Como fazer o manejo de herbicida para milho

Herbicida para milho: Quais produtos mais indicados, época de aplicação e outras orientações para o bom controle sem problemas de injúrias na lavoura.

Sem nenhum manejo de plantas daninhas um terço de toda produção agrícola seria perdida. No caso do milho não é diferente.

Por se tratar de uma cultura que dá muita resposta pelo manejo, é importante que seja realizado o controle eficiente das plantas daninhas.

Assim, evitam-se perdas de investimentos e mantêm-se as altas produtividades.

Quer saber como fazer um manejo de plantas daninhas eficiente, sem prejudicar a cultura do milho? Confira a seguir!

Interferência das plantas daninhas na cultura do milho

Diversas infestações de plantas daninhas podem ocorrer na cultura do milho. As principais são:

Folhas largas

  • Buva (Conyza spp.)
  • Caruru (Amaranthus spp.)
  • Picão-preto (Bidens spp.)
  • Leiteira (Euphorbia heterophylla)
  • Corda-de-viola (Ipomoea spp.)
  • Nabo (Raphanus spp.)
  • Guanxuma (Sida spp.)

Folhas estreitas

  • Capim-amargoso (Digitaria insularis)
  • Capim-pé-de-galinha (Eleusine indica)
  • Papuã (Brachiaria plantaginea)
  • Capim-arroz (Echinochloa spp.)
  • Azevém (Lolium spp.)

A interferência de plantas daninhas na lavoura de milho pode ocasionar perdas de 10% a 85% na produtividade do cultivo.

Por isso, é preciso conhecer as ferramentas de controle químico mais eficazes e como fazer o posicionamento correto delas.

A seguir, vou esclarecer alguns pontos sobre a utilização de herbicida para milho convencional e transgênico, cuidados e doses recomendáveis.

herbicida para milho


(Fonte: Bayer)

Herbicida para milho convencional ou resistente

Dentre as plantas daninhas que eu mencionei, há maior dificuldade de controlar as de folhas estreitas (gramíneas), pois o milho também é uma gramínea.

Atualmente, há no mercado poucas opções de herbicidas que controlem folhas estreitas e sejam seletivos para o milho.

Assim, é recomendável que o manejo de folhas estreitas, principalmente de difícil controle ou resistentes a herbicidas, seja preconizado no período de entressafra ou no cultivo anterior ao milho.

É importante que mesmo no milho resistente (RR) você não use somente glifosato, já que isso seleciona as invasoras resistentes.

herbicida para milho


(Fonte: Syngenta)

A seguir, listo os principais herbicidas e como usá-los na cultura do milho para que você aproveite o melhor de cada produto:

Herbicida para milho: aplicação em pré-emergência

Atrazine

É o herbicida mais utilizado para a cultura do milho atualmente!

Quando aplicar

Pode ser aplicado na pré-emergência da cultura, imediatamente antes da semeadura, simultaneamente ou logo após a semeadura. Em aplicações em pós-emergência da cultura e plantas daninhas, deve-se acrescentar óleo vegetal.

O produto fornece bom controle quando aplicado na pré-emergência ou pós-emergência precoce das plantas daninhas.

Espectro de controle

Controla plantas daninhas de folha larga como picão-preto, guanxuma, caruru, corda-de-viola, nabo, leiteira, poaia, carrapicho-rasteiro e papuã.

Também é muito utilizado para controle de soja tiguera no milho, em aplicação isolada ou associada aos herbicidas mesotrione ou nicosulfuron.

Lembre-se, é muito importante que haja um manejo eficiente da soja tiguera para se respeitar o vazio sanitário.

Dosagem recomendada

De 3 a 5 L ha-1 dependendo das características do solo e plantas daninhas presentes.

Pode ser misturado com glifosato (se misturado em pós-emergência – milho RR), mesotrione, nicosulfuron, S-metolachlor.

Cuidados

Recomenda-se aplicação em solo úmido. A aplicação em solo seco, período de seca após aplicação de até 6 dias ou presença de palha cobrindo o solo podem diminuir a eficiência do produto.

herbicida para milho


Lavoura de milho com sinal de fitotoxidade
(Fonte: Juparanã)

S-metolachlor

Herbicida com grande potencial de ser inserido no manejo de plantas daninhas na cultura do milho. Pode ser utilizado para ampliar o espectro de controle de herbicidas para folha larga.

Quando aplicar

Aplicar na pré-emergência da cultura e das plantas infestantes.

Espectro de controle

Ótimo controle de gramíneas de semente pequena (ex: capim-amargoso, capim-pé-de-galinha e papuã). Bom controle de algumas folhas largas de sementes pequenas (Ex: caruru, erva-quente e beldroega)

Dosagem recomendada

De 1,5 a 1,75 L ha-1, dependendo da planta daninha a ser controlada.

Pode ser misturado com atrazine e glifosato.

Cuidados

Deve ser aplicado em solo úmido.

Isoxaflutole

Herbicida técnico. Exige alguns conhecimentos prévios quanto a características do solo (teor de argila e matéria orgânica). Necessita cuidados com as condições climáticas no momento e após a aplicação.

É muito importante consultar e seguir as recomendações da empresa para evitar toxicidade no cultivo.  

Quando aplicar

A aplicação do herbicida deve ocorrer na pré-emergência das plantas, tanto do milho quanto das daninhas.

Espectro de controle

Exerce bom controle em gramíneas anuais e algumas folhas largas como caruru e guanxuma.

O grande diferencial deste herbicida é que, em condições de seca, pode permanecer no solo por um período razoável (> 80 dias), até que nas primeiras chuvas é ativado, o que irá coincidir com a emergência de várias plantas daninhas.  

Dosagem recomendada

De 100 a 200 mL ha-1 dependendo das características do solo e plantas daninhas presentes (somente para solos com textura média e pesada).

Pode ser misturado com: atrazine.

Cuidados

Não é recomendado para solo arenoso e com baixo teor de matéria orgânica.

Trifluralina

Herbicida muito utilizado no passado na cultura, podendo voltar a ser inserido no manejo de plantas daninhas do milho. Isso se deve ao lançamento de novas formulações que não necessitam ser incorporadas (menor problema com fotodegradação).  

Quando aplicar

É aplicado no sistema de plante-aplique ou até 2 dias após da semeadura do milho.

Espectro de controle

Bom controle de gramíneas de semente pequena (ex: capim-amargoso, capim-pé-de-galinha e papuã).

Dosagem recomendada

De 1,2 a 4,0 L ha-1 dependendo da planta daninha a ser controlada e nível de cobertura do solo.

Pode ser misturado com: atrazine e glifosato.

Cuidados

Deve ser aplicado em solo úmido e livre de torrões. Solo coberto com resíduos vegetais (palha) ou com alta infestação de plantas daninhas diminuem a eficiência do produto.

Herbicida para milho: pós-emergência

Nicosulfuron

É um herbicida que já foi muito utilizado no manejo de plantas daninhas no milho, porém, o produtor deve possuir alguns conhecimentos prévios para não prejudicar o cultivo.

Quando aplicar

Deve ser aplicado na pós-emergência do milho, quando as plantas estiverem com 2 a 6 folhas.

Espectro de controle

Controle eficiente de gramíneas e algumas folhas largas (Ex: amendoim-bravo, caruru, corda-de-viola, picão-preto e trapoeraba).

Dosagem recomendada

De 1,25 a 1,5 L ha-1 + óleo mineral.

Pode ser misturado com atrazine e glifosato (Milho RR).

Cuidados

Os híbridos de milho apresentam diferentes padrões de sensibilidade ao nicosulfuron. Assim, é necessário pesquisar sobre a suscetibilidade do híbrido escolhido antes de aplicá-lo.

Além disso, este herbicida não deve ser misturado com inseticidas organo fosforados ou ao 2,4 D. Caso ocorra aplicação destes produtos na área ou adubação nitrogenada em cobertura, deve-se respeitar um período mínimo de 7 dias para  aplicar o nicosulfuron.

herbicida para milho


(Fonte: Christoffoleti et al., 2015)

Mesotrione

Alternativa para controle de folhas largas no milho.

Quando aplicar

Aplicar de 2 a 3 semanas após semeadura do milho, sobre plantas daninhas em pós-emergência precoce (2 a 4 folhas).

Espectro de controle

Controla plantas daninhas de folha larga como leiteira, apaga-fogo, caruru, corda-de-viola, guanxuma e picão preto.

Dosagem recomendada

De 0,25 a 0,4 L ha-1 + óleo mineral.

Pode ser misturado com atrazine.

Cuidados

Se misturado com nicosulfuron, pode diminuir sua eficiência no controle de gramíneas.

Tembotrione

Herbicida alternativo ao controle de folhas largas e gramíneas no milho. Seguidas as recomendações técnicas, exerce um bom controle.

Quando aplicar

Aplicar na pós-emergência do cultivo.  As plantas daninhas devem estar em estádio inicial de 2 a 4 folhas (folhas largas) e até 2 perfilhos (gramíneas).

Espectro de controle

Controla plantas daninhas de folhas estreitas como papuã, capim-colchão, capim-carrapicho. Controla folhas largas como leiteira, apaga-fogo, corda-de-viola, guanxuma e nabo.

Qual a dosagem recomendada

De 180 a 240 mL ha-1 + adjuvante à base de éster metílico.

Pode ser misturado com atrazine.

Cuidados

O herbicida não deve ser aplicado sobre a cultura ou plantas daninhas com sintoma de estresse hídrico ou ainda com presença de orvalho. É preciso respeitar prazo de 30 dias para cultivo de girassol, algodão e feijão após a aplicação do produto.

Herbicida para milho transgênico

Como já comentamos, além dos herbicidas que podem ser utilizados no milho convencional, existem no Brasil híbridos resistentes aos seguintes herbicidas:

  • Glifosato (milho RR) e glufosinato de amônia (milho LL)

Nos próximos anos será lançada no mercado a tecnologia enlist, que permitirá o uso dos herbicidas:

  • 2,4 D (doses maiores que o milho convencional e com janela de aplicação maior);
  • Glufosinato de amônio (herbicida de contato não seletivo, para controle de plantas daninhas em estádios iniciais (provenientes de sementes) ou utilizado no manejo sequencial);
  • Glifosato (herbicida de ação sistêmica não seletivo, proporciona controle de plantas daninhas mesmo fora de estádio, porém com muitos casos de resistência);
  • Haloxyfop (herbicida para controle de gramíneas, proporciona controle de plantas mesmo em estádios mais avançados. Possui poucos casos de resistência).

Mas como já ressaltamos, utilize outros herbicidas além daqueles que sua cultura é resistente para obter um bom manejo de plantas daninhas a longo prazo.

Outros métodos de controle para plantas daninhas

Neste artigo, abordamos principalmente ferramentas de controle químico, pois é o manejo mais utilizado.

Mas é importante que você utilize também algumas técnicas para controle eficiente de plantas daninhas como:

  • Rotação de mecanismos de ação de herbicidas, com maior utilização de pré-emergentes
  • Rotação de culturas
  • Consórcio com forrageiras
  • Adubação verde


Plantio de milho consorciado com feijão guandu anão; adubação verde é uma das técnicas para proteger lavoura das daninhas
(Fonte: Fapesp)

Atenção! As sugestões de herbicida para milho passadas aqui são para híbridos voltados à produção de grãos.

Outras cultivares como milho pipoca, milho doce ou milho em consórcio com forrageiras possuem outras indicações de manejo.

É importante que a recomendação e orientação técnica de produtos fitossanitários seja feita por um agrônomo. Mas você deve estar sempre atento a novas informações para auxiliar em sua recomendação.

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Conclusão

Neste artigo, vimos as plantas daninhas mais recorrentes na cultura do milho e as principais ferramentas de controle químico que podem ser utilizadas.

Falamos sobre o posicionamento correto do herbicida para milho, de modo que não haja danos ao cultivo.

Além disso, citamos técnicas importantes que devem ser utilizadas no manejo integrado de plantas daninhas.  

Com essas informações, tenho certeza que você irá realizar um bom manejo de herbicidas na sua lavoura de milho!

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Qual herbicida para milho você tem utilizado hoje? Já teve problemas de fitotoxidade? Adoraria ver seu comentário abaixo!

O guia do manejo eficiente da buva (Conyza spp.)

Atualizado em 03 de novembro de 2022.

Buva: principais características, época de controle, como realizar o manejo e quais herbicidas utilizar para evitar prejuízos na lavoura

A presença da buva na lavoura é um sinal de alerta. Essa planta invasora se alastra muito rapidamente e interfere no desenvolvimento das espécies cultivadas. 

A soja, por exemplo, é uma cultura bastante sensível à presença da buva, pois ela afeta diretamente a produtividade. Entretanto, controlar essa planta daninha não é uma tarefa simples. 

Alguns casos de resistência fazem com que muitos herbicidas não sejam eficientes no manejo da buva. Por isso, conhecer a planta e as melhores táticas para controlá-la antes de sofrer grandes danos na lavoura é fundamental.

Neste artigo, saiba qual é o período ideal para controlar a buva e quais os herbicidas mais indicados. Confira a seguir!

O que é buva?

A buva (nome científico Conyza spp.) é uma planta daninha de difícil controle e que está presente nas principais áreas agrícolas do Brasil. Ela é popularmente conhecida por rabo-de-foguete, arranha-gato e voadeira. Há três espécies dessa invasora:

  • Conyza canadensis;
  • Conyza bonariensis;
  • Conyza sumatrensis.

O ciclo da Conyza canadensis pode ser anual ou bienal. Já as espécies Conyza bonariensis e Conyza sumatrensis têm ciclo anual.

tabela com diferenças entre espécies de buva
Principais diferenças morfológicas entre as plantas do gênero Conyza
(Fonte: Comitê de Ação a Resistência aos Herbicidas)

A propagação dessas espécies de buva ocorre por sementes. Uma única planta tem a capacidade de produzir 200 mil sementes. Elas são facilmente transportadas pela água e pelo vento a longas distâncias.

As sementes da buva são fotoblásticas positivas. Isso quer dizer que elas germinam na presença de luz, quando estão próximas à superfície do solo. Temperaturas próximas a 20°C favorecem a germinação das sementes. 

A emergência das sementes de buva pode ocorrer durante todo o ano. Durante o outono e inverno, entre os meses de junho a setembro, a incidência é maior. A época de germinação coincide com o período da entressafra

Fotos de buva em lavoura
Fotos de buva em lavoura
(Fonte: Blog da Aegro)

O manejo das plantas daninhas nesse período é de extrema importância.  Nesse caso, a buva pode funcionar como “ponte verde”. Ou seja, ela pode ser hospedeira de patógenos e pragas no período da entressafra. Dentre as principais pragas hospedadas pela buva, há:

Resistência da planta buva (Conyza spp.) aos herbicidas

Durante muito tempo, o herbicida glifosato foi a principal molécula utilizada na dessecação de plantas para formação de palhada no sistema de plantio direto. Ainda, a introdução comercial da soja transgênica tolerante a esse princípio ativo aumentou seu uso.

O glifosato era usado como única ferramenta para o controle das plantas invasoras em lavouras de soja RR. Por isso, acabou selecionando populações de buva resistentes a ele.

No Brasil, a primeira ocorrência de plantas de buva resistentes ao glifosato foi registrada em 2005. Hoje, a buva apresenta resistência a diferentes moléculas herbicidas. Abaixo, veja como ocorreu a evolução da resistência da buva aos herbicidas no Brasil:

  • Em 2005, a Conyza bonariensis e a Conyza canadensis foram identificadas como resistente ao glifosato;
  • Em 2010, a Conyza sumatrensis foi identificada como resistente ao glifosato. No ano seguinte, foi identificada como resistente ao clorimurom;
  • Em 2016, a Conyza sumatrensis foi identificada como resiste ao paraquate e ao saflufenacil;
  • Em 2017, a Conyza sumatrensis foi identificada como resistente ao diuron e ao herbicida 2,4-D.

Vale lembrar que não é recomendada a utilização de produtos isolados com resistência comprovada. Como você pode observar, atualmente algumas populações de buva possuem resistência a 6 moléculas herbicidas:

  • Diuron;
  • Clorimurom;
  • Glifosato;
  • Paraquate;
  • Saflufenacil;
  • 2,4-D. 

Como controlar a buva?

O manejo de plantas daninhas como a buva é um grande desafio na agricultura. 

Nesse caso, é importante adotar práticas de manejo integrado. Essas práticas pretendem eliminar as espécies invasoras, mas também podem prevenir o surgimento de novos casos de resistência aos herbicidas.

Veja a seguir algumas técnicas que podem ser adotadas no manejo da buva.

Manejo preventivo

Algumas medidas com o objetivo de evitar que sementes de buva sejam introduzidas e disseminadas na lavoura podem ser adotadas. Confira algumas abaixo:

  • Utilizar sementes certificadas;
  • Controlar as espécies invasoras presentes nas estradas, carreadores e bordaduras das lavouras. O vento pode transportar as sementes para dentro da área cultivada;
  • Realizar a limpeza de máquinas e implementos agrícolas. Isso evita que restos vegetais e torrões de terra contaminados com sementes de plantas daninhas sejam transportados de uma área para outra.

Manejo mecânico

No manejo mecânico da buva, os seguintes métodos podem ser aplicados:

  • Capina;
  • Roçagem;
  • Arranquio;
  • Preparo de solo (aração e gradagem). Essa operação promove a incorporação dos restos vegetais e sementes de ervas invasoras;
  • Cobertura morta. Atua como barreira física, evitando a passagem de luz o que atrapalha a germinação das sementes de buva.

Manejo cultural 

O manejo cultural da buva pode ser realizado pela adoção das seguintes estratégias:

  • Plantio de cultivares de rápido crescimento e adaptadas às condições da região;
  • Realizar o plantio na época, no espaçamento e na densidade recomendadas;
  • Adubação equilibrada;
  • Rotação de culturas;
  • Culturas de inverno como o trigo, o centeio e a aveia reduzem a população de plantas de buva.

Manejo químico

No manejo químico da buva, é preciso destacar a importância da rotação dos mecanismos herbicidas. Isso evita que novas populações de plantas daninhas apresentem resistência aos produtos disponíveis no mercado.

Depois da aplicação dos herbicidas, é fundamental estar atento às plantas com suspeita de resistência. As plantas de buva sobreviventes devem ser eliminadas (através de capina, arranquio, roçada) para evitar a produção e a disseminação das sementes na lavoura. 

Ainda, o emprego do controle químico requer alguns cuidados. É essencial fazer uso dos herbicidas de forma correta, respeitando as orientações quanto à:

  • dosagem;
  • estádio de desenvolvimento das plantas;
  • intervalo de aplicação;
  • época;
  • modo de aplicação dos produtos.

O manejo da buva deve ser realizado tanto na safra quanto no período de entressafra.  

Manejo da buva na entressafra do sistema soja-milho

No caso da buva, atenção especial deve ser dada ao período da entressafra. Como foi dito anteriormente, nessa época a taxa de germinação das sementes é maior.

Diante desse cenário, a entressafra é o período ideal para realizar o manejo da buva. Isso porque existem mais opções de produtos químicos a serem utilizados.

O momento da aplicação dos herbicidas é outro fator muito relevante nesse tipo de manejo.  Em geral, plantas jovens são controladas com mais facilidade que plantas mais velhas.

A aplicação de herbicidas nos estádios iniciais de desenvolvimento da buva resulta em menor rebrote das plantas. Isso garante maior sucesso no controle. Fique de olho nos produtos que você for utilizar. Você verá alguns exemplos a seguir.

Herbicidas para matar a buva na entressafra

Confira a seguir alguns princípios ativos utilizados no manejo químico da buva: 

  • Atrazina + Mesotriona: herbicida seletivo de ação sistêmica para aplicação em pós-emergência;
  • Cloransulam-meptílico: herbicida seletivo de ação sistêmica para aplicação em pós-emergência;
  • Diclosulan: herbicida seletivo aplicado no solo para o controle em pré-emergência;
  • Fluroxipir-metílico: herbicida seletivo de ação sistêmica para aplicação em pós-emergência;
  • Glufosinato – sal de amônia: herbicida não seletivo de ação não sistêmica para aplicação em pós-emergência;
  • Imazapir: herbicida de ação sistêmica para aplicação em pós-emergência;
  • Sulfentrazona: herbicida seletivo de ação sistêmica para aplicação em pré-emergência; 
  • Flumioxazina: herbicida seletivo de ação não sistêmica para aplicação em pré e pós-emergência;
  • Picloran + 2,4 – D: herbicida seletivo de ação sistêmica para aplicação em pós-emergência.

Preste atenção ao efeito residual dos herbicidas para que não ocorra fitotoxidez nas plantas cultivadas. Para saber mais sobre os produtos disponíveis com registro no Mapa, consulte o Agrofit.

Conclusão

A buva (Conyza spp.) é uma planta daninha de difícil controle e que já apresentou resistência a seis moléculas herbicidas. Ela apresenta elevada produção de sementes, facilidade de dispersão e crescimento vigoroso.

O manejo dessa invasora é complexo e deve ser realizado pela adoção de técnicas integradas.  O uso racional dos herbicidas é uma importante ferramenta para o controle satisfatório da buva.

Isso também te ajuda a evitar a seleção de plantas resistentes aos produtos químicos.  Com essas informações, tenho certeza que você irá realizar o manejo eficiente da buva na sua lavoura!

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“Como fazer um controle eficiente do capim-amargoso”

Guanxuma: 5 maneiras de livrar sua lavoura dessa planta daninha

Guia para o controle eficiente da trapoeraba

Como você controla a infestação de buva na lavoura hoje? Já enfrentou casos de resistência? Adoraria ver seu comentário abaixo!

foto da redatora Tatiza. Ela está com blusa preta, casaco jeans azul, e está sorrindo na frente de uma paisagem cheia de plantas

Atualizado em 03 de novembro de 2022 por Tatiza Barcellos.

Tatiza é engenheira-agrônoma e mestra em agronomia, com ênfase em produção vegetal, pela Universidade Federal de Goiás.

Planta tiguera: quais os manejos mais eficientes para sua lavoura

Planta tiguera: As principais recomendações para acabar de uma vez por todas com essas invasoras que atrapalham a produção.

Plantas de uma cultura anterior que persistem na nova lavoura são conhecidas como plantas tigueras, guaxas ou voluntárias.

Nada mais é do que a presença de plantas de milho em uma lavoura de soja, por exemplo.

Longe de ser inofensiva, essa situação pode causar muitos prejuízos.

A alta densidade de plantas de milho em meio à soja, originárias de espiga, podem diminuir em 70% a produtividade da lavoura de soja.

Neste artigo, vamos entender melhor a ocorrência de plantas tiguera e como fazer seu manejo eficiente. Confira a seguir!

Planta tiguera: O problema das plantas transgênicas

Antes do surgimento de plantas tolerantes aos herbicidas, o manejo de plantas tigueras era realizado principalmente pelo uso de glifosato.

Porém, logo após o surgimento de cultivos resistentes a glifosato, os problemas com essas plantas aumentaram, já que tal manejo não pôde ser mais utilizado.

Como você sabe, atualmente os cultivos de soja, milho e algodão possuem eventos de resistência a herbicidas:

  • Soja: Roundup ready (glifosato) e Cultivance (imazapique e imazapir)
  • Milho: Roundup ready (glifosato) e Libert link (glufosinato de amônio)
  • Algodão: Roundup ready (glifosato), Libert link (glufosinato de amônio) e Glytol (glifosato e glufosinato de amônio)

Além das cultivares transgênicas, existem no mercado cultivares tolerantes a herbicidas, obtidas por melhoramento convencional, como:

  • Soja: STS (Chlorimuron)
  • Arroz: (Imidazolinonas ex: imazapir e imazapique)

Para os próximos anos, também existem previsões de lançamento de novas tecnologias na área de resistência a herbicidas. Veja:  

  • Soja: Enlist (2,4D colina, glyphosate e glufosinato de amônio) e Xtend (Dicamba, glyphosate)
  • Milho: Enlist (2,4D colina, glyphosate, glufosinato de amônio e haloxyfop)

Além das plantas voluntárias destes cultivos transgênicos, nosso país já possui 28 espécies de plantas daninhas resistentes a herbicidas.

Com isso, vão diminuindo as opções de herbicidas que podemos utilizar para controlar as tigueras.

Este somatório exigirá do agricultor um ótimo planejamento para manter sua lavoura no limpo e atingir alta produtividade!  

planta tiguera
(Fonte: Embrapa)

Como controlar a planta tiguera de milho safrinha na soja

Devido às características climáticas, o Brasil é um dos poucos países onde é possível produzir mais de uma cultura no mesmo ano agrícola.

Um dos sistemas mais difundidos é o cultivo em sucessão da soja primeira safra seguida pelo milho safrinha.

Desta forma, pode haver interferência de soja tiguera nos cultivos de milho e do milho tiguera na lavoura de soja.

Cada planta de milho por metro quadrado na lavoura de soja pode causar 17% de redução na produtividade da cultura.

Mas você pode se perguntar: como as plantas de milho podem interferir na soja mesmo após o manejo outonal (manejo de entressafra)?

Após a colheita, a máquina eventualmente espalha as sementes de milho, segmentos de espiga e espigas inteiras (com e sem palha) na área. 

Assim, podem ocorrer vários fluxos de emergência de milho na área, o que dificulta posicionamento de herbicidas para seu controle.

planta tiguera
Indicação de manejo de milho tiguera na cultura da soja
(Fonte: Monsanto)

Se o controle não for efetivo na entressafra, a soja pode emergir competindo com milho grande, podendo aumentar perdas por interferência.

Caso o milho seja tolerante a glifosato e glufosinato, os herbicidas mais eficientes para controle em pós-emergência são os graminicidas (herbicidas inibidores da ACCase).

Para milho em estádio inicial até V2-V3, pode-se utilizar clethodim (0,40 L ha-1), sethoxydim (1,25 L ha-1), fluazifop (0,60 L ha-1) e haloxyfop (0,40 L ha-1).

Lembre-se de adicionar adjuvantes conforme recomendação de bula.

Já em plantas de milho com estádio mais avançado (V6-V8) os herbicidas fluazifop e haloxyfop são mais eficientes.

No manejo outonal é comum que o produtor aplique a mistura de 2,4D com graminicidas, porém, essa mistura tem caráter antagônico.

Assim, para garantir a eficiência do graminicida, é necessário um aumento de 20% da dose normalmente utilizada.

Como controlar planta tiguera de soja no milho safrinha

No caso da soja tiguera no meio da lavoura de milho, 8 plantas por m2 podem reduzir 14% da produção da cultura.

O grande problema é que a semeadura de milho é feita simultânea à colheita de soja.

Deste modo, o manejo da soja tiguera deve ser feito antes que ela comece a competir com o milho.  

planta tiguera
Controle da soja RR voluntária na safrinha do milho
(Foto: Fernando Storniolo Adegas em USP/Esalq)

Outra questão importante é que as plantas tiguera podem servir de hospedeiras de insetos-pragas e doenças.

No caso do milho safrinha, as plantas de soja tiguera obrigatoriamente devem ser controladas para prevenção da ferrugem asiática da soja, respeitando o período de vazio sanitário.

O controle de soja tiguera é mais eficiente em plantas com até 2 trifólios.

Para manejo dentro da cultura do milho, recomenda-se o uso de Atrazina (3,0 L ha-1), Mesotrione (0,25 L ha-1)+Atrazina (3,0 L ha-1) ou Nicosulfuron (0,40 L ha-1)+Atrazina (3,0 L ha-1).

Lembre-se de adicionar adjuvantes conforme recomendação de bula.

planta tiguera
Período de vazio sanitário da soja
(Fonte: Embrapa)

Como manejar plantas tiguera de soja no algodão

Uma das principais culturas em sucessão da soja é o algodão.

Pesquisas apontam que uma planta de soja tiguera por metro quadrado pode reduzir a produtividade do algodoeiro em até 14%, pois a planta de algodão possui lento crescimento inicial.

Geralmente, as sementes de soja que encontram-se um pouco enterradas no solo tem apenas um fluxo de emergência, o que facilita seu controle.

No caso da soja RR, pesquisas demonstram um bom manejo com glufosinato de amônio (0,67 L ha-1) isolado ou associado a pyrithiobac-sodium (0,06 L ha-1).

Caso o algodão não seja resistente ao glufosinato de amônio, o controle pode ser feito via jato dirigido com herbicidas não seletivos como paraquat, paraquat+diuron e MSMA.  

>> Leia mais: “Últimas notícias sobre ervas daninhas: Dicamba e Amaranthus palmeri

>> Leia mais: “O guia completo para o controle do capim-pé-de-galinha

Manejo de algodoeiro voluntário na cultura da soja

O algodão pode interferir na cultura subsequente por rebrota da soqueira ou por sementes perdidas no momento da colheita.

Por isso, deve-se realizar um bom manejo de destruição de soqueira  

Para controle de planta tiguera de algodão proveniente de semente na cultura da soja recomenda-se o uso dos herbicidas imazethapyr, cloransulam, chlorimuron ou fomesafen.

planta tiguera
Planta de algodoeiro pela rebrota na lavoura da soja próximo ao período de colheita
(Foto: Alexandre Ferreira em Embrapa)

Perspectivas para os próximos anos

Mesmo com um número maior de eventos de resistência a herbicidas nos cultivos brasileiros, novas ferramentas ajudarão no controle de planta tiguera!

Princípios ativos usados nos Estados Unidos serão registrados no Brasil (ex: halauxifen e florpyrauxifen)

Algumas moléculas utilizadas no país serão relançadas com novas formulações, visando assim aumentar sua eficiência!

Além disso, o que vem gerando expectativas no mercado de herbicidas é divulgação de produtos que serão lançados na próxima década com novo mecanismo de ação!

>> Leia mais: “Guanxuma: 5 maneiras de livrar sua lavoura dessa planta daninha”
>> Leia mais: “Guia para o controle eficiente da trapoeraba

Conclusão

Neste artigo, vimos como planta tiguera pode prejudicar a produção dos cultivos e porque ganharam tanta importância nos últimos anos.

Também abordamos os tipos de herbicidas mais recomendados para manejo de tiguera em diferentes sistemas de produção do Brasil.

Novas ferramentas para manejo de tiguera surgirão no mercado!

Mas lembre-se: uma colheita eficiente, com menor percentual de perdas de grãos (perdas na colheita em geral) é o primeiro passo para reduzir a ocorrência de planta tigueira.

Assim, mantenha atenção à regulagem da colhedora e faça a operação no momento certo.

Espero que com as recomendações passadas aqui você consiga evitar a ocorrência de tiguera na sua lavoura!

>> Leia mais: “Os 5 melhores aplicativos de identificação de plantas daninhas
>>Leia mais: “O guia do manejo eficiente da buva”
>>Leia mais: “Como fazer o manejo eficiente do capim-amargoso”

Você já conhecia o impacto da planta tiguera na produtividade da lavoura? Restou alguma dúvida? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Evite a rebrota da planta de algodão com esses 2 tipos de manejos

Planta de algodão: saiba como fazer o manejo químico e mecânico da soqueira e reduza a incidência de pragas e doenças na lavoura.  

A destruição da soqueira é uma prática essencial na cultura do algodão para interromper o ciclo de pragas e doenças.

Mas, você sabe como são os manejos mais adequados para evitar a rebrota?

Neste artigo, separamos os detalhes de tratamentos que trazem bons resultados. Confira a seguir!

Por que é necessário destruir a planta de algodão após a colheita

A planta de algodão é usada, pelo menos, desde 4.500 anos a.C.. Atualmente a produção mundial tende a aumentar para 121,97 milhões de fardos na safra 2018/19.

Nesse sentido, o Brasil também vem elevando sua produção e, junto com ela, a preocupação com seu manejo.

Depois que colhemos o algodão em pluma, é preciso se preocupar com a destruição dos restos culturais. Isso porque o algodão é uma planta que após sua colheita pode rebrotar e continuar ocupando a área.

Esta prática é feita para reduzir doenças e a população de pragas do algodão (Gossypium hirsutum L.)

As principais pragas do algodão alvos dessa prática são:

  • Bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis);
  • Lagarta-rosada (Pectinophora gossypiella);
  • Broca-da-raiz (Eutinobothrus brasiliensis);
  • Ramulose (Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides);
  • Mancha-angular (Xanthomonas axonopodis pv. malvacearum);
  • Doença-azul (Cotton leafroll dwarf virus).

Outras pragas controladas com a destruição das soqueiras são algumas espécies de lagartas como as do gênero Helicoverpa spp.

planta de algodão

Bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis) é a principal praga da planta de algodão que vem preocupando todo o mundo
(Fonte: Sebastião Araújo/Embrapa – Informativo Técnico Nortox)

O controle de insetos-praga do algodoeiro nos Estados Unidos, por exemplo, é um dos fatores que mais onera os custos de produção.  

E estudos científicos mostraram que a destruição de soqueiras possibilita redução de mais de 70% da população dos insetos que sobrevivem ao período de entressafra.

Para isso, são necessários pelo menos 60 dias sem planta de algodão no campo.

Assim, todo ano, o vazio sanitário ocorre entre o prazo final legal para destruição de soqueiras e início do calendário de semeadura da nova safra.

planilha de produtividade do algodão Aegro

Quais métodos podem ser adotados para o manejo?

Existem dois manejos principais que podem ser feitos para evitar a rebrota da planta de algodão. São eles o manejo químico e o mecânico.

O manejo químico da soqueira do algodão é realizado com herbicidas, o qual é responsável por eliminar restos culturais sem revolvimento do solo.

Já o manejo mecânico é realizado através do arranquio da soqueira.

Ambos podem ser feitos nas mais diversas variedades de algodão(espécies nativas, cultivo de algodão colorido, etc.). Vou falar mais especificamente sobre os dois:

Como fazer o manejo químico

Os dois herbicidas mais utilizados na destruição química das soqueiras são o glifosato e o 2,4-D.

Esses produtos possuem ação sistêmica dentro da planta e são transportados pelos vasos condutores até as raízes. Para a destruição química você deve atentar-se a qual tecnologia está no campo.

Para algodão convencional ou com melhoramento genético (LL®), os herbicidas mais utilizados são glifosato e 2,4-D.

Já para RF® e Glytol® (resistentes ao glifosato), a opção seria o uso de 2,4-D.

Outra boa opção é fazer a roçada das plantas com posterior aplicação de herbicida.

Observe abaixo o trabalho realizado por Andrade Junior et al. (2015).

Os autores testaram 15 tratamentos, incluindo os herbicidas 2,4-D, glifosato, glufosinato, carfentrazone, saflufenacil e flumiclorac.

A conclusão do trabalho é que a aplicação de 2,4-D logo após a roçada é fundamental e que é necessário realizar uma segunda aplicação sobre as rebrotas (ramos com cor verde).

Os melhores resultados foram obtidos com 2,4-D + Radiant, 2,4-D + Aurora, 2,4-D + Finale e 2,4-D + Heat.

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(Fonte: Andrade Junior et al. (2015))

Em outro trabalho, Sofiatti et al. (2015) estudaram a destruição de soqueiras na cultivar IMA 5675B2RF, resistente ao herbicida glifosato.

Os autores observaram que os melhores tratamentos foram aqueles em que se empregou o manejo mecânico.

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(Fonte: Sofiatti et al., 2015)

Observe o gráfico abaixo e entenda melhor os resultados alcançados pelos autores:

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(Fonte: Miranda e Rodrigues Adaptado de Sofiatti et al. (2015))

Já em trabalho realizado por Ferreira et al. (2015), os autores observaram que os melhores tratamentos foram para aplicações sequenciais:

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(Fonte: Miranda e Rodrigues (2015))

Como fazer a destruição mecânica da planta de algodão

Este tipo de manejo é muito utilizado em toda área onde é cultivado algodão, mas é especialmente importante naquelas mais voltadas à preocupação ao meio ambiente, como o cultivo orgânico.

Existem hoje vários implementos agrícolas que você pode optar para realizar a destruição mecânica.

Sua escolha deverá ser baseada nos manejos adotados na sua lavoura, principalmente se você adota práticas conservacionistas do solo. Vou te mostrar algumas opções:

1 – Arrancador de discos em “V”

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(Fonte: Valdinei Sofiatti, Pesquisador da Embrapa Algodão)

2 – Arrancador de discos

  • É acoplado ao hidráulico do trator;
  • Seus órgãos ativos são discos lisos côncavos;
  • Profundidade de 8 cm a 15 cm;
  • Alta eficiência no arranquio das plantas previamente roçadas;
  • Há formação de sulcos e camaleões.

3 – Cortador de plantas

  • Acoplado à barra de tração do trator;
  • Para cada linha de algodoeiro previamente roçada, possui dois discos que atuam aos pares;
  • Os discos apresentam certa angulação para favorecer sua penetração no solo;
  • Profundidade de trabalho de 3 cm a 5 cm;
  • As plantas são cortadas na região do colo;
  • Excelente eficiência na destruição da soqueira;
  • Baixo revolvimento do solo.

4 – Matabrotos-algodão

  • As plantas precisam estar roçadas;
  • Possui hastes com lâminas horizontais, que vão trabalhar no perfil do solo;
  • Trabalha a uma profundidade entre 20 cm e 35 cm;
  • Corta a raiz pivotante do algodoeiro e desestabiliza as secundárias.
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(Fonte: Saul Carvalho)

5 – Destroyer (destruidor de touceira)

  • É um combinação de um subsolador com um rotor picador de palha;
  • Também conhecido por triton ou trincha;
  • O rotor picador destrói a parte aérea da planta;
  • As hastes com lâminas horizontais (que ficam na parte de trás) vão atuar no perfil do solo;
  • Profundidade entre 20 cm e 30 cm;
  • Em uma única passada, faz todas as operações necessárias à destruição das plantas.

6 – Roçadeira ou triton + grade aradora

  • Corta e estraçalha a parte aérea da planta de algodão;
  • Facilita a incorporação dos restos culturais ao solo;
  • Na próxima operação utiliza a grade aradora;
  • Mobiliza e revolve o solo até a profundidade de 10 cm a 12 cm;
  • Pode precisar de até três passadas com a grade aradora, e outra, com a niveladora;
  • Pode favorecer a formação de camadas compactadas;
  • Os discos pulverizam em excesso o solo.

7 – Cotton Mil

  • Atrelado à barra de tração do trator;
  • É um disco côncavo e liso que atua sobre a linha do algodão;
  • Pequenas profundidades (a partir de 1 cm);
  • O implemento arranca ou corta as plantas previamente roçadas, ocasionando pequenos sulcos;
  • Pequena mobilização do solo;
  • Na parte frontal possui discos lisos e planos para cortar os resíduos.

8 – Arrancador-triturador de soqueira

  • Na parte frontal possui um rotor picador de palha;
  • Na parte traseira possui uma barra porta-ferramentas acoplada a um disco liso côncavo;
  • As plantas são arrancadas e deslocadas para as laterais do disco;
  • Profundidade de trabalho entre 6 cm e 10 cm;
  • Deixa a superfície do solo com desníveis;
  • Realiza em uma única passada todas as operações necessárias à destruição das plantas.

9 – Destruidor de plantas

  • Acoplado à barra de tração do trator;
  • Sistema hidráulico próprio (não usa o sistema hidráulico do trator);
  • Corta as plantas na região do colo;
  • Profundidade de trabalho entre 3 cm a 5 cm;
  • O solo é pouco mobilizado pelos discos;
  • Excelente eficiência na destruição das plantas.

10 – Destruidor de plantas Cotton 100

  • Acoplado à barra de tração do trator;
  • Cada unidade destruidora possui um disco de corte vertical (corta o sistema radicular das plantas);
  • Esteira arrancadora: as plantas são retiradas do solo e conduzidas a uma faca;
  • A faca separa a raiz do restante da planta;
  • As partículas são padronizadas e lançadas ao solo.

Observe a tabela abaixo e verifique a comparação entre os implementos para destruição de soqueiras:

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(Fonte: Silva (2006))

Conclusão

A área plantada e produção de algodão (de fibras curtas e médias principalmente) aumentou no país nos últimos anos. Mas a rebrota da soqueira pode reduzir a produção algodoeira.

Neste texto foram discutidos os principais tipos de manejo para evitar essa situação.

Você pôde conferir também quais herbicidas são mais eficazes para a destruição química e os implementos indicados para destruição mecânica dos restos culturais.

A destruição da soqueira reduz pragas agrícolas e doenças para tornar sua lavoura mais rentável.

Então, agora que você já sabe as recomendações de uso, pode fazer a escolha mais adequada à sua propriedade!

>>Leia mais:

Como evitar e combater a mela do algodoeiro em sua lavoura

Você tem dicas sobre o manejo da soqueira da planta de algodão? Restou alguma dúvida? Baixe aqui uma planilha gratuita e estime a produtividade da sua próxima safra de algodão!

Aplicativos e guias de identificação de plantas daninhas que vão lhe ajudar no campo

Atualização em 13 de novembro de 2020.
Identificação de plantas daninhas: aplicativos para você reconhecer rapidamente as plantas na sua área e ter um manejo correto e bem-sucedido.

Vira e mexe aparece uma planta daninha que não conseguimos controlar na nossa área e não sabemos bem qual o seu nome.

E sem conhecer essas plantas, o manejo adequado simplesmente não acontece.

Há plantas com tolerância natural a alguns herbicidas, outras que preferem temperaturas altas ou que germinam apenas na luz.

Antes, para essa identificação, eram necessários alguns dias e algumas pessoas envolvidas, como um consultor ou mesmo o vizinho.

Agora, conseguimos fazer isso em alguns minutos com auxílio do celular. Separei aqui alguns dos melhores aplicativos, além de alguns manuais e livros para isso. Confira!

Por que fazer a identificação de plantas daninhas por aplicativos?

A identificação de plantas daninhas é muito importante no campo, pois é necessário conhecer as espécies mais frequentes na sua área. É através da identificação que você poderá selecionar os melhores manejos para sua área.

Se você usa herbicidas, terá de saber reconhecer as espécies presentes para selecionar o melhor produto para aquela situação, além da dose correta, época de aplicação e estágio da planta daninha.

Além disso, tem espécies de plantas daninhas que são favorecidas ou desfavorecidas em função da presença ou ausência de palha sobre o solo.

Já as espécies que possuem propagação através de bulbos, tubérculos e/ou rizomas podem ser favorecidas caso haja revolvimento do solo.

Como você pode ver, o manejo adequado dependerá da correta identificação da espécie.

Com os aplicativos, a identificação de plantas daninhas, que às vezes demorava dias e envolvia algumas pessoas, pode ser feita em alguns minutos por você mesmo.

Existem vários aplicativos para essa identificação, sendo que aqui listei os quatro melhores que conheço!

Alguns são mais restritos à identificação e manejo de plantas daninhas, enquanto outros trazem também conteúdos na parte de pragas e doenças.

Por isso, veja quais suas diferenças e qual se encaixa melhor na sua rotina do dia a dia:

1 – Adama Alvo

O Adama Alvo é um aplicativo que contém informações sobre pragas, doenças e plantas daninhas em lavouras de soja, milho, trigo, algodão, cana e café.

Para isso, o aplicativo conta com um completo banco de imagens. Nele você vai encontrar informações sobre ciclo de vida, tratamento indicado, importância econômica e descrição de cada problema das lavouras brasileiras.

O diferencial desse aplicativo é que caso não encontre o que está procurando, você pode tirar uma foto e enviar para receber ajuda.

Também é muito interessante a ferramenta “Mapa de Alvos”, em que os usuários podem reportar escapes de controle de plantas daninhas nas culturas.

Além disso, ele conta com acesso à previsão do tempo da sua região. Você pode ainda acessar as informações da sua estação Adama Clima.

É possível baixar apenas o banco de dados para a cultura que você tem interesse. Nesse sentido, a desvantagem aqui é a necessidade de baixar o banco de dados do aplicativo para utilizá-lo.

No entanto, essa também é uma das suas vantagens, porque com isso você pode usar o aplicativo normalmente mesmo sem internet. Disponível para iOS e Android.

2 – IZAgro

O IZAgro possibilita a consulta e compartilhamento de informações na área agrícola, com informações sobre mais de 10 culturas.

Nele você pode consultar informações dos produtos registrados para o controle de pragas, doenças e plantas daninhas, inclusive pedindo orçamentos.

Também dá para avaliar o produto utilizado e receber dicas do Engenheiro Agrônomo. Sua principal vantagem é poder fazer a consulta offline no campo, sem internet. Disponível para iOS e Android.

3 – Weed ID

O Weed ID é baseado na Encyclopaedia of Arable Weeds e é desenvolvido em associação com a ADAS.

Esse aplicativo fornece um guia de referência para as principais plantas daninhas e gramíneas. Ele é composto de 140 espécies e mais de 1.000 imagens. 

Outra vantagem é que ele traz a descrição completa de cada espécie de planta daninha.

Também traz a opção para fotografar a planta daninha e usar para comparar diretamente com imagens na biblioteca de aplicativos. Disponível para iOS e Android.

4 – Basf Agro

No aplicativo Basf Agro você poderá ter informações sobre os manejos de plantas daninhas, insetos e doenças.

O manejo de plantas daninhas com herbicidas está disponível para as culturas do algodão, arroz, cana-de-açúcar, milho, soja, tomate, amendoim, batata, café, citros, feijão, maçã, trigo e uva.

Ao clicar sobre a cultura de interesse, você poderá selecionar as informações referentes a sementes, doenças, plantas daninhas, pragas ou tratamento de sementes, dependendo da cultura. 

Ao clicar em plantas daninhas, você verá muitas espécies com o nome comum e científico. Cada uma das espécies vem com uma descrição sobre a planta e sugestões de herbicidas. Disponível para iOS e Android.

Dica extra: Fitoherb

O Fitoherb não é especificamente para identificação de plantas daninhas, mas ele irá lhe ajudar com a identificação de sintomas de injúrias de herbicidas na cultura da soja.

Nele, é possível ver os mecanismos de ação dos herbicidas e os sintomas que podem acontecer na lavoura de soja.

Ao entrar no aplicativo você irá selecionar mecanismo de ação ou sintomas. Veja o que encontrei ao clicar em sintomas.

Nervuras roxas em soja. Sintomas de herbicidas inibidores da ALS em pré-emergência - identificação de plantas daninhas

Nervuras roxas em soja. Sintomas de herbicidas inibidores da ALS em pré-emergência
(Fonte: Fitoherb)

Você também encontrará no aplicativo, uma descrição mais detalhada de cada mecanismo de ação e fotos dos sintomas na cultura da soja. Disponível para Android.

Livros de identificação de plantas daninhas

Os livros também vão te auxiliar na hora de identificar as plantas daninhas, sendo utilizados por agricultores e profissionais.

Eles são bem fáceis de manusear e alguns têm até o tamanho ideal para serem levados no bolso.

Estes manuais trazem plantas daninhas bem específicas. No manual de plantas daninhas do arroz, por exemplo, você verá muitas plantas que não são encontradas em lavouras de verão.

Muitas espécies da família Cyperaceae estão descritas neste manual de plantas infestantes no arroz, pois são frequentes nessa cultura.

Outro material importante é o Manual de Identificação de Plantas Daninhas da Cultura da Soja, disponibilizado pela Embrapa Soja.

Ele traz ilustrações das plantas daninhas encontradas em lavouras do grão, além de uma descrição da espécie, com seu nome científico e comum.

Manual de identificação de daninhas em plantio direto e convencional

O Manual de Identificação e controle de plantas daninhas: plantio direto e convencional está entre as principais referências na hora de identificar plantas daninhas.

O livro tem ilustrações da planta no início do desenvolvimento, da planta adulta e das sementes.

As plantas daninhas são separadas por família e trazem a descrição da espécie, nome científico, nomes comuns e controle químico de acordo com a classificação em:

  • A: altamente suscetível (mais de 95% de controle);
  • S: suscetível (de 85% a 95% de controle);
  • M: medianamente suscetível (de 50% a 85% de controle);
  • P: pouco suscetível (menos de 50% de controle);
  • T: tolerante (0% de controle).

E também possuem os melhores posicionamentos do produto para cada espécie em:

  • pré-emergência;
  • pré-plantio incorporado;
  • pós-emergência inicial;
  • pós-emergência tardia;
  • planta adulta.
manual de identificação de plantas daninhas

(Fonte: Instituto Plantarum)

A vantagem deste manual é que ele traz as principais espécies encontradas nas lavouras anuais. Além disso, vem com a foto da plântula, o que é essencial na hora da correta identificação das plantas daninhas.

guia para manejo de plantas daninhas Aegro, baixe grátis

Lembre-se que o manejo deve ser feito com as plantas daninhas ainda pequenas, por isso é muito importante você saber identificar as espécies quando ainda são plântulas.

Caso o seu alvo seja o banco de sementes no solo, será essencial a identificação das plantas daninhas para manter atualizado o histórico de infestação da área. Assim, você pode selecionar o manejo em pré-emergência de acordo com o histórico da área!

Conclusões

A correta identificação de plantas daninhas no campo é essencial na hora de escolher o manejo mais adequado.

Antes era mais comum utilizar livros ou pedir alguma consultoria. Essas duas opções continuam sendo muito importantes.

Mas agora temos aplicativos que facilitam muito a vida, trazendo respostas mais rápidas para que possamos tomar as melhores decisões.

Aqui vimos os principais deles para a correta identificação de plantas daninhas, inclusive suas vantagens e desvantagens.

>> Leia mais: “Apaga-fogo (Alternanthera tenella): como manejar essa planta daninha

Tem mais dicas sobre aplicativos para identificação de plantas daninhas? Compartilhe esse artigo e deixe seu comentário abaixo!

Soja RR: tire suas dúvidas e consiga melhores resultados

Soja RR: saiba sua história, como é feita, como funciona e as principais dicas para tirar o máximo proveito de sua lavoura de soja.

Das lavouras de soja brasileiras, 96,5% é transgênica, sendo a maior parte com resistência a herbicidas.

Dentre elas, a tecnologia Roundup Ready (RR) é a mais adotada, conferindo resistência ao glifosato.

Apesar de tão empregadas, é normal ter algumas dúvidas sobre essas tecnologias.

Aqui vamos discutir suas principais informações, como surgiu, como funciona e as melhores maneiras de aproveitar essa tecnologia em campo.

História da soja RR (Roundup Ready)

A história do melhoramento de plantas começou com a domesticação das mesmas há mais de 10 000 anos.

Esse melhoramento era feito pela simples seleção das melhores plantas da área para a alimentação humana ou animal.

Com o desenvolvimento e evolução da tecnologia o melhoramento das plantas começou a ser feito também pela transformação genética.

Dessa forma hoje nós conseguimos ter uma planta resistente a insetos e herbicidas, como a soja RR ou Bt. Conseguimos também aumentar a produtividade de soja, obter culturas mais tolerantes à seca, e outros.

Assim, há 20 anos os transgênicos foram aprovados no Brasil.

A primeira soja transgênica foi desenvolvida nos Estados Unidos em 1995, era justamente a semente de soja tolerante ao glifosato (Roundup Ready ou RR).

Dois anos depois, em 1997, a soja RR foi aprovada na Argentina e em 1998 foi aprovada no Brasil.

Porém, enquanto Estados Unidos e países vizinhos já possuíam a legalização da soja RR há alguns anos, no Brasil ela só foi legalmente cultivada em 2005.

Desde então, o manejo de ervas daninhas na cultura ficou mais fácil e barato pelo uso da soja RR, resultando em intensa adoção dessa tecnologia.

Em trabalho realizado por Duarte (2009), foi pesquisado os principais motivos pelos quais os produtores adotaram o uso dos transgênicos.

planilha de produtividade da soja

Entenda o que são transgênicos

Transgênicos são organismos geneticamente modificados (OGM), que através do uso da biotecnologia recebem um gene de outro organismo.

Dentre todas as culturas com eventos transgênicos, a cultura de soja é a mais conhecida e plantada.

Mas muitas outras culturas, como algodão, milho, feijão, eucalipto e cana-de-açúcar possuem eventos transgênicos aprovados no Brasil.

E não é só na agricultura que os transgênicos estão presentes.

No Brasil existem 144 aprovações de eventos transgênicos, o que inclui plantas, vacinas, insetos, microrganismos e medicamentos.

No entanto agricultura corresponde a uma grande e importante parte dos transgênicos no país, já que O Brasil é o segundo país com maior área de cultivo desses organismos, com 50,2 mil hectares.

Desse total de área cultivada com transgênicos, 67% são de soja, 31% de milho e 2% com algodão.

Embora tenha discussões sobre os transgênicos, temos que admitir que essa tecnologia na agricultura proporciona inúmeros benefícios:

Como funciona a soja Roundup Ready (RR)?

Conforme vimos acima, podemos definir a soja geneticamente modificada como aquela  que teve seu código alterado pela inserção de um gene de um outro organismo.

Essa modificação genética tem como objetivo introduzir características que a soja convencional não tem.

Mas eu não conseguiria introduzir essas características sem a ajuda da transgenia?

A resposta é sim, entretanto o melhoramento genético pode levar anos para selecionar e conseguir transferir essa característica.

A soja RR possui um evento transgênico que confere tolerância ao herbicida glifosato, tecnologia a qual foi desenvolvida pela Monsanto.

O glifosato é um herbicida pós-emergente, não seletivo, de amplo espectro de controle de plantas daninhas, com ação sistêmica.

Esse produto é absorvido pelas folhas e translocado pelo floema, impedindo a formação dos  aminoácidos: fenilalanina, tirosina e triptofano.

No caso da soja RR, o gene que confere a tolerância ao herbicida glifosato é conhecido por cp4-epsps;

Esse gene foi isolado de uma bactéria chamada Agrobacterium spp. Assim, segmentos do DNA dessa bactéria são introduzidas nas plantas de soja, dando origem à soja RR.

Adoção da soja RR e suas consequências

O produtor brasileiro adotou muito rápido e extensivamente a soja RR, o que se deve especialmente pela facilidade do manejo que ela proporciona.

Como o glifosato é um herbicida com boa eficiência de controle e barato, é normal “se acomodar” a esse sistema.

No entanto, isso essas aplicações repetidas do mesmo produto vão selecionando as plantas que não morrem. Com isso, ao longo dos anos você terá uma área cheia de plantas daninhas que desenvolveram resistência ao glifosato, além de prejudicar o meio ambiente.

Você pode ver mais sobre a resistência a herbicidas aqui: “9 Fatos primordiais para o manejo de plantas daninhas resistentes ao glifosato”.

Eventos transgênicos aprovados para soja no Brasil

Abaixo você pode conferir todos os tipos de transgênicos aprovados para a cultura da soja no Brasil:

  • Tolerante ao herbicida glifosato;
  • Tolerante aos herbicidas do grupo químico das imidazolinonas;
  • Tolerante ao herbicida glufosinato;
  • Resistente aos insetos da ordem Lepidóptera (lagartas) e tolerante ao herbicida glifosato;
  • Tolerante aos herbicidas à base de ácido diclorofenoxiacético (2,4-D) e ao glufosinato de amônio;
  • Tolerante aos herbicidas glifosato e de isoxaflutole;
  • Tolerante aos herbicidas glifosato, glufosinato e isoxaflutole;
  • Resistente a insetos da ordem Lepidóptera e tolerante ao herbicida glufosinato;
  • Resistente a insetos da ordem Lepidóptera (lagartas) e tolerante ao herbicida glufosinato;
  • Tolerante ao herbicida dicamba;
  • Tolerante aos herbicidas dicamba e glifosato;
  • Resistente a insetos da ordem Lepidóptera (lagartas);
  • Resistente a insetos e tolerante aos herbicidas 2,4-D, glifosato e glufosinato;
  • Resistente a Insetos e tolerante aos herbicidas glifosato e dicamba;
  • Soja com perfil de ácidos graxos modificado e tolerante a glifosato;
  • Soja com perfil de ácidos graxos modificado;
  • Resistente a insetos e tolerante aos herbicidas 2,4-D, glifosato e glufosinato.

Além disso, em 2017 foram aprovados vários eventos transgênicos de diversas culturas, veja abaixo:

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As empresas têm um grande portfólio de cultivares de soja, com diversas transgenias. Veja o da Embrapa Soja aqui.

Para conferir quais variedades estão sendo comercializadas e entender se são recomendadas para sua área, veja este artigo: “Como escolher as melhores cultivares de soja para sua lavoura”

Soja Bt

A soja resistente a insetos é conhecida por Bt. Isso porque o gene que confere esta característica vem da bactéria Bacillus thuringiensis;

A  soja Bt é eficaz contra alguns dos insetos-praga que atacam as lavouras como:

  • Lagartas desfolhadoras: lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis) e a falsa-medideira (Chrysodeixis includens);
  • Lagartas das vagens: lagarta-das-maçãs (Heliothis virescens) e as lagartas do gênero Helicoverpa;
  • Broca-das-axilas ou dos-ponteiros (Epinotia aporema);
  • Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus).

No entanto, há relatos de perda da tecnologia Bt por resistências dos insetos. Isso se deve ao uso indevido desse tipo de transgênico.

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10 Dicas para usar soja RR e outros transgênicos envolvendo herbicidas

1. O manejo integrado de plantas daninhas sempre deve ser priorizado;

2. Manejo adequado ajudam a preservar a eficácia e o valor da semente de soja tolerante, além de auxiliar na prevenção de plantas daninhas resistentes;

3. Limite o número de aplicações de um único defensivo agrícola, herbicidas da mesma família ou modo de ação dentro de uma única safra;

4. Nesse sentido, mesmo utilizando a soja resistente  ao glifosato, você pode e deve utilizar herbicidas de outros ingredientes ativos e mecanismos de ação;

5. Leia a bula, aplique apenas produtos registrados para a cultura, na dose correta recomendada e no estágio adequado, seja de desenvolvimento da planta daninha como da cultura;

6. Observe na bula fatores importantes para tecnologia da aplicação: pressão, vazão adequada, condições ambientais no momento da aplicação (temperatura do ar, umidade relativa do ar e vento), volume de calda, tipos de pontas;

7. Além de herbicidas você deve fazer a rotação de culturas;

8. Pratique o manejo preventivo através da limpeza de máquinas e implementos agrícolas;

9. Monitore a lavoura para detectar escapes de plantas daninhas ou novas germinações;

10. Faça o manejo da entressafra, não deixando sua área muito tempo em pousio, com uso de adubação verde ou culturas de cobertura.

Conclusão

Os transgênicos foram amplamente adotados no Brasil. A soja está entre as principais culturas com transgênicos, com a maior parte dos eventos voltados para a tolerância aos herbicidas e insetos.

Aqui vimos as principais informações sobre os transgênicos, especialmente sobre a soja RR.

Apesar de seus inúmeros benefícios, precisamos de alguns cuidados ao utilizar os transgênicos, sendo que aqui vimos as principais dicas nesse sentido.

Dessa forma, sabendo de tudo isso, tire o máximo proveito das plantas de soja, sendo elas transgênicas ou não.

Gostou do texto? Tem mais informações, opiniões ou sugestões sobre soja RR ou outra transgênica? Adoraria ver seu comentário abaixo!

9 fatos primordiais para o manejo de ervas daninhas resistentes a glifosato

Ervas daninhas resistentes a glifosato: entenda como são selecionadas, quais as principais ervas daninhas resistentes, manejo e muito mais. 

Nos últimos 10 anos, todos nós observamos o surgimento de ervas daninhas resistentes a glifosato e a diversos herbicidas.

Estima-se que a resistência de plantas daninhas no Brasil somente para a cultura da soja custe impressionantes 9 bilhões de reais. Esse número mostra a importância de se realizar um bom controle de ervas daninhas.

Com o surgimento da resistência, surgem também outras alternativas de controle, que podem ser a chave para uma alta produtividade

Veja a seguir as principais maneiras para manejar sua lavoura quando aparecem ervas daninhas resistentes a glifosato.

1. Como surge uma planta resistente ao glifosato ou a outros herbicidas

As ervas daninhas, evolutivamente, já apresentam uma variabilidade genética natural. Ou seja, dentro de uma uma mesma espécie de plantas daninhas há diferenças genéticas entre cada indivíduo.

Os herbicidas selecionam aqueles indivíduos que apresentam genes que resultam em resistência. Portanto, aplicações de herbicidas não criam um indivíduo resistente, apenas selecionam.

E essa seleção não é de um dia para outro.

A seleção de biótipos resistentes ocorre através da aplicação de um mesmo herbicida repetidas vezes na mesma área.

Por exemplo, nas culturas transgênicas com tecnologia RR, todo o manejo de plantas daninhas era realizado com glifosato, aplicado sequencialmente ao longo de muitas safras.

Sendo assim, este indivíduo selecionado não morre após a aplicação do produto e produz sementes, ocupando mais facilmente a área que antes era ocupada, em sua maioria, por plantas suscetíveis.

Por isso, o uso massivo de somente um tipo de herbicida auxilia no desenvolvimento da resistência na sua propriedade, seja em lavouras de soja ou qualquer outra cultura.

A figura abaixo ilustra facilmente como isto pode acontecer:

Seleção de resistência em uma nova área

Seleção de resistência em uma nova área
(Fonte: adaptado de Manejo de Resistência)

Vamos ver agora as principais ervas daninhas resistentes a glifosato em nosso país, para você ficar de olho nelas na sua fazenda:

2. Principais ervas daninhas resistentes a glifosato

No Brasil, foram identificados biótipos resistentes ao glifosato das seguintes espécies:

Vou explicar melhor cada uma delas!

Buva e capim-amargoso

Dentre todas essas plantas daninhas resistentes ao glifosato, o capim-amargoso e a buva estão disseminados por todo o Brasil, sendo encontrados em quase todas as lavouras de soja, por exemplo. 

Essas plantas demandam maior esforço e atenção do produtor. O manejo deve integrar vários métodos de controle para impedir a seleção de resistência para novos mecanismo de ação, o que infelizmente aconteceu nos últimos anos. 

Azevém

O azevém é predominante na região sul do Brasil, pois está mais adaptado a regiões frias, sendo um grande problema nas culturas do arroz e do trigo.  Essa planta daninha é uma das que mais possuem histórico de desenvolver resistência no mundo, por isso, muito cuidado no manejo!

Capim-pé-de-galinha

Mesmo estando presente em muitas lavouras do Brasil, o capim-pé-de-galinha, tem apresentado resistência a glifosato em poucas regiões, como no Centro-Oeste do Paraná. 

O importante neste momento é realizar o controle desta planta daninha em estádio inicial (onde é mais suscetível), monitorando a eficiência do glifosato e graminicidas.  

Esta realmente é uma planta daninha para se acompanhar de perto, pois já existem casos no país de plantas com resistência múltipla a glifosato e graminicidas (haloxyfop e fenoxaprop), o que dificulta muito seu manejo. 

Capim-branco

O capim-branco é um planta daninha presente em muitas áreas do país, principalmente em beiras de estradas e carreadores.  

Porém, não há relatos de que populações resistentes estejam se disseminando no país. Hoje, ele está presente principalmente no centro do estado de São Paulo. 

Como essa planta daninha não apresenta resistência a graminicidas, provavelmente sua disseminação está sendo contida pelo manejo do capim-amargoso resistente a glifosato, realizado na maioria das áreas de grãos.  

Mas é muito importante saber identificá-la e controlá-la em estádios iniciais, quando é muito suscetível a vários herbicidas. 

Caruru-palmeri

O caruru-palmeri, devido a um grande esforço do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) em conjunto com outras instituições de pesquisa, está sendo contido em algumas regiões do Mato Grosso. 

Por isso, neste momento, a principal preocupação de produtores fora desta região está em saber como identificar esta planta daninha caso apareça em sua propriedade. 

Acredita-se que esta planta foi inserida no Brasil por transporte de colhedoras sem a devida higienização. 

Por isso, produtores que possuírem propriedades próximas à área de ocorrência desta planta e em outras regiões deve tomar muito cuidado com a limpeza de seus maquinários e implementos para transporte. 

Caruru-palmeri é preocupação no MT

Caruru-palmeri é preocupação no MT
(Fonte: Embrapa)

Caruru-roxo

O caruru-roxo foi a penúltima planta daninha registrada como resistente a glifosato no Brasil. 

A população registrada ocorre na região sul do Rio Grande do Sul. Acredita-se que essa população tenha sido introduzida no Brasil a partir de um dos países vizinhos que já tinham registro de resistência, como Argentina ou Uruguai.

Como as espécies de caruru possuem sementes muito pequenas a higienização de máquinas precisa ser muito cuidadosa. 

Por enquanto não há registro de falhas de controle desta espécie em outras regiões do país, porém o maior medo dos pesquisadores é de que o caruru-roxo se dissemine e cruze com populações de caruru-palmeri.

Isso poderia gerar populações híbridas com grande potencial de crescimento e desenvolvimento, mais adaptadas ao clima local e resistente a vários herbicidas. 

Leiteiro

O último caso de resistência a glifosato registrado no Brasil foi de leiteiro, com ocorrência na região Centro-Norte do Paraná. 

Como este espécie tinha grande importância econômica antes das culturas RR, por já possuir resistência a inibidores da ALS e da PROTOX, é importante que essa população não seja disseminada a outras regiões do país. 

Por isso, a Cocari em parceria com a Embrapa Soja e Universidade Estadual de Maringá tem realizado planos de contenção desta espécie, prestando assistência aos produtores da região. 

Possíveis novos casos de resistência

Além das espécies que citamos, o que vem preocupando os agricultores agora é a presença de picão-preto resistente a glifosato no Paraguai, país que possui grande fluxo de transporte de máquinas e equipamento agrícolas com o Brasil. 

Assim como o leiteiro, a maior preocupação quanto a essa planta daninha está no histórico de resistência aos mecanismo de ação ALS e Fotossistema II, que já causou muitos problemas aos agricultores antes das culturas RR. 

Por isso, se você possui propriedades no Paraguai, tome muito cuidado com a higiene de suas máquinas e implementos para trazê-los para o Brasil. 

Para te ajudar a evitar a perda de rentabilidade com a infestação de plantas daninhas, baixe o e-book gratuito de Manejo de Plantas Daninhas.

3. Importância de entender a biologia da planta daninhas

Entender a biologia destas ervas daninhas é muito importante para manejá-las e saber qual ferramenta é a mais eficaz. 

Por isso, confira algumas características dessas plantas daninhas!

Emergência de sementes

A buva é uma planta fotoblástica positiva, o que significa que suas sementes somente germinam na presença de luz. Sendo assim, o uso de palhada no solo pode ser uma alternativa efetiva ao uso de herbicidas.

Além da necessidade de luz para germinar, o tamanho das sementes influencia sobre sua capacidade de emergir no solo! 

Por isso, geralmente semente pequenas (como de caruru e capim-branco), quando enterradas abaixo de 2 cm no solo, diminuem muito a taxa de emergência. E, quando emergem, produzem plântulas muito fracas e mais suscetíveis ao controle.  

Identificação de plantas daninhas em estádios iniciais

Como muitas plantas daninhas são muito tolerantes a herbicidas fora dos estádios iniciais, é de suma importância saber identificá-las em estádios iniciais.

Outro ponto importante é saber diferenciar espécies do mesmo gênero,  pois o manejo pode ser totalmente diferente. O manejo de caruru-palmeri, por exemplo, é muito mais complexo que o do caruru-de-mancha. 

Crescimento e desenvolvimento

Outro ponto importante é entender as características de crescimento e desenvolvimento das plantas.

Algumas plantas como o caruru-palmeri tem uma taxa de crescimento muito elevada, chegando a crescer de 4 cm a 6 cm por dia por isso. Por isso, a janela de aplicação em planta pequenas é muito curta. 

Além disso, plantas como capim-amargoso a partir de 45 após a emergência produzem estruturas de reserva (rizomas) que conferem uma grande habilidade à planta para se recuperar de dados ocasionados por herbicidas.

Mesmo não possuindo estruturas de reserva como o capim-amargoso o capim-branco, em estádios de desenvolvimento avançados acumula cera e desenvolve estruturas na superfície da folha que reduzem a eficiência de vários herbicidas. 

Ter esses conhecimentos pode auxiliar na decisão de manejo, por exemplo, realizar uma roçada antes da aplicação de herbicidas, que poderá facilitar muito o controle de plantas como capim-amargoso e capim-branco. 

4. Como controlar eficientemente as plantas daninhas resistentes a glifosato

Para realização de um manejo sustentável de plantas daninhas, é preciso fazer mais que apenas o controle.

A prevenção é importantíssima para evitar, ao máximo, o surgimento de espécies resistentes na sua propriedade.

Dessa forma, é necessário reduzir a pressão de seleção na população por meio de práticas do manejo integrado de plantas daninhas:

ervas daninhas resistentes ao glifosato

(Fonte: Fórum sobre manejo de resistência de ervas daninhas a herbicidas)

Você pode adotar técnicas culturais e mecânicas, além do manejo químico, para atingir alta eficácia no controle da sua área.

As principais para o manejo de invasoras são: 

  • diminuição do período de pousio ou fazer cultura de cobertura ao invés do pousio;
  • investimento na palhada para cobertura do solo;
  • uso de cultivares adaptadas a menores espaçamentos na entrelinha.

5. Manejo químico de plantas resistentes ao glifosato e a outros herbicidas

Atualmente, a chave para o controle de plantas daninhas resistentes ao glifosato e a outros herbicidas está no período de entressafra das culturas. 

Neste período existe a possibilidade de se utilizar uma diversidade de ferramentas. 

Por isso recomenda-se que inicie o manejo nas fases iniciais das plantas daninhas, associando herbicidas de diferentes mecanismos de ação e utilizando aplicações sequenciais. 

Uma técnica utilizada no passado e que tem sido recomendada pela maioria das empresas no manejo de plantas daninhas resistentes é o uso de herbicidas pré-emergentes

Além de possuírem pouquíssimos casos de resistência no mundo, esses herbicidas aumentam o intervalo entre aplicação e contribuem para rotação de mecanismos de ação. 

Além dos herbicidas presentes no mercado, alguns princípios ativos já utilizados em outros países serão lançado no mercado brasileiro como pyroxasulfone, tiafenacil e trifludimoxazin.

Como grande novidade, temos o lançamento de um herbicida com um princípio ativo novo, diferente de todos que já estão no mercado, cinmethylin (herbicida Luximo).

Além do novos herbicidas, nos próximos anos, existe previsão da liberação comercial de novos “traits” de resistência a herbicidas para as culturas da soja e milho. Confira:

  • Soja: Enlist (2,4D colina, glifosato e glufosinato de amônio) e Xtend (dicamba e glifosato).
  • Milho: Enlist (2,4D colina, glifosato, glufosinato de amônio e haloxyfop).
  • Soja: Xtend (dicamba e glifosato).
Rotação de mecanismo de ação

Rotação de mecanismo de ação
(Fonte: Fórum sobre manejo de resistência de ervas daninhas a herbicidas)

6. Falha no controle nem sempre significa ervas daninhas resistentes

Nem sempre o escape de plantas após aplicação de herbicidas significa que a sua área está infestada com ervas daninhas resistentes.  

Esta figura abaixo ilustra bem o que quero dizer:

ervas daninhas resistentes ao glifosato

(Fonte: traduzido de Take Action on Weeds)

Assim, é preciso verificar diversas outras causas antes de considerar a resistência, como:

Tecnologia de aplicação do herbicida

  1. dose inadequada;
  2. baixa cobertura do alvo ou incorporação insuficiente;
  3. momento de aplicação inadequado (estádio da planta daninha);
  4. necessidade de adjuvante;
  5. excesso de poeira na folha ou água de baixa qualidade na calda;
  6. efeito “guarda-chuva” nas aplicações em pós-emergência;
  7. antagonismo entre dois ou mais herbicidas no tanque de pulverização.

Solo ou condições climáticas

  1. umidade excessiva ou solo seco;
  2. condições de preparo do solo no momento de aplicação;
  3. adsorção dos herbicidas no solo e na matéria orgânica;
  4. condições de estresse;
  5. período sem chuva após a aplicação para ativação do herbicida.

7. Qual o impacto econômico causado pelo surgimento da resistência?

A resistência causou e vem causando muitos impactos econômicos no setor agro. A Embrapa, por exemplo, fez uma análise geral da economia nacionalmente.

De modo geral, o custo para controle de ervas daninhas em uma área com problema de resistência sobe de 40% para 200% em relação a uma área “suscetível”. A variação aumenta conforme aumentam o número de espécies resistentes.

Esta matéria mostra que alguns produtores do Paraná conseguiram economizar até R$ 138 por hectare ao diminuírem o uso de herbicidas graças ao manejo integrado.

Por isso, conhecer o custo do manejo de plantas daninhas por hectare e da sua fazenda como um todo é fundamental. Assim você saberá o que está compensando fazer e qual é a melhor medida de controle em termos produtivos e financeiros.

8. Termos importantes para entender ervas daninhas resistentes a glifosato e outros herbicidas

Plantas suscetíveis aos herbicidas

A suscetibilidade de uma certa de planta daninha é uma característica natural de cada espécie.

É a mortalidade ou danos que ocorrem em uma planta após a aplicação do herbicida, resultado da incapacidade de suportar a ação do produto.

Plantas tolerantes aos herbicidas

Plantas tolerantes apresentam naturalmente a característica de sobreviver e se reproduzir, mesmo após a aplicação de um herbicida na dose recomendada, desde a primeira aplicação.

Por exemplo: 2,4-D controla plantas de caruru (Amaranthus spp.) mas não controla capim-colchão (Digitaria ciliaris), pois esta espécie é tolerante a este herbicida.

E o que são plantas resistentes aos herbicidas?

Ervas daninhas resistentes são aquelas que anteriormente eram suscetíveis ao herbicida em questão, mas agora conseguem sobreviver e completarem seu ciclo de vida após a aplicação deste produto.

Para que essa ervas daninhas sejam realmente tidas como resistentes, a aplicação do herbicida deve ser na dose recomendada e em condições de campo.

Assim, temos a seleção de biótipos resistentes. Aliás esse é o termo academicamente correto quando falamos nesse assunto.

Esse termo é definido como um grupo de indivíduos com genética semelhante, porém pouco diferenciado da maioria dos indivíduos da população.

Ou seja, dentro de uma mesma espécie com genética semelhante, alguns grupos de indivíduos possuem diferenças.

No caso das ervas daninhas, a caracterização genética é feita apenas pela diferenciação em plantas resistentes e suscetíveis.

Se na sua propriedade apareceram plantas de capim-amargoso resistentes ao glifosato, por exemplo, isso quer dizer que houve seleção de biótipos resistentes.

9. Como me manter atualizado sobre a resistência de plantas daninhas?

Existe uma organização internacional, envolvendo 80 países, responsável por discutir e gerar novas alternativas de manejo para o combate a resistência de plantas daninhas. Esta organização se chama “International Survey of Herbicide Resistant Weeds”.

Sempre que um novo caso de resistência é comprovado, pesquisadores e especialistas da área o adicionam ao site, obtendo um banco de dados mundial.

No site da organização consta que no Brasil há 50 casos de resistência. Também há referência ao ano em que foi descoberto esses biótipos resistentes e quais os mecanismos de ação.

Você pode ver que muitos apresentam resistência múltipla (quando são resistentes a mais de um mecanismo de ação), como a buva resistente a inibidores da EPSPs (ex: glifosato), inibidores da PPO (ex: saflufenacil), auxinas sintéticas (ex: 2,4D), fotossistema I (paraquat) e II (ex:diuron).

Buva (Conyza sumatrensis)

Buva (Conyza sumatrensis) tem resistência registrada a 5 mecanismos de ação diferentes
(Fonte: Weed Science)

O site está em inglês, mas na listagem aparecem os nomes científicos e mecanismos de ação. Além de ser super informativo, a observação do que está acontecendo no Brasil e no mundo, com certeza, vai te ajudar a tomar decisões melhores dentro da porteira.

No Brasil também temos o HRAC-Brasil (Comitê de Ação à Resistência aos Herbicidas). A associação promove o gerenciamento e acompanhamento de casos de resistência com intuito de promover o manejo sustentável das ervas daninhas e o ciclo de vida dos herbicidas.

O HRAC atua no entendimento, cooperação técnica, educação, informação e comunicação entre indústrias, pesquisadores, governo, órgãos de pesquisa, universidade e produtores.

Recomendo a leitura do livro Aspecto de resistência de ervas daninhas a herbicidas”, que explica de modo simples e fácil o manejo de ervas daninhas resistentes aos herbicidas.

No site você pode ficar por dentro de novidades do setor e ver mais materiais relacionados ao tema.

Conclusão

Ervas daninhas resistentes a glifosato são um grande problema na agricultura brasileira pelo impacto financeiro que isso causa para todos os agricultores e para a cadeia.

E é por isso que as questões levantadas neste texto são importantes para seu processo produtivo, entendendo o que é a resistência e como manejá-la adequadamente.

Também vale ressaltar que, no final das contas, os custos do manejo e sua produção final são essenciais para definir qual a melhor maneira de fazer seu controle de plantas daninhas.

Você já teve problemas com ervas daninhas resistentes a glifosato e a outros herbicidas na sua área? Restou alguma dúvida sobre o melhor manejo? Deixe seu comentário.

Henrique-plácido

Atualizado em 22 de julho de 2020 por Henrique Fabrício Placido
Engenheiro agrônomo pela UFPR, mestre pela Esalq-USP e especialista em gestão de projetos. Atualmente, doutorando pela UEM na linha de pesquisa de plantas daninhas.

Como fazer o controle da buva resistente a glifosato

Controle da buva resistente a glifosato é essencial para um bom desenvolvimento da sua lavoura. Neste artigo listamos as melhores práticas e como fazer o controle efetivo desta erva daninha.

Anos atrás, a buva não assustava ninguém. Hoje, a história mudou.

Se você tem essa planta invasora na sua fazenda, sabe bem do que estou falando.

E o principal motivo desse jogo virar foi o desenvolvimento da resistência a glifosato.

Sem conseguir controlar a buva pela aplicação do herbicida, a planta se espalha rápido na lavoura.

Três plantas de buva por m² podem resultar em perdas de 4 sacas de soja por hectare.

Mas como fazer o controle da buva resistente a glifosato? E como verificar se o custo compensa?

buva-danos

(Fonte: Jornal Coamo)

Aqui eu te conto como fazer isso e muitas outras dicas e curiosidades, veja:

Como está a “grama do vizinho”: Cenário de buva resistente a glifosato e outros herbicidas no Brasil

Se você tem ervas daninhas resistentes a herbicidas na sua área, não se preocupe.

A grama do vizinho não está mais verde: infelizmente essa é uma situação comum de ser encontrada no país.

No Brasil existem 50 relatos de plantas daninhas resistentes a herbicidas.

Destes, 15 são plantas resistentes a glifosato (herbicidas inibidores da EPSPs) e 8 são de plantas de buva.

Controle da buva resistente a glifosato

Infestação de buva resistente a glifosato no Brasil

(Fonte: Prof. Michelangelo Trezzi)

No Brasil, o primeiro caso de buva resistente a glifosato foi registrado em 2005.

O mais recente deles, em 2017, que podemos considerar como um cenário preocupante é o da buva resistente a três mecanismos de ação diferentes.

Aqui você pode conferir todos os casos de resistência de buva no Brasil (Fonte: Heap, 2018):

Ano de 2005

  • Conyza bonariensis  a glifosato;
  • Conyza canadensis a glifosato.

Ano de 2010

  • Conyza sumatrensis a glifosato

Ano de 2011

  • Conyza sumatrensis a chlorimuron;
  • Conyza sumatrensis a glifosato e chlorimuron.

Ano de 2016

  • Conyza sumatrensis a paraquat;
  • Conyza sumatrensis a saflufenacil;
  • Conyza sumatrensis a glifosato, chlorimuron e paraquat.

O primeiro passo de um controle eficiente de plantas daninhas, resistentes ou não, é a sua correta identificação.

Por isso, acompanhe abaixo algumas das características mais importantes da buva.

Identificando essa planta daninha: características principais da buva

  • As plantas de buva pertencem à família Asteraceae, são anuais ou bianuais, eretas, chegando até 2,5 m de altura;
  • Possuem fácil disseminação através do vento;
  • Toleram bem condições de seca;
  • Uma planta é capaz de produzir de 100 mil a 200 mil sementes;
  • As sementes não possuem dormência;
  • Ótima germinação entre 20°C a 25°C.

As espécies de buva são difíceis de serem diferenciadas, veja na figura abaixo algumas dicas!

identificação-buva-especies

(Fonte: Michelangelo Trezzi)

Para saber mais sobre a identificação das espécies de buva consulte a publicação do HRAC: “Aspectos Botânicos, Ecofisiologicos e Diferenciação de Espécies do Gênero Conyza”.

Controle da buva resistente a glifosato: Herbicidas

Muitos herbicidas podem ser recomendados para manejar a buva e ajudar na prevenção à resistência.

Para a cultura de soja, veja o quadro abaixo:

buva-resistente-soja-alternativas

(Fonte: Embrapa)

Verifique também os herbicidas com mecanismos de ação alternativos indicados para controle da buva resistente a glifosato:

Inibidores da ALS

Clorimuron, cloransulam, diclosulam e iodosulfuron.

Mimetizador de auxinas

2,4 D e dicamba.

Inibidores da glutamina sintetase

Glufosinato de amônio.

Inibidores da PROTOX

Flumioxazin, saflufenacil e sulfentrazone

Inibidores do fotossistema I

Paraquat

Mas não é só com herbicidas alternativos que controlamos eficientemente essa planta daninhas.

O controle cultura é igualmente importante.

Controle cultural da buva

O controle cultural é uma excelente ferramenta para reduzir a infestação. Assim, temos alguns exemplos a seguir.

Lamego et al. (2013) observaram que a infestação de buva é reduzida quando se tem coberturas vegetal (palhada) sob o solo.

buva-cobertura-vegetal

(Fonte: Lamego et al., 2013)

Os autores também viram que aliando o manejo cultural ao controle químico (por herbicidas) é possível elevar a produtividade da soja pelo controle da buva.

Eles notaram que, em alguns casos, a cobertura sozinha já foi suficiente para garantir a produtividade da soja.

No trabalho realizado por Rizzardi e Silva (2014), o manejo cultura com coberturas de inverno proporcionou a redução no número e na altura de plantas de buva.

redução-buva-cobertura

(Fonte: Rizzardi e Silva (2014))

Ou seja, quanto maior for a cobertura do solo, menor vai ser a germinação das plantas de buva. Isso porque essas plantas necessitam de luz para germinar (são fotoblásticas positivas).

Assim, com a cobertura do solo, dificultamos a germinação dessa planta daninha, evitando que ela se reproduza e que deixe mais sementes no solo.

Por isso, esse manejo cultural é importante para áreas com ou sem buva resistente a glifosato ou outros herbicidas.

Mas ainda tenho algumas indicações sobre o manejo em caso de resistência em sua área.

Baixe grátis o Guia para Manejo de Plantas Daninhas

Dicas indispensáveis para o controle da buva resistente a glifosato e outros herbicidas

Aqui estão as principais dicas para prevenir e manejar a resistência de plantas daninhas, incluindo a buva:

  • Arranque e destrua plantas suspeitas de resistência;
  • Faça rotação de herbicidas com diferentes mecanismos de ação;
  • Realize aplicações sequenciais de herbicidas com diferentes mecanismos de ação;
  • Não use mais do que duas vezes consecutivas herbicidas com o mesmo mecanismo de ação em uma área;
  • Faça rotação de culturas;
  • Inspecione o início do aparecimento da resistência, ou seja, faça monitoramentos constantes na sua área;
  • Use práticas para esgotar o banco de sementes, como estimular a germinação e evitar a produção de sementes das plantas daninhas;
  • Evite que plantas resistentes ou suspeitas produzam sementes, ou seja, controle essas plantas antes de seu florescimento;
  • Especialmente no caso da buva, faça o controle quando a planta apresentar 15 até 30 cm, facilitando seu manejo.

Sobre a última dica, tenho algumas considerações a fazer.

Um dos principais desafios do controle químico da buva é o tamanho da planta, porque quanto maior a altura, das plantas mais difícil é o controle.

Por isso é importante saber identificar as espécies de plantas daninhas quando pequenas para, assim, poder controlá-las quando jovens.

altura-buva-resistente-facilidade-manejo

Influência do tamanho da buva na eficácia do controle químico aos 28 dias após aplicação, ou 13 dias após a segunda aplicação no caso de 2 aplicações.
(Fonte: Blainski,2009)

Aqui fica nítido que quanto maior a altura das plantas de buva no momento da aplicação dos herbicidas, menor é a eficácia de controle.

Para entender mais sobre o controle da buva este vídeo da Embrapa mostra a associação de métodos culturais e químicos:

>> Leia mais: “Entendendo o herbicida sistêmico e dicas para a eficiência máxima na lavoura

O custo da buva resistente a glifosato e outros herbicidas

Quando você tem uma erva daninha resistente a glifosato em sua fazenda, seu custo para controlá-la vai aumentar, especialmente se você estiver habituado a fazer somente o controle por glifosato, que é um herbicida barato.

Nesse sentido, estudos mostraram que o custo com o manejo de plantas daninhas aumentou em 82% para produtores que possuem problemas com controle da buva resistente a glifosato e outros herbicidas.

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(Fonte: Qualittas)

Esse problema fica ainda maior quando se tem além de buva resistente, outras plantas daninhas como azevém e capim-amargoso.

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Impacto econômico da resistência de plantas daninhas a herbicidas no Brasil
(Fonte: Adegas)

No seu caso, dentro de sua fazenda, você consegue verificar qual o custo com herbicidas ou com manejo de cobertura?

custo-realizado-defensivos-herbicida

Essa observação é extremamente importante para identificar quais os melhores manejos para controle da buva resistente a glifosato e outros herbicidas e garantem rentabilidade.

Recomendo fortemente que você faça seu orçamento da safra com um planejamento agrícola bem feito.

Juntamente com o monitoramento constante da área, você saberá o que e como fazer para melhorar manejar as plantas daninhas e ainda ser economicamente viável.

Conclusão

A buva resistente a glifosato e a outros herbicidas é um grande problema na lavoura, mas o seu manejo efetivo é possível.

Para prevenção dessa resistência, é importante o manejo com outros herbicidas de diferentes mecanismos de ação, além de métodos culturais.

Aqui vimos quais os produtos e outros métodos de controle da buva resistente a glifosato são melhores.

E é no planejamento agrícola que você vai decidir, com segurança, qual a melhor combinação de medidas de controle.

Isso vai garantir o manejo efetivo dessa e de outras plantas daninhas e ainda rentabilidade na sua safra!

>> Leia mais: “Guanxuma: 5 maneiras de livrar sua lavoura dessa planta daninha
>> Leia mais: “Guia para controle eficiente da trapoeraba
>> Leia mais: “O guia completo para o controle de capim-pé-de-galinha

Gostou do texto? Tem problemas para controle da buva resistente a glifosato ou a outros herbicidas na sua área? Sabe de alguma dica importante que não citei aqui? Comente abaixo!