3 dicas para ter mais eficiência na colheita do feijão mecanizada

Colheita do feijão: entenda os principais passos para garantir uma colheita mais eficiente.

Existem diversas cultivares de feijão e cada região do país tem o seu preferido para colocar em cima do arroz… ou embaixo… (não vou entrar nessa discussão!).

Para chegar até a mesa do brasileiro, a colheita do feijão é um ponto crítico, tanto em termos de custo, como de eficiência do processo, pois determinadas características do feijoeiro podem dificultar o processo.

Separamos algumas dicas e pontos que devemos levar em conta para tornar a colheita do feijão mais eficiente e lucrativa. Confira comigo!

A planta de feijão e os tipos de colheita

A colheita de feijão pode ser realizada de três maneiras:

  •  colheita manual, onde se faz o arranquio, trilha e abanação das plantas manualmente, tornando o processo custoso e de baixa eficiência. 
  • sistema semimecanizado, o mais utilizado, emprega arranquio manual, mas a trilha e abanação são mecanizadas.
  • colheita mecanizada, em que todos os processos são feitos com máquinas.

O foco do texto será a colheita mecanizada, dada a maior eficiência e a dificuldade de se encontrar mão de obra para as operações manuais. 

A colheita mecanizada pode ser dividida em colheita indireta – onde são utilizadas uma máquina para arranquio e enleiramento, e outra para trilha, abanação e ensacamento; e direta – onde todas as operações são realizadas por uma única máquina, como ocorre com milho e soja, por exemplo. 

Contudo, algumas características da planta de feijão dificultam a adoção da colheita direta e o desenvolvimento de máquinas para este fim. 

O terreno também deve ser regular para que na hora da colheita não se “colha” solo junto e se perca qualidade.

Colheita do feijão: 3 dicas para ter mais eficiência 

1. Colha no ponto certo

A época ideal de colheita do feijão é logo após a maturidade fisiológica, estádio R9, como exemplifica a figura abaixo. 

Em termos práticos, um indicador de que se atingiu esse ponto é a mudança de coloração das vagens do feijão de verde para “cor de palha”.

infográfico com Fenologia do feijoeiro

Fenologia do feijoeiro
(Fonte: Coopertradição)

Pensando na produção de sementes, esse é o ponto de máxima qualidade fisiológica da semente, com máximo vigor e germinação. 

Passado esse ponto, maiores são os riscos de perdas de grãos e qualidade, além do ataque de pragas no grão como o caruncho.

A umidade das sementes deve estar em torno de 15% para colheita para evitar danos no processo e perdas após a colheita.

Para garantir a uniformidade das plantas na colheita é possível fazer o uso de dessecantes, já que muitas vezes a maturação é desuniforme. Isso também reduz as daninhas que infestam a área no momento da colheita. Outra opção é escolher cultivares mais uniformes para o plantio

As condições da lavoura e do ambiente no momento da colheita do feijão são críticas para a eficiência e os resultados do processo. 

Chuvas em excesso próximas à colheita são problemáticas para a entrada na área com o maquinário, mas também podem proporcionar que as sementes germinem ainda no pé.

2. Maquinário para colheita do feijão

No mercado, existem máquinas para a colheita de feijão de forma indireta e direta. Dada as dificuldades da realização da colheita direta, existem mais opções para colheita indireta. 

Como ocorre para milho e soja, por exemplo, uma única operação mecânica facilita o processo e reduz os gastos com a operação de colheita. Essa é uma das razões pela qual a colheita direta seria preferível.

fotos de ceifadora e enleiradora de feijão/recolhedora trilhadora para colheita indireta de feijão.

Ceifadora e enleiradora de feijão/recolhedora trilhadora para colheita indireta de feijão
(Fonte: Miac)

foto de Colhedora de feijão vermelha (colheita direta)

Colhedora de feijão (colheita direta)
(Fonte: Miack)

Para viabilizar a colheita mecânica direta é necessário escolher cultivares mais adequadas a este fim.

Aqui no blog nós já falamos em detalhes sobre “Como escolher a colheitadeira ideal para a sua lavoura”. Confira!

Manutenção de máquinas

Uma boa colheita do feijão passa primeiramente por um maquinário bem regulado e funcionando corretamente. O melhor funcionamento das máquinas precisa de manutenção constante e preventiva.

Não deixe para hora da colheita para arrumar, trocar as peças… você pode ficar na mão.

É claro que o dia a dia na propriedade rural é atarefado e temos que dar conta de várias tarefas. Por isso, devemos aproveitar quando as coisas estão mais tranquilas para cuidar dessas manutenções e do planejamento para a próxima safra.

Uma boa época para se fazer isso é na entressafra, onde há mais tempo disponível para essas atividades. Com isso, estaremos preparados para a hora em que o plantio e colheita chegarem. 

3. Escolha corretamente a cultivar/variedade 

Para viabilizar a colheita mecanizada é necessário considerar o hábito de crescimento ou arquitetura de planta. Isso porque as plantas que possuem arquitetura prostrada e vagens mais próximas ao solo inviabilizam a colheita direta, sendo necessárias duas operações. 

É importante considerar cultivares cuja altura de inserção da primeira vagem seja mais distante do solo e com maturação uniforme, reduzindo assim perdas de colheita e de qualidade.

A Embrapa Arroz e Feijão traz essas informações nos catálogos de cultivares de feijão, além de potencial produtivo, tamanho do ciclo e resistência a doenças, como mostra a figura abaixo.

Descrição das características de cultivar de feijão indicando a aptidão para cada tipo de colheita

Descrição das características de cultivar de feijão indicando a aptidão para cada tipo de colheita
(Fonte: Embrapa Arroz e Feijão)

Desse modo, é de extrema importância considerar a arquitetura da planta de feijão para se obter melhores resultados com a colheita mecanizada, especialmente se o objetivo for realizá-la em uma única operação. 

planilha para estimativa de perdas na colheita Aegro

Conclusão

Como pudemos acompanhar durante o texto, a colheita do feijão é um dos gargalos desse sistema produtivo. 

Dentre as possibilidades de colheita mecanizada do feijão, existe a colheita direta e a indireta.

Diferente de outras culturas, a colheita mecanizada do feijão é dificultada por aspectos da morfologia da própria planta, que dificulta o acesso às vagens e possibilita perdas de qualidade e de grãos.

Portanto, para se obter os melhores resultados na colheita do feijão é necessário escolher a cultivar adequada, colher no ponto certo e nas condições adequadas.

>> Leia mais: “Previsão para o preço do feijão: saiba quais são as expectativas

Qual a sua principal dificuldade na colheita do feijão? Conte nos comentários abaixo. Grande abraço!

Tudo o que você precisa saber sobre lastragem de tratores agrícolas

Lastragem de tratores agrícolas: entenda os benefícios e as desvantagens desse tipo de procedimento e como fazer em sua frota

Os tratores agrícolas facilitam o trabalho e melhoram as condições do campo para os cultivos agrícolas.

Apesar de extremamente versáteis e robustos, os tratores são constituídos por diversos componentes e sistemas complexos que demandam muito cuidado e manutenção.

Para executar as tarefas com sucesso e com a maior eficiência possível, a regulagem e manutenção periódica dos tratores são essenciais.

Dentre os principais pontos de regulagem, podemos citar a lastragem, que garante a aderência dos rodados ao solo proporcionando uma tração eficiente.

Mas afinal, o que é a lastragem e como isso pode te ajudar? Se você ficou curioso, confira a seguir!

O que é a lastragem?

A lastragem, por definição, é um procedimento de adequação, cujo objetivo é aumentar equilibradamente a massa dos tratores agrícolas.

Você pode estar se perguntando: “Mas qual a vantagem de aumentar a massa dos meus tratores?” 

Bom, o aumento da massa dos tratores garante maior aderência dos rodados com o solo, dessa forma proporcionando aumento da capacidade de tração e estabilidade

Existem dois tipos de lastragem: a líquida e a sólida.

Lastragem líquida

A lastragem líquida consiste no uso de água, em alguns casos com aditivos, como lastro.

Para realizá-la, a água deve ser adicionada nos pneus dos tratores, de acordo com a recomendação dos fabricantes.

Recomenda-se que a lastragem com água nunca exceda 75% da capacidade do pneu, para pneus diagonais, e no máximo 40% para pneus radiais.

Colocar mais água do que o recomendado pode limitar demais o ar dentro do pneu, o que pode causar enrijecimento e outros danos ao mesmo.

A posição do bico indica a quantidade de água sendo introduzida nos pneus. Confira no esquema a seguir:

ilustração que representa a lastragem líquida em um pneu com porcentagens de 25 a 75%

A posição do bico (em vermelho) indica o volume do pneu ocupada pelo lastro (em porcentagem)
(Fonte: adaptado da aula do Prof. Dr. Carlos Furlani)

Lastragem sólida

A lastragem sólida utiliza discos ou placas metálicas como lastro. 

Esses discos ou placas metálicas são fixados, respectivamente, nas rodas ou montados na dianteira dos tratores agrícolas. Confira na imagem a seguir:

quatro fotos com diferentes tipos de lastragem sólida, com discos e placas metálicas em tratores agrícolas

Diferentes tipos de lastragem sólida, com discos e placas metálicas em tratores agrícolas
(Fonte: Leonardo de Almeida Monteiro, 2017)

A lastragem ajuda na correção de problemas de patinagem, que é o deslizamento decorrente da transmissão da força das rodas traseiras para o solo.

A patinagem zero ou em níveis acima de 20% são problemas comuns e recorrentes no campo.

A primeira pois indica que o trator está trabalhando com carga excessiva, podendo causar ou agravar problemas de compactação de solo.

Por outro lado, a patinagem excessiva, resulta em perda de velocidade e potência, bem como maior consumo de combustível e menor eficiência.

Portanto, podemos dizer que a lastragem traz melhorias em termos de rendimento operacional.

Como deve ser feita?

Na hora de fazer a lastragem é muito importante prestar atenção em todos os detalhes para que ela seja feita da forma correta.

Para isso, precisamos lembrar que ela deve ser realizada em função do tipo de tração (4×2, 4×2 TDA ou 4×4) e da velocidade de deslocamento que vamos utilizar na operação.

Com base nisso, obtemos a relação peso/potência e podemos realizar o cálculo da quantidade de lastro necessário.

tabela com relação peso/potência de acordo com a carga de trabalho e velocidade de avanço

Relação peso/potência de acordo com a carga de trabalho e velocidade de avanço
(Fonte: adaptado de Titan e Schlosser)

Uma vez determinado o peso necessário para realizar a lastragem, outro ponto essencial é trabalhar corretamente a distribuição dos pesos nos eixos traseiro e dianteiro.

Na tabela a seguir você pode ver como deve ser realizada a distribuição dos pesos nos tratores, com base no tipo do trator e do acoplamento.

tabela com distribuição do peso no trator com base no tipo do trator e implemento utilizado

Distribuição do peso no trator com base no tipo do trator e implemento utilizado
(Fonte: Hanna, Harmon e Petersen, 2010)

É importante lembrar que todos esses cálculos buscam manter a patinagem entre 6% e 15%, valores que garantem o equilíbrio operacional dos tratores.

Para verificar se está correta, você pode analisar as marcas deixadas pelos rodados dos tratores na terra.

Você pode se deparar com três situações:

  1. marcas dos rodados pouco definidas → Lastragem insuficiente;
  2. marcas dos rodados estão evidentes e bem definidas → Lastragem excessiva;
  3. marcas com deslizamento no centro e bordas externas definidas → Lastragem correta.

Confira na imagem a seguir!

fotos com diferentes marcas deixadas pelos rodados dos tratores, da esquerda para a direita, lastro insuficiente, excessivo e ideal

Diferentes marcas deixadas pelos rodados dos tratores, da esquerda para a direita, lastro insuficiente, excessivo e ideal
(Fonte: Leonardo de Almeida Monteiro, 2017)

Benefícios da lastragem

Quando realizada da forma correta, o cálculo e uso dos lastros nos tratores pode trazer inúmeros benefícios, como:

  • aumento da vida útil dos pneus;
  • redução da perda de tração e patinagem;
  • aumento do equilíbrio operacional;
  • redução do consumo de combustível.

Quais os prejuízos de uma lastragem mal feita?

Se feita da forma errada, a lastragem pode trazer prejuízos ao produtor e até mesmo para a lavoura.

Já se ela for insuficiente para a operação, haverá patinagem excessiva dos rodados, diminuindo a potência disponível para o tracionamento do implemento.

Se o erro não for identificado e corrigido, pode causar desgastes da banda de rodagem e, além disso, aumentará o consumo de combustível dos tratores.

Por outro lado, a lastragem excessiva pode aumentar a compactação do solo ou ainda sobrecarregar o eixo de tração, também causando desgastes nos pneus.

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Conclusão

Os tratores agrícolas são ferramentas essenciais para as lavouras brasileiras, são versáteis e robustos, auxiliando a produção rural.

A correta realização da lastragem nos tratores garante melhor equilíbrio operacional para as mais diversas operações.

Com bom equilíbrio operacional, garantimos sucesso das operações nas lavouras com economia e riscos de compactação reduzidos!

>> Leia mais:

Máquinas agrícolas: como gerenciá-las

Telemetria na agricultura: como ela melhora a gestão das máquinas na sua fazenda

Você já sabia tudo sobre como fazer a lastragem dos tratores? Conte nos comentários!

Como ter mais eficiência operacional na colheita mecanizada do arroz

Colheita mecanizada do arroz: veja os pontos que merecem atenção na regulagem e manutenção das máquinas para evitar perdas de grãos

A colheita é uma etapa fundamental para garantir a rentabilidade da lavoura de arroz.

Colheitas bem realizadas podem manter a integridade e qualidade dos grãos, agregando maior valor final recebido nessa cultura.

Existe uma infinidade de máquinas e tipos de colheita utilizados para a rizicultura. Neste artigo, falarei sobre as colheitas mecanizadas e semimecanizadas de arroz, regulagens e pontos de atenção que você deve ter antes de iniciar esse processo na lavoura. Acompanhe!

Métodos de colheita do arroz

Os métodos de colheita podem ser segmentados em manuais, semi mecanizados e mecanizados. Vou explicar melhor cada uma delas:

Manuais

As etapas de corte, recolhimento e trilha são realizados manualmente e, dependendo do números de funcionários envolvidos na colheita, o rendimento operacional pode ser baixo.

Em pequenas lavouras, o rendimento da colheita manual chega a 10 dias para colheita de 1 hectare por funcionário.

O corte é quase sempre realizado com cutelos e os feixes amontoados transversalmente para facilitar o recolhimento. 

Após coletar os feixes, são diferidos golpes nas panículas para que ocorra o desprendimento dos grãos.

Semimecanizados

As etapas de corte e recolhimento são geralmente realizados manualmente e a operação de trilha é realizada com o auxílio de máquinas.

O rendimento operacional é geralmente maior, uma vez que se utilizam trilhadoras estacionárias.

Mecanizados

Todas as etapas de corte, recolhimento e trilha são realizadas com o auxílio de uma colhedora.

No mercado existem máquinas denominadas ceifadoras, trilhadoras e as colhedoras. Sobre elas, vou falar a seguir.

Quais máquinas utilizar na colheita mecanizada de arroz

Ceifadoras

As ceifadoras são mais utilizadas em pequenas lavouras de arroz. São máquinas montadas sobre duas rodas, com a presença de um motor, barra de corte e molinete. 

Algumas ceifadoras presentes no mercado possuem depósitos para plantas colhidas, que são descarregadas em leira ou de maneira intermitente em campo.  

Trilhadoras

As trilhadoras são máquinas responsáveis por separar os grãos das panículas de arroz. 

Os modelos de trilhadoras no mercado podem apresentar: cilindro trilhador de dentes de impacto, barras de fricção ou de fluxo axial.

Essas máquinas podem ser acionadas pela TDP do trator ou por motores estacionários. Podem ser abastecidas de maneira contínua ou intermitente com fluxo de arroz colhido e, em casos mais simples, serem acionadas por pedal.

foto de agricultor em trilhadora de arroz

(Fonte: Ruraltins)

As trilhadoras são excelentes opções para fazendas menores. Se operadas corretamente, podem propiciar bons rendimentos operacionais e boa qualidade do produto final.

Os rendimentos operacionais variam de acordo com cada máquina e modelo de equipamento. 

Atualmente existem trilhadoras com rendimentos de mais de 2.400 kg/h de arroz em casca.

Colhedoras

As colhedoras possuem em uma mesma máquina os sistemas de corte, recolhimento, trilha, separação, limpeza e armazenamento.

Essas máquinas podem apresentar pneus arrozeiros, esteiras ou pneus duplados para facilitar o tráfego e reduzir a compactação em terrenos alagados, por exemplo.

As colhedoras podem ser automotrizes ou montadas e acionadas com o auxílio de um trator.

Partes constituintes de uma colhedora de arroz:

  • plataforma de corte
  • molinete
  • condutor helicoidal ou caracol
  • cilindro degranador
  • côncavo
  • batedores
  • saca palhas ou rotor
  • peneiras: superior e inferior
  • ventilador
  • condutores helicoidais
  • tanque graneleiro
foto de colheitadeira CR 7.90 arrozeira - colheita mecanizada do arroz

Colheitadeira CR 7.90 arrozeira
(Fonte: Cultivar)

As colhedoras realizam todas as operações na mesma máquina, iniciando no corte das plantas de arroz, mecanismos de trilha, cilindro degranador, côncavo e batedores, até chegar ao saca palhas, peneiras e ventilador, para retirar o resto de impurezas, e condutores para levar os grãos até o tanque graneleiro.

Perdas na cultura do arroz

As perdas na cultura do arroz podem acontecer antes e durante a colheita.

As perdas antes da colheita devem ser evitadas com o manejo adequado da cultura e são:

  • degrana natural
  • acamamento
  • ataques de pássaros
  • excesso de umidade
  • excesso de ventos
  • doenças e pragas

As perdas durante a colheita são:

  • impacto da plataforma nas panículas
  • velocidade inadequada do molinete
  • calibrações inadequadas no cilindro trilhador
  • erros de calibração do saca palhas
  • peneiras com espaçamentos inadequados
  • presença de plantas daninhas

O impacto da plataforma de corte e a velocidade inadequada do molinete provoca degrana da cultivar no momento da colheita e desprendimento prematuro dos grãos.

Calibrações inadequadas no espaçamento do cilindro e do côncavo também resultam em trilhas ineficientes, comprometendo a qualidade final dos grãos, com danos mecânicos ou grãos presos nas panículas.

Como evitar as perdas na colheita 

A colheita no tempo ideal é fundamental para assegurar maior produtividade.

Colheita com grãos muito úmidos pode acarretar grãos imaturos, gessados e mal formados, que irão se quebrar no beneficiamento, descasque e polimento do arroz.

Colheita com grãos muito secos também não é ideal, pois pode ocorrer maior perda natural por degrana e quebra dos grãos no beneficiamento, perdendo qualidade do produto.

É ideal evitar a colheita do arroz pela manhã ou com os grãos umedecidos pelo orvalho. Se ocorrer uma chuva, o ideal é esperar que o arroz seque para iniciar a colheita.

Na maioria das cultivares, a umidade ideal deve estar entre 18% e 23% para colheita.

Na falta de aparelhos para mensurar os teores de umidade, você pode olhar a cor da casca e considerar ideal quando dois terços dos grãos ainda estiverem maduros.

Outra opção é apertar os grãos: se amassar, ainda está imaturo. Se quebrar, já estão aptos para a colheita.

Como aumentar a eficiência operacional na colheita mecanizada do arroz

Para aumentar a eficiência operacional e evitar perdas, a regulagem da colhedora é um fator crucial no manejo em campo.

O arroz é uma cultura que apresenta grandes perdas quando comparado à soja, feijão ou milho. Parte destas perdas ocorrem na colheita, armazenamento e outras também no processamento.

A regulagem deve ser realizada principalmente nas partes internas e externas das máquinas, dando maior atenção às plataformas de corte das máquinas, velocidade do molinete, regulagem do cilindro batedor, saca palhas e peneiras.

Veja os pontos que merecem atenção na regulagem e manutenção das colhedoras:

  • navalhas quebradas da barra de corte
  • peças e rotação do molinete
  • velocidade do cilindro batedor
  • espaço do cilindro degranador
  • peneiras superior e inferior
  • velocidade e fluxo de ar
  • tubos e condutores helicoidais

Regulagem da velocidade

A velocidade do molinete deve ser ajustada de acordo com o porte da cultura a ser colhida, devendo ser suficiente para puxar as plantas para o interior da máquina, podendo ser até 25% superior à velocidade de deslocamento da máquina.

A relação da velocidade do molinete e de deslocamento da máquina não deve ser superior a 1,25, uma vez que cerca de 70% das perdas na cultura o arroz ocorrem devido à má regulagem na plataforma de corte e velocidade do molinete.

Operações realizadas com velocidades excessivas podem provocar desgaste prematuro de peças da colhedora e maior perda na colheita.

Quanto à velocidade do cilindro batedor, ela pode variar conforme a umidade dos grãos, mas deve ser entre 20 a 25 m/s e a velocidade rotacional de cerca de 500 a 700 rotações por minuto, com intuito de separar 90% dos grãos da palhada segundo a Embrapa.

Em lavouras acamadas, a velocidade de operação da colhedora deve ser reduzida. O molinete precisa ser regulado com menor altura e mais avançado em relação à barra de corte para melhor recolhimento das plantas em campo.

A colheita, nesses casos, deve seguir o sentido do acamamento. Mesmo que haja redução no rendimento operacional, será mais eficiente.

No mecanismo de trilha, o cilindro trilhador deve operar com velocidades entre 16 ms-1 e 25 ms-1. A abertura entre o cilindro e o côncavo deve ser ajustada com intuito de minimizar o descascamento dos grãos.

A regulagem correta nos sistemas de separação e limpeza é muito importante para garantir a qualidade do produto final e reduzir perdas na colheita e processamento.

Acompanhamento das atividades em campo

Atualmente existem softwares de gestão que permitem analisar os dados de campo e gerar relatórios personalizados para otimizar o manejo.

Com o Aegro, por exemplo, você planeja o uso das máquinas nas atividades agrícolas e tem um controle detalhado de eficiência operacional. Veja com clareza o total de horas trabalhadas pela máquina, a área percorrida durante a operação e o seu consumo. 

Você ainda pode definir alertas periódicos de manutenção para a regulagem ou troca de peças, a fim de garantir o máximo desempenho dos equipamentos na lavoura.

Na época da colheita, você registra a produtividade dos talhões pelo celular, mesmo sem internet. Também é possível registrar as cargas de colheita, direcionando os romaneios para as unidades de armazenamento.

A partir deste controle, o Aegro te entrega indicadores precisos sobre a rentabilidade da safra. Avalie quais áreas da plantação custaram mais e quais apresentaram os melhores resultados.

Assim, fica mais fácil de entender quais métodos e máquinas foram mais efetivos na sua colheita do arroz. 

O que acha de gerenciar a sua colheita com ajuda do Aegro? Peça aqui uma demonstração gratuita do software!

planilha para estimativa de perdas na colheita Aegro

Conclusão

As colhedoras de arroz auxiliam os produtores a obter maior rendimento operacional.

Fazendas de menor porte podem optar por ceifadoras e trilhadoras estacionárias, que possuem ótimos custos-benefícios.

O acompanhamento dos dados das máquinas e das operações possibilita melhorias no manejo e otimização das atividades em campo.

A regulagem correta das colhedoras é fundamental para assegurar maior qualidade do grão e pode ser a diferença entre o sucesso ou fracasso da sua lavoura de arroz.

5 dicas de regulagem da semeadora para melhorar seu desempenho

Regulagem da semeadora de forma correta pode trazer benefícios à sua lavoura

O conjunto trator-semeadora pode ser comparado a um automóvel que, se estiver desregulado, comprometerá os custos e eficiência durante a operação.

Se uma semeadora de 10 linhas estiver com 1 linha entupida e falhar, as perdas na produtividade de soja poderão chegar a centenas de reais por hectare.

A regulagem correta da semeadora promove melhores resultados na produtividade das lavouras, além de economizar combustível e assegurar um plantio mais uniforme.

A seguir, separei 5 dicas para melhorar o desempenho da semeadora na lavoura. Confira!

Por que realizar a regulagem da semeadora?

A correta semeadura é um dos principais fatores que assegura boas produtividades nas lavouras. E isso vale para diversas culturas. 

A distribuição correta das sementes propicia uniformidade na emergência das plantas e estande ideal, fatores que são fundamentais para o sucesso das lavouras.

Dessa forma, é importante checar e regular todos os sistemas da semeadora. Dentre eles, os principais são:

  • discos corta-palha;
  • sistemas para abertura dos sulcos;
  • sistemas de deposição de sementes;
  • sistemas de deposição de adubo (quando presentes);
  • sistemas de fechamento do sulco (mecanismo compactador).

Como regular corretamente sua semeadora

As principais manutenções de máquinas necessárias antes e durante o plantio são:

  • velocidade de semeadura (normalmente entre 4 km/h a 6 km/h);
  • calibragem dos pneus;
  • limpeza e lubrificação das engrenagens do conjunto;
  • lubrificação das correntes;
  • checagem dos tubos condutores de sementes e adubos;
  • verificação de pinos e contrapinos;
  • lubrificação geral da máquina e graxeiras;
  • checagem das regulagens dos carrinhos;
  • análise da população de estande final desejada;
  • análise da germinação do lote de sementes utilizado;
  • cálculo do número de sementes/hectare;
  • regulagem do espaçamento entre linhas.

É fato que existe uma grande variedade de modelos de semeadoras presentes no mercado, sejam elas de sementes graúdas ou miúdas, e que para cada modelo existe uma regulagem ideal.

Mas alguns pontos são importantes de serem checados e se aplicam a uma boa parte das máquinas existentes no mercado.

As regulagens e limpezas são rotineiras e também devem ser realizadas nas semeadoras.

Limpezas de filtros e lavagem da máquina para evitar possíveis contaminações de daninhas e sementes de safras passadas também são simples de serem feitas e essenciais quando pensamos em boas práticas agrícolas.

Manutenções

Manutenções preventivas são sempre mais recomendadas que as corretivas, pois as janelas de plantio são curtas na maioria das regiões brasileiras e a máquina não pode parar durante a operação para troca de peças que já deveriam ter sido substituídas.

A quebra da semeadora durante o plantio pode causar atrasos operacionais e perdas em produtividade devido a semeaduras realizadas fora do período ótimo.

A manutenção de um estoque de peças de reposição pode ser ideal para fazendas que estão mais distantes das concessionárias e podem perder muito tempo esperando uma peça. 

Para isso, uma gestão correta da fazenda e dos maquinários te ajuda a levantar quais são as peças de reposição mais utilizadas.

A utilização de um software agrícola como o Aegro colabora para que você tenha em mãos esse controle. Você pode registrar a realização das manutenções pelo seu celular e ter um histórico detalhado das peças que foram trocadas na máquina.

Além disso, você pode programar alertas periódicos de manutenção para ser lembrado de revisar o maquinário.

Adequação do conjunto trator-semeadora-adubadora

A escolha do conjunto trator-semeadora corretos é fundamental para melhor rendimento operacional, economia de combustível, vida útil e redução de custos no campo.

Alguns pontos que você deve considerar na aquisição do conjunto trator-semeadora são:

  1. potência requerida do trator para operar a semeadora a ser utilizada;
  2. potência disponível do trator a ser utilizado na operação;
  3. analise se o conjunto está bem dimensionado.

A potência necessária para tracionar uma semeadora irá depender da quantidade de carrinhos que a semeadora possui, do espaçamento, hastes sulcadoras, peso da máquina carregada e profundidade de semeadura.

foto de uma semeadora em uma lavoura

(Fonte: John Deere)

O conjunto bem dimensionado pode ser visualizado quando a diferença entre a potência disponível no motor do trator e a exigida pela semeadora não for maior que 15%. Esses valores são utilizados como nível de segurança.

Regulagens dos sistemas da semeadora

Para início da regulagem da semeadora você deve escolher corretamente os discos e anéis que serão utilizados para a semeadura das sementes graúdas.

Alguns fabricantes fornecem anéis e discos com nomenclatura específica para cada tipo de sementes.

Após a escolha dos anéis, é recomendada a realização de um teste prático, onde será necessário inserir as sementes desejadas e avaliar seu comportamento de deposição.

Para checagem de possíveis falhas no plantio, faça o seguinte teste:

  1. Escolha o anel com friso para sementes redondas ou os anéis lisos para sementes chatas.
  2. Separe 2 sementes menores e veja se elas cabem no mesmo furo. Se sim, provavelmente esse anel acarretará plantas duplas na semeadura e deve ser trocado.
  3. Separe 2 sementes maiores e veja se elas passam com alguma folga pelos furos. Se não passarem, esse anel provocará falhas na semeadura e deve ser substituído.

Para saber mais sobre como fazer a escolha dos anéis e discos, leia este artigo do Blog do Aegro: “Como fazer a regulagem de plantadeira de soja e garantir a lavoura”.

Depois da escolha dos anéis da semeadora, a regulagem deve ser realizada nas engrenagens das máquinas que possuem esses sistemas de distribuição.

A combinação das engrenagens garante o número correto de sementes desejadas por metro linear.

As semeadoras possuem tabelas de regulagens que entregam os números de sementes por metro desejado de acordo com cada máquina e modelo.

A seleção deve ser realizada conforme a cultura a ser semeada e o estande desejado no plantio.

Uma primeira regulagem pode ser realizada com a semeadora ainda no galpão.

Vale ressaltar que pisos duros de concreto podem afetar a correta regulagem das máquinas. Por isso, a checagem e regulagem no campo é a mais correta.

6 pontos da semeadora que você deve checar em campo:

  1. quantidade de sementes que está sendo depositada por metro;
  2. distribuição e uniformidade de sementes no solo;
  3. profundidade de semeadura;
  4. profundidade e deposição do adubo;
  5. regulagens dos carrinhos e checagem da posição;
  6. regulagem e checagem dos discos de corte.

A semeadura e as regulagens podem ser alteradas dependendo do tipo de solo que será semeado. 

É importante realizar as aferições em campo e ir alterando as regulagens até mesmo durante o plantio se os parâmetros não estiverem dentro dos estabelecidos.

Regulagens dos sistemas de adubos

Assim como o sistema dosador de sementes, os sistemas dosadores de adubos, quando presentes, também podem possuir regulagens por meio de engrenagens ou sistemas pneumáticos.

A quantidade de adubo a ser depositada por hectare normalmente é expressa em quilogramas por hectare.

A deposição e profundidade do adubo precisam ser corretas para evitar efeitos de salinização e possíveis problemas iniciais de estande.

O adubo deve ser depositado ao lado e abaixo das sementes.

Cheque na tabela da semeadora as relações de engrenagens necessárias a dose a ser depositada de adubos.

Da mesma forma que nas sementes, os testes em campo devem ser avaliados para verificação da deposição da dose correta e nos locais desejados do adubo em campo. Se necessário, novas regulagens devem ser realizadas no sistema.

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Conclusão

A regulagem correta das semeadoras pode garantir melhor produtividade e maior ganho nas lavouras.

Máquinas bem dimensionadas e reguladas da maneira correta economizam combustível, possuem melhor rendimento operacional e asseguram um plantio mais uniforme.

Se você ainda não realiza manutenções e substituições de peças preventivamente em suas semeadoras, pode estar perdendo dinheiro no manejo de seu maquinário.

As avaliações e checagens dos parâmetros de semeadura são tão importantes quanto a condução correta das lavouras.

Se você iniciar o plantio da maneira errada, sua lavoura poderá estar comprometida desde o início.

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Cálculo de semeadura da soja: 5 passos para a população ideal de plantas no seu sistema

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Como calcular o custo operacional de máquinas agrícolas

Custo operacional de máquinas agrícolas: como avaliar a eficiência econômica dentro de sua propriedade e obter redução de custos na lavoura.

As máquinas, equipamentos e implementos agrícolas podem representar até 40% dos custos de produção da sua lavoura.

Mas para saber como reduzir esses gastos e aumentar a rentabilidade da fazenda é preciso ter em mãos dados precisos do custo de cada uma dessas ferramentas operacionais.

Assim, é possível tomar decisões acertadas sobre terceirizar uma operação ou mesmo decidir quando é hora de investir em um novo trator, por exemplo.

A seguir, apresentamos o passo a passo de como fazer os cálculos para saber o custo operacional das máquinas agrícolas na sua propriedade e também uma ferramenta gratuita para automatizar essa conta – e que você pode usar sempre que precisar! Confira a seguir.

Custo operacional de máquinas agrícolas: por que você deve controlar

Gerenciar bem o maquinário agrícola pode ser a diferença entre o lucro e o prejuízo ao final da safra. Em um cenário de aumento nos custos produtivos e instabilidade nos preços de venda, se torna ainda mais necessário controlar de forma precisa o custo operacional das máquinas agrícolas.

O sistema mecanizado agrícola – conjunto de equipamentos, máquinas e implementos que realizam os processos de implantação, condução e retirada das culturas comerciais – pode representar de 20% a 40% dos custos de produção, dependendo da cultura. Por isso, seu gerenciamento adequado pode ser considerado um ponto estratégico para obter redução dos custos produtivos

Além do valor elevado para aquisição dos bens, as máquinas têm custos fixos (aqueles que independem da utilização) que oneram muito, principalmente pela grande sazonalidade de utilização. 

Desta forma, muitas vezes a terceirização das máquinas ou contratação de uma empresa para realizar as operações mecanizadas em sua lavoura se torna uma opção mais vantajosa. 

Na mensuração dos custos de um conjunto mecanizado (como um trator aliado a um implemento), contabiliza-se o tempo utilizado em horas. Assim, temos o custo horário, o qual é calculado para cada parte do conjunto. 

Na terceirização de máquinas, bem mais do que em utilizações em fazendas, é fundamental ter um controle detalhado do custo horário que os conjuntos mecanizados geram. Isso porque é esse valor, aliado à eficiência da operação, que indicará se o negócio está produzindo lucro ou prejuízo. 

Mas como saber quanto gasta seu trator? Vamos explicar o passo a passo a seguir.

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Como calcular o custo por hora de uma operação agrícola

O cálculo do custo de uma operação agrícola pode ser determinado a partir da quantificação de dois principais componentes: os custos fixos e variáveis

O modelo como são calculadas as variáveis dentro de cada componente muda conforme a realidade de cada propriedade. É preciso considerar, por exemplo:

  • a preexistência de um controle de dados das máquinas e implementos ao longo do ano;
  • gasto de combustível de cada trator nas diferentes operações;
  • registro das informações de manutenção;
  • quantidade de horas para as trocas de filtros e óleos.

Como você pode perceber, tudo isso acaba tornando a estimativa do custo operacional de cada atividade mais preciso. 

Veja a seguir quais variáveis podem ser utilizadas para obter os valores dos custos fixos (CF) e variáveis (CV) de cada operação e que somados possibilitam estimar o custo operacional total (CT):

CT = CF + CV

Vamos entender melhor o que é cada uma dessas variáveis e como definir seus custos em cada categoria a seguir.

Custos fixos

Os custos fixos são aqueles que devem ser debitados, independentemente da máquina ser usada ou não

É necessário ponderar que, a partir do momento em que foi adquirida, a máquina passa a onerar seu proprietário, mesmo que seja mantida inativa no galpão de máquinas. 

A forma de remover o ônus é utilizar o bem o maior número de horas por ano, reduzindo ao máximo o tempo ocioso. 

Entre os custos fixos são incluídos:

  • depreciação (D)
  • juros (J)
  • alojamento e seguros (AS)
  • mão de obra (MO)

CF = D + J + A + S + MO

Depreciação (D) 

A parcela de depreciação, que é incluída nos gastos fixos, representa a constituição de um fundo de reserva para a aquisição de uma máquina nova, do mesmo tipo, potência, peso, etc. 

A depreciação se refere à desvalorização da máquina em função do tempo, seja ela utilizada ou não. 

Ou seja, se uma máquina for pouco utilizada durante o ano, sua depreciação ocorrerá principalmente devido à obsolescência. Se for intensamente utilizada, a depreciação se dará devido ao desgaste. A diferença é que, no segundo caso, a máquina proporcionou um retorno por meio do serviço prestado. 

A depreciação de uma máquina não é conhecida com precisão enquanto ela não for vendida, pois apenas nesta ocasião se terá certeza do seu valor real. 

Por esse motivo, a depreciação é estimada por meio de diversos métodos: método da linha reta, do saldo decrescente, da soma dos dígitos e depreciação dedutível. 

O método da linha reta é o mais simples de ser usado, resultando numa depreciação anual constante da máquina, durante a vida útil, calculado da seguinte forma: 

D = (Vi – Vs)/ Vu x Hua

Onde: 

D (R$/h)  = depreciação 

Vi (R$) = valor de aquisição da máquina (valor de compra do produto novo ou usado)

Vs (R$) = valor de sucata ou de revenda (pode variar de 10% a  60% do valor de aquisição, dependendo da máquina) 

Vu (anos) = vida útil em anos (número de anos de uso).

Hua (horas/ano) = número de horas de uso por ano.

A vida útil ou econômica varia muito em função do tipo de máquina utilizado e da sua manutenção. 

Na falta de estatísticas bem detalhadas para a estimativa da vida útil das máquinas agrícolas, podem-se utilizar valores tabelados como indicação aproximada. Veja:

tabela com vida útil das máquinas e implementos agrícolas

 Vida útil das máquinas e implementos agrícolas 
(Fonte: Pacheco, 2000)

Juros (J)

As metodologias para cálculo do custo horário de operações agrícolas consideravam que o capital utilizado na aquisição das máquinas deveria ser computado como retendo juros à base do que é obtido quando este capital estivesse aplicado no comércio.

Porém, na época em que esses trabalhos foram elaborados, os investimentos de baixo risco, como a poupança, apresentavam rentabilidade de 6,16% ao ano.

Isso significa que a máquina deveria apresentar eficiência operacional e retorno econômico suficientes para justificar manter aquele capital imobilizado em maquinário. 

Atualmente, essa metodologia não se aplica, pois a poupança rende 70% da taxa básica de juros (Selic), que está em 2% (outubro/2020).

Isso significa que deixar o dinheiro “parado” nessa modalidade de investimento, com rentabilidade muito baixa, não compensa. 

A consideração de juros ao custo horário de máquinas é relevante quando assumimos que muitas máquinas e implementos agrícolas são adquiridos através de financiamentos. 

Dessa forma, torna-se importante dissolver os juros anuais sobre esse capital pela fórmula a seguir:

J = (Vi x Tj) / Hua

Onde:

J (R$/h)  = juros 

Vi (R$) = valor de aquisição da máquina

Tj (%) = taxa de juros anual atribuída ao financiamento da máquina (ex: 8,5%, 4% a.a.)

Hua (horas/ano) = tempo de uso por ano 

Abrigo (A) e Seguro (S)

Se a máquina for mantida sob abrigo quando estiver fora de uso, certamente sua vida útil será maior pela proteção e facilidade de se fazer reparos em quaisquer condições climáticas.

No Brasil, não é muito comum fazer o seguro de máquinas agrícolas. Esse fato pode levar à falsa impressão de que não é necessário calcular o custo desse seguro. 

Não podemos esquecer, porém, que o custo do seguro não é repassado a uma seguradora, é bancado pelo proprietário da máquina, pois o risco de acidentes e perdas sempre existe.

Assim, seguindo a mesma metodologia para atribuir a participação de juros ao cálculo do custo horário, é aconselhável utilizar uma porcentagem do custo inicial para os cálculos de abrigo e seguro, feito ou não em uma companhia seguradora, conforme as fórmulas a seguir:

A = (Vi x Ta) / Hua

Onde:

A (R$/h)  = Abrigo

Vi (R$) = valor de aquisição da máquina

Ta (%) = Taxa de abrigo (geralmente estipulada entre 1 e 2%, é definida conforme o tipo de abrigo, qualidade e durabilidade das construções, etc.)

Para calcular o seguro é necessário apenas substituir a taxa de abrigo (Ta) pela taxa de seguro (Ts):

S = (Vi x Ts) / Hua

Onde:

S (R$/h) = Seguro

Ts (%) = Taxa de seguro (depende da região e da máquina, varia de 0,5% a 2%) 

Mão de obra (MO)

Os salários, benefícios e encargos sociais referentes à mão de obra do operador da máquina devem ser computados no cálculo do custo operacional das máquinas. Para isso, deve-se considerar, no mínimo, a média que prevalece na região. 

Também podem ser calculados conforme as fórmulas a seguir:

Salário mensal = 1,5 x salário mínimo + 20% de encargos sociais
MO (R$/h) = (salário mensal x 13) / horas de trabalho por ano

Sugestão:
A quantidade de horas de trabalho por ano pode ser obtida através do seguinte cálculo: 47 semanas no ano x 5 dias por semana x 8 horas de trabalho por dia = 1.880 horas de trabalho por ano.

Custos variáveis (CV) 

Os custos variáveis são aqueles que dependem da quantidade de uso que se faz da máquina e são constituídos por: combustíveis (C), lubrificantes (L), reparos e manutenção (RM).

CV = C + L + RM

Combustíveis (C) 

Os combustíveis são usados principalmente para o acionamento dos motores de tratores, pulverizadores e distribuidores autopropelidos e colheitadeiras

É difícil avaliar com precisão o consumo de combustível dos tratores, devido às condições variáveis a que são submetidos durante os trabalhos de campo. Ou seja: profundidade de operação, estrutura e umidade do terreno, declividade do terreno, condições de manutenção e regulagem de implementos, por exemplo. 

Essas variáveis influenciarão o consumo mesmo que outras característica como regulagem da bomba injetora e motor, condições de lastragem, estado dos pneus e nível de combustível estejam compatíveis entre as máquinas submetidas ao comparativo. 

Portanto, o custo por hora gasto com combustível pode ser calculado por meio da fórmula a seguir: 

C = cons. horário x custo/litro

Onde: 

C (R$/h) = Combustível
Consumo horário (mL/CV.h-1) = quantidade de combustível consumida, varia de 90 a 120 mL/CV.h-1, dependendo do esforço exigido do motor. Motores de colhedoras, normalmente, consomem entre 120 a 140 mL/CV.h-1

Custo/litro (R$/L) = Custo do diesel

Lubrificantes (L)

Após calcular o consumo e o custo de combustíveis nas máquinas agrícolas, é necessário calcular o custo dos lubrificantes. 

Esse controle é fundamental para o gerenciamento das máquinas agrícolas e seu uso correto deve ser respeitado para maximização da vida útil dos componentes da máquina

Com o aumento da tecnologia no campo, tratores e colhedoras passaram a utilizar uma ampla gama de lubrificantes (motor, transmissão, hidráulico). 

Estudos nos Estados Unidos demonstram que os custos com lubrificantes são aproximadamente 15% do custo dos combustíveis. 

Então, uma vez calculado o custo dos combustíveis, pode-se calcular o custo dos lubrificantes como sendo 15% desse valor. Assumindo que o custo de combustível calculado seja de R$ 45/hora, por exemplo, então o custo com lubrificantes será igual a R$ 6,75/hora.

Reparos e manutenção (RM) 

Dentre as despesas de manutenção que devem ser computadas para o cálculo do custo operacional de máquinas agrícolas, estão aquelas realizadas para a manutenção preventiva e corretiva. 

Na manutenção preventiva, devem-se computar os gastos com componentes trocados a intervalos regulares. É o caso dos filtros de ar, filtros de óleos, lubrificantes, filtros de combustível, correias de polias, etc.

A manutenção corretiva é bem mais difícil de ser estimada, pois depende de fatores de difícil controle, como a habilidade do operador, condições do terreno, etc. 

Esses custos devem ser considerados até mesmo antes da aquisição das máquinas necessárias.

A tabela que separamos abaixo contém valores em porcentagem para a estimativa do custo inicial com reparos e manutenção durante a vida útil de tratores e outras máquinas agrícolas. 

tabela com parâmetros para cálculo de custos com reparos e manutenção de máquinas agrícolas

Parâmetros para cálculo de custos com reparos e manutenção de máquinas agrícolas
(Fonte: retirado de Pacheco, 2000)

Conclusão

Os sistemas mecanizados representam grande parte do custo de produção das culturas agrícolas.

Além disso, a intensificação do uso da mecanização na agricultura exige novos investimentos que imobilizam grande capital em máquinas com maior potência e tecnologia incorporada

Do ponto de vista da propriedade rural, à medida que o número, tamanho e complexidade das máquinas aumenta, maior se torna o impacto do gerenciamento desse sistema sobre a rentabilidade do negócio.

Portanto, é fundamental ter uma análise crítica dos custos envolvidos. Assim, o cálculo do custo operacional dos sistemas mecanizados é uma importante alternativa, não só para tomadas de decisão no momento da seleção dessas máquinas, mas também para comparação com os preços de hora/máquina praticados na sua região. 

Tudo isso te dará subsídios no momento da decisão de comprar ou alugar algum equipamento para realizar uma determinada operação.

Esperamos que você aproveite essas informações e a calculadora gratuita para tornar mais lucrativa a sua empresa rural!

Referências:

PACHECO, E. P.. Seleção e custo operacional de máquinas agrícolas. Rio Branco: Embrapa Acre, 2000. 21p. (Embrapa Acre. Documentos, 58).

Como está o custo operacional de máquinas agrícolas em sua propriedade? Restou alguma dúvida sobre o tema? Deixe seu comentário!

Artigo elaborado por nossos profissionais:

joao.franceschette

João Franceschette
Engenheiro-agrônomo em formação e parte do time de Relacionamento com o Cliente da Aegro.

jerônimo lopes

Jerônimo Branco Lopes
Engenheiro-agrônomo em formação e parte do time de Relacionamento com o Cliente da Aegro.

Telemetria na agricultura: como ela melhora a gestão das máquinas na sua fazenda

Telemetria na agricultura: entenda o que é como aproveitar essa tecnologia para reduzir custos na sua propriedade.

A tecnologia tem deixado as fazendas cada vez mais inteligentes. Hoje é possível acompanhar as operações do maquinário sem precisar estar 100% no campo.

Com o auxílio de sensores acoplados nas máquinas, é possível ter redução de custos operacionais e otimizar as atividades da fazenda analisando os dados de telemetria.

Quer entender melhor como a telemetria ajuda na gestão da frota e de que forma ela pode ser aproveitada na sua propriedade? Acompanhe a seguir!

O que é telemetria?

A telemetria é uma tecnologia que permite a coleta e o compartilhamento de informações sobre equipamentos, veículos e máquinas de forma remota. O termo tem origem na palavra grega tele, que significa remoto, e metron que significa medida.

Explicando melhor: a telemetria é um sistema de monitoramento de dados e transferência por meio de sinais de rádio para uma central, que não necessariamente precisa estar dentro da propriedade. 

Em muitos casos, temos a utilização de um datalog para gravação dos dados coletados e posterior envio à central de controle, que geralmente armazena as informações na nuvem.

Na Agricultura de Precisão (AP), por meio dessa tecnologia, é possível coletar os dados utilizando sensores acoplados nas máquinas e também georreferenciar de acordo com o interesse de cada propriedade agrícola. 

Muito conhecida das corridas de Fórmula 1, a telemetria foi adaptada para o agronegócio e está cada dia mais presente nas fazendas.

Como utilizar a telemetria na agricultura

A telemetria pode ser amplamente aplicada no agronegócio, desde atividades relacionadas à coleta de dados de condições de solo e condições climáticas por meio de estações meteorológicas a dados provenientes de sensores embarcados nas máquinas. 

Os sensores nas máquinas podem ser de vários tipos: óticos, elétricos, capacitivos, acústicos, entre outros, e podem fornecer dados como:

  • pressão do óleo do motor;
  • pressão do corte de base;
  • rotações por minuto do equipamento;
  • consumo de combustível;
  • temperatura do motor;
  • horímetro;
  • posicionamento do maquinário;
  • velocidade instantânea;
  • horas do equipamento ligado;
  • motor ocioso;
  • locais de parada;
  • eficiência durante a operação;
  • área trabalhada;
  • horas produtivas;
  • e muito mais!
ilustração de como funciona um sistema de telemetria na fazenda: Por meio de um modem com software específico de telemetria instalado nas máquinas, o agricultor pode acompanhar e fazer correções em tempo real nas atividades do campo.

(Fonte: Globo Rural)

Como reduzir os custos com essa tecnologia

A telemetria ajuda na coleta de dados para análises posteriores. Inúmeras plataformas de telemetria já fornecem relatórios personalizados de acordo com os objetivos de cada cliente.

Os relatórios ajudam a identificar otimizações dentro das atividades agrícolas e reduções de custo.

Com metas e objetivos, a análise dos dados propicia que as otimizações sejam conseguidas em curto e médio prazos.

Como as máquinas e equipamentos são monitorados a todo momento, é possível tomar decisões e atuar em tempo real, ainda com as operações sendo realizadas em campo.

As análises e relatórios podem indicar que a máquina está operando fora dos padrões pré-estabelecidos, por exemplo. Tal informação auxilia na redução de custo durante a operação e possíveis reduções de custos como manutenção dos equipamentos.

Semeadura, aração, gradagem, colheita e outras operações realizadas fora dos padrões pré-estabelecidos podem acarretar falhas no plantio, consumo excessivo de combustível e maiores perdas durante a colheita.

A telemetria permite que estas informações sejam checadas e corrigidas sempre que possível.

Como otimizar a gestão de frotas com a telemetria

São muitos os benefícios da aplicação da telemetria nas fazendas agrícolas:

  • consumo de combustível;
  • temperatura e rotação do motor;
  • trajeto realizado pelo equipamento;
  • parada da máquina por quebra de peças;
  • parada do equipamento por falta de insumos;
  • tempos gastos para reabastecimento, entre outros.

Esses indicadores são muito úteis para reduções de custos e otimizações.

Caso seja analisado um consumo de combustível fora dos padrões já observados no histórico da fazenda, o equipamento pode ser destinado a manutenções ou substituições de peças.

Operadores que utilizam rotações mais altas do que as necessárias podem provocar maior consumo de combustível e o sistema de telemetria pode emitir alertas sonoros ou visuais para auxiliar na correta condução do equipamento.

Com relatórios das máquinas provenientes da telemetria sendo analisados, é possível saber quais são os equipamentos com melhor consumo de combustível e menos paradas por quebra de peças. Isso beneficia o rendimento operacional. 

Por meio da telemetria, é possível otimizar a frota da propriedade, assim como fez a Usina São Manoel.

A instalação de computadores de bordo em toda a frota utilizada nas operações agrícolas aumentou a moagem em 30% nos últimos cinco anos da usina. Isso sem a necessidade de ampliação da frota.

Sistemas de telemetria modernos conseguem auxiliar na gestão de centenas de equipamentos ao mesmo tempo, centralizando todas as informações em um único local. Assim, o gestor pode analisar os relatórios para tomar a melhor decisão.

A centralização desses dados em uma única plataforma propicia que, mesmo com equipes pequenas, a gestão possa ser feita de maneira eficiente.

As anotações em papéis ou planilhas impressas são substituídas pelas coletas e transmissões automáticas das informações, quando se utiliza telemetria, assegurando dados mais confiáveis.

Desafios para começar a usar a telemetria

Para implementar sistemas de telemetria na fazenda e equipamentos, alguns desafios devem ser considerados.

O primeiro é a escolha da melhor plataforma de telemetria presente no mercado, seleção da compra e implantação dos sensores de coleta e transmissão de dados nos equipamentos.

O segundo desafio são as máquinas mais antigas, que não possuem sistemas Isobus/CAN para coleta dos dados. Assim, é um pouco mais complicado para realizar a telemetria.

As máquinas (tratores e colhedoras) mais novas possuem um protocolo de comunicação de dados conhecida como Isobus/CAN, descrito pela norma ISO 11783, sendo mais simples a coleta e transmissão dos dados desses equipamentos para central.

O terceiro desafio está relacionado às falhas de conectividade no campo. Com isso, algumas máquinas poderão ficar de 24h a 48 horas ou mais, sem enviar dados à central. Assim, a correção da operação em tempo real é ineficiente.

Além desses desafios, é importante que as fazendas tenham pessoas e gestores capacitados a interpretar e analisar os dados gerados na central, com intuito de traçar novos planos e metas para otimizar as atividades agrícolas.

Como implementar a telemetria na fazenda

Existem diversas maneiras de se implantar a telemetria nas máquinas da fazenda.

Os métodos mais simples envolvem a aquisição de iPads, chips com sinal gprs e sensores acoplados diretamente na rede CAN das máquinas que coletam e enviam os dados a central.

Outra maneira é por meio da aquisição de plataformas e adaptações realizadas nas máquinas com hardwares e softwares como a JD Link, Solinftec, Climate Fieldview, Otmis Maps, entre outros.

imagem de um notebook aberto mostrando o sistema de telemetria na agricultura JDLink, da John Deere.

(Fonte: John Deere)

Os hardwares e softwares precisam ser instalados nas máquinas e possuir integração com a plataforma que irá receber os dados e gerar os relatórios. 

As plataformas arquivam os dados históricos dos equipamentos para que possam ser utilizados para futuros planejamentos e análises.

E, além das análises de relatórios gerados, as máquinas podem ser acompanhadas em tempo real, sempre que estiverem conectadas com sinal de rádio para transmitir os dados. Assim, é possível fazer correções no momento em que as operações estão sendo executadas.

Conclusão

A telemetria já vem sendo muito utilizada em diversos setores da economia. No agronegócio, se mostra uma ferramenta muito valiosa no gerenciamento da frota em campo e no auxílio às tomadas de decisões gerenciais.

As máquinas conectadas mostra aos operadores quais áreas já foram manejadas, reduzindo aplicações desnecessárias e otimizando os custos.

Ferramentas de telemetria otimizam as atividades no campo, trazendo novas tecnologia e inovação no setor que mais cresce no país.

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Máquinas agrícolas: como gerenciá-las

“Como a irrigação de precisão pode otimizar o uso da água e gerar economia na fazenda”

“Como a agricultura preditiva e autônoma pode impulsionar sua lucratividade”

O que você acha sobre a telemetria na agricultura? Você utiliza essa tecnologia na sua fazenda?Adoraria ver seu comentário abaixo.

Como evitar o embuchamento em plantio direto de soja

Embuchamento em plantio direto de soja: Veja as dicas para a regulagem certeira das máquinas e minimize esse problema em suas operações agrícolas.

O embuchamento, literalmente, significa ficar completamente cheio. No caso das máquinas agrícolas, o embuchamento está relacionado à queda de rendimentos operacionais.

Diversas condições da lavoura, associadas às regulagens incorretas nas máquinas agrícolas, podem causar embuchamentos.

Em plantio direto, solos com muita palhada e discos montados muito próximos podem provocar essa situação.

Acompanhe neste artigo como reduzir o embuchamento das máquinas em plantio direto de soja e também em outras culturas!

Sistema de Plantio Direto

O sistema de plantio direto (SPD) vem sendo muito utilizado no Brasil para melhorias nas condições dos solos e aumento das produtividades da lavoura.

Porém, a adoção desse sistema exige um manejo do solo diferente da qual os produtores estavam acostumados a realizar.

Dentro do sistema de plantio direto, três fatores devem ser considerados: rotação de culturas, manutenção da palhada e o não revolvimento do solo. 

A rotação de culturas e uso da adubação verde podem ser utilizados dentro do SPD inclusive para reduzir problemas de compactação ocasionados pelo tráfego das máquinas dentro das lavouras.

Essa condução diferenciada no manejo requer mais cuidado quanto ao maquinário empregado e suas regulagens para obter melhor retorno operacional e financeiro.

Nos sistemas de plantio direto, é preciso se atentar a:

  • problemas de compactação do solo;
  • presença de água no solo;
  • infiltração de água no perfil;
  • manutenção de matéria orgânica com a utilização de cobertura vegetal;
  • estruturação do solo.

A semeadura na palha deve ser realizada com máquinas com discos para cortar essa cobertura superior do solo e depositar as sementes logo abaixo dessa camada.

Altos volumes de palhada na superfície e espaçamentos menores entre as linhas de plantio de soja, por exemplo, podem afetar o rendimento operacional de campo devido às paradas acarretadas pelo embuchamento das máquinas.

embuchamento em plantio direto de soja

(Fonte: Cotrijuc)

Máquinas utilizadas no Plantio Direto

As máquinas utilizadas no plantio direto possuem, geralmente, discos de corte para cortar a cobertura de palhada nas camadas superficiais do solo. Também têm sulcadores para abertura do sulco e deposição das sementes.

Essas peças encontradas nas semeadoras podem gerar mais ou menos embuchamentos durante o plantio.

Solos mais argilosos e com umidades mais elevada podem aderir e grudar mais nos discos de corte das semeadoras. Tal condição dificulta o corte da palha, resultando em mais embuchamentos e perdas na qualidade na operação.

Outro local propício para causar embuchamento são as hastes sulcadoras e os discos duplos. 

Em solos de mesmo padrão, argilosos e com maior umidade, eles podem acumular agregados de solo e palhada, o que dificulta a operação correta dos equipamentos.

Uma vez que estes discos corta-palha e as hastes sulcadoras estão incrustadas de solo e palhada, a mobilização do solo aumenta, reduzindo a eficácia do SPD.

Frente a isso, erosões e maior incidência de plantas daninhas podem ser observadas nas áreas. Tudo isso compromete a otimização dos processos, reduzindo a produtividade.

embuchamento em plantio direto de soja

(Fonte: Coagril)

As sementes também podem ser depositadas de forma desigual nos solos. Quando isso acontece, pode haver problemas de emergência, falhas no estande desejado e desuniformidade nas linhas de semeadura.

6 dicas para regular máquinas e evitar embuchamento em plantio direto de soja

Com intuito de evitar embuchamentos em plantio direto de soja, milho e outras culturas, algumas ações de manejo podem ser utilizadas. Confira algumas dicas:

1 – Observe a umidade do solo e tente adequar o melhor momento de semeadura na curta janela de plantio. Sei que isso às vezes pode ser um desafio muito grande.

2 – Se a janela de plantio for muito curta e a palhada na superfície não for muito espessa, alguns dizem cerca de 4 a 6 ton/ha (porém, dependendo do tipo da palhada, esses valores podem ser modificados), uma dica é retirar os discos de corte da máquina para minimizar o acúmulo de solo grudado nestas partes.

3 – Se não há muita palhada na cobertura dos talhões e a máquina for semeadora-adubadora, opere somente com os discos duplos na semente e fertilizante.

4 – Espaçamentos maiores entre linhas das semeadoras também ajudam na redução dos embuchamentos no momento do plantio.

5 – Espaçamentos de 45 cm ou 50 cm, no caso da soja, embora apresentem maior retorno em produtividade, podem representar mais embuchamentos na hora do plantio. Isso vai depender da umidade e textura dos solos.

6 – Com semeadoras múltiplas, sem a possibilidade de ajustar as linhas de semeadura para espaçamentos maiores, é preciso checar sempre o melhor arranjo destas máquinas. Assim é possível semear melhor as culturas e evitar paradas desnecessárias acarretadas por embuchamento. 

As multissemeadoras auxiliam no sistema de rotação de culturas dentro do plantio direto e estão ganhando mercado nas fazendas que praticam esse sistema!

custo operacional de máquinas

Embuchamento na colheita

O embuchamento não acontece apenas na semeadura das culturas em plantio direto – pode ocorrer também na hora da colheita.

A secagem natural da soja em campo, por exemplo, pode diminuir custos com a secagem artificial em silos. Porém, à medida em que estas plantas permanecem no campo, há possibilidade da invasão de plantas daninhas na lavoura.

embuchamento em plantio direto de soja

Fonte: (Up. Herb)

A dessecação mal feita pode trazer o mesmo problema, prejudicando o momento da colheita.

Assim, colheitas mecânicas podem perder rendimento operacional quando atingem estas massas de plantas invasoras verdes no meio do talhão. Tal condição representa possíveis embuchamentos das máquinas e perdas na eficiência.

Perdas causadas pelo embuchamento

Conforme comentei, inúmeras podem ser as perdas causadas pelo embuchamento das máquinas.

No momento do plantio, embuchamentos podem acarretar em maior presença de plantas daninhas e emergência desuniforme do estande de plantas.

Com maior incidência de daninhas e estande desuniforme das plantas, a produtividade fica comprometida.

Embuchamentos no plantio e na colheita podem propiciar maior desgaste e quebra das peças das máquinas agrícolas, o que aumentará os custos de produção.

Para evitar essas situações, é importante que sejam feitas manutenções preventivas no maquinário ao longo de toda a safra.

Você pode usar um software agrícola como o Aegro para gerenciar seus equipamentos e programar revisões periódicas, checando a necessidade de trocar peças ou realizar novas regulagens.

Utilizando-se de estratégias assertivas como essa, certamente você otimizará os rendimentos operacionais, o que fará toda a diferença na lucratividade da sua fazenda.

Conclusão

Diversas estratégias podem ser utilizadas para aumentar produtividade e reduzir o embuchamento em plantio direto de soja. 

Aqui mostramos a importância de checar a textura dos solos e a umidade na hora da semeadura. Dessa forma, você evita que os agregados do solo fiquem aderidos aos discos de corte, hastes sulcadoras e discos duplos das máquinas.

Você também viu que aumentar o espaçamento e retirar discos de corte também podem ser opções de arranjo nas semeadoras para otimizar rendimentos e evitar embuchamentos. 

A compra de equipamentos autolimpantes ou confeccionados com materiais menos abrasivos também é uma excelente opção. 

E, lembre-se: o embuchamento também pode ocorrer na colheita se a dessecação for mal realizada ou se a lavoura estiver com muitas plantas daninhas.

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Novidades de máquinas e implementos agrícolas que ainda não vemos por aí

Máquinas para culturas de inverno: diferentes tipos e particularidades

Você utiliza outras estratégias de manejo para evitar o embuchamento em plantio direto de soja ou outras culturas? Restou alguma dúvida? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Máquinas para culturas de inverno: diferentes tipos e particularidades

Máquinas para culturas de inverno: saiba mais a respeito das diferentes semeadoras disponíveis no mercado 

As culturas de inverno são uma fonte de mais rentabilidade para a fazenda. Mas seu cultivo possui características e máquinas agrícolas específicas para sua condução.

Hoje há muitas opções no mercado e alguns modelos que semeiam estas culturas até em sistemas de plantio direto.

Para te ajudar a escolher o maquinário mais adequado, preparei uma lista de máquinas para culturas de inverno que podem ser interessantes para sua fazenda. Confira a seguir!

Máquinas para culturas de inverno: semeadura

Talvez uma das culturas de inverno mais semeadas atualmente seja o trigo. Porém, muitas outras são amplamente utilizadas como:

  • aveia branca e preta;
  • canola;
  • centeio; 
  • cevada;
  • triticale, entre outras.

Com o avanço dos Sistemas de Plantio Direto (SPD), muitos agricultores optaram pela semeadura das culturas de inverno para não deixar o solo descoberto na entressafra de verão.

A manutenção da cobertura dos solos auxilia na maior retenção de água, rotação de culturas e prevenção de plantas daninhas. Além disso, traz retorno financeiro com a venda do produtos numa safra de meio de ano.

As culturas de inverno também propiciam algumas vantagens para a semeadura da próxima safra:

  • Com a cobertura morta presente nas áreas, há redução da patinagem das máquinas agrícolas, por isso é possível antecipar a semeadura nestes talhões;
  • Devido à manutenção de maior teor de umidade no solo, a janela de semeadura acaba ampliada.

Encontrar culturas de inverno que apresentem valor e liquidez de mercado pode ser a chave para alcançar maiores ganhos.

É importante lembrar que, para sucesso das semeaduras das culturas de inverno, é necessário que o estabelecimento seja rápido e uniforme quanto à população de plantas.

É preciso que as sementes no solo estejam na profundidade correta, possibilitando a absorção de água, nutrientes e temperatura, para que ocorra a emergência e germinação o mais rápido possível. Tais condições reduzem o risco de ataque de pragas de solo.

Também é preciso ter o maquinário adequado. Por isso, veja a seguir mais informações sobre as máquinas para culturas de inverno e faça a melhor escolha para sua fazenda!

Tipos de máquinas para culturas de inverno

As semeadoras têm papel vital para o bom desenvolvimento das culturas de inverno.

Máquinas utilizadas para a semeadura de culturas de grãos miúdos são conhecidas como semeadoras de fluxo contínuo.

Estes modelos possuem, geralmente, mecanismos de distribuição por meio de rotores acanalados helicoidais que distribuem as sementes por metro linear de forma contínua.

Já as semeadoras de precisão, utilizadas para plantio de soja e milho, por exemplo, distribuem as sementes de forma individual, com discos horizontais.

Existem dois tipos de semeadoras para sementes miúdas: as do tipo TD e as semeadoras múltiplas. Vou falar mais sobre elas a seguir:

Semeadoras tipo TD

Semeato TDNG 320 420 e 520

As semeadoras da linha TDNG foram criadas para realizar a semeadura direta, além do cultivo mínimo e plantio convencional de grãos finos como o trigo, arroz, aveia, entre outros.

As máquinas dessa série possuem linhas pivotadas com grande flutuação, proporcionando boa eficiência mesmo em terrenos irregulares.

Elas podem ter caixas de adubo ou apenas depósitos de sementes, sendo que nestas sem o adubo, a autonomia e o rendimento operacional do plantio ficam maiores.

A distribuição de sementes é realizada por meio de rotor acanalado helicoidal, fabricado em ferro fundido temperado e bicromado. Segundo o fabricante, isso mantém a uniformidade de distribuição da semente.

A versão TDNG 320 tem capacidade para semear 20 linhas no espaçamento de 17 cm e uma potência requerida de um trator de cerca de 95 cv.

A máquina combinada possui capacidade máxima de 720 kg de sementes e 1.350 kg de adubo, sendo que a versão SEED (somente reservatório de sementes) tem capacidade de 1.380 kg.

Já a versão TDNG 420 tem capacidade para semear 26 linhas no espaçamento de 17 cm e potência requerida aproximada de um trator de 120 cv.

A máquina combinada possui capacidade máxima de 915 kg de sementes e 1.700 kg de adubo. Na versão SEED, a capacidade é de 1.725 kg.

E a versão maior da linha, TDNG 520, tem capacidade para semear 32 linhas no espaçamento de 17 cm e uma potência requerida de um trator de 140 cv.

A máquina combinada possui capacidade máxima de 1.125 kg de sementes e 2.125 kg de adubo, sendo que a versão SEED tem capacidade de 2050 Kg.

Semeadoras de grãos fino Linha Guapa

Linha Guapa Supra e Guapa Supra Winter

As semeadoras da linha Guapa da Stara também merecem destaque em nossa lista.

Os modelos possuem capacidade de articulação, o que garante uma boa qualidade da semeadura mesmo em terrenos irregulares e acidentados.

A calibração é relativamente fácil de ser executada, pois as máquinas possuem molas pneumáticas de pressão que garantem homogeneidade na emergência da cultura.

Essa linha de semeadoras é equipada com um reservatório central de sementes e fertilizantes, com bons rendimentos operacionais e abastecimento mais rápido.

Na configuração “somente sementes”, essa linha possui capacidade para cerca de 3.000 kg.

O reservatório tem capacidade para 1.200 kg de semente e 3.000 kg de adubo. Além disso, pode ser reconfigurado em até quatro modos possíveis, conforme a necessidade de cada operação.

As máquinas desta série possuem capacidade de semear 44 e 60 linhas com espaçamento de 17 cm. Ambas podem ser equipadas com controlador para Agricultura de Precisão e pacote de telemetria da marca.

Foto de máquinas agrícolas para cultura de inverno

(Fonte: Stara)

Semeadoras Múltiplas ou Multissemeadoras

As semeadoras múltiplas são equipamentos que conseguem semear tanto sementes graúdas quanto miúdas.

Esse tipo de máquina pode ser uma excelente opção se você pretende praticar a rotação de culturas na propriedade e semear cultivos de inverno. 

As multissemeadoras possibilitam o preparo do equipamento de acordo com a cultura que será semeada.

A mudança no layout destas máquinas consiste basicamente na parte do sistema distribuidor de sementes e na retirada dos sulcadores de adubo. Cada máquina possui sua configuração específica. Vou trazer mais detalhes sobre algumas delas a seguir:

Semeato SSM Full 3513 e 4115

A semeadora SSM FULL da Semeato consegue realizar o plantio tanto de sementes miúdas quanto graúdas e ainda realizar a correção do solo.

As duas versões dessa linha de semeadoras múltiplas atendem médias e grandes propriedades: a SSM FULL 3513, de 35 linhas num espaçamento de 17 cm; e a SSM FULL 4115, de 41 linhas com espaçamento de 17 cm.

A SSM FULL 3513 é a versão menor da linha e possui capacidade de sementes miúdas de 4.000 kg (somente semente) ou 2.000 kg com caixas de adubo e 1.500 kg para sementes graúdas.

Requer potência de um trator de 215 hp, com capacidade de adubo de 3.000 kg para sementes miúdas e 6.000 kg para sementes graúdas.

A máquina pode ser configurada para a semeadura de 35 linhas de 17 cm usando sementes miúdas e 13 linhas de 45 cm ou 12 linhas de 50 cm para sementes graúdas.

Já a SSM FULL 4115 possui a mesma capacidade de 4.000 kg (somente semente) ou 2.000 kg com caixas de adubo para sementes miúdas e 1.500 kg para sementes graúdas. Possui caixa de adubos com capacidade aproximada de 3.000 kg para sementes miúdas e 6.000 kg para graúdas.

O que muda na versão maior da linha é a potência requerida do trator, neste caso, de 225 hp. Porém, as linhas de semeadura variam entre 15 linhas de 45 cm ou 14 linhas de 50 cm.

Foto de máquina agrícola com tanque

(Fonte: Semeato)

Manutenção das máquinas e gestão da frota

Manutenção é essencial para o correto funcionamento do maquinário agrícola.

Um simples filtro de ar entupido com poeira pode acarretar perda de potência do maquinário, diminuindo a eficiência operacional.

As semeadoras múltiplas necessitam de alteração no layout da máquina para a semeadura de culturas de inverno ou verão. É vital que as peças trocadas sejam limpas, reparadas e substituídas sempre que necessário.

Para organizar todas essas revisões ao longo da safra, sem se esquecer de nenhuma máquina, você pode contar com o auxílio de um sistema de gestão agrícola como o Aegro.

Essa ferramenta te permite programar alertas periódicos de manutenção na frota. Assim, você recebe um aviso por e-mail sempre que estiver na hora de realizar uma nova checagem.

Você também pode usar o Aegro para adquirir maior controle sobre o custo operacional das suas máquinas. Basta registrar gastos com manutenções e abastecimentos de forma prática, pelo seu celular.

Além disso, o aplicativo é perfeito para monitorar o uso do maquinário em atividades de manejo. Você contabiliza as horas trabalhadas com o equipamento e obtém indicadores sobre a sua capacidade efetiva.

Todas essas informações que o Aegro reúne te ajudam a tomar melhores decisões no dia a dia e garantir uma alta performance para o seu patrimônio.

Confira algumas opções para começar a gerenciar sua frota agrícola com o Aegro:

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  • Utilize seus Pontos Bayer para contratar a versão completa do Aegro (clique aqui).

Conclusão

A semeadura de culturas de inverno pode ser uma excelente opção para o aumento da rentabilidade da fazenda.

Se você deseja fazer esse investimento, a aquisição de uma semeadora múltipla costuma ser uma excelente escolha. Afinal de contas, ela poderá ser utilizada tanto para o plantio das culturas de inverno quanto de verão, otimizando atividades da fazenda e do maquinário.

No momento da compra, lembre-se de escolher modelos que sejam simples de alterar para culturas de semente miúda e graúda. Isso vai facilitar o trabalho no dia a dia da sua propriedade!

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