Como identificar e manejar a podridão radicular em soja

Podridão radicular em soja: conheça os sintomas, as condições de desenvolvimento, transmissão e disseminação para realizar o melhor método de controle

A podridão radicular por fitóftora é uma das doenças da soja mais importantes. 

Em cultivares altamente suscetíveis, pode causar a redução de até 100% no rendimento de grãos.

A doença está presente na maioria das áreas produtoras de soja do país e já causou muitos prejuízos.

Neste artigo, você verá como identificar essa doença e quais as melhores práticas para evitá-la. Boa leitura!

O que causa a podridão radicular em soja?

A podridão radicular em soja (ou podridão da raiz e haste por fitóftora) é causada pelo oomiceto Phytophthora sojae.

É comum que se refiram à podridão radicular por fitóftora como uma doença fúngica. No entanto, o patógeno dessa doença (oomiceto) não é considerado um fungo verdadeiro.

De origem grega, Phytophthora significa “destruidor de plantas” (Phyto = planta e phthora = destruidor).

Os Phytophthora são conhecidos por causar danos a culturas como soja, tomate, batata e citros. 

Sintomas da doença

Os sintomas da podridão radicular na soja podem ser observados da pré-emergência à fase adulta da cultura. 

O grau de severidade da doença está relacionado ao nível de resistência da soja. Plantas jovens são mais suscetíveis que plantas adultas.

No solo, as sementes infectadas podem apodrecer e a germinação pode ser retardada. Plântulas infectadas na fase inicial apresentam tecidos de coloração marrom

É comum que as plântulas morram durante a emergência.

Sintomas de podridão radicular por fitóftora em mudas de soja: (A) leve descoloração das raízes e lesão com aspecto encharcado no caule; (B) lesão de coloração marrom no caule e raízes; (C1-C3) danos no hipocótilo e cotilédone; (D) podridão da semente

Sintomas de podridão radicular por fitóftora em mudas de soja: (A) leve descoloração das raízes e lesão com aspecto encharcado no caule; (B) lesão de coloração marrom no caule e raízes; (C1-C3) danos no hipocótilo e cotilédone; (D) podridão da semente
(Fonte: Traduzido de Chang et al., 2017)

Em plantas adultas, é possível observar o apodrecimento da haste e dos ramos, que exibem coloração marrom. Esse sintoma avança da base da haste até as ramificações. 

A podridão radicular da soja também ataca severamente o sistema radicular. 

As raízes secundárias são destruídas e a raiz principal apodrece, adquirindo coloração marrom.

A doença provoca a redução do vigor da planta, clorose e a murcha das folhas. As folhas, mesmo secas, não se desprendem da planta. 

Sintomas de podridão da raiz e haste por fitóftora em soja

Sintomas de podridão da raiz e haste por fitóftora em soja
(Fonte: Daren Mueller)

A podridão radicular por fitóftora diminui a uniformidade da lavoura e o estande de plantas. 

Em alguns casos é necessário realizar operações de ressemeadura, o que aumenta os custos de produção. A doença também diminui o rendimento e a produtividade de grãos. 

Os sintomas da doença podem aparecer em plantas isoladas na lavoura. Também podem se manifestar em reboleiras, geralmente onde há acúmulo de água no solo.

Reboleira de soja com sintomas de podridão da raiz e haste por fitóftora

Reboleira de soja com sintomas de podridão da raiz e haste por fitóftora
(Fonte: Cary Hicks)

Em síntese, os principais sintomas da podridão radicular em soja são:

  • apodrecimento do sistema radicular;
  • lesões de coloração marrom em sentido ascendente na haste principal;
  • clorose
  • murcha das folhas; 
  • redução no rendimento e produtividade de grãos.

Transmissão e disseminação

Só ocorre um ciclo da podridão radicular durante o ciclo da soja. As plantas infectadas serão fonte de inóculo somente na próxima safra

O patógeno Phytophthora sojae consegue sobreviver por longos períodos, mesmo na ausência do hospedeiro. 

O solo e os restos culturais de soja contaminada são considerados as principais fontes de inóculo.

Além disso, o patógeno da podridão radicular em soja não é transmitido e disseminado por sementes de soja.

infográfico com ciclo da podridão radicular por fitóftora

Ciclo da podridão radicular por fitóftora
(Fonte: Traduzido de Crop Protection Network)

Condições para o desenvolvimento da podridão radicular em soja

As condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento da podridão por fitóftora são temperaturas em torno de 25 °C e 30 °C, além de elevada umidade do solo. 

A doença tem maior ocorrência em solos argilosos, solos compactados e mal drenados. 

Há práticas que aumentam a severidade da doença. O plantio direto na soja e a aplicação de altas doses de fertilizantes orgânicos antes da semeadura são exemplos.

Manejo da doença

O principal manejo da podridão radicular consiste no plantio de cultivares de soja resistentes à doença

Mesmo utilizando cultivares resistentes, fique de olho na ocorrência da doença na área. Existe a possibilidade de quebra da resistência da cultivar pelo patógeno.

Além do plantio de cultivares resistentes, adote práticas que melhorem as condições de drenagem e a descompactação do solo

Tenha em vista as condições de desenvolvimento da doença nesse momento. 

Outra medida a ser adotada é a rotação de culturas. Essa prática evita o aumento da quantidade do patógeno no solo.

Segundo a Embrapa, a aplicação de fungicidas na parte aérea da planta não apresenta efeito contra a podridão radicular por fitóftora. 

No Brasil, não há produtos químicos registrados para o tratamento de sementes de soja contra essa doença.

planilha de produtividade da soja

Conclusão

A podridão radicular por fitóftora da soja é uma doença causada pelo oomiceto Phytophthora sojae

O solo e os restos culturais contaminados são as principais fontes do inóculo. 

O principal método de controle utilizado para a podridão radicular por fitóftora é o plantio de cultivares resistentes

Também é importante realizar a rotação de culturas e o correto manejo do solo

Ele precisa apresentar condições como boa drenagem e descompactação, essenciais para que a doença não se estabeleça.

>> Leia mais:

“Conheça as 11 principais doenças da soja e como combatê-las (+ nematoides)”

Você já teve problemas com a podridão radicular em soja? Quais práticas de manejo você utilizou no controle da doença? Adoraria ler seu comentário!

O que mudou com a nova regulamentação para controle da ferrugem asiática da soja?

Nova regulamentação para controle da ferrugem asiática da soja: saiba como identificar o patógeno e quais as principais mudanças de procedimentos de controle

A ferrugem asiática é uma das doenças mais severas que atingem a cultura da soja, em qualquer etapa do ciclo produtivo. 

Nas regiões onde a ferrugem é relatada como epidêmica, os níveis de dano podem variar de 10% a 90% da produção

Você está por dentro da revisão e atualização dos principais procedimentos de controle da ferrugem asiática da soja? Conhecer a nova regulamentação é fundamental para não cometer erros no manejo!

Quer saber mais sobre essa doença e quais foram as principais mudanças na regulamentação para seu controle? Confira!

A ferrugem asiática da soja

A ferrugem asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, é extremamente danosa por poder atingir qualquer estádio de desenvolvimento da soja.

Apesar de só sobreviver e se reproduzir em plantas vivas, o fungo causador da ferrugem possui uma ampla gama de hospedeiras, plantas que podem ser infectadas por ele. Cerca de 150 espécies de leguminosas são hospedeiras do fungo.

No último mês, o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) publicou a Portaria n.º 306, que revisou e atualizou os principais procedimentos do PNCFS (Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja).

O PNCFS é instituído a nível nacional através da Instrução Normativa n.º 2, desde 2007. A nova regulamentação para controle da ferrugem asiática entrou em vigor no dia 1º de junho de 2021.

Como identificar a ferrugem asiática na lavoura?

Os primeiros sintomas da ferrugem asiática da soja são pequenas lesões nas folhas, de coloração castanha a marrom-escura.

Tais lesões possuem pequenas protuberâncias na parte inferior correspondente. Essas protuberâncias são estruturas do patógeno, chamadas urédias.

Conforme a doença se desenvolve, as urédias adquirem coloração castanho-claro e abrem-se como um poro.
Esporos do patógenos são expelidos desse poro. Ao serem carregados pelo vento, podem infectar novas plantas ou folhas, disseminando a doença.

Fases de desenvolvimento da ferrugem asiática da soja

Fases de desenvolvimento da ferrugem asiática da soja: sintomas iniciais, urédias na face inferior e detalhes das urédias abertas

(Fonte: Embrapa – Rafael M. Soares)

Como era antes da nova regulamentação para controle da ferrugem asiática?

A nível nacional, a doença vem sendo manejada graças a combinação de diferentes estratégias, também conhecida como MID (manejo integrado de doenças).

Confira algumas das principais estratégias do MID:

Com as cultivares mais precoces semeadas logo no início da safra, você consegue reduzir a ocorrência da doença no campo, além do número de aplicações de fungicidas.

Já bem definidas em alguns estados brasileiros, as janelas de semeadura orientam os produtores a semear em épocas menos propícias para o desenvolvimento da doença, mas favoráveis à soja.

Diferentes períodos de semeadura da soja de acordo com estado

(Fonte: Embrapa)

O fungo causador da ferrugem precisa de hospedeiros para sobreviver. Dessa forma, o vazio sanitário os elimina do campo, reduzindo a sobrevivência do patógeno.

Períodos de vazio sanitário da cultura da soja

(Fonte: Canal Rural)

O controle químico, com fungicidas, é o mais tradicional para prevenção e controle do avanço da doença na cultura da soja. Mas é preciso ter cuidado.

O uso indiscriminado de fungicidas na cultura da soja, de mesmo grupo químico, pode causar redução na porcentagem de controle ou ainda o desenvolvimento de resistência no patógeno.

Redução gradual no controle da ferrugem asiática da soja em diferentes anos e com princípios ativos diferentes

(Fonte: Embrapa)

O que muda com a nova regulamentação para controle da ferrugem asiática?

Com a nova regulamentação para controle da ferrugem da soja, haverá a instituição de um novo modelo de governança do programa de controle de pragas.

Quem fará a definição e instituição das medidas fitossanitárias de períodos de vazio sanitário e calendário de semeadura será a Secretaria de Defesa Agropecuária de cada estado.

As Secretarias deverão estabelecer as medidas com base nas sugestões e trabalho conjunto com os Órgãos Estaduais de Defesa Sanitária Vegetal e as Superintendências Federais de Agricultura.

Além disso, os resultados das pesquisas de monitoramento da doença, de eficiência de fungicidas e o zoneamento agrícola deverão ser considerados para o estabelecimento das medidas.

Esse novo modelo de governança do PNCFS é resultado de longas discussões motivadas por sugestões e integração de ideias de diversas partes, desde os produtores rurais até órgãos oficiais de Sanidade Vegetal.

As mudanças serão maiores apenas para aqueles estados onde o vazio sanitário não é realizado e nem há calendários de semeadura da cultura da soja.

Para o ano de 2021, mantêm-se as datas já definidas anteriormente, não havendo mudança e garantindo tempo para que você se programe.

planilha de produtividade da soja

Conclusão

A ferrugem asiática da soja causa danos que podem trazer queda de até 90% da produção. Por isso, é essencial saber identificar esse patógeno para combatê-lo da forma mais eficiente possível.

As técnicas de vazio sanitário e uso de calendários de semeadura para as diferentes regiões produtoras já vem sendo amplamente utilizadas como medidas de controle da doença.

Com a nova regulamentação, o uso dessas duas técnicas passa a ser oficial para os diferentes estados brasileiros. 

Mantenha-se sempre por dentro das regulamentações, para garantir uma escolha de manejo realmente eficaz.

E você, já sabia das mudanças da nova regulamentação para controle da ferrugem asiática? O que pensa sobre elas? Adoraria ler seu comentário!

Como garantir uma melhor nutrição da soja?

Nutrição da soja: conheça os sintomas da deficiência de NPK, como é feita a avaliação nutricional da lavoura e a marcha de absorção de nutrientes

O manejo correto da adubação da soja é um dos fatores que contribuem para maximizar a produtividade. Além disso, uma nutrição balanceada contribui para proteger a planta do ataque de pragas e doenças.

É importante fornecer esses nutrientes para as plantas nos períodos de maior demanda nutricional. Por isso, ter conhecimento da marcha de absorção de nutrientes da soja permite melhorar a eficiência da adubação.

Neste artigo, você lerá sobre como identificar a falta de alguns elementos na soja, sobre análise foliar e muito mais. Confira!

Como identificar a deficiência nutricional na soja

Considerando as áreas destinadas à produção de grãos, os solos brasileiros apresentam baixa fertilidade natural e elevada acidez. 

É mais comum que apareçam sintomas decorrentes da deficiência nutricional do que do excesso

A deficiência de NPK diz respeito à carência de nitrogênio, fósforo e potássio nas plantas. 

Cada um desses elementos desempenha um papel na cultura, e sua deficiência pode comprometer a produtividade e a qualidade do produto.

Nitrogênio

O nitrogênio é o nutriente demandado em maior quantidade pela cultura da soja. A maior parte desse elemento é obtida pelo processo de fixação biológica. 

controvérsias quanto ao uso de nitrogênio mineral na soja. A recomendação para o manejo do nitrogênio é a inoculação das sementes com bactérias do gênero Bradyrhizobium

É importante frisar a importância da presença de cobalto e molibdênio para a eficiente fixação biológica do nitrogênio.

A deficiência de nitrogênio afeta primeiro as folhas mais velhas da soja. Elas apresentam clorose seguida de necrose. A clorose pode ser distribuída de forma uniforme ou em áreas internervais da folha. 

A carência desse elemento também pode levar à redução do porte da soja, aumentar a  susceptibilidade das plantas ao ataque de pragas e doenças, além de diminuir os teores de proteínas nos grãos.

Clorose decorrente da deficiência de nitrogênio na soja

(Fonte: Yara Brasil) 

Fósforo 

Na adubação da soja, o fósforo é o elemento que tem o maior custo para o produtor.

Algumas fontes de fósforo utilizadas na agricultura são o superfosfato simples (20% de P2O5) e o  fosfato monoamônio (48% de P2O5).

Os sintomas de deficiência desse elemento são visíveis primeiro nas folhas mais velhas, em razão da alta mobilidade do fósforo na planta

As plantas com sintomas de deficiência de fósforo apresentam folhas de tamanho reduzido, além de terem seu crescimento prejudicado. 

Nesse caso, também há presença de clorose e necrose internerval. As folhas podem exibir coloração que varia do verde-escuro ao azulado.

Clorose seguida de necrose em função da deficiência de fósforo na soja

(Fonte: Yara Brasil)

Potássio 

Depois do nitrogênio, o potássio é o elemento mais exigido pela soja. A principal fonte de potássio utilizada na agricultura é o cloreto de potássio.

Os sintomas da deficiência desse elemento incluem clorose internerval seguida de necrose das folhas mais velhas. Esse sintoma tem início na margem foliar e, com o avanço da deficiência, a clorose-necrose avança para o centro dos folíolos. 

Além disso, a deficiência de potássio afeta diretamente a qualidade dos grãos. Plantas carentes desse elemento produzem grãos de menor tamanho e peso, enrugados e deformados.

Clorose seguida de necrose, iniciando nas margens das folhas, pela deficiência de potássio na soja

(Fonte: Yara Brasil) 

Avaliação do estado de nutrição da soja

A análise foliar é uma importante ferramenta auxiliar no manejo nutricional da cultura da soja. 

Ela permite inferir sobre a fertilidade do solo, uma vez que há relação entre os nutrientes acumulados nos tecidos foliares e os nutrientes disponíveis no solo para as plantas.

A avaliação do estado nutricional da planta é feita pela análise química de uma amostra de folhas, coletadas entre o início do florescimento e a plena floração da cultura (R1 – R2). 

De acordo com o ciclo fenológico da soja, a amostragem deve ser realizada no estádio R1 (início do florescimento). 

É nesse período que ocorre o máximo acúmulo de nutrientes pela cultura. As folhas  apresentam maiores concentrações de nutrientes que serão expressos na análise foliar. 

A quantidade de folhas amostradas irá depender de fatores como a homogeneidade da lavoura, cultivar e tipo de solo. A Embrapa recomenda uma amostragem de 35 folhas trifolioladas por talhão. 

As folhas coletadas precisam ser recém-maduras e sem pecíolos. Devem corresponder à quarta ou à terceira folha a partir do ápice da haste principal.

Terceira ou quarta folhas de soja que podem ser colhidas para análise do tecido no início do florescimento

(Fonte: Agência Embrapa de Informação Tecnológica)

Interpretação dos resultados 

Abaixo, você pode conferir as concentrações de alguns macro e micronutrientes que são utilizadas para a interpretação dos resultados das análises foliares da soja.

Classes e teores de nutrientes utilizados na interpretação dos resultados das análises de folhas (sem pecíolo) de soja de tipos de crescimento determinado e indeterminado

(Fonte: Embrapa Soja)

A análise das folhas possibilita diagnosticar a “fome ou toxidez oculta”, que é quando a planta ainda não apresentou visualmente os sintomas ocasionados pela carência ou excesso de determinado nutriente.

Caso seja diagnosticada a deficiência de algum nutriente, e este for disponibilizado no período de maior exigência nutricional, a lavoura pode se recuperar e não ter sua produtividade afetada. 

No entanto, é importante salientar que antes do aparecimento dos sintomas nas plantas, sejam eles por deficiência ou excesso de nutrientes, o desenvolvimento e a produtividade da cultura já podem ter sido afetados. 

Além de disponibilizar o fertilizante no momento certo, é preciso estar atento às dosagens, fontes, métodos de aplicação, mobilidade do elemento no solo e condições ambientais.

Marcha de absorção de nutrientes

O conhecimento das curvas da marcha de absorção de nutrientes é muito importante no manejo da cultura, pois permite identificar os períodos de maior exigência nutricional

Na fase inicial, a soja apresenta baixa absorção de nutrientes. A exigência nutricional aumenta ao longo do desenvolvimento da cultura e atinge seu pico máximo na fase de enchimento de grãos

O início do florescimento da soja compreende a fase de maior velocidade de absorção de nutrientes pelas plantas. 

A partir desses conhecimentos, você consegue melhorar a eficiência da adubação pelo fornecimento dos nutrientes nas fases de maior demanda, de acordo com a quantidade extraída pela cultura e pela mobilidade de cada elemento no solo.

A seguir você pode conferir a marcha de absorção dos macronutrientes nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S) pela soja.

Marcha de absorção de macronutrientes pela soja

(Fonte: Adaptado de Embrapa Soja)

Abaixo, está apresentada a marcha de absorção dos micronutrientes boro (B), cobre (Cu), manganês (Mn) e zinco (Zn) pela soja.

Marcha de absorção de micronutrientes pela soja

(Fonte: Adaptado de Embrapa Soja)

Conclusão

Toda recomendação de adubação deve ser orientada pelos teores de nutrientes determinados na análise de solo

Na soja, o nitrogênio é o elemento absorvido em maiores quantidades, seguido do potássio. Os sintomas de deficiência de NPK são visíveis, primeiramente, nas folhas mais velhas.

A análise foliar é uma ferramenta auxiliar importante no manejo nutricional da soja. Recomenda-se que a análise das folhas seja feita no início do florescimento (R1) da cultura.

Conhecer a marcha de absorção de nutrientes da cultura da soja te permite melhorar a eficiência da adubação, pelo fornecimento dos nutrientes no momento de maior exigência.

Espero que esse artigo tenha te ajudado a saber qual o momento exato de realizar a adubação na soja!

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Todos os cuidados para maximizar o enchimento de grãos de soja

Enchimento de grãos de soja: o que ocorre nessa fase, quais os cuidados a serem adotados e como garantir uma boa colheita 

Para que você obtenha altas produtividades, conhecer o ciclo da soja é fundamental. Assim, as práticas de manejo adotadas atendem às necessidades específicas das plantas em cada estádio de desenvolvimento. 

Você sabia que a falta de água durante o florescimento até a granação plena é prejudicial e compromete o rendimento de grãos? Sabe quando a soja precisa receber cada nutriente? Sabe quais são as pragas e doenças mais perigosas na fase do enchimento?

Neste artigo, você vai ler sobre o ciclo fenológico da soja e os cuidados essenciais na fase de enchimento de grãos de soja.

Estádios fenológicos da soja

A escala fenológica da soja é uma ferramenta muito importante no manejo da lavoura. A partir dela é possível relacionar as fases de desenvolvimento às necessidades da cultura.

A fase vegetativa começa com a emergência das plântulas (VE) e termina com o surgimento dos primeiros botões florais. Nesse período, ocorre a formação de estruturas vegetativas como folhas, ramos, caule e raízes.

A fase reprodutiva da soja é o período desde o início do florescimento (R1) até a plena maturação da planta (R8). Nesse momento ocorre o florescimento, desenvolvimento das vagens, enchimento de grãos e maturação.

Abaixo estão representados os estádios vegetativos e reprodutivos da soja. 

tabela com descrição dos estádios vegetativos e reprodutivos da soja

Descrição dos estádios vegetativos e reprodutivos da soja
(Fonte: adaptado de Embrapa Soja e Fehr & Caviness, 1977)

No estádio V(n), “n” se refere ao número de nós, acima do nó cotiledonar, com folhas totalmente desenvolvidas. A folha totalmente desenvolvida é aquela em que as bordas dos folíolos não se tocam mais.

O que ocorre na fase de enchimento de grãos de soja?

Na fase de enchimento de grãos da soja (R5) ocorre rápido acúmulo de matéria seca e nutrientes nos grãos, que são translocados das folhas, ramos e caule.

Esse período é caracterizado pela presença de vagens com grãos de 3 mm de comprimento em um dos 4 nós superiores do caule, com folha completamente desenvolvida.

Plantas no estágio R5 atingem o máximo índice de área foliar, desenvolvimento de raízes e fixação biológica de nitrogênio

Além disso, esse é um período bastante sensível ao déficit hídrico

A falta de água nessa fase provoca a queda prematura das estruturas reprodutivas e o chochamento dos grãos. Isso interfere negativamente na qualidade e no peso, além de diminuir o rendimento de grãos. 

O estádio de enchimento de grãos apresenta cinco subdivisões: R5.1, R5.2, R5.3, R5.4 e R5.5.

Divisão do estádio R5 (enchimento de grãos) em cinco subestádios
(Fonte: adaptado de Stoller e Ritchie et al., 1977)

Cuidados na fase do enchimento de grãos de soja

Veja quais as exigências hídricas e nutricionais da soja no estádio R5 e quais as pragas e doenças que causam danos nesse período.

Exigência hídrica

Dois momentos do ciclo da soja merecem atenção quanto ao suprimento de água: a germinação-emergência e o florescimento-enchimento de grãos. Nesses períodos, o déficit hídrico pode comprometer a produtividade da lavoura.

A necessidade de água aumenta à medida que a lavoura se desenvolve. O estádio de maior consumo hídrico ocorre na fase de florescimento até o completo enchimento dos grãos. Segundo a Embrapa, nesse período (R1-R6) as plantas necessitam de 7 a 8 mm/dia de água.

Exigência nutricional 

O nitrogênio é o nutriente exigido em maior quantidade pela cultura da soja. Ele é obtido pelo processo de fixação biológica, realizado por bactérias do gênero Bradyrhizobium

Depois no nitrogênio, o fósforo e o potássio são os elementos mais requeridos.

O fósforo atua na fotossíntese e no crescimento das plantas de soja. O potássio é responsável pela translocação de carboidratos para os grãos, além de participar do controle da atividade estomática. 

O cálcio e o boro são nutrientes que, quando em falta, podem ocasionar má formação dos grãos

O magnésio faz parte da composição da molécula da clorofila, que é um pigmento indispensável para a realização da fotossíntese. Como na fase de enchimento de grãos ocorre a maior atividade fotossintética, o magnésio é muito importante nesse período.

Pragas na fase de enchimento de grãos

Durante a fase de enchimento de grãos, as principais pragas que atacam a soja são percevejos, nematoides e lagartas.  

Os percevejos são os insetos-praga que apresentam maior impacto econômico para a soja nesse período, em decorrência dos elevados prejuízos que podem causar. 

Dentre os percevejos que causam danos à cultura da soja, há:

  • percevejo-marrom (Euschistus heros);
  • percevejo-verde (Nezara viridula);
  • percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildinii).

Eles são insetos sugadores que se alimentam inserindo o aparelho bucal (estilete) nas vagens de soja. Isso compromete a qualidade dos grãos que ficam menores, murchos, enrugados e com a cor mais escura.

Além disso, o ataque de percevejos retarda a maturação da soja pela indução de um distúrbio fisiológico. Nesse caso, as plantas permanecem com as folhas verdes ao final do ciclo da cultura, o que dificulta a colheita.

Os danos causados pelos percevejos incluem também o abortamento de vagens e a redução do conteúdo de proteína e óleo da semente.  

Os percevejos podem causar danos indiretos à soja pela transmissão de doenças durante o processo de alimentação. Um exemplo é a mancha-fermento, causada pelo fungo Nematospora coryli.

Os nematoides de galhas (Meloidogyne spp.) podem provocar abortamento das vagens de soja e também o amadurecimento prematuro das plantas.

A Helicoverpa armigera é um exemplo de lagarta que se alimenta de folhas, hastes, flores e vagens da soja.

infográfico com desenvolvimento de pragas seguindo o estádio fenológico da soja

Desenvolvimento de pragas seguindo o estádio fenológico da soja
(Fonte: Brasmax)

Doenças na fase de enchimento de grãos

As doenças da soja são um dos fatores limitantes na produção.

A antracnose e a ferrugem asiática são exemplos de doenças fúngicas que afetam as plantas em qualquer momento do ciclo fenológico. Alguns dos sintomas são a queda das vagens e problemas na formação e no enchimento dos grãos

O crestamento foliar de cercóspora (ou mancha púrpura) e a mancha-parda (ou septoriose) são consideradas doenças de final de ciclo da soja (DFC). Elas se desenvolvem com maior frequência na fase final do enchimento de grãos.

A mancha olho-de-rã é outra doença com maior ocorrência no período reprodutivo da soja, ou seja, na fase de florescimento até o enchimento de grãos.

A podridão parda da haste e a podridão por fitóftora também podem pode ser observadas nas lavouras de soja em diferentes momentos do período reprodutivo.

Resumidamente, as principais doenças na fase de enchimento de grãos da soja são:

  • antracnose (Colletotrichum truncatum);
  • ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhiz);
  • crestamento foliar de cercóspora (Cercospora kikuchii);
  • mancha-parda (Septoria glycines);
  • mancha olho-de-rã (Cercospora sojina);
  • podridão parda da haste (Cadophora gregata);
  • podridão por fitóftora (Phytophthora sojae).
infográfico com desenvolvimento de doenças seguindo o estágio fenológico da soja

Desenvolvimento de doenças seguindo o estágio fenológico da soja
(Fonte: Brasmax)

Como garantir um bom período de enchimento de grãos?

É importante ter em mente que a colheita é reflexo das práticas de manejo adotadas ao longo do desenvolvimento da lavoura. 

Para garantir um bom período de enchimento de grãos e atingir altas produtividades, é preciso que as recomendações de adubação sejam feitas com base na análise de solo

Além disso, é fundamental conhecer o ciclo da cultura, de modo que os nutrientes sejam disponibilizados nas fases de maior demanda. 

O manejo de pragas e doenças deve ser realizado durante todo o ciclo da soja. Porém, na fase de enchimento de grãos deve-se dar atenção especial aos percevejos e às doenças de final de ciclo.

O controle de plantas daninhas também é importante, pois elas competem com a cultura por recursos como água, luz, nutrientes e espaço.

Conclusão

O estádio de enchimento de grãos é o período em que ocorre rápido acúmulo de matéria seca e nutrientes nos grãos. Nitrogênio, fósforo, potássio, boro, cálcio e magnésio contribuem positivamente nessa fase.

Tenha cuidado com os percevejos, porque eles são os insetos-praga com maior importância econômica para a cultura da soja.

Fique por dentro de doenças como antracnose, ferrugem asiática, crestamento foliar de cercóspora, mancha-parda, mancha olho-de-rã, podridão parda da haste e podridão por fitóftora. Elas são as mais impactantes nesse período.

Não esqueça de realizar o manejo de pragas, doenças e plantas daninhas durante todo o ciclo da cultura.  Essa atitude é essencial para garantir a qualidade do grão e atingir altas produtividades.

>> Leia mais: “Tudo o que você precisa saber sobre Macrophomina em soja

Quais medidas você toma no período de enchimento dos grãos de soja? Já precisou realizar o manejo de alguma daninha, praga ou doença mencionadas nesse artigo? Deixe sua resposta aqui nos comentários!

Como identificar e realizar o controle de tripes em soja

Tripes em soja: o que é, danos causados, transmissão de viroses e quais cuidados você deve ter durante o cultivo para evitar perdas

As tripes são pragas secundárias da cultura da soja, o que significa que, apesar de causarem danos, os prejuízos econômicos não são tão expressivos. Porém, esses insetos podem ser responsáveis por uma grande redução de produtividade, especialmente em longos períodos de estiagem e em solos de baixa fertilidade.

Essa praga pode transmitir viroses e deixar lesões que servem de porta de entrada para outros patógenos, como fungos e bactérias

Neste artigo, você lerá sobre as características das tripes e sobre aspectos importantes na tomada de decisão do controle a ser utilizado.

O que são tripes: características biológicas da praga

As tripes são pequenos insetos da família Thripidae, que possui mais de 290 gêneros e duas mil espécies. Podem ser de colorações variadas – marrons, brancas, bege-claras, amareladas ou pretas. Diversas espécies de tripes podem ser encontradas nas plantas de soja, com destaque para Caliothrips brasiliensis, C. phaseoli e Frankliniella schultzei.

As ninfas, que eclodem dos ovos, têm aparência semelhante aos insetos adultos e parte de seu ciclo de vida ocorre no solo

Costumam se abrigar em folíolos novos e interiores e na face inferior das folhas. Atingem a fase adulta entre oito e nove dias após a fase de ninfa.

Se alimentam dos tecidos vegetais e possuem um estilete em seu aparelho bucal raspador. Esse aparelho raspa a epiderme, suga a seiva e causa posterior morte do tecido.

Possuem corpo alongado e asas franjadas, ligeiramente transparentes, medindo entre 1 mm a 3 mm de comprimento.

Corpo característico das tripes: alongado e um par de antenas

Corpo característico das tripes: alongado e um par de antenas
(Fonte: SOSA-GOMEZ et al., 2013)

Caliothrips brasiliensis e Caliothrips phaseoli

Ambas as espécies são encontradas de forma mais abundante na cultura da soja no Sul do Brasil.

Caliothrips phaseoli é uma espécie polífaga, capaz de causar danos em diversas culturas de interesse agrícola, como feijão, soja e outras fabáceas.

Caliothrips brasiliensis causa danos em algodão, feijão, soja, amendoim e ervilha.

Os adultos medem cerca de 1 mm de comprimento, e possuem coloração amarelada. Ninfas e adultos se alimentam da seiva das plantas, que se tornam amareladas e deformadas e sofrem queda prematura.

Quando associados a outras pragas, como ácaros, foram relatadas reduções significativas de 50% na taxa de fotossíntese

Localizados no extrato superior no estádio R5 da cultura (início do enchimento dos grãos) 73 tripes/folíolo ocasionam perdas de 17%  no rendimento da cultura.

Caliothrips brasiliensis causando lesões características prateadas em soja. Adulto (a), ninfa (b) e sintomas de raspagem das folhas (c)

Caliothrips brasiliensis causando lesões características prateadas em soja. Adulto (a), ninfa (b) e sintomas de raspagem das folhas (c)
(Fonte: SALVADORI et al., 2007)

Frankliniella schultzei

Vem sendo relatada com frequência em infestações elevadas em regiões da Bahia, especialmente no oeste.

Ovos de Frankliniella schultzei são introduzidos no interior do tecido epidérmico das folhas, com eclosão em média quatro dias após

As fêmeas ovipositam de 20 a 139 ovos durante o seu ciclo de vida, com duração de 9 a 18 dias, a depender da temperatura e umidade relativa do ar. Em temperaturas mais elevadas, o ciclo é acelerado.

Ambas as fases, adulta e ninfa, provocam danos por raspagem na superfície foliar. Podem causar ainda, danos nas flores, causando sua esterilidade e aspecto de coloração avermelhada.

Na fase reprodutiva, atingem seu maior nível populacional, sendo indispensável o monitoramento prévio.

Vista dorsal de Frankliniella schultzei

Vista dorsal de Frankliniella schultzei
(Fonte: KAKKAR et al., 2010)

Identificação e danos causados pelas tripes em soja

Reduções entre 10% a 25% na produtividade da cultura foram registradas quando o controle adequado das tripes não foi feito.

De forma geral,  elas provocam lesões em faixas ou estrias, de coloração escura ao longo do caule das vagens, curvamento dos ponteiros e bronzeamento das folhas, além das manchas características prateadas.

São disseminadas pelo vento, e embora possuam asas na fase adulta, sua capacidade de voo é considerada baixa.

tripes em folha de soja

Tripes em soja
(Fonte: Manual de Pragas da Soja)

Danos diretos 

As tripes causam manchas esbranquiçadas no feixe, com áreas de coloração prateada, que evoluem para manchas bronzeadas, marrons e posteriormente necrosadas.

Danos e infestações de níveis populacionais diferentes podem ser observados para cultivares distintas. 

Danos indiretos

Um dano indireto é a transmissão do vírus TSV (tobacco streak vírus), responsável pela “queima-do-broto” apical da planta, que pode acarretar até 100% de perdas na lavoura

O TSV afeta o desenvolvimento das plantas, deixando-as com porte reduzido, atrofiado, reduzindo consideravelmente a produtividade. No entanto, apenas as fases adultas são capazes de transmitir o vírus ao longo da área de produção.

Infestação de cravorana em lavoura de soja

Infestação de cravorana em lavoura de soja
(Fonte: KLENJI, C. A., 2020)

A maior ocorrência do TSV é relatada nas regiões do Paraná e São Paulo, devido principalmente à presença de plantas daninhas hospedeiras perenes e semiperenes.

Essas plantas favorecem a reprodução nas demais épocas do ano, como a cravorana (Ambrosia polystachya).

Sintomas do vírus TSV, transmitido por tripes, em vagens de soja (esquerda), com lesões necróticas características em formato de estrias e em grãos (direita)

Sintomas do vírus TSV, transmitido por tripes, em vagens de soja (esquerda), com lesões necróticas características em formato de estrias e em grãos (direita)
(Fonte: MUELLER, D., 2013)

Controle de tripes em soja: quando e de que forma fazer

As tripes em soja reduzem a área fotossinteticamente ativa das plantas, especialmente no terço inferior (baixeiro), nos estádios vegetativo e reprodutivo.

Causam lesões em vagens e prejudicam triplamente o enchimento dos grãos, pela diminuição da área foliar, perda de água pelas lesões, aceleração do ciclo da cultura e redução do peso.

Esses danos diminuem a qualidade dos grãos e aceleram a sua deterioração.

A decisão de controle de tripes através de inseticidas deve considerar alguns pontos importantes, como população da praga, estádio de desenvolvimento da cultura e ingredientes ativos.

Além disso, é necessário considerar que a reinfestação pela praga é rápida, uma vez que seu ciclo é completo em aproximadamente 15 dias.

Acompanhar as previsões meteorológicas de precipitações torna-se importante. Condições de baixa umidade e estresse hídrico, favorecem a reprodução da praga. Porém, ela também pode ocorrer em temperaturas amenas em períodos de estiagem.

Para o controle do vírus da queima-do-broto, é imprescindível a remoção de plantas hospedeiras, realização da rotação de culturas, além do controle das tripes (vetor).

A época de semeadura também deve ser programada para evitar que as fases críticas da cultura coincidam com menor disponibilidade hídrica (final do vegetativo e até o final do enchimento dos grãos).

8 pontos importantes sobre o controle de tripes em soja

  1. controle com populações altas (superior a 50 tripes/folha) – utilizando o método de pano de batida para contagem dos indivíduos;
  2. controle com inseticidas devem atingir as partes inferiores das folhas trifoliadas, onde as tripes normalmente estão localizadas;
  3. em estádios reprodutivos, a população deve se manter abaixo de 25 tripes por folíolo;
  4. controle dificultado pelas características da praga: alto potencial reprodutivo, pequeno intervalo entre gerações e altas populações, especialmente em plantas submetidas a estresses hídricos prolongados;
  5. parte do ciclo de vida ocorre no solo, dificultando o controle efetivo da praga;
  6. monitoramento da população da praga em estádios vegetativos: para evitar perdas de área foliar, que são importantes no período de enchimento de grãos; 
  7. monitoramento da população da praga em estádios reprodutivos: para evitar a senescência e maturação precoce, o que diminui a fase de enchimento de grãos;
  8. planejar adequadamente as plantas utilizadas em bordaduras e plantios subsequentes. O milho é uma espécie hospedeira, e não é recomendada como barreira.

Controle químico: melhores inseticidas para tripes

Além das recomendações de manejo anteriormente citadas, o controle  químico, aliado a detecção precoce da praga antes do estádio reprodutivo são consideradas as estratégias de maior efetividade.

Produtos de ação translaminar são os mais indicados. São aplicados na superfície das folhas e capazes de translocar ao lado oposto, onde ninfas e adultos estão localizados em maiores populações.

Para as três espécies principais, ingredientes ativos como o acefato, cipermetrina, metomil e clorfenapir podem ser empregados e podem ser consultados no Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários (Agrofit).

Estudos destacam que o MIP (Manejo Integrado de Pragas) pode ser eficiente, utilizando de uma mesma molécula para controle de diversas pragas alvo

O imidacloprido pode ser utilizado para o controle de tripes, porque apresenta alta eficiência econômica e controle de percevejo-verde, vaquinha-verde-amarela, mosca-branca, percevejo-marrom e percevejo-verde-pequeno.

Observe o momento, dose, intervalo adequado e número máximo de aplicações recomendadas na bula pelo fabricante. 

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Conclusão

Neste artigo, você viu quais são as características biológicas das tripes e quais danos diretos e indiretos elas podem causar na lavoura de soja.

Realize o monitoramento e planejamento das culturas implantadas na área e a rotação ao longo do ano agrícola.

Além disso, realize o controle de plantas daninhas, para que espécies hospedeiras não estejam presentes entre os cultivos de soja. 

O MIP (manejo integrado de pragas) pode ser utilizado com sucesso. Além de controlar diversas pragas, o manejo integrado reduz o número de aplicações e aumenta a eficiência econômica dos produtos.

Você está passando por problemas com tripes em soja? Espero que esse artigo tenha te ajudado. Assine nossa newsletter para receber mais conteúdos semelhantes!

O você precisa entender sobre o encarquilhamento da soja

Encarquilhamento da soja: o que é, como identificar e quais as possíveis causas já estudadas para a ocorrência do problema. 

O encarquilhamento é um problema observado há alguns anos nas plantações de soja, principalmente da região Sul. Ele tem causado preocupação entre os sojicultores em função de sua constante ocorrência.

Os sintomas são mais frequentes no período de pré-florescimento. Ao longo do desenvolvimento da cultura da soja, os sintomas podem desaparecer e as plantas afetadas podem se recuperar.

Informações acerca do potencial de interferência no desenvolvimento da cultura e dos prejuízos causados pelo encarquilhamento ainda são raras

Neste artigo, você lerá sobre as principais características desta deformação foliar, suas possíveis causas e medidas de manejo que podem ser adotadas. Confira!

O que é o encarquilhamento da soja?

O encarquilhamento, também conhecido por encrespamento, é um distúrbio fisiológico que consiste no enrugamento foliar

Essa alteração na estrutura das folhas é resultado do crescimento exagerado das células (hiperplasia).

Plantas de soja com sintomas de encarquilhamento: folhas rugosas e retorcidas

Plantas de soja com sintomas de encarquilhamento: folhas rugosas e retorcidas
(Fonte: Pest & Crop Newsletter – Purdue University)

Nesse caso, as plantas afetadas exibem folhas com aspecto bolhoso e ondulado. Somado a isso, há a redução do crescimento vegetativo. As plantas sintomáticas apresentam porte menor quando comparadas às plantas sadias.

Geralmente, esse fenômeno aparece em reboleiras. Isso significa que o encarquilhamento não é distribuído de forma uniforme na área, mas sim em pontos específicos da lavoura

Além disso, o encarquilhamento tem a característica de se manifestar sempre nas mesmas áreas. No entanto, a severidade dos sintomas pode variar de uma safra para outra e, também, em função da cultivar de soja plantada. 

Algumas cultivares são mais suscetíveis que outras.

Reboleira de soja com sintomas de encarquilhamento

Reboleira de soja com sintomas de encarquilhamento
(Fonte: Fundação MS, Foto: José Fernando Jurca Grigolli)

7 possíveis causas do encarquilhamento já pesquisadas

São vários os fatores que podem causar o encarquilhamento da soja. Doenças viróticas e a fitotoxidez por herbicidas são alguns exemplos. 

No entanto, o encarquilhamento foi detectado mesmo em lavouras que não apresentavam problemas como os citados acima.

Você verá agora as possíveis causas já pesquisadas na tentativa de justificar essa deformação foliar.

1. Doenças viróticas

A princípio, acreditava-se que esse enrugamento foliar estivesse relacionado às doenças causadas por vírus, uma vez que os sintomas são parecidos. Porém, essa teoria foi descartada. 

Alguns pesquisadores, inclusive, se referem ao encarquilhamento da soja como “falsa virose”, pela semelhança com os sintomas de doenças viróticas.

Encarquilhamento causado pelo vírus do mosaico da soja

Encarquilhamento causado pelo vírus do mosaico da soja
(Fonte: Craig Grau, Bugwood.org)

2. Toxidez

Mais uma possível causa já atribuída a esse fenômeno foi a toxidez pela adubação

O desequilíbrio nutricional, seja pelo excesso ou pela carência de determinados elementos, pode retardar o desenvolvimento das plantas e também causar deformações foliares, como o encarquilhamento

Nesse caso, estudos realizados em plantas sintomáticas não conseguiram encontrar relação entre desordem nutricional e o encarquilhamento das folhas da soja.

Encarquilhamento da soja devido à deficiência de boro

Encarquilhamento da soja devido à deficiência de boro
(Fonte: Laborsolo Academy)

3. Deriva

Outro aspecto importante também já considerado foi a possibilidade de deriva

Melhor dizendo, a aplicação de produtos fitossanitários, quando não realizada em condições ideais, pode provocar a deriva das gotas de pulverização para áreas próximas que não são alvo. 

A deriva de herbicidas, por exemplo, pode ocasionar danos diversos nas plantas. Dentre eles podemos citar o enrugamento foliar, que pode ser confundido com esse distúrbio fisiológico. 

Nesse caso, a avaliação da distribuição das reboleiras com sintomas na lavoura e o histórico dos defensivos utilizados nas áreas vizinhas são fundamentais para averiguar essa teoria.

Encarquilhamento da soja causado pela deriva do herbicida Dicamba

Encarquilhamento da soja causado pela deriva do herbicida Dicamba
(Fonte: AgFax; Foto: Ohio State University)

4. Soja Louca 2

Essa deformação foliar também já esteve associada à Soja Louca 2, uma doença que até 2015 tinha causas desconhecidas. No entanto, o nematoide da haste verde da soja (Aphelenchoides besseyi) foi identificado como o causador da enfermidade.

5. Pragas

Do mesmo modo, já foi descartada a ideia de que o encarquilhamento da soja estivesse relacionado à presença de ácaros, tripes e nematoides. Não foi detectada a presença dessas pragas nas lavouras com sintomas.

6. Baixas temperaturas

Outra tese sugerida foi a de que baixas temperaturas seriam a causa da deformação das folhas, porém, até o momento, não há um consenso quanto a isso

É bom ressaltar que essa alternativa não foi totalmente descartada, uma vez que o frio combinado a outros fatores ambientais podem levar ao encarquilhamento das folhas.

7. Tipo de solo

Até o momento, tem sido observada maior incidência dessa anomalia em lavouras estabelecidas em solos basálticos. No entanto, são necessários maiores estudos que confirmem a relação entre a deformação das folhas com a natureza geológica do solo.

Existem medidas de controle para o encarquilhamento da soja?

Em resumo, várias hipóteses já foram levantadas e muitas pesquisas têm sido realizadas. No entanto, a causa dessa anomalia ainda não foi esclarecida. Acredita-se que mais de um fator contribua para o desenvolvimento do encarquilhamento nos plantios de soja.

Sendo assim, a ausência de informações científicas sobre o que causa o encarquilhamento impede que um plano de manejo seja definido. Dessa forma, ainda não há recomendações técnicas quanto à prevenção e o controle do problema em questão.

Medidas de manejo

Como não há medidas de prevenção e controle, é importante que você adote práticas de manejo de modo a fornecer condições ótimas para o crescimento e desenvolvimento da lavoura. 

A adoção de boas práticas contribui para que a cultivar expresse todo o seu potencial produtivo, além de aumentar a resistência das plantas ao ataque de pragas e doenças da soja.

É importante fornecer condições para que as plantas tenham boa resposta de defesa em caso de adversidades.

O que você pode fazer diante desse cenário é registrar informações como:

  • época de surgimento dos sintomas;
  • tamanho da área afetada;
  • tipo de solo;
  • data de semeadura;
  • condições climáticas;
  • adubação;
  • defensivos agrícolas aplicados.

Isso permite que você acompanhe a dinâmica do encarquilhamento na área. 

É interessante ainda que você registre em fotos os sintomas das plantas e a área da lavoura afetada, para efeito de comparação com safras futuras.

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Conclusão

O encarquilhamento da soja se dá pelo enrugamento das folhas e pela redução no crescimento das plantas

Até o momento, não existem recomendações técnicas para o manejo do encarquilhamento da soja, em decorrência de ainda não ter sido esclarecida a causa desse distúrbio fisiológico.

Diante das poucas informações, caso você detecte o encarquilhamento da lavoura, procure monitorar a área afetada

>>Leia mais:

“Doenças de final de ciclo da soja: principais manejos para não perder a produção”

Você já teve problemas com encarquilhamento da soja? O que você fez para resolver essa questão? Deixe sua experiência aqui nos comentários.

Como identificar e manejar o crestamento bacteriano na soja

Crestamento bacteriano na soja: saiba quais são os sintomas da doença, como identificar e como o manejo preventivo pode evitar maiores problemas.

O crestamento bacteriano é uma das mais comuns doenças da soja, mas não tem grande importância econômica. 

Ela tem maior ocorrência em regiões úmidas e de clima temperado, apesar do patógeno estar presente em todas as áreas produtoras de soja no país.

No Brasil, ainda são escassas as informações quanto aos prejuízos causados por essa bacteriose nas lavouras de soja. Nos Estados Unidos já foram relatados danos que chegam a 40%.

Neste artigo, você poderá conferir os principais sintomas e a melhor forma de manejo dessa doença. Confira!

Sintomas do crestamento bacteriano na soja

O crestamento bacteriano na soja é uma doença causada pelo microrganismo Pseudomonas savastanoi.

Os sintomas podem aparecer em toda parte aérea da planta, como folhas, hastes, pecíolos e vagens. É comum que eles sejam observados primeiramente nas folhas jovens. 

Ao contrário de outras doenças foliares, como a ferrugem asiática, os sintomas são mais evidentes no terço médio e superior da planta

As lesões nas folhas começam com pequenas manchas de aspecto encharcado (anasarca), translúcidas e circundadas por um halo amarelo. A largura desse halo está relacionada à temperatura do ambiente.

Sob altas temperaturas, o halo amarelo que contorna as lesões pode ser estreito ou quase inexistente. Em condições mais amenas, é grande e evidente.

Folha de soja com sintomas de crestamento bacteriano causado pela bactéria Pseudomonas savastanoi pv. glycinea

Folha de soja com sintomas de crestamento bacteriano causado pela bactéria Pseudomonas savastanoi pv. glycinea
(Fonte: Daren Mueller, Iowa State University, Bugwood.org)

Com o avanço da doença, as lesões aumentam de tamanho e a área de tecido foliar morto acaba se desprendendo do ferimento. Assim, as folhas ficam com aparência rasgada.  

Folha de soja com severos sintomas de crestamento bacteriano

Folha de soja com severos sintomas de crestamento bacteriano
(Fonte: Daren Mueller, Iowa State University, Bugwood.org)

Plantas jovens, quando severamente atacadas por essa bacteriose, podem apresentar sintoma parecido ao de virose: o enrugamento das folhas.

O correto diagnóstico da doença é fundamental para estabelecer um plano de manejo eficiente.

Folhas de soja com sintomas de crestamento bacteriano: manchas necrosadas e enrugamento das folhas

Folhas de soja com sintomas de crestamento bacteriano: manchas necrosadas e enrugamento das folhas
(Fonte: Howard F. Schwartz, Colorado State University, Bugwood.org)

Como identificar a doença?

A avaliação da face inferior da folha permite realizar o diagnóstico, geralmente exato, da doença. Nas horas úmidas da manhã, você pode observar o exsudato da bactéria sob as manchas angulares e enegrecidas

Esse exsudato é um líquido produzido como reação ao ataque da bactéria. Ele se apresenta como uma película brilhante sob as lesões, o que indica a contaminação.

No entanto, somente a análise laboratorial do material vegetal garante o diagnóstico preciso.

Condições para o desenvolvimento do crestamento bacteriano na soja

A bactéria Pseudomonas savastanoi existe epifiticamente na superfície foliar. Isso quer dizer que ela consegue sobreviver nas plantas sem infectá-las. 

Nessa fase epifítica, as bactérias podem ser localizadas em pontos estratégicos da planta, de modo a garantir sua sobrevivência e multiplicação.

Em dias secos, o exsudato da bactéria é disseminado na lavoura por meio de finas escamas. No entanto, é necessária a presença de um filme de água na superfície vegetal para haver infecção da planta sadia.

O processo infeccioso começa com a entrada da bactéria no interior do tecido vegetal por aberturas naturais (estômatos) e ferimentos

Além disso, esse microrganismo é um patógeno hemibiotrófico, ou seja, coloniza plantas vivas, mas também sobrevive em tecido morto. Sendo assim, os restos culturais são fonte do inóculo de uma safra para outra. 

É importante destacar que a bactéria tem seu desenvolvimento favorecido sob temperaturas amenas, entre 20 °C  e 26 °C, e elevada umidade.

infográfico com ciclo do crestamento bacteriano na soja

Ciclo do crestamento bacteriano na soja
(Fonte: Traduzido de Crop Protection Network)

Manejo da doença

A bactéria pode ser transmitida por sementes e restos culturais contaminados. O fato desse patógeno sobreviver nos restos vegetais fora da época de cultivo aumenta as chances de infecção da próxima safra.

Além disso, as sementes infectadas podem não apresentar sintomas e acabam funcionando como veículo disseminador a longas distâncias da bactéria e também de outros microrganismos patogênicos. 

A qualidade genética, fisiológica e sanitária do material de propagação tem impacto direto na produtividade e nos custos de produção. Para evitar problemas em sua lavoura, aborde a questão sanitária das sementes com rigor.

Tratando-se de doenças, o melhor manejo é o preventivo. Para isso é importante que você adote mais de uma estratégia para reduzir as chances de desenvolvimento e disseminação da doença na área.

Abaixo, você pode conferir algumas medidas preventivas para o crestamento bacteriano na soja:

O controle químico dessa bacteriose é limitado devido à reduzida quantidade de produtos registrados para a doença. Atualmente, podem ser encontrados dois produtos para o crestamento bacteriano na soja: oxicloreto de cobre e óxido cuproso

Porém, é importante lembrar que quando a doença se encontra em estado avançado, o uso desses produtos terá pouco ou nenhum efeito.

Outro ponto relevante é o plantio contínuo de mesmos genótipos de soja resistentes à doença. Essa prática aumenta a pressão de seleção na área e favorece o crescimento populacional de bactérias com resistência natural. 

Ou seja, haverá a seleção de microrganismos adaptados às novas condições ambientais.

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Conclusão

Os principais sintomas do crestamento bacteriano na soja são visíveis nas folhas jovens: manchas de aparência encharcada e translúcida, circundadas por um halo amarelado. 

Você viu que o diagnóstico pode ser feito em campo pela avaliação da face inferior da folha. Porém, para a identificação exata da doença bacteriana, lembre-se de levar o material para ser analisado em laboratório.

Por fim, não se esqueça que o melhor manejo da doença é o preventivo. A adoção de diferentes técnicas de manejo diminui a probabilidade de desenvolvimento e estabelecimento da doença na área. 

Espero que essas informações possam ter te ajudado a identificar a doença a tempo de evitar prejuízos em sua plantação de soja.

>> Leia mais:

“Doenças de final de ciclo da soja: principais manejos para não perder a produção”

Você já teve problemas com crestamento bacteriano na soja? Conte pra gente sua experiência nos comentários!

Tudo o que você precisa saber sobre controle da broca-das-axilas

Broca-das-axilas: saiba mais sobre o ciclo de vida, época de ataque, sintomas e como fazer o manejo mais eficiente! 

Algumas pragas só são lembradas quando já estão causando danos no campo

A broca-das-axilas não gera surtos recorrentes, mas é importante que você conheça suas características principais, os males que causa e as formas de controle. 

Assim, você pode evitar o crescimento anormal das plantas e, consequentemente, a queda na produtividade da lavoura. Além disso, pode impedir a ocorrência de prejuízos econômicos.

Entenda melhor sobre essa lagarta e saiba como se livrar dela a seguir!

Características da broca-das-axilas

A espécie Crocidosema (Epinotia) aporema, popularmente conhecida como broca-das-axilas, é um tipo de mariposa. 

Pertence à família Tortricidae e à ordem Lepidoptera, e tem distribuição em todo o continente Americano, desde o sudeste dos Estados Unidos até a Argentina. 

Embora ela tenha sido encontrada em diversas regiões do Brasil, tem preocupado mais os produtores de soja das regiões de clima frio. Por isso, é considerada uma praga secundária. 

Ela ataca diversas espécies cultiváveis de leguminosas, mas principalmente a cultura da soja.

Os adultos da broca-das-axilas são microlepidópteros, medem cerca de 10 mm de comprimento, e apresentam  coloração amarronzada. Os machos são mais escuros que as fêmeas.

Adultos de Crocidosema aporema. A - fêmea; B - macho

Adultos de Crocidosema aporema. A – fêmea; B – macho
(Fonte: Vanusa Horas)

O ciclo biológico desta praga dura cerca de 30 a 40 dias, dependendo das condições climáticas. Ela passa pela fase de ovo, por cinco estádios larvais, pela pupa e pelo estádio adulto. 

Caso você queira identificar se existem ovos de broca-das-axilas no cultivo, observe os folíolos dos brotos terminais da soja. Embora muito pequenos, os ovos têm uma coloração amarelo-claro e são depositados de maneira isolada. 

Ao eclodirem, as lagartas têm coloração branca e cabeça preta. Ao longo do desenvolvimento, vão se tornando rosadas com cabeça marrom. 

No final da fase larval, as lagartas procuram o solo e ficam sob cerca de 1 cm a 2 cm de profundidade para pupar. 

O período mais favorável para o desenvolvimento dessa espécie é de setembro a abril, podendo chegar a ter até sete gerações sobrepostas.

Sintomas e danos

Como os ovos são colocados nos brotos mais novos, ao eclodirem, as lagartas passam a consumi-los e formam uma espécie de “teia”, unindo os folíolos ao produzir fios de seda. 

As lagartas permanecem dentro dessa estrutura e provocam um retardamento do desenvolvimento dos brotos, dificultando sua abertura. 

Ao longo do desenvolvimento das lagartas, os folíolos vão se deteriorando, podendo secar e morrer. Dessa forma, as lagartas vão para as axilas das folhas.

O nome comum dessa praga se dá pelo fato de penetrarem, por meio das axilas, os pecíolos e hastes, provocando uma obstrução no fluxo da seiva

Quando dentro dessas estruturas, as lagartas fazem galerias descendentes, o que causa um desenvolvimento anormal das plantas.

Quando os brotos atacados abrem, as folhas ficam com aspecto rugoso, com os contornos irregulares e encarquilhadas. O consumo dos folíolos pode provocar uma redução de 50% da área foliar nessa fase. 

três fotos, a) dano causado nos brotos; b) lagarta; c) adulto de broca-das-axilas

a) dano causado nos brotos; b) lagarta; c) adulto de broca-das-axilas
(Fonte: Embrapa)

Além disso, em estágios mais avançados da cultura, podem atacar os botões florais e também as vagens, principalmente em cultivares tardias.

Quando ocorre uma alta incidência no período vegetativo, ocorre uma redução na altura da planta, provocando a formação de ramos secundários. Em consequência, a inserção das primeiras vagens acaba ficando em uma altura em que dificulta a colheita.

Manejo da broca-das-axilas

Antes de falar sobre os controles que podem ser utilizados para reduzir as populações de broca-das-axilas, é importante salientar alguns pontos. 

Essa é uma praga considerada secundária por não causar problemas em todas as regiões produtoras de soja no país.

Porém, é fundamental lembrar que, se forem utilizadas táticas de maneira incorreta, ela pode se tornar uma praga primária. O método químico é um exemplo disso. 

Se o uso dos inseticidas for feito de maneira calendarizada, ou seja, com aplicações pré-determinadas, o risco de fazer com que se tornem primárias é maior. 

Hoje em dia, a tecnologia tem avançado e não há necessidade de utilizar os produtos químicos de maneira errada.

Depois da introdução do MIP (Manejo Integrado de Pragas) e seus conceitos, ficou ainda mais fácil usar diversos métodos sem a necessidade de fazer somente o controle com pesticidas.

Até mesmo se for utilizar inseticidas para controle desta praga, é importante que se use a dose recomendada pelo fabricante. 

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Controle varietal

Desde 2013, você pode utilizar a tecnologia da soja Intacta RR2 PRO para controle dessa e de outras pragas, como lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis), a lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens), e a lagarta-das-maçãs (Chloridea virescens).

Ela confere resistência por meio da toxina da proteína Bt, Bacillus thuringiensis (Cry1Ac). Essa proteína é bastante específica para lagartas, porque age em enzimas (caderinas) localizadas no mesêntero.   

Em 2021, foi aprovada a soja Intacta 2 Xtend. Além de conferir resistência às pragas já mencionadas, também poderá controlar Helicoverpa armigera e Spodoptera cosmioides.  

Como a proteção pode variar dependendo do nível de infestação, é essencial que sejam feitas amostragens para monitoramento constante.

apresentação em infográfico das vantagens da plataforma intacta 2 Xtend

(Fonte: Plataforma Intacta 2 Xtend)

Controle químico 

O controle químico, se utilizado de maneira incorreta para pragas secundárias, pode piorar o cenário. Por isso, antes de entrar com aplicações inseticidas, realize o monitoramento.

Quando 30% dos ponteiros forem atacados, entre com as pulverizações

Existem 54 produtos registrados no site do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), mas existem apenas dois grupos químicos – organofosforado e metilcarbamato de oxima

captura de tela dos 54 produtos registrados no site do Mapa para controle química da broca-das-axilas

(Fonte: Agrofit)

Conclusão  

Neste artigo, você viu que apesar de não ser uma praga com sinal de alerta em todas as regiões brasileiras, a broca-das-axilas pode causar sérios danos em sua plantação. 

Você também viu que os sintomas que ela causa nas plantas são bastante característicos. Por isso, é importante que você saiba identificar na lavoura a tempo de evitar perda de produtividade.

O controle, seja químico ou varietal, não pode ser negligenciado, porque as opções de manejo são reduzidas. 

>>Leia mais:

Manejo integrado de pragas: 8 fundamentos que você ainda não aprendeu

E você, já precisou realizar o manejo contra a broca-das-axilas? Assine nossa newsletter para receber mais conteúdos como esse!