O que é e por que adotar o sistema de combinação de híbridos?

Sistema de combinação de híbridos: saiba em que consiste, por que utilizá-lo e quais as suas vantagens 

Os híbridos são materiais que apresentam elevado potencial produtivo. 

No entanto, fatores como o clima são determinantes para que a sua máxima produtividade seja alcançada.  

O uso combinado de híbridos, com diferentes características, pode ser uma alternativa interessante para diluir os riscos e manter a produção da sua lavoura.

A seguir, conheça mais sobre este sistema e por que é interessante adotá-lo na sua lavoura.

O que são híbridos?

Os híbridos são obtidos pelo cruzamento de duas variedades puras e geneticamente distintas. Cada híbrido apresenta características de interesse agronômico diferentes.

A obtenção dos híbridos pode ser realizada de diferentes formas. Além disso, eles podem ser de tipos diferentes: simples, duplos, triplos, dentre outros. 

Esse tipo de cruzamento tem como objetivo obter uma nova variedade. Ela deve reunir características de interesse agronômico presentes em seus genitores, ou “pais”.

Dentre as características de interesse está, principalmente, a produtividade. O ciclo produtivo e a resistência a pragas, doenças e estresses ambientais, como a seca, também são visados.

Cada híbrido apresenta características genéticas distintas quanto ao seu potencial produtivo, precocidade e defensividade.

Veja o que cada uma dessas características significa:

  • Potencial produtivo: é definido como o potencial máximo de produtividade que um híbrido apresenta em condições ideais de ambiente e manejo.
  • Precocidade: está relacionada ao período de tempo, desde a semeadura até a maturidade fisiológica dos grãos. Híbridos mais precoces apresentam ciclo produtivo mais curto. Híbridos mais tardios apresentam ciclo produtivo mais longo.
  • Defensividade: diz respeito à capacidade do híbrido em tolerar condições adversas, como estresses ambientais, além do ataque de pragas e doenças. 

O que é o sistema de combinação de híbridos?

O sistema de combinação de híbridos é o uso combinado e proporcional das características de potencial produtivo, precocidade e defensividade presentes em cada híbrido.

Este sistema tem o objetivo de diluir os riscos decorrentes de fatores limitantes das altas produtividades. Ele proporciona maior produtividade, estabilidade e segurança para a lavoura.

Para que a escolha dos híbridos e as combinações sejam realizadas de forma adequada, é importante que você conheça o histórico da sua lavoura e o clima da região.

Por que usar o sistema de combinação de híbridos?

A produtividade de um híbrido é definida pela soma de três fatores: genética, manejo e ambiente.

Desses fatores, em apenas dois você pode intervir: 

  • a genética, escolhendo materiais com elevado potencial produtivo; 
  • e o manejo, adotando formas de manejo adequadas.

O efeito do ambiente não pode ser manipulado. Por isso, é o principal fator de risco para a lavoura. A aposta no sistema de combinação de híbridos pode ser uma saída interessante, pois:

  • é difícil prever todas as condições ambientais que irão ocorrer na safra; 
  • é difícil saber quais doenças ocorrerão, sua intensidade e em qual momento aparecerão;
  • o potencial produtivo de um híbrido depende da sua interação com o ambiente;
  • não existem híbridos perfeitos, que se adaptem às diferentes condições ambientais que podem ocorrer na safra.

O uso do sistema reduz os riscos, principalmente aqueles envolvidos com as condições ambientais. Isso porque adota a combinação de híbridos com diferentes características agronômicas.

O sistema de combinação de híbridos pode ser empregado na safra e na safrinha. Além disso, pode ser usado em diferentes culturas, como o milho, para grãos e silagem, e o sorgo

Veja exemplos de situações em que o uso do sistema de combinação de híbridos pode ser interessante.

Estresse hídrico

O estresse hídrico, provocado pela falta ou baixos volumes de chuva, é um fator limitante para o potencial de produtividade das culturas.

Para o milho, por exemplo, o período crítico para falta de água é em torno de 15 dias antes e até 15 dias após o florescimento.

Nesse caso, o uso do sistema de combinação de híbridos pode auxiliar no manejo do risco de perdas em função da falta de chuva.

A utilização de diferentes híbridos, com ciclos produtivos distintos, é uma alternativa interessante. Assim, nem toda a produção será comprometida.

Caso haja falta de chuvas durante o período crítico de um dos híbridos semeados, o outro, com ciclo diferente, poderá escapar.

Para uma lavoura semeada em setembro, com período de falta de chuvas em novembro, os híbridos mais precoces sofreriam mais com a falta de chuvas. Os mais tardios teriam escapado.

Em outra situação hipotética, com falta de chuvas em dezembro, os híbridos mais precoces escapariam do estresse. Os tardios sofreriam com o estresse.

tabela com exemplo de combinação de diferentes híbridos de milhos na safra verão, visando a reduzir o risco de perdas pelo estresse hídrico

Exemplo de combinação de diferentes híbridos de milhos, visando a reduzir o risco de perdas pelo estresse hídrico
(Fonte: Pioneer)

Colheita

A colheita é outro fator que pode ser melhor manejado com o uso do sistema de combinação de híbridos.

Ao utilizar híbridos com características e ciclos produtivos diferentes, você poderá escalonar a colheita.

O escalonamento da colheita é importante. Se toda a lavoura estiver apta a ser colhida e você não tiver estrutura suficiente para realizá-la, podem ocorrer atrasos.

O atraso na colheita ocasiona perdas de peso e de qualidade aos grãos. Isso porque eles ficam suscetíveis às condições climáticas, como chuvas e altas temperaturas, o que acelera a deterioração.

Portanto, combinando híbridos com diferentes características, você poderá realizar a colheita de forma mais organizada e com menores perdas por deixar os grãos no campo. 

Vantagens do sistema de combinação de híbridos

As principais vantagens do sistema de combinação de híbridos são:

  • não tem custos;
  • possibilita a redução dos riscos, proporcionando maior segurança e estabilidade à sua produção;
  • diminui riscos ambientais, bem como por pragas e doenças;
  • possibilita o escalonamento da colheita;
  • pode ser usado na safra e na safrinha.
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Conclusão

A expressão do potencial máximo de produtividade de um híbrido depende, dentre outros fatores, da sua interação com o ambiente.

O sistema de combinação de híbridos tem o objetivo de diluir os riscos, visando à manutenção da produção com maior segurança e estabilidade.

Além disso, o uso do sistema possibilita a colheita escalonada da sua produção, evitando perdas pelo atraso.

Se você quer manter a produção e correr menores riscos relacionados ao clima, a combinação de híbridos é uma alternativa muito interessante.

>> Leia mais:

Milho Precoce: vantagens e desvantagens para 1ª e 2ª safra

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Por que o controle biológico com Trichoderma pode ser uma boa opção para sua lavoura

Controle biológico com Trichoderma: entenda como o fungo pode auxiliar no controle de doenças, seus mecanismos de ação, cuidados e recomendações de aplicação.

O uso de biopesticidas no controle de pragas e doenças impacta positivamente na produtividade. Ele reduz perdas e custos, e garante uma produção cada vez mais  sustentável.

Fungos do gênero Trichoderma spp. podem promover crescimento às mais diversas culturas, como cereais e grãos. 

Estes microrganismos podem aumentar a produtividade em até 60%, além de melhorar a tolerância das culturas aos estresses. 

Neste artigo, você verá as características desse fungo, os mecanismos de ação, a quais doenças é recomendado e os cuidados necessários na aplicação. Boa leitura!

Características do gênero Trichoderma

Trichoderma é um fungo encontrado naturalmente nos solos, em populações variáveis. 

Eles representam um grupo de diversas espécies de interesse agrícola. São capazes de controlar uma gama de doenças de plantas.

Aspecto visual das estruturas fúngicas de Trichoderma spp. à esquerda e colônias de diferentes espécies à direita, demonstrando variação da coloração entre isolados e espécies

Aspecto visual das estruturas fúngicas de Trichoderma spp. à esquerda e colônias de diferentes espécies à direita, demonstrando variação da coloração entre isolados e espécies
(Fonte: Bhaszcyet al., 2014)

São decompositores de madeiras e matéria orgânica. 

Atualmente, existem mais de 200 espécies do gênero. Elas possuem diferentes potenciais para a proteção dos cultivos, promoção de crescimento e tolerância aos estresses.

Têm alta capacidade de colonizar a rizosfera, região do solo influenciada pelas raízes. Ela tem máxima atividade microbiana, localizada próximo às raízes das plantas.

Esses fungos também colonizam diversos outros substratos, sob diferentes condições ambientais.

Representação visual das raízes de uma planta, e do local onde localiza-se a rizosfera (em marrom). A rizosfera é rica em compostos liberados pelas raízes, atrativos aos microrganismos presentes no solo

Representação visual das raízes de uma planta, e do local onde localiza-se a rizosfera (em marrom). A rizosfera é rica em compostos liberados pelas raízes, atrativos aos microrganismos presentes no solo
(Fonte: Cardoso et al., 2016)

Esse gênero também tem a capacidade de produzir estruturas de resistência no solo. As estruturas permitem a sua sobrevivência por longos períodos e em condições adversas.

Mecanismos de ação para o controle de doenças de plantas

Os mecanismos de ação de controle de fitopatógenos por fungos do gênero Trichoderma incluem:

  • micoparasitismo;
  • antibiose;
  • competição;
  • indução de defesas ou resistência nas plantas.

A seguir, veja um pouco sobre como funciona cada um dos mecanismos de ação.

Micoparasitismo

Os fungos Trichoderma se alimentam absorvendo nutrientes por meio de estruturas chamadas hifas. 

As hifas penetram o tecido do hospedeiro e liberam enzimas que degradam a parede celular dos fitopatógenos.

A grande diversidade de enzimas degradadoras de parede celular, produzidas pelo fungo, impossibilita a defesa dos patógenos alvos.

Essas enzimas interferem na germinação de esporos, crescimento de hifas e desenvolvimento de estruturas de resistência pelos patógenos.

Antibiose

O fungo inibe os demais microrganismos fitopatógenos que também se desenvolvem no solo, a partir da produção de metabólitos secundários (tóxicos).

Os metabólitos, combinados com a ação das enzimas degradadoras, já foram relatados efetivos no controle de pulgões

Eles possuem capacidade entomopatogênica.

Competição

Caracteriza-se pelo comportamento/crescimento desigual de dois organismos.

Ambos competem por recursos essenciais à sobrevivência, como nutrientes, oxigênio, espaço, luz, dentre outros.

Fungos do gênero Trichoderma possuem vantagens no ambiente, como:

  • rápido crescimento e estabelecimento;
  • produção de enzimas (micoparasitismo);
  • produção de compostos metabólitos secundários tóxicos (antibiose).

São considerados ótimos competidores e oportunistas. Apresentam grande adaptabilidade. Eles podem crescer sobre uma gama de fontes de carbono, nitrogênio e diferentes temperaturas.

esquema de mecanismos de ação de Trichoderma no controle de fitopatógenos e produção de compostos relacionados à promoção de crescimento em plantas

Mecanismos de ação de Trichoderma no controle de fitopatógenos e produção de compostos relacionados à promoção de crescimento em plantas
(Fonte: adaptado de Konappa et al., 2020)

Confronto direto in vitro à esquerda, de isolado de Trichoderma (representado pela letra T na figura) e o patógeno Sclerotinia sclerotiorum, causador do mofo branco em diversas culturas, incluindo a soja (representado pelas letras Ss). À direita é possível observar o fungo biocontrolador Trichoderma spp. envolvendo as estruturas de S. sclerotiorum

Confronto direto in vitro à esquerda, de isolado de Trichoderma (representado pela letra T na figura) e o patógeno Sclerotinia sclerotiorum, causador do mofo branco em diversas culturas, incluindo a soja (representado pelas letras Ss). À direita é possível observar o fungo biocontrolador Trichoderma spp. envolvendo as estruturas de S. sclerotiorum
(Fonte: Eriston Vieria Gomes, 2015)

Indução de resistência e promoção de crescimento

Os fungos Trichoderma auxiliam na disponibilização de nutrientes presentes no solo que não estavam prontamente disponíveis às plantas. Como consequência:

  • aumentam a porcentagem e taxa de germinação de sementes;
  • estimulam as defesas das plantas contra estresses;
  • tornam o fósforo absorvível pelas plantas;
  • auxiliam na aquisição de nutrientes, devido ao aumento da expressão de genes relacionados;
  • promovem crescimento pela produção de auxinas e metabólitos que favorecem o desenvolvimento de raízes mais vigorosas e profundas. Através dessa característica, auxiliam na tolerância à seca;
  • incrementam a absorção de nutrientes e desenvolvimento de pêlos absorventes nas raízes laterais do sistema radicular;
  • aumentam a superfície de absorção de nutrientes pelas raízes;
  • provocam diminuição dos níveis de etileno nas plantas, favorecendo seu crescimento;
  • ajudam no incremento da massa seca, conteúdo de amido e açúcares solúveis, e eficiência fotossintética;
  • interferem positivamente na assimilação de nitrogênio;
  • ativam a resistência sistêmica induzida, a partir de fitormônios.

Aplicação de produtos à base de Trichoderma para o controle de doenças de plantas

Diversas espécies de Trichoderma spp. podem ser utilizadas no controle de doenças, especialmente aquelas causadas por fungos e nematoides

É importante que a bula, bem como a dose recomendada pelo fabricante, seja rigorosamente utilizada. 

Embora diversos produtos sejam formulados a partir da mesma espécie de Trichoderma, existem distinções quanto à gama de doenças que eles podem controlar.

Além disso, embora seja um produto biológico, doses excedentes podem causar problemas aos cultivos.

Confira a seguir alguns produtos indicados e para o controle de quais doenças são recomendados:

Espécies do gênero Trichoderma e pragas alvo a quais são recomendados.

tabela com produtos indicados e para o controle de quais doenças são recomendados

(Fonte: elaborada pela autora a partir da consulta do Sistema de Agrotóxicos fitossanitários (Agrofit))

Informações e cuidados importantes: manipulação e aplicação de Trichoderma spp.

  • O mesmo microrganismo, da mesma espécie, pode ter indicações de controle de doenças distintas, conforme o isolado e comprovação pelo fabricante;
  • Condições meteorológicas devem ser ideais para aplicação dos produtos biológicos, para garantir que eles possam se estabelecer adequadamente sobre a cultura. Evite a aplicação em dias muito quentes e secos;
  • A temperatura ideal de aplicação varia entre 20 ℃ a 35  ℃;
  • Faça a aplicação preferencialmente no final da tarde ou à noite, em dias nublados ou com garoa fina;
  • Evite a exposição a dias muito ensolarados e muito quentes ou frios (superior a 35  ℃ e inferior a 20  ℃). Essas condições podem inviabilizar as estruturas do fungo;
  • Consulte sempre a compatibilidade do formulado à base de Trichoderma spp. com defensivos químicos. Assim você evita a redução ou até mesmo ineficiência do produto biológico na cultura;
  • Existem diversos produtos que possuem em sua formulação mais de uma espécie do gênero Trichoderma;
  • Armazene o produto em local seco e fresco (4 ℃) para durabilidade máxima em prateleira (consulte a bula do produto).

Principais vantagens do controle biológico com Trichoderma

A aplicação de biopesticidas, especialmente os do gênero Trichoderma, incluem uma série de vantagens, como:

  • redução da contaminação humana e ambiental pelo uso de moléculas químicas;
  • introdução de agentes benéficos no ambiente agrícola, que ali se estabelecem e promovem uma série de benefícios;
  • controle de diversos fitonematoides, que normalmente são de difícil controle;
  • custo próximo ou inferior ao empregado no uso de defensivos químicos;
  • manejo de resistência de pragas às moléculas químicas, uma vez que esses microrganismos possuem diferentes mecanismos de ação.

Desvantagens

É necessário se atentar a algumas questões, que podem ser desvantajosas em  determinadas situações: 

  • na conduta do fabricante, para que o produto contenha o número de células ou colônias viáveis adequado, para sua correta eficiência;
  • nas condições de armazenamento, tanto enquanto o produto é distribuído entre os fornecedores quanto com o consumidor final. Nessa etapa, é importante que o produto não seja submetido a temperaturas inadequadas;
  • na durabilidade do produto depois de aberto, que é limitada;
  • no tempo de resposta no tratamento, que é variável em função de uma série de fatores, incluindo a temperatura e umidade em que o produto é aplicado. Esse tempo pode não ser imediato (quando comparado ao uso de moléculas químicas). 

Conclusão

Nesse artigo, você conheceu um pouco mais sobre os fungos do gênero Trichoderma

Conheceu os mecanismos de ação envolvidos no controle de doenças de plantas e sua aplicabilidade, inclusive no controle de pragas, como pulgões.

É importante que você tome cuidados antes da aplicação destes produtos. Armazene em locais frescos, secos e arejados conforme indicado na bula do produto, e siga rigorosamente as orientações.

Além disso, vale reforçar que a lista de patógenos que podem ser controlados é grande.

Você sempre deve conferir a bula do produto. Os patógenos que são controlados e as culturas em que a aplicação é recomendada podem variar.

>> Leia mais: “Como o baculovírus pode controlar as pragas na sua lavoura”

Você já realizou o controle biológico com Trichoderma na sua lavoura? Ficou com alguma dúvida? Deixe aqui nos comentários que terei o prazer em te auxiliar. 

Entenda a importância da construção do perfil do solo e como ela impacta sua produtividade

Construção do perfil do solo: saiba quais práticas favorecem a fertilidade e como contornar os principais desafios relacionados

Conhecer e construir o perfil do solo é essencial para o sucesso das lavouras. Esse é um dos grandes desafios para os produtores brasileiros.

Quando bem realizada, a construção pode ser uma grande aliada do aumento da produtividade das culturas.

Quem investe na construção do perfil do solo compartilha bons resultados

Quer entender melhor como funciona a construção do perfil de solo e como utilizá-la em sua fazenda? Confira a seguir!

O que é perfil do solo

O perfil do solo é formado por uma sequência de camadas horizontais, chamadas horizontes. Esses horizontes iniciam-se na camada superficial do solo até chegar à camada de rocha. E o conjunto desses horizontes constitui o perfil do solo.

Ou seja, o perfil pode ser formado de diversos horizontes, que são as camadas que o constitui. Veja abaixo as principais características dos horizontes do solo:

infográfico dos horizontes do solo

Os horizontes do solo
(Fonte: Geophild, 2020)

Algumas características diferenciam esses horizontes, como:

  • cor;
  • textura;
  • composição;
  • estrutura;
  • atividade biológica;
  • tipos de agregados.

Objetivos da construção do perfil de solo

Os solos brasileiros são geralmente ácidos e de baixa fertilidade. Eles necessitam de manejo, correção e fornecimento adequado de nutrientes em seu perfil.

O equilíbrio adequado dos atributos químicos, físicos e biológicos do solo servem para que as plantas utilizem eficientemente os recursos disponíveis (água, luz e nutrientes). Dessa forma, elas expressam seu máximo potencial produtivo.

Neste sentido, é de grande importância o manejo correto do sistema como um todo. É necessário empregar práticas conservacionistas, como:

Qualquer uma dessas práticas serve para quem busca melhorar a fertilidade do solo em suas áreas de cultivo.

Perfil químico do solo

As correções químicas melhoram as condições que restringem o desenvolvimento das culturas.

A viabilização do uso do solo por meio da incorporação de calcário e adubos minerais é conhecida como a etapa da “construção da fertilidade”.

Essa etapa serve para manter o equilíbrio químico do solo, ou seja:

  • manter o pH do solo na faixa ideal para a cultura de interesse;
  • eliminar o alumínio tóxico do solo;
  • aumentar a disponibilidade de nutrientes;
  • fornecer nitrogênio, fósforo, cálcio, potássio, magnésio e outros nutrientes. 

Perfil físico do solo

Outro ponto importante para a construção do perfil do solo está na melhoria das suas propriedades físicas.

A adoção de práticas conservacionistas pode auxiliar nessa melhoria física. Elas proporcionam condições como: 

  • maior aeração e menor compactação do solo;
  • maior crescimento radicular das plantas;
  • maior retenção e infiltração de água no solo;
  • menor escorrimento superficial de água;
  • menor lixiviação de nutrientes.

Perfil biológico do solo

A construção do perfil do solo também envolve a conservação e melhoria das suas características biológicas.

Também através das práticas conservacionistas, é possível aumentar o aporte de matéria orgânica no solo.

A presença da matéria orgânica melhora a qualidade do solo. Isso porque proporciona benefícios como:

  • maior agregação do solo;
  • maior porosidade do solo;
  • favorecimento da penetração das raízes, ou seja, menor resistência do solo;
  • maior retenção e infiltração de água;       
  • maior absorção de nutrientes;      
  • liberação de exsudados;       
  • aumento da atividade e diversidade biológica do solo.

Como a construção do perfil de solo impacta a produção agrícola

Os solos de fertilidade construída diferenciam-se dos demais pelo seu manejo. Neles, são realizadas aplicações sucessivas de corretivos e fertilizantes.

Essas aplicações proporcionam efeitos residuais cumulativos. Esses efeitos aumentam os teores de macro e micronutrientes para níveis altos ou muitos altos. 

gráfico de aplicações sucessivas de corretivos e fertilizantes proporcionam efeitos residuais cumulativos que aumentam os teores de macro e micronutrientes para níveis altos ou muito altos

Aplicações sucessivas de corretivos e fertilizantes proporcionam efeitos residuais cumulativos que aumentam os teores de macro e micronutrientes para níveis altos ou muito altos
(Fonte: adaptada de Gianello e Wietholter, 2004)

Veja algumas características de solos de fertilidade construída:

  • altas produtividades das culturas;
  • altos teores de matéria orgânica do solo;
  • solo descompactado;
  • teores adequados de nutrientes;
  • maior retenção e infiltração de água.

O solo de fertilidade construída equivale a uma poupança que precisa ser administrada, com o recebimento e retirada de aplicações

Tudo isso deve ser feito na forma e momento mais adequado ao sistema produtivo.

infográfico, explica que os solos funcionam como “contas bancárias”, que guardam a capacidade de suprimento de nutrientes e água para as plantas

Os solos funcionam como “contas bancárias”, que guardam a capacidade de suprimento de nutrientes e água para as plantas
(Fonte: Resende, 2017)

Áreas com fertilidade construída, em solos de textura média a argilosa e sob sistema de plantio direto, podem manter sua estabilidade produtiva por um tempo. 

Isso é possível com aplicação de quantidades menores de fertilizantes, em comparação com a quantidade utilizada habitualmente. 

Desafios para a construção de perfil do solo

Ao utilizar as doses fixas de fertilizantes sem examinar a análise do solo e as estimativas de exportação, você pode aumentar o risco de promover desbalanço nutricional do solo.

Isso faz com que solos de fertilidade construída fiquem propensos a desequilíbrios nutricionais, devido às aplicações super ou subestimadas.

Realizar um manejo nutricional insatisfatório das lavouras pode ocasionar prejuízos futuros ao sistema de produção.

A análise química do solo é o primeiro passo para aprimorar a gestão de solos de fertilidade construída. Ela ajuda na determinação da quantidade de cada insumo a ser aplicado.

Esses solos não estão livres da ocorrência de desequilíbrios nutricionais. A manutenção dos nutrientes é um dos principais desafios de manejo, principalmente em sistemas intensivos de produção.

Cada cultura possui padrões peculiares de extração e exportação de nutrientes durante o ciclo.

A falta de equilíbrio entre adubação e exportação de nutrientes no sistema de produção pode ocasionar o esgotamento das reservas do solo

Como consequência, a condição de fertilidade construída é prejudicada.

tabela com estimativas de exportação de nitrogênio (N), fósforo (P2O5) e potássio (K2O), em lavouras de milho safrinha

 Estimativas de exportação de nitrogênio (N), fósforo (P2O5) e potássio (K2O), em lavouras de milho safrinha
(Fonte: Simão, 2016)

O acompanhamento das flutuações de nutrientes no solo é necessário. Há um confronto de entradas via adubação, saídas pela exportação e os teores disponíveis na análise do solo.

É importante identificar esses pontos para realizar a reposição, recolocando ou utilizando os créditos de nutrientes ao longo do tempo.

Dificuldades

Você pode encontrar algumas dificuldades na construção do perfil do solo, como:

  • alto investimento para a melhoria do perfil do solo;
  • o retorno econômico não é imediato;
  • o tempo para a construção de um perfil do solo de qualidade pode ser longo;
  • demanda maior conhecimento dos agrônomos e produtores;
  • necessidade de equipamentos modernos e de alta qualidade;
  • presença e auxílio de profissionais capacitados.

Práticas que favorecem a construção do perfil do solo

A análise química do solo é crucial para aprimorar a gestão de solos de fertilidade construída. Ela determina a quantidade de cada insumo a ser aplicado.

Normalmente, solos de fertilidade construída estão associados ao manejo adequado

Sistema plantio direto, rotação de culturas e uso de plantas de cobertura são apenas alguns exemplos.

Solos manejados sob sistema plantio direto podem manter ou aumentar os teores originais de matéria orgânica. Isso depende da região e do tempo de adoção do sistema.

Normalmente, os acréscimos de matéria orgânica são pequenos. Porém, são de grande importância para a capacidade produtiva do solo.

gráfico de teores de argila em áreas agrícolas da região Oeste da Bahia e respectivas perdas de matéria orgânica do solo e da capacidade de troca de cátions, após cinco anos de preparo do solo com aração/gradagem e monocultivo de soja

Teores de argila em áreas agrícolas da região Oeste da Bahia e respectivas perdas de matéria orgânica do solo e da capacidade de troca de cátions, após cinco anos de preparo do solo com aração/gradagem e monocultivo de soja
(Fonte: adaptado de Silva et al., 1994)

Como construir a fertilidade do solo?

A construção da fertilidade do solo envolve diversas práticas, como:

  • análises frequentes do solo;
  • rotação de culturas;
  • sistema plantio direto;
  • mínimo revolvimento do solo;
  • plantas de cobertura;
  • uso racional de defensivos e fertilizantes, entre outras.
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Conclusão

A construção da fertilidade do solo possui passos bem definidos.

Para a maior eficiência na construção da fertilidade é preciso investir na qualidade dos diagnósticos, a partir de análises mais frequentes do solo.

É importante que a adubação seja regulada em quantidade e qualidade. Assim, haverá um correto balanceamento dos nutrientes.

Invista na construção da fertilidade do solo de sua propriedade para garantir o máximo potencial produtivo da sua lavoura. 

>> Leia mais:

Saiba como fazer um projeto de fazenda sustentável

Solo humífero: vantagens e desvantagens de utilizar para plantio

“Como melhorar a qualidade do solo com o terraceamento”

Você tem investido ou pensa em investir na construção do perfil do solo da sua fazenda? Realiza análises químicas, físicas e biológicas periodicamente? Adoraria ler seu comentário abaixo! 

Uso de Bacillus subtilis no controle de nematoides na soja

Bacillus subtilis no controle de nematoides: veja como utilizar e conheça as vantagens e desvantagens da sua aplicação 

Os nematoides são parasitas presentes no solo. Eles podem causar danos severos à lavoura.

O uso de agentes biológicos, como a aplicação de Bacillus subtilis, é uma ferramenta interessante para o manejo dessas pragas na soja. 

Neste artigo, você saberá mais sobre o Bacillus subtilis e como utilizá-la no manejo de nematoides da sua lavoura.

Nematoides na cultura da soja

Os nematoides são organismos de formato parecido com o de um verme, dificilmente visíveis a olho nu. Eles podem ocasionar danos severos à lavoura quando não controlados.

Por causa de características como formação de estruturas de resistência e por atacarem várias espécies de plantas, são de difícil controle.

Os principais nematoides que atacam a cultura da soja são os formadores de cistos e de galhas.

Os nematoides de cisto (Heterodera glycines) produzem uma estrutura de resistência (cisto). Essa estrutura permite a sobrevivência dos ovos por muito tempo no solo.

Os nematoides das galhas  (Meloidogyne javanica e Meloidogyne incognita) produzem protuberâncias denominadas galhas nas raízes.

Seu ataque na lavoura pode ser identificado pela presença de manchas ou reboleiras, contendo plantas amareladas e com crescimento irregular. 

O manejo é realizado através de técnicas como a rotação de culturas, uso de cultivares resistentes, uso de agrotóxicos e cultivo em áreas livres da praga.

Uma alternativa interessante para o manejo de nematoides na soja é o controle biológico, através do uso de organismos vivos, como bactérias.

O uso de bactérias do gênero Bacillus sp., como Bacillus subtilis, vem sendo empregado com sucesso para o controle desses patógenos

Uso de Bacillus subtilis no controle de nematoides

O Bacillus subtilis é uma bactéria que ocorre naturalmente nos solos, principalmente naqueles bem estruturados e com boa matéria orgânica.

Essa espécie tem a capacidade de colonizar as raízes das plantas, e também pode ser chamada de rizobactéria.

É uma espécie muito estudada para o controle biológico. Ela tem a capacidade de produzir compostos tóxicos aos patógenos, como compostos antimicrobianos e antifúngicos.

Essas substâncias interferem no ciclo reprodutivo da praga, além da indução de resistência na planta.

Outra característica importante desta espécie é sua ação no controle de nematoides.

Sua eficácia já foi verificada em várias culturas agrícolas, como cana-de-açúcar, tomate e soja. 

Na tabela abaixo, você pode observar a redução no número de ovos de nematoides (Meloidogyne spp.) em raízes de plantas de soja após a inoculação das sementes com Bacillus subtilis.

tabela com número de ovos de Meloidogyne spp. em raízes de dois genótipos de soja (BRS 184 e BRS 282), em função do tratamento de sementes com carbofurano e Bacillus subtilis (Alvorada do Sul, PR, 2010)

Número de ovos de Meloidogyne spp. em raízes de dois genótipos de soja (BRS 184 e BRS 282), em função do tratamento de sementes com carbofurano e Bacillus subtilis (Alvorada do Sul, PR, 2010)
(Fonte: Araújo et al.,2012)

Além do controle de patógenos e nematoides, o Bacillus subtilis é uma bactéria promotora de crescimento.

Ao se associar com as raízes das plantas, ela melhora a disponibilidade de nutrientes

Além disso, através de compostos antimicrobianos e fitorreguladores, proporciona melhor sanidade e crescimento à cultura.

Quando e como aplicar o Bacillus subtilis?

Já existem no mercado produtos à base de Bacillus subtilis para aplicação em diversas culturas.

A época e a forma de aplicação dependem do produto usado.

A aplicação pode ser feita em pré-semeadura, como tratamento de sementes ou no sulco de semeadura. 

Também pode ser feita no solo em que será realizado o plantio, no caso de mudas. 

Em pós-semeadura ou plantio, a aplicação pode ser realizada através de pulverizações diretamente sobre as culturas ou no solo.     

Vantagens e desvantagens do uso de Bacillus subtilis no controle de nematoides

Além de vantagens como ação tóxica contra patógenos e nematoides e a promoção de crescimento nas plantas, a aplicação de Bacillus subtilis apresenta outros benefícios, como:

  • baixo custo;
  • fácil aplicação;
  • boa eficiência;
  • baixa toxidez;
  • não deixam resíduos no ambiente;
  • pode ser aplicado em diversas culturas além da soja;
  • não possui período de carência.

 Por outro lado, a utilização desta ferramenta apresenta algumas desvantagens:

  • o ambiente deve ser favorável para o seu desenvolvimento. Sua eficácia depende de fatores como pH, temperatura, aeração e tipo de solo, dentre outros;
  • são necessários maiores cuidados no transporte e armazenamento;
  • pode apresentar incompatibilidade com alguns produtos, principalmente inseticidas e fungicidas utilizados no tratamento de sementes.
planilha de produtividade da soja Aegro, baixe agora

Conclusão

Os nematoides são pragas de difícil controle e que podem ocasionar perdas importantes na lavoura.

O uso de Bacillus subtilis no controle de nematoides pode ser uma excelente ferramenta na soja e em muitas outras culturas.

Além do controle destas pragas, seu uso apresenta inúmeras vantagens: dentre elas a promoção do crescimento das plantas, podendo refletir em maior produtividade.

Por outro lado, por ser um organismo vivo, depende de alguns fatores para que a sua utilização seja eficiente. Também atente-se a eles no momento de realizar o manejo.

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O que é e por que investir em tecnologias poupa-terra?

Tecnologias poupa-terra: entenda como elas podem aumentar a produção agrícola sem expansão da área cultivada

Expandir a área de cultivo pode ser uma grande dor de cabeça. No entanto, existem formas de aumentar a produção agrícola, sem expansão da área cultivada.

Inserir tecnologias poupa-terra em seu planejamento pode ser interessante. Aproveite o período de entressafra para incorporá-las em sua propriedade.

Neste artigo, você vai conhecer algumas tecnologias poupa-terra e os benefícios que elas geram para o setor agrícola. Confira a seguir!

O que são tecnologias poupa-terra?

Tecnologias poupa-terra são estratégias de poupança de terra que aumentam a produção agrícola, sem expansão da área cultivada.

Essas tecnologias consistem, por exemplo, em:

Quando essas tecnologias são adotadas, não há a necessidade de abertura de novas áreas. Isso acontece devido ao aumento da produção em uma área já utilizada para o cultivo.

Algumas delas já estão consolidadas no Brasil, e são cada vez mais utilizadas pelos produtores.

Vantagens das tecnologias poupa-terra

Ocupar o solo com tecnologias que aumentem a produção em áreas já utilizadas garante a sustentabilidade do setor agrícola.

Em vez de aumentar a produção pela incorporação de novas áreas, a produção é mais intensa em áreas já cultivadas.

A adoção dessas tecnologias traz diversas outras vantagens, como:

  • redução da área cultivada;
  • podem ser adotadas por pequenos, médios e grandes produtores;
  • auxiliam no crescimento do setor agrícola;
  • aumentam a produção agrícola;
  • revertem impactos negativos de práticas agrícolas que empobrecem o solo;
  • contribuem para a preservação de áreas nativas.

Caso esses recursos não fossem utilizados, os impactos ambientais seriam negativos.

O que é preciso para incentivar a adoção de tecnologias poupa-terra no Brasil?

É necessária a criação e aperfeiçoamento de políticas públicas, como o Plano ABC (Programa de Agricultura de Baixo Carbono).

Nesse contexto, é necessária a criação de estratégias e políticas públicas que favoreçam o incentivo e divulgação dessas tecnologias aos produtores rurais.

Abaixo algumas tecnologias acessíveis e de fácil aplicabilidade pelos produtores: 

  • fixação biológica de nitrogênio;
  • sistema plantio direto;
  • rotação de culturas;
  • mix de plantas de cobertura;
  • consórcio milho-braquiária.

Impactos na produção de grandes culturas

Soja

O uso de tecnologias poupa-terra no cultivo da soja foi capaz de poupar milhões de hectares de área cultivada.

Na cultura da soja, é possível destacar:

gráfico comparativo entre a área cultivada e a área poupada, caso a produtividade da soja permanecesse constante ao longo dos anos

Comparativo entre a área cultivada e a área poupada, caso a produtividade da soja permanecesse constante ao longo dos anos
(Fonte: Conab, 2020; Gazzoni et al., 2021)

Caso a produtividade da soja atual fosse a mesma do início do cultivo da cultura no Brasil, hoje, a área cultivada seria 195% superior à área atual.

As tecnologias poupa-terra utilizadas no cultivo da soja foram capazes de poupar cerca de 71 milhões de hectares de áreas cultivadas.

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Milho

A intensificação do uso do solo foi possível devido à sucessão soja-milho safrinha. Mas também há outras tecnologias poupa-terra utilizadas nessa cultura, como:

A produção do milho primeira safra (verão) permaneceu estagnada nos últimos anos. 

O milho segunda safra (safrinha) é o grande protagonista do crescimento da produção do cereal no Brasil.

Segundo os dados da Conab, entre as safras 1989/1990 e 2019/2020, a produção de milho no Brasil passou de 22,2 milhões de toneladas para 102,1 milhões de toneladas. O aumento foi de 359%.

Esse aumento é resultado da:

  • maior produtividade média da cultura, que passou de 1.841 kg ha-1 para 5.520 kg ha-1;
  • maior área cultivada, que passou de 12,1 milhões de hectares para 18,5 milhões de hectares.
gráfico de evolução da produção na primeira e segunda safra de milho no Brasil, 1989/1990 a 2019/2020

Evolução da produção na primeira e segunda safra de milho no Brasil, 1989/1990 a 2019/2020
(Fonte: Conab, 2020; Miranda et al., 2021)

Para se produzir os 102,1 milhões de toneladas de milho colhido em 2019/2020, com a produtividade média de 1989/1990, seriam necessários 55,5 milhões de hectares.

Apesar do aumento da área cultivada, foram poupados 37 milhões de hectares pelos ganhos de produtividade.

Algodão

O algodão brasileiro passou por uma intensa transformação ao longo de quatro décadas. Também houve o aumento da produção com redução da área cultivada.

Esse resultado é fruto da adoção de tecnologias como:

gráfico que mostra que entre 1976 e 2020, a produção de algodão aumentou de 0,6 milhão de toneladas para 2,5 milhões de toneladas de fibra e a área plantada foi reduzida de 4,1 milhões de hectares para 1,7 milhão de hectares

Entre 1976 e 2020, a produção de algodão aumentou de 0,6 milhão de toneladas para 2,5 milhões de toneladas de fibra e a área plantada foi reduzida de 4,1 milhões de hectares para 1,7 milhão de hectares
(Fonte: Conab, 2021; Severino, 2021)

O aumento da produtividade da cultura sem expansão da área cultivada demonstra a sustentabilidade das tecnologias poupa-terra.

Café

O emprego de tecnologias e boas práticas agrícolas contribuíram para o avanço da cafeicultura. Também foi possível expandir a produção e reduzir a área de cultivo.

As tecnologias poupa-terra utilizadas no cultivo do café são:

  • o sequenciamento do genoma do café;
  • a utilização de cultivares mais produtivas;
  • a adequação da fertilidade e nutrição do cafeeiro;
  • a micropropagação;
  • a braquiária como planta de cobertura;
  • o manejo integrado de pragas do café, doenças e plantas daninhas, entre outras.
tabela com evolução da cafeicultura brasileira, nos anos 1997, 2019 e 2020

Evolução da cafeicultura brasileira, nos anos 1997, 2019 e 2020
(Fonte: Associação Brasileira da Indústria de Café, 2021)

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café, em 1997, o Brasil produziu 18,9 milhões de sacas.

Isso em uma área de 2,4 milhões de hectares, com produtividade média de 8 sacas por hectare.

Já em 2020, esse número saltou para uma produção de 63,1 milhões de sacas

Houve redução de cerca de 20% da área de cultivo e aumento da produtividade média para 33 sacas por hectare.

Conclusão

Tecnologias poupa-terra permitem o aumento da produção agrícola em uma mesma área. Graças ao seu uso, evita-se a abertura de novas áreas de cultivo.

Elas têm alcançado resultados impressionantes de produção em todo o território brasileiro. São fundamentais para o crescimento do setor agrícola.

É necessário ampliar a adoção dessas tecnologias de poupança de terra por meio do incentivo e divulgação aos produtores rurais.

Você utiliza, já utilizou ou pensa em utilizar alguma tecnologia poupa-terra em sua fazenda? Adoraria ler seu comentário abaixo! 

Irrigação com drip protection: conheça as vantagens e cuidados necessários

Irrigação com drip protection: saiba o que é, como funciona esse sistema, as vantagens, desvantagens e as manutenções que devem ser feitas

A água utilizada na irrigação retorna para o meio ambiente. Ainda assim, é fundamental que seu uso seja racional e eficiente.

Dos diversos sistemas de irrigação, o gotejamento é um dos que mais economiza e conserva água

Quando esse sistema funciona com drip protection, as vantagens são ainda maiores.

Neste artigo, você saberá como funciona a irrigação por gotejamento com drip protection e quais são seus benefícios. Aproveite a leitura!

Como funciona a irrigação por gotejamento

Na irrigação por gotejamento, a água é distribuída lentamente, próxima às raízes das plantas. 

Nesse sistema, a água é levada até as plantas por mangueiras flexíveis com gotejadores que trabalham com baixa vazão e pressão. A água é fornecida gota a gota.

O sistema é simples e composto por:

  • mangueiras ou fitas gotejadoras;
  • canos;
  • bomba;
  • filtro;
  • reguladores de pressão;
  • válvulas.

Uma prática bastante comum no sistema de gotejamento é a aplicação de fertilizantes via água de irrigação (fertirrigação ou nutrirrigação).

Esse sistema é eficiente na aplicação de produtos químicos, biológicos e orgânicos.

infográfico de uso eficiente da água: tanto a água quanto os defensivos agrícolas podem ser distribuídos por meio de pequenos orifícios nas mangueiras

Uso eficiente da água: tanto a água quanto os defensivos agrícolas podem ser distribuídos por meio de pequenos orifícios nas mangueiras
(Fonte: traduzido de Bayer) 

O que é drip protection? 

A tecnologia drip protection é um sistema de injeção de agroquímicos, produtos biológicos e orgânicos na irrigação por gotejamento. 

Essa tecnologia contribui para a aplicação de condicionantes de solo e para o controle de pragas e doenças. 

Vantagens da irrigação com drip protection

O sistema de gotejo apresenta menor consumo de energia em relação a outros sistemas.

Além disso, não impede que outras atividades, como capinas e colheita, sejam realizadas simultaneamente à irrigação

Também promove maior uniformidade de plantas, melhora a qualidade do produto e aumenta a produtividade.

A irrigação com drip protection é um instrumento eficaz no manejo fitossanitário da lavoura e no manejo da adubação.

Quando comparada ao sistema convencional de aplicação de defensivos agrícolas, essa tecnologia permite a economia de insumos, de tempo, mão de obra e redução dos custos.

O sistema possibilita maior precisão na aplicação dos produtos e maior segurança operacional. 

Há maior segurança porque não há contato dos operadores das máquinas com a calda de pulverização. 

Vantagens ambientais

O sistema de irrigação com drip protection economiza e conserva a água.

O sistema reduz a contaminação do solo, rios e lençóis freáticos. Isso porque reduz as perdas de água e insumos por lixiviação e escorrimento superficial.

Na irrigação por gotejamento, não há contato da água com a parte aérea da planta (folhas, flores, frutos, ramos e caule). 

Isso contribui com o manejo fitossanitário da lavoura, pois diminui a incidência de doenças. Principalmente, as doenças beneficiadas por condições de alta umidade.

O gotejamento favorece ainda o controle de plantas daninhas. A água não é distribuída em toda área, e sim apenas na zona radicular das plantas de interesse agronômico

Esse método também apresenta baixo nível de desperdício de água.

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“As melhores práticas para o reúso da água na agricultura”

Desvantagens

Quando comparado a outros sistemas de irrigação, o gotejamento apresenta alto custo inicial

A manutenção do sistema também pode ser onerosa. É necessário trocar as mangueiras/fitas gotejadoras que acabam ressecando com o tempo.

Outra desvantagem diz respeito à necessidade da retirada das mangueiras/fitas gotejadoras da área para a realização do preparo de solo.

Além disso, o entupimento dos emissores é algo recorrente.

Cuidados com o sistema de irrigação por gotejamento

No sistema de gotejo, é comum problemas relacionados ao entupimento dos emissores. Por isso, dê uma atenção especial à qualidade da água utilizada na irrigação

A obstrução dos gotejadores ocorre em função da presença de impurezas na água da irrigação, como:

  • areia;
  • argila; 
  • matéria orgânica;
  • sais minerais;
  • organismos vivos.
tabela com elementos físicos, químicos e biológicos que provocam entupimento nos sistemas de irrigação localizada

Elementos físicos, químicos e biológicos que provocam entupimento nos sistemas de irrigação localizada
(Fonte: Bucks et al., 1979)

Com o tempo, os sais solúveis utilizados na fertirrigação podem se acumular nas saídas de água. O acúmulo reduz a vazão dos gotejadores

Esse excesso de impurezas diminui a quantidade de água e produtos que chegam até as plantas, prejudicando o manejo e o desenvolvimento da cultura. 

É importante que uma vez ao dia passe somente água pelo sistema de irrigação. Essa é uma forma de realizar a limpeza de canos e das mangueiras/fitas gotejadoras. 

Outro cuidado diz respeito à integridade dessas gotejadoras. Com o tempo, elas acabam ressecando e podem rachar. 

Com o intuito de preservar o sistema de irrigação e aumentar sua vida útil, elas podem ser instaladas embaixo da palhada ou plástico.

É fundamental que você as vistorie regularmente.

Assim, a presença de rompimentos, rachaduras e emissores entupidos pode ser detectada com antecedência.

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Conclusão

A tecnologia drip protection consiste em um sistema de injeção de produtos químicos, biológicos e orgânicos na irrigação por gotejamento

Essa tecnologia garante maior segurança operacional e precisão na aplicação de produtos.

O sistema de gotejo reduz a mão de obra, economiza tempo e insumos, além de aumentar a produtividade e reduzir os custos de produção.

Caso utilize esse sistema em sua lavoura, não deixe de tomar os cuidados necessários com ele!

>> Leia mais:

“Agricultura irrigada ideal e produtiva”

“Como ocorre e quais os efeitos do estresse hídrico nas plantas”

Você sabia de todas as vantagens da irrigação por gotejamento? Já conhecia a tecnologia drip protection? Conte pra gente nos comentários.

Tudo o que você precisa saber sobre a irrigação por aspersão

Irrigação por aspersão: conheça os principais sistemas de irrigação por aspersão, as culturas e fatores que influenciam na escolha do sistema

A irrigação por aspersão é o método mais utilizado em todo o mundo. Isso graças à sua versatilidade e adaptabilidade.

Mas é importante lembrar que a aspersão não é melhor que os demais tipos de irrigação

Para cada situação, existe um método e sistema que melhor se adequa. O método ideal  depende de uma série de fatores, e conhecê-los é essencial para acertar na escolha!

Ficou com vontade de aprender mais sobre irrigação por aspersão? Confira comigo a seguir!

Método ou sistema de irrigação?

Métodos e sistemas de irrigação são coisas diferentes.

Sistema de irrigação diz respeito ao conjunto de equipamentos e peças que atuam para realizar a irrigação.

Já os métodos de irrigação estão relacionados à forma de aplicação da água nas lavouras. Eles podem se relacionar a mais de um sistema de irrigação. 

Existem quatro tipos de métodos de irrigação:

  • superficial (ou por superfície);
  • aspersão;
  • localizada;
  • subsuperfície (ou subterrânea).

Nesse artigo, você irá conhecer mais sobre o método de irrigação por aspersão. 

Irrigação por aspersão

Irrigação por aspersão é um método de irrigação. Nesse método, os aspersores vão trabalhar para expelir a água. É uma forma de simular a chuva nas áreas de lavoura.

Sem dúvidas, é o mais clássico e popular da agricultura.

Ao simular a chuva, a água é aplicada sobre a folhagem da cultura e o solo.

duas fotos, uma ao lado da outra, de Pivô central e de aspersão convencional

Pivô central e aspersão convencional 
(Fonte: Safra Irrigação)

Para conseguir simular a chuva, os sistemas de irrigação por aspersão dependem de uma série de componentes para realizar o bombeamento, transporte e distribuição.

Bombeamento

O principal componente do bombeamento é o conjunto motobomba: uma bomba centrífuga e um motor acionador.

Esse conjunto é responsável pela captação e impulsionamento da água até os aspersores. 

As motobombas podem ser acionadas por energia elétrica ou por motores de combustão à diesel.

A escolha correta do sistema motobomba é fundamental para o funcionamento do sistema, sem que haja sobrecarga ou pressão insuficiente.

Transporte

Os componentes de transporte são responsáveis por transportar a água impulsionada pelas motobombas aos aspersores.

As tubulações são feitas dos mais diversos materiais. Podem ser materiais metálicos como aço zincado, aluminio e ferro fundido, ou plásticos como PVC ou polietileno.

A escolha do material dependerá da função da tubulação no sistema. A escolha também pode tornar o projeto economicamente viável.

Distribuição

Os aspersores são os componentes-chave da distribuição da água.

Eles podem ser classificados por uma série de critérios diferentes, como tipo de movimentação e alcance do jato, pressão de serviço, tamanho de gotas.

Confira na tabela:

tabela com critério, classificação e características dos aspersores

(Fonte: adaptado de Testezlaf, 2017)

De forma geral, o mais utilizado é o primeiro, a respeito do movimento rotacional dos aspersores.

Agora que você já sabe mais sobre a irrigação por aspersão, conheça a diferença entre os dois principais sistemas: o convencional e o mecanizado.

Sistema de aspersão convencional

Os sistemas convencionais utilizam os componentes tradicionais de aspersão: 

  • motobombas;
  • tubulações; e
  • aspersores.

Esses sistemas podem ser móveis ou fixos no campo. Quando móveis, os aspersores fazem a cobertura da área conforme são movimentados pela área.

Quando fixos, devem ser estrategicamente posicionados para cobrir a área total ou do setor desejado.

Sistema de irrigação por aspersão convencional

Sistema de irrigação por aspersão convencional
(Fonte: Boas Práticas Agronômicas)

Sistema de aspersão mecanizado

Nos sistemas de aspersão mecanizados, os aspersores encontram-se alocados em estruturas.  Essas estruturas, normalmente metálicas, se movem pela área para efetuar a irrigação.

O movimento da aspersão mecanizada pode ser feito pela ação de tratores, de sistemas automatizados ou pela pressão existente na tubulação.

No Brasil, os sistemas de irrigação por aspersão mais conhecidos são o pivô central (movimento circular) e o carretel enrolador (movimento linear).

Sistema de irrigação por aspersão mecanizada em pivô central
(Fonte: Hidrosistemas)

Vantagens da irrigação por aspersão

A principal vantagem da irrigação por aspersão é o fato de não ser necessária intervenção no relevo.

Os sistemas de aspersão adaptam-se muito bem a diferentes topografias. Trata-se de um sistema flexível e versátil

É muito adaptável, seja ao controle da lâmina d ‘água ou à sua disposição no campo.

Diferente do sistema de irrigação por sulcos na irrigação por aspersão, o controle do volume de água aplicada no campo é controlado.

Por ser controlado, o volume de água pode ser facilmente modificado de acordo com as necessidades das culturas irrigadas.

Desvantagens

A principal desvantagem da irrigação por aspersão é sua suscetibilidade a ventos fortes. Esses ventos afetam a distribuição da água.

Devido ao molhamento foliar, a irrigação por aspersão deixa as folhas em condições favoráveis para o desenvolvimento de doenças.

É muito importante ponderar os prós e contras dos métodos de irrigação, de acordo com as características de cada cultura.

A irrigação por aspersão depende de energia elétrica ou de motores de combustão para funcionar.

Todo o acionamento das bombas ou motobombas que fazem a pressurização do sistema de irrigação é feito graças à energia elétrica.

Pensando nos pivôs centrais, a energia é ainda mais necessária, pois todo seu comando central depende dela.

O controle central detém todos os controles elétricos e eletrônicos. Desde o controle da injeção de fertilizantes/agroquímicos para fertirrigação, às operações básicas da motobomba.

Resultados da irrigação por aspersão

Os sistemas de irrigação por aspersão têm apresentado resultados positivos para muitas culturas. O maior destaque é dos sistemas mecanizados em pivô central.

O algodão irrigado mostrou aumentos de até 70 arrobas/hectare quando comparado ao algodão em sequeiro, no Mato Grosso.

No Rio Grande do Sul, a irrigação em pivô central conseguiu driblar a falta de chuvas. Ele quase dobrou a produtividade da soja quando comparado ao sequeiro.

Área de algodão sob pivô central no Mato Grosso

Área de algodão sob pivô central no Mato Grosso
(Fonte: Grupo Cultivar)

Além de garantir aumentos na produtividade, a irrigação por aspersão pode garantir a otimização das áreas produtivas. 

Em alguns casos, é possível levar a produção de 3 safras por ano!

Em Ponta Porã, nas áreas de pivô foram colhidas: soja na safra, milho na safrinha e ainda foi possível a terceira safra de trigo e aveia.

>> Leia mais: 

Plantação de milho irrigado: Quando compensa realizar essa prática?

Como saber se a irrigação por aspersão é a melhor para sua lavoura?

O Brasil é um dos 10 países com as maiores áreas equipadas com irrigação. Ele chega a quase sete milhões de hectares irrigados.

As projeções futuras são de crescimento de até 3 milhões de hectares nos próximos 10 anos. 

Mas como saber se a irrigação por aspersão é a mais adequada para a sua lavoura?

Lembre-se que irrigação por aspersão não é melhor que os demais métodos de irrigação.

Por apresentar maior versatilidade, se adapta bem às diversas regiões do Brasil. Por isso, pode ser utilizado em maior número de regiões.

Ao definir o método e sistema de irrigação que você utilizará, considere aspectos como:

  • a cultura
  • o solo e a topografia
  • o clima; 
  • a disponibilidade de água!
planilha custos de pivô Aegro

Conclusão

A irrigação por aspersão, além de muito popular, é a que mais cresce no Brasil.

Ela vem trazendo vantagens produtivas para produtores espalhados por todo o país.

Ganhos de produtividade, mitigação de efeitos da seca e otimização de áreas são alguns exemplos.

Mas lembre-se de fazer uma boa avaliação das suas necessidades. Assim você conseguirá escolher o método e o sistema de irrigação certo para você!

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“Agricultura irrigada ideal e produtiva”

“Irrigação de feijão: quando vale a pena investir?”

“Como a irrigação de precisão pode otimizar o uso da água e gerar economia na fazenda”

“Irrigação por superfície: veja se a prática é boa para sua fazenda”

E você, trabalha com irrigação por aspersão na sua lavoura? Conta pra gente sua experiência nos comentários!

Tudo o que você precisa saber para controlar a larva arame

Larva arame: conheça as características, como identificar sintomas de ataque, como monitorar e fazer o controle efetivo dessa praga

A larva arame é uma praga inicial que danifica as sementes logo após a semeadura. O sistema radicular do milho e de outras gramíneas também é afetado.

Essa praga pode causar a morte de plantas. Como consequência, há grandes perdas econômicas.

As medidas do MIP (Manejo Integrado de Pragas) devem ser planejadas antes da semeadura. 

Por isso é importante conhecer bem as características e os danos causados pela larva.

Ao fim do artigo, você saberá como identificar e monitorar a larva arame e poderá tomar a decisão de quando e como controlá-la. Confira!

O que é a larva arame e quais suas características

A larva arame é uma praga perigosa para culturas de importância econômica.

Ela pertence à família Elateridae, principalmente aos gêneros Conoderus spp. e Melanotus spp.  Na fase adulta, são besouros.

Inseto adulto da larva arame

Inseto adulto da larva arame
(Fonte: Flickr)

Dependendo da espécie, o inseto adulto mede entre 6 mm e 19 mm. Possui corpo alongado e coloração marrom avermelhada, ou mais escura.

Durante o verão, as fêmeas depositam centenas de ovos brancos e esféricos no solo, agrupados de 20 a 40. Desses ovos eclodem as larvas praga.

Antes de se tornarem adultas, as larvas vivem no solo e se alimentam apenas de raízes e sementes de plantas.

No início da fase larval, possui coloração esbranquiçada. Quando completamente desenvolvida, sua cor muda para marrom-amarelada.

O corpo da larva mede até 2 cm de comprimento. É cilíndrico, fino e rígido. Por isso a denominação “larva arame”.

Larva arame em diferentes estágios

Larva arame em diferentes estágios
(Fonte: Insect Images)

Ataque da larva arame

As culturas em que esse inseto assume importância econômica são, principalmente:

  • milho;
  • trigo;
  • arroz;
  • batata.

As raízes destas culturas são afetadas pela alimentação do inseto.

Sintomas e danos 

Nas culturas do milho e do arroz, os danos são mais severos nas lavouras com sistema de integração com pastagem. Os danos acontecem majoritariamente no início da primavera.

As larvas se alimentam de sementes germinando, raízes e mudas jovens

O dano pode ser direto, com redução de crescimento e/ou morte da planta. Também pode ser indireto, deixando uma porta de entrada para patógenos no local do ferimento.

Plantas jovens são mais suscetíveis. Na lavoura, você poderá perceber plantas atrofiadas que costumam ser roxas ou escuras. 

Você também pode notar fileiras com plantas subdesenvolvidas ou mortas.

No milho, os danos ocorrem desde a semeadura até a fase V2/V3.

Uma inspeção mais detalhada revela buracos nas sementes, raízes e caules inferiores. Esses sinais confirmam o ataque da praga.

Dano da larva arame no milho

Dano da larva arame no milho
(Fonte: Universidade de Minnesota)

As plantas ficam atrofiadas, pouco desenvolvidas e o estande é reduzido. Como consequência, ocorre a perda de rendimento da cultura e perda econômica.

Monitoramento da larva arame

Utilize o MIP (manejo integrado de pragas) como rotina na sua fazenda. 

O monitoramento das pragas é a chave para controlá-las. Faça isso antes de causarem danos à plantação.

Para monitorar essa e outras pragas subterrâneas, colete uma amostra de solo de 30 cm x 30 cm a aproximadamente 10 centímetros de profundidade. 

Faça isso em alguns pontos da lavoura durante a pré-safra.

A média de uma larva por amostra é suficiente para reduzir o estande de plantas e causar danos econômicos.

Para te ajudar neste controle, preparamos uma planilha gratuita. Para baixar, clique na figura a seguir!

Você também pode automatizar esse controle com uso de um software de gestão agrícola como o Aegro

Com o sistema de monitoramento de pragas do Aegro você pode:

  • registrar o monitoramento e armadilhamento da lavoura pelo celular;
  • gerar relatórios sobre a incidência das pragas-alvo;
  • descobrir o momento certo para pulverizar, reduzindo seus custos com defensivos.

Além disso, você mantém um histórico de pragas e de aplicações feitas em cada talhão da lavoura. 

O MIP do Aegro pode ser testado gratuitamente por 7 dias. Peça agora uma demonstração e faça uma experiência gratuita!

Formas de controle

Caso identifique pelo menos uma larva arame por amostra, existem diferentes medidas de controle que podem ser tomadas:

  • manejo preventivo;
  • controle cultural;
  • controle biológico;
  • controle químico.

Proceda com o controle prontamente após detectar a presença da praga, e preferencialmente, antes da semeadura.

Entenda as medidas de controle com detalhes a seguir!

Manejo preventivo e controle cultural

Em áreas irrigadas ou com problema de excesso de umidade, controle a umidade da camada arável. 

Isso obriga o inseto a se aprofundar no solo, protegendo a raiz no início do desenvolvimento.

Elimine hospedeiros alternativos e plantas voluntárias que precedem a safra. Elimine também a destruição dos restos culturais logo após a colheita.

Prepare o solo (quando no planejamento de safra) com arado e/ou grade, expondo a praga a predadores e ao sol.

Caso utilize o plantio direto, integração pasto/lavoura ou mantiver plantas de cobertura, fique de olho. Nem sempre as duas últimas formas de manejo são possíveis. 

Planeje bem os manejos pré-plantio, para evitar danos o quanto antes.

Controle biológico

O controle biológico tem ganhado bastante força nos últimos tempos. Ele faz parte do conjunto de boas práticas no controle de pragas do MIP.

Coleópteros da família Staphylinidae, comumente chamados de “potós” ou “besouros-do-casaco”, são insetos carnívoros. Eles se alimentam de diversas pragas, incluindo a larva arame.

Besouro predador da família Staphylinidae

Besouro predador da família Staphylinidae
(Fonte: UFV)

Larvas da mosca-estilete (Therevidae) e algumas espécies de nematoides também são predadoras da praga.

Há grande expectativa no uso do fungo entomopatogênico Metharizium anisopliae para o controle da larva arame. 

Os bioprodutos hoje são formulações com estruturas de reprodução do fungo.

Use adequadamente esta tecnologia, de acordo com as recomendações do fabricante.

Bioproduto à base de Metarhizium anisopliae

Bioproduto à base de Metarhizium anisopliae
(Fonte: Koppert)

Controle químico

Antes de decidir pelo controle químico, considere uma abordagem integrada com os outros métodos citados anteriormente.

Faça o tratamento de sementes (TS) com inseticida sistêmico. Assim, você evita que a praga ataque a semente e as raízes da planta recém-emergida. 

Isso garantirá um bom controle da população da praga.

Semente de milho tratada

Semente de milho tratada
(Fonte: Pioneer)

O ingrediente ativo imidacloprido (neonicotinoide) + tiodicarbe (metilcarbamato de oxima), como o Cropstar da Bayer, é uma boa opção.

Somente o tiodicarbe (Futur 300, Luger 350, Pontiac 350) também é muito eficiente no controle de pragas iniciais na cultura do milho.

Realize tratamento químico para controle da larva arame sempre antes da semeadura ou durante no sulco, de forma preventiva. A aplicação curativa não é eficiente.

Essa prática tem a vantagem de aplicar mais ingredientes ativos próximo à semente e raízes

Ela tem maior persistência do que o tratamento de sementes, e protege as plantas por mais tempo.

Use inseticidas granulados indicados para a cultura. 

O ingrediente ativo Fipronil é uma opção com bom controle de pragas iniciais no milho. Produtos organofosforados (clorpirifós) também são eficientes no controle.

planilha manejo integrado de pragas MIP Aegro, baixe agora

Conclusão

A larva arame ataca sementes e raízes de milho, principalmente, batata e outras gramíneas.

O seu ataque afeta o vigor e reduz o estande de plantas, causando perdas econômicas consideráveis.

O planejamento, regularidade de monitoramento e integração de práticas de manejo é muito importante para o controle da praga.

Controle cultural, biológico e químico são recomendados para controlar a população da larva arame.

O controle químico deve ser feito de forma preventiva, aplicado no sulco de semeadura ou logo após a semeadura.

Sempre siga as recomendações da bula e instruções de um engenheiro-agrônomo para aplicação de produtos químicos.

>>Leia mais:

“5 pragas agrícolas resistentes a defensivos agrícolas e como combatê-las”

Já passou por problemas com a larva arame na sua lavoura? Espero que esse artigo ajude a planejar a próxima safra. Assine nossa newsletter para receber conteúdos semelhantes!