Fatores que tornam seu solo mais fértil

O que torna o solo fértil? O que o torna infértil? Como conseguir melhor a fertilidade e assim melhorar a produção agrícola? Veja essas e outras informações no artigo a seguir:

Segundo relatório da FAO, 33% dos solos do mundo estão degradados, com perda de fertilidade e, consequentemente, produtividade.

No caso dos solos brasileiros, os principais problemas são a erosão, perda de carbono orgânico, e o desequilíbrio de nutrientes.

Apesar dos dados alarmantes, todos nós podemos tomar medidas para evitar essa degradação e tornar o solo mais fértil.

Aqui neste texto reunimos as principais dicas e informações sobre a fertilidade do solo para que você mantenha seu solo fértil e também produtivo! Confira:

O que torna o solo fértil e a importância disso na agricultura

Como sabemos, o solo é imprescindível para as atividades agrícolas, fornecendo nutrientes e água para as plantas.

Por isso, é muito importante você conhecer o solo da sua fazenda.

Um solo fértil é aquele que tem nutrientes para suprir as necessidades das plantas.

Assim, um solo infértil pode trazer muitos prejuízos, como disse José Graziano da Silva, diretor-geral da FAO:

A perda de solos produtivos prejudica gravemente a produção de alimentos e a segurança alimentar, amplifica a volatilidade dos preços dos alimentos e, potencialmente, mergulha milhões de pessoas à fome e à pobreza

o que torna o solo fértil

(Fonte: FAO)

A importância disso para o Brasil é ainda maior, já que o agronegócio em 2016 representou em torno de 23% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil.

O que torna o solo fértil é primeiro determinado na formação do mesmo, como vamos discutir a seguir:

A formação dos solos influencia na fertilidade

A formação do solo inicia-se com o intemperismo do material de origem dos solos, ou seja, são fenômenos físicos, químicos e biológicos que agem sobre o material de origem.

Assim, o material de origem do solo, normalmente as rochas, sofrem ação do clima e dos organismos em um período de tempo para dar origem ao solo.

E é isso a causa dos diferentes tipos de solo. Veja os principais aspectos que afetam esse processo:

  • Material de origem: rochas ou resíduos vegetais;
  • Clima da região: precipitação e temperatura;
  • Relevo;
  • Organismos;
  • Tempo.

Dependendo desses fatores, e do grau de intemperismo, o solo formado será mais ou menos fértil.

A maioria dos solos brasileiros, por exemplo, não conseguem suprir por si só as necessidades nutricionais das plantas, sendo pouco férteis em geral.

Isso porque os solos já sofreram muito intemperismo, se constituindo em solos ácidos e com poucos nutrientes.

Por isso a calagem, gessagem e adubação são fundamentais para a nossa produção agrícola.

>>Leia mais: “Rochagem: Como essa prática pode beneficiar sua lavoura

A relação entre a classificação do solo e o que torna o  solo fértil

A classificação de um solo é obtida a partir da avaliação dos dados morfológicos, físicos, químicos e mineralógicos do perfil que o representam.

Veja algumas características e propriedades dos solos que são utilizadas para sua classificação:

  • Cor: relação com a formação dos solos;
  • Hidromorfismo: refere-se à superficialidade do lençol freático, indicando que o solo está permanentemente ou sazonalmente saturado por água;
  • pH: indica a acidez do solo;
  • Textura: proporção dos particulados do solo determinados de acordo com suas dimensões (granulometria): areia (mais grosseira), silte (intermediário) e argila (mais fina);
  • CTC (Capacidade de Troca de Cátions);
  • Matéria orgânica e material mineral.

Para classificar os solos brasileiros, a Embrapa desenvolveu um livro: Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS).

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(Fonte: Embrapa)

Nesse sentido, pela classificação do solo já podemos ter uma ideia de sua fertilidade.

Isso porque muitos desses fatores de classificação são o que torna o solo fértil ou não.

Como por exemplo, um solo arenoso terá menor CTC, com menor capacidade de reter nutrientes.

No entanto, a definição da qualidade do solo não é simples. Há complexidade de fatores envolvidos, além de que o solo não é consumido diretamente pelo homem e animais.

Assim, temos alguns indicadores da qualidade do solo que classificam o mesmo:

 Indicadores da qualidade do solo 

  • Indicadores Físicos: densidade, porosidade, textura, compactação, etc.
  • Químicos: pH, capacidade da troca de cátions (CTC), salinidade, etc.
  • Biológicos: matéria orgânica, diversidade de microrganismos, atividade microbiológica, etc.
  • Visuais: observação do solo, de fotografias aéreas, resposta da planta no solo e outros.

Desse modo, que quanto maior a qualidade do solo, maior será a capacidade de nutrir as plantas e, consequentemente, maior a fertilidade.

Você se recorda o que é CTC?

CTC é a Capacidade de Troca Catiônica, ou seja, é uma medida da capacidade de troca de cátions que um solo possui.

Para te explicar melhor sobre CTC, lembre-se que as partículas do solo na sua superfície possuem carga negativa e essas cargas negativas atraem carga positiva (cátions), como exemplo, Ca²+, Mg²+ e K+.

Veja mais sobre este tema: Entenda porque você precisa saber sobre a CTC do seu solo.

Agora que conhecemos mais sobre os horizontes e propriedades do solo, vamos falar de fertilidade e infertilidade do solo.

Fertilidade x Produtividade do solo

Você já escutou que um solo pode ser fértil e não ser produtivo?

O que torna o solo fértil é o fato do mesmo possuir os nutrientes essenciais em quantidades adequadas e balanceadas para as plantas.

Já um solo produtivo é caracterizado por um solo fértil e que também apresenta outros fatores. A ausência de elementos tóxicos e estar em um local com clima favorável ao desenvolvimento da planta são exemplo desses fatores.

Assim, nem sempre um solo fértil é também produtivo.

Além disso, como já comentamos, muitos solos podem não ser naturalmente férteis.

A baixa fertilidade por causas naturais está relacionado especialmente à gênese (formação) do solo e o intemperismo.

Chuvas e precipitações elevadas favorecem o processo de formação do solo, assim, ficam muito intemperizados, ficando com baixa fertilidade.

Desse modo, regiões tropicais, como o Brasil, é favorecida pelo intemperismo, tendo condições de alta temperatura e precipitações.

Em alguns casos um solo fértil pode perder a fertilidade por manejo inadequado, resultando em erosão, desequilíbrio de nutrientes e outros.

Pode também ocorrer exaustão de nutrientes do solo provocada pelas retiradas pelas culturas, especialmente devido a intensificação da produção.

Afinal, há cada vez mais pessoas no planeta, pressionando a maior produção de alimentos.

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(Fonte: FAO)

Mas podemos produzir mais sem degradar os solo. Veja a seguir as razões para a infertilidade do solo e logo depois como contorná-las:

Causas da infertilidade do solo

  • Falta de planejamento agrícola e financeiro;
  • Uso excessivo de adubos químico e não realizar análise prévia do solo;
  • Manejo ou rotação errôneas das culturas;
  • Doses desequilibradas de adubos;
  • Erosão do solo, lixiviação e/ou volatilização de nutrientes;
  • Salinização (uso inadequado de produtos);
  • Redução da atividade microbiana;
  • Acidez;
  • Compactação do solo.

A compactação do solo é uma importante causa da infertilidade do solo que é comum nas áreas.

Isso compromete a produtividade da sua cultura, como mostrado na imagem abaixo.

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(Fonte: Rural Pecuária)

No entanto, podemos realizar algumas técnicas para tornar o solo fértil ou não deixar que ele se torna infértil. Para isso, confira as dicas a seguir:

O que torna o solo fértil? Veja 8 dicas para isso

1ª Dica: Planejamento agrícola

Em todas as atividades na sua propriedade, você precisa de planejamento.

Uma propriedade bem planejada pode trazer mais lucro e também tornar a administração mais fácil.

Assim, esse é o primeiro, e uma das principais dicas sobre o que torna o solo fértil.

Você pode ver como começar um planejamento simples e rápido neste artigo.

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Lembre-se, que sua fazenda é o seu negócio, por isso, você precisa de uma gestão rural eficiente.

2ª Dica: Análise do solo

Esta dica, também considero muito importante e também deve ser realizada em toda propriedade rural.

Como já citei no início do texto, você deve conhecer o solo da sua propriedade agrícola.

Para isso, é necessário realizar a análise do solo.

Assim, entre os primeiros passos do planejamento da sua lavoura é a realização da análise do solo.

É com ela que veremos as quantidades dos nutrientes disponíveis no solo. Além do mais, ela permite avaliar as propriedades químicas, físicas e biológicas do solo que são importantes para a fertilidade de solo e nutrição das plantas.

Dessa forma, você determina o que precisa colocar no seu solo para determinada cultura, sem desperdícios e gerando ganhos na produtividade.

Para te auxiliar na análise do solo, não se esqueça de procurar um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).

Para saber mais sobre análise de solo você pode ler este texto: Qual melhor momento para fazer a análise de solo.

3ª Dica: Calagem

Outra dica que você pode realizar na sua propriedade é a calagem, que é uma prática agrícola de aplicação de calcário.

A calagem é extremamente relevante em solos ácidos, como os de regiões tropicais.

Veja alguns benefícios da calagem:

  • Elimina a acidez do solo;
  • Fornece cálcio e magnésio;
  • Estimula o crescimento radicular (Ca);
  • Aumenta a disponibilidade de fósforo;
  • Reduz disponibilidade de alumínio e manganês;
  • Aumenta a mineralização da matéria orgânica;
  • Aumenta a agregação do solo, podendo reduzir a compactação

Se você ficou com dúvidas de como realizar essa prática veja este artigo sobre o cálculo da calagem.

4ª Dica: Adubação

Para repor os nutrientes que foram retirados pela cultura do solo, você deve realizar a adubação.

Para isso, como já discutimos, é essencial a análise de solo.

Uma observação é muito importante: deve-se realizar um recomendação equilibrada, qualitativa e quantitativa: Lei do mínimo de Liebig (imagem abaixo).

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(Fonte: IB USP adaptado de Lepch, 1976)

Então, não adianta você somente colocar um nutriente no solo e faltar outros. O importante é o equilíbrio.

Por isso, avalie bem seu solo, cultura e condições climáticas. Você pode ver mais sobre adubação de potássica em soja aqui e adubação foliar neste outro artigo.

Veja também: “Tipos de adubos químicos na cultura da soja“.

5ª Dica: Verifique a necessidade de gessagem

Muitas vezes, é preciso melhorar as camadas subsuperficiais do solo. Para melhorar essas camadas, você pode aplicar gesso agrícola (gessagem).

O gesso (CaSO4 – sulfato de cálcio) é fonte de cálcio (20%) e enxofre (15-18%) para o solo.

Para melhorar as camadas subsuperficiais do solo, o sulfato reage com o alumínio. Isso diminui a toxidez de alumínio para as plantas e possibilita o aumento do sistema radicular das plantas.

Alguns benefícios da gessagem:

  • Aumenta o sistema radicular em profundidade;
  • Fornecimento de cálcio em profundidade;
  • Redução da saturação de alumínio em subsuperfície;
  • Maior absorção de nutrientes e água.

Assim, fica claro que a gessagem é uma dica importante sobre o que torna o solo fértil.

Fiz um texto sobre gessagem, que fala sobre cálculo e como realizar a gessagem: Gessagem: Tudo o que você precisa saber sobre esta prática agrícola.

6ª Dica: Sistema de Plantio Direto (SPD)

Um manejo que você pode utilizar na sua propriedade e melhorar as condições do solo é o Sistema de Plantio Direto (SPD).

O SPD é manejado com o revolvimento mínimo do solo, mantendo o solo coberto por meio de palhada ou plantas vivas, com a diversificação das culturas.

Este sistema é importante para a fertilidade do solo por favorecer a microbiota do solo, matéria orgânica, melhor estruturação do solo (agregados), redução do processo erosivo e outros.

O SPD é um sistema bastante importante nos solos do Cerrado.

Quer saber mais sobre plantio direto e fertilidade do solo, veja este texto.

7ª Dica: Adubação verde ou cultura de cobertura

Outras práticas agrícolas que você pode realizar na sua propriedade é a adubação verde ou cultura de cobertura.

A adubação verde é uma prática agrícola que algumas espécies de plantas são plantadas e depois em um determinado estágio de desenvolvimento são incorporadas no solo.

Já as plantas de cobertura ficam no solo para formar uma camada protetora, que levará mais tempo para se decompor e disponibilizar os nutrientes no solo.

Veja algumas vantagens da adubação verde que estão relacionados com à fertilidade do solo:

  • Aumento da capacidade de armazenamento de água no solo;
  • Descompactação do solo;
  • Melhora o impacto causado pela água da chuva;
  • Aumento da atividade biológica do solo;
  • Reciclagem de nutrientes;
  • Aumento do incremento de nitrogênio;
  • Aumento do teor de fitomassa.
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(Fonte: Agroecologia)

Ficou com dúvidas sobre qual leguminosa escolher para a adubação verde? Veja este texto: Qual a melhor leguminosa para fazer sua adubação verde.

8ª Dica: Agricultura de Precisão

A Agricultura de Precisão pode te ajudar com as atividades agrícolas de amostragem do solo, aplicação de calcário, gesso agrícola ou na adubação do solo.

Por isso, ela é a minha oitava dica sobre o que torna o solo fértil.

A Agricultura de Precisão (AP) é um manejo diferenciado da sua lavoura, pensando que as áreas não são uniformes.

Então, AP busca otimizar e aproveitar melhor cada porção da sua propriedade, assim, considera que cada porção da sua fazenda é diferente.

Assim, você melhora a sua amostragem de solo, além disso, otimiza as operações como calagem, gessagem e adubação da sua lavoura.

Conclusão

Neste texto foram discutidas sobre de o que torna o solo fértil na agricultura e sobre a formação dos solos.

Além disso, foi abordado como um solo pode se tornar infértil e algumas causas para isto.

Também foi discutido algumas dicas para melhorar a fertilidade do solo da sua propriedade agrícola.

Lembre-se especialmente das duas primeiras dicas para melhorar a fertilidade do solo que considero essenciais: planejamento e análise do solo.

Desse modo, trabalhar a fertilidade do seu solo é um ótimo começo do seu planejamento e pode resultar em ótimas produtividades.

>> Leia mais:
Saiba as consequências das queimadas no solo e os impactos para a agricultura

Você já conhecia o que torna o solo fértil? Você sabe se o seu solo está fértil? Utiliza análise de solo na sua propriedade? Restou alguma dúvida? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Fertilidade do solo: um caminho para alcançar altas produtividades

Fertilidade do solo: veja como traçar um plano para alcançar altas produtividades e entenda todos os aspectos que tornam um solo fértil

A fertilidade do solo é essencial à produção agrícola. Isso especialmente em um cenário em que as estimativas apontam para recordes recorrentes de safra, consolidando o Brasil como principal produtor do mundo.

Por outro lado, dados da ONU apontam que cerca de 40% dos solos no mundo todo já se encontram em algum grau de degradação. Por isso, potencializar os resultados produtivos, melhorar a fertilidade do solo e manejar sua conservação são ações indispensáveis. 

Neste artigo, você verá como o planejamento e manejo simples e eficazes podem melhorar a fertilidade do seu solo. Confira! 

Fertilidade do solo é sinônimo de produtividade?

Muitas vezes, a fertilidade do solo é considerada sinônimo de produtividade. Ainda, considera-se que a produtividade seria o meio mais adequado para medir a fertilidade.

Essa relação nem de longe pode ser considerada verdadeira. Além de serem conceitos diferentes, a produtividade não é a única medida para avaliar a fertilidade do solo.

Por exemplo, considere duas safras de milho, onde o comportamento da primeira e segunda safra são diferentes. Tudo isso em uma mesma área de produção. 

É comum que na 1ª safra a produção da cultura seja superior que na 2ª safra. Esse fato não tem relação com produtividade, mas envolve diversos outros fatores como distribuição de chuvas, temperaturas, disponibilidade de radiação solar e outros.

Até aqui fica claro que diversos fatores influenciam na produtividade das culturas, que vão muito além da fertilidade. Mas é preciso lembrar que isso não quer dizer, em hipótese alguma, que a fertilidade do solo não seja um atributo importante

Pelo contrário: embora um solo com alta fertilidade nem sempre seja altamente produtivo, uma área de altas produtividades necessariamente terá um solo fértil. A fertilidade é um dos fatores mais importantes para uma cultura expressar o seu máximo potencial produtivo.

O que é fertilidade do solo?

A fertilidade é a capacidade do solo de fornecer elementos essenciais às plantas (macro e micronutrientes principalmente). Para que as culturas expressem seu potencial produtivo, essa condição deve ser mantida durante o ciclo de desenvolvimento da cultura.

Os macronutrientes considerados essenciais e principais para as plantas, requeridos em maior quantidade, incluem: 

Já os micronutrientes importantes em funções do metabolismo das plantas (requeridos em menores quantidades) incluem:

  • boro;
  • zinco;
  • cobre; 
  • ferro;
  • molibdênio;
  • cloro;
  • manganês.

Existem ainda aqueles considerados benéficos às plantas, embora não essenciais ao desenvolvimento delas. São exemplos o selênio, silício, cobalto, sódio, alumínio, vanádio e níquel. 

Esses elementos podem atuar estimulando o crescimento das culturas. Eles também podem as prejudicar, a depender do teor presente no solo. Esse é o caso do alumínio, que em excesso é tóxico às plantas.

A fertilidade de um solo está muito além da disponibilidade de alguns desses nutrientes. Ela está relacionada ao equilíbrio entre eles, para não ocorrerem interferências na absorção de um ou de outro, prejudicando consequentemente a produtividade das culturas.

Como traçar um plano para melhorar a fertilidade do solo e alcançar altas produtividades?

A produtividade é baseada em uma relação entre fatores relacionados à planta, ao clima vigente, ao manejo do solo dado antes, durante e após o cultivo. Ela também é baseada nas próprias características do solo.

Na figura a seguir, por exemplo, é possível visualizar as lacunas de produtividade limitadas por diferentes fatores. Isso sejam eles relacionados à precipitação, como o estresse hídrico até a limitação por fertilidade, pragas, doenças e plantas daninhas.

Figura que ilustra o potencial produtivo das culturas, e as possíveis interferências que podem limitar que a cultura atinja esse potencial, denominadas lacunas de produtividade 
(Fonte: Richter, 2021)

Porém, é importante ficar claro que o manejo da fertilidade do solo pode fortalecer a cultura reduzindo o impacto de fatores de estresse, sendo portanto, indispensável. Existem três componentes principais da fertilidade do solo:

  • físicos: textura, densidade, resistência a penetração, estrutura, profundidade de enraizamento, capacidade de armazenamento de água, dentre outros; 
  • químicos: pH, teor de nutrientes, matéria orgânica, carbono, CTC do solo, soma de bases, entre outros;
  • biológicos: como relação carbono e nitrogênio da comunidade microbiana, taxa de respiração, entre outros.

O nível de fertilidade resulta das características naturais do solo e das interações que ocorrem entre esses três componentes. A maioria das características que contribuem para a fertilidade do solo dependem das partículas do solo.

O que ocorre na área agrícola interfere nas características do solo e alteram sua fertilidade. Por exemplo, sabemos que os solos brasileiros são ácidos, mas podemos modificar e resolver essa limitação pela calagem

No entanto, algumas modificações no solo podem levar à degradação. Veja como isso acontece a seguir.

Manejo inadequado da área pode levar à degradação dos solos

O uso contínuo de fertilizantes, inseticidas, fungicidas, herbicidas e um manejo de solo inadequado pode perturbar o equilíbrio do solo. Consequentemente, afetam sua produtividade e fertilidade. 

Estudos revelam que um manejo conservacionista com cobertura de solo mantém a umidade e ciclagem de nutrientes. Isso aumenta a fertilidade.

Desse modo, conhecendo o seu sistema de produção você pode tomar algumas medidas para melhorar a fertilidade do solo e, possivelmente, sua produtividade. É por isso que a fertilidade deve fazer parte do seu planejamento para alcançar altas produtividades.

Como começar esse planejamento? É isso que veremos a seguir:

Elabore seu planejamento de fertilidade do solo para altas produtividades em 5 passos

Como já vimos aqui, um solo fértil conterá todos os nutrientes principais para nutrição básica das plantas. No entanto, muitos solos, especialmente os brasileiros, não possuem níveis adequados de todos os nutrientes ou condições de matéria orgânica.

Uma gestão integrada da fertilidade do solo maximiza a eficiência do uso agronômico de nutrientes e melhora a produtividade das culturas. O planejamento resulta em diversos benefícios, pois geralmente é realizado baseado na análise de:

  • histórico da área;
  • das aplicações de fertilizantes;
  • tipo de solo;
  • relevo predominantes;
  • características dos talhões.

Com um planejamento é possível, inclusive, reduzir os custos. Afinal, a tendência é que os insumos, especialmente fertilizantes, sejam utilizados de forma estratégica no sistema, sem prejudicar as culturas, e tão pouco o sistema produtivo.  

(Fonte: Traduzido e adaptado de G-Source)

1.  Planejamento da necessidade de fertilizantes

Essa parte está diretamente relacionada à sua cultura, já que cada uma tem uma necessidade diferente de nutrientes para o desenvolvimento. Por isso, o planejamento é fundamental para bons resultados produtivos. 

Nele, o ideal é que você realize uma análise de solo da sua área, que pode ser baseada em diferentes estratégias. Contar com o auxílio de um profissional é importante, pois ele poderá realizar todas as interpretações e recomendar as doses necessárias.

O Aegro é seu parceiro para ajudar no planejamento e garantir o controle dos fertilizantes utilizados. Utilize a função planejamento para organizar suas atividades e insira as atividades realizadas.

Assim, você consegue acompanhar o progresso das atividades e visualizar o que já foi gasto.

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Com o Aegro você consegue ver de modo muito mais fácil e ágil todos os custos orçados e realizados

2. Conheça qual o tipo de solo da sua lavoura

Diferentes tipos de solo necessitam manejo distintos. Por isso, entender quais os tipos de solo da sua lavoura é uma etapa tão fundamental quanto o planejamento. Por exemplo, solos arenosos são mais passíveis de lavagem de nutrientes pelas chuvas. 

Desse modo, uma estratégia para otimizar as adubações é o parcelamento das aplicações de fertilizantes. Para saber seu tipo de solo, além da observação em campo, é interessante coletar amostras do solo e fazer uma análise física. 

3. Faça análise química de solo 

Para entender quais os nutrientes que são necessários na sua lavoura para a produção satisfatória é indispensável que a análise química do solo seja realizada. Também é fundamental procurar bem o melhor laboratório para análise de solo.

Se utilizar adubos orgânicos, realize a análise dos mesmos. Só dessa maneira você saberá o quanto de nutrientes aplicou e o que precisa ser complementado por fertilizantes naturais.

4. Proteja o seu solo

A prova de que proteger o solo é fundamental para a fertilidade do mesmo é o Cerrado brasileiro. Se antes os solos dessa região eram considerados de baixa produtividade, hoje são os mais produtivos do mundo, graças às tecnologias desenvolvidas.

O manejo conservacionista do solo, especialmente o plantio direto e a calagem, foram um dos fatores responsáveis para que isso se tornasse realidade.

(Fonte: adaptado de Embrapa e Resck et al.)

O que deixa o solo fértil?

Como vimos, diversos fatores podem interferir na fertilidade do solo. Dentre eles, os principais são a disponibilidade de água, os nutrientes essenciais, o equilíbrio do pH, a taxa de erosão e a calagem. A seguir, entenda cada um deles:

Nutrientes essenciais 

Os nutrientes requeridos são calculados baseados nas necessidades da área de cultivo. 

Doses acima ou abaixo do recomendado  causam desequilíbrio entre os elementos disponíveis no solo. Isso pode causar dificuldade da planta em absorver algum nutriente, e até mesmo a sua incapacidade. 

Na figura abaixo é possível observar a interação entre diferentes nutrientes. As setas apontadas para baixo sinalizam que o nutriente à esquerda reduz a absorção do nutriente na parte superior da tabela.

(Fonte: Malavolta, 1987)

Equilíbrio do PH

Em faixas abaixo ou acima do pH considerado ideal para as culturas, há interferências significativas na absorção de macro e micronutrientes essenciais. Em faixas de pH próximas de 5 e abaixo disso, o pH é considerado ácido. 

Assim, ocorrem reduções significativas na disponibilidade de potássio, cálcio, magnésio e fósforo. Isso aumenta, por outro lado, a disponibilidade de alumínio (elemento tóxico às plantas quando em excesso). 

Em pH neutro, por outro lado, também ocorrem interferências negativas na disponibilidade de nutrientes. Por isso, a calagem deve ser aplicada na dose recomendada baseada em uma análise de solo.

Disponibilidade de nutrientes em relação ao pH do solo
(Fonte: Bini, 2016)

Calagem

Especialmente nos solos brasileiros, que são naturalmente ácidos naturalmente, é essencial a prática de calagem. Mas para que essa prática seja eficiente e sem desperdícios, você precisa ter em mãos sua análise de solo e fazer os cálculos de calagem corretamente.

Taxa de erosão

O método utilizado para o preparo do solo é um fator importante, porque ele afeta o manejo das culturas, a fertilidade do solo e a nutrição das plantas. O preparo convencional do solo acelera a decomposição da matéria orgânica e a falta de cobertura de solo facilita a erosão.

Ao adicionar culturas de cobertura de solo, você minimiza as perdas da lavoura e maximiza os benefícios a longo prazo, especialmente a sua saúde. O cultivo de culturas diferentes daquelas utilizadas como principais (como soja e milho), é uma prática benéfica. 

Além de auxiliar na saúde do solo, ela também quebra o ciclo de pragas e doenças que limitam a produtividade. Esse cultivo também cria macro e microporos. Isso ajuda na aeração, retenção de água e maior exploração das raízes no solo.

A cobertura, com os restos vegetais dessa cultura, protege o solo da erosão, da perda de água e de temperaturas extremas. Além disso, há aumento da atividade animal no solo, resultando em solo mais saudável, aumentando a sua fertilidade.

Essas práticas podem resultar em ganhos de produtividade consideráveis.

Adubação verde

A fertilidade do solo pode ser ainda melhorada pela incorporação de culturas ao solo, a chamada adubação verde. Essa prática adiciona matéria vegetal ao solo, levando a ciclagem de nutrientes e aumento dos níveis dos mesmos.

Em geral, os benefícios da adubação verde são similares aos das culturas de cobertura. A diferença é que aqui o foco é na ciclagem de nutrientes, e não há cobertura do solo.

Assim, a adubação verde promove um solo saudável e fértil. Ela repõe e minimiza as perdas que ocorrem através da absorção de plantas e outros processos.

Disponibilidade de água

O cultivo de outras espécies no seu sistema de produção produz espaços entre as partículas de solo, que possibilitam a infiltração de água. Além disso, como os microrganismos do solo digerem o material vegetal, especialmente leguminosas. 

Alguns deles, como os polissacarídeos, funcionam como uma cola entre as partículas do solo. Assim, esses açúcares complexos cimentam pequenas partículas de solo em aglomerados ou agregados, melhorando a estrutura do solo.

No entanto, esses açúcares se decompõem em questão de meses, mas o efeito de agregação pode se renovar toda vez que faz cultura de cobertura. As espécies de grama também promovem boa agregação, mas por um mecanismo diferente.

Essas raízes fibrosas das gramíneas podem liberar compostos que ajudam a agregar o solo entre as raízes. Essa maior estrutura do solo permite melhor aeração, retenção de água e exploração do solo pelas raízes. Consequentemente, há maior fertilidade do solo.

Matéria orgânica do solo

Leguminosas são ricas em proteínas e açúcares, liberando assim nutrientes rapidamente. No entanto, resultam em pouca matéria orgânica a longo prazo. Por outro lado, as gramíneas são mais fibrosas e liberam nutrientes muito mais lentamente. 

Por isso, elas promovem matéria orgânica mais estável a longo prazo, aumentando a capacidade de retenção de nutrientes e maior CTC do solo. Alternar culturas que possuem diferentes características para incremento da matéria orgânica é outra boa estratégia.

É importante  ressaltar que a matéria orgânica se acumula muito lentamente no solo. Por isso, o manejo deve ser constante. Um solo com 3% de matéria orgânica só pode aumentar para 4% após uma década ou mais de construção de solo.

Os benefícios do aumento da matéria orgânica provavelmente serão aparentes antes do aumento das quantidades serem detectáveis.

Banner da planilha de calagem

Conclusão

A fertilidade do solo nem sempre é sinônimo de alta produtividade, mas deve fazer parte de um plano para atingi-la.

Algumas medidas devem ser tomadas, como realização periódica de análises de solo, cálculos de recomendação, utilização de plantas de cobertura, adubação verde e outros.

Lembre-se que tudo isso deve ser muito bem planejado e orçado para não haver custos em excesso. Para isso, conte com a ajuda de especialistas da agronomia e de gestão.

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De que forma o plantio direto contribui para a fertilidade do solo?

Por que o plantio direto contribui para a fertilidade do solo? Essa é a pergunta que irei te responder neste artigo. Então confira!

Não é à toa que cada dia o sistema de plantio direto ganha novos adeptos.

Segundo dados da Embrapa Soja de 30 anos de estudo o sistema de plantio direto mostrou 60% a mais de produção em relação ao convencional.

O revolvimento mínimo no solo propicia aumento do teor de matéria orgânica, diminui as erosões, além de inúmeros outros fatores que colaboram com a fertilidade do seu solo.

Você provavelmente já sabe de alguns benefícios do SPD (Sistema de Plantio Direto), mas talvez não tenha se atentado para toda a sua importância quanto à fertilidade do solo e nutrição de plantas.

Então, confira neste artigo as principais dicas sobre o plantio direto, seu impacto na fertilidade do solo e toda sua importância para a agricultura brasileira.

O que é plantio direto e seus princípios

O plantio direto é um método de manejo baseado no revolvimento mínimo dos solos, com cobertura do mesmo e diversificação de culturas.

Assim, no sistema de plantio direto (SPD) não há revolvimento do solo por arados ou grades, além da formação de palhada e rotação de culturas.

No Brasil, ele foi introduzido a partir da década de 1970, inspirado em modelos europeus e norte-americanos.

Nos EUA e na Europa era necessário o revolvimento do solo para aquecê-lo, uma vez que os solos ficavam cobertos com neve e isto prejudicava o desenvolvimento das sementes.

Assim, segundo especialistas como Dirceu Gassen, aqui em ambiente tropical e subtropical, o revolvimento não é necessário.

Na verdade, muitos defendem que o revolvimento das áreas poderá até ser prejudicial.

Isso porque ele afeta a estrutura dos agregados nos solos e pode acarretar em maiores incidências de plantas daninhas.

O sistema de plantio direto possui 3 princípios:

1. Mínimo revolvimento do solo

Para que o revolvimento do solo seja mínimo, o indicado aos produtores é que apenas o solo na linha de semeadura seja mobilizado.

Para que isso seja realizado todos os anos, o preparo inicial das áreas é essencial.

Neste preparo inicial deve ser realizado correção das camadas superficiais com a calagem, e se necessário, a correção nas camadas mais profundas por meio da gessagem.

Para saber mais sobre realização da calagem e gessagem confira o artigo “Como fazer calagem e gessagem nas culturas de soja, milho e pastagem”

2. Manutenção do solo coberto

A manutenção do solo coberto, seja por meio de palhada ou plantas vivas deve ser realizada durante o ano todo, o que é bem possível no nosso clima.

No entanto, em ambientes tropicais como esses, a cobertura do solo deve ser bem planejada, uma vez que as condições climáticas favorecem a rápida decomposição do material vegetal.

Veja como realizar adubação verde e utilizar culturas de cobertura neste artigo “Adubação verde e cultura de cobertura: Como fazer?”

3. Rotação das culturas

Quando o assunto é a diversificação das culturas, este é um dos pontos chave a serem levados em conta na hora do planejamento de seu sistema de plantio direto.

Deve-se realizar sistemas de rotação, sucessão e/ou consorciação de culturas.

A diversificação de culturas prevê inúmeros benefícios ao solo quando bem planejada e organizada.

Desse modo, a combinação de espécies vegetais com características diferentes auxiliam no manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas.

Ademais, diferentes espécies possuem diferentes raízes que perfuram o solo e liberam substâncias.

Isso melhora a estrutura do solo, favorecendo a formação de macro e microporos, o que aumenta a retenção de água, a descompactação do solo e outros, sendo fundamental para o aumento de fertilidade do seu solo.

Todos esses princípios do SPD contribuem para as condições físicas, químicas e biológicas dos solos, e vamos entender melhor sobre eles, começando pela cobertura do solo:

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(Fonte: Geoview)

Cobertura do solo: como e porque fazer

Vale ressaltar que a manutenção da cobertura do solo é vital para o sucesso do plantio direto.

A formação de resíduos ou palhada sobre o solo é algo difícil de ser atingido para adoção do plantio direto em ambiente tropical.

Isso ocorre porque em condições de altas temperaturas e umidade a degradação ocorre  em velocidade muito elevada.

Assim, para manter uma cobertura vegetal consistente não podemos revolver o solo e devemos introduzir plantas com elevado potencial de produção de matéria seca.

Esse elevado potencial de produção de matéria seca é determinado pela composição química do resíduo, o qual afeta diretamente sua velocidade de decomposição.

A relação C/N do resíduo dessas plantas é o principal parâmetro a ser avaliado para se estimar o comportamento no solo.

A velocidade de decomposição do resíduo é diminuída quando a relação C/N diminui, já que quanto mais nitrogênio (N) maior a velocidade de decomposição.

Leguminosas têm, em geral, resíduos que se decompõem mais rápido quando comparados aos resíduos das gramíneas, já que sua relação C/N é menor.

Portanto, para ambientes em que temos a rápida decomposição dos restos culturais, deve-se optar pela introdução de gramíneas no sistema de plantio direto para criação e manutenção da palhada nas áreas.

Nas regiões onde a decomposição é mais lenta, pode-se optar por leguminosas ou outras espécies vegetais de mesmas características.

E por que essa cobertura de solo influencia a fertilidade do solo?

Por que o plantio direto contribui para a fertilidade do solo?

A conservação da palhada evita a destruição mecânica dos agregados do solo pela chuva e o arraste de terra provocado pela enxurrada, resultado dos processos erosivos.

Se este solo geralmente superficial não é levado pelas erosões, ele consequentemente armazenará mais nutrientes, fertilizantes e corretivos quando comparados com o manejo convencional.

Além disso, o não revolvimento do solo favorece populações de ciclo biológico longo como consumidores de palha, inimigos naturais, corós, grilos e cupins.

Com esse não revolvimento as raízes das plantas de safras anteriores se decompõe e se transformam em resíduos orgânicos, liberando nutrientes de forma mais gradual às plantas.

A matéria orgânica transforma-se em compostos de alta solubilidade nos solos, e tal fator associado a menor variação de temperatura propicia o melhor crescimento radicular.

O plantio direto ainda propicia o restabelecimento da fauna nativa dos agroecossistemas e condições favoráveis ao desenvolvimento de inimigos naturais, auxiliando no manejo integrado de pragas (MIP).

Ademais, como já falamos, a diversificação de espécies faz com que a estrutura do solo seja melhorada, resultando em maior retenção de água, maior exploração das raízes, e, assim, maior fertilidade do solo.

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Água disponível entre a capacidade de campo e o ponto de murcha permanente, para solo em SPD e sistema convencional, no cultivo do milho
(Fonte: Dalmago et al. em Almeira e Favarin, 2015)

Dicas de como começar a fazer um plantio direto

Os produtores que querem iniciar com o plantio direto devem pensar primeiramente na rotação de culturas a ser utilizada na área.

Ou seja, devem pensar e se planejar na diversificação de espécies a serem introduzidas nos sistemas e na formação de palhada.

Plantas que produzem grandes volumes de biomassa são as mais utilizadas, como por exemplo as braquiária e milheto.

Assim, as chamadas plantas de cobertura possibilitam a ciclagem dos nutrientes e quando morrem, a sua liberação na superfície do solo se dá por meio da decomposição da palhada.  

A obtenção da palhada sobre o solo também pode ser pelo consórcio de plantas.

Muitos produtores estão optando pelo plantio do milho nas culturas de verão, seja safra ou safrinha, consorciado com braquiária.

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(Fonte: Rural Pecuária)

Esse consórcio tem se tornado um investimento de baixo custo para a melhoria da fertilidade solo.

Em áreas manejadas com plantio direto pelo consórcio milho-braquiária já há relatos de maior resiliência à estresses.

Isso também possibilita uma segunda ou até terceira safra, quando os produtores colocam o gado nas áreas, o que acabou sendo chamado de “safrinha de boi”.

Benefícios do Plantio Direto

Manutenção da temperatura do solo numa faixa ideal para as plantas;

Diminuição da perda de água por evaporação;

Reduz o impacto da gota da chuva na superfície do solo, reduzindo com isso as perdas de água e solo por erosão;

Aumento da atividade microbiana, e animal como um todo, do solo;

Melhora na estrutura do solo;

Redução das infestações de plantas daninhas.

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(Fonte: Pioneer)

Esses fatores auxiliam nos ganhos em produtividade das culturas, desde que bem realizados e manejados.

A temperatura ideal auxilia a emergência das sementes e contribuem para formação de um dossel mais homogêneo.

A diminuição das perdas de água por evaporação propicia aos produtores uma maior estabilidade de produção ao longo do tempo, especialmente em anos de seca, uma vez que mais água fica retida na palhada e na matéria orgânica do solo nesse sistema.

Com menores erosões nas áreas, água e nutrientes são mantidos no solo e auxiliam em melhores desenvolvimentos das culturas.

A rotação das culturas e construção de palhada no solo é o principal fator para que ocorra o algum incremento da matéria orgânica do solo.

Porém, é importante que aqueles que desejam praticar o plantio direto tenha em mente que isto é um trabalho a longo prazo, sendo necessário cerca de vários anos para que se consiga pequenos aumentos nos teores de matéria orgânica nos solos.

Resultados de pesquisas de mais de 30 anos da Embrapa Soja mostram que a cada 1kg de C orgânico acumulado no solo corresponde ao aumento de 1 kg por hectare na produtividade da soja.

E para isso, o mesmo estudo apontou a necessidade de 12 anos de manejo no sistema de plantio direto.

Áreas sem palhada ou cobertura vegetal, auxiliam a lixiviação dos nutrientes e perdas nas camadas mais profundas.

Isso, além de prejudicar o desenvolvimento das culturas, pode acabar poluindo os rios e cursos d’água com fenômenos como a eutrofização.

No entanto, para que todos esses benefícios sejam aproveitados, especialmente a melhora na fertilidade do solo, o SPD tem que ser bem feito, e isso envolve planejamento.

Plantio direto e planejamento agrícola

Os produtores que desejam começar o plantio direto em suas áreas devem planejar bem todas suas fases.

O planejamento agrícola é essencial para o sucesso de todo o ciclo do plantio direto, desde a instalação da cultura principal até as culturas de cobertura.

A decisão sobre a rotação de cultura pode deve ser feita com base no levantamento da área e no conhecimento das espécies da rotação.

Se você tiver problemas com nematóides, com certas espécies de plantas daninhas ou até algumas doenças, algumas espécies de cultura de cobertura podem ajudar.

Assim, faça uma escolha consciente de quais são as melhores espécies de cobertura, e a possibilidade de se fazer também o consórcio milho-braquiária.

Para isso ainda é necessário orçar os custos dessas práticas, contando com o benefício depois, mas sempre tendo em mente o capital que você tem disponível para a safra.

As máquinas utilizadas nesse sistema também possuem certas peculiaridades e é necessário certo nível de treinamento para realização das operações.

Recomendo fortemente que você anote em caderno, planilha ou software agrícola tudo o que será necessário para começar esse sistema, especialmente o orçamento.

Durante e após a safra também anote seus resultados, inclusive por talhão, e assim você saberá exatamente quais foram seus ganhos, seus gastos totais e como foram em relação àqueles orçados.

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Com o Aegro você consegue seu custo orçado e realizado de forma muito mais ágil e descomplicada

diagnostico de gestao

Conclusão

Aqui vimos porque o plantio direto contribui para a fertilidade do solo.

O sistema de plantio direto oferece soluções para os desafios atuais e futuros da agricultura quando o assunto é o aumento das produtividades e maior eficiência do sistema.

O plantio direto traz benefícios tais como: a maior retenção de água e facilidade de infiltração no solo, redução da erosão e perda de nutrientes.

Desse modo, o SPD contribui muito para a fertilidade do solo e, assim, para o aumento de produtividade.

Além disso, evita assoreamento de rios, auxilia a menor compactação do solo, economia de combustíveis e menor número de operações.

Entretanto, todos esses benefícios só ocorrem com as técnicas bem realizadas, exigindo um planejamento agrícola adequado.

E você? Já utiliza o sistema de plantio direto em sua fazenda? Pretende começar a utilizá-lo visando os  inúmeros benefícios que ele proporciona frente ao sistema convencional? Restou alguma dúvida? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Entenda porque você precisa saber sobre a CTC do seu solo

CTC do Solo: Confira o que você precisa entender e fazer para melhorar a fertilidade do solo.

Em geral, seja por uma razão ou outra, nós não entendemos profundamente nosso solo e suas relações com as culturas.

Desse modo, sempre contamos com os outros para nos dar uma “solução”, acreditando que isso que resultará em melhores colheitas.

A CTC do solo é um dos conceitos mais importantes para que comecemos a compreender nosso solo e sistema de produção.

A capacidade de troca catiônica (CTC) influência na estabilidade do solo, disponibilidade de nutrientes, o pH do solo e a reação do solo com fertilizantes e outros.

Entenda mais sobre a CTC do solo neste artigo, além de conhecer práticas efetivas para melhorar o solo e, consequentemente, a produtividade da sua área!

O que é CTC do solo

CTC do solo é a sigla para Capacidade de Troca Catiônica e expressa a quantidade de cargas negativas que o solo possui. Ela é uma medida da capacidade de trocas e da quantidade de cátions como Ca²+(cálcio), Mg²+(magnésio) e K+ (potássio) que o solo pode reter sob determinadas condições.

E como o solo mantém esses cátions no solo?

Pois bem, as partículas de solo, especialmente a argila ou matéria orgânica, possuem em sua superfície diversas cargas negativas.

Como os opostos se atraem, as cargas positivas (como cátions) se ligam à essas partículas.

Exemplos de cátions são: Ca²+, Mg²+ e K+. Repare que aqui temos justamente alguns nutrientes para plantas.

Portanto, a CTC refere-se à quantidade de cargas negativas que o solo possui.

Os nutrientes ligados (adsorvidos) pelas partículas de solo podem ficar disponíveis para as plantas e também não são facilmente carregados pelas águas das chuvas.

Além disso, esses cátions que são mantidos na argila ou partículas orgânicas podem ser substituídos por outros cátions e, portanto, são chamados de trocáveis.

Por exemplo, o potássio pode ser substituído por cátions como cálcio ou hidrogênio.

Você pode ver abaixo como ocorre as trocas de cátions para que a planta absorva os nutrientes do solo.

ctc-solo-nutrientes

(Fonte: McMilan  adaptado e traduzido por Aegro)

Repare que na etapa 3 os cátions podem ser liberados na solução do solo, onde as plantas podem absorver mais facilmente os nutrientes.

Outra possibilidade é que a raiz troque um H+ por algum cátion, sendo uma troca ativa, ou seja, a planta gastou energia para absorver esse nutriente.

No entanto isso não ocorre sempre, o mais comum é  a liberação para solução do solo e ali ocorrerá a absorção de nutrientes pela planta.

Essas trocas não ocorrem somente pela absorção nutrientes, sendo muito fatores envolvidos para que elas ocorram.

Desse modo, manejando o solo e CTC você pode melhorar sua fertilidade.

Mas antes de conhecer esses fatores precisamos entender mais sobre os diferentes tipos de CTC do solo.

Os tipos de CTC do solo

1. CTC Permanente

Esta CTC é chamada permanente, porque não varia com o pH, é resultado da substituição de elementos na estrutura das partículas de solo (substituição isomórfica).

Essa CTC ocorre nos solos menos desenvolvidos, predominante nas regiões temperadas, o que não é o nosso caso.

2. CTC Variável

Este tipo de CTC é chamado de CTC variável, porque o número e cargas elétricas pode aumentar ou diminuir em função do pH do solo.

Esse é o principal tipo de CTC que temos em nossos solos tropicais.

ctc do solo

(Fonte: Grain SA traduzido por Aegro)

Além desses dois tipos principais, a CTC do solo também pode classificada em CTC a pH 7 e CTC efetiva, ambas disponíveis em análises do solo:

>> Tudo que você precisa saber para acertar na escolha do laboratório de análise de solo

>> O guia da interpretação de análise de solo

CTC a pH 7

É a quantidade de cátions ligados ao solo (adsorvidos) quando o pH é igual a 7.

CTC efetiva

A CTC efetiva é obtida da soma dos cátions que efetivamente podem ser trocados.

Os cátions que são somados são: Ca2+, Mg2+,
K+ e Al3+. Não inclui, portanto, o H+ que compartilha elétrons com as cargas do solo.

Agora, podemos verificar os fatores que interferem na CTC e começar a entender como podemos modificá-lo para melhorar nosso solo:

Fatores que afetam a Capacidade de Troca Catiônica

Muitas condições do solo têm influência sobre a CTC, dentre as quais:

  • pH do solo;
  • Natureza dos cátions trocáveis;
  • Concentração dos cátions na solução do solo;
  • Natureza da fase sólida do solo.

O efeito do pH se verifica, principalmente, sobre as cargas dependentes de pH, que são as principais nos solos brasileiros, como já discutimos.

Desse modo, temos:

ctc do solo

A natureza dos cátions afeta a preferência de troca no solo dependendo da sua densidade de carga (relação entre a carga do íon e seu raio).

Os cátions com maior densidade de carga são mais retidos no solo. Por isso, os cátions polivalentes são geralmente mais fortemente retidos no solo.

Assim, temos uma seqüência de preferencialidade de troca de cátions considerando apenas os nutrientes de plantas:

K+ < Mg²+ < Ca²+

A concentração dos cátions na solução do solo também afeta a preferencialidade de troca.

Assim, à medida que se dilui a solução, com menos cátions por volume de água no solo, há aumento na preferencialidade de troca pelos cátions de menor densidade de carga, como o Na+.

A natureza do solo também influi, sendo que já vimos que solos tropicais como os nossos possuem basicamente CTC variável.

Por consequência, a matéria orgânica apresenta a maior participação no valor da CTC.

composição-solo

(Fonte: David Prado Alencar em Ciências naturais)

Como manejar a CTC do solo e aumentar sua fertilidade?

A CTC determina como o seu solo deve ser gerenciado.

Lembrando que, em geral, quanto maior a CTC do solo, melhor será sua fertilidade.

Isso porque é maior a quantidade de cátions, como cálcio, magnésio, potássio, nutrientes essenciais para as plantas.

Abaixo podemos ver a classificação da CTC do solo e as principais relações dos solos com CTC baixa e alta:

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(Fonte: Na sala com Gismonti)

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(Fonte: Gisele Santos em Constituição do solo)

Um dos benefícios da calagem dos solos ácidos, como os brasileiros, é o aumento da CTC do solo.

>> Gessagem: Tudo o que você precisa saber sobre está prática agrícola

>> Como fazer calagem e gessagem nas culturas de soja, milho e pastagem

Eis o motivo: à medida que o pH aumenta, o H+ ligado à partícula do solo é neutralizado pela calagem, e o local que ocupava é liberado, resultando em uma carga negativa.

Nessa carga então, podem se ligar os nutrientes cálcio, magnésio, etc.

Por isso também, os solos com maior CTC têm menor lixiviação de nutrientes e quando a planta absorve a água, com ela vem junto o nutriente.

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À esquerda solo com baixa CTC; à direita solo com alto valor de CTC
(Fonte: Fresh Grow)

Além disso, o método de adubação também pode ser influenciado pela CTC, assim como pode melhorá-la.

>> O que você precisa saber sobre as diferenças entre calagem e gessagem

Um solo com baixa CTC normalmente tem uma baixa matéria orgânica e conteúdo de argila, retém menos água.

Assim, é necessário mais calcário e fertilizantes, sendo mais sujeito a lixiviação.

Geralmente, os solos com baixa CTC apresentam menores rendimentos, mas um bom manejo ainda pode resultar em uma colheita bem sucedida.

>> Veja (de uma vez por todas) como fazer fosfatagem na sua fazenda

Influência da matéria orgânica na CTC do solo

A matéria orgânica do solo é constituída por compostos de carbono originados a partir da decomposição de resíduos vegetais e animais.

Além de ser fonte de nutrientes, a matéria orgânica do solo (M.O.S.) apresenta cargas de superfície que contribuem para o aumento da capacidade de troca de cátions (CTC) do solo.

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(Fonte: Pedologia Fácil)

Devido a sua alta reatividade, a M.O.S. regula a disponibilidade de vários nutrientes.

Essa regulagem é principalmente dos micronutrientes e elementos potencialmente tóxicos como Al3+ e Mn2+, e metais pesados.

Nos ambientes tropicais, a matéria orgânica do solo tem importância elevada, já que a argila dos nossos solos só possuem CTC variável.

A M.O.S. é amplamente reconhecida por seus efeitos benéficos aos solos devido a melhor agregação e retenção de água, maior CTC e disponibilidade de nutrientes.

Um manejo de solo com adubação verde, culturas de coberturas, plantio direto ou até cultivo mínimo colaboram com algum aumento ou manutenção da M.O.S. do solo.

>> Vantagens e desvantagens de fazer adubação verde em sua propriedade

Apesar das análises de solo trazerem os valores de CTC, você pode calculá-las facilmente:

Como calcular a CTC do seu solo?

Como citei anteriormente, a CTC do solo possui diferentes tipos, dessa forma, preste bastante atenção na composição do seu solo porque cada tipo de CTC possui um cálculo distinto.

1. CTC efetiva

Ou efetiva que corresponde a soma de bases (SB) incluindo o cálcio, magnésio, potássio e sódio; mais o alumínio, ou seja CTC efetiva = SB + Al

Essa CTC efetiva é utilizada no cálculo da retenção de cátions (RC) como um dos critérios para saber se o solo é ácrico (baixa CTC efetiva) ou não ácrico (média ou alta CTC efetiva).

2. CTC a pH 7

Corresponde a soma de bases (SB) + Al + H no pH 7

A CTC a pH 7 é utilizada para
calcular a dose de calcário.

Conclusão

O conhecimento do seu solo passa pelo entendimento da CTC, demonstrando como você pode manejar melhor o seu solo.

Se atente para os valores de CTC e procure aumentar esses valores pela correta calagem e manejo conservacionista do solo.

Com todas essas informações faça seu planejamento agrícola e tenha produtividades ainda mais altas!

Gostou do texto? Tem mais dicas sobre a CTC do solo? Como você faz o planejamento agrícola do seu solo hoje? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Veja como fazer na fazenda a fosfatagem na fazenda

Veja agora como fazer fosfatagem na sua fazenda com estas dicas.

O fósforo é considerado o nutriente que dá a maior limitação nutricional na agricultura tropical, como no Brasil.

Isso porque nossos solos contam com pouco fósforo e, ao aplicar no solo, temos baixa eficiência de aproveitamento pelas plantas

Estima-se que apenas 15 a 25% do fósforo aplicado é aproveitado pela lavoura.

Neste artigo você poderá saber mais sobre a dinâmica do fósforo no solo e como aplicar esse conhecimento na lavoura.

>> Tudo o que você precisa saber sobre cálculo de calagem (+calcário líquido)

Veja também aqui como otimizar o manejo desse nutriente na sua propriedade! Confira:

rendimento-grãos-fósforo

(Fonte: Sousa et al. (2016) em Embrapa)

Entenda a importância da fosfatagem para os solos brasileiros

Os solos tropicais são aqueles antigos, que já passaram por alto intemperismo.

Ou seja, em áreas tropicais ocorrem altas temperaturas e alta frequência de chuvas, acelerando os processos de formação de solo, o chamado intemperismo.

É por causa disso, do alto intemperismo, que temos solos no Brasil com baixa fertilidade e ricos em óxido de ferro e alumínio.

Assim temos solos com baixíssimos teores de fósforo, e quando aplicamos algum fertilizante fosfatado os óxidos de ferro e alumínio se ligam ao fósforo, formando compostos que a planta não consegue absorver.

Desse modo as adubações são ineficientes e você perde dinheiro ao invés de ganhar produtividade.

A fosfatagem é a prática que fazemos para que isso não ocorra.

Com os cálculos corretos, que você verá ao longo do texto como fazer, sabemos a dose ideal para que o fósforo do solo fique disponível para as plantas.

>> Curiosidades sobre calagem em 5 casos especiais

Mas afinal, o que é fosfatagem?

Fosfatagem é a técnica de correção de fósforo do solo com aplicação via fertilizantes minerais, sendo os mesmos incorporados ou não no perfil do solo.

Essa é uma prática que tem como objetivo a elevação da disponibilidade de fósforo do solo para níveis adequados.

No Cerrado por exemplo, consideramos os seguintes níveis de fósforo:

níveis-fósforo-cerrado

Interpretação da análise de fósforo no Cerrado pelos métodos da resina trocadora de íons e Mehlich-1 para culturas anuais em geral, com base em amostras de solo coletadas na camada de 0 cm a 20 cm

(Fonte: Sousa et al. (2004) em Embrapa)

Abaixo você também pode conferir os diferentes níveis de fósforo para a cultura de arroz:

níveis-fósforo-arroz

(Fonte: Sousa et al. em Campos & Negócios)

Agora que você viu a importância da fosfatagem para os cultivos no Brasil, vamos entender mais sobre cada forma em que o fósforo pode estar no solo:

>> Como fazer calagem e gessagem nas culturas de soja, milho e pastagem

Cálculo da fosfatagem

Para começar o cálculo temos que ter em mente que para aumentar 1mg/dm³ de P precisamos colocar no solo, em média, 10 Kg/ha de P2O5.

Dentro desse contexto e considerando os diferentes solos do Brasil temos alguns métodos e recomendações de fosfatagem.

>> Como fazer manejo de fósforo para aumentar a produção de cana

Recomendação de fosfatagem por Vitti e Mazza

Os autores Vitti e Mazza fizeram uma recomendação de fosfatagem para quando a análise de solo para quantificação de fósforo for por resina.

Assim, eles recomendam a fosfatagem quando:

  • CTC menor que 60 mmolc/dm³ (6 cmolc/dm-3 ) ou
  • Argila menor que 30% e P resina menor ou igual 15 mg/dm3

Sendo indicado a adição de 5 kg de P2O5 a cada 1% de argila.

Para exemplificar, considere o seguinte solo:

CTC =  4 cmolc/dm³ ;

Argila = 45%;

P resina = 20mg/dm³

Assim, devemos fazer a fosfatagem porque, embora o P resina seja maior que 20 mg/dm³, a CTC é menor que 6 cmolc/dm³.

Além disso, a dose de P2O5 seguindo esse método seria de 45% de argila x 5 Kg de P2O5 =  225 Kg de P2O5/ha.

Recomendação de fosfatagem por Souza e Lobato

Para análise de solo pelo método Mehlich, Souza e Lobato indicam:

metodo-calculo-fosfatagem-souza-lobato

(Fonte: Souza e Lobato em Vitti et al. 2014)

Cálculo da fosfatagem por Sousa et al. 2006 (para região do Cerrado e culturas anuais)

Os autores Sousa et al. criaram um método de cálculo de fosfatagem para a região do Cerrado e, especialmente, para culturas anuais, como soja e milho.

Esse método é baseado na capacidade tampão de fósforo do solo (CTP).

Ou seja, é a dose de P2O5 que precisamos colocar no solo para elevar em 1 mg/dm³ o teor de P na camada amostrada de 0 cm a 20 cm do solo.

Esse valor de CTP varia com a textura do solo e a extração de fósforo na análise de solo, como mostra a tabela abaixo:

tabela-fosforo-culturas-anuais-cerrado

(Fonte: Sousa et al. (2006) em Embrapa)

Lembrando que o valor de fósforo desejado para que você atinja 80% do potencial da cultura você pode verificar à esquerda na tabela acima.

Como por exemplo, se eu tenho um solo com 55% de argila, minha análise de solo deve mostrar 8 mg/dm³ de P pelo método Mehlich-1 ou 15 mg/dm³ pelo método de resina.

Note que a análise de solo pelo método Mehlich-1 é mais detalhado e pode mostrar maiores diferenças nas doses de P.

>> Como conseguir mais nutrientes para sua lavoura com adubação verde

Com sua análise de solo em mãos e após verificar a tabela acima, é só colocar os valores na fórmula:

Dose de P (kg/ha de P2O5) = (Teor desejado de P mg/dm³ – Teor atual de P mg/dm³) x CTP

Vamos para um exemplo considerando o seguinte solo:

  • 57% de argila;
  • Análise do solo pelo método resina : 8 mg/dm³
  • Análise do solo pelo método Mehlich-1: 5 mg/dm³

Aplicando a fórmula:

Análise de solo pelo método Resina

O valor de fósforo desejado é de 15 mg/dm³ e a CTP de 16 conforme vimos na tabela, portanto:

Dose de P (kg/ha de P2O5) = (15 – 8) x 16 = 112 Kg/ha de P2O5

Análise de solo pelo método Melich-1

O valor de fósforo desejado é de 7 mg/dm³ e a CTP de 37 conforme vimos na tabela, portanto:

Dose de P (kg/ha de P2O5) = (7-4) x 37 = 111Kg/ha de P2O5

Esse método é mais exato do que o uso de tabelas.

>> Como fazer amostragem de solo com estes 3 métodos diferentes

Dessa maneira, os autores criaram outras fórmulas para o cálculo de fosfatagem para culturas anuais no Cerrado como veremos a seguir:

Cálculo da fosfatagem por Sousa et al. 2016 (para região do Cerrado e culturas anuais)

Também podemos fazer o cálculo para culturas anuais e no Cerrado por meio das equações abaixo.

Mas atenção, pois essas fórmulas só são válidas para solos com teores de argila de até 70%!

Metodo-cerrado-anual

(Fonte: Sousa et al. 2016 em Embrapa)

Cálculo do custo da fosfatagem

Devemos considerar no custo do adubo também o frete até a entrega na propriedade.

Assim, temos a fórmula:

P2O5 (R$/kg) = Custo da tonelada de produto na propriedade / Teor de P2O5 na tonelada

Para saber o custo da tonelada você deverá orçar na sua região.

O teor de P2O5 por tonelada  você pode verificar quando fizer o orçamento, sendo que aqui temos os valores para o Supertriplo e Supersimples:

Supertriplo : Em 1 tonelada há 420 kg de P2O5.

Supersimples: Em 1 tonelada há 180 kg de P2O5.

Vamos para um exemplo:

Preço do Supertriplo na propriedade= R$ 1340 por tonelada

P2O5 (R$/kg) do Supertriplo= 1340 / 420 = R$ 3,19/ Kg de P2O5

Preço do Supersimples na propriedade= R$ 1150 por tonelada

P2O5 (R$/kg) do Supersimples = 1150 / 180 = R$ 14,375/ Kg de P2O5

Dessa forma, mesmo que o Supersimples pareça mais barato, na verdade o que compensa mais nesse caso é o Supertriplo.

Mas para saber qual foi o seu custo total  da fosfatagem você precisa levar em conta as despesas do maquinário e dos operadores.

Além disso, é importante saber qual foi o custo do fertilizante por hectare para observar o quanto essa prática foi rentável

Você pode contabilizar esses custos em papéis ou planilhas, porém fica muito mais fácil e prático por meio de um software agrícola:

custo-realizado-gestão-rural

Agora vamos conhecer as principais formas de fósforo no solo e suas relações com a fosfatagem:

>> Guia para iniciantes sobre Agricultura de Precisão (AP)

Fosfatagem e as formas do fósforo no solo

Fósforo fixado

Essa é a forma que mais se ouve falar quando estamos conversando sobre o fósforo.

E não é pra menos, é essa a forma de fósforo que está combinada com outros elementos, especialmente ferro e alumínio, não podendo ser absorvidos pelas plantas.

Podemos manejar a fixação aplicando mais fósforo do que o solo em questão pode fixar, permitindo que sobre nutriente para as plantas absorverem.

É possível também aplicar o fósforo bem próximo à planta (como no sulco de semeadura).

Ou ainda podemos fazer a adubação em momentos críticos da cultura, assim ela pode absorver o fósforo antes que ele seja fixado.

Lembrando que a quantidade de fósforo fixado depende das características do solo, sendo que quanto mais óxido de ferro e alumínio ele possuir, maior será a fixação.

Além disso, a reação com as argilas, principalmente aquelas com relação 1:1 de sílica:alumínio, como as caulinitas, é outra maneira de fixação do fósforo.


Fósforo imobilizado

O fósforo imobilizado é aquele na forma orgânica, também não assimilável pelas plantas.

No entanto, com a mineralização da matéria orgânica ele pode se tornar disponível no solo.


Fósforo adsorvido

É quando o fósforo está ligado aos colóides (partículas) do solo, podendo ser disponível para as plantas por meio de trocas com as raízes.

Fósforo assimilável

A forma assimilável é o fósforo diluído na solução do solo, sendo facilmente absorvido pela lavoura.

Fósforo disponível

Como acabamos de ver, o fósforo disponível é a soma do fósforo adsorvido e o fósforo assimilável.

Importância do fósforo na planta

O fósforo atua no armazenamento e fornecimento de energia, além de fazer parte da fotossíntese e respiração.

Esse nutriente ainda estimula o crescimento da planta, estimulando também a nodulação de raízes e eficiência da fixação biológica de nitrogênio no caso de leguminosas.

Ao contrário do que ocorre no solo, na planta o fósforo é muito móvel.

É por isso que em caso de deficiência o fósforo move-se dos tecidos velhos para os mais novos, sendo a deficiência visualizada nas folhas mais velhas das plantas.

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(Fonte: Adaptado de Monteiro, Carmello e Dechen)

Agora que sabemos mais sobre a importância do fósforo, veremos como aplicá-lo a seguir:

>> 3 maneiras de lucrar mais com um software de gestão agrícola

Como fazer a aplicação da fosfatagem

O fósforo é pouco móvel no solo e, por isso, sua incorporação no perfil é mais eficiente em termos de respostas da produtividade.

Essa pouca mobilidade no solo é devido ao fato de que o fósforo é facilmente fixado nos solos tropicais, como os do Brasil.

A fixação aumenta com o tempo de contato entre o fósforo e as partículas do solo.

Por isso, a utilização mais eficiente do fósforo ocorre pela aplicação logo antes do plantio da safra, após calagem e gessagem.

Desse modo, as plantas conseguem absorver o fósforo antes que o mesmo seja fixado.

Também é por isso que a prática de aplicação de fósforo em sulcos de semeadura é tão eficiente.

Você pode fazer sua aplicação de fósforo de dois modos:

>> Como saber seu custo de produção agrícola

Fosfatagem com aplicação em faixas

Quanto maior contato do fósforo com o solo, maior será sua fixação.

A aplicação em faixas busca diminuir esse problema, colocando o fósforo apenas nas faixas e plantio.

No entanto, em áreas de plantio direto recomenda-se que seja alternado a aplicação em faixas com a aplicação em área total.

Isso garante o fornecimento de fósforo na planta em seus primeiros estádios, favorecendo seu desenvolvimento.

Fosfatagem com aplicação em sulco

A aplicação de fósforo em sulco é comum para que a planta tenha esse nutriente logo no começo de seu desenvolvimento, favorecendo a produção.

Como já falamos, a dose da fosfatagem pode ser adicionada à adubação de base (no sulco), sendo parcelada em até 5 cultivos.

Essa é uma forma econômica e prática de aplicação, mas que, normalmente, gera apenas pequenas faixas de solo com níveis adequados de fósforo, e não a área toda.

fosfatagem

(Fonte: Agrimaisonline)

Fosfatagem com aplicação em área total

A aplicação em área total é muito utilizada, permitindo que altas doses sejam colocadas no solo sem danificar a planta.

O suprimento de fósforo em uma maior área também favorece o crescimento de raízes, oferecendo um reservatório maior de umidade e nutrientes.

Dependendo da situação de seu solo e seu sistema de produção um tipo de aplicação é mais indicada.

Por exemplo, solos com grande poder de fixação de fósforo talvez seja mais indicado a aplicação em faixas, enquanto outros podem fazer em área total.

> Tudo o que você precisa saber sobre área de refúgio para plantas Bt [Infográfico]

Custos envolvidos na aplicação da fosfatagem

Nem sempre é fácil ter dinheiro o suficiente para, além de todos os custos de produção, realizar a fosfatagem em uma única aplicação.

Os preços dos fertilizantes fosfatados e as altas doses que alguns solos podem precisar, inviabiliza totalmente a aplicação dessa dose toda de uma vez.

Nesse caso, você pode acrescentar na aplicação no sulco de semeadura a dose de correção, mas parcelando essa quantidade em vários cultivos.

Assim, após alguns anos você aplicou a dose total recomendada na correção.

No entanto, não faça esse parcelamento em mais de 5 cultivos para que o nível de fósforo atinja os níveis adequados.

>> 4 motivos pelos quais você não deve ignorar cigarrinha-do-milho

O que impacta na disponibilidade de fósforo do meu solo?

Quantidade e tipo de argila

Quanto maior a quantidade de argila, maior será a fixação de fósforo.

Além disso, a argila do tipo caulinita, óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio e minerais de argila amorfos, fixam mais o fósforo dos fertilizantes.

Aeração

A aeração é essencial para decomposição da matéria orgânica do solo, fonte de fósforo, e para o crescimento de raízes.

Em áreas compactadas tanto a decomposição orgânica quanto o crescimento das raízes não ocorre, prejudicando a planta como um todo e a disponibilidade de fósforo para a planta.

Umidade

Uma maior quantidade de água no solo faz com que o fósforo se solubilize mais, ficando mais disponível.

Mas é claro que o excesso de água reduz a aeração e também pode ser prejudicial para a disponibilidade desse nutriente.

Níveis de fosfato no solo

Dependendo do nível de fosfato no solo a disponibilidade será diferente.

Em casos de solos que receberam fertilizantes de fósforo por muito tempo é possível que os níveis sejam altos, com maior disponibilidade para a planta.

Para saber os níveis de fosfato no solo devemos fazer a análise de solo periodicamente.

Outros nutrientes

A aplicação de cálcio em solos ácidos como os nossos aumentam a disponibilidade de fósforo, enquanto que zinco a limita.

pH do solo

O fósforo se encontra nas suas formas mais disponíveis para as plantas quando o pH do solo está na faixa de 5,5 a 7.

Desse modo, a calagem é um método de melhoria da fixação de fósforo, já que a prática libera íons OH‾ que tomam o lugar do fósforo fixado.

Isso é um dos benefícios indiretos da calagem que poucos conhecem.

fixação-fósforo-solo

(Fonte: International Plant Nutrition Institute – IPNI)

Conclusão

A fosfatagem é uma importante prática para os solos brasileiros, garantindo o fornecimento adequado de fósforo para nossas culturas.

Aqui nós vimos que existem diferentes modos de aplicação e métodos de cálculo para essa medida.

Com o controle completo de sua fazenda você consegue verificar quais são as melhores escolhas para a sua propriedade, considerando a parte financeira e agronômica.

Verifique a condição de seu solo e consulte suas opções, por fim utilize as informações deste artigo e faça boas escolhas na hora da fosfatagem!

>> 4 Principais inseticidas para combater pragas de grãos

>> Tudo o que você precisa saber sobre plantas daninhas na pré-safra

>> 9 plantas daninhas resistentes a herbicidas (+3 livros e guias para controlar)

>> Como fazer o controle de plantas daninhas na pré-safra

Gostou do texto? Tem mais alguma dúvida sobre fosfatagem? Você costuma realizar essa prática na sua propriedade? Deixe seu comentário abaixo!

Como fazer manejo de fósforo para aumentar a produção de cana

Neste texto iremos abordar como fazer fosfatagem em cana-de-açúcar e aumentar sua produtividade. Confira!

Para uma ótima produção de cana você precisa se atentar a muitas coisas na sua lavoura.

Você sabe que a adubação é muito importante para a produtividade da sua cultura, e o fósforo é um nutriente essencial para as plantas.

A utilização de fertilizantes fosfatados pode aumentar a produção de colmos e o rendimento de açúcar da cana-planta.

Mas na hora de fazer o manejo desse solo sempre temos dúvidas.

Por isso, reunimos aqui as principais e mais importantes informações para entender essa adubação.

Com esse conhecimento poderemos manejar o fósforo de forma econômica e aumentar  produtividade de nosso canavial. Confira:

Importância do fósforo para as plantas

O fósforo é um macronutriente e é essencial para as plantas.

Veja o porquê este nutriente é importante para as plantas (algumas funções do fósforo):

Observando essas funções, o que acontece com a planta quando há deficiência de fósforo?

>> Gessagem: Tudo o que você precisa saber sobre está prática agrícola

Deficiência de fósforo nas plantas

Quando ocorre deficiência de fósforo, as plantas apresentam o crescimento retardado.

Além disso, esse nutriente é móvel nas plantas, ao contrário do que ocorre no solo.

Por isso, este nutriente move dos tecidos mais velhos para os mais novos.

Assim, as vezes você pode observar um escurecimento ou coloração roxo/vermelho das folhas mais velhas que estão com deficiência de fósforo.

Em cana-de-açúcar além da coloração das folhas, também ocorre colmos menores, folhas estreitas e curtas e poucos perfilhos.

fosfatagem em cana-de-açúcar

(Fonte: Foto de J. Orlando Filho em Encarte do Informações Agronômicas)

E como o fósforo se apresenta no solo?

>> Como fazer calagem e gessagem nas culturas de soja, milho e pastagem

Como manejar o fósforo no solo: Conceitos importantes

No solo há duas formas de fósforo:

Orgânico: originário dos resíduos vegetais adicionados ao solo, do tecido microbiano e dos produtos de sua decomposição.

Inorgânico: o fósforo dos minerais primários ou estruturais (fixado) e o fósforo adsorvido, além do fósforo da solução do solo (assimilável).

O fósforo é pouco móvel no solo e os solos brasileiros normalmente são deficientes desse nutriente.

O motivo da pouca mobilidade é por ele reagir com o ferro, alumínio, argilas, matéria orgânica, formando compostos insolúveis não aproveitáveis pelas plantas.

É o que chamamos de fixação do fósforo no solo.

Por isso, o seu aproveitamento pela planta é de 10 a 25% de todo o fósforo que foi aplicado no solo.

>> Tudo o que você precisa saber sobre cálculo de calagem (+calcário líquido)

Normalmente, é um  nutriente que a planta requer em menor quantidade em comparação ao nitrogênio e potássio.

Mas, você pode estar pensando em algumas fórmulas de adubos NPK que apresentam a quantidade de fósforo em maior quantidade. Então, vamos entender o porquê disso.

Exemplo de fórmula NPK: 5-30-25

Esse adubo contém: 5% de nitrogênio (N), 30% de fósforo (P) e 15% de potássio (K).

Normalmente, P e K estão na forma de óxido nos fertilizantes, como P2O5 e K2O.

Você observa que há maior quantidade de fósforo, mesmo que seja um nutriente normalmente exigido em menor quantidade pelas plantas como já falamos.

Mas deve ser aplicado em maiores quantidades nos solos brasileiros, devido à sua baixa disponibilidade natural e grande afinidade da fração mineral do solo por este elemento.

O fósforo que foi fixado no solo pode ser liberado para as plantas quando realiza correção do solo, como a calagem.

Fosfatagem em cana-de-açúcar: O papel do fósforo

A fosfatagem tem um papel crucial no desenvolvimento da lavoura de cana.

O fósforo é absorvido da solução do solo pelas raízes das plantas, principalmente pela forma do íon ortofosfato (H2PO4).

O P na cana-de-açúcar é muito importante para a produtividade da cultura, principalmente para a brotação da planta.

A falta desse nutriente limita o crescimento da cultura, além de ser essencial em diversas funções da planta.

Aliás, a falta de fósforo na cana-de-açúcar aumenta a produtividade de cana-de-açúcar, mas não há incrementos significativos no ATR (açúcar total recuperável).

Desse modo, os ganhos em açúcar se dão à maiores produções de toneladas de cana.

Além disso, o fósforo contribui na qualidade da cana dentro do processo industrial, já que a cana com bons níveis de P requer menores adições de ácido fosfórico no processo de clarificação.

A deficiência de fósforo também atrapalha os processos industriais, como na decantação das impurezas na produção de açúcar.

Neste estudo abaixo, a adição das doses crescentes de P2O5 aumentou a produção de colmos e rendimento de açúcar, ou seja, houve aumento da produtividade.

fosfatagem-cana-de-açúcar

Produção de colmos de cana-planta, cultivar IAC 95-5000, em função da aplicação de doses de P2O5 utilizando fertilizante organomineral

(Fonte: Teixeira et al., 2014)

Nesse sentido, veja a extração dos macronutrientes na cultura da cana-planta.

fosfatagem-cana-de-açúcar

(Fonte: Yara adaptado de Oliveira, 2011)

Lembrando que a cana-planta é assim chamada até a realização de seu primeiro corte.

Como a cultura da cana-de-açúcar é considerada uma cultura semi-perene, ou seja, pode ficar no campo entre 4-6 anos, do segundo corte em diante é chamada de cana-soca.

>> Como conseguir mais nutrientes para sua lavoura com adubação verde

Para o adequado fornecimento de fósforo na cana precisamos antes realizar a análise do solo e interpretá-la:

Interpretando os níveis de fósforo na sua análise de solo

Em solos tropicais, como os do Brasil, há deficiência de fósforo devido a elevada fixação do nutriente com outros componentes do solo (como já vimos neste texto).

Por isso, é muito importante você realizar a análise do solo para conhecer os níveis de fósforo no seu solo.

Esta análise deve ser realizada em laboratórios de análise de solo credenciados.

Podemos basear nossa interpretação pela tabela abaixo para todos os macro e micronutrientes, além do fósforo:

fosfatagem-cana-de-açúcar

(Fonte: Tabela adaptada do livro Adubação da cana-de-açúcar: 30 anos de experiência, Penatti, 2013)

Após interpretar sua análise de solo é hora de definir uma recomendação de aplicação para fósforo:

>> Adubação verde e cultura de cobertura: Como fazer?

Recomendações de fósforo em cana-de-açúcar para aumento da produção

Muitas vezes é recomendado a aplicação de uma só vez de toda a quantidade de fósforo necessária para os próximos 5 cortes no plantio da cana-planta.

Ou seja, aplicar uma dose única de fertilizante fosfatado antes do plantio (a lanço) buscando que esse nutriente esteja disponível ao longo de 5 anos ou mais.

No entanto, se o seu solo precisar de fosfatagem (veremos a seguir quando isso ocorre) e você optar por realizar essa prática antes ou no plantio, os custos de implantação do canavial serão altos.

Por isso, tenha em seu planejamento agrícola o quanto isso vai custar e se há capital para todo esse investimento.

Em alguns casos, também pode ser recomendado a adição de uma dose superior de fósforo no sulco de plantio como forma de fosfatagem.

Dessa forma você poderia diluir seus custo ao longo dos anos, diluindo a dose de fosfatagem ao longo dos cultivos.

No entanto, a fosfatagem localizada dessa forma não trará o benefício de maior exploração das raízes no solo.

Portanto, veja com o manejo de fósforo mais compatível com seus objetivos e seu capital.

>> Diminua seus custos com um Planejamento Agrícola Bem Feito

Veja esta tabela que mostra a adubação fosfatada para cana-planta.

tabela-cana-planta

Recomendação de adubação fosfatada para cana-planta

(Fonte: Boletim 100 IAC)

Para cana-soca, muitas vezes, recomenda-se utilizar calcário, especialmente quando o nível de fósforo está próximo do adequado.

Isso porque, como já vimos neste texto, o calcário pode liberar fósforo fixado no solo para as plantas.

>> Curiosidades sobre calagem em 5 casos especiais

>> O que você precisa saber sobre as diferenças entre calagem e gessagem

Assim, a aplicação de fósforo na cana-soca depende muito da análise do solo da soqueira.

Por vezes, a adubação de fósforo em cana-soca ajuda a diluir os custos da implantação do canavial, ao invés de aplicar todo o fósforo em uma única dose.

Porém, temos a tendência de maior fixação de fósforo nesses casos.

Por isso, damos tanta importância para o conhecimento do seu solo e planejamento agrícola, já que é assim que você verificará o que mais compensa.

>> Planejamento agrícola: 6 mandamentos que você deveria seguir

Veja esta tabela que mostra a adubação fosfatada para cana-soca.

tabela-cana-soca

Recomendação de adubação fosfatada para cana-soca

(Fonte: Boletim 100 IAC)

Não se esqueça de procurar um(a) engenheiro(a) agrônomo(a) para te auxiliar nesta prática agrícola.

O que é fosfatagem e como utilizá-la a nosso favor

Fosfatagem é o processo agrícola que se aplica fósforo no solo da sua propriedade, elevando os níveis desse nutriente em seu solo.

Desse modo, conseguimos fornecer fósforo adequadamente aos nossos canaviais, mesmo com a dificuldade desse nutriente em solos brasileiros.

Normalmente, recomenda-se para cana-de-açúcar que se na análise de solo o P analisado em resina estiver abaixo de 10-15 mg/dm3 deve-se realizar fosfatagem.

Fosfatagem no plantio da cana

Recomenda-se fosfatagem a lanço e incorporar próximo do plantio.

Mesmo ocorrendo aplicação de fósforo no sulco de plantio pela aplicação de NPK, é necessário a fosfatagem caso seu solo esteja abaixo de 10-15 mg/dm³ (P-resina).

É importante também a escolha do fertilizante para a cultura da cana-de-açúcar, a qual deve ser relacionada à análise de solo.

>> Como fazer amostragem de solo com estes 3 métodos diferentes

Muitas vezes é utilizado o Superfosfato Simples, que além de ter na composição P, também apresenta Enxofre e Cálcio, sendo utilizado para aumentar os níveis também desses nutrientes.

O Superfosfato Simples tem a liberação em curto prazo, com durabilidade de cerca de 2 anos.

Outro fertilizante que está sendo bastante recomendado para a cultura da cana-de-açúcar é o Fosfato Natural Reativo (FNR).

O fosfato natural reativo tem cerca de 29% de P.

Mas algo muito interessante desse fertilizante é que ele tem liberação de curto e longo prazo.

Esta liberação de curto e longo prazo é muito importante para culturas como cana-de-açúcar e pastagem, que são culturas semi-perenes e perenes.

Assim, há liberação do fósforo no curto prazo e também no terceiro ou quarto anos após o uso do fosfato natural reativo.

Aqui falamos somente de alguns fertilizantes fosfatados, mas existem muitos outros disponíveis.

Veja como é a cadeia de produção de fertilizantes na figura abaixo.

fertilizantes-fosfatados-produção

(Fonte: Dias e Fernandes (2006) em BNDES)

Agora veremos os principais fertilizantes fosfatados para que você os conheça melhor e faça uma escolha mais segura na próxima vez que for comprar um fertilizante desse tipo:

Principais fertilizantes fosfatados

Fosfato de amônio

É composto de amônia com ácido fosfórico. Há dois tipos principais.

  • Fosfato Diamônio (DAP): concentração de 16% de N e 38 a 40% de P2O5.
  • Fosfato monoamônico (MAP): concentração 10% de N e 46 a 50% de P2O5.

Aliás, esses são muito utilizados nas indústrias de fertilizantes para a formulação de misturas NPK.

Superfosfato simples

Concentração de 16 a 18% de P2O5, 10 a 12% de enxofre e 18 a 20% de Ca.

Superfosfato triplo

Tem concentração de 41 a 46% de P2O5 e 7 a 12% de Ca.

O processo é semelhante à produção do supersimples, mas o produto tem maior concentração de fósforo.

Termofosfato

Possui concentração de 8 % de P2O5, 9% de Mg, 20% de Ca e 25% de SiO4.

fertilizantes-fosfatados

(Fonte: Agronomia com Gismonti)

Falando em fertilizantes, veremos agora qual a eficiência dos mesmos para nutrir o canavial:

Fatores que afetam a eficiência dos fertilizantes e corretivos agrícolas

Segundo a ANDA, existem fatores diretos e indiretos que podem afetar a eficiência do uso de fertilizantes e corretivos agrícolas na sua propriedade.

Fatores diretos

  • Qualidade dos fertilizantes e corretivos agrícolas;
  • Características do solo;
  • Época de aplicação;
  • Forma de aplicação;
  • Uniformidade e distribuição;
  • O pH do solo é muito importante, existindo uma faixa ideal que os nutrientes ficam disponíveis para as plantas absorverem;
pH-e-disponibilidade-nutrientes

(Fonte: Malavolta, 1979 em Agronomia com Gismonti)

  • Recomendação equilibrada, qualitativa e quantitativa: Lei do mínimo de Liebig

Ademais, não adianta você somente colocar um nutriente no solo e faltar outros, tudo precisa estar em equilíbrio. É isto que a imagem abaixo mostra.

Lei do mínimo de Liebig

(Fonte: IB USP adaptado de Lepch, 1976)

Fatores indiretos

  • Umidade do solo;
  • Espécie da planta (cultura);
  • Conservação do solo; e outros

Você já deve ter ouvido falar em utilizar torta de filtro e vinhaça no canavial. Vamos entender o uso desses produtos.

Como utilizar torta de filtro no canavial e melhorar a fosfatagem em cana-de-açúcar

Torta de filtro é um importante resíduo da indústria sucroenergética, proveniente da filtração do caldo extraído das moendas no filtro rotativo.

A concentração da torta de filtro é constituída de cerca de 1,2 a 1,8% de fósforo e cerca de 70% de umidade quando saí do processo.

Além disso, este resíduo pode substituir ou diminuir a adubação de fosfatagem em cana-de-açúcar.

No gráfico abaixo, você pode observar que ocorreu aumento da produtividade média dos colmos de cana-de-açúcar com o aumento da aplicação de doses de torta de filtro.

doses-torta-de-filtro-fósforo

(Fonte: FRAVET et al., 2010)

Além do aumento de produtividade, alguns trabalhos mostram que a aplicação da torta de filtro aumenta os teores de Cálcio (Ca) e Fósforo (P) no solo e apresentou melhorias nas camadas de 20-40 cm.

Uso da vinhaça na cana-de-açúcar também pode interferir no fósforo

Vinhaça é um resíduo que sobra da destilação do caldo para a obtenção de etanol.

A vinhaça apresenta grandes quantidades de matéria orgânica e potássio.

Pode conter quantidades apreciáveis de nitrogênio, fósforo, cálcio, magnésio e outros.

Por isso, pode ser utilizado como fertilizante (fertirrigação).

Veja na fórmula abaixo como você pode calcular a quantidade de vinhaça que deve ser aplicada na sua cultura de cana-de-açúcar.

vinhaça-fosforo-doses

(Fonte: Única – Estado da arte da Vinhaça)

Conclusão

Neste texto foram discutidas algumas funções do nutriente fósforo e como ele é importante para a produtividade da cana-de-açúcar.

Além disso, vimos como esse nutriente se comporta no solo e na planta e como fazer a fosfatagem em cana-de-açucar.

Também falamos sobre a adubação com torta de filtro e vinhaça na cultura da cana-de-açúcar.

E como sempre enfatizo nos textos, antes de tudo faça o planejamento das suas atividades para realmente obter resultados comprovados.

Assim, conheça o seu solo através de sua análise, veja qual melhor fertilizante e tipo de aplicação se adequa a sua propriedade e alcance produtividades ainda maiores!

Leia mais:

>> O que é administração rural e como usar em sua propriedade

>> O que você precisa saber sobre regulagem e manutenção de implementos agrícolas

>>  [Infográfico] 4 Desafios de ser um líder em uma empresa rural

>> Guia para iniciantes sobre Agricultura de Precisão (AP)

Você utiliza adubação fosfatada na sua propriedade? Qual a diferença da adubação fosfatada da cana-planta e da cana-soca que você utiliza? Você realiza análise de solo da sua propriedade? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Como fazer amostragem de solo com estes 3 métodos diferentes

Amostragem de solo: quais são os tipos, o objetivo, sua importância, o que esperar para o futuro dessa técnica e muito mais!

Na análise de solo, são utilizadas pequenas porções de terra para avaliação das características físico-químicas. Para isso, é preciso que as amostras retratem bem a variabilidade local, a fim de representar toda a área da sua fazenda

Somente assim, é possível fazer o uso racional de insumos como gesso agrícola, calcário e adubos. Na agricultura de precisão, a amostragem do solo é feita por diferentes métodos. 

Neste artigo, saiba mais sobre cada um deles, veja como será o futuro da amostragem de solo e entenda quais os equipamentos necessários para o processo. Boa leitura!

O que é a amostra composta de solos?

A amostragem é a primeira etapa da análise do solo. Ela consiste na coleta de uma porção de terra de diversos pontos da propriedade, que juntas formam a amostra composta. O objetivo da amostragem do solo é ter uma visão completa da situação do solo na lavoura.

Através dela, são feitas a análise química e física, a avaliação da fertilidade do solo e da textura. Se a amostragem for feita de maneira errada, ela não reflete a real condição do solo. Consequentemente, isso implica em erros na recomendação de calagem e adubação.

Isso quer dizer que erros envolvendo a amostragem do solo não podem ser corrigidos posteriormente. É fundamental que as amostras enviadas ao laboratório de análise de solo sejam representativas da área a ser cultivada. 

Como fazer amostragem georreferenciada na fazenda?

Na agricultura de precisão, existem dois métodos para amostragem de solo: a amostragem em grade (por ponto e por célula) e a amostragem direcionada. Em ambos, os pontos passam por georreferenciamento

Ou seja, os locais onde as amostras foram coletadas têm a sua posição no espaço conhecida pelas coordenadas geográficas. Isso possibilita o mapeamento preciso da área e dos atributos avaliados. A seguir, confira os diferentes tipos de amostragem de solo. 

Em grade por ponto

Na amostragem em grade por ponto, o terreno é dividido em áreas menores, com formato quadrado ou retangular. Dentro de cada área é determinado um ponto georreferenciado. Esse ponto pode estar posicionado no centro da célula ou de forma aleatória. 

Amostragem em grade por ponto
Amostragem em grade por ponto
(Fonte: Revista Cultivar)

Nesse método, as subamostras de solo são coletadas ao redor do ponto georreferenciado. É indicado coletar de 8 a 12 subamostras por ponto num raio de 3 metros  a 5 metros. Depois da coleta, as subamostras são misturadas para formar a amostra composta.

Quanto maior o número de subamostras, mais confiáveis serão os resultados. Em contrapartida, maior será o custo e o  tempo demandado para coleta.

Uma vez que esses pontos de amostragem são georreferenciados, eles podem ser processados e interpolados. Dessa maneira, é possível criar mapas em função das variáveis que estão sendo analisadas. 

Abaixo, você pode conferir um mapa de fertilidade gerado a partir da interpolação dos dados obtidos na amostragem em grade por ponto. O processo de interpolação serve para estimar valores em locais não amostrados, completando o preenchimento do mapa.

Geração do mapa de fertilidade por meio da interpolação de dados obtidos por amostragem em grade
Geração do mapa de fertilidade por meio da interpolação de dados obtidos por amostragem em grade
(Fonte: Agricultura de Precisão – Boletim Técnico 02)

Em grade por célula

Na amostragem em grade por célula, os talhões são divididos em áreas menores, chamadas células. Essas células não precisam ter tamanho regular. Nesse caso, dentro da área de cada célula, são coletadas subamostras de solo, normalmente em zigue-zague.

Essas subamostras são posteriormente misturadas de maneira homogênea, dando origem a amostra composta que será enviada ao laboratório. Assim, o resultado obtido a partir da análise da amostra composta representa toda a área da célula.

Quando comparada à amostragem por ponto, a amostragem por célula exige menor investimento, uma vez que o número de pontos amostrais é menor.

Mapa de fertilidade obtido por amostragem em grade por célula
Mapa de fertilidade obtido por amostragem em grade por célula
(Fonte: Agricultura de Precisão – Boletim Técnico 02)

Amostragem direcionada

O indicado é que a amostragem direcionada seja utilizada por produtores já familiarizados com a agricultura de precisão. Afinal, nesse tipo de amostragem, você precisará de informações como o tipo de solo, relevo e produtividade em mapas das safras passadas

Ou seja, ter uma base de dados e conhecer o histórico da área é fundamental. É preciso ter em mãos alguns dados como NDVI (índices de vegetação), mapas de produtividade, mapas topográficos e mapas de tipos de solo para realizar a amostragem.

O objetivo da amostragem de solo direcionada não é gerar novos mapas, e sim tentar explicar as causas da variabilidade dentro da lavoura. Nesse caso, os pontos amostrais são definidos a partir de dados já coletados, como mapas e imagens de satélite. 

Isso quer dizer que esses pontos não são distribuídos na área de maneira uniforme.

Amostragem direcionada com base em mapa de produtividade
Amostragem direcionada com base em mapa de produtividade
(Fonte: Agricultura de Precisão – Boletim Técnico 02)

Agora, veja quais são os equipamentos utilizados nesse processo.

Equipamentos necessários para amostragem de solos

Atualmente, já estão disponíveis no mercado os amostradores de solo com motores a combustão interna, além dos elétricos, hidráulicos ou pneumáticos. Os elétricos são mais leves e práticos

Entretanto, vale lembrar que os amostradores elétricos são menos potentes e servem apenas para solos menos argilosos. Ainda, a coleta da amostra de solo pode ser feita com o auxílio de diferentes equipamentos, como:

  • trado (rosca, calador, caneca, holandês, fatiador);
  • cavadeira;
  • enxadão;
  • pá reta (pá vanga).
Amostrador de solo elétrico alimentado à bateria automotiva
Amostrador de solo elétrico alimentado à bateria automotiva
(Fonte: Saci Soluções)

Solos compactados e pesados exigem um amostrador hidráulico ou a combustão. No entanto, esses equipamentos são mais pesados e difíceis de operar manualmente.

Também é comum o acoplamento desses equipamentos em caminhonetes, quadriciclos, tratores ou veículos utilitários. Ainda, há empresas específicas que fornecem o conjunto de veículo e amostrador prontos para uso, separação e identificação das amostras.

Amostrador de solo com comando automático
Amostrador de solo com comando automático
(Fonte: Saci Soluções)

Futuro do mercado de amostra de solo

Atualmente, estão surgindo no mercado equipamentos para realizar a medição dos atributos do solo em campo e em tempo real. Existem aparelhos de raio-X, lasers e scanners que quantificam os nutrientes das amostras de maneira mais rápida.

No Brasil, temos a SpecSolo, que realiza análises de solos por infravermelho próximo. Os resultados são gerados mais rapidamente e com mais segurança, através de um gigantesco banco de dados.

Como facilitar o acompanhamento da amostragem no Aegro

Ao realizar a amostragem, é muito importante que você tenha estes dados armazenados e seguros para acompanhar.

Com o Aegro, você pode visualizar no mapa a sua propriedade, dividindo o terreno em diferentes áreas e safras. Depois, inicie no sistema o planejamento de atividades, no qual você pode planejar pontos específicos no mapa e utilizar a função de monitoramento.

Tela para planejar os pontos no aplicativo pelo celular

Tela para planejar os pontos no aplicativo pelo celular

Para registrar o ponto de monitoramento é necessário que o localizador (GPS) do celular esteja ativado.  Os pontos serão georreferenciados, identificando onde você está e onde os pontos se encontram dentro do talhão. Ao chegar no ponto da amostra escolhido, a função realizar amostragem vai neste processo.

Basta selecionar o talhão e adicionar as pragas verificadas e suas respectivas quantidades. Você também poderá informar o número de plantas por m², o estágio de desenvolvimento e qualquer observação adicional.

Tela de monitoramento no Aegro

Tela de monitoramento no Aegro

Depois, acompanhe na tela da atividade um resumo desse monitoramento, com a quantidade de pontos avaliados e as pragas acima e abaixo do nível de controle. Também é possível acessar o status da atividade, mostrando o planejamento e as realizações já realizadas.

Conclusão

A amostragem de solo é fundamental para o correto manejo dos insumos, o que evita desperdícios.

Ela é o primeiro passo no processo de análise de solo. Erros relacionados à amostragem podem causar erros na recomendação de calagem e adubação e comprometer a produtividade final da lavoura. 

O futuro promete novas formas de realizar a análise de solo e também novas metodologias, a fim de garantir melhores resultados. 

>> Leia mais:

“Como analisar o DNA do solo pode prevenir problemas e garantir um manejo mais efetivo“

“O que é e por que investir na análise microbiológica do solo”

Para te ajudar no controle dos custos com insumos, baixe grátis a Planilha de Custos dos Insumos da Lavoura.

Laboratório de análise de solo: saiba por que esta escolha deve ser correta

Laboratórios de análise de solo: importância de fazer análises, quais podem ser realizadas, como escolher o laboratório, como fazer coleta de solo e mais.

A adubação é um dos maiores custos da lavoura. Porém, é possível obter o retorno desse investimento com uma análise de solo bem feita.

Fundamental para a produtividade da fazenda, a adubação deve se basear na análise de solo.

Portanto, para ter um retorno do seu investimento em adubação, você precisa acertar na seleção do laboratório de análise de solo.

Neste artigo, vou mostrar como escolher laboratórios confiáveis para realizar essa etapa tão importante para a sua lavoura. Confira:

Qual é a importância da análise do solo?

As plantas são produtos do solo, já dizia Ana Primavesi.

Por isso é tão importante identificarmos a fertilidade do solo — é ele o fator principal para a qualidade e produtividade da lavoura.

A análise química do solo traz informações valiosas, como capacidade de troca de cátions (CTC), matéria orgânica, pH e outros.

Esses fatores são a base para recomendarmos a correção e adubação necessária.

Da mesma forma que um médico pede exames para fazer o melhor diagnóstico, nós precisamos das análises de solo para avaliar sua saúde química, biológica e física.

Com o diagnóstico em mãos, o produtor consegue realizar as operações e correções necessárias para que as plantas possam atingir altas produtividades.

Quais são os tipos de análises de solo?

A ideia central desta análise é que você tenha conhecimento das atribuições químicas, físicas e biológicas do seu solo — e que são essenciais para você fazer uma correção mais precisa.

No geral, existem três tipos de análise do solo, a química, física e biológica, e dentro de cada uma destas análises podem ser avaliados diferentes parâmetros que fornecem informações para saber como está o solo.

  • Análise química: são quantificados os macronutrientes e micronutrientes presentes no solo, como também do Al (elemento tóxico às plantas) e do pH do solo.
  • Análise física: é possível determinar a granulometria do solo, densidade do solo e de partículas, porosidade (macro, micro e total) condutividade hidráulica, retenção de umidade e estabilidade de agregados. Um dos principais resultados determinados são as porcentagens de argila, silte e areia das amostras, importante para o manejo correto do solo.
  • Análise biológica: são realizadas análises de alguns parâmetros que são relacionados aos microrganismos do solo, que são importantes na decomposição da matéria orgânica do solo.

Realizar todas estas análises e com todos os parâmetros nem sempre é necessário ou possível.

Realizar anualmente análises químicas completas e em profundidade pode ser oneroso. Por exemplo, você pode realizar apenas uma vez a análise física do solo, para avaliar sua quantidade de silte, argila e areia. 

Entretanto, é recomendado fazer ao menos a análise química de 0-10 e 10-20 contendo as informações de CTC, soma de bases, saturação por bases, teores dos macronutrientes, pH, teor de alumínio e teor de matéria orgânica.

Outra análise importante a ser feita é a de caracterização do solo, onde por meio dela é definido qual o tipo de solo de seus talhões.

Desse modo, é possível fazer recomendações mais corretas de fertilizantes, corretivos e outros manejos, que visam melhorar a qualidade do solo e favorecer a produção.

Como escolher bons laboratórios para análise de solo

Para se ter uma idéia, são mais de 400 laboratórios de solo existentes no Brasil.

Existem muitos bons laboratórios, e isso vem se consolidando ainda mais com as ações de instituições públicas, que asseguram a confiabilidade das análises realizadas.

O IAC implementa o Programa Anual Ensaio de Proficiência — e você pode conferir aqui os laboratórios participantes por região.

A Embrapa Solos, por sua vez, possui o Programa de Análise de Qualidade de Laboratórios de Fertilidade (PAQLF). Confira os laboratórios credenciados.

A entrada de um laboratório nesses programas aumenta a confiabilidade das suas análises.

Todos os laboratórios idôneos têm um técnico agrícola ou engenheiro agrônomo responsável pelo laboratório e pelas análises realizadas.

Busque outras informações relevantes sobre o laboratório:

  • Preço das análises;
  • Prazo de entrega do resultado;
  • Orientações de amostragem;
  • Procedimento para o envio das amostras, como embalagem, acondicionamento, identificação das amostras e outros;
  • Disponibilidade dos resultados online.

Como foi abordado anteriormente, há três tipos de análises de solo realizáveis pelos laboratórios, e, dentro de cada tipo, pode haver diferentes variáveis — o que determina o preço de cada análise.

Para entender melhor o custo das análises, veja a figura abaixo:

Química para fins de avaliação da fertilidade do solo
Química para fins de avaliação da fertilidade do solo
(Fonte: Laboratório de Análises de Solo da Esalq/USP)

Pela tabela, é possível observar que o valor da amostra vai aumentando conforme a análise se torna mais completa, pois avalia mais parâmetros.

O valor das análises, além de ser variável conforme o solicitado, também é diferente entre os laboratórios. Por isso, pesquise na sua região quais laboratórios são confiáveis e faça uma consulta de preços.

Importância da amostragem para avaliação do solo

Ao entender a importância de analisar o solo, é preciso saber que nenhum laboratório elimina o erro de uma amostragem mal feita!

Por isso, após escolher um laboratório de solo, busque as informações citadas acima, a respeito da amostragem.

As amostras devem ser coletadas de modo correto, e precisam ser representativas do talhão amostrado. 

Muitos produtores podem achar caro as análises, e com isso deixam de fazer ou realizam poucas amostras por área, o que gera resultados pouco precisos do solo.

No nosso texto “Análise química do solo: o porquê da sua realização”, está descrito o passo a passo de como dividir sua área e retirar amostras de solo representativas para serem enviadas ao laboratório.

Entretanto, atualmente muitos laboratórios ao serem contactados, já apresentam uma equipe treinada, com equipamentos adequados para a retirada das amostras. Assim, o laboratório faz a divisão da área, a coleta das amostras e já encaminha para análise.

O ideal é coletar as amostras na entressafra de culturas anuais, e após a colheita em áreas com culturas perenes, sendo recomendado fazer isto anualmente para verificar as diferenças que ocorreram no solo.

Isso porque a fertilidade do seu solo é consequência direta do material de origem, mas também do seu histórico de práticas e manejo.

Interpretando os resultados das análises do solo 

Feito corretamente todos os procedimentos descritos acima, os resultados apresentados pelo laboratório serão representativos da sua área, agora é preciso outro ponto de atenção: a interpretação!

Em uma análise de solo, interpretar as informações obtidas demanda atenção e conhecimento, e para ajudar os responsáveis das fazendas com estas interpretações de análises a Embrapa lançou o Guia Prático para a Interpretação de Resultados de Análise de Solo.

Neste guia são apresentados os conceitos que orientam a interpretação dos resultados de análise de solo para fins de recomendação de fertilizantes, mostrando os valores de referência utilizados pela rede Embrapa de Laboratórios, como pode ser visto abaixo:

Interpretação de solo Embrapa
Valores utilizados para interpretar resultados de análise de solo utilizando-se os métodos da rede Embrapa de Laboratórios
(Fonte: Embrapa)

Entender a análise é o primeiro passo da interpretação, o próximo é a recomendação de adubação, calagem e gessagem.

Para recomendação, principalmente de adubação, cada estado tem seu manual ou boletim que auxiliam os produtores, isto porque cada recomendação é baseada em estudos e pesquisas desenvolvidas para a região, levando em consideração o solo, clima e manejos da região.

Além disso, cada manual ou boletim recomenda a adubação específica para as principais culturas semeadas no estado.

Por isso, após receber sua análise de solo, tenha em mãos o boletim ou manual do seu estado, e busque auxílio com seu engenheiro agrônomo.

Adubação mineral de plantio
Exemplo de recomendação de adubação para a cana-de-açúcar segundo boletim 100 (estado de São Paulo)
(Fonte: Edisciplinas)
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Conclusão

Neste texto, vimos que os laboratórios de análise de solo devem ser escolhidos corretamente para evitar perdas, por falta ou excesso, na aplicação dos fertilizantes.

Você também viu que os laboratórios de solos realizam diferentes tipos de análises, e que essas avaliações variam conforme as informações desejadas pelo produtor.

Este artigo também mostrou que uma amostragem de solo correta é o primeiro passo para um resultado confiável. O segundo é realizar as análises em um laboratório confiável.

Por fim, vimos que interpretar e recomendar uma adubação, calagem e gessagem adequadas é fundamental para que sua análise de solo resulte em aumento da produtividade.

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Atualizado em 16 de agosto de 2023 por Carina Oliveira

Sou engenheira-agrônoma formada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), mestre em Sistemas de Produção (Unesp), e doutora em Fitotecnia pela Esalq-USP.