Evite a rebrota da planta de algodão com esses 2 tipos de manejos

Planta de algodão: saiba como fazer o manejo químico e mecânico da soqueira e reduza a incidência de pragas e doenças na lavoura.  

A destruição da soqueira é uma prática essencial na cultura do algodão para interromper o ciclo de pragas e doenças.

Mas, você sabe como são os manejos mais adequados para evitar a rebrota?

Neste artigo, separamos os detalhes de tratamentos que trazem bons resultados. Confira a seguir!

Por que é necessário destruir a planta de algodão após a colheita

A planta de algodão é usada, pelo menos, desde 4.500 anos a.C.. Atualmente a produção mundial tende a aumentar para 121,97 milhões de fardos na safra 2018/19.

Nesse sentido, o Brasil também vem elevando sua produção e, junto com ela, a preocupação com seu manejo.

Depois que colhemos o algodão em pluma, é preciso se preocupar com a destruição dos restos culturais. Isso porque o algodão é uma planta que após sua colheita pode rebrotar e continuar ocupando a área.

Esta prática é feita para reduzir doenças e a população de pragas do algodão (Gossypium hirsutum L.)

As principais pragas do algodão alvos dessa prática são:

  • Bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis);
  • Lagarta-rosada (Pectinophora gossypiella);
  • Broca-da-raiz (Eutinobothrus brasiliensis);
  • Ramulose (Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides);
  • Mancha-angular (Xanthomonas axonopodis pv. malvacearum);
  • Doença-azul (Cotton leafroll dwarf virus).

Outras pragas controladas com a destruição das soqueiras são algumas espécies de lagartas como as do gênero Helicoverpa spp.

planta de algodão

Bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis) é a principal praga da planta de algodão que vem preocupando todo o mundo
(Fonte: Sebastião Araújo/Embrapa – Informativo Técnico Nortox)

O controle de insetos-praga do algodoeiro nos Estados Unidos, por exemplo, é um dos fatores que mais onera os custos de produção.  

E estudos científicos mostraram que a destruição de soqueiras possibilita redução de mais de 70% da população dos insetos que sobrevivem ao período de entressafra.

Para isso, são necessários pelo menos 60 dias sem planta de algodão no campo.

Assim, todo ano, o vazio sanitário ocorre entre o prazo final legal para destruição de soqueiras e início do calendário de semeadura da nova safra.

planilha de produtividade do algodão Aegro

Quais métodos podem ser adotados para o manejo?

Existem dois manejos principais que podem ser feitos para evitar a rebrota da planta de algodão. São eles o manejo químico e o mecânico.

O manejo químico da soqueira do algodão é realizado com herbicidas, o qual é responsável por eliminar restos culturais sem revolvimento do solo.

Já o manejo mecânico é realizado através do arranquio da soqueira.

Ambos podem ser feitos nas mais diversas variedades de algodão(espécies nativas, cultivo de algodão colorido, etc.). Vou falar mais especificamente sobre os dois:

Como fazer o manejo químico

Os dois herbicidas mais utilizados na destruição química das soqueiras são o glifosato e o 2,4-D.

Esses produtos possuem ação sistêmica dentro da planta e são transportados pelos vasos condutores até as raízes. Para a destruição química você deve atentar-se a qual tecnologia está no campo.

Para algodão convencional ou com melhoramento genético (LL®), os herbicidas mais utilizados são glifosato e 2,4-D.

Já para RF® e Glytol® (resistentes ao glifosato), a opção seria o uso de 2,4-D.

Outra boa opção é fazer a roçada das plantas com posterior aplicação de herbicida.

Observe abaixo o trabalho realizado por Andrade Junior et al. (2015).

Os autores testaram 15 tratamentos, incluindo os herbicidas 2,4-D, glifosato, glufosinato, carfentrazone, saflufenacil e flumiclorac.

A conclusão do trabalho é que a aplicação de 2,4-D logo após a roçada é fundamental e que é necessário realizar uma segunda aplicação sobre as rebrotas (ramos com cor verde).

Os melhores resultados foram obtidos com 2,4-D + Radiant, 2,4-D + Aurora, 2,4-D + Finale e 2,4-D + Heat.

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(Fonte: Andrade Junior et al. (2015))

Em outro trabalho, Sofiatti et al. (2015) estudaram a destruição de soqueiras na cultivar IMA 5675B2RF, resistente ao herbicida glifosato.

Os autores observaram que os melhores tratamentos foram aqueles em que se empregou o manejo mecânico.

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(Fonte: Sofiatti et al., 2015)

Observe o gráfico abaixo e entenda melhor os resultados alcançados pelos autores:

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(Fonte: Miranda e Rodrigues Adaptado de Sofiatti et al. (2015))

Já em trabalho realizado por Ferreira et al. (2015), os autores observaram que os melhores tratamentos foram para aplicações sequenciais:

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(Fonte: Miranda e Rodrigues (2015))

Como fazer a destruição mecânica da planta de algodão

Este tipo de manejo é muito utilizado em toda área onde é cultivado algodão, mas é especialmente importante naquelas mais voltadas à preocupação ao meio ambiente, como o cultivo orgânico.

Existem hoje vários implementos agrícolas que você pode optar para realizar a destruição mecânica.

Sua escolha deverá ser baseada nos manejos adotados na sua lavoura, principalmente se você adota práticas conservacionistas do solo. Vou te mostrar algumas opções:

1 – Arrancador de discos em “V”

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(Fonte: Valdinei Sofiatti, Pesquisador da Embrapa Algodão)

2 – Arrancador de discos

  • É acoplado ao hidráulico do trator;
  • Seus órgãos ativos são discos lisos côncavos;
  • Profundidade de 8 cm a 15 cm;
  • Alta eficiência no arranquio das plantas previamente roçadas;
  • Há formação de sulcos e camaleões.

3 – Cortador de plantas

  • Acoplado à barra de tração do trator;
  • Para cada linha de algodoeiro previamente roçada, possui dois discos que atuam aos pares;
  • Os discos apresentam certa angulação para favorecer sua penetração no solo;
  • Profundidade de trabalho de 3 cm a 5 cm;
  • As plantas são cortadas na região do colo;
  • Excelente eficiência na destruição da soqueira;
  • Baixo revolvimento do solo.

4 – Matabrotos-algodão

  • As plantas precisam estar roçadas;
  • Possui hastes com lâminas horizontais, que vão trabalhar no perfil do solo;
  • Trabalha a uma profundidade entre 20 cm e 35 cm;
  • Corta a raiz pivotante do algodoeiro e desestabiliza as secundárias.
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(Fonte: Saul Carvalho)

5 – Destroyer (destruidor de touceira)

  • É um combinação de um subsolador com um rotor picador de palha;
  • Também conhecido por triton ou trincha;
  • O rotor picador destrói a parte aérea da planta;
  • As hastes com lâminas horizontais (que ficam na parte de trás) vão atuar no perfil do solo;
  • Profundidade entre 20 cm e 30 cm;
  • Em uma única passada, faz todas as operações necessárias à destruição das plantas.

6 – Roçadeira ou triton + grade aradora

  • Corta e estraçalha a parte aérea da planta de algodão;
  • Facilita a incorporação dos restos culturais ao solo;
  • Na próxima operação utiliza a grade aradora;
  • Mobiliza e revolve o solo até a profundidade de 10 cm a 12 cm;
  • Pode precisar de até três passadas com a grade aradora, e outra, com a niveladora;
  • Pode favorecer a formação de camadas compactadas;
  • Os discos pulverizam em excesso o solo.

7 – Cotton Mil

  • Atrelado à barra de tração do trator;
  • É um disco côncavo e liso que atua sobre a linha do algodão;
  • Pequenas profundidades (a partir de 1 cm);
  • O implemento arranca ou corta as plantas previamente roçadas, ocasionando pequenos sulcos;
  • Pequena mobilização do solo;
  • Na parte frontal possui discos lisos e planos para cortar os resíduos.

8 – Arrancador-triturador de soqueira

  • Na parte frontal possui um rotor picador de palha;
  • Na parte traseira possui uma barra porta-ferramentas acoplada a um disco liso côncavo;
  • As plantas são arrancadas e deslocadas para as laterais do disco;
  • Profundidade de trabalho entre 6 cm e 10 cm;
  • Deixa a superfície do solo com desníveis;
  • Realiza em uma única passada todas as operações necessárias à destruição das plantas.

9 – Destruidor de plantas

  • Acoplado à barra de tração do trator;
  • Sistema hidráulico próprio (não usa o sistema hidráulico do trator);
  • Corta as plantas na região do colo;
  • Profundidade de trabalho entre 3 cm a 5 cm;
  • O solo é pouco mobilizado pelos discos;
  • Excelente eficiência na destruição das plantas.

10 – Destruidor de plantas Cotton 100

  • Acoplado à barra de tração do trator;
  • Cada unidade destruidora possui um disco de corte vertical (corta o sistema radicular das plantas);
  • Esteira arrancadora: as plantas são retiradas do solo e conduzidas a uma faca;
  • A faca separa a raiz do restante da planta;
  • As partículas são padronizadas e lançadas ao solo.

Observe a tabela abaixo e verifique a comparação entre os implementos para destruição de soqueiras:

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(Fonte: Silva (2006))

Conclusão

A área plantada e produção de algodão (de fibras curtas e médias principalmente) aumentou no país nos últimos anos. Mas a rebrota da soqueira pode reduzir a produção algodoeira.

Neste texto foram discutidos os principais tipos de manejo para evitar essa situação.

Você pôde conferir também quais herbicidas são mais eficazes para a destruição química e os implementos indicados para destruição mecânica dos restos culturais.

A destruição da soqueira reduz pragas agrícolas e doenças para tornar sua lavoura mais rentável.

Então, agora que você já sabe as recomendações de uso, pode fazer a escolha mais adequada à sua propriedade!

>>Leia mais:

Como evitar e combater a mela do algodoeiro em sua lavoura

Você tem dicas sobre o manejo da soqueira da planta de algodão? Restou alguma dúvida? Baixe aqui uma planilha gratuita e estime a produtividade da sua próxima safra de algodão!

Principais pragas do algodão e as estratégias certeiras para seu controle

Principais pragas do algodão: Saiba quais insetos você deve se atentar e quais são os melhores métodos e dicas cruciais para seu controle.

A dimensão das pragas de algodão é imensa: são listadas 1326 espécies de insetos, sendo que as maiores perdas são devido a 162 pragas.

As principais pragas agrícolas são aquelas que afetam as estruturas das plantas que irão resultar no rendimento da cultura.

Mas quais são as principais pragas do algodão no Brasil? E como conseguir controlá-las eficientemente?

Neste artigo separamos as pragas que mais prejudicam a cultura no país, mostrando as estratégias para seu controle eficaz! Confira!

A praga mais importante dentre as principais pragas do algodão: Bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis)

Considerada a principal praga da cultura, as larvas do bicudo se desenvolvem no interior de botões e maçãs atacadas. Já a forma adulta é encontrada em flores abertas ou protegidos pelas brácteas.

Os principais danos do bicudo-do-algodoeiro incluem botões florais abertos e amarelados com presença de perfurações escuras (orifícios de alimentação) ou com pólen aderido (orifícios de oviposição). Veja a diferença!!

principais pragas do algodão

Dano de oviposição (à esquerda) e alimentação (à direita) do bicudo-do-algodoeiro em botões florais
(Fonte: Forestry)

O botão floral atacado pode cair, assim as flores não abrem normalmente (flores balão) e as pétalas ficam perfuradas.

Além disso, observamos a destruição de fibras e sementes dentro dos capulhos atacados.

Condições favoráveis para a ocorrência do bicudo-do-algodoeiro

  • Plantio fora da janela;
  • Não destruir a soqueira na entressafra;
  • Plantas daninhas na pré-safra;
  • Presença de áreas de matas próximos à lavoura que abrigam os insetos na ausência do algodão.

Medidas utilizadas com eficiência de controle para o bicudo-do-algodoeiro

Uma das principais medidas é o plantio-isca, que atrai e elimina os bicudos com inseticidas antes do plantio definitivo.

Também é utilizado o tubo mata bicudo nas bordas da lavoura para reduzir a pressão inicial da praga e o  plantio na janela recomendada.

Como forma de controle químico, é recomendada a pulverização de inseticidas. No portal Agrofit existem 99 produtos registrados para o manejo do bicudo.

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Bicudo-do-algodoeiro atacando flores do algodoeiro
(Fonte: Arquivo pessoal do autor Lucas Barros)

No entanto, outras medidas preventivas deverão ser feitas para retardar ou diminuir a intensidade do ataque na cultura, como a destruição de soqueiras.

Outra dica, é antecipar o preparo do solo em pelo menos 40 dias. Isso faz com que seja eliminado os refúgios do bicudo, desalojando eles da área.

O controle biológico é pouco utilizado, ocorrendo predominantemente de forma natural pelos inimigos naturais da área.

Por isso, é importante escolher inseticidas seletivos, como defensivos naturais, e só realizar pulverizações quando necessário.

Nesse sentido, o professor Dr. Octávio Nakano da ESALQ/USP indica que a melhor maneira de monitorar e tomar a decisão no controle é através da contagem do número de maçãs/planta.

Para cada maçã em formação/planta ou maçã formada/planta corresponde a porcentagem (%) de infestação que podemos tolerar para o número de botões florais atacadas/planta.

Por exemplo, se observamos 2 maçãs por planta de algodão naquele estágio de desenvolvimento, significa que podemos tolerar 2% de infestação de botões florais atacados. Acima disso deve se fazer a pulverização.

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Com o Aegro você consegue ter o registro e visualização do armadilhamento e monitoramento do bicudo de forma fácil e rápida.

Dessa forma, a proteção é feita em função das maçãs formadas.

Quanto maior o número de maçãs obtidas/planta, significa que a produção já está garantida e portanto a tolerância à praga é maior.

Broca da raiz (Eutinobothrus brasiliensis)

A broca da raiz faz galerias na região do colo das plantas e pode ser ali encontrada. Nesses locais as fêmeas criam orifícios e depositam seus ovos.

As brocas da raiz causam danos de murchamento das plantas novas, sendo que as plantas desenvolvidas apresentam folhas avermelhadas e murchas.

Solo úmido e áreas de baixada, assim como áreas de plantio direto e que não faz a destruição de restos culturais favorece o surgimento da praga.

O controle da broca da raiz pode ser realizado integrando os métodos culturais e químico.

No portal Agrofit estão registrados 28 produtos para o seu controle.

Mosca branca (Bemisia tabaci biótipo B)

Considerado como a praga do século, e uma das principais pragas do algodão, essa praga está presente durante todo ano agrícola e no algodão não é diferente.

A mosca-branca tem aproximadamente 1 mm de comprimento e possui 4 estágios ninfais, sendo o primeiro móvel.

Os danos no algodão podem ser diretos e indiretos. Os danos diretos ocorrem pela sucção de seiva que pode resultar no enrolamento de folhas jovens.

Além disso causam a formação de uma substância açucarada – mela ou honeydew – e posterior queda das folhas.

Os danos da mela podem comprometer diretamente a qualidade da fibra devido o desenvolvimento de um fungo conhecido como fumagina.

Como dano indireto, a mosca-branca é vetor da virose “mosaico comum” do algodoeiro. As plantas infectadas podem apresentar redução no porte e na capacidade fotossintética.

Tempo quente, nublado e relativamente úmido são condições ideias para o desenvolvimento da mosca branca, além da ausência de inimigos naturais.

O seu controle pode ser realizado por meio de aplicações foliares inseticidas sistêmicos ou tratamento de sementes.

Pulgão do algodoeiro (Aphis gossypii)

É uma das principais pragas do algodão, ocorrendo no início da cultura, sendo que uma fêmea pode originar até 100 ninfas em 10 dias.

O pulgão do algodoeiro é um insetos que apresenta cores variando do amarelo-claro até o verde-escuro.

Normalmente eles se localizam na face inferior (abaxial) das folhas e nos brotos novos das plantas onde sugam a seiva.

Os sintomas causados incluem folhas dos ponteiros enrugadas, enroladas ou encarquilhadas; os brotos ficam deformados e nota-se a presença de mela nas folhas inferiores por consequência da sucção contínua da seiva.

Essa mela favorece o aparecimento da fumagina, que reduz a qualidade da fibra e implica no seu beneficiamento.

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Fumagina em plumas de algodão após ataque de pulgão
(Fonte: Agrolink)

Além desses sintomas, pode ocorrer a transmissão de viroses como o “vermelhão ” e “mosaico das nervuras ”.

Tempo quente, nublado e relativamente úmidos são condições ideias para o desenvolvimento dos pulgões, além da ausência de inimigos naturais.

Controle do pulgão do algodoeiro

O nível populacional tolerado do pulgão é de 1 por cm2 de folha em média, avaliando-se a quarta folha, a contar de cima para baixo; valores acima deste estimado exigem a pulverização do inseticida.

Em geral o controle deve ser feito até 60 dias de idade das plantas.

No entanto, ao final do ciclo da cultura o pulgão também precisa ser controlado para impedir que a formação de fumagina não venha afetar a qualidade da fibra.

O seu controle pode feito através de pulverizações de inseticidas sistêmicos ou mesmo utilizados no tratamento de sementes.

No portal Agrofit estão registrados 146 defensivos agrícolas para o manejo do pulgão.

Percevejo castanho da raiz (Scaptocoris castanea)

São percevejos de cor pardo escuro que utilizam plantas silvestres e gramíneas como plantas hospedeiras.

Quando realizado o preparo do solo exalam cheiro desagradável característico de sua presença.

Além disso, em períodos secos ele aprofundam-se no solo, retornando à superfície em períodos chuvosos.

Como essa praga provoca danos nas raízes, as plantas jovens se tornam amareladas e murchas. Na maior parte dos casos as plantas morrem pois a absorção de nutrientes do solo fica comprometida.

Um bom preparo do solo, com arações profundas seguidas de gradagens e correção de acidez no solo são operações que ajudam no controle dos percevejos.

No mais, uma das principais estratégias de Manejo Integrado de Pragas (MIP) utilizada tem sido o tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos.

No portal Agrofit existe apenas um produto registrado para o manejo do percevejo castanho da raiz.

Principais pragas do algodão: Complexo de percevejos

As principais espécies são: Nezara viridula, Euschistus heros e Piezodorus guildinii .

Esses percevejos são migrantes da cultura da soja e provocam queda de botões florais, flores e maçãs novas, pontuações internas nas maçãs, deformações das maçãs em forma de bico-de-papagaio e maçãs que não se abrem normalmente.

A presença de plantios de soja nas proximidades da lavoura do algodão é condição favorável para o aparecimento desses insetos.

Curuquerê do algodoeiro (Alabama argilacea)

O dano dessa praga pode ser observado no início de desenvolvimento da cultura do algodão em decorrência de práticas culturais mal executadas, como por exemplo a não destruição de plantas de algodão da safra anterior.

As lagartas do curuquerê possuem coloração variada com listras longitudinais, mas quando em altas infestações se tornam escurecidas.

Na fase adulta, as mariposas apresentam coloração marrom avermelhada e possuem hábito noturno.

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Curuquerê do algodoeiro em folha de algodão
(Fonte: Arquivo pessoal do autor Lucas Barros)

Os danos observados são o limbo foliar atacado, com desfolha proporcional ao número de lagartas podendo ser até total.

As condições favoráveis para sua ocorrência são temperaturas elevadas e após períodos chuvosos.

A tolerância é de 25% de desfolhamento, em média, para qualquer fase de desenvolvimento das plantas. Acima desse valor deve-se pulverizar a lavoura.

Inseticidas reguladores de crescimento (“fisiológicos) e biológicos, assim como a liberação massal de microvespas parasitoides de ovos da espécie Trichogramma pretiosum são utilizados no controle da praga.

A liberação massal de T. pretiosum pode ser feita uma vez por semana ou a cada 5 dias na dose de 100.000 a 120.000 parasitoides/ha assim que se observar a presença da praga no campo.

No portal Agrofit existem um total de 208 produtos registrados para o manejo do curuquerê.

Lagarta falsa-medideira (Chrysodeixis includens)

Lagarta migrante das áreas de soja, atualmente está bem adaptada a cultura do algodão.

As lagartas possuem tipicamente coloração verde com linhas longitudinais brancas ao longo do corpo.

Os adultos apresentam sob a coloração cinza-escura com uma mancha prata na porção nas asas.

As lagartas causam a desfolha nas folhas que inicialmente apresentam-se raspadas e aspecto rendilhado, evoluindo para perfurações circulares na folhas.

São de difícil controle pelo inseticidas por terem o hábito de se localizarem no baixeiro das plantas.

No portal Agrofit existem 7 produtos registrados para da lagarta falsa-medideira.

Principais pragas do algodão: Complexo Heliothinae

Esse complexo é representado pelas espécies Chloridea (=Heliothis) virescens (Lagarta-da-maçãs) e Helicoverpa armigera (lagarta-do-velho-mundo).

As lagartas dessa espécie possuem coloração esverdeada enquanto a forma adulta são de cor parda e apresentam hábito noturno.

Entre os principais danos do ataque destacam-se botões florais e maçãs danificadas com galerias formadas pelo inseto, além de queda de botões e maçãs.

Geralmente o ataque é descendente, ou seja, com início no ponteiro das plantas.

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H. virescens atacando maçã do algodoeiro.
(Fonte: UT Crops)

Para avaliar essa praga, devemos proceder a amostragem dos ponteiros de cada planta. Quando detectarmos 10% de ponteiros ou mais atacado, iniciaremos as pulverizações.

Os métodos de controle desse complexo são os mesmos recomendados para o curuquerê.

Além disso, também pode ser feito o plantio de algodão Bt que contêm as proteínas Cry1 e Cry2, as quais conferem resistência as espécie desse complexo.

No portal Agrofit existem no total de 115 produtos registrados para o manejo de C. virescens e 35 tipos de inseticidas para Helicoverpa armigera.

Lagarta rosada (Pectinophora gossypiella)

As lagartas dessa espécie quando em estágio larval avançado possuem coloração rosada, enquanto as mariposas possuem manchas cinza-escuras.

Os danos causados pela lagarta rosada são observados quando as flores apresentam aspecto de roseta, além de murcha e queda de botões florais.

As maçãs ficam total ou parcialmente destruídas, fibras e sementes danificadas.

No campo, denominamos as maçãs atacadas e que não abrem normalmente de “carimãs”. Nesses casos, as a fibra apresenta aspecto de ferrugem.

Como estratégia de manejo, não se recomenda o plantio fora de época. Para controlá-la pode ser pulverizar inseticidas reguladores de crescimento e fazer a liberação massal de T. pretiosum.

Para monitorar a lagarta rosada, devemos amostrar 100 maçãs em formação, abri-las e observar a presença da praga no seu interior. Caso se detecte 5% de maçãs com lagartas, deve-se iniciar a pulverização.

Podemos usar a armadilha com feromônio sexual para monitorar a população da praga.

Assim, ao observarmos 10 adultos/armadilha devemos realizar o controle.

No portal Agrofit estão registrados 41 produtos para o manejo da lagarta rosada.

Complexo Spodoptera spp.

As lagartas desse complexo são representadas pelas espécies S. eridania, S. cosmioides e Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho).

São uma das principais pragas do algodão, alcançando o comprimento de 40 mm.

As lagartas apresentam coloração variada, enquanto as mariposas chegam a 35 mm de comprimento efetuando postura de ovos em forma de massa sobre as folhas.

Após o ataque, as folhas ficam perfuradas e os parênquimas raspados. Brácteas, flores e maçãs são danificadas no seu interior ou nas bases.

Os ataques geralmente ocorrem da parte mediana até o ponteiro, sendo o período crítico do início do florescimento ao surgimento do primeiro capulho.

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Lagarta do cartucho, S. frugiperda, atacando maçã do algodoeiro, sendo essa uma das principais pragas do algodão
(Fonte: Arquivo pessoal do autor Lucas Barros)

As condições favoráveis ao aparecimento dessas lagartas são os plantios vizinhos ou sucessivos de milho e milheto.

Por serem plantas hospedeiras favorecem o desenvolvimento e manutenção da praga na área.

O controle deve ser iniciado quando forem encontradas 5% de plantas com massas de ovos e eclosão de lagartas.

No portal Agrofit existem 55 produtos registrados para o manejo do complexo Spodoptera spp.

Junto as aplicações de inseticidas quando necessárias, também pode ser feito o plantio de algodão Bt que contêm a proteína vegetativa VIP que confere resistência a espécie S. frugiperda.

Uma das principais pragas do algodão atualmente: Ácaros

O surto dessa praga tem aumentado nos últimos anos no Brasil, se constituindo uma das principais pragas do algodão.

Ocorrem principalmente em locais ou anos com maior incidência de veranicos.

Além disso, outro fator diz respeito ao estímulo ao aumento populacional dos ácaros após a aplicação intensiva inseticidas piretroides e neonicotinoides, fenômeno chamado de hormoligose.

Ácaro rajado (Tetranychus urticae)

O ácaro rajado possui cor verde-amarelada na forma jovem e avermelhada na fase adulta, formando colônias nas faces inferiores das folhas.

O ácaro rajado caracteriza-se por formar colônias nas faces inferiores das folhas e produzir “teias” que servem de proteção ao ataque de predadores e dispersão.

Os principais danos ocorrem na face superior das folhas com manchas avermelhadas a partir das nervuras, áreas necrosadas e desfolha de plantas.

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Folhas de algodão com sintomas do ataque de ácaro-rajado
(Fonte: Arquivo pessoal do autor Lucas Barros)

As plantas de algodão também podem ter seu ciclo encurtado e com produção de maçãs pequenas e fibras de má qualidade.

Condições favoráveis para sua ocorrência são tempo quente e seco. O seu controle pode ser feito com uso de acaricidas específicos ou inseticidas-acaricidas.

No portal Agrofit estão registrados 54 produtos para o manejo do ácaro rajado.

Ácaro vermelho (Tetranychus ludeni)

Essa espécie também produz teias para se proteger de predadores.

Os seus danos são os mesmos visualizados pelo ataque do ácaro rajado, assim como seu controle através de uso de acaricidas específicos ou inseticidas-acaricidas.

No portal Agrofit existem 7 produtos registrados para o manejo do ácaro vermelho.

Ácaro branco (Polyphagotarsonemus latus)

São organismos pequenos e de coloração esbranquiçada que estão localizados na face inferior das folhas, principalmente em folhas novas do ponteiro, lugares sombreados e lavouras adensadas.

Como danos causados destacam-se folhas escurecidas, coriáceas com o bordo virado para baixo, enquanto a face superior da folha apresenta aspecto vítreo e a inferior brilhante.

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Folhas de algodoeiro com aspecto coriáceo atacado por ácaro branco, uma das principais pragas do algodão
(Fonte: Arquivo pessoal do autor Lucas Barros)

As condições favoráveis para seu desenvolvimento são tempo nublado ou chuvoso, locais sombreados e temperaturas elevadas.

O uso de defensivos agrícolas do tipo acaricidas específicos ou inseticidas-acaricidas são os métodos de controle recomendados.

No portal Agrofit existem 3 produtos registrados para o manejo do ácaro branco.

Conclusão

Aqui vimos as principais pragas do algodão, sendo que o bicudo-do-algodoeiro e as lagartas se constituem nos insetos mais preocupantes da cultura.

Perceba que não existe um único método de controle que possa “dar conta” de tudo.

Também não se esqueça que o manejo de pragas já começa logo após a colheita do algodão, com a destruição de soqueiras e outras medidas culturais.

É preciso um Manejo Integrado de Pragas (MIP), aliado à gestão agrícola para que possamos realmente combater as pragas sem prejuízo econômico.

Assim, aproveite as dicas e bom manejo!

>>Leia mais: “Manejo integrado de pragas: 8 fundamentos que você ainda não aprendeu
>>Leia mais: 11 pragas da soja que podem acabar com sua lavoura”
>>Leia mais: “Tudo o que você precisa saber sobre área de refúgio para plantas Bt [Infográfico]

Como você faz o manejo das principais pragas do algodão? Tem alguma dica que não citamos aqui? Restou alguma dúvida? Comente abaixo!

Como fazer um manejo efetivo de pragas do algodão

Pragas do algodão: Saiba mais sobre o manejo dentro da cultura, conheça as principais pragas e seus danos, além de outras orientações para o controle eficaz.

Os prejuízos na cultura do algodão podem chegar a até 60% da produtividade pelo ataque do bicudo do algodão.

Mas não é só o bicudo que prejudica o algodão. Pelo contrário, são muitos insetos que podem reduzir a produtividade.

Para o controle eficaz dessas pragas não basta a aplicação de inseticidas. É preciso entender como manejar o ambiente como um todo.

Pode até parecer complicado, mas não é: medidas simples podem fazer toda a diferença no seu manejo de pragas do algodão.

Aqui vamos entender melhor sobre o manejo e conhecer medidas para colocar em prática agora e obter o controle eficiente das pragas. Confira!

Por que temos tantas pragas do algodão?

Não é novidade para ninguém que manejar as pragas da cultura do algodão não é tarefa fácil.

Abaixo você pode conferir o ciclo do algodão e as principais pragas do algodão:

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Incidência de pragas ao longo do ciclo de desenvolvimento da cultura do algodoeiro
(Fonte: Monsanto)

Mas por qual motivo o algodoeiro é fortemente atacado?

A explicação óbvia é que a cultura está dentro em um sistema produtivo intenso, ou seja, durante quase o ano todo há culturas na área.

Isso propicia muito a abundância de pragas do algodão, mas existem também outras justificativas.

Uma delas é a presença de nectários nas folhas das plantas de algodão, o que atrai e favorece o desenvolvimento dos insetos.

Assim, é comum verificar durante todo o ciclo de desenvolvimento do algodão inúmeras pragas atacando e que podem limitar a sua produtividade.

Segundo o Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária, na safra 2017/2018 o uso de inseticidas representaram 20% do custo total de produção da cultura do algodão no estado de Mato Grosso.

Sendo que, somente o bicudo do algodoeiro foi responsável por aproximadamente 10% desse custo de produção.

Estima-se que no mínimo 15 pulverizações por ciclo são realizadas nas propriedades de que cultivam algodão.

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Número de pulverizações na região do cerrado para o controle de pragas do algodão
(Fonte: Agro em Dia)

Sem dúvida alguma este controle químico está fortemente relacionada a abundância de pragas na cultura, mas do ponto de vista econômico e ambiental não é sustentável.

Sustentabilidade agrícola é o que a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão busca na cotonicultura, e para alcançar esse objetivo um dos primeiros passos é manejar as pragas racionalmente.

Assim, precisamos entender a cultura do algodão e inserir outros métodos de controle, como o cultural, como não deixar restos culturais na entressafra, ou mesmo o controle biológico e defensivos naturais.

Pensando nisso, abordaremos aqui sobre as principais pragas do algodão e como iniciar o Manejo Integrado de Pragas (MIP).

Manejo Integrado de Pragas do algodão (MIP)

Um dos princípios básicos do manejo é conhecer a praga no campo, seus estágios de desenvolvimento, o momento que ela ataca a planta e quando ela começa a se tornar um problema econômico.

Além disso, conhecer os principais inimigos naturais das pragas do algodão e os inseticidas seletivos são igualmente importantes.

Muito pouco ou quase nada se dá importância aos inimigos naturais, mas eles são responsáveis por controlar naturalmente 60 a 70% das pragas do algodão. Portanto, devemos preservá-los com inseticidas seletivos.

Entendendo a planta do algodoeiro para aplicar ao MIP

É importante você saber que a cultura do algodão perde naturalmente 60 a 70% das suas estruturas reprodutivas.

Dessa forma, nem todo botão floral ou maçã atacada irão resultar em prejuízos econômicos.

Além disso, nem toda desfolha é prejudicial já que área foliar em excesso poderá sombrear as folhas do baixeiro e reduzir a fotossíntese das folhas.

Assim, nem toda folha raspada ou desfolhada implicará em perda de produtividade.

Além do que, as maçãs mais pesadas, ou aquelas que irão resultar em maior produtividade se encontram na 1ª posição ou 1º nó do ramo do ramo frutífero..

Assim, você deve obedecer o nível de ação ou controle (NC) estabelecido para cada praga.

Para isso o monitoramento de pragas e o acompanhamento da evolução de pragas e inimigos naturais na área é essencial!

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Como fazer o monitoramento das pragas do algodão?

De modo geral, devemos dividir áreas grandes em talhões de 100 ha e tomar amostras de 100 plantas/talhão, escolhendo 20 pontos com 5 plantas.

Levando em consideração a distribuição da praga na área, dos 20 pontos devemos escolher 4 pontos na periferia e os demais no interior.

A freqüência de amostragens poderá ser de 3 a 7 dias podendo ser aumentada caso a densidade de pragas se encontre próxima do nível tolerado.

O resultado da amostragem anterior nos indicará com que frequência ou intensidade devemos adotar.

Além das pragas, também devemos anotar a presença de inimigos naturais. Eles nos indicarão o nível de não-ação (NNA).

Nessa situação a população do inimigo natural será capaz de controlar a praga e mantê-la abaixo do NC.

Além disso, é essencial que você tenha os dados de monitoramento registrados em local seguro, para que você possa realmente ter o controle e fazer o MIP.

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Com o Aegro você tem seus dados de MIP georreferenciados, sabendo exatamente onde estão as maiores infestações. Os dados ficam seguros, fáceis de serem visualizados e interpretados.

Para começar sua gestão deixamos disponível gratuitamente uma planilha para que você estime a sua produtividade da cultura do algodão. Baixe aqui!

Assim, após esclarecer alguns preceitos básicos vamos as pragas do algodoeiro, seus danos e Nível de Controle (NC).

Principais pragas da cultura do algodão

A partir de agora vamos comentar as principais pragas do algodão e como são os sintomas (danos) desses insetos na cultura.

Desse modo, você pode identificar melhor quais são as pragas presentes na sua lavoura. Veja:

Coleópteros-praga: os besouros que atacam o algodoeiro

Bicudo do algodoeiro – Anthonomus grandis

É a principal praga do algodão, sendo que as fêmeas (que possuem longevidade de 20 a 30 dias) depositam seus ovos no interior dos botões florais, onde as larvas se desenvolvem. O adulto é encontrado nas flores abertas ou protegidos pelas brácteas.

Com isso, os botões podem cair, as flores não abrem (flores balão) e as pétalas ficarem perfuradas.

O prejuízo na cultura do algodão também se deve à destruição de fibras e sementes.

Você pode identificar os danos do bicudo em botões florais abertos e amarelados com presença de perfurações escuras (orifícios de alimentação) ou com pólen aderido (orifícios de oviposição).

Você pode ver abaixo a diferença desses danos:

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Danos em botões florais: À esquerda o de oviposição, à direito o de alimentação
(Fonte: Forestry images)

Nível de Controle (NC): Cada maçã (formada ou em formação) corresponde a porcentagem (%) de infestação que podemos tolerar. Assim, se houver 2 maçãs por planta em média na lavoura, podemos tolerar 2% de infestação de botões florais atacados.

A Embrapa também fala sobre NC em 5% de plantas com botões atacados ou com presença do adulto.

Broca da raiz – Eutinobothrus brasiliensis

As brocas da raiz são encontradas na região do colo da planta de algodão, onde os ovos são colocados pelas fêmeas.

Os danos na cultura se caracterizam pelo murchamento de plantas novas e folhas avermelhadas e/ou murchas em plantas desenvolvidas.

Hemípteros: pulgões e cochonilhas do algodão

Mosca-branca – Bemisia tabaci biótipo B

Os danos diretos são causados pela mosca-branca sugar a seiva, provocando o enrolamento de folhas jovens, além de formar uma substância açucarada e causar queda das folhas do algodão.

Essa substância açucarada também afeta a qualidade da fibra, já que ela favorece o fungo fumagina.

Já os danos indiretos ocorrem pela transmissão da virose “mosaico comum” do algodoeiro.

Pulgão do algodoeiro – Aphis gossypii

Os pulgões se localizam na parte inferior da folha ou em brotos e folhas novas, causando ponteiros enrugados, além de folhas enrugadas e encarquilhadas.

Também observamos brotos deformados e mela nas folhas devido a sucção contínua da seiva. Essa mela favorece a fumagina, a qual prejudica a qualidade da fibra.

Os pulgões do algodoeiro também causam danos indiretos pela transmissão das viroses “vermelhão ” e “mosaico das nervuras ”.

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Fumagina em plumas de algodão após ataque de pulgão
(Fonte: Agrolink)

Nível de Controle (NC): 1 pulgão por cm² de folha em média, avaliando-se a quarta folha, contando de cima para baixo.

Além disso, a Embrapa recomenda o NC de 5 a 15% de plantas com colônias no caso de cultivares suscetíveis à virose, enquanto que em cultivares resistentes, 60 a 70% de plantas com colônias.

Percevejo castanho da raiz – Scaptocoris castanea

Esse percevejo ataca as raízes, prejudicando a absorção de nutrientes e provocando sintomas de folhas amareladas e murchas.

Complexo de percevejos

As principais espécies são: Nezara viridula, Euschistus heros e Piezodorus guildinii .

Eles ocasionam a queda de botões florais, flores e maçãs novas. Você também pode observar pontuações e deformações nas maçãs (em forma de “bico de papagaio”).

Nível de Controle (NC) para todos os percevejos: 20% das plantas com botões atacados.

Lagartas que atacam a cultura do algodão

Curuquerê do algodoeiroAlabama argilacea

É uma praga de início do ciclo do algodão, e ocorre normalmente devido a não destruição de soqueiras de algodão da safra anterior.

Com o ataque, as folhas ficam cortadas e pode ocorrer desfolha intensa das plantas.

Nível de Controle (NC): Média de 25% de desfolhamento, para qualquer fase de desenvolvimento das plantas de algodão.

Lagarta falsa-medideira – Chrysodeixis includens

Essa lagarta ocorre normalmente na cultura da soja, mas está se adaptando ao algodoeiro.

A falsa-medideira causa desfolha, sendo que inicialmente você observa a folha rendilhada e depois perfurada, como na imagem abaixo.

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(Fonte: Claudinei Kappes em Campo e Negócios)

Lagartas Heliothinae

Essas lagartas foram o “complexo Heliothinae”, sendo formado pelas espécies Heliothis virescens (Lagarta-da-maçãs) e Helicoverpa armigera.

Com o ataque das lagartas os botões florais e maçãs são danificadas, podendo ocorrer a queda dos mesmos.

Nível de Controle (NC): 10% ou mais dos ponteiros atacados na lavoura.

Veja mais: Você conhece o ciclo de vida da Helicoverpa armigera?”.

Lagarta rosada – Pectinophora gossypiella

O nome dessa lagarta é devido a sua cor rosada, já quando adulta a mariposa possui manchas cinza-escuras.

Os principais danos são a murcha e queda de botões florais, além das maçãs destruídas, com as fibras e sementes prejudicadas.

Nível de Controle (NC): 5% de maçãs com lagartas, sendo recomendado a amostragem de 100 maçãs em formação.

Complexo Spodoptera spp.

As lagartas desse complexo são representadas pelas espécies S. eridania, S. cosmioides e S. frugiperda (lagarta-do-cartucho).

Essas lagartas podem ser extremamente agressivas para as espécies vegetais, como o algodão, chegando a até 40 mm de comprimento.

Dessa forma, com a infestação as folhas ficam perfuradas e raspadas, sendo que as flores e maçãs sofrem danos no seu interior ou nas bases.

Nível de Controle (NC): 5% de plantas com massas de ovos e eclosão de lagartas.

Veja também sobre Spodoptera frugiperda:
O que você precisa saber para livrar sua lavoura da Spodoptera frugiperda
“Passo a passo de como combater a lagarta-do-cartucho”

Ácaros que atacam a cultura do algodão

Essa praga tem sua frequência aumentada nos últimos anos no Brasil, principalmente em locais ou anos com mais secos. Assim, temos três ácaros principais que atacam o algodoeiro:

1.Tetranychus urticae – Ácaro-rajado

Com o ataque do ácaro-rajado, as folhas ficam com manchas avermelhadas a partir das nervuras, há também necrose e desfolha de plantas.

2. Tetranychus ludeni – Ácaro vermelho

Os danos são muito similares ao do ácaro-rajado

3. Polyphagotarsonemus latus – Ácaro branco

Os sintomas são folhas escuras e mais duras, com as bordas viradas para baixo, enquanto a face superior da folha apresenta aspecto vítreo e a inferior brilhante.

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Ácaro branco na cultura do algodão
(Fonte: FMC)

Nível de Controle (NC) para todos os ácaros: Detecção de reboleira ou 30% de plantas com colônias.

8 Dicas essenciais no manejo de pragas do algodão

Deixaremos 8 dicas para que você tenha sucesso no manejo das pragas do algodão a curto e longo prazo:

Na entressafra controle plantas daninhas e as soqueiras do algodão;

Escolha cultivares de ciclo curto e plante na janela recomendada;

Faça o tratamento de sementes para se preparar ao ataque de pragas iniciais;

Invista no monitoramento de pragas e nos Níveis de Controle de pragas (NC);

Caso necessário, no início de cultivo dê prioridade à inseticidas seletivos aos inimigos naturais;

Faça a rotação dos mecanismos de ação;

Ao plantar algodão com tecnologia Bt, plante áreas de refúgio estruturado (algodão não-Bt);

No refúgio e nas áreas de algodão Bt, somente aplique mediante a detecção do NC.

Assim, para te ajudar no monitoramento com Nível de Controle (NC) das pragas do algodão, a Embrapa possui esta tabela:

8-pragas-do-algodão-NC
(Fonte: Embrapa)

Conclusão

A cultura do algodão possui algumas particularidades que favorecem as pragas, e aqui você pode entender como isso ocorre.

Vimos também como iniciar o Manejo Integrado de Pragas (MIP), lembrando sempre que essa gestão exige guardar e interpretar os dados de população de insetos adequadamente.

Com as principais pragas do algodão, seus danos e níveis de controle será possível identificar mais facilmente esses insetos da lavoura e começar um manejo mais consciente e eficaz.

>>Leia mais: “Como fazer manejo integrado de pragas (MIP) na cultura do milho
>>Leia mais: “11 pragas da soja que podem acabar com sua lavoura”
>>Leia mais: “Tudo o que você precisa saber na pré-safra sobre as principais pragas de milho e sorgo

Como você faz o manejo de pragas do algodão hoje? Usa algum sistema para guardar suas informações de campo? Ficou alguma dúvida? Conte para nós deixando seu comentário abaixo!

Cultura do algodão: fatores que melhoram sua produtividade

Cultura do algodão: saiba os principais fatores que afetam a produção, obtenha planilhas grátis e saiba como estimar sua produtividade antes mesmo da colheita.

Nas últimas safras vimos um aumento expressivo da área plantada e da produção brasileira de algodão.

Os produtos agrícolas do algodoeiro vêm apresentando bons preços, aumentando o interesse pela cultura.

Mas, há vários problemas que podem ocorrer ao longo da cultura e reduzir a produção algodoeira.

Por isso, preparamos este texto para falarmos de alguns fatores que podem te auxiliar a melhorar a produtividade na sua fazenda.

Importância da cultura do algodão

A cultura do algodoeiro é cultivada há bastante tempo no Brasil. Da planta de algodão são aproveitados o caroço (semente) e a fibra.

Sendo que a fibra é utilizada para produtos têxtil e do caroço é extraído óleo, o qual tem como subproduto a torta de filtro utilizada principalmente na alimentação animal.

Além disso, o Brasil é o quinto maior produtor mundial de algodão, sendo a China, Índia e EUA os maiores produtores.

cultura do algodão

(Fonte: Conab em Abrapa)

Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a região Centro-Oeste é a região com maior produção de pluma e área plantada na safra 2017/18, com destaque para o estado de Mato Grosso.

O algodoeiro no Cerrado e no Brasil como um todo possui sistemas de produção com algumas particularidades.

Em vista de tudo isso, vamos conhecer mais sobre o ciclo da cultura do algodão e os fatores para o bom desenvolvimento da cultura e sua produtividade:

O ciclo da cultura do algodão

Ciclo da cultura pode variar entre 130 a 220 dias de acordo com a cultivar.

Além de que, no desenvolvimento do algodoeiro existem as fases vegetativas e reprodutivas na planta, e algumas dessas fases podem ocorrer ao mesmo tempo.

Na parte reprodutiva, os botões darão origem às flores.

O fruto do algodoeiro quando verde (não maduro) é denominado de “maçã”, enquanto que o fruto maduro é chamado de  “capulho”.

A fase final da cultura começa com a abertura do primeiro capulho e termina com a aplicação de desfolhantes e/ou maturadores.

O IAPAR ilustrou a fase vegetativa (V) para o algodoeiro:

2-cultura-do-algodão

(Fonte: IAPAR)

  • V0: emergência da plântula e até que a primeira folha verdadeira;
  • V1: limite anterior e até que a segunda folha verdadeira;
  • V2 a V5: mesmo critério de V1.

Já a fase reprodutiva começa com o primeiro botão floral visível (B), passando pelo florescimento (F) e depois a maturação do fruto transformando em capulho (C):

3-cultura-do-algodão-fase-reprodutiva

(Fonte: Adaptado IAPAR)

É necessário atenção nessa fase produtiva do algodoeiro, já que é nela que será definida a qualidade da fibra, afetando o preço final do produto.

No gráfico abaixo, você pode observar algumas fases que ocorrem no algodoeiro e o seu aparecimento dias após a emergência.

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(Fonte: Rosolem em IPNI)

Quando chega nas últimas fases do ciclo do cultivo do algodoeiro é normal querer saber a produtividade, especialmente para planejar e dimensionar a logística de escoamento da produção agrícola.

Veremos então, como estimar essa produtividade:

Estimando a produtividade da cultura do algodão

A estimativa de produtividade é um ponto muito importante para a sua gestão agrícola.

Por isso, nós deixamos disponível gratuitamente uma planilha para que você estime a sua produtividade da cultura do algodão.

planilha de produtividade do algodão Aegro

Esta planilha em Excel é muito interativa e tem um passo a passo para que você preencha os dados.

Veja como é fácil preencher e obter os dados. Além disso, você pode calcular a estimativa de produtividade e organizar essas estimativas por talhão da sua propriedade.

Vou mostrar um exemplo para te ajudar no preenchimento dos dados:

Peso médio dos capulhos

Você deve realizar a média com o peso de todos os capulhos coletados em pelo menos 10 plantas e dividir pelo número de capulhos.

Se você coletou 10 capulhos com os pesos 5; 4,4; 5; 6; 5,1; 5,9; 4,5; 5,2; 3,9 e 5 =5 gramas

Número médio de capulhos em 1 planta

Você deve realizar a média do número de capulhos em pelo menos 10 plantas.

Por exemplo, se você coletou em 10 plantas a quantidade de capulhos: 7, 10, 11, 8, 12, 15, 9, 10, 12 e 9 = 10,3 é a média de capulhos por planta de sua lavoura.

Número de plantas de algodão existentes em 1 metro

Escolha uma área que representa o talhão e conte quantas plantas existem em 1 metro. Se preferir, você pode contar em vários pontos do talhão e fazer uma média.

Espaçamento da sua lavoura

Normalmente no Brasil o espaçamento vai de 0,7 a 0,9 metros, sendo comum o espaçamento de 0,76m.

Depois de inserir esses dados, você terá automaticamente os valores de plantas/hectare e a Estimativa da produtividade de algodão em caroço.

Mas para ter uma ótima produtividade é preciso se atentar para alguns fatores. Veremos quais são eles a seguir:

Fatores que podem aumentar a produtividade na sua lavoura de algodão

Conhecimento sobre a cultura do algodoeiro

Em qualquer atividade é extremamente importante o conhecimento sobre ela.

Então, para a cultura do algodoeiro você deve conhecer o ciclo da cultura, que já comentamos acima.

Dessa forma, você conhece as particularidades de cada fase da cultura, sendo importante saber sobre a variedade que utilizará na sua área.

Lembre-se também que as condições climáticas requeridas na cultura do algodoeiro são dias bastante ensolarados, com temperatura média mensal superior a 20ºC e com precipitações totais, no período vegetativo, de 500 a 1500 mm.

Planejamento da sua lavoura

É muito importante ter um bom estabelecimento da cultura do algodoeiro. Então, você precisa se atentar sobre:

Escolha das sementes e variedades para a sua lavoura

Você tem que conhecer a semente que pretende comprar: qual a porcentagem de germinação, variedade e qualidade das sementes.

Também é necessário planejar e realizar o tratamento de sementes adequadamente.

Além disso, lembre-se de realizar a semeadura na época adequada e com uma boa correção do solo.

>> Leia mais: “Como acertar o cálculo de semeadura do algodão

Manejo do solo

Para determinar qual adubo você deve utilizar, se precisa de gessagem e/ou calagem é muito importante realizar a análise de solo da sua propriedade.

Lembre-se que você precisa realizar a análise de solo periodicamente, pois podem ocorrer mudanças de uma cultura para outra.

Não deixe de realizar esta prática, achando que você pode economizar, te garanto que você pode perder muito se não planejar corretamente as atividades no seu sistema de cultivo.

Assim, com a análise do solo, você pode programar as atividades agrícolas da sua propriedade, realizar orçamentos, compra de adubos e corretivos agrícolas antecipadamente, com menor valor e gerenciar seu estoque.

Você pode realizar a análise de solo entre uma safra e outra, com 3 meses antes do plantio da safra.

Saiba mais sobre análise de solo aqui e sobre os laboratórios credenciados neste outro artigo.

Gerenciamento do estoque

Para a compra de insumos na sua lavoura, você deve planejar o que irá utilizar ao longo do cultivo.

Depois disso, você deve observar o mercado, com as flutuações dos preços.

Se você tiver um bom planejamento, pode comprar os insumos com menor preço.

Normalmente, o valor cai fora do período da safra, já que a procura é menor nesse momento.

Para a compra dos insumos antecipadamente são importantes as práticas de análise de solo, histórico da sua propriedade, estimativa de produtividade, e outros.

Tudo isso envolve e deve constar no seu planejamento agrícola.

Dessa forma, para gerenciar o seu estoque, você precisa monitorar a compra, o uso e o produto estocado dos insumos.

Para te ajudar no controle do estoque criamos uma planilha grátis para baixar:

Planejamento das atividades agrícolas

Você deve realizar o planejamento de todas as atividades agrícolas que ocorrem ao longo da cultura do algodão.

Planeje as atividades de preparo do solo, plantio, adubação, colheita e outras.

É importante você planejar essas atividades correlacionando com as condições climáticas, disponibilidade do insumo no estoque, disponibilidade de máquinas agrícolas e profissionais para as atividades.

Pragas e doenças podem reduzir a produtividade da sua lavoura, por isso, é importante conhecê-las e monitorá-las.

Vamos agora para o terceiro fator que influencia a produtividade do algodão:

3. Conhecimento e manejo das doenças da cultura do algodão

O conhecimento das doenças e das pragas do algodão é muito importante para te auxiliar no gerenciamento da sua lavoura algodoeira.

Algumas doenças importantes para a cultura do algodoeiro são:

Mancha de Ramularia

A ramulária é uma doença causada pelo fungo Ramularia areola, considerada a doença mais importante do algodoeiro atualmente.

Os sintomas iniciais são de difícil diagnose, sendo observada nas folhas mais novas e na parte inferior da folha, chamada de manchas azuladas.

Os sintomas progridem para manchas angulosas de coloração branca ou amarelada, com aspecto farináceo.

Esta doença começa pela região do baixeiro e progride para o ponteiro da planta.

(Fonte: Alderi Emídio em Embrapa)

As duas medidas de manejo mais recomendadas para o controle da mancha de Ramularia são o uso de variedades resistentes e quando há utilização de variedades com sensibilidade à doença, o controle químico é recomendado.

Ramulose

Esta doença é causada pelo fungo Colletotrichum gossypii var.cephalosporioides.

Este fungo pode infectar a planta em qualquer idade, se desenvolvendo melhor nos tecidos jovens.

Sintomas iniciais aparecem nas folhas novas, como manchas necróticas, podendo ter formato circular.

Este tecido necrosado tende a cair, tendo então, perfuração na folha.

A principal via de disseminação da doença é por sementes, por isso, é muito importante adquirir sementes de qualidade.

O principal manejo para esta doença é a utilização de variedades resistentes. Além disso, pode realizar a rotação de culturas e controle químico.

Mancha-angular

Esta doença é causada pela bactéria Xanthomonas citri subsp. malvacearum.

As folhas com a doença apresentam lesões angulosas de verde com aspecto oleoso inicialmente e depois progride para coloração parda com aspecto de necrosada. Com o tempo, você pode observar folhas rasgadas no local da lesão.

O principal manejo para esta doença é utilizando variedades resistentes.

Para te auxiliar na identificação e no manejo das doenças do algodoeiro, você pode utilizar este manual de identificação:

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(Fonte: A Granja)

Veja também sobre as doenças do milho e soja neste artigo.

Manejo Integrado de Pragas (MIP) na cultura do algodão

MIP é a utilização de diversas técnicas de manejo para manter a população da praga abaixo do nível de dano econômico, relacionando com aspectos econômicos, sociais e ecológicos.

Assim, as técnicas utilizadas podem ser o uso de variedades resistentes (incluindo tecnologia Bt), controle químico, rotação de culturas, controle biológico, espaçamento das plantas e outros.

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Com o Aegro é possível planejar e realizar o armadilhamento e monitoramento de pragas georreferenciado. Dessa forma, os dados não se perdem e tudo fica mais fácil de ser visualizado.

Quer saber mais sobre MIP? Veja este texto que escrevi: “8 fundamentos sobre manejo integrado de pragas que você ainda não aprendeu”.

Agora veremos algumas das principais pragas do algodão que podem afetar a sua lavoura:

Broca da raiz (Eutinobothrus brasiliensis)

As larvas da broca se alimentam dos vasos lenhosos da planta, com isso, interrompe a circulação da seiva bruta e ocorre morte das plantas.

Lagartas desfolhadoras

Existem várias lagartas que podem se alimentar das folhas do algodoeiro e acarretar desfolha das plantas, prejudicando muito o processo de fotossíntese da planta. Algumas das lagartas são:

Bicudo (Anthonomus grandis)

O bicudo ataca os botões florais do algodoeiro, que caem em seguida no solo, prejudicando a produtividade.

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(Fonte: Abapa)

Lagarta das maçãs (Heliothis virescens)

Essas lagartas se alimentam principalmente de botões florais e maçãs, podendo atingir as sementes (ficam danificadas). E com isso, há redução na produtividade.

Assim, para conhecer mais sobre as pragas do algodoeiro, você pode ver na publicação da Embrapa.

Embora o controle de doenças e pragas sejam fundamentais, o manejo de plantas daninhas dentro da cultura também é muito importante e merece atenção.

Outro fator essencial no sistema de produção de algodão é a tecnologia:

5. Fique atento às novas tecnologias que podem ser implantadas na cultura

Uso de aplicativos/ferramentas

Você sabe o quanto a tecnologia tem te ajudado a resolver vários problemas, e isso, também pode te auxiliar na agricultura.

Há vários aplicativos/ferramentas que podem colaborar no dia a dia da lavoura.

No aplicativo gratuito Aegro você pode planejar e registrar a realização de operações agrícolas. O aplicativo é disponível para Android (veja aqui) e IOS (acesse aqui).

Já com o software completo, você consegue ter o controle total da sua propriedade, com uma gestão financeira e agrícola integrada, simples e eficiente. Saiba mais aqui.

Ademais, neste artigo você pode conferir os aplicativos da Embrapa gratuitos para já começar a usar agora: “Tecnologia na agricultura: 10 ferramentas gratuitas da Embrapa”.

Agricultura de Precisão (AP)

A AP pode te ajudar com as atividades agrícolas da sua propriedade.

Você sabe que as porções da sua propriedade apresentam características diferentes, por isso, é necessário um sistema de gestão que busque otimizar e aproveitar melhor cada porção da área.

Assim, utilizando a AP você tem um melhor aproveitamento de cada porção da sua propriedade.

E consequentemente, têm um melhor aproveitamento dos insumos na sua lavoura.

Veja mais sobre a agricultura de precisão neste texto.

Conclusão

Neste texto foram discutidas sobre a importância da cultura do algodão no Brasil.

Também foram discutidos o ciclo da cultura e as características do algodoeiro.

Além disso, foi disponibilizado uma planilha excel e o passo a passo para estimar a produtividade da lavoura de algodão.

E para aumentar a produtividade, foram discutidos alguns fatores que podem te auxiliar na lavoura: conhecimento da cultura, planejamento das atividades, conhecimento de pragas e doenças e outras tecnologias.

Agora é só colocar essas dicas em prática!

>> Leia mais:

Herbicida para algodão: como fazer a melhor utilização para combate de plantas daninhas

Como tornar a colheita mecanizada do algodão mais eficiente

“O que é a mancha alvo do algodoeiro e como ela pode afetar a sua lavoura”

Como você calcula a estimativa de produtividade da sua cultura do algodão? Quais fatores te auxiliam para aumentar a produtividade da sua lavoura? Ficou alguma dúvida? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Tudo o que você precisa saber sobre tecnologia Bt e área de refúgio

Atualizado em 07 de outubro de 2020.
Tecnologia Bt: entenda sua importância e a resistência a insetos, saiba como implementar a área de refúgio em sua fazenda e outras dicas de manejo.

As áreas de refúgio são fundamentais caso você utilize a tecnologia Bt.

Essa prática, inclusive, é obrigatória por lei, como medida fitossanitária para o manejo da resistência de insetos.

Mas o que é exatamente a tecnologia Bt e como funciona a seleção de resistência de pragas a ela?

Você sabe por que é preciso fazer uma área de refúgio e como implantá-la na sua fazenda? Confira essas e outras informações a seguir:

Tecnologia Bt: plantas transgênicas

A tecnologia Bt confere às plantas a capacidade de resistir a determinados insetos-praga. Isso é feito por meio da biotecnologia, com inserção de genes da bactéria Bacillus thuringiensis, que produz uma proteína tóxica para alguns insetos.

A adoção de plantas transgênicas em culturas de interesse agronômico, como milho, soja e algodão, vem ganhando mercado dia a dia, principalmente pela praticidade em seu manejo. 

De acordo com a Céleres, a taxa de adoção de organismos geneticamente modificados passou de 9,2 milhões de hectares na safra 2005/06 para 53,1 mi/ha na safra 2019/200. 

gráfico de adoção da biotecnologia agrícola no Brasil por cultura/milhões de hectares (algodão, milho e soja)

Adoção da biotecnologia agrícola no Brasil por cultura/milhões de hectares
(Fonte: Céleres)

Para o milho, por exemplo, a projeção de uso de plantas transgênicas é de 88,9%, a maioria resistentes a insetos. 

Essa alta adesão das variedades transgênicas se deve à maior eficiência, facilidade, otimização de operações, entre outros que você já conhece.

As plantas com tecnologia Bt conferem resistência a insetos. No Brasil, temos sementes Bt para milho, soja e algodão, sendo a cultura do milho Bt a mais utilizada se comparada a outros países.

As tecnologias Xtend® e Enlist®, que devem chegar ao campo nas próximas safras, trarão novas proteínas de resistência a insetos.

Isso irá expandir a variedade de pragas e lagartas controladas pela tecnologia Bt, tanto em milho quanto em soja.

Principais pragas controladas pela tecnologia Bt

As principais pragas agrícolas controladas pelas plantas Bt de soja, milho e algodão são:

  • Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis);
  • Falsa-medideira (Chrysodeixis includens, Rachiplusia nu, Trichaplusia ni);
  • Vaquinha (Diabrotica speciosa);
  • Broca-das-axilas (Crocidosema aporema);
  • Lagarta-das-maçãs (Heliothis virescens); 
  • Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus); 
  • Helicoverpa (Helicoverpa spp., incluindo a lagarta-da-espiga H. zea);
  • Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon);
  • Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda);
  • Lagarta curuquerê (Alabama argilacea);
  • Lagarta-rosada (Pectinophara gossypiella);
  • Spodoptera (Spodoptera eridania Spodoptera cosmioides);
  • Broca-do-colmo (Diatrea saccharalis).

O primeiro evento de milho transgênico resistente a insetos foi aprovado no Brasil em 2007, o qual expressa a proteína CryAb de Baccillus thuringiensis Berliner. Devido a isso, o nome “Bt”.

De lá para cá, outros eventos foram lançados e alguns devem sair nos próximos meses.

Para quem não se recorda, o termo “evento” significa  evento de transformação genética e vem do processo de obtenção de uma planta transgênica.

Nesse processo, cada planta produzida é denominada “evento de transformação genética” e é o resultado de uma única célula vegetal, na qual ocorreu a inserção do gene de interesse.

O gene que é introduzido na planta, produz a proteína com ação inseticida. Assim, os insetos morrem ao comer as plantas Bt que expressam essas proteínas inseticidas.

A partir do evento selecionado, é feita a multiplicação das plantas transformadas e, depois, suas sementes transgênicas são comercializadas.

Resistência de insetos à tecnologia Bt

Devido à alta adoção dessa tecnologia, muitas vezes sem as regras de segurança, pode haver resistência de pragas. Esse é o principal risco para a tecnologia.

Algumas práticas para que a resistência não se desenvolva já vêm ocorrendo por parte do melhoramento genético, como expressão de altas doses dessas proteínas inseticidas. 

Também há a incorporação de mais de um gene que expressa mais de uma proteína inseticida na planta (estratégia de “pirâmide de genes”).

Mas essas estratégias só vão dar resultado se o produtor também fizer sua parte, adotando as áreas de refúgio.

Na condição de cultivo em um país tropical como o Brasil, é possível plantar o ano inteiro. Isso faz com que exista alimento para os insetos o ano todo, possibilitando seu desenvolvimento contínuo.

Para piorar, as altas temperaturas possibilitam várias gerações ao ano, o que torna mais rápido o aparecimento de insetos resistentes.

S. frugiperda é o inseto com maior potencial para desenvolver resistência às toxinas Cry1Ab e Cry1F expressas em milho Bt; e Cry1Ac, Cry2Ab2 e Cry1F, expressas em algodão Bt. Uma das razões é sua alta taxa de reprodução.

Inúmeros estudos buscam entender a seleção de resistência das pragas a organismos geneticamente modificados.

Conforme pesquisa da Universidade Federal de Lavras, o processo de transmissão da proteína Bt pode ocorrer ainda nos ovos dos insetos. Pesquisadores da Esalq/USP e UFV, também comprovaram o potencial de evolução da resistência da lagarta-do-cartucho ao milho Yieldgard VT PRO.

Portanto, se nenhuma estratégia para manejo da resistência for adotada na lavoura, a seleção persistente de insetos resistentes será inevitável.

Se você usa tecnologia Bt, coloque a realização de áreas de refúgio em seu planejamento agrícola. Oriente seus vizinhos a utilizar a área de refúgio também, pois caso ele não utilize, pragas resistentes podem entrar em sua propriedade.

checklist planejamento agrícola Aegro

O que é área de refúgio para plantas com tecnologia Bt?

A área de refúgio nada mais é que o plantio de uma área da lavoura sem a tecnologia Bt. Na prática, você deve dividir sua lavoura em uma parte com tecnologia Bt e outra sem tecnologia.

Contudo, os dois híbridos devem apresentar o mesmo porte e ciclo vegetativo.

Essa área tem como objetivo evitar o desenvolvimento de insetos resistentes à tecnologia Bt – e para isso realmente funcionar a área deve seguir algumas regras.

Por isso, separei algumas informações para a implantação da área de refúgio em sua fazenda.

Como implementar uma área de refúgio?

Quando você utiliza uma tecnologia Bt, a área de refúgio é fundamental. Inclusive, essa prática é regulamentada pela Instrução Normativa nº 59, de 19 de dezembro de 2018.

Caso você não utilize o refúgio, pode ser penalizado, pois é medida fitossanitária para evitar o manejo da resistência de pragas.

Por isso, tenha cuidado na escolha do híbrido que vai utilizar com e sem tecnologia. Como já citei, eles devem apresentar algumas características semelhantes.

Outro ponto importante é a distância, pois a área de refúgio não deve estar a mais de 800 m de distância das plantas transgênicas.

Esta é a distância máxima verificada pela dispersão dos adultos de insetos no campo para que se tenha os cruzamentos de adultos sobreviventes da lavoura Bt com insetos da área de refúgio.

Para obedecer à regra, você pode realizar o plantio dos híbridos sem a tecnologia de duas maneiras:

imagem que mostra a implantação da tecnologia bt sendo A) Plantio realizado em faixas ou no perímetro da lavoura; B) Em áreas irrigadas com pivô, o plantio pode ser realizado em faixas ou em parte da área

Como implementar o refúgio: A) Plantio realizado em faixas ou no perímetro da lavoura; B) Em áreas irrigadas com pivô, o plantio pode ser realizado em faixas ou em parte da área
(Fonte: adaptado de Embrapa Milho e Sorgo)

Assim, as áreas de refúgio servem como reservatório de insetos suscetíveis à tecnologia Bt.

Qual o tamanho da área de refúgio?

Para determinar o tamanho da área de refúgio em sua propriedade, o primeiro passo é consultar qual evento foi utilizado.

A empresa detentora da tecnologia Bt irá indicar qual a porcentagem da área deve ser de refúgio, conforme indica a legislação.

Normalmente, a indicação é de 20% para soja, cana-de-açúcar e algodão, em média, e de 5% a 10% para milho.

Fique atento à recomendação no momento da compra de suas sementes.

Refúgio e resistência na lavoura de milho

A utilização de áreas de refúgio em milho é fundamental para a manutenção da tecnologia Bt e para evitar possíveis casos de resistência.

Inúmeros estudos comprovam a eficiência da utilização de áreas de refúgio no milho em áreas que utilizam a tecnologia Bt.

Contudo, já observamos a quebra de resistência à proteína Cry1F.

Essa possível perda da tecnologia pode ser oriunda de lavouras que desrespeitaram a lei e não utilizaram corretamente as áreas de refúgio. Ou pode ter havido negligência no momento da instalação da área.

Um exemplo, é a lagarta-do-cartucho do milho resistente à proteína Cry1F.

Para evitar possíveis outros casos de resistência no milho, pesquisadores alertam produtores a realizar o MIP (Manejo Integrado de Pragas), a instalação da área de refúgio corretamente e realizar constantemente o monitoramento de sua lavoura.

Dicas para o manejo em áreas de refúgio para plantas Bt

As áreas de refúgio para plantas com tecnologia Bt devem ser conduzidas como toda a lavoura convencional, com o uso de fertilizantes, pulverizações de herbicidas, fungicidas e inseticidas.

O controle de pragas na área de refúgio pode ser feito por vários métodos, exceto com a utilização de bioinseticidas à base de Bt.

Separei algumas dicas que podem lhe auxiliar no manejo de sua área de refúgio:

  • elimine plantas daninhas, pois elas podem ser hospedeiras de pragas resistentes;
  • realize o monitoramento de pragas constantemente, isso irá facilitar o manejo;
  • evite a aplicação constante de inseticida. Quanto maior o número de aplicações, menor sua efetividade para evitar o desenvolvimento de resistência dos insetos;
  • realize a rotação de culturas;
  • realize o Manejo Integrado de Pragas, evitando fazer apenas um tipo de controle.

Conclusão

A utilização da área de refúgio é fundamental para manutenção da tecnologia Bt e para evitar possíveis casos de resistência em sua fazenda.

Nesse artigo, falamos sobre a tecnologia Bt e as pragas controladas por ela. Mostramos ainda a importância da área de refúgio e como implantá-la em sua propriedade.

Lembre-se que, apesar do processo de seleção de populações resistentes ocorrer dentro de cada propriedade, os insetos se dispersam por toda a região, fazendo com que os prejuízos sejam para todos.

Assim, mesmo que na sua fazenda você tenha implantado áreas de refúgio e realizado o MIP, se os seus vizinhos ainda não estão fazendo isso, você também poderá ter problemas.

Por isso, é preciso da compreensão de todos e a ação conjunta!

Você utiliza sementes com a tecnologia Bt? Restou alguma dúvida sobre área de refúgio? Deixe seu comentário!

Atualizado em 07 de outubro de 2020 por Rayssa Fernanda dos Santos
Agrônoma pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), mestra em fitotecnia pela Esalq/USP, doutoranda em agronomia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), ênfase em produção vegetal, e com MBA em Marketing.