a Agricultura de Precisão (AP).

Assim, você consegue melhorar o aproveitamento da sua área e dos insumos aplicados, otimizando a gestão da lavoura, possibilitando mais lucro.

Conclusão

Neste artigo, falamos sobre como plantar cana-de-açúcar para ter melhor produtividade.

Abordamos época, tipos e espaçamento de plantio da cultura, além da importância de se fazer a correção, gessagem e adubação do solo para o plantio.

Você pôde conferir como alguns resíduos da produção de etanol e açúcar, como a vinhaça e a torta de filtro, podem ser aproveitados no plantio da cana.

Com essas informações, espero que você realize um bom plantio da cana-de-açúcar e obtenha uma ótima produtividade!

>>Leia mais:

5 passos para cultivar o consórcio cana e milho

Nematoides na cana-de-açúcar: como reconhecer e manejar

Como fazer o melhor manejo da broca da cana-de-açúcar

Você ainda tem dúvidas relacionadas a como plantar cana-de-açúcar? Hoje em dia, como você realiza o planejamento para as atividades de plantio? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Doenças de final de ciclo soja: principais manejos para não perder a produção

Doenças de final de ciclo soja: como identificar as mais recorrentes e os 5 principais manejos para reduzir o risco de prejuízos na lavoura.

Alcançar uma boa produtividade na cultura da soja é desafiador.

Além das questões climáticas e pragas ao longo do cultivo, doenças de final de ciclo soja podem colocar em risco quase toda a produção.

As perdas podem variar de 10% a 90% da produção, como no caso da ferrugem asiática, por exemplo.

A seguir, falaremos sobre os principais manejos para não perder a produtividade da sua lavoura e as doenças de final de ciclo mais recorrentes. Confira!

Principais manejos para doenças de final de ciclo soja

Uma doença pode ser controlada por mais de um método de manejo, então tente integrá-los e pense no custo-benefício.

Vou listar aqui os principais manejos para as doenças mais recorrentes no final do ciclo da cultura da soja:

1- Cultivares resistentes

Se a doença é problema na sua região e se há cultivares que são resistentes para esta doença  na plantação de soja, utilize cultivares resistentes para o manejo.

Indicado para:

  • Mancha olho de rã
  • Oídio
  • Mancha-alvo

2 – Sementes sadias e tratadas (tratamento de sementes)

É muito importante utilizar sementes certificadas, principalmente porque muitos patógenos são transmitidos pelas sementes contaminadas.

Além das sementes sadias, o tratamento de sementes também é indicado para várias doenças.

Ele pode ser realizado com controle químico e biológico.

No Agrofit você pode verificar os produtos biológicos e químicos registrados para tratamento das sementes

Indicado para:

  • Crestamento foliar
  • Mancha olho de rã
  • Mancha-alvo
  • Antracnose (fungicida sistêmico e de contato)

doenças de final de ciclo soja
(Fonte: Cotrisoja)

3 – Rotação de culturas

Realize rotação de culturas com espécies que não sejam hospedeiras dos patógenos das doenças indicadas para esta medida de manejo. 

Indicado para:

  • Mancha-parda
  • Mancha-alvo
  • Antracnose

4 – Controle químico da parte aérea das plantas

Você pode identificar quais produtos são registrados para a cultura da soja e para o patógeno no Agrofit.  Nele você também encontra qual a dose recomendada.

Não esqueça que para cada doença são realizados procedimentos diferentes.

Para algumas doenças você deve realizar aplicações de fungicidas da cultura da soja de modo protetor. Em outras, somente deve realizar as aplicações no início do desenvolvimento da doença.

Indicado para:

  • Crestamento foliar
  • Mancha-parda (na fase de formação e enchimento das vagens)
  • Oídio
  • Mancha-alvo

Em caso de dúvida no controle das doenças, procure sempre um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).

5 – Gestão agrícola

Planejamento é essencial em qualquer atividade na lavoura, inclusive para o manejo de doenças. Com um planejamento agrícola bem feito, você organiza situações como compra de fungicida, aplicação de defensivos, tratamento de sementes, insumos e outros.

Também é essencial registrar essas atividades, seja com uso de planilhas ou de software para fazenda.

Isso ajuda a gestão agrícola, a tomada de decisões e, consequentemente, o manejo de doenças de final de ciclo soja.

Por isso, esteja atento à sua gestão para o controle eficiente das doenças de final de ciclo soja.

Para lhe ajudar a começar a gestão no final de ciclo da soja, disponibilizamos aqui, gratuitamente, uma planilha de estimativa de produtividade de soja. Com ela, você irá conseguir estimar sua produção e planejar melhor a colheita e venda.

planilha-produtividade-soja

Uma das principais doenças é, na verdade, um complexo delas

Algumas doenças da soja podem ocorrer juntas, ou seja, em um complexo que pode causar perdas de até 30% no rendimento da lavoura.

Abaixo você verá as doenças de final de ciclo soja que podem formar esse complexo (crestamento foliar e mancha-parda) e suas principais características, permitindo sua correta identificação e manejo:

Crestamento foliar de Cercospora e Mancha púrpura da semente

Uma das principais doenças de final de ciclo soja é  causada pelo fungo Cercospora kikuchii. O crestamento foliar é favorecido por clima quente e chuvoso.

Este fungo pode atacar todas as partes da planta.

Os sintomas nas folhas são pontuações escuras, com coloração castanho-avermelhado, que se desenvolvem e formam grandes manchas.

Também pode ocorrer a queda prematura das folhas. Isso pode ser confundido pela senescência prematura da cultura,  que pode reduzir a produtividade da lavoura.

Nas vagens, aparecem pontuações vermelhas que evoluem para manchas castanho-avermelhadas.

Através da vagem, o fungo atinge a semente, causando a mancha-púrpura na semente ou grão.

Na haste podem ocorrer lesões avermelhadas e levemente deprimidas.

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Mancha-púrpura no grão ou semente de soja
(Fonte: Paulo Edimar Saran)

Mancha-parda ou septoriose

A mancha-parda é uma doença causada pelo fungo Septoria glycines e pode ocorrer desde o início do desenvolvimento da cultura da soja. O fungo necessita de um período mínimo de molhamento foliar de 6 horas e temperatura entre 15℃ a 30℃ para o desenvolvimento dos sintomas.

No final do ciclo da cultura, a doença causa pontuações pardas nas folhas, que evoluem para manchas castanhas com centro angular com halo amarelo. A doença também causa desfolha precoce nas plantas de soja.

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(Fonte: Paulo Edimar Saran)

Um conhecimento importante sobre as doenças é como o fungo sobrevive após a colheita da cultura.

Esse conhecimento muitas vezes ajuda no desenvolvimento das estratégias eficientes de controle da doença.

As formas de sobrevivência dos fungos que causam a mancha-parda e o crestamento foliar são através de sementes infectadas e restos culturais.

Doenças de final de ciclo soja que ocorrem também no desenvolvimento  da cultura

Algumas publicações também relatam outras doenças como sendo de final de ciclo na cultura da soja.

Porém, doenças como antracnose, oídio, mancha olho de rã, entre outras, podem ocorrer desde estádios de desenvolvimento mais iniciais até o final do ciclo.

Veja na figura abaixo as principais doenças da cultura da soja e os momentos em que elas ocorrem:

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(Fonte: Paulo Edimar Saran)

Antracnose

Essa doença é causada pelo fungo Colletotrichum truncatum e é favorecida em regiões de clima quente e úmido.

A Antracnose foi considerada a segunda doença mais importante da cultura em safras passadas.

Pode ocorrer na cultura da soja desde o início do desenvolvimento e ocasionar morte das plântulas.

Ao longo do desenvolvimento da cultura, o fungo tende a causar manchas na haste, folhas e nas vagens.

A partir da floração pode ocorrer sintomas nas vagens, que ficam com coloração castanha-escura.

As sementes ou grãos, se atacadas pelo fungo, apresentam manchas castanhas deprimidas. O fungo pode sobreviver em restos culturais e sementes.

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(Fonte: Fundação Rio verde)

Mancha olho de rã

As perdas com está doença podem chegar até 60%. Ela é causada pelo fungo Cercospora sojina.

Esta doença também é favorecida por presença de água nas folhas e temperaturas altas, sendo mais comum na fase de floração da planta.

Nas folhas, inicialmente, ocorrem pequenos pontos escuros que evoluem para lesões marrons, com margem mais escura.

Com o desenvolvimento da doença, na face superior ocorrem manchas castanho-claras no centro, com bordos castanho-avermelhados. Na face inferior, a região central apresenta coloração cinza.

Nas vagens podem ocorrer lesões avermelhadas circulares a alongadas.

O fungo que causa esta doença também pode atacar as sementes, que ficam com coloração acinzentada a marrom.

Este fungo sobrevive em restos de culturas e pode ser disseminado por sementes.

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(Fonte: Paulo Edimar Saran)

Mancha-alvo

A mancha alvo é causada por Corynespora cassiicola, que é favorecida por temperaturas amenas e alta umidade.

A doença pode apresentar perdas de até 35% na produtividade.

Podem ocorrer sintomas nas folhas, haste, vagens e sementes ou grãos.

Nas folhas, os sintomas da doença se iniciam por pontuações pardas, com halo amarelado, evoluindo para manchas circulares de coloração castanha.

Normalmente, essas manchas apresentam pontuação no centro e anéis concêntricos de coloração mais escura (semelhantes a um alvo).

Nas vagens, podem ocorrer lesões de formato circular, levemente deprimidas.

O fungo pode penetrar da vagem para a semente de soja, formando lesões de coloração castanha.

Este fungo também pode sobreviver em restos culturais e ser disseminado por sementes contaminadas.

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(Fonte: Dirceu Gassen em Agrolink)

Oídio

Doença causada pelo fungo Microsphaera difusa, que é favorecido por temperaturas amenas e baixa umidade.

Oídio pode ocorrer em folhas, vagens e hastes, apresentando inicialmente coloração branca e, com o passar do tempo, coloração castanha-acinzentada.

Esta doença também pode favorecer a queda precoce das folhas.

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(Fonte: Cláudia V. Godoy em Embrapa)

Ferrugem asiática

Phakopsora pachyrhizi é o fungo que causa a ferrugem asiática, podendo causar perdas de 10% a 90% nas lavouras.

Essa doença pode ser observada em qualquer estádio de desenvolvimento da planta, mas preferencialmente a partir do fechamento do dossel.

Esta doença é de difícil identificação nos estádios iniciais, por não ter os esporos alaranjados como em outras ferrugens.

Os esporos desta ferrugem são mais claros. Assim, deve-se olhar na parte de baixo das folhas com auxílio de uma lupa e procurar saliências que são as pústulas.

-Caso você dificuldade para o diagnostico, procure uma clínica fitopatológica para a correta identificação.

Com o progresso da doença, essas estruturas ficam com coloração castanha, se abrem e liberam esporos.

Se você observar folhas amarelas na lavoura, provavelmente a ferrugem já está presente há mais de 30 dias na lavoura, ficando difícil o controle.

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Lavoura de soja durante o período reprodutivo intensamente atacada por ferrugem asiática (A), e a mesma lavoura, uma semana após, apresentando severa desfolha (B)
(Fonte: Pioneer sementes)

Recentemente no blog nós demos 6 dicas para combater de vez a ferrugem asiática da sojaTambém falamos sobre combate às ferrugens: controle essas doenças nas culturas do milho e soja.

planilha - monitore e planeje a safra de soja de forma automática

Conclusão

Neste texto apresentamos a classificação das doenças de final de ciclo soja, os sintomas e condições favoráveis para cada uma delas.

Você também conferiu dicas que podem te ajudar no manejo das doenças e evitar perdas de produtividade na cultura da soja.

Com essas informações, aperfeiçoe seu planejamento agrícola e faça um bom manejo das doenças de final de ciclo.

Afinal, sua lavoura é parte da sua empresa agrícola e você precisa obter lucro com ela!

>> Leia mais:

“Mancha-púrpura na soja: como livrar sua lavoura dela”

“Como identificar e manejar o crestamento bacteriano na soja”

Quais doenças de final de ciclo soja têm sido mais recorrentes em sua lavoura? Quais métodos de controle você tem utilizado? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Plantação de cana-de-açúcar: Maior produtividade e ponto ótimo da renovação

Plantação de cana-de-açúcar: Baixe gratuitamente a planilha de ponto ótimo da renovação do canavial e veja o que considerar para obter maior produtividade.

O custo de renovação de um canavial para a safra 2017/18 foi estimado em média de R$ 7.282,04 por hectare.

É um gasto alto para uma cultura semi-perene e, por isso, é necessária uma boa gestão para fazer a reforma no momento certo e manter sua área produtiva.

No entanto, surgem algumas dúvidas sobre como saber o ponto ótimo de renovação, além de quais manejos são os melhores para o plantio da cana.

Neste texto mostramos passo a passo como calcular quando o canavial deve ser renovado e ainda temos 5 dicas essenciais para uma boa plantação de cana-de-açúcar. Confira!

plantação de cana-de-açúcar

Planejamento agrícola: O que fazer antes de reformar seu canavial

Um planejamento agrícola bem feito é essencial para ter bons resultados na propriedade. Todas as atividades que estão envolvidas na implantação do canavial precisam ser programadas.

Isso compreende a compra de insumos, utilização de máquinas e implementos agrícolas, mão de obra, análise de solos, entre outras.

Esse planejamento é importante para determinar o custo de produção agrícola e também para o histórico das atividades da sua propriedade. Esse histórico ajuda a planejar a próxima reforma do seu canavial.

Além disso, é importante registrar todas as atividades e custos na implantação para avaliar se realmente compensa a renovação de sua plantação de cana-de-açúcar.

No entanto, você deve considerar outros fatores ainda para a decisão de reforma do canavial, veja a seguir como fazer:

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(Fonte: Cana Online)

Ponto ótimo da renovação da plantação de cana-de-açúcar

Chegando no quarto, quinto ou sexto corte sempre fica a dúvida: será que eu ganharia mais se renovasse o canavial? Para isso você primeiro deve ter em mente 3 coisas:

  • Qual meu capital disponível já considerando financiamentos e juros
  • Qual minha rentabilidade dos últimos anos (com os registros do quanto você ganha pela tonelada de cana subtraído por todos os custos de produção)
  • A cana-de-açúcar é uma cultura semi-perene e, por isso, essa contabilização não é de forma direta

Em termos gerais, você deverá calcular o custo por tonelada (R$/t) na cana-planta (normalmente cana de ano e meio – cana de 18 meses) e cana-soca (soqueira cana-de-açúcar).

Os custos da cana-de-açúcar devem ser considerados de forma acumulada para termos a noção real dos gastos por tonelada e decidir sobre a renovação. Vamos ver agora como fazer isso:

Custo da plantação de cana-de-açúcar (1° corte)

(Custo anual da terra x 2 anos) + Custo de reforma + Custo do Corte Colheita e Transporte (CCT) + (Custo anual da administração x 2 anos) + (Custo da cana-soca x 1 ano) = Custo total da cana-planta (R$/ha).

Agora, divida esse valor pela produtividade do 1° corte e teremos o custo por tonelada (R$/t).

Note que mesmo no 1° corte temos o custo da cana soca pois a maioria dos tratos culturais (herbicidas, inseticidas, etc.) ocorrem na cana soca e na cana planta.

Se quiser maior detalhamento, você pode ter os custos separados dos tratos culturais do 1° corte e dos demais cortes.

Custo da plantação de cana-de-açúcar até o 2° corte

(Custo anual da terra x 3 anos) + Custo de reforma + Custo do Corte Colheita e Transporte (CCT no 1° e 2° cortes) + (Custo anual da administração x 3 anos) + (Custo da cana-soca x 2 anos) = Custo total da cana até o 2° corte (R$/ha).

Agora, divida esse valor pela produtividade do 1° e 2° cortes para termos o custo por tonelada (R$/t).

Custo da plantação de cana-de-açúcar de outros cortes

Nos custos dos cortes subsequentes é só você ir acumulando os gastos e as produtividades.

(Custo anual da terra x n° anos com a cultura) + Custo de reforma + Custo do Corte Colheita e Transporte (CCT em todos os cortes até aquele ano) + (Custo anual da administração x n° anos com a cultura)) + (Custo da cana-soca x n° anos com cana-soca) = Custo total da cana até o corte em questão (R$/ha).

Divida esse valor pela produtividade de todos os cortes até então, obtendo o custo por tonelada (R$/t).

Calculando o ponto ótimo de renovação

Em geral, o corte com menor custo por tonelada de cana é o mais indicado para a renovação.

No entanto, como já citamos, considere também sua rentabilidade (preço da tonelada subtraído pelos custos de produção) e o capital disponível.

Neste exemplo abaixo, o 5° corte seria o mais adequado para a renovação:

tabela com custo do canavial nos cortes, captura da planilha Aegro

Como você pode ver, a contabilização para essa cultura pode ser bem complicada se feita à mão. Por isso, disponibilizamos aqui gratuitamente uma planilha para o cálculo automático:

captura de tela da planilha para cálculo do ponto ótimo do canavial Aegro

Baixe aqui sua planilha gratuita!

5 Dicas essenciais para a reforma da plantação de cana-de-açúcar

1. Atenção na escolha da variedade de cana-de-açúcar

A partir da cana-de-açúcar são produzidos etanol, açúcar, aguardente e outros itens alimentícios. No Brasil também se produz etanol de 2ª geração, fabricado a partir do bagaço da cana (ou palha), além da geração de energia elétrica provenientes também do bagaço e da palha.

Cada variedade de cana pode ser melhor para produzir um tipo de produto. Diante disso, você precisa escolher qual a variedade irá utilizar na sua reforma do canavial.

Você precisa relacionar as características das variedades de cana disponíveis com o clima da região da sua propriedade.

Também precisa considerar o solo, a resistência contra pragas e doenças e outras características.

Veja um exemplo de uma variedade da Ridesa (RB961552). Na tabela você pode encontrar algumas características dessa variedade que é plantada em diversas regiões:

5-plantação de cana-de-açúcar

(Fonte: Ridesa)

Você também pode encontrar as características das variedades CTC aqui.

Então, conheça todas as características da variedade que pretende plantar na sua propriedade. Lembre-se que isso também faz parte do seu planejamento agrícola.

Como estamos falando em variedades de cana-de-açúcar, você não pode se esquecer de plantar mudas com qualidade! Isso é muito importante para um canavial ter boa produtividade.

Além de conhecer a cultura da cana-de-açúcar, você também precisa conhecer bem a sua propriedade.

2. Faça a análise de solo de sua área

É de extrema importância realizar a análise do solo da sua propriedade para identificar a fertilidade do solo.

Com ela, é possível saber quais nutrientes estão em nível adequado e quais estão em baixo nível para a plantação de cana-de-açúcar.

Para outras culturas nós fazemos a análise de solo até 20 cm, mas para a plantação de cana-de-açúcar é recomendado esse diagnóstico até 50 cm.

Isso porque, a cana tem raízes profundas que atingem essas camadas do solo, e é prejudicada se as mesmas não estiverem adequadas em termos de fertilidade.

6-plantação de cana-de-açúcar

Detalhe da cana e suas raízes em solo com boa fertilidade (à esquerda) e solo com alumínio (à esquerda).
(Fonte: Foto Antônio Vasconcelos em Pedologia fácil)

Mesmo que o seu solo em culturas anteriores tenha apresentado alta fertilidade, com as sucessivas lavouras, a quantidade de nutrientes diminui.

Por isso, é de extrema importância realizar uma nova análise para saber qual a fertilidade do solo no momento do plantio.

Com o resultado em mãos, você determina o que precisa colocar no solo para a cultura da cana-de-açúcar. Isso evita desperdícios e gera ganhos na produtividade.

Sobre esse assunto, veja também:

Já que falamos sobre a análise de solo, também precisamos focar na correção e adubação da sua área para a reforma do canavial.

3. Realize a correção do solo adequada

A calagem é necessária em solos ácidos, sendo esses solos característicos de regiões tropicais, como o Brasil. Mas, antes de tomar qualquer decisão, você precisa ter aqueles dados da análise de solo em mãos. Aqui no blog nós já explicamos como fazer o cálculo de calagem (+ calcário líquido).

4. Considere a realização da gessagem

A gessagem é uma atividade agrícola que melhora a camada subsuperficial do solo e o sistema radicular das plantas. O gesso agrícola é fonte de cálcio (20%) e enxofre (15-18%) para o solo, sendo considerado um condicionador de solo. Assim, também disponibiliza para o solo os nutrientes cálcio e enxofre.

Ou seja, são produtos que promovem a melhoria das propriedades físicas, físico-químicas ou da atividade biológica do solo. O gesso no solo neutraliza o alumínio, que é tóxico para as plantas, possibilitando o aumento do sistema radicular.

Para a cana, o gesso é especialmente importante porque a planta tem um sistema radicular profundo. Como o gesso é justamente um condicionador das camadas mais profundas do solo, ele proporciona melhores condições ao canavial.

Com a análise de solo da propriedade você verifica se é necessário gessagem e qual a quantidade de gesso a ser aplicada na área.

Aqui no blog nós já falamos especificamente sobre Gessagem: tudo o que você precisa saber sobre esta prática agrícola.

5. Faça a adubação bem feita da plantação de cana-de-açúcar

Como a cana permanece na área normalmente de 5 a 6 anos, é muito importante realizar uma boa correção de solo e adubação no plantio.

Mas não esqueça de realizar adubações durante esse ciclo de 5-6 anos, pois a produtividade da cultura ao longo dos cortes apresenta redução.

Veja na tabela abaixo as faixas de macro e micronutrientes que são essenciais para a plantação de cana-de-açúcar:

7-plantação de cana-de-açúcar
(Fonte: Tabela adaptada do livro Adubação da cana-de-açúcar: 30 anos de experiência, Penatti, 2013)

Um macro nutriente muito importante para as plantas é o fósforo (P). Ele participa da fotossíntese e da respiração das plantas, crescimento e formação das raízes, crescimento de células e outras.

O P na cana-de-açúcar é importante principalmente para a brotação da planta.

Muitas vezes é recomendada a aplicação, de uma só vez, de toda a quantidade de fósforo necessária para os próximos 5 cortes no plantio da cana-planta.

A torta de filtro é muito utilizada para o fornecimento desse nutrientes em pouco tempo, já que é constituída de cerca de 1,2 a 1,8% de fósforo e cerca de 70% de umidade.

Para saber mais sobre a fosfatagem na cana-de-açúcar, veja como fazer manejo de fósforo para aumentar a produção de cana.

>> Leia mais: “Adubo para cana: Principais recomendações para altas produtividades

Renovação da plantação de cana-de-açúcar e o manejo de plantas daninhas

Outras atividades que você tem que se atentar na reforma do canavial é o manejo de plantas daninhas.

Se você começar o plantio da cana-de-açúcar com plantas daninhas na área, terá trabalho redobrado no controle ao longo do ciclo da cultura.

Algumas plantas daninhas da plantação de cana-de-açúcar são: capim-colonial, capim-colchão, braquiária, corda-de-viola, mucuna-preta, capim-massambará e outras.

Você deve identificar qual o herbicida registrado para cana-de-açúcar para o controle das plantas daninhas que são problemas na sua propriedade. Veja no Agrofit os defensivos agrícolas registrados. Ainda, vale lembrar que a rotação com plantação de amendoim pode reduzir a incidência de plantas daninhas na cultura.

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Corda-de-viola em plantação de cana-de-açúcar
(Fonte: Cana Online)

planilha ponto otimo de renovacao canavial

Conclusão

Neste texto foram discutidas os principais pontos para a renovação da plantação de cana-de-açúcar.

Falamos sobre a importância do planejamento agrícola, como escolher variedades de acordo com época de plantio, realizar um bom preparo do solo, adubação controle de plantas daninhas.

Aqui também você viu como calcular o ponto ótimo de renovação do canavial e teve acesso a uma planilha gratuita para esse cálculo automático.

Agora que você sabe um pouco mais sobre o plantio de cana-de-açúcar, realize um planejamento e boa reforma do seu canavial!

>> Leia mais: “Como fazer o melhor manejo da broca da cana-de-açúcar

Você realiza planejamento para a renovação do seu canavial? De quanto em quanto tempo você realiza a renovação da sua plantação de cana-de-açúcar? Restou alguma dúvida sobre o cultivo da cana? Adoraria ver seu comentário abaixo.

El Niño e suas consequências na agricultura brasileira

O fenômeno El Niño deve ocorrer a partir do segundo semestre de 2023. Entenda como ele pode afetar a sua lavoura. Bônus: conheça 5 formas de proteger a sua produtividade! 

Excesso ou falta de chuvas, temperaturas acima da média e períodos com fortes restrições hídricas. Esses são alguns dos reflexos provocados pelo El Niño no Brasil.

Esse fenômeno climático pode resultar em grandes prejuízos, como já pudemos observar em outros anos: maior volume de chuvas na região Sul do país, temperaturas mais elevadas de forma geral, secas severas na região Nordeste e outros inúmeros reflexos negativos. 

Apesar dos efeitos inevitáveis no clima, existem formas de preparar a fazenda para mitigar os efeitos do El Niño, mantendo uma boa produtividade e evitando maiores prejuízos às culturas e à rentabilidade dos cultivos.

Para isso, é indispensável que se entenda o que é o fenômeno El Niño, seus impactos na agricultura e como o manejo pode ser um aliado para obter bons resultados da lavoura. Confira a seguir!

El Niño: entenda o que é esse fenômeno

El Niño é um fenômeno climático que causa aumento nas temperaturas da superfície do Oceano Pacífico Tropical e enfraquecimento dos ventos alísios.

Os ventos alísios são um tipo de vento considerado estável e úmido, que incide nas zonas subtropicais em baixas altitudes. 

Eles são resultado do deslocamento das massas de ar frio dos trópicos (de alta pressão) em direção à zona de baixa pressão, a zona equatorial. Por isso, quando enfraquecidos, esses ventos resultam em aumento das temperaturas.

Com isso, há diminuição das águas mais frias que afloram próximo à costa oeste da América do Sul. Esse aquecimento pode alterar o regime de chuvas em muitas regiões, impactando, consequentemente, a agricultura.

O El Niño registrado na safra de 2015/16 teve temperaturas recordes, com destaque para a força do fenômeno em 2016. Porém, um dos piores anos foi 1982, quando o El Niño causou vastas mudanças na circulação atmosférica.

O Brasil sofreu com tempestades torrenciais e, nos Estados Unidos, houve tempestades ao longo da costa da Califórnia.

Além do El Niño, também pode ocorrer a La Niña. Neste caso, acontece o contrário: há resfriamento das águas do Pacífico Equatorial, o que altera a dinâmica das chuvas no país e provoca secas, especialmente na região Sul.

Há também os anos neutros — quando as águas do Pacífico estão com temperatura próxima ao normal, não ocorrendo nem resfriamento nem aquecimento.

O último El Niño havia ocorrido no ano de 2020 e, depois de três anos de predomínio do fenômeno La Niña, que resultou em quebras acentuadas da produção de soja do Rio Grande do Sul, o El Niño deve voltar ao cenário nos próximos meses, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM).

Quando o El Niño vai acontecer?

Após três anos de La Niña, que se encontra em estado de neutralidade, a previsão da OMM é que o El Niño ocorra nos próximos meses.

As previsões indicam que há chances de o fenômeno ocorrer ainda em maio (60% de probabilidade), mas é entre julho e setembro que as probabilidades alcançam 80%. Ou seja, nesse período, poderemos ter mudanças significativas na ocorrência de chuvas, bem como de temperaturas em todo o mundo, incluindo as diferentes regiões produtoras do Brasil. 

Tanto El Niño quanto La Niña podem ser classificados por intensidade: forte, moderado e fraco. Nas safras de 2020/21 e 2021/22, por exemplo, o La Niña foi considerado moderado.

O El Niño tem aumentado de intensidade, atingindo seu pico nas safras 1982/83, 1997/98 e 2015/16. Já a La Ninã, por outro lado, teve seus picos nas safras 1973/74, 1988/89 e 2007/08. 

Diferente do La Niña, registrado de forma forte menos vezes ao longo dos anos (8 desde 1950), o El Niño tem sido registrado mais vezes como forte (4 vezes) ou muito forte (5 vezes). Isso acentua os impactos das mudanças climáticas, provocando temperaturas recordes, chuvas torrenciais em partes do planeta (com temporais), aumentando as queimadas e muitos outros efeitos — incluindo, é claro, os benéficos.

Quais os efeitos esperados do El Niño no Brasil?

Como eu comentei acima, o fenômeno El Niño pode afetar a temperatura e a quantidade de chuvas em muitas regiões do mundo. Normalmente, com o El Niño, as temperaturas ficam um pouco acima do normal no Brasil.

Assim, as altas temperaturas em algumas áreas do país, que chegaram a registrar 4 a 5 graus acima da mesma época em outros anos, já podem estar relacionadas às mudanças no cenário climático. 

De modo geral, nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, pode ocorrer redução das precipitações.

No Sudeste costuma haver aumento das temperaturas. Na região Sul as chuvas podem ser mais abundantes. Já no Centro-Oeste pode haver irregularidade das chuvas.

Veja o que acontece nas regiões brasileiras com o fenômeno El Niño, de acordo com o CPTEC/INPE:

(Fonte: Cptec/Inpe)

Esse fenômeno pode influenciar nas temperaturas e nas chuvas pelo mundo, conforme os gráficos abaixo. À esquerda, previsões da temperatura do ar nos meses de maio, junho e julho e, à direita, precipitações para a mesma época do ano no mundo. Veja:

(Fonte: World Meteorological Organization, 2023).

O gráfico a seguir ilustra o comportamento típico das chuvas durante o El Niño nas diferentes regiões do planeta.

No Brasil, é possível observar maior volume de chuvas na região Sul do país (principalmente no Rio Grande do Sul) e menor volume de chuvas nas regiões Norte e Nordeste do país. Confira à direita do mapa mundi:

(Fonte: Cptec/Inpe)

Efeitos do El Niño na agricultura brasileira

Estima-se que 80% da variação da produtividade agrícola dependa das condições climáticas. Áreas com redução das chuvas podem desacelerar o desenvolvimento das culturas, ocorrendo queda da produtividade.

Já em regiões com aumento da precipitação, pode haver inundações nas culturas, o que também tende a reduzir a produtividade.

Além disso, chuvas em excesso no momento da colheita podem diminuir a qualidade dos produtos e, ainda, inviabilizar o escoamento da safra.

Culturas anuais podem ser altamente afetadas por essas variações, como é o caso das lavouras de grãos.

As culturas perenes também podem ter redução na produtividade. Mas, como elas ficam por mais tempo no campo, há possibilidade de se recuperarem após essas variações. No entanto, elas devem ser monitoradas da mesma forma, para mitigação dos efeitos do fenômeno, sejam eles aumento das precipitações ou redução.

Para você entender melhor, veja algumas consequências do último El Niño na agricultura brasileira.

Impactos do último El Niño no Brasil

Nos estados do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), houve falta de chuva no início do plantio de soja. Isso reduziu a germinação das sementes e causou redução do stand das plântulas;

No Mato Grosso houve irregularidade nas chuvas no início do plantio. Assim, houve grandes perdas em uma mesma região e em outras isso não ocorreu;

Na região Sul, a chuva abundante pode ter favorecido a produtividade dos grãos. Porém, o excesso de umidade pode ter desfavorecido outras culturas, como o arroz e o trigo (este último principalmente no momento de colheita, e impactando também o aumento das temperaturas).

Não podemos esquecer que o El Niño também pode trazer benefícios, como o aumento da umidade em localidades impactadas pelo La Niña e que estejam com baixos volumes acumulados de água no solo e em reservatórios (caso da região Sul do país).

Isso favorece o plantio e o desenvolvimento das culturas — desde que o aumento das chuvas não seja em excesso — e aumenta as temperaturas médias do ar durante os estágios mais sensíveis de desenvolvimento das culturas (polinização e enchimento de grãos).

El Niño também pode aumentar a incidência de doenças em culturas importantes, como o trigo.

Falta ou excesso de chuva causado pelo El Niño no Brasil — o que fazer?

Pesquisadores da Embrapa orientam sobre como proceder quando um desses dois fenômenos ocorre. Confira:

Excesso de chuva

  • Realizar o preparo do solo para a semeadura – assim, quando as condições permitirem, o solo já estará preparado para realizar a semeadura
  • Semeadura no início do período recomendado
  • Não semear em solos encharcados
  • Realizar rotação de culturas, pois alta umidade pode favorecer o desenvolvimento de doenças
  • Utilizar cultivares resistentes a doenças que podem se desenvolver com alta umidade (com base no histórico da área de cultivo)
  • Atenção ao realizar adubação nitrogenada, pois, com excesso de chuva, o nitrogênio pode ser facilmente lixiviado
  • Realizar a colheita quando o produto atinge umidade adequada, pois chuvas podem reduzir a qualidade do produto agrícola
Excesso de chuva pode levar à erosão do solo, lavagem de nutrientes e até mesmo à necessidade de ressemeadura das culturas, pela redução do estande de plantas.

Falta de chuva

  • Utilizar sistema de plantio direto. Este sistema pode favorecer a germinação das sementes pela umidade do solo por causa da palhada
  • Utilizar cultivares mais resistentes ao estresse hídrico
  • Utilizar cultivares com sistema radicular mais profundo
  • Plantio ou semeadura mais profundos
  • Utilizar irrigação quando possível e necessário
  • Não utilizar uma população de plantas acima da recomendada

E é claro: você precisa monitorar as condições meteorológicas da sua região tanto em caso de excesso de chuva como em caso de seca.

5 dicas para ter uma boa produtividade na lavoura mesmo com o El Niño no Brasil

1. Fique de olho nas condições meteorológicas e fenômenos climáticos na sua região

Como a agricultura é muito dependente das condições meteorológicas, você precisa estar de olho nas previsões climáticas de sua região. Isso é muito importante para o planejamento das suas atividades.

Para te auxiliar nessa atividade, você pode utilizar aplicativos de celular, como Cptec/Inpe, Agritempo, Tempo Agora, entre outros.

Você também precisa saber se há algum fenômeno, como El Niño ou La Niña, afetando a temperatura e a precipitação em cada época do ano.

Além disso, conheça os efeitos desses fenômenos em sua região. Assim você poderá se planejar com base em todos os efeitos causados.

2. Conheça bem sua propriedade e sua lavoura

Você precisa conhecer a sua propriedade — ou seja, você precisa conhecer o clima da região e o tipo de solo da sua lavoura, dentre outras informações importantes para o cultivo. 

E, mais uma vez, não deixe de construir um histórico sobre as pragas e doenças que ocorrem, em que culturas e quais épocas são as mais críticas. 

Esse histórico pode ser mapeado por meio da plataforma Aegro. Assim você consegue entender a dinâmica e como manejar a praga ou doença de forma mais eficiente, observando ainda o desempenho dos defensivos no controle.

Além disso, ter conhecimento a respeito das plantas que você cultiva ou vai cultivar é essencial.

Conheça o hábito de crescimento das plantas e quais são as condições ideais para seu desenvolvimento. Conheça também as pragas, doenças e daninhas que podem afetar a sua lavoura.

3. Realize um bom planejamento da sua atividade agrícola

Os itens 1 e 2 deste tópico te auxiliam no planejamento das atividades agrícolas. Esses conhecimentos são importantes para o dia-a-dia da fazenda e para obter lucro com sua lavoura.

Ter um planejamento e uma boa gestão agrícola é essencial. Para isso, você pode utilizar anotações, planilhas e até softwares. Mas não confie na memória para realizar seu planejamento.

Para te ajudar com isso, aqui você pode encontrar um comparativo entre planilhas agrícolas x software: o que é melhor para sua fazenda.

4. Anote ou registre suas atividades agrícolas

Você precisa registrar todas as atividades: custos, estoque, produção e outros dados da propriedade.

Isso te ajuda a calcular o custo de produção agrícola e ter o histórico da atividade agrícola, além de te auxiliar no planejamento da próxima safra.

5. Monitore sua lavoura e a proteja dos efeitos do El Niño no Brasil

É importante realizar o monitoramento da lavoura, pois, como já comentei, o El Niño pode causar efeitos que favorecem doenças, pragas e daninhas.

Caso necessário, realize o controle de pragas, doenças e plantas daninhas na sua lavoura.

planilha - monitore e planeje a safra de soja de forma automática

Conclusão

Como vimos, o El Niño no Brasil provoca mudanças na temperatura e no regime de chuvas em diversas regiões. E os efeitos desse fenômeno climático impactam a produção agrícola. Mas você pode conseguir uma boa produtividade, mesmo com influência do El Niño. 

Uma das dicas mais importantes é realizar o planejamento e monitoramento das suas atividades agrícolas e das previsões climáticas, semana após semana. Lembre-se que o planejamento é essencial para lucrar com sua empresa rural.

Então, não deixe que o El Niño cause efeitos negativos na sua propriedade!

Você já sentiu as interferências do El Niño no Brasil? O que tem feito para contornar falta ou excesso de chuva e manter a produtividade da sua lavoura?

Atualizado em 29 de maio de 2022 por Bruna Rhorig.

Bruna é agrônoma pela Universidade Federal da Fronteira Sul, mestra em fitossanidade pela Universidade Federal de Pelotas e doutoranda em fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul na área de pós-colheita e sanidade vegetal.

Como controlar o nematoide das galhas de uma vez por todas

Nematoide das galhas: Saiba como reconhecê-lo em sua lavoura, sua importância e confira 6 métodos eficientes de controle que você pode usar.

Sua lavoura está com pontos amarelos e algumas plantas parecem menores. Ao verificar as raízes, você pode ver as galhas. O que fazer agora?

Na cultura da soja, as perdas por nematoides podem chegar a 10,6% , enquanto que no algodão esse valor aumenta para 40%.

Esses prejuízos totalizam cerca de R$ 35 bilhões ao ano para o agronegócio brasileiro, segundo a Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN).

Mas voltando a pergunta inicial: O que fazer? Como controlar algo difícil de observar a olho nu e está no solo?

Aqui separei as principais informações sobre o nematoide das galhas e os melhores manejos para evitar esses prejuízos na sua propriedade. Confira!

Nematoide das galhas: o que é e sua importância

Nematoides são vermes que tem o corpo normalmente alongado e cilíndrico e podem apresentar tamanhos variados.

A maioria dos nematoides não causam problema a outros organismos, porém alguns são parasitas.

O nematoide das galhas é um parasita de diversas culturas e tem grande importância para a agricultura do país.

Algumas culturas afetadas por nematoide das galhas são soja, cenoura, algodão, videira, cafeeiro, arroz, algumas hortaliças e outras.

Como o próprio nome diz, há uma formação de galha, ou seja, um engrossamento das raízes. Isso, afeta a translocação de água e nutrientes pela planta.

nematoide das galhas

Diferença entre raiz saudável (à direita) e com nematoide das galhas (à esquerda)
(Fonte: Tiwari,Eisenback e Youngman)

Meloidogyne é o gênero que compreende o chamado “nematoide das galhas” e apresenta várias espécies, sendo as principais:

  • M. arenaria;
  • M. incognita;
  • M. javanica;
  • M. hapla.

Nematoide das galhas na cultura da soja

Há vários nematoides que podem afetar a cultura da soja, as espécies mais importantes de nematoide das galhas nesta cultura são Meloidogyne incognita e M. javanica.

Entre essas duas espécies de nematóide do gênero Meloidogyne,  é a M. javanica que tem ocorrência generalizada no país.

Os sintomas na cultura da soja ocorrem em reboleiras com plantas menores e amareladas, podem apresentar o abortamento de vagens e raízes apresentam galhas.

As folhas das plantas afetadas às vezes apresentam manchas cloróticas ou necroses entre as nervuras, caracterizando a folha “carijó”.

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Sintoma conhecido como “folha carijó” devido a doença causada por nematoide na soja
(Fonte: Soares em SENAR – Paraná)

Nematoide de galha em algodão

O nematoide das galhas que afetam a cultura do algodoeiro é Meloidogyne incognita.

Os sintomas são semelhantes aos causados na cultura da soja, como a presença de reboleira, galha nas raízes, sintoma tipo “carijó” nas folhas e redução da planta e do sistema radicular.

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Sintomas em algodoeiro causados por Meloidogyne incognita em Campo Verde-MT. Duas linhas da esquerda, cultivar suscetível e, as duas linhas da direita, tolerante ao nematoide
(Fonte: Rafael Galbieri em IMAMT)

>> Leia mais: “Guia completo de análise e manejo dos principais nematoides no algodão”

Ciclo de vida dos nematoides das galhas

Falamos que os nematoides são geralmente alongados e cilíndricos, porém, as fêmeas deste gênero podem ter a largura do corpo aumentada em algumas fases do ciclo, por produzir muitos ovos.

Vou explicar resumidamente o ciclo desses nematoides, para entendermos a formação das galhas.

O ciclo de vida dos nematoides é dividido em ovo, jovem e adulto.

As fêmeas dos nematoides das galhas colocam os ovos nas raízes em forma de aglomerado.

Ainda dentro do ovo ocorre a fase juvenil 1° estádio (J1), que evoluiu para J2, na qual os nematoides deixam o ovo e saem no solo em busca de raízes.

Quando encontram raízes, os nematoides entram nas mesmas, liberando substâncias para favorecerem sua nutrição.

Com isso, as células das raízes aumentam de tamanho, com formação de células gigantes, formando as galhas.

Esses nematoides ainda passam por J3 e J4, que ficam imóveis nas raízes e depois se tornam adultos.

Então, quando você observa galhas nas raízes das plantas isso é formado pela própria planta em resposta à substâncias secretadas pelos nematoides.

Você pode observar diferença no tamanho das galhas em diferentes espécies de plantas.

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(Fonte: APS)

Como reconhecer e diferenciar os sintomas dos nematoides das galhas

Alguns sintomas que você pode observar nas áreas infestadas pelo nematoide das galhas:

  • Presença de galhas nas raízes;
  • Redução do volume do sistema radicular;
  • Sintomas na parte aérea podem ser de amarelamento e redução foliar;
  • Redução do tamanho das plantas;
  • Murchamento das plantas em algumas variedades de plantas;
  • Desfolha;
  • Redução da densidade populacional de plantas e produção (principalmente reduzir o número de vagens e grãos na soja).
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Sintomas de nematoides na soja
(Fonte: Edward Sikora, Auburn University)

Os sintomas podem ser facilmente confundidos com deficiência de nutrientes ou estresse hídrico, devido ao fato de que os nematoides prejudicam a absorção de água e nutrientes.

Para isso não ocorrer, lembre-se que sintomas nutricionais se dão em manchas de solo ou mais generalizado na lavoura, enquanto que os nematoides ocorrem em reboleiras.

Ter o histórico da área e o controle das atividades agrícolas também é essencial para você identificar o que foi aplicado na área e se atentar a possibilidade de problemas nutricionais ou hídrica.

Monitorar sua propriedade, arrancando algumas plantas do solo e observando as raízes também é essencial para o correto diagnóstico.

6 métodos de controle para os nematoides das galhas

O controle dos nematoides é bastante complicado por ficarem no solo, dificultando o controle.

Também é importante que você tenha em mente que a erradicação é praticamente impossível, mas que podemos manejá-los para a cultura não ser prejudicada.

Assim, para o controle de nematoides devem ser realizadas técnicas combinadas, ou seja, pensar em manejo integrado.

Veja algumas medidas de manejo para os nematoides das galhas:

1. Evite a entrada do nematoide na sua área

Você deve evitar a entrada do nematoide na sua área, assim, observe as principais formas de disseminação dos nematoides a seguir e as evite.

Disseminação dos nematoides

O deslocamento do nematoide é bastante limitado, dependendo de ações externas. As principais formas de disseminação são:

  • Deslocamento de máquinas e implementos agrícolas;
  • Utilização de mudas, porta enxerto ou material de propagação contaminados com nematoides;
  • Água de irrigação;
  • Chuva;
  • Substrato infectado.

2. Rotação ou sucessão de culturas

Realize a rotação ou sucessão de culturas com plantas não hospedeiras dos nematoides das galhas.

Por exemplo, se você cultiva soja e tem a área infectada com M. javanica, você pode realizar a rotação da soja com amendoim.

Além disso, se atentar se na área há muitas plantas daninhas que possibilitam que o nematoide complete o seu ciclo de vida.

3. Plantio de culturas armadilhas

Os nematoides são atraídos por essas plantas (sendo denominadas plantas armadilhas), nas quais eles conseguem entrar nas raízes mas não conseguem completar o seu ciclo de vida.

As plantas de braquiária, capim-mombaça, andropogon e Paspalum spp. são bons exemplos de plantas armadilhas.

4. Variedades resistentes ou tolerantes

Há diversas variedades de plantas desenvolvidas que possuem resistência ou maior tolerância ao nematoide das galhas.

Conheça os talhões mais prejudicados por esses nematoides e utilize esses tipos de variedades nos mesmos.

5. Adubação verde

A adubação verde é uma prática agrícola que algumas espécies de plantas são plantadas e depois em um determinado estágio de desenvolvimento são incorporadas no solo.

E você pode utilizar esta técnica para o manejo de nematoides.

Você pode escolher plantas para a adubação verde que não são hospedeiras para o nematoide das galhas.

Por exemplo, a Crotalaria juncea é uma planta anual e é má hospedeira para nematoide das galhas.

Além disso, ela produz grande quantidade de biomassa no menor tempo e, consequentemente, fornece nitrogênio em maior quantidade.

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(Fonte: Piraí sementes)

Veja mais sobre adubação verde em:
Vantagens e desvantagens de fazer adubação verde em sua propriedade
“Adubação verde e cultura de cobertura: Como fazer?

6. Controle biológico e químico

Meloidogyne incognita em soja

São registrados 6 defensivos agrícolas para este nematoide na cultura da soja, sendo 2 deles produtos biológicos.

Um produto biológico tem como ingrediente ativo o fungo Paecilomyces lilacinus e o outro a bactéria Bacillus firmus.

7- nematoide-das-galhas

Meloidogyne javanica em soja

São registrados 11 produtos para o manejo deste nematoide, sendo 2 produtos biológicos.

Os biológicos têm como ingredientes ativos as bactérias Bacillus subtilis e Bacillus firmus.

Isso mostra que há produtos biológicos com ação nematicida no mercado e que para cada espécie de nematoide e de acordo com a espécie cultivada, são registrados diferentes tipos de produtos.

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Meloidogyne incognita em algodão

Para a cultura do algodão, são registrados 11 produtos comerciais para o controle do nematoide das galhas, sendo apenas 1 produto biológico, que tem como ingrediente ativo o Bacillus firmus.

9- nematoide-das-galhas

 

Nematoide de galha X nódulos de bactérias fixadoras de nitrogênio na cultura da soja

A fixação biológica de nitrogênio (FBN) é um processo que microrganismos são capazes de quebrar a ligação do nitrogênio atmosférico , transformando em amônia, a qual é utilizada pela planta.

Nesse processo há a formação de um nódulo, cuja função é alojar a bactéria e permitir que ela realize a fixação do nitrogênio.

Este nódulo formado em leguminosas, como na soja, e não pode ser confundido com as galhas dos nematoides.

Assim, uma forma simples e fácil de diferenciar nódulos de galhas é:

Nódulos são externos nas raízes e podem ser retirados com facilidade da raiz.

Galha é um engrossamento da própria raiz, onde se alojam os nematoides em desenvolvimento, e por isso, não consegue ser retirado da raiz.

Lembrando que para identificar se um nódulo está ativo ele deve ter a cor avermelhada.

10- nematoide-das-galhas

Nódulos de soja, com interior cor de rosa, indicando a presença da leghemoglobina e, consequentemente, de um processo ativo de fixação de nitrogênio
(Fonte: Revista campo e negócios)

Planilha de manejo integrado de pragas

Conclusão

Neste texto foi discutido sobre os nematoides das galhas que afetam muitas culturas agrícolas no Brasil.

Entendemos a formação das galhas, o ciclo de vida, importância e a disseminação dos nematoides.

Assim, conhecemos como identificar os sintomas do nematoides das galhas sem confundir com outras questões da lavoura.

Aqui também você viu como realizar 6 métodos de controle diferentes, proporcionando um manejo efetivo na sua propriedade.

Agora que você sabe um pouco mais sobre o nematoide das galhas, não deixe de realizar o manejo na sua propriedade!

>> Leia mais:

Nematoides na cana-de-açúcar: como reconhecer e manejar

Nematoide de cisto: Como afeta sua lavoura e o que fazer para se livrar dele

Você tem problemas com nematoides das galhas? Quais técnicas de manejo você utiliza? Você utiliza controle biológico ou químico? Restou alguma dúvida? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Planilhas agrícolas X Software: como escolher o melhor para sua fazenda

Planilhas agrícolas x software: Veja o que é melhor para sua fazenda, baixe 7 planilhas grátis, confira sobre software agrícola e saiba como fazer um planejamento.

Já se foi o tempo em que confiar na memória poderia garantir a excelência da fazenda.

Temos tantas informações na fazenda que fica impossível guardar e analisar tudo isso sem ao menos uma planilha.

Mas na verdade, ainda surgem confusões entre as inúmeras planilhas agrícolas. Além de tudo, criar uma planilha não é fácil.

Por outro lado, os softwares agrícolas ganharam espaço no mercado, especialmente por sua facilidade de uso e fornecimento de análises.

Aqui mostramos o que é melhor para sua fazenda, planilhas agrícolas ou software, disponibilizando 7 planilhas grátis e prontas.

Veja também mais sobre o planejamento agrícola para poder tirar todo o proveito das planilhas e software. Confira!

Planilhas agrícolas X Software para a agricultura

Registrar todas as informações do seu negócio e da sua lavoura apenas na memória não é o melhor jeito de conhecer e administrar sua fazenda.

Por isso, planilhas agrícolas e softwares vêm ganhando cada vez mais adeptos no agronegócio. Nada melhor do que analisar as informações da fazenda para saber quais decisões tomar, traçando o melhor caminho para seu negócio continuar por várias gerações.

Mas, você pode se perguntar: o que devo usar na minha propriedade, planilha ou software? Essa é uma pergunta que depende de cada gestão agrícola.

As planilhas são ótimas para você organizar os dados e obter as informações, principalmente quando já tem planilhas prontas, como vamos disponibilizar aqui.

Elas são uma boa saída para começar a sua gestão agrícola. Assim, tire seus dados da memória ou do caderninho e coloque nas planilhas.

Após algum tempo de uso você vai notar duas coisas:

  1. O conhecimento e a sua gestão da fazenda melhoraram muito;
  2. As planilhas podem ficar confusas e difíceis de analisar.

Por isso, neste momento de maturidade de gestão, os softwares podem facilitar o seu trabalho.

Se nas planilhas você precisa dar baixa no estoque de todo insumo que sai, colocar na safra os custos desses insumos utilizados e identificar as áreas, em um software isso pode ser feito em um clique.

Além disso, um software agrícola pode oferecer gráficos e uma visão da sua fazenda que nenhuma das planilhas agrícolas consegue.

Desse modo, confira as planilhas agrícolas e mais sobre software agrícola a seguir:

7 Planilhas agrícolas grátis

Você pode criar planilhas agrícolas (excel planilhas) para colocar as atividades da sua propriedade, os custos de produção, controle do estoque de insumos, estimativa de produtividade e outros.

Assim, separei algumas planilhas (gratuitas) que podem te ajudar no planejamento e na gestão agrícola da sua propriedade.

1. Controle de estoque

Com essa planilha você pode iniciar o controle de seu estoque, com as entradas e saídas de produtos de modo mais fácil. Assim, você consegue saber o que possui em estoque e quais foram todos os seus custos.

Clique na imagem e baixe agora a planilha para controle de estoque da propriedade rural!

2. Fluxo de caixa

Coloque aqui todas as suas entradas (receitas) e saídas (despesas) e ganhe maior controle financeiro. Clique na imagem para baixar agora a planilha!

fluxo de caixa Aegro

3. Cálculo de calagem

Cálculo mais automatizado da calagem pelo método de Saturação de Bases. É uma boa planilha para começar seu planejamento agrícola pela correção do solo.

Clique na imagem e baixe agora a planilha para cálculo de calagem!

cálculo de calagem Aegro

4. Checklist para um bom planejamento agrícola

Com dificuldades para começar seu planejamento? Este checklist para te ajuda a não esquecer nenhum detalhe, resultando em um planejamento completo da sua fazenda,  resultando em melhor controle do negócio.

Clique na imagem e baixe agora o checklist de planejamento agrícola!

checklist planejamento agrícola Aegro

5. Estimativa da produtividade do milho

Se você cultiva milho, essa é uma ótima planilha para estimar a produtividade e assim planejar melhor sua frota agrícola de colheita, logística de escoamento, armazenamento e outros.

Clique na imagem e baixe agora a planilha gratuita!

planilha de produtividade de milho

6. Estimativa da produtividade do algodão

Bem como no caso do milho, estime sua produtividade de algodão e faça seu planejamento da colheita e pós-colheita com maior segurança. Para baixar a planilha, basta clicar na imagem abaixo!

planilha de produtividade do algodão Aegro

7. Controle da cigarrinha-do-milho

Lista dos produtos para controle biológico e químico, com suas respectivas recomendações gerais. Clique na imagem para baixar a planilha gratuita!

planilha controle da cigarrinha do milho

Software para a agricultura

Para facilitar a sua gestão agrícola, você pode utilizar softwares. Normalmente, os dados que você colocou no software ficam armazenados na rede, e não apenas no seu computador.

Assim todas as informações da fazenda podem ser acessadas por você, de qualquer lugar e a qualquer hora, sem risco de perdê-las.

Algumas vantagens de utilizar software agrícola para a gestão da sua propriedade são:

  • Praticidade no registro de informações;
  • Assertividade no processo de obtenção de dados;
  • Redução de perdas de dados agrícolas;
  • Facilidade na administração de custos;
  • Visualização de gráficos e indicadores impossíveis de se obter em planilhas agrícolas;
  • Rapidez no acesso das informações armazenadas.

No entanto, é preciso que esse software seja compatível com as atividades rurais. Um exemplo é o software de gestão agrícola Aegro.

O Aegro é um software para fazenda que auxilia você a registrar dados operacionais e financeiros relacionados aos processos de administrar a sua fazenda.

Ele oferece ferramentas que te ajudam no planejamento de safras, registro de atividades da lavoura, rendimento de máquinas agrícolas, gestão de custos, controle de estoque, entre outros recursos.

Com o Aegro, muitos produtores estão obtendo o controle completo da fazenda, tomando consciência dos custos e fazendo escolhas mais seguras.

Casos reais de produtores que usam software agrícola

“Estamos mais técnicos nas decisões, usando os dados que temos na palma da mão. Resumindo: deixando o coração na gaveta e encarando o negócio sem piedade.” – Julio Cesar, cliente Aegro

Gráfico para controle de custo de produção agrícola no software Aegro

O Aegro oferece fácil visualização dos custos realizados durante a safra, por categoria de gastos.

Elivelton, por exemplo, verificou com o Aegro que o custo de manutenção de uma máquina antiga era muito alto. Isso garantia que a compra de uma máquina nova seria melhor para o negócio. Veja aqui como ele fez isso.

Vitor Fernando agora consegue negociar os preços como um produtor grande, assegurando organização e eficiência em sua pequena propriedade. Você pode conferir o relato completo aqui.

Já a família Heins está conseguindo fazer a sucessão familiar das fazendas de maneira muito mais fácil e consciente com o uso do Aegro (veja como aqui).

Você pode começar a usar o software hoje mesmo:

Software de gestão agrícola Aegro para computador, celular e tablet

Para saber mais sobre o Aegro, fale com um dos nossos consultores aqui.

Como você pode perceber, falamos bastante em planejamento, já que esse é fundamental no uso das planilhas agrícolas e software e, é claro, na gestão.

É importante que você saiba sobre a importância e como fazer o planejamento para que tudo corra bem na fazenda e no seu gerenciamento. Por isso, confira a seguir mais sobre esse assunto.

Importância do planejamento rural

Você já deve ter escutado esta frase: “O sucesso de um negócio começa com um bom planejamento”. Mas na fazenda isso também é válido? Com certeza!

Planejamento agrícola é o ato de planejar pensando no seu objetivo agrícola.

Ou seja, é você pensar em aumentar a produtividade e diminuir os seus custos na sua lavoura.

Muitas vezes, as propriedades são gerenciadas sem um breve planejamento, levando em consideração somente a experiência.

Claro que a experiência nas atividades rurais é essencial, mas precisamos também de um bom planejamento agrícola para que toda essa experiência possa ser utilizada de forma adequada.

Ter um planejamento e uma boa gestão agrícola nem sempre é tarefa fácil.

Você pode começar o planejamento pensando nas respostas de 9 perguntas básicas para guiar te orientar:

  1. O que irá cultivar? Você tem conhecimento sobre a cultura?
  2. Quais os custos de implantação da cultura?
  3. Como está o solo da sua propriedade (análise de solo)?
  4. Irá cultivar em terra arrendada ou própria? Qual o custo?
  5. Tem os implementos agrícolas necessários ou precisa alugar?
  6. Quantos funcionários precisam para o trabalho na lavoura?
  7. Localização da propriedade e meios de escoamento do produto cultivado?
  8. Qual o capital disponível para esta atividade?
  9. Você tem conhecimento de quais manejos são necessários para essa cultura, suas pragas, doenças e plantas daninhas? Qual o custo desses manejos?

Como fazer um planejamento rural com planilhas agrícolas ou software

Faça a análise da sua propriedade

Condições climáticas, análise de solo, limitação da propriedade para o cultivo, entre outros.

Realize uma análise no seu orçamento, ou seja, as finanças

Você precisa saber o quanto tem para aplicar na sua lavoura, além disso, também é necessário verificar se irá realizar algum tipo de empréstimo.

Por isso, é preciso planejar e ficar atento as suas contas, afinal, sua lavoura é seu negócio e você quer ter lucro com isso.

Planeje o que irá precisar na sua propriedade (insumos) e a venda da sua produção.

Para a compra de insumos sempre há uma época do ano que esses produtos apresentam um preço mais acessível, por isso, é importante se planejar para realizar a compra antecipadamente.

Você deve se planejar também para a venda dos produtos que foram produzidos na sua propriedade. Para isso, duas das planilhas agrícolas aqui disponibilizadas ajudam muito.

Fique de olho no mercado, tenha essa estimativa da produtividade e planeje o quanto irá vender logo após colheita e quanto irá estocar.

Anote ou registre todas as suas atividades

Colete os dados, isso é importante para entender como está o progresso da sua atividade. Além disso, você terá o histórico de safras, o que ajuda no planejamento.

Cronograma de operações agrícolas no software Aegro

Organize e acompanhe a evolução do calendário de atividades agrícolas pelo Aegro

Realize o planejamento agrícola

Com todas as informações que já foram levantadas, você consegue realizar o seu planejamento agrícola, seja em planilhas agrícolas ou software.

O planejamento deve ser passado a todos os envolvidos na produção da sua lavoura

Ou seja, deve ser comentado com os funcionários o planejamento de cada atividade da sua propriedade para que eles entendam como as atividades irão seguir e quais os objetivos.

Para atividades do dia a dia, você pode fazer cronogramas e compartilhar isso com sua equipe.

Assim, mesmo que ocorra algum contratempo, será mais fácil controlá-lo por ter todas as atividades organizadas.

E claro que no final de todo o trabalho, você terá o histórico da safra. Isso é importante para a tomada de decisão da próxima safra.

Monitore seu negócio

Ao longo de todas as atividades desenvolvidas na sua lavoura, monitore o seu planejamento. Registre o que deu certo e o que deu errado para se aperfeiçoar na próxima safra.

Além disso, não se esqueça de monitorar sua lavoura, verificando doenças, pragas e daninhas. Por exemplo, a cultura da soja precisa de um monitoramento constante para reduzir perdas com a ferrugem asiática.

Mantenha o acompanhamento dos seus custos, sabendo se o que foi orçado corresponde ao que está sendo gasto. Entenda o que ocorreu e como pode melhorar a gestão de custos para aumentar a sua rentabilidade.

10-planilhas-agrícolas

Comparação entre custo orçado e custo realizado no software Aegro

Conclusão

Vimos aqui como você pode identificar o que é melhor para sua fazenda: planilhas agrícolas ou software.

Aqui foi possível baixar 7 planilhas gratuitamente para começar a sua gestão, além de verificarmos o software agrícola.

Em ambos os casos, é necessário um planejamento e gestão adequada para tirar o melhor proveito dessas ferramentas e conseguir melhores resultados para seu negócio.

Analise sua propriedade, comece seu planejamento e escolha a melhor opção para você!

Você utiliza planilhas agrícolas ou softwares? Tem uma planejamento estruturado? Possui mais dicas sobre planilhas? Adoraria ver seu comentário abaixo!