7 passos para fazer o descarte de embalagens de agrotóxicos corretamente

Descarte de embalagens de agrotóxicos: entenda os perigos, as leis sobre destinação das embalagens e o passo a passo para realizar corretamente o descarte.

Utilizar defensivos agrícolas é uma prática comum nas lavouras, ajudando em diversos aspectos. Porém, o descarte das embalagens, se não for feito de modo correto, pode trazer sérios prejuízos.

Por isso, saber os procedimentos adequados que se deve adotar após o uso desses produtos é importante para evitar danos à saúde e ao seu bolso.

Venha conferir o que você deve fazer com as embalagens vazias e a importância de se fazer o descarte corretamente!

Descarte de embalagens de agrotóxicos: quais perigos de não fazer corretamente?

Ao utilizar o defensivo, você precisa fazer o descarte da embalagem vazia – e este processo deve ser feito de modo correto.

Além da decomposição das embalagens demorarem mais de 100 anos, os agrotóxicos são produtos químicos fortes que trazem risco ao meio ambiente e ao homem.

O descarte das embalagens, se feito de maneira inadequada, pode contaminar o solo e água, sendo prejudicial para as plantas aquáticas, peixes e animais terrestres.

Além disso, pode ocorrer intoxicação humana aguda ou crônica.

A intoxicação aguda ocorre alguns minutos ou algumas horas após a exposição excessiva ao produto, apresentando efeitos rápidos sobre a saúde. Essa intoxicação pode ser leve, moderada ou grave. Veja na figura abaixo o quadro clínico da intoxicação aguda.

tabela com classificação da intoxicação aguda e quadro clínico

(Fonte: Divast)

A intoxicação crônica decorre de repetidas exposições aos defensivos agrícolas, geralmente durante longos períodos.

Os quadros clínicos dessa intoxicação são indefinidos, pois normalmente a exposição foi com produtos de tipos diferentes.

A manifestação dessa intoxicação pode ocorrer em vários órgãos e sistemas, com destaque para os problemas imunológicos, hematológicos, hepáticos, neurológicos, malformações congênitas e tumores.

De quem é a responsabilidade na devolução das embalagens?

A lei que aborda o destino dos resíduos e embalagens é a Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989, com alterações realizadas pela Lei nº 9.974, de 6 de junho de 2000.

Pela Lei federal nº 9.974/00 a responsabilidade do descarte de embalagens de agrotóxicos é de todos que fazem parte da cadeia de produção e utilização.

Ou seja, das empresas de fabricação, dos lojas de venda, revenda, postos de recebimento  e também de você produtor. Formando assim o ciclo produção-venda-uso-retorno, caracterizando a logística reversa.

No Brasil, o programa de logística reversa é denominado Sistema Campo Limpo, gerenciado pelo Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV).

Esse programa tem objetivo de promover a destinação correta das embalagens vazias dos produtos agrícolas por meio da integração dos diferentes elos desse ciclo.

infográfico do sistema campo limpo - descarte de embalagens de agrotóxicos

Funcionamento do Sistema Campo Limpo
(Fonte: inpEV)

Na figura abaixo estão as responsabilidades de cada integrante do ciclo da logística reversa:

tabela com responsabilidades de cada integrante do ciclo da logística reversa - agricultores, canais de distribuição e cooperativas, indústria fabricante, poder público.

(Fonte: adaptado inpEV)

Pela legislação, as embalagens vazias precisam ser devolvidas em até um ano. Ignorar essa medida pode ocasionar pena de reclusão de dois a quatro anos, além de multa.

O valor da multa tem sido definido pela Justiça, podendo variar de R$ 500 a R$ 2 milhões.

Além disso, cada Estado tem suas penalidades.

Em alguns casos, como no Paraná, o descarte de embalagens de agrotóxicos de maneira inadequada como embalagens mal lavadas, geram multas ao produtor.

Passo a passo para descarte correto das embalagens de agrotóxicos

Sabendo das suas responsabilidades e dos perigos do descarte inadequado das embalagens de agrotóxicos vazias, veja os passos para fazer o descarte correto.

1º passo: fazer a limpeza por tipo de embalagem

Existem dois tipos de embalagens, as laváveis e não laváveis. Para cada tipo, a limpeza é realizada de maneira diferente. 

Laváveis

Consiste em embalagens rígidas que contém produto líquido para ser diluído em água. Podem ser plásticas ou metálicas. 

Para limpeza dessas embalagens pode ser feita a tríplice lavagem ou a lavagem sob pressão.

Veja nas figuras abaixo como realizar a limpeza desse tipo de embalagem.

limpeza em embalagens laváveis - tríplice lavagem
limpeza em embalagens laváveis - lavagem sob pressão

(Fonte: inpEV)

Não laváveis

São embalagens de produtos que não utilizam água como veículo de pulverização. Essas podem ser divididas em: flexíveis, rígidas não laváveis e secundárias.

Flexíveis: sacos ou saquinhos plásticos, de papel, metalizadas, mistas ou de outro material flexível.

Rígidas não laváveis: embalagens de produtos para tratamento de sementes, Ultra Baixo Volume – UBV e formulações oleosas.

Secundárias: embalagens rígidas ou flexíveis que acondicionam embalagens primárias, não entram em contato direto com as formulações de agrotóxicos, como: caixas de papelão, cartuchos de cartolina, fibrolatas e embalagens termomoldáveis.

Deve se utilizar todo conteúdo possível das embalagens não laváveis antes de armazenar.

2º passo: cortar ou perfurar as embalagens 

Após lavar as embalagens rígidas, elas têm de ser cortadas ou furadas para poder inutilizar o recipiente.

Atenção: as embalagens rígidas não laváveis não podem ser cortadas ou perfuradas.

foto mostrando modo correto de cortar o fundo das embalagens - Descarte de embalagens de agrotóxicos

Modo correto de cortar o fundo das embalagens
(Fonte: Assocampos)

3º passo: como armazenar

Os dois tipos de embalagens, após o uso e limpeza, devem ser colocadas nas embalagens secundárias ou em embalagens de resgate, que devem ser adquiridas com o revendedor.

Se a embalagem vazia possuir tampa, devem ser tampadas antes de armazenar.

ilustração mostrando Armazenamento adequado para descarte de embalagens de agrotóxicos

Armazenamento adequado para descarte de embalagens de agrotóxicos
(Fonte: Coperama)

4º passo: onde armazenar

O armazenamento das embalagens secundárias ou embalagens de resgate deve ser feito em local ventilado, fechado e de acesso restrito – ou no próprio depósito das embalagens cheias.

>> Leia mais: “Armazenagem de defensivos agrícolas: como fazer e o que é preciso saber

5º passo: destinação dos recipientes, onde levar

O descarte das embalagens de agrotóxicos limpas e prontas para devolução deve ser feito em postos de recebimento indicados pelo revendedor no corpo da nota fiscal.

Se não estiver descrito na nota fiscal, entre em contato com seu revendedor. O prazo para você levar as embalagens no posto de recebimento é de até um ano após a compra.

Em todos os passos, é importante estar sempre com uso de EPIs (Equipamento de Proteção Individual).

6º passo: agendamento

Para devolução nos postos de recebimento de embalagens vazias, é necessário entrar em contato com o local para agendar o dia de devolução.

Caso não tenha o número do local, seu revendedor deverá te fornecer.

O inpEV tem um Sistema de Agendamento, verifique se na região tem um local próximo para receber as embalagens. 

 7º passo: guardar o comprovante

Com a devolução das embalagens vazias nos postos ou centrais de recebimento, você receberá um comprovante de que destinou corretamente suas embalagens

Guarde esse comprovante junto à nota fiscal para ser apresentado quando a fiscalização for à propriedade evitando multas.

>> Leia mais: “Como fazer o controle de estoque de defensivos agrícolas em 5 passos

Planilha de custos com insumos Aegro

Qual papel da central de recebimento das embalagens vazias?

Após fazer sua parte no descarte das embalagens de agrotóxicos corretamente, é a vez dos postos de recebimento de embalagens.

Esses postos têm o papel de recolher as embalagens, verificar se estão limpas e separadas por tipo.

Em seguida, são encaminhadas para as centrais de recebimento de embalagens. Lá, são compactadas e há a emissão de uma ordem de coleta para o inpEV, que providencia o transporte para reciclagem ou incineração, completando o Sistema Campo Limpo da logística reversa.

Conclusão

Neste artigo você leu sobre a importância do descarte correto de embalagens de agrotóxicos. Os problemas que causam diretamente ou indiretamente ao homem.

Viu o passo a passo para se fazer o descarte das embalagens vazias, para cada tipo de embalagem.

Além disso, descobriu que muitos produtos podem ser feitos pela reciclagem das embalagens de agrotóxicos.  

Por isso, faça sua parte, faça a destinação adequada de suas embalagens, ajudando sua saúde, o meio ambiente e evitando multas.

>> Leia mais:

Tudo o que você precisa saber para fazer sua lista de defensivos agrícolas na pré-safra

“Passo a passo de como fazer a limpeza de pulverizador agrícola com segurança”

Você encontra dificuldades para descartar corretamente suas embalagens? Ficou alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!

Por que fertilizantes organominerais são uma alternativa interessante para sua lavoura

Fertilizante organomineral: entenda os benefícios e como eles podem aumentar a produtividade 

A produção agrícola brasileira é dependente da importação de corretivos e fertilizantes. E, quando as cotações mudam, você sabe que o impacto pode ser enorme nos custos de produção da sua lavoura.

Os fertilizantes organominerais são uma fonte alternativa interessante em relação aos convencionais, além de serem mais sustentáveis.

Mas, você sabe quais são as diferenças entre eles e quando pode ser realmente vantajosa sua utilização? 

Confira um pouco mais sobre a importância dos fertilizantes organominerais e as perspectivas para uso em sua lavoura! 

Uso sustentável de fertilizantes 

Dados da Anda (Agência Nacional para Difusão de Adubos) mostram que as importações de fertilizantes intermediários cresceram 15,1% entre os meses de janeiro a maio de 2020 em relação ao mesmo período de 2019, chegando a 10.656.063 milhões de toneladas.

O Brasil é um país altamente dependente da importação de fertilizantes para uso agrícola. Fontes alternativas como os fertilizantes organominerais podem trazer benefícios, principalmente por atuarem além da fertilidade do solo

Os organominerais podem contribuir com o aproveitamento de resíduos orgânicos de origem animal e vegetal, aumentar os teores de matéria orgânica do solo e como consequência a atividade da microbiota do solo

Aqui no Blog do Aegro nós já falamos sobre os fertilizantes orgânicos e seu uso na agricultura em larga escala. Confira!

Agora, vamos explicar as características dos fertilizantes organominerais e sua diferença com relação aos convencionais.

Quais as diferenças entre os fertilizantes organominerais e os convencionais? 

Os fertilizantes organominerais são combinações de fontes orgânicas, como por exemplo, o esterco animal de aves e suínos com outro fertilizante mineral. 

Em relação ao esterco animal, o fertilizante organomineral apresenta maior concentração de nutrientes por se tratar de um produto mais estável e uniforme. 

Esses fertilizantes geralmente possuem solubilização gradativa e podem ser disponibilizados ao longo do ciclo de uma cultura. 

A vantagem dos fertilizantes organominerais sobre os minerais é o fornecimento da matéria orgânica, além dos macro e micronutrientes

Exemplos de dois tipos de fertilizantes organominerais: 

  • “Esterco granulado misturado com fertilizante”, em que dois produtos distintos são visíveis – esterco peletizado e os grânulos de fertilizante;
  • “Fertilizante organomineral fundido”, em que  apenas um grânulo distinto é visível. 

Lembrando que diferentes fontes e concentrações de nutrientes podem ser adicionadas aos diferentes tipos de fertilizante organomineral, o que interfere na composição final do produto. 

foto de esterco granulado misturado com fertilizante e de fertilizante organomineral fundido

Esterco granulado misturado com fertilizante (à esquerda) e fertilizante organomineral fundido (à direita)
(Fonte: Organomineral Fertilizers and Their Application to Field Crops)

Composição dos fertilizantes organominerais

A Instrução Normativa  n.º 61, de 8 de julho de 2020, do Mapa (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento) estabelece as regras e outras especificações sobre fertilizantes orgânicos e dos biofertilizantes destinados à agricultura.

Os fertilizantes organominerais sólidos ou fluidos para aplicação via solo ou fertirrigação devem conter: 

  • carbono orgânico: mínimo de 8% (oito por cento) para produto sólido e 3% (três por cento) para o produto fluido;
  • umidade: máximo de 20% (vinte por cento) para produto sólido;
  • CTC: mínimo de 80 (oitenta) mmolc/kg para o produto sólido;
  • nitrogênio (N), fósforo (P2O5), potássio (K2O), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S) de no mínimo 1%, além de micronutrientes

Existe também uma classificação para estes fertilizantes, conforme a instrução normativa. Os fertilizantes organominerais devem ser classificados a partir das matérias-primas utilizadas na sua produção em:

  • Classe A: produto que utiliza matéria-prima gerada nas atividades extrativas, agropecuárias, industriais, agroindustriais e comerciais, isentas de despejos ou contaminantes sanitários; 
  • Classe B: produto que utiliza quaisquer quantidades de matérias-primas orgânicas geradas nas atividades urbanas, industriais e agroindustriais e apresenta o uso autorizado pelo Órgão Ambiental. 

A instrução normativa também indica algumas restrições quanto ao uso de fertilizante organomineral do tipo Classe A ou outros que possuam quantidade de resíduos de origem animal em áreas de pastagem.

Seu uso é permitido em pastagens e capineiras apenas quando incorporado ao solo. Em pastagens, o pastoreio só deverá ser permitido após 40 dias de incorporação do fertilizante no solo.

Vantagens do uso dos organominerais

  • incremento da matéria orgânica do solo
  • melhoria da agregação e estrutura do solo
  • aumento da atividade microbiana
  • elevação da CTC do solo
  • aumento da capacidade de retenção da água no solo
  • aumento da porosidade do solo 
  • redução da densidade do solo

Vale ressaltar que, por ser um produto rico em matéria orgânica, seu uso pode ser importante em solos arenosos. Isso porque a baixa capacidade de troca de cátions, característica desses solos, pode promover a lixiviação dos adubos convencionais utilizados. 

Desvantagens dos organominerais 

  • a disponibilidade de nutrientes é lenta 
  • podem ser necessárias altas doses de fertilizante aplicadas ao solo para suprir a demanda nutricional das recomendações
  • ciclagem de elementos como o fósforo ligado a fonte orgânica é lenta 
  • dependendo da fonte orgânica utilizada na produção, pode conter agentes contaminantes como metais pesados
bot diagnóstico de gestão agrícola Aegro

Perspectivas do uso de fertilizantes organominerais 

Algumas pesquisas realizadas mostram resultados positivos do uso desses fertilizantes. 

Na cana-de-açúcar foi comprovada a eficiência agronômica dessas fontes de forma mais pronunciada na cana planta. Após duas safras, o organomineral foi 7% mais lucrativo em relação ao fertilizante mineral. 

Além disso, observou-se uma maior disponibilidade de P residual usando fertilizante organomineral.

O uso de fertilizantes organominerais + inibidores da urease e nitrificação (OM+I)  aumentou o teor de Nitrogênio na camada de 0,05-0,10 m na sucessão trigo/milho e a produtividade total de grãos das duas culturas estudadas.

tabela da Embrapa - fertilizantes organominerais

(Fonte: Embrapa)

Mais pesquisas devem ser realizadas para um maior entendimento da dinâmica destes fertilizantes no solo e sua utilização em comparação aos fertilizantes convencionais.

Conclusão

Neste texto abordamos sobre os fertilizantes organominerais e como eles podem auxiliar no manejo mais sustentável da sua lavoura.

Você conheceu a regulamentação da composição dos organominerais e as perspectivas do seu uso.

É importante considerar o conhecimento sobre fertilidade do solo na tomada de decisão do manejo da adubação.

Espero que este texto tenha ajudado você a pensar um pouco sobre o uso de fontes de fertilizantes organominerais.

>> Leia mais:

Descubra qual o melhor adubo para sua lavoura

“Fertilização em excesso? Entenda os riscos da overfert e saiba como evitar que ela ocorra”

Você já utilizou fertilizantes organominerais em sua lavoura? Quais foram os resultados? Ajude outros produtores deixando sua experiência nos comentários!

O que são fungicida sistêmico e de contato e qual utilizar?

Fungicida sistêmico: confira quais as diferenças entre os principais grupos de fungicidas, sua ação e em qual situação cada um deve ser utilizado 

Você sabia que há mais de 2.000 anos já se usavam produtos naturais como fungicidas!? Pois é! Os fungos já dão dor de cabeça ao produtor há muito tempo!

Mas, nesse tempo todo, fungicidas foram evoluindo – e os problemas com fungos também. Desde o uso da calda bordalesa, lá em 1.885, até o surgimento dos primeiros fungicidas sistêmicos no pós-guerra, muita coisa mudou.

Existem fungicidas sistêmicos, de contato, protetores, curativos e por aí vai. Mas será que são todos a mesma coisa e podem ser aplicados para as mesmas doenças?

Separei algumas dicas sobre fungicidas sistêmicos e fungicidas de contato, sobre como eles agem e em que situação devem ser aplicados. Acompanhe!

Como são classificados os fungicidas?

Antes de entrarmos no assunto de fungicidas sistêmicos e de contato, é preciso entender melhor a classificação dos fungicidas para evitar confusão nos nomes e entender por que é melhor utilizar determinado fungicida.

A divisão entre fungicidas sistêmicos e fungicidas de contato é relativa à mobilidade deles na planta. Os sistêmicos são considerados móveis. Já os de contato, imóveis.

Mas os fungicidas também podem ser classificados pelo seu princípio de controle, alvo biológico e modo de ação. Como veremos a seguir, a mobilidade pode interferir nesses outros aspectos. 

Princípio de controle

Essa classificação diz respeito a como o fungicida atua na planta. Nesse sentido, eles podem ser:

  • Protetores: são fungicidas que impedem a penetração do fungo na planta;
  • Curativos: atuam após a penetração do fungo, ou seja, após a infecção ter ocorrido, mas com sintomas ainda não visíveis;
  • Erradicantes: quando já existem sintomas os fungicidas erradicantes seriam os mais indicados, eliminado o inóculo culo (na lesão, nas sementes ou no solo).
infográfico com princípios de controle de fungicidas e fases da infecção por fungos - fungicida sistêmico

Princípios de controle de fungicidas e fases da infecção por fungos
(Fonte: Menten & Banzato, 2016)

Espectro ou alvo biológico

Nesse caso, os fungicidas podem ser uni-sítio (sítio específico) ou multissítio. Em outras palavras, os fungicidas podem atuar em um único ponto ou em vários pontos da via metabólica dos fungos.

Modo de ação

O modo de ação dos fungicidas refere-se ao processo metabólico do fungo no qual o composto químico irá atuar, por exemplo, respiração celular, síntese de substâncias, inibição de enzimas, etc.

Nesse caso, o modo de ação dos fungicidas e os respectivos grupos químicos podem ser divididos como:

  • alteração em processos do núcleo celular (Benzimidazóis e Acilalanina)
  • alterações nas funções da membrana celular (Triazóis e Morfolinas)
  • inibição da respiração – complexos 3 e 2 (Estrobilurinas e Carboxamidas)
  • alterações nas funções da parede celular (Dimetomorfe)

O que são fungicidas sistêmicos?

Fungicidas sistêmicos são móveis na planta, ou seja, eles são absorvidos no local de aplicação, mas podem ser translocados pela planta. 

A absorção se dá pelas raízes ou através da cutícula da planta, quando aplicado via foliar. Sua translocação acontece pelos vasos condutores da planta,  preferencialmente via xilema, mas alguns se movem pelo floema. 

Fungicidas sistêmicos têm grande capacidade de penetração e translocação e podem ser  imunizantes, protetivos, curativos ou erradicantes. Ou seja, têm uma amplitude maior de usos em relação aos de contato.

Contudo, a eficácia depende da aplicação no início da infecção ou de forma preventiva. Aplicações tardias têm pouca efetividade.

Os principais fungicidas sistêmicos são os benzimidazóis, carboxamidas, triazois, imidazóis, morfolinas e algumas estrobilurinas. Porém, existem diferentes graus de mobilidade/sistemicidade dentro dos fungicidas sistêmicos, como ilustram as imagens abaixo para triazóis e estrobilurinas.

gráfico com mobilidade e sistemicidade de fungicidas do grupo químico dos triazóis

Mobilidade e sistemicidade de fungicidas do grupo químico dos triazóis 
(Fonte: Menten & Banzato, 2016)

tabela com mobilidade e sistemicidade de fungicidas do grupo químico das estrobilurinas

Mobilidade e sistemicidade de fungicidas do grupo químico das estrobilurinas  
(Fonte: Menten & Banzato, 2016)

Vantagens e desvantagens do uso de fungicidas sistêmicos

Os  fungicidas sistêmicos geralmente são usados em doses menores e em menor número de aplicações se comparados aos fungicidas de contato. 

Por serem móveis, apresentam baixa fitotoxicidade. Eles também têm alta especificidade, atuando sobre patógenos específicos, causando menos desequilíbrio no sistema e menor contaminação ambiental. 

Contudo, os sistêmicos são mais caros e podem causar aparecimento de resistência no patógeno se usados indiscriminadamente e fora das recomendações. 

Vale destacar que isso pode ser evitado seguindo as recomendações e alternando entre grupos químicos distintos e fungicidas de contato. 

O que são fungicidas de contato?

Os fungicidas de contato não penetram na planta, são apenas adsorvidos e permanecem no local de aplicação. Desse modo, a maioria (mas nem todos) desses compostos não tem ação sobre os tecidos que crescem após a aplicação.

Por essa razão, esses fungicidas podem ser lavados pela chuva, por exemplo, têm ação restrita à proteção e devem ser aplicados de forma preventiva, antes da germinação de esporos e penetração dos fungos. Após a infecção esses produtos não terão efeito. 

Os principais fungicidas de contato são os cúpricos, sulfurados, ditiocarbamatos (Mancozeb) e isoftalonitrila (Clorotalonil). Eles têm amplo espectro de ação, tendo atividade em multi-sítios. Dada a sua baixa especificidade, esses produtos podem causar toxicidade na planta, mas tem menor probabilidade de gerar resistência nos patógenos.

Qual fungicida utilizar?

Dependendo da cultura que se está trabalhando, os fungicidas disponíveis, bem como o manejo para aplicação, será distinto, seguindo as especificidades de cada cultura e suas doenças.

De qualquer maneira, todo manejo de fungicidas deve ser integrado e seguindo as recomendações para evitar problemas de ineficácia e resistência de patógenos.

Assim como no manejo de defensivos agrícolas, as doses recomendadas e a frequência de aplicação dos fungicidas devem ser respeitadas.

Além disso, é importante o uso de diferentes grupos químicos e mecanismos de ação diferentes, bem como mesclar no manejo os fungicidas sistêmicos e os de contato.

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Conclusão

Como pudemos conferir ao longo do texto, os fungicidas sistêmicos e de contato são assim classificados dada a sua mobilidade na planta, mas existem outras classificações também

Os fungicidas sistêmicos são absorvidos, translocam na planta e apresentam alta especificidade. Eles têm princípios de controle mais amplos, podendo ser aplicados logo após a infecção. Contudo, seu uso indiscriminado pode gerar resistência nos fungos. 

Por outro lado, os fungicidas de contato ficam na superfície em que foram aplicados. Por essa razão, têm apenas ação de proteção e devem ser aplicados de maneira preventiva para que tenham eficácia. 

O manejo correto deve usar os dois tipos de fungicidas, respeitando as doses e frequência de aplicação recomendadas conforme a cultura. Com isso, tem-se um controle mais efetivo e reduz-se a probabilidade de induzir resistência nos fungos.

>> Leia mais:

“Biofungicidas: quando vale a pena usá-los para o controle de doenças na lavoura?”

Restou alguma dúvida sobre fungicida sistêmico e de contato? Adoraria ler seu comentário!

Como ter um controle de estoque rural mais eficiente

Controle de estoque rural: otimize o armazenamento de produtos na fazenda com ajuda de um sistema inteligente

Ninguém quer correr o risco de atrasar uma aplicação porque a revenda está com o defensivo esgotado.  Pior ainda seria adiar a semeadura ou colheita porque falta uma peça do trator.

Para evitar esses problemas no decorrer da safra, toda empresa rural mantém produtos em estoque.  Mas um controle eficiente de itens estocados pode ter maior impacto sobre os seus resultados do que você imagina.

Neste artigo, mostramos a você por que vale a pena manter a organização do estoque em dia com um sistema inteligente. Confira a seguir!

Conheça benefícios do controle de estoque rural

Acompanhar a movimentação de mercadorias na sua fazenda usando uma agenda, ou até mesmo planilhas, pode ser bastante trabalhoso.

É preciso registrar a data de entrada ou saída do produto, sua quantidade, valor, fornecedor, etc. Com o tempo, as suas anotações tendem a ficar desatualizadas e não condizentes com a realidade. 

E sem saber a situação real do seu estoque, é fácil de errar a mão na compra. Comprar de menos e acabar sem o produto necessário, ou comprar demais e desperdiçar dinheiro.

Por isso que um controle de estoque rural eficiente perpassa pelo uso de uma ferramenta inteligente. A seguir, conheça os principais benefícios de realizar um controle sistematizado do seu estoque.

Minimize o capital imobilizado

Sim, é importante ter peças e produtos guardados para evitar que faltem num momento crítico. Porém, o estoque é capital imobilizado. Em outras palavras, é dinheiro parado que poderia ser investido de outras formas para aumentar os seus ganhos.

Saber exatamente qual é a quantidade mínima que você deve ter estocada de cada item maximiza o uso do capital, sem afetar a produtividade da lavoura. 

Esse é um conhecimento que só se obtém analisando com cuidado o histórico de itens usados nas últimas safras. Para isso, você precisa ter um controle cuidadoso do seu estoque.

Consulte o estoque com rapidez

Você sabe dizer quais produtos tem em estoque? E qual é a quantidade disponível de cada item? Se, para responder essa pergunta, você precisa ir ao local de armazenamento ou mesmo pegar o caderno e as notas fiscais e fazer somas e subtrações, está perdendo tempo.

Com um sistema automatizado de controle de estoque rural, você tem essas informações todas com poucos cliques e sem erros.

Acessar os dados de estoque rapidamente também permite que você tome decisões com agilidade quando está longe da fazenda, em uma visita à revendedora de insumos, por exemplo.

Compre mais barato

Em uma baixa repentina no dólar, comprar um produto importado pode ser um investimento muito interessante, mesmo que com bastante antecedência. Assim como promoções ou expectativa de aumento no custo de um produto podem fazer com que valha a pena estocar.

Um controle de estoque detalhado possibilita que você antecipe quanto e quando vai precisar de mais produto. 

Além de ajudar a manter a produtividade alta, sem riscos de atrasar atividades do manejo por falta de peça ou insumo, o controle te ajuda a minimizar os gastos, identificando boas oportunidades de compra.

Calcule custos sem dificuldade

Um proprietário faz três compras de ureia durante a safra: uma de 10 toneladas, custando R$ 1.050 a tonelada, outra de 15 toneladas, custando R$ 1.100 e outra de 25 toneladas, com um custo de R$ 1.250 a tonelada. 

No talhão 1 são usadas 22 toneladas e no talhão 2 são usadas 28 toneladas. Quanto foi o custo da ureia em cada talhão? 

A conta é uma regra de três relativamente simples, mas que, se ampliada para mais talhões e diversos insumos, aumenta muito a chance de erros nos cálculos feitos à mão. 

Um sistema de controle do estoque rural e de custos faz essa conta automaticamente, reduzindo a zero a chance de erro.

Monitore o estoque do fornecedor

Muitos produtores optam por comprar um produto com antecedência e deixá-lo armazenado no fornecedor até o momento do uso.

O grande problema está na retirada fracionada – por exemplo, quando se compra um produto para várias aplicações, em quantidades diferentes, ao longo da safra. 

Nossa memória é pouco confiável e papel e caneta nem sempre estão disponíveis para saber o quanto ainda temos nesse estoque.

Com apoio de um sistema informatizado, fica mais simples de saber o que foi comprado e o que foi retirado do fornecedor. Você garante que uma falha no controle do fornecedor, por má-fé ou desorganização da parte dele, não lhe prejudique.

Sistema inteligente para controle de estoque rural

Como você viu até aqui, um controle de estoque eficiente contribui para o uso mais consciente de insumos e peças. Afinal, o inventário auxilia no planejamento de compras para que não sobre e nem falte produto nas atividades de safra. 

Para desfrutar desses benefícios na sua fazenda, você pode contar com um software agrícola como o Aegro.

Foto de tela do Aegro, com aba de estoque aberto

O Aegro oferece um sistema de controle de estoque completamente integrado à gestão rural.  Ou seja, todas as informações da fazenda ficam centralizadas em um único lugar: estoque, financeiro, caderno de campo, máquinas, comercialização, entre outras. 

Portanto, você tem um rastreamento preciso dos itens estocados no decorrer de todo o ciclo produtivo. Veja como o software torna seu controle mais prático e eficiente!

Integração com o financeiro

Ao lançar uma nota fiscal de produto no seu financeiro, você pode adicionar imediatamente um insumo no estoque.  Desta forma, você evita qualquer retrabalho no cadastro das suas compras.

Outra vantagem da integração entre financeiro e estoque é o registro detalhado de valores retidos em estoque.

Descubra quanto capital você tem imobilizado e verifique até mesmo o preço que você pagou por determinada mercadoria na última compra, para ganhar margem de negociação com o fornecedor.

Tela do Aegro mostrando a aba de estoque, com notificações abertas

Baixa automática no estoque

Os insumos que você adiciona no estoque por meio do financeiro são retirados do inventário a partir das suas atividades de safra. Basta registrar a realização da atividade, sinalizando a quantidade de produto que foi utilizada. 

O Aegro desconta essa quantia do estoque automaticamente e assegura que o seu inventário permaneça atualizado. 

Como resultado, você obtém um controle minucioso de produtos aplicados em cada talhão. Este dado é extremamente útil na hora de analisar a produtividade das áreas em função dos insumos escolhidos.

Histórico de movimentações

Desde a compra até a retirada, você pode acompanhar pelo Aegro todas as movimentações de um item. Este recurso ajuda a monitorar a transferência de insumos do estoque do fornecedor para o seu, bem como transferências internas entre as suas próprias unidades de armazenamento.

Além disso, você pode conferir no sistema qual foi a quantidade de produto retirada do estoque, quem retirou e com que finalidade. É uma ótima forma de auditar, por exemplo, se a peça ou o combustível foram de fato destinados à máquina.

Acesso pelo celular

A listagem de itens em estoque pode ser consultada pelo aplicativo Aegro no seu celular, mesmo que não haja internet.

Assim, você consegue verificar a disponibilidade de um insumo enquanto está na lavoura, sem conexão, e planejar as próximas aplicações. Ainda pelo aplicativo móvel do Aegro, é possível conferir os valores estocados por categoria de produto.

Logo, fica mais fácil de entender o quanto cada tipo de insumo pesa no seu bolso.

Tela do celular com Aegro aberto, onde é possível ver o estoque da fazenda

Custo orçado e realizado

Conforme comentamos anteriormente, um controle de estoque eficiente propicia o planejamento das próximas safras.  Veja a quantidade de produto usada no ano anterior e monte o orçamento com todos os insumos que serão necessários para a produção.

Esta é uma forma de se programar financeiramente para evitar surpresas e compras de última hora. Conforme os gastos da safra se concretizam, você também pode acompanhar como está o custo realizado em relação ao custo orçado inicialmente.

Armazenamento da colheita

Além de fazer o seu controle de estoque com o Aegro, você pode usá-lo para gerenciar o armazenamento da colheita.

Primeiro, cadastre os locais de armazenamento da sua propriedade ou silos de terceiros. Depois registre o envio da produção para o local escolhido.

Também é possível registrar a venda da produção pelo sistema e emitir a Nota Fiscal Eletrônica do Produtor Rural. Estes recursos oferecem um monitoramento detalhado das movimentações das sacas para garantir que cheguem em segurança no seu destino.

Teste grátis do software Aegro

Quer tornar o seu controle de estoque rural mais eficiente com o Aegro? Comece a testar o sistema hoje mesmo na sua fazenda, de graça. É só criar uma conta para utilizar a versão completa do Aegro durante 7 dias, sem compromisso.

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Conclusão

Um sistema inteligente para controle de estoque rural não só facilita o dia a dia na fazenda como também lhe auxilia a tomar decisões mais lucrativas.

Com processos automáticos de entrada e saída de itens, você mantém o inventário atualizado sem dificuldades e sabe exatamente o que está armazenado na sua propriedade ou no seu fornecedor.

A compra e o uso de insumos passa a ser feita de forma planejada, evitando a sobra de produtos no estoque e até mesmo desvios de materiais.

Acima de tudo, este controle oferece uma visão estratégica sobre a demanda da sua produção agrícola. É possível prever gastos, negociar preços e investir o seu dinheiro onde é mais necessário. 

>>Leia mais:

“Estoque de insumos: como fazer uma gestão eficiente?”

“Saiba aproveitar ao máximo os programas de pontos do produtor rural”

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5 dicas de regulagem da semeadora para melhorar seu desempenho

Regulagem da semeadora de forma correta pode trazer benefícios à sua lavoura

O conjunto trator-semeadora pode ser comparado a um automóvel que, se estiver desregulado, comprometerá os custos e eficiência durante a operação.

Se uma semeadora de 10 linhas estiver com 1 linha entupida e falhar, as perdas na produtividade de soja poderão chegar a centenas de reais por hectare.

A regulagem correta da semeadora promove melhores resultados na produtividade das lavouras, além de economizar combustível e assegurar um plantio mais uniforme.

A seguir, separei 5 dicas para melhorar o desempenho da semeadora na lavoura. Confira!

Por que realizar a regulagem da semeadora?

A correta semeadura é um dos principais fatores que assegura boas produtividades nas lavouras. E isso vale para diversas culturas. 

A distribuição correta das sementes propicia uniformidade na emergência das plantas e estande ideal, fatores que são fundamentais para o sucesso das lavouras.

Dessa forma, é importante checar e regular todos os sistemas da semeadora. Dentre eles, os principais são:

  • discos corta-palha;
  • sistemas para abertura dos sulcos;
  • sistemas de deposição de sementes;
  • sistemas de deposição de adubo (quando presentes);
  • sistemas de fechamento do sulco (mecanismo compactador).

Como regular corretamente sua semeadora

As principais manutenções de máquinas necessárias antes e durante o plantio são:

  • velocidade de semeadura (normalmente entre 4 km/h a 6 km/h);
  • calibragem dos pneus;
  • limpeza e lubrificação das engrenagens do conjunto;
  • lubrificação das correntes;
  • checagem dos tubos condutores de sementes e adubos;
  • verificação de pinos e contrapinos;
  • lubrificação geral da máquina e graxeiras;
  • checagem das regulagens dos carrinhos;
  • análise da população de estande final desejada;
  • análise da germinação do lote de sementes utilizado;
  • cálculo do número de sementes/hectare;
  • regulagem do espaçamento entre linhas.

É fato que existe uma grande variedade de modelos de semeadoras presentes no mercado, sejam elas de sementes graúdas ou miúdas, e que para cada modelo existe uma regulagem ideal.

Mas alguns pontos são importantes de serem checados e se aplicam a uma boa parte das máquinas existentes no mercado.

As regulagens e limpezas são rotineiras e também devem ser realizadas nas semeadoras.

Limpezas de filtros e lavagem da máquina para evitar possíveis contaminações de daninhas e sementes de safras passadas também são simples de serem feitas e essenciais quando pensamos em boas práticas agrícolas.

Manutenções

Manutenções preventivas são sempre mais recomendadas que as corretivas, pois as janelas de plantio são curtas na maioria das regiões brasileiras e a máquina não pode parar durante a operação para troca de peças que já deveriam ter sido substituídas.

A quebra da semeadora durante o plantio pode causar atrasos operacionais e perdas em produtividade devido a semeaduras realizadas fora do período ótimo.

A manutenção de um estoque de peças de reposição pode ser ideal para fazendas que estão mais distantes das concessionárias e podem perder muito tempo esperando uma peça. 

Para isso, uma gestão correta da fazenda e dos maquinários te ajuda a levantar quais são as peças de reposição mais utilizadas.

A utilização de um software agrícola como o Aegro colabora para que você tenha em mãos esse controle. Você pode registrar a realização das manutenções pelo seu celular e ter um histórico detalhado das peças que foram trocadas na máquina.

Além disso, você pode programar alertas periódicos de manutenção para ser lembrado de revisar o maquinário.

Adequação do conjunto trator-semeadora-adubadora

A escolha do conjunto trator-semeadora corretos é fundamental para melhor rendimento operacional, economia de combustível, vida útil e redução de custos no campo.

Alguns pontos que você deve considerar na aquisição do conjunto trator-semeadora são:

  1. potência requerida do trator para operar a semeadora a ser utilizada;
  2. potência disponível do trator a ser utilizado na operação;
  3. analise se o conjunto está bem dimensionado.

A potência necessária para tracionar uma semeadora irá depender da quantidade de carrinhos que a semeadora possui, do espaçamento, hastes sulcadoras, peso da máquina carregada e profundidade de semeadura.

foto de uma semeadora em uma lavoura

(Fonte: John Deere)

O conjunto bem dimensionado pode ser visualizado quando a diferença entre a potência disponível no motor do trator e a exigida pela semeadora não for maior que 15%. Esses valores são utilizados como nível de segurança.

Regulagens dos sistemas da semeadora

Para início da regulagem da semeadora você deve escolher corretamente os discos e anéis que serão utilizados para a semeadura das sementes graúdas.

Alguns fabricantes fornecem anéis e discos com nomenclatura específica para cada tipo de sementes.

Após a escolha dos anéis, é recomendada a realização de um teste prático, onde será necessário inserir as sementes desejadas e avaliar seu comportamento de deposição.

Para checagem de possíveis falhas no plantio, faça o seguinte teste:

  1. Escolha o anel com friso para sementes redondas ou os anéis lisos para sementes chatas.
  2. Separe 2 sementes menores e veja se elas cabem no mesmo furo. Se sim, provavelmente esse anel acarretará plantas duplas na semeadura e deve ser trocado.
  3. Separe 2 sementes maiores e veja se elas passam com alguma folga pelos furos. Se não passarem, esse anel provocará falhas na semeadura e deve ser substituído.

Para saber mais sobre como fazer a escolha dos anéis e discos, leia este artigo do Blog do Aegro: “Como fazer a regulagem de plantadeira de soja e garantir a lavoura”.

Depois da escolha dos anéis da semeadora, a regulagem deve ser realizada nas engrenagens das máquinas que possuem esses sistemas de distribuição.

A combinação das engrenagens garante o número correto de sementes desejadas por metro linear.

As semeadoras possuem tabelas de regulagens que entregam os números de sementes por metro desejado de acordo com cada máquina e modelo.

A seleção deve ser realizada conforme a cultura a ser semeada e o estande desejado no plantio.

Uma primeira regulagem pode ser realizada com a semeadora ainda no galpão.

Vale ressaltar que pisos duros de concreto podem afetar a correta regulagem das máquinas. Por isso, a checagem e regulagem no campo é a mais correta.

6 pontos da semeadora que você deve checar em campo:

  1. quantidade de sementes que está sendo depositada por metro;
  2. distribuição e uniformidade de sementes no solo;
  3. profundidade de semeadura;
  4. profundidade e deposição do adubo;
  5. regulagens dos carrinhos e checagem da posição;
  6. regulagem e checagem dos discos de corte.

A semeadura e as regulagens podem ser alteradas dependendo do tipo de solo que será semeado. 

É importante realizar as aferições em campo e ir alterando as regulagens até mesmo durante o plantio se os parâmetros não estiverem dentro dos estabelecidos.

Regulagens dos sistemas de adubos

Assim como o sistema dosador de sementes, os sistemas dosadores de adubos, quando presentes, também podem possuir regulagens por meio de engrenagens ou sistemas pneumáticos.

A quantidade de adubo a ser depositada por hectare normalmente é expressa em quilogramas por hectare.

A deposição e profundidade do adubo precisam ser corretas para evitar efeitos de salinização e possíveis problemas iniciais de estande.

O adubo deve ser depositado ao lado e abaixo das sementes.

Cheque na tabela da semeadora as relações de engrenagens necessárias a dose a ser depositada de adubos.

Da mesma forma que nas sementes, os testes em campo devem ser avaliados para verificação da deposição da dose correta e nos locais desejados do adubo em campo. Se necessário, novas regulagens devem ser realizadas no sistema.

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Conclusão

A regulagem correta das semeadoras pode garantir melhor produtividade e maior ganho nas lavouras.

Máquinas bem dimensionadas e reguladas da maneira correta economizam combustível, possuem melhor rendimento operacional e asseguram um plantio mais uniforme.

Se você ainda não realiza manutenções e substituições de peças preventivamente em suas semeadoras, pode estar perdendo dinheiro no manejo de seu maquinário.

As avaliações e checagens dos parâmetros de semeadura são tão importantes quanto a condução correta das lavouras.

Se você iniciar o plantio da maneira errada, sua lavoura poderá estar comprometida desde o início.

>> Leia mais:

Cálculo de semeadura da soja: 5 passos para a população ideal de plantas no seu sistema

Você realiza a regulagem da semeadora e acompanha em campo o plantio das lavouras? Realiza alguma outra regulagem que não mencionei? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Como cobalto e molibdênio na soja podem elevar sua produtividade

Cobalto e molibdênio na soja: entenda as suas funções e como eles podem aumentar a produtividade da lavoura.

A soja é uma cultura de grande importância para o agronegócio brasileiro. A estimativa da  Conab para produção do grão na safra 2020/21 é de 133,7 milhões de toneladas, confirmando o país como terceiro maior produtor mundial da oleaginosa.

Para se alcançar elevadas produtividades, é necessário um manejo nutricional adequado. Nutrientes como o molibdênio e o elemento benéfico cobalto e participam de diversas reações importantes na cultura da soja

Entenda como o cobalto e molibdênio podem elevar a produtividade da sua lavoura!

Funções do cobalto e molibdênio na soja

Os micronutrientes são considerados essenciais para o crescimento das plantas e são requeridos em menores quantidades em comparação com os macronutrientes. 

O molibdênio (Mo) é considerado micronutriente e o cobalto (Co), um elemento benéfico. 

O Mo participa da fixação biológica do nitrogênio (FBN), pois está presente na enzima nitrogenase. 

Já o Co é um elemento benéfico para o crescimento de microrganismos, como as bactérias simbióticas do gênero Rhizobium. Também é componente da cobalamina (vitamina B12), precursora da leghemoglobina, que está relacionada à atividade dos nódulos na cultura da soja

A deficiência do Co pode interferir no atraso ou redução do processo de nodulação da soja. 

A deficiência do Mo pode interferir no metabolismo do Nitrogênio (N) e na FBN. Os sintomas de deficiência na soja geralmente são similares aos do N, como é o caso da clorose. 

Disponibilidade dos micronutrientes no solo 

A prática da calagem de forma adequada pode auxiliar na correção da deficiência e disponibilidade dos micronutrientes no solo.

A calagem é o primeiro passo para a construção da fertilidade do solo e para o aumento da eficiência no uso dos fertilizantes

Para a manutenção e o aumento da produtividade da soja é necessário o uso de fertilizantes. Estima-se que estes representem cerca de 25% dos custos totais da lavoura de soja. 

gráfico de representatividade nos custos da lavoura em porcentagem: fertilizantes representam cerca de 75%

(Fonte: Aprosoja)

Dessa forma, a busca por eficiência no uso de recursos é cada vez mais importante para aumento da produtividade e redução dos custos. 

A disponibilidade dos micronutrientes é reduzida com o aumento do pH do solo. Com o molibdênio ocorre uma exceção, pois a biodisponibilidade do Mo aumenta com o aumento do pH do solo, além deste nutriente ser absorvido pelas plantas na forma de molibdato (MoO42-).

A acidez do solo, comum em solos tropicais altamente intemperizados, promove a deficiência do Mo

O cobalto é absorvido pelas plantas na forma de Co2+ e o aumento excessivo do pH do solo pode ocasionar deficiência, já que para este elemento benéfico ocorre um comportamento inverso na sua disponibilidade em comparação ao Mo

gráfico sobre disponibilidade dos nutrientes de acordo com o pH do solo

Disponibilidade dos nutrientes de acordo com o pH do solo
(Fonte: Ipni)

A calagem pode corrigir a deficiência do Mo se os teores deste nutriente no solo forem adequados. 

A deficiência do Mo ocorre com mais frequência em solos arenosos, pois o molibdato é um ânion que apresenta alta mobilidade no solo, sendo facilmente lixiviado. 

Fases de desenvolvimento da soja

A cultura da soja apresenta diferentes estádios fenológicos (vegetativos e reprodutivos). 

O processo de nodulação da soja varia conforme o crescimento e desenvolvimento em função das fases fenológicas

estádios fenológicos da soja - Cobalto e molibdênio na soja

(Fonte: Compass minerals)

Estudos mostram que os primeiros nódulos radiculares na soja começam a partir das infecções da raiz principal e suas ramificações primárias (estádios V1 e V2), sendo dependente de fatores como cultivar, estirpe de bactéria, ambiente e manejo. 

Nos estádios V4 e V5, a nodulação aumenta em intensidade e o incremento na nodulação atinge um pico durante a fase de florescimento em (R1 e R2)

Com o aumento da frutificação, a atividade fotossintética é aumentada e um novo pico é atingido em R5.1 e R5.2

Outro pico de nodulação e fixação biológica de nitrogênio (FBN) também pode ser constatado entre os estádios R5.1 e R5.3

imagem de raíz de soja com fixação biológica de nitrogênio.

(Fonte: Embrapa Soja)

Como aplicar os micronutrientes? 

Pesquisas de longo prazo realizadas com soja no Brasil recomendam uma dosagem de 12 a 25 g ha-1 de Mo e 2 a 3 g ha-1 de Co aplicados na mistura com o inoculante  (Bradyrhizobium) nas sementes de soja na semeadura ou via foliar na mesma dosagem, em até 15 dias após a semeadura. 

Entre as fontes destes elementos podemos citar para o Mo (molibdato de sódio e molibdato de amônio) e para o Co (sulfato de cobalto).  

Vale destacar novamente que, caso existam teores suficientes de Mo no solo, a correção do pH com a calagem também promoverá a disponibilidade deste nutriente para a soja.  

A recomendação é que o processo de inoculação deve ser realizado considerando cuidados como: 

  • plantio das sementes logo após a inoculação
  • quantidade e qualidade do inoculante 
  • boas condições de umidade do solo

A aplicação de Mo via foliar, antes do início da floração e na mesma concentração recomendada para as sementes é uma alternativa para o manejo nutricional da soja. 

Para o Co, a aplicação via foliar pode apresentar menor eficiência em comparação ao Mo, devido à baixa translocação na planta

Uma pesquisa mostrou que a aplicação de Mo e Co via sementes e/ou adubação foliar no estádio V4 promoveu incrementos significativos no rendimento da cultura da soja

Conclusão

Nesse texto você conferiu alguns aspectos sobre o micronutriente molibdênio e o elemento benéfico cobalto.

Você viu como eles podem interferir na fixação biológica de nitrogênio e processos de nodulação

É importante conhecer as fases fenológicas da cultura da soja para tomada de decisão sobre práticas adequadas de fertilização.

Espero que este texto tenha ajudado você a pensar um pouco sobre a importância do cobalto e molibdênio na cultura da soja!

Qual é sua maior dificuldade no cultivo da soja para altas produtividades? Restou alguma dúvida sobre o cobalto e o molibdênio na soja? Adoraria ler seu comentário!

Como calcular o custo operacional de máquinas agrícolas

Custo operacional de máquinas agrícolas: como avaliar a eficiência econômica dentro de sua propriedade e obter redução de custos na lavoura.

As máquinas, equipamentos e implementos agrícolas podem representar até 40% dos custos de produção da sua lavoura.

Mas para saber como reduzir esses gastos e aumentar a rentabilidade da fazenda é preciso ter em mãos dados precisos do custo de cada uma dessas ferramentas operacionais.

Assim, é possível tomar decisões acertadas sobre terceirizar uma operação ou mesmo decidir quando é hora de investir em um novo trator, por exemplo.

A seguir, apresentamos o passo a passo de como fazer os cálculos para saber o custo operacional das máquinas agrícolas na sua propriedade e também uma ferramenta gratuita para automatizar essa conta – e que você pode usar sempre que precisar! Confira a seguir.

Custo operacional de máquinas agrícolas: por que você deve controlar

Gerenciar bem o maquinário agrícola pode ser a diferença entre o lucro e o prejuízo ao final da safra. Em um cenário de aumento nos custos produtivos e instabilidade nos preços de venda, se torna ainda mais necessário controlar de forma precisa o custo operacional das máquinas agrícolas.

O sistema mecanizado agrícola – conjunto de equipamentos, máquinas e implementos que realizam os processos de implantação, condução e retirada das culturas comerciais – pode representar de 20% a 40% dos custos de produção, dependendo da cultura. Por isso, seu gerenciamento adequado pode ser considerado um ponto estratégico para obter redução dos custos produtivos

Além do valor elevado para aquisição dos bens, as máquinas têm custos fixos (aqueles que independem da utilização) que oneram muito, principalmente pela grande sazonalidade de utilização. 

Desta forma, muitas vezes a terceirização das máquinas ou contratação de uma empresa para realizar as operações mecanizadas em sua lavoura se torna uma opção mais vantajosa. 

Na mensuração dos custos de um conjunto mecanizado (como um trator aliado a um implemento), contabiliza-se o tempo utilizado em horas. Assim, temos o custo horário, o qual é calculado para cada parte do conjunto. 

Na terceirização de máquinas, bem mais do que em utilizações em fazendas, é fundamental ter um controle detalhado do custo horário que os conjuntos mecanizados geram. Isso porque é esse valor, aliado à eficiência da operação, que indicará se o negócio está produzindo lucro ou prejuízo. 

Mas como saber quanto gasta seu trator? Vamos explicar o passo a passo a seguir.

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Como calcular o custo por hora de uma operação agrícola

O cálculo do custo de uma operação agrícola pode ser determinado a partir da quantificação de dois principais componentes: os custos fixos e variáveis

O modelo como são calculadas as variáveis dentro de cada componente muda conforme a realidade de cada propriedade. É preciso considerar, por exemplo:

  • a preexistência de um controle de dados das máquinas e implementos ao longo do ano;
  • gasto de combustível de cada trator nas diferentes operações;
  • registro das informações de manutenção;
  • quantidade de horas para as trocas de filtros e óleos.

Como você pode perceber, tudo isso acaba tornando a estimativa do custo operacional de cada atividade mais preciso. 

Veja a seguir quais variáveis podem ser utilizadas para obter os valores dos custos fixos (CF) e variáveis (CV) de cada operação e que somados possibilitam estimar o custo operacional total (CT):

CT = CF + CV

Vamos entender melhor o que é cada uma dessas variáveis e como definir seus custos em cada categoria a seguir.

Custos fixos

Os custos fixos são aqueles que devem ser debitados, independentemente da máquina ser usada ou não

É necessário ponderar que, a partir do momento em que foi adquirida, a máquina passa a onerar seu proprietário, mesmo que seja mantida inativa no galpão de máquinas. 

A forma de remover o ônus é utilizar o bem o maior número de horas por ano, reduzindo ao máximo o tempo ocioso. 

Entre os custos fixos são incluídos:

  • depreciação (D)
  • juros (J)
  • alojamento e seguros (AS)
  • mão de obra (MO)

CF = D + J + A + S + MO

Depreciação (D) 

A parcela de depreciação, que é incluída nos gastos fixos, representa a constituição de um fundo de reserva para a aquisição de uma máquina nova, do mesmo tipo, potência, peso, etc. 

A depreciação se refere à desvalorização da máquina em função do tempo, seja ela utilizada ou não. 

Ou seja, se uma máquina for pouco utilizada durante o ano, sua depreciação ocorrerá principalmente devido à obsolescência. Se for intensamente utilizada, a depreciação se dará devido ao desgaste. A diferença é que, no segundo caso, a máquina proporcionou um retorno por meio do serviço prestado. 

A depreciação de uma máquina não é conhecida com precisão enquanto ela não for vendida, pois apenas nesta ocasião se terá certeza do seu valor real. 

Por esse motivo, a depreciação é estimada por meio de diversos métodos: método da linha reta, do saldo decrescente, da soma dos dígitos e depreciação dedutível. 

O método da linha reta é o mais simples de ser usado, resultando numa depreciação anual constante da máquina, durante a vida útil, calculado da seguinte forma: 

D = (Vi – Vs)/ Vu x Hua

Onde: 

D (R$/h)  = depreciação 

Vi (R$) = valor de aquisição da máquina (valor de compra do produto novo ou usado)

Vs (R$) = valor de sucata ou de revenda (pode variar de 10% a  60% do valor de aquisição, dependendo da máquina) 

Vu (anos) = vida útil em anos (número de anos de uso).

Hua (horas/ano) = número de horas de uso por ano.

A vida útil ou econômica varia muito em função do tipo de máquina utilizado e da sua manutenção. 

Na falta de estatísticas bem detalhadas para a estimativa da vida útil das máquinas agrícolas, podem-se utilizar valores tabelados como indicação aproximada. Veja:

tabela com vida útil das máquinas e implementos agrícolas

 Vida útil das máquinas e implementos agrícolas 
(Fonte: Pacheco, 2000)

Juros (J)

As metodologias para cálculo do custo horário de operações agrícolas consideravam que o capital utilizado na aquisição das máquinas deveria ser computado como retendo juros à base do que é obtido quando este capital estivesse aplicado no comércio.

Porém, na época em que esses trabalhos foram elaborados, os investimentos de baixo risco, como a poupança, apresentavam rentabilidade de 6,16% ao ano.

Isso significa que a máquina deveria apresentar eficiência operacional e retorno econômico suficientes para justificar manter aquele capital imobilizado em maquinário. 

Atualmente, essa metodologia não se aplica, pois a poupança rende 70% da taxa básica de juros (Selic), que está em 2% (outubro/2020).

Isso significa que deixar o dinheiro “parado” nessa modalidade de investimento, com rentabilidade muito baixa, não compensa. 

A consideração de juros ao custo horário de máquinas é relevante quando assumimos que muitas máquinas e implementos agrícolas são adquiridos através de financiamentos. 

Dessa forma, torna-se importante dissolver os juros anuais sobre esse capital pela fórmula a seguir:

J = (Vi x Tj) / Hua

Onde:

J (R$/h)  = juros 

Vi (R$) = valor de aquisição da máquina

Tj (%) = taxa de juros anual atribuída ao financiamento da máquina (ex: 8,5%, 4% a.a.)

Hua (horas/ano) = tempo de uso por ano 

Abrigo (A) e Seguro (S)

Se a máquina for mantida sob abrigo quando estiver fora de uso, certamente sua vida útil será maior pela proteção e facilidade de se fazer reparos em quaisquer condições climáticas.

No Brasil, não é muito comum fazer o seguro de máquinas agrícolas. Esse fato pode levar à falsa impressão de que não é necessário calcular o custo desse seguro. 

Não podemos esquecer, porém, que o custo do seguro não é repassado a uma seguradora, é bancado pelo proprietário da máquina, pois o risco de acidentes e perdas sempre existe.

Assim, seguindo a mesma metodologia para atribuir a participação de juros ao cálculo do custo horário, é aconselhável utilizar uma porcentagem do custo inicial para os cálculos de abrigo e seguro, feito ou não em uma companhia seguradora, conforme as fórmulas a seguir:

A = (Vi x Ta) / Hua

Onde:

A (R$/h)  = Abrigo

Vi (R$) = valor de aquisição da máquina

Ta (%) = Taxa de abrigo (geralmente estipulada entre 1 e 2%, é definida conforme o tipo de abrigo, qualidade e durabilidade das construções, etc.)

Para calcular o seguro é necessário apenas substituir a taxa de abrigo (Ta) pela taxa de seguro (Ts):

S = (Vi x Ts) / Hua

Onde:

S (R$/h) = Seguro

Ts (%) = Taxa de seguro (depende da região e da máquina, varia de 0,5% a 2%) 

Mão de obra (MO)

Os salários, benefícios e encargos sociais referentes à mão de obra do operador da máquina devem ser computados no cálculo do custo operacional das máquinas. Para isso, deve-se considerar, no mínimo, a média que prevalece na região. 

Também podem ser calculados conforme as fórmulas a seguir:

Salário mensal = 1,5 x salário mínimo + 20% de encargos sociais
MO (R$/h) = (salário mensal x 13) / horas de trabalho por ano

Sugestão:
A quantidade de horas de trabalho por ano pode ser obtida através do seguinte cálculo: 47 semanas no ano x 5 dias por semana x 8 horas de trabalho por dia = 1.880 horas de trabalho por ano.

Custos variáveis (CV) 

Os custos variáveis são aqueles que dependem da quantidade de uso que se faz da máquina e são constituídos por: combustíveis (C), lubrificantes (L), reparos e manutenção (RM).

CV = C + L + RM

Combustíveis (C) 

Os combustíveis são usados principalmente para o acionamento dos motores de tratores, pulverizadores e distribuidores autopropelidos e colheitadeiras

É difícil avaliar com precisão o consumo de combustível dos tratores, devido às condições variáveis a que são submetidos durante os trabalhos de campo. Ou seja: profundidade de operação, estrutura e umidade do terreno, declividade do terreno, condições de manutenção e regulagem de implementos, por exemplo. 

Essas variáveis influenciarão o consumo mesmo que outras característica como regulagem da bomba injetora e motor, condições de lastragem, estado dos pneus e nível de combustível estejam compatíveis entre as máquinas submetidas ao comparativo. 

Portanto, o custo por hora gasto com combustível pode ser calculado por meio da fórmula a seguir: 

C = cons. horário x custo/litro

Onde: 

C (R$/h) = Combustível
Consumo horário (mL/CV.h-1) = quantidade de combustível consumida, varia de 90 a 120 mL/CV.h-1, dependendo do esforço exigido do motor. Motores de colhedoras, normalmente, consomem entre 120 a 140 mL/CV.h-1

Custo/litro (R$/L) = Custo do diesel

Lubrificantes (L)

Após calcular o consumo e o custo de combustíveis nas máquinas agrícolas, é necessário calcular o custo dos lubrificantes. 

Esse controle é fundamental para o gerenciamento das máquinas agrícolas e seu uso correto deve ser respeitado para maximização da vida útil dos componentes da máquina

Com o aumento da tecnologia no campo, tratores e colhedoras passaram a utilizar uma ampla gama de lubrificantes (motor, transmissão, hidráulico). 

Estudos nos Estados Unidos demonstram que os custos com lubrificantes são aproximadamente 15% do custo dos combustíveis. 

Então, uma vez calculado o custo dos combustíveis, pode-se calcular o custo dos lubrificantes como sendo 15% desse valor. Assumindo que o custo de combustível calculado seja de R$ 45/hora, por exemplo, então o custo com lubrificantes será igual a R$ 6,75/hora.

Reparos e manutenção (RM) 

Dentre as despesas de manutenção que devem ser computadas para o cálculo do custo operacional de máquinas agrícolas, estão aquelas realizadas para a manutenção preventiva e corretiva. 

Na manutenção preventiva, devem-se computar os gastos com componentes trocados a intervalos regulares. É o caso dos filtros de ar, filtros de óleos, lubrificantes, filtros de combustível, correias de polias, etc.

A manutenção corretiva é bem mais difícil de ser estimada, pois depende de fatores de difícil controle, como a habilidade do operador, condições do terreno, etc. 

Esses custos devem ser considerados até mesmo antes da aquisição das máquinas necessárias.

A tabela que separamos abaixo contém valores em porcentagem para a estimativa do custo inicial com reparos e manutenção durante a vida útil de tratores e outras máquinas agrícolas. 

tabela com parâmetros para cálculo de custos com reparos e manutenção de máquinas agrícolas

Parâmetros para cálculo de custos com reparos e manutenção de máquinas agrícolas
(Fonte: retirado de Pacheco, 2000)

Conclusão

Os sistemas mecanizados representam grande parte do custo de produção das culturas agrícolas.

Além disso, a intensificação do uso da mecanização na agricultura exige novos investimentos que imobilizam grande capital em máquinas com maior potência e tecnologia incorporada

Do ponto de vista da propriedade rural, à medida que o número, tamanho e complexidade das máquinas aumenta, maior se torna o impacto do gerenciamento desse sistema sobre a rentabilidade do negócio.

Portanto, é fundamental ter uma análise crítica dos custos envolvidos. Assim, o cálculo do custo operacional dos sistemas mecanizados é uma importante alternativa, não só para tomadas de decisão no momento da seleção dessas máquinas, mas também para comparação com os preços de hora/máquina praticados na sua região. 

Tudo isso te dará subsídios no momento da decisão de comprar ou alugar algum equipamento para realizar uma determinada operação.

Esperamos que você aproveite essas informações e a calculadora gratuita para tornar mais lucrativa a sua empresa rural!

Referências:

PACHECO, E. P.. Seleção e custo operacional de máquinas agrícolas. Rio Branco: Embrapa Acre, 2000. 21p. (Embrapa Acre. Documentos, 58).

Como está o custo operacional de máquinas agrícolas em sua propriedade? Restou alguma dúvida sobre o tema? Deixe seu comentário!

Artigo elaborado por nossos profissionais:

joao.franceschette

João Franceschette
Engenheiro-agrônomo em formação e parte do time de Relacionamento com o Cliente da Aegro.

jerônimo lopes

Jerônimo Branco Lopes
Engenheiro-agrônomo em formação e parte do time de Relacionamento com o Cliente da Aegro.

Telemetria na agricultura: como ela melhora a gestão das máquinas na sua fazenda

Telemetria na agricultura: entenda o que é como aproveitar essa tecnologia para reduzir custos na sua propriedade.

A tecnologia tem deixado as fazendas cada vez mais inteligentes. Hoje é possível acompanhar as operações do maquinário sem precisar estar 100% no campo.

Com o auxílio de sensores acoplados nas máquinas, é possível ter redução de custos operacionais e otimizar as atividades da fazenda analisando os dados de telemetria.

Quer entender melhor como a telemetria ajuda na gestão da frota e de que forma ela pode ser aproveitada na sua propriedade? Acompanhe a seguir!

O que é telemetria?

A telemetria é uma tecnologia que permite a coleta e o compartilhamento de informações sobre equipamentos, veículos e máquinas de forma remota. O termo tem origem na palavra grega tele, que significa remoto, e metron que significa medida.

Explicando melhor: a telemetria é um sistema de monitoramento de dados e transferência por meio de sinais de rádio para uma central, que não necessariamente precisa estar dentro da propriedade. 

Em muitos casos, temos a utilização de um datalog para gravação dos dados coletados e posterior envio à central de controle, que geralmente armazena as informações na nuvem.

Na Agricultura de Precisão (AP), por meio dessa tecnologia, é possível coletar os dados utilizando sensores acoplados nas máquinas e também georreferenciar de acordo com o interesse de cada propriedade agrícola. 

Muito conhecida das corridas de Fórmula 1, a telemetria foi adaptada para o agronegócio e está cada dia mais presente nas fazendas.

Como utilizar a telemetria na agricultura

A telemetria pode ser amplamente aplicada no agronegócio, desde atividades relacionadas à coleta de dados de condições de solo e condições climáticas por meio de estações meteorológicas a dados provenientes de sensores embarcados nas máquinas. 

Os sensores nas máquinas podem ser de vários tipos: óticos, elétricos, capacitivos, acústicos, entre outros, e podem fornecer dados como:

  • pressão do óleo do motor;
  • pressão do corte de base;
  • rotações por minuto do equipamento;
  • consumo de combustível;
  • temperatura do motor;
  • horímetro;
  • posicionamento do maquinário;
  • velocidade instantânea;
  • horas do equipamento ligado;
  • motor ocioso;
  • locais de parada;
  • eficiência durante a operação;
  • área trabalhada;
  • horas produtivas;
  • e muito mais!
ilustração de como funciona um sistema de telemetria na fazenda: Por meio de um modem com software específico de telemetria instalado nas máquinas, o agricultor pode acompanhar e fazer correções em tempo real nas atividades do campo.

(Fonte: Globo Rural)

Como reduzir os custos com essa tecnologia

A telemetria ajuda na coleta de dados para análises posteriores. Inúmeras plataformas de telemetria já fornecem relatórios personalizados de acordo com os objetivos de cada cliente.

Os relatórios ajudam a identificar otimizações dentro das atividades agrícolas e reduções de custo.

Com metas e objetivos, a análise dos dados propicia que as otimizações sejam conseguidas em curto e médio prazos.

Como as máquinas e equipamentos são monitorados a todo momento, é possível tomar decisões e atuar em tempo real, ainda com as operações sendo realizadas em campo.

As análises e relatórios podem indicar que a máquina está operando fora dos padrões pré-estabelecidos, por exemplo. Tal informação auxilia na redução de custo durante a operação e possíveis reduções de custos como manutenção dos equipamentos.

Semeadura, aração, gradagem, colheita e outras operações realizadas fora dos padrões pré-estabelecidos podem acarretar falhas no plantio, consumo excessivo de combustível e maiores perdas durante a colheita.

A telemetria permite que estas informações sejam checadas e corrigidas sempre que possível.

Como otimizar a gestão de frotas com a telemetria

São muitos os benefícios da aplicação da telemetria nas fazendas agrícolas:

  • consumo de combustível;
  • temperatura e rotação do motor;
  • trajeto realizado pelo equipamento;
  • parada da máquina por quebra de peças;
  • parada do equipamento por falta de insumos;
  • tempos gastos para reabastecimento, entre outros.

Esses indicadores são muito úteis para reduções de custos e otimizações.

Caso seja analisado um consumo de combustível fora dos padrões já observados no histórico da fazenda, o equipamento pode ser destinado a manutenções ou substituições de peças.

Operadores que utilizam rotações mais altas do que as necessárias podem provocar maior consumo de combustível e o sistema de telemetria pode emitir alertas sonoros ou visuais para auxiliar na correta condução do equipamento.

Com relatórios das máquinas provenientes da telemetria sendo analisados, é possível saber quais são os equipamentos com melhor consumo de combustível e menos paradas por quebra de peças. Isso beneficia o rendimento operacional. 

Por meio da telemetria, é possível otimizar a frota da propriedade, assim como fez a Usina São Manoel.

A instalação de computadores de bordo em toda a frota utilizada nas operações agrícolas aumentou a moagem em 30% nos últimos cinco anos da usina. Isso sem a necessidade de ampliação da frota.

Sistemas de telemetria modernos conseguem auxiliar na gestão de centenas de equipamentos ao mesmo tempo, centralizando todas as informações em um único local. Assim, o gestor pode analisar os relatórios para tomar a melhor decisão.

A centralização desses dados em uma única plataforma propicia que, mesmo com equipes pequenas, a gestão possa ser feita de maneira eficiente.

As anotações em papéis ou planilhas impressas são substituídas pelas coletas e transmissões automáticas das informações, quando se utiliza telemetria, assegurando dados mais confiáveis.

Desafios para começar a usar a telemetria

Para implementar sistemas de telemetria na fazenda e equipamentos, alguns desafios devem ser considerados.

O primeiro é a escolha da melhor plataforma de telemetria presente no mercado, seleção da compra e implantação dos sensores de coleta e transmissão de dados nos equipamentos.

O segundo desafio são as máquinas mais antigas, que não possuem sistemas Isobus/CAN para coleta dos dados. Assim, é um pouco mais complicado para realizar a telemetria.

As máquinas (tratores e colhedoras) mais novas possuem um protocolo de comunicação de dados conhecida como Isobus/CAN, descrito pela norma ISO 11783, sendo mais simples a coleta e transmissão dos dados desses equipamentos para central.

O terceiro desafio está relacionado às falhas de conectividade no campo. Com isso, algumas máquinas poderão ficar de 24h a 48 horas ou mais, sem enviar dados à central. Assim, a correção da operação em tempo real é ineficiente.

Além desses desafios, é importante que as fazendas tenham pessoas e gestores capacitados a interpretar e analisar os dados gerados na central, com intuito de traçar novos planos e metas para otimizar as atividades agrícolas.

Como implementar a telemetria na fazenda

Existem diversas maneiras de se implantar a telemetria nas máquinas da fazenda.

Os métodos mais simples envolvem a aquisição de iPads, chips com sinal gprs e sensores acoplados diretamente na rede CAN das máquinas que coletam e enviam os dados a central.

Outra maneira é por meio da aquisição de plataformas e adaptações realizadas nas máquinas com hardwares e softwares como a JD Link, Solinftec, Climate Fieldview, Otmis Maps, entre outros.

imagem de um notebook aberto mostrando o sistema de telemetria na agricultura JDLink, da John Deere.

(Fonte: John Deere)

Os hardwares e softwares precisam ser instalados nas máquinas e possuir integração com a plataforma que irá receber os dados e gerar os relatórios. 

As plataformas arquivam os dados históricos dos equipamentos para que possam ser utilizados para futuros planejamentos e análises.

E, além das análises de relatórios gerados, as máquinas podem ser acompanhadas em tempo real, sempre que estiverem conectadas com sinal de rádio para transmitir os dados. Assim, é possível fazer correções no momento em que as operações estão sendo executadas.

Conclusão

A telemetria já vem sendo muito utilizada em diversos setores da economia. No agronegócio, se mostra uma ferramenta muito valiosa no gerenciamento da frota em campo e no auxílio às tomadas de decisões gerenciais.

As máquinas conectadas mostra aos operadores quais áreas já foram manejadas, reduzindo aplicações desnecessárias e otimizando os custos.

Ferramentas de telemetria otimizam as atividades no campo, trazendo novas tecnologia e inovação no setor que mais cresce no país.

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