Biofungicidas: quando vale a pena usá-los para o controle de doenças na lavoura?

Biofungicidas: saiba o que são, como são produzidos, como atuam nas plantas e quais são as vantagens e desvantagens.

As doenças das plantas podem ser um obstáculo para o sucesso da sua lavoura quando não manejadas de forma eficiente. 

Associado a isso, a busca da sociedade por alimentos com menos resíduos de agroquímicos torna o manejo de doenças de plantas um desafio ainda maior. 

Biofungicidas são produtos pouco tóxicos e altamente eficientes. Eles podem ser utilizados no controle das principais doenças das plantas cultivadas.

Nesse artigo, você irá conhecer melhor os biofungicidas e como consultar os produtos disponíveis no mercado. Boa leitura!

O que são biofungicidas?

Biofungicidas são produtos químicos que controlam doenças causadas por bactérias e fungos patogênicos de inúmeras culturas.

Como as pessoas têm buscado por alimentos com cada vez menos agroquímicos, novas soluções são oferecidas, como os bioinsumos

Dentro deles estão os biofungicidas, que são:

  • microrganismos que atuam diretamente nos patógenos que atacam as plantas, fazendo com que eles não se desenvolvam;
  • fungos e bactérias não patogênicos que quando aplicados na planta, entram em contato com o patógeno e o enfraquecem. Agem como fungicidas naturais.

Como são desenvolvidos os biofungicidas?

Os biofungicidas produzidos a partir de organismos encontrados no meio ambiente. Por natureza, são predadores de outros microrganismos.

Essas espécies são estudadas em laboratório e em campo para garantir sua eficácia no controle de doenças.

O registro dos produtos desenvolvidos nas pesquisas envolve a avaliação e aprovação do Mapa, do Ibama e da Anvisa. Trata-se de um processo bastante lento.

Na imagem, bactérias Bacillus amyloliquefaciens, usadas como matéria-prima de biofungicidas.

Bactéria Bacillus amyloliquefaciens, usada como matéria-prima de biofungicida

(Fonte: Indiamart)

Quando comprovada sua eficiência e confiabilidade, ele é devidamente registrado. 

Em seguida, os microrganismos são reproduzidos industrialmente e de maneira controlada para a fabricação dos produtos comerciais.

Atuação nas culturas

Os biofungicidas podem ser aplicados no tratamento de sementes e também pulverizados diretamente na cultura.

Quando o produto entra em contato com a planta doente ou com o patógeno, começa o processo de controle da doença. Esse controle pode ser por meio de:

  • ação direta: o agente biológico produz substâncias antibióticas e antifúngicas que impedem o progresso, infecção e reprodução da doença no hospedeiro;
  • ação indireta: o agente biológico estimula a planta a se defender do patógeno.

Esses microrganismos benéficos atuam por meio da produção de metabólitos secundários, que têm ação contra bactérias e fungos patogênicos.

A ação é minuciosamente estudada para que o perfil do produto seja o mais confiável possível. Ou seja, é necessário encontrar microrganismos cujas enzimas liberadas não sejam nocivas às plantas.

Controle de doenças causadas por fungos de solo

Um dos microrganismos mais usados na produção de biofungicidas são fungos do gênero Trichoderma.

Eles controlam doenças causadas por fungos de solo em soja, cana-de-açúcar, algodão, olerícolas, etc.

Essas doenças infectam raízes, base do caule, sistema vascular. Além disso, causam murchas e podridões.

Imagem mostra fungo trichoderma em uma placa de vidro. O fungo possui coloração verde.

Fungo Trichoderma, que pode ser usado como biofungicida

(Fonte: Embrapa)

Há grande expectativa na utilização deste fungo no controle do mofo-branco da soja, da fusariose e da podridão radicular.

Além do controle de doenças, também há estudos sobre benefícios do fungo em relação ao crescimento das plantas e aumento na produtividade.

Essa ação se dá pela maior disponibilidade de nutrientes para as plantas, através da ação de enzimas que solubilizam fosfatos e material orgânico. 

Algumas linhagens de Trichoderma também produzem hormônios promotores de crescimento.

Prós e contras do uso de biofungicidas

Você irá encontrar vantagens e desvantagens na utilização de biofungicidas, como em todas as práticas de manejo. Veja algumas delas abaixo e faça sua análise.

Vantagens

  • A pulverização segue as práticas tradicionais de aplicação de fungicidas;
  • Redução na utilização de agroquímicos;
  • Redução do risco de contaminação ambiental; 
  • Redução do risco de contaminação do aplicador; 
  • Os alimentos produzidos têm menor concentração de resíduos químicos; 
  • Redução de custos no controle de doenças;
  • Controle eficiente de doenças;
  • Promotor de crescimento das plantas; 
  • Opção no manejo integrado de doenças.

Desvantagens

  • Poucas pesquisas na área de biofungicidas;
  • Menor prazo de validade dos produtos;
  • Requer maior cuidado no manuseio e transporte.

Ainda há um longo caminho a percorrer para que os biofungicidas sejam vistos como prioridade no controle de doenças no Brasil.

Com estudos científicos, maior oferta de produtos e tecnologia é possível que o agronegócio brasileiro desponte como líder nesse segmento.

Produtos no mercado nacional

São vários os produtos comerciais disponíveis no mercado. 

Pela plataforma Agrofit do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, você pode realizar a consulta dos biofungicidas. Siga o passo a passo a seguir: 

  1. Acessar o site do sistema Agrofit;
  2. Selecionar “Produtos formulados”;
  3. Em “Classe”, selecionar a opção “Fungicida microbiológico”;
  4. Selecionar “Consultar”.

Como resultado da pesquisa será apresentada uma lista com todos os biofungicidas com registro no Brasil.

Imagem mostra o site do Mapa, na aba de busca por insumos agrícolas.

Site de busca de insumos agrícolas do Mapa

(Fonte: Mapa)

Esta pesquisa lhe mostrará diversos organismos microbiológicos que já passaram pelo processo de pesquisa e autorização. Eles podem ser utilizados na formulação de produtos comerciais.

Os produtos utilizam diversas espécies de microrganismos, e dentre eles estão:

Bacillus spp.

  • Sonata: Utilize para controle de oídio, mofo-cinzento, podridão-olho-de-boi, antracnose, mancha-púrpura e pinta-preta.
  • Ataplan: Pulverize para agir em casos de antracnose, fusariose, tombamento da soja e podridão do colo.

Trichoderma spp.

  • Tricho-Turbo: Controle de tombamento, mancha-de-fusarium, mofo-branco e nematicida.

Utilize os produtos citados para o controle das respectivas doenças em todas as culturas.

Na imagem, foto da embalagem de 1 litro do biofungicida Tricho-turbo

Embalagem do biofungicida Tricho-turbo

(Fonte: Vittia)

Os biofungicidas são produtos classificados com tarja verde. Portanto, são pouco perigosos quanto à classificação toxicológica e ambiental.

No entanto, siga todos os procedimentos de segurança na aplicação dos produtos. 

Faça o uso do equipamento corretamente, e previna-se de possíveis danos utilizando todo o equipamento de proteção individual recomendado.

Siga as orientações da bula e do receituário agronômico para proceder com a pulverização!

Planilha de custos dos insumos da lavoura

Conclusão

Os biofungicidas são uma ótima opção para evitar o uso de produtos altamente tóxicos.

Apesar de ainda pouco difundidos no nosso modelo de produção agrícola, eles possuem inúmeras vantagens. Redução de custos e melhor qualidade dos alimentos são apenas algumas delas.

Não se esqueça de tomar todos os devidos cuidados ao manipular e aplicar o produto. E na dúvida, consulte um engenheiro-agrônomo.

>> Leia mais:

“Mancha-púrpura na soja: como livrar sua lavoura dela”

Você já sente segurança para utilizar biofungicidas no controle de doenças da lavoura? Já utiliza essa tecnologia no manejo integrado? Compartilhe sua experiência!

Por que o controle biológico com Trichoderma pode ser uma boa opção para sua lavoura

Controle biológico com Trichoderma: entenda como o fungo pode auxiliar no controle de doenças, seus mecanismos de ação, cuidados e recomendações de aplicação.

O uso de biopesticidas no controle de pragas e doenças impacta positivamente na produtividade. Ele reduz perdas e custos, e garante uma produção cada vez mais  sustentável.

Fungos do gênero Trichoderma spp. podem promover crescimento às mais diversas culturas, como cereais e grãos. 

Estes microrganismos podem aumentar a produtividade em até 60%, além de melhorar a tolerância das culturas aos estresses. 

Neste artigo, você verá as características desse fungo, os mecanismos de ação, a quais doenças é recomendado e os cuidados necessários na aplicação. Boa leitura!

Características do gênero Trichoderma

Trichoderma é um fungo encontrado naturalmente nos solos, em populações variáveis. 

Eles representam um grupo de diversas espécies de interesse agrícola. São capazes de controlar uma gama de doenças de plantas.

Aspecto visual das estruturas fúngicas de Trichoderma spp. à esquerda e colônias de diferentes espécies à direita, demonstrando variação da coloração entre isolados e espécies

Aspecto visual das estruturas fúngicas de Trichoderma spp. à esquerda e colônias de diferentes espécies à direita, demonstrando variação da coloração entre isolados e espécies
(Fonte: Bhaszcyet al., 2014)

São decompositores de madeiras e matéria orgânica. 

Atualmente, existem mais de 200 espécies do gênero. Elas possuem diferentes potenciais para a proteção dos cultivos, promoção de crescimento e tolerância aos estresses.

Têm alta capacidade de colonizar a rizosfera, região do solo influenciada pelas raízes. Ela tem máxima atividade microbiana, localizada próximo às raízes das plantas.

Esses fungos também colonizam diversos outros substratos, sob diferentes condições ambientais.

Representação visual das raízes de uma planta, e do local onde localiza-se a rizosfera (em marrom). A rizosfera é rica em compostos liberados pelas raízes, atrativos aos microrganismos presentes no solo

Representação visual das raízes de uma planta, e do local onde localiza-se a rizosfera (em marrom). A rizosfera é rica em compostos liberados pelas raízes, atrativos aos microrganismos presentes no solo
(Fonte: Cardoso et al., 2016)

Esse gênero também tem a capacidade de produzir estruturas de resistência no solo. As estruturas permitem a sua sobrevivência por longos períodos e em condições adversas.

Mecanismos de ação para o controle de doenças de plantas

Os mecanismos de ação de controle de fitopatógenos por fungos do gênero Trichoderma incluem:

  • micoparasitismo;
  • antibiose;
  • competição;
  • indução de defesas ou resistência nas plantas.

A seguir, veja um pouco sobre como funciona cada um dos mecanismos de ação.

Micoparasitismo

Os fungos Trichoderma se alimentam absorvendo nutrientes por meio de estruturas chamadas hifas. 

As hifas penetram o tecido do hospedeiro e liberam enzimas que degradam a parede celular dos fitopatógenos.

A grande diversidade de enzimas degradadoras de parede celular, produzidas pelo fungo, impossibilita a defesa dos patógenos alvos.

Essas enzimas interferem na germinação de esporos, crescimento de hifas e desenvolvimento de estruturas de resistência pelos patógenos.

Antibiose

O fungo inibe os demais microrganismos fitopatógenos que também se desenvolvem no solo, a partir da produção de metabólitos secundários (tóxicos).

Os metabólitos, combinados com a ação das enzimas degradadoras, já foram relatados efetivos no controle de pulgões

Eles possuem capacidade entomopatogênica.

Competição

Caracteriza-se pelo comportamento/crescimento desigual de dois organismos.

Ambos competem por recursos essenciais à sobrevivência, como nutrientes, oxigênio, espaço, luz, dentre outros.

Fungos do gênero Trichoderma possuem vantagens no ambiente, como:

  • rápido crescimento e estabelecimento;
  • produção de enzimas (micoparasitismo);
  • produção de compostos metabólitos secundários tóxicos (antibiose).

São considerados ótimos competidores e oportunistas. Apresentam grande adaptabilidade. Eles podem crescer sobre uma gama de fontes de carbono, nitrogênio e diferentes temperaturas.

esquema de mecanismos de ação de Trichoderma no controle de fitopatógenos e produção de compostos relacionados à promoção de crescimento em plantas

Mecanismos de ação de Trichoderma no controle de fitopatógenos e produção de compostos relacionados à promoção de crescimento em plantas
(Fonte: adaptado de Konappa et al., 2020)

Confronto direto in vitro à esquerda, de isolado de Trichoderma (representado pela letra T na figura) e o patógeno Sclerotinia sclerotiorum, causador do mofo branco em diversas culturas, incluindo a soja (representado pelas letras Ss). À direita é possível observar o fungo biocontrolador Trichoderma spp. envolvendo as estruturas de S. sclerotiorum

Confronto direto in vitro à esquerda, de isolado de Trichoderma (representado pela letra T na figura) e o patógeno Sclerotinia sclerotiorum, causador do mofo branco em diversas culturas, incluindo a soja (representado pelas letras Ss). À direita é possível observar o fungo biocontrolador Trichoderma spp. envolvendo as estruturas de S. sclerotiorum
(Fonte: Eriston Vieria Gomes, 2015)

Indução de resistência e promoção de crescimento

Os fungos Trichoderma auxiliam na disponibilização de nutrientes presentes no solo que não estavam prontamente disponíveis às plantas. Como consequência:

  • aumentam a porcentagem e taxa de germinação de sementes;
  • estimulam as defesas das plantas contra estresses;
  • tornam o fósforo absorvível pelas plantas;
  • auxiliam na aquisição de nutrientes, devido ao aumento da expressão de genes relacionados;
  • promovem crescimento pela produção de auxinas e metabólitos que favorecem o desenvolvimento de raízes mais vigorosas e profundas. Através dessa característica, auxiliam na tolerância à seca;
  • incrementam a absorção de nutrientes e desenvolvimento de pêlos absorventes nas raízes laterais do sistema radicular;
  • aumentam a superfície de absorção de nutrientes pelas raízes;
  • provocam diminuição dos níveis de etileno nas plantas, favorecendo seu crescimento;
  • ajudam no incremento da massa seca, conteúdo de amido e açúcares solúveis, e eficiência fotossintética;
  • interferem positivamente na assimilação de nitrogênio;
  • ativam a resistência sistêmica induzida, a partir de fitormônios.

Aplicação de produtos à base de Trichoderma para o controle de doenças de plantas

Diversas espécies de Trichoderma spp. podem ser utilizadas no controle de doenças, especialmente aquelas causadas por fungos e nematoides

É importante que a bula, bem como a dose recomendada pelo fabricante, seja rigorosamente utilizada. 

Embora diversos produtos sejam formulados a partir da mesma espécie de Trichoderma, existem distinções quanto à gama de doenças que eles podem controlar.

Além disso, embora seja um produto biológico, doses excedentes podem causar problemas aos cultivos.

Confira a seguir alguns produtos indicados e para o controle de quais doenças são recomendados:

Espécies do gênero Trichoderma e pragas alvo a quais são recomendados.

tabela com produtos indicados e para o controle de quais doenças são recomendados

(Fonte: elaborada pela autora a partir da consulta do Sistema de Agrotóxicos fitossanitários (Agrofit))

Informações e cuidados importantes: manipulação e aplicação de Trichoderma spp.

  • O mesmo microrganismo, da mesma espécie, pode ter indicações de controle de doenças distintas, conforme o isolado e comprovação pelo fabricante;
  • Condições meteorológicas devem ser ideais para aplicação dos produtos biológicos, para garantir que eles possam se estabelecer adequadamente sobre a cultura. Evite a aplicação em dias muito quentes e secos;
  • A temperatura ideal de aplicação varia entre 20 ℃ a 35  ℃;
  • Faça a aplicação preferencialmente no final da tarde ou à noite, em dias nublados ou com garoa fina;
  • Evite a exposição a dias muito ensolarados e muito quentes ou frios (superior a 35  ℃ e inferior a 20  ℃). Essas condições podem inviabilizar as estruturas do fungo;
  • Consulte sempre a compatibilidade do formulado à base de Trichoderma spp. com defensivos químicos. Assim você evita a redução ou até mesmo ineficiência do produto biológico na cultura;
  • Existem diversos produtos que possuem em sua formulação mais de uma espécie do gênero Trichoderma;
  • Armazene o produto em local seco e fresco (4 ℃) para durabilidade máxima em prateleira (consulte a bula do produto).

Principais vantagens do controle biológico com Trichoderma

A aplicação de biopesticidas, especialmente os do gênero Trichoderma, incluem uma série de vantagens, como:

  • redução da contaminação humana e ambiental pelo uso de moléculas químicas;
  • introdução de agentes benéficos no ambiente agrícola, que ali se estabelecem e promovem uma série de benefícios;
  • controle de diversos fitonematoides, que normalmente são de difícil controle;
  • custo próximo ou inferior ao empregado no uso de defensivos químicos;
  • manejo de resistência de pragas às moléculas químicas, uma vez que esses microrganismos possuem diferentes mecanismos de ação.

Desvantagens

É necessário se atentar a algumas questões, que podem ser desvantajosas em  determinadas situações: 

  • na conduta do fabricante, para que o produto contenha o número de células ou colônias viáveis adequado, para sua correta eficiência;
  • nas condições de armazenamento, tanto enquanto o produto é distribuído entre os fornecedores quanto com o consumidor final. Nessa etapa, é importante que o produto não seja submetido a temperaturas inadequadas;
  • na durabilidade do produto depois de aberto, que é limitada;
  • no tempo de resposta no tratamento, que é variável em função de uma série de fatores, incluindo a temperatura e umidade em que o produto é aplicado. Esse tempo pode não ser imediato (quando comparado ao uso de moléculas químicas). 

Conclusão

Nesse artigo, você conheceu um pouco mais sobre os fungos do gênero Trichoderma

Conheceu os mecanismos de ação envolvidos no controle de doenças de plantas e sua aplicabilidade, inclusive no controle de pragas, como pulgões.

É importante que você tome cuidados antes da aplicação destes produtos. Armazene em locais frescos, secos e arejados conforme indicado na bula do produto, e siga rigorosamente as orientações.

Além disso, vale reforçar que a lista de patógenos que podem ser controlados é grande.

Você sempre deve conferir a bula do produto. Os patógenos que são controlados e as culturas em que a aplicação é recomendada podem variar.

>> Leia mais: “Como o baculovírus pode controlar as pragas na sua lavoura”

Você já realizou o controle biológico com Trichoderma na sua lavoura? Ficou com alguma dúvida? Deixe aqui nos comentários que terei o prazer em te auxiliar. 

Uso de Bacillus subtilis no controle de nematoides na soja

Bacillus subtilis no controle de nematoides: veja como utilizar e conheça as vantagens e desvantagens da sua aplicação 

Os nematoides são parasitas presentes no solo. Eles podem causar danos severos à lavoura.

O uso de agentes biológicos, como a aplicação de Bacillus subtilis, é uma ferramenta interessante para o manejo dessas pragas na soja. 

Neste artigo, você saberá mais sobre o Bacillus subtilis e como utilizá-la no manejo de nematoides da sua lavoura.

Nematoides na cultura da soja

Os nematoides são organismos de formato parecido com o de um verme, dificilmente visíveis a olho nu. Eles podem ocasionar danos severos à lavoura quando não controlados.

Por causa de características como formação de estruturas de resistência e por atacarem várias espécies de plantas, são de difícil controle.

Os principais nematoides que atacam a cultura da soja são os formadores de cistos e de galhas.

Os nematoides de cisto (Heterodera glycines) produzem uma estrutura de resistência (cisto). Essa estrutura permite a sobrevivência dos ovos por muito tempo no solo.

Os nematoides das galhas  (Meloidogyne javanica e Meloidogyne incognita) produzem protuberâncias denominadas galhas nas raízes.

Seu ataque na lavoura pode ser identificado pela presença de manchas ou reboleiras, contendo plantas amareladas e com crescimento irregular. 

O manejo é realizado através de técnicas como a rotação de culturas, uso de cultivares resistentes, uso de agrotóxicos e cultivo em áreas livres da praga.

Uma alternativa interessante para o manejo de nematoides na soja é o controle biológico, através do uso de organismos vivos, como bactérias.

O uso de bactérias do gênero Bacillus sp., como Bacillus subtilis, vem sendo empregado com sucesso para o controle desses patógenos

Uso de Bacillus subtilis no controle de nematoides

O Bacillus subtilis é uma bactéria que ocorre naturalmente nos solos, principalmente naqueles bem estruturados e com boa matéria orgânica.

Essa espécie tem a capacidade de colonizar as raízes das plantas, e também pode ser chamada de rizobactéria.

É uma espécie muito estudada para o controle biológico. Ela tem a capacidade de produzir compostos tóxicos aos patógenos, como compostos antimicrobianos e antifúngicos.

Essas substâncias interferem no ciclo reprodutivo da praga, além da indução de resistência na planta.

Outra característica importante desta espécie é sua ação no controle de nematoides.

Sua eficácia já foi verificada em várias culturas agrícolas, como cana-de-açúcar, tomate e soja. 

Na tabela abaixo, você pode observar a redução no número de ovos de nematoides (Meloidogyne spp.) em raízes de plantas de soja após a inoculação das sementes com Bacillus subtilis.

tabela com número de ovos de Meloidogyne spp. em raízes de dois genótipos de soja (BRS 184 e BRS 282), em função do tratamento de sementes com carbofurano e Bacillus subtilis (Alvorada do Sul, PR, 2010)

Número de ovos de Meloidogyne spp. em raízes de dois genótipos de soja (BRS 184 e BRS 282), em função do tratamento de sementes com carbofurano e Bacillus subtilis (Alvorada do Sul, PR, 2010)
(Fonte: Araújo et al.,2012)

Além do controle de patógenos e nematoides, o Bacillus subtilis é uma bactéria promotora de crescimento.

Ao se associar com as raízes das plantas, ela melhora a disponibilidade de nutrientes

Além disso, através de compostos antimicrobianos e fitorreguladores, proporciona melhor sanidade e crescimento à cultura.

Quando e como aplicar o Bacillus subtilis?

Já existem no mercado produtos à base de Bacillus subtilis para aplicação em diversas culturas.

A época e a forma de aplicação dependem do produto usado.

A aplicação pode ser feita em pré-semeadura, como tratamento de sementes ou no sulco de semeadura. 

Também pode ser feita no solo em que será realizado o plantio, no caso de mudas. 

Em pós-semeadura ou plantio, a aplicação pode ser realizada através de pulverizações diretamente sobre as culturas ou no solo.     

Vantagens e desvantagens do uso de Bacillus subtilis no controle de nematoides

Além de vantagens como ação tóxica contra patógenos e nematoides e a promoção de crescimento nas plantas, a aplicação de Bacillus subtilis apresenta outros benefícios, como:

  • baixo custo;
  • fácil aplicação;
  • boa eficiência;
  • baixa toxidez;
  • não deixam resíduos no ambiente;
  • pode ser aplicado em diversas culturas além da soja;
  • não possui período de carência.

 Por outro lado, a utilização desta ferramenta apresenta algumas desvantagens:

  • o ambiente deve ser favorável para o seu desenvolvimento. Sua eficácia depende de fatores como pH, temperatura, aeração e tipo de solo, dentre outros;
  • são necessários maiores cuidados no transporte e armazenamento;
  • pode apresentar incompatibilidade com alguns produtos, principalmente inseticidas e fungicidas utilizados no tratamento de sementes.
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Conclusão

Os nematoides são pragas de difícil controle e que podem ocasionar perdas importantes na lavoura.

O uso de Bacillus subtilis no controle de nematoides pode ser uma excelente ferramenta na soja e em muitas outras culturas.

Além do controle destas pragas, seu uso apresenta inúmeras vantagens: dentre elas a promoção do crescimento das plantas, podendo refletir em maior produtividade.

Por outro lado, por ser um organismo vivo, depende de alguns fatores para que a sua utilização seja eficiente. Também atente-se a eles no momento de realizar o manejo.

>> Leia mais:

“5 maneiras de controlar os nematoides na soja”

“Como a crotalária controla nematoides em sua lavoura”

Restou alguma dúvida sobre o uso de Bacillus subtilis no controle de nematoides em soja? Deixe seu comentário abaixo!

Tudo o que você precisa saber sobre a cercosporiose no café

Cercosporiose no café: principais sintomas, as condições favoráveis para a doença, como controlar e muito mais!

O Brasil é um dos maiores produtores de café do mundo. Apesar disso,  alguns problemas tendem a prejudicar as lavouras.

As doenças causadas por fungos, como a cercosporiose, são um desses problemas. Você sabe como evitar isso e garantir uma boa produtividade?

Conhecer as doenças do café e suas particularidades é essencial. Através desse conhecimento, você é capaz de tomar as decisões de manejo corretas.

Neste artigo, você conhecerá melhor a cercosporiose no café, como a evitar e a controlar. Confira tudo a seguir!

O que é a cercosporiose do café?

A cercosporiose no café é causada pelo fungo Cercospora coffeicola. Também é conhecida como mancha de olho pardo ou mancha-de-cercospora. Ela pode ser muito confundida com a mancha aureolada do cafeeiro, mas é uma doença diferente.

Esse fungo ataca principalmente as folhas e os frutos. Como consequência, causa perdas de produtividade e da qualidade dos grãos.

A doença foi relatada no Brasil, pela primeira vez, em 1887. Ainda hoje está presente em praticamente todas as áreas produtivas do país.

A cercosporiose pode afetar as plantas desde sua fase jovem. Ou seja, desde logo após o plantio até cafeeiros em plena produção.

Por isso, é considerada a segunda doença mais importante na cultura do café, estando atrás apenas da ferrugem do cafeeiro.

A fim de evitar perdas de produção e de qualidade do café, é necessário realizar o manejo adequado da doença.

Veja na figura a seguir as principais doenças do café, além dos períodos mais favoráveis ao desenvolvimento de cada uma.

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Sintomas da doença

A cercosporiose na plantação de café pode causar danos em mudas, folhas e frutos.

Nas folhas, os sintomas inicialmente são pequenas manchas circulares de coloração marrom-escura, que vão crescendo rapidamente.

O centro dessas lesões se torna cinza-claro, com um anel amarelado em volta dela. A aparência é de um olho, daí o nome da doença.

Além disso, algumas lesões podem não formar o halo amarelado. As manchas podem ser mais escuras, sem a formação do centro cinza-claro.

Nessas condições, a doença é chamada cercospora negra. Ela é muito comum em cafeeiros com deficiência de fósforo.

As folhas atingidas caem rapidamente, causando intensa desfolha das plantas e até mesmo a seca dos ramos. Por isso, a fotossíntese da planta é prejudicada.

As mudas podem se tornar raquíticas devido à desfolha intensa. Isso as torna impróprias para a comercialização e plantio.

Já nos frutos, os sintomas começam a aparecer quando ainda estão pequenos. Eles aumentam no início da granação (80-100 dias após a florada do café).

Esses sintomas são pequenas manchas necróticas e deprimidas, de coloração marrom a preta.

Além disso, também ocorre:

  • a queda precoce dos frutos;
  • maturação acelerada;
  • aumento da quantidade de grãos cochos.

Esses sintomas prejudicam o descascamento e despolpamento dos frutos. Afinal, essas lesões da casca necrosada ficam aderidas à semente.

Isso causa o problema de grãos quebrados e de má qualidade, o que prejudica a qualidade da bebida.

Ciclo de vida e condições ideais para o desenvolvimento da cercosporiose no café

A disseminação do fungo ocorre através do vento, água ou até mesmo por insetos.

Após atingir a planta e sob as condições favoráveis de umidade e temperatura, ocorre a sua germinação e a penetração através da cutícula. 

A ocorrência se dá pelas aberturas naturais da folha.

A doença é favorecida em temperaturas entre 18°C e 25°C, com elevada umidade relativa e elevada radiação solar.

Após períodos de chuva seguidos de veranicos ou em períodos de intensa radiação solar e déficit hídrico, a doença pode ser intensificada.

O desequilíbrio nutricional também pode influenciar na incidência dessa doença.

Em sistemas convencionais, outros fatores podem resultar em maior suscetibilidade da cercosporiose no café:

  • menores teores de cálcio;
  • magnésio foliares nas fases de granação e maturação dos frutos;
  • carência de nitrogênio.

Como prevenir e evitar o ataque da cercospora no cafeeiro

Evitar a entrada do patógeno na sua lavoura é sempre muito importante. Você deve evitar, primeiramente, a entrada do fungo nos viveiros de mudas de café.

Para isso, existem medidas que você pode adotar: 

  • controle de irrigação diária, evitando excesso de água;
  • evitar o excesso de potássio nas adubações;
  • realizar a calagem no substrato, evitando assim a falta de cálcio para as mudas;
  • sementes limpas, sadias e devidamente tratadas;
  •  o viveiro deve ser bem arejado e com sombreamento adequado;
  •  proteger as mudas de ventos frios e da insolação;
  •  eliminar mudas e folhas mortas do viveiro;

Já na lavoura, as medidas preventivas envolvem:

  •  evitar plantio em solos arenosos e compactados;
  •  fertilização equilibrada;
  •  níveis adequados de nitrogênio;
  • evitar excesso de umidade;
  • evitar plantios tardios;
  • uso de mudas de variedade com maturação tardia para regiões mais quentes.

Para prevenir o ataque da cercospora no cafeeiro, dosar os nutrientes corretamente é essencial.

Para tornar o processo de adubação do café mais fácil, preparamos uma planilha para você! Baixe gratuitamente clicando na imagem a seguir:

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Controle da mancha de cercospora

O controle sempre será mais eficiente com auxílio do manejo integrado de doenças. Realize todas as medidas que estão disponíveis.

Por isso, nunca use apenas um tipo de controle. Em relação à cercosporiose do café, não há relatos de variedades resistentes ou tolerantes. 

Utilize o controle químico com o uso de fungicidas como ferramenta de controle preventivo da doença.

O controle da cercosporiose coincide com o controle da ferrugem. Portanto, você pode usar formulações ou misturas de tanque que envolvam produtos para as duas doenças.

Entretanto, algumas lavouras apresentam elevadas cargas de frutos e estão situadas em regiões mais favoráveis à doença.

Nesses locais, as aplicações também devem ser realizadas entre final de dezembro e os meses de março e abril. Aplique especialmente se suas plantas não receberem tratamento contra ferrugem.

Além da escolha certa do ingrediente ativo, escolher a tecnologia correta é ideal. Não esqueça de considerar todos os fatores que podem afetar a aplicação sem prejudicar o controle dessa doença.

Conclusão

A mancha de cercospora em cafeeiro é causada por um fungo e está presente nas principais regiões produtoras de café do Brasil.

Esse fungo é favorecido pela alta radiação solar e pela elevada umidade. Além disso, desequilíbrios nutricionais podem intensificar os danos causados por essa doença.

Os danos da cercosporiose no café podem afetar as mudas e a qualidade da bebida. Por isso, o manejo correto é essencial.

Lembre-se que um bom planejamento do plantio pode ser muito eficaz para prevenção da doença e para o aumento da produtividade!

>> Leia mais:

“Cercosporiose no milho: saiba como manejar a doença”

“Guia rápido da adubação de boro e zinco no café”

10 dicas para melhorar a gestão de sua lavoura de café

Você já teve problemas com a cercosporiose no café? Quais medidas de manejo você precisou realizar? Deixe sua experiência aqui nos comentários!

Guia completo de análise e manejo dos principais nematoides no algodão

Nematoides no algodão: conheça as principais espécies e seus sintomas, o que é a análise nematológica e como é realizado o manejo desses parasitas nos algodoais.

Os nematoides podem causar inúmeros danos às lavouras. Além disso, sua presença pode facilitar a entrada de fungos nas plantas.

Saber identificar os nematoides e determinar seu nível populacional é essencial. Assim, você consegue traçar um plano de manejo eficiente no controle desses parasitas.

Neste artigo, você conhecerá os principais nematoides da cultura do algodão. 

Você também terá um guia completo de como realizar a amostragem para análise nematológica, e assim conseguirá se planejar melhor. Confira!

Principais nematoides no algodão

No Brasil, três espécies de nematoides causam grandes prejuízos à cultura do algodão

As espécies de maior importância econômica são:

Esses nematoides estão amplamente disseminados nas regiões produtoras de algodão. Além disso, têm causado prejuízos a diversas outras culturas como soja, feijão, milho e cana-de-açúcar.

A ausência de sintomas evidentes pelo ataque de nematoides faz com que alguns sintomas sejam confundidos com problemas de compactação do solo, desequilíbrios nutricionais e estresse hídrico

Nematoide das galhas (Meloidogyne incognita)

Os nematoides das galhas têm grande importância econômica. Eles afetam diversas espécies de plantas cultivadas e não-cultivadas.

Têm maior ocorrência em condições de clima quente e em solos arenosos e médio-argilosos.

Na parte aérea das plantas atacadas por nematoides das galhas, é possível observar o amarelecimento com aspecto mosqueado das folhas (sintoma de “carijó”). Esses parasitas prejudicam o desenvolvimento das plantas. 

Plantas afetadas apresentam sistema radicular menos desenvolvido e com menor número de raízes secundárias.

Outro sintoma é a formação de galhas nas raízes. Elas ocorrem em função da penetração e infecção pelo nematoide.

O sintoma de galha facilita a identificação em campo.

Galhas nas raízes da planta de algodão provocadas por M. incognita

Galhas nas raízes da planta de algodão provocadas por M. incognita
(Fonte: LSU College of Agriculture)

Nematoide reniforme (Rotylenchulus reniformis)

O nematoide reniforme possui um grande número de hospedeiros. 

Além disso, tem a capacidade de sobreviver em condições adversas. Isso possibilita sua sobrevivência na área mesmo na ausência do hospedeiro.

O nematoide reniforme pode ser encontrado em vários tipos de solo. 

Lavouras de algodão com sintomas provocados por esse parasita podem apresentar plantas de tamanho reduzido e menor volume de raízes.

Dependendo do nível populacional de nematoides e da suscetibilidade da cultivar, pode ser observado o sintoma de “carijó” nas folhas. 

Nesse caso, as folhas apresentam áreas amareladas que necrosam com o tempo.

Sintoma de “carijó” em folha de algodão causado pelo nematoide reniforme

Sintoma de “carijó” em folha de algodão causado pelo nematoide reniforme
(Fonte: Galbieri et al., 2015)

Nematoide das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus

A espécie Pratylenchus brachyurus é conhecida como nematoide das lesões radiculares

Esse nematoide tem ampla gama de hospedeiros (inclusive plantas daninhas). Tem maior ocorrência em solos de textura média.

Ele destrói o sistema radicular das plantas, provocando sintomas como podridão e necrose, diminuindo o número de radicelas. 

As plantas afetadas também podem apresentar clorose e murchamento.

 À esquerda, raízes necrosadas pelo parasitismo do nematoide das lesões radiculares. À direita, galhas provocadas por Meloidogyne incognita (plantas com 80 dias após a inoculação)

 À esquerda, raízes necrosadas pelo parasitismo do nematoide das lesões radiculares. À direita, galhas provocadas por Meloidogyne incognita (plantas com 80 dias após a inoculação)
(Fonte: Boletim P&D – IMAmt)

Interação entre nematoides e fungos de solo

A associação entre nematoides e fungos de solo é bastante comum. 

O ataque dos nematoides aos tecidos radiculares facilita a entrada de fungos fitopatogênicos na planta

Além disso, predispõe fisiologicamente as plantas de algodão a ação do fungo.

Nematoide das galhas, nematoide reniforme e nematoide das lesões radiculares apresentam associação com fungos do gênero Fusarium e Verticillium

Assim, doenças causadas por esses fungos são favorecidas na presença desses nematoides.

Análise nematológica

A análise nematológica tem por objetivo quantificar a população de nematoides e também identificar as espécies parasitas. 

A avaliação é feita somente em laboratório. O eficiente manejo de nematoides está diretamente relacionado à análise nematológica. 

É preciso ter conhecimento das espécies presentes na área e seu nível populacional para estabelecer estratégias de controle. Conhecer o histórico da área também é fundamental.

Quando fazer a amostragem

A amostragem deve ser realizada durante o florescimento da cultura

É nessa fase que as plantas estão em pleno desenvolvimento. Os nematoides podem ser encontrados em elevados níveis populacionais nas raízes e no solo.

No final da fase reprodutiva, as raízes das plantas entram em senescência e a população de nematoides diminui.

Material para amostragem

Confira quais materiais são necessários para a coleta das amostras de solo e raízes:

  • balde;
  • enxada;
  • pá;
  • tesoura de poda;
  • sacos plásticos (previamente identificados);
  • caixa térmica.

Como coletar as amostras

Para a coleta das amostras, caminhe em zigue-zague pela área. A coleta deve ser feita na linha de plantio a uma profundidade de 25 cm.

Em áreas com suspeita de ocorrência de nematoides reniformes, a profundidade de amostragem deve ser entre 20 cm e 40 cm.

O material coletado deve conter solo e raízes finas da cultura de interesse agronômico. 

O solo coletado deve ser aquele que se encontra localizado próximo ao sistema radicular da planta.

Em relação ao número de subamostras, amostre entre 20 e 25 pontos a cada 10 hectares, no máximo.

As subamostras devem ser homogeneizadas em um balde, formando uma amostra composta. 

A amostra composta deve ser formada por aproximadamente 500 g de  solo e 50 g de raiz por área amostrada.  

Armazene as amostras em sacos plásticos previamente identificados com uma ficha de coleta. As raízes e o solo devem estar acondicionados no mesmo saco plástico.

Na ficha de coleta, insira informações como:

  • número da amostra;
  • cultivar plantada;
  • sintomas;
  • tipo de solo;
  • sistema de plantio;
  • data de semeadura;
  • local;
  • data da coleta. 

Transporte as amostras até o laboratório de nematologia o mais rápido possível

Os sacos de amostras podem ser armazenados em caixas térmicas durante esse processo, para melhor conservação do material. 

Caso o material não seja levado rapidamente para o laboratório, você pode armazená-lo em geladeira por um período máximo de 4 dias.

No laboratório, é realizada a extração e isolamento dos nematoides presentes na amostra. Após esse processo, os nematoides são identificados e quantificados.

Esquema de amostragem, homogeneização, acondicionamento, identificação, transporte de amostras de solo e raiz da cultura do algodoeiro para quantificação de fitonematoides

Esquema de amostragem, homogeneização, acondicionamento, identificação, transporte de amostras de solo e raiz da cultura do algodoeiro para quantificação de fitonematoides
(Fonte: Galbieri et al., 2015)

Cuidados na amostragem

Veja alguns cuidados que você deve adotar na coleta das amostras para análise nematológica:

  • não realizar a amostragem quando o solo estiver muito seco ou muito úmido;
  • não molhar o solo para facilitar a coleta;
  • não coletar amostras no centro de reboleiras de plantas com severos sintomas;
  • na presença de reboleira de plantas com sintomas, a amostragem deve ser feita nas plantas da periferia da área afetada;
  • coletar apenas raízes vivas da cultura de interesse agronômico;
  • utilizar sacos plásticos resistentes e limpos para armazenar as amostras;
  • identificar corretamente as sacos plásticos;
  • não deixar as amostras expostas ao sol ou à condições de altas temperaturas;
  • utilizar caixas térmicas para o transporte das amostras até o laboratório;
  • os equipamentos utilizados na amostragem devem ser limpos ao mudar o talhão de coleta.

Manejo de nematoides no algodão

A primeira medida de controle é evitar a contaminação da área. 

Para isso, não esqueça de limpar os implementos agrícolas ao mudar de talhão. Isso evita que torrões de terra contendo nematoides sejam transportados para uma área isenta. 

Para a redução do nível populacional de nematoides na área, a rotação de culturas com espécies que não são hospedeiras desses parasitas é uma boa opção. 

O manejo de nematoides também envolve o uso de genótipos tolerantes e o controle de plantas daninhas no período da entressafra.

A nutrição balanceada da lavoura também é essencial para aumentar a tolerância das plantas ao ataque de nematoides.

O controle biológico com bactérias e fungos nematógafos também é indicado para o manejo. No Brasil, já é possível encontrar no mercado alguns nematicidas biológicos

Outro método de controle é o químico

Abaixo estão listados alguns produtos registrados pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) para o controle de nematoides na cultura do algodão

tabela de nematicidas registrados para a cultura do algodão no Brasil, segundo o Mapa

Nematicidas registrados para a cultura do algodão no Brasil, segundo o Mapa
(Fonte: adaptado de Boletim P&D – IMAmt)

planilha de produtividade do algodão Aegro

Conclusão

Três espécies de nematoides causam danos à cultura do algodão no Brasil: nematoide das galhas, nematoide reniforme e nematoide das lesões radiculares.

Doenças provocadas por fungos do gênero Fusarium e Verticillium são favorecidas na presença desses parasitas.

Caso encontre sinais dos nematoides em sua lavoura, faça a análise nematológica o mais rápido possível. 

Nessa análise, você terá a quantificação e a identificação dos nematoides presentes na amostra. 

Ao realizar o manejo, lembre-se que práticas culturais, controle químico e biológico, e o plantio de cultivares tolerantes são as melhores opções.

>> Leia mais:

“Como a crotalária controla nematoides em sua lavoura”

Você já enfrentou problemas com nematoides no algodão? Realizou a análise nematológica? Quais estratégias de manejo adotou? Conte sua experiência nos comentários.

Como identificar e manejar a podridão radicular em soja

Podridão radicular em soja: conheça os sintomas, as condições de desenvolvimento, transmissão e disseminação para realizar o melhor método de controle

A podridão radicular por fitóftora é uma das doenças da soja mais importantes. 

Em cultivares altamente suscetíveis, pode causar a redução de até 100% no rendimento de grãos.

A doença está presente na maioria das áreas produtoras de soja do país e já causou muitos prejuízos.

Neste artigo, você verá como identificar essa doença e quais as melhores práticas para evitá-la. Boa leitura!

O que causa a podridão radicular em soja?

A podridão radicular em soja (ou podridão da raiz e haste por fitóftora) é causada pelo oomiceto Phytophthora sojae.

É comum que se refiram à podridão radicular por fitóftora como uma doença fúngica. No entanto, o patógeno dessa doença (oomiceto) não é considerado um fungo verdadeiro.

De origem grega, Phytophthora significa “destruidor de plantas” (Phyto = planta e phthora = destruidor).

Os Phytophthora são conhecidos por causar danos a culturas como soja, tomate, batata e citros. 

Sintomas da doença

Os sintomas da podridão radicular na soja podem ser observados da pré-emergência à fase adulta da cultura. 

O grau de severidade da doença está relacionado ao nível de resistência da soja. Plantas jovens são mais suscetíveis que plantas adultas.

No solo, as sementes infectadas podem apodrecer e a germinação pode ser retardada. Plântulas infectadas na fase inicial apresentam tecidos de coloração marrom

É comum que as plântulas morram durante a emergência.

Sintomas de podridão radicular por fitóftora em mudas de soja: (A) leve descoloração das raízes e lesão com aspecto encharcado no caule; (B) lesão de coloração marrom no caule e raízes; (C1-C3) danos no hipocótilo e cotilédone; (D) podridão da semente

Sintomas de podridão radicular por fitóftora em mudas de soja: (A) leve descoloração das raízes e lesão com aspecto encharcado no caule; (B) lesão de coloração marrom no caule e raízes; (C1-C3) danos no hipocótilo e cotilédone; (D) podridão da semente
(Fonte: Traduzido de Chang et al., 2017)

Em plantas adultas, é possível observar o apodrecimento da haste e dos ramos, que exibem coloração marrom. Esse sintoma avança da base da haste até as ramificações. 

A podridão radicular da soja também ataca severamente o sistema radicular. 

As raízes secundárias são destruídas e a raiz principal apodrece, adquirindo coloração marrom.

A doença provoca a redução do vigor da planta, clorose e a murcha das folhas. As folhas, mesmo secas, não se desprendem da planta. 

Sintomas de podridão da raiz e haste por fitóftora em soja

Sintomas de podridão da raiz e haste por fitóftora em soja
(Fonte: Daren Mueller)

A podridão radicular por fitóftora diminui a uniformidade da lavoura e o estande de plantas. 

Em alguns casos é necessário realizar operações de ressemeadura, o que aumenta os custos de produção. A doença também diminui o rendimento e a produtividade de grãos. 

Os sintomas da doença podem aparecer em plantas isoladas na lavoura. Também podem se manifestar em reboleiras, geralmente onde há acúmulo de água no solo.

Reboleira de soja com sintomas de podridão da raiz e haste por fitóftora

Reboleira de soja com sintomas de podridão da raiz e haste por fitóftora
(Fonte: Cary Hicks)

Em síntese, os principais sintomas da podridão radicular em soja são:

  • apodrecimento do sistema radicular;
  • lesões de coloração marrom em sentido ascendente na haste principal;
  • clorose
  • murcha das folhas; 
  • redução no rendimento e produtividade de grãos.

Transmissão e disseminação

Só ocorre um ciclo da podridão radicular durante o ciclo da soja. As plantas infectadas serão fonte de inóculo somente na próxima safra

O patógeno Phytophthora sojae consegue sobreviver por longos períodos, mesmo na ausência do hospedeiro. 

O solo e os restos culturais de soja contaminada são considerados as principais fontes de inóculo.

Além disso, o patógeno da podridão radicular em soja não é transmitido e disseminado por sementes de soja.

infográfico com ciclo da podridão radicular por fitóftora

Ciclo da podridão radicular por fitóftora
(Fonte: Traduzido de Crop Protection Network)

Condições para o desenvolvimento da podridão radicular em soja

As condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento da podridão por fitóftora são temperaturas em torno de 25 °C e 30 °C, além de elevada umidade do solo. 

A doença tem maior ocorrência em solos argilosos, solos compactados e mal drenados. 

Há práticas que aumentam a severidade da doença. O plantio direto na soja e a aplicação de altas doses de fertilizantes orgânicos antes da semeadura são exemplos.

Manejo da doença

O principal manejo da podridão radicular consiste no plantio de cultivares de soja resistentes à doença

Mesmo utilizando cultivares resistentes, fique de olho na ocorrência da doença na área. Existe a possibilidade de quebra da resistência da cultivar pelo patógeno.

Além do plantio de cultivares resistentes, adote práticas que melhorem as condições de drenagem e a descompactação do solo

Tenha em vista as condições de desenvolvimento da doença nesse momento. 

Outra medida a ser adotada é a rotação de culturas. Essa prática evita o aumento da quantidade do patógeno no solo.

Segundo a Embrapa, a aplicação de fungicidas na parte aérea da planta não apresenta efeito contra a podridão radicular por fitóftora. 

No Brasil, não há produtos químicos registrados para o tratamento de sementes de soja contra essa doença.

planilha de produtividade da soja

Conclusão

A podridão radicular por fitóftora da soja é uma doença causada pelo oomiceto Phytophthora sojae

O solo e os restos culturais contaminados são as principais fontes do inóculo. 

O principal método de controle utilizado para a podridão radicular por fitóftora é o plantio de cultivares resistentes

Também é importante realizar a rotação de culturas e o correto manejo do solo

Ele precisa apresentar condições como boa drenagem e descompactação, essenciais para que a doença não se estabeleça.

>> Leia mais:

“Conheça as 11 principais doenças da soja e como combatê-las (+ nematoides)”

Você já teve problemas com a podridão radicular em soja? Quais práticas de manejo você utilizou no controle da doença? Adoraria ler seu comentário!

O que mudou com a nova regulamentação para controle da ferrugem asiática da soja?

Nova regulamentação para controle da ferrugem asiática da soja: saiba como identificar o patógeno e quais as principais mudanças de procedimentos de controle

A ferrugem asiática é uma das doenças mais severas que atingem a cultura da soja, em qualquer etapa do ciclo produtivo. 

Nas regiões onde a ferrugem é relatada como epidêmica, os níveis de dano podem variar de 10% a 90% da produção

Você está por dentro da revisão e atualização dos principais procedimentos de controle da ferrugem asiática da soja? Conhecer a nova regulamentação é fundamental para não cometer erros no manejo!

Quer saber mais sobre essa doença e quais foram as principais mudanças na regulamentação para seu controle? Confira!

A ferrugem asiática da soja

A ferrugem asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, é extremamente danosa por poder atingir qualquer estádio de desenvolvimento da soja.

Apesar de só sobreviver e se reproduzir em plantas vivas, o fungo causador da ferrugem possui uma ampla gama de hospedeiras, plantas que podem ser infectadas por ele. Cerca de 150 espécies de leguminosas são hospedeiras do fungo.

No último mês, o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) publicou a Portaria n.º 306, que revisou e atualizou os principais procedimentos do PNCFS (Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja).

O PNCFS é instituído a nível nacional através da Instrução Normativa n.º 2, desde 2007. A nova regulamentação para controle da ferrugem asiática entrou em vigor no dia 1º de junho de 2021.

Como identificar a ferrugem asiática na lavoura?

Os primeiros sintomas da ferrugem asiática da soja são pequenas lesões nas folhas, de coloração castanha a marrom-escura.

Tais lesões possuem pequenas protuberâncias na parte inferior correspondente. Essas protuberâncias são estruturas do patógeno, chamadas urédias.

Conforme a doença se desenvolve, as urédias adquirem coloração castanho-claro e abrem-se como um poro.
Esporos do patógenos são expelidos desse poro. Ao serem carregados pelo vento, podem infectar novas plantas ou folhas, disseminando a doença.

Fases de desenvolvimento da ferrugem asiática da soja

Fases de desenvolvimento da ferrugem asiática da soja: sintomas iniciais, urédias na face inferior e detalhes das urédias abertas

(Fonte: Embrapa – Rafael M. Soares)

Como era antes da nova regulamentação para controle da ferrugem asiática?

A nível nacional, a doença vem sendo manejada graças a combinação de diferentes estratégias, também conhecida como MID (manejo integrado de doenças).

Confira algumas das principais estratégias do MID:

Com as cultivares mais precoces semeadas logo no início da safra, você consegue reduzir a ocorrência da doença no campo, além do número de aplicações de fungicidas.

Já bem definidas em alguns estados brasileiros, as janelas de semeadura orientam os produtores a semear em épocas menos propícias para o desenvolvimento da doença, mas favoráveis à soja.

Diferentes períodos de semeadura da soja de acordo com estado

(Fonte: Embrapa)

O fungo causador da ferrugem precisa de hospedeiros para sobreviver. Dessa forma, o vazio sanitário os elimina do campo, reduzindo a sobrevivência do patógeno.

Períodos de vazio sanitário da cultura da soja

(Fonte: Canal Rural)

O controle químico, com fungicidas, é o mais tradicional para prevenção e controle do avanço da doença na cultura da soja. Mas é preciso ter cuidado.

O uso indiscriminado de fungicidas na cultura da soja, de mesmo grupo químico, pode causar redução na porcentagem de controle ou ainda o desenvolvimento de resistência no patógeno.

Redução gradual no controle da ferrugem asiática da soja em diferentes anos e com princípios ativos diferentes

(Fonte: Embrapa)

O que muda com a nova regulamentação para controle da ferrugem asiática?

Com a nova regulamentação para controle da ferrugem da soja, haverá a instituição de um novo modelo de governança do programa de controle de pragas.

Quem fará a definição e instituição das medidas fitossanitárias de períodos de vazio sanitário e calendário de semeadura será a Secretaria de Defesa Agropecuária de cada estado.

As Secretarias deverão estabelecer as medidas com base nas sugestões e trabalho conjunto com os Órgãos Estaduais de Defesa Sanitária Vegetal e as Superintendências Federais de Agricultura.

Além disso, os resultados das pesquisas de monitoramento da doença, de eficiência de fungicidas e o zoneamento agrícola deverão ser considerados para o estabelecimento das medidas.

Esse novo modelo de governança do PNCFS é resultado de longas discussões motivadas por sugestões e integração de ideias de diversas partes, desde os produtores rurais até órgãos oficiais de Sanidade Vegetal.

As mudanças serão maiores apenas para aqueles estados onde o vazio sanitário não é realizado e nem há calendários de semeadura da cultura da soja.

Para o ano de 2021, mantêm-se as datas já definidas anteriormente, não havendo mudança e garantindo tempo para que você se programe.

planilha de produtividade da soja

Conclusão

A ferrugem asiática da soja causa danos que podem trazer queda de até 90% da produção. Por isso, é essencial saber identificar esse patógeno para combatê-lo da forma mais eficiente possível.

As técnicas de vazio sanitário e uso de calendários de semeadura para as diferentes regiões produtoras já vem sendo amplamente utilizadas como medidas de controle da doença.

Com a nova regulamentação, o uso dessas duas técnicas passa a ser oficial para os diferentes estados brasileiros. 

Mantenha-se sempre por dentro das regulamentações, para garantir uma escolha de manejo realmente eficaz.

E você, já sabia das mudanças da nova regulamentação para controle da ferrugem asiática? O que pensa sobre elas? Adoraria ler seu comentário!

Identifique os sintomas da podridão parda da haste da soja e aprenda a evitar a doença

Podridão parda da haste da soja: entenda o impacto da doença, as condições favoráveis para a sua ocorrência e como controlá-la para evitar perdas

Inúmeras doenças relatadas na cultura da soja são responsáveis pela diminuição da produtividade e qualidade dos grãos e sementes produzidas.

Você conhece a podridão parda da haste da soja? Essa doença pode causar danos, especialmente nos estádios reprodutivos da cultura.

Quer saber mais? Confira neste artigo como evitar perdas pela podridão da haste da soja e quais manejos podem ser utilizados na sua lavoura!

O que é a podridão parda da haste da soja

A podridão parda da haste da soja é causada pelo fungo Cadophora gregata (também conhecido como Phialophora gregata). Sua ocorrência pode reduzir até 25% da produtividade da cultura, principalmente nos estádios reprodutivos.

Cadophora gregata foi relatado ocorrendo na Argentina, América do Norte, distribuído em regiões de temperaturas amenas e umidade relativa do ar e solo altas; em alguns países da Europa, como a Croácia; no Japão e no Egito.

No Brasil, a podridão parda da haste pode ocorrer principalmente nos estados da região sul, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, locais caracterizados pelo clima ameno.

O fungo pode ser disseminado para áreas sem ocorrência da doença em forma de hifas e esporos que não são visíveis a olho nu, através de:

  • irrigação;
  • vento;
  • animais;
  • flores e inflorescências;
  • frutas, vagens e raízes;
  • caules acima do solo;
  • brotos;
  • troncos e galhos;
  • sementes verdadeiras (incluindo grãos).

Outro agravante deste patógeno é que, embora a infecção das plantas ocorra ainda durante os estádios vegetativos, seus sintomas e sinais são observados apenas no período reprodutivo, principalmente durante o enchimento dos grãos.

É importante que você monitore a área, uma vez que o controle mais eficiente é o uso de cultivares resistentes, e diversos patógenos já têm apresentado resistência aos fungicidas disponíveis no mercado.

Sintomas e danos 

Os sintomas podem ser facilmente confundidos com o cancro da haste e da podridão vermelha da raiz.

Porém, distinguem-se principalmente pela alteração da cor da parte interna da haste, o que não ocorre nas demais doenças.

Os sintomas foliares da podridão parda da haste, de folhas “carijó”, podem ser confundidos com os causados pelo nematoide do cisto da soja (Heterodera glycines), mas diferenciam-se por estes estarem associados aos cistos nas raízes.

Esses sintomas são observados a partir do estádio R5, caracterizado pelo início do enchimento dos grãos.

Descoloração de cor marrom-escura pode ser observada no tecido vascular da planta, incluindo raízes e colo. Em casos severos, pode apresentar sintomas de murcha intensa, semelhante à restrição hídrica.

sintomas da podridão parda da haste da soja

Sintomas na haste de plantas de soja causados por Cadophora gregata, causador da podridão parda da haste

(Fonte: Saran, 2017)

O escurecimento interno da haste e do sistema vascular são observados na planta. Eles podem estar associados a sintomas de clorose e necrose internerval, acarretando queda precoce das folhas e vagens.

O ciclo da cultura pode ser acelerado e o enchimento dos grãos prejudicado pela redução da área foliar.

necrose interna do sistema vascular da planta

Alterações características de plantas de soja, com necrose interna do sistema vascular causado por Cadophora gregata

(Fonte: Costamilan, L. M., 2014)

sintomas foliares da podridão parda

Sintomas foliares da podridão parda da haste de soja, com necrose internerval, sintoma de folhas “carijó”, causada por Cadophora gregata

(Fonte: Costamilan, L. M., 2014)

O fungo pode sobreviver por longos períodos no solo e em profundidades de até 30 centímetros.

Condições favoráveis para ocorrência da podridão parda da haste da soja

Temperaturas entre 15°C e 27°C,  associadas à alta umidade do solo após o florescimento, são ideais para o desenvolvimento do fungo.

Temperaturas superiores a 27 °C diminuem os danos pelo patógeno, reduzindo a descoloração do sistema vascular.  Em temperaturas maiores que 32 °C, o desenvolvimento do patógeno é prejudicado, podendo cessar.

A infecção ocorre aproximadamente 30 dias após a germinação, através do sistema radicular.

O inóculo inicial pode ser proveniente dos restos culturais de plantas hospedeiras (como Vigna angularis, do feijão) e plantas de soja, disseminado pelo vento, e encontrado em reboleiras e manchas ao acaso ao longo da lavoura.

Por isso é importante que você fique de olho nos sintomas durante o cultivo.

Manejo da podridão parda da haste da soja

Prevenção

O uso de cultivares resistentes pode diminuir significativamente o inóculo da doença nas áreas de produção ao longo dos anos.

Mas, atenção! É importante que os materiais resistentes sejam utilizados por mais de quatro anos, para que uma cultivar suscetível seja novamente implantada na área

A diminuição dos danos ao longo do tempo está associada ao menor inóculo do patógeno na área e a linhagens menos agressivas.

Sistemas de plantio também interferem na severidade da doença. Sistemas de plantio direto costumam favorecer a intensidade da doença, pela degradação lenta da palhada na superfície do solo.

É importante ressaltar que embora não desenvolva estruturas de sobrevivência no solo, o patógeno pode permanecer viável nos restos culturais por longos períodos, devido à capacidade de hibernar como micélio nos resíduos da cultura que permanecem no solo.

Em sistema de plantio convencional, estudos demonstram que a incorporação da palhada e revolvimento do solo diminuem o inóculo primário do patógeno nas áreas de produção.

Por isso, inspecione e monitore a sua área de produção para a ocorrência dessa e de outras doenças. Realize o planejamento do manejo que pode ser utilizado para diminuir o inóculo primário de doenças.

A rotação de culturas também é eficiente no controle, mas somente após o terceiro ano. Assim, você reduz as perdas e os custos de controle.

Controle

O tratamento de sementes com fungicidas pode evitar o desenvolvimento do fungo nas fases iniciais, conferindo proteção às sementes ainda no solo.

Porém, quando o inóculo primário já se encontra na lavoura, o tratamento de sementes não é eficiente. 

Por ser um patógeno de solo, o controle químico é bastante difícil, não havendo produtos registrados para o seu controle.

Limpeza das máquinas e implementos utilizados em diferentes áreas são medidas eficientes para evitar a disseminação do patógeno para áreas livres da doença.

Conclusão

A podridão parda da haste da soja é uma doença de grande impacto. O manejo adequado, como sistema de plantio e rotação de culturas, pode reduzir perdas. 

Embora a podridão parda da haste da soja seja considerada uma doença de final de ciclo, ela pode reduzir significativamente a produção e qualidade dos grãos colhidos.

É importante que você tente evitar ao máximo a disseminação de doenças para áreas em que elas não estão presentes. Assim você evita os custos aliados ao controle, bem como a resistência de patógenos a fungicidas.

>> Leia mais:

Tudo o que você precisa saber sobre Macrophomina em soja

“Como identificar e manejar a podridão radicular em soja”

Você já precisou lidar com a podridão parda da haste da soja? Conseguiu resolver o problema? Deixe um comentário com sua experiência!