Tudo o que você precisa saber para controlar a larva arame

Larva arame: conheça as características, como identificar sintomas de ataque, como monitorar e fazer o controle efetivo dessa praga

A larva arame é uma praga inicial que danifica as sementes logo após a semeadura. O sistema radicular do milho e de outras gramíneas também é afetado.

Essa praga pode causar a morte de plantas. Como consequência, há grandes perdas econômicas.

As medidas do MIP (Manejo Integrado de Pragas) devem ser planejadas antes da semeadura. 

Por isso é importante conhecer bem as características e os danos causados pela larva.

Ao fim do artigo, você saberá como identificar e monitorar a larva arame e poderá tomar a decisão de quando e como controlá-la. Confira!

O que é a larva arame e quais suas características

A larva arame é uma praga perigosa para culturas de importância econômica.

Ela pertence à família Elateridae, principalmente aos gêneros Conoderus spp. e Melanotus spp.  Na fase adulta, são besouros.

Inseto adulto da larva arame

Inseto adulto da larva arame
(Fonte: Flickr)

Dependendo da espécie, o inseto adulto mede entre 6 mm e 19 mm. Possui corpo alongado e coloração marrom avermelhada, ou mais escura.

Durante o verão, as fêmeas depositam centenas de ovos brancos e esféricos no solo, agrupados de 20 a 40. Desses ovos eclodem as larvas praga.

Antes de se tornarem adultas, as larvas vivem no solo e se alimentam apenas de raízes e sementes de plantas.

No início da fase larval, possui coloração esbranquiçada. Quando completamente desenvolvida, sua cor muda para marrom-amarelada.

O corpo da larva mede até 2 cm de comprimento. É cilíndrico, fino e rígido. Por isso a denominação “larva arame”.

Larva arame em diferentes estágios

Larva arame em diferentes estágios
(Fonte: Insect Images)

Ataque da larva arame

As culturas em que esse inseto assume importância econômica são, principalmente:

  • milho;
  • trigo;
  • arroz;
  • batata.

As raízes destas culturas são afetadas pela alimentação do inseto.

Sintomas e danos 

Nas culturas do milho e do arroz, os danos são mais severos nas lavouras com sistema de integração com pastagem. Os danos acontecem majoritariamente no início da primavera.

As larvas se alimentam de sementes germinando, raízes e mudas jovens

O dano pode ser direto, com redução de crescimento e/ou morte da planta. Também pode ser indireto, deixando uma porta de entrada para patógenos no local do ferimento.

Plantas jovens são mais suscetíveis. Na lavoura, você poderá perceber plantas atrofiadas que costumam ser roxas ou escuras. 

Você também pode notar fileiras com plantas subdesenvolvidas ou mortas.

No milho, os danos ocorrem desde a semeadura até a fase V2/V3.

Uma inspeção mais detalhada revela buracos nas sementes, raízes e caules inferiores. Esses sinais confirmam o ataque da praga.

Dano da larva arame no milho

Dano da larva arame no milho
(Fonte: Universidade de Minnesota)

As plantas ficam atrofiadas, pouco desenvolvidas e o estande é reduzido. Como consequência, ocorre a perda de rendimento da cultura e perda econômica.

Monitoramento da larva arame

Utilize o MIP (manejo integrado de pragas) como rotina na sua fazenda. 

O monitoramento das pragas é a chave para controlá-las. Faça isso antes de causarem danos à plantação.

Para monitorar essa e outras pragas subterrâneas, colete uma amostra de solo de 30 cm x 30 cm a aproximadamente 10 centímetros de profundidade. 

Faça isso em alguns pontos da lavoura durante a pré-safra.

A média de uma larva por amostra é suficiente para reduzir o estande de plantas e causar danos econômicos.

Para te ajudar neste controle, preparamos uma planilha gratuita. Para baixar, clique na figura a seguir!

Você também pode automatizar esse controle com uso de um software de gestão agrícola como o Aegro

Com o sistema de monitoramento de pragas do Aegro você pode:

  • registrar o monitoramento e armadilhamento da lavoura pelo celular;
  • gerar relatórios sobre a incidência das pragas-alvo;
  • descobrir o momento certo para pulverizar, reduzindo seus custos com defensivos.

Além disso, você mantém um histórico de pragas e de aplicações feitas em cada talhão da lavoura. 

O MIP do Aegro pode ser testado gratuitamente por 7 dias. Peça agora uma demonstração e faça uma experiência gratuita!

Formas de controle

Caso identifique pelo menos uma larva arame por amostra, existem diferentes medidas de controle que podem ser tomadas:

  • manejo preventivo;
  • controle cultural;
  • controle biológico;
  • controle químico.

Proceda com o controle prontamente após detectar a presença da praga, e preferencialmente, antes da semeadura.

Entenda as medidas de controle com detalhes a seguir!

Manejo preventivo e controle cultural

Em áreas irrigadas ou com problema de excesso de umidade, controle a umidade da camada arável. 

Isso obriga o inseto a se aprofundar no solo, protegendo a raiz no início do desenvolvimento.

Elimine hospedeiros alternativos e plantas voluntárias que precedem a safra. Elimine também a destruição dos restos culturais logo após a colheita.

Prepare o solo (quando no planejamento de safra) com arado e/ou grade, expondo a praga a predadores e ao sol.

Caso utilize o plantio direto, integração pasto/lavoura ou mantiver plantas de cobertura, fique de olho. Nem sempre as duas últimas formas de manejo são possíveis. 

Planeje bem os manejos pré-plantio, para evitar danos o quanto antes.

Controle biológico

O controle biológico tem ganhado bastante força nos últimos tempos. Ele faz parte do conjunto de boas práticas no controle de pragas do MIP.

Coleópteros da família Staphylinidae, comumente chamados de “potós” ou “besouros-do-casaco”, são insetos carnívoros. Eles se alimentam de diversas pragas, incluindo a larva arame.

Besouro predador da família Staphylinidae

Besouro predador da família Staphylinidae
(Fonte: UFV)

Larvas da mosca-estilete (Therevidae) e algumas espécies de nematoides também são predadoras da praga.

Há grande expectativa no uso do fungo entomopatogênico Metharizium anisopliae para o controle da larva arame. 

Os bioprodutos hoje são formulações com estruturas de reprodução do fungo.

Use adequadamente esta tecnologia, de acordo com as recomendações do fabricante.

Bioproduto à base de Metarhizium anisopliae

Bioproduto à base de Metarhizium anisopliae
(Fonte: Koppert)

Controle químico

Antes de decidir pelo controle químico, considere uma abordagem integrada com os outros métodos citados anteriormente.

Faça o tratamento de sementes (TS) com inseticida sistêmico. Assim, você evita que a praga ataque a semente e as raízes da planta recém-emergida. 

Isso garantirá um bom controle da população da praga.

Semente de milho tratada

Semente de milho tratada
(Fonte: Pioneer)

O ingrediente ativo imidacloprido (neonicotinoide) + tiodicarbe (metilcarbamato de oxima), como o Cropstar da Bayer, é uma boa opção.

Somente o tiodicarbe (Futur 300, Luger 350, Pontiac 350) também é muito eficiente no controle de pragas iniciais na cultura do milho.

Realize tratamento químico para controle da larva arame sempre antes da semeadura ou durante no sulco, de forma preventiva. A aplicação curativa não é eficiente.

Essa prática tem a vantagem de aplicar mais ingredientes ativos próximo à semente e raízes

Ela tem maior persistência do que o tratamento de sementes, e protege as plantas por mais tempo.

Use inseticidas granulados indicados para a cultura. 

O ingrediente ativo Fipronil é uma opção com bom controle de pragas iniciais no milho. Produtos organofosforados (clorpirifós) também são eficientes no controle.

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Conclusão

A larva arame ataca sementes e raízes de milho, principalmente, batata e outras gramíneas.

O seu ataque afeta o vigor e reduz o estande de plantas, causando perdas econômicas consideráveis.

O planejamento, regularidade de monitoramento e integração de práticas de manejo é muito importante para o controle da praga.

Controle cultural, biológico e químico são recomendados para controlar a população da larva arame.

O controle químico deve ser feito de forma preventiva, aplicado no sulco de semeadura ou logo após a semeadura.

Sempre siga as recomendações da bula e instruções de um engenheiro-agrônomo para aplicação de produtos químicos.

>>Leia mais:

“5 pragas agrícolas resistentes a defensivos agrícolas e como combatê-las”

Já passou por problemas com a larva arame na sua lavoura? Espero que esse artigo ajude a planejar a próxima safra. Assine nossa newsletter para receber conteúdos semelhantes!

O que é e por que investir na análise microbiológica do solo?

Análise microbiológica do solo: entenda a importância dos indicadores microbiológicos e como eles te ajudam a garantir a qualidade do solo

Além das análises químicas e físicas, existe outra aliada para avaliar a qualidade do solo: a análise microbiológica. 

Ela permite detectar com antecedência alterações na qualidade do solo.

Quer descobrir se vale a pena inseri-la em seu planejamento?

Entenda melhor como funciona a análise microbiológica do solo e como utilizá-la em sua fazenda. Aproveite a leitura!

O que é a análise microbiológica do solo?

A MOS (Matéria Orgânica do Solo) é o principal componente e indicador de fertilidade do solo. Os microrganismos constituem a sua parte viva e mais ativa.

Qualquer alteração que afete a MOS também afetará os microrganismos presentes nela.

Com a análise microbiológica, é possível verificar precocemente alterações na comunidade microbiana do solo.

Os principais parâmetros avaliados nas análises microbiológicas são:

  • o carbono da biomassa microbiana;
  • a respiração basal;
  • o quociente metabólico;
  • a atividade das enzimas β-glucosidase, arilsulfatase e fosfatase ácida.

Essas análises são importantes para entender o comportamento da matéria orgânica do solo. Algumas vantagens são:

  • simples determinação analítica;
  • as análises são ligadas à ciclagem de nutrientes;
  • maior sensibilidade na detecção;
  • as análises não são influenciadas por adubos;
  • a amostragem é feita em pós-colheita;
  • baixo custo de análise;
  • reagentes baratos.

Veja as classes de interpretação de bioindicadores para Latossolos Vermelhos Argilosos de Cerrado, em cultivos anuais em plantio direto e convencional. 

tabela com valores referência que podem fornecer informações sobre os impactos de sistemas de manejo na qualidade do solo

Valores referência que podem fornecer informações sobre os impactos de sistemas de manejo na qualidade do solo
(Fonte: adaptado de Lopes et al. 2018)

Bioindicadores com valores baixos podem indicar um manejo do solo com práticas inadequadas. Valores elevados indicam que práticas adequadas estão sendo adotadas.

Esses valores são referências para te auxiliar a decidir qual sistema de manejo do solo será adotado na área de cultivo.

Como coletar as amostras para análise

Colete o solo com trado do tipo holandês, na profundidade de 0 – 10 cm

Faça isso após a colheita das culturas, coincidindo com a amostragem química do solo.

ilustração de como as amostras de solo devem ser coletadas na camada de zero a dez centímetros

As amostras de solo devem ser coletadas na camada de 0 – 10 cm
(Fonte: Laborsolo)

Para coletar as amostras no campo, utilize um pedaço de madeira (semelhante a uma régua). Ela deve ter uma marca no centro e duas marcas equidistantes para cada lado.

O importante é que a marca central seja no centro da linha de semeadura. As demais devem cobrir até a metade do espaçamento da entrelinha, como demonstrado abaixo.

ilustração de representação de coleta em cada ponto de amostragem

Representação de coleta em cada ponto de amostragem
(Fonte: Laborsolo)

Cada conjunto de amostras (linha e entrelinha) constitui um ponto de amostragem.

A quantidade de pontos amostrados dependerá do tamanho da área que você deseja avaliar. Porém, o ideal é coletar de 10 a 15 pontos.

Após a coleta de todos os pontos, o solo deve ser homogeneizado para formar uma amostra de aproximadamente 500 gramas.

Essa amostra deve ser acondicionada em saco plástico com identificação, mantida em refrigeração e encaminhada diretamente para o laboratório de análise de solo.

As coletas devem ser feitas em áreas homogêneas da propriedade, evitando períodos de estiagem para não prejudicar os resultados.

Por que investir na análise microbiológica do solo?

A maior vantagem da análise microbiológica do solo está em sua maior sensibilidade em detectar, com antecedência, alterações que ocorrem no solo em função do seu uso e manejo.

Para ilustrar, veja como as propriedades químicas do solo não permitiram diferenciar as áreas de cultivo:

tabela de como características químicas não permitem diferenciar as áreas de cultivo por tratamentos, soja/pousio e soja/braquiária.

Características químicas não permitem diferenciar as áreas de cultivo
(Fonte: Mendes et al. 2018)

Já com as análises microbiológicas de biomassa microbiana e atividade enzimática do solo, foi possível diferenciar as áreas de cultivo.

tabela com visão microbiológica do solo, além do excesso e falta de nutrientes

Visão microbiológica do solo, além do excesso e falta de nutrientes
(Fonte: Mendes et al. 2018)

Embora as duas áreas apresentem características químicas semelhantes, os atributos microbiológicos são completamente distintos.

O maior aporte de resíduos vegetais proporciona maior atividade microbiológica do solo. Isso eleva a sustentabilidade ambiental do sistema produtivo. A inclusão desses bioindicadores nas análises permite um maior conhecimento sobre o funcionamento do solo.

Como construir um solo biologicamente ativo?

A construção de um solo biologicamente ativo envolve diversas práticas de manejo, como:

Sistemas de cultivo com maior aporte de resíduos vegetais proporcionam o aumento da atividade biológica do solo.  Isso acontece devido à alta disponibilidade de carbono para o crescimento populacional dos microrganismos.

infográfico que mostra que o aporte de resíduos vegetais possibilita o aumento da atividade biológica que é o ponto inicial para melhoria de um solo

O aporte de resíduos vegetais possibilita o aumento da atividade biológica que é o ponto inicial para melhoria de um solo
(Fonte: Mendes et al. 2018)

Os atributos microbiológicos do solo estão relacionados à quantidade, qualidade e diversidade de resíduos vegetais depositados a longo prazo. Desta forma, o aumento da atividade biológica do solo se torna possível, principalmente em sistemas integrados de produção.

diagnostico de gestao

Conclusão

A análise microbiológica é fundamental para detectar alterações na qualidade do solo em função do seu sistema de manejo.

Conservar o solo é usá-lo de forma sustentável. Respeitar suas características e aplicar técnicas de manejo que permitam preservar a sua qualidade é essencial.

Atente-se à qualidade microbiológica do solo. Assim, você poderá garantir o máximo potencial produtivo da sua lavoura. 

Qual tipo de análise você realiza em sua fazenda? Já realizou a análise microbiológica do solo? Adoraria ler seu comentário abaixo! 

Saiba tudo sobre o ácaro azul das pastagens, uma praga emergente no Brasil

Ácaro azul das pastagens: conheça mais suas características, as culturas mais afetadas e a melhor forma de controle

O ácaro azul das pastagens é uma praga ainda pouco conhecida no Brasil, mas já presente em algumas lavouras. 

Seu ataque pode causar morte de folhas e de plantas inteiras.

A presença do ácaro azul gera perdas de produtividade e lucratividade. Além disso, afeta as culturas de inverno, principalmente cereais e pastagens.

Neste artigo, você irá conhecer o ácaro azul das pastagens, saber como identificar e também ver as melhores práticas de manejo e controle. Confira a seguir!

Características do ácaro azul das pastagens

O ácaro azul das pastagens (Penthaleus major) é uma espécie da classe Arachnida (mesma das aranhas e escorpiões) e da família Penthaleidae. 

Ele não é um inseto, e sim um aracnídeo.

Também conhecido como ácaro dos grãos de inverno ou ácaro azul da aveia, é uma praga presente no mundo todo.

Adulto do ácaro azul das pastagens

Adulto do ácaro azul das pastagens
(Fonte: ScienceImage)

Poucas são as informações disponíveis sobre o ácaro. Segundo estudos, duas gerações são formadas por ano e atacam principalmente no período do inverno. 

A temperatura ideal para o desenvolvimento da praga é de 8 °C a 15 °C. Confira suas principais características:

  • as larvas medem aproximadamente 0,3 mm;
  • as ninfas medem  0,5 mm;
  • o ácaro adulto mede 1 mm;
  • sua coloração é azul escura;
  • possui quatro pares de pernas, geralmente vermelhas.

Essa espécie prefere solos arenosos. Durante condições adversas, o ácaro azul das pastagens entra no solo a uma profundidade de até 40 cm para se proteger.

A praga foi detectada em 2009, no Rio Grande do Sul. Ela é recente e pouco conhecida. Houve poucos relatos até 2020, quando foi detectada no mesmo local.

Nos Estados Unidos e Europa, é uma importante praga do trigo e de pastagens no outono e inverno.

Como identificar o ataque no campo?

O ácaro azul das pastagens ataca gramíneas de inverno. Aveia, trigo, triticale, cevada e centeio são potenciais alvos.

Você pode identificar os campos infestados pela coloração cinza, prateada ou amarelada das plantas

Caso a infestação seja muito grande, as folhas ou até a planta inteira podem morrer.

Folha de trigo danificada pelo ácaro azul das pastagens

Folha de trigo danificada pelo ácaro azul das pastagens
(Fonte: Researchgate)

Você também poderá notar retardo no crescimento das gramíneas, e maior suscetibilidade às doenças foliares.

Não há muitos relatos dessa praga no Brasil. Apenas em áreas de pastagens no Rio Grande do Sul, mas sem causar danos graves.

Segundo pesquisa, o ataque severo da praga em gramíneas de inverno pode reduzir o rendimento pela metade.

Como identificar o ácaro azul das pastagens na sua lavoura

Em meados do outono e no final do inverno, avalie a lavoura para fazer o reconhecimento da praga. 

Observe cuidadosamente a folhagem das plantas e a superfície do solo. Também arranque algumas plantas em busca da praga dentro do solo.

O ácaro azul das pastagens evita a luz solar e muito vento. Por isso, faça o manejo no início da manhã ou ao final da tarde, em dias calmos, frescos e/ou nublados.

Após identificar o ácaro na sua lavoura, você pode contar com a ajuda do MIP (Manejo Integrado de Pragas). As medidas do Manejo Integrado poderão controlar melhor as pragas da sua lavoura. 

Para te ajudar nessa etapa, preparamos uma planilha de controle. Você pode baixar gratuitamente, clicando na imagem abaixo:

Manejo do ácaro azul das pastagens

Caso o ácaro azul esteja presente, intervenha quando a população atingir entre 2 e 30 indivíduos por planta, ou quando houver mudança de coloração para 10% das plantas.

Como é uma praga pouco conhecida, fique de olho caso haja registro nas proximidades de sua região.

Realize o MIP com constância, independente de observar danos. Entretanto, se observar sintomas do ataque da praga nas folhas das plantas, tenha atenção.

Se em algum monitoramento você detectar a presença do ácaro com população pequena, dispersa e houver poucos danos nas folhas, inspecione novamente após uma semana.

Utilize o controle cultural com rotação de culturas. As folhas largas, no período de inverno, são suas aliadas em caso da presença da praga.

Faça quando necessário o preparo do solo com aração e/ou gradagem como técnica de controle. Os ácaros vivem no solo e são muito expostos à luz e ao calor. Essas condições diminuem sua multiplicação.

Considere o controle químico quando a população ou os danos atingirem o limite de dano econômico.

O tratamento com controle biológico também pode ser uma boa opção. Há recomendação de ácaros predadores da família Phytoseiidae. 

Neoseiulus californicus e Phytoseiulus macropilis têm registro no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e são comercializadas por biofábricas.

Predador Neoseilus californicus utilizado no MIP

Predador Neoseilus californicus utilizado no MIP
(Fonte: Koppert)

Controle químico

Não há trabalhos no Brasil que avaliem a eficiência de acaricidas no controle desta praga. Afinal, ela é uma praga emergente e até então, possui pouca importância.

Um trabalho realizado na Europa avaliou a utilização do inseticida Permetrina, um ingrediente ativo do grupo químico dos piretroides no controle da praga. 

A aplicação de 50 ml de ingrediente ativo por ha resultou em significativa redução na população de ácaros. Além disso, houve aumento no rendimento das pastagens. Porém, a cultura sofreu efeitos colaterais, como redução de potássio e de rendimento.

No portal Agrofit há diversos produtos com esse ingrediente ativo registrados para o trigo e outras gramíneas. No entanto, vale lembrar que não existem produtos registrados especificamente para controlar o ácaro azul.

Outro produto testado em pastagens na Austrália e eficiente no controle do ácaro azul das pastagens é o dimetoato. Ele é um inseticida/acaricida sistêmico do grupo químico dos organofosforados.

O dimetoato está registrado no Mapa para o trigo em dois produtos: Dimetoato 500 EC (Nortox S.A.) e Dimexion (FMC Química).

Todas as aplicações de produtos químicos devem seguir as recomendações da bula e as boas práticas de manejo na agricultura.

Dê preferência a produtos seletivos aos inimigos naturais. Assim, será menor o risco de ocorrer pressão de seleção ao ácaro.

planilha manejo integrado de pragas MIP Aegro, baixe agora

Conclusão

Culturas de inverno, principalmente cereais e pastagens são os principais alvos do ácaro azul das pastagens. No entanto, existem formas de se livrar dele.

Monitore principalmente áreas com solo arenoso, pois proporcionam as melhores condições para o ácaro azul se desenvolver.

Folhas com coloração cinza a prateada ou amarelada são indicativos da presença da praga. Uma grande população pode matar plantas e reduzir significativamente a produção.

Faça monitoramento periódico no outono e inverno, e utilize a rotação de culturas com não gramíneas nesse período.

Utilize a pulverização com inseticidas/acaricidas quando necessário para o controle do ácaro azul das pastagens. E, é claro, não se esqueça de consultar um(a) engenheiro(a)-agrônomo(a)!

>> Leia mais:

“Como proteger sua lavoura dos ácaros na soja”

“Como fazer o controle efetivo do ácaro-rajado”

Já verificou danos semelhantes aos causados pelo ácaro azul das pastagens? Como fez para identificar e controlar essa praga? Adoraria ler seu comentário!

Como a agricultura regenerativa pode te dar bons resultados a longo prazo

Agricultura regenerativa: o que é e quais são as práticas que você pode adequar em sua propriedade.

Não há como negar que algumas práticas agrícolas são insustentáveis, do ponto de vista ecológico e econômico.

O termo agricultura regenerativa tem sido cada vez mais falado ao longo do tempo. Você sabe o que é esse conceito? 

Sabe do impacto de se pensar práticas agrícolas sustentáveis?

Nesse artigo, você lerá sobre algumas dessas práticas da agricultura regenerativa, e que podem ser inseridas na sua propriedade. 

O que é agricultura regenerativa?

Agricultura regenerativa é um novo termo para um conjunto de práticas de um planejamento a longo prazo, que propõe recuperar o ecossistema.

Isso significa realizar a produção com uma visão a longo prazo da sustentação e todo o sistema agrícola. Ou seja, o objetivo é realizar práticas e manejos que retroalimentem o próprio sistema.

Otimizar os recursos, cuidar da saúde do solo e planejar a área a longo prazo também é investir no aumento da sua produção.

A linha que o Grupo de Agricultura Sustentável vem seguindo é interessante.  Essa é uma organização de produtores que busca soluções mais ecológicas para as suas propriedades.

Eles fortalecem uma rede de trocas de experiências e aprendizados. Adotam práticas como rochagem, controle biológico, produção de microrganismos on farm, homeopatia, dentre outras. 

A ideia é otimizar os recursos locais: buscar práticas que ajudem a evitar o efeito estufa, através da diminuição das emissões de carbono e outros gases danosos.

As práticas têm como consequência uma agricultura mais resiliente, melhor adaptada e sustentável.  

Como dizia o ecologista Lutzenberger, o regenerativo trabalha na recuperação do que tem sido perdido ou destruído

Principais práticas da agricultura regenerativa

Existem práticas fundamentais para a regeneração e manutenção de uma agricultura sustentável.

Conheça agora algumas delas:

Rotação de culturas

A prática de rotação de culturas  é vantajosa por auxiliar na redução de plantas daninhas, de pragas e doenças. 

A rotação ainda é capaz de manter a eficiência dos produtos utilizados nas culturas.

Saúde do solo

O solo é um ambiente vivo e dinâmico, que conta muito com as práticas de uso e manejo. 

É possível planejar melhor esses manejos com foco nas melhorias físicas do solo, tanto minerais quanto biológicas.

Plantio Direto

O Plantio Direto também é um aliado da agricultura regenerativa. 

Com a utilização de palhada sobre o solo, o mínimo revolvimento e a rotação de cultura, a qualidade do solo é garantida.

Redução do uso de insumos químicos

A busca por substituição e alternativas aos insumos químicos também é essencial.

É possível racionalizar o uso dos insumos químicos a partir de um bom planejamento de safra. A inserção de insumos alternativos, como os bioinsumos, é uma opção.

Outros controles alternativos, como Plantio Direto e o Manejo Integrado de Pragas também são bem vindos na busca pela redução do uso de químicos. 

Manejo Integrado de Pragas

O MIP (Manejo Integrado de Pragas)  associa a dinâmica populacional dos insetos com pragas ao ambiente. 

Com o monitoramento constante da lavoura e o entendimento da dinâmica populacional, fica fácil escolher um método de controle adequado.

Controle biológico de pragas e doenças

Através do controle biológico, com bioquímicos, semioquímicos, microbiológicos e microbiológicos, é possível controlar pragas e doenças na lavoura.

Assim, você promove uma melhoria da qualidade biológica do ambiente.

Biodiversidade

Realizar um levantamento da biodiversidade da propriedade é uma boa prática. 

Planejar talhão por talhão, o incremento de barreiras e a própria rotação de culturas são práticas que estimulam a diversidade.

Ana Primavesi tem uma analogia sobre a agricultura e o ser humano. Nós podemos estar superalimentados, mas mesmo assim mal nutridos

E com o solo acontece a mesma situação. É daí que vem a importância de garantir a biodiversidade da propriedade.

Agricultura de precisão 

A agricultura de precisão também é uma aliada para a agricultura regenerativa. 

Isso é possível porque ela integra muitas técnicas agrícolas que, juntas, conseguem verificar diferenças e desuniformidades dentro das mesmas áreas.

Métodos inovadores de amostragem de solo, de plantas e grãos são alguns exemplos dessas técnicas.

Resultados da agricultura regenerativa a longo prazo

São inúmeras as vantagens de pensar uma agricultura regenerativa em sua propriedade. Confira algumas delas:

  • recuperação de áreas degradadas;
  • melhoria da qualidade de solos empobrecidos;
  • otimização de recursos hídricos na propriedade;
  • melhoria do equilíbrio biológico;
  • produção de alimentos de maior qualidade;
  • redução dos custos de produção.

Conhecer as melhores práticas é o caminho para seu resultado produtivo e para o meio ambiente.

Por onde começar?

O básico precisa ser revisado: desde o conceito sobre o solo e suas questões químicas básicas, como a CTC do solo e a relação de nutrientes. 

Analisar corretamente as condições físicas e paisagísticas da sua localização é essencial. Além disso, vale iniciar um olhar atento para a parte biológica.

O principal desafio é cultural. Estamos acostumados aos “pacotes” de manejo da agricultura convencional. 

Na busca de uma agricultura mais sustentável, é preciso estudar, experimentar e modificar nossas práticas. Só então é possível melhorar a produtividade e reduzir custos

A motivação pode ser também a redução de custos. 

Mas além disso, é necessária a vontade de ser um produtor de excelência. É preciso conhecer as melhores práticas para o seu resultado produtivo e para o meio ambiente. 

Todo o mundo já se movimenta para os mercados de carbono, no qual a produção agrícola é monitorada e remunerada por fundos verdes

Isso também pode, em breve, se tornar uma realidade no Brasil.

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Conclusão

A agricultura do futuro necessita ser bem planejada, otimizada, sustentável e produtiva

Aliar a preservação do meio ambiente com o desenvolvimento da agricultura é a melhor forma de perpetuar uma agricultura regenerativa

Fuja de pacotes inadequados às suas condições. Planeje e organize o seu conhecimento e sua safra. Monitore nos detalhes e experimente novas formas de fazer a agricultura.

Qual a sua experiência com a agricultura regenerativa?  Tem alguma outra dica ou história de sucesso com o uso dessas práticas? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Como ocorre e quais os efeitos do estresse hídrico nas plantas

Estresse hídrico nas plantas: saiba quais são as consequências, o que pode ser feito para minimizar a falta de água e mais

A quantidade ideal de água em uma cultura existe quando as condições climáticas são favoráveis ou a irrigação é bem distribuída.

Entretanto, isso geralmente não ocorre em campo. A má distribuição de água e a falta das chuvas ocasiona o estresse hídrico nas plantas.

O estresse hídrico causa redução da produção das culturas. Saber quais estratégias você pode adotar para minimizar o problema pode ser sua solução.

Confira neste artigo o que ocorre quando a planta sofre estresse hídrico, os fatores que agravam este problema e o que pode ser feito!

Importância da água nas plantas

A água desempenha diversas funções na planta. Por exemplo, participação no processo de fotossíntese e na regulação da abertura e fechamento estomático.

O conteúdo de água de uma planta herbácea é superior a 90%. Em plantas como a alface, esse conteúdo ultrapassa 95%. Processos como a germinação só são desencadeados com a presença de água.

A água hidrolisa macromoléculas com amido em açúcares solúveis. Esses açúcares fornecem energia para germinação e desenvolvimento inicial da plântula. Além disso, as células são importantes para o crescimento vegetal e para a  sustentação da morfologia da planta. 

Para que desempenhem esses papéis, a água é fundamental por manter as células túrgidas. A principal forma de absorção da planta é através de suas raízes. Elas captam a água e nutrientes presentes no solo.

Após a entrada pelas raízes, a água tem de ser distribuída para a parte área.  Esse papel é feito por um vaso condutor denominado xilema. O xilema é responsável por distribuir a seiva bruta das raízes para os caules e folhas.

ilustração de transporte da água do solo para a planta

Transporte da água do solo para a planta
(Fonte: UFC)

Como ocorre o estresse hídrico?

A disponibilidade hídrica adequada é necessária para a produção das plantas. A irregularidade das chuvas, por exemplo, pode levar a períodos de falta de água.

O solo é o principal fornecedor de água para as plantas. Ele apresenta uma capacidade de armazenamento de água determinada. Pense no solo como uma caixa d’água que abastece uma casa. Se a caixa não for reabastecida, a casa fica sem água.

Se as chuvas forem irregulares ou o manejo de qualquer tipo de irrigação for mal planejado, o volume de água no solo reduz e as raízes das plantas não conseguem absorver. O volume adequado para as plantas absorverem água é a CAD (Capacidade de Água Disponível) completa.

Quando faltam chuvas ou a irrigação é insuficiente, a disponibilidade de água fica abaixo da quantidade ideal e chamamos isso de PMP (Ponto de Murcha Permanente).

Quando o solo está no PMP, a quantidade de água é tão baixa que a planta, mesmo gastando energia, não consegue retirar a água do solo.

Representação da capacidade de água armazenada no solo

Representação da capacidade de água armazenada no solo
(Fonte: adaptado de Unesp)

A falta de chuva, geralmente em épocas mais quentes, aumenta a perda de água pelo processo de transpiração. Isto caracteriza o déficit hídrico, que se prolongado, causa estresse nas plantas.

A deficiência hídrica ocorre quando a demanda por água pela planta é maior que a oferta de água pelo solo.

Fatores que influenciam 

A perda de água de um solo pode ocorrer de diferentes maneiras: pela absorção de água pelas plantas, evaporação, escoamento, entre outros.

O tipo de solo influencia na capacidade de retenção de água. Solos mais rasos (solos jovens), são pedregosos, que retém pouca quantidade de água. 

Em solos mais profundos (solos maduros), a presença de rochas é mais profunda. Assim, há mais espaços porosos para reter água e disponibilizá-la para as plantas.

Além disso, em solos mais rasos a evapotranspiração é maior. O tempo de armazenamento de água acaba sendo menor. 

A infiltração de solos rasos é menor. Com grandes volumes de água eles saturam-se rapidamente, e ocorre o escoamento de água superficial.

Vale lembrar que todos os solos podem saturar, mesmo os mais profundos. Se solos profundos saturam-se rapidamente, é provável que ele esteja compactado.

A compactação do solo também influencia no déficit hídrico das plantas. Com a compactação, a infiltração será reduzida e maior será a perda de água por escoamento.

Efeitos do estresse hídrico nas plantas

Como você viu, as plantas têm em sua composição a maior parte de água. Sem ela, diversas reações químicas, metabólicas e fisiológicas não ocorrem.

A água mantém a turgência das células. Então, com a falta de água, as plantas murcham. Ocorrem mudanças da estrutura, espessura e coloração das folhas com a falta de água.

foto de Planta murcha e planta normal

Planta murcha e planta normal
(Fonte: Embrapa)

A escassez de água causa o fechamento dos estômatos, locais de passagem de gases e vapor de água, geralmente localizados nas folhas.

Esse fechamento, em períodos de seca, é uma linha de defesa da planta por reduzir a transpiração. 

Porém, caso a situação de déficit hídrico se prolongue, ocorrerá redução da fotossíntese. Isso porque o fechamento causa redução do suprimento de CO2.

Com a redução da fotossíntese, a planta reduz a produção de fotoassimilados. Como consequência, seu crescimento e produção são reduzidos.

Efeito em plantas de café da falta de água adequada (sequeiro) e ideal (irrigado)

Efeito em plantas de café da falta de água adequada (sequeiro) e ideal (irrigado)
(Fonte: Embrapa)

Como minimizar a deficiência hídrica nas plantas? 

O primeiro passo para minimizar ou evitar o estresse hídrico é conhecer o histórico de chuvas da sua região.

Saiba as épocas de maior oscilação de chuvas e planeje estratégias que reduzam o efeito da falta de água no campo.

Outro ponto importante é saber a demanda hídrica da cultura que irá produzir. Sabendo qual é a necessidade, você consegue relacionar o histórico de chuvas da região com a produção.

A principal ferramenta é o uso de irrigação, mas não é possível realizá-la em todas as áreas. Nesses casos, adote outros métodos. O uso de variedades resistentes à seca é uma opção para algumas culturas, como no caso do trigo.

Evite a compactação dos solos, pois ela afeta a quantidade de água disponível para as plantas, o desenvolvimento radicular e a absorção de nutrientes. 

O sistema de plantio direto também é uma estratégia para evitar o estresse hídrico nas plantas.

A palhada no solo reduz a perda de água pela evaporação, e assim o solo consegue manter a quantidade de água por mais tempo.

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Conclusão

Você viu qual a importância da água para as plantas e como o estresse hídrico ocorre.

Viu que existem fatores que aceleram ou retardam a deficiência hídrica. Além disso, os efeitos causados pela falta de água podem ser irreversíveis e afetar sua produção.

Existem estratégias que diminuem o efeito do estresse hídrico nas plantas. Lembrar delas é essencial para garantir que o estresse não ocorra.

Tenha atenção nas épocas mais quentes do ano e use medidas para evitar a redução da sua produção!

>> Leia mais:

“Irrigação com drip protection: conheça as vantagens e cuidados necessários”

Como é a distribuição de chuvas na sua região? Já teve perdas de sua lavoura pela deficiência hídrica? Deixe seu comentário abaixo!

Como analisar o DNA do solo pode te ajudar a prevenir problemas e fazer um manejo mais efetivo da lavoura

DNA do solo: saiba como a análise de uma pequena amostra de terra pode te ajudar a prevenir problemas e a realizar um manejo efetivo

Você sabia que é possível conhecer e quantificar os microrganismos existentes no solo da sua fazenda? Essa é uma forma de descobrir quais deles auxiliam na retenção de água, na ciclagem  e na disponibilidade de nutrientes.

A consequência é a melhora da produtividade e qualidade do solo e ela é possível através da análise genética de uma pequena amostra. 

Quer entender melhor como funciona essa técnica e como recolher uma amostra para análise? Confira a seguir!

O que é o DNA do solo?

A análise do DNA do solo é uma ótima forma de estudar o conjunto de microrganismos que ali habitam, como fungos, bactérias, vírus, protozoários e microalgas. 

Por meio do sequenciamento desse DNA, é possível descrever e identificar tais seres de maneira completa.

Você também pode analisar a funcionalidade deles. É possível averiguar se eles estão associados à sanidade, ciclagem de nutrientes, tolerância a estresse, síntese de hormônios, etc.

Essa descrição pode ser utilizada de forma preventiva ou para o gerenciamento de vários problemas do solo. Também é possível identificar se os microrganismos que habitam o solo da lavoura são benéficos ou prejudiciais às atividades agrícolas.

Com isso, é possível recomendar sistemas de produção que melhorem ou estimulem a atividade microbiológica. A técnica da extração do DNA revela uma maior biodiversidade do microbioma do solo em relação às demais técnicas de análise do solo.

As técnicas tradicionais são baseadas no cultivo laboratorial dos microrganismos.  Na última década, houve uma grande redução de custos do sequenciamento genético. Isso proporcionou a ampliação dessas análises para fins comerciais, e não apenas acadêmicos.

A análise genética é o futuro para as análises microbiológicas do solo.  Provavelmente, técnicas antigas serão, aos poucos, substituídas pela precisão e agilidade da análise de DNA.

Como a análise é feita

A análise do DNA do solo é feita pelo método de detecção por RT – PCR, mesma tecnologia que detecta a Covid-19.

Essa técnica identifica, quantifica e diferencia os microrganismos da amostra de solo. RT – PCR significa teste molecular de Transcrição Reversa – Reação em Cadeia Polimerase.  Além de rápida, essa técnica tem um custo muito mais baixo que as metodologias tradicionais.

Desta forma, a análise informa a presença e quantidade dos microrganismos na amostra. O resultado revela o que o solo precisa através desta avaliação genética completa.

Como coletar as amostras para análise

O solo deve ser coletado em quatro pontos da área, na profundidade 0 – 10 cm, para compor uma amostra composta de aproximadamente 200 gramas.

As amostras de solo devem ser coletadas na camada de 0 - 10 cm

As amostras de solo devem ser coletadas na camada de 0 – 10 cm
(Fonte: Laborsolo)

Mantenha as amostras refrigeradas e as encaminhe diretamente para o laboratório de análise de solo. Com apenas 0,25 gramas de solo é possível aplicar o teste RT – PCR e conhecer o DNA de todos os microrganismos presentes na amostra.

As informações obtidas podem ajudar na escolha de práticas agrícolas que minimizem as perdas da biodiversidade de um solo. Isso é fundamental para a manutenção da produtividade das lavouras.

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Benefícios de analisar o DNA do solo

Realizar apenas a correção do solo, seja química ou física, não traz resultados em produtividade para o agricultor. Neste cenário, se encaixa a análise do DNA do solo. Toda a vida presente no solo é essencial para o seu bom funcionamento e qualidade. 

Conhecer, preservar e potencializar esses microrganismos é uma forma de construir uma agricultura sustentável. Os microrganismos do solo são fundamentais para:

  • desenvolvimento vegetal;
  • estruturação do solo;
  • degradação da matéria orgânica do solo;
  • ciclagem e disponibilidade de nutrientes;
  • fixação biológica de nitrogênio;
  • proteção contra doenças.

Quanto mais se conhece esses microrganismos, mais eficiente é a gestão do uso do solo e o resultado na produtividade das lavouras. São muitos os motivos para avaliar os microrganismos que habitam o solo. Além de explorar todo o potencial do local de plantação, você obtém:

  • ganho de eficiência na aplicação dos compostos químicos e biológicos no solo;
  • melhoria das propriedades do solo por redução do estresse e prevenção de surgimento de novas doenças;
  • identificação de microrganismos maléficos presentes no solo, visando a uma maior proteção das plantas;
  • escolha consciente dos produtos microbianos para aprimorar a produtividade da lavoura;
  • redução de perdas pelo aumento da resistência de plantas e microrganismos;
  • a avaliação da biodiversidade dos microrganismos presentes no solo pode auxiliar o produtor na tomada de decisões e gestão do solo.

Relação da qualidade da argila com o DNA do solo

Outra forma de avaliar o potencial genético do solo é por meio do seu mapeamento mineralógico. O mapeamento detecta a qualidade das argilas por meio do magnetismo do solo. Esse mapa te orienta a tomar as decisões agronômicas corretas.

A qualidade é um indicativo do potencial agrícola, de fatores e processos de formação do solo. O objetivo da técnica é fornecer a você o mapa genético da área de cultivo. O mapeamento do DNA do solo é uma técnica versátil, acessível e de ótimo custo benefício.

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Conclusão

O DNA do solo permite analisar se os microrganismos beneficiam ou prejudicam as atividades agrícolas e te ajuda a melhorar a produtividade da lavoura.

Através da análise, é possível recuperar a qualidade do solo e reestruturar e atender às suas demandas.  Com o conhecimento da biodiversidade ali presente, é possível aproveitá-la de maneira mais eficiente e sustentável.

Agora que você tem essas informações, invista na análise genética do solo em sua fazenda!

>> Leia mais:

“O guia da interpretação da análise de solo”

“Entenda o Diagnóstico Rápido da Estrutura do Solo (DRES) e como ele pode ser útil para sua lavoura”

“O que é e por que investir na análise microbiológica do solo”

Qual tipo de análise do solo você realiza em sua fazenda? Já extraiu o DNA do solo? Adoraria ler seu comentário abaixo!

Fungos entomopatogênicos no controle de pragas: o que são e como utilizá-los na lavoura

Fungos entomopatogênicos no controle de pragas: saiba em quais culturas eles vêm sendo utilizados e como podem ser ótimos aliados na proteção do seu cultivo

Os fungos entomopatogênicos são ótimos aliados no controle de pragas

Esses microrganismos, embora passem despercebidos na lavoura, atuam como inimigos naturais de pragas.

Sua eficiência depende de um bom manejo integrado de pragas e doenças, como aplicação de defensivos compatíveis e de forma equilibrada.

Neste artigo, você verá como esses fungos te auxiliam no controle de pragas e quais cuidados devem ser tomados para garantir a eficiência do controle biológico.  Boa leitura!

O que são fungos entomopatogênicos?

Os fungos entomopatogênicos são organismos capazes de colonizar diversas espécies de pragas, causando epizootias (enfermidades que podem causar a morte ou interferir na alimentação e reprodução de insetos e ácaros).

Na cultura da soja,  eles são responsáveis pelo controle biológico de lagartas

Eles também atuam na proteção de diferentes cultivos contra a mosca-branca, cigarrinhas, ácaros, dentre outros insetos.

Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae são os fungos mais estudados e aplicados no controle de pragas, em diversas culturas.

Fungos entomopatogênicos no controle de pragas: atuação e utilização

Geralmente, os fungos entomopatogênicos atacam seus hospedeiros, penetrando e colonizando seus corpos.

A infecção ocorre em 6 etapas:

  • fixação do esporo na parte externa do corpo dos insetos;
  • germinação das estruturas fúngicas sobre o corpo dos insetos;
  • penetração através da cutícula, atingindo o interior do corpo do inseto;
  • desencadeamento de respostas de defesa imunológica pelos insetos ou ácaros hospedeiros, superando-as;
  • proliferação dentro do corpo do hospedeiro, formando suas estruturas fúngicas de disseminação;
  • crescimento no hospedeiro já morto, produzindo novas estruturas de disseminação.

O sucesso da colonização dos entomopatógenos depende do estádio de desenvolvimento do hospedeiro alvo.

No caso das lagartas, por exemplo, quanto mais cedo os fungos colonizam seus corpos, mais efetivo será o controle pelos entomopatógenos.

Para que o fungo possa colonizar com sucesso o hospedeiro, é indispensável a alta umidade no ambiente. 

Em condições muito secas, a germinação dos fungos e a colonização dos hospedeiros pode não ocorrer. 

As condições ambientais no momento da aplicação dos produtos devem ser observadas.

Antes de produzir estruturas de disseminação e causar a morte do hospedeiro, os entomopatógenos podem afetar o inseto por meio de mudanças no comportamento alimentar, redução de peso, esterilidade e malformações.

Ciclo da relação patógeno-hospedeiro de Metarhizium anisopliae sobre a cigarrinha-da-raiz da cana-de-açúcar (Mehanarva fumbriolata)

Ciclo da relação patógeno-hospedeiro de Metarhizium anisopliae sobre a cigarrinha-da-raiz da cana-de-açúcar (Mehanarva fumbriolata)
(Fonte: adaptado de Alves, 1998 e Mascarin, 2010)

Utilização

A crescente demanda por defensivos agrícolas no controle de pragas têm revisitado a discussão sobre o manejo de resistência desses insetos pelas moléculas disponíveis no mercado.

Anualmente, o número de relatos de pragas (insetos e ácaros) e patógenos (doenças) resistentes às moléculas utilizadas no seu controle vem crescendo, preocupando produtores, técnicos e pesquisadores.

Utilizar microrganismos (como fungos) com potencial para controlar as pragas nas áreas de produção é uma alternativa interessante, de menor impacto ao meio ambiente, menor custo e alta eficiência.

Principais programas de controle biológico por fungos entomopatogênicos no Brasil

Os principais programas de controle biológico com fungos entomopatogênicos incluem o controle de pragas em diversas espécies agrícolas:

Cana-de-açúcar

  • cigarrinha-da-cana-de-açúcar (Mahanarva posticata e M. fimbriolata);
  • cupim da cana-de-açúcar (Cornitermes);
  • gafanhotos (Schistocerca pallens, Stiphra robusta e Rhammatocerus schistocercoides). Esses também causam danos em arroz e pastagens.
Mahanarva posticata (cigarrinha-da-cana-de-açúcar) à esquerda e M. fimbriolata  a direita, que causam danos nas folhas e raízes da cana-de-açúcar

Mahanarva posticata (cigarrinha-da-cana-de-açúcar) à esquerda e M. fimbriolata  a direita, que causam danos nas folhas e raízes da cana-de-açúcar
(Fonte: Agrolink)

duas fotos de Cornitermes cumulans (cupim-da-cana-de-açúcar)

Cornitermes cumulans (cupim-da-cana-de-açúcar)
(Fonte: Silva e colaboradores, 2021)

Schistocerca pallens - fungo entomopatogênico no controle de pragas

Schistocerca pallens
(Fonte: Moreira et al., 1999)

Pastagens 

As cigarrinhas-das-pastagens (Mahanarva, Deois e Zulia) podem afetar significativamente a oferta de alimentos na produção de gado de corte e leite em bovinos de leite.

Adulto de Deois flavopicta e sintomas de danos em milho

Adulto de Deois flavopicta e sintomas de danos em milho
(Fonte: Cruz et al., 2010)

Cafeeiro

A broca-do-cafeeiro (Hypothenemus hampei), é uma praga amplamente distribuída nas regiões produtoras de café, e pode ser controlada utilizando o fungo Beauveria bassiana.

A aplicação do produto deve ser iniciada quando 1 a 2% dos frutos estiverem broqueados, atingindo as partes da planta com maior infestação.

Hypothenemus hampei (broca-do-cafeeiro)

Hypothenemus hampei (broca-do-cafeeiro)
(Fonte:  Koppert)

Soja

A lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis) e a falsa-medideira (Chrysodeixis includens), principais pragas da cultura da soja, podem causar danos em diversas espécies.

Alfafa, amendoim, arroz, ervilha, feijão, feijão-vagem e trigo são atingidos por essas lagartas, podendo sofrer até 100% de desfolha nestas culturas.

O controle de ambas as lagartas pode ser realizado com auxílio do fungo Nomuraea rileyi que, principalmente em anos úmidos, apresenta efeitos satisfatórios no controle de diversas espécies de lepidópteros na cultura da soja.

Mas atenção, Nomuraea rileyi ocorre naturalmente nos campos de produção se as condições ambientais forem favoráveis: umidade superior a 60%, e temperaturas entre 26 °C e 27 °C. 

Além disso, embora possa proporcionar até 90% de controle das lagartas, a aplicação de inseticidas, fungicidas e herbicidas pode diminuir sua efetividade.

Ovos, pupa e larva de quinto ínstar de Anticarsia gemmatalis

Ovos, pupa e larva de quinto ínstar de Anticarsia gemmatalis
(Fonte: Praça, Moraes e Monnerat, 2006.)

Lagarta, fase de pupa e mariposa (Chrysodeixis includens)

Lagarta, fase de pupa e mariposa (Chrysodeixis includens)
(Fonte: Agrolink)

Milho

Controle da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) a partir do fungo Beauveria bassiana.

Fases de desenvolvimento de Spodoptera frugiperda - lagarta-do-cartucho-do-milho

Fases de desenvolvimento de Spodoptera frugiperda – lagarta-do-cartucho-do-milho
(Fonte: Carneiro e colaboradores, 2004)

Como você pode utilizar os fungos a seu favor?

O controle das cigarrinhas é realizado através do fungo Metarhizium anisopliae, em concentrações de 500 g de esporos do fungo por hectare.  

Os fungos M. anisopliae e Beauveria bassiana apresentam alta efetividade no controle de cupins-de-montículo e da cana-de-açúcar. 

Aplique diretamente nos ninhos, em concentrações de 6 a 12 gramas da formulação em pó seco.

Para o controle de gafanhotos, utilize o fungo Metarhizium flavoride. Ele é produzido em arroz pré-cozido. 

As vantagens incluem menor uso de defensivos químicos, que podem causar desequilíbrios e contaminações ambientais, menos problemas para os aplicadores, e menor risco de resistência das pragas às moléculas químicas.

Diversidade de fungos entomopatogênicos colonizando diferentes insetos-praga. A) Aschersonia sp. em Bemisia tabaci, B) Lecanicillium longisporum em Orthezia praelonga, C) Isaria fimbriolata, E) Lecanicillium em Coccus viridis, F) Beauveria bassiana em Sphenophorus levis, G) B. bassiana em Hypothenemus hampei, H) B. bassiana em Anaestrpha sp

Diversidade de fungos entomopatogênicos colonizando diferentes insetos-praga. A) Aschersonia sp. em Bemisia tabaci, B) Lecanicillium longisporum em Orthezia praelonga, C) Isaria fimbriolata, E) Lecanicillium em Coccus viridis, F) Beauveria bassiana em Sphenophorus levis, G) B. bassiana em Hypothenemus hampei, H) B. bassiana em Anaestrpha sp
(Fonte: Mascarin & Pauli, 2010)

Na tabela de produtos disponíveis, que podem ser consultados no Sistema Agrofit, é possível observar que estes microrganismos podem ser utilizados para o controle de mais de uma praga de interesse agrícola, demonstrando amplo espectro de ação.

Veja na tabela a seguir os formulados biológicos a partir de fungos entomopatogênicos, recomendados para o controle de pragas.

formulados biológicos a partir de fungos entomopatogênicos, recomendados para o controle de pragas

Atenção: produtos de diferentes fabricantes, formulados a partir do mesmo agente biológico, podem conter cepas não efetivas a todas as pragas listadas.  Consulte a bula do produto previamente.

O que considerar no controle com uso de fungos entomopatogênicos 

Quando a aplicação de entomopatógenos é realizada no campo, diversos fatores podem interferir na sua capacidade de sobrevivência, propagação e infecção nos hospedeiros (pragas).

Compatibilidade com moléculas químicas

A compatibilidade dos agentes de controle biológico com agrotóxicos utilizados no manejo de pragas e doenças das culturas, como inseticidas, fungicidas e até mesmo herbicidas deve ser planejada e avaliada previamente.

Em estudos na cultura da cana-de-açúcar, por exemplo, inseticidas à base de tiametoxam foram considerados compatíveis.

Esses inseticidas não afetaram o crescimento micelial (uma das partes do fungo), a produção e viabilidade dos esporos de Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae.

Em contrapartida, fipronil é considerado parcialmente tóxico para ambos os fungos entomopatogênicos. Aldicarbe, um inseticida e nematicida, foi considerado tóxico para ambos os fungos.

Herbicidas como imazapir, glifosato e metribuzin foram considerados compatíveis a ambos os fungos, podendo ser utilizados no manejo das culturas aos quais são indicados.

Desta forma, em programas de MIP (Manejo Integrado de Pragas), é indispensável o conhecimento sobre a compatibilidade dos agentes de controle biológico, como os fungos entomopatogênicos e os produtos utilizados durante o ciclo da cultura.

Para realizar o MIP na sua lavoura, preparamos uma planilha que pode te ajudar. Baixe gratuitamente clicando na imagem a seguir:

Radiação solar, ultravioleta e temperatura 

A exposição à radiação solar, ultravioleta e temperaturas acima ou abaixo do ideal aos fungos, também podem influenciar no seu desempenho a campo, e devem ser observadas antes da sua aplicação.

A radiação UV pode afetar a sua eficiência, inativando os esporos do fungo, causando mutações e danos letais ao DNA. 

Além disso, causa a dessecação das estruturas dos fungos, impedindo sua germinação e posterior colonização dos insetos pragas.

Estudos simulando a radiação solar e ultravioleta aos fungos Metarhizium anisopliae e Beauveria bassiana identificaram sensibilidade à radiação, com redução da germinação dos esporos dos isolados em até 65%, comprometendo sua eficácia a campo.

Temperaturas entre 23,8 °C e 31 °C favoreceram a germinação dos conídios dos fungos, enquanto temperaturas próximas a 20 °C dificultaram a sua germinação.

Desta forma, antes da aplicação destes produtos a campo, observe as condições ambientais no dia da aplicação e nos subsequentes.

Assim você garante que os microrganismos possam se desenvolver em condições ambientais favoráveis.

Armazenamento, monitoramento da lavoura e aplicações de fungos entomopatogênicos

Os bioinseticidas (formulados a partir de fungos entomopatogênicos) devem ser armazenados em locais frescos, secos e sem luz, para melhor conservação e qualidade.

As pulverizações a campo devem ser realizadas assim que as pragas apresentarem os primeiros sinais de ataque, ou assim que sua presença for detectada.

O monitoramento da área deve ser constante. Os agentes de controle biológico serão mais efetivos se aplicados em estágios iniciais de desenvolvimento das pragas.

A bula, bem como as informações referentes às pragas as quais os produtos são efetivos, devem ser consultados. 

As pulverizações a campo devem ser realizadas preferencialmente após as 16 horas, pela menor incidência de raios ultravioletas que reduzem a efetividade dos microrganismos.

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Conclusão

Os fungos entomopatogênicos possuem um grande potencial no controle de diversas pragas de interesse agrícola.

O monitoramento e as aplicações desses ótimos aliados no tempo correto, assim que as pragas são identificadas na lavoura, é muito importante.

Lembre-se dos fatores relacionados ao sucesso deste tipo de controle: monitoramento da praga, das condições ambientais, além do cuidado no armazenamento e aplicação dos produtos.

>> Leia mais:

“Por que o controle biológico com Trichoderma pode ser uma boa opção para sua lavoura”

Você já utiliza algum fungo entomopatogênico no controle de pragas na sua fazenda? Ficou com alguma dúvida sobre o assunto? Compartilhe sua experiência com a gente! 

Por que o mix de plantas de cobertura é uma boa opção para sua lavoura?

Mix de plantas de cobertura: como cultivar, melhores épocas para cada espécie e as vantagens para o solo e para as culturas sucessoras

Que tal aproveitar a entressafra para melhorar o solo com o mix de plantas de cobertura?

Essa é uma estratégia de manejo do solo que pode trazer diversos benefícios para a sua fazenda, como uma maior diversidade de biomassa vegetal e melhorias em diversos atributos do solo.

Você lerá alguns motivos neste artigo para investir nesta opção de cobertura, além de saber quais são as desvantagens para conseguir realizar um bom planejamento. Confira!

Benefícios da implantação do mix de plantas de cobertura

O mix de plantas de cobertura é a mistura de espécies gramíneas, crucíferas e leguminosas, e pode tornar o cultivo de culturas sucessoras muito mais vantajoso.

A utilização do mix e a adubação verde apresentam vantagens em relação ao cultivo de uma única espécie.

Isso porque as espécies utilizadas no mix apresentam diferentes hábitos de crescimento, exploração radicular, composição nutricional e florística.

As opções de espécies são classificadas em três famílias botânicas:

Os benefícios da espécie de uma família são complementados pelos benefícios das espécies de famílias diversas.

Como exemplo, veja um mix de plantas muito usado no sistema de plantio direto, com espécies de outono-inverno:

Essa combinação inteligente proporciona múltiplos benefícios ao solo, renovando os nutrientes de forma natural, melhorando aspectos físicos, químicos e biológicos.

A prática de manter a mesma espécie de planta de cobertura, ano após ano, pode ser um equívoco.

A mistura de espécies de diferentes famílias botânicas traz diversas vantagens, como:

  • ampla adaptabilidade nos diversos ambientes produtivos;
  • liberação escalonada dos nutrientes para a cultura comercial;
  • cobertura do solo por longos períodos, o que aumenta a qualidade física do solo;
  • material rico e diversificado para o aumento dos teores de matéria orgânica do solo;
  • cobertura permanente com raízes diversificadas;
  • melhor exploração das camadas do solo, favorecendo a maior ciclagem dos nutrientes;
  • alta produção de matéria seca em curto espaço de tempo;
  • supressão de plantas daninhas.

Essa prática pode resultar no aumento expressivo do potencial produtivo das culturas em sucessão.

Desvantagens do mix

Apesar de todas as vantagens, é inevitável que você possa enfrentar algumas dificuldades ao realizar a mistura de plantas de cobertura. Veja alguns exemplos:

  • dificuldades na identificação e junção de espécies que irão se complementar;
  • necessidade de um melhor planejamento, devido à maior complexidade de implantação;
  • o mix de plantas de cobertura não proporciona retorno econômico imediato;
  • dificuldade em adquirir sementes de algumas espécies devido à baixa disponibilidade no mercado;
  • as espécies apresentam diferentes taxas de crescimento inicial, e algumas podem se sobressair em relação às outras;
  • devido a grande produção de massa seca gerada no mix, é necessário que haja equipamentos adequados para manejá-las;
  • caso não seja realizado o manejo correto do mix, com a dessecação e roçada da palhada, o agricultor pode enfrentar dificuldades na semeadura da cultura sucessora.

Vale a pena ressaltar que as vantagens de cultivar um mix de plantas de cobertura são maiores que as desvantagens. Realizar um planejamento de qualidade e um manejo correto te ajudam a evitar muitos pontos negativos.

Quando e como cultivar o mix de plantas de cobertura

As plantas de cobertura devem ser adaptadas para atender às necessidades e/ou benefícios esperados na área de cultivo. Desta forma, a seleção correta das espécies é o primeiro passo.

Ao realizar o planejamento, tenha em mente espécies de três famílias botânicas:

  • gramíneas: aveia, cevada, centeio, azevém, sorgo, milheto, entre outras;
  • crucíferas: nabo forrageiro, rabanetes e outras espécies relacionadas;
  • leguminosas: ervilha, ervilhaca, mucuna, crotalária, feijão de porco, são alguns exemplos comuns.

A seleção das espécies que irão compor a mistura dependerá do clima da região e da época de implantação.

No período do inverno, as coberturas do solo mais recomendadas para o mix de plantas são: 

Já no verão, são indicados o cultivo de:

As espécies de inverno são semeadas entre março e junho; as de verão entre setembro e dezembro.

A semeadura pode ser realizada a lanço ou em linhas com espaçamento de 20 cm. A profundidade ideal de semeadura deve ser de 2 cm a 3 cm. Caso seja a lanço, aumente a taxa de semeadura em 25%.

Para qualquer espécie, época de semeadura e região, é indispensável que a umidade do solo esteja adequada para que ocorra a germinação das sementes e desenvolvimento das plantas.

Quais espécies de plantas de cobertura utilizar?

Veja alguns esquemas de cobertura para utilizar em sua fazenda:

 Opções de mix de plantas de cobertura mais recomendados para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país, com melhores resultados para os cultivos de milho, soja e feijão em sucessão

Fonte: (Adaptado de Ademir Calegari, 2016)

Abaixo, você pode verificar o aumento da produtividade de grãos de milho após o cultivo do nabo forrageiro + aveia preta.

 A cobertura do solo com nabo forrageiro + aveia preta contribui para o aumento da produtividade de grãos do milho em sucessão

Fonte: (Adaptado de Santi et al. 2013)

Essas combinações de diferentes espécies têm como objetivo produzir palhada, melhorar o solo em profundidade e aumentar a matéria orgânica do solo.

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Conclusão

Devido aos diversos benefícios, a mistura de espécies gramíneas, crucíferas e leguminosas é uma excelente alternativa para formação de uma boa cobertura do solo.

A mistura dessas espécies fornece material rico e diversificado para o aumento dos teores de matéria orgânica do solo.

Desta forma, o mix de plantas de cobertura auxilia na renovação do solo, permitindo o aumento da produtividade das culturas em sucessão.

Agora que você tem essas informações, você pode considerar essa opção em sua propriedade.

Veja mais>>>

“Adubação de cobertura: como e quando fazer”

Restou alguma dúvida sobre o tema? Você já utilizou algum mix de plantas de cobertura? Deixe sua experiência aqui nos comentários!