About Bruna Rohrig

Sou agrônoma pela Universidade Federal da Fronteira Sul, mestra em fitossanidade pela Universidade Federal de Pelotas e doutoranda em fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul na área de pós-colheita e sanidade vegetal. Tenho experiência em fitopatologia, controle de doenças de plantas e pós-colheita de grãos e sementes.

Como calcular a estimativa da produtividade de arroz antes da colheita

Estimativa da produtividade de arroz: veja o passo a passo do cálculo e saiba em que estágio de desenvolvimento da lavoura ele pode ser realizado!

A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) prevê uma diminuição de 4,5% na produtividade da cultura do arroz nesta safra em relação à anterior.

As oscilações climáticas, especialmente no sul do país, afetaram as expectativas de rendimento médio da rizicultura.

Mas como ficará a produtividade média da sua lavoura? Quer saber sua estimativa de produtividade antes da colheita e ver um passo a passo destes cálculos? Confira a seguir!

Panorama da produção de arroz no Brasil e no mundo

Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a estimativa revisada para a  safra 20/21 de arroz é de aproximadamente 10,9 milhões de toneladas, incluindo arroz irrigado e de sequeiro.

Na safra 20/21, espera-se redução da produção de 2,2% em comparação com a safra anterior, fator atribuído às projeções estatísticas e aos níveis dos reservatórios de água principalmente. 

Já a produtividade da cultura nas lavouras deve ter redução de 4,5%, estimada em 6.414 kg por hectare (ha), representando diminuição de 364 kg/ha.

O Brasil conta com diferentes regiões produtoras de norte a sul, sendo a região sul responsável por aproximadamente 76% da produção nacional.

O país é responsável ainda por 1% da produção mundial total da cultura, sendo considerado o maior produtor de arroz não asiático do mundo.

Entenda a importância de estimar sua produtividade 

Nos últimos anos, o levantamento de dados das áreas de produção agrícola no país e no mundo vem aumentando consideravelmente. 

Estima-se inclusive que, em um futuro próximo, as áreas sejam precificadas de acordo com o volume de dados e informações coletadas ao longo do tempo.

Essas informações são valiosas do ponto de vista agronômico, pois norteiam o manejo e a tomada de decisão. Tudo isso para que sejam mais assertivos, menos custosos e mais eficientes no uso dos recursos disponíveis.

Além de conferir autonomia e precisão quanto aos manejos a serem adotados, a estimativa da produtividade de arroz contribui:

  • na correção da fertilidade do solo;
  • na aplicação de fertilizantes quando a cultura já está implantada e nas suas fases mais críticas de desenvolvimento;
  • na observação das condições da lavoura quanto ao potencial produtivo dos diferentes talhões e até mesmo das diferentes cultivares;
  • planejamento da safra subsequente;
  • operações de pós-colheita;
  • organização e planejamento quanto à aquisição de insumos, contratação de mão de obra e estimativa de custos e rentabilidade.

Modelos utilizados para o cálculo da produtividade do arroz 

Modelos matemáticos podem estimar a produtividade da cultura, permitindo ainda descrever as interferências dos elementos meteorológicos e seu impacto nos componentes de rendimento da cultura.

Estudos identificaram o componente de rendimento da massa de mil grãos com maior efeito sobre a produtividade do arroz

Em contrapartida, o número de espiguetas chochas obteve maior influência na redução da produtividade.

Diversos modelos são descritos para realizar os cálculos de estimativa de produtividade da cultura do arroz, incluindo o Oryza2000 e o InfoCrop

O Oryza utiliza parâmetros bioquímicos e ecofisiológicos relacionados à fotossíntese, por exemplo, assimilação de moléculas de CO2, dentre inúmeros outros. 

Já o InfoCrop é considerado um modelo de menor complexidade, utilizando parâmetros mais robustos como eficiência do uso da radiação solar pela cultura (EUR) e temperatura acumulada, dentre outros.

Mas a utilização de tais modelos não é um processo fácil para muitos produtores. Isso porque exige levantamentos prévios de dados como temperatura nos diferentes estádios de desenvolvimento da cultura e precipitação acumulada, sendo geralmente realizado por técnicos especializados. 

Desta forma, metodologias mais simples podem ser utilizadas. Vou explicar melhor a seguir!

Componentes de rendimento e estimativa da produtividade de arroz com amostragem a campo

Confira a seguir os principais componentes de rendimento da cultura do arroz e estágios de desenvolvimento em que são definidos na lavoura:

  • número de panículas por m², definido ainda durante o período de germinação até dez dias após o início da visualização da panícula (MACHADO, 1994); 
  • Número de espiguetas por panícula, influenciado por fatores genéticos e condições  como fertilidade do solo e disponibilidade hídrica, especialmente nas fases reprodutivas até cinco dias que antecedem o florescimento (YOSHIDA, 1981a; YOSHIDA, 1981b);
  • Massa de mil grãos (peso em gramas), determinada durante as duas semanas posteriormente à abertura dos botões florais, sendo os primeiros sete dias dependentes da translocação de carboidratos no comprimento do grão; e, nos outros sete dias, há aumento da largura e da espessura dos grãos, sendo extremamente importante que as condições climáticas sejam favoráveis, especialmente nesta fase.

Para o cálculo da estimativa da produtividade de arroz, tanto em plantio irrigado quanto de sequeiro, pode-se determinar o peso dos grãos colhidos em torno de pontos amostrais, corrigindo a umidade para 14% (teor em que geralmente o arroz com casca é comercializado).

Passo a passo para estimar sua produtividade de arroz: metodologia conforme Durigon (2007)

1 – Identifique o estágio de desenvolvimento da lavoura

A lavoura deve estar em fase de maturação fisiológica, onde os grãos já atingiram o máximo acúmulo de matéria seca. 

Nesta fase, geralmente a umidade gira em torno de 30% a 40%.

Teoricamente, já poderia ser realizada a colheita. Porém, devido à necessidade de secagem posterior dos grãos, a umidade deve chegar em 18%  a 22% ainda na lavoura;

Mas como identificar o estágio de maturação fisiológica?

A fase de maturação fisiológica é dependente das condições ambientais do ano agrícola (temperatura, precipitação e eficiência do uso da radiação solar) e da genética da cultivar, podendo variar amplamente em relação ao número de dias. 

Por isso, o número de dias após a semeadura não se aplica para determinação das fases de desenvolvimento da cultura do arroz. 

No estágio de maturação fisiológica  80% dos grãos da lavoura já se encontram maduros. Para identificar, amostre 10 plantas aleatórias em diferentes pontos da lavoura e avalie.

Nessa fase, pelo menos um grão do colmo principal apresenta-se com pericarpo (parte externa) de coloração marrom.

2 – Escolha 10 pontos amostrais representativos da lavoura

3 – Retire as plantas

Com auxílio de um quadro de 1 metro quadrado (de metal ou madeira) de área útil, faça a retirada das plantas.

Demonstração de um quadro para amostragem de plantas de arroz para estimativa da produtividade por hectare

Demonstração de um quadro para amostragem de plantas de arroz para estimativa da produtividade por hectare
(Fonte: Reges Durigon, 2007 Aplicação de técnicas de manejo localizado na cultura do arroz irrigado (Oryza sativa L.))

4 – Separe as amostras

Acomode as amostras em embalagens correspondentes a cada ponto amostrado. Se for possível, os pontos podem ser demarcados em GPS.

5 – Debulhe as espiguetas manualmente

6 – Pese os grãos correspondentes a cada ponto amostral

7 – Corrija a umidade 

Corrija a umidade dos grãos com casca para 14% para cada ponto amostral. 

Importante avaliar a umidade de cada ponto amostral para realização da correção (umidade em que geralmente é comercializado), vide exemplo abaixo:

Peso do Ponto coletado 1 – 0,83 kg a 30% de umidade, necessário corrigir para 14%:

fórmula para correção da umidade - estimativa da produtividade de arroz

8 – Estime a produtividade dos pontos e da área

Com todos dados em mãos, agora, basta uma regra de 3 para extrapolar os valores levantados de cada metro quadrado para um hectare, que possui 10.000 metros quadrados.

Para que você entenda melhor, fiz uma tabela com alguns exemplos hipotéticos, considerando que obtivemos a pesagem dos seguintes pontos da lavoura:      

Exemplo do peso de 10 amostras representativas de uma lavoura de arroz para cálculo da estimativa de produtividade

Exemplo do peso de 10 amostras representativas de uma lavoura de arroz para cálculo da estimativa de produtividade

Assim, no Ponto 1 temos:

estimativa da produtividade de arroz

Basta você realizar a conta para todos os pontos e, posteriormente, calcular a média (soma de todas as estimativas individuais dos pontos amostrados, dividido pelo número de amostras – 10).

Assim, você terá a estimativa de produtividade da sua lavoura de arroz.

Outros métodos como cálculo do índice de vegetação, além do emprego de imagens de satélite, também podem ser bastante eficientes para obtenção da estimativa de produtividade do arroz. 

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Como melhorar a produtividade do arroz

Para que a produtividade da cultura do arroz atinja seu potencial máximo, diversas necessidades específicas devem ser supridas, incluindo o manejo da cultura antes mesmo da sua implantação:

  • correção prévia do pH do solo;
  • escolha da cultivar adaptada à região de cultivo (respeitando o zoneamento agrícola e suas indicações);
  • época de semeadura, para que as fases críticas de desenvolvimento coincidam com as condições ideais de temperatura, radiação principalmente;
  • população de plantas adequada de acordo com a cultivar;
  • lâmina de água (para cultivo irrigado);
  • controle adequado de pragas, doenças e plantas daninhas, especialmente nas fases críticas de desenvolvimento;
  • adubação equilibrada durante os diferentes estádios de desenvolvimento.

Variações da temperatura do ar e da radiação solar durante fases críticas de desenvolvimento, especialmente a ocorrência de períodos prolongados de sombreamento, estão relacionados com a variabilidade da produtividade do arroz nos diferentes anos agrícolas. 

Em resumo, um bom planejamento é extremamente importante nas respostas produtivas e expressão do potencial da cultura.

Conclusão

Estimar corretamente a produtividade de arroz é fundamental para tomar decisões de manejo acertadas na lavoura.

Ao longo desse artigo, você viu os panoramas da produção de arroz e os fatores que interferem na produtividade da cultura. Conferiu ainda os estágios de desenvolvimento em que são definidos os componentes de rendimento na lavoura e o passo a passo para realização do cálculo.

O cálculo da estimativa da produtividade é simples e pode ser um importante aliado no planejamento dos resultados produtivos ao longo da área de cultivo e em diferentes anos agrícolas.

Percevejo no milho: identifique os danos e saiba manejar

Percevejo no milho: veja quais são as principais espécies, os danos causados, as fases mais críticas e como fazer um controle assertivo

O ataque de percevejos é frequente na cultura do milho, especialmente em em sucessão com soja. Alguns fatores fazem com que essas principais pragas do milho estejam presentes na safra principal e na safrinha.

Muitas vezes, os danos causados são observados após um tempo. Isso pode refletir na necessidade de replantio da cultura. 

Neste artigo, veja como reconhecer os principais percevejos do milho, saiba como reconhecer os danos na lavoura e entenda as melhores estratégias de manejo. Boa leitura!

O que são percevejos no milho?

Os percevejos são insetos difíceis de controlar. Eles podem ser pragas iniciais ou tardias, que são encontrados em diversos locais da cultura. A cada ano, os percevejos ganham mais importância devido aos danos causados.

Os percevejos podem atacar a cultura do milho em diferentes fases de desenvolvimento. Os danos podem aparecer desde os estágios iniciais até os mais avançados. Os que atacam a cultura do milho são, em sua maioria, da família Pentatomidae

Diversas espécies podem ser encontradas nas lavouras, como:

Os percevejos barriga-verde são os que mais causam problemas. Isso principalmente no milho safrinha, implementado após soja ou feijão. Existem duas espécies que podem deixar o início da lavoura comprometida: Dichelops melacanthus e Dichelops furcatus

Quais são os danos causados na cultura?

Os percevejos podem reduzir a produção da cultura do milho. Afinal, nas fases iniciais de desenvolvimento os percevejos podem: 

  • reduzir a altura de plantas;
  • reduzir número de folhas expandidas;
  • reduzir a massa seca de raízes;
  • provocar injúrias no cartucho;
  • causar enrolamento das folhas centrais da planta.

Na figura a seguir, é possível observar os danos dos percevejos no milho.

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Adultos de Dichelops melacanthus e Dichelops furcatus
(Fonte: Eco Registros)

Principais espécies de percevejos do milho

Não existe apenas uma espécie de percevejo no milho, e saber reconhecê-las é fundamental para evitar danos na lavoura. Veja abaixo quais são as principais:

Percevejo-barriga-verde

As espécies Dichelops melacanthus e Dichelops furcatus têm características muito semelhantes. Sua atividade maior se dá em horários com temperaturas mais amenas

No entanto, D. furcatus é maior e seus espinhos são escuros. Já o Dichelops melacanthus é uma espécie menor e as extremidades dos espinhos são mais escuras do que o restante do corpo.

Além disso, D. furcatus é mais frequente em regiões de temperaturas mais amenas e Dichelops melacanthus em regiões mais quentes. O período de incubação dos ovos de ambas espécies é de aproximadamente seis dias.

Esses percevejos se alimentam de diversas espécies de plantas, inclusive de plantas daninhas. Isso contribui para que os insetos permaneçam na área.  D. melacanthus é uma praga do milho, mas também ataca outras culturas:

Tanto as ninfas como os adultos perfuram o colo das plântulas e sugam o conteúdo da seiva. Ao mesmo tempo, injetam substâncias tóxicas nas plantas.

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Diferentes estágios do percevejo-barriga-verde.
(Fonte: Embrapa)

Percevejo-marrom

Em semeaduras de milho após a soja, o ataque do percevejo-marrom ocorre na fase inicial de desenvolvimento. Ele causa danos semelhantes aos causados pelo percevejo-barriga-verde. No entanto, isso acontece em menor intensidade.

Em regiões com temperaturas mais amenas, o percevejo-marrom migra para áreas de mata ou vegetação nativa. Eles permanecem nesses locais até o final de setembro.

Por isso, o monitoramento dos percevejos do milho deve ser realizado antes mesmo da semeadura. Afinal, eles estarão presentes nas áreas de produção ou próximo delas.

percevejos-no-milho
Diferenças entre o adulto do percevejo-marrom e do percevejo-barriga-verde. 
(Fonte: Corrêa-Ferreira, 2017)

Percevejo-verde (ou percevejo-do-mato)

O percevejo-verde também é capaz de se alimentar de diversas espécies de plantas. Entretanto, os danos provocados por esse percevejo são diferentes dos demais. Afinal, ele injeta toxinas nos tecidos da planta hospedeira, podendo também disseminar fungos.

O ciclo de vida total do inseto depende de diversos fatores, principalmente temperatura. As ninfas (fase anterior à adulta), apresentam diferentes cores a depender do estágio de desenvolvimento:

  • alaranjada no primeiro ínstar;
  • preto com manchas brancas no segundo ínstar;
  • preto com manchas brancas no tórax e abdome verde com manchas amarelas no terceiro ínstar;
  • tórax preto e abdome vermelho com manchas amareladas ou verdes no quarto e quinto ínstar.

Na fase adulta, a coloração do inseto é verde. Ele pode se tornar verde escuro, dependendo dos fatores ambientais

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Diferenças morfológicas e de coloração das principais espécies de percevejos que ocorrem na cultura do milho
(Fonte: Promip, 2019)

Percevejo-gaúcho ou percevejo-do-milho

Além de causar falhas nas espigas, o percevejo-gaúcho pode contaminar os grãos com fungos, principalmente Fusarium moniliforme, Penicillium spp. Embora o milho seja o alimento mais completo para a espécie, ele causa danos em inúmeras culturas.

Esse percevejo mede cerca de 2 cm de comprimento e tem coloração pardo-escura. Uma das características para identificação da praga é a presença de duas manchas circulares de coloração amarela em zigue-zague, localizadas nas asas.

A oviposição é realizada em linhas nas folhas. As ninfas dessa espécie (fase anterior a adulta), possuem coloração avermelhada a amarelada. Dependendo da condição climática, o ciclo biológico deste percevejo pode ser de um a dois meses.

Fases críticas para o ataque dos percevejos 

Os percevejos aproveitam a “ponte verde” para migrarem das culturas anteriores para o milho safrinha. Assim que as plantas começam a emergir, começam os ataques. Eles sobrevivem sob a palhada de plantas hospedeiras, que podem ser daninhas à cultura. 

Depois eles dispersam para a soja ou milho, e depois para o milho safrinha. Na fase vegetativa, com entre três e quatro folhas expandidas, é o período mais crítico. A alimentação intensa interfere nos estádios posteriores ao desenvolvimento da cultura.

Após esse período, ocorre a dispersão. Nesse momento, os percevejos aumentam a sua população, causando danos à cultura do milho e da soja

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Dinâmica de percevejos em sistemas de produção milho-soja no sul do Brasil
(Fonte: Toledo et al., 2021)

Como saber o momento certo de controle?

Se houver 0,58 percevejos por m² é o momento ideal para entrar com controle. Quando a amostragem mostrar necessidade de controle, entre imediatamente com os métodos. 

Para te ajudar com o registro e controle dos percevejos na lavoura, a tecnologia pode ser um divisor de águas. Separamos uma planilha gratuita para te ajudar nessa etapa. Clique na imagem abaixo para acessar o material: 

Ao decidir pelo método químico, é importante utilizar uma boa tecnologia de aplicação para conseguir atingir os percevejos de maneira eficaz. Rotacionar diferentes ingredientes ativos ajudará a evitar perda de tecnologia devido à pressão de seleção. 

É importante evitar as aplicações em períodos em que a praga está abrigada. Por exemplo, durante a noite, em dias chuvosos ou com temperaturas amenas

Como acabar com percevejo nas plantas de milho?

O controle de percevejos pode ser feito antes e depois de identificar a presença na lavoura. Veja a seguir as melhores práticas:

Controle antes de identificar a presença

O controle deve ser feito antes mesmo da implementação da lavoura. Para isso, você deve seguir o Manejo Integrado de Pragas

Outra forma de controle é o revolvimento do solo e eliminação de plantas daninhas. Isso serve para evitar que os insetos permaneçam na área. No entanto, essa prática é inviável em sistemas de plantio direto.

O tratamento de sementes de milho com inseticidas sistêmicos vai garantir que, mesmo se houver percevejo na área, os danos sejam mais baixos. Mas para isso, é importante que as espécies presentes sejam devidamente identificadas

A identificação é importante para manejar a área antes da implantação da cultura. Assim, é possível selecionar o inseticida mais adequado para controle das espécies existentes.

Adquirir as sementes tratadas pode ser uma ótima forma de manter as plantas homogêneas, uma vez que o tratamento na propriedade pode ficar com falhas. 

Controle depois de identificar a presença das pragas

Após identificar a presença dos percevejos, você precisa entrar com o controle químico. Alguns ingredientes ativos que podem ser utilizados no controle:

  • Tiametoxam (neonicotinóide) para o percevejo-barriga-verde (ambas as espécies), dentre outros grupos químicos;
  • Para o percevejo-marrom: Beauveria bassiana e bactérias como Bacillus thuringiensis. No entanto, é necessário verificar se a bactéria produzida pelo fabricante é registrada para a cultura;
  • Outros grupos químicos podem ser consultados no Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários.

Para que o controle seja realmente efetivo, é ideal realizar monitoramento constante. É importante que você saiba que fazer aplicações de inseticidas preventivos ou esperar que os sintomas apareçam não é viável.

Como controlar percevejo no milho com tecnologia?

Para controlar os percevejos, nem sempre planilhas e cadernos dão conta. Isso sobretudo em grandes propriedades, com maior área a ser controlada. Justamente por isso, softwares como o Aegro estão disponíveis para mapear as pragas na área de cultivo.

Ainda, conhecendo o histórico da área, você pode planejar de forma mais assertiva quais métodos de controle usar.

Tela do Aegro, na aba de MIP aberta.
Monitoramento de pragas agrícolas no Aegro. Com o software, todos os dados do monitoramento ficam guardados de forma segura e prática.
(Fonte: Aegro)

O Aegro também oferece a você dados climáticos. Essas informações ajudam a determinar o risco de ocorrência de doenças de plantas em diversas culturas. Comece a controlar as pragas na sua lavoura com o Aegro

Conclusão

Os percevejos podem comprometer a sanidade do milho. As espécies do gênero Dichelops são as que mais causam danos à cultura.

No milho safrinha, o grande problema é a “ponte verde” que ocorre por meio das culturas anteriores, como soja e feijão.  Os sintomas só aparecem após já ter ocorrido danos, que não podem ser revertidos.  

Por isso, lembre-se que o controle dessas pragas deve ser sempre atrelado ao monitoramento desde antes mesmo do plantio até o estabelecimento da cultura. 

Você enfrenta problemas com percevejos no milho na lavoura? Não deixe de compartilhar este artigo com outros produtores ou com sua equipe de trabalho!

8 dicas de como acabar com as lagartas da sua lavoura

Como acabar com as lagartas: saiba quais são as principais e veja as principais táticas de manejo

Visitar a lavoura e ver as folhas raspadas nunca é um bom sinal. Por isso, as lagartas estão entre as principais pragas agrícolas do Brasil e do mundo.

A ausência de medidas de manejo para o controle de lagartas pode aumentar os custos de produção em até R$ 500 na cultura da soja, por exemplo. Esse valor pode aumentar a depender do ano, da cultura e das altas dos insumos.

Saber como identificar as lagartas e os danos causados por elas é o primeiro passo para evitar perdas na produtividade.

Neste artigo, conheça as lagartas mais perigosas para as culturas agrícolas e saiba como livrar sua lavoura delas. Boa leitura!

O que são as lagartas e suas características gerais

As lagartas são insetos mastigadores da ordem Lepidoptera, que causam danos diretos nas folhas das culturas. Elas são consideradas pragas quando estão em populações capazes de causar danos econômicos maiores do que o custo do seu controle. 

Elas costumam atacar culturas diferentes cultivadas em sucessão em uma mesma área. Recentemente, algumas espécies eram consideradas pragas secundárias, como a lagarta-das-folhas. Ela passou a ser primária na soja, causando danos significativos.

Isso se deu por dois motivos principais: a aplicação desenfreada de inseticidas não seletivos aos inimigos naturais e a ausência ou manejo inadequado, especialmente em áreas com  cultivares resistentes. 

A ausência de área de refúgio e aplicações inadequadas de inseticidas agravam o problema. Produtores de diversas regiões, principalmente do Centro-Oeste, já relatam que as cultivares antes resistentes não têm suportado a pressão das lagartas. 

Principais tipos de lagartas de planta

Embora existam inúmeras espécies de lagartas, algumas são mais danosas às culturas. Afinal, são capazes de se alimentar e completar o ciclo de vida em diferentes espécies cultivadas em uma mesma área, em diferentes épocas do ano.

As principais espécies de lagartas que atacam as culturas agrícolas são as que você verá a seguir:

Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda

A lagarta-do-cartucho se alimenta de mais de 100 espécies de plantas e por isso, é de difícil controle. Ela tem hábito noturno, e durante o dia pode ser vista próxima ao solo.

Além de plantas adultas, a Spodoptera frugiperda ataca plântulas em estádio inicial de desenvolvimento. Isso provoca falhas no estande e redução da população final de plantas, o que também influencia na produtividade.

Ela se diferencia das demais lagartas por conter um Y invertido na parte frontal da cabeça. Possui coloração preta e verde, a depender do estádio de vida. Ao longo do ciclo da lagarta, a coloração é verde e quando chega na fase adulta, a coloração é escura.

Lagarta-preta-da-soja (Spodoptera cosmioides

A lagarta-preta-da-soja pode provocar a desfolha total da lavoura, atacando ainda as vagens. Isso reduz a produtividade e prejudica a qualidade da produção.

Ela se diferencia das demais pela coloração marrom ou preta, acompanhada de listras amareladas ao longo do corpo que chegam até a cabeça.  Além disso, possui pontuações de cor preta ou branca e triângulos no dorso, ao longo das listras.

Lagarta falsa-medideira (Chrysodeixis includens)

A lagarta falsa-medideira ataca mais de 70 hospedeiros, sendo considerada uma das principais desfolhadoras da soja. Nas plantas, estão localizadas nas porções inferiores.

Diferentemente da lagarta-da-soja, a falsa-medideira consome o limbo foliar. Dessa forma, ela mantém as nervuras intactas. A falsa-medideira possui coloração verde-clara e listras brancas na lateral do corpo, além de pontos pretos distribuídos ao longo do corpo.

Lagarta Helicoverpa armigera 

A lagarta Helicoverpa armigera é capaz de se alimentar de mais de 170 gêneros de plantas. Ela apresenta rápida reprodução, capacidade elevada de dispersão e ótima adaptação a diferentes condições ambientais.

Anualmente, causa prejuízos de mais de 5 bilhões de dólares e é considerada uma das principais ameaças das lavouras na atualidade. Além disso, diversos casos de resistência a diferentes grupos químicos inseticidas já foram relatados.  

Ela se diferencia das demais lagartas pelas listras marrons na lateral do corpo.

planilha pulverização de defensivos agrícolas

Lagarta-das-folhas (Spodoptera eridania

Os adultos da lagarta-das-folhas possuem hábito noturno e provocam o aspecto de esqueletização das folhas a partir da alimentação. Além disso, elas consomem as plantas do estágio inicial até as vagens.

Distingue-se das demais pela presença de um Y invertido na parte superior da cabeça. Por outro lado, essa é uma característica que dificulta diferenciar essa lagarta da Spodoptera frugiperda.

Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis

A lagarta-da-soja causa desfolhamento intenso, podendo resultar na destruição de todas as partes da planta. Como consequência, acaba causando danos irreversíveis à produção de soja, principalmente em folhas jovens.

Durante a alimentação, ela injeta toxinas na planta. Essa lagarta é um problema para diversas culturas, especialmente leguminosas, mas também em gramíneas como trigo e arroz. 

8 dicas para acabar com as lagartas na fazenda

Agora que você viu quais são as principais pragas que atacam as culturas, veja como acabar com a infestação de lagartas na sua lavoura.

1. Conheça o ciclo da lagarta presente na sua área

Conhecer o ciclo das lagartas ajuda a saber exatamente o momento correto de agir. Além disso, com conhecimento do ciclo, você consegue identificar essas pragas antes que elas alcancem a fase adulta, onde geralmente causam mais danos. 

Também vale lembrar que o ciclo das lagartas muda conforme a espécie, o que torna necessário que você saiba bem identificar as principais espécies.

2. Conheça sua área e sua cultura

Estude o histórico de ataque de pragas na área e as principais espécies que podem atacar sua cultura. Assim, você consegue planejar quais estratégias de controle usar em conjunto e sabe mais claramente como acabar com as lagartas. 

É importante entender quais cultivos próximos a sua lavoura são realizados. Afinal, a ausência de controle nesses cultivos pode influenciar na migração de pragas para a sua lavoura.

Assim, você visualiza quais as medidas ou estratégias de controle serão mais efetivas a serem utilizadas para conter o ataque das pragas.

É importante que nesse momento você contemple as espécies de pragas comuns ao sistema de cultivo. Por meio disso, trace estratégias de médio e longo prazo para reduzir a pressão populacional.

Entre as espécies comuns ao sistema agrícola brasileiro, podemos citar as lagartas Spodoptera frugiperda e Helicoverpa armigera. Ambas as espécies possuem potencial para atacar a maioria das plantas cultivadas.

3. Faça a semeadura na janela favorável

Semear em janela favorável permite a máxima expressão do potencial produtivo da cultivar utilizada e menor exposição às pragas. Ainda durante o planejamento, siga o zoneamento agrícola da sua região. 

Isso permitirá ao mesmo tempo a semeadura e colheita em épocas favoráveis. O zoneamento agrícola é publicado anualmente pelo Mapa. A semeadura no início da janela de plantio contribuirá para que a cultura não sofra com pressão populacional das pragas.

No caso do manejo de pragas da soja, há uma ressalva. Embora o plantio no início da janela te dê melhores condições climáticas na 2ª safra, em algumas regiões esse período poderá coincidir com períodos de estiagem.

Isso pode favorecer o ataque de algumas lagartas, como a lagarta-elasmo e a lagarta-do-cartucho na fase de estabelecimento da nova cultura. Por isso, é importante conhecer o histórico de pragas, das variáveis climáticas e o planejamento agrícola.

4. Não acabe com todas as lagartas da lavoura

Ao se deparar com lagartas em sua lavoura, esteja ciente que nem todas elas serão pragas do ponto de vista econômico. Para tomar boas decisões no controle das lagartas, monitore as pragas a nível de talhão para verificar sua densidade populacional.

É importante que você monitore semanalmente ou, pelo menos, de duas em duas semanas. Abaixo, veja um exemplo sobre o nível de controle (momento correto da ação) adotado para acabar com as lagartas Helicoverpa armigera, e S. frugiperda na cultura da soja.

níveis de ação para o controle de pragas
(Fonte: Embrapa )

Assim, registre seus monitoramentos da lavoura verificando o nível de ação para cada praga e cultura. Para facilitar esse processo, baixe a planilha grátis de monitoramento de pragas na lavoura. 

Com ela, seus dados ficam muito mais automáticos e fáceis de serem visualizados. Basta clicar na imagem abaixo para acessar o material:

5.  Invista em medidas preventivas de controle

Após verificar a necessidade de uma medida de ação, esteja preparado para isso. Nesse momento, as medidas adotadas são emergenciais com efeito curativo.

Existem outras estratégias preventivas que poderão contribuir para conter esse momento. Uma das mais efetivas é a rotação de culturas, mas não a confunda com a sucessão de culturas. Além da rotação de culturas, há outras medidas preventivas importantes, como:

  • a adubação equilibrada;
  • uso de cultivares de ciclo curto ou de ciclo precoce;
  • a semeadura de materiais genéticos resistentes naturalmente.

Uma estratégia que apresenta bons resultados é o plantio de variedades ricas em silício. Além disso, a aplicação de fertilizantes à base desse nutriente na planta também possui bons resultados.

O silício causa o desgaste mandibular das lagartas e ajuda na redução populacional das pragas e nas injúrias causadas na cultura.

6. Invista em medidas curativas de controle

Após o ataque de pragas, estratégias de controle eficientes devem ser utilizadas para evitar o prejuízo financeiro. A principal estratégia é o uso de inseticidas químicos e microbiológicos.

Na dessecação, você pode associar o inseticida ao herbicida. Também é interessante realizar o tratamento de sementes. Vale lembrar que isso deve ser feito a cada nova cultura implantada.

Se você possui lavoura geneticamente modificada, não é recomendável aplicar inseticidas à base de Bacillus thuringiensis para evitar a evolução da resistência.

Outro ponto importante é manter áreas de refúgio, com uso de sementes convencionais em 10% da área. No entanto, a aplicação de  inseticidas microbiológicos à base de vírus são permitidos e altamente recomendados. 

Além disso, existem diversos outros compostos que podem ser utilizados para acabar com as lagartas, como podemos ver na figura abaixo.

(Fonte: Irac-BR)

O controle biológico aplicado através da liberação de Trichogramma pretiosum é recomendável e já está consolidado. Ele ocorre especialmente em áreas de refúgio e nas regiões que se observam casos de falha de inseticidas.

7. Integre o maior número de estratégias de MIP

Para garantir que as lagartas não sejam um problema em sua lavoura, é importante agregar outras estratégias de Manejo Integrado de Pragas. Por exemplo, o controle comportamental com feromônios sexuais auxiliam no monitoramento populacional.

Junto a ele, as práticas culturais permitem a diversidade e sobrevivência de inimigos naturais na área, auxiliando na mortalidade natural. Para um MIP eficiente, você também deve integrar práticas mecânicas, genéticas, químicas e biológicas.

Não esqueça também de registrar o monitoramento de pragas em local seguro e que facilite a visualização das infestações.

8. Aposte em tecnologia para otimizar o controle e o manejo

Um planejamento estratégico te permite integrar todas essas medidas e a acabar com as lagartas mais facilmente. Por isso, anote o custo total de cada talhão e de cada manejo diferente. No final da safra, não esqueça de registrar a produtividade de cada talhão

Verificando os controles que deram mais certo, você saberá melhor o que fazer na próxima safra. Além disso, terá maior controle dos custos da safra e da rentabilidade da sua área de cultivo.

Monitoramento de pragas eficiente por aplicativo

Com o Aegro você tem seu monitoramento georreferenciado e ainda mais facilitado. Veja como aqui.

Através de softwares de gestão agrícola como o Aegro, você consegue registrar todas as atividades e monitorar a situação de cada talhão.  Ao fazer o MIP com o Aegro, você sabe onde há mais pressão populacional de lagartas, o que te ajuda a agir rapidamente. 

Afinal, você consegue:

  • Planejar as atividades de MIP;
  • Monitorar as pragas orientado por GPS agrícola;
  • Ter registro de amostragens pelo celular;
  • Visualizar mapas com níveis de infestação na lavoura;
  • Receber alertas quando houver alta incidência de lagartas;
  • Acessar o histórico completo dos seus talhões.

Conclusão

Como acabar com as lagartas não é tarefa fácil, especialmente no Brasil, é necessário ficar por dentro das melhores táticas de controle e manejo. 

No entanto, com um bom planejamento e o uso adequado das ferramentas do Manejo Integrado de Pragas, você garantirá sucesso na lavoura.

A integração do maior número de táticas de MIP é necessária, especialmente em um momento de carência de novas moléculas inseticidas no mercado. Aproveite as dicas deste artigo e tenha uma boa safra!

>> Leia mais:

“Pragas do milho: Principais manejos para se livrar delas”

“Tudo o que você precisa saber sobre controle da broca-das-axilas”

Já sabe como acabar com as lagartas da sua lavoura? Aproveite e inscreva-se na nossa newsletter para receber mais materiais como este.

Fertilidade do solo: um caminho para alcançar altas produtividades

Fertilidade do solo: veja como traçar um plano para alcançar altas produtividades e entenda todos os aspectos que tornam um solo fértil

A fertilidade do solo é essencial à produção agrícola. Isso especialmente em um cenário em que as estimativas apontam para recordes recorrentes de safra, consolidando o Brasil como principal produtor do mundo.

Por outro lado, dados da ONU apontam que cerca de 40% dos solos no mundo todo já se encontram em algum grau de degradação. Por isso, potencializar os resultados produtivos, melhorar a fertilidade do solo e manejar sua conservação são ações indispensáveis. 

Neste artigo, você verá como o planejamento e manejo simples e eficazes podem melhorar a fertilidade do seu solo. Confira! 

Fertilidade do solo é sinônimo de produtividade?

Muitas vezes, a fertilidade do solo é considerada sinônimo de produtividade. Ainda, considera-se que a produtividade seria o meio mais adequado para medir a fertilidade.

Essa relação nem de longe pode ser considerada verdadeira. Além de serem conceitos diferentes, a produtividade não é a única medida para avaliar a fertilidade do solo.

Por exemplo, considere duas safras de milho, onde o comportamento da primeira e segunda safra são diferentes. Tudo isso em uma mesma área de produção. 

É comum que na 1ª safra a produção da cultura seja superior que na 2ª safra. Esse fato não tem relação com produtividade, mas envolve diversos outros fatores como distribuição de chuvas, temperaturas, disponibilidade de radiação solar e outros.

Até aqui fica claro que diversos fatores influenciam na produtividade das culturas, que vão muito além da fertilidade. Mas é preciso lembrar que isso não quer dizer, em hipótese alguma, que a fertilidade do solo não seja um atributo importante

Pelo contrário: embora um solo com alta fertilidade nem sempre seja altamente produtivo, uma área de altas produtividades necessariamente terá um solo fértil. A fertilidade é um dos fatores mais importantes para uma cultura expressar o seu máximo potencial produtivo.

O que é fertilidade do solo?

A fertilidade é a capacidade do solo de fornecer elementos essenciais às plantas (macro e micronutrientes principalmente). Para que as culturas expressem seu potencial produtivo, essa condição deve ser mantida durante o ciclo de desenvolvimento da cultura.

Os macronutrientes considerados essenciais e principais para as plantas, requeridos em maior quantidade, incluem: 

Já os micronutrientes importantes em funções do metabolismo das plantas (requeridos em menores quantidades) incluem:

  • boro;
  • zinco;
  • cobre; 
  • ferro;
  • molibdênio;
  • cloro;
  • manganês.

Existem ainda aqueles considerados benéficos às plantas, embora não essenciais ao desenvolvimento delas. São exemplos o selênio, silício, cobalto, sódio, alumínio, vanádio e níquel. 

Esses elementos podem atuar estimulando o crescimento das culturas. Eles também podem as prejudicar, a depender do teor presente no solo. Esse é o caso do alumínio, que em excesso é tóxico às plantas.

A fertilidade de um solo está muito além da disponibilidade de alguns desses nutrientes. Ela está relacionada ao equilíbrio entre eles, para não ocorrerem interferências na absorção de um ou de outro, prejudicando consequentemente a produtividade das culturas.

Como traçar um plano para melhorar a fertilidade do solo e alcançar altas produtividades?

A produtividade é baseada em uma relação entre fatores relacionados à planta, ao clima vigente, ao manejo do solo dado antes, durante e após o cultivo. Ela também é baseada nas próprias características do solo.

Na figura a seguir, por exemplo, é possível visualizar as lacunas de produtividade limitadas por diferentes fatores. Isso sejam eles relacionados à precipitação, como o estresse hídrico até a limitação por fertilidade, pragas, doenças e plantas daninhas.

Figura que ilustra o potencial produtivo das culturas, e as possíveis interferências que podem limitar que a cultura atinja esse potencial, denominadas lacunas de produtividade 
(Fonte: Richter, 2021)

Porém, é importante ficar claro que o manejo da fertilidade do solo pode fortalecer a cultura reduzindo o impacto de fatores de estresse, sendo portanto, indispensável. Existem três componentes principais da fertilidade do solo:

  • físicos: textura, densidade, resistência a penetração, estrutura, profundidade de enraizamento, capacidade de armazenamento de água, dentre outros; 
  • químicos: pH, teor de nutrientes, matéria orgânica, carbono, CTC do solo, soma de bases, entre outros;
  • biológicos: como relação carbono e nitrogênio da comunidade microbiana, taxa de respiração, entre outros.

O nível de fertilidade resulta das características naturais do solo e das interações que ocorrem entre esses três componentes. A maioria das características que contribuem para a fertilidade do solo dependem das partículas do solo.

O que ocorre na área agrícola interfere nas características do solo e alteram sua fertilidade. Por exemplo, sabemos que os solos brasileiros são ácidos, mas podemos modificar e resolver essa limitação pela calagem

No entanto, algumas modificações no solo podem levar à degradação. Veja como isso acontece a seguir.

Manejo inadequado da área pode levar à degradação dos solos

O uso contínuo de fertilizantes, inseticidas, fungicidas, herbicidas e um manejo de solo inadequado pode perturbar o equilíbrio do solo. Consequentemente, afetam sua produtividade e fertilidade. 

Estudos revelam que um manejo conservacionista com cobertura de solo mantém a umidade e ciclagem de nutrientes. Isso aumenta a fertilidade.

Desse modo, conhecendo o seu sistema de produção você pode tomar algumas medidas para melhorar a fertilidade do solo e, possivelmente, sua produtividade. É por isso que a fertilidade deve fazer parte do seu planejamento para alcançar altas produtividades.

Como começar esse planejamento? É isso que veremos a seguir:

Elabore seu planejamento de fertilidade do solo para altas produtividades em 5 passos

Como já vimos aqui, um solo fértil conterá todos os nutrientes principais para nutrição básica das plantas. No entanto, muitos solos, especialmente os brasileiros, não possuem níveis adequados de todos os nutrientes ou condições de matéria orgânica.

Uma gestão integrada da fertilidade do solo maximiza a eficiência do uso agronômico de nutrientes e melhora a produtividade das culturas. O planejamento resulta em diversos benefícios, pois geralmente é realizado baseado na análise de:

  • histórico da área;
  • das aplicações de fertilizantes;
  • tipo de solo;
  • relevo predominantes;
  • características dos talhões.

Com um planejamento é possível, inclusive, reduzir os custos. Afinal, a tendência é que os insumos, especialmente fertilizantes, sejam utilizados de forma estratégica no sistema, sem prejudicar as culturas, e tão pouco o sistema produtivo.  

(Fonte: Traduzido e adaptado de G-Source)

1.  Planejamento da necessidade de fertilizantes

Essa parte está diretamente relacionada à sua cultura, já que cada uma tem uma necessidade diferente de nutrientes para o desenvolvimento. Por isso, o planejamento é fundamental para bons resultados produtivos. 

Nele, o ideal é que você realize uma análise de solo da sua área, que pode ser baseada em diferentes estratégias. Contar com o auxílio de um profissional é importante, pois ele poderá realizar todas as interpretações e recomendar as doses necessárias.

O Aegro é seu parceiro para ajudar no planejamento e garantir o controle dos fertilizantes utilizados. Utilize a função planejamento para organizar suas atividades e insira as atividades realizadas.

Assim, você consegue acompanhar o progresso das atividades e visualizar o que já foi gasto.

Utilize o Aegro para planejar e registrar suas atividades 

Registre todos os passos e gastos realizados para identificar qual foi seu melhor manejo, analisar custos e identificar oportunidades de economia para melhorar a eficiência da sua operação, reduzindo custos e aumentando a atividade.

Com o Aegro você consegue ver de modo muito mais fácil e ágil todos os custos orçados e realizados

2. Conheça qual o tipo de solo da sua lavoura

Diferentes tipos de solo necessitam manejo distintos. Por isso, entender quais os tipos de solo da sua lavoura é uma etapa tão fundamental quanto o planejamento. Por exemplo, solos arenosos são mais passíveis de lavagem de nutrientes pelas chuvas. 

Desse modo, uma estratégia para otimizar as adubações é o parcelamento das aplicações de fertilizantes. Para saber seu tipo de solo, além da observação em campo, é interessante coletar amostras do solo e fazer uma análise física. 

3. Faça análise química de solo 

Para entender quais os nutrientes que são necessários na sua lavoura para a produção satisfatória é indispensável que a análise química do solo seja realizada. Também é fundamental procurar bem o melhor laboratório para análise de solo.

Se utilizar adubos orgânicos, realize a análise dos mesmos. Só dessa maneira você saberá o quanto de nutrientes aplicou e o que precisa ser complementado por fertilizantes naturais.

4. Proteja o seu solo

A prova de que proteger o solo é fundamental para a fertilidade do mesmo é o Cerrado brasileiro. Se antes os solos dessa região eram considerados de baixa produtividade, hoje são os mais produtivos do mundo, graças às tecnologias desenvolvidas.

O manejo conservacionista do solo, especialmente o plantio direto e a calagem, foram um dos fatores responsáveis para que isso se tornasse realidade.

(Fonte: adaptado de Embrapa e Resck et al.)

O que deixa o solo fértil?

Como vimos, diversos fatores podem interferir na fertilidade do solo. Dentre eles, os principais são a disponibilidade de água, os nutrientes essenciais, o equilíbrio do pH, a taxa de erosão e a calagem. A seguir, entenda cada um deles:

Nutrientes essenciais 

Os nutrientes requeridos são calculados baseados nas necessidades da área de cultivo. 

Doses acima ou abaixo do recomendado  causam desequilíbrio entre os elementos disponíveis no solo. Isso pode causar dificuldade da planta em absorver algum nutriente, e até mesmo a sua incapacidade. 

Na figura abaixo é possível observar a interação entre diferentes nutrientes. As setas apontadas para baixo sinalizam que o nutriente à esquerda reduz a absorção do nutriente na parte superior da tabela.

(Fonte: Malavolta, 1987)

Equilíbrio do PH

Em faixas abaixo ou acima do pH considerado ideal para as culturas, há interferências significativas na absorção de macro e micronutrientes essenciais. Em faixas de pH próximas de 5 e abaixo disso, o pH é considerado ácido. 

Assim, ocorrem reduções significativas na disponibilidade de potássio, cálcio, magnésio e fósforo. Isso aumenta, por outro lado, a disponibilidade de alumínio (elemento tóxico às plantas quando em excesso). 

Em pH neutro, por outro lado, também ocorrem interferências negativas na disponibilidade de nutrientes. Por isso, a calagem deve ser aplicada na dose recomendada baseada em uma análise de solo.

Disponibilidade de nutrientes em relação ao pH do solo
(Fonte: Bini, 2016)

Calagem

Especialmente nos solos brasileiros, que são naturalmente ácidos naturalmente, é essencial a prática de calagem. Mas para que essa prática seja eficiente e sem desperdícios, você precisa ter em mãos sua análise de solo e fazer os cálculos de calagem corretamente.

Taxa de erosão

O método utilizado para o preparo do solo é um fator importante, porque ele afeta o manejo das culturas, a fertilidade do solo e a nutrição das plantas. O preparo convencional do solo acelera a decomposição da matéria orgânica e a falta de cobertura de solo facilita a erosão.

Ao adicionar culturas de cobertura de solo, você minimiza as perdas da lavoura e maximiza os benefícios a longo prazo, especialmente a sua saúde. O cultivo de culturas diferentes daquelas utilizadas como principais (como soja e milho), é uma prática benéfica. 

Além de auxiliar na saúde do solo, ela também quebra o ciclo de pragas e doenças que limitam a produtividade. Esse cultivo também cria macro e microporos. Isso ajuda na aeração, retenção de água e maior exploração das raízes no solo.

A cobertura, com os restos vegetais dessa cultura, protege o solo da erosão, da perda de água e de temperaturas extremas. Além disso, há aumento da atividade animal no solo, resultando em solo mais saudável, aumentando a sua fertilidade.

Essas práticas podem resultar em ganhos de produtividade consideráveis.

Adubação verde

A fertilidade do solo pode ser ainda melhorada pela incorporação de culturas ao solo, a chamada adubação verde. Essa prática adiciona matéria vegetal ao solo, levando a ciclagem de nutrientes e aumento dos níveis dos mesmos.

Em geral, os benefícios da adubação verde são similares aos das culturas de cobertura. A diferença é que aqui o foco é na ciclagem de nutrientes, e não há cobertura do solo.

Assim, a adubação verde promove um solo saudável e fértil. Ela repõe e minimiza as perdas que ocorrem através da absorção de plantas e outros processos.

Disponibilidade de água

O cultivo de outras espécies no seu sistema de produção produz espaços entre as partículas de solo, que possibilitam a infiltração de água. Além disso, como os microrganismos do solo digerem o material vegetal, especialmente leguminosas. 

Alguns deles, como os polissacarídeos, funcionam como uma cola entre as partículas do solo. Assim, esses açúcares complexos cimentam pequenas partículas de solo em aglomerados ou agregados, melhorando a estrutura do solo.

No entanto, esses açúcares se decompõem em questão de meses, mas o efeito de agregação pode se renovar toda vez que faz cultura de cobertura. As espécies de grama também promovem boa agregação, mas por um mecanismo diferente.

Essas raízes fibrosas das gramíneas podem liberar compostos que ajudam a agregar o solo entre as raízes. Essa maior estrutura do solo permite melhor aeração, retenção de água e exploração do solo pelas raízes. Consequentemente, há maior fertilidade do solo.

Matéria orgânica do solo

Leguminosas são ricas em proteínas e açúcares, liberando assim nutrientes rapidamente. No entanto, resultam em pouca matéria orgânica a longo prazo. Por outro lado, as gramíneas são mais fibrosas e liberam nutrientes muito mais lentamente. 

Por isso, elas promovem matéria orgânica mais estável a longo prazo, aumentando a capacidade de retenção de nutrientes e maior CTC do solo. Alternar culturas que possuem diferentes características para incremento da matéria orgânica é outra boa estratégia.

É importante  ressaltar que a matéria orgânica se acumula muito lentamente no solo. Por isso, o manejo deve ser constante. Um solo com 3% de matéria orgânica só pode aumentar para 4% após uma década ou mais de construção de solo.

Os benefícios do aumento da matéria orgânica provavelmente serão aparentes antes do aumento das quantidades serem detectáveis.

Banner da planilha de calagem

Conclusão

A fertilidade do solo nem sempre é sinônimo de alta produtividade, mas deve fazer parte de um plano para atingi-la.

Algumas medidas devem ser tomadas, como realização periódica de análises de solo, cálculos de recomendação, utilização de plantas de cobertura, adubação verde e outros.

Lembre-se que tudo isso deve ser muito bem planejado e orçado para não haver custos em excesso. Para isso, conte com a ajuda de especialistas da agronomia e de gestão.

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Helicoverpa armigera: histórico, importância, características e tecnologias de manejo

Helicoverpa armigera: como identificar, danos causados, ciclo de vida e culturas afetadas pela praga

A produção agrícola é um dos setores indispensáveis para a vida humana. Porém, com todo grande empreendimento vêm grandes desafios, e a lagarta Helicoverpa armigera é prova disso. Afinal, ela é uma das pragas agrícolas de maior importância nas lavouras.

A espécie já causou prejuízos de R$ 1,5 bilhão somente na Bahia, na safra de 2013. Para evitar mais acontecimentos com esse, medidas de manejo foram intensificadas para manter a praga sob controle.

Neste artigo, saiba tudo sobre identificação, manejo da lagarta helicoverpa e seis formas de controle. Aproveite a leitura!

Histórico da H. armigera no Brasil

A Helicoverpa armigera é uma espécie de mariposa, muito conhecida pelas lagartas que atacam a cultura do algodão. Foi identificada no Brasil em 2013, e antes era considerada uma praga quarentenária

Isso significa que a praga não têm origem no Brasil mas foi aqui introduzida, causando um desequilíbrio da ordem natural.

Assim sendo, essas pragas podem causar sérios prejuízos econômicos em áreas de produção agrícola, causando ameaça à economia. Segundo pesquisadores, a H. armigera foi introduzida no Brasil em 2008 e, aos poucos, alastrou-se pelas regiões produtoras.

Antes, havia dificuldade na identificação da Helicoverpa armigera. Muitas vezes, ela era confundida com outras lagartas, como a lagarta-da-maçã-do-algodoeiro e a lagarta-da-espiga-do-milho, que já existiam no país. 

Ainda, é pequena a diferença entre helicoverpa zea e armigera, o que confunde muito quem produz. Vinda da Oceania, a Helicoverpa armigera se adapta mais facilmente à soja e ao algodão. Por outro lado, a Helicoverpa zea vem do México e causa mais danos ao milho.

Ao longo do tempo, investiu-se em conhecer as características da H. armigera para controlá-la adequadamente, com desenvolvimento de tecnologias adequadas para seu genoma e ciclo de vida.

Ciclo de vida da lagarta helicoverpa spp.

O ciclo de vida da Helicoverpa armigera é composto pelas fases de ovo, lagarta, pupa e adulto. Você pode observar essas etapas a seguir.

 Ciclo de vida H. armigera
Ciclo de vida H. armigera
(Fonte: Embrapa)

Na fase de ovo, há um período de incubação de cerca de 3 dias. O ovo apresenta coloração branco-amarelado após a deposição, e se torna marrom próximo à eclosão da larva.

Após a eclosão dos ovos, é chegado o estágio larval da H. armigera. Ele apresenta seis sub-estágios. As lagartas de primeiro e segundo sub-estágio são pouco móveis na planta e apresentam coloração variando de branco-amarelada a marrom-avermelhada. 

Elas alimentam-se de partes mais tenras das plantas e podem produzir um tipo de teia, ou até mesmo um pequeno casulo. Com o crescimento das lagartas, as colorações mudam, variando de amarelo a verde, apresentando listras de coloração marrom nas laterais. 

É nesse momento de seu ciclo de vida que a praga se torna mais agressiva à cultura. Em seguida, é alcançada a fase de pupa, com duração entre 10 e 14 dias. Nele, a praga apresenta coloração marrom e está em processo de transformação de larva para adulto.

Já adulta, na forma de mariposa, a fêmea tem coloração amarelada e sobrevive em média 12 dias. O macho apresenta cor acinzentada e vive cerca de 9 dias. As mariposas podem ovipositar ovos nas folhas da cultura, dando continuidade ao ciclo de vida da praga.

Bioecologia da Lagarta Helicoverpa, demonstrando o seu potencial de disseminação e consequente alcance em outras culturas
Bioecologia da Lagarta Helicoverpa, demonstrando o seu potencial de disseminação e consequente alcance em outras culturas.
(Fonte: Embrapa)

Culturas de interesse e os danos da Helicoverpa armigera

Uma característica da helicoverpa é ser polífaga. Isso significa que ela pode se beneficiar de muitos hospedeiros, estando presente em uma ampla variedade de espécies de plantas. No Brasil, alguns hospedeiros da lagarta são: 

Os danos que essa lagarta causa às principais culturas de interesse econômico a tornam um alvo importante do manejo de pragas.

Danos causados pela Helicoverpa armigera

É na fase larval que a Helicoverpa armigera na soja e no algodão causa perdas nas culturas. Nela, as lagartas se alimentam de folhas e hastes, causando danos irrecuperáveis às plantas. 

Se a fase mais ativa coincide com o período reprodutivo da cultura, os botões florais, frutos, maçãs, espigas e inflorescências podem ser muito afetados.

As perdas podem ultrapassar 80% em lavouras de feijão e 60% em algodão. Os danos se caracterizam por deformações em folhas e frutos, favorecendo a entrada de doenças para o interior dos tecidos das plantas e a queda precoce de partes das plantas. 

A Helicoverpa armigera é uma praga difícil de controlar e seus danos são irreversíveis. Por isso, o manejo deve ser feito quando as lagartas estão presentes na área de cultivo, mas antes de apresentarem densidade populacional acima do nível de dano econômico.

Uma tática importante no manejo desta lagarta é a adoção do Manejo Integrado de Pragas. A adoção de diferentes estratégias de controle pode reduzir a população da lagarta na área de cultivo, mantendo a sua densidade populacional reduzida.

Manejo Integrado de Pragas da Helicoverpa armigera

Medidas de manejo isoladas não são eficientes para manter a população da praga abaixo dos níveis de dano econômico a longo prazo. Por isso, o que se sabe nesses dez anos de pesquisas para controlar a H. armigera é que o Manejo Integrado de Pragas é essencial. 

Com ele, é possível aplicar práticas adequadas para o contexto específico de cada área.

O MIP utiliza diversas técnicas, sem depender unicamente do controle químico. Com a integração de práticas, todas são potencializadas e protegem a eficiência dos inseticidas

Um dos princípios do MIP é a amostragem da praga. Essa etapa tem o objetivo de determinar qual tipo de manejo utilizar e quando é o momento mais adequado, para reduzir os danos da lagarta na lavoura.

Da mesma forma, o monitoramento e a identificação são práticas essenciais para determinar o momento correto de aplicar medidas de controle mais incisivas. Assim, é possível identificar o nível de equilíbrio e de controle, que indicam quando você deve agir.

Densidade populacional e nível de dano econômico de pragas
Densidade populacional e nível de dano econômico de pragas
(Fonte: Embrapa)

6 técnicas de manejo integrado eficientes contra a helicoverpa

Se você identificou ou desconfia da presença dessa lagarta na sua lavoura, usar técnicas de manejo o quanto antes é essencial. Fique de olho nas principais formas de controle dessa praga agrícola.

1. Controle cultural

Como a H. armigera é polífaga, o controle cultural é uma opção para diminuir a população da praga. A prática consiste em manter a área livre de qualquer planta hospedeira por determinado período. Assim, os espécimes presentes não têm chances de se desenvolver.

Por isso, no período de entressafra, é importante deixar a lavoura sem a presença de plantas de que a H. armigera possa se beneficiar. Isso inclui plantas tigueras da própria cultura recém colhida, daninhas e restos culturais.

Além disso, pode-se utilizar o calendário de plantio curto, em combinação com cultivares de ciclo reduzido. Isso diminui o período de cultivo e possibilita que a lavoura tenha uma janela de inatividade.

Dessa maneira, não se reduz a produção, mas é possível evitar ter plantas em vários estágios de desenvolvimento. Eles servem de fonte de alimento para a lagarta.

2. Controle genético

Outra estratégia de manejo para a lagarta H. armigera é o uso de cultivares resistentes. Uma tecnologia bastante utilizada são plantas com tecnologia Bt, variedades geneticamente modificadas com o gene de uma bactéria que é tóxica para alguns insetos.

As pragas, no entanto, também têm a capacidade de se adaptar a essa tecnologia, que passa a não apresentar a eficiência esperada depois de algumas safras. Felizmente, as áreas de refúgio são alternativas para preservar a qualidade das cultivares resistentes.

Nessa estratégia, parte da área cultivada é semeada com plantas não resistentes, de maneira a evitar a seleção de pragas e manter a eficiência do controle genético. Por isso, a tecnologia Bt e as áreas de refúgio são sempre complementares no manejo.

3. Identificação, amostragem e monitoramento

Conhecer o ciclo de vida dessa lagarta ajuda a entender em que fase ela ataca a cultura e como é possível identificá-la. Além disso, o conhecimento das fases do ciclo de vida é importante para a amostragem da H. armigera para a realização do manejo.

Para identificar a H. armigera, a primeira característica que pode ser observada é a presença de pontuações escuras no quarto e/ou quinto segmento da lagarta. Eles formam um semicírculo e apresentam aspecto mais endurecido.

Características principais da lagarta Helicoverpa que permitem a sua identificação à campo.
Características principais da lagarta Helicoverpa que permitem a sua identificação à campo.
(Fonte: Gabriella C. Gaston em Embrapa)

Por terem colorações diversas ao longo das diferentes fases de seu desenvolvimento, avaliar a disposição das pontuações é a melhor maneira de diferenciá-la das outras espécies. Além disso, verifique as listras nas laterais do tórax, no abdômen e na cabeça.

Caso você ainda tenha dúvidas sobre a identificação da lagarta H. armigera, não deixe de procurar um laboratório que identifique a espécie que você encontrou na sua lavoura. 

A amostragem é feita a partir da contagem dos adultos de H. armigera, por meio de armadilhas luminosas ou com feromônios. A captura e a contagem das mariposas permite prever o potencial de ovos e de lagartas de H. armigera na sua lavoura em um prazo curto.

Tudo isso oferece mais agilidade no manejo. Também é necessário monitorar as plantas durante todo o ciclo do cultivo. Verifique se há presença de lagartas, por meio do pano de batida, ou dos danos que ela causa nas folhas e caules.

Para te ajudar nesse processo, separamos uma planilha gratuita para tornar o MIP na sua fazenda mais assertivo. Basta clicar na imagem abaixo para acessá-la:

Banner planilha- manejo integrado de pragas

4. Controle biológico

Esse tipo de manejo consiste em inserir na área um agente de controle biológico que funcione como inimigo natural da praga.  Entre os insetos benéficos, podemos encontrar os parasitóides e predadores da lagarta. 

Existem também vírus, bactérias, fungos e nematoides capazes de diminuir a população das lagartas. Contra a helicoverpa, a vespa Trichogramma spp. apresenta bons resultados. Há ainda inseticidas biológicos à base de Trichogramma pretiosum.

Outro exemplo de produtos biológicos eficientes contra a H. armigera são aqueles à base da bactéria Bacillus thuringiensis. Elas são capazes de quebrar o ciclo da lagarta.

Como a tecnologia Bt está presente em sementes de cultivares resistentes, o uso das duas técnicas de forma conjunta não é ideal. Isso serve para evitar a pressão de seleção à resistência, que aumenta quando são usados dois produtos com a mesma ação.

Também vale lembrar da existência de inseticidas à base de patógenos virais, como os compostos pelo vírus Nucleopolyhedrovirus. Ele age após ser ingerido pela lagarta, quando ela se alimenta da cultura.

O produto causa redução da alimentação e locomoção da lagarta, até a morte. Este processo dura entre 3 e 7 dias, com efeito mais rápido em lagartas mais jovens. O interessante é que as lagartas contribuem para dispersar o vírus no ambiente.

5. Controle químico

A principal forma de controle da Helicoverpa armigera é o uso de inseticidas químicos em rotação de princípios ativos. O objetivo é evitar a pressão de seleção da praga.

O Comitê de Ação à Resistência a Inseticidas já identificou casos de resistência de H. armigera a inseticidas à base de piretróide no Brasil. Já a Embrapa demonstrou que há mais de 600 relatos de resistência da H. armigera a vários grupos de inseticidas no mundo.

Por isso, compreender o histórico da área de cultivo quanto à incidência da praga e integrar as práticas de manejo são ações fundamentais. Elas irão assegurar a eficiência das soluções e a longevidade de seus princípios ativos. 

A escolha de um inseticida deve considerar quatro fatores:

  • seletividade a inimigos naturais;
  • custo-benefício;
  • eficiência em campo;
  • combinação de ativos.

Para a maior eficiência do controle químico, você deve utilizar rotação de produtos com diferentes modos de ação dentro do MIP. A aplicação de inseticida deve começar quando a praga atinge o nível de controle no processo de amostragem.

6. Gestão agrícola por softwares

Você pode achar que gestão agrícola não tem nada a ver com manejo de pragas. Entretanto, relembre alguns pontos importantes para o controle da Helicoverpa

  • uso de inseticidas com rotação de mecanismos de ação;
  • aplicação de inseticidas mais seletivos;
  • uso de outras formas de manejo, como tecnologia Bt e produtos biológicos;
  • realização do monitoramento e aplicações somente ao atingir o nível de controle.

Para cada uma dessas questões, a gestão agrícola tem um papel fundamental. Felizmente, muitos processos e informações que guiam as escolhas no campo já são amparadas por tecnologias digitais, a partir de softwares.

Esses softwares automatizam o levantamento de dados e facilitam sua visualização. Ainda, com essa tecnologia, você tem o histórico das safras anteriores. 

Desse modo é possível registrar e consultar os produtos que usou na safra passada e conferir sua eficiência. Além disso, você pode fazer um plano de manejo com a rotação de mecanismos de ação de maneira estratégica.

Você também fará o planejamento agrícola de maneira fácil e poderá saber com antecedência quais os melhores produtos a serem utilizados. Isso permite mais tempo para a busca de melhores preços no mercado.

Assim, fica fácil decidir o que fazer em cada etapa da safra, obtendo o manejo eficiente não só da lagarta, mas da lavoura como um todo. As tecnologias digitais também oferecem um sistema georreferenciado para monitoramento de pragas, por meio de mapas de calor.

monitoramento-georreferenciado-aegro
Mapa de monitoramento de pragas com o Aegro

Outra vantagem de contar com um software para a gestão agrícola é o controle financeiro e o manejo de riscos à rentabilidade. A ferramenta permite entender em detalhes: 

  • quanto foi gasto em inseticidas durante a safra passada;
  • qual o custo por talhão;
  • rendimento de cada área;
  • retorno sobre o investimento.

Essas informações têm a finalidade de entender se houve prejuízo ou ganhos nos talhões mais infestados. Com o Aegro, isso fica fácil e simples de ser visualizado. Veja uma prévia a seguir:

Veja também como Elivelton reduziu 40% do seu custo de manutenção de máquinas com aplicativo para agricultura.

Conclusão

Entender sobre a H. armigera é indispensável para evitar danos diretos à lavoura e para um bom planejamento de quais culturas serão implantadas depois. 

Ainda, esse conhecimento te ajuda a entender melhor sobre seus custos de produção e como otimizá-los. 

Para o controle da lagarta helicoverpa é fundamental a adoção do Manejo Integrado de Pragas. Ele ajuda no alcance de um controle eficiente e na manutenção da vida útil dos inseticidas e das cultivares resistentes disponíveis no mercado. 

Você conhecia o ciclo de vida da Helicoverpa armigera? Qual método de controle você utiliza no controle da lagarta? Adoraria ver seu comentário abaixo.