Defensivos biológicos: Quando usá-los e o que fazer para adaptar à realidade da sua lavoura.
Os defensivos biológicos vêm ganhando mais espaço na agricultura brasileira. Prova disso é o crescimento do mercado, que avançou mais de 70% em 2018, segundo dados da Abcbio.
Mas sua utilização ainda é pequena: alcança apenas 5% da produção em algumas regiões do país, de acordo com a associação.
Neste artigo, vou te mostrar por que e quando usar os defensivos biológicos e as alternativas para adaptá-los à sua realidade. Confira a seguir!
O que são defensivos biológicos?
Os defensivos biológicos são aqueles que têm como base produtos naturais utilizados no controle de insetos e doençasagrícolas.
Sua classificação pode se dar de acordo o princípio ativo utilizado:
Produtos de controle biológico – têm como princípio ativo os microbiológicos (como bactérias, fungos e vírus) e macrobiológicos (como parasitoides e predadores).
Produtos de substâncias sintetizadas em organismos – têm como princípio ativo os bioquímicos e semioquímicos.
Para controle de insetos, a entomologia foca na utilização de insetos predadores vivos, nematoides entomopatogênicos ou patógenos microbianos para suprimir populações de diferentes insetos-praga.
No controle de doenças, a função fica com os antagonistas microbianos para suprimir doenças, bem como o uso de patógenos específicos do hospedeiro para controlar populações de ervas daninhas.
O que é o controle biológico e Manejo Integrado de Pragas?
A premissa do controle biológico é o uso de inimigos naturais, no qual pragas e doenças podem ser suprimidas pelas atividades de um ou mais micróbios associados às plantas ou outros insetos. O MIP (Manejo Integrado de Pragas) é o método racional e preventivo para a sua lavoura. Você se baseia na identificação correta das espécies, monitoramento constante e avaliação dos níveis de necessidade de controle e condições ambientais.
Mercado de defensivos biológicos
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Brasil é responsável por 1/5 do consumo mundial dos produtos químicos para a agricultura. Utilizamos 19% da quantidade produzida no mundo.
E a questão mais alarmante é que cerca de 30% dos agroquímicos foram classificados como muito perigosos.
Mas o que mais tem impactado e sido sentido no campo é o desenvolvimento de resistência das pragas, doenças e plantas daninhas. Essa resistência se deve ao uso contínuo e não racional dos agroquímicos.
Neste sentido, os defensivos biológicos têm tido maior desenvolvimento, de forma recente, como estratégia de insumo para a produção em escala.
Em 2012, através do Ministério da Agricultura, foi lançada a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica que apoia os pesticidas naturais.
Isso impulsionou empresas do setor vinculadas à Associação Brasileiras das Empresas do Controle Biológico (ABCBio). Além disso, empresas tradicionais do ramo dos defensivos químicos também vêm incluindo produtos biológicos no portfólio.
Os dados são muito positivos. Só em 2018, com novos registros de defensivos biológicos, o crescimento do mercado foi de 77% – o que representa em torno de R$ 464,5 milhões.
(Fonte: SBA)
É uma tecnologia que dá resultado. E, com as empresas mais estruturadas e os resultados de protocolos agronômicos mais acertados, o desafio é levar informação para mais produtores, segundo Arnelo Nedel, presidente da ABCBio.
A fatia do bolo do mercado de defensivos agrícolas que são comercializados em nosso país ainda é pequena.
Porém, os movimentos de produção de microrganismos On farm tem crescido em muito e não são contabilizados.
E essa tem sido a realidade para pequenos produtores com produção de biofertilizantes até mesmo para grande grupos como o Amaggi.
Biofábrica on farm em fazenda de Goiás
Produção de biofertilizante em agricultura orgânica no RS (Fotos: Arquivo pessoal da autora)
Exemplos de defensivos biológicos
Antes de citar uma lista de produtos que você pode usar em sua lavoura para controlar pragas e doenças, acho importante falar da base de conhecimento que leva o controle biológico e os biodefensivos.
Os micro e macro organismos usados no controle biológico têm como base as relações de antagonismos interespécies:
Antagonismo de caminho misto: mecanismo de produção de antibióticos, enzimas líticas, resíduos não regulamentados e interferências física e química. Exemplo: Pseudomonas spp.na produção de antibióticos.
Antagonismo indireto: mecanismos como concorrência e a partir de exsudação, consumo de lixiviados, sideróforos e indução de resistência das plantas.
E outro termo que é mais amplo é o estabelecimento de uma boa microbiota nos solos. Isso promove a chamada supressividade dos solos, nos quais temos, como resultados:
Patógeno não se estabelece;
Patógeno se estabelece, mas falha ao causar a doença; ou
Patógeno se estabelece, mas a severidade é reduzida.
Vespa da espécie Trichogramma galloi parasita ovos da broca-da-cana (Fonte: Terra)
Empresas de produtos biológicos para agricultura
Agora, deixo uma lista de empresas que produzem algum tipo de defensivo natural, seja controlador biológico, produto bioquímico ou semioquímico:
Simbiose;
Promip;
Koppert;
Laboratório Farroupilha;
Gênica;
BioControle;
STK Bio Ag Technologies;
RSA Biotecnologia Agrícola;
Ballagro;
FMC – Nemix;
Korin – Embiotic;
Bayer – Sonata.
E também empresas que promovem soluções On Farm (serviços envolvendo defensivos naturais):
Defensivos agrícolas x defensivos biológicos
Solubio;
Agrobiológica – Soluções Naturais.
Não é uma disputa: é uma forma um pouco diferente de controlar pragas e doenças nas lavouras.
Os desafios da agricultura atual são muitos:
Doenças iatrogênicas;
Desequilíbrio biológico, com alterações no ciclo de nutrientes e matéria orgânica;
Eliminação de organismos benéficos;
Resistência desenvolvida por pragas e doenças aos produtos químicos convencionais;
Falta de desenvolvimento de novas moléculas química.
E o MIP é parte fundamental nessa mudança. Além de que, a pesquisa tem possibilitado caracterizar estruturas e funções de agentes de biocontrole, patógenos e plantas hospedeiras nos níveis molecular, celular, orgânico e ecológico.
Conclusão
Vimos que o desenvolvimento do setor de defensivos biológicos é cada vez maior. E a perspectiva é de melhora significativa também nos protocolos de aplicação de campo e qualidade de produtos empregados.
Isso se deve principalmente aos avanços em tecnologias computacionais, biologia molecular básica, química analítica e estatística.
A expansão dos defensivos biológicos é motivada pelo foco em uma agricultura mais sustentável do ponto de vista econômico e do meio ambiente.
E isso repercute em melhoria na qualidade de vida do produtor rural e também do produto que você entrega.
Os defensivos convencionais são agentes de processos químicos ou sintéticos. Já os defensivos naturais são agentes de processos biológicos.
E, nesse sentido, os produtos biológicos têm recebido maior atenção, com experimentos em grandes culturas complementando a eficiência dos produtos químicos.
O diferencial dosdefensivos biológicos é a segurança para o aplicador e a eficiência do controle dos alvos. Isso porque, em geral, são seguidas corretamente as recomendações dos fabricantes. Eles ainda possuem um nível residual que se mantém no sistema e é muito positivo para o equilíbrio biológico.
Embora o uso de agroquímicos seja indispensável para atender às crescentes demandas de
alimentos, existem oportunidades em diversas outras culturas, sempre como um componente do MIP.
O Manejo Integrado de Pragasfaz toda a diferença em qualquer sistema produtivo e um defensivo natural se encaixa – e é mais eficiente – quando está neste contexto.
Mas 43% dos produtores brasileiros ainda não têm conhecimento sobre os defensivos biológicos, segundo a Abcbio.
É uma quantidade bem significativa que desconhece outras opções de controle disponíveis, não é mesmo?
Classificação toxicológicas dos defensivos agrícolas
A classificação toxicológica é umas das formas de mensurar o impacto dos defensivos agrícolas no ambiente.
Ela é feita a partir de resultados de estudos toxicológicos agudos, realizados com a formulação pretendida, tanto no ingrediente ativo como componentes.
Atualmente, a Anvisa padronizoua classificação com respectivos nomes das categorias e cores nas faixas do rótulo dos produtos em quatro classes:
Classe I, produto extremamente tóxico, faixa vermelha
Classe II, produto altamente tóxico, faixa amarela
Classe III, produto moderadamente tóxico, faixa azul
Classe IV, produto pouco tóxico, faixa verde
Classe toxicológica e suas respectivas cores de faixa
(Fonte: Anvisa)
E uma das grandes diferenças entre defensivos químicos e os biológicos é a classificação. Os biológicos são faixa verde, indicando que são pouco tóxicos em geral.
Agrotóxicos naturais pesquisados pela Embrapa
A Embrapa é protagonista em volume de pesquisas e resultados na área de controle biológico.
Uma prioridade da instituição é agilizar a transferência dos conhecimentos e tecnologias gerados nesta área para o setor produtivo. Isso permite ampliar a utilização de agentes de controle biológico, colaborando para a redução do uso de agrotóxicos sintéticos.
Além disso, pesquisas de microrganismos endofíticos também são um caso antigo. A Embrapa foi protagonista na descoberta do Azospirillum spp.
Lembrando que o Brasil é líder no uso de bactérias fixadoras de nitrogênio. Tal condição representa uma economia de US$ 13 milhões que seriam gastos em fertilizantes químicos.
Outros estudos são com os bioherbicidas e com rizobactérias como Burkholderia pyrrocinia e Pseudomonas fluorescens.
Agrotóxicos naturais para citros
O Brasil é responsável por cerca de 85 % da produção mundial de citros. E, até mesmo por isso, vemos investimentos para o manejo da cultura, inclusive em termos de agrotóxicos naturais.
Um dos principais problemas dos pomares, a larva minadora, pode ser combatida com a vespa Ageniaspis citricola.
Os pulgões e vaquinhas também são grandes problemas da cultura, sendo que o controle é efetivo com o uso de parasitóides (como Aphidius sp) ou com óleo de Nim e caldo de fumo.
Pesquisas também apontam o uso de Metarhizium anisopliae no controle de Ceratitis capitata, até mesmo em associação muito positiva com defensivos naturais como o nim. Você pode ver sobre o estudo aqui.
Agrotóxicos naturais para soja e milho
Segundo a Anvisa, existem 2.053 defensivos registrados para o controle de problemas fitossanitários em soja. Há ainda 155 defensivos biológicos, classificados como pouco tóxicos.
O clássico baculovírus tem sua eficiência comprovada a campo e novas opções no mercado.
O Trichogramma pretiosum também tem sua eficiência comprovada, parasitando ovos de diversas mariposas.
E outros estudos têm avançado em avaliar a aplicação dos mesmos em conjunto com a aplicação de herbicidas no controle de Spodoptera frugiperda, o que facilita a sua utilização. Veja aqui sobre o estudo.
Apresentação Curso do Controle Biológico Embrapa Clima Temperado
(Fonte: Promip)
Uso e perspectivas dos agrotóxicos naturais
Atualmente, os agrotóxicos naturais cobrem apenas 2% dos fitossanitários usados
globalmente. No entanto, sua taxa de crescimento mostra uma tendência crescente nas duas últimas décadas.
No Brasil, o mercado dos agrotóxicos naturais ainda é de 1% dos defensivos agrícolas. E a perspectiva de crescimento aumentou em torno de 20% ao ano a partir da safra de 2012/2013, quando houve introdução de Helicoverpa armigera. Em 2014, houve a detecção de populações de Spodoptera frugiperda resistentes a toxinas de Bacillus thuringiensis em cultivos transgênicos.
Nessa tendência mundial, não estamos ficando para trás. O foco tem sido em pesquisa e inovação na melhoria de formulações de biopesticidas bacterianos, virais e fúngicos.
Há ainda tecnologias eficientes de aplicação, como os drones, que já falamos algumas vezes aqui no blog, e que estão potencializando muito a eficiência do uso de parasitoides a campo.
Entre produtos com princípio ativos como feromônios, agentes macrobiológicos (parasitas, parasitoides e predadores) e agentes microbiológicos (bactérias, fungos e vírus), já existem 128 produtos registrados.
A produção global de biopesticidas ou agrotóxicos naturais foi estimada em mais de 3 mil toneladas por ano, o que está aumentando rapidamente. Globalmente, o uso desses produtos está aumentando 10% a cada ano.
O aumento da demanda de produtos agrícolas livres de resíduos, o cultivo de alimentos orgânicos e o registro mais fácil em relação aos agrotóxicos convencionais são alguns dos impulsionadores desse mercado.
A ciência dos agrotóxicos naturais ainda é considerada nova e está apenas evoluindo. É necessária uma pesquisa aprofundada em muitas áreas, especialmente na produção, formulação, entrega e comercialização dos produtos.
Conclusão
Os agrotóxicos naturais vêm despertando interesse por suas vantagens associadas à segurança ambiental, especificidade para o alvo, eficácia, biodegradabilidade e adequação no Manejo Integrado de Pragas.
Neste artigo, falamos sobre as principais diferenças entre os agrotóxicos naturais e convencionais. Também mostramos os biopesticidas mais recomendados para culturas como citros, soja e milho.
Você viu ainda os defensivos naturais utilizados para controle de pragas como as lagartas.
Embora a aplicação potencial de biopesticidas em segurança ambiental seja bem conhecida, a procura tem aumentado com a crescente demanda por alimentos orgânicos.
Novos caminhos são possíveis para desenvolvermos uma agricultura mais precisa e sustentável do ponto de vista do meio ambiente e também dos negócios.
Percevejo-castanho: Como enfrentar as dificuldades de controle e os melhores manejos para se livrar dessa praga na sua lavoura
Quando o assunto é praga subterrânea, dá até um certo desânimo, não é mesmo? Principalmente porque ela pode lhe causar sérios prejuízos se não for detectada a tempo.
Uma delas é o percevejo-castanho-da-raiz, que tem sido bastante frequente nos últimos anos. Essa praga ataca culturas como soja, milho, sorgo, algodão, café, arroz e pastagens, dentre diversas outras.
E, então, o que devo fazer para não ser pego “de surpresa” por uma praga dessas? Vou te explicar melhor a seguir!
Características do percevejo-castanho-da-raiz
Como o próprio nome diz, esse percevejo tem hábito subterrâneo e ataca as raízes, inserindo o aparelho sugador no tecido da planta, no qual se alimenta da seiva.
Ao atacar as raízes, esses insetos injetam toxinas que reduzem o crescimento da planta, além de provocarem enfraquecimento, amarelecimento e murcha.
O percevejo-castanho-da-raiz Scaptocoris castaneaé a espécie que vem provocando danos bastante expressivos em diversas culturas de norte a sul do Brasil, principalmente na região do Cerrado.
As ninfas passam por 5 ínstares e são branco-leitosas, inicialmente. Os adultos medem cerca de 8 mm de comprimento e têm coloração marrom-claro.
Uma característica bastante marcante desta praga é a presença de pernas anteriores do tipo escavadoras, que permitem que os insetos se movimentem no solo.
Por ser uma praga polífaga, tem grandes chances de permanecer em uma área mesmo após o fim do cultivo. Isso ocorre principalmente se houver plantas remanescentes ou plantas daninhas que servirão como hospedeiras.
Você deve levar em consideração o clima da sua região para detectar a presença do percevejo-castanho.
Em épocas de períodos chuvosos, esses percevejos permanecem na camada mais superficial do solo, onde atacam as raízes em reboleiras. É também quando acontecem as revoadas dos insetos adultos.
A dispersão por voo acontece após a cópula dos insetos, o que permite que as fêmeas possam estar aptas a ovipositar em novas áreas e recomeçar o ciclo biológico.
A falta de umidade faz com que se aprofundem no solo. Com isso, vão para as camadas que podem variar de 50 cm a 2 metros.
Com essas informações fica um pouco mais fácil de você detectá-los, concorda?
Ninfas e adultos de Scaptocoris castanea
(Foto: Ivan Cruz em Defesa Vegetal)
Controle do percevejo-castanho
No geral, o controle de pragas subterrâneas costuma ser mais oneroso do que o controle de pragas aéreas.
No caso do percevejo-castanho, existe ainda a questão de se aprofundarem no solo, o que dificulta ainda mais seu controle.
Por isso é importante que você considere o uso de diferentes táticas do Manejo Integrado de Pragas (MIP) para te auxiliar na redução populacional deste inseto.
Como você pode perceber, após a entrada na área, o controle dessa praga se torna bastante dificultado. Por isso, é muito importante que você conheça o histórico da área.
Se já houve algum surto anteriormente, é preciso que você considere o que conversamos sobre o hábito desta praga em diferentes climas.
É fundamental que você faça o monitoramento através de amostragens em trincheiras em épocas de períodos chuvosos para detectar as pragas na parte mais superficial do solo. Pode realizar amostragem em covas de 30 x 30 x 50 cm.
Se possível, faça covas mais profundas de até 1,5 m caso seu solo esteja seco, pois você já sabe que a praga pode estar presente devido à falta de umidade na parte superficial.
O nível de dano econômico não é preciso, mas a presença de 24 a 40 percevejos por metro linear já é suficiente para causar perdas nas lavouras.
A) Foco localizado de algodoeiro atacado por percevejo castanho; B) Plantas com sintomas de ataque de percevejo castanho (à esquerda, em destaque) ao lado de planta normal (à direita)
As medidas preventivas são viáveis para evitar perdas na produção por ataques do percevejo-castanho. Tais medidas devem ser realizadas quando o solo estiver mais úmido, para atingir as pragas que estarão nas camadas superficiais.
Dentre as táticas do controle cultural , você deve considerar:
Aração (do tipo aiveca) para expor as pragas e condicionar o solo
Solos bem manejados com adubação equilibrada com Ca e P para um bom desenvolvimento radicular
O controle químico pode ser feito no sulco de semeadura ou no tratamento de sementes. Porém, ele é difícil, pois existem poucos inseticidas registrados para controle desta praga pelo Mapa (Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
Esse déficit se dá pela falta de eficiência, visto que os inseticidas podem chegar a, no máximo, 15 cm de profundidade e a possibilidade de atingir o inseto é baixa.
O controle biológico com organismos naturalmente presentes no campo não é suficiente para controlar esta praga.
Por isso, há a possibilidade de utilizar o fungo entomopatogênico Metarhizium anisopliae que tem registro no site do Mapa para todas as culturas com o produto Meta turbo SC.
Da mesma forma que os inseticidas, o produto biológico deve ser aplicado no sulco de semeadura ou com jato dirigido à base das plantas.
Conclusão
O percevejo-castanho é uma praga que pode causar sérios prejuízos à sua lavoura. Neste artigo, vimos as principais dificuldades de controle desse inseto e as recomendações de manejo.
É importante que você tenha o controle do histórico das infestações de percevejo-castanho na área em que for iniciar o cultivo para não ter problemas ao final da produção.
Lembre-se que a profundidade em que ninfas e adultos se encontram depende da umidade do solo.
Somente o controle químico não é suficiente para controlar o percevejo-castanho-da-raiz. O mais recomendado é o uso de diversas táticas do MIP. Assim, seu controle será muito mais preciso!
Referências Avila, C.J., Xavier, L.M.S. and Santos, V., 2016. Fluctuation and vertical distribution of a population of brown root stink bug Scaptocoris castanea (Hemiptera: Cydnidae) in the soil profile in Mato Grosso do Sul State, Brazil. Embrapa Agropecuária Oeste-Artigo em periódico indexado (ALICE).
Souza, C.P.R., Turchen, L.M., Cossolin, J.F.S. and Pereira, M.J.B., 2019. Flight dispersion in field and reproductive status of Scaptocoris castanea Perty (Hemiptera: Cydnidae). EntomoBrasilis, 12(1), pp.44-46.
Mosca-branca: entenda como identificar, o que esta praga causa nas culturas agrícolas e como o seu controle pode ser realizado
A mosca-branca (Bemisia tabaci) é uma praga agrícola presente em diversas regiões produtoras no Brasil e no mundo.
Ela causa danos e perda de produtividade em mais de 600 espécies, como soja, feijão e algodão. Por também atacar plantas daninhas, ela pode sobreviver na entressafra.
Neste artigo, veja como a mosca-branca pode ser identificada, o que ela causa nas culturas agrícolas e como o seu controle pode ser realizado! Boa leitura!
Mosca-branca nas plantas
A mosca-branca é um inseto sugador de seiva, dentre as quais a espécie Bemisia tabaci tem se tornado alvo de preocupação pelos problemas que pode causar às culturas agrícolas.
Essa praga polífaga tem capacidade de se alimentar de diversas espécies de plantas e pode causar danos diretos e indiretos nas culturas, seja a partir da sucção da seiva das plantas, seja a partir da transmissão de viroses.
Ela pode reduzir a produtividade das culturas de 20% a 100%, a depender da infestação.
Já foi observada se alimentando e se reproduzindo em mais de 84 família botânicas, sendo as de maior importância agrícola:
Fabáceas ou leguminosas: soja, feijão, feijão-vagem, ervilha;
O termo mosca-branca vem das características dessa praga, que possui asas brancas. Diferente das moscas comuns, as moscas-brancas pertencem à ordem Hemiptera e possuem dois pares de asas.
Elas são da família Aleyrodidae e já foram registradas cerca de 1.550 espécies de 160 gêneros diferentes. Dentre as várias espécies existentes, Bemisia tabaci se tornou alvo de preocupação, especialmente pelo maior número de plantas hospedeiras.
A alta capacidade de reprodução em diferentes condições climáticas e a resistência a diversos inseticidas são outros motivos.
Biótipos de mosca-branca encontrados no Brasil
Para a espécie Bemisia tabaci biótipo B, já há relatos de resistência a inseticidas, principalmente dos grupos dos organofosforados, carbamatos e piretróides.
Por ser uma espécie com grande diversidade genética, a maioria dos pesquisadores
considera que existam diferentes biótipos.
Acredita-se que, no Brasil, ocorra uma maior incidência do Biótipo B (Middle East Asia Minor 1 whitefly – MEAM1).
Porém, já foram encontrada espécimes de mosca-branca B. tabaci Biótipo Q (Mediterranean – MED) no Sul do Brasil, no Centro-Oeste e no Sudeste.
Adultos de mosca-branca em soja; nível de dano varia de acordo com a cultura
Para identificar a mosca-branca é necessário identificar os adultos e ovos, que normalmente ficam na parte de trás das folhas. Os adultos da mosca-branca possuem coloração amarelo-palha e medem de 1 mm a 2 mm. As fêmeas são maiores que os machos.
No caso dos ovos da mosca-branca, eles têm formato de pêra e ficam agrupados nas folhas.
Quando em repouso, é possível observar também as asas brancas da mosca, levemente separadas. É possível observar o corpo do inseto, de coloração amarela característica.
Para identificar a mosca-branca na lavoura, fique de olho na coloração de cada fase do inseto:
No primeiro ínstar, possui coloração branco-esverdeada, e formato do corpo plano.
No segundo ínstar, apresenta coloração branco-esverdeada.
No terceiro ínstar, as ninfas são ligeiramente transparentes, com coloração verde-pálida a escura e olhos vermelhos.
No quarto ínstar, as ninfas têm formato oval e parecem ter uma cauda. Neste estágio, as ninfas são planas e transparentes e com olhos vermelhos visíveis.
Ciclo de vida
O ciclo de vida da mosca-branca dura entre 25 e 50 dias, sendo que em condições de temperatura e umidade ideais, pode gerar de 11 a 15 gerações por ano. Esse inseto possui quatro fases de vida: ovo, ninfa, pupa e adulto.
Na primeira fase, ao eclodir, as ninfas são capazes de se locomover. Essa característica é essencial para o sucesso desse inseto. Afinal, quando as folhas não apresentam condições ideais, a ninfa se locomove para as mais adequadas ao seu desenvolvimento.
Logo em seguida, as ninfas se fixam nas folhas para sugar a seiva da planta até que se tornem adultas.
Cada fêmea tem capacidade de colocar entre 100 a 300 ovos durante seu ciclo de vida. Por isso, é importante monitorar a população deste inseto.
A duração do ciclo de vida da mosca-branca varia conforme a temperatura e a planta hospedeira, principal fator para o desenvolvimento deste inseto.
Danos causados
Os danos da mosca-branca nas culturas são causados por adultos e pelas ninfas do inseto. Eles introduzem o aparelho bucal no tecido da planta e injetam um tipo de toxina. Isso provoca alteração no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da cultura, reduzindo a produtividade.
Além disso, também excretam líquido açucarado, o “honeydew”, que induz o crescimento de fungos. Isso reduz a capacidade de fotossíntese da planta.
Porém, o maior perigo dessa praga agrícola está na transmissão de vírus que causam doenças bastante severas. Cerca de 120 espécies de vírus já foram descritas sendo transmitidas por mosca-branca B. tabaci:
Mais recentemente, foi detectada a transmissão de geminivírus por B. tabaci em lavouras de soja no Brasil.
Além dos danos causados, a mosca-branca ainda possui alta taxa reprodutiva, fácil dispersão e polifagia. O desenvolvimento de resistência à inseticidas é comum, o que contribui para a disseminação das doenças.
Danos da mosca-branca na soja
Os danos da mosca-branca na soja podem ser tanto diretos quanto indiretos. Além da sucção da seiva e injeção de toxinas que reduzem a produtividade e o desenvolvimento da soja, a mosca-branca é transmissora do vírus da necrose-da-haste.
A evolução da doença leva as plantas à morte.
Necrose parcial à esquerda e total a direita, de medula em haste de soja, causada pelo vírus causador da necrose da haste da soja (Cowpea mild mosaic virus (CpMMV))
Em plantas de soja, os sintomas podem ser observados a partir de necrose nas brotações novas. As brotações novas se curvam e o broto adquire aspecto queimado.
Também é possível observar a necrose do tecido que liga a folha ao caule e a necrose na haste principal. A depender da cultivar, algumas plantas podem apresentar desenvolvimento reduzido e deformação da folha, com aspecto de bolhas.
Considerando todos esses danos, o controle da mosca-branca na soja é essencial.
Danos da mosca-branca no algodão
Entre os danos da mosca-branca no algodão, o principal dano causado é a secreção de substâncias que favorecem o fungo causador da fumagina.
A fumagina é um fungo de coloração escura que ocorre em hastes, ramos, folhas, frutos e capulhos. Ele recobre todos os tecidos da planta, reduzindo a capacidade de fotossíntese.
Além disso, o fungo causa mela no algodão. Esse fator reduz o valor comercial das fibras do algodão, pela dificuldade no processamento.
Monitoramento da mosca-branca nas áreas de cultivo
O monitoramento da mosca-branca deve ser realizado com amostragens de plantas no campo. O uso de armadilha para mosca-branca também é interessante. São usadas armadilhas amarelas para captura de insetos adultos.
É importante ficar de olho na localização onde a mosca-branca ataca na hora do monitoramento:
No terço inferior das folhas, são comuns as ninfas de 2º, 3º e 4º instares;
No terço mediano, encontram-se predominantemente ninfas de 1º, 2º e 3º instares;
No terço superior é possível encontrar ovos e ninfas de 1º e 2º instares, além de adultos.
O monitoramento das plantas deve ser realizado com frequência. Inspecione o terço inferior, superior e mediano das folhas, na 3ª ou 4ª folha de cima para baixo.
O controle deve ser realizado assim que o inseto for detectado na área.
Para a soja, quando cinco ninfas forem encontradas por amostra de folha, você deve iniciar o controle químico. O mesmo vale para a presença de adultos da mosca-branca na área de cultivo.
No algodão, este número é reduzido. O controle deve começar ao identificar pelo menos três adultos por folha.
Como controlar a mosca-branca?
É muito provável que você comece com o controle químico para acabar com a mosca-branca na lavoura. Isso não é errado, mas é importante considerar outras táticas de manejo, de acordo com o MIP (Manejo Integrado de Pragas.
Isso serve até mesmo para não ter problemas futuros como resistência das pragas aos inseticidas.
Controle cultural
O controle cultural pode ser feito antes, durante e depois do cultivo e inclui:
Fazer o plantio com mudas sadias e utilizar sementes certificadas;
Uso de armadilhas para reduzir a população da praga (armadilhas adesivas amarelas para monitorar a população do inseto na área, ou uso de armadilhas luminosas);
Manter a lavoura livre deplantas daninhashospedeiras de mosca-branca;
Eliminar restos culturais para impedir o ciclo da praga;
Barreiras vivas para impedir ou retardar a disseminação de adultos pelo vento;
Eliminar plantas que estejam contaminadas com vírus
Uso de cultivares resistentes (observar se a resistência é para a espécie que está ocorrendo na lavoura e até mesmo para o biótipo);
Vazio sanitário entre culturas hospedeiras;
Uso de coberturas repelentes.
Controle químico
O controle químico com uso de inseticidas para mosca-branca registrados deve ser realizado considerando a rotação de modos de ação diferentes.
Alguns desses conhecidos venenos para mosca-branca, devido ao uso contínuo, perderam a eficiência devido ao desenvolvimento da resistência.
Segundo o Agrofit, os seguintes grupos químicos e ingredientes ativos registrados podem ser utilizados em rotação para o controle da mosca-branca:
Piretroides como o lambda-cialotrina, o alfa-cipermetrina. No entanto, este grupo é de amplo espectro de ação;
Tiadiazinona como buprofezina;
Neonicotinoide como acetamiprido, acetamiprido, dinotefuram, tiametoxam;
Sulfoxaflor como sulfoxaminas.
Sempre verifique se o produto tem registro para a cultura em que você queira controlar a mosca-branca. Para a cultura da soja, os inseticidas de maior eficiência nas últimas safras foram os à base de:
Imidacloprido + piriproxifem;
Diafentiurom + bifentrina;
Acetamiprido + piriproxifem;
Ciantranliprole,
Sulfoxaflor (dose de 144 gramas de ingrediente ativo por hectare);
Acetamiprido + piriproxifem e;
Abamectina + ciantraniliprole.
Antes de fazer o controle químico, fique de olho nos seguintes detalhes: não utilize controle preventivo, sem a presença de insetos na lavoura. Essa prática reduz a população de inimigos naturais e causa o desperdício de produto.
Além disso, a rotação de ingredientes ativos e o uso da dose recomendada é indispensável para um manejo eficiente.
A observação da fase predominante do inseto também é fundamental, pois alguns inseticidas possuem controle efetivo de uma fase e da outra não. Você pode precisar fazer a associação de ingredientes ativos.
A observação das condições climáticas no momento da aplicação também são necessárias (vide recomendações da bula).
Controle biológico
O controle biológico da mosca-branca pode ser feito de maneira natural. Você deve fornecer condições para que os insetos benéficos possam permanecer na área.
O uso de inseticidas seletivos vai contribuir muito para que isso aconteça. Você também pode liberar insetos produzidos em laboratório e comercializados, em épocas em que a população da praga estiver alta.
Existe uma variedade de inimigos naturais da mosca-branca. Predadores, parasitóides e entomopatógenos são alguns exemplos.
Controle com parasitóides
O controle biológico com parasitóides pode reduzir o número de aplicações de inseticidas químicos. Por isso, é essencial evitar o uso de produtos de amplo espectro. Priorize os inseticidas seletivos.
Os parasitóides recomendados para o controle da mosca-branca são:
De ninfas: Encarsia formosa;
De ovos de lepidópteros: Trichogramma pretiosum e Telenomus remus;
Adultos: afelinídeos dos gêneros Encarsiae e Eretmocerus;
Predadores
Além disso, predadores do inseto também podem ser utilizados. Dentre os principais, temos:
Coleoptera: Espécies de joaninhas como Coleomegilla maculata e Eriopis connexa.
Hemiptera: Espécies das famílias Anthocoridae, Berytidae, Lygaeidae, Miridae, Nabidae e Reduviidae.
Neuroptera: Chrysoperla spp. e Ceraeochrysa spp.
Ácaros da família Phytoseiidae: Amblydromalus limonicus, Amblyseius herbicolus, Amblyseius largoensis, Amblyseius tamatavensis e Neoseiulus tunus.
Controle com fungos entomopatogênicos
Fungos entomopatogênicos também podem ser utilizados no controle biológico. Eles são fungos que ocorrem naturalmente, e são capazes de colonizar diversas espécies de insetos. Os principais produtos registrados são a base de:
Isaria fumosorosea: indicado para o controle apenas da mosca-branca;
Paecilomyces fumosoroseus: bastante eficiente para o controle de B. tabaci raça B, e para a cigarrinha-do-milho;
Beauveria bassiana, isolado IBCB 66*: além da eficiência contra a mosca-branca, também é indicado no controle da cigarrinha-do-milho, ácaro-rajado e do bicudo da cana-de-açúcar.
Produtos registrados para controle biológico da mosca-branca
Existem atualmente 55 produtos biológicos registrados para o controle da mosca-branca (B. tabaci biotipo B), em todas as culturas. Eles estão disponíveis no Agrofit.
Um dos principais é o Chrysoperla externa. Ele é indicado para uso em todas as culturas, especialmente em soja, algodão e tomate, onde a mosca-branca é um sério problema.
É um inseto da ordem Neuroptera. São popularmente conhecidos na sua fase larval como “bicho lixeiro”, pois utilizam os restos de suas presas para cobrir o seu corpo, como forma de camuflagem e defesa.
Conforme indicação de uso, deve-se utilizar um predador para cada ninfa de mosca-branca identificada na amostragem da lavoura. Isso acontece em função do nível de infestação.
O Chrysoperla externa também é indicado para o controle do pulgão-do-algodoeiro (Aphis gossypii), pulgão-verde-dos-cereais (Schizaphis graminum) e pulgão-verde (Myzus persicae).
Fique de olho na quantidade de C. externa de acordo com a infestação de mosca-branca:
Nível de infestação baixo: 1 predador para cada 40 moscas: (este tratamento pode ser utilizado de forma preventiva, em áreas com histórico de ocorrência de mosca-branca);
Nível de infestação médio: 1 predador para cada 20 moscas;
Nível de infestação alto: 1 predador para cada 10 moscas.
A dose deve ser calculada em função das indicações da empresa fornecedora do predador, e da forma de liberação: ovos ou larvas.
Além disso, na liberação de ovos acrescenta-se 10% para cultivos em casa de vegetação, e 20% para liberações em culturas a campo.
Conclusão
A mosca-branca é uma praga que causa infestações cada vez mais frequentes em diversas culturas de interesse econômico.
Além de causar danos diretos, também é vetor de vírus causadores de doenças. O uso de diversas táticas para o controle da mosca-branca é importante como forma de integração e para evitar resistência aos inseticidas.
Com as informações passadas aqui, espero que você tenha um ótimo controle da mosca-branca em sua propriedade.
Falsa-medideira: Conheça as principais características para identificar essa praga e controlá-la de maneira efetiva.
Lagartas são pragas que provocam danos muito significativos na lavoura.
A falsa-medideira, em especial, é uma das principais desfolhadoras da soja e pode causar estragos expressivos na plantação.
Por ser um inseto polífago, tem capacidade de se desenvolver em mais de 70 hospedeiros diferentes, desde plantas ornamentais até grandes culturas.
Mas é preciso identificá-la para fazer o manejo adequado. E isso muitas vezes não acontece!
Neste artigo vou te explicar sobre esta praga na cultura da soja, suas principais características, danos e controle. Saiba mais a seguir!
Como identificar a falsa-medideira?
As lagartas-falsas-medideiras são assim denominadas por possuírem dois pares de pernas abdominais e um par na região caudal, fazendo com que elas se desloquem de modo semelhante às lagartas-medideiras “medindo palmo”.
As falsas-medideiras são um complexo de espécies da subfamília Plusiinae muito associadas à soja.
Mas a espécie que vem ganhando maior atenção é Chrysodeixis includens, antes Pseudoplusia includens.
Além das pernas abdominais nas lagartas, é muito importante que você observe outras características morfológicas desta espécie.
Os adultos possuem duas manchas prateadas no primeiro par de asas – e as asas posteriores são de coloração marrom.
Os ovos são colocados, em geral, na face abaxial das folhas, com formato globular e coloração amarelo-clara.
As lagartas que eclodem têm coloração verde-clara, listras longitudinais brancas e pontuações pretas ao longo do corpo.
Outra forma de você identificar esta praga, é por meio do comportamento tanto alimentar como da parte em que as lagartas se estabelecem na lavoura.
Chrysodeixis includens nas fases de ovo (a), lagarta (b), pupa (c) e adulto (d) (Fonte: Embrapa)
O que levou a falsa-medideira a se tornar um problema?
Essa espécie foi considerada praga secundária até o início dos anos 2000.
Após o aparecimento da ferrugem-asiática, os fungicidas começaram a ser utilizados com alta frequência.
Muito provável que isso levou a um decréscimo de fungos entomopatogênicos que ocorriam naturalmente e controlavam a falsa-medideira e outros insetos por epizootias.
Consequentemente, houve um aumento expressivo da praga, que passou de secundária para primária.
Atualmente, um outro fator que contribui muito para os crescentes problemas é o uso de inseticidas não seletivos, como os piretroides.
Eles atingem, além das pragas, os inimigos naturais presentes na lavoura.
E existem diversos predadores e parasitoides que podem, naturalmente, controlar essa praga, como Nabis sp., Trichogramma spp., Microcharops sp, e diversos outros.
Como você pode ver, a alteração do equilíbrio do agroecossistema pode causar prejuízos a curto e a longo prazo.
E quais seriam os danos e qual parte da planta é atacada?
As lagartas mais novas consomem apenas o parênquima foliar, ou seja, elas raspam as folhas.
Já as lagartas maiores consomem o limbo foliar e, com isso, as nervuras permanecem intactas, causando aspecto de “folhas rendilhadas”.
Esta é uma característica bastante importante para que você diferencie do ataque da lagarta-da-soja, Anticarsia gemmatalis, à qual consome as folhas por inteiro.
Há também diferenças no local em que a planta é atacada. A falsa-medideira tem o hábito de atacar a baixeira e o terço mediano; a lagarta-da-soja ataca a parte superior.
Essas diferenças, provavelmente, causam problemas a você em relação ao controle da falsa-medideira.
Ciclo de desenvolvimento de Chrysodeixis includens e parte em que a soja é atacada; período pupal dura em média 7 dias até emergência dos adultos (Fonte: Embrapa)
Quando controlar a falsa-medideira?
Para que seu manejo seja eficiente, você deve realizar o monitoramento para determinar se deve ou não entrar com o controle.
O método mais indicado de amostragem das lagartas é o pano de batida. Lembre-se que a falsa-medideira fica mais abaixo do terço superior.
É recomendável que você inicie o controle quando encontrar, em média, 20 lagartas grandes por pano-de-batida.
Juntamente com a amostragem das lagartas, faça um exame visual dos terços mediano e inferior das folhas.
Entre com o controle se houver desfolha de 30% no período vegetativo e de 15% no período de florescimento da planta. Veja na imagem:
Amostra de folíolos de soja com diferentes porcentagens de desfolha causada pela alimentação de insetos (Fonte: Adaptada de Panizzi et al. (1977))
Se a sua cultivar for convencional, poderá fazer aplicação de produto microbiológico à base de Bt.
O inseticida biológico Dipel é registrado para controle desta praga, com dose de 0,3 a 0,5 L/ha (volume de calda de 100 a 200 L) e, no máximo, 3 aplicações.
Importante mencionar que, se você estiver utilizando cultivar com tecnologia Bt, o uso deste produto não é recomendado.
Liberações massais de Trichogramma pretiosum têm contribuído para a redução das populações de lepidópteros-praga na soja.
O produto TRICHOMIP-P é registrado com recomendação de liberação de até 750 mil adultos em 50 pontos por hectare.
Controle químico
Como mencionei anteriormente, é importante que você utilize inseticidas seletivos aos inimigos naturais das pragas para mantê-los na área.
Pensando nisso, selecionei alguns dos inseticidas mais seletivos registrados para esta praga que você poderá utilizar em associação com o controle biológico natural e inundativo.
Vale considerar a rotação das aplicações com diferentes princípios ativos para evitar a seleção de pragas resistentes.
Para que você tenha sucesso no controle da falsa-medideira por meio da aplicação de inseticida, invista na tecnologia de aplicação para que seu produto chegue adequadamente na baixeira e no terço médio da planta.
O volume da calda inseticida também vai ser determinante nesse momento, pois baixos volumes podem ficar retidos no terço superior, comprometendo assim o controle desta praga.
HERZOG, Donald C.; TODD, James W. Sampling velvetbean caterpillar on soybean. In: Sampling methods in soybean entomology. Springer, New York, NY, 1980. p. 107-140.)
BUENO, R.C.O.F.; PARRA, J.R.P.; BUENO, A.F.; MOSCARDI, F.; OLIVEIRA, J.R.G.; CAMILLO, M.F. Sem barreira. Revista Cultivar, v. 93, p. 12-15, 2007
Você tem problemas com a falsa-medideira em sua lavoura? Restou alguma dúvida sobre como fazer o controle adequado? Deixe seu comentário!
Inseticida piretroide: Entenda melhor como funcionam, qual a melhor maneira de utilizá-los e como prevenir a resistência de insetos aos produtos desse tipo.
Os piretroides são alguns dos inseticidas mais utilizados na agricultura hoje, com resultados efetivos contra diversas pragas agrícolas.
Mas seu uso requer cuidados com misturas e, principalmente, quanto ao intervalo de aplicações.
A utilização incorreta pode gerar populações de insetos resistentes na sua lavoura. E aí os prejuízos são muitos.
Neste artigo, vamos entender o modo de ação do inseticida piretroide e como fazer o melhor uso dele. Confira a seguir!
O que é inseticida piretroide: como consultar doses, bula e aplicações
Os inseticidas piretroides são defensivos químicos com compostos extraídos de flores de Chrysanthemum cinerariaefolium e Chrysanthemum coccineum, da família Asteraceae. Controlam diversas pragas, desde percevejos e lagartas até moscas.
Produtos comerciais registrados podem ser consultados no Agrofit, do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
Ao consultar o inseticida piretroide que você queira utilizar na sua cultura, leia a bula do produto, veja a dose recomendada, quantas vezes pode aplicar e qual o intervalo entre as aplicações.
É importante que você entenda que este grupo de inseticidas possui muitos ingredientes ativos.
E o que seria um ingrediente ativo? É a substância química principal presente no inseticida, mas terá o mesmo princípio ativo do seu grupo químico, neste caso, dos piretroides.
Dentro do grupo dos piretroides existem mais de 30 ingredientes ativos com diferentes formulações e marcas comerciais.
E eles são registrados para controle de pragas em diversas culturas. Vou mostrar alguns dos mais usados para grãos.
Inseticida piretroide para soja e milho
Bifentrina
Este ingrediente ativo possui 25 produtos comerciais registrados no site do Mapa.
Atua como acaricida, formicida e inseticida. São registrados para diversas culturas, dentre elas algodão, feijão, milho esoja.
O que é Cipermetrina?
Este ingrediente ativo possui 21 produtos comerciais registrados no site do Mapa.
Atuam como formicidas e inseticidas. São registrados tanto para culturas anuais como perenes. São bastante utilizados para controle de pragas do algodão, milhoe soja.
Deltametrina
Este ingrediente ativo possui 7 produtos comerciais registrados no site do MAPA.
Algumas marcas comerciais têm registro para espécies cultiváveis de solanáceas. Mas, na cultura do milho, atua bem no controle inicial delagarta-do-cartucho.
Lambda-cialotrina
Este ingrediente ativo é um dos mais utilizados e tem 29 produtos comerciais registrados no site do MAPA.
Também tem registro para diversas culturas, principalmente, algodão, milho e soja. Em soja, são bastante utilizados para controle de percevejo-verde.
Suponhamos que você teve que recorrer ao uso de um inseticida piretroide.
Você está tendo problemas com a larva-alfinete na sua lavoura de milho e te indicaram o ingrediente ativo bifentrina.
Ao consultar o site do MAPA, escolheu o inseticida Seizer 100 EC.
Na bula, a recomendação é de que a dose seja de 200 a 300 mL de produto em um ha. E que seja realizada apenas 1 aplicação em todo o ciclo da cultura.
É importante que você respeite essas indicações da bula para não comprometer o controle da praga, o agroecossistema e a produção final.
Entenda como funcionam os inseticidas piretroides
Os inseticidas piretroides são um grupo químico de inseticidas sintéticos mímicos das piretrinas.
As piretrinas são compostos extraídos de flores de Chrysanthemum cinerariaefolium e Chrysanthemum coccineum, da família Asteraceae.
Por serem substâncias sintéticas, derivadas de extratos de uma espécie de planta, nos vem aquela ideia de que sejam inseticidas bastante seguros, não é mesmo?
Mas alguns cuidados devem ser tomados na sua utilização.
É importante que você saiba que o piretroide é um inseticida de amplo espectro. Vou explicar mais a frente o que isso significa.
Agora, vamos entender o modo de ação do inseticida piretroide nos insetos.
Modo de ação dos piretroides
O inseticida piretroide age no sistema nervoso dos insetos, mais especificamente nos canais de sódio dos axônios dos neurônios. Ficou complicado? Vejamos o esquema abaixo:
A primeira figura mostra a célula nervosa (neurônio)
O inseticida piretroide irá agir nesta parte destacada, que é o axônio:
Veja que o axônio possui na parte de fora cargas positivas e, na parte de dentro da membrana, cargas negativas:
Sem o efeito do piretroide, o potencial de ação acontece normalmente, como você verá nas próximas imagens.
Com um impulso nervoso, o canal axônico abre e entram as cargas positivas. Depois, o canal fecha e as cargas positivas saem, voltando ao estado inicial de equilíbrio.
Mas, quando as moléculas de inseticidas piretroides entram em contato com o sistema nervoso do inseto, elas fazem com que os canais axônicos permaneçam abertos.
Então, quando há uso do inseticida piretroide, os canais não se fecham:
Dessa forma, os íons de sódio entram no axônio de forma contínua, produzindo excessivos potenciais de ação seguidos de hiperpolarização da membrana.
A consequência disso tudo é que o inseto tem um primeiro sintoma de hiperexcitação, seguido de paralisia e morte.
O termo amplo espectro é utilizado para inseticidas que podem agir não somente nas pragas, mas também em organismos não-alvo.
Por agirem no sistema nervoso, outros organismos podem sofrer com efeitos colaterais e até efeitos letais, como no caso de outros insetos (que não as pragas) presentes na lavoura.
Eles comumente agem por contato e ingestão. Ou seja, as moléculas podem ter acesso aos neurônios por meio do contato físico ou pela alimentação de partes da planta contendo resíduos.
Mas tudo depende da dose para ter efeito nos organismos. Muitas vezes a dose para matar a praga é menor do que para outro organismo ou pode acontecer o contrário, que não seria ideal.
Por isso é muito importante respeitar:
As doses recomendadas para cada cultura;
O período de carência para pulverização (intervalo entre a aplicação e a colheita);
Inseticida piretroide: cuidados para evitar efeitos colaterais
Além de serem de amplo espectro, os piretroides tem uma boa estabilidade sob a luz solar e costumam persistir nas áreas em que foi aplicado.
E o que isso tem a ver com as recomendações anteriores?
Pela boa estabilidade, eles não se degradam facilmente e, por isso, continuam agindo no período em que estão tendo ação residual.
Com isso, controlam bem as populações das pragas. Entretanto, se o intervalo entre as aplicações não for respeitado, os efeitos colaterais podem ocorrer.
Um deles seria a pressão de seleção. Com aplicações constantes, e devido à persistência das moléculas residuais, as pragas mais resistentes permanecerão na área.
A presença de populações resistentes na sua lavoura lhe causará prejuízos, pois seu inseticida não controlará mais a praga.
Além disso, pelo amplo espectro, esses inseticidas podem atingir organismos benéficos que auxiliam no controle da sua praga.
Muitos trabalhos científicos mostram a toxicidade destes inseticidas a insetos que atuam no controle biológico de pragas.
É ideal que os inseticidas sejam seletivos fisiológica e ecologicamente aos inimigos naturais.
Conclusão
Os inseticidas do grupo dos piretroides podem lhe auxiliar muito bem no controle das pragas.
Mas é essencial conhecer e respeitar as recomendações do fabricante porque são inseticidas de amplo espectro e podem atingir organismos não-alvo.
Neste artigo, destacamos o modo de ação dos piretroides e os cuidados para minimizar os riscos de efeitos colaterais.
Com essas informações, espero que você consiga utilizá-los de forma adequada e tenha ótimos resultados na lavoura!
Mas você sabe qual é o momento ideal para começar o monitoramento para não perder produção e nem desperdiçar aplicações? Tire suas dúvidas a seguir!
Monitoramento de pragas: por que você deve fazê-lo
O monitoramento de pragas é a constante avaliação da lavoura, em pontos pré-estabelecidos, para detecção de pragas que podem vir a causar danos econômicos se não controladas.
A densidade populacional do inseto é que vai indicar se a praga está no nível de controle, ou seja, um nível antes do nível de dano econômico. Veja na imagem abaixo.
Antes de qualquer coisa, é muito importante que você conheça o histórico da área. Saiba quais pragas estiveram presentes nas safras anteriores, o que foi cultivado e se houve problemas para o controle.
Esteja atento em todas as etapas do cultivo da safra. O monitoramento é importante antes mesmo do início do plantio.
Vale lembrar que, até o estabelecimento do MIP, na década de 70, essa prática não era muito comum.
O manejo convencional utiliza aplicações calendarizadas de inseticidasde forma preventiva ao ataque de pragas. Mas sabemos que a adoção dessa prática não é a ideal, certo?
Você pode entender melhor as práticas do MIP em um curso gratuito que preparamos. Para isso, basta clicar na imagem abaixo e se inscrever!
Vamos então conhecer agora alguns tipos de monitoramento de pragas. Confira:
Amostragem do solo
Se antes mesmo de você semear já estiverem presentes no solo pragas subterrâneas, seu cultivo pode vir a sofrer perdas severas.
O ataque sobre as sementes e plântulas recém-emergidas pode até parecer repentino. No entanto, se as pragas forem detectadas previamente, é possível que você reduza as populações destes insetos-praga com sucesso.
Esse tipo de monitoramento pode ser feito tanto em soja como em milho. Mas na cultura do milho, é fundamental que se faça devido à agressividade das pragas subterrâneas iniciais.
Em cada ponto, as amostras podem ser de 30 cm de largura por 30 cm de comprimento e 15 a 30 cm de profundidade nas trincheiras, totalizando oito pontos em 1 ha.
Amostragem de solo (Fonte: A.A. dos Santos Capítulo 9_, amostragem de pragas da soja, Beatriz Spalding Corrêa-Ferreira)
É um método bastante prático e eficiente. Ele possibilita a detecção da ocorrência de diversos insetos na lavoura, até mesmo dos inimigos naturaisali presentes.
O ideal é que esse tipo de monitoramento seja realizado nas horas mais frescas do dia, pois os insetos estarão com menor mobilidade.
Veja na imagem abaixo:
Armadilhas
O uso de armadilhas para detecção das pragas também é uma excelente maneira de monitoramento.
Da mesma maneira que as outras formas de monitorar, estas devem ser colocadas em vários pontos da sua lavoura.
Existem diversas delas no mercado, entre as quais armadilhas com feromônios, armadilhas luminosas e armadilhas adesivas.
Vou explicar melhor cada uma delas:
Armadilha do tipo delta
Essa armadilha contém feromônio de atração sexual e um piso adesivo para a captura dos insetos.
A quantidade de armadilhas na área vai depender da praga que está sendo monitorada.
Armadilha contendo feromônio e placa adesiva com a captura de mariposas (Fonte: Sandra Brito-Embrapa)
Armadilha luminosa
Esta armadilha vai te dar suporte para a captura de insetos com hábito noturno. É recomendada a distribuição de 1 armadilha em uma área de 6 ha a 10 ha.
Armadilha luminosa para monitoramento (Fonte: Biocontrole)
Armadilha adesiva
Essa armadilha auxilia o monitoramento de pragas em vários cultivos. Pode indicar momentos de infestação e indica períodos para controle.
Além da amostragem de insetos para quantificação, também é importante saber o nível das injúrias causadas nas plantas.
A avaliação dos danos nas folhas pode ser feita com escalas pré-estabelecidas.
A cultura domilho, tendo como praga-chave a lagarta-do-cartucho, requer avaliações periódicas das injúrias nas folhas. Essas avaliações podem ser feitas seguindo a escala de Davis.
Escala de Davis pode ser utilizada para medir danos da lagarta-do-cartucho e algumas outras pragas-alvo (Fonte: BioGene)
Já em soja, recomenda-se a coleta de folíolos das parte superior e mediana e comparar com a escala pré-estabelecida.
A estimativa de desfolha em conjunto com o pano de batida dão um norte muito preciso para a tomada de decisão.
Amostra de folíolos de soja com diferentes porcentagens de desfolha causada pela alimentação de insetos (Fonte: Adaptada de Panizzi et al. (1977))
Monitoramento de pragas: Fique atento aos níveis de ação para controle
Agora que você já conheceu alguns tipos de monitoramento de pragas, saiba que os níveis de controle vão te direcionar para a sua tomada de decisão.
Mas o que você deve considerar em meio as informações que obteve com as amostragens?
São três os aspectos principais a serem considerados para essa dúvida:
os níveis de ataque da praga;
idade dos insetos que você amostrou (fase jovem ou adultos);
ea fenologia da planta.
Veja a tabela abaixo com alguns exemplos de níveis de ação na cultura da soja:
Níveis de ação de controle para as principais pragas da soja (Fonte: Tecnologias de produção de soja – da região central do Brasil 2012 e 2013. Londrina: Embrapa Soja: Embrapa Cerrados; Embrapa Agropecuária Oeste, 2011. 261 p. (Embrapa Soja. Sistemas de Produção, 15))
Para te ajudar, separei uma planilha gratuita para que você faça seu MIP. Clique na figura abaixo para acessar!
Você também pode fazer esse controle diretamente pelo celular ou computador com uso do Aegro.
Com o monitoramento no Aegro você tem seus pontos de amostragem georreferenciados, com todos os dados fáceis de serem interpretados, sem perder nenhuma informação.
Conheça as opções gratuitas e o software agro completo com teste grátis:
Existem várias maneiras de detectar a presença da praga na sua lavoura.
Neste artigo, tratamos sobre as melhores formas de monitoramento dessas pragas. Como vimos, o controle não depende unicamente da presença da praga: vai depender do nível populacional após o monitoramento.
Além disso, é preciso acompanhar e monitorar sua lavoura desde o princípio para que não se chegue perto do nível de dano econômico.
Com tudo isso em mente, bom monitoramento e boa produção!
Pragas do milho: Saiba reconhecer os insetos que causam danos econômicos à lavoura e a melhor forma de controle.
Chegar na lavoura e ver muitos insetos sempre vai nos deixar preocupados.
Afinal, algumas pragas como a cigarrinha-do-milho podem causar perdas de até90% na cultura do milho.
Mas você sabe quais as principais épocas de ataque de cada praga? E todas as opções de controle?
Aqui vamos mostrar as pragas que trazem mais riscos à lavoura de milho e as formas mais eficientes de manejo, sempre utilizando o Manejo Integrado de Pragas (MIP).
Confira a seguir!
Reconheça as principais pragas do milho
As pragas do milho, tanto na primeira como na segunda safra (ou safrinha), podem ser identificadas de acordo com o estágio fenológico da cultura.
Vamos dividi-las em pragas iniciais subterrâneas, pragas iniciais de superfície, pragas da parte aérea e pragas da espiga.
Vou explicar melhor cada uma delas.
Pragas iniciais subterrâneas
Já aconteceu com você de, na sua plantação de milho, haver falhas na germinação nas linhas de plantio?
Acredito que, muito provavelmente, a causa tenha sido o ataque de pragas subterrâneas.
Elas atacam principalmente sementes e raízes, dando um enorme trabalho ao produtor!
Veja as principais delas:
Larva-arame (Conoderus scalaris)
Esta praga agrícola, também conhecida como vaga-lume, ataca sementes, o sistema radicular e os tubérculos.
Ela causa danos significativos a ponto da planta não conseguir se sustentar, perdendo a capacidade de absorver nutrientes necessários para manter seu vigor.
Antes mesmo do plantio, é muito importante fazer o monitoramento do solo com amostragens em vários pontos da lavoura.
O controle cultural, com eliminação de restos culturais e hospedeiros alternativos, pode contribuir muito para redução das populações dessas pragas.
O preparo do solo adequadamente também vai fornecer um bom auxílio no controle das pragas subterrâneas.
O controle químico, com sementes tratadas e aplicações diretamente nos sulcos, serão eficientes caso realmente necessário. Não se esqueça do monitoramento!
Pragas do milho: Pragas iniciais de superfície
As pragas iniciais de superfície atacam o milho desde a germinação até a fase de plântula (cerca de 30 dias após a germinação).
Veja as principais a seguir:
Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)
As lagartas atacam folhas e caule de plântulas recém-emergidas.
Podem causar enfraquecimento das plântulas e, em piores casos, levá-las à morte.
Em épocas de estiagem, os ataques costumam ser mais frequentes. Fique atento!
Lagarta (à esq.) e adultos de Elasmopalpus lignosellus (Fonte: Embrapa)
Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon)
Existem outras espécies de lagarta-rosca, porém, é mais comum encontrar Agrotis ipsilon nas lavouras de milho.
Pode atacar sementes e folhas, mas é mais frequente nas hastes.
Os danos desta praga são irreparáveis, na maioria das vezes, pois cortam as plântulas rentes ao solo.
Ele se torna um problema porque ataca as plântulas e pode gerar um enorme prejuízo ao final da safra.
As principais espécies são Dichelops furcatus e Dichelops melacanthus.
Adulto de percevejo-barriga-verde (Fonte: Roundup Ready)
Como controlar as pragas iniciais de superfície
Aqui é muito importante que você se previna do ataque dessas pragas fazendo o tratamento das sementes.
E é imprescindível que, alguns dias após o plantio, seja realizado o monitoramento na área para detecção.
O controle cultural também vai surtir grande efeito e contribui para redução destas pragas: retirar restos culturais, palhada e plantas daninhas.
Para evitar que a cigarrinha-do-milho transmita molicutes e outros patógenos, você pode utilizar variedades de milho menos suscetíveis às doenças. E evite realizar semeaduras tardias.
O controle do percevejo-barriga-verde deve ser, primeiramente, por meio da análise do histórico da área. Se plantou soja, há uma grande chance dele permanecer na sua área.
No caso da broca-da-cana, as lagartas permanecem a maior parte do tempo dentro do colmo. Assim, o controle deverá ser feito por meio da liberação de parasitoides de ovos e de lagartas na lavoura, como Trichogramma galloi e Cotesia flavipes.
Pragas da espiga do milho
Nesta etapa, sua lavoura está produzindo espigas como você queria, mas daí vêm as pragas da espiga!
Por atacarem diretamente o produto final, são um sério problema.
É muito provável que você já as conheça, mas não custa relembrar. Vamos lá:
Lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea)
O início do ataque dessa praga ocorre nos cabelos novos e, em seguida, as lagartas se alimentam dos grãos formados.
Essas lagartas, quando bem desenvolvidas, chegam a medir até 5 cm de comprimento.
Além do ataque aos grãos, elas facilitam a entrada de microrganismos.
Lagarta-da-espiga sobre os grãos (Fonte: Eurekalert)
Mosca-da-espiga (Euxesta spp.)
Esse pequeno inseto da ordem dos dípteras pode causar danos expressivos nas espigas.
E sabe como elas conseguem penetrar a espiga? Pelos danos deixados pela lagarta-da-espiga que eu mencionei acima!
As regiões atacadas ficam apodrecidas e impedem o consumo in natura do milho.
Adulto e larva da mosca-da-espiga (Fonte: Ivan Cruz/Embrapa em Panorama)
Percevejo-do-milho (Leptoglossus zonatus)
Viu um percevejo diferente próximo às espigas? Esteja atento!
Tanto ninfas quanto adultos causam danos, como murcha e podridão, com a sucção dos grãos.
Uma característica importante é que eles têm uma dilatação nas pernas em formato de folha. Veja na imagem abaixo.
Adulto (acima) e ovos do percevejo-do-milho (Foto: Ivan Cruz/Embrapa em Panorama)
Como controlar as pragas da espiga
Como sempre, o monitoramento é ideal para iniciar qualquer tipo de controle.
Mas convenhamos, dá um certo medo quando há o ataque na espiga, não é mesmo?
Para o controle da lagarta-da-espiga, muitos produtores têm feito liberações do parasitoide Trichogramma pretiosum. Atente-se que não é a mesma espécie para controle da broca-da-cana!
Para as demais pragas, o controle cultural, com eliminação de possíveis plantas hospedeiras e implementação de armadilhas, contribui para reduzir as populações. O uso de defensivos para milho também é bem frequente, além do uso de híbridos resistentes.
É muito importante que você conheça as principais pragas do milho e saiba quando é preciso controlá-las.
Controlar sem necessidade pode causar gastos desnecessários e um desequilíbrio no seu agroecossistema.
Tenha sempre em mente a importância de se preparar na pré-safra e saber, durante o ciclo da cultura, quais pragas devem ter maior grau de relevância.
É claro que existem pragas secundárias que podem causar danos significativos, mas tudo dependerá do nível populacional e do monitoramento que você realizar.
Como você controla as pragas do milho na sua lavoura? Restou alguma dúvida? Deixe seu comentário!