O guia completo do manejo do caruru Amaranthus palmeri

Caruru Amaranthus palmeri: Época certa para controle, quais herbicidas usar e as principais dicas para minimizar casos de resistência e evitar o prejuízo da lavoura. 

O caruru-palmeri (Amaranthus palmeri) é uma planta daninha exótica que teve seu primeiro relato no Brasil em 2015, no Mato Grosso. 

O que mais preocupa é o histórico de infestação e agressividade que esta planta apresenta nos Estados Unidos e Argentina, associados a uma grande capacidade de selecionar resistência a herbicidas

Nesses países, a presença de Caruru-palmeri é critério de desvalorização das terras atualmente. Isso porque ela eleva os custos de manejo e possui grande potencial para reduzir a produtividade dos principais cultivos. 

Quer saber como identificar corretamente e realizar um manejo eficiente do caruru Amaranthus palmeri? A seguir, explicarei o período ideal para controle e os herbicidas mais indicados. Confira!

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Caruru Amaranthus palmeri: Principais pontos sobre essa daninha

A principal característica que torna o caruru Amaranthus palmeri um planta daninha de grande importância econômica é sua agressividade competitiva. Ainda, essa planta daninha pode ser hospedeira de pragas importantes, como a cochonilha.

Principalmente devido ao ótimo arranjo espacial de suas folhas, que possuem excelente captação de luz e, consequentemente, produção de energia.

caruru amaranthus palmeri
Distribuição simétrica das folhas de caruru Amaranthus palmeri em torno de seu caule
(Fonte: Purdue Extension

No Brasil existem relatos de que esta planta tenha taxa de crescimento de 4 cm a 6 cm por dia, podendo atingir mais de 2 m de altura. 

Desta forma, não existe cultura que consiga competir com esta planta daninha, podendo ser prejudicial em diversas fases do  ciclo do cultivo. 

Foram registradas perdas rendimento de até 90% na soja e 79% no milho

Além disso, sua capacidade de dispersão é muito alta. As plantas fêmeas podem produzir de 200 mil a 1 milhão de sementes por planta, dependendo das condições do ambiente.

Um detalhe importante é que as plantas fêmea podem produzir sementes viáveis, mesmo não sendo polinizadas pelas plantas macho.  

As sementes de caruru Amaranthus palmeri possuem tamanho muito pequeno. Assim, podem ser facilmente dispersadas pelo vento, por animais e por implementos agrícolas que trabalham em áreas contaminadas. 

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Sementes de caruru Amaranthus palmeri
(Fonte: Idtools) 

Um dos pontos mais cruciais é que os produtores possam realizar a correta identificação desta planta daninha em suas lavouras e, rapidamente, comuniquem o Mapa, para que os grupos de contenção desta praga o auxiliem. 

O problema é que o Brasil possui várias espécies nativas que possuem características semelhantes ao caruru-palmeri.  

Mas, fique tranquilo, pois vamos te passar algumas dicas que ajudarão no momento da identificação!

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Identificação do caruru Amaranthus palmeri

As folhas do caruru Amaranthus palmeri possuem lâminas foliares de formato variado, entre o formato de ovado a rômboico-ovada. 

Não possui pilosidade (presença de pelos) em qualquer superfície da planta.

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Plântula de Caruru-palmeri
(Fonte: Purdue Extension

O comprimento dos pecíolos das folhas costuma ser maior ou igual ao comprimento do limbo foliar, principalmente em folhas mais velhas. 

caruru amaranthus palmeri
Comprimento do pecíolo em relação a folha de caruru-palmeri
(Fonte: Purdue Extension)

O principal ponto de identificação da espécie está na inflorescência. O caruru-palmeri possui flores femininas e masculinas em plantas separadas, diferente das espécies nativas do Brasil, que possuem os dois sexos na mesma planta. 

As plantas fêmeas possuem brácteas rudimentares, que envolvem a inflorescência.

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Inflorescência masculina (esquerda) e inflorescência feminina (direita) de caruru Amaranthus palmeri
(Fonte: IMAmt) 

Além disso, podem (mas não obrigatoriamente) ocorrer marcas d’água em formato de “V” no limbo foliar e presença de um pequeno pelo no término do limbo foliar. 

caruru amaranthus palmeri
Marca d’água em formato de “V” invertido nas folhas de caruru Amaranthus palmeri
(Fonte: Purdue Extension

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Presença de pelo no término do limbo foliar de caruru-palmeri
(Fonte: Daniel Tuesca

A espécie mais facilmente confundida com o caruru-palmeri é o caruru-de-espinhos (Amaranthus spinosus). 

Mesmo algumas espécies possuindo algumas das características citadas acima, você deve analisar o conjunto para a correta identificação. 

Para facilitar o processo de identificação, veja o compilado dessas informações: 

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P: presença da característica na espécie; PV: presença variável da característica na espécie; – -: Ausência da característica na espécie. Caruru-palmeri (Amaranthus palmeri); Caruru-de-espinhos (Amaranthus spinosus); Caruru-rasteiro (Amaranthus deflexus); Caruru-roxo (Amaranthus hybridus); Caruru-gigante (Amaranthus retroflexus); Caruru-da-mancha (Amaranthus viridis). (Fonte: Embrapa)

O problema da resistência do Caruru Amaranthus palmeri no Brasil

Acredita-se que o caruru-palmeri tenha sido introduzido no país por meio de colhedoras trazidas da Argentina, que não passaram pela devida limpeza. Assim, essas sementes infestaram lavouras do Mato Grosso. 

Após a confirmação da espécie, o MAPA, em parceria com outras instituições, iniciou ações para conter a dispersão e tentar a erradicação nessas áreas. 

Após testes, foi identificado que estas populações já possuem resistência ao glifosato devido à seleção ocorrida no país de origem. 

No ano seguinte, 2016, foram identificadas populações com resistência múltipla a inibidores da EPSPs (ex: glifosato); e inibidores da ALS (ex: chlorimuron, cloransulam e imazethapyr).

O grande problema é que esta espécie possui um grande histórico de infestação e resistência a herbicidas em vários outros países. 

Além dos casos relatados no Brasil, foram relatados 62 casos de resistência em outros 3 países. 

Casos de resistência simples de caruru Amaranthus palmeri a herbicidas:

  • Inibidor da EPSPs (ex: Glifosato)
  • Inibidor da tubulina (ex: Trifluralina)
  • Inibidor do Fotossistema II (ex: Atrazina)
  • Inibidores de ácidos graxos de cadeia longa (ex: S-metolachlor)
  • Auxinas sintéticas (ex: 2,4 D)
  • Inibidor da ALS (ex: Chlorimuron)
  • Inibidor da HPPD (ex: Mesotrione)

Casos de resistência múltipla de caruru Amaranthus palmeri a herbicidas:

  • Inibidor da EPSPs (ex: Glifosato) + Inibidor da ALS (ex: Chlorimuron)
  • Inibidor da ALS (ex: Chlorimuron) + Inibidor da Protox (ex: fomesafen)
  • Fotossistema II (ex: Atrazina) + Inibidor da HPPD (ex: Mesotrione)
  • Inibidor da ALS (ex: Chlorimuron) + Inibidor da HPPD (ex: Mesotrione)
  • Inibidor da EPSPs (ex: Glifosato) + Inibidor da Protox (ex: fomesafen)
  • Inibidor da EPSPs (ex: Glifosato) + Fotossistema II (ex: Atrazina) 
  • Inibidor da ALS (ex: Chlorimuron) + Inibidor do Fotossistema II (ex: Atrazina) + Inibidor da HPPD (ex: Mesotrione)
  • Inibidor da EPSPs (ex: Glifosato) + Inibidor da ALS (ex: Chlorimuron) + Inibidor do Fotossistema II (ex: Atrazina)
  • Inibidor da EPSPs (ex: Glifosato) + Inibidor da ALS (ex: Chlorimuron) + Inibidor da Protox (ex: fomesafen) + Inibidores de ácidos graxos de cadeia longa (ex: S-metolachlor)
  • Inibidor da EPSPs (ex: Glifosato) + Inibidor da ALS (ex: Chlorimuron) + Fotossistema II (ex: Atrazina) + Inibidor da HPPD (ex: Mesotrione) + Auxinas sintéticas (ex: 2,4 D)

Manejo de caruru Amaranthus palmeri na entressafra do sistema soja-milho

O ponto primordial no manejo do caruru-palmeri é o estádio de desenvolvimento. Por se tratar de uma planta daninha de difícil controle, é recomendado que aplicação ocorra até, no máximo, 5 cm. 

Plantas com mais de 8 cm apresentam menor suscetibilidade a herbicidas. E, devido à sua taxa de crescimento altíssima, isso ocorre em poucos dias após a emergência. 

Após perenizadas, deve-se realizar um manejo com aplicações sequenciais espaçadas em 15 dias. 

Devido a estas características, o uso de herbicidas aplicados em pré-emergência é primordial para realizar um bom controle. 

Ainda não existem herbicidas registrados para controle de caruru Amaranthus palmeri disponíveis no mercado no Brasil. Por isso, é muito importante que ao suspeitar/identificar esta planta daninha em sua lavoura, comunique ao MAPA. 

Atualmente no Brasil, os órgãos de defesa agropecuária tem recomendado “tolerância zero” em áreas com infestação do caruru-palmeri. 

Todas as plantas devem ser controladas antes do florescimento, associando diversas técnicas de manejo para que isso seja realizado. 

Vamos descrever algumas alternativas de manejo que vêm sendo utilizadas em outros países que esta planta infesta e de resultados preliminares de pesquisas no Brasil.

caruru amaranthus palmeri
Infestação de caruru Amaranthus palmeri em lavoura de soja
(Fonte: IMAmt) 

Herbicidas pós-emergentes: 

Glufosinato de amônio

Pode ser utilizado em plantas pequenas (até 5 cm) ou em manejo sequencial para controle de rebrota de plantas maiores. Recomendável dose de 2,5 a 3,0 L ha-1.

Paraquat

Pode ser utilizado em plantas pequenas (até 5 cm) ou em manejo sequencial para controle da rebrota de plantas maiores, na dose de 1,5 a 2,0 L ha-1.

2,4 D 

Utilizado em primeiras aplicações de manejo sequencial, geralmente associado a outros herbicidas sistêmicos (ex: glifosato) ou pré-emergentes. Recomendável dose de 1,2 a 2 L ha-1

Cuidado com problemas de incompatibilidade no tanque (principalmente graminicidas). 

Quando utilizar 2,4 D próximo à semeadura de soja, deve-se deixar um intervalo entre a aplicação e a semeadura de 1 dia para cada 100 g i.a. ha-1 de produto utilizado.

Saflufenacil 

Pode ser utilizado em plantas pequenas (até 5 cm) ou em manejo sequencial para controle de rebrota de plantas maiores. Indicada dose de 35 a 100 g ha-1.

Dicamba

Utilizado em primeiras aplicações de manejo sequencial, geralmente associado a outros herbicidas sistêmicos (ex: glifosato) ou pré-emergentes, na dose de 1,0 a 1,5 L ha-1

Deve-se ocorrer um intervalo mínimo de 30 dias entre a aplicação do produto e a semeadura da soja, para que não ocasione danos ao cultivo. 

Glifosato

Mesmo não sendo efetivo para as populações presentes no país, pode ser usado no manejo para controle de outras plantas daninhas.

Herbicidas pré-emergentes:

Flumioxazin 

Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes.

Utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato e 2,4 D) ou no sistema de aplique plante da soja. Recomendada dose de 120 g ha-1.

Sulfentrazone 

Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes. 

Utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato e 2,4 D). Recomenda-se dose de até 0,5 L ha-1, pois apresenta grande variação na seletividade de cultivares de soja

S-metolachlor 

Herbicida com ação residual  para controle de banco de sementes.

Utilizado no sistema de aplique plante da soja e milho, na dose de 1,5 a 2,0 L ha-1. Não deve ser aplicado em solos arenosos. 

Manejo na pós-emergência da soja 

Fomesafen

Realizar uma aplicação de 20 a 30 dias após emergência da cultura, na dose de 0,9 a 1,0 L ha-1.

Lactofen

Realizar uma aplicação no estádio inicial de desenvolvimento da cultura, na dose de 0,62 a 0,75 L ha-1.

Este herbicida provoca muitos sintomas de fitointoxicação nas folhas cultura. Após um período de algumas semanas, porém, estes sintomas desaparecem e as perdas no crescimento costumam ser compensadas por maior engalhamento da cultura!

Manejo na pós-emergência do milho

Atrazine

Pode ser aplicado na pré-emergência da cultura imediatamente antes da semeadura, simultaneamente ou logo após a semeadura. Em aplicações em pós-emergência da cultura e plantas daninhas deve-se acrescentar óleo vegetal. 

Recomendações de dose de  3 a 5 L ha-1, dependendo das características do solo e plantas daninhas presentes. Pode ser misturado com: glifosato (se misturado em pós-emergência – milho RR), mesotrione, nicosulfuron, S-metolachlor. 

Glufosinato de amônio

No caso de milho Liberty Link! Pode ser utilizado em plantas pequenas (até 5 cm) ou em manejo sequencial para controle de rebrota de plantas maiores, na dose de 2,5 a 3,0 L ha-1.

Perspectivas para controle do caruru-palmeri

Nos próximos anos, existem previsões da liberação comercial de novos “traits” de resistência a herbicidas para as culturas de soja e milho.

  • Soja: Enlist (2,4D colina, glifosato e glufosinato de amônio) e Xtend (Dicamba, glifosato).
  • Milho: Enlist (2,4D colina, glifosato, glufosinato de amônio e haloxyfop).

Isso aumentará as opções de manejo para caruru-palmeri em pós-emergência das culturas!

Conclusão

Neste artigo, vimos a importância econômica que o caruru Amaranthus palmeri possui em outros países e o potencial de dano, se não contido, no Brasil. 

Entendemos quais são as principais características que devem ser examinadas para correta identificação desta daninha.

Vimos algumas recomendações que têm sido eficientes em outros países e o resultado de teste preliminares no Brasil.   

 Espero que com essas dicas passadas aqui você consiga realizar a correta identificação do caruru-palmeri e saiba como iniciar o planejamento do manejo caso esta daninha infeste sua lavoura!

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Mosca-branca: como fazer o manejo eficiente

Atualizado em 10 de junho de 2022.

Mosca-branca: entenda como identificar, o que esta praga causa nas culturas agrícolas e como o seu controle pode ser realizado

A mosca-branca (Bemisia tabaci) é uma praga agrícola presente em diversas regiões produtoras no Brasil e no mundo. 

Ela causa danos e perda de produtividade em mais de 600 espécies, como soja, feijão e algodão. Por também atacar plantas daninhas, ela pode sobreviver na entressafra. 

Neste artigo, veja como a mosca-branca pode ser identificada, o que ela causa nas culturas agrícolas e como o seu controle pode ser realizado! Boa leitura!

Mosca-branca nas plantas 

A mosca-branca é um inseto sugador de seiva, dentre as quais a espécie Bemisia tabaci tem se tornado alvo de preocupação pelos problemas que pode causar às culturas agrícolas. 

Essa praga polífaga tem capacidade de se alimentar de diversas espécies de plantas e pode causar danos diretos e indiretos nas culturas, seja a partir da sucção da seiva das plantas, seja a partir da transmissão de viroses.  

Ela pode reduzir a produtividade das culturas de 20% a 100%, a depender da infestação.

Já foi observada se alimentando e se reproduzindo em mais de 84 família botânicas, sendo as de maior importância agrícola: 

  • Fabáceas ou leguminosas: soja, feijão, feijão-vagem, ervilha;
  • Cucurbitáceas: abóbora, abobrinha, melão, pepino, melancia;
  • Solanáceas: tomate, berinjela, pimenta, tabaco, batata;
  • Brássicas: repolho, couve, couve-flor, canola
  • Euforbiáceas: mandioca e daninhas;
  • Malváceas: algodão;
  • Asteráceas: alface e crisântemo;
  • Plantas ornamentais: hibisco, dentre outras.

O termo mosca-branca vem das características dessa praga, que possui asas brancas. Diferente das moscas comuns, as moscas-brancas pertencem à ordem Hemiptera e possuem dois pares de asas. 

Elas são da família Aleyrodidae e já foram registradas cerca de 1.550 espécies de 160 gêneros diferentes. Dentre as várias espécies existentes, Bemisia tabaci se tornou alvo de preocupação, especialmente pelo maior número de plantas hospedeiras.

A alta capacidade de reprodução em diferentes condições climáticas e a resistência a diversos inseticidas são outros motivos.

Biótipos de mosca-branca encontrados no Brasil

Para a espécie Bemisia tabaci biótipo B,  já há relatos de resistência a inseticidas, principalmente dos grupos dos organofosforados, carbamatos e piretróides.

Por ser uma espécie com grande diversidade genética, a maioria dos pesquisadores 

considera que existam diferentes biótipos.

Acredita-se que, no Brasil, ocorra uma maior incidência do Biótipo B (Middle East Asia Minor 1 whitefly – MEAM1).

Porém, já foram encontrada espécimes de mosca-branca B. tabaci Biótipo Q (Mediterranean – MED) no Sul do Brasil, no Centro-Oeste e no Sudeste.

mosca-branca

Adultos de mosca-branca em soja; nível de dano varia de acordo com a cultura

(Fonte: Mais Soja)

Como identificar a mosca-branca?

Para identificar a mosca-branca é necessário identificar os adultos e ovos, que normalmente ficam na parte de trás das folhas. Os adultos da mosca-branca possuem coloração amarelo-palha e medem de 1 mm a 2 mm. As fêmeas são maiores que os machos. 

No caso dos ovos da mosca-branca, eles têm formato de pêra e ficam agrupados nas folhas.

Quando em repouso, é possível observar também as asas brancas da mosca, levemente separadas. É possível observar o corpo do inseto, de coloração amarela característica.

Para identificar a mosca-branca na lavoura, fique de olho na coloração de cada fase do inseto: 

  • No primeiro ínstar, possui coloração branco-esverdeada, e formato do corpo plano.  
  • No segundo ínstar, apresenta coloração branco-esverdeada. 
  • No terceiro ínstar, as ninfas são ligeiramente transparentes, com coloração  verde-pálida a escura e olhos vermelhos.
  • No quarto ínstar, as ninfas têm formato oval e parecem ter uma cauda. Neste estágio, as ninfas são planas e transparentes e com olhos vermelhos visíveis.

Ciclo de vida

O ciclo de vida da mosca-branca dura entre 25 e 50 dias, sendo que em condições de temperatura e umidade ideais, pode gerar de 11 a 15 gerações por ano. Esse inseto possui quatro fases de vida: ovo, ninfa, pupa e adulto

Na primeira fase, ao eclodir, as ninfas são capazes de se locomover. Essa característica é essencial para o sucesso desse inseto. Afinal, quando as folhas não apresentam condições ideais, a ninfa se locomove para as mais adequadas ao seu desenvolvimento.

Logo em seguida, as ninfas se fixam nas folhas para sugar a seiva da planta até que se tornem adultas.

Cada fêmea tem capacidade de colocar entre 100 a 300 ovos durante seu ciclo de vida. Por isso, é importante monitorar a população deste inseto.

A duração do ciclo de vida da mosca-branca varia conforme a temperatura e a planta  hospedeira, principal fator para o desenvolvimento deste inseto.

Danos causados 

Os danos da mosca-branca nas culturas são causados por adultos e pelas ninfas do inseto. Eles introduzem o aparelho bucal no tecido da planta e injetam um tipo de toxina. Isso provoca alteração no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da cultura, reduzindo a produtividade.

Além disso, também excretam líquido açucarado, o “honeydew”, que induz o crescimento de fungos. Isso reduz a capacidade de fotossíntese da planta.

Porém, o maior perigo dessa praga agrícola está na transmissão de vírus que causam doenças bastante severas. Cerca de 120 espécies de vírus já foram descritas sendo transmitidas por mosca-branca B. tabaci:

  • vírus do mosaico comum em algodoeiro;
  • vírus do mosaico anão em soja;
  • vírus do mosaico crespo em soja;
  • vírus do mosaico dourado em feijoeiro.

Mais recentemente, foi detectada a transmissão de geminivírus por B. tabaci em lavouras de soja no Brasil.

Além dos danos causados, a mosca-branca ainda possui alta taxa reprodutiva, fácil dispersão e polifagia. O desenvolvimento de resistência à inseticidas é comum, o que contribui para a disseminação das doenças.

Danos da mosca-branca na soja

Os danos da mosca-branca na soja podem ser tanto diretos quanto indiretos. Além da sucção da seiva e injeção de toxinas que reduzem a produtividade e o desenvolvimento da soja, a mosca-branca é transmissora do vírus da necrose-da-haste.

A evolução da doença leva as plantas à morte.

Foto de haste da soja aberta e necrótica, causada pelo virus transmitido pela mosca-branca

 Necrose parcial à esquerda e total a direita, de medula em haste de soja, causada pelo vírus causador da necrose da haste da soja (Cowpea mild mosaic virus (CpMMV))

(Fonte: Almeida e colaboradores, 2003)

Em plantas de soja, os sintomas podem ser observados a partir de necrose nas brotações novas. As brotações novas se curvam e o broto adquire aspecto queimado.

Também é possível observar a necrose do tecido que liga a folha ao caule e a necrose na haste principal. A depender da cultivar, algumas plantas podem apresentar desenvolvimento reduzido e deformação da folha, com aspecto de bolhas.

Considerando todos esses danos, o controle da mosca-branca na soja é essencial.

Danos da mosca-branca no algodão

Entre os danos da mosca-branca no algodão, o principal dano causado é a secreção de substâncias que favorecem o fungo causador da fumagina

A fumagina é um fungo de coloração escura que ocorre em hastes, ramos, folhas, frutos e capulhos. Ele recobre todos os tecidos da planta, reduzindo a capacidade de fotossíntese.

Além disso, o fungo causa mela no algodão. Esse fator reduz o valor comercial das fibras do algodão, pela dificuldade no processamento.

Monitoramento da mosca-branca nas áreas de cultivo

O monitoramento da mosca-branca deve ser realizado com amostragens de plantas no campo. O uso de armadilha para mosca-branca também é interessante. São usadas armadilhas amarelas  para captura de insetos adultos.

É importante ficar de olho na localização onde a mosca-branca ataca na hora do monitoramento:

  • No terço inferior das folhas, são comuns as ninfas de 2º, 3º e 4º instares;
  • No terço mediano, encontram-se predominantemente ninfas de 1º, 2º e 3º instares;
  • No terço superior é possível encontrar ovos e ninfas de 1º e 2º instares, além de adultos.

O monitoramento das plantas deve ser realizado com frequência. Inspecione o terço inferior, superior e mediano das folhas, na 3ª ou 4ª folha de cima para baixo. 

O controle deve ser realizado assim que o inseto for detectado na área.

Para a soja, quando cinco ninfas forem encontradas por amostra de folha, você deve iniciar o controle químico. O mesmo vale para a presença de adultos da mosca-branca na área de cultivo.

No algodão, este número é reduzido. O controle deve começar ao identificar pelo menos três adultos por folha.

Como controlar a mosca-branca?

É  muito provável que você comece com o controle químico para acabar com a mosca-branca na lavoura. Isso não é errado, mas é importante considerar outras táticas de manejo, de acordo com o MIP (Manejo Integrado de Pragas.

Isso serve até mesmo para não ter problemas futuros como resistência das pragas aos inseticidas.

Controle cultural

O controle cultural pode ser feito antes, durante e depois do cultivo e inclui:

  • Fazer o plantio com mudas sadias e utilizar sementes certificadas;
  • Uso de armadilhas para reduzir a população da praga (armadilhas adesivas amarelas para monitorar a população do inseto na área, ou uso de armadilhas luminosas);
  • Manter a lavoura livre de plantas daninhas hospedeiras de mosca-branca;
  • Eliminar restos culturais para impedir o ciclo da praga;
  • Barreiras vivas para impedir ou retardar a disseminação de adultos pelo vento;
  • Eliminar plantas que estejam contaminadas com vírus
  • Uso de cultivares resistentes (observar se a resistência é para a espécie que está ocorrendo na lavoura e até mesmo para o biótipo);
  • Vazio sanitário entre culturas hospedeiras;
  • Uso de coberturas repelentes.

Controle químico

O controle químico com uso de inseticidas para mosca-branca registrados deve ser realizado considerando a rotação de modos de ação diferentes.

Alguns desses conhecidos venenos para mosca-branca, devido ao uso contínuo, perderam a eficiência devido ao desenvolvimento da resistência

Segundo o Agrofit, os seguintes grupos químicos e ingredientes ativos registrados podem ser utilizados em rotação para o controle da mosca-branca: 

  • Piretroides como o lambda-cialotrina, o alfa-cipermetrina. No entanto, este grupo é de amplo espectro de ação;
  • Tiadiazinona como buprofezina;
  • Neonicotinoide como acetamiprido, acetamiprido, dinotefuram, tiametoxam;
  • Sulfoxaflor como sulfoxaminas.

Sempre verifique se o produto tem registro para a cultura em que você queira controlar a mosca-branca. Para a cultura da soja, os inseticidas de maior eficiência nas últimas safras foram os à base de:

  • Imidacloprido + piriproxifem;
  • Diafentiurom + bifentrina;
  • Acetamiprido + piriproxifem;
  • Ciantranliprole, 
  • Sulfoxaflor (dose de 144 gramas de ingrediente ativo por hectare); 
  • Acetamiprido + piriproxifem e;
  • Abamectina + ciantraniliprole.

Antes de fazer o controle químico, fique de olho nos seguintes detalhes: não utilize controle preventivo, sem a presença de insetos na lavoura. Essa prática reduz a população de inimigos naturais e causa o desperdício de produto.

Além disso, a rotação de ingredientes ativos e o uso da dose recomendada é indispensável para um manejo eficiente.

A observação da fase predominante do inseto também é fundamental, pois alguns inseticidas possuem controle efetivo de uma fase e da outra não. Você pode precisar fazer a associação de ingredientes ativos.

A observação das condições climáticas no momento da aplicação também são necessárias (vide recomendações da bula).

Controle biológico

O controle biológico da mosca-branca pode ser feito de maneira natural. Você deve fornecer condições para que os insetos benéficos possam permanecer na área.

O uso de inseticidas seletivos vai contribuir muito para que isso aconteça. Você também pode liberar insetos produzidos em laboratório e comercializados, em épocas em que a população da praga estiver alta.

Existe uma variedade de inimigos naturais da mosca-branca. Predadores, parasitóides e entomopatógenos são alguns exemplos.

Controle com parasitóides

O controle biológico com parasitóides pode reduzir o número de aplicações de inseticidas químicos. Por isso, é essencial evitar o uso de produtos de amplo espectro. Priorize os inseticidas seletivos.

Os parasitóides recomendados para o controle da mosca-branca são:

  • De ninfas: Encarsia formosa;
  • De ovos de lepidópteros: Trichogramma pretiosum e Telenomus remus;
  • Adultos: afelinídeos dos gêneros Encarsiae e Eretmocerus;

Predadores

Além disso, predadores do inseto também podem ser utilizados. Dentre os principais, temos: 

  • Coleoptera: Espécies de joaninhas como Coleomegilla maculata e Eriopis connexa.
  • Hemiptera: Espécies das famílias Anthocoridae, Berytidae, Lygaeidae, Miridae, Nabidae e Reduviidae.
  • Neuroptera: Chrysoperla spp. e Ceraeochrysa spp.
  • Ácaros da família Phytoseiidae: Amblydromalus limonicus, Amblyseius herbicolus, Amblyseius largoensis, Amblyseius tamatavensis e Neoseiulus tunus.

Controle com fungos entomopatogênicos

Fungos entomopatogênicos também podem ser utilizados no controle biológico. Eles são fungos que ocorrem naturalmente, e são capazes de colonizar diversas espécies de insetos. Os principais produtos registrados são a base de:

  • Isaria fumosorosea: indicado para o controle apenas da mosca-branca;
  • Paecilomyces fumosoroseus: bastante eficiente para o controle de B. tabaci raça B, e para a cigarrinha-do-milho;
  • Beauveria bassiana, isolado IBCB 66*: além da eficiência contra a mosca-branca, também é indicado no controle da cigarrinha-do-milho, ácaro-rajado e do bicudo da cana-de-açúcar.

Produtos registrados para controle biológico da mosca-branca

Existem atualmente 55 produtos biológicos registrados para o controle da mosca-branca (B. tabaci biotipo B), em todas as culturas. Eles estão disponíveis no Agrofit.

Um dos principais é o Chrysoperla externa. Ele é indicado para uso em todas as culturas, especialmente em soja, algodão e tomate, onde a mosca-branca é um sério problema.

É um inseto da ordem Neuroptera. São popularmente conhecidos na sua fase larval como “bicho lixeiro”, pois utilizam os restos de suas presas para cobrir o seu corpo, como forma de camuflagem e defesa

Conforme indicação de uso, deve-se utilizar um predador para cada ninfa de mosca-branca identificada na amostragem da lavoura. Isso acontece em função do nível de infestação.

O Chrysoperla externa também é indicado para o controle do pulgão-do-algodoeiro (Aphis gossypii), pulgão-verde-dos-cereais (Schizaphis graminum) e pulgão-verde (Myzus persicae).

Fique de olho na quantidade de C. externa  de acordo com a infestação de mosca-branca:

  • Nível de infestação baixo: 1 predador para cada 40 moscas: (este tratamento pode ser utilizado de forma preventiva, em áreas com histórico de ocorrência de mosca-branca);
  • Nível de infestação médio: 1 predador para cada 20 moscas;
  • Nível de infestação alto: 1 predador para cada 10 moscas.

A dose deve ser calculada em função das indicações da empresa fornecedora do predador, e da forma de liberação: ovos ou larvas. 

Além disso, na liberação de ovos  acrescenta-se 10% para cultivos em casa de vegetação, e 20% para liberações em culturas a campo.

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Conclusão

A mosca-branca é uma praga que causa infestações cada vez mais frequentes em diversas culturas de interesse econômico.

Além de causar danos diretos, também é vetor de vírus causadores de doenças. O uso de diversas táticas para o controle da mosca-branca é importante como forma de integração e para evitar resistência aos inseticidas.

Com as informações passadas aqui, espero que você tenha um ótimo controle da mosca-branca em sua propriedade.

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O guia completo para o controle de capim-pé-de-galinha

Capim-pé-de-galinha: Época certa para controle, quais herbicidas utilizar e as principais dicas para minimizar casos de resistência e evitar prejuízos.

A Eleusine indica, conhecida no Brasil como capim-pé-de-galinha, é uma das 5 plantas daninhas mais problemáticas do mundo.

E o que mais preocupa os agricultores brasileiros é o número de casos de resistência que esta espécie apresenta ao redor do mundo.

Já há populações dessa daninha resistentes a 8 mecanismos de ação de herbicidas, que afetam 10 países.

Quer saber como fazer um manejo eficiente de capim-pé-de-galinha? A seguir, explicarei o período ideal para controle e os herbicidas mais indicados. Confira!

Capim-pé-de-galinha: principais pontos sobre essa planta daninha

O capim-pé-de-galinha (Eleusine indica) é uma espécie de planta daninha de ciclo anual que pode infestar lavouras anuais e perenes, se desenvolvendo bem em qualquer tipo de solo. Pode ser encontrado em quase todas as regiões do país, afetando a maioria dos cultivos de grãos.

Seu ciclo de vida pode durar de 120 a 180 dias, dependendo da região. Sua reprodução ocorre via sementes.

capim-pe-de-galinha
Plantas adultas de capim-pé-de-galinha, daninha que é uma planta de ciclo anual
(Fonte: Roundup Ready)

Sua ampla dispersão está associada à capacidade de produzir uma grande quantidade de sementes (mais de 120 mil sementes por planta), que são facilmente disseminadas pelo vento durante todo o ano.

capim-pe-de-galinha
Sementes de capim-pé-de-galinha
(Fonte: Weedimages)

Suas sementes possuem maior capacidade de germinação em temperaturas entre 35°C a 20°C.  Por isso, a alta germinação pode ocorrer o ano todo, dependendo da região do país.

É muito importante realizar o correto controle de capim-pé-de-galinha, pois essa planta daninha pode ser “ponte verde” para  doenças que afetam plantas cultivadas.

O  capim-pé-de-galinha pode ser hospedeiro de agentes patogênicos que atacam cultivares de importância econômica. Pode ser hospedeiro, por exemplo, do vírus do mosaico listrado do milho, de alguns fungos e do nematóide das galhas.  

O problema da resistência do capim-pé-de-galinha no Brasil

O primeiro caso de resistência de capim-pé-de-galinha a herbicida no Brasil foi registrado em 2003. Na ocasião, houve seleção de uma população resistente dessa planta a alguns herbicidas Inibidores da ACCase (graminicidas), no Rio Grande do Sul.

Porém, este caso não foi tão alarmante, pois estas plantas eram resistentes a alguns graminicidas específicos. Mas, continuavam sendo controladas pelos dois graminicidas mais usados no país: clethodim e haloxyfop.

Além disso, poucos anos depois houve grande expansão dos cultivos RR e o capim-pé-de-galinha era facilmente controlado com glifosato.

Treze anos, depois devido ao uso indiscriminado do glifosato, ocorreu a seleção de populações de capim-pé-de-galinha resistentes no centro-oeste do Paraná.

Nesse momento, os produtores brasileiros começaram a ter maior preocupação com essa espécie. Isso porque não existem muitas opções no mercado para controle eficiente de graminicidas perenizadas.

No ano seguinte, ocorreu o que os produtores mais temiam. Houve registro de uma população com resistência múltipla a inibidores da ACCase (graminicidas) e ao glifosato.

Essa população tem resistência aos herbicidas glifosato, fenoxaprop e haloxyfop.

O grande problema é que essa espécie possui grande histórico de infestação e resistência a herbicidas em vários países.

Além do casos registrados no Brasil, foram relatados 30 casos de resistência em outros dez países.

capim-pe-de-galinha
Lavoura de algodão infestada com capim-pé-de-galinha com resistência a herbicidas inibidores da ACCase
(Foto: Edson Andrade Junior em Circular Técnica ImaMT)

Veja casos de resistência simples de capim-pé-de-galinha a herbicidas:

  • Inibidor da EPSPs (ex: glifosato)
  • Inibidor do Fotossistema I (ex: paraquat)
  • Inibidor da ACCase (ex: cletodim)
  • Inibidor da ALS (ex: imazapyr)
  • Inibidor da formação de microtúbulos (ex: trifluralina)
  • Inibidor do Fotossistema II (ex: metribuzin)
  • Inibidor da Protox (ex: oxadiazon).

Casos de resistência múltipla de capim-pé-de-galinha a herbicidas:

  • Inibidor da EPSPs + Inibidor da ACCase
  • Inibidor da EPSPs + Inibidor do Fotossistema I
  • Inibidor da GS + Inibidor do Fotossistema I
  • Inibidor da EPSPs + Inibidor da ACCase + Inibidor da GS (ex: glufosinato) + Inibidor do Fotossistema I

Manejo de capim-pé-de-galinha na entressafra do sistema soja-milho

A entressafra com certeza é o momento ideal para realizar um manejo eficiente do capim-pé-de-galinha, pois existe um número maior de opções a serem utilizadas!

O ideal é que a aplicação ocorra em plantas com até 1 perfilho, pois as chances de sucesso são maiores!

Herbicidas aplicados em pós-emergência:

Os casos de resistência a inibidores da ACCase e glifosato ainda não estão extensamente disseminados no Brasil. Desse modo, a recomendação desses herbicidas dependerá do histórico da área.

Cletodim

Possui ótimo controle de plantas pequenas (até 1 perfilho) ou pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial (geralmente associado a glifosato). Recomendável dose de 0,5 a 1,0 L ha-1. Adicionar óleo mineral 0,5 a 1,0 % v v-1.

Haloxyfop

Possui ótimo controle de plantas pequenas (até 1 perfilho) ou pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial (geralmente associado a glifosato). Recomendável dose de 0,55 a 1,2 L ha-1. Adicionar óleo mineral 0,5 a 1,0 % v v-1.

Este são os exemplos mais comuns de graminicidas utilizados no mercado. Porém, existem outros produtos com ótimo desempenho que seguem a mesma lógica de manejo.

Quando forem misturados 2,4D e graminicidas, deve-se aumentar a dose do graminicida em 20%, pois esse herbicida reduz sua eficiência.

Glifosato

Possui ótimo controle de plantas pequenas (até 1 perfilho). Pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial (associado a pré-emergentes). Recomendável dose de 2,0 a 3,0 L ha-1.

Paraquat

Pode ser utilizado em plantas pequenas (até 1 perfilho) provenientes de sementes ou em manejo sequencial para controle da rebrota de plantas maiores. Recomendável dose de 1,5 a 2,0 L ha-1. Adicionar adjuvante não iônico 0,5 a 1,0% v.v.

capim-pe-de-galinha
Capim-pé-de-galinha é relativamente resistente à seca e também às altas umidades
(Fonte: Weeds)

Herbicidas aplicados em pré-emergência:

Diclosulam

Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes. Utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato e graminicidas). O solo deve estar úmido. Recomendações de dose de 29,8 a 41,7 g ha-1.

Flumioxazin

Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes. Utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato, graminicidas e imazetapir) ou no sistema de aplique plante da soja. Recomendável dose de 70 a 120 g ha-1.

S-metolachlor

Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes.

Utilizado no sistema de aplique plante da soja, na dose de 1,5 a 2,0 L ha-1. Não deve ser aplicado em solos arenosos.

Trifluralina

Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes.

Utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato, graminicidas). Recomendável dose 1,2 a 4,0 L ha-1 dependendo da planta daninha a ser controlada e nível de cobertura do solo. Deve ser aplicado em solo úmido e livre de torrões.

Sulfentrazone

Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes.

Utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato). Recomenda-se dose de até 0,5 L ha-1, pois apresenta grande variação na seletividade de cultivares de soja.

Manejo na pós-emergência das culturas de soja e milho

Para plantas pequenas ou rebrota de plantas maiores na soja, temos como opção eficiente somente o uso de graminicidas (clethodim, haloxyfop e outros).

Em caso de soja RR, podem ser associados ao glifosato.

Em áreas com grande infestação, devem ser utilizados herbicidas pré-emergentes (diclosulam, flumioxazin e s-metolachlor) no sistema de “aplique plante”. Assim, diminui-se o banco de sementes e o número de aplicações em pós-emergência.

A inclusão de pré-emergentes em diferentes etapas do manejo é fundamental, principalmente em áreas com grandes infestações.

O controle de capim-pé-de-galinha no milho é mais complexo, pois o milho também é uma gramínea. Existem poucas opções que são seletivas ao milho e controlam capim-pé-de-galinha.

Para controle do banco de sementes podemos aplicar herbicidas pré-emergentes em sistema de “aplique plante” (ex:trifluralina, s-metolachlor e isoxaflutole).

Para controle de plântulas em estádio inicial (até 1 perfilho) temos as seguintes opções:

Porém, não há opções eficientes para controle de plantas mais desenvolvidas ou perenizadas.   

>> Leia mais:  “Como fazer o manejo eficiente do capim-colonião”

Conclusão

Neste artigo vimos a importância econômica que o capim-pé-de-galinha possui em nosso país e como realizar um manejo eficiente em lavouras de grãos.

Entendemos a importância de conhecer a biologia da planta daninha antes de manejá-la.

Vimos ainda algumas estratégias de manejo para controle eficiente, evitando seleção de resistência.

Espero que com essas dicas passadas aqui você consiga realizar um manejo eficiente do capim-pé-de-galinha!

>> Leia mais: “Guia para controle eficiente da trapoeraba
>> Leia mais: “Guanxuma: 5 maneiras de livrar sua lavoura dessa planta daninha
>> Leia mais: “O guia completo do manejo do Caruru Amaranthus palmeri

Como você controla a infestação de capim-pé-de-linha na lavoura hoje? Já enfrentou casos de resistência? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Falsa-medideira: Como controlar essa lagarta de uma vez por todas

Falsa-medideira: Conheça as principais características para identificar essa praga e controlá-la de maneira efetiva.

Lagartas são pragas que provocam danos muito significativos na lavoura.

A falsa-medideira, em especial, é uma das principais desfolhadoras da soja e pode causar estragos expressivos na plantação.

Por ser um inseto polífago, tem capacidade de se desenvolver em mais de 70 hospedeiros diferentes, desde plantas ornamentais até grandes culturas.

Mas é preciso identificá-la para fazer o manejo adequado. E isso muitas vezes não acontece!

Neste artigo vou te explicar sobre esta praga na cultura da soja, suas principais características, danos e controle. Saiba mais a seguir!

Como identificar a falsa-medideira?

As lagartas-falsas-medideiras são assim denominadas por possuírem dois pares de pernas abdominais e um par na região caudal, fazendo com que elas se desloquem de modo semelhante às lagartas-medideiras “medindo palmo”.

As falsas-medideiras são um complexo de espécies da subfamília Plusiinae muito associadas à soja.

Mas a espécie que vem ganhando maior atenção é Chrysodeixis includens, antes Pseudoplusia includens.

Além das pernas abdominais nas lagartas, é muito importante que você observe outras características morfológicas desta espécie.

Os adultos possuem duas manchas prateadas no primeiro par de asas – e as asas posteriores são de coloração marrom.

Os ovos são colocados, em geral, na face abaxial das folhas, com formato globular e coloração amarelo-clara.

As lagartas que eclodem têm coloração verde-clara, listras longitudinais brancas e pontuações pretas ao longo do corpo.

Outra forma de você identificar esta praga, é por meio do comportamento tanto alimentar como da parte em que as lagartas se estabelecem na lavoura.

falsa-medideira
Chrysodeixis includens nas fases de ovo (a), lagarta (b), pupa (c) e adulto (d)
(Fonte: Embrapa)

O que levou a falsa-medideira a se tornar um problema?

Essa espécie foi considerada praga secundária até o início dos anos 2000.

Após o aparecimento da ferrugem-asiática, os fungicidas começaram a ser utilizados com alta frequência.

Muito provável que isso levou a um decréscimo de fungos entomopatogênicos que ocorriam naturalmente e controlavam a falsa-medideira e outros insetos por epizootias.  

Consequentemente, houve um aumento expressivo da praga, que passou de secundária para primária.

Atualmente, um outro fator que contribui muito para os crescentes problemas é o uso de inseticidas não seletivos, como os piretroides.

Eles atingem, além das pragas, os inimigos naturais presentes na lavoura.

E existem diversos predadores e parasitoides que podem, naturalmente, controlar essa praga, como Nabis sp., Trichogramma spp., Microcharops sp, e diversos outros.

Como você pode ver, a alteração do equilíbrio do agroecossistema pode causar prejuízos a curto e a longo prazo.

E quais seriam os danos e qual parte da planta é atacada?

As lagartas mais novas consomem apenas o parênquima foliar, ou seja, elas raspam as folhas.

Já as lagartas maiores consomem o limbo foliar e, com isso, as nervuras permanecem intactas, causando aspecto de “folhas rendilhadas”.

Esta é uma característica bastante importante para que você diferencie do ataque da lagarta-da-soja, Anticarsia gemmatalis, à qual consome as folhas por inteiro.

Há também diferenças no local em que a planta é atacada. A falsa-medideira tem o hábito de atacar a baixeira e o terço mediano; a lagarta-da-soja ataca a parte superior.

Essas diferenças, provavelmente, causam problemas a você em relação ao controle da falsa-medideira.

falsa-medideira
Ciclo de desenvolvimento de Chrysodeixis includens e parte em que a soja é atacada; período pupal dura em média 7 dias até emergência dos adultos
(Fonte: Embrapa)

Quando controlar a falsa-medideira?

Para que seu manejo seja eficiente, você deve realizar o monitoramento para determinar se deve ou não entrar com o controle.

O método mais indicado de amostragem das lagartas é o pano de batida. Lembre-se que a falsa-medideira fica mais abaixo do terço superior.

falsa-medideira

É recomendável que você inicie o controle quando encontrar, em média, 20 lagartas grandes por pano-de-batida.

Juntamente com a amostragem das lagartas, faça um exame visual dos terços mediano e inferior das folhas.

Entre com o controle se houver desfolha de 30% no período vegetativo e de 15% no período de florescimento da planta. Veja na imagem:

falsa-medideira
Amostra de folíolos de soja com diferentes porcentagens de desfolha causada pela alimentação de insetos
(Fonte: Adaptada de Panizzi et al. (1977))

Controle da lagarta-falsa-medideira

Dentre os métodos do Manejo Integrado de Pragas (MIP) para evitar o ataque, o ideal é que você faça a rotação de culturas.

Dessa forma, você consegue quebrar o ciclo da praga e reduzir a incidência da população na área.

Outra forma de evitar danos, é utilizar cultivares de soja transgênica com a tecnologia Bt (Bacillus thuringiensis), que confere proteção à cultura.

Quando os níveis de controle são atingidos, você pode utilizar, de forma associada, os controles biológico e químico.

Controle biológico

Se a sua cultivar for convencional, poderá fazer aplicação de produto microbiológico à base de Bt.

O inseticida biológico Dipel é registrado para controle desta praga, com dose de 0,3 a 0,5 L/ha (volume de calda de 100 a 200 L) e, no máximo, 3 aplicações.

Importante mencionar que, se você estiver utilizando cultivar com tecnologia Bt, o uso deste produto não é recomendado.

Liberações massais de Trichogramma pretiosum têm contribuído para a redução das populações de lepidópteros-praga na soja.

O produto TRICHOMIP-P é registrado com recomendação de liberação de até 750 mil adultos em 50 pontos por hectare.

Controle químico

Como mencionei anteriormente, é importante que você utilize inseticidas seletivos aos inimigos naturais das pragas para mantê-los na área.

Pensando nisso, selecionei alguns dos inseticidas mais seletivos registrados para esta praga que você poderá utilizar em associação com o controle biológico natural e inundativo.

Vale considerar a rotação das aplicações com diferentes princípios ativos para evitar a seleção de pragas resistentes.

falsa-medideira
(Foto: Ernesto de Souza/Editora Globo)

Diamidas

  • Belt (flubendiamida) – 50 a 70 mL/ha em
  • Prêmio (clorantraniliprole) – 40 a 50 mL/ha

Clorfenapir

  • Pirate (clorfenapir)  – 0,6 a 1,2 L/ha

Oxadiazina

  • Avatar (indoxacarbe) – 400 mL/ha

Benzoilureia

  • Nomolt (teflubenzurom) – 125 a 150 mL/ha

Diacilhidrazina

  • Intrepid (metoxifenozida) – 135 a 150 mL/ha

Para que você tenha sucesso no controle da falsa-medideira por meio da aplicação de inseticida, invista na tecnologia de aplicação para que seu produto chegue adequadamente na baixeira e no terço médio da planta.

O volume da calda inseticida também vai ser determinante nesse momento, pois baixos volumes podem ficar retidos no terço superior, comprometendo assim o controle desta praga.

>>Leia mais: “5 tecnologias para controlar a Helicoverpa armigera eficientemente
>>Leia mais: “7 verdades sobre Helicoverpa zea: Sua origem e como combatê-la

banner planilha manejo integrado de pragas

Conclusão

O desequilíbrio no ecossistema da lavoura trouxe consequências como a mudança de praga secundária para primária da lagarta-falsa-medideira.

E é importante saber identificar a praga, seu comportamento e local de ataque.

Manter os inimigos naturais na área ajuda a reduzir o nível populacional desta lagarta.

Prefira inseticidas seletivos para evitar surtos desta e de outras pragas, além de rotacionar os grupos químicos.

Espero que, com essas informações, você consiga manejar a falsa-medideira com sucesso na sua lavoura!

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“Novidade no mercado de defensivos: inseticida Plethora”

Não cometa erros no manejo: 5 métodos de controle da lagarta-do-cartucho
As tecnologias que você precisa saber para controlar Spodoptera frugiperda

Referências

HERZOG, Donald C.; TODD, James W. Sampling velvetbean caterpillar on soybean. In: Sampling methods in soybean entomology. Springer, New York, NY, 1980. p. 107-140.)

BUENO, R.C.O.F.; PARRA, J.R.P.; BUENO, A.F.; MOSCARDI, F.; OLIVEIRA, J.R.G.; CAMILLO, M.F. Sem barreira. Revista Cultivar, v. 93, p. 12-15, 2007

Você tem problemas com a falsa-medideira em sua lavoura? Restou alguma dúvida sobre como fazer o controle adequado? Deixe seu comentário!

Guia para o controle eficiente da trapoeraba

Trapoeraba: Saiba qual é a época certa para controle, quais herbicidas utilizar e as principais dicas para evitar prejuízos na lavoura.

Quem nunca teve dificuldades no manejo da trapoeraba? Não é para menos, essa planta daninha tem sementes aéreas, sementes subterrâneas, se propaga por pedaços dos seus ramos e tem tolerância a alguns herbicidas.

Nem mesmo a boa e velha enxada é eficiente em resolver o problema!  

Como fazer, então, um bom manejo da trapoeraba? Qual o período ideal e os herbicidas mais indicados? Confira a seguir!  

Identificação das principais espécies de trapoeraba no Brasil

No Brasil as espécies mais comuns de trapoeraba são:

Commelina benghalensis

Está é a espécie mais frequente no Brasil, infestando lavouras anuais, perenes e hortas.

Prefere solo fértil, úmidos e sombreados.

Pode ser diferenciada das outras espécies pela pela presença de 3 pétalas nas flores, onde uma tem tamanho reduzido. E suas folhas são geralmente mais largas que as das demais espécies.

trapoeraba
Planta adulta de Commelina benghalensis; trapoeraba é uma planta anual que prefere solos argilosos
(Fonte: Popovkin, 2013)

Commelina diffusa

Espécie frequente em quase todo o país, infesta principalmente cultivos perenes.

Prefere solo fértil, com boa umidade e semi-sombreados. Folhas com lâminas que lembram uma gramínea. Rizomas ausentes.

trapoeraba
Planta adulta de Commelina diffusa
(Fonte: Meyer, 2012 – Flora Digital UFRGS)

Commelina erecta

Espécie menos frequente em nosso país, infesta cultivos perenes.

Prefere solo fértil, com boa umidade. É bastante suscetível a geadas e ao cultivo mecânico do solo.

Possui rizomas sem frutificação, flores com duas pétalas grandes azuis e uma pétala residual.

Possui como diferencial um florescimento vistoso, sendo por muitas vezes cultivada como planta ornamental.

trapoeraba
Planta adulta de Commelina erecta
(Fonte: Evangelista, 2017)

Interferência de trapoeraba em culturas

A infestação de trapoeraba em uma lavoura de milho pode interferir na sua fisiologia, diminuindo a fotossíntese e transpiração do cultivo.

Para a cultura da soja, pesquisas demonstram que a trapoeraba possui habilidade competitiva semelhante ao cultivo. A densidade de infestação é fator determinante na redução da produtividade.

Como exemplo disso, pesquisas demonstram que 58 plantas por m² reduzem a produtividade da soja em 15%, enquanto 230 plantas m² reduzem 49%.

Além da interferência direta, a trapoeraba dificulta a colheita mecânica e pode aumentar o teor de água nos grãos ou sementes colhidas.  

Mais que problemas de interferência direta, esta planta daninha pode ser hospedeira de pragas e doenças.

A trapoeraba pode ser hospedeira do percevejo marrom e nematoide das galhas.

Trapoeraba: principais pontos sobre essa daninha

É muito importante destacar que não foram registrados casos de resistência a herbicidas para as espécies de trapoeraba no Brasil!

Mundialmente, registrou-se apenas um caso nos Estados Unidos para a espécie Commelina diffusa resistente a 2,4 D.  

Deste modo, é muito importante entender a biologia desta planta daninha para realizar um manejo eficiente e não selecionar plantas resistentes.

Estima-se que uma planta da trapoeraba pode produzir 1.600 sementes!

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Sementes da espécie Commelina benghalensis
(Fonte: Scher, 2019)

O grande diferencial desta planta daninha é a capacidade de produzir 4 tipos de sementes, aéreas (2)  e subterrâneas (2), além da grande capacidade de pedaços de ramos formarem uma nova planta.

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Formação de sementes aéreas da espécie Commelina benghalensis
(Fonte: Pellegrini e Forzza)

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Formação de sementes subterrâneas da espécie Commelina benghalensis
(Fonte: Matos de Comer)

Como os ramos cortados em situação de boa umidade são extremamente eficientes em formar novas plantas, os métodos de capina tradicionais somente espalhariam estas plantas em uma área maior.

Entenda as particularidades que dificultam o manejo de trapoeraba

Sementes grandes e pequenas produzidas na parte aérea, auxiliam na dispersão da espécie para novas áreas.

Sementes grandes e pequenas produzidas na parte subterrânea, ou seja nos rizomas, auxiliam na perpetuação da espécie na área infestada.

Existe diferença no enterrio sobre a capacidade de emergência destas sementes. Enquanto sementes de parte aérea emergem de até 2 cm, as subterrâneas emergem de até 12 cm.

Assim, o cultivo do solo para impedir a emergência de sementes não é tão eficiente!

Além disso, a  germinação desta espécie é favorecida por temperaturas dentro da faixa de 18°C a 36°C. A luz favorece a germinação, porém não é essencial.

Outra questão importante é que as sementes de trapoeraba possuem dormência. Ou seja, mesmo com condições ideais, a germinação não ocorre devido a um impedimento natural.

E o que isso influencia no manejo?

Plantas daninhas com dormência apresentam vários fluxos de emergência, muitas vezes fora do período de aplicação de herbicidas, o que dificulta seu manejo.

Além disso, esta planta daninha possui características morfológicas que dificultam seu manejo quando estão em estágio de desenvolvimento avançado.

Quando adulta, suas folhas possuem maior acúmulo de tricomas (pelos) e ceras o que dificulta a absorção e transporte do herbicida na planta.

trapoeraba
Estruturas presentes na superfície foliar da espécie Commelina benghalensis
(Fonte: Monquero, 2005)

Por isso é importante que o controle seja feito com plantas pequenas de 2 a 4 folhas.

A seguir, mostrarei como fazer o manejo correto desta planta daninha na soja e no milho.

Manejo de trapoeraba na entressafra do sistema soja-milho

Herbicidas pós-emergentes

O principal ponto para manejo eficiente de trapoeraba em pós-emergência é a aplicação em plantas pequenas (até 4 folhas). Elas absorvem maior quantidade de herbicidas.

Outro ponto muito importante é a tecnologia de aplicação utilizada. Como são plantas que podem ter menor capacidade de absorção, é importante seguir os princípios básicos para uma aplicação eficiente.

Para controle de trapoeraba, você deve priorizar uma boa cobertura do alvo e evitar baixo volume de calda, não sendo recomendado menos que 100 L ha-1.

Glifosato

Quando em estádios iniciais (até 4 folhas),pode ser eficiente no controle desta planta daninha. Recomenda-se duas aplicações sequenciais: 1ª 2,0 L ha-1 e 2ª 1,5 L ha-1.

Carfentrazone

Oferece ótimo controle em pós-emergência desta planta daninha, principalmente em estádios iniciais (até 4 folhas), geralmente associado a outros herbicidas sistêmicos (ex: glifosato).

Recomendações de dose de 59 a 75 mL ha-1.

2,4 D

Quando em estádios iniciais (até 4 folhas), pode ser eficiente no controle desta planta daninha. Recomendações de dose de 1,0 a 1,5 L ha-1.

Chlorimuron

Utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial sobre plantas pequenas (até 4 folhas). É geralmente associado a outros herbicidas sistêmicos (ex: glifosato) e fornece efeito residual, na dose de 60 a 80 g ha-1.

>>Leia mais: “Planta tiguera: Quais os manejos mais eficientes para sua lavoura

Herbicidas pré-emergentes

Flumioxazin

Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes.

Utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato, 2,4 D) ou no sistema de aplique plante da soja. Recomendável dose de 50 g a 60 g ha-1.

Sulfentrazone

Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes.

Utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glyphosate e 2,4 D). Recomenda-se dose de até 0,5 L ha-1, pois apresenta grande variação na seletividade de cultivares de soja.

Manejo na pós-emergência das culturas de soja e milho

Soja

Na pós-emergência da soja, pode ser utilizado chlorimuron. Se a soja for RR, pode-se realizar aplicações sequenciais de glifosato.

Milho

Atrazina

Quando em estádios iniciais (até 4 folhas), pode ser eficiente no controle desta planta daninha.

Recomendações de dose de 4 a 5 L ha-1, dependendo das características do solo.

Nicosulfuron

Deve ser aplicado na pós-emergência do milho, quando as plantas estiverem com 2 a 6 folhas.

Cuidado com a diferença de suscetibilidade dos híbridos. Recomendações de dose de 1,25 a 1,5 L ha-1  + óleo mineral.

>>Leia mais: “Guanxuma: 5 maneiras de livrar sua lavoura dessa planta daninha

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Conclusão

Neste artigo vimos a importância econômica que a trapoeraba possui em nosso país e como realizar um manejo eficiente em lavouras de grãos.

Entendemos a importância de conhecer a biologia da planta daninha antes de manejá-la.

Vimos que o estádio de aplicação e uso da correta tecnologia de aplicação são determinantes no controle desta daninha.

Espero que com as dicas passadas aqui você consiga realizar um manejo eficiente da trapoeraba!

>>Leia mais: “O guia do manejo eficiente da buva
>>Leia mais: “Como fazer o manejo eficiente do capim-amargoso

>> Leia mais: “Últimas notícias sobre ervas daninhas: Dicamba e Amaranthus palmeri

Você já teve problemas com infestação de trapoeraba em sua lavoura? Quais técnicas utilizar para manejá-la? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Antracnose nas culturas de grãos: como controlar de modo eficaz

Antracnose: saiba o que fazer para evitar a doença e como realizar um manejo eficiente e eficaz nas lavouras de soja, milho, feijão e sorgo.

Ver a lavoura com as folhas manchadas nunca é um bom sinal.

Ao saber que pode ser uma doença, pior ainda. As doenças podem facilmente limitar a produção e causar muitos prejuízos.

A antracnose é uma delas e pode gerar grandes perdas nas culturas de grãos.

Saiba a seguir como identificar a doença e quais as medidas de controle mais eficazes para sua lavoura. Confira!

Importância da antracnose na cultura de grãos

A antracnose é uma doença que pode ocorrer em várias culturas e afeta diferentes partes da planta.

A doença pode ocorrer em algumas culturas de grãos como feijão, soja, milho e sorgo.

Esta doença é causada por fungos do gênero Colletotrichum.

A antracnose pode gerar muitas perdas. Ela é considerada uma das doenças mais importantes da cultura do feijão, por exemplo. Neste caso, podem ocorrer perdas de até 100% com a utilização de variedades suscetíveis.

E, além das perdas quantitativas, pode também haver perdas qualitativas. O grão apresenta manchas negras ou lesões, o que reduz o preço de comercialização do produto.

Já na cultura do sorgo, a antracnose é considerada a doença mais importante por sua ampla distribuição nas áreas produtoras e pelos danos causados. Pode haver mais de 80% de perdas na produção de grãos com variedades suscetíveis.

Esses dados mostram a importância da antracnose para as culturas de grãos, com redução da produção (perda quantitativa) e perdas qualitativas, com manchas nos grãos ou sementes.

Agora vou explicar melhor as formas de sobrevivência e as condições favoráveis para a ocorrência da doença na lavoura.

Sobrevivência e condições favoráveis para a antracnose

As espécies de fungos do gênero Colletotrichum, que causam a antracnose, podem sobreviver em sementes, restos de culturas e hospedeiros alternativos (outras plantas que são hospedeiras do fungo).

A entrada do fungo na área da lavoura ocorre, geralmente, por sementes infectadas, sendo que plântulas originadas de sementes infectadas se tornam uma fonte de disseminação da doença na lavoura.

Além disso, o fungo pode reduzir a germinação das sementes infectadas.

Já a manutenção do inóculo (patógeno) na área ocorre preferencialmente por restos de culturas e por hospedeiros alternativos.

É importante entender as formas de sobrevivência do fungo para determinar as medidas de manejo.

Como podemos observar, o patógeno pode sobreviver na área por um longo período, de uma safra para outra. Por isso, é muito importante impedir a entrada do patógeno na sua lavoura.

Além disso, é importante ficar atento às condições favoráveis para a ocorrência da doença na sua área.

As condições favoráveis para a antracnose variam de temperatura moderada a alta e alta umidade.

Lembrando que plantios muito adensados podem propiciar alta umidade nas plantas e, dependendo das condições climáticas (temperaturas moderadas a altas), podem favorecer a ocorrência da doença na sua plantação.

Qual método de controle você utiliza para a antracnose nas culturas de grãos na sua lavoura?

Vou falar melhor sobre eles a seguir:

Métodos de controle da antracnose nas cultura de grãos

Como mencionei acima, o produtor deve entender as formas de sobrevivência do fungo que causa a antracnose para determinar as estratégias de manejo.

Como o fungo pode sobreviver em restos de culturas, uma importante técnica de controle é a utilização de rotação de culturas.

Ou seja, plantio alternado de diferentes espécies, na mesma área de cultivo e na mesma época do ano.

Lembrando que você tem que utilizar espécies de plantas que não sejam hospedeiras do patógeno da doença que se pretende controlar.

No plantio direto, a rotação de culturas é uma técnica obrigatória.

Você sabe que no plantio direto, a palhada fica sobre o solo e há o mínimo de revolvimento na semeadura.

E como o Colletotrichum sp. sobrevive nos restos culturais, é essencial realizar a rotação de culturas para reduzir o patógeno da área.

Caso não realize esta prática, ocorrerá aumento da população do fungo que causa a doença. Assim, na próxima safra da cultura de grãos, pode haver aumento da doença no início do ciclo da cultura, e consequentemente, perdas na produção.

>> Leia mais: “Mofo-branco: Como identificar e prevenir na sua lavoura

Outras estratégias de manejo

Além da rotação de culturas há outras estratégias de manejo. Veja:

  • Variedades resistentes (controle genético);
  • Sementes sadias;
  • Tratamento de sementes com fungicidas;
  • Espaçamento adequado para a cultura (adequação da população de plantas);
  • Aplicação de fungicidas na parte aérea das plantas.

O controle químico pode ser utilizado no tratamento de sementes e na pulverização da parte aérea das plantas. Mas lembre-se: este não é o único tipo de manejo, você deve utilizar outras técnicas também.

Para o controle da antracnose, primeiramente deve-se evitar a entrada do patógeno na área de cultivo. Isso pode ser feito utilizando sementes sadias, tratamento de sementes e outras medidas de manejo.

Se o patógeno estiver na área, deve-se realizar medidas de manejo de forma integrada, como, por exemplo, rotação de culturas, utilização de variedades resistentes, plantio com espaçamento adequado e outros.

Vou agora explicar as diferenças da antracnose nas culturas da soja, milho, feijão e sorgo.

Antracnose na soja

A antracnose foi considerada a segunda doença mais importante da cultura da soja em safras passadas, atrás da ferrugem asiática.

A espécie C. truncatum é a mais encontrada, mas há outras espécies de Colletotrichum sp. que podem causar a doença em soja.

A antracnose pode afetar a planta de soja em qualquer fase de desenvolvimento atingindo folhas, hastes e vagens.

Porém, é mais frequente na fase de floração e no enchimento de grãos, podendo causar queda das flores e vagens.

Se a doença ocorrer no início do desenvolvimento da cultura, pode haver morte das plântulas.

Os sintomas da doença nas folhas são lesões necróticas, podendo ocorrer necrose nas nervuras.

Nas vagens ocorrem lesões escuras de formato irregular e com depressões. Estes danos podem afetar os grãos ou as sementes do interior da vagem.

Os grãos e as sementes ficam com manchas, o que reduz a qualidade e o valor de comercialização, além de veicular o patógeno pela semente.

antracnose
Antracnose é a segunda pior doença da soja, perdendo apenas para a ferrugem asiática
(Fonte: Fundação Rio Verde)

Controle da antracnose na soja

  • Sementes sadias;
  • Tratamento de sementes com fungicidas registrados para o patógeno e para a cultura;
  • Rotação de culturas;
  • Espaçamento adequado nas entre linhas;
  • Fungicidas para a parte aérea (há alguns fungicidas registrados para controle da antracnose na parte aérea, aplicados principalmente nos estádio R5 e R6).

Para consultar os produtos que são registrados para controle da antracnose nas culturas de grãos, consulte o Agrofit.

Em caso de dúvida e para a prescrição do receituário agronômico, procure sempre um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).

>> Leia mais: “Doenças de final de ciclo soja: Principais manejos para não perder a produção

Antracnose no milho

A antracnose no milho é causada por Colletotrichum graminicola, que pode atacar principalmente as folhas e os colmos. Assim, pode reduzir a produção do milho em até 40%.

Tanto o ataque nas folhas como no colmo são limitantes para a cultura do milho.

Isso se deve ao aumento das áreas de plantio direto e de cultivos de 2° safra (safrinha), o que favorece a sobrevivência do fungo nos restos de culturas e posterior infecção nas plantas de milho (aumento do inóculo na sua área de cultivo).

São sintomas da antracnose foliar as lesões necróticas, arredondadas a alongadas de coloração castanha.

antracnose
(Fonte: Rodrigo Véras da Costa em Embrapa)

Já os sintomas da antracnose no colmo são as lesões estreitas com coloração castanha; os tecidos internos ficam escuros e podem entrar em processo de desintegração.

Métodos de controle da antracnose no milho:

  • Uso de variedades resistentes;
  • Rotação de culturas.

Antracnose na cultura do sorgo

Como já comentei, a antracnose é considerada a doença mais importante no sorgo.

O fungo que causa a antracnose também é o C. graminicola, como ocorre na cultura do milho.

A doença no sorgo pode ocorrer em: folhas, colmo, panícula e grãos.

Nas folhas podem ocorrer sintomas em qualquer estádio de desenvolvimento, principalmente a partir do desenvolvimento da panícula.

Inicialmente, as lesões nas folhas são circulares a ovais, com centros necróticos de coloração palha. Esses depois se tornam escuros, com as margens avermelhadas ou castanha, dependendo da variedade.

No colmo formam-se cancros, caracterizados pela presença de áreas mais claras circundadas pela pigmentação característica da planta hospedeira, principalmente em plantas adultas.

E na panícula, pode ser a extensão da fase de podridão do colmo. Ocorrem lesões abaixo da epiderme, com aspecto encharcado de coloração cinza a avermelhada.

O que pode ser notado é que panículas de plantas infectadas são menores e amadurecem mais cedo.

Controle para antracnose no sorgo

  • Uso de variedades resistentes;
  • Sementes sadias;
  • Tratamento de sementes;
  • Rotação de culturas.

>> Leia mais: “Como fazer o manejo efetivo da necrose da haste da soja

Antracnose no Feijoeiro

O fungo que causa a antracnose na cultura do feijão  é C. lindemuthianum.

Como já mencionamos, a antracnose é uma das doenças de grande importância para o feijoeiro e pode atingir toda a parte aérea da planta.

Os sintomas que você pode observar nas folhas são áreas necrosadas nas nervuras, principalmente na parte debaixo da folha, sendo um sintoma característico da doença.

Você também pode ver lesões de formato alongadas e angulosas, de coloração vermelha a marrom. Já nas vagens, as lesões são deprimidas, circulares, com borda escura (marrom ou avermelhada).

Controle da antracnose do feijoeiro

  • Sementes sadias;
  • Tratamento de sementes;
  • Variedades resistentes;
  • Rotação de culturas;
  • Fungicidas para pulverização da parte aérea.

E, para concluir, veja a tabela abaixo com as características da doença Antracnose nas culturas de soja, milho, feijão e sorgo.

antracnose

Conclusão

Neste artigo falamos sobre a antracnose, uma importante doença na cultura dos grãos.

Você viu as formas de sobrevivência do patógeno, condições favoráveis para a ocorrência da doença e as medidas de manejo.

Além disso, abordamos as principais características da antracnose nas culturas da soja, do milho, do feijão e do sorgo.

E mostramos as principais estratégias de controle da doença nas culturas de grãos.

Então, realize um bom manejo da sua cultura e evite perdas de produção com a antracnose!

>>Leia mais:

Míldio: Como identificar na sua lavoura e combater essa doença
Tudo sobre oídio e como manejá-lo em sua área

Você tem problema com a antracnose nas culturas de grãos? Qual medida de manejo você utiliza? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Guanxuma: 5 maneiras de livrar sua lavoura dessa planta daninha

Guanxuma: época certa para controle, quais herbicidas utilizar e  as principais dicas para evitar prejuízo na lavoura.

A guanxuma é um grande problema na lavoura.

Ela causa interferência direta na plantação, reduzindo o rendimento dos grãos na cultura da soja, por exemplo.

Além disso, sua presença pode indicar uma possível compactação do solo, demonstrando que o cultivo está suscetível à seca e ao tombamento.

Neste artigo, mostrarei como identificar, manejar e controlar a guanxuma na sua lavoura. Confira!

Identificação das principais espécies de guanxuma no Brasil

No Brasil as espécies mais comuns são:

Sida glaziovii

Ocorre frequentemente em solos arenosos das regiões tropicais do Brasil. Infesta principalmente áreas de pastagens, beiras de estrada, carreadores pomares e culturas perenes em geral.

É uma das principais infestantes em áreas de novos canaviais no cerrado.

Pode ser reconhecida pela coloração prateada de suas folhas.

guanxuma
Planta adulta de Sida glaziovii
(Fonte: Mercadante, 2015)

Sida spinosa

Planta medianamente frequente, infesta geralmente cultivos anuais ou perenes, pomares e pastagens, nas regiões centro e sul do País.

Muito comum em áreas de solo arenoso e tolera solos ácidos e pobres.

guanxuma

Planta adulta de Sida spinosa
(Fonte: Weedimages)

Sida rhombifolia

Dentre as espécies de guanxuma, é a mais comum em áreas cultivadas do país. Infesta principalmente lavouras anuais e perenes, pomares e pastagens.

É mais frequente em cultivos de cereais em sistema de plantio direto.

É curiosamente conhecida como relógio, devido à pontualidade com que suas flores se abrem e se fecham diariamente.

guanxuma

Planta adulta de Sida rhombifolia
(Fonte: Mercadante, 2013)

Interferência de guanxuma nas culturas

A guanxuma tem crescimento inicial lento, o que a torna um planta daninha pouco competitiva. Porém, em estádios mais avançados, possui maior competitividade com culturas e se torna de difícil controle.

Pesquisas demonstram que 10 plantas de guanxuma por m² podem reduzir em 6% o rendimento de grãos da cultura da soja.

Além dos problemas de interferência direta, essa planta daninha pode ser hospedeira de pragas e doenças.

A guanxuma pode ser hospedeira de nematoides das galhas e das lesões.

Sua presença na lavoura também pode ser indicadora de compactação do solo.  

Tome muito cuidado com sinais de compactação!

A compactação limita o crescimento e desenvolvimento das raízes à camada superficial de solo, deixando o cultivo muito suscetível à seca e tombamento.

Guanxuma: principais pontos sobre essa daninha

É muito importante salientar que não foram registrados casos de resistência a herbicidas para as espécies de guanxuma no Brasil!

Mundialmente, registrou-se apenas um caso nos Estados Unidos para a espécie Sida spinosa resistente a imazaquin.  

Desta forma, é muito importante entender a biologia destas espécies para traçar estratégias de manejo eficientes e não selecionar ervas daninhas resistentes.

Esta planta daninha produz em média 510 sementes por planta, podendo a chegar até 28 mil sementes m-2, que são indiferentes à luz. Ou seja, são capazes de germinar no claro e no escuro.

Sua germinação é favorecida com alternância de temperatura em 20°C a 30°C. Já a profundidade de enterrio não possui influência sobre a emergência desta planta daninha.

Mesmo com profundidade de 5 cm, as sementes possuem boa germinação!

Por outro lado, a deposição de matéria orgânica na superfície do solo (palhada) dificulta a emergência das sementes devido à baixa quantidade de reserva nas sementes.  

Nestas condições, a plântula gasta uma grande quantidade de reserva para atravessar essa barreira. Isso a torna mais suscetível ao efeito de herbicidas.  

O grande problema está nas sementes de guanxuma que possuírem dormência, ou seja, mesmo com condições ideais, a germinação não ocorre devido a um impedimento natural.

guanxuma
Sementes da espécie Sida rhombifolia
(Fonte: Teo, 2014)

E o que essas características influenciam no manejo?

Plantas daninhas com dormência apresentam vários fluxos de emergência, muitas vezes fora do período de aplicação de herbicidas, o que dificulta o seu manejo.

Além disso, essa planta daninhas possui características morfológicas que dificultam seu manejo quando estão em estágio de desenvolvimento avançado.

Quando adulta, suas folhas possuem maior acúmulo de tricomas (pelos) e ceras, o que dificulta a absorção e transporte do herbicida na planta.

guanxuma
Estruturas presentes na superfície foliar da espécie Sida rhombifolia  
(Fonte: Albert e Victoria Filho, 2002)

Por isso, é importante que o controle seja feito com plantas pequenas de até 4 folhas.

>>Leia mais: “Guia para o controle eficiente da trapoeraba

Manejo de guanxuma na entressafra do sistema soja-milho

Herbicidas pós-emergentes

O principal ponto no manejo eficiente de guanxuma em pós-emergência é a aplicação em plantas pequenas (até 4 folhas). Elas absorvem maior quantidade de herbicidas e possuem menor capacidade de rebrota.

Outro ponto muito importante é a tecnologia de aplicação utilizada. Como são plantas que podem ter menor capacidade de absorção, é importante seguir estas dicas:

  • Garantir uma boa cobertura do alvo;
  • Utilizar bons adjuvantes, de acordo com as necessidades dos herbicidas;
  • Aplicar em condições climáticas ideias;
  • Cuidar com incompatibilidade de calda, na mistura de tanque de produtos fitossanitários.

Os dois principais herbicidas pós-emergentes em áreas sem cultivos são:

Glifosato

Quando em estádios iniciais (até 4 folhas), é muito eficiente no controle desta planta daninha. Recomendações de dose de 2 L ha-1.

Fui uma importante solução para o controle de guanxuma em pós-emergência da soja (com tecnologia RR), fornecendo ótimo controle sem afetar o cultivo.

2, 4 D

Pode ser utilizado na entressafra para o controle de plantas pequenas (até 4 folhas). Recomendações de dose de 1 a 1,5 L ha-1.

Cuidado com antagonismo em mistura com outros herbicidas!

Herbicidas pré-emergentes

O uso de herbicidas pré-emergentes para o controle dessa planta daninha é essencial!

Como suas sementes possuem dormência, ou seja, com vários fluxos de emergência, estes herbicidas reduzem a necessidade de aplicações em pós-emergência. Eles ainda aumentam a possibilidade da cultura fechar no limpo!

Diclosulam

Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes.

Utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glyphosate e 2,4 D). O solo deve estar úmido.

Recomendações de dose de 29,8 a 41,7 g ha-1.

Flumioxazin

Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes.

Utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glyphosate, 2,4 D e imazetapir) ou no sistema de aplique plante da soja. Recomendação de dose de 50 a 120 g ha-1.

Sulfentrazone

Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes.

Utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glyphosate e 2,4 D). Recomenda-se dose de até 0,5 L ha-1, pois apresenta grande variação na seletividade de cultivares de soja.

Recomendado principalmente para áreas onde também ocorre infestação de tiririca!

Manejo na pós-emergência das culturas de soja e milho

Soja

Cloransulam

Utilizado em pós-emergência da soja, na dose de 35,7 g ha-1.

Imazetapir

Utilizado em pós-emergência precoce da guanxuma e na soja com até 2 trifólios, na dose de 1,0 L ha-1.

Milho

Atrazina

Quando em estádios iniciais (até 4 folhas) é muito eficiente no controle dessa planta daninha.

Recomendações de dose de 4 a 5 L ha-1, dependendo das características do solo.

Mesotrione

Aplicar de 2 a 3 semanas após semeadura do milho, sobre plantas daninhas em pós-emergência precoce (2 folhas). Recomendações de dose de 0,4 L ha-1 + óleo mineral.

>> Leia mais: “O guia completo para o controle do capim-pé-de-galinha

Conclusão

Neste artigo vimos a importância econômica que a guanxuma possui e como realizar um manejo eficiente em lavouras de grãos.

E entendemos a importância de conhecer a biologia da planta daninha antes de manejá-la.

Vimos que o estádio de aplicação, uso de correta tecnologia de aplicação e inclusão de pré-emergentes são determinantes no controle dessa planta daninha.

Espero que com as dicas passadas aqui você consiga realizar um manejo eficiente da guanxuma!

>> Leia mais:

“Planta tiguera: Quais os manejos mais eficientes para sua lavoura”

“Guia do manejo eficiente da buva”

“Como fazer o manejo eficiente do capim-amargoso”

Você já teve problemas com infestação de guanxuma em sua lavoura? Quais técnicas utilizar para manejá-la? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Inseticida piretroide: Como fazer o melhor uso dele

Inseticida piretroide: Entenda melhor como funcionam, qual a melhor maneira de utilizá-los e como prevenir a resistência de insetos aos produtos desse tipo.

Os piretroides são alguns dos inseticidas mais utilizados na agricultura hoje, com resultados efetivos contra diversas pragas agrícolas.

Mas seu uso requer cuidados com misturas e, principalmente, quanto ao intervalo de aplicações.

A utilização incorreta pode gerar populações de insetos resistentes na sua lavoura. E aí os prejuízos são muitos.

Neste artigo, vamos entender o modo de ação do inseticida piretroide e como fazer o melhor uso dele. Confira a seguir!

O que é inseticida piretroide: como consultar doses, bula e aplicações

Os inseticidas piretroides são defensivos químicos com compostos extraídos de flores de Chrysanthemum cinerariaefolium e Chrysanthemum coccineum, da família Asteraceae. Controlam diversas pragas, desde percevejos e lagartas até moscas.

Produtos comerciais registrados podem ser consultados no Agrofit, do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

inseticida piretroide

Ao consultar o inseticida piretroide que você queira utilizar na sua cultura, leia a bula do produto, veja a dose recomendada, quantas vezes pode aplicar e qual o intervalo entre as aplicações.

É importante que você entenda que este grupo de inseticidas possui muitos ingredientes ativos.

E o que seria um ingrediente ativo? É a substância química principal presente no inseticida, mas terá o mesmo princípio ativo do seu grupo químico, neste caso, dos piretroides.

Dentro do grupo dos piretroides existem mais de 30 ingredientes ativos com diferentes formulações e marcas comerciais.

E eles são registrados para controle de pragas em diversas culturas. Vou mostrar alguns dos mais usados para grãos.

Inseticida piretroide para soja e milho

Bifentrina

Este ingrediente ativo possui 25 produtos comerciais registrados no site do Mapa.

inseticida piretroide

Atua como acaricida, formicida e inseticida. São registrados para diversas culturas, dentre elas algodão, feijão, milho e soja.

O que é Cipermetrina?

Este ingrediente ativo possui 21 produtos comerciais registrados no site do Mapa.

inseticida piretroide

Atuam como formicidas e inseticidas. São registrados tanto para culturas anuais como perenes. São bastante utilizados para controle de pragas do algodão, milho e soja.

Deltametrina

Este ingrediente ativo possui 7 produtos comerciais registrados no site do MAPA.

inseticida piretroide

Algumas marcas comerciais têm registro para espécies cultiváveis de solanáceas. Mas, na cultura do milho, atua bem no controle inicial de lagarta-do-cartucho.   

Lambda-cialotrina

Este ingrediente ativo é um dos mais utilizados e tem 29 produtos comerciais registrados no site do MAPA.

inseticida piretroide

Também tem registro para diversas culturas, principalmente, algodão, milho e soja. Em soja, são bastante utilizados para controle de percevejo-verde.

Suponhamos que você teve que recorrer ao uso de um inseticida piretroide.

Você está tendo problemas com a larva-alfinete na sua lavoura de milho e te indicaram o ingrediente ativo bifentrina.

Ao consultar o site do MAPA, escolheu o inseticida Seizer 100 EC.  

inseticida piretroide

Na bula, a recomendação é de que a dose seja de 200 a 300 mL de produto em um ha. E que seja realizada apenas 1 aplicação em todo o ciclo da cultura.

inseticida piretroide

É importante que você respeite essas indicações da bula para não comprometer o controle da praga, o agroecossistema e a produção final.

Entenda como funcionam os inseticidas piretroides

Os inseticidas piretroides são um grupo químico de inseticidas sintéticos mímicos das piretrinas.

As piretrinas são compostos extraídos de flores de Chrysanthemum cinerariaefolium e Chrysanthemum coccineum, da família Asteraceae.

Por serem substâncias sintéticas, derivadas de extratos de uma espécie de planta, nos vem aquela ideia de que sejam inseticidas bastante seguros, não é mesmo?

Mas alguns cuidados devem ser tomados na sua utilização.

É importante que você saiba que o piretroide é um inseticida de amplo espectro. Vou explicar mais a frente o que isso significa.

Agora, vamos entender o modo de ação do inseticida piretroide nos insetos.

Modo de ação dos piretroides

O inseticida piretroide age no sistema nervoso dos insetos, mais especificamente nos canais de sódio dos axônios dos neurônios. Ficou complicado? Vejamos o esquema abaixo:

A primeira figura mostra a célula nervosa (neurônio)

inseticida piretroide

O inseticida piretroide irá agir nesta parte destacada, que é o axônio:

inseticida piretroide

Veja que o axônio possui na parte de fora cargas positivas e, na parte de dentro da membrana, cargas negativas:

inseticida piretroide

Sem o efeito do piretroide, o potencial de ação acontece normalmente, como você verá nas próximas imagens.

Com um impulso nervoso, o canal axônico abre e entram as cargas positivas. Depois, o canal fecha e as cargas positivas saem, voltando ao estado inicial de equilíbrio.

inseticida piretroide

Mas, quando as moléculas de inseticidas piretroides entram em contato com o sistema nervoso do inseto, elas fazem com que os canais axônicos permaneçam abertos.

Então, quando há uso do inseticida piretroide, os canais não se fecham:

inseticida piretroide

Dessa forma, os íons de sódio entram no axônio de forma contínua, produzindo excessivos potenciais de ação seguidos de hiperpolarização da membrana.

A consequência disso tudo é que o inseto tem um primeiro sintoma de hiperexcitação, seguido de paralisia e morte.

inseticida piretroide

(Fonte das imagens: Larry Keeley em YouTube)

Amplo espectro

O termo amplo espectro é utilizado para inseticidas que podem agir não somente nas pragas, mas também em organismos não-alvo.

Por agirem no sistema nervoso, outros organismos podem sofrer com efeitos colaterais e até efeitos letais, como no caso de outros insetos (que não as pragas) presentes na lavoura.

Eles comumente agem por contato e ingestão. Ou seja, as moléculas podem ter acesso aos neurônios por meio do contato físico ou pela alimentação de partes da planta contendo resíduos.

Mas tudo depende da dose para ter efeito nos organismos. Muitas vezes a dose para matar a praga é menor do que para outro organismo ou pode acontecer o contrário, que não seria ideal.

Por isso é muito importante respeitar:

  • As doses recomendadas para cada cultura;
  • O período de carência para pulverização (intervalo entre a aplicação e a colheita);
  • Saber se são seletivos aos inimigos naturais das pragas na área.

Inseticida piretroide: cuidados para evitar efeitos colaterais

Além de serem de amplo espectro, os piretroides tem uma boa estabilidade sob a luz solar e costumam persistir nas áreas em que foi aplicado.

E o que isso tem a ver com as recomendações anteriores?

Pela boa estabilidade, eles não se degradam facilmente e, por isso, continuam agindo no período em que estão tendo ação residual.

Com isso, controlam bem as populações das pragas. Entretanto, se o intervalo entre as aplicações não for respeitado, os efeitos colaterais podem ocorrer.

Um deles seria a pressão de seleção. Com aplicações constantes, e devido à persistência das moléculas residuais, as pragas mais resistentes permanecerão na área.

A presença de populações resistentes na sua lavoura lhe causará prejuízos, pois seu inseticida não controlará mais a praga.

Além disso, pelo amplo espectro, esses inseticidas podem atingir organismos benéficos que auxiliam no controle da sua praga.

Muitos trabalhos científicos mostram a toxicidade destes inseticidas a insetos que atuam no controle biológico de pragas.

É ideal que os inseticidas sejam seletivos fisiológica e ecologicamente aos inimigos naturais.

Conclusão

Os inseticidas do grupo dos piretroides podem lhe auxiliar muito bem no controle das pragas.

Mas é essencial conhecer e respeitar as recomendações do fabricante porque são inseticidas de amplo espectro e podem atingir organismos não-alvo.

Neste artigo, destacamos o modo de ação dos piretroides e os cuidados para minimizar os riscos de efeitos colaterais.

Com essas informações, espero que você consiga utilizá-los de forma adequada e tenha ótimos resultados na lavoura!

>>Leia mais:

Guia completo para o manejo da lagarta-preta (Spodoptera cosmioides)

“6 inseticidas naturais para você começar a usar na sua lavoura”

“Inseticida natural: Como ele pode ajudar no manejo da sua lavoura

“Como fazer o melhor uso de inseticida na dessecação da lavoura”

Você tem usado inseticida piretroide em sua propriedade? Restou alguma dúvida? Deixe seu comentário e compartilhe em suas redes sociais!