Tudo o que você precisa saber sobre controle da broca-das-axilas

Broca-das-axilas: saiba mais sobre o ciclo de vida, época de ataque, sintomas e como fazer o manejo mais eficiente! 

Algumas pragas só são lembradas quando já estão causando danos no campo

A broca-das-axilas não gera surtos recorrentes, mas é importante que você conheça suas características principais, os males que causa e as formas de controle. 

Assim, você pode evitar o crescimento anormal das plantas e, consequentemente, a queda na produtividade da lavoura. Além disso, pode impedir a ocorrência de prejuízos econômicos.

Entenda melhor sobre essa lagarta e saiba como se livrar dela a seguir!

Características da broca-das-axilas

A espécie Crocidosema (Epinotia) aporema, popularmente conhecida como broca-das-axilas, é um tipo de mariposa. 

Pertence à família Tortricidae e à ordem Lepidoptera, e tem distribuição em todo o continente Americano, desde o sudeste dos Estados Unidos até a Argentina. 

Embora ela tenha sido encontrada em diversas regiões do Brasil, tem preocupado mais os produtores de soja das regiões de clima frio. Por isso, é considerada uma praga secundária. 

Ela ataca diversas espécies cultiváveis de leguminosas, mas principalmente a cultura da soja.

Os adultos da broca-das-axilas são microlepidópteros, medem cerca de 10 mm de comprimento, e apresentam  coloração amarronzada. Os machos são mais escuros que as fêmeas.

Adultos de Crocidosema aporema. A - fêmea; B - macho

Adultos de Crocidosema aporema. A – fêmea; B – macho
(Fonte: Vanusa Horas)

O ciclo biológico desta praga dura cerca de 30 a 40 dias, dependendo das condições climáticas. Ela passa pela fase de ovo, por cinco estádios larvais, pela pupa e pelo estádio adulto. 

Caso você queira identificar se existem ovos de broca-das-axilas no cultivo, observe os folíolos dos brotos terminais da soja. Embora muito pequenos, os ovos têm uma coloração amarelo-claro e são depositados de maneira isolada. 

Ao eclodirem, as lagartas têm coloração branca e cabeça preta. Ao longo do desenvolvimento, vão se tornando rosadas com cabeça marrom. 

No final da fase larval, as lagartas procuram o solo e ficam sob cerca de 1 cm a 2 cm de profundidade para pupar. 

O período mais favorável para o desenvolvimento dessa espécie é de setembro a abril, podendo chegar a ter até sete gerações sobrepostas.

Sintomas e danos

Como os ovos são colocados nos brotos mais novos, ao eclodirem, as lagartas passam a consumi-los e formam uma espécie de “teia”, unindo os folíolos ao produzir fios de seda. 

As lagartas permanecem dentro dessa estrutura e provocam um retardamento do desenvolvimento dos brotos, dificultando sua abertura. 

Ao longo do desenvolvimento das lagartas, os folíolos vão se deteriorando, podendo secar e morrer. Dessa forma, as lagartas vão para as axilas das folhas.

O nome comum dessa praga se dá pelo fato de penetrarem, por meio das axilas, os pecíolos e hastes, provocando uma obstrução no fluxo da seiva

Quando dentro dessas estruturas, as lagartas fazem galerias descendentes, o que causa um desenvolvimento anormal das plantas.

Quando os brotos atacados abrem, as folhas ficam com aspecto rugoso, com os contornos irregulares e encarquilhadas. O consumo dos folíolos pode provocar uma redução de 50% da área foliar nessa fase. 

três fotos, a) dano causado nos brotos; b) lagarta; c) adulto de broca-das-axilas

a) dano causado nos brotos; b) lagarta; c) adulto de broca-das-axilas
(Fonte: Embrapa)

Além disso, em estágios mais avançados da cultura, podem atacar os botões florais e também as vagens, principalmente em cultivares tardias.

Quando ocorre uma alta incidência no período vegetativo, ocorre uma redução na altura da planta, provocando a formação de ramos secundários. Em consequência, a inserção das primeiras vagens acaba ficando em uma altura em que dificulta a colheita.

Manejo da broca-das-axilas

Antes de falar sobre os controles que podem ser utilizados para reduzir as populações de broca-das-axilas, é importante salientar alguns pontos. 

Essa é uma praga considerada secundária por não causar problemas em todas as regiões produtoras de soja no país.

Porém, é fundamental lembrar que, se forem utilizadas táticas de maneira incorreta, ela pode se tornar uma praga primária. O método químico é um exemplo disso. 

Se o uso dos inseticidas for feito de maneira calendarizada, ou seja, com aplicações pré-determinadas, o risco de fazer com que se tornem primárias é maior. 

Hoje em dia, a tecnologia tem avançado e não há necessidade de utilizar os produtos químicos de maneira errada.

Depois da introdução do MIP (Manejo Integrado de Pragas) e seus conceitos, ficou ainda mais fácil usar diversos métodos sem a necessidade de fazer somente o controle com pesticidas.

Até mesmo se for utilizar inseticidas para controle desta praga, é importante que se use a dose recomendada pelo fabricante. 

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Controle varietal

Desde 2013, você pode utilizar a tecnologia da soja Intacta RR2 PRO para controle dessa e de outras pragas, como lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis), a lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens), e a lagarta-das-maçãs (Chloridea virescens).

Ela confere resistência por meio da toxina da proteína Bt, Bacillus thuringiensis (Cry1Ac). Essa proteína é bastante específica para lagartas, porque age em enzimas (caderinas) localizadas no mesêntero.   

Em 2021, foi aprovada a soja Intacta 2 Xtend. Além de conferir resistência às pragas já mencionadas, também poderá controlar Helicoverpa armigera e Spodoptera cosmioides.  

Como a proteção pode variar dependendo do nível de infestação, é essencial que sejam feitas amostragens para monitoramento constante.

apresentação em infográfico das vantagens da plataforma intacta 2 Xtend

(Fonte: Plataforma Intacta 2 Xtend)

Controle químico 

O controle químico, se utilizado de maneira incorreta para pragas secundárias, pode piorar o cenário. Por isso, antes de entrar com aplicações inseticidas, realize o monitoramento.

Quando 30% dos ponteiros forem atacados, entre com as pulverizações

Existem 54 produtos registrados no site do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), mas existem apenas dois grupos químicos – organofosforado e metilcarbamato de oxima

captura de tela dos 54 produtos registrados no site do Mapa para controle química da broca-das-axilas

(Fonte: Agrofit)

Conclusão  

Neste artigo, você viu que apesar de não ser uma praga com sinal de alerta em todas as regiões brasileiras, a broca-das-axilas pode causar sérios danos em sua plantação. 

Você também viu que os sintomas que ela causa nas plantas são bastante característicos. Por isso, é importante que você saiba identificar na lavoura a tempo de evitar perda de produtividade.

O controle, seja químico ou varietal, não pode ser negligenciado, porque as opções de manejo são reduzidas. 

>>Leia mais:

Manejo integrado de pragas: 8 fundamentos que você ainda não aprendeu

E você, já precisou realizar o manejo contra a broca-das-axilas? Assine nossa newsletter para receber mais conteúdos como esse!

Estratégias para o manejo de grãos ardidos de milho e soja

Grãos ardidos: saiba como fazer a identificação correta e quais cuidados tomar a campo, secagem e armazenagem da sua produção! 

Os grãos ardidos são um dos principais defeitos na classificação de grãos de milho e soja

Eles estão relacionados à contaminação por micotoxinas, o que pode inviabilizar a sua utilização, gerar perda de valor comercial e causar prejuízos na lavoura

Você sabe identificar os grãos ardidos e como diferenciá-los dos demais defeitos? 

Sabe quais manejos adotar para evitar a incidência deste problema na sua produção? Eu conto para você!

Classificação de grãos de milho e soja

A classificação de milho e soja tem o objetivo de caracterizar o lote de grãos para a comercialização.

A classificação do milho é normatizada pela Instrução Normativa 60/2011. Já as regras para a classificação da soja são dadas pela Instrução Normativa 11/2007. 

Dentre os defeitos analisados estão os grãos ardidos, um dos principais problemas porque, além de reduzirem a qualidade do lote, podem estar contaminados com micotoxinas.

O que são grãos ardidos e como identificá-los

Na legislação, o enquadramento dos grãos ardidos de milho e soja é diferente. Portanto, o manejo visando a redução deste defeito também pode ser um pouco diferente. Vejamos:

No caso do milho, são considerados grãos ardidos aqueles “que apresentam escurecimento total, por ação do calor, umidade ou fermentação avançada atingindo a totalidade da massa do grão, sendo também considerados como ardidos, devido à semelhança de aspecto, os grãos totalmente queimados” (IN n.º 60/2011). 

No caso da soja, são considerados ardidos aqueles “grãos ou pedaços de grãos que se apresentam visivelmente fermentados em sua totalidade e com coloração marrom escura acentuada, afetando o cotilédone” (IN n.º 11/2007).

Desta forma, para milho, enquadram-se defeitos que podem ocorrer no campo, na secagem e no armazenamento.

Já para soja, por tratar somente como fermentados, separando os grãos danificados por calor em “queimados”, os cuidados devem ser tomados, principalmente, no campo e no armazenamento.

Outro aspecto importante a ser destacado é que, para o milho, os grãos somente serão considerados ardidos se a sua totalidade estiver fermentada. Caso contrário, serão classificados fermentados.

Diferenças entre grãos de milho ardidos (esquerda) e fermentados (direita)

Diferenças entre grãos de milho ardidos (esquerda) e fermentados (direita)
(Fonte: adaptado de Aiba)

Para a soja, essa diferenciação está relacionada à coloração. Os grãos que sofreram fermentação com alteração da cor dos cotilédones, desde que não seja a definida para ardidos (marrom escuro acentuado), serão considerados fermentados.

Diferenças entre grãos de soja ardidos e fermentados
Diferenças entre grãos de soja ardidos e fermentados
(Fonte: Referencial fotográfico dos defeitos da soja)

Estratégias de manejo para evitar os grãos ardidos em milho e soja

Os principais momentos para o manejo de grãos ardidos em milho e soja são no campo, na secagem (no caso do milho) e no armazenamento

Portanto, vamos ver quais cuidados devem ser tomados em cada uma destas etapas, visando a reduzir a incidência de grãos ardidos na sua produção.

1. Manejo a campo

O manejo a campo deve ser realizado para reduzir a incidência de patógenos que ocasionam doenças nos grãos, principalmente para o milho.

Além disso, deve ser dada atenção à colheita, pois ela deve ser planejada adequadamente

Controle de doenças

O controle de doenças que causam grãos ardidos é importante para o milho devido às podridões de espiga, suas principais causadoras na cultura. Estes cuidados também podem ser tomados em relação à soja.

Os principais agentes causadores de grãos ardidos em milho pertencem às espécies Stenocarpela maydis, Stenocarpela macrospora, Fusarium verticillioides, Fusarium subglutinans e Gibberella zeae (Fusarium graminearum).

três fotos: Podridão rosada da ponta da espiga (Gibberella zeae), podridão branca da espiga (Stenocarpella maydis) e podridão rosada da espiga (Fusarium verticilleoides)

Podridão rosada da ponta da espiga (Gibberella zeae), podridão branca da espiga (Stenocarpella maydis) e podridão rosada da espiga (Fusarium verticilleoides)
(Fonte: adaptado de Embrapa e Pioneer)

O manejo destes patógenos a campo deve ser realizado através de várias estratégias diferentes:

  • escolher híbridos e cultivares resistentes;
  • realizar a rotação de culturas;
  • semear na época e na densidade recomendada;
  • realizar a análise do solo, visando equilíbrio da adubação;
  • realizar a aplicação de fungicidas, tomando cuidado com a escolha do produto e com o momento e a qualidade da aplicação.

Os cuidados com a sanidade da planta devem ser tomados desde a semeadura, partindo do tratamento adequado de sementes

No entanto, o momento mais crítico para a infecção destes patógenos é durante a fase reprodutiva, em que há a formação do pendão e dos estigmas. Aplicações de fungicidas são recomendadas nesta fase. 

Gerenciamento da colheita

O planejamento adequado da colheita pode fazer a diferença na redução de grãos ardidos, principalmente em relação ao momento da sua realização.

O retardo na colheita poderá impactar no percentual de grãos ardidos na sua produção, principalmente se neste período ocorrerem chuvas

A manutenção dos grãos úmidos no campo por muito tempo acelera a perda de qualidade, aumenta o ataque dos patógenos e o percentual de ardidos. 

Recomenda-se a retirada dos grãos da lavoura o quanto antes, os encaminhando diretamente para a secagem.

2. Manejo na secagem

O manejo da secagem deve ser observado principalmente para o milho, já que para essa cultura os grãos danificados pelo calor estão inclusos como ardidos na legislação.

O principal fator a ser manejado deve ser a temperatura do ar de secagem

Temperaturas elevadas podem ocasionar o escurecimento e a queima dos grãos, o que aumenta o percentual de ardidos. Além disso, ocasionam vários danos aos grãos, principalmente físicos, como trincas e fissuras que podem ser porta de entrada para fungos no armazenamento.

A temperatura adequada para a secagem do milho depende da sua finalidade. Para a semente, recomenda-se que a temperatura da massa de grãos não ultrapasse 40°C. 

Já para consumo humano, não deve ultrapassar 55°C. Para ração, a temperatura deve ser no máximo 82°C.

E para secagem com ar natural em silo-secador, os cuidados devem ser quanto à demora no processo. Quanto mais tempo os grãos permanecerem úmidos, maior a probabilidade de sofrerem fermentação. Essa recomendação serve também para soja.

A secagem com ar natural só deve ser realizada em grãos com teor de água inicial de no máximo 20% e em locais que possibilitem condições de umidade relativa adequadas para este tipo de secagem.

3. Manejo no armazenamento

Os grãos devem ser armazenados limpos, frios e secos, visando a redução da degradação e a proliferação de fungos. 

Os principais fatores a serem observados são a temperatura e o teor de água da massa de grãos.

O teor de água indicado para o armazenamento de milho é no máximo 14%. Para ter mais segurança, opte por secar mais, até no máximo 13%. 

Para a soja, devido ao maior percentual de óleo, recomenda-se teores de água mais baixos no armazenamento, em torno de 11% a 12%.

A temperatura de armazenamento recomendada deve ser a mais baixa possível: em torno de 15°C. Para isso, o silo deve estar equipado com sistema de aeração.

Estes manejos visam a reduzir a proliferação de fungos, principalmente os mofos e bolores (Penicillium spp. e Aspergillus spp.). Eles são os principais responsáveis pelo aparecimento de grãos ardidos no armazenamento e, também, os principais produtores de micotoxinas em grãos.

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Conclusão

Como vimos, os grãos ardidos são um dos principais problemas na classificação de soja e milho.

O manejo para evitar ou reduzir o percentual deles nestas culturas deve ser realizado a campo, na secagem e no armazenamento.

No campo, os cuidados devem acontecer para evitar as doenças que atacam os grãos, principalmente para o milho. Além disso, a colheita deve ser planejada, visando a retirada dos grãos do campo o quanto antes possível.

Na secagem, o cuidado deve ser com a temperatura, que não pode ser elevada demais. 

Já no armazenamento, os grãos devem ser conservados limpos, frios e secos para evitar a deterioração e a contaminação por fungos.

Espero que essas informações te ajudem a realizar o manejo adequado desses grãos e, assim, você consiga evitar futuros problemas.

Restou alguma dúvida sobre as estratégias de manejo de grãos ardidos em milho e soja? Assine nossa newsletter para receber mais artigos assim em seu e-mail.

Tudo sobre tombamento da soja e como fazer o melhor manejo

Tombamento da soja ou Damping off:  entenda quais são as causas, sintomas, importância e manejo dessa doença.

O tombamento da soja é uma doença que pode causar perda de produtividade, afetar a qualidade dos grãos, promover a morte das plantas e falhas na lavoura.

Para evitar esses problemas, é importante conhecê-la melhor e saber quais medidas de manejo são mais adequadas. Isso vai ajudar a reduzir as perdas na lavoura já em sua fase inicial. 

Confira tudo isso e mais a seguir!

O que é tombamento da soja e damping off? 

O tombamento da soja é uma doença causada principalmente por alguns fungos presentes no solo, que habitam os restos vegetais e se alimentam deles.

Damping off é um termo genérico para designar doenças que atingem as sementes (fase de germinação) e as plântulas (após a emergência). Nessa fase, sementes e brotos ainda estão desenvolvendo os tecidos vegetais e dependem das reservas da semente. 

Essas doenças são consideradas doenças da fase inicial do ciclo da soja.

Os efeitos do tombamento na soja geram redução e falha no estande da lavoura, podendo causar redução na produtividade de 30% a 60% em áreas e lavouras infestadas. 

Em ataques severos, pode ser necessário realizar a ressemeadura da área, elevando extremamente o custo da lavoura.

Agentes causadores

Vários patógenos de solo podem causar o tombamento da soja, como os fungos Rhizoctonia sp., Phytium sp.,   Rhizoctonia sp., Colletotrichum sp., Sclerotium rolfsii  e Fusarium sp. Esses são extremamente agressivos e causam a morte das plântulas rapidamente.

Alguns podem causar sintomas durante o ciclo da cultura da soja e não só na fase inicial, mas neste texto, vamos considerar somente os ataques na fase inicial do ciclo da cultura.

Os patógenos que causam damping off possuem grande adaptabilidade em relação ao solo e são considerados bastante agressivos

Eles produzem enzimas que causam a decomposição das plântulas/sementes, que servirão de nutrientes para esses patógenos.

Como a distribuição desses patógenos pode não ser homogênea na área, podem ser observados sintomas em reboleiras

Além disso, esses patógenos não apresentam especificidade em relação ao hospedeiro, ou seja, os fungos podem afetar mais de uma cultura.

Principais sintomas do tombamento da soja

Os patógenos podem afetar as sementes antes do estágio de plântula, causando apodrecimento mole nas sementes. Esse sintoma faz com que o broto não consiga sequer emergir. 

Outros sintomas que podem ser observados são o escurecimento dos tecidos e perda de turgidez, manchas marrons encharcadas na extremidade da raiz principal em pré-emergência, que escurecem e sofrem apodrecimento flácido. 

Como consequência, a planta morre ou as plântulas têm seu crescimento reduzido.

Quando as plântulas já estão em pós-emergência, um sintoma muito característico é o escurecimento do colo da plântula (estrangulamento parcial do colo da planta). 

Além disso, as folhas cotiledonares ficam amareladas e caem com o tempo. A plântula fica enfraquecida, tomba e morre. Também é possível observar o escurecimento das raízes.

Plântulas com sintomas típicos (lesões deprimidas marrom-avermelhadas no hipocótilotombamento de pós-emergência) com ataque de Rhizoctonia solani

Plântulas com sintomas típicos (lesões deprimidas marrom-avermelhadas no hipocótilotombamento de pós-emergência) com ataque de Rhizoctonia solani
(Fonte: Augusto César Pereira Goulart em Research gate)

O ataque de Rhizoctonia solani ocorre entre a pré-emergência e até 30 dias depois desse estágio. Temperatura e umidade elevadas são favoráveis ao patógeno. 

Inicialmente, ocorrem estrias nas raízes, que progridem para podridão seca. Também pode ocorrer o estrangulamento da haste ao nível do solo (como observado na foto acima). 

Vale lembrar que os sintomas de cada fungo podem ser diferentes.

Além da presença do patógeno e da cultura, é importante haver as condições adequadas para o desenvolvimento do patógeno, de acordo com o triângulo da doença (ambiente-patógeno-hospedeiro).

Normalmente, as condições favoráveis para a doença são temperatura e umidade elevadas. Altos volumes de chuva e alta temperatura podem causar essas condições.

Outro contribuinte para a ocorrência da doença é o solo mal drenado. Discutiremos esse assunto a seguir!

Medidas de manejo para o tombamento da soja 

Utilizar várias medidas de manejo em vez de uma é interessante, principalmente se for de modo integrado e consciente.

Variedades resistentes e controle químico são alternativas de manejo difíceis de serem utilizadas para esta doença.

Os patógenos que causam o tombamento não são específicos para a cultura, e é difícil acertar o produto químico e as variedades resistentes para esse grupo.

Assim, algumas medidas de manejo que podem ser utilizadas para o tombamento da soja são:

Um ponto importante que deve ser observado é o tempo que a semente leva para germinar. Quanto mais demora para ocorrer a germinação, maior o contato da semente com os patógenos no solo. 

Deve-se ter uma estratégia para  um processo de germinação mais rápido, podendo utilizar cultivares de soja com rápida germinação para reduzir o tempo de disponibilidade ao ataque dos patógenos.

Lembrando que para te auxiliar nas recomendações de manejo do tombamento da soja consulte um(a) agrônomo(a).

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Conclusão 

Muitas doenças afetam a cultura da soja e podem causar sérios prejuízos. Mas, uma doença que pode não ser identificada e passar despercebida pelo produtor é o tombamento da soja.

Neste texto, discutimos as características da doença e como ela pode afetar sua produtividade.

Também mostramos os principais sintomas e as medidas de manejo que tendem a ser mais eficientes.

Assim, após conhecer sobre o tombamento da soja, espero que você consiga evitar esse problema em sua lavoura!

>> Leia mais:

“Como o Manejo Integrado de Doenças pode reduzir custos e aplicações no seu cultivo”

Restou alguma dúvida sobre o tombamento da soja? Quais medidas de manejo você utiliza para evitar esta doença? Adoraria ver seu comentário.

Entenda melhor a classificação da soja e saiba usá-la para aumentar sua lucratividade

Classificação da soja: a atenção ao padrão exigido por indústria e tradings e o diagnóstico correto na hora da colheita são fundamentais para o aumento da sua renda

A colheita é um dos momentos mais aguardados pelo produtor, mas após essa etapa ainda há toda uma cadeia produtiva pela frente.

Afinal, quando se produz soja, estamos tratando de uma matéria-prima com destino diverso, desde exportação do grão in natura até produção de óleo ou utilização na indústria cosmética.

Seja qual for o destino, para adentrar na indústria/trading é preciso haver uma classificação da soja, um padrão de entrada, para assim haver a comercialização de produtos de qualidade.

Essa classificação física de soja é feita com base em leis e instruções normativas. 

Neste artigo, vamos mostrar tudo isso e dar dicas do que fazer para garantir mais lucratividade na comercialização da commodity. Confira a seguir!

Classificação da soja: o que diz a legislação

A classificação física de produtos vegetais foi instituída pela Lei n.º 9.972, de 25 de maio de 2000 e regulamentada pelo Decreto n.º 6.268, de 22 de novembro de 2007. Mais especificamente para a soja usamos a IN (Instrução Normativa) 11 de 2007.

Toda a classificação de soja que ocorre em território nacional usa como base essa IN. 

Mas ela é apenas uma base mesmo, pois nenhuma instituição com fim comercial necessita segui-la, desde que a classificação seja explicada ao produtor e esteja em contrato assinado por ambas as partes.

Na IN temos dois grandes grupos de soja (I e II), como você pode ver na tabela abaixo: 

Variáveis analisadas e os limites na classificação de soja especificadas na IN 11 de 2007
Variáveis analisadas e os limites na classificação de soja especificadas na IN 11 de 2007
(Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento)

Como você pode notar, a tabela acima não delimita a umidade do grão, não sendo considerada para efeito de enquadramento nos grupos. É recomendado o percentual máximo de 14% (IN 11 de 2007) e, acima deste valor, descontos são aplicados. 

O padrão de 14% é seguido por todas as indústrias, ao menos nunca vi negociações com esse números diferentes no parâmetro.   

Processo de classificação de soja em 7 passos

Depois de colhida na lavoura, a soja será encaminhada para uma indústria, trading ou estrutura própria. Independente do destino, as operações a seguir são fundamentais para um correto armazenamento do grão

Nesta ordem ocorrem os processos: calagem (caminhão ou graneleiro), quarteamento, retirada de impurezas, medição da umidade, avaliação de grãos avariados, esverdeados e grãos partidos e amassados (dentro do laboratório de classificação). 

Vou explicar melhor cada uma delas a seguir:

1 – Calagem

Consiste em retiradas de subamostras do caminhão, segundo peso do caminhão (tabela abaixo), para se formar a amostra, segundo a IN:

tabela com número de pontos a se retirar para formar a amostra de trabalho - classificação da soja
Número de pontos a se retirar para formar a amostra de trabalho
(Fonte:  Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento)

2 – Quarteamento

Consiste na mistura e redução da amostra, para se formar a amostra de trabalho homogênea (+- 250 g). Na figura abaixo, vemos um quarteador em cascata: 

foto de  quarteador em cascata
 Quarteador em cascata 
(Fonte: Eagri)

3 – Retirada de matérias estranhas e impurezas

A retirada de matérias estranhas e impurezas é feita com o uso de peneiras de (3 mm e 9 mm). O percentual aceitável é de 1%. Tudo acima desse valor é descontado proporcionalmente.

fotos de matérias estranhas e impurezas com uso de peneira de 3,00 mm
Matérias estranhas e impurezas
(Fonte: Referencial fotográfico da soja)

4 – Determinação da umidade do grão

A determinação da umidade do grão é feita com uso de máquinas próprias para a atividade. O percentual aceitável é de 14% e tudo acima deste valor é descontado.

5 – Determinação dos grãos avariados

A determinação dos grãos avariados deve ser feita com um olhar minucioso. O percentual aceitável é de 8% e, como nos outros casos, tudo acima deste valor é descontado proporcionalmente. 

Estes defeitos implicam na perda direta de qualidade do óleo de soja e teor proteínas presentes.

Abaixo você pode ver diversos exemplos de defeitos:   

fotos de grãos com defeitos, queimados no secador
Grãos mofados causados pelo atraso na colheita
Grãos mofados causados pelo atraso na colheita
(Fonte: Referencial fotográfico da soja)
Comparação entre grãos imaturos e chochos - classificação da soja
Comparação entre grãos imaturos e chochos 
(Fonte: Referencial fotográfico da soja)

Os maiores causadores de grãos avariados são os percevejos barriga-verde e o percevejo marrom.

Esses insetos, após sugarem a seiva dos grãos, deixam um canal de passagem aberto para micro-organismos que acabam por consumir o conteúdo do grão, fermentando-o até chegar ao estágio de grão ardido.

Além deles, a chuva na fase da colheita também é uma grande vilã, pois atrasa esse processo e, com isso, o grão pode “passar do ponto”.

6 – Determinação de grãos esverdeados

São grãos que não alcançaram a maturidade fisiológica por algum motivo (seca, pragas agrícolas, entre outros). 

Essa classificação só é realizada caso seja constatada, a olho nu, a presença de um grande número de grãos esverdeados. O percentual aceitável é de 8% e tudo acima deste valor é descontado proporcionalmente.

Exemplo de grãos esverdeados - classificação da soja

Exemplo de grãos esverdeados
(Fonte: Referencial fotográfico da soja)

7 – Determinação de grãos partidos e amassados

A determinação de grãos partidos e/ou amassados também só é feita caso seja constatada uma grande presença de grãos assim na visualização a olho nu. O percentual aceitável é 30% – acima deste valor é descontado proporcionalmente.

Exemplo de grãos de soja partidos e quebrados

Exemplo de grãos partidos e quebrados
(Fonte: Referencial fotográfico da soja)

Como utilizar os conhecimentos da classificação para aumentar a rentabilidade

Analisando a classificação do local de destino e tendo a devida estrutura, como silos, secadores, peneiras, sistemas de termometria, espalhadores entre outros equipamentos, podemos previamente armazenar o grão em silos próprios. 

Claro que é necessário se organizar na propriedade para ter uma classificação prévia no graneleiro ou no caminhão que vai descarregar (antes de ir para o silo), das variáveis (umidade do grão, avariados e impurezas, principalmente). 

A partir da classificação e com o processo definido do destino da soja, segundo a sua classificação, podemos alocar o grão nos silos. 

Tendo o processo de recepção e manejo definido na propriedade, é preciso conhecer outra técnica conhecida pelas indústrias e tradings chamado de  “blend” (ou mistura, em português).

O blend consiste em misturar a soja com variáveis diferentes, mas mantendo o padrão da classificação da indústria/trading. 

Ou seja, aloca-se a soja com variáveis semelhantes juntas e, ao final, podemos fazer misturas ganhando em peso, poupando em gastos com operações de secagem ou descontos no destino.

Opções de blend

Para que você entenda melhor esse processo de blend, abaixo deixo uma tabela onde faço uma simulação de um produtor de 30 mil sacos de soja que conseguiria armazenar toda a sua produção e fazer o manejo correto dos grãos para possível mistura. 

tabela com simulação de um produtor de 30 mil sacos de soja, com armazenamento total e manejo correto.

Com os dados da colheita em mãos, vemos que João conseguiria misturar a soja do tipo 1 com o tipo 2 ganhando em peso de umidade, evitando descontos.

Outra opção seria misturar soja do tipo 3 com o tipo 2, ganhando em peso de grãos avariados. 

Os processos citados acima envolvem técnicas de conservação, resfriamento e secagem nos silos conforme o tempo decorre e a necessidade de venda do produto surge. Os exemplos acima poderiam ser aplicados principalmente no sul do Brasil.

Abaixo trago uma tabela onde comparo os ganhos do manejo “blendando”, ou seja, misturando diferentes tipos de soja com os da entrega direta para a indústria.

tabela com comparação dos ganhos dos manejo blendando, com vários tipos de soja com os da entrega direta para a indústria.

Quanto maior a área semeada, maiores as possibilidades de maximizar os lucros. 

Não existem respostas certeiras para o manejo do blend, mas ele é um aliado para maximizar os ganhos com a soja e outras culturas, como milho. 

Conclusão

A classificação de grãos padroniza as commodities, facilitando o comércio nacional e internacional para sempre termos produtos de qualidade. 

Neste artigo você viu as legislações referentes à classificação física da soja e as etapas de classificação em 7 passos principais.

Conhecer esses processos que envolvem a classificação e o manejo do grão no pós-colheita pode maximizar seus lucros!

>> Leia mais:

“Entenda os diferentes métodos de amostragem de grãos e como eles podem impactar a comercialização da sua safra”

“Lucro por hectare de soja: saiba como calcular”

Restou alguma dúvida sobre o processo de classificação da soja? Você já tentou fazer algum blend em seus grãos?

Como identificar e fazer o manejo adequado da podridão vermelha da raiz da soja

Podridão vermelha da raiz da soja: importância, sintomas, patógenos e medidas de controle da doença

Das mais de 40 doenças de soja já identificadas no Brasil, uma delas tem merecido atenção especial do produtor nos últimos anos: a podridão vermelha da raiz.

Além de poder causar perdas severas de produtividade, essa doença é causada por um fungo de solo, o que dificulta muito seu controle.

Mas como identificar os sintomas desse problema precocemente e garantir um manejo mais eficiente?

Confira essas e outras recomendações a seguir!

Importância da podridão vermelha da raiz em soja

A podridão vermelha da raiz, também chamada de síndrome da morte súbita da soja, tem sido encontrada em todas as regiões produtivas da cultura no Brasil. No entanto, é predominante em solos úmidos e temperaturas amenas

foto que mostra podridão vermelha da raiz da soja em folhas

(Fonte: Austeclinio Lopes de Faria Neto em Embrapa)

Foi observada pela primeira vez no Brasil na safra 1981/82, em Minas Gerais. Portanto, é considerada uma doença relativamente nova.

Pode ser causada por três espécies de Fusarium (que foram relatadas no Brasil): F. brasiliense; F. tucumaniae; e F. crassistipitatum, que são diferenciadas por estruturas reprodutivas, crescimento das colônias e técnicas moleculares.

A podridão vermelha da raiz pode interferir no processo de formação de vagens e grãos da soja, por afetar o sistema radicular das plantas. Isso compromete a absorção de água e nutrientes, interferindo na taxa fotossintética. 

Nos casos mais severos, há relatos de que pode causar entre 40% e 60% de perdas na lavoura. 

Para que você conheça mais sobre essa doença, veja quais sintomas ela causa nas plantas de soja.

Sintomas da podridão vermelha da raiz

Como o próprio nome diz, o patógeno infecta a raiz da planta, tendo como sintoma inicial uma mancha avermelhada, que é visível na raiz principal, poucos centímetros abaixo do nível do solo.

Com o passar do tempo, essa mancha se expande e circunda toda a raiz, adquirindo coloração mais escura. O córtex da raiz pode sofrer necrose e a medula fica com coloração castanho clara, característica que se estende até alguns centímetros acima do solo.

Em condições de alta umidade, pode ser observado um anel vermelho na base da haste da planta.

Além disso, o fungo que causa a podridão vermelha da raiz pode produzir toxinas que se translocam até as folhas e provocam necrose internerval, tendo como sintoma a folha carijó. 

Assim, as folhas apresentam manchas cloróticas e necróticas internevais, sendo que a região das nervuras permanece com coloração verde normal.

Esses sintomas são mais evidentes próximo à floração, ou seja, os sintomas foliares se desenvolvem ao longo ou após a floração, podendo causar desfolha nas plantas, abortamento das vagens e até morte das plantas.

fotos com podridão vermelha da raiz (foto 1); sintomas foliares iniciais (foto 2) e sintoma carijó (fotos 3 e 4)

Podridão vermelha da raiz (1); sintomas foliares iniciais (2); sintoma carijó (3 e 4)
(Fonte: Pablo de Melo Oliveira)

As raízes secundárias podem apresentar rápida degradação pela doença, somente ficando a raiz principal.

Em condições de solo úmido, o córtex da raiz principal pode se destacar com facilidade, expondo seu lenho de cor clara.

Como diferenciar os sintomas de outras doenças

Na planta com sintomas de podridão vermelha da raiz, você pode observar que seu sistema radicular é menos vigoroso que o de uma planta sadia.

Para você não confundir essa doença com outras que também podem apresentar o sintoma carijó, atente-se a essas dicas:

  • podridão da haste: apresenta descoloração da parte interna da haste, o que não acontece na podridão vermelha da raiz.
  • cancro da haste: apresenta cancro na haste, o que não é observado na podridão vermelha da raiz.

Agora que já conhece sobre os sintomas, vamos falar sobre as condições favoráveis ao desenvolvimento da doença.

Patógeno e condições favoráveis da podridão vermelha da raiz de soja

As espécies de Fusarium que causam a podridão vermelha da raiz são consideradas fungos de solo.

Os conídios (esporos) de Fusarium são disseminados pela água e sobrevivem pouco tempo no solo.

Já os clamidósporos, que são estruturas de resistência do fungo, podem sobreviver no solo e em restos culturais, sendo o inóculo primário da doença.

A podridão vermelha da raiz pode ser mais severa quando há presença do nematoide do cisto da soja (Heterodera glycines), uma vez que pode ocorrer uma associação do fungo com o nematoide.

A alta umidade do solo e temperaturas amenas são favoráveis para o desenvolvimento da doença. Temperaturas em torno de 15℃ favorecem o desenvolvimento dos sintomas na raiz das plantas. Já temperaturas em torno de 22℃ a 24℃ favorecem os sintomas na parte aérea.

Além disso, solo compactado e acúmulo de água favorecem o desenvolvimento da doença, que pode ocorrer a doença em forma de reboleira ou de forma generalizada na lavoura. 

Mas como podemos manejar a doença na cultura da soja?

Manejo da podridão vermelha da raiz 

Quando falamos de manejo das doenças de plantas, discutimos sobre a realização do manejo integrado das doenças. Isso não deve ser diferente para a podridão vermelha da raiz de soja, principalmente porque ela é causada por patógeno de solo, que é de difícil controle.

Cultivares de soja precoces tendem a sofrer menos com a doença, por isso são mais recomendadas.

Como não há cultivares com resistência total a doença, você pode utilizar cultivares que apresentam certa resistência. Além disso, não é recomendado semear muito cedo a soja, pois as condições climáticas podem propiciar o desenvolvimento do patógeno.

Não há um controle químico adequado para a podridão vermelha da raiz, já que é uma doença de solo e o seu controle se torna bastante complicado. O que se tem realizado é o tratamento de sementes, que pode reduzir a incidência da doença.

Outra medida de manejo é a rotação ou sucessão de culturas, a exemplo de sorgo e trigo.

Evite também a semeadura da soja em solos mal drenados e compactados.

Além disso, evite o plantio em áreas com histórico da doença, melhore a drenagem de solos que apresentam encharcamento e previna a compactação do solo.

E, como uma dica final, para te auxiliar a recomendar as medidas de manejo da podridão vermelha da raiz procure um (a) engenheiro (a) agrônomo (a).

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Conclusão

Doenças podem causar muitas perdas na soja. Uma das que tem preocupado os sojicultores é a podridão vermelha da raiz, que já há relatos de causar grandes prejuízos nas lavouras.

Nesse artigo, além de discutirmos a importância da doença na cultura da soja, você também viu como identificar os sintomas que a doença causa.

Também pôde entender mais sobre o patógeno, condições favoráveis a seu desenvolvimento e as medidas de manejo mais indicadas.

>> Leia mais:

Tudo o que você precisa saber sobre Macrophomina em soja

“Como identificar e manejar a podridão radicular em soja”

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Ácaro na soja: tudo que você precisa saber

Ácaros na soja: entenda o que são, principais espécies, danos causados e como realizar o manejo eficiente para evitar a perda de produtividade da sua lavoura.

Os ácaros são pragas consideradas secundárias que, a depender das condições climáticas vigentes da safra, podem se tornar pragas primárias, requerendo seu controle adequado para evitar perdas de produtividade da soja.

Os danos causados pelos ácaros são variáveis e dependem do genótipo, região de cultivo e ano agrícola, podendo ser de mais de 400 kg/ha e representando até 33% de redução na produtividade da soja.

Isso exige atenção quanto ao seu monitoramento e ações de controle para evitar perdas maiores de produtividade na lavoura.

Mas você sabe como identificar as principais espécies de ácaros na soja? E como as amostragens de ácaros devem ser realizadas, bem como os danos causados por cada uma das principais espécies? Sabe fazer o manejo necessário para controlar as pragas na sua lavoura? 

Confira essa e outras informações a seguir!

O que são os ácaros na soja, afinal?

Os ácaros são aracnídeos, de tamanho pequeno e que podem se tornar um grande problema para as lavouras de soja.

As principais espécies de ácaros que ocorrem na soja pertencem à família Tetranychidae, incluindo:

  • Ácaro-rajado (Tetranychus urticae);
  • Ácaro-verde (Mononychellus planki);
  • Ácaro vermelho (Tetranychus desertorum, T. gigas e T. ludeni);
  • Ácaro-branco (Polyphagotarsonemus. latus).

Dessas espécies, o ácaro-rajado e o ácaro-verde são os ácaros mais encontrados nas lavouras. Mas as espécies podem variar de região para região e ano agrícola.

Os ácaros são consideradas pragas secundárias pois dependem das condições ambientais para que ocorram, no entanto, em condições favoráveis, atingem altas populações rapidamente, causando prejuízos significativos às lavouras de soja.

Quais as condições climáticas favoráveis a ocorrência de ácaros?

Essa resposta pode parecer óbvia, mas depende, pois em um cenário, em que espécies diferentes de ácaros tem causado problemas na soja, as condições ambientais de alta e baixa umidade relativa do ar podem favorecer uma ou outra espécie.

De modo geral, as principais espécies de ácaros, à exceção do ácaro-branco, são favorecidos por baixa umidade relativa do ar, associada a ocorrência de altas temperaturas, condições essas registradas em períodos de estiagem.

Essas condições aceleram não somente o ciclo dos ácaros-praga, mas também estimulam a sua alimentação, desfavorecendo por outro lado, importantes inimigos naturais, que manteriam a população de ácaros sob certo equilíbrio em condições favoráveis.

No Brasil, mais de 44 espécies de ácaros já foram relatados. Os primeiros relatos de danos ocorreram a partir da década de 1990, e desde então, danos são registrados safra após safra em diferentes regiões do país.

A maior ocorrência dos ácaros se dá por alguns motivos principais, incluindo:

  • aumento das áreas cultivadas;
  • uso de genótipos ou cultivares geneticamente modificados;
  • introdução de novos genótipos de soja;
  • ocorrência de veranicos ou secas prolongadas, associadas a altas temperaturas.

Mas quais são os danos causados pelos ácaros nas lavouras de soja? E como identificar esses pequenos aracnídeos que muitas vezes passam despercebidos aos nossos olhos?

Danos causados pelos ácaros na soja

Os ataques de ácaros em lavouras de soja podem ocorrer em diferentes momentos do desenvolvimento da cultura.

Inúmeros estudos indicam que boa parte das espécies é comumente encontrada na fase vegetativa e de enchimento de grãos, sendo favorecidos principalmente pelas condições climáticas.

Nas fases vegetativas, os ácaros prejudicam a atividade fotossintética da folha por causarem minúsculas pontuações que evoluem rapidamente para manchas contínuas. Isso influencia no crescimento e desenvolvimento das plantas.

Fios de seda característico do ácaro-rajado cobrindo o ponteiro da planta em soja em estádio reprodutivo
Fios de seda característico do ácaro-rajado cobrindo o ponteiro da planta em soja em estádio reprodutivo
(Fonte: Tamai et al., 2020)

A intensidade do ataque dos ácaros  varia de acordo com a espécie presente na lavoura.

Em áreas com a presença de ácaro-verde, por exemplo, as folhas de diferentes posições na planta podem apresentar intensidade de ataque semelhante entre si.

Já para áreas com ácaro-rajado, as folhas de uma mesma planta podem apresentar intensidades de ataques muito diferentes entre si. 

Esse pode ser um detalhe importante para auxiliar a diferenciar os ácaros no campo, apesar de ambas as espécies ocorrerem em reboleiras.

Apesar de não serem consideradas pragas primárias na maioria dos anos agrícolas, a presença de  ácaros na lavoura pode refletir em perdas acentuadas de produtividade.

Por isso, realizar o monitoramento constante da sua lavoura é fundamental para tomada de decisão a respeito do controle de ácaros.

O manejo preventivo é sempre a melhor saída, por isso utilize sementes de qualidade e realize o MIP (Manejo Integrado de Pragas).

Principais espécies de ácaros na soja 

Ácaro-verde

Os ácaros-verdes apresentam o corpo com coloração verde e pernas de cor amarelo-ouro.

Os ovos são depositados pela fêmea na superfície da folha, normalmente próximo às nervuras e possuem coloração variada de translúcida a branca.

O ataque dessa espécie ocorre em épocas de estiagem, na fase de enchimento de grãos. Normalmente, se concentra nas proximidades das nervuras e se distribui de acordo com a intensidade do ataque por toda a folha.

Ácaro-verde (Mononychellus planki) - ácaros na soja

Ácaro-verde (Mononychellus planki)
(Fonte: Agrolink)

Ácaro-rajado

O ácaro-rajado apresenta manchas dorsolaterais típicas em seu corpo, o que sugere o nome da espécie. 

Apresenta ainda setas dorsais mais longas e finas que as do ácaro-verde. 

Seus ovos são depositados pela fêmea na superfície da folha, normalmente próximo às nervuras, e tem coloração que varia de translúcida a branca. 

Essa espécie vive em colônias abrigadas sob sua teia em todas as fases de desenvolvimento.

O ataque dessa espécie também ocorre em épocas de estiagem e é bastante sensível à chuva.

Diferente do ácaro-verde, o ácaro-rajado se aloja nas plantas de forma concentrada, formando pequenas manchas.

Ácaro-rajado
Ácaro-rajado em diferentes colorações que podem ser encontradas na lavoura, padrão rajado (A) e padrão rajado (B)
(Fonte: Fasolin et al., 2015 )

Ácaro-vermelho 

Os ácaros-vermelhos apresentam o corpo com coloração vermelho-carmim que, com o passar da vida, pode se tornar vermelho-escuro.

Suas características morfológicas e hábitos se assemelham muito com o ácaro-rajado.

Ácaro-vermelho (Tetranychus ludeni)
(Fonte: Roggia, 2018 Yourlevyatwork)

Ácaro-branco

Diferentemente das demais espécies, o ácaro-branco é favorecido pela ocorrência de chuvas. Sua coloração é creme-brilhante em todas as fases de desenvolvimento.

São pequenos e difíceis de ser vistos a olho nu. Geralmente detectados apenas com lupa de aumento de pelo menos 20 vezes.

O principal diferencial entre esta espécie e as demais é a não produção de teias.

Normalmente, essa espécie ataca a face inferior de folhas novas em processo de expansão e, nas últimas safras, tem aparecido em diversas regiões de cultivo da soja.

Ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus) - ácaros na soja

Ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus)
(Fonte: Sosa-Gómez et al., 2014)

Como proteger a lavoura da soja dos ácaros?

Apesar de os ácaros serem considerados pragas secundárias na soja, eles vêm ganhando atenção em muitas regiões devido à instabilidade climática e ao uso intensivo de pesticidas, como inseticidas e acaricidas. 

Períodos prolongados de estiagem são muito favoráveis ao crescimento e desenvolvimento desta praga, e vêm sendo muito comum em algumas regiões do país nos últimos anos.

Além disso, a ausência de inimigos naturais, como ácaros benéficos (ácaros que predam ácaros-praga) e fungos (Neozygites floridana), é determinante para a ocorrência de surtos de ácaros nas lavouras. 

Por isso, a maneira mais efetiva de controlar os ácaros na soja é utilizar um manejo integrado de pragas e doenças, utilizando os defensivos de forma equilibrada, em doses adequadas, e de forma estratégica, prezando inclusive por aqueles de menor impacto aos inimigos naturais.

Manejos alternativos como controle biológico e cultural também são medidas importantes no controle da população de ácaros. 

Assim, você terá uma maior incidência de predadores naturais em sua lavoura, o que dificulta que os ácaros atinjam níveis de dano econômico.

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Controle químico

Existem alguns produtos disponíveis para o controle químico dos ácaros na cultura da soja, entre inseticidas com ação acaricida e acaricidas, que podem ser consultados no Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários (Agrofit).

O controle de ácaros deve levar em consideração o manejo antirresistência e, para isso, é imprescindível a rotação de ingredientes ativos e a observação a campo do desempenho dos acaricidas utilizados no controle.

Para o ácaro-rajado, ainda, há a problemática da resistência. Mais informações sobre o manejo de resistência desta e demais pragas, com relatos ou atenção à sua resistência, podem ser consultados no Comitê de Ação à Resistência a Inseticidas (IRAC).

Acaricidas que contenham misturas, de abamectinas a outros grupos químicos, são frequentemente utilizados no manejo. 

Atualmente, existem mais de 44 produtos registrados para controle da cultura da soja, no caso do ácaro-rajado. Para o ácaro-branco, no entanto, a lista é mais restrita — são apenas oito.

Controle biológico

O controle biológico de ácaros com espécies como Phytoseiulus persimilis e Neoseiulus californicus é muito utilizado em outros países. 

No Agrofit é possível encontrar produtos registrados para o controle biológico – mais de 51 acaricidas classificados como microbiológicos, principalmente para o ácaro-rajado, a partir do fungo Beauveria bassiana.

Para encontrar os produtos disponíveis, é necessário clicar na aba produtos formulados (parte superior) e então em classe, e selecionar a opção Acaricidas Microbiológicos.

Controle cultural

Para evitar problemas com essas pragas, você precisa eliminar possíveis espécies hospedeiras. Nesse sentido, realize o controle dos ácaros ou sua eliminação após identificar a espécie que ocorre na sua lavoura. 

A rotação de culturas também pode ser uma alternativa para redução da população da praga. No entanto, é necessário conhecimento técnico sobre quais espécies não são hospedeiras da praga.

Conclusão

Os ácaros podem causar danos consideráveis à lavoura, podendo se tornar pragas primárias e resultando em menor produtividade da soja.

Neste artigo, você pôde conferir as características dos principais tipos de ácaros, assim como os problemas que eles podem causar.

O controle de ácaros deve seguir todas as recomendações do manejo antirresistência, para evitar a redução ou até mesmo a perda total da eficiência dos acaricidas disponíveis no mercado.

A rotação de ingredientes ativos e o uso de defensivos de forma estratégica (ou seja, quando necessário), baseado no monitoramento de pragas, priorizando o uso de acaricidas seletivos e de menor impacto aos inimigos naturais presentes na lavoura, são medidas necessárias e indispensáveis para um manejo preciso de ácaros.

>>Leia mais:

“Como identificar e realizar o controle de tripes em soja”

“Saiba tudo sobre o ácaro azul das pastagens, uma praga emergente no Brasil”

Conhece alguma fazenda com problemas com ácaros na soja? Compartilhe com os responsáveis pelo manejo de pragas da lavoura e assine nossa newsletter, para receber mais artigos como este!

Atualizado em 12 de junho de 2023 por Bruna Rhorig.

Bruna é agrônoma pela Universidade Federal da Fronteira Sul, mestra em fitossanidade pela Universidade Federal de Pelotas e doutoranda em fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul na área de pós-colheita e sanidade vegetal.

O que você precisa saber para fazer aplicação de fungicidas na soja no momento ideal

Aplicação de fungicidas na soja: aplicação zero, posicionamento adequado dos produtos preventivos, curativos e muito mais!

As mesmas condições climáticas que favorecem o crescimento e desenvolvimento da cultura da soja acabam favorecendo também o desenvolvimento de algumas doenças.

A ferrugem-asiática, por exemplo, pode ser responsável por quedas de até 90% na produtividade e possui um custo médio de manejo de US$ 2,8 bilhões por ano no Brasil. 

Por isso, é preciso ter sempre atenção a novas tendências de manejo que facilitem o controle de doenças, evitem novos casos de resistência e preservem o potencial produtivo das cultivares.  

Pensando nisso, separamos as principais informações sobre aplicação de fungicidas na soja, com as novas tendências de manejo para te ajudar a alcançar altas produtividades. Confira!

Principais doenças da soja

Antes de pensar em como controlar doenças em soja, é importante saber quais as principais doenças que prejudicam essa cultura em nosso país:

infográfico de períodos de ocorrência das doenças da soja - aplicação de fungicidas na soja

(Fonte: Paulo Saran)

Conhecendo as principais doenças da soja, é muito importante que você saiba quais sintomas elas provocam e quais condições climáticas são mais favoráveis ao seu desenvolvimento. 

Aqui no blog da Aegro, já falamos sobre isso em um artigo completo. Confira: Lavoura saudável: como combater as doenças da soja (+ nematoides)

Além disso, é muito importante que você conheça o histórico de doenças da sua área e região onde ela está presente para que possa realizar um bom planejamento do manejo. 

Como prevenir a incidência de doenças em sua lavoura 

Apesar de o uso de fungicidas ser a técnica mais utilizada em nosso país, o manejo de doenças deve acontecer muito antes de se pensar em usar fungicidas. 

Por isso, fazer o básico bem feito pode ser a chave para alcançar maior eficiência no manejo de doenças. 

Para diminuir a severidade de doenças em plantas é importante garantir uma menor incidência de inóculo inicial e menor suscetibilidade da planta ao patógeno. 

O que só é possível através de um bom manejo integrado de doenças. Dentre as principais estratégias de manejo integrado na soja temos:

  • uso de rotação de culturas
  • utilização de sementes certificadas;
  • uso de cultivares de ciclo precoce; 
  • semeadura precoce; 
  • realização de um bom manejo nutricional
  • respeitar o vazio sanitário
  • controle de plantas hospedeiras, principalmente no período de vazio sanitário.
  • monitoramento constante de doenças; 
  • rotação de mecanismo de ação de fungicidas; 
  • aplicação no momento e dose estabelecidos pela bula; 
  • uso de boa tecnologia de aplicação

Qual o momento ideal para aplicação de fungicidas na soja?

O planejamento do manejo de doenças na soja não é muito simples, pois envolve vários fatores específicos relacionados à lavoura. Dentre os principais fatores podemos citar: 

  • condições climáticas; 
  • época de plantio;
  • suscetibilidade e ciclo da cultivar escolhida; 
  • histórico de doenças da sua área e região. 

Após o levantamento desses fatores, fica mais fácil determinar o momento ideal de aplicação, os produtos e doses a serem utilizados. 

Na prática, podemos entender que, em situações de ciclo mais longo ou com maior atraso na semeadura, a pressão de doenças na área será maior. Isso exigirá um manejo antecipado de doenças.

Nos últimos anos, há uma tendência muito forte de se antecipar o início das aplicações de fungicidas na soja, que geralmente ocorria próximo à fase de V7/8 (sempre antes do fechamento da linha).  

Entretanto, adiantar a primeira aplicação aumentando o intervalo de aplicações para mais de 15 dias, não se mostrou uma técnica muito efetiva. 

Por isso, muitos produtores têm optado pela realização da chamada aplicação zero. Ou seja, é uma aplicação adicional no estádio de V3-V4 (próximo a 30 dias após a emergência – DAE) para diminuir a incidência de inóculo inicial e prevenir que o fungo infecte a soja.

Aplicação Zero

Essa aplicação tem foco nas seguintes doenças: manchas foliares, antracnose e oídio. 

Como é uma aplicação complementar, não se tem utilizado produtos líderes de mercado nesta operação, pois ela visa auxiliar as demais aplicações sem aumentar custos. Por isso, geralmente é realizada com o glifosato (em soja RR).

Nessa aplicação, é muito comum o uso de produtos que associam os princípios ativos triazóis, benzimidazóis, estrobilurinas e multissítios.

Caso opte por associar fungicidas ao glifosato, sempre tome cuidado com a compatibilidade dos produtos, principalmente quanto ao pH da calda. 

Após a aplicação zero, o período entre esta aplicação e a primeira do manejo convencional de sua lavoura costuma ser mais curto, próximo a 9 dias, garantindo que a primeira aplicação seja antes do fechamento de linha e no momento ideal (estádio V7 – próximo a 40 dias após a emergência – DAE). 

Programa e aplicação convencional de fungicidas em soja

O manejo convencional que vem sendo utilizado na soja em geral se resume a 4 aplicações espaçadas de fungicidas com um intervalo de 15 dias. 

  • 1ª – antes do fechamento de linhas (V7; + ou – 40 DAE);
  • 2ª – no florescimento (V7 + 15 dias; + ou – 55 DAE);
  • 3ª – formação da vagem (V7 + 30 dias; + ou – 70 DAE); e 
  • 4ª – enchimento de grãos (V7 + 45 dias; + ou – 85 DAE).  

 As duas primeiras aplicações são consideradas as mais importantes do programa convencional de manejo (antes do fechamento e florescimento). 

Assim, os produtores costumam lançar mão dos melhores produtos disponíveis no mercado para assegurar melhor eficiência. 

Posicionamento de produtos nas aplicações

Quanto à escolha dos produtos, doses utilizadas e números de aplicação, dependerá muito da realidade da sua lavoura. É preciso considerar alguns fatores já mencionados, que ajudarão a prever a pressão de doenças na cultura. 

Entretanto, um posicionamento que tem trazido bons resultados é uso intercalado de produtos curativos e preventivos de acordo nas primeiras aplicações. 

Assim, temos a seguinte alternativa como uma ótima opção:

Aplicação zero: produto curativo;

1ª aplicação: uso de produtos curativo e preventivo (preventivo+curativo);

2ª aplicação: uso de produtos preventivos (preventivo+preventivo). 

Já para as últimas aplicações, os produtos escolhidos vão depender das condições  climáticas serem mais favoráveis para algumas doenças. 

Veja os seguinte exemplos:

Predominância de ferrugem: Mancozeb e/ou Morfolina

Manchas ou manchas + ferrugem: Clorotalonil e/ou Triazol

Devido ao surgimento de casos de resistência a fungicidas para ferrugem asiática, antes de selecionar um produto para seu controle, é importante conferir sua eficiência na atualidade. 

Uma maneira mais fácil de realizar esse processo é conferir o relatório sobre eficiência dos produtos no controle da ferrugem asiática emitido pela Embrapa

Outro cuidado que deve ser tomado na escolha do produto para a última aplicação é o período residual do fungicida para não ocorrer maior incidência de folhas e hastes verdes por ocasião da colheita.  

É importante que você esteja sempre atento às tendências de manejo de doenças na soja, contudo, lembre-se sempre que a recomendação de fungicidas na soja deve ser realizada com auxílio de um engenheiro-agrônomo capacitado.  

Ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) na cultura da soja

Ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) na cultura da soja
(Fonte: Grupo Cultivar)

Conclusão

Neste artigo vimos a importância do manejo de doenças na soja e conhecemos as principais doenças que ocorrem no Brasil. 

Vimos as principais práticas para evitar a incidência de doenças na sua lavoura e novos casos de resistência. 

Além disso, vimos o momento ideal de aplicação de fungicidas na soja e o conceito de aplicação zero. 

>> Leia mais:

“Biofungicidas: quando vale a pena usá-los para o controle de doenças na lavoura?”

Você tem dificuldade no controle de doenças na soja? Quais critérios você utiliza para aplicar fungicidas na soja? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Como livrar sua lavoura dos ataques do bicudo-da-soja

Bicudo-da-soja ou tamanduá-da-soja é uma das pragas que vêm ganhando importância na cultura. Conheça suas características, hábitos e formas de controle!

A expansão da cultura da soja tem contribuído para o aumento das pragas que antes eram consideradas secundárias.

Esse é o caso do bicudo-da-soja ou tamanduá-da-soja, que tem sido observado desde a década de 1980 na cultura.

Algumas mudanças no manejo fizeram com que essa praga se tornasse algo preocupante para os sojicultores de uns tempos para cá. 

Além disso, essa é uma praga de difícil controle, principalmente, por seu hábito nas plantas.

Por isso, separei algumas informações importantes para que você proteja sua lavoura do bicudo-da-soja. Confira a seguir!

Características do bicudo-da-soja

O bicudo-da-soja tem esse e outros nomes populares como tamanduá-da-soja. É um inseto da ordem Coleoptera e família Curculionidae, a qual tem como principal característica o rostro ou o “bico”, que deu origem ao nome popular da praga.

A espécie é Sternechus subsignatus e ataca a soja durante todo o ciclo da cultura.

Embora esteja causando grande alarme, é um inseto bem pequeno. Os adultos medem cerca de 8 mm de comprimento, são escuros e têm listras amarelas na cabeça e nos élitros, e as asas mais duras. 

Adulto do bicudo-da-soja
Adulto do bicudo-da-soja
(Fonte: Insetologia)

Normalmente, os adultos ficam em lugares mais estratégicos como na parte abaxial das folhas e em estruturas como hastes. Dependendo do horário do dia, podem procurar locais como folhagens ou restos de cultura no solo. 

As larvas medem cerca de 10 mm de comprimento, sendo brancas, sem pernas e com cabeça castanho-escura. Se desenvolvem dentro da haste principal da planta, na região do anelamento, em que são colocados os ovos pelas fêmeas. 

Ao final do período larval, nos últimos ínstares, os insetos vão para o solo e passam por um período de hibernação, ou seja, se mantêm inativos. Isso gera um problema no manejo, porque elas se localizam em profundidade de 5 cm a 10 cm. 

Larva de bicudo-da-soja na haste
Larva de bicudo-da-soja na haste
(Fonte: Embrapa)

Sintomas e danos

Atualmente, é possível encontrar o bicudo-da-soja causando danos em diversos estados do Brasil, principalmente em municípios de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. 

Tanto os adultos como as larvas causam danos na cultura da soja. O período mais crítico do ataque desses insetos é a fase inicial da cultura. 

Danos causados por adultos do bicudo-da-soja
(Fonte: Embrapa)

Os adultos fazem um tipo de “raspagem” da epiderme das hastes das plantas, o que faz com que o tecido vegetal fique com aspecto desfiado. E, devido à fragilidade das plantas, por ainda não terem uma estrutura bem lignificada, pode haver perda total da lavoura se houver presença de altas populações da praga.

A oviposição dos ovos é feita no anelamento das plantas. Quando as larvas eclodem, permanecem próximas ao local consumindo todo o conteúdo do tecido das plantas. Isso leva à formação de galhas caulinares, sintomas muito típicos de ataques do bicudo-da-soja. 

Essas galhas caulinares vão aumentando de tamanho conforme as larvas vão se desenvolvendo e, muitas vezes, ultrapassam o diâmetro das hastes ou dos ramos. 

Galha caulinar formada em haste da planta de soja devido ao ataque de larvas do bicudo-da-soja
Galha caulinar formada em haste da planta de soja devido ao ataque de larvas do bicudo-da-soja 
(Fonte: Embrapa)

Por serem canibais, é muito difícil encontrar mais de uma larva por galha. Por isso, as galhas ficam espalhadas pela planta dando proteção e condições para esses insetos se desenvolverem até o momento da hibernação. 

Além disso, os ataques normalmente acontecem em reboleiras e são mais intensos em áreas com plantio direto, justamente por dar condições ideais para os insetos se manterem na área. 

Como fazer o manejo do bicudo-da-soja

Como é possível perceber, o manejo do bicudo-da-soja não é tão simples devido aos hábitos dessa praga tanto na fase jovem quanto na fase adulta. 

A melhor recomendação é utilizar o Manejo Integrado de Pragas (MIP) para aplicar várias táticas que irão contribuir para a redução da população. 

É importante conhecer o histórico da região e entrar, desde antes do início do cultivo, com o monitoramento.

Monitoramento

O comportamento dessa praga é bastante característico, mas deve ser muito bem observado para que não ocorram surtos da população na fase mais crítica.

É muito recomendado que se faça amostragens na entressafra para observar se ainda existem insetos nas antigas fileiras de soja.

O ideal é que a cada 10 hectares sejam feitas 4 amostragens. O nível de controle para essa praga é de 0,4 adultos por metro de fileira de soja, quando as plantas de soja apresentarem entre duas (V2) e cinco (V5) folhas trifolioladas. 

Época de semeadura

Estudos realizados pela Embrapa Soja mostraram que, após o período pupal, os adultos costumam emergir no começo de novembro. Assim, ocorre um aumento populacional na segunda quinzena de dezembro.

Por isso, no momento da semeadura, é importante pensar no tratamento de sementes como aliado e a época em que se pode fazer o plantio. 

O tempo residual dos inseticidas utilizados para o controle do bicudo-da-soja deve ter eficiência para aguentar essa fase de maior população. 

Métodos de controle

Como existem algumas plantas não-hospedeiras do bicudo-da-soja, a rotação de culturas com plantas como milho, crotalária, sorgo, girassol e algodão é uma boa tática para evitar o aumento populacional na soja. 

Para melhorar a eficiência da rotação, as plantas não-hospedeiras podem ser rodeadas de plantas hospedeiras de preferência do bicudo. Essas plantas irão agir como cultura-armadilha

Essas culturas podem ser semeadas na bordadura da soja, cerca de 20 m e 30 m. 

Dessa maneira, ao atrair os insetos, pode-se utilizar dos inseticidas recomendados para o controle da praga. 

E o controle químico também poderá ser utilizado quando, após monitoramento, forem encontrados uma média de 0,4 adultos/m de fileira, como indicador para uso de inseticidas via aplicação foliar.

Existem 56 produtos registrados no Agrofit, site do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para o controle químico do bicudo-da-soja.

captura da tela da página da Agrofit mostrando os produtos registrados para controle químico do bicudo-da-soja

O controle químico com inseticidas de contato costuma ser difícil devido ao hábito da praga. Por isso, os ingredientes ativos mais utilizados são dos grupos químicos dos organofosforados, neonicotinoides e pirazóis.  

Manejo de pragas por aplicativo

Por fim, vale destacar que você pode recorrer à tecnologia para operacionalizar com maior praticidade as estratégias de controle que mostrei neste artigo.

Um aplicativo como o Aegro permite que o monitoramento da lavoura seja planejado e registrado pelo celular, mesmo sem conexão com a internet. Desta forma, o histórico de pragas dos seus talhões fica seguro e organizado.

Após o registro das amostragens, o Aegro gera um mapa de calor que mostra a gravidade da infestação em cada ponto analisado.

Assim, você tem uma visão mais clara sobre a incidência do bicudo e consegue os aplicar diferentes métodos de controle apenas onde é realmente necessário.

Em suma, o uso desta tecnologia se reflete em menores custos com defensivos agrícolas e um manejo de pragas mais eficaz na sua plantação. Conheça agora a solução Aegro para MIP!

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Conclusão

Alguns insetos que antes eram pragas secundárias estão se tornando mais preocupantes para o sojicultor. 

Esse é o caso do bicudo-da-soja, que nos últimos anos se tornou uma praga recorrente em diversas lavouras brasileiras.

Os hábitos desse inseto facilitam sua entrada na lavoura e dificultam o manejo.

Mas existem algumas formas de controle seguindo as táticas do MIP que poderão te ajudar a proteger sua lavoura do bicudo, como o monitoramento acurado.

Espero que, com essas dicas, você possa ter eficiência no controle dessa praga em suas propriedades!

Você tem enfrentado problemas com o bicudo-da-soja nas últimas safras? Como tem feito o manejo?