O guia da interpretação da análise de solo

Interpretação da análise de solo: qual a utilidade, como coletar as amostras, aspectos que devem ser considerados e mais!

Para obter grande produtividade agrícola, é importante que a recomendação de calagem e adubação seja determinada pela análise de solo. Além disso, as exigências nutricionais da cultura precisam ser consideradas e devidamente supridas.

Os resultados da análise de solo possibilitam definir o tipo e a quantidade de calcário e fertilizantes, o modo e melhor época de aplicação.

Você sabe interpretar uma análise de solo? Neste artigo, saiba qual é a utilidade da análise de solo, pontos importantes a considerar na análise de terra e muito mais! Boa leitura.

Como é feita uma análise de solo completa?

A análise de solo tem como objetivo averiguar a fertilidade do solo, identificando a presença de acidez e de elementos tóxicos para as plantas. Ela também indica a textura do solo pela relação dos teores de argila, silte e areia. 

É importante que toda recomendação de adubação e calagem seja orientada pela análise do solo. Somente a partir dela é possível determinar a disponibilidade dos nutrientes e a quantidade de corretivos e adubos necessários para o bom desenvolvimento da cultura.

Além disso, os resultados dessa análise contribuem na escolha das espécies mais adaptadas às condições de solo da área amostrada.  

O fornecimento dos fertilizantes na proporção correta contribui para altas produtividades, reduz os custos de produção e também reduz os impactos ambientais causados pela aplicação de adubos em excesso

Na análise de solo completa, são avaliadas as características físicas e químicas da amostra. Veja a seguir quais as análises laboratoriais feitas na caracterização do solo.

Análise física

A análise física caracteriza o solo quanto a proporção entre os teores de areia, silte e argila. Ou seja, nessa avaliação é determinada a textura do solo.  Não há a necessidade de realizar a análise física do solo mais de uma vez

Isso porque a  textura do solo é uma das propriedades que menos sofre alteração ao longo do tempo. Porém, caso você não conheça a textura do solo onde será instalada a lavoura, é recomendado fazer essa avaliação. 

Conhecer a textura do solo é fundamental para fins de manejo. Esse atributo influencia em diversos fatores, como:

  • aeração do solo;
  • nutrição das plantas;
  • interpretação do teor de fósforo;
  • taxa de infiltração de água;
  • capacidade de retenção de água;
  • aderência das partículas do solo.

Análise química

A análise química do solo tem o objetivo de determinar a fertilidade do solo. Ou seja, a capacidade que determinado solo tem de fornecer nutrientes para as culturas agrícolas.  

Nessa avaliação são utilizados extratores químicos que simulam a extração dos nutrientes pelas plantas. Dessa forma, é possível quantificar quais os macro e micronutrientes estão disponíveis. 

Na análise química também são definidas as acidezes ativa, trocável e titulável, a CTC do solo e o teor de matéria orgânica. Assim, as recomendações de calagem e adubação são feitas de acordo com as condições do solo e da exigência nutricional da espécie.

Como fazer análise de solo?

Para que os resultados da análise de solo sejam confiáveis e representativos, alguns cuidados precisam ser tomados. Veja a seguir algumas dicas para não errar na análise de solo.

Qual é a época ideal para o processo?

A análise do solo deve ser realizada alguns meses antes da implantação da lavoura. No caso das culturas anuais, essa avaliação pode ser feita na entressafra, cerca de três meses antes do início do plantio.

Assim há tempo para planejar, adquirir os insumos e executar as operações pré-plantio como calagem e gessagem, conforme os dados da análise. Para as culturas perenes, a análise de solo deve ser realizada logo após a colheita.

Como fazer a coleta do solo para análise?

É fato que não há como analisar todo o solo da propriedade rural. Para isso, são retiradas amostras representativas da área a ser cultivada.  Se a coleta da amostra de solo não for realizada da maneira correta, os resultados da análise não serão confiáveis.

Quanto mais heterogênea a área, maior o número de pontos de amostragem. Para a coleta das amostras é preciso dividir a área em glebas homogêneas de até 20 hectares. Essa divisão deve considerar:

  • textura do solo;
  • coloração;
  • topografia;
  • vegetação;
  • sistema de cultivo;
  • adubação;
  • calagem anteriores. 

De cada gleba serão coletadas 20 subamostras (amostras simples). Elas serão misturadas para formar a amostra composta e a partir dela uma porção será enviada para análise no laboratório.

Passo a passo de como coletar amostras de solo
Passo a passo de como coletar amostras de solo
(Fonte: Calcário Solo Fértil)

Qual a profundidade da amostragem?

Em áreas sob sistema de plantio direto, sistema de integração lavoura-pecuária e pastagens, as amostras devem ser retiradas de forma específica. Faça isso nas camadas de 0 cm a 10 cm e 10 cm a 20 cm de profundidade.

Já em lavouras conduzidas sob o sistema de plantio convencional, a profundidade da amostragem é de 0 cm a 20 cm. Maiores profundidades de amostragem (20 cm a 40 cm e 40 cm a 60 cm) são usadas para detecção de deficiência de cálcio e toxidez por alumínio.

Como escolher o melhor laboratório de análise?

Quem faz a análise do solo são os laboratórios especializados, e escolher o ideal é fundamental para garantir assertividade no processo.

A escolha do laboratório de análise do solo que realizará as análises físico-químicas  também é uma etapa muito importante. Resultados errados levam a erros de interpretação da análise de solo. As amostras devem ser confiadas a um laboratório de confiança

Qual a frequência de análise?

Para as culturas anuais, o ideal é fazer a análise química do solo anualmente. Apesar disso, é comum que alguns produtores façam essa avaliação a cada 2 ou 3 anos. 

Em áreas intensamente cultivadas ou com problemas de fertilidade, a orientação é fazer a análise química do solo com maior frequência.

Como interpretar análise de solo?

A interpretação dos resultados da análise de solo é uma atividade complexa. A recomendação de calagem e adubação deve ser feita considerando alguns fatores como:

  • região da área analisada;
  • histórico da área;
  • profundidade da amostragem;
  • sistema de cultivo;
  • produtividade esperada;
  • exigência nutricional da cultura;
  • recursos financeiros disponíveis.

Erros envolvendo a super ou sub dosagem de corretivos e fertilizantes podem comprometer o desenvolvimento das plantas. Assim, em caso de dúvidas, o melhor a fazer é consultar um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).

Agora, veja como interpretar os indicadores da análise do solo.

Acidez ativa ou pH

O pH do solo influencia diretamente na absorção dos nutrientes

Valores mais altos de pH reduzem a disponibilidade de micronutrientes como cobre, ferro, manganês e zinco. O pH mais ácido diminui a disponibilidade de molibdênio, cloro e boro, além de aumentar a solubilidade do alumínio.

Para a maioria das culturas, o índice de pH indicado é entre 6 a 6,5. Confira no gráfico a seguir a disponibilidade dos macro e micronutrientes tendo como referência o pH do solo.

Disponibilidade de nutrientes e alumínio em função do pH do solo
Disponibilidade de nutrientes e alumínio em função do pH do solo
(Fonte: Incaper)

Calagem 

Existem diferentes métodos para determinar a calagem do solo. Esses métodos variam sobretudo de acordo com a porcentagem de argila, teor de cálcio e magnésio e da CTC do solo. Ainda, eles variam conforme o PRNT.

O PRNT (Poder Relativo de Neutralização Total) informa a qualidade do calcário. Esse indicador tem valor diferente de 100% e precisa ser corrigido utilizando o fator de correção (f) como demonstrado na fórmula abaixo:

  • f = 100 dividido pelo PRNT

Para determinar a quantidade de calcário no solo, você pode utilizar planilhas editáveis, como a da Aegro. Clique na imagem abaixo para acessar gratuitamente esse material que te ajuda no cálculo de calagem:

Adubação com NPK

No caso do nitrogênio, a resposta à adubação depende da cultura. Assim, a adubação com NPK é feita com base na produtividade esperada.

O teor de fósforo no solo varia em função do teor de argila, podendo ser classificado como muito baixo, baixo, médio, adequado ou alto. Você pode consultar as recomendações desses nutrientes dependendo da sua região, como o Boletim 100 e a 5a Aproximação.

Essas recomendações te auxiliam no planejamento e na tomada de decisão, mas tenha em mente que cada caso é um caso. Ou seja, não existe receita. As estratégias de correção e adubação dependem da análise de solo e do histórico de manejo da área.

banner para baixar a planilha de cálculo de fertilizantes para milho e soja

Conclusão

A análise química do solo é utilizada para determinar a fertilidade e a presença de alumínio tóxico. Já a análise física define a textura do solo.

Para realizar uma boa análise de solo se atente a época da avaliação, ao modo de amostragem, a profundidade de amostragem e ao laboratório que irá fazer as avaliações. 

A correta interpretação dos resultados da análise de solo é fundamental para obter altas produtividades. Somente por essa avaliação é possível determinar a real fertilidade do solo. Em caso de dúvida, não deixe de consultar uma pessoa especialista da agronomia.

Como você faz análise de solo na sua propriedade? Para não deixar de receber conteúdos semanais como esse, assine nossa newsletter!

PRNT: o que é e como calcular para economizar na compra do calcário

Atualizado em 02 de junho de 2022.

PRNT: veja sua influência na hora da calagem, como calcular o PRNT, as principais fontes de corretivo agrícola e muito mais!

Você já se perguntou para que serve o PRNT na hora de fazer calagem? Ele traz informações importantes que podem te ajudar a economizar na compra de calcário.

Mais do que isso, conhecer o PRNT te auxilia a fazer uma calagem e correção do solo mais eficazes.

Veja como fazer todos esses cálculos de maneira simples e entenda melhor qual tipo de calcário deve ser utilizado na sua propriedade! Confira!

O que é PRNT: significado

O PRNT é a sigla para Poder Relativo de Neutralização Total, um indicativo de qualidade dos corretivos agrícolas, avaliado pelo valor do poder de neutralização e pelo tamanho das partículas.

Quanto maior o PRNT, melhor a qualidade do calcário e mais rápida é a sua reação no solo. Conhecer a função do PRNT pode fazer diferença na escolha do corretivo agrícola mais adequado para sua propriedade.

A importância do PRNT está no fato de que, quanto maior a quantidade de PRNT, menor quantidade de calcário precisa ser aplicada é maior a sua qualidade

Considerando isso antes da compra de calcário, você evita desperdícios e garante aplicar a quantidade correta.

Qual a diferença entre PN, RE e PRNT?

Poder de Neutralização (PN) é a capacidade potencial total de bases neutralizantes contidas em corretivo de acidez, expressa em equivalente de Carbonato de Cálcio puro (%ECaCO3).

A Reatividade das Partículas (RE) é o valor que expressa o percentual do corretivo que reage no solo no prazo de 3 meses.

O Poder Relativo de Neutralização Total (PRNT), por sua vez, é o conteúdo de neutralizantes contidos em corretivo de acidez, expresso em equivalente de Carbonato de Cálcio puro (%ECaCO3), que reagirá com o solo no prazo de 3 meses.

Capacidade de neutralização relativa ao carbonato de cálcio (CaCO3)

Alguns elementos podem apresentar ação equivalente ao carbonato de cálcio. Por exemplo,100 kg carbonato de magnésio apresentam ação equivalente a 119 kg de carbonato de cálcio. Outras neutralizações possíveis são:

  • 100 kg de carbonato de magnésio = 119 kg de carbonato de cálcio
  • 100 kg de hidróxido de cálcio = 135 kg de carbonato de cálcio
  • 100 kg de hidróxido de magnésio = 172 kg de carbonato de cálcio
  • 100 kg de óxido de cálcio = 179 kg de carbonato de cálcio
  • 100 kg de óxido de magnésio = 248 kg de carbonato de cálcio
  • 100 kg de silicato de cálcio = 86 kg de carbonato de cálcio
  • 100 kg de silicato de magnésio = 100 kg de carbonato de cálcio

A legislação prevê também um valor mínimo para o PN para a soma da porcentagem de CaO + a porcentagem de MgO e PRNT. Veja na tabela estes valores!

Tabela com material corretivo e porcentagem de prnt

(Fonte: adaptação da autora)

Você deve estar se perguntando: calcário não é tudo igual? A resposta é não, porque quanto maior o poder de neutralização do corretivo, maior será a quantidade de ácidos que ele vai neutralizar.

Na tabela acima, você viu que o poder de neutralização mínimo da cal virgem é de 125. Considerando isso, menor será a quantidade de produto que precisará ser comprado.

Principais fontes de corretivos agrícola de solo

O principal objetivo de um corretivo agrícola é corrigir a acidez do solo, expressa pelo pH. Veja abaixo as principais fontes de corretivos e suas características:

Calcário

O calcário é o corretivo mais utilizado na agricultura. Ele é obtido pela moagem de rochas calcárias, constituídas por carbonato de cálcio (CaCO3) e de magnésio (MgCO3).

De acordo com o teor de magnésio, os calcários podem ser classificados como calcítico (1 a 5% de Mg), magnesiano (5 a 12% de Mg) e dolomítico (13 a 21% de Mg).

O PRNT do calcário dolomítico é entre 50% e 70%. Essa é uma porcentagem considerada ideal, afinal, calcários com menos de 45% de PRNT não são recomendados.

Cal virgem

A cal virgem é obtida industrialmente pela queima completa do calcário. Ela é constituída por óxido de cálcio (CaO) e de magnésio (MgO). É um corretivo de ação imediata e pode causar danos em sementes e plântulas.

Portanto, aplique com antecedência ao plantio das culturas.

Calcário calcinado 

O calcário calcinado é obtido pela calcinação parcial do calcário. Ele é constituído por carbonato, óxido e hidróxido de cálcio e magnésio. Apresenta características intermediárias ao calcário e a cal virgem.

Escória silicatada

Escória silicatada é um subproduto da indústria do ferro e do aço. Esse corretivo é constituído por silicato de cálcio (CaSiO3) e de magnésio (MgSiO3). Ele possui o mesmo comportamento do calcário.

Como calcular o poder de neutralização do calcário?

O poder neutralizante está relacionado à capacidade potencial do corretivo em neutralizar a acidez do solo. Ele leva em conta os teores de cálcio e magnésio do corretivo e é calculado pela seguinte equação:

PN (% ECaCO3) = % CaO x 1,79 + % MgO x 2,48

PN (% ECaCO3) = Poder neutralizante expresso em porcentagem equivalente de carbonato de cálcio.

% CaO = Porcentagem de óxido de cálcio.

% MgO = Porcentagem de óxido de magnésio.

Veja um exemplo na prática: considere um calcário com 36% de CaO e 12% MgO.

PN (% ECaCO3) = 36 x 1,79 + 12 x 2,48 = 83% de todo o calcário é capaz de neutralizar a acidez do solo.

Como calcular a reatividade (RE)?

Para o cálculo da reatividade são utilizadas diversas peneiras. Quanto mais finas as partículas do corretivo, maior a sua reatividade. A reatividade de um calcário é dada de acordo com os valores abaixo:

Tabela com relação granulométrica das peneiras de calcário

(Fonte: adaptação da autora)

A reatividade zero significa que estas partículas não têm efeito corretivo no período de 12 a 36 meses. A fórmula utilizada para calcular a taxa de reatividade é:

RE = 0 x (ABNT 10) + 20 x (ABNT 10-20) + 60 x (ABNT 20-50) + 100 x (ABNT 50)

Veja um exemplo para ficar mais claro: imagine que uma análise de calcário apresentou os seguintes resultados na parte granulométrica: 

  • 60% (0,60) passam na peneira com diâmetro de orifícios de 0,30 mm (peneira ABNT 50);
  • 30% (0,30) são retidos na peneira 50, mas passam na peneira 20, que tem diâmetro de orifícios de 0,84 mm (peneira ABNT 20);
  • 9% (0,09) são retidos na peneira 20, mas passam na peneira 10 que tem diâmetro de orifícios de 2 mm;
  • 1% ficam retidos na peneira de 2 mm.

Com a fórmula, fazemos o seguinte cálculo:

RE = 0 x (ABNT 10) + 20 x (ABNT 10-20) + 60 x (ABNT 20-50) + 100 x (ABNT 50)

RE = 0 x (0,01) + 20 x (0,09) + 60 x (0,30) + 100 x (0,60)

RE = 0 + 1,8 + 18 + 60

RE = 79,8%

Ou seja, 79,8% das partículas do calcário vão reagir no solo em 2 a 3 meses.

Máquina agrícola realizando calagem no solo

(Fonte: LaborGene)

Como calcular o PRNT do calcário?

Com os valores do PN e de RE, é possível saber como determinar o PRNT. A fórmula usada para este cálculo é:

PRNT = (PN x RE) / 100

Suponha que o PN do calcário seja de 67%, que é o mínimo exigido pela legislação brasileira para calcário agrícola. Então:

PRNT = (67 x 79,8)  / 100

PRNT = 53%

Ou seja, uma tonelada desse corretivo terá o mesmo efeito na neutralização da acidez do solo que 530 kg de carbonato de cálcio puro e muito moído em 2 a 3 anos.

Vale lembrar que essa é apenas uma das formas de fazer o cálculo. Se quiser se aprofundar em outros métodos, leia este artigo: Cálculo de Calagem: como fazer as contas (+ calcário líquido).

Como o PRNT influencia na quantidade de calcário?

Antes de tudo, é necessário fazer o cálculo de necessidade de calcário, através da fórmula:

NC = [CTC x (V2 – V1) x (100 / PRNT)] / 100

Onde:

NC = Necessidade de calcário, em t ha-1;

CTC = CTC pH7 (capacidade de troca de cátions) em cmolc dm-3;

V2 = Porcentagem de saturação por bases desejada;

V1 = Porcentagem de saturação por bases atual do solo (encontrada na análise do solo);

PRNT = Poder Relativo de Neutralização Total (encontrado na embalagem do calcário).

Observe que o PRNT entra no cálculo de calagem. O valor já vem informado na embalagem, então você não precisará fazer os cálculos apresentados anteriormente. Eles foram feitos para entendermos de onde vem os valores de PRNT.

Por exemplo, suponha que fizemos a análise de solo de uma área e que o V% (saturação de bases) seja de 50%. Suponha que o valor de referência que precisamos atingir seja de V% = 60%, e que a CTC do solo seja de 25 cmolc dm-3.

Assim, pela fórmula, na necessidade de calagem temos:

NC = [CTC x (V2 – V1) x (100 / PRNT)] / 100

NC = [25 x (60 – 50) x (100/53)] / 100

NC = 4,71 t ha-1

Agora pense que na hora da compra do calcário, você tenha mais duas opções: um dos corretivos com PRNT = 70% e outro com PRNT = 90%. Pelo cálculo teremos:

NC = [CTC x (V2 – V1) x (100 / PRNT)] / 100

NC = [25 x (60 – 50) x (100/70)] / 100

NC = 3,57 t ha-1

NC = [CTC x (V2 – V1) x (100 / PRNT)] / 100

NC = [25 x (60 – 50) x (100/90)] / 100

NC = 2,77 t ha-1

Observe que quanto maior o valor do PRNT do calcário, menor a quantidade que precisará ser comprada. Com esses valores, basta multiplicar pelo preço da tonelada que cada produto está sendo vendido. Assim você saberá qual deles é mais econômico.

Se você quer fazer o cálculo de calagem de forma mais simples e automática, separamos uma planilha para você. Ela é gratuita, e basta clicar na imagem abaixo para baixar:

Dica: atenção à faixa de PRNT

Os calcários são classificados em faixas de A até D, que indicam a concentração de PRNT:

  • Faixa A – calcário com PRNT entre 45% e 60%;
  • Faixa B – calcário com PRNT entre 60,1% e 75%;
  • Faixa C – calcário com PRNT entre 75,1% e 90%;
  • Faixa D – calcário com PRNT superior a 90%.

Fique sempre de olho nessas informações ao comprar o corretivo. Afinal, calcários com PRNT menor que 45% não podem ser comercializados!

Banner da planilha de calagem

Conclusão

Neste artigo, você viu o quanto o PRNT é importante na hora da compra do calcário. Assim, você pode economizar usando essa informação.

Também mostramos como calcular o PRNT, o poder de neutralização e a reatividade das partículas.

Então, aproveite as dicas e faça uma boa calagem!

>>Leia mais: 

O que você precisa saber sobre as diferenças entre calagem e gessagem

3 maneiras de lucrar mais com um software de gestão agrícola

Gostou do texto? Restou alguma dúvida ou tem outras dicas sobre o PRNT? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Atualizado em 02 de junho de 2022 por Denise Prevedel.

Denise é engenheira-agrônoma e mestra em agronomia pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS). Também é doutoranda em agronomia pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).

O manual rápido do manejo de boro nas plantas

Boro nas plantas: Quando vale a pena e como utilizar esse micronutriente para melhorar a produtividade da sua lavoura.

A busca pelo aumento de produtividade da lavoura é constante, não é mesmo?

E a adubação com micronutrientes pode ser um importante propulsor dessa melhor produtividade.

O boro é um desses micronutrientes essenciais. Ele ajuda na formação dos grãos e na constituição das membranas dos vegetais.

Mas como se planejar quanto à época de aplicação? Quando vale a pena e qual a forma de disponibilizar esse nutriente para as plantas?

Neste artigo, vamos dar as dicas de como manejar o boro nas plantas para mais produtividade sem perder o lucro de vista!  

Aplicação de boro nas plantas

Micronutrientes são os nutrientes que as plantas exigem em pequenas quantidades quando comparado aos macronutrientes, a exemplo do nitrogênio.

Porém, mesmo em poucas quantidades, são nutrientes essenciais para o pleno desenvolvimento vegetal.

Alguns exemplos de micronutrientes são manganês (Mn), zinco (Zn), molibdênio (Mo), cloro(Cl), cobre (Cu), ferro (Fe) e o boro (B).

Em nossos solos, os valores de B pode variar de 20 a 200ppm. Porém, apenas 0,4 a 5 ppm está disponível às plantas.

O boro nas plantas é importante para formação de novos tecidos, por fazer parte da constituição da parede celular e na integridade da membrana plasmática.

Além disso, participa na divisão celular, no metabolismo e transporte de açúcares, na germinação do grão de pólen e no crescimento do tubo polínico.

O pegamento de flores e a granação das culturas é influenciada pela presença do boro nas plantas.

Desta forma, a exigência nutricional se intensifica no início da fase reprodutiva, onde ocorre a formação de estruturas dessa fase.

E onde são notadas as maiores carências de boro?

Só dos nossos solos serem tropicais (muito intemperizados), já apresentam carência. Porém, em solos mais arenosos e com com baixos teores de matéria orgânica, a carência pode ser mais evidente.

Isso porque o boro, na maioria das vezes, é disponibilizado através da matéria orgânica e, quando em solos arenosos, ocorre maior lixiviação.

Forma de aplicação do boro nas plantas

A aplicação de boro pode ser feita tanto via solo quanto via foliar.

Geralmente, as plantas são bem responsivas à adubação quando as doses de boro presentes no solo estão baixas (<0,20mg/dm³) ou até médias (0,20-0,60 mg/dm³).

Boaretto, em pesquisa, pôde observar que a absorção de B via solo pode ser 3,5 vezes superior à absorção pelas folhas. Isto se deve ao fato do boro não ser móvel no floema.

Isso significa que, uma vez incorporado em um determinado tecido (como as folhas), o boro não pode ser novamente movimentado para suprir as necessidades dos outras folhas e partes da planta.

Ao contrário, o B é móvel e transportado nos vasos do xilema (fluxo de transpiração, o qual funciona absorvendo a solução do solo e distribuindo o conteúdo para a parte aérea da planta).

Mas, em algumas culturas como o café, por exemplo, é mais fácil realizar aplicações via foliar, já que a cultura é perene. No entanto, são necessárias aplicações frequentes devido à sua imobilidade na planta.

boro nas plantas


Responsividade das culturas ao boro
(Fonte: IPNI)

Pesquisas recentes também descobriram que o boro pode ser móvel no floema de algumas poucas plantas, como macieira e amêndoas.

Principais recomendações: Quando e quanto vale a pena aplicar o boro?

As culturas apresentam diferentes graus de resposta quanto à adubação de boro, por isso coloque tudo na ponta do lápis para ter certeza que os custos compensa ao ganho de produção.

Em geral, leguminosas (como a soja) e hortaliças têm ganhos significativos com a aplicação desse micronutriente, o que não costuma ocorrer tanto com gramíneas, como o milho onde a responsividade é média.

boro nas plantas


Produtividade de algumas culturas em resposta à aplicação de fertilizantes com boro e a recomendações das mesmas
(Fonte: IPNI)

Em geral, as taxas de aplicação ao solo para culturas responsivas, como soja, podem ser de 3Kg/ha de boro. Já para aquelas menos responsivas, como milho, pode ser de 0,5 a 1 Kg/ha.

Importância do boro no milho

Em monocotiledôneas, os tecidos vegetais normalmente apresentam valores de boro que variam de 6 a 18 ppm.

Devido a isso, em cereais, a manifestação de carência é menos comum do que em dicotiledôneas.

O boro nas plantas de milho é essencial para uma boa formação de espigas e para o preenchimento dessas com grãos.

Abaixo mostro uma figura com o sintomas de deficiência que pode ocorrer no milho.

boro nas plantas


(Fonte: Nutrição de plantas)

Para te ajudar na adubação de correção e manutenção, você pode baixar a planilha grátis que criamos de adubação do milho.

Importância do boro na soja

Em tecidos vegetais de dicotiledôneas, encontra-se comumente de 20 a 60 ppm de boro.

Desta maneira, são plantas que demandam bastante esse nutriente.

Na soja, o boro absorvido pelas plantas é relativamente lento no início da cultura, aumentando gradativamente no meio e caindo mais no fim ciclo.

boro nas plantas


Marcha de absorção (cumulativa) de boro em soja, cultivada em solução nutritiva (Bataglia & Mascarenhas, 1977)
(Fonte: Nutrição de Plantas)

Isso pode ser justificado pela demanda do boro no processo produtivo e nos aparatos reprodutivos como, por exemplo, no tubo polínico.

A aplicação de boro na cultura normalmente é realizada no estágio de abotoamento e canivete, onde ocorre as melhores respostas.

A deficiência de B na planta pode ser notada em folhas novas. Quando já avançado, o sintoma pode ser superbrotamento devido à morte da gema apical e encarquilhamento das folhas.

boro nas plantas

(Fonte: 3rlab)

Fontes de boro para adubação

No mercado, o boro pode ter diversas fontes, variando somente a sua solubilidade e a porcentagem de B fornecido.

Abaixo, irei elencar a solubilidade de algumas fontes e a porcentagem de boro fornecido.

Maior solubilidade: Ácido Bórico, Bórax, Solubor, tretaborato de sódio pentahidratado, decaborato de potássio, hexaborato de sódio tetrahidratado (Boratos fertilizantes).

Menor solubilidade: Colemanita,Ulexita.

boro nas plantas

(Fonte: Vitti et. al)

Opções de produtos comerciais para aplicação de boro nas plantas

O mercado sempre nos disponibiliza novos e inúmeros produtos comerciais que são fonte de boro.

Na tabela abaixo você pode ver algumas dessas opções e a qual empresas pertencem:

boro nas plantas

A quantidade é fornecida pelas empresas, porém, a escolha é nossa!

A escolha do produto deverá ser tomada levando-se em conta a solubilidade e a quantidade fornecida de boro.

As formas solúveis são preferidas em termos gerais, exceto quando o solo for arenoso, o que acarretaria em lixiviação do boro em solução.

Muitos desses produtos também associam outros nutrientes. Desta forma, deve-se atentar à formulação.

A margem de carência e toxidez de boro é estreita, sendo fácil partir de um quadro de deficiência para toxicidade de boro. Portanto, ter atenção na escolha do produto é uma ótima prática de manejo produtivo.

Deficiência de boro nas plantas

O boro no solo é absorvido principalmente pelas raízes da solução do solo na forma de ácido bórico (H3BO3), isso porque essa é a forma mais solúvel.

O principal sintoma de deficiência de boro é a paralisia dos meristemas apicais, tanto das raízes quanto da parte aérea.

boro nas plantas


(Fonte: Nutrição de plantas)

Ocorre redução do tamanho e deformação das folhas novas e posteriormente morte da gema apical.

Para diferenciar sintomas de carência e toxidez lembre-se que, neste último, ocorre a formação de clorose malhada e, em seguida, necrose das bordas das folhas mais velhas.  

>> Leia mais: “Como ter mais eficiência na adubação com ureia agrícola

planilha de produtividade da soja

Conclusão

A produtividade de uma lavoura está relacionada a diversos fatores, inclusive ao fornecimento de todos os nutrientes necessários às plantas.

E, como vimos aqui, o boro é um micronutriente essencial, pois exerce inúmeras funcionalidades no sistema vegetal.

Falamos sobre a importância da adubação e demos as dicas de como, quando e por que aplicar esse micronutriente.

Também mostramos como identificar a deficiência desse nutriente nas culturas da soja e milho.

Assim, você pode fazer um melhor manejo do boro nas plantas em sua propriedade. Atente-se às dicas e cuidados e garanta uma boa produtividade!

>>Leia mais:

“A fertilidade do solo como seu plano para alcançar altas produtividades
Identifique como está a fertilidade do solo e nutrição de plantas da sua área

Adubação foliar é uma prática que funciona?

Potássio para milho: Por que é tão importante e como fazer seu manejo

Você costuma fazer aplicação de boro nas plantas? Existe algo que realiza que não citei aqui? Gostaria muito de ler seu comentário!

Rochagem: Como essa prática pode beneficiar sua lavoura

Rochagem: Veja como ela ajuda na fertilidade do solo e pode reduzir os custos da safra, além do passo a passo de como realizá-la.

Você já escutou falar de rochagem ou remineralização de solos?

Essa é uma das alternativas complementares às adubações químicas e sintéticas para a sua lavoura.

A rochagem melhora a qualidade física e química do solo, podendo substituir parte dos fertilizantes.

Lembrando que cerca de 80% dos adubos são importados e cotados em dólar, encarecendo o custo da produção. Por isso, a rochagem pode ser uma boa saída de redução de custos.

Neste artigo, irei compartilhar com você a lógica do uso de rochas complementando a adubação e os benefícios para sua lavoura. Saiba tudo a seguir!

O que é rochagem?

Também conhecida como remineralização, a rochagem utiliza as rochas em suas formas naturais, em granulometrias únicas ou mescladas.

Elas podem ser combinadas com outras práticas, como o uso de microrganismos.

Grande parte dos fertilizantes utilizados hoje nas lavouras tem como base rochas processadas com ataques químicos, que servem para promover a concentração e a solubilidade dos elementos em questão, tornando os fertilizantes solúveis.

Por isso, embora o uso de rochas já seja bastante comum, seu uso em formas naturais (que é a rochagem) não é tão utilizado.

O primeiro livro sobre rochagem foi “Pães de pedra”, escrito por Julio Hansel, em 1870. No Brasil, a prática é utilizada há muitos anos, com os trabalhos de Solón Barreto e Sebastião Pinheiro.

E ela tem se consolidado nos últimos anos, com experiências em grandes lavouras em conjunto com a agricultura convencional.

A fazenda onde trabalhei, em São José do Xingu, Mato Grosso, é um exemplo. Faz parte do Grupo de Agricultura Sustentável (GAS), que organiza agricultores que buscam alternativas de produção para redução de custos e melhoria de suas produções.

Esse grupo estima que aproximadamente 1 milhão de hectares, em diversos Estados,  utilizam a rochagem como técnica para a melhoria do solo, seja de forma experimental ou permanente.

Separei aqui um vídeo da pesquisadora da Universidade Federal de Brasília, Claudia Gorgen. Assim, você pode entender melhor a prática e os experimentos realizados em lavouras de soja.

Entrevista Cláudia Gorgen

 

A forma de atuação da rochagem ou remineralização no solo

O remineralizador (ou pó de rocha, como é conhecido) é um insumo estratégico para repor e reciclar elementos extraídos do solo pela erosão e colheitas.

Os remineralizadores estão regulados desde março de 2016, incluídos entre as catego­rias de insumos agrícolas, pela IN 5 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Desde então, as rochas utilizadas nesta prática passam por um processo de avaliação, baseada na composição geoquímicas, mineralógica e no desempenho agronômico.

São considerados parâmetros como:

  • Percentuais mínimos da soma de bases (óxidos de cálcio, de magnésio e de potássio)
  • Percentuais máximos de elementos potencialmente tóxicos e de sílica livre
  • Indicação do pH, de abrasão e granulometria

Esse tipo de análise tem sido realizada em conjunto com Embrapa e instituições como a Universidade Federal de Brasília.

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Pó de rocha é mais barato e pode ser usado em diversas culturas
(Fonte: Embrapa)

Impactos para o solo

Os remineralizadores, ou a prática da rochagem, atuam como condicionadores do solo. Ou seja, promovem melhorias físico-químicas e da atividade biológica do solo.

A solubilidade é um fator relevante dos fertilizantes químicos. Mas, na rochagem, a lógica é um pouco diferente.

A contribuição na disponibilidade terá relação com interações de natureza química, como acidez de chuva, com a biomassa vegetal e os exsudatos de raiz, e com a vida microbiana existente no solo, além da granulometria do produto utilizado.

Ou seja, a presença de matéria orgânica faz diferença na reação do remineralizador no solo. Assim, ocorre a criação de um efeito sinérgico entre o fator biológico e a mineralogia para as plantas cultivadas.

Alguns estudos têm até considerado o acúmulo de carbono no solo pelo uso de rochagem.  

Além disso, o uso das rochas como adubo contribui como estímulo para as plantas, que investem em raiz.

Isso promove aumento da produção de exsudatos e, consequentemente, incentiva a parte biológica do solo, aumentando o intemperismo na rocha.

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Esquema generalizado da ciclagem de Carbono, Nitrogênio, Fósforo e Potássio no solo
(Fonte: Livro Microbiologia e Bioquímica do solo)

O pesquisador da Embrapa Eder Martins afirma que várias rochas silicáticas cumprem requisitos de soma de bases, mas têm baixa eficiência agronômica.

“Por isso, testes em solos agrícolas e culturas da região de origem do produto são necessários, bem como a publicação científica com os resultados”, explica Martins.

Desta forma, nem todas as rochas são agrominerais. Há necessidade de adequação às normativas da lei e avaliações de desempenho agronômico.

Já se sabe que o pH do solo influencia na solubilidade dos fertilizantes. De acordo com seu estado, disponibiliza certos elementos, conforme imagem abaixo. Esse fator também contribui na fertilização com as rochas.

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Relação entre pH e disponibilidade dos elementos no solo
(Fonte: Malavolta, 2016)

Benefícios para o solo

Os tipos de solos brasileiros são altamente intemperizados, com mineralogia da fração argila composta de caulinita e óxidos de ferro e de alumínio.

Apresentam baixa capacidade de troca de cátions (CTC) e pouca reserva de bases, na medida em que a maioria dos minerais primários facilmente intemperizáveis já foi destruída.

E como dizia meu diretor técnico da fazenda, se não investirmos em matéria orgânica, não teremos aumento de CTC do nosso solo.

Por isso, a prática tem que ser acompanhada de investimento nas condições orgânicas e, consequentemente, na fertilidade do solo.

O uso de rochas no solo contribui nos seguintes parâmetros:

  • Aumento da atividade biológica do solo;
  • Aumento da CTC do solo;
  • Disponibiliza nutrientes de forma contínua e gradativa;
  • Racionaliza o uso do potássio;
  • Neutraliza o alumínio (Al) e libera o fósforo (P);

Você pode obter mais informações na página do 3º Congresso Brasileiro de Rochagem realizado pela Embrapa.

Agora que já falei sobre os benefícios da prática, vou explicar como colocá-la em prática na sua propriedade!

E como testar a rochagem em minha lavoura?

Recomendaria realizar testes de rochagem primeiro como uma fertilização complementar.

O processo de disponibilidade é diferente, como comentamos, um pouco mais complexo e lento, ou seja, de longo prazo.

Você deve encontrar um produto que seja acessível economicamente.

A recomendação geral varia de acordo com o produto utilizado, tempo de reposição e granulometria da rocha. É possível começar com 2 ou mais toneladas por hectare.

É importante ter análise de solo, mesmo as químicas. Você não verá muita diferença de um momento para o outro, ou seja, logo após a aplicação do produto. Mas isso te servirá de parâmetro para ir acompanhando o solo a longo prazo.

Para ser viável economicamente, é necessário a fonte do produto estar num raio de no máximo 300 km de sua propriedade.

O ideal é sempre combinar uma atuação de supressão biológica. Ou seja, utilize uma boa quantidade de biomassa vegetal, microrganismos no solo e inoculação nas sementes.

Assim, teremos uma ativação microbiológica, ou seja, promovemos um metabolismo de ativação da disponibilidade desses minerais.

Uma ótima opção é buscar conhecer outros produtores que estão realizando experiências em suas propriedades.

Opinião e experiência de quem experimentou de fato faz muita diferença.

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Experimento conduzido em Não-Me-Toque (RS) lavoura de soja safra 2016/2017
(Fonte: Arquivo pessoal)

Conclusão

A geologia de nossos solos é importante e o estudo da Agrogeologia tem avançado.

A rocha em si é o produto final de vários minerais, que se transformaram em solos e alimentam as nossas colheitas.

Neste artigo, você viu como a rochagem é uma alternativa para complementar a adubação química e sintética na sua lavoura.

Também falamos sobre como ela funciona, todos seus benefícios e como você pode testá-la para reduzir os custos de adubação na sua propriedade. Aproveite o conhecimento e boa rochagem!

>> Leia mais: 

Solo argiloso: O que muda no seu manejo nesse tipo de solo
Estratégias para plantar em solo arenoso
“Como a agricultura regenerativa pode te dar bons resultados a longo prazo”

Você já teve alguma experiência com rochagem? Como faz a correção da fertilidade do seu solo hoje? Deixe seu comentário!

Tipos de adubos químicos na cultura da soja

Tipos de adubos químicos na cultura da soja: os principais fertilizantes, como fazer o manejo da adubação e as particularidades da soja para garantir uma boa nutrição de plantas.

Dados da Conab mostram que a produção mundial de soja foi 340,9 milhões em 2017/18, sendo que só o Brasil produziu 118 milhões.

Na safra 2018/19, o Brasil deve assumir o líder de maior produtor de soja do mundo.

Para que isso ocorra, a planta de soja deve estar bem nutrida, sendo necessária a adubação para suprir as exigências de altas produtividades.

Mesmo que você já conheça a adubação mineral, na cultura da soja há algumas particularidades que podem fazer toda a diferença na produção final.

Confira comigo todas essas questões e garanta uma cultura bem nutrida:

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Qual a importância da adubação e dos tipos de adubos químicos na cultura da soja?

Para uma planta se desenvolver ela precisa de nutrientes e muitos destes estão e serão absorvidos do solo.

Solos de regiões tropicais como ocorrem no Brasil é favorecido pelo intemperismo, tendo condições de alta temperatura e precipitações.

Intemperismo é o processo de transformação e desgaste das rochas e dos solos, através de processos químicos, físicos e biológicos.

Então, chuvas e precipitações elevadas favorecem o processo de formação do solo, assim, ficam muito intemperizados, com baixa fertilidade do solo.

Assim, muitos solos brasileiros não conseguem suprir por si só as necessidades para nutrição de plantas, sendo pouco férteis em geral.

Dessa forma, para aumentar a produtividade da agricultura brasileira é necessário o manejo cuidadoso do solo.

Por isso, a calagem (aumentando o pH do solo), bem como a gessagem e adubação são fundamentais para o nosso sistema de produção.

Além disso, os tipos de adubos químicos na cultura da soja também pode influenciar na absorção dos nutrientes e, consequentemente, na fertilidade do solo.

Isso porque cada tipo de adubo possui matéria prima diferente e tem uma dinâmica variável no solo.

E como sabemos, há uma relação entre a fertilidade do solo e produtividade da sua cultura.

Agora, veremos algumas características da cultura da soja que afetam a nossa adubação:

A adubação na cultura da soja

A adubação pode ser influenciada por diversos fatores, como:

  • Condições climáticas;
  • Chuva e temperatura;
  • Espécie e diferenças genéticas entre cultivares;
  • Teor de nutrientes no solo;
  • Tratos culturais.

Perceba que a espécie influência na adubação, pois cada uma tem uma exigência de nutrientes.

Além de que, cultivares podem possuir uma variação nessas exigências nutricionais.

Na tabela abaixo, você pode observar a quantidade de nutriente absorvida e exportada de nutrientes pela cultura da soja, para produção de 1000 kg de grãos.

Como podemos observar, o nutrientes que são exigidos em maiores quantidades na cultura da soja são: Nitrogênio (N), Potássio (K), Cálcio (Ca), Magnésio (Mg), Fósforo (P) e enxofre (S).

Especificamente sobre a soja, temos dois pontos importantes:

1. Marcha de absorção de nutrientes na soja

As culturas conseguem acumular em maior porcentagem os nutrientes até uma determinada fase no seu ciclo de cultivo. É o que chamamos de marcha de absorção.

Veja, por exemplo, o K na cultura da soja.

3-marcha-absorção-potássio
(Fonte: Embrapa)

Observa-se que o maior acúmulo está entre R5.5 e R6.

Após este período a porcentagem reduz, e por isso, não adiante mais aplicar o nutriente no solo.

Em geral, a absorção de nutrientes pela soja segue mais ou menos esse padrão mostrado no potássio.

Ou seja, a planta absorve nutrientes até atingir o ponto de máximo, cerca de 80 dias após emergência em R5.

Dessa forma, a absorção é mais rápida perto dos 45 dias após emergência, no início da floração da soja.

Por isso, esse é o período crítico da cultura. Nesse período, estresses por estiagem, infestação de pragas ou doenças, ou mesmo deficiência de nutrientes, podem reduzir drasticamente a produtividade.

Depois dessa fase, o acúmulo diminui, pois começa a translocação dos nutrientes para os grãos que estão se formando.

2. Nitrogênio na soja

A soja é uma planta leguminosa e que, portanto, realiza fixação biológica de nitrogênio.

Assim, a planta se associa à bactérias que fixam o nitrogênio do ar, ofertando esse nutriente à planta.

Dessa forma, este é um nutriente que conseguimos de forma biológica na soja, por isso é assunto para outro artigo!

>> Leia mais: “Inoculante para soja de alta produtividade: Como, quando e o porquê”

Questões comuns na adubação da cultura da soja

Depois de conhecer os principais nutrientes exigidos pela cultura da soja, cuidado com o excesso ou corte da adubação na sua cultura.

Em campo, vejo muitos produtores fazendo esses dois extremos.

Você pode tentar racionalizar a utilização de adubos e pensar em práticas eficientes de manejo para reduzir o custo.

Mas, o corte total da adubação da cultura pode lhe trazer sérios prejuízos.

Lembre-se que a adubação é um investimento na sua cultura, ou seja, na sua empresa rural.

O outro lado, o excesso de nutrientes, pode ocorrer por receio da cultura não atingir o seu potencial.

Nos dois casos, a solução pode ser obtida em 3 passos:

  1. Faça a análise de solo (veja mais sobre isso aqui);
  2. Interprete a análise do solo;
  3. Siga a adubação recomendada na sua região. Você pode ver detalhes da recomendação da adubação de soja para cada região neste artigo.

Agora que já sabemos as principais informações sobre adubação, vamos aos tipos de adubos químicos na cultura da soja:

Tipos de adubos químicos na cultura da soja: principais tipos de adubos potássicos

O Potássio (K) também é um elemento bastante exigido pela cultura da soja, sendo o segundo mais absorvido por essas plantas.

Este nutriente é importante como ativador de enzimas ligadas à fotossíntese, respiração, síntese de proteínas e síntese de amido.

Para produzir 100 kg de grãos são extraídos 20 kg de K2O.

A deficiência de potássio causa a clorose em folhas velhas, evoluindo para a necrose nas margens, ocasionando a redução da área fotossintetizante da planta.

Como já comentamos, esse nutriente é absorvido pela planta até aproximadamente R5.5.

Então, não adianta colocar nutriente após este período.

Assim, o K pode ser aplicado na semeadura ou a lanço antecipadamente.

Lembrando que no sulco da semeadura é recomendado apenas 50 Kg/ha de K2O, já que doses maiores podem prejudicar a emergência.

Veja alguns tipos de adubos químicos na cultura da soja para potássio:

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(Fonte: Nutrição de safras)

O cloreto de potássio é uma das fontes mais usadas, mas devemos tomar cuidado com os excessos para não ocorrer salinização do solo.

Para saber mais sobre adubação potássica em soja veja este texto: “Como fazer adubação potássica em soja”.

Tipos de adubos químicos na cultura da soja: principais tipos de adubos fosfatados

O Fósforo (P) é um nutriente que pode ser limitante dos solos brasileiros, por isso, deve-se ficar atento a esse nutriente.

A maioria dos solos brasileiros é altamente intemperizado e, de modo geral, deficiente em P, apresentando alta capacidade de retenção desse nutriente em formas pouco disponíveis às plantas.

O P tem função na fotossíntese e respiração das plantas, participa da formação de proteínas e estimula o crescimento do sistema radicular inicial.

A deficiência de P pode causar nas plantas raquitismo, redução do porte, retarda floração e maturação das vagens.

Nas folhas mais velhas exibem manchas necróticas marrons escuras nos tecidos internervais.

Na cultura da soja, a maior porcentagem de P absorvido é entre os estádios fenológicos R5.5 e R6.

Então se atente no momento exato para realizar a aplicação dos fertilizantes fosfatados.

Veja alguns dos principais adubos fosfatados que poderão ser usados na sua lavoura:

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(Fonte: Aula de Adubos e adubação Unesp Ilha Solteira)

Veja mais sobre o fósforo e os tipos de adubos químicos envolvidos na fosfatagem neste artigo.

Outros tipos de adubos químicos na cultura da soja

Além desses três nutrientes que falamos neste texto, também são importantes para a cultura da soja e são importantes para as plantas:

  • Cálcio: faz parte da parede celular, crescimento apical de raízes e da parte aérea;
  • Magnésio: faz parte da clorofila e é ativador enzimático;
  • Enxofre: importante para as proteínas;
  • Micronutrientes.

Para saber a quantidade que deve aplicar é importante se atentar na análise do solo.

Durante a safra, também é importante observar a lavoura procurando eventuais problemas, conhecendo os sintomas de deficiências nas plantas.

Se o nutriente é móvel na planta, então, o sintoma de deficiência começará nas folhas mais velhas da planta e se for imóvel, o sintoma começa nas folhas novas.  

6-tipos-de-adubos-químicos-na-cultura-da-soja-deficiência

(Fonte: Adaptado de Monteiro, Carmello e Dechen)

Além disso, você deve se atentar na formulação dos adubos utilizados para suprir P e K, em algumas formulações, também há outros nutrientes.

Exemplo é o termosfostafo, que além de ter P, também apresenta 7% de Mg.

E falando em formulação de adubos, veja um estudo realizado com alguns tipos de adubos químicos na cultura da soja.

Resultados de produtividade de grãos (kg/ha), peso de 100 sementes (PCS), teores dos nutrientes no tecido vegetal em resposta às diferentes fontes de fertilizantes e estratégias de aplicação na cultura da soja 2012/2013 em Cruz Alta (RS) em primeiro cultivo de soja.

7-tipos-de-adubos-químicos-da-cultura-da-soja-estudo

(Fonte: Universidade Federal de Santa Maria – Vogel, 2014)

Note que os tipos de adubos químicos na cultura da soja neste estudo os quais deram as maiores produtividades foram: S9 09.46.00, S9 07.34.12 e MAP.

Agora vamos para outro tipos de adubos químicos na cultura da soja:

Tipos de adubos químicos na cultura da soja: Adubação Foliar

A adubação foliar é para complementar a adubação via solo, principalmente para suprir nutrientes que estejam em baixa quantidade.

No entanto, não se esqueça da importância da adubação via solo.

Normalmente, quando se realiza adubação foliar é para suprir os micronutrientes.

Para determinar a necessidade da adubação foliar deve-se realizar análise foliar das plantas de soja.

Assim, você deve realizar o planejamento observando a relação custo/benefício que a adubação foliar pode propiciar na sua lavoura.

Para saber mais sobre adubação foliar na soja leia: Por que adubação foliar em soja pode ser uma cilada.

Veja 5 dicas para melhorar a produtividade da sua cultura de soja com adubação

1° dica: planejamento

Como sempre falo nos textos, você precisa planejar a sua cultura, pois ela faz parte da sua empresa rural.

Então, antes de iniciar qualquer atividade na sua fazenda, realize o planejamento.

Um bom planejamento da sua fazenda pode aumentar os lucros da sua atividade agrícola.

Veja mais sobre isso em: “5 Dicas no planejamento agrícola para otimizar o uso de fertilizantes”.

2° dica: organize os dados da sua fazenda

Seja em planilhas de excel ou em software de gerenciamento de fazendas, tenha todas as atividades da sua fazenda anotados e organizados.

Esses dados podem te ajudar na tomada de decisão e no gerenciamento da sua propriedade.

E como neste texto estamos falando de adubação, anote o tipo de adubo, a quantidade, a área que foi aplicada e o custo com a atividade em cada safra.

Essas informações podem te auxiliar na tomada de decisão para a próxima safra e também para determinar o seu custo de produção.

8-painel-controle-aegro

Com o Aegro todas as suas informações ficam seguras e fáceis de serem visualizadas

3° dica: análise do solo

Ter conhecimento dos nutrientes que estão disponíveis no solo é necessário para a tomada de decisão sobre realizar ou não adubação e qual o tipo de adubação.

As recomendações de adubação, calagem ou gessagem devem ser orientadas pelos teores dos nutrientes determinados na análise de solo e pelos objetivos de produtividade.

Nesse sentido, confira o artigo: “ Tudo que você precisa saber para acertar na escolha do laboratório de análise de solo”.

Além disso, você pode ver mais sobre calagem em “Tudo o que você precisa saber sobre cálculo de calagem (+calcário líquido)”.

4° Dica: tomada de decisão

Após conhecer os tipos de adubos disponíveis para a cultura de soja, observando o seu planejamento agrícola e o seu orçamento, defina o adubo que irá utilizar.

É muito importante cada propriedade se adequar quanto ao orçamento disponível para a atividade de adubação e também quanto à análise do solo.

Também observe o histórico da sua área, a condição financeira e de crédito, a expectativa de produtividade e de preço dos produtos agrícolas.

Então, não há uma receita única de adubação para a cultura da soja, isso depende muito da propriedade agrícola.

Assim, você precisa olhar os dados e tomar a decisão sobre adubação da sua fazenda.

Nesse sentido, veja o texto: “Esteja preparado e não se engane na pré-safra: saiba quais corretivos utilizar”.

planilha para planejamento da safra de soja Aegro

5° Dica: agricultura de precisão

A Agricultura de Precisão pode te ajudar com as atividades agrícolas de adubação.

Utilizando este manejo, você pode otimizar e aproveitar melhor cada porção da sua propriedade, pois, a AP considera que cada porção da sua fazenda é diferente.

E consequentemente, tendo um melhor aproveitamento da adubação na sua lavoura.

Conclusão

Neste texto foram discutidas sobre os tipos de adubos químicos na cultura da soja, quais os nutrientes exigidos em maiores quantidades e seu manejo.

Também foram discutidos sobre as características da cultura da soja que influenciam no manejo da adubação.

Além disso, foi abordada a importância de alguns passos importantes para realizar a adubação de forma econômica e efetiva.

Dessa forma, aproveite as informações e boa adubação na sua cultura de soja!

Como você realiza a adubação de soja? Quais os tipos de adubos químicos na cultura da soja que você utiliza? Ficou alguma dúvida? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Tudo o que você precisa saber sobre Plantio Direto

O Sistema de Plantio direto (SPD) é um manejo diferenciado do solo, que busca diminuir o impacto da agricultura sobre ele.

A utilização das técnicas desse sistema já é muito adotada no Brasil: segundo a Febrapdp, cerca de 35 milhões de hectares estão sobre o SPD, o que corresponde a 90% das áreas ocupadas com lavouras de grãos no país.

Em contrapartida, entre as vantagens da consolidação do sistema estão o aumento da produtividade, conservação e melhoria do sistema produtivo, além da diminuição dos custos de produção.

O que plantio direto?

O plantio direto é um sistema no qual o plantio ocorre sem revolvimento (ou como revolvimento mínimo) do solo, ou seja, sem aração ou gradagem leve niveladora como acontece no plantio convencional.

Com a utilização de semeadora específica, as sementes são depositadas em um sulco ou cova com profundidade e largura adequados e em que haja manutenção da cobertura do solo (palhada/cobertura morta).

O sistema de plantio direto é diferente do manejo do solo e é necessário para garantir as características físicas, químicas e biológicas do solo. Confira os pilares do Sistema de Plantio Direto (SPD) a seguir para entender melhor:

  • Mínimo ou não revolvimento do solo;
  • Manutenção da cobertura do solo (cobertura morta);
  • Rotação de culturas – rotação, sucessão e/ou consórcio de outras culturas de espécies diferentes.

Para consolidar o plantio direto e manter seus pilares, é preciso aprimoramento constante.

Em grandes áreas, muitas vezes se usa apenas a palha sobre o solo, ignorando os outros pilares e o potencial completo da prática.

O uso de técnicas de plantio direto completo melhora o Manejo Integrado de Pragas, doenças e controle de plantas daninhas.

O plantio direto foi adotado no Brasil no início da década de 1970 como alternativa para combater a erosão e, desde então, se tornou um dos principais sistemas de manejo conservacionista do solo.

Banner planilha- manejo integrado de pragas

Quais as vantagens do Plantio Direto?

Uma das maiores vantagens do plantio direto é a cobertura do solo com palhada, que contribui para sua estruturação, promovendo a formação de agregados e o aumento da matéria orgânica, o que melhora a fertilidade do solo.

Outras vantagens também podem ser listadas com o plantio direto, especialmente na conservação do solo e na eficiência produtiva. Confira as principais:

  • Redução da erosão hídrica e eólica;
  • Maior retenção de umidade;
  • Menor compactação do solo;
  • Redução do uso de combustível e maquinário;
  • Menos necessidade de fertilizantes e corretivos devido à melhoria da fertilidade;
  • Maior atividade biológica no solo (minhocas, micro-organismos benéficos);
  • Aumento da matéria orgânica, melhorando a fertilidade;
  • Melhor ciclagem de nutrientes;
  • Melhor aproveitamento da água da chuva;
  • Menor estresse hídrico para as plantas;
  • Maior produtividade a longo prazo;
  • Redução da emissão de CO₂ (menor revolvimento do solo);
  • Sequestro de carbono no solo;
  • Menor impacto ambiental e uso mais racional dos recursos naturais.

Além disto, a também palhada contribui com processos aleloquímicos que podem realizar o controle de doenças e favorecer os ciclos biológicos do solo.

Aleloquímicos de restos culturais

Aleloquímicos de restos culturais: processos, fatores que controlam e efeitos potenciais sobre os componentes do agrossistema
(Fonte: Adaptado de Moreira e Siqueira, 2006, p. 258)

Desvantagens do Plantio Direto

No sistema de plantio direto há mais características a serem manejadas e observadas do que as aplicadas no sistema convencional, como o não revolvimento do solo, a palhada e a rotação de culturas.

Por conta disso, existem algumas desvantagens identificadas do sistema que podemos citar, como:

  • Mais dificuldade no controle de plantas daninhas: Em um primeiro momento é possível que se invista mais em herbicidas para o controle de algumas plantas daninhas, pois o solo com palhada pode favorecer a germinação;
  • Compactação do solo: Se a drenagem ou descompactação do solo não for bem planejada antes da implantação do sistema, é possível que ocorram necessidades de revolvimento e nivelamento novamente; 
  • Dificuldade de germinação de sementes: Dependendo da época de semeadura realizada (se em momentos muito úmidos), em conjunto com a palhada no solo, é possível que ocorram alguns problemas de germinação;
  • Troca de maquinário: Alguns maquinários comumente utilizados, como arados e grades deixam de serem necessários no sistema produtivo. 

A implantação do SPD e sua manutenção antes, durante e depois da safra exigem mais conhecimento técnico e um planejamento agrícola maior do produtor.

Você vai precisar organizar a rotação de cultura, os manejos para a palhada, fazer melhor controle de plantas daninhas. Se possível, vai precisar de uma assistência técnica especializada para acertar no manejo.

Como é feito o plantio direto?

Primeiro, precisamos construir palhada e, para isso, a escolha da cobertura certa é fundamental. É essencial que na escolha da cultura de cobertura você considere a relação de decomposição da palhada. Isso está ligado à relação carbono/nitrogênio (C/N) das plantas de cobertura.

Ainda assim, vale lembrar que não existe a melhor planta para cultura de cobertura. O milheto, por exemplo, é uma das plantas que contribui na expansão do plantio direto pela sua grande produção de matéria seca tanto aérea como radicular.

Além disso, seu uso pode chegar a incrementar o sistema com quantidades de potássio que podem substituir a adubação com cloreto de potássio em soja, por exemplo.

Porém, caso o corte seja feito depois da época ideal, pode-se acabar perdendo esse aporte nutricional. O recomendado é conhecer as plantas de cobertura e realizar um planejamento agrícola efetivo para que tudo corra adequadamente.

Primeiros passos para fazer técnicas de plantio direto

  • Definição das culturas de cobertura, inclusive época de plantio e corte;
  • Definição das rotações de cobertura, como quais culturas e épocas do ano;
  • Orçamento dos insumos para esse sistema;
  • Dimensionamento da equipe de trabalho e maquinário para o sistema.

É necessário também verificar o maquinário específico para esse sistema de plantio direto. O rolo faca, por exemplo, é muito utilizado para fazer a cobertura morta. 

Se possível, faça o planejamento do sistema junto a um profissional da área, ele pode te trazer informações valiosíssimas.

Agora, é importante considerar a quantidade esperada de produtividade da cultura, que é fator importante na definição de adubação.

Além de que, as culturas de cobertura podem ser atrativos de inimigos naturais de pragas, e aqui tem um guia da Embrapa para o reconhecimento destes inimigos naturais.

A tabela abaixo apresenta os recursos “ofertados” pelas plantas atrativas aos inimigos naturais e que contribuem para o aumento da eficiência dos mesmos com o controle biológico:

tabela apresenta os recursos “ofertados” pelas plantas atrativas aos inimigos naturais

(Fonte: Embrapa)

Além disso, saiba mais sobre plantio direto na cultura da soja em: “Plantio direto na soja: Como fazer ainda melhor na sua lavoura”.

Sistema de plantio direto na palha

Proposto por Herbert Bartz na década de 70, o sistema de plantio direto na palha revolucionou a agricultura brasileira.

Foi esse sistema que permitiu que nosso país ficasse em pé de igualdade, décadas depois, com os maiores produtores de alimentos do mundo. Confira como o plantio direto se diferencia de outras práticas agrícolas:

  • Cultivo convencional: Uso intenso do revolvimento da camada arável por meio de grades, arados e subsoladores (intenso preparo do solo);
  • Cultivo mínimo: Se preza pelo não revolvimento do solo;
  • Plantio direto na palha: É baseado em três pilares: a rotação de culturas, o não revolvimento do solo e a cobertura permanente com resíduos vegetais sobre a superfície do solo.

O sistema de plantio direto tem como uma de suas bases a proteção do solo através da cobertura vegetal. Desta forma, a produção de resíduos é um dos fatores mais importantes para a adoção do sistema.

Nesse caso, a biomassa vegetal que protege o solo pode ser obtida de duas formas. A primeira é após a safra, adotando o cultivo de plantas de cobertura como milheto, sorgomilhonabo forrageiro, leguminosas como o guandu, entre outras culturas.

A segunda é através do consórcio entre cereais, como milho e sorgo, e forrageiras tropicais, como as brachiarias.

Para a cobertura permanente do solo na entressafra, é importante não só a quantidade de resíduo, mas também a relação entre carbono e nitrogênio (C/N) desse material vegetal.

Quanto maior o teor de nitrogênio no resíduo, mais rápida será a decomposição deste pelos microrganismos do solo. Veja na tabela abaixo:

plantio direto na palha
(Fonte: Adaptado de Teixeira et al. (2009))

Cobertura vegetal

Apesar de leguminosas como guandu, crotalária e lab-lab serem usadas como plantas de cobertura, seus resíduos não oferecem a persistência necessária para proteger o solo contra a erosão em climas tropicais. No entanto, pode ser usada na rotação de culturas, adubação verde e controle de nematoides.

Além da cobertura morta, outro pilar do plantio direto é o não revolvimento do solo. Com o tempo, a falta de cobertura vegetal pode levar a problemas de erosão e compactação.

Para combater a compactação em sistemas sem revolvimento, as raízes das plantas são essenciais. As forrageiras tropicais, como as do gênero Brachiaria, geram até 5 vezes mais biomassa radicular do que aérea, melhorando a estrutura do solo, sua porosidade, infiltração de água e aumentando a matéria orgânica.

Os sistemas de plantio direto com consórcio de forrageiras tropicais aumentaram os teores de matéria orgânica do solo em 2% em apenas 6 anos, tanto na superfície quanto em profundidade.

Vantagens do sistema de Plantio Direto na Palha

O não revolvimento do solo e o aporte de resíduos vegetais aumentam a matéria orgânica, protegendo o solo e reduzindo a erosão.

A cobertura vegetal diminui o impacto das gotas de chuva, e as raízes melhoram a infiltração de água, o que retém mais nutrientes e água para as culturas.

Isso favorece a atividade biológica do solo e diminui perdas por lixiviação, essencial para cultivos de sequeiro, onde a água é o principal fator limitante.

O plantio direto também tem menores custos de implantação, pois dispensa o uso de implementos que consomem combustível, representando 25% a 30% do custo no sistema convencional.

A semeadora com disco de corte e modelos adaptados, como a semeadora com terceira caixa para consórcio de braquiária, tornam o processo mais eficiente.

Plantio direto e convencional: Qual a diferença?

Os manejos agrícolas devem garantir produtividade e, ao mesmo tempo, preservar a sustentabilidade do sistema produtivo.

Neste contexto, a sustentabilidade não se refere apenas ao meio ambiente, mas também à viabilidade econômica do negócio.

O plantio convencional e o plantio direto tem diferenças significativas, principalmente no revolvimento do solo. Veja mais informações abaixo:

1. Plantio Convencional

O uso de implementos como arado e grade niveladora leve surgiu em regiões onde o solo congelava, e o revolvimento ajudava no descongelamento.

A prática é indicada para corrigir características do solo, já que a remoção das camadas superficiais proporciona:

  • Redução da compactação do solo;
  • Incorporação eficiente de corretivos e fertilizantes;
  • Aumento da porosidade e melhoria na permeabilidade;
  • Controle de plantas daninhas, por meio do corte e enterrio.

Etapas do plantio convencional

  1. Afrouxamento do Solo: O solo é descompactado, as plantas daninhas são retiradas, e a superfície é preparada para receber corretivos e fertilizantes. São usados arados, escarificadores ou grades pesadas, com atuação de até 15 cm a 20 cm de profundidade.
  2. Destorroamento e Nivelamento: Agradagem é feita para quebrar torrões e nivelar o solo. Esse processo, geralmente realizado com grades leves, é realizado em duas passadas.
  3. Adubação e Semeadura: Com o solo nivelado, é possível realizar a adubação e a semeadura da lavoura, que podem ser feitas simultaneamente para maior eficiência.
  4. Manejo da Cultura: Após o plantio, segue-se o manejo da cultura, garantindo que a lavoura receba os cuidados necessários para um bom desenvolvimento.

Essa sequência de etapas otimiza a preparação do solo, garantindo melhores condições para o plantio e desenvolvimento das culturas.

2. Plantio Direto 

O sistema de plantio direto em comparação ao plantio convencional (preparo intensivo do solo) tem impactos inferiores.

Percebemos isso especialmente quando observamos as condições físicas e de fertilidade do solo, além do aumento das condições biológicas. As etapas realizadas para a implantação do sistema são:

  • Etapa 1: Eliminação das camadas compactadas do solo. 
  • Etapa 2: Depois da eliminação das camadas compactadas, o objetivo é deixar a área homogênea, nivelando-a com sulcos ou valetas.
  • Etapa 3: REalize o manejo de adubação e correção das necessidades do solo. Caso necessário, é feita a calagem com calcário incorporado em profundidade.
  • Etapa 4: É feito o controle do crescimento das plantas daninhas.
  • Etapa 5: Deve ser espalhada a palha de resto de culturas. Pode-se usar um picador de palhas.
  • Etapa 6: Deve ser feito o manejo com herbicidas para garantir o controle das plantas daninhas;
  • Etapa 7:  É realizado o plantio com semeadoras que abrem o sulco e depositam as sementes. 
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Plantio direto por culturas: O que muda?

O plantio direto (PD) pode variar conforme a cultura, já que diferentes plantas têm necessidades e comportamentos distintos no solo. No caso de culturas como soja e milho, por exemplo, as práticas de manejo precisam ser ajustadas para otimizar o uso do sistema.

Para cada cultura são feitos ajustes na cobertura do solo, manejo de nutrientes, controle de pragas e doenças e o controle de plantas daninhas. 

A adaptação do sistema para cada cultura é necessária para garantir a eficácia do plantio direto e maximizar a produtividade. Confira abaixo:

1. Milho 

    No plantio direto de milho,  o solo precisa estar coberto por palha, que pode ser obtida por consórcio de culturas, plantios de inverno ou outras práticas. 

    A cobertura deve ser densa e de alta relação C/N, garantindo uma decomposição lenta. A dessecação da vegetação de cobertura deve ser planejada com antecedência ao plantio, para que a palha esteja seca para evitar problemas com a semeadura. 

    Já a semeadura precisa ser feita com discos de corte ondulados e controlando a velocidade para garantir a uniformidade do plantio. 

    Enquanto a adubação deve ter aplicação de fósforo na linha de semeadura, o potássio pode ser adubado de forma antecipada, enquanto o nitrogênio deve ser parcelado para evitar perdas. 

    O SPD pode favorecer o desenvolvimento de pragas, como o coró e o percevejo barriga-verde, além de doenças como a antracnose e a mancha-branca, que podem ser controladas com rotação de culturas. 

    2. Soja

      O plantio direto de soja preserva a saúde do solo ao evitar o revolvimento, mantendo sua estrutura, biodiversidade e matéria orgânica. 

      Esse sistema pode trazer uma série de benefícios, como a redução da erosão, melhor infiltração de água, aumento da matéria orgânica, menor emissão de carbono e redução de custos, já que não é necessário arar ou gradear o solo. 

      Para que seja bem-sucedido, é aconselhado realizar o manejo adequado de plantas daninhas, controlar a compactação do solo e adotar a rotação de culturas, para a sustentabilidade da lavouras a longo prazo.

      3. Trigo 

        O plantio direto do trigo é uma técnica que segue os mesmos princípios do plantio direto em outras culturas, como a soja, onde o solo é semeado sem revolvimento, preservando sua estrutura original. 

        No caso do trigo, essa prática ajuda a conservar a umidade e evitar a erosão, além de aumentar a matéria orgânica e melhorar a infiltração de água. 

        A adoção do plantio direto no trigo também contribui para eliminação da necessidade de preparo do solo, como aragem e gradagem. 

        No entanto, o sucesso dessa prática depende do manejo adequado de plantas daninhas, controle de pragas e doenças.

        A rotação de culturas, especialmente com leguminosas, também deve entrar como uma dos cuidados da saúde do solo e produtividade.

        A técnica é indicada principalmente em regiões com solo bem estruturado e boa gestão de nutrientes.

        4. Arroz

        O plantio direto do arroz tem ganhado espaço, principalmente em áreas com sistemas de irrigação, como nas regiões de arroz de várzea, onde o solo é mantido alagado. 

        O principal desafio está relacionado à necessidade de manter a umidade do solo constante, especialmente em sistemas de irrigação.

        Para isso, é preciso o manejo adequado da água, para que o solo fique suficientemente úmido, mas sem causar encharcamento excessivo, o que pode afetar o crescimento das plantas de arroz.

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        5. Cevada

          O plantio direto da cevada é uma prática cada vez mais adotada, especialmente em regiões com clima temperado, onde a cultura é amplamente cultivada para a produção de malte e alimentação animal. 

          A cevada é plantada diretamente no solo sem a necessidade de revolvimento, o que ajuda a preservar a estrutura do solo, reduzir a erosão e melhorar a infiltração de água.

          O plantio direto acaba favorecendo o aumento da matéria orgânica no solo e reduz os custos operacionais, pois elimina a necessidade de arar ou gradear o terreno.

          Embora a cevada seja mais sensível a certos fatores climáticos e do solo, com um manejo adequado, o plantio direto pode ser uma técnica eficiente e sustentável para essa cultura.

          6. Feijão 

            O plantio direto do feijão é  mais comum em regiões de clima tropical e subtropical, onde o sistema pode trazer benefícios em termos de conservação do solo e aumento da produtividade, desde que o manejo seja adequado.

            E, assim como em outras culturas, com o feijão é preciso fazer o controle eficaz de plantas daninhas, já que o manejo sem preparo do solo pode dificultar o controle dessas espécies. 

            7. Sorgo

              O sorgo é uma cultura adaptável a condições de clima seco e solo menos fértil, por isso o plantio direto é especialmente eficaz em áreas de menor disponibilidade de água, onde a técnica ajuda a manter a umidade por mais tempo e melhora a retenção de água no solo. 

              A prática também permite que o sorgo se beneficie de uma maior infiltração de água e reduz o impacto das chuvas intensas, que podem causar erosão.

              Com um bom manejo de água e controle de plantas daninhas, o plantio direto de sorgo pode ser uma prática eficiente, que impacta positivamente a preservação do solo.

              Quais os impactos do sistema de plantio direto?

              O solo é o principal regulador do ciclo do carbono e o maior objetivo é buscar manejos que o tornem dreno de carbono da atmosfera e não fonte.

              Você sabia que 40% de C a mais pode ser sequestrado sobre SPD do que aqueles sob cultivo convencional? Veja o estudo comparativo:

              Estimativa da taxa de adição ou perda anual de C dos diferentes sistemas de manejo no Cerrado:

              Estimativa da taxa de adição ou perda anual de C dos diferentes sistemas de manejo no Cerrado

              (Fonte: Corraza et al.)

              O sistema também contribui muito na maior mineralização do nitrogênio em solo com cultivo convencional do que com sistema de plantio direto.

              Além de contribuir no aumento nos exsudatos liberados pelas raízes e da diversidade de estirpes de FBN, tem impacto positivo na diversidade de espécies de fungos micorrízicos arbusculares nativos em solo de cerrado.

              Agricultura de precisão e Sistema de Plantio Direto

              O desafio de manejar as variações das lavouras e a possibilidade de manejá-la visando aumentar a eficiência no uso de insumos é possível com a agricultura de precisão (AP).

              A partir de amostragem de solo georreferenciada pode ser gerado o mapeamento da fertilidade e, com isso, é possível a utilização da taxa variável de corretivos e fertilizantes.

              Mas é importante lembrar que nem todos os problemas da lavoura estarão resolvidos desta forma. É necessário encarar que os manejos devem ser sustentáveis para valerem a pena, com integração de todos os conceitos do plantio direto.

              Ou seja: é preciso mobilizar pouco o solo, manter palhada em boa quantidade e bem distribuída, além de realizar a rotação de culturas.

              Aí sim, com informações da diferenças dos atributos de solo e vegetação, você conseguirá otimizar os fertilizantes e outros insumos.

              Calcule seus custos e compare com outras fazendas

              Manual rápido de como fazer adubação de soja

              Adubação de soja: saiba agora  (e de modo descomplicado), qual a recomendação para sua região quanto à adubação de nitrogênio, potássio, fósforo e até micronutrientes.

              É importante nos atentarmos para fazer uma adubação adequada, sem desperdícios e que assegure a produção.

              Além do mais, a cultura da soja tem algumas particularidades quanto à adubação, e isso pode gerar questionamentos.

              Em vista disso, fizemos um manual rápido da adubação de soja. Aqui temos as principais recomendações e dicas para obter altas produtividades do grão! Confira:

              Porque a adubação de soja não pode ser uma receita de bolo

              Vamos começar com a dia mais importante de todas: não trate sua adubação como uma receita de bolo.

              A fertilização de qualquer cultura deve ser pensada e inserida no planejamento agrícola de acordo com o histórico da área, cultura, preços e muitos outros fatores.

              Por exemplo, o cultivo de soja após o milho safrinha é bastante comum e isso influencia na adubação de soja.

              Isso porque, com as altas produtividades de milho, vem a grande remoção de nutrientes do solo.

              Assim, a absorção de nutrientes pelas culturas é influenciada  pelos seguintes fatores:

              • Condições climáticas;
              • Diferenças genéticas entre as variedades;
              • Condições do solo: nutrientes, pH, CTC, etc.;
              • Manejo da área;

              Agora vamos entender mais sobre os principais nutrientes para a cultura da soja:

              O caso do nitrogênio na cultura da soja

              A principal fonte de nitrogênio na soja é através da fixação simbiótica. Isto é, as bactérias dos nódulos das raízes  fixam o N do ar e disponibilizam à planta.

              Embora seja um tema polêmico, em geral não precisamos adicionar fertilizantes nitrogenados à essa cultura.

              Estudos mostram que a adubação de soja com nitrogênio mineral prejudica a fixação biológica de N. Entretanto, caso utilize, a dose não deve ser maior que 20 kg/ha.

              Assim, temos que realizar a etapa de inoculação das bactérias fixadoras adequadamente.

              Afinal, para uma produção de 3.000 kg/ha, são necessários 246 kg de N, resultando em grãos de soja com teor de nitrogênio de 40%.

              adubação de soja

              (Fonte: Embrapa)

              Nesse sentido, veja o artigo: “Inoculante para soja de alta produtividade: como, quando e o porquê”.

              Além de que, você também pode aumentar o fornecimento de nitrogênio para soja fazendo adubação verde. Saiba mais em:

              >> Qual a melhor leguminosa para fazer sua adubação verde
              >>Vantagens e desvantagens de fazer adubação verde em sua propriedade

              Vamos então à algumas dicas sobre a inoculação:

              Inoculação na cultura de soja

              Primeiramente vamos definir o que é inoculação: é uma operação agrícola, que pode ser feita manual ou mecanicamente, realizada antes da semeadura.

              Nesse processo coloca-se a bactéria fixadora de N, presente no inoculante, em contato com a semente de soja.

              Alguns pontos que você deve ficar atento ao comprar um inoculante:

              • A embalagem deve conter o número de registro do produto no MAPA;
              • Prazo de validade;
              • Concentração de bactérias por mL ou por grama;
              • Identificação de uma ou duas das quatro estirpes de bactérias que são recomendadas para o Brasil;
              • Conservar o inoculante em local fresco e arejado;
              • A legislação do Brasil estabelece que os inoculantes devem conter uma concentração mínima de 1,0 x 109 células viáveis de rizóbios por grama ou mL do produto;

              Você pode fazer a inoculação manualmente ou mecanicamente, podendo ser feita com betoneira ou máquina para tratamento e inoculação de sementes.

              Passo a passo para fazer uma inoculação de boa qualidade

              • Realizar a operação de inoculação sempre a sombra;
              • Proteger as sementes inoculadas do sol e calor;
              • Não fazer a inoculação dentro das caixas da semeadora;
              • Inocular e semear em seguida;
              • Não utilizar menos de 100 mL de inoculante líquido por saca de 50 kg de sementes;
              • Ao usar inoculante turfoso, você pode utilizar uma solução açucarada a 10% para aumentar a aderência;
              • Usar 300 mL de inoculante turfoso por saca de 50 kg ou verificar com fabricante;
              • Se for fazer tratamento químico das sementes, o inoculante deve ser o último produto a ser aplicado.
              • Para a “inoculação de correção” usar de duas (2,4 x 106) a três (3,6 x 106) vezes a dose mínima recomendada (1,2 x 106 células por semente inoculada);
              • Na reinoculação ou inoculação de manutenção, usar a dose mínima  (1,2 x 106);
              • Caso você opte por fazer a inoculação no sulco de semeadura deve ser utilizado 7,2 x 106 células por semente inoculada (área nova) e 3,6 x 106 células por semente inoculada (reinoculação).

              Saiba mais neste vídeo da Embrapa sobre como fazer a etapa de inoculação:

              Adubação de soja para a região do Cerrado

              Adubação fosfatada

              A adubação de soja de P corretiva na região do Cerrado pode seguir dois caminhos:

              • Correção do solo total a lanço e incorporada, com posterior adubação de manutenção;
              • Correção gradual, que consiste em aplicar no sulco de semeadura uma quantidade de P superior à extração da cultura.

              De qualquer forma, precisamos interpretar a análise de solo. Veja a tabela de interpretação e indicação de adubação fosfatada (fósforo extraído pelo método Mehlich I), para solos de Cerrado:

              2-adubação-de-soja-fósforo

              ¹Ao atingir níveis de P extraível acima dos valores estabelecidos nesta classe, utilizar somente adubação de manutenção.
              (Fonte: Sousa & Lobato (1996) em Embrapa)

              Se o nível de P no solo estiver classificado como médio ou bom deve-se usar a adubação de manutenção.

              Em geral, ela consiste em 20 kg de P2O5/ha para cada 1.000 kg de grãos produzidos.

              Para a adubação de soja corretiva temos a indicação da Embrapa:

              3-adubação-de-soja-fosfatada

              ¹Fósforo solúvel em citrato de amônio neutro mais água, para os fosfatos acidulados; solúvel em ácido cítrico 2% (relação 1:100); para termofosfatos, fosfatos naturais e escórias. ²Além da dose de correção total, usar adubação de manutenção. ³No sulco de semeadura, em substituição à adubação de manutenção. 4Classe de disponibilidade de P.
              (Fonte: Sousa & Lobato (1996) em Embrapa)

              Além disso, você pode ver detalhes da fosfatagem neste artigo aqui.

              Adubação potássica

              A adubação potássica na região do Cerrado deve ser feita a lanço em solos com teor de argila maior que 20%.

              Em solos de textura arenosa, não deve ser feita a adubação de soja corretiva de K porque ocorre perdas por lixiviação.

              Assim, na semeadura da soja é interessante aplicar 20 kg de K2O para cada 1.000 kg de grãos que se espera produzir.

              Devemos fracionar a dose de K2O quando:

              • A dose for acima de 50 kg ha-1 ou
              • Teor de argila do solo for menor que 40%

              Nesses casos, vamos  aplicar 1/3 na semeadura e 2/3 em cobertura (30 a 40 dias após a semeadura).

              Temos ainda, a indicação da adubação corretiva de potássio para solos de Cerrados com teor de argila >20%:

              4-adubação-de-soja-potássio

              ¹Aplicação parcelada de 1/3 na semeadura da soja e 2/3 em cobertura 30 a 40 dias após a semeadura. Estando o nível de K extraível acima do valor crítico (50 mg/dm³ ou 0,13 cmolc/dm³), indica-se a adubação de manutenção de 20 kg de K2O para cada tonelada de grão a ser produzida.
              (Fonte: Sousa & Lobato (1996) em Embrapa)

              Adubação de soja: fósforo e potássio para Minas Gerais

              Agora vamos observar a recomendação de fósforo e potássio para Minas Gerais.

              Observe que as classificações e recomendações mudam conforme a região, já que isso considera o solo, clima e outras condições da área.

              Desse modo, veja abaixo as tabelas de interpretação e recomendações:

              5-adubação-de-soja-P-e-K

              (Fonte: Ribeiro et al.(1999) em Embrapa)

              6-adubação-de-soja

              (Fonte: Ribeiro et al.(1999) em Embrapa)

              Adubação de soja: fósforo e potássio para São Paulo

              Para o estado de São Paulo, as recomendações seguem de acordo com a produtividade esperada da soja.

              No caso desta recomendação, observe que a extração do fósforo não é mais pelo método Mehlich, e sim pelo P resina:

              7-adubação-de-soja-sp
              8-adubação-de-soja-sp-k

              (Fonte:Mascarenhas e Takana em Embrapa)

              Adubação de soja: fósforo e potássio para Paraná

              A adubação de soja com potássio pode ser feita toda a lanço até 30 dias antes da semeadura ou no sulco, limitando a dose inferiores a 50 kg/ha de K2O no sulco.

              Assim, confira as recomendações para adubação fosfatada potássica no Paraná:

              9-adubação-de-soja

              (Fonte: Embrapa)

              Você pode relembrar mais sobre adubação em “Como fazer adubação potássica em soja”.

              Adubação de soja no Rio Grande do Sul e Santa Catarina

              Você pode conferir a seguir as tabelas de interpretação dos teores de P e K para Rio Grande do Sul e Santa Catarina segundo o Manual de adubação para esses estados.

              adubação-de-soja-interpretação-teores-potássio
              adubação-de-soja-interpretação-teores-fósforo
              adubação-de-soja-recomendação-doses

              (Fonte: Manual de adubação e de calagem para Santa Catarina e Rio Grande do Sul)

              Além disso, já vimos aqui no blog como fazer a adubação potássica nos estados do sul do Brasil.

              Outra fator importante para adubação nessa região é a rotação entre arroz e soja.

              A técnica favorece o cultivo de arroz, mas para isso é que ambas as culturas estejam bem nutridas.

              Ademais, além dos macronutrientes primários (N, P e K) devemos nos atentar também aos outros nutrientes essenciais para as plantas.

              Vamos ver um pouco sobre alguns deles agora!

              Adubação de enxofre na cultura da soja

              As análises de solo, subsolo e foliar  são recomendadas para verificar a deficiência de enxofre.

              Por ser um elemento móvel no solo, é necessário que se faça a análise química do solo em duas profundidades: 0 a 20 cm e 20 a 40 cm.

              10-adubação-de-soja

              (Fonte: Yara Brasil)

              Dessa forma, saiba quais são os níveis críticos de S:

              • 10 mg/dm³ (0 a 20 cm) e 35 mg/dm³ (20 a 40 cm) em solos argilosos (> 40% argila);
              • 3 mg/dm³  (0 a 20 cm) e 9 mg/dm³  (20 a 40 cm) em solos arenosos (≤ 40% argila).

              A adubação de manutenção corresponde a 10 kg de S para cada 1.000 kg de produção de grãos esperada. Veja as demais recomendações na tabela abaixo:

              11-adubação-de-soja

              (Fonte: Embrapa)

              Você pode suprir esse nutriente no solo com gesso agrícola (15% de S), superfosfato simples (12% de S) e enxofre elementar (98% de S), sendo que também existem fórmulas N-P-K que contém S.

              Adubação de micronutrientes

              Os micronutrientes são aqueles exigidos em menores quantidades pelas culturas.

              Eles não devem ser aplicados quando estiverem acima do nível “alto”, pois podem causar toxicidade.

              Você pode fazer a análise foliar para diagnosticar deficiências ou toxicidade de micronutrientes em soja.

              Entretanto, você deve lembrar que as correções só serão feitas na próxima safra.

              Isso porque, a amostragem de folhas deve ser feita no período da floração, e nessa fase já não é mais eficiente realizar correção de ordem nutricional.

              Para suprir essa necessidade nutricional, é comum a realização dessa adubação de soja no sulco de plantio, aplicando 1/3 a lanço por um período de três anos sucessivos.

              Além disso, você pode fazer a adubação foliar de micronutrientes.

              Note abaixo a indicação da aplicação de doses de micronutrientes no solo, para a cultura da soja:

              12-adubação-de-soja

              (Fonte: Sfredo et al. (1999,2007) em Embrapa)

              Limites para a interpretação dos teores de micronutrientes no solo, extraídos por dois métodos de análise, para a soja, nos solos do Paraná:

              13-adubação-de-soja-micronutrientes

              (Fonte: Embrapa)

              Também veja os limites para a interpretação dos teores de micronutrientes no solo para culturas anuais no Cerrado:

              14-adubação-de-soja-micro-cerrado

              (Fonte: Embrapa)

              Adubação foliar de macro e micronutrientes

              Em soja a adubação foliar só é recomendada em caso da deficiência de manganês (Mn).

              Devem ser aplicados de 350 g ha-1 de Mn (1,5 kg de MnSO4) diluído em 200 litros de água com 0,5% de uréia.

              Veja mais sobre esse assunto em: “Porque adubação foliar em soja pode ser uma cilada”.

              Banner de chamada para download da ferramenta: calculadora de custos por saca

              Cálculo para achar a formulação NPK ideal

              Vamos relembrar um pouco sobre como encontrar a formulação mais adequada de acordo com as recomendações e sua análise de solo.

              Por exemplo, se a recomendação for de: N = 10 kg/ha; P2O5 = 60 kg/ha e K2O = 30 kg/ha.

              Primeiro passo

              Calcule a relação entre os nutrientes dividindo todos pela dose recomendada de nitrogênio:

              N= 10/10 = 1

              P2O5 = 60/10 = 6

              K2O = 30/10 = 3

              Assim, a relação é de 1:6:3

              Segundo passo

              Multiplique a relação por um múltiplo inteiro, como por exemplo 5.

              Temos então a fórmula 05-30-15

              Terceiro passo

              Quanto deverá ser aplicado

              Em 100 kg da fórmula 05-30-15……………….15 kg K2O

                                                          X………………….30 kg K2O

                                                          X = 200 kg/ha da fórmula 05-30-15

              Lembrando que se você chegar à uma fórmula que não tem na sua região, você pode fazer a conta contrária, como por exemplo:

              Só existe disponível a fórmula 5-10-10.

              Assim, temos:

              Se a cada 100 Kg temos 5 Kg de N, 10 Kg de K2O e 10 Kg de P2O5, com 300 Kg/ha temos as quantidades de 15, 30 e 30.

              Fica claro que ainda falta 30 Kg/ha de P2O5 segundo a recomendação, a qual posso complementar com outro adubo fosfatado.

              Conclusões

              A adubação deve ser feita de acordo com a análise de solo, condições de manejo e outros fatores externos como preços.

              Há algumas maneiras de realizar a adubação e aqui fizemos um rápido manual coletando as pesquisas científicas que demonstraram resultados efetivos.

              Para realizar a adubação de soja adequadamente, sem desperdícios ou deficiências, é preciso planejar tudo isso anteriormente, criando o melhor programa de adubação para a sua propriedade.

              Bibliografia Consultada:
              Sediyama, T., Silva, F., & Borém, A. (2015). Soja: do plantio à colheita. Viçosa: UFV.
              Sistemas de Produção: Tecnologias de Produção de Soja – Região Central do Brasil 2014. Embrapa Soja.
              International Plant Nutrition Institute – IPNI Seja doutor da sua soja.

              Gostou das dicas? Tem outras dicas a respeito de adubação de soja? Gostaria de ver seu comentário abaixo!

              Análise química do solo: o porquê da sua realização

              Análise química do solo é a forma de conhecer a dinâmica de nutrientes do mesmo. Assim, aqui vamos discutir sobre os tipos de análises e recomendações para o melhor manejo de seu solo.

              A safrinha se encerrando e você já começa a se programar para a safra. De cara algumas dúvidas aparecerem em sua mente:

              “- Bom, todo ano eu adubo certinho, minha terra está bem e dessa vez não vou jogar tanto adubo porque gasto muito dinheiro com isso!”.

              É comum também ouvir que de um ano para outro não muda nada a composição do solo, e que as análises valem por pelo menos 3 safras.

              Mas a verdade é que não é bem assim. Essas análises frequentes fazem toda a diferença na produção final.

              Por isso, confira comigo porque a análise química do solo é uma das práticas mais importantes e demais recomendações:

              Fazer a análise química do solo é importante para a agricultura?

              1-análise-química-do-solo
              A diferença visível entre milho com adubação adequada e inadequada de fósforo.
              (Foto: Embrapa)

              A maior parte dos solos brasileiros não apresentam condições químicas naturais adequadas para sustentar um bom desenvolvimento das culturas.

              Além disso, mesmo se o solo possuir grande fertilidade, com o tempo as sucessivas culturas vão exauri-lo, ou seja, diminuir muito as quantidades de nutrientes.

              Dessa forma, os produtores precisam melhorar o grau de fertilidade dos solos a fim de se obter sucesso em suas lavouras.

              Para isso, é preciso conhecer as quantidades de nutrientes para reposição, além de melhorar as condições de solo com calagem, gessagem e fosfatagem quando necessário.

              E é somente com as análises química e física do solo que você vai saber disso.

              Então, vamos discutir mais sobre isso:

              Uma análise física e química do solo influencia na adubação?

              A ferramenta mais utilizada para definir como isto será feito (principalmente quais os produtos a serem utilizados e quanto aplicar) é a análise química de solo.

              Sem uma análise completa e um adequado programa de calagem e adubação, o sucesso estará distante do lucro do agricultor.

              É muito importante você fazer a avaliação e o monitoramento das condições de fertilidade da área a ser cultivada.

              Portanto, o responsável pela propriedade rural deve estar preparado para resolver questões relacionadas à interpretação dos resultados das análises.

              Para começarmos a entender melhor sobre essas análises vamos entender sobre cada uma delas:

              Os 3 tipos de análises de solo mais usadas na agricultura:

              1. Análise química de solo

              A análise química do solo avalia a fertilidade, determinando a acidez e disponibilidade de nutrientes às plantas.

              Sendo um importante instrumento na orientação da tomada de decisões, cada etapa de execução de uma análise de solos deverá ser seguida rigorosamente:

              a) Amostragem do solo: Uma amostra de solo consiste em uma pequena porção de solo capaz de representar a gleba. Falaremos com detalhe mais adiante.

              b) Determinações químicas: Esta etapa é realizada no laboratório, o qual você deve escolher um de confiança e credenciado (veja mais sobre isso aqui).

              c) Interpretação dos resultados da análise química do solo, além da física, e recomendações de corretivos e quantidade de adubos.

              d) Implantação das recomendações: com as recomendações técnicas baseadas na análise química do solo e manejo, cabe a você implantar as mesmas.

              2. Análise granulométrica (física) do solo

              Consiste em se realizar a determinação dos teores de areia, silte e argila.

              Isso auxilia, por exemplo, na adequada interpretação dos teores de nutrientes no solo.

              Além disso, é a análise que determina a textura do solo, muito melhor e mais assertiva que estimar pela botina ou na mão.

              No caso da textura do solo temos que ter em mente que esse é um dos parâmetros para a caracterização do solo, sendo realizada apenas uma vez na área.

              3. Análise Química de Tecido Vegetal (Planta)

              Esse tipo de análise é menos utilizada que as primeiras análises descritas acima.

              Mas é com ela que você verifica a interação  solo-planta-clima, verificando se o seu manejo está sendo efetivo.

              Com a análise química do tecido vegetal, identifica-se possíveis deficiências, toxicidades e ainda distingue sintomas provocados por doenças dos problemas nutricionais.

              Entre todos os órgãos da planta, normalmente a folha é que reflete melhor o estado nutricional de carência.

              2-análise-quimica-do-solo-coleta-de-folhas-soja

              (Fonte: Embrapa)

              As análises foliares são realizadas durante o ciclo da cultura para verificação do estado nutricional e ajudar a diagnosticar algum problema na lavoura.

              Assim, esse tipo de análise é complementar às análises de solo.

              Enquanto a análise foliar é durante a safra, as análises de solo devem fazer parte do planejamento da instalação das culturas agrícolas.

              Falando em planejamento, veremos agora como realizar a amostragem de solo para que você possa fazer seu planejamento de análises com segurança:

              Passo a passo de uma amostragem de solo

              Por mais importante que a análise de solo seja, ela não corrige os erros cometidos no momento da coleta das amostras.

              Por isso, para se obter amostras de solo que sejam representativas da área a ser cultivada, deve-se adotar os seguintes passos:

              1⁰ Passo: Defina os locais de amostragem

              Os solos não são homogêneos, possuindo grande variabilidade devido às manchas de solo, diferentes tipos de manejo, culturas, declives, etc.

              Por essa razão você deve dividir a área de amostragem conforme as diferenças no terreno. Para cada gleba devem ser coletadas amostras em separado, como na figura:

              3-análise-quimica-do-solo-coleta-de-amostras

              (Fonte: Phytus Club)

              Nessa subdivisão, considere os seguintes aspectos:

              • Culturas diferentes;
              • Cor e tipo de solo;
              • Topografia e relevo;
              • Textura;
              • Vegetação;
              • Histórico do solo: emprego de corretivos e fertilizantes, culturas utilizadas anteriormente, etc.

              Depois que vc separou em áreas uniformes, se necessário, faça uma subdivisão de cada uma, de forma que seu tamanho máximo não ultrapasse 10 a 20 hectares.

              2⁰ Passo: Colete várias subamostras em diferentes pontos

              A amostra representativa de uma gleba é aquela que melhor reflete as condições de fertilidade da área amostrada.

              Para a coleta da amostra, o método zigue-zague é o mais utilizado para pequenos produtores e por produtores que não possuem recursos como aparelhos de GPS.

              Porém, se você já é adepto da Agricultura de Precisão em sua propriedade, o método em grade é o mais recomendado.

              4-análise-quimica-do-solo-coleta-de-amostras-grid-convencional

              À esquerda, o sistema de coleta de amostra convencional. À direita, a amostragem em grade (grid)
              (Foto: Nutrical)

              O número de pontos de amostragem dependem muito do método que você vai utilizar. Logo, saiba como fazer análise de solo por esses diferentes métodos neste artigo.

              A profundidade de amostragem deve ser definida de acordo com a cultura que está sendo ou será cultivada.

              Assim, amostramos a camada de solo que será explorada pelo maior volume sistema radicular da cultura:

              • Culturas anuais e pastagens: amostragem na camada de 0-20 cm;
              • Pastagens já estabelecidas: amostragem em 0-10 cm;
              • Culturas perenes: a amostragem deve ser realizada em camadas, como em 0-20, de 20-40 e de 40-60 cm, constituindo amostras compostas por camada;
              • Áreas com suspeita de acidez em subsuperfície: amostre o perfil do solo até 60 cm de profundidade, seja para culturas anuais ou perenes.

              Além disso, se atente ao local de amostragem conforme a cultura no campo:

              5-análise-quimica-do-solo-locais-de-amostra-culturas

              (Fonte: Phytus Club)

              3⁰ Passo: Forme as amostras compostas

              Para se conseguir uma amostra representativa, é necessário que você colete várias amostras em diversos pontos e misturá-las bem no balde.

              Transfira cerca de 500 gramas dessa mistura para um saco plástico limpo e sem contaminantes.

              Dessa forma, você obtém uma amostra composta, a qual vai representar aquela determinada gleba.

              Além disso, não é recomendável você retirar amostras de locais próximos de:

              • Residências
              • Galpões
              • Estradas
              • Formigueiros e/ou cupinzeiros
              • Depósitos de adubos
              • Terreno encharcado (brejos)
              • Voçorocas (sulcos de erosão)
              • Árvores, etc.

              4⁰ Passo: Envie para um laboratório credenciado

              A escolha do laboratório de análises de solo deve ser levada em consideração na obtenção de resultados com qualidade.

              Laboratórios idôneos e que investem em tecnologias são fundamentais para o sucesso do processo como um todo.

              Desse modo, veja como escolher um laboratório de análise de solo da sua região aqui.

              Época e frequência da análise química do solo

              A análise  de solo deve ser repetida em intervalos de um a três anos, dependendo  da intensidade  da adubação, do número de culturas de ciclo curto consecutivas ou do estágio de desenvolvimento de culturas perenes.  

              Assim, recomenda-se maior frequência em áreas com exploração com culturas anuais e solos arenosos e que recebem maiores aplicações de fertilizantes e corretivos.

              Quanto à época de coleta das amostras de solo, elas podem ser realizadas em qualquer época do ano.

              No entanto, para culturas anuais é interessante ter a análise química do solo antes do plantio e após a calagem.

              Assim, os resultados permitem tomada de decisão mais assertivas para a futura lavoura.

              Isso permite que a fertilidade do solo não seja um fator limitante à produtividade das culturas naquele e demais anos agrícolas.

              análise química do solo

              (Fonte: Zbynek Burival em Unsplash)

              Aplicação das análises do solo no dia a dia da lavoura

              É claro que a principal aplicação das análises envolve a quantidade de fertilizantes, corretivos e condicionadores do solo.

              Mas vai além disso. Solos com texturas arenosas, por exemplo, não conseguem reter muitos nutrientes, sendo indicado maior parcelamento dos fertilizantes.

              Ademais, o solo é um dos fatores mais importantes na escolha da dose do herbicida a ser usado.

              A dose de herbicida a ser empregada por produtos residuais (aqueles absorvidos pelas raízes das plantas), depende, além da cultura e das plantas daninhas, da textura, da CTC efetiva e da matéria orgânica do solo.

              Geralmente solos com textura leve e nível de matéria orgânica baixo requerem doses menores de herbicida do que solos pesados e com maior nível de matéria orgânica para proporcionar controle efetivo das plantas daninhas.

              Assim,  os herbicidas pré-emergentes e alguns pós-emergentes que possuem ação residual, têm recomendação diferenciada para cada tipo de solo.

              Normalmente, a menor dose é usada em solos arenosos, a dose intermediária em solos médios e a maior em solos argilosos.

              7-análise-de-solo-herbicida-sumisoya

              Bula do herbicida Sumisoya (flumioxazin) para pré-emergência da cultura e das plantas infestantes
              (Fonte: Docplayer)

              Conclusões

              As análises de solo são ferramentas fundamentais que permitem a utilização de práticas confiáveis de manejo no processo de produção agrícola com sustentabilidade ambiental.


              Especialmente com a análise química do solo, podemos fazer um planejamento agrícola adequado, sem perda de tempo nem desperdícios.

              É dessa maneira que vamos oferecer as melhores condições de produção e de qualidade às culturas

              >>Leia mais:

              Por que o plantio direto contribui para a fertilidade do solo?

              Como fazer adubação potássica em soja

              “O que é e por que investir na análise microbiológica do solo”

              Como você faz a análise química do solo hoje? Tem um planejamento agrícola que envolve a amostragem de solo e demais análises? Possui mais dicas que não citei aqui? Deixe seu comentário abaixo!