About Bruna Rohrig

Sou agrônoma pela Universidade Federal da Fronteira Sul, mestra em fitossanidade pela Universidade Federal de Pelotas e doutoranda em fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul na área de pós-colheita e sanidade vegetal. Tenho experiência em fitopatologia, controle de doenças de plantas e pós-colheita de grãos e sementes.

Guia completo para o manejo da lagarta-preta (Spodoptera cosmioides)

Lagarta-preta: conheça as características, como identificar e quais táticas de controle cultural, genético e químico utilizar 

A lagarta-preta causa prejuízos econômicos consideráveis em várias culturas. 

Conhecer as espécies hospedeiras e o manejo são coisas fundamentais para evitar danos. Saber identificá-las no campo é o primeiro passo para evitá-los.

Neste artigo, você verá todas as características da lagarta-preta as táticas de controle mais adequadas! Confira!

Características da lagarta-preta 

A lagarta-preta é capaz de se alimentar de diversas espécies de plantas. Isso inclui plantas nativas, daninhas e grandes culturas.

Conhecer as espécies hospedeiras é muito importante para o manejo e controle da lagarta.

A semeadura de espécies hospedeiras pode gerar aumento significativo da população de lagartas na cultura e nas culturas posteriores. 

Isso causa prejuízos já no estabelecimento da população de plantas, pois o estande inicial pode ser comprometido.

Condições ideais para o desenvolvimento da lagarta

A depender da temperatura, a lagarta preta pode produzir mais ou menos gerações em um ano agrícola.  

As melhores temperaturas para a lagarta giram em torno de 25 °C a 28 °C.

Culturas atacadas pela lagarta-preta 

Os ataques da lagarta-preta podem acontecer em diversas culturas. Soja, milho, trigo, feijão e café são alguns exemplos. 

É comum que culturas sem índice de ocorrência da lagarta-preta comecem a sofrer com a praga.

O uso errado de inseticidas de amplo espectro e outras moléculas químicas faz com que esta população de inimigos naturais seja eliminada. 

Como consequência, há desequilíbrio e aumento da população das lagartas nas áreas de cultivo.

Por isso, é necessário que as aplicações visando ao controle sejam feitas racionalmente. É necessário avaliar a lavoura e a real necessidade do uso do produto.

A depender das pragas e doenças, utilizam-se critérios para avaliar se o custo da aplicação compensa os danos econômicos.

Danos causados pela lagarta-preta na lavoura

Os danos causados pela lagarta-preta são:

  • Intensa desfolha, principalmente pela capacidade de consumir o dobro de área foliar em comparação a outras espécies de lagartas;
  • Danos em vagens e grãos, afetando a qualidade do produto final e a reduzindo a produtividade da cultura.
Foto de uma lagarta-preta com listras brancas sobre uma folha de soja com muitos furos.

Danos causados pela lagarta preta na cultura da soja. Os danos são provocados pela “raspagem” e consumo do tecido foliar, provocando furos nas folhas

(Fonte: Moreira e Aragão, 2009) 

Como identificar a lagarta-preta no campo?

A lagarta-preta pertence ao gênero Spodoptera sp. Esse gênero possui 30 espécies, e 15 delas causam danos nas culturas agrícolas.

A coloração dos ovos, da larva e das mariposas são utilizados na identificação.

4 fotos em sequência: a primeira é a foto de uma mariposa, a segunda é de uma mancha preta sobre um papel (vários ovos acumulados), a quarta é uma lagarta-preta sobre terra marrom, e a última são pupas, ou casulos da lagarta.

Aspecto visual de adulto macho, dos ovos, da lagarta-preta e das pupas

(Fonte: Teodoro, 2013)

Os ovos da lagarta tem coloração amarelada. Eles são postos em massa na parte inferior das folhas das plantas hospedeiras, próximos à nervura central. 

Os ovos são recobertos pela fêmea por algo semelhante a algodão, como forma de proteção. Uma fêmea pode colocar de 30 até 300 ovos, a depender das condições ambientais.

Foto de vários ovos pequenos e rosados sobre uma folha. Sobre esses ovos, há uma espécie de algodão.

Aspecto da massa de ovos da lagarta preta 

(Fonte: Fonseca, 2006)

A lagarta preta possui o corpo escuro, a depender do seu estágio de desenvolvimento. 

A característica marcante dessa espécie é a presença de listras de uma extremidade do corpo até a outra. Essas listras são alaranjadas, e vêm acompanhadas de pontos brancos e triângulos pretos.

O ciclo de vida na cultura da soja pode ser em média 48 dias. O ciclo depende da temperatura do local.

Este período engloba desde a fase de pupa até a emergência das mariposas.  

É importante ressaltar que as mariposas têm hábitos noturnos. Elas são mais vistas durante a noite. 

As lagartas são encontradas nas partes inferiores das plantas. Isso dificulta que os produtos fitossanitários de controle a alcancem.

Além disso, as lagartas podem ser encontradas com diferentes colorações, em função a fase de desenvolvimento. Elas podem ter coloração cinza-clara, castanha ou pretas.

Foto do ciclo da lagarta-preta: os ovos viram lagartas, em seguida pupas, e por fim, adultos

Ciclo de vida da lagarta-preta

(Fonte: Batistela e Oliveira Jr, 2013)

Como diferenciar as principais lagartas do complexo Spodoptera sp. 

Spodoptera frugiperda

A Spodoptera frugiperda (lagarta-militar) possui formato de Y invertido na região da cabeça.

Ela tem quatro quadrados pretos na região posterior da cabeça. Além disso, possui listra de cor creme na lateral do corpo com pontuações.

Foto de uma spodoptera frugiperda em uma superfície branca. A lagarta tem um tom verde-escuro com listras amarelas-escuras, e alguns fiapos que saem de todo o seu corpo.

Detalhes morfológicos para identificação de S. frugiperda

(Fonte: Marsaro Júnior, 2016)

Spodoptera eridania

A Spodoptera eridania possui como característica principal triângulos negros ao longo de todo comprimento do corpo. 

Além disso, ela tem uma listra branca ou amarelada interrompida por uma mancha escura. Essa mancha não chega até a região da cabeça.

Foto de duas lagartas: uma preta e uma verde escuro com listras brancas.

Indicação dos triângulos negros distribuídos por todo corpo de S. eridania. A listra branca ou amarela é interrompida no primeiro segmento abdominal, não chegando até a região da cabeça

(Fonte: De Freitas e colaboradores, 2019)

Manejo da lagarta-preta

Além do uso equilibrado de inseticidas, o controle cultural, biológico e até mesmo químico pode ser utilizado.

Para prosseguir com esses controles, é essencial que você siga o MIP (Manejo Integrado de Pragas). Essa é uma forma de garantir um controle eficiente da lagarta-preta e de outras pragas.

Para facilitar o seu trabalho no MIP, separamos uma planilha gratuita para você. Com ela, você pode gerenciar os dados do monitoramento e ter um bom controle antes de sofrer danos econômicos.

Clique na imagem abaixo para baixar a planilha:

planilha manejo integrado de pragas MIP Aegro, baixe agora

Manejo cultural

Medidas que visem à preservação dos inimigos naturais são fundamentais para evitar altas populações da lagarta. Usar produtos fitossanitários seletivos é essencial.

Rotação de culturas e eliminação de plantas daninhas hospedeiras podem auxiliar na redução da população da praga

No entanto, é importante lembrar que muitas culturas são hospedeiras. Conhecer todas essas plantas é uma etapa importante no planejamento de rotação.

Manejo biológico

No controle biológico, utilizam-se vírus como o Baculovírus. É importante identificar corretamente a lagarta para usar o Baculovírus apropriado.

No caso da lagarta preta, estudos afirmam que o controle ocorre de forma satisfatória com o Baculovírus frugiperda

A bula do produto indicado diz que o produto é indicado para a cultura do milho, mas pode ser aplicado em todas as culturas que apresentem as pragas alvo: 

  • Spodoptera frugiperda;
  • Spodoptera cosmioides.

Mas, atenção: para um controle eficiente, as condições ambientais para aplicação devem ser favoráveis. O horário da aplicação também é relevante. Evite períodos quentes e de baixa umidade relativa do ar.

Evite aplicações antes das 17 horas. Assim, você não terá interferência da temperatura e da radiação solar intensa da tarde.

Evitar o escorrimento do produto. Fique de olho para que toda a planta seja recoberta pelo produto. Afinal, o contato entre a lagarta e o produto precisa acontecer.

Aplique o Baculovírus quando presença da lagarta for constatada entre 10 a 15 dias após a germinação. Você pode realizar uma segunda aplicação entre 17 e 22 dias após a primeira.

Durante a aplicação, a calda deve permanecer em agitação, para que o produto seja sempre diluído e distribuído na área de forma homogênea. 

O bico mais recomendado é o do tipo leque.

Manejo químico

Inseticidas do grupo dos piretróides devem ser evitados. Afinal, eles não são seletivos.

Os produtos registrados para a cultura da soja, no controle da lagarta-preta, incluem os grupos químicos:

  • metilcarbamato de oxima;
  • álcool alifático.

No entanto, esses produtos apresentam alta toxicidade ao meio ambiente. Eles podem interferir na população de inimigos naturais.

Outras opções existentes, incluem reguladores fisiológicos, como os dos grupos das diamidas e espinosinas. Esses produtos, porém, não são registrados para o controle desta lagarta.

Uso de organofosforados pode potencializar o controle. 

O tratamento de sementes pode ser uma boa tática para garantir proteção. Isso é ideal quando a semente ainda está no solo e já é constatada a presença da lagarta na área. 

Você pode usar tiametoxam e fipronil, por exemplo.

Como utilizar a tecnologia no controle de pragas na sua lavoura

A tecnologia pode ser utilizada para potencializar o controle de pragas e doenças, de diferentes formas:

  • Mapeamento na área de cultivo: dessa forma, você pode planejar se tratamentos de sementes devem ser realizados ou quais culturas podem ser utilizadas em determinadas áreas;
  • Acompanhamento das condições climáticas: analisar o clima anterior e posterior à implantação da cultura, para verificação de condições favoráveis. 

Se você for realizar uma aplicação, verifique se há previsões próximas de chuva. Ela pode poderá interferir na eficiência do controle.

Registrar as informações da sua lavoura é fundamental na tomada de decisão. Esses dados podem aumentar suas chances de sucesso no controle de pragas, doenças, plantas daninhas.

Um software de gestão agrícola como o Aegro pode ser seu aliado no controle de pragas na lavoura. Através do aplicativo, você pode monitorar sua cultura e planejar as atividades do MIP (Manejo Integrado de Pragas).

Foto de uma tela de computador com o software Aegro aberto, na seção de mapa de calor. Há um desenho da dimensão de terra da lavoura com as cores verde e laranja.

Históricos de talhões no Aegro

No Aegro, você tem acesso ao histórico de cada um de seus talhões, e pode verificar se algum deles apresenta maior incidência de pragas.

Mapas com níveis de infestação também podem ser facilmente visualizados. Assim, você saberá exatamente quando e onde agir.

Foto de tela do Aegro com a parte de mapas de calor. No desenho da lavoura, há as cores vermelho em baixo, laranja no meio e verde em cima.

Mapa de calor no Aegro

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Conclusão

A lagarta-preta pode causar a desfolha inicial da cultura e a perda de vagens e grãos. Ela reduz a qualidade e produtividade da cultura.

Diversas táticas de controle podem ser utilizadas para o controle da lagarta-preta. O Manejo Integrado de Pragas e o uso de inseticidas seletivos são os principais. 

Observe as condições ambientais favoráveis para a praga e também para a aplicação do controle, principalmente biológico.

Você já teve problemas com a lagarta-preta? Restou alguma dúvida sobre a praga? Adoraria ler seu comentário!

Como a morfolina pode te ajudar no manejo de doenças da soja

Morfolina: entenda como o fungicida funciona, as recomendações de uso, cuidados que você deve seguir e muito mais!

Os relatos de resistência de fungos são cada vez mais frequentes. 

Por isso, é necessário usar alternativas de manejo nas culturas. Isso principalmente com grupos químicos diferentes.

As morfolinas são um bom exemplo de alternativa. No entanto, para funcionarem bem, alguns cuidados devem ser tomados.

Neste artigo, você irá conhecer o modo de ação das morfolinas nas plantas, indicações de uso e cuidados necessários para uma aplicação eficiente e segura!

O que é morfolina?

A morfolina é um fungicida que pode ser utilizado em todos os momentos do ciclo da soja.

O efeito da morfolina acontece somente depois da germinação dos esporos do fungo na planta. Ela impede a infecção e a colonização dos fungos.

Se utilizada da forma correta, a morfolina tem médio a baixo risco de resistência. 

A ação causa a morte dos fungos. Por isso os fungos devem estar presentes na planta para haver efeito.

Como a morfolina funciona

A morfolina pode ser absorvida e transportada para outras partes da planta. 

Ilustração de plantas sob o efeito de fungicidas. A planta que está sob efeito de um fungicida sistêmico está com coloração diferente, indicando que o produto atinge toda a planta, independente do local de aplicação.

Modo de ação dos fungicidas conforme a sua capacidade de translocação. O fungicida sistêmico, pode ser aplicado na parte aérea, por exemplo, e ser translocado (transportado para o sistema radicular, raízes).

(Fonte: adaptado pela autora de Dorrance e colaboradores., 2007)

Por isso, a aplicação desse fungicida sistêmico pode ser via foliar, na parte aérea. 

Assim, outras partes da planta também entrarão em contato com o fungicida pela capacidade de translocação.

Recomendações de uso de morfolina na soja

Alguns cuidados devem ser tomados na aplicação e na recomendação. 

Esses cuidados são relacionados à eficiência e a possíveis efeitos fitotóxicos causados nas plantas após a aplicação.

Pontos importantes no uso de morfolinas: 

  • As morfolinas não têm efeito sobre manchas foliares ou fungos que sobrevivem em restos de cultura.
  • Para se ter eficiência no uso, a doença causada pelo fungo deve estar presente na área
  • Para que o fungicida seja efetivo, a aplicação deve ser feita no tempo correto. O tempo ideal é quando a doença está na fase inicial. Aplicações anteriores ao início da doença não tem efeito.
  • Limitação em uso de misturas. Triazóis e triazolintiones não são recomendados.
  • Morfolinas devem ser sempre aplicadas em misturas com outros princípios ativos. Assim, você evita que populações resistentes do fungo sejam selecionadas no campo.

Controle de ferrugem asiática da soja com morfolina

Na cultura da soja, a morfolina (especialmente fenpropimorfe) é recomendada para o controle da ferrugem asiática. Isso principalmente se você quer fazer manejo da resistência. 

Gráfico que mostra que a produtividade  da soja com ferrugem asiática sob uso de morfolina é muito maior  em relação ao uso de outros fungicidas.

Produtividade da cultura da soja no controle da ferrugem asiática com diferentes associações de fungicidas. O tratamento 6 representado no gráfico foi realizado com associação de [trifloxistrobina + Proticonazol + Bixafem] + [Fenpropimorfe (morfolina)] e apresentou a maior produtividade, devido ao controle efetivo da doença.

(Fonte: Baldo, 2020)

O estádio de desenvolvimento da doença determinará a eficiência da aplicação. 

Por isso, aplique no início dos sintomas (quando localizados no terço inferior ou “baixeiro”). Não deixe de misturar a morfolina com outros princípios ativos.

Misturas podem ser realizadas com fungicidas multissítios, ou com triazóis + estrobilurinas

O triazol escolhido deve ser de menor agressividade (ciproconazole + estrobilurinas + morfolina, por exemplo). Assim, você evita o efeito fitotóxico.

Diferentes doses são recomendadas de acordo com os sintomas. Sempre confira a bula dos produtos, e siga as recomendações do fabricante.

É recomendado realizar o monitoramento e aplicações após o início do florescimento.

Se os sintomas aparecerem antes deste estádio, a aplicação pode ser feita imediatamente. 

Lembre-se de não ultrapassar 2 aplicações por ciclo da cultura. Faça no máximo 14 dias de intervalo. 

Em doses maiores (conforme orientação do produto), realize uma única aplicação. Isso porque o risco de fitotoxicidade é alto. 

Doses maiores são recomendadas exclusivamente em situações de alta pressão de fungos na área.

Foto de três folhas de soja com parte ampliada. A primeira apresenta alguns pontos marrons, a segunda muitos pontos e a terceira, possui coloração completamente marrom.

Sintomas e sinais observados de ferrugem asiática. A cultura deve ser monitorada constantemente, e aplicações com morfolina em misturas, só devem ser realizadas com a presença inicial da doença (terço inferior ou “baixeiro”)

(Fonte: Bayer, 2021)

Controle de oídio na soja com morfolina

A morfolina pode ser utilizada ainda para o controle de oídio. Use misturas de morfolina + estrobilurina + carboxamida, por exemplo.

Foto de folha de soja com sinais de oídio. As folhas apresentam coloração esbranquiçada e alguns furos.

Sintomas e sinais de oídio. Os sintomas se apresentam como um pó “esbranquiçado” em ambas as faces da folha (inferior e superior), podendo cobrir toda a planta, afetando hastes e vagens. 

(Fonte: Godoy e colaboradores, 2021)

Para o controle do oídio, deve haver cerca de 20% de severidade no terço inferior da planta.

Após o estádio R5.5 da soja, aplicações já não devem ser feitas.

Faça o número de aplicações máximas conforme o que indica a bula do produto. Normalmente, o ideal é fazer uma aplicação por ciclo da cultura, a depender da evolução da doença na área. 

Em caso de necessidade de mais uma aplicação, outros fungicidas recomendados para o oídio na soja devem ser utilizados.

Não se esqueça de monitorar a área, e de consultar um engenheiro agrônomo.

Recomendações de morfolina para outras culturas

Segundo o Agrofit, para outras culturas, o uso de morfolina é recomendado para as seguintes doenças:

  • Algodão: indicado para ramulária;
  • Cevada: indicado para mancha-reticular e ferrugem-da-folha;
  • Trigo: indicado para oídio, ferrugem-da-folha e ferrugem-do-colmo.

É importante observar que a morfolina pode causar queimaduras em cultivares suscetíveis de trigo. Isso também depende das condições climáticas no momento da aplicação.

Não aplique em períodos de baixa umidade relativa do ar (inferiores a 60%) e temperaturas superiores a 30 °C. 

Em temperaturas muito baixas ou em períodos de previsão de geadas próximas, a aplicação no trigo também não é indicada.

Fique de olho nas previsões climáticas para os dias após a pulverização. Chuvas quatro dias após a aplicação podem influenciar negativamente no desempenho do fungicida. 

O orvalho também afeta a eficiência do produto.

Banner de chamada para o download da planilha de cálculos de insumos

Conclusão

O uso das morfolinas para o controle de doenças de culturas como a soja, cevada, trigo e algodão é importante no manejo de resistência.

As aplicações devem ser realizadas em misturas com outros princípios ativos. Aplique somente quando a doença já estiver na área, porque o efeito do fungicida é curativo.

Não deixe de seguir as recomendações da bula do produto. Procurar a orientação de um(a) engenheiro(a)-agrônomo(a) também é fundamental!

>> Leia mais: “Seguro soja: por que você deve fazer

Restou alguma dúvida sobre o uso das morfolinas? Adoraria ler seu comentário!

Entenda como o melhoramento genético de plantas é um aliado de quem produz

Melhoramento genético de plantas: entenda o que é, técnicas utilizadas, avanços e suas vantagens no aumento da produtividade das culturas.

Os alimentos consumidos hoje são muito diferentes dos que existiam antigamente.

É fácil perceber que há uma diversidade grande de alimentos. Cultivares de soja e milho extremamente produtivas, plantas de algodão mais compactas… Esses são apenas alguns exemplos. 

Todos esses avanços acontecem devido ao melhoramento genético de plantas.

Quer saber o que é o melhoramento de plantas e o motivo dele ser tão importante para a agricultura? Então, continue a leitura desse artigo!

O que é o melhoramento genético de plantas?

O melhoramento é uma ciência que seleciona plantas com características agronômicas desejáveis.

Essas plantas devem atender necessidades como alimentação, vestuário, saúde e combustíveis.

A seleção de plantas aconteceu de maneira intuitiva. Os agricultores adaptavam as plantas por meio da seleção de espécies mais interessantes.

Muitos dos primeiros melhoristas eram agricultores com aguçado instinto de observação. Eles identificavam plantas superiores no campo e as colhiam para obtenção das sementes.

Como o melhoramento mudou as plantas que conhecemos hoje?

As plantas cultivadas hoje passaram pela domesticação. Esse é um processo conduzido por humanos, para adaptar plantas às suas necessidades

Ao longo dos anos, foram aparecendo diferenças entre as plantas domesticadas e seus ancestrais silvestres.

Isso resultou na perda do mecanismo de dispersão de sementes de algumas espécies, como o arroz, cereais e milho. Esse é apenas um exemplo.

Também se destaca o aumento do peso de grãos de trigo. O aumento ocorreu pela seleção  de estruturas maiores e aumento no tamanho dos órgãos da planta. 

Além disso, também houve a sincronicidade no florescimento e maturação de diversas espécies, como o arroz e o trigo.

Veja, na imagem a seguir, como algumas espécies ficaram depois do melhoramento.

Fotos de comparação de comparação da banana e do milho antes do melhoramento genético. Antes, na imagem à esquerda, é possível ver uma banana com sementes enormes. Já no milho, é possível ver na ilustração que os grãos eram menores.

Diferenças entre ancestrais de algumas culturas e o resultado do melhoramento das espécies

(Fonte: Rohrig, 2021)

Quais são as técnicas de melhoramento genético de plantas?

Há a possibilidade de cruzar plantas diferentes para obter combinações de interesse em uma nova planta. 

A partir desse descobrimento, foi incorporada a técnica de hibridação, ou cruzamentos

As características das plantas são herdadas. Sabendo disso, os cientistas podem gerar as melhores combinações de características em uma só planta

O objetivo é chegar em uma planta ideal.

Esquema que mostra etapas do melhoramento genético em plantas. Definição dos objetivos, cruzamentos, seleção de plantas com melhor desempenho, testes e produção de mudas.

Etapas do melhoramento genético de plantas por meio da realização de cruzamentos e seleção artificial

(Fonte: Rohrig, 2021)

Os melhoristas exploram a variação genética de uma espécie, por meio de cruzamentos. 

Entretanto, às vezes é necessário recorrer à variação existente em outras espécies. Elas não podem ser combinadas desta forma. 

Neste caso, a transgenia é uma ferramenta valiosa para incorporar genes que não podem ser combinados por cruzamentos. Os genes de resistência à pragas e doenças são bons exemplos.

Com os avanços da biotecnologia e da engenharia genética, os melhoristas alteraram diretamente o DNA da planta

Entre as diversas ferramentas modernas utilizadas atualmente, podemos citar:

Além das ferramentas citadas acima, destacamos a SAM (Seleção Assistida por Marcadores)

Os marcadores ajudam a identificar as características desejáveis no DNA das plantas. Por exemplo, a presença de genes resistentes à pragas, doenças, estresse hídrico, etc.

Contudo, a utilização de marcadores ainda é limitada pelo alto custo.

Quais são os benefícios do melhoramento genético de plantas?

O melhoramento de plantas é a forma mais ecologicamente responsável de aumentar a produção de alimentos. 

Nas demais áreas, é necessário adaptar o ambiente às plantas. No melhoramento, é possível adaptar as plantas ao ambiente.

A aplicação das técnicas de melhoramento tem sido efetiva com todas as espécies agrícolas. 

Agora, veja algumas culturas beneficiadas pelo melhoramento:

Milho

Com o melhoramento genético do milho, o principal progresso foi o desenvolvimento das variedades híbridas.

Apesar disso, o melhoramento de outras características também contribuiu para o aumento da produtividade da espécie. Dentre as vantagens, estão:

  • tolerância à seca;
  • resistência à pragas e doenças;
  • mudanças que aumentaram a eficiência no crescimento e desenvolvimento da planta.

No Brasil, as cultivares de híbridos simples transgênicas com cinco eventos se tornaram as mais comercializadas. 

banner da planilha de produtividade da lavoura de milho

Soja

O melhoramento genético possibilitou o cultivo da soja em regiões onde antes não era possível.

O Brasil apresentava apenas 5 milhões de hectares cultivados com soja. Atualmente, o cultivo de soja ocupa cerca de 38 milhões de hectares.

Este aumento se deve à seleção cultivares de soja com ciclo juvenil longo. Isso possibilitou o cultivo desta espécie no cerrado brasileiro, por exemplo.

Arroz

As mudanças trazidos para a cultura do arroz se referem a:

  • aumento superior a 2% na produtividade;
  • redução na altura média de plantas das cultivares de ciclo precoce e  ciclo tardio;
  • aumento médio de 10 dias no ciclo no grupo de cultivares precoce e diminuição de 13 dias no grupo tardio.

As cultivares de arroz com porte reduzido são robustas, e proporcionam maior rendimento. Já as cultivares precoces liberam a área rapidamente, permitindo melhor aproveitamento dela.

Algodão

O melhoramento genético trouxe avanços significativos na produtividade e na qualidade da pluma.

Nos últimos 40 anos, houve aumento de 12 vezes na produtividade, e mais de 30% no rendimento da pluma.

As cultivares transgênicas com resistência a inseticidas e herbicidas também contribuem na redução de insumos.

Cana-de-açúcar

O melhoramento permitiu aumento considerável da produção. Os números subiram de 80 milhões de toneladas em 1970 para 592 milhões de toneladas em 2021.

As principais mudanças alcançadas pelo melhoramento genético da cultura foram:

  • maior tolerância à estresses, como o estresse hídrico, baixos níveis de fósforo, temperaturas e geadas;
  • hábito de crescimento ereto;
  • ausência de florescimento;
  • época de maturação;
  • variedades adaptadas a diferentes condições de solo, clima e época de colheita;
  • maior resistência à pragas e doenças;
  • adaptação à colheita mecanizada;
  • direcionamentos à indústria como aumento do teor de fibra, mudanças dos teores de sacarose e incremento da produtividade de biomassa.

Conclusão 

O melhoramento de plantas é a estratégia mais valiosa para o aumento da produtividade de forma sustentável.

Estamos vivendo um momento de mudanças climáticas aceleradas. As pragas e doenças estão evoluindo rapidamente. 

Os recursos não renováveis, como a água, solos e fertilizantes minerais precisam ser usados com racionalidade. Para completar, temos um mercado consumidor cada vez mais exigente

O melhoramento de plantas atua em todas essas áreas. O objetivo é cobrir todas essas necessidades e muitas outras!

>> Leia mais:

Inoculação: Todos os tipos e + 7 dicas para tirar o máximo proveito dela

Tratamento de plasma em sementes: como impulsiona a germinação

Restou alguma dúvida sobre as técnicas de melhoramento genético de plantas e como elas podem auxiliar nos cultivos agrícolas? Deixe seu comentário!

Como o baculovírus pode controlar as pragas da sua lavoura

Baculovírus: saiba em quais culturas pode ser utilizado, vantagens, desvantagens e cuidados necessários no uso

A demanda por produtos produzidos de forma sustentável tem crescido. 

As opções disponíveis no mercado são muitas, com controle próximo e até mesmo superior ao controle químico.

Dentre os biopesticidas utilizados no controle de pragas há os baculovírus. Eles têm alta eficiência no controle de insetos, principalmente lagartas.

Neste artigo, você entenderá mais como ele funciona, vantagens e desvantagens e como produzi-lo na sua fazenda! 

O que é o baculovírus e como ele funciona

Os baculovírus são vírus com DNA de fita dupla. Eles pertencem à família Baculoviridae

Eles possuem uma ou mais partículas do vírus que se encontram fora da célula hospedeira, com envelope em formato de bastão. Isso caracteriza a forma das partículas dessa família de vírus.

Os baculovírus tem uma característica única dentre os vírus estudados. Eles têm duas formas observáveis distintas, a depender de estarem dentro ou fora da célula hospedeira:

  • Uma extracelular (fora da célula hospedeira) conhecido como BV (budded virus);
  • Outra envolvida na transmissão do vírus, quando ele já se encontra dentro de uma célula hospedeira, denominado vírus ocluso. Ele é responsável  pela transmissão do vírus entre os demais insetos.
Na imagem à esquerda, é possível observar o formato de uma partícula viral de baculovírus fora da célula hospedeira (extracelular ou BV). Na imagem à direita, observa-se a transmissão do corpo de oclusão

Ultraestrutura de um baculovírus por microscopia eletrônica de transmissão. Na imagem à esquerda, é possível observar o formato de uma partícula viral de baculovírus fora da célula hospedeira (extracelular ou BV). Na imagem à direita, observa-se a transmissão do corpo de oclusão

(Fonte: Gramkow, 2010)

Ciclo do baculovírus no organismo das lagartas

O ciclo começa com a ingestão dos vírus aplicados na superfície das folhas. Isso acontece durante a alimentação do inseto.

O processo de transmissão do vírus no interior do corpo do inseto começa. O inseto fica debilitado e torna-se incapaz de se alimentar.

Outra característica observada é a movimentação dos insetos, especialmente das lagartas, para a parte superior da planta hospedeira.

A morte da lagarta da soja ocorre entre cinco a oito dias após a infecção.

Para saber se a morte do inseto foi causada pelo baculovírus, você deve prestar atenção em alguns detalhes.

A coloração do inseto fica amarela-esbranquiçada. No caso das lagartas, também há um aspecto leitoso.

Após alguns dias, as lagartas ficam pretas e se rompem. Depois disso, liberam partículas virais na superfície das folhas.

Esquema do ciclo do baculovírus, que vai desde a infecção primária das células até a morte do inseto-alvo

Infecção de um inseto hospedeiro de baculovírus

(Fonte: adaptado de Szewczyc e colaboradores, 2006. Em: Valicente; Tuelher, 2009)

Como funciona o controle de lagartas nas culturas do milho e soja

O modo de ação do baculovírus  é a partir da ingestão de partículas infectivas

A partir disso, elas são capazes de se multiplicar nas células do inseto hospedeiro e serem transmitidas para outros insetos.

Não há ação sobre as fases de ovo, pupa ou adulto, somente nas fases de lagarta.

As formulações disponíveis podem ser consultadas através do Agrofit (Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários). 

Elas possuem diferenças, principalmente em relação à proporção de ingredientes que tem a função de diluir e facilitar a dispersão do vírus.

Além disso, existem diferentes espécies de baculovírus. Elas são usadas no controle de outros insetos, além das lagartas da soja e da lagarta-do-cartucho do milho.

Por isso, é sempre necessário consultar qual espécie está sendo utilizada e qual é a praga alvo.

Caso da Soja

Os principais danos observados na cultura pela lagarta-da-soja ocorrem principalmente na fase larva. Elas podem causar até 100% de perdas.

Cada lagarta tem potencial de consumir até 90 cm² de folhas, até se tornarem pupas. Para o controle biológico da lagarta-da-soja, utiliza-se o Baculovirus anticarsia.

Caso do Milho

Para a cultura do milho, a principal praga é a lagarta-do-cartucho. Ela consegue reduzir a produção em até 52%.

Embora ela cause danos severos na fase reprodutiva da cultura, têm sido relatada causando danos com frequência nas fases iniciais. A lagarta-do-cartucho afeta o estande e a população final de plantas por área.

Para o controle da lagarta, utiliza-se principalmente o Baculovírus spodoptera.

Alguns outros baculovírus também são utilizados, como:

  • Baculovirus erinnyis, desenvolvido para o controle do mandarová da mandioca;
  • Baculovirus condylorrhiza, utilizado no controle da lagarta do álamo;
  • Variações de formulações do Baculovirus anticarsia e Baculovirus spodoptera.

Vantagens, desvantagens e cuidados no uso de baculovírus na agricultura

Os biopesticidas têm vantagens, desvantagens e cuidados durante a aplicação. Confira a seguir cada um deles.

Vantagens do uso de baculovírus

  • Os baculovírus afetam especificamente seu hospedeiro (principalmente lagartas, a depender do tipo de baculovírus). Os inimigos naturais de pragas e doenças presentes no local de cultivo não são afetados;
  • São inofensivos à saúde humana e animal;
  • O uso é muito fácil;
  • Fácil formulação e aplicação. Como consequência, há economia e segurança em relação aos inseticidas químicos;
  • O controle é efetivo. No milho, quando manejado adequadamente, diminui o número de aplicação de inseticidas de 3 a apenas 1.

Desvantagens 

  • Os baculovírus atuam apenas em um pequeno grupo ou único organismo alvo. Assim, para o controle das demais pragas, é necessário usar outros inseticidas;
  • A aplicação requer cuidado no horário em que será realizada. O controle só é eficiente quando há ingestão do produto pelas lagartas

As lagartas da soja se alimentam de noite. Por isso, as pulverizações com produtos a base de baculovírus devem ser realizadas após às 16 horas.

Assim, você também evita a exposição prolongada aos raios ultravioleta, que inativam o vírus. 

Cuidados na aplicação de baculovírus

O monitoramento da lavoura com uso de armadilhas deve estar associado ao manejo das pragas nas culturas

Quando a infestação for muito alta, acima do nível de controle recomendado, há redução da eficiência do produto.

A aplicação de baculovírus na cultura da soja não é recomendada quando o percentual de desfolha for superior a 30% até o período final da floração

Também é contraindicada se a desfolha for maior que 15% após o início do desenvolvimento das vagens (para a cultura da soja por exemplo).

Além disso, as condições climáticas também devem ser observadas. 

Quando houver níveis altos de infestação no início do desenvolvimento da cultura, coincidindo com períodos de estresse hídrico, o produto não deve ser aplicado.

O inseticida à base de baculovírus pode ser fabricado na fazenda?

O bioinseticida formulado a partir do baculovírus pode ser fabricado na própria fazenda.

No entanto, você deve seguir cuidados rigorosos. Além disso, você deve aplicar um produto formulado sobre a cultura antes. Assim, as lagartas utilizadas na sua fabricação terão o vírus.

Passo a passo para fabricação de dose, correspondente para aplicação em 1 hectare:

  • Entre 7 a 10 dias após a aplicação de baculovírus na área de cultivo, colete 50 a 70 lagartas mortas (correspondente a 20 gramas do inseticida) pelo microrganismo;
  • Congele as lagartas e as mantenha assim até a sua utilização;
  • Macere as lagartas congeladas (em quantidades maiores de produto, utilize o liquidificador, quando disponível) e filtre a solução resultante;
  • A solução resultante pode ser congelada imediatamente após a trituração, mas a calda elaborada com adição da solução e da água não pode ser reaproveitada;
  • A quantidade de solução filtrada deve ser diluída em 200 litros de água, correspondente ao volume de água recomendado para aplicação;

Para a aplicação, podem ser utilizados pulverizadores de barra, canhão e avião, desde que o volume da calda não seja inferior a 100 litros. 

Afinal, volumes menores causam o entupimento dos bicos. O formulado aplicado leva em torno de 7 a 9 dias para matar as lagartas.

Planilha de custos dos insumos da lavoura

Conclusão

O controle biológico de pragas é uma alternativa eficiente.

Ele pode ser realizado em diferentes culturas, e é indispensável que você saiba quais espécies controlam a praga alvo.

Embora existam diferentes espécies de baculovírus, a lagarta da soja só é controlada com o Baculovirus anticarsia.

Além disso, não esqueça de observar as condições ambientais e momento certo de desenvolvimento da cultura. Eles são importantes para a eficiência máxima do produto na área de cultivo. 

>> Leia mais: “Guia completo para o manejo da lagarta-preta (Spodoptera cosmioides)

Você já utilizou baculovírus para controlar as pragas na sua fazenda? Compartilhe sua experiência nos comentários!

Saiba como ocorre a germinação das sementes e conheça 11 fatores que influenciam o processo

Como ocorre a germinação das sementes: entenda quais são as etapas, cuidados necessários e como avaliar a germinação do lote

A germinação de sementes é um processo decisivo no estabelecimento da população de plantas em uma lavoura, considerada o primeiro componente de rendimento das culturas.

Informações sobre a germinação de um lote de sementes são importantes. Através delas, você pode calcular a quantidade que deverá ser utilizada na semeadura por área.

Conhecer a porcentagem de sementes de qualidade, que poderão originar plantas vigorosas antes da semeadura, pode te garantir sucesso produtivo das culturas.

Neste artigo, entenda como ocorre o processo de germinação, as etapas envolvidas, além dos fatores que interferem no sucesso da germinação e na produção de sementes!

Como ocorre a germinação de sementes

O processo de desenvolvimento das sementes envolve uma sequência ordenada de eventos. Dentre eles há divisões celulares, acúmulo de reservas e perda de água.

As sementes se desenvolvem, passam pelo repouso fisiológico, criptobiose, quiescência e dormência. Conheça mais sobre cada um desses processos a seguir!

1. Desenvolvimento das sementes

Quando as sementes estão ligadas à planta-mãe, ocorre o acúmulo inicial de açúcares, aminoácidos e amidas.

Depois, moléculas mais complexas são formadas, incluindo proteínas, amido, lipídeos, celulose, dentre outras.

O acúmulo de matéria seca ocorre durante o enchimento das sementes, até que ela atinja o PMF (ponto de maturidade fisiológica). Nesse ponto, a semente possui alta porcentagem de água e é desligada da planta-mãe.

No PMF, a semente possui maior porcentagem de germinação e vigor. A partir dessa fase, é armazenada no campo até que o teor de água seja adequado à colheita.

A partir do PMF, as sementes iniciam seu processo de secagem, e estão suscetíveis a deterioração por umidade, temperatura, pragas e doenças

Elas devem ser colhidas o mais rápido possível e submetidas à secagem em temperatura do ar ideal. Depois disso, devem ser armazenadas em temperatura e umidade relativa do ar baixas, para que sua qualidade seja conservada ao longo do tempo.

Temperatura, umidade e teor de água baixos das sementes reduzem o metabolismo e a respiração, evitando a rápida deterioração.

Tabela com percentual de umidade de espécies em relação à colheita e ao armazenamento de sementes

Percentual de umidade de algumas espécies em relação à colheita e ao armazenamento

(Fonte: Senar, 2018)

2. Repouso fisiológico

O período de repouso fisiológico não ocorre com frequência em sementes que não toleram a dessecação e temperaturas baixas, como as recalcitrantes. Este período está associado às condições ambientais e à espécie.

Esse mecanismo permite que as sementes germinem apenas quando as condições de temperatura e umidade estiverem ideais. 

3. Criptobiose

Na criptobiose, há baixo consumo de água. O teor de água da semente é baixo, e há presença de substâncias inibidoras do metabolismo.

4. Quiescência

Este processo é inibido principalmente por:

  • restrição ou baixo teor de água nas sementes; 
  • baixo consumo de oxigênio;
  • menor atividade enzimática;
  • presença de substâncias inibidoras.

5. Dormência

A dormência das sementes acontece quando elas são expostas a condições ambientais específicas durante o período de maturação.

O período de repouso fisiológico de uma semente antes da germinação envolve a repressão. Isso significa paralisação do crescimento do embrião da semente.

Desta forma, para que a germinação ocorra, é necessária a reativação do crescimento embrionário.

A semente deve ser hidratada, reiniciando os processos anteriores.

Esta reativação depende da disponibilidade de água, que deve ser suficiente. Também depende de condições ideais de temperatura.

O tempo em dias para que ocorra a germinação de uma semente depende da espécie, da cultivar e das condições ambientais.

Representação de eventos que caracterizam o repouso após maturidade das sementes

Representação da sequência de eventos que caracterizam o repouso pós-maturidade fisiológica

(Fonte: Marcos Filho, 2005)

Agora que compreendemos os eventos relacionados ao desenvolvimento das sementes e mecanismos que regulam a sua germinação, evitando que estas germinem ainda em campo, embora em algumas espécies este fenômeno ocorra em determinadas situações, como no trigo, vamos entender quais as etapas estão envolvidas na germinação das sementes e quais fatores que contribuem para o seu sucesso ou insucesso.

Foto de uma espiga de trigo, em que sementes estão germinando.

Germinação de sementes de trigo na espiga, com formação do sistema radicular visível, em decorrência das chuvas no período pré-colheita. A suscetibilidade da germinação ainda na espiga depende da cultivar e condições climáticas vigentes.

(Fonte: Pires, 2017).

Etapas da germinação das sementes

A germinação é caracterizada pelo fim do período de repouso fisiológico. O processo começa com o contato da semente com água.

Na germinação começa o desenvolvimento embrionário, que resulta na formação de uma plântula normal.

A germinação das sementes é caracterizada por três principais eventos metabólicos. Veja mais detalhes na imagem abaixo:

Gráfico que mostra os principais eventos metabólicos da germinação das sementes. O processo é dividido em três fases.

Principais eventos metabólicos que caracterizam a germinação de sementes

(Fonte: Adaptado de Bewley, 1997. In: Marcos Filho, 2005)

11 fatores que afetam a germinação das sementes

O desempenho das sementes é influenciado por fatores relacionados à própria semente e ao ambiente. Confira quais são eles!

1. Vitalidade e viabilidade 

A semente deve ser viável, viva e completamente desenvolvida. Suas características morfológicas e fisiológicas devem estar preservadas. 

Além disso, não deve estar sob interferência de mecanismos que bloqueiam a germinação, como a dormência. Sementes dormentes são consideradas vivas, mas não viáveis.

Logo, antes da implantação de uma lavoura, é indispensável que se conheça o potencial fisiológico de um lote de sementes.

Embora o teste de germinação seja o único obrigatório para os lotes de sementes, é importante saber que elevadas porcentagens no teste de germinação não são garantias de que elevadas germinações a campo.

Ou seja, um lote de sementes pode apresentar elevada germinação e baixo vigor.

Para isso, o teste de vigor pode ser utilizado, para conhecimento do real potencial fisiológico do lote.

2. Longevidade 

Período em que a semente permanece viva. Esta característica é determinada pelo genótipo e influenciada pelo ambiente.

Sementes armazenadas com alto teor de água e em locais com alta umidade relativa do ar deterioram rápido. Isso interfere diretamente na capacidade de germinação.

Além disso, essas sementes devem ser imediatamente submetidas ao processo de secagem. Afinal, a deterioração ocorre de forma rápida em condições de altas temperaturas e umidade.

3. Grau de maturidade

 Os valores máximos de germinação ocorrem na maturidade fisiológica. Nessa fase, há maior acúmulo de matéria seca. 

O ponto de colheita é fundamental para a produção de sementes de alto potencial fisiológico.

4. Dormência

Embora as sementes dormentes estejam vivas, a germinação não ocorre.

Neste caso,  mecanismos (relacionados a temperatura, umidade, concentração e produção de enzimas e fitormônios) devem ser anulados. Só assim a germinação acontece.

Para isso, é importante observar o período de dormência e se a espécie a ser cultivada apresenta esta característica. 

5. Sanidade

Patógenos estabelecem relação com as sementes antes da germinação em campo, na fase de maturação. 

Fungos e bactérias podem estar associados às sementes. Assim, são disseminados para novas áreas.

Além disso, a contaminação por patógenos pode favorecer a deterioração durante o armazenamento. Isso reduz o potencial germinativo e de vigor de um lote de sementes.

Para conhecimento sobre a sanidade de um lote de sementes, o teste de sanidade pode ser solicitado em um laboratório de análise de sementes.

6. Genótipo 

Processos fisiológicos da semente são programados geneticamente durante a sua formação. Por isso, na mesma espécie, podem existir diferenças devido às características do material genético (cultivar) utilizado.

Por isto, o conhecimento sobre as características do material genético utilizado quanto às necessidades de água e condições ambientais é indispensável!

7. Água

 A água é responsável pela retomada da atividade metabólica da semente após a maturidade.

A velocidade da absorção da água é diferente entre as espécies. Ela não deve acontecer de forma rápida, pois provoca danos às sementes.

Em sementes em deterioração avançada a absorção é mais rápida.

Conteúdo de água necessário para que o processo de germinação ocorra

(Fonte: Adaptado de Peske; Rosenthal; Rota, 2003)

As relações entre sementes e água no solo também são importantes. O excesso provoca problemas relacionados às trocas gasosas e danos relacionados à absorção.

Em solos com pouca disponibilidade de água, há redução da velocidade da germinação, estande desuniforme e estabelecimento da população de plantas.

Por isso, é importante conferir a umidade do solo antes da semeadura e se esta encontra-se abaixo do ideal, a conferência das previsões meteorológicas de chuva e temperaturas devem ser realizadas.

No caso de previsões de chuvas próximas, a semeadura pode ser realizada sem maiores problemas. 

8.Temperatura

A germinação pode ocorrer em amplas faixas de temperatura. Porém, a temperatura ótima para a maioria das espécies cultivadas é entre  20 °C e 30 °C.

Tabela com temperatura mínima do solo e temperaturas cardinais necessárias para ocorrer a germinação de sementes

Temperatura mínima do solo e temperaturas cardinais para que ocorra a germinação da semente de algumas espécies cultivadas

(Fonte: Peske; Rosenthal; Rota, 2003)

Para a cultura da soja, por exemplo, excesso de água, combinados com temperaturas elevadas, podem resultar no tombamento de plântulas e comprometer a germinação.

9. Oxigênio

É indispensável para as reações de oxidação das reservas. O oxigênio disponibiliza energia para o desenvolvimento do embrião.

Desta forma, em ambientes muito úmidos, o processo germinativo é influenciado negativamente.

10. Luz

A luz não é um fator determinante para a maioria das espécies.  Espécies como alface, gramíneas e forrageiras, em contrapartida, são beneficiadas pela presença de luz.

11. Promotores químicos

Nitrato de potássio, água-oxigenada, ácido sulfúrico e os fitormônios (produzidos pelas plantas em pequenas quantidades) auxiliam ou bloqueiam a germinação das sementes.

No caso dos fitormônios, as auxinas favorecem o crescimento da raiz primária e do caule. As giberelinas favorecem a expansão celular e o crescimento da plântula. 

Citocininas estimulam a divisão celular, e o etileno está envolvido na superação da dormência de várias espécies.

Como avaliar a germinação de um lote de sementes?

Para conferir o potencial germinativo de um lote, diferentes métodos podem ser empregados. O teste de germinação em canteiros é o método mais utilizado entre produtores.

Confira o passo a passo:

  1. Adicione uma camada de 10 cm a 15 cm de solo em um canteiro;
  1. Abra sulcos de 3 cm de profundidade (consulte a profundidade recomendada para a semeadura da espécie a ser avaliada. Os 3 cm são adequados à cultura da soja);
  1. Acomode as sementes nos sulcos, que deverão ter de 1,5 cm a 2 cm de comprimento;
  1. Utilize um espaçamento de 10 cm a 15 cm entre os sulcos;
  1. Recubra as sementes com solo, de modo que o máximo da profundidade seja de 4 cm;
  1. Realize a semeadura de 4 repetições de 100 sementes por amostra a ser testada;
  1. Cada repetição deverá ser semeada em um sulco.
Foto de um canteiro com plântulas de soja em fileiras

Canteiro para avaliação da emergência de plântulas de soja

(Fonte: Kryzanowski; França-Neto; Henning, 2018)

Avaliação da germinação

A contagem do percentual de emergência de plântulas pode ser realizada em dois momentos. O tempo também varia conforme a espécie.

Germinação de sementes de diferentes espécies e indicações de substratos para o teste de germinação, faixa de temperatura e tempo em dias para a primeira e última contagem de sementes germinadas.

Germinação de sementes de diferentes espécies e indicações de substratos para o teste de germinação, faixa de temperatura e tempo em dias para a primeira e última contagem de sementes germinadas. Substratos: RP=Rolo de Papel; SA= Sobre Areia; EP=Entre Papel; EA=Entre Areia

(Fonte:  Regras para Análise de Sementes, 2009)

Para a avaliação, conte as plântulas que surgiram no solo por cada repetição de 100 sementes. Depois, some todas as 4 repetições do lote e calcule a média de germinação do lote.

A contagem final deverá ser realizada no 8º ou 9º dia após a semeadura.

Cuidados na implantação do teste de germinação em canteiros

  • Não conduza o teste em canteiros de hortas domésticas;
  • Nos canteiros, utilize solo de área de lavoura. Colete em camada superficial de 0 – 20 cm de profundidade;
  • O solo não deve conter inóculo de patógenos ou pragas da lavoura;
  • O solo deverá estar seco e de preferência ser peneirado;
  • O solo não deve ser reaproveitado em outros testes;
  • Para facilitar o processo de semeadura nos canteiros e garantir o espaçamento recomendado, utilize uma régua guia perfurada.

13 dicas para obter sementes de qualidade 

Existem uma série de processos que devem ser seguidos para obter qualidade das sementes. 

As vantagens do pré-condicionamento são a rápida e uniforme germinação (se o lote de sementes possui alto potencial fisiológico e vigor). O resultado disso é bom desenvolvimento e maturação uniforme.

  1. Em época de semeadura, a maturidade em período de chuva pode prejudicar a semente. Programe a semeadura para maturidade em período seco;
  2. O manejo de água também é importante. A seca durante o desenvolvimento prejudica a qualidade da semente, então maneje a irrigação corretamente;
  3. Plantas daninhas podem dificultar a colheita e interferir na qualidade das sementes. Elimine-as do estande da cultura quanto antes;
  4. Picadas de insetos podem prejudicar sementes, sobretudo as de soja. Pulverize com inseticida caso a população seja alta, e comece cedo;
  5. Existem doenças que reduzem a germinação, então utilize variedades resistentes, escolha locais com baixa incidência e realize o tratamento de sementes adequado;
  6. Não atrase a colheita! Inicie assim que as sementes debulharem ou atingirem o teor de água ideal para esta operação;
  7. Faça o monitoramento de pragas e doenças durante o cultivo;
  8. Escolha o material genético mais apropriado para as condições ambientais da região. Considere a tolerância ao estresse hídrico, caso na sua região períodos de estiagem sejam comuns;
  9. Monitore o ponto de colheita ideal. As sementes devem estar com teor de água que não provoque trincamentos (teor de água baixo: 13% para soja) ou amassamentos (teor de água alto: 18% para soja);
  10. Cuide da velocidade e regulagem da colheitadeira, além da rotação do motor adequada. Rotações do cilindro superiores a 450rpm provocam em soja com 22% de teor de água danos mecânicos. Com umidade da semente mais alta, a velocidade do cilindro pode ser entre 400 e 700rpm;
  11. A umidade da semente varia, a depender das horas do dia. Ela é maior no período da manhã e menor durante a tarde;
  12. A colheita deve ser realizada o mais próximo possível do ponto de maturidade fisiológica;
  13. A depender da espécie cultivada, as sementes podem ser pré-condicionadas através do umedecimento prévio controlado. Assim, elas reiniciam os processos metabólicos sem haver protusão da radícula e podem ser semeadas, garantindo maior uniformidade e estande a campo.
Planilha de custos dos insumos da lavoura

Conclusão

A germinação é um processo complexo, que depende de fatores intrínsecos (associados à própria semente)  e ambientais.

Conhecer as necessidades das culturas é importante, principalmente na produção de sementes de alto potencial fisiológico. Isso também vale para a implantação de uma lavoura.

Faça a avaliação de germinação de sementes para garantir uma lavoura sadia e produtiva. E na dúvida, consulte um engenheiro-agrônomo.

>>Leia mais: “Sementes esverdeadas: 3 causas mais comuns e dicas para evitá-las

Genética na agricultura: veja como ela vai mudar sua lavoura

Restou alguma dúvida sobre como ocorre a germinação das sementes? Envie a sua abaixo! 

Como o tratamento de plasma em sementes pode impulsionar a germinação

Tratamento de plasma em sementes: entenda como funciona, como controla patógenos e melhora a produtividade das culturas agrícolas

Diversos avanços têm sido alcançados nos últimos anos na área de sementes. Afinal, elas estabelecem o estande inicial de plantas e impactam na produtividade da lavoura.

A qualidade das sementes pode ser conservada ao longo do armazenamento. No entanto, não pode ser recuperada.

A aplicação de técnicas de plasma tem demonstrado resultados animadores na qualidade de sementes. Na soja, o plasma pode aumentar a germinação e vigor das sementes, além de reduzir a infecção por fungos.

A seguir, saiba mais como funciona o tratamento de sementes com o plasma frio, vantagens, desvantagens, e como ela pode melhorar os lotes de sementes! Boa leitura.

O que é o tratamento de plasma em sementes

O tratamento de sementes por plasma frio consiste na adição de gases à superfície das sementes. Esses gases podem ser oxigênio ou nitrogênio, que modificam as propriedades das sementes.

Nesse processo, ocorre uma diminuição significativa do ângulo de contato aparente das sementes. Isso melhora a absorção de água e a germinação.

Há três tipos de técnicas de plasma: 

  • LPRF (Plasma de radiofrequência de baixa pressão);
  • DBD (Descarga de barreira dielétrica plasma atmosférico);
  • Jato de plasma.

Tratamento de sementes a plasma frio

Também conhecido como plasma não térmico, é caracterizado por uma mistura de gás neutro, gás ionizado e diferentes moléculas excitadas. 

Isso inclui as ROS (espécies reativas de oxigênio) e RNS (espécies reativas de nitrogênio), elétrons e partículas positivas carregadas.

ROS e RNS estão envolvidas em uma série de funções regulatórias em plantas, como:

  • metabolismo;
  • sinais químicos;
  • transporte e absorção de nutrientes;
  • germinação;
  • senescência (perda de atividade);
  • tolerância a estresse hídrico, estresse térmico, e outros causados por microrganismos, pragas, salinidade.

O plasma frio é gerado da seguinte forma: 

  1. Ocorre uma descarga da barreira de baixa pressão;
  2. O reator da barreira está inserido em uma câmara de vácuo, constituída por dois eletrodos e um vidro;
  3. Sementes são depositadas no vidro;
  4. A pressão é reduzida (a depender da espécie) por uma bomba de vácuo;
  5. A válvula 1 é fechada e a válvula 2 aberta (conforme imagem a seguir);
  6. As sementes são tratadas através da regulação da potência de saída da fonte de alimentação de plasma.
Imagem esquemática de um dispositivo para tratamento de sementes com plasma a frio

Imagem esquemática de um dispositivo para tratamento de sementes com plasma a frio

(Fonte: traduzido de Li e colaboradores, 2021)

A potência e duração do tratamento das sementes variam, a depender da espécie. 

LPRF (Plasma de radiofrequência de baixa pressão)

É uma técnica tradicional, utilizada principalmente para a inativação de determinadas enzimas.

A técnica inativa microrganismos, especialmente os causadores de doenças em plantas. 

Também é útil na alteração das propriedades de afinidade pela água das sementes. Dessa forma, ajudam na absorção de água e na germinação das mesmas.

DBD (Descarga de barreira dielétrica plasma atmosférico)

É um tipo de plasma frio operado em atmosferas de pressão, gerando raios ultravioletas e elétrons variados. Para isso, não é necessário o uso de gases especiais, ou equipamentos de vácuo.

Jato de plasma

É também uma categoria de plasma frio, de fácil operação em diferentes potências e pressões atmosféricas. Conta com diferentes gases que podem influenciar positivamente nas propriedades físicas, químicas e biológicas das sementes.

Esquema do jato de plasma (a) e imagem do tratamento de sementes de arroz com o plasma (b)

Esquema do jato de plasma (a) e imagem do tratamento de sementes de arroz com o plasma (b)

(Fonte: traduzido de Billah e colaboradores, 2021)

Tabela com tipos de plasma disponíveis e suas principais características quanto a pressão, quantidade de amostras processadas e custo

Tipos de plasma disponíveis e suas principais características quanto a pressão, quantidade de amostras processadas e custo

(Fonte: Sarapirom; Yu, 2021)

Vantagens e desvantagens do tratamento de plasma

Dentre os benefícios e vantagens, destacam-se:

  • Atraso na perda da atividade dos cotilédones das mudas tratadas. Isso garante maior vigor e tolerância a estresses;
  • Aumento da taxa de germinação de sementes e redução dos patógenos contaminantes;
  • Pode aumentar a biomassa seca das plantas em até 45%. Também pode ser utilizado em áreas com elevadas concentrações de Cádmio;
  • Pode promover resistência de sementes ao frio;
  • Pode recuperar a dormência de sementes.
  • Inibição de fungos na pós-colheita de grãos e sementes,  devido à perda da integridade da membrana plasmática.

A principal desvantagem da técnica é a acessibilidade e aplicação restrita. Ela só é empregada em pequenas escalas e principalmente ao nível científico. 

Os laboratórios que aplicam e estudam a tecnologia de plasma no Brasil são recentes. Eles têm menos de 15 anos de operação.

Aplicação na agricultura e objetivos

A aplicação dos diferentes tipos de plasma na agricultura vem ganhando visibilidade. Afinal, novos estudos vêm sendo realizados.

No quadro a seguir é possível observar que, a depender da espécie, utiliza-se determinada potência, tempo de exposição e tipo de plasma

Essas escolhas são feitas em função dos objetivos do tratamento a ser realizado.

(Fonte: Pizá, legatechnics, Li, Sarapiron, Daiber, Gomi, Billah, Karkamar)

Locais em que o tratamento de sementes com plasma pode ser feito

O tratamento de plasma em sementes tem sido realizado em locais específicos e com direcionamento inicial para a pesquisa.

Em breve, deverá estar disponível no mercado, mas até o momento não pode ser realizado diretamente na fazenda.

A técnica exige equipamento e gases específicos para sua manipulação.

Para aplicação e possíveis parcerias com instituições de pesquisa, você deve entrar em contato com as instituições da sua região.

Veja os principais laboratórios que abordam a tecnologia do tratamento de sementes com plasma:

Planilha de custos dos insumos da lavoura

Conclusão

O tratamento de sementes a plasma é uma técnica promissora e viável para diferentes espécies de interesse agrícola. 

Ele pode ser utilizado para acelerar o processo germinativo, expondo por menos tempo as sementes no solo aos patógenos e condições ambientais adversas.

A técnica também pode ajudar na recuperação da dormência de algumas sementes. Assim, a germinação acontece e há aumento da vida de prateleira em pós-colheita.

No momento a aplicação da tecnologia é restrita, mas em breve pode estar disponível em larga escala. 

Ela será grande aliada no tratamento de sementes, especialmente por ser uma tecnologia limpa.

>> Leia mais:

Tratamento de sementes na fazenda ou industrial? Faça a melhor escolha!

Coinoculação: como a prática pode aumentar a produtividade da soja

Sementes piratas: porque elas são um risco para sua lavoura

E você? Já leu a respeito do tratamento de plasma em sementes? Ficou com alguma dúvida? Vou adorar ler o seu comentário!

Como a irrigação de precisão pode otimizar o uso da água e gerar economia na fazenda

Irrigação de precisão: entenda como ela funciona, quais tecnologias utiliza e quais benefícios pode trazer para a sua fazenda

A irrigação é indispensável para obter boas produtividades nas culturas de interesse agrícola. Nos últimos anos, a água tem estado escassa, devido a longos períodos sem chuvas

Quando esses períodos acontecem em fases críticas das culturas, reduzem suas produtividades em mais de 50%.

As culturas necessitam de água e os reservatórios  precisam se manter em níveis operacionais. Dessa forma, é importante o uso racional. A irrigação de precisão é uma alternativa de uso controlado desse recurso.

Neste artigo, você saberá mais sobre a irrigação de precisão, como ela funciona e quais as tecnologias disponíveis para melhor aproveitamento da água nos cultivos da sua lavoura!

Importância da irrigação dos cultivos

O estresse hídrico restringe a produtividade das culturas no Brasil. Ele é caracterizado por períodos prolongados de estiagem em épocas críticas.

Na safra 2019/2020, no Sul do país, as culturas da soja e milho tiveram grandes reduções na produtividade devido a esse problema

Para a cultura da soja, por exemplo, houve impacto na qualidade das sementes produzidas. A combinação de altas temperaturas e seca interferiram no enchimento dos grãos.

A safra foi marcada pela produção de sementes verdes. Esse fenômeno foi causado pelo estresse hídrico e pelas altas temperaturas.  Como consequência, houve a morte precoce das plantas.

Suplementar a água para as culturas é indispensável, principalmente nas fases críticas, como o enchimento dos grãos. Além disso, a água é fundamental para que a planta faça a fotossíntese corretamente.

Outro agravante é o impacto da escassez de chuvas nos recursos hídricos disponíveis. Com as chuvas restritas os reservatórios também diminuem, tornando essencial o uso inteligente da água, através da irrigação de precisão.

O que é irrigação de precisão?

A irrigação de precisão é a prática de fornecer água às culturas de forma eficiente

Isso acontece através de sistemas automatizados que levantam dados ao longo da lavoura, considerando a variabilidade da área.

As plantas recebem água na quantidade, momento e local da lavoura mais adequado. Custos consideráveis são reduzidos com a prática, quando comparado a sistemas manuais de acionamento das águas, que não consideram a variabilidade da área.

Atualmente, mais de 8,2 milhões de hectares estão equipados para irrigação, (em 2017 eram 7 milhões). Esse número equivale a 8,2 milhões de estádios de futebol. 

Dessa quantidade, 35% é irrigada com águas de reúso e 65% com água de mananciais. Isso exige dos sistemas produtivos o uso de tecnologias que permitam maior eficiência e racionalidade no uso da água.

A eficiência e racionalidade podem ser obtidas pela irrigação de precisão, utilizando ferramentas da agricultura 4.0

Inteligência artificial com sistemas automatizados e sensores são exemplos, porque acionam a irrigação em função das condições ambientais e necessidades da cultura.

Como a irrigação de precisão funciona

A irrigação de precisão funciona por sensores plugados ao solo, plantas, equipamentos e máquinas. Eles coletam informações que vão além da percepção humana.

A internet das coisas ajuda na conexão dos dados coletados pelos sensores

A inteligência artificial, presente nos equipamentos e controladores, analisa rapidamente o grande volume de dados gerados a partir de algoritmos. Ela toma decisões com rapidez e precisão

Fluxograma que explica o funcionamento de um algoritmo de controle de irrigação.

Fluxograma de um algoritmo de controle de irrigação

(Fonte: Adaptado de Casadeus e colaboradores, 2012. Em: Vasconcelos, 2013)

Nos diferentes pontos da lavoura, estão localizados sensores em profundidade. 

Eles cruzam os dados das condições da lavoura com os dados obtidos pelas previsões meteorológicas. Assim, acionam a irrigação em pontos específicos da lavoura.

O que os sensores utilizados no campo incluem

  • Estações meteorológicas: para avaliação da radiação solar, evapotranspiração da cultura, umidade relativa do ar, velocidade e direção do vento, temperatura, precipitação e pressão atmosférica;
  • Telemetria: comanda, rastreia e mede as informações à distância, através de dispositivos de comunicação sem fio. Incluem os rádios, celulares, notebooks e satélites.
  • Sensores de umidade do solo: medem o conteúdo volumétrico de água indiretamente. Além disso, medem textura, densidade do solo e das partículas, porosidade total, aeração, condutividade hidráulica e retenção de água no solo. São importantes, pois a umidade é um fator de decisão no acionamento da irrigação.
  • Sensores multiespectrais, hiperespectrais e térmicos: podem ser empregados a partir do monitoramento adicional das áreas com veículos aéreos não tripulados (VANTs). Eles identificam quais locais do cultivo sofrem maior estresse hídrico (fornecem dados para cálculo de índices de vegetação, como o NDVI).

Em sistemas tradicionais, a água é acionada em quantidades uniformes ao longo da lavoura.

Na irrigação de precisão, a água é disponibilizada em pontos estratégicos, economizando energia elétrica e a própria água.

localização onde os pivôs são acionados, em função das características do solo (topografia, tipo de solo, etc.). Alguns locais não recebem água e outros recebem em quantidades variáveis.

Esquema de funcionamento de pivôs de irrigação inteligente. É possível observar haver distinção da quantidade e localização onde os pivôs são acionados, em função das características do solo (topografia, tipo de solo, etc.). Alguns locais não recebem água e outros recebem em quantidades variáveis

(Fonte:  Lindsay, em: Venancio, 2019).

Vantagens da irrigação de precisão inteligente 

  • Fornecimento inteligente de água em local, quantidade e momento adequados;
  • Economia elétrica, como redução no custo de bombeamento;
  • Redução no uso da água de irrigação;
  • Aumento da produtividade pelo fornecimento de água em estádios críticos da cultura;
  • Lucro de cerca de U$ 87 dólares/hectare, equivalente a mais de R$ 448.

Desvantagens da irrigação de precisão

  • Custo alto com instalação. São necessárias grandes extensões de tubulação para implantação em toda área de cultivo;
  • É necessário acompanhamento técnico e monitoramento do sistema para correção de eventuais problemas;
  • A depender do sistema, há ainda possibilidades de entupimento. Por isso, é preciso fazer acompanhamento diário;

Você também deve consultar a legislação vigente para obtenção de licenciamento do órgão ambiental. Além disso, o início da implementação de projeto de irrigação dependerá de prévia concessão de outorga de direito de uso de recursos hídricos.

Quais tecnologias podem ser utilizadas na irrigação de precisão

Em superfície

Neste sistema, são utilizadas:

  • sondas de solo em diferentes profundidades; 
  • drones com câmeras térmicas ou multiespectrais (que também coletam dados dos demais sensores);
  • estação climatológica.

Os dados são interligados e processados em nuvem. Em seguida, são transmitidos para a sede da fazenda através da internet.

Depois, os dados são processados e interpretados por algoritmos inteligentes. 

Eles  consideram o histórico da produção agrícola, os dados meteorológicos e os modelos de culturas (evapotranspiração e estádio de desenvolvimento da cultura).

Esquema demonstrativo de um sistema de irrigação baseado em pivô central. Estes sistemas podem ser com ou sem monitoramento por drones.

Esquema demonstrativo de um sistema de irrigação baseado em pivô central. Estes sistemas podem ser com ou sem monitoramento por drones

(Fonte: Kamienski; Visoli, 2018)

Áreas irrigadas por pivôs centrais acionados por controladores que coletam e processam dados dos sensores de solo e estações meteorológicas

Áreas irrigadas por pivôs centrais acionados por controladores que coletam e processam dados dos sensores de solo e estações meteorológicas

(Fonte: Lindsay)

Aqui no blog, nós já falamos quando vale a pena investir em um pivô central

Se quiser também estimar os custos dessa forma de irrigação na sua lavoura, clique na imagem a seguir para baixar uma planilha gratuita! 

planilha custos de pivô Aegro

Rega por aspersão

Na rega por aspersão, são instalados aspersores ao longo da área, conectados a sensores de umidade do solo. 

Através da análise de dados complementares (meteorológicos), como nos demais sistemas, são acionados conforme a necessidade.

Esquema do funcionamento de um aspersor automático sequencial de precisão. Internamente ao sensor existe uma boia acionada na liberação da água, quando necessário. Desta forma, o sistema permanece em operação por tempo relacionado à necessidade da cultura.

Esquema do funcionamento de um aspersor automático sequencial de precisão. Internamente ao sensor existe uma boia acionada na liberação da água, quando necessário. Desta forma, o sistema permanece em operação por tempo relacionado à necessidade da cultura

(Fonte: Grah, 2011)

Gotejamento superficial e gotejamento enterrado

Através de sistemas com sensores e controladores automatizados, é possível identificar os locais que exigem acionamento da irrigação. Assim, você pode fornecer água racionalmente às culturas. 

O gotejamento pode ser controlado para maior ou menor vazão e também em relação à localização no campo de produção. Isso pode depender das condições de umidade do solo e das previsões meteorológicas vigentes.

Exemplo do funcionamento de um sistema de gotejamento inteligente. Cada linha possui um controlador acionado através da análise de dados de sensores de umidade do solo, por exemplo. O controlador restringe ou permite a passagem da água, realizando a irrigação da área quando necessário e no tempo (quantidade de água) necessária.

Exemplo do funcionamento de um sistema de gotejamento inteligente. Cada linha possui um controlador acionado através da análise de dados de sensores de umidade do solo, por exemplo. O controlador restringe ou permite a passagem da água, realizando a irrigação da área quando necessário e no tempo (quantidade de água) necessária

(Fonte: Duarte, 2010)

Outro exemplo prático é o servogotejador, desenvolvido pela Embrapa.

Ele é um sistema de gotejadores ligados a sensores pneumáticos do estado da água no solo e das plantas. O sistema vem sendo aperfeiçoado especialmente em culturas perenes, como citros e videira e em cultivos hortícolas.

O sistema de gotejamento tem o menor índice de desperdícios. No entanto, a irrigação de precisão pode otimizar ainda mais essa tecnologia

Conclusão

O estresse hídrico, cada vez mais frequente nos anos agrícolas, é problemático. Ele reduz a  produção e a qualidade das culturas.

A otimização deste recurso necessário para a manutenção da vida humana, animal e vegetal pode se dar na agricultura, através da irrigação de precisão.

O aumento da demanda de alimentos e de água para os cultivos agrícolas vem acompanhada de soluções inteligentes

Elas permitem utilizar a água na agricultura de forma localizada, em quantidade e tempo necessários em função das condições meteorológicas e uso de sensores.

A irrigação de precisão é uma alternativa viável, que permite reduzir muito os custos de utilização da água e de energia elétrica. Por isso, vale a pena considerar seu uso na sua propriedade.

>> Leia mais: “Saiba como usar e lucrar com a energia solar na agricultura

“Irrigação por superfície: veja se a prática é boa para sua fazenda”

“Proirriga: saiba como financiar a irrigação da fazenda”

Ficou com alguma dúvida sobre a irrigação de precisão? Já faz o uso das tecnologias  na sua lavoura? Adoraria ler seu comentário!

O que é irrigação de precisão?

A irrigação de precisão é a prática de fornecer água às culturas de forma eficiente através de sistemas automatizados que levantam dados ao longo da lavoura, considerando a variabilidade da área. Com isso, as plantas recebem água na quantidade, momento e local da lavoura mais adequado.

Quais as vantagens da irrigação de precisão?

As principais são: fornecimento inteligente de água em local, quantidade e momento adequados; economia elétrica, como redução no custo de bombeamento; redução no uso da água de irrigação; aumento da produtividade pelo fornecimento de água em estádios críticos da cultura; lucro de cerca de U$ 87 dólares/hectare, equivalente a mais de R$ 448.

Quais tecnologias podem ser utilizadas na irrigação de precisão?

Algumas delas são, em superfície, rega por aspersão, gotejamento superficial e gotejamento enterrado.

Como a agricultura preditiva e autônoma pode impulsionar sua lucratividade

Agricultura preditiva e autônoma: como ela pode auxiliar na detecção de pragas e doenças, na aplicação de insumos, e quais tecnologias fazem parte deste novo cenário do agro

Você já deve ter ouvido falar em agricultura 4.0, não é mesmo?! 

Os avanços e conectividade entre todas as etapas do processo produtivo e a geração de grande volume de dados fazem parte dela.

Até 2022, estima-se que estaremos na agricultura 5.0.

As novas tecnologias permitem que você e o consumidor final acompanhem todas as etapas de produção em tempo real. Isso é possível com a ajuda da inteligência artificial e de máquinas agrícolas.

Esses e muitos outros avanços tecnológicos fazem parte de uma agricultura preditiva e autônoma.

Neste artigo, você verá como ela funciona e quais tecnologias podem ser utilizadas para reduzir custos e otimizar a aplicação de insumos na sua propriedade! Boa leitura!

Mudanças nos mercados agrícolas e perspectivas futuras

São notáveis os grandes avanços do agro. 

Nos últimos dois anos, houve facilitação da conexão com os consumidores finais. 

Além disso, os modelos de mercados digitais e a aplicação de insumos na produção agrícola também vêm sendo otimizados.

Essa otimização busca aumentar a produtividade das áreas. Além disso, busca uma aplicação mais sustentável, com menores danos ao meio ambiente e maior retorno econômico.

O Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) indica que a produção brasileira de grãos deve ultrapassar os 300 milhões de toneladas nas safras 2028/2029.

Através das novas tecnologias, você pode obter maiores produtividades e retorno econômico sem haver maior disponibilidade de áreas agricultáveis.

Com as restrições impostas pelo novo coronavírus, as mudanças que já estavam sendo implementadas a ritmo lento aceleraram.

O mercado precisou se aproximar dos consumidores, que mudaram suas percepções sobre a alimentação. Com consumidores internos e externos mais exigentes, o agro precisou avançar.

A rastreabilidade das culturas e a otimização dos processos produtivos são alguns desses avanços. Eles visam à aplicação mais eficiente de insumos e redução de danos ambientais.

Com essas mudanças, a agricultura preditiva e autônoma também sofreu avanços importantes.

O que é a agricultura preditiva e autônoma?

A agricultura preditiva e autônoma é uma técnica de análise de dados, através de algoritmos e inteligência artificial. Esses dados auxiliam no entendimento e previsão do comportamento de variáveis importantes durante o cultivo.

Essas variáveis incluem:

  • o comportamento do clima, como temperatura e precipitações;
  • ocorrência de doenças nas diferentes culturas (incluindo o comportamento destas  quando realizada a rotação de culturas);
  • fertilidade;
  • desempenho de máquinas.

O acompanhamento em tempo real dos dados gerados pelas máquinas, por exemplo, permite observar e prever problemas.

Assim, é possível realizar a manutenção prévia e evitar que problemas ocorram em épocas de maior demanda, como em semeaduras e/ou colheitas.

Além disso, é possível prever estágios vegetativos e reprodutivos da cultura (fases) e as variáveis climáticas. Dessa forma, pode-se planejar que a fase mais crítica não coincida com períodos em que estresses na cultura possam ocorrer.

A agricultura preditiva e autônoma coleta dados de máquinas e equipamentos e através da inteligência artificial e big data toma decisões.

Em condições de chuvas e temperaturas desfavoráveis, tratores autônomos podem suspender suas atividades.

Também existem os pulverizadores inteligentes

Com a junção de tecnologias baseadas em imagens e inteligência artificial, eles podem aplicar herbicidas apenas em plantas daninhas.

Quando as daninhas não são detectadas, os bicos de pulverização são desativados.  Essa é uma forma de economizar grandes quantidades de produtos e recursos. 

Além disso, também é possível controlar: 

Exemplo do funcionamento de um pulverizador com sensor de infravermelho. A máquina se desloca, detecta a planta através do infravermelho (que permite inclusive a aplicação noturna), aciona os bicos correspondentes apenas onde há presença de plantas daninhas e posteriormente desaciona o bico, economizando produtos

Exemplo do funcionamento de um pulverizador com sensor de infravermelho. A máquina se desloca, detecta a planta através do infravermelho (que permite inclusive a aplicação noturna), aciona os bicos correspondentes apenas onde há presença de plantas daninhas e posteriormente desaciona o bico, economizando produtos
(Fonte: Smartsensing Brasil)

Recursos da agricultura preditiva

Para entender melhor como a agricultura preditiva funciona na prática, alguns conceitos precisam ficar claros. Entenda a seguir a definição de cada um.

Inteligência artificial

A inteligência artificial usa um conjunto de dados para que as máquinas operem tomando decisões.

Desta forma, dados são inseridos no sistema da máquina, que é treinada. Ela aprende a executar tarefas de forma inteligente, próximo ao que a mente humana é capaz de realizar.

As máquinas também são capazes de analisar grande volume de informações.

Internet das coisas 

A Internet das Coisas é a conexão entre dois pontos. Pode ser, por exemplo, entre uma máquina agrícola e o usuário da internet. Os dados gerados na máquina são encaminhados a uma base.

Esta conexão é possível através de GPS, bluetooth e softwares. Os dados podem ser encaminhados à base sem que haja uma conexão com a internet no momento da transmissão. 

Eles ficam armazenados em uma “nuvem digital”.

Machine learning

Em tradução literal, machine learning significa aprendizado de máquinas.

Os algoritmos analisam grandes volumes de dados e identificam soluções ou padrões de comportamento. A machine learning está associada à inteligência artificial.

Algoritmos

Algoritmos são uma sequência de ações executáveis, previamente delineadas. Incluem uma série de raciocínios e instruções que resolvem um problema.

Big data

Big data é um conjunto amplo e complexo de dados. Eles só podem ser interpretados e analisados a partir do seu processamento.

Tecnologias que fazem parte da agricultura preditiva e autônoma

Transborno, logística e transporte em colheitas

Nestas operações, a agricultura preditiva e autônoma auxilia no descarregamento de caminhões e no envio para novas descargas.

O tempo entre os processos pode ser otimizado, sem que haja atrasos em operações de colheita, carga e descarga.

Sensores

Os sensores na agricultura são utilizados de forma independente, e incluem:

  • detecção do nível da água;
  • temperatura do solo;
  • teor de nutrientes e previsão do tempo.

Em função dessas variáveis, alguns acionamentos através de microcontroladores são realizados. Por exemplo, no caso da irrigação por gotejamento.

Sensores imageadores, como a tecnologia de câmeras RGB; multiespectrais (incluindo o infravermelho próximo) e hiperespectrais são utilizados.

Os sensores imageadores detectam mudanças na vegetação, e as imagens são geradas através de:

Essas imagens são posteriormente processadas por softwares computacionais. As mudanças na vegetação podem indicar e monitorar:

  • o surgimento de doenças;
  • ocorrência de pragas;
  • presença de plantas daninhas;
  • estresses nutricionais e hídricos;
  • falhas de semeadura.

Monitorando a lavoura em tempo real, as ações de correções e de tratamentos podem ser localizadas. O efeito disso é a redução de custos e dos impactos negativos ao meio ambiente.

As correções podem ser feitas no caso de pragas e doenças, e até mesmo controle de plantas daninhas.

Distribuição espacial de características de crescimento e fatores ambientais para identificação de áreas anormais no monitoramento de habitat, para avaliar as distribuições de doenças de culturas com base em imagens de satélite e processamento digital de imagens.

Distribuição espacial de características de crescimento e fatores ambientais para identificação de áreas anormais no monitoramento de habitat, para avaliar as distribuições de doenças de culturas com base em imagens de satélite e processamento digital de imagens.
(Fonte: Yuan et al., 2017)

A junção de informações de imagens com variáveis ambientais estima os locais favoráveis para ocorrência de doenças. Veja o mapa a seguir:

Mapa de habitat adequado para ocorrência de doenças, baseado em variáveis climáticas e imagens de satélites. Em verde, áreas inadequadas para ocorrência, em vermelho, áreas adequadas para ocorrência.

Mapa de habitat adequado para ocorrência de doenças, baseado em variáveis climáticas e imagens de satélites. Em verde, áreas inadequadas para ocorrência, em vermelho, áreas adequadas para ocorrência.
(Fonte: Yuan et al., 2017)

Robótica e automação

No campo da robótica e automação, há diversos exemplos de aplicação.

Com a capina a laser, uma luz infravermelha desorganiza as células das plantas daninhas. Os feixes de luz são controlados por computador;

Com sistemas de irrigação automatizados, sensores que geram dados de evapotranspiração de água no solo são acionados conforme necessidade da cultura.

Eles consideram inclusive os estádios de desenvolvimento. Em estádios reprodutivos, por exemplo, a demanda hídrica da grande maioria das culturas é maior.

Também é possível realizar o monitoramento de fazendas.

Esquema ilustrativo de como a Inteligência Artificial é utilizada em conjunto com a internet das coisas em sistemas de controle de irrigação e predição de ocorrência de pragas e doenças.

Esquema ilustrativo de como a Inteligência Artificial é utilizada em conjunto com a internet das coisas em sistemas de controle de irrigação e predição de ocorrência de pragas e doenças.
(Fonte:. Debauche et al., 2020)

Vantagens e desvantagens da agricultura preditiva e autônoma

Assim como toda tecnologia, a agricultura preditiva e autônoma possui vantagens e desvantagens.

Vantagens

Uma agricultura preditiva e autônoma possibilita prever comportamentos e eventos futuros. Assim, resoluções podem ser antecipadas. 

A possibilidade de aplicações localizadas também é vantajosa. Com o uso da agricultura de precisão, os custos e impactos ao meio ambiente são reduzidos.

Desvantagens

Essa tecnologia ainda é de difícil acesso. 

Essa dificuldade é devido à falta de recursos financeiros, de conhecimento e profissionais qualificados que possam auxiliar na implantação de ferramentas.

A utilização de uma agricultura preditiva e autônoma não é reduzida apenas ao uso de máquinas e implementos de última geração. 

Ela pode ser praticada a partir de ferramentas acessíveis. Sensores, imagens de sensoriamento remoto e dados climáticos são algumas delas.

Porém, essas ferramentas exigem que o profissional seja capaz de analisar e extrair dados relevantes. 

guia - a gestão da fazenda cabe nos papéis

Conclusão

Neste artigo, você viu o que é a agricultura preditiva e autônoma, e quais ferramentas estão associadas a ela. As tecnologias podem prever as safras e monitorar em tempo real o desenvolvimento do seu cultivo.

Essas ferramentas também fazem parte da agricultura de precisão. Sensores são utilizados na aplicação de insumos em taxas variadas e na aplicação de tratamentos fitossanitários.

A junção dessas ferramentas tecnológicas pretendem reduzir custos e impactos ambientais, aumentando em contrapartida os resultados produtivos.

É importante lembrar que a geração de grande volume de dados e ferramentas tecnológicas ainda precisarão da inteligência humana. Isso tanto no desenvolvimento e avanços, quanto na interpretação de resultados.

Restou alguma dúvida sobre a agricultura preditiva e autônoma e sua aplicação na agricultura? Você já tem adotado alguma dessas ferramentas nos seus cultivos? Deixe seu comentário.