Saiba as consequências das queimadas no solo e os impactos para a agricultura

Consequências das queimadas no solo: os impactos do fogo no meio ambiente, o que diz a legislação, como evitar e o que deve ser feito após as queimadas.

Épocas com tempo seco e ventos são propícias para ocorrência das queimadas.

Elas podem ser prejudiciais tanto para o meio ambiente (solo, água e ar), quanto para sua lavoura, podendo ocasionar multa de até R$ 50 milhões.

Saber dos problemas que as queimadas podem ocasionar para o meio ambiente e sua área é fundamental para conscientização da adoção dessa prática. 

Pensando nisso, separei algumas informações importantes sobre o impacto das queimadas. Confira!

Consequências das queimadas no solo: ocorrência 

As queimadas no meio ambiente podem ocorrer em decorrência de causas naturais ou pela ação humana.

Por causas naturais, geralmente ocorrem em regiões do Cerrado, em que o fogo favorece algumas espécies de plantas e suas sementes só germinam devido ao calor produzido.

Nesses casos, a recuperação desse bioma é rápida, atraindo diversos animais em busca da rebrota das plantas. 

Entretanto, atualmente a maioria das queimadas se deve à ação do homem que, por acidente ou não, ocasiona sérios prejuízos ao meio ambiente.

Geralmente as queimadas são realizadas em áreas agrícolas, de pecuária e silvicultura. 

Muitas vezes são realizadas por produtores, sem acompanhamento técnico, por acreditarem que essa queimada aumentaria a fertilidade do solo, assim como para limpeza de pastos e eliminação de restos vegetais.

As queimadas, na maioria das vezes, ocorrem em grandes áreas e sem um sistema de  controle de fogo, em diversas épocas do ano. E, o principal, sem licença concedida pelo órgão responsável.

Legislação sobre queimadas

A Lei n.º 12.651, de 25 de maio de 2012, sobre a proteção da vegetação nativa e Lei n.º 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, sobre as penalidades, são algumas leis brasileiras que falam sobre a utilização de fogo em áreas rurais.

Segundo a Legislação, o uso de fogo é proibido, exceto em três situações:

  • em locais ou regiões que justifiquem o uso do fogo em práticas agropastoris ou florestais, desde que com autorização do órgão ambiental
  • em unidades de conservação para conservar a vegetação nativa (quando as características dela se associarem evolutivamente à ocorrência de fogo);
  • atividade de pesquisa científica.

Para solicitar a autorização é necessário apresentar um estudo detalhado da atividade rural, que deve conter o planejamento específico sobre o emprego do fogo e o controle dos incêndios.

Além disso, algumas regras devem ser seguidas como: respeitar as metragens em relação às linhas de transmissão elétrica, distância dos aceiros e unidades de conservação.

Os procedimentos, regras de execução e medidas de precaução a serem obedecidas quanto ao uso do fogo em práticas agrícolas, pastoris e florestais, também sofrem alterações conforme a legislação de cada Estado.

Então, é importante você saber quais leis regulamentam o uso de queimadas no seu estado, evitando possíveis problemas. 

De acordo com a legislação brasileira, a multa para quem realiza queimas sem licença vai de R$ 1.000 por hectare até R$ 50 milhões.

ilustração de queima controlada com realização de aceiros em volta da área

Queimada controlada com realização de aceiros em volta da área
(Fonte: Defesa do Meio Ambiente)

Os impactos da ocorrência das queimadas no solo 

As queimadas são prejudiciais não apenas para o local em que ocorrem: seus danos podem chegar a quilômetros.

Dependendo do tamanho da área atingida pelo fogo não controlado, a fumaça e calor podem afetar a composição atmosférica, chegando a grandes centros.  

Além disso, as queimadas são uma fonte global de gases do “efeito estufa” como dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, e emissões de monóxido de carbono e dióxido de nitrogênio.

A fumaça proveniente das queimadas afetam o homem, ocorrendo e agravando problemas respiratórios como rinite, asma e bronquite, principalmente em idosos e crianças.

A ocorrência das queimadas traz consequências também para o solo

Apesar de alguns agricultores utilizarem queimadas por acreditarem na melhoraria da fertilidade do solo, como citei acima, isso não traz benefícios a longo prazo.

A passagem do fogo sobre o solo acarreta danos químicos, físicos e biológicos.

Impactos nos atributos químicos do solo 

A queimada do material seco sobre o solo influencia a fertilidade do solo pela presença das cinzas, que são compostas dos nutrientes mineralizados da parte vegetal queimada.

As cinzas, por serem ricas em nutrientes como cálcio, fósforo, magnésio, nitrogênio, entre outros, dão a impressão de aumentar a fertilidade do solo. Entretanto, esse aumento é por pouco tempo

Com a chegada das chuvas, as cinzas são lixiviadas, ocorrendo diminuição dos nutrientes na camadas superiores do solo.

Além disso, com lixiviação dos nutrientes, principalmente compostos nitrogenados e o potássio, a qualidade da água superficial e subterrânea é afetada.

Impactos nos atributos físicos do solo

Com a retirada do material vegetal, seja palhada ou matéria verde, o solo fica desprotegido, sofrendo mais com a ação do sol e chuva.

Em solos desprotegidos, a ocorrência de chuvas fortes ou com alta frequência, favorece o processo de erosão, que leva a camada superficial do solo e seus nutrientes com a água das chuvas.

Com o calor ocasionado pelo fogo, ocorre perda de água pela evaporação na camada superficial do solo. Desse modo, pode ocorrer uma camada compactada.

Propriedades físicas do solo como macroporos, tamanho de agregados e taxa de infiltração, são afetados com o calor do fogo.

Após a queimada, ocorrem ainda mudanças nestas propriedades, podendo levar ao aumento da densidade do solo na camada superficial.

O aumento da densidade dificulta a infiltração da água e penetração das raízes, afetando a umidade e a vida dos microrganismos do solo.

Impactos nos atributos biológicos do solo 

Com a redução do ar e água presentes no solo, os organismos do solos são diretamente afetados.

Os microrganismos são importantes na decomposição da matéria orgânica e ciclagem de nutrientes, além de aumentarem a porosidade, aeração, infiltração e drenagem do solo, devido à movimentação desses organismos no perfil do solo.

E, como consequências das queimadas no solo, a macrofauna e microfauna do solos são reduzidas, principalmente nas camadas superficiais.

Como recuperar áreas afetadas pelo fogo?

Em áreas de florestas, escolher espécies nativas de fácil propagação e de crescimento rápido para cobrir o solo e fornecer matéria orgânica ao ambiente pode ser uma ótima alternativa para recuperar áreas.

Já em áreas agrícolas, após a queimada, é recomendável realizar o preparo do solo, a fim de romper a camada compactada formada, aumentando a aeração do solo e infiltração da água.

Realizar uma adubação verde e rotação de culturas, também podem auxiliar na recuperação de sua lavoura. Deixar a palhada sobre o solo tem a finalidade de melhorar seus atributos físicos, químicos e biológicos.

Fazer análise do solo para saber os níveis de nutrientes, realizar calagem e usar adequadamente fertilizantes também é muito importante!

Mas fique atento! Para fazer análise do solo, espere as chuvas após a ocorrência da queimada, pois as cinzas interferem nos resultados

foto mostrando solo em recuperação pós-queimada

Recuperação de áreas com solo degradado
(Fonte: Ciclo Vivo)

O que pode ser feito para evitar as queimadas? 

Com a falta de chuvas e o clima seco, a ocorrência de queimadas, naturais ou não, são elevadas. Então, é necessário ficar atento e tomar medidas de precaução:

  • não jogue cigarros nas áreas;
  • não queime lixo, folhagens, galhadas e entulhos;
  • fique atento ao surgimento de queimada em sua área ou na vizinhança;
  • esteja preparado para situações como essa – informe-se e solicite em locais como o sindicato rural um treinamento para combate à incêndio.

Caso veja um incêndio, entre em contato imediato com o Corpo de Bombeiros pelo número 193 ou Defesa Civil no número 199.

É recomendável que você não realize queimadas em suas áreas. Opte por outros manejos, assim você não prejudica seu solo e o meio ambiente.

foto de aceiros entre áreas para evitar propagação do fogo

Aceiros entre áreas para evitar propagação do fogo
(Fonte: Compre Rural)

Conclusão

Neste artigo você viu as consequências das queimadas no solo, afetando os atributos físico, químicos e biológicos.

Viu que as queimadas sem autorização são ilegais e que cada Estado possui procedimentos para realização de queimadas autorizadas.

Você também pôde conferir sobre o que deve ser feito para evitar queimadas em sua área e o que fazer caso ocorra. 

Você conhecia as consequências das queimadas no solo? Sabe quais as leis do seu Estado a respeito de queimadas? Ficou alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!

Guia rápido da adubação nitrogenada para altas produtividades

Adubação nitrogenada: confira as recomendações para potencializar a produção da sua lavoura de milho, arroz, feijão e trigo.

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O nitrogênio é um dos nutrientes mais demandados para o desenvolvimento das plantas.

E, com índices de produtividades cada vez mais altos, estratégias de manejo que permitam explorar o total potencial das plantas são sempre bem-vindas! Neste cenário, podemos destacar a adubação nitrogenada.

A seguir, explicarei melhor a importância dessa adubação e algumas estratégias que auxiliam no sucesso produtivos de algumas culturas. 

Importância da adubação nitrogenada nas culturas

O pleno desenvolvimento vegetal é pautado na disponibilidade de todos os nutrientes tratados como essenciais. 

Dentro desse grupo podemos destacar o nitrogênio (N), elemento essencial e ainda caracterizado como macronutriente. Isto é, um nutriente requerido pelas plantas em maior quantidade

Essa maior demanda é justificado pelo fato do N ser utilizado para a síntese de proteínas e outros compostos orgânicos.

Sua baixa disposição pode acarretar diminuição drástica da produção, pois limita o crescimento vegetal, reduz a expansão e divisão celular, além de comprometer a área foliar e diminuir a taxa fotossintética. 

Desta forma, os fertilizantes nitrogenados têm sido usados para o suprimento adequado desse nutriente, sustentando os altos índices de produtividade. 

Demanda da adubação nitrogenada nas culturas 

Devido ao uso intensivo dos solos, é preciso fazer a reposição dos nutrientes, incluindo o N. 

A seguir mostro a adubação nitrogenada das culturas do milho, arroz, feijão e trigo

Adubação nitrogenada do milho 

O milho, uma gramínea, pode apresentar variação quanto à absorção de N devido à quantidade de raízes, condições ambientais e, logicamente, a seu estágio fenológico. 

O manejo do nitrogênio para a produção de grãos de milho deve ser feito considerando aspectos como:

Em geral, a absorção de N nessa gramínea é mais acentuada no começo do crescimento vegetativo, chegando ao maior valor no início da fase reprodutiva, decaindo em seguida. 

A dosagem depende de muitos fatores como: estado de fertilidade do solo, cultivar utilizada, expectativa de produção e condições climáticas, dentre outras. 

tabela com expectativa de produtividade do milho de acordo com os nutrientes - adubação nitrogenada
(Fonte: Pionner Sementes)

A adubação nitrogenada para milho é recomendada tanto na semeadura como na cobertura.

Na semeadura, é recomendável utilizar até 30 kg/ha de nitrogênio. Estudos relatam que dosagens superiores a isso podem apresentar efeito tóxico para as plantas devido ao nitrato. 

Quanto à aplicação na cobertura, como já dito, deve ser aplicado no momento de maior absorção desse nutriente. Dependendo da dosagem, pode-se aplicar em dose única quando as plantas encontram-se em V3 e V4

Porém, se há uma expectativa de produção alta e é preciso fazer uma alta reposição de N, é aconselhável fazer o parcelamento com objetivo de reduzir as perdas e aumentar a eficiência na utilização dos fertilizantes

A época recomenda para a aplicação da segunda cobertura gira em torno de V7 e V8, fase essa que as plantas ainda estão exigindo e absorvendo bastante N. 

Adubação nitrogenada do arroz

A adubação nitrogenada no arroz requer alguns cuidados, pois sua falta pode acarretar redução direta na produtividade por afetar o desenvolvimento vegetal

O excesso de N também é prejudicial nessa cultura, pois causa problemas de acamamento e esterilidade das espiguetas, além de favorecer o aparecimento de doenças

Segundo o  Irga (Instituto Rio Grandense do Arroz), é recomendável a aplicação de 10 kg/ha a 20 kg/ha de N no momento do plantio. 

Já na adubação nitrogenada de cobertura, recomenda-se que o restante da dosagem seja parcelada, sendo ⅔ quando a planta estiver com três a quatro folhas e ⅓ com oito a nove folhas expandidas.

ilustração de aplicação de nitrogênio no arroz
(Fonte: Unifértil)

Adubação nitrogenada do feijão

O feijoeiro é considerado uma planta exigente em nutrientes em função do ciclo curto e do pequeno e pouco profundo sistema radicular.

A absorção de nitrogênio ocorre praticamente durante todo o ciclo da cultura, mas a época de maior exigência e absorção ocorre dos 35 aos 50 dias após a emergência (DAE) da planta (florescimento). Neste período, relata-se que a planta absorve de 2 kg a 2,5 kg N/ha por dia.

No feijoeiro é comum ocorrer a associação simbiótica, porém a quantidade de N fixado só é considerável a partir de 35 DAE, requerendo um suprimento antecipado de N visto que as plantas irão demandar antes deste período. 

Desta maneira, depois de analisar os parâmetros de solo, de cultivar, de condições climáticas, da extração/exportação, da expectativa de produção da lavoura, tem-se a dosagem. 

É recomendável a aplicação de ⅓ da dose no sulco de plantio. O restante (⅔) deve ser aplicado até os 20 dias de emergência. 

Em solos arenosos, pode-se parcelar essa dose da cobertura em até duas vezes, aplicando a primeira até os 20 DAE e o restante até uns 35 dias.

Adubação nitrogenada do trigo

No trigo, a maior parte da absorção do nitrogênio acontece entre as fases de alongamento do caule e de espigamento, chegando ao máximo na antese. 

A dose de adubo a aplicar na planta de trigo varia de 60 kg a 120 kg/ha de N em função do teor de matéria orgânica do solo, cultura anterior, condições climáticas e expectativa de produção.

É bastante usual aplicar de 15 kg a 20 kg/ha de N na semeadura, com o intuito de estimular o vigor inicial. 

O restante deve ser aplicado nos estádios de perfilhamento e alongação do colmo da cultura 

A aplicação nessa fase é crucial por ser o momento em que a planta de trigo está definindo os componentes de produção como, por exemplo, o número de espiguetas por espiga e número de afilhos. 

Inoculação da soja supre a demanda da planta?

De acordo com estudo da Embrapa, a adubação nitrogenada da soja é desnecessária, seja na semeadura como em qualquer fase do desenvolvimento.

A inoculação bem feita garante o suprimento da demanda de N da planta de soja. 

As bactérias Bradyrhizobium que são utilizadas para a produção dos inoculantes conseguem captar o N atmosférico e deixá-lo de uma forma assimilável para as plantas. 

No caso dessas bactérias, é possível notar a sua presença por meio da formação de nódulos nos sistema radicular das plantas. 

Ainda segundo a Embrapa, o inoculante pode aportar mais de 300 quilos de nitrogênio por hectare (kg de N/ha) para a soja, com um custo até 95% menor em comparação ao fertilizante nitrogenado.

Existe inoculante em outras culturas?

Sim, o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) permite a utilização de bactérias Azospirillum brasiliense para a formulação de inoculantes para milho e trigo (gramíneas). 

O nitrogênio por elas fixado ocorre em menor quantidade que o fixado pelas bactérias do gênero Bradyrizobuim. Assim, não são capazes de fixar grande quantidade do nutriente requerido para o alcance de elevadas produtividades.

Portanto, nesse caso, faz-se a inoculação com o objetivo de reduzir os gastos com fertilizantes nitrogenados, mas não dispensa sua utilização. 

planilha para adubação de milho

Conclusão 

O nitrogênio assume papel fundamental quando estamos nos referindo à produtividade de diversas culturas, principalmente por ser bastante requerido para o desenvolvimento vegetal. 

Por isso, a adubação nitrogenada deve ser planejada de acordo com as peculiaridades da fazenda, sempre buscando a maior eficiência dos recursos. 

Vimos que a inoculação com microrganismos fixadores de N é uma boa estratégia, garantindo maior rentabilidade devido à redução dos gastos com adubos nitrogenados. 

>> Leia mais:

“Por que a adubação com silício pode ser sua aliada na produtividade”

Como você planeja sua adubação nitrogenada? Vem tendo resultados produtivos? Deixe seu comentário!

Tudo o que você precisa saber sobre qualidade da fibra do algodão

Qualidade da fibra do algodão: entenda quais são as características desejadas e quais as práticas de manejo podem influenciar.

Na cadeia produtiva do algodão, uma das exigências do mercado é a boa qualidade da fibra buscada pelas indústrias têxteis.

E o custo dessa fibra pode representar entre 40% e 60% do custo do fio. Por isso, entender mais sobre essas características e como elas estão ligadas à qualidade é essencial para você tomar algumas decisões importantes na sua lavoura.

Neste artigo, você vai entender quais fatores podem impactar na qualidade da fibra e os manejos mais recomendados para ter uma produção mais rentável na hora da venda. Confira!

Características intrínsecas e extrínsecas da fibra de algodão

A qualidade da fibra do algodão é determinada por um conjunto de características, divididas em intrínsecas e extrínsecas.

As características intrínsecas da fibra estão relacionadas a alguns parâmetros como:

  • comprimento (comprimento comercial, uniformidade e fibras curtas);
  • resistência;
  • índice micronaire (componentes de finura e maturidade);
  • cor (com brilho ou amarelo). 

Já as características extrínsecas da fibra fazem referências a:

  • regularidade da massa de fibra (preparação);
  • teor de neps (presença ou não de nós de fibra imatura e fragmentos de casca dos caroços);
  • presença ou não de contaminantes vegetais. 
tabela com as características intrínsecas e extrínsecas da fibra de algodão

(Fonte: Esalq/USP)

Qualidade exigida pelo mercado da fibra do algodão

No Brasil, as empresas de fiação demandam principalmente os tipos de fibras médios 5/6, 6/0 e 6/7. 

As principais características tecnológicas da fibra de algodão avaliadas para determinar a qualidade do produto e seu valor econômico no mercado são:

  • índice de fibras curtas;
  • comprimento;
  • uniformidade do comprimento;
  • resistência;
  • micronaire.

Para empresas que utilizam o fio de alta qualidade, o primeiro critério na hora da compra é a qualidade das características intrínsecas

Já para as empresas que utilizam o fio médio ou grosso, o principal critério é o preço. 

Para o mercado externo a busca é por:

  • abundante oferta de algodão;
  • tipos superiores;
  • características intrínsecas de alto nível.

Em relação a essas características desejáveis pelo mercado externo, o algodão brasileiro possui boas características intrínsecas.

Porém, em relação ao tipo, ainda há limitações devido à presença de contaminação de matérias estranhas como folhas, fragmentos de cascas e fibras de madeira.

Portanto, é preciso aliar as práticas culturais e industriais, aprimorando os componentes que formam o tipo da fibra e preservando as qualidades intrínsecas. 

Por isso, vamos ver agora um pouco mais sobre essas características e manejos que podem ser realizados.

Comprimento da fibra (POL ou UHML)

O comprimento da fibra é umas das características que mais interferem na qualidade. O valor mínimo de comprimento de fibra exigido pela indústria é de 28 mm. 

Esse valor pode ser menor dependendo da cultivar e das condições adversas como a falta de água durante o período de 25 a 30 dias após a fecundação das flores, pois reduz o crescimento da fibra.

Índice micronaire (MIC)

Este índice mede o diâmetro da fibra e deve estar com valores entre 3,8 e 4,5.

Ele também serve como medição indireta da combinação da maturidade da fibra (espessura) e a finura (diâmetro externo). 

A variedade determina o diâmetro externo da fibra, sendo definido de 3 a 5 dias após a floração. 

Algumas condições adversas no final do ciclo do algodão podem influenciar negativamente o índice MIC, como ataque de doenças e pragas, temperaturas baixas e falta de água.

tabela com classificação da fibra do algodão

Classificação da fibra do algodão
(Fonte: Geagra)

Maturidade da fibra (MAT)

A maturidade da fibra é a porcentagem de desenvolvimento da parede secundária da fibra. O valor deste índice deve ser superior a 0,86.

Como é um índice que mede o desenvolvimento da parede secundária, qualquer fator que interfira na celulose afetará a espessura da fibra.

A ocorrência de pragas e doenças, além de temperaturas baixas, afeta o transporte de carboidratos para conversão à celulose e, portanto, reduz a espessura da fibra. 

Resistência da fibra (STR)

A resistência da fibra do algodão é a capacidade que a fibra tem de suportar uma carga até se romper.  É uma característica que depende, em parte, da resistência do fio. Este índice deve ser maior que 28 g/tex.

Alguns fatores influenciam neste índice como:

  • cultivar;
  • seca;
  • encharcamento;
  • baixas temperaturas;
  • falta de luminosidade;
  • época de semeadura;
  • nutrição mineral;
  • população de plantas.

Uniformidade de comprimento (UI)

A uniformidade de comprimento é a relação entre o comprimento médio das fibras totais, expresso em %. Este índice representa a homogeneidade do comprimento das fibras do fardo.

A UI é uma consequência da qualidade.

Índice de fibras curtas (SF)

O índice de fibras curtas expressa a porcentagem de fibras curtas, sendo que este valor deve ser inferior a 10%. 

tabela com Índice de fibras curtas (SF) por parâmetro, instrumento, unidade e título do fio

(Fonte: Esalq/USP)

Fatores que impactam na qualidade da fibra do algodão

As cultivares de algodão possuem uma qualidade de fibra que é específica da cultivar. 

Quando a colocamos no campo, as características da qualidade da fibra vão depender dos manejos adotados.

Dentre os fatores determinantes para a qualidade da fibra (pluma) estão:

Controle de plantas daninhas e a qualidade da fibra do algodão

Entre os exemplos acima citados, a presença de plantas daninhas no final do ciclo do algodão pode causar a depreciação da matéria-prima.

Isso porque, diretamente, as plantas daninhas competem com o algodão pelos recursos do meio como água, luz e nutrientes, o que, consequentemente, leva à redução na produtividade.

Já indiretamente, as plantas daninhas no final do ciclo do algodão causam a contaminação por impurezas, pois algumas sementes podem ficar aderidas à pluma, além de atrapalhar a colheita.

Planilha algodão Aegro

Assim, dentre alguns manejos adotados no algodão para reduzir o efeito negativo das plantas daninhas sobre a qualidade da fibra são as aplicações tardias de herbicidas feitas em pós-emergência dirigida às entrelinhas da cultura (jato dirigido).

Algumas plantas daninhas que são prejudiciais no final do ciclo do algodão porque são facilmente aderidas à pluma são:

Beneficiamento do algodão e a qualidade da fibra

Durante o beneficiamento, alguns parâmetros podem ser afetados pelo descaroçamento como: comprimento, resistência e contaminantes.

O objetivo do descaroçamento é a separação entre fibra e caroço do algodão, sendo a primeira etapa do processamento.

Portanto, é uma etapa que precisa ser adaptada de acordo com as características do algodão que será tratado, dos mercados, das características do lote (matéria estranha e umidade) e das condições ambientais.

Por exemplo, a umidade do algodão em caroço é o principal fator no armazenamento, e tem grande influência sobre a qualidade da fibra e do caroço.

Uma secagem muito elevada leva à perda de tenacidade, redução do comprimento e amarelamento da fibra. 

Como durante a colheita a umidade é baixa, a técnica de umedecer o algodão em caroço é importante para a preservação da fibra. Isso também acontece depois de uma secagem excessiva.

O umedecimento restitui a umidade da fibra, assim, ela consegue suportar melhor as agressões mecânicas do descaroçador e limpador. 

Quando o algodão chega no descaroçador, o intervalo de umidade na fibra deve ser entre 6,5% e 8%, pois isso ajudará a garantir a qualidade. 

Como a genética interfere na qualidade?

A interação entre a genética e o ambiente vai influenciar na produtividade e na qualidade do algodão.

Alguns manejos podem ser adotados com o foco em produtividade e qualidade de fibra, dentre eles estão:

  • escolha de cultivar adequada para a região;
  • época de plantio adequada;
  • manejo de fertilidade do solo;
  • uso de regulador de crescimento;
  • aplicar desfolhante antes do início da colheita (evita que restos culturais fiquem presos à fibra).

Como você pode ver, algumas decisões são muito importantes e vão influenciar na qualidade da fibra.

Conclusão

Neste texto você viu quais são os índices utilizados para medir a qualidade da fibra do algodão.

Também aprendeu que alguns manejos podem interferir nestas características e reduzir a qualidade da fibra, o que reduz o preço pago pelo produto.

Agora que você já entendeu melhor sobre este assunto, que tal colocar em prática na sua lavoura?

>> Leia mais:

“Entenda como a biotecnologia no algodão pode melhorar o controle de Spodoptera e Helicoverpa na sua lavoura

“Logística da pluma do algodão: o que impacta o escoamento da produção?”

Como ter um algodoeiro resistente a doenças e mais econômico com nova cultivar transgênica

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Tudo o que você precisa saber sobre qualidade de sementes

Qualidade de sementes: atributos, importância, como verificar a qualidade e outras dicas de manejo!

Observar uma lavoura bem estabelecida, uniforme e sem falhas é gratificante! O principal fator que determina o sucesso da lavoura é o uso de sementes com alta qualidade.

A semente é um insumo que carrega consigo toda pesquisa e desenvolvimento do melhoramento genético. Sem ela, não se tem lavoura!

Mas o que é considerado semente alta qualidade? Que parâmetros ou atributos são necessários para determinar a qualidade? Como saber a qualidade da minha semente? Confira a seguir!

Produção de sementes com alta qualidade

A produção de sementes é uma atividade bastante criteriosa. A Lei n° 10.711, de 05/08/2003, é a que regulamenta o setor e que dispõe sobre o Sistema Nacional de Sementes e Mudas.

Para produção de sementes de alta qualidade é necessário realizar vistorias em diversos momentos da produção, colheita, beneficiamento e comercialização.

Algumas práticas importantes para a produção de sementes são:

  •  Roguing: consiste na vistoria cuidadosa do campo de produção, com o objetivo de remover as plantas indesejáveis para preservar a pureza genética, varietal e sanitária
  •  Momento de colheita: tem que ser o mais próximo do ponto de maturação das sementes, pois possuem a máxima germinação e vigor. Realizar assim que possível. 

Após a colheita, uma amostra do lote de sementes passa por testes em laboratórios credenciados pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), nos quais tem que atingir padrões mínimos.

Veja os valores mínimos de qualidade exigidos pelo Ministério da Agricultura para culturas como soja, milho, arroz e feijão.

tabela com padrões mínimos para a produção e a comercialização de sementes

Padrões mínimos para a produção e a comercialização de sementes 
(Fonte: adaptado de Mapa)

Sementes produzidas dentro das normativas possuem uma garantia de alta qualidade, apresentando desempenho superior se comparado às sementes de baixa qualidade.

Por isso, opte por sementes certificadas para que tenha garantia do material genético que está levando para seu campo! 

Atributos da qualidade de sementes

A qualidade das sementes é um conjunto de atributos que determinam o desempenho em campo. São atributos genéticos, físicos, sanitários e fisiológicos.

Qualidade genética

Esse atributo diz respeito à pureza varietal, homogeneidade, potencial de rendimento, resistência a doenças e insetos, porte, entre outros.

Lotes com sementes de alta qualidade irão originar plantas com porte, ciclo e potencial produtivos iguais. Terão a mesma resistência a doenças, pragas e herbicidas. 

Essas características são intrínsecas à genética das sementes, a qual confere uma lavoura com plantas homogêneas.

Qualidade física

Considera-se nesse atributo a pureza física, teor de água, tamanho, danos mecânicos e causados por insetos.

A pureza física é constituída de três componentes: sementes puras, outras sementes e material inerte (torrões, pedras, restos de plantas, insetos).

O dano mecânico nas sementes é um fator agravante na qualidade, podendo ser classificados como de efeito imediato ou latente.

Imediato é visível a olho nu e identificado logo após a semente ter sido danificada. O latente não é aparente, sendo mais acentuado do que o imediato.

A redução do vigor em sementes com dano latente ocorre durante o armazenamento, havendo redução do vigor da semente danificada.

Semente de milho com dano mecânico resultando em semente morta

Semente de milho com dano mecânico resultando em semente morta
(Fonte: Cicero e Banzatto-Junior)

Qualidade sanitária

Refere-se à presença de patógenos, como fungos, vírus, nematoides e bactérias presentes nas sementes ou no lote.

A presença de patógenos junto a sementes é um dos principais métodos de entrada e disseminação de doenças em novas áreas. Além disso, afeta a viabilidade e o vigor de sementes e tem impacto direto na produtividade.

foto de um laboratório - Avaliação da sanidade em sementes de arroz

Avaliação da sanidade em sementes de arroz
(Fonte: Agronatura)

Qualidade fisiológica

Os atributos fisiológicos estão ligados às características metabólicas da semente.

Dentro dessas características os destaques são: germinação e vigor, que, se altos, provocam melhor desempenho das plantas em campo, como maior velocidade de germinação e emergência de plântulas, uniformidade da lavoura, entre outros.

A germinação expressa a capacidade da semente de formar uma plântula normal em condições normais.

O vigor expressa a capacidade das sementes gerarem plantas de alto desempenho, em condições desfavoráveis.

Use sementes de alto vigor, pois apresentam desempenho superior quando comparadas às sementes de baixo vigor.

Foto com estabelecimento de plantas provenientes de sementes com vigor diferente

Estabelecimento de plantas provenientes de sementes com vigor diferente
(Fonte: Embrapa Soja)

Como saber a qualidade de sua semente

Ao adquirir suas sementes, verifique o boletim de análises de sementes, atestado de origem genética, certificado de sementes ou termo de conformidade das sementes. Esses documentos apresentam os resultados oficiais de análises de sementes.

Fique atento principalmente para informações de germinação (%), pureza (%), material inerte (%), outras sementes (%).

Observe também a etiqueta presente na embalagem de suas sementes!

Dados e garantias do lote de sementes em etiqueta

Dados e garantias do lote de sementes em etiqueta 
(Fonte: Abrasem)

Caso você compre suas sementes antecipadamente, é necessário armazenar em local adequado para manter a sanidade e o vigor.

É importante lembrar que é permitido ao produtor salvar a própria semente, desde que para uso exclusivo na próxima safra.

Para tal atividade, é preciso seguir os critérios presentes na legislação para que sua produção fique dentro da lei!

4 passos para verificar a qualidade das sementes

Para verificar a qualidade das sementes que irão formar sua lavoura veja alguns passos:

1º passo: amostragem do lote

A amostra deve ser representativa do lote. Desse modo, é necessário coletar amostras do lote para serem enviadas ao Laboratório de Análise de Sementes. 

Nas regras para análises de sementes estão descritos os procedimentos em relação à quantidade amostrada, representatividade e maneira de se realizar a amostragem.

Veja no quadro abaixo a quantidade de amostras simples por tamanho do lote.

tabela com regras para análises de sementes - qualidade de sementes

(Fonte: Regras para Análises de Sementes)

2º passo: escolha da embalagem após amostragem

As sementes devem ser colocadas em caixas de papelão ou sacos de papel reforçado e encaminhadas para laboratório de confiança.

Na embalagem deve conter informações como: 

  • nome do produtor; 
  • espécie; 
  • variedade; 
  • peso da amostra encaminhada; 
  • avaliações a serem realizadas.

3º passo: testes

Os testes básicos a serem realizados são de germinação, pureza, grau de umidade, verificação de outras sementes e cultivares.

É possível solicitar testes de vigor como, por exemplo: 

  • envelhecimento acelerado: realizado em sementes de soja, milho e trigo;
  • teste a frio: realizado em arroz, milho e trigo;
  • teste de tetrazólio: soja, milho, trigo, arroz e feijão.

Teste de germinação (direita) e teste de tetrazólio (esquerda) 
(Fonte: ADV Semente)

4º passo: faça um canteiro teste

Antes de realizar a semeadura, retire uma amostra de sementes dos seus lotes e semeie em canteiros em sua propriedade.

Para fazer os canteiros utilize terra coletada da área de sua lavoura, na camada superficial de 0-20 cm de profundidade. 

Faça uma camada de 10 cm a 15 cm de terra nos canteiros e abra os sulcos com 3 cm de profundidade onde serão colocadas as sementes para o teste.

Manejo das sementes de alta qualidade 

Como visto, a qualidade da semente influencia no desempenho de sua lavoura, seja através do atributo fisiológico como germinação e vigor, sanitário, genético ou físico.

É evidente que o investimento em sementes com boa qualidade é recompensado. 

Mas somente a utilização de sementes de alta qualidade não é suficiente para garantir o sucesso de sua lavoura.

Realizar o manejo adequado de pragas e doenças, controle de plantas daninhas, preparo do solo, adubação, garantem que sua semente expresse seu potencial produtivo.

Fazer um bom planejamento é fundamental!

Para isso:

checklist planejamento agrícola Aegro

Conclusão

A qualidade da semente é fundamental para uma boa produção.

Neste artigo, vimos a importância de sementes de alta qualidade para alcançar altas produtividades.

Você pôde conferir ainda como verificar a qualidade de suas sementes e como um bom planejamento do manejo é importante.

Espero que, com essas informações, você consiga realizar uma ótima safra!

>> Leia mais:

“Como o tratamento de plasma em sementes pode impulsionar a germinação”

“Tudo o que você precisa saber sobre dormência em sementes”

“3 causas mais comuns das sementes esverdeadas em soja e o que fazer para evitá-las

Como você escolhe suas sementes hoje? Restou alguma dúvida sobre o uso de sementes de alta qualidade? Deixe seu comentário abaixo!

Como melhorar a gestão de fazendas?

Melhor a Gestão de fazendas: como fazer um bom gerenciamento operacional e administrativo, e as ferramentas que podem te auxiliar nesse processo!

A gestão da fazenda é um dos principais fatores para aumentar a rentabilidade no campo.

Muitas vezes focamos na compra de equipamentos tecnológicos na busca por mais eficiência, mas deixamos em segundo plano o controle de processos administrativos e operacionais da propriedade. 

Contudo, ter conhecimento aprofundado dos resultados da empresa rural é fundamental para crescer, lucrar mais e atingir resultados consistentes.

E então, como superar os desafios diários e fazer a gestão de fazendas da melhor maneira possível? Confira a seguir.

O que é gestão de fazendas?

A gestão de fazendas engloba diversos processos administrativos e operacionais planejados pelo gestor agrícola com o intuito de melhorar os resultados na fazenda e prosperar nas atividades executadas.

Ela está diretamente relacionada à capacidade de administração de tudo o que acontece dentro das propriedades.

O gestor deve se atentar a uma visão macro do negócio e realizar mensurações, seja através de softwares dedicados ou planilhas eletrônicas que possibilitem a análise desses resultados e a otimização dos processos.

Os conceitos de gestão de fazendas envolvem desde a área de finanças, máquinas e implementos agrícolas, manejos operacionais e relacionamento das pessoas que fazem parte do negócio rural.

Como melhorar a gestão da fazenda?

O investimento em cursos de capacitação dos gestores e da equipe é uma excelente opção se você deseja melhores resultados nas suas fazendas.

O gestor deve conhecer de administração rural, sendo fundamental o conhecimento de cada setor dentro da fazenda para conseguir visualizar, de uma forma macro, toda a cadeia produtiva envolvida.

Também é preciso ter colaboradores capacitados em cada área da fazenda, sendo necessárias reuniões para alinhamento de cronogramas e planejamentos eficientes em cada área de atuação.

A aquisição de um software de gestão presente no mercado – e que seja capaz de mensurar e gerar relatórios otimizados – é um excelente começo.

Muitos são os processos na fazenda que podem ser melhorados e as medições constantes são essenciais para fornecer dados para o gestor. Assim, fica mais fácil otimizar os custos e os manejos em campo.

Busque atuar com gestores proativos e focados em atingir metas e objetivos previamente determinados.

Quais são os quatro pilares da gestão rural?

Dentro da gestão de uma propriedade rural, existem quatro pilares que ajudam a garantir a eficiência, sustentabilidade e lucratividade.

Ao entender esses conceitos, é mais fácil identificar os pontos que precisam de melhoria e definir a melhor estratégia. Confira

1. Gestão Ambiental e Sustentabilidade

Envolve o uso responsável dos recursos naturais, práticas conservacionistas, manejo do solo e da água, e cumprimento das normas ambientais para garantir a sustentabilidade da produção no longo prazo.

2. Gestão Financeira

Concentra o controle de custos, receitas, investimentos e financiamentos. Além disso, ferramentas como balanço patrimonial e fluxo de caixa ajudam a manter a saúde financeira da fazenda.

3. Gestão de Produção

Diz respeito ao planejamento e acompanhamento das atividades agrícolas e pecuárias, incluindo uso de insumos, manejo do solo, controle de pragas e doenças, e adoção de tecnologias para aumentar a produtividade.

4. Gestão de Pessoas

São todas as responsabilidade que envolve à administração da equipe, capacitação dos colaboradores, divisão de tarefas e motivação dos trabalhadores rurais para garantir eficiência e um bom ambiente de trabalho.

Liderança Feminina: Gestão de  Pessoas no Agro

Quais os benefícios de melhorar gestão de fazendas?

Ao melhorar gestão rural você consegue entender os principais gargalos de seus modelos produtivos, propiciando melhorias e maior rentabilidade agrícola.

A gestão agrícola baseada em metas e objetivos futuros auxilia nas tomadas de decisões e ajuda a promover:

  • Redução de custos
  • Otimização das atividades
  • Estruturação do negócio rural
  • Alocação correta dos recursos financeiros
  • Delegação correta das atividades
  • Saúde financeira e fluxo de caixa

Como identificar problemas de gestão na fazenda?

A gestão eficiente é o segredo sucesso para qualquer produtor rural, mas em um setor tão dinâmico como o agronegócio, identificar gargalos e oportunidades de melhoria pode ser um desafio.

Segundo dados do Censo Agropecuário de 2017, apenas 6,3% dos estabelecimentos agropecuários brasileiros utilizavam algum tipo de software de gestão.

Essa baixa adesão a ferramentas de controle e análise pode dificultar a identificação de problemas e impactar diretamente a produtividade e a rentabilidade da fazenda.

Para ajudar você nisso processo, separamos algumas dicas importantes que vão ajudar a identificar problemas e melhorar a gestão da fazenda. Confira:

1. Analise seus resultados

  • Compare seus números: Compare os resultados da sua fazenda com os de outras propriedades na região ou com médias do setor. Se seus números estiverem abaixo da média, pode haver um problema de gestão.
  • Avalie seus indicadores: Analise seus indicadores de desempenho, como produtividade, custos, eficiência e rentabilidade. Se você notar alguma queda ou estagnação, investigue as causas.
  • Use ferramentas de gestão: Utilize softwares e planilhas para coletar e analisar dados da sua fazenda. Essas ferramentas podem te ajudar a identificar padrões e problemas.

Para identificar problemas de gestão em sua fazenda, é crucial estar atento a diversos indicadores e adotar uma abordagem proativa. Aqui estão algumas dicas importantes:

1. Analise seus resultados

  • Compare seus números: Compare os resultados da sua fazenda com os de outras propriedades na região ou com médias do setor. Se seus números estiverem abaixo da média, pode haver um problema de gestão.
  • Avalie seus indicadores: Analise seus indicadores de desempenho, como produtividade, custos, eficiência e rentabilidade. Se você notar alguma queda ou estagnação, investigue as causas.
  • Use ferramentas de gestão: Utilize softwares e planilhas para coletar e analisar dados da sua fazenda. Essas ferramentas podem te ajudar a identificar padrões e problemas.

2. Observe sua equipe

  • Motive seus funcionários: Uma equipe desmotivada pode ser um sinal de problemas de gestão. Invista em treinamento, reconhecimento e comunicação interna.
  • Delegue tarefas: Se você centralizar todas as tarefas, pode ficar sobrecarregado e impedir o desenvolvimento da sua equipe. Confie em seus funcionários e delegue tarefas de acordo com suas habilidades.

3. Avalie seus processos

  • Mapeie seus processos: Desenhe um fluxograma de todos os processos da sua fazenda, desde o plantio até a venda dos produtos. Isso te ajudará a identificar gargalos e oportunidades de melhoria.
  • Otimize seus processos: Busque formas de tornar seus processos mais eficientes, eliminando etapas desnecessárias e utilizando novas tecnologias.
  • Automatize tarefas: Automatize tarefas repetitivas e manuais, como a coleta de dados e o controle de estoque. Isso te poupará tempo e evitará erros.

4. Monitore o mercado

  • Fique atento às tendências: Acompanhe as tendências do mercado, como novas tecnologias, produtos e demandas dos consumidores. Isso te ajudará a identificar oportunidades e ameaças.
  • Adapte-se às mudanças: Esteja pronto para adaptar seus processos e produtos às mudanças do mercado. A flexibilidade é fundamental para o sucesso da sua fazenda.
  • Inove: Não tenha medo de experimentar novas técnicas e tecnologias. A inovação é importante para manter sua fazenda competitiva.

5. Busque ajuda externa

  • Consulte especialistas: Se você estiver com dificuldades para identificar problemas de gestão, procure a ajuda de um consultor especializado em agronegócio.
  • Participe de cursos e eventos: Participe de cursos, encontros e eventos do setor para aprender novas técnicas e trocar experiências com outros produtores.
  • Use a tecnologia a seu favor: Utilize softwares de gestão, aplicativos e outras ferramentas tecnológicas para otimizar seus processos e tomar decisões mais assertivas.

3 Ferramentas para melhorar a gestão de fazendas

A gestão de fazendas está muito relacionada a mensurações de todas as informações e atividades realizadas dentro da propriedade.

Se as fazendas mensuram o que acontece em cada pedaço da lavoura, fica mais fácil para o gestor analisar os relatórios e tomar decisões que otimizam as atividades agrícolas.

Softwares de gestão nos mostram quais são os custos operacionais em tempo real de cada hectare da propriedade, bem como de cada trator do maquinário agrícola disponível.

Os relatórios personalizados permitem decisões baseadas nos seus números reais. 

Se a fazenda possui relatórios personalizados, como os custos de cada máquina, custos com reparo e manutenção, custos operacionais de consumo de combustível e horas trabalhadas, fica mais fácil selecionar as máquinas mais eficientes para cada atividade.

Hoje em dia temos tecnologias que cabem no bolso de todos os produtores, seja para fazendas de 50 ou 100 mil hectares.

As fazendas menores podem utilizar softwares gratuitos para criação e processamento dos mapas, além de planilhas eletrônicas, como o Excel, para tabulação de dados e geração de relatórios. 

Outra opção são os softwares de gestão agrícola que trazem todos esses resultados de forma automatizada e fácil de entender. 

1. Software de gestão agrícola

O Aegro é um software de gestão de fazendas que facilita a rotina integrando caderno de campo, controle de estoque, controle financeiro e muito mais.

A plataforma permite o registro detalhado de despesas, como insumos e custos de safra, para proporcionar uma visão clara da rentabilidade.

Também é organizar as operações diárias, com a possibilidade de planejar atividades e registrar tarefas diretamente do campo, otimizando os processos e ajudando a garantir a viabilidade econômica da propriedade a longo prazo.

2. Geração de mapas de produtividade

Softwares gratuitos como QGIS ou o Google Earth Pro podem auxiliar nos desenhos dos talhões da propriedade e na identificação exata do tamanho das áreas produtivas de cada porção da lavoura.

Um mapa simples, identificando as áreas de cada talhão, a fertilidade dos solos e as variedades ou híbridos semeados, auxilia no correto entendimento de áreas mais produtivas das fazendas.

Sabendo quantos hectares serão semeados, uma planilha operacional pode auxiliar na gestão da compra de sementes, herbicidas e outros insumos para serem aplicados nas doses exatas.

O erro de cálculo, em apenas 5 hectares, pode encarecer o custo na compra de sementes de soja em valores de R$ 2 mil a R$ 5 mil em nossas fazendas.

Custos que podem ser evitados com um mapa simples com desenho de seus talhões e a quantificação em hectares de cada área produtiva da sua propriedade. 

Um detalhe interessante, esse mapa pode ser confeccionado utilizando ferramentas gratuitas disponíveis na internet, a custo zero.

3. Mapas de altimetria

Outro exemplo de mapa gratuito, disponível na internet, são os mapas de altimetria proveniente de satélites com sensores-radar.

O mapa de altimetria auxilia na gestão das fazendas mostrando qual é o relevo da propriedade e quais são as áreas de difícil mecanização.

Eles podem ser confeccionados com auxílio de drones e, uma vez que o produtor rural tenha ciência das áreas mais planas dentro da sua propriedade, o planejamento de plantio e colheita pode ser otimizado.

Áreas mais declivosas acarretarão menor rendimento operacional e, consequentemente, aumento dos custos envolvidos na operação.

Essas áreas com relevo acidentado podem ser separadas para reserva legal ou APP nas fazendas, uma vez que corremos o risco de capotamento de máquinas durante a operação em áreas com declividade acima de 15%.

Quais os desafios de melhorar a gestão da fazenda?

Para melhorar gestão da fazenda é essencial em qualquer modelo produtivo que busque melhores resultados. 

Mas, para alcançar essa gestão de excelência, há muitos desafios. Um dos principais é ter na mão todos os resultados do negócio rural. Sem isso, fica mais difícil saber, por exemplo, se de fato o valor de venda da produção está superando os custos necessários.

Os profissionais envolvidos na gestão da fazenda, portanto, devem estar capacitados para realizar as mensurações dos custos e ganhos e fazer as devidas otimizações, desde o operacional até as relações interpessoais.

A gestão de pessoas, aliás, também é um dos desafios na gestão de fazendas, que pode ser minimizado com treinamentos e valorização da equipe.

Além disso, outras qualidades de um bom gestor de fazendas – e que contornam os desafios da gestão rural são:

  • Capacidade de liderança;
  • Proatividade;
  • Otimização dos custos;
  • Capacidade de trabalho em grupo;
  • Conhecimento de softwares e tecnologias.

Gestores com capacidade de liderança e proatividade são os mais indicados para realização das boas práticas agrícolas dentro das fazendas.

A empresa rural deve ser fundamentada na excelência, tanto no setor operacional, quanto financeiro e administrativo.

Conclusão

“Aquilo que não se pode medir não se pode melhorar”. Essa frase, de Lord Kelvin, reflete muito bem o processo de gestão das fazendas. 

Produtores rurais que não contabilizam os dados e não computam resultados não conseguem expandir seus negócios, uma vez que não têm noção do montante envolvido nas atividades agrícolas.

A gestão de fazendas envolve desde o controle de estoque de produtos, operações agrícolas, insumos aplicados em cada área, até serviços de terceiros e manutenções das máquinas.

Cabe a cada gestor selecionar as melhores ferramentas para o momento atual das propriedades rurais e analisar os relatórios para traçar planos estratégicos de longo prazo. 

Assim, é possível ter uma tomada de decisão assertiva e melhorar o desempenho da fazenda.

>> Leia mais:

“4 dicas para melhorar a gestão de tempo na fazenda”

Restou alguma dúvida sobre o processo de gestão de fazendas? Você já utiliza um software de gestão ou planilha eletrônica? Aproveite e faça um diagnóstico de sua gestão aqui!  

Guia prático da adubação para algodão

Adubação para algodão: exigências nutricionais da planta, épocas favoráveis e recomendações para alcançar mais produtividade na lavoura!

Nos últimos 15 anos, a produção de algodão no Brasil saltou de 1 milhão de toneladas de plumas para quase 3 milhões na safra 2019/20.

O avanço da cotonicultura se deve a fatores como melhoramento genético e manejo das lavouras. E uma das principais partes do manejo é a adubação da cultura. 

Os cultivares de alto potencial produtivo apresentam grande sensibilidade ao estresse ambiental e a adubação correta auxilia a planta na hora de passar por condições desfavoráveis.

Então, veja a seguir as exigências nutricionais do algodoeiro, correções de solo e como fazer o manejo da adubação para o algodão!

Exigências nutricionais do algodão

A planta de algodão apresenta crescimento inicial lento, aumentando consideravelmente o acúmulo de nutrientes a partir dos 25 dias após o plantio. O pico ocorre entre as fases de primeiro botão e primeira flor.

Durante a fase de florescimento máximo, cerca de ⅓  do potássio é absorvido em um período de 14 dias. Isso nos mostra como um possível déficit de nutrientes nas épocas-chave podem afetar muito a produtividade.

De modo geral, cerca de 60% dos nutrientes são absorvidos entre o início do florescimento e a formação dos capulhos.

gráfico que demonstra acúmulo de matéria seca (A) e de nutrientes (B) pelo algodoeiro

Acúmulo de matéria seca (A) e de nutrientes (B) pelo algodoeiro
(Fonte: Embrapa, 2006)

As classes de interpretação de fósforo e potássio no solo dependem muito do teor de argila e da CTC do solo. 

De maneira geral, o teor ideal de fósforo está entre 15 e 20 mg/dm3 (para solos argilosos e arenosos respectivamente)

Já os teores ideais de potássio estão entre 30 e 50 mg/dm3 para solos com CTC menor e maior que 4 cmolc/dm3 respectivamente.

O algodoeiro é uma planta com pouco crescimento radicular, já que devido a seu complexo ciclo de desenvolvimento, apresenta um curto período vegetativo (40-45 dias), que é o principal momento de crescimento das raízes.

Durante o período vegetativo, as raízes têm menos competição com os drenos da parte aérea da planta. Mas, com o início da fase reprodutiva, as flores e frutos constituem drenos mais fortes para os fotoassimilados das folhas, diminuindo a taxa de crescimento das raízes.

Correção do solo

Um dos principais fatores relacionados à baixa produtividade de algodão é a acidez do solo, principalmente em função da sensibilidade da planta ao alumínio e pelo sistema radicular limitado.

Dessa forma, a correção do pH do solo utilizando a calagem e a neutralização do alumínio presente na CTC por meio da gessagem são duas técnicas fundamentais para garantir uma alta produtividade na lavoura de algodão.

A principal fórmula utilizada para o cálculo da necessidade de calagem (NC) é o da saturação por bases:

NC (t/ha) = (V2 -V1) x CTC/100 x f , sendo:

  • CTC (cmolc/dm3) = capacidade de troca de cátions do solo a pH 7,0 (SB + H++Al3+, em cmolc/dm3)
  • V2 = porcentagem de saturação por bases recomendada para a cultura (60% para o algodoeiro)
  • V1 = porcentagem de saturação por bases atual do solo, calculada pela fórmula: (SB/CTC) x 100
  • SB = soma de bases trocáveis (Ca2+ + Mg2+ + K+, em cmolc/dm3)
  • f = fator de correção do PRNT do calcário, f = 100/PRNT
  • PRNT = Poder Residual de Neutralização Total do calcário

Como a planta de algodão é exigente em magnésio, o recomendado é utilizar o calcário dolomítico ou magnesiano quando o teor de Mg no solo for menor que 1 cmolc/dm3.

Lembrando sempre que, para que ocorra a neutralização da acidez do solo por parte do calcário, é necessário que chova para que a água inicie a reação no solo.

Com isso em mente, é recomendado que se realize a calagem com um período de aproximadamente 30 dias antes da semeadura.

Critérios para gessagem

No caso do gesso, quando nas camadas de 20 cm a 40 cm ou 40 cm a 60 cm ocorrerem as situações abaixo, é recomendada a gessagem:

  • Cálcio inferior a 0,5 cmolc dm-3.
  • Alumínio superior a 0,5 cmolcdm-3.
  • Saturação por Al (m) superior a 30%.

A fórmula para aplicação de gesso mais simples é a multiplicação da porcentagem de argila do solo por 50. 

Por exemplo: em um solo com 50% de argila, aplicar no máximo 2.500 kg/ha de gesso.

Épocas de adubação do algodão

A adubação do algodoeiro pode ser realizada em 3 épocas, sendo elas pré-plantio, plantio e cobertura.

A adubação pré-plantio facilita o manejo da cultura, já que aumenta o rendimento da operação de semeadura, sendo comumente usada para o fósforo.

Para nitrogênio e potássio, pode-se realizar os 3 tipos de adubação. O mais seguro é a utilização da adubação de plantio mais o parcelamento da cobertura.

gráfico da produtividade de algodão em caroço em função de doses e época de aplicação de potássio, em solo com 500g/kg de argila e 63 mg/dm3 de K. Santa Helena de Goiás, safra 2003/2004.

Produtividade de algodão em caroço em função de doses e época de aplicação de potássio, em solo com 500g/kg de argila e 63 mg/dm3 de K. Santa Helena de Goiás, safra 2003/2004.
(Fonte: Embrapa, 2005)

Gráfico com produtividade de algodão em caroço em função de doses e épocas de aplicação de nitrogênio no sistema de integração lavoura-pecuária, em Montividiu, GO, safra 2002/2003.

Produtividade de algodão em caroço em função de doses e épocas de aplicação de nitrogênio no sistema de integração lavoura-pecuária, em Montividiu, GO, safra 2002/2003.
(Fonte: Embrapa, 2005)

É interessante notar que, em ambos os casos de adubação pré-plantio (nitrogênio e potássio), a qualidade do solo conta muito para a eficácia desse manejo.

Solos que necessitam corrigir teores de nutrientes e acidez podem responder de modo negativo a uma adubação pré-plantio.

Recomendações de adubação para algodão

As recomendações de adubação devem ser feitas levando em conta a condição do solo, ou seja, os teores atuais de nutrientes e a exportação de nutrientes do algodoeiro.

A adubação para elevar os teores de nutrientes do solo + a exportação é a chamada adubação de correção, que visa corrigir a fertilidade no perfil do solo.

A recomendação que leva em conta apenas a exportação dos nutrientes chamamos de adubação de manutenção, já que irá apenas suprir as demandas da planta.

Embora a adubação de manutenção pareça a opção mais lógica à primeira vista, ela nem sempre irá suprir toda a demanda da planta se os teores de nutrientes no solo estiverem abaixo do indicado.

Para as recomendações e cálculos de adubação do algodoeiro, usaremos adubação de manutenção, com base na exportação média de nutrientes por tonelada de produção.

tabela com exportação média de nutrientes para produção de uma tonelada e simulação para uma produção de 4.500 kg/ha de algodão em caroço (300 arrobas)

Exportação média de nutrientes para produção de uma tonelada e simulação para uma produção de 4.500 kg/ha de algodão em caroço (300 arrobas)
(Fonte: Embrapa, 2014)

Desse modo, uma produtividade média de 300 arrobas de algodão (4,5 toneladas/ha) irá demandar 54 kg de P2O5/ha que, convertido em supersimples (que apresenta 18% de P2O5), serão necessários 300 kg/ha do adubo.

No caso do nitrogênio, serão necessários 153 kg/ha de N – ou 340 kg/ha de ureia (que tem 45% de N).

Lembrando sempre que, no caso de adubação no sulco de plantio, o importante é se atentar à dose máxima de 50 kg de cloreto de potássio e de nitrogênio. Isso evita que ocorram queimaduras nas plântulas por conta da salinidade.

planilha de produtividade do algodão Aegro

Conclusão

A adubação é um dos manejos mais importantes de uma lavoura. Decidir o quanto, como e quando utilizar é essencial para acertar nessa etapa.

Devemos sempre nos atentar à fertilidade do solo, tentando manter os níveis de nutrientes adequados para a cultura.

Um manejo correto, no tempo certo, ajuda a planta a alcançar todo seu potencial produtivo. Para isso, devemos sempre estar atentos aos sinais das plantas e do ambiente, já que como dizem: o olho do dono é que engorda o boi.

>>Leia mais:

“Logística da pluma do algodão: o que impacta o escoamento da produção?”

Como você faz o manejo de adubação para algodão na sua lavoura? Restou alguma dúvida? Deixe seu comentário!

Irrigação de feijão: quando vale a pena investir?

Irrigação de feijão: como avaliar melhor esse investimento, vantagens, desvantagens e o resultado na produtividade da lavoura.

O feijão é uma cultura de ciclo curto, por isso pode ser muito afetada pela deficiência hídrica. 

A primeira safra de 2020, por exemplo, sofreu com a estiagem e teve impactos na sua produtividade.

A irrigação é uma tecnologia que pode ajudar muito, pois permite planejar melhor a lavoura e não contar somente com a “sorte” da chuva na hora certa.

Mas o que considerar antes de optar pela irrigação de feijão? Neste artigo vou mostrar as principais vantagens e desvantagens para que você faça a melhor escolha. Confira a seguir!

O ciclo do feijão e suas exigências hídricas

O feijão possui três safras por ano, o que proporciona sazonalidade das condições ambientais em cada safra. Mas as exigências da cultura durante o ciclo são sempre as mesmas, claro que de acordo com a cultivar utilizada. 

A exigência hídrica do feijão começa na germinação, a qual requer uma lâmina mínima de água de 1,3 mm. 

Mas é em V4 que a necessidade da cultura é maior. Neste momento em que existe mais área foliar, são necessários 56 mm ao todo.

Em R5, com o surgimento dos primeiro botões florais, também ocorre uma demanda hídrica grande. Em R7, na formação das vagens, ocorre outro pico de exigência hídrica.

Já falamos isso em detalhes no Blog do Aegro. Confira os “Manejos essenciais em cada um dos estádio fenológicos do feijão”.

O plantio de outono/inverno é o que enfrenta maior escassez de chuvas e, por isso, é uma das que mais requer o uso da irrigação para a produção. Mas quando vale a pena fazer a irrigação e quais são suas vantagens e desvantagens? Vou mostrar a seguir:

Vantagens e desvantagens da irrigação de feijão

Alguns pontos devem ser bem considerados para avaliar se vale a pena ou não o uso da irrigação para o feijão.

Antes de instalar a irrigação, considere:

  1. distribuição das chuvas da sua região;
  2. necessidade de água na cultura;
  3. efeito da irrigação na produtividade;
  4. fonte de água.

Vantagens 

Com o uso da irrigação, há todo suprimento hídrico necessário à cultura. 

Isso garante produtividade, eficiência de aplicação com a regulação correta do bicos irrigadores, proteção contra geadas e a possibilidade de uso para fertirrigação. 

E, se tudo for bem planejado, não há qualquer desperdício de água na propriedade. 

Desvantagens 

Para a implantação da irrigação, as condições locais vão fazer toda a diferença. Por isso, a declividade do terreno e as condições meteorológicas, como o vento, devem ser bem avaliadas.

Há também a necessidade do investimento inicial na estrutura para a irrigação e as despesas recorrentes com manutenção e energia elétrica que devem entrar no planejamento agrícola

Além disto, você necessita de autorização para captação de água: a outorga.

Tipos de irrigação para feijão

São três os principais tipos de irrigação: a localizada, a superficial e a de aspersão. Vou explicar melhor cada uma deles a seguir.

Localizada

Esse tipo de irrigação é realizada próximo às raízes das plantas, promovendo o umedecimento do solo. As técnicas utilizadas podem ser o gotejamento ou a microaspersão

foto com foco na irrigação localizada, mostrando a técnica de gotejamento em solo. irrigação de feijão

(Fonte: Érico Andrade/G1)

Superficial

Essa é a irrigação realizada por meio de sulcos na lavoura ou pela realização de inundações. A água é conduzida pela superfície do solo até o ponto de infiltração. 

Aspersão

Esse é o tipo de irrigação que simula uma chuva. 

Os sistemas mais utilizados nesses casos são o autopropelido, convencional ou pivô central. Vou falar um pouco mais sobre eles. 

Autopropelido

Nesse sistema existe o deslocamento pela área de cultivo de um carrinho com plataforma onde ficam as mangueiras e aspersores, podendo utilizar barras ou canhão de irrigação.

A vantagem desse sistema é ser utilizado em diversos tipos de áreas (com relevos e delimitações diferentes) e ter baixa exigência de trabalho manual

As desvantagens são o custo de investimento no equipamento e uma inadequada proteção contra geadas e gotas muito grandes quando mal regulado. 

foto de carrinho com plataforma autopropelido em um campo para irrigação de feijão

(Fonte: Embrapa)

Pivô Central

Como o próprio nome já diz, esse sistema é baseado em um pivô fixado ao centro de uma área circular, no qual as barras de irrigação atingem para a aspersão da água.

A vantagem desse sistema é a baixa exigência de mão de obra, a uniformidade da aplicação da irrigação, possibilidade de aplicação frequente em pequenas quantidades de água, protegendo de geadas e adaptação à fertirrigação. 

Por outro lado, o custo inicial da implantação é alto e a área irrigada pelo pivô é delimitada.

Aspersão Convencional 

Nesse sistema, a aspersão é fixada em um local que realiza a aspersão da água por canhão. 

As vantagens são o custo menor de implantação, facilidade de operação, além de poder ser utilizada em diversos tipos de área.

As desvantagens são a exigência de mão de obra para movimentação dos canhões na lavoura para irrigar outras regiões e dificuldade em possibilitar outros manejos fitossanitários da lavoura.

Ferramentas para intervalo de irrigações 

Para que não haja desperdícios, é necessário que se tenha um gerenciamento correto dos turnos de regas (ou o intervalo de irrigações). Por isso, vamos entender algumas ferramentas de controle: 

Tensiômetro 

Essa aparelho é colocado no solo para medir a tensão da água em duas profundidades diferentes: a 15 cm e a 30 cm. 

É a leitura dos dados dos tensiômetros que baseiam o processo de irrigação, que segue o método de turno de rega (TR). O cálculo do intervalo entre regas considera fatores como:

  • capacidade de campo;
  • ponto de murcha permanente;
  • densidade do solo;
  • profundidade efetiva das raízes da planta;
  • fator de disponibilidade de água;
  • evapotranspiração;

Ao longo do ciclo de feijoeiro, esses fatores variam. 

Em pivô central, os tensiômetros são instalados em distâncias de 4/10, 7/10 e 9/10 do raio do pivô.

Irrigâmetro

Esse aparelho contém um evaporímetro e o objetivo é estimar a evapotranspiração da cultura. Ele é constituído de um recipiente de seção cônica, de cor verde, que mantém uma superfície de água exposta à atmosfera e foi desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa.

Sensores

Através do uso de sensores é possível acompanhar diversas variáveis ambientais que influenciam diretamente na necessidade de rega.

Esses sensores podem ser distribuídos em várias partes da lavoura e coletando, a todo o momento, informações sobre a disponibilidade hídrica. 

planilha custos de pivô Aegro

Conclusão

O importante é você começar pelo simples: conheça bem a sua região, o clima, relevo, solo e o ciclo da cultura do feijão. 

Depois, faça bem feito o seu planejamento agrícola e conheça outras experiências de agricultura irrigada. Com isso, você saberá avaliar bem se a prática se encaixa no seu planejamento. 

Uma coisa é certa: se planejar bem o uso da irrigação da sua lavoura o resultado vem, pois o feijão é uma cultura com o mercado aquecido. 

>> Leia mais:

Melhore seu plantio de feijão (Phaseolus vulgaris L.)

Gostou do texto? A irrigação de feijão é uma opção para a sua propriedade? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Semeadura no pó: quando vale a pena arriscar?

Semeadura no pó: riscos, recomendações, qual a importância da água nesse momento e mais!

A escolha do momento da semeadura é fundamental para o sucesso da lavoura.

Apesar disso, entra safra e sai safra e a dúvida é: espero a chuva ou semeio no pó?

Semear no pó é uma decisão arriscada, que pode comprometer o estabelecimento de seu estande, uma vez que a presença de água no solo é essencial para a germinação.

Pensando nisso, separei algumas informações sobre a semeadura no pó e como manejar essa situação no dia a dia no campo. Confira a seguir!

Semeadura no pó: momento de semear

Iniciar a semeadura logo após o fim do vazio sanitário é ideal para se ter uma janela de plantio para realizar a safrinha na mesma área.

Além disso, semear assim que possível auxilia no escalonamento do plantio em grandes áreas.

Contudo, acabou o vazio sanitário, estamos há vários dias sem chuva e o solo continua seco. Nesse momento vem a dúvida: esperar ou não as chuvas para iniciar o plantio?

As sementes são seres vivos, assim, a água é fundamental para realização de diversos processos.

A água tem de estar presente desde a germinação até o enchimento de grãos, sendo o principal fator limitante da produção.

Então, o momento ideal de semear é quando a umidade do solo for o suficiente para que as sementes absorvam a quantidade de água suficiente para poderem germinar e emergir.

Quantidade de água necessária para germinação e emergência

As sementes adquiridas para o plantio apresentam teor de água de 10% a 13%. Contudo, esses valores são adequados para armazenamento e não para a plantio.

Para início e continuidade do processo de germinação, o teor de água das sementes deve aumentar.

Veja abaixo o teor de água que as sementes de milho (albuminosas) e de soja ou feijão (exalbuminosas) precisam ter durante a germinação para emissão da radícula:

gráfico com teor de água que as sementes de milho (albuminosas) e de soja ou feijão (exalbuminosas) precisam ter durante a germinação para emissão da radícula

(Fonte: Esalq/USP)

Para que as sementes absorvam essa quantidade de água, o solo deve ter uma umidade de 50% a 85% de água disponível.

Desse modo, a quantidade de água presente no solo é suficiente para garantir que ocorra germinação e emergência das sementes.

Então, é importante conhecer a capacidade de retenção de água do solo que você irá semear, pois essa quantidade de água varia de acordo com o tipo de solo, compactação, sistema de produção, entre outros.

O que acontece se realizar a semeadura no pó?

Ao semear em solo seco, é como se você estivesse armazenando as sementes em condições de pouca umidade, alta temperatura e presença de microrganismos.

Se as sementes permanecerem nessa combinação de fatores durante um período superior a 15 dias, a germinação é drasticamente afetada.

O calor e falta de água faz com que as sementes respirem mais e se desenvolvam lentamente, ficando mais expostas ao ataque de pragas e microrganismos do solo.

A porcentagem, velocidade e uniformidade de germinação é afetada, podendo ocorrer perdas de 50% da produção.

Além disso, na cultura da soja ocorre perda da eficiência da inoculação, reduzindo a quantidade de bactérias viáveis.

Na prática, semeando no pó você pode perder a sua inoculação.

Outro fator bastante importante é a quantidade de chuva após dias de estiagem.

Se acaso você semear e ocorrer uma chuva de poucos milímetros, as sementes podem absorver água, entretanto, não será o suficiente para completar a germinação e emergir. Assim, ocorre morte das sementes e, consequentemente, falhas no seu estande.

Em casos de muitas falhas no estande, recomenda-se realizar a ressemeadura, resultando em tempo perdido e, principalmente, aumento do custo da lavoura.

foto que mostra falha na emergência de plântulas em campo

Falha na emergência de plântulas em campo
(Fonte: Conesul News)

Estratégias para otimizar a semeadura no pó

Apesar de não ser uma técnica recomendável, caso seja extremamente necessário realizar a semeadura em solo seco, você deve levar em consideração alguns fatores como:

Qualidade das sementes

Utilizar sementes com alta porcentagem de germinação e vigor é fundamental. Sementes de alta qualidade suportam por um período maior condições adversas, como a pouca umidade do solo, neste caso. 

Além disso, apresentam desenvolvimento mais rápido se comparada a sementes de qualidade inferior.

Por isso, é muito importante que você utilize sementes certificadas, que possuam qualidade garantida!

Tratamento das sementes

O tratamento de sementes pode ser um forte aliado caso você deseje realizar a semeadura no pó.

Como o desenvolvimento das sementes é mais lento pela falta de água e alta temperatura do solo, o tratamento com fungicida previne o ataque de microrganismos e pragas, que aceleram a deterioração das sementes.

Veja na figura abaixo sementes com e sem tratamento em condições de baixa umidade do solo:

semeadura no pó - gráfico de emergência e umidade do solo de sementes com e sem tratamento

 (Fonte: SEEDNews)

Inoculação

Para promover uma nodulação adequada em plantas de soja, a semente deve apresentar, no momento da semeadura, de 80 mil a 100 mil células de bactérias.

Ao semear no pó, os solos apresentam alta temperatura e pouca umidade, o que reduz, em menos de uma semana, metade do número de células viáveis, ocorrendo prejuízo no fornecimento de nitrogênio para planta.

Se você realizar a semeadura em solo seco, faça inoculação, mas busque métodos de complementar o fornecimento de N para planta.

Uma opção de complementação é a inoculação via pulverização em cobertura ou uso de fertilizante mineral.

Proximidade das chuvas

Não faça semeadura no pó sem ao menos ter uma previsão de chuva para os próximos 10 a 15 dias.

Mesmo com uso de sementes de alta qualidade e tratamento de sementes, a exposição em solo com pouca umidade por um período prolongado reduz a germinação e emergência das plantas.

Ter acesso a informações meteorológicas de qualidade minimiza esses riscos e permite traçar um planejamento melhor das operações da fazenda. Se esses dados estiverem integrados aos da propriedade, a tomada de decisão fica mais precisa.

Utilizar um software de gestão agrícola como o Aegro reúne as informações da fazenda e a previsão climática por geolocalização da área rural. 

As informações de tempo e temperatura são atualizadas de hora em hora, com dados detalhados dos próximos 3 dias e previsões para os próximos 15 com relação à variação de temperatura, possibilidade de chuva, vento (velocidade e direção) e até janela de pulverização.

O sistema traz ainda dados sobre umidade relativa do ar por 15 dias e histórico das chuvas por geolocalização. 

imagem mostra como funciona o Climatempo no aplicativo Aegro.

A integração do Aegro com o Climatempo está disponível para produtores de todo o Brasil na versão completa do software agrícola. 

Sistema de plantio

Se você se depara todos os anos com esse questionamento de semear ou não no pó, uma opção que auxilia nesse momento é a adoção do sistema de plantio direto.

Em comparação com sistema convencional, a palhada no solo no plantio direto tem várias vantagens, como a manutenção da umidade do solo por mais tempo.

Outro ponto positivo desse sistema é maior facilidade de infiltração de água no solo. Consequentemente, as raízes das plântulas emergidas utilizarão a água presente no perfil do solo.

Diferença visual de solo com sistema de plantio convencional e direto
(Fonte: Integrar)

checklist planejamento agrícola Aegro

Conclusão

Neste artigo vimos que o momento ideal de semear é com a chegada das chuvas, pois a água é fundamental para a formação e manutenção da lavoura.

Semeio em solo seco apenas em situações de extrema necessidade, pois é uma técnica bastante arriscada! Utilize sempre sementes de alta qualidade e realize um bom tratamento.

Como você viu, o recomendável é esperar as condições ideais para realizar a semeadura e, assim, evitar riscos de perdas!

>> Leia mais:

Cálculo de semeadura da soja: 5 passos para a população de plantas ideal no seu sistema

Você já realizou ou realiza a semeadura no pó? Ficou alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!