Capim-amargoso: características e como fazer o manejo eficiente

Capim-amargoso: época certa para controle, quais herbicidas usar e as principais dicas para minimizar casos de resistência e evitar prejuízos na lavoura.

A presença de capim-amargoso na lavoura tira o sono de muitos produtores. E não é à toa, pois essa planta daninha tem grande capacidade de crescer e se desenvolver em lavouras de grãos, ocasionando grandes prejuízos à produtividade.  

O custo para controle em áreas com capim-amargoso resistente a glifosato já em estádio de desenvolvimento avançado pode aumentar em até 290%. E se houver infestação simultânea de capim-amargoso e buva, esse custo pode ser 403% maior.

Quer saber como fazer um manejo eficiente do capim-amargoso? A seguir, explicarei o período ideal para controle e os herbicidas mais indicados. Confira!

Capim-amargoso: características e principais pontos sobre essa planta daninha

O capim-amargoso (Digitaria insularis) é uma planta daninha de ciclo perene – seu ciclo de vida pode durar mais de 2 anos. Ela se reproduz através de sementes e produz estruturas de reserva subterrâneas (rizomas).

Essas estruturas de reserva ou rizomas são formadas a partir dos 45 dias após emergência. E isso confere ao capim-amargoso uma grande capacidade de recuperação da parte aérea após danos causados por corte mecânico ou ação de herbicidas.

O capim-amargoso é adaptado a quase todo o território nacional, infestando a maioria dos cultivos de grãos do Brasil. Estima-se que, atualmente, ela infeste uma área de 8,2 milhões de ha em nosso país.

Sua ampla dispersão está associada à capacidade de produzir uma grande quantidade de sementes (mais de 100 mil sementes por inflorescência). Essas sementes são facilmente disseminadas pelo vento durante todo o ano.

capim-amargoso
Sementes de capim-amargoso são disseminadas durante o ano inteiro
(Foto: Laura Wewerka em Plant Atlas)  

As sementes têm sua germinação indiferente à luz, ou seja, podem germinar no escuro ou no claro. Porém, têm maior porcentagem de germinação na presença da luz.

Além disso, a profundidade de enterrio pode influenciar a capacidade de emergência de sementes de capim-amargoso. Profundidades a partir a 4 cm podem diminuir sua emergência em mais de 90%.

Este fato pode ser justificado por se tratar de sementes pequenas com baixa quantidade de reservas, o que impossibilita atravessar esta barreira de solo para encontrar a luz e fazer fotossíntese.   

O problema da resistência do capim-amargoso no Brasil

O capim-amargoso começou a ter importância econômica a partir da década de 90, com a expansão do plantio direto.

Apesar das grandes melhorias trazidas com a implantação desse sistema de plantio, a prática favoreceu a infestação de algumas plantas daninhas.

Isso porque, no plantio convencional, o revolvimento do solo enterrava as sementes de capim-amargoso. Essa situação ajudava a destruir as estruturas de reservas utilizadas para o rebrote.

Com o aumento da infestação dessa planta daninha em áreas de grãos e o uso indiscriminado do glifosato, houve seleção de plantas resistentes no ano de 2008.

A dispersão dessas populações foi tão grande, que em 2016, 87% das populações coletadas à beira de rodovias nos estados do Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás apresentaram resistência ao glifosato.

Em 2016, foi relatado o primeiro caso de capim-amargoso resistente a graminicidas (fenoxaprop e haloxyfop). Por sorte, estas populações foram selecionadas em áreas de produção convencional de soja e não apresentavam resistência a glifosato.

Porém, devido à larga utilização destes herbicidas em nosso país, existem fortes indícios de que populações com resistência múltipla ao glifosato e graminicidas serão identificadas muito em breve.    

capim-amargoso
Capim-amargoso resistente ao glyphosate foi notificado em 2008
(Foto: Germani Concenço em Embrapa)

Manejo do capim-amargoso na entressafra do sistema soja-milho

A entressafra com certeza é período ideal para realizar um bom manejo do capim-amargoso. Isso porque existe um número maior de opções a serem utilizadas.

O ideal é que a aplicação ocorra em plantas com até 2 perfilhos, pois as chances de sucesso são maiores.

Como o capim-amargoso produz estruturas de reserva – e os herbicidas geralmente não conseguem afetá-las -, o controle tardio demandará aplicações sequenciais para esgotar estas reservas e impedir a rebrota.  

Em geral, as aplicações sequenciais envolvem uma primeira aplicação com herbicidas sistêmicos (ex: glifosate e graminicidas) e aplicações sequenciais com herbicidas de contato (glufosinato de amônio e paraquat).

Porém, dependendo das condições edafoclimáticas (solo e clima), é comum que sejam necessárias até 3 aplicações para controlar plantas perenizadas.

E qual o intervalo ideal entre aplicações?

O intervalo é determinado através do tamanho da rebrota (comprimento entre o solo e inserção da primeira folha rebrotada) após a aplicação. O ideal é aplicar com uma rebrota entre 10 cm e 20 cm.

>> Leia mais: “Últimas notícias sobre ervas daninhas: Dicamba e Amaranthus palmeri

Herbicidas pós-emergentes:

Cletodim

Possui ótimo controle de plantas daninhas pequenas (até 2 perfilhos). Pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial (geralmente associado a glifosato), na dose de 0,5 a 1,0 L ha-1. Adicionar óleo mineral 0,5 a 1,0 % v v-1.

Haloxyfop

Possui ótimo controle de plantas daninhas pequenas (até 2 perfilhos). Pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial (geralmente associado a glifosato), na dose de 0,55 a 1,2 L ha-1. Adicionar óleo mineral 0,5 a 1,0 % v v-1.

Este são os exemplos mais comuns de graminicidas utilizados no mercado. Porém, existem outros produtos para controle químico com ótimo desempenho e que seguem a mesma lógica de manejo.

Novas formulações de graminicidas vêm sendo lançadas com maior concentração do ingrediente ativo (responsável pela morte da planta) e com adjuvante incluso. (Ex: Verdict max®, Targa max® e Select one pack®)

Glifosato

Mesmo não sendo efetivo para a maioria das populações, pode ser usado no manejo para controle de outras plantas daninhas. Ainda que o capim-amargoso seja resistente à associação de glifosato a graminicidas, melhora o controle.

Quando forem misturados 2,4D e graminicidas, deve-se aumentar a dose do graminicida em 20%, pois este herbicida reduz sua eficiência.

Paraquat

Pode ser utilizado em plantas pequenas (até 2 perfilhos) provenientes de sementes ou em manejo sequencial para controle da rebrota de plantas maiores. Recomendada dose de 1,5 a 2,0 L ha-1. Adicionar adjuvante não iônico 0,5 a 1,0% v.v.

Glufosinato de amônio

Pode ser utilizado em plantas pequenas (até 2 perfilhos) provenientes de sementes ou em manejo sequencial para controle de rebrota de plantas maiores. Indicada dose de 2,5 a 3,0 L ha-1. Adicionar óleo mineral 2,0% v.v.

capim-amargoso
Sistema radicular de plantas de capim-amargoso aos 45 dias após a emergência. A – Visão geral; B – Detalhes dos rizomas formados
(Fonte: Machado et al.)

Herbicidas pré-emergentes:

Diclosulam

Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes. Utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato e graminicidas), solo deve estar úmido. Recomendações de dose de 29,8 a 41,7 g ha-1.

Flumioxazin

Herbicida com ação residual. Utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato, graminicidas e imazetapir) ou no sistema de aplique plante da soja. Recomendações de dose de 70 a 120 g ha-1.

S-metolachlor

Herbicida com ação residual utilizado no sistema de aplique plante da soja. Recomendável dose de 1,5 a 2,0 L ha-1. Não deve ser aplicado em solos arenosos.

Trifluralina

Herbicida com ação residual utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato, graminicidas). Recomendável dose de 1,2 a 4,0 L ha-1, dependendo da planta daninha a ser controlada e nível de cobertura do solo. Deve ser aplicado em solo úmido e livre de torrões.

capim-amargoso
Infestação de capim-amargoso em lavoura de soja: cuidados com daninhas na cultura começam no pré-plantio
(Fonte: Agronegócio em foco)

Manejo na pós-emergência das culturas de soja e milho

Para plantas pequenas ou rebrota de plantas perenizadas na soja, temos como opção eficiente somente o uso de graminicidas (clethodim, haloxyfop e outros).

Em caso de soja RR, podem ser associados ao glifosato.

Em áreas com grande infestação, devem ser utilizados herbicidas pré-emergentes no sistema de “aplique plante” para diminuir o banco de sementes e o número de aplicações em pós-emergência (diclosulam, flumioxazin e s-metolachlor).

A inclusão de pré-emergentes em diferentes etapas do manejo de plantas daninhas é fundamental, principalmente em áreas com grandes infestações.

Eles trazem ótimo custo-benefício ao produtor, pois diminuem a necessidade de aplicações em pós-emergência e previnem a seleção de plantas resistentes.

O controle de capim-amargoso no milho é mais complexo, pois o milho também é uma gramínea. Existem poucas opções que sejam seletivas ao milho e controlem o capim-amargoso.

Dentre elas temos:

  • herbicidas pré-emergentes aplicados em sistema de “aplique plante” – como trifluralina, s-metolachlor e isoxaflutole;
  • herbicidas utilizados em pós-emergência precoce – como nicosulfuron, tembotrione e mesotrione).

Porém, não há opções eficientes para controle de plantas mais desenvolvidas ou perenizadas.    

Lembre-se sempre de consultar um engenheiro agrônomo.

capim-amargoso
Lavoura de milho safrinha com alta infestação de capim-amargoso; controle é mais difícil no milho
(Fonte: Notícias Agrícolas)

Perspectivas futuras

Nos próximos anos, existem previsões da liberação comercial de um novo “trait” de resistência a herbicidas para a cultura da soja e do milho.

  • Soja e milho: Enlist (2,4D colina, glifosato e glufosinato de amônio).

Essa tecnologia trará a opção incluir o glufosinato de amônio no manejo de pós-emergência do cultivo, além de possibilitar o uso de haloxyfop em pós-emergência do milho. Isso trará grandes benefícios ao agricultor.  

Existem ainda previsões do lançamento de novos herbicidas pré-emergentes para controle de gramíneas (ex: pyroxasulfone).

Na próxima década, há previsão do lançamento de um novo mecanismo de ação que controla gramíneas em pós-emergência seletivo à soja e milho.

Conclusão

Neste artigo, mostramos a importância econômica que o capim-amargoso possui e como realizar um manejo eficiente em lavouras de grãos.

Entendemos a importância de conhecer a biologia da planta daninha antes de manejá-la. E vimos algumas novidades que serão lançadas no mercado.

Espero que, com essas dicas passadas aqui, você consiga realizar um manejo eficiente do capim-amargoso na condução da lavoura!

Como você controla a infestação de capim-amargoso na lavoura hoje? Já enfrentou casos de resistência? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Por que você deve fazer monitoramento de pragas e como iniciá-lo?

Monitoramento de pragas: Você sabe quando deve entrar com controle de pragas na sua lavoura? Vamos detalhar quando e como fazer isso.

A presença de insetos na lavoura costuma ser motivo de preocupação, mas nem sempre é sinal de prejuízo econômico.

Para saber quando há riscos de danos e necessidade efetiva de controle é que se faz o monitoramento de pragas.

Baseado nos princípios do MIP (Manejo Integrado de Pragas), ele deve ser seu aliado na tomada de decisões na lavoura!

Mas você sabe qual é o momento ideal para começar o monitoramento para não perder produção e nem desperdiçar aplicações? Tire suas dúvidas a seguir!

Monitoramento de pragas: por que você deve fazê-lo

O monitoramento de pragas é a constante avaliação da lavoura, em pontos pré-estabelecidos, para detecção de pragas que podem vir a causar danos econômicos se não controladas.

A densidade populacional do inseto é que vai indicar se a praga está no nível de controle, ou seja, um nível antes do nível de dano econômico. Veja na imagem abaixo.

monitoramento de pragas

Antes de qualquer coisa, é muito importante que você conheça o histórico da área. Saiba quais pragas estiveram presentes nas safras anteriores, o que foi cultivado e se houve problemas para o controle.

Esteja atento em todas as etapas do cultivo da safra. O monitoramento é importante antes mesmo do início do plantio.

Vale lembrar que, até o estabelecimento do MIP, na década de 70, essa prática não era muito comum.

O manejo convencional utiliza aplicações calendarizadas de inseticidas de forma preventiva ao ataque de pragas. Mas sabemos que a adoção dessa prática não é a ideal, certo?

Você pode entender melhor as práticas do MIP em um curso gratuito que preparamos. Para isso, basta clicar na imagem abaixo e se inscrever!

Vamos então conhecer agora alguns tipos de monitoramento de pragas. Confira:

Amostragem do solo

Se antes mesmo de você semear já estiverem presentes no solo pragas subterrâneas, seu cultivo pode vir a sofrer perdas severas.

O ataque sobre as sementes e plântulas recém-emergidas pode até parecer repentino. No entanto, se as pragas forem detectadas previamente, é possível que você reduza as populações destes insetos-praga com sucesso.

Esse tipo de monitoramento pode ser feito tanto em soja como em milho. Mas na cultura do milho, é fundamental que se faça devido à agressividade das pragas subterrâneas iniciais.

Em cada ponto, as amostras podem ser de 30 cm de largura por 30 cm de comprimento e 15 a 30 cm de profundidade nas trincheiras, totalizando oito pontos em 1 ha.

monitoramento de pragas
Amostragem de solo
(Fonte: A.A. dos Santos Capítulo 9_, amostragem de pragas da soja, Beatriz Spalding Corrêa-Ferreira)

Pano-de-batida

O pano-de-batida foi estabelecido para detecção de lagartas desfolhadoras e percevejos fitófagos na cultura da soja.

É um método bastante prático e eficiente. Ele possibilita a detecção da ocorrência de diversos insetos na lavoura, até mesmo dos inimigos naturais ali presentes.

O ideal é que esse tipo de monitoramento seja realizado nas horas mais frescas do dia, pois os insetos estarão com menor mobilidade.

Veja na imagem abaixo:

monitoramento de pragas

Armadilhas

O uso de armadilhas para detecção das pragas também é uma excelente maneira de monitoramento.

Da mesma maneira que as outras formas de monitorar, estas devem ser colocadas em vários pontos da sua lavoura.

Existem diversas delas no mercado, entre as quais armadilhas com feromônios, armadilhas luminosas e armadilhas adesivas.

Vou explicar melhor cada uma delas:

Armadilha do tipo delta

Essa armadilha contém feromônio de atração sexual e um piso adesivo para a captura dos insetos.

A quantidade de armadilhas na área vai depender da praga que está sendo monitorada.

monitoramento de pragas
Armadilha contendo feromônio e placa adesiva com a captura de mariposas
(Fonte: Sandra Brito-Embrapa)

Armadilha luminosa

Esta armadilha vai te dar suporte para a captura de insetos com hábito noturno.  É recomendada a distribuição de 1 armadilha em uma área de 6 ha a 10 ha.

monitoramento de pragas
Armadilha luminosa para monitoramento
(Fonte: Biocontrole)

Armadilha adesiva

Essa armadilha auxilia o monitoramento de pragas em vários cultivos. Pode indicar momentos de infestação e indica períodos para controle.

É recomendado o uso de 100 a 200 por ha.

monitoramento de pragas
Armadilha adesiva
(Fonte: Fundecitros)

Exame de plantas

Além da amostragem de insetos para quantificação, também é importante saber o nível das injúrias causadas nas plantas.

A avaliação dos danos nas folhas pode ser feita com escalas pré-estabelecidas.

A cultura do milho, tendo como praga-chave a lagarta-do-cartucho, requer avaliações periódicas das injúrias nas folhas. Essas avaliações podem ser feitas seguindo a escala de Davis.

monitoramento de pragas
Escala de Davis pode ser utilizada para medir danos da lagarta-do-cartucho e algumas outras pragas-alvo
(Fonte: BioGene)

Já em soja, recomenda-se a coleta de folíolos das parte superior e mediana e comparar com a escala pré-estabelecida.

A estimativa de desfolha em conjunto com o pano de batida dão um norte muito preciso para a tomada de decisão.

monitoramento de pragas


Amostra de folíolos de soja com diferentes porcentagens de desfolha causada pela alimentação de insetos
(Fonte: Adaptada de Panizzi et al. (1977))

Monitoramento de pragas: Fique atento aos níveis de ação para controle

Agora que você já conheceu alguns tipos de monitoramento de pragas, saiba que os níveis de controle vão te direcionar para a sua tomada de decisão.

Mas o que você deve considerar em meio as informações que obteve com as amostragens?

São três os aspectos principais a serem considerados para essa dúvida:

  • os níveis de ataque da praga;
  • idade dos insetos que você amostrou (fase jovem ou adultos);
  • e a fenologia da planta.

Veja a tabela abaixo com alguns exemplos de níveis de ação na cultura da soja:

monitoramento de pragas
Níveis de ação de controle para as principais pragas da soja
(Fonte: Tecnologias de produção de soja – da região central do Brasil 2012 e 2013. Londrina: Embrapa Soja: Embrapa Cerrados; Embrapa Agropecuária Oeste, 2011. 261 p. (Embrapa Soja. Sistemas de Produção, 15))

Para te ajudar, separei uma planilha gratuita para que você faça seu MIP. Clique na figura abaixo para acessar!

Você também pode fazer esse controle diretamente pelo celular ou computador com uso do Aegro.

Com o monitoramento no Aegro você tem seus pontos de amostragem georreferenciados, com todos os dados fáceis de serem interpretados, sem perder nenhuma informação.

Conheça as opções gratuitas e o software agro completo com teste grátis:

Para a versão completa, fale com um de nossos consultores aqui!

monitoramento de pragas

Monitoramento de pragas de forma facilitada pelo Aegro

E após a tomada de decisão?

Se houver a necessidade de controlar alguma praga detectada na lavoura, você pode decidir por controlá-la de diversas formas.

Não faça controle apenas por meio do uso de defensivos químicos. Você pode optar por:

  • Uso de variedade resistente
  • Controle de plantas daninhas (que são hospedeiros alternativos de pragas)
  • Tratamento de sementes
  • Controle biológico
  • Controle químico
  • Controle comportamental
  • Rotação de culturas

Dentre outras formas de controle.  

>> Leia mais: “6 vantagens de fazer MIP com o Aegro

Conclusão

Existem várias maneiras de detectar a presença da praga na sua lavoura.

Neste artigo, tratamos sobre as melhores formas de monitoramento dessas pragas. Como vimos, o controle não depende unicamente da presença da praga: vai depender do nível populacional após o monitoramento.

Além disso, é preciso acompanhar e monitorar sua lavoura desde o princípio para que não se chegue perto do nível de dano econômico.

Com tudo isso em mente, bom monitoramento e boa produção!

>>Leia mais:

Descubra como eliminar o besouro castanho

Sensores no manejo integrado de pragas: por que você deve começar a usar!

“Como proteger sua lavoura dos ácaros na soja

“Como identificar e realizar o controle de tripes em soja”

Gostou do texto? Restou alguma dúvida sobre o monitoramento de pragas? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Pragas do milho: principais manejos para livrar sua lavoura delas

Pragas do milho: Saiba reconhecer os insetos que causam danos econômicos à lavoura e a melhor forma de controle.

Chegar na lavoura e ver muitos insetos sempre vai nos deixar preocupados.

Afinal, algumas pragas como a cigarrinha-do-milho podem causar perdas de até 90% na cultura do milho.

Mas você sabe quais as principais épocas de ataque de cada praga? E todas as opções de controle?

Aqui vamos mostrar as pragas que trazem mais riscos à lavoura de milho e as formas mais eficientes de manejo, sempre utilizando o Manejo Integrado de Pragas (MIP).

Confira a seguir!

Reconheça as principais pragas do milho

As pragas do milho, tanto na primeira como na segunda safra (ou safrinha), podem ser identificadas de acordo com o estágio fenológico da cultura.

Vamos dividi-las em pragas iniciais subterrâneas, pragas iniciais de superfície, pragas da parte aérea e pragas da espiga.

Vou explicar melhor cada uma delas.

Pragas iniciais subterrâneas

Já aconteceu com você de, na sua plantação de milho, haver falhas na germinação nas linhas de plantio?

Acredito que, muito provavelmente, a causa tenha sido o ataque de pragas subterrâneas.

Elas atacam principalmente sementes e raízes, dando um enorme trabalho ao produtor!

Veja as principais delas:

Larva-arame  (Conoderus scalaris)

Esta praga agrícola, também conhecida como vaga-lume, ataca sementes, o sistema radicular e os tubérculos.

Ela causa danos significativos a ponto da planta não conseguir se sustentar, perdendo a capacidade de absorver nutrientes necessários para manter seu vigor.

pragas do milho
Fase jovem (à esquerda) e adulta de Conoderus scalaris
(Fonte: Manual de Pragas do Milho FMC)

Larva-alfinete (Diabrotica speciosa)

A larva-alfinete, vaquinha ou brasileirinho, ataca as raízes e, assim como a larva-arame, provoca na planta a falta de sustentação.

As raízes não absorvem bem água e nutrientes, provocando o sintoma “pescoço de ganso”.

Os adultos causam danos na parte aérea e se alimentam principalmente dos cabelos e folhas do milho.  

pragas do milho
Larva-alfinete na raiz (à esq.) e adulto de Diabrotica speciosa sobre a folha
(Fonte: Manual de Pragas do Milho – FMC)

Larva-angorá (Astylus variegatus)

Outra espécie de vaquinha, a larva-angorá tem hábitos muito semelhantes aos da larva-alfinete. Elas se assemelham até mesmo na aparência.

A fase jovem desta espécie é que danifica sementes e raízes, causando ataques em reboleiras.

pragas do milho

Adulto de Astylus variegatus
(Foto: Ivan Cruz/Embrapa em Defesa Vegetal)

Corós

Existe um grande número de espécies de corós, mas os pertencentes à família Melolonthidae merecem maior atenção.

As larvas, que podem chegar a até 4 cm de comprimento, se alimentam das raízes e são capazes de levar a planta a morte.

Os corós também atacam a soja. Por isso, preste bastante atenção caso tenha plantado milho logo após a soja!

pragas do milho
Coró
(Fonte: Embrapa)

Como controlar as pragas iniciais subterrâneas

Antes mesmo do plantio, é muito importante fazer o monitoramento do solo com amostragens em vários pontos da lavoura.

O controle cultural, com eliminação de restos culturais e hospedeiros alternativos, pode contribuir muito para redução das populações dessas pragas.

O preparo do solo adequadamente também vai fornecer um bom auxílio no controle das pragas subterrâneas.

O controle químico, com sementes tratadas e aplicações diretamente nos sulcos, serão eficientes caso realmente necessário. Não se esqueça do monitoramento!

Pragas do milho: Pragas iniciais de superfície

As pragas iniciais de superfície atacam o milho desde a germinação até a fase de plântula (cerca de 30 dias após a germinação).

Veja as principais a seguir:

Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)

As lagartas atacam folhas e caule de plântulas recém-emergidas.

Podem causar enfraquecimento das plântulas e, em piores casos, levá-las à morte.

Em épocas de estiagem, os ataques costumam ser mais frequentes. Fique atento!

pragas do milho
Lagarta (à esq.) e adultos de Elasmopalpus lignosellus
(Fonte: Embrapa)

Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon)

Existem outras espécies de lagarta-rosca, porém, é mais comum encontrar Agrotis ipsilon nas lavouras de milho.

Pode atacar sementes e folhas, mas é mais frequente nas hastes.

Os danos desta praga são irreparáveis, na maioria das vezes, pois cortam as plântulas rentes ao solo.

pragas do milho
Lagarta-rosca
(Fonte: Manual de Pragas do Milho – FMC)

Cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis)

É uma espécie sugadora e, embora tenha tamanho diminuto, causa enfraquecimento das plântulas.

Pelo fato de sugar, ela excreta um líquido conhecido como “honeydew”, que provoca a fumagina e reduz a capacidade fotossintética da planta.

Mas dê bastante atenção a um outro fato: ela é vetor de doenças como enfezamento pálido e vermelho.

A incidência das doenças ocorre, principalmente, se a semeadura for realizada tardiamente.

pragas do milho
Cigarrinha-do-milho se alimentando de folhas
(Fonte: Embrapa)

Percevejo-barriga-verde (Dichelops spp.)

O percevejo-barriga-verde tem sido uma grande preocupação, principalmente no milho safrinha em sucessão à cultura da soja.

Ele se torna um problema porque ataca as plântulas e pode gerar um enorme prejuízo ao final da safra.

As principais espécies são Dichelops furcatus e Dichelops melacanthus.

pragas do milho

Adulto de percevejo-barriga-verde
(Fonte: Roundup Ready)

Como controlar as pragas iniciais de superfície

Aqui é muito importante que você se previna do ataque dessas pragas fazendo o tratamento das sementes.

E é imprescindível que, alguns dias após o plantio, seja realizado o monitoramento na área para detecção.

O controle cultural também vai surtir grande efeito e contribui para redução destas pragas: retirar restos culturais, palhada e plantas daninhas.

Para evitar que a cigarrinha-do-milho transmita molicutes e outros patógenos, você pode utilizar variedades de milho menos suscetíveis às doenças. E evite realizar semeaduras tardias.

O controle do percevejo-barriga-verde deve ser, primeiramente, por meio da análise do histórico da área. Se plantou soja, há uma grande chance dele permanecer na sua área.

Aqui no blog nós já falamos sobre “As principais orientações para se livrar do percevejo barriga-verde”. Confira!

Pragas do milho: Pragas da parte aérea

As pragas da parte aérea são bem agressivas.

Imagine que, nesta etapa,  as plantas já estão mais lignificadas ou “mais fortes”.

Então, essas pragas têm uma voracidade alta por conseguirem reduzir a produtividade da sua lavoura nesta fase.

A seguir, veja as que você deve ficar mais atento:

Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)

Esta lagarta é considerada praga-chave da cultura. Sua principal característica é o ataque do cartucho do milho.

Mas sabemos que ela não para por aí, certo?

Ela pode atacar o cartucho, folhas e até a espiga. Sendo assim, essa praga tem a capacidade de permanecer na cultura do início ao fim do ciclo.

Sua voracidade pode levar à queda de mais de 50% na produção.

pragas do milho
Lagarta-do-cartucho do milho (Spodoptera frugiperda)
(Fonte: EPPO)

Broca-da-cana (Diatraea saccharalis)

A broca-da-cana ou lagarta-do-colmo, se alimenta do colmo, onde forma galerias tanto transversais como longitudinais.

A formação dessas galerias é a causa de tombamento e acamamento da lavoura em estágios vegetativos mais avançados da cultura.

Além disso, essas galerias são porta de entrada para outras pragas e microrganismos que causam doenças e podridões.

pragas do milho
Broca-da-cana danificando o colmo
(Fonte: Manual de Pragas do Milho – FMC)

Controle das pragas da parte aérea

O monitoramento dessas pragas deve ser realizado com o uso de armadilhas de feromônio para detecção dos adultos.

Neste artigo do Blog do Aegro, você pode tirar suas dúvidas sobre a “Lagarta-do-cartucho do milho: Controle eficiente com as táticas do MIP”.

No caso da broca-da-cana, as lagartas permanecem a maior parte do tempo dentro do colmo. Assim, o controle deverá ser feito por meio da liberação de parasitoides de ovos e de lagartas na lavoura, como Trichogramma galloi e Cotesia flavipes.

Pragas da espiga do milho

Nesta etapa, sua lavoura está produzindo espigas como você queria, mas daí vêm as pragas da espiga!

Por atacarem diretamente o produto final, são um sério problema.

É muito provável que você já as conheça, mas não custa relembrar. Vamos lá:

Lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea)

O início do ataque dessa praga ocorre nos cabelos novos e, em seguida, as lagartas se alimentam dos grãos formados.

Essas lagartas, quando bem desenvolvidas, chegam a medir até 5 cm de comprimento.

Além do ataque aos grãos, elas facilitam a entrada de microrganismos.

pragas do milho
Lagarta-da-espiga sobre os grãos
(Fonte: Eurekalert)

Mosca-da-espiga (Euxesta spp.)

Esse pequeno inseto da ordem dos dípteras pode causar danos expressivos nas espigas.

E sabe como elas conseguem penetrar a espiga? Pelos danos deixados pela lagarta-da-espiga que eu mencionei acima!

As regiões atacadas ficam apodrecidas e impedem o consumo in natura do milho.

pragas do milho
Adulto e larva da mosca-da-espiga
(Fonte: Ivan Cruz/Embrapa em Panorama)

Percevejo-do-milho (Leptoglossus zonatus)

Viu um percevejo diferente próximo às espigas? Esteja atento!

Tanto ninfas quanto adultos causam danos, como murcha e podridão, com a sucção dos grãos.

Uma característica importante é que eles têm uma dilatação nas pernas em formato de folha. Veja na imagem abaixo.

pragas do milho
Adulto (acima) e ovos do percevejo-do-milho
(Foto: Ivan Cruz/Embrapa em Panorama)

Como controlar as pragas da espiga

Como sempre, o monitoramento é ideal para iniciar qualquer tipo de controle.

Mas convenhamos, dá um certo medo quando há o ataque na espiga, não é mesmo?

Para o controle da lagarta-da-espiga, muitos produtores têm feito liberações do parasitoide Trichogramma pretiosum. Atente-se que não é a mesma espécie para controle da broca-da-cana!

Para as demais pragas, o controle cultural, com eliminação de possíveis plantas hospedeiras e implementação de armadilhas, contribui para reduzir as populações. O uso de defensivos para milho também é bem frequente, além do uso de híbridos resistentes.

Já sobre o controle por meio de inseticidas você pode ver detalhes nesta matéria.

Conclusão

É muito importante que você conheça as principais pragas do milho e saiba quando é preciso controlá-las.

Controlar sem necessidade pode causar gastos desnecessários e um desequilíbrio no seu agroecossistema.

Tenha sempre em mente a importância de se preparar na pré-safra e saber, durante o ciclo da cultura, quais pragas devem ter maior grau de relevância.

É claro que existem pragas secundárias que podem causar danos significativos, mas tudo dependerá do nível populacional e do monitoramento que você realizar.

Como você controla as pragas do milho na sua lavoura? Restou alguma dúvida? Deixe seu comentário!

Como fazer o manejo de herbicida para milho

Herbicida para milho: Quais produtos mais indicados, época de aplicação e outras orientações para o bom controle sem problemas de injúrias na lavoura.

Sem nenhum manejo de plantas daninhas um terço de toda produção agrícola seria perdida. No caso do milho não é diferente.

Por se tratar de uma cultura que dá muita resposta pelo manejo, é importante que seja realizado o controle eficiente das plantas daninhas.

Assim, evitam-se perdas de investimentos e mantêm-se as altas produtividades.

Quer saber como fazer um manejo de plantas daninhas eficiente, sem prejudicar a cultura do milho? Confira a seguir!

Interferência das plantas daninhas na cultura do milho

Diversas infestações de plantas daninhas podem ocorrer na cultura do milho. As principais são:

Folhas largas

  • Buva (Conyza spp.)
  • Caruru (Amaranthus spp.)
  • Picão-preto (Bidens spp.)
  • Leiteira (Euphorbia heterophylla)
  • Corda-de-viola (Ipomoea spp.)
  • Nabo (Raphanus spp.)
  • Guanxuma (Sida spp.)

Folhas estreitas

  • Capim-amargoso (Digitaria insularis)
  • Capim-pé-de-galinha (Eleusine indica)
  • Papuã (Brachiaria plantaginea)
  • Capim-arroz (Echinochloa spp.)
  • Azevém (Lolium spp.)

A interferência de plantas daninhas na lavoura de milho pode ocasionar perdas de 10% a 85% na produtividade do cultivo.

Por isso, é preciso conhecer as ferramentas de controle químico mais eficazes e como fazer o posicionamento correto delas.

A seguir, vou esclarecer alguns pontos sobre a utilização de herbicida para milho convencional e transgênico, cuidados e doses recomendáveis.

herbicida para milho


(Fonte: Bayer)

Herbicida para milho convencional ou resistente

Dentre as plantas daninhas que eu mencionei, há maior dificuldade de controlar as de folhas estreitas (gramíneas), pois o milho também é uma gramínea.

Atualmente, há no mercado poucas opções de herbicidas que controlem folhas estreitas e sejam seletivos para o milho.

Assim, é recomendável que o manejo de folhas estreitas, principalmente de difícil controle ou resistentes a herbicidas, seja preconizado no período de entressafra ou no cultivo anterior ao milho.

É importante que mesmo no milho resistente (RR) você não use somente glifosato, já que isso seleciona as invasoras resistentes.

herbicida para milho


(Fonte: Syngenta)

A seguir, listo os principais herbicidas e como usá-los na cultura do milho para que você aproveite o melhor de cada produto:

Herbicida para milho: aplicação em pré-emergência

Atrazine

É o herbicida mais utilizado para a cultura do milho atualmente!

Quando aplicar

Pode ser aplicado na pré-emergência da cultura, imediatamente antes da semeadura, simultaneamente ou logo após a semeadura. Em aplicações em pós-emergência da cultura e plantas daninhas, deve-se acrescentar óleo vegetal.

O produto fornece bom controle quando aplicado na pré-emergência ou pós-emergência precoce das plantas daninhas.

Espectro de controle

Controla plantas daninhas de folha larga como picão-preto, guanxuma, caruru, corda-de-viola, nabo, leiteira, poaia, carrapicho-rasteiro e papuã.

Também é muito utilizado para controle de soja tiguera no milho, em aplicação isolada ou associada aos herbicidas mesotrione ou nicosulfuron.

Lembre-se, é muito importante que haja um manejo eficiente da soja tiguera para se respeitar o vazio sanitário.

Dosagem recomendada

De 3 a 5 L ha-1 dependendo das características do solo e plantas daninhas presentes.

Pode ser misturado com glifosato (se misturado em pós-emergência – milho RR), mesotrione, nicosulfuron, S-metolachlor.

Cuidados

Recomenda-se aplicação em solo úmido. A aplicação em solo seco, período de seca após aplicação de até 6 dias ou presença de palha cobrindo o solo podem diminuir a eficiência do produto.

herbicida para milho


Lavoura de milho com sinal de fitotoxidade
(Fonte: Juparanã)

S-metolachlor

Herbicida com grande potencial de ser inserido no manejo de plantas daninhas na cultura do milho. Pode ser utilizado para ampliar o espectro de controle de herbicidas para folha larga.

Quando aplicar

Aplicar na pré-emergência da cultura e das plantas infestantes.

Espectro de controle

Ótimo controle de gramíneas de semente pequena (ex: capim-amargoso, capim-pé-de-galinha e papuã). Bom controle de algumas folhas largas de sementes pequenas (Ex: caruru, erva-quente e beldroega)

Dosagem recomendada

De 1,5 a 1,75 L ha-1, dependendo da planta daninha a ser controlada.

Pode ser misturado com atrazine e glifosato.

Cuidados

Deve ser aplicado em solo úmido.

Isoxaflutole

Herbicida técnico. Exige alguns conhecimentos prévios quanto a características do solo (teor de argila e matéria orgânica). Necessita cuidados com as condições climáticas no momento e após a aplicação.

É muito importante consultar e seguir as recomendações da empresa para evitar toxicidade no cultivo.  

Quando aplicar

A aplicação do herbicida deve ocorrer na pré-emergência das plantas, tanto do milho quanto das daninhas.

Espectro de controle

Exerce bom controle em gramíneas anuais e algumas folhas largas como caruru e guanxuma.

O grande diferencial deste herbicida é que, em condições de seca, pode permanecer no solo por um período razoável (> 80 dias), até que nas primeiras chuvas é ativado, o que irá coincidir com a emergência de várias plantas daninhas.  

Dosagem recomendada

De 100 a 200 mL ha-1 dependendo das características do solo e plantas daninhas presentes (somente para solos com textura média e pesada).

Pode ser misturado com: atrazine.

Cuidados

Não é recomendado para solo arenoso e com baixo teor de matéria orgânica.

Trifluralina

Herbicida muito utilizado no passado na cultura, podendo voltar a ser inserido no manejo de plantas daninhas do milho. Isso se deve ao lançamento de novas formulações que não necessitam ser incorporadas (menor problema com fotodegradação).  

Quando aplicar

É aplicado no sistema de plante-aplique ou até 2 dias após da semeadura do milho.

Espectro de controle

Bom controle de gramíneas de semente pequena (ex: capim-amargoso, capim-pé-de-galinha e papuã).

Dosagem recomendada

De 1,2 a 4,0 L ha-1 dependendo da planta daninha a ser controlada e nível de cobertura do solo.

Pode ser misturado com: atrazine e glifosato.

Cuidados

Deve ser aplicado em solo úmido e livre de torrões. Solo coberto com resíduos vegetais (palha) ou com alta infestação de plantas daninhas diminuem a eficiência do produto.

Herbicida para milho: pós-emergência

Nicosulfuron

É um herbicida que já foi muito utilizado no manejo de plantas daninhas no milho, porém, o produtor deve possuir alguns conhecimentos prévios para não prejudicar o cultivo.

Quando aplicar

Deve ser aplicado na pós-emergência do milho, quando as plantas estiverem com 2 a 6 folhas.

Espectro de controle

Controle eficiente de gramíneas e algumas folhas largas (Ex: amendoim-bravo, caruru, corda-de-viola, picão-preto e trapoeraba).

Dosagem recomendada

De 1,25 a 1,5 L ha-1 + óleo mineral.

Pode ser misturado com atrazine e glifosato (Milho RR).

Cuidados

Os híbridos de milho apresentam diferentes padrões de sensibilidade ao nicosulfuron. Assim, é necessário pesquisar sobre a suscetibilidade do híbrido escolhido antes de aplicá-lo.

Além disso, este herbicida não deve ser misturado com inseticidas organo fosforados ou ao 2,4 D. Caso ocorra aplicação destes produtos na área ou adubação nitrogenada em cobertura, deve-se respeitar um período mínimo de 7 dias para  aplicar o nicosulfuron.

herbicida para milho


(Fonte: Christoffoleti et al., 2015)

Mesotrione

Alternativa para controle de folhas largas no milho.

Quando aplicar

Aplicar de 2 a 3 semanas após semeadura do milho, sobre plantas daninhas em pós-emergência precoce (2 a 4 folhas).

Espectro de controle

Controla plantas daninhas de folha larga como leiteira, apaga-fogo, caruru, corda-de-viola, guanxuma e picão preto.

Dosagem recomendada

De 0,25 a 0,4 L ha-1 + óleo mineral.

Pode ser misturado com atrazine.

Cuidados

Se misturado com nicosulfuron, pode diminuir sua eficiência no controle de gramíneas.

Tembotrione

Herbicida alternativo ao controle de folhas largas e gramíneas no milho. Seguidas as recomendações técnicas, exerce um bom controle.

Quando aplicar

Aplicar na pós-emergência do cultivo.  As plantas daninhas devem estar em estádio inicial de 2 a 4 folhas (folhas largas) e até 2 perfilhos (gramíneas).

Espectro de controle

Controla plantas daninhas de folhas estreitas como papuã, capim-colchão, capim-carrapicho. Controla folhas largas como leiteira, apaga-fogo, corda-de-viola, guanxuma e nabo.

Qual a dosagem recomendada

De 180 a 240 mL ha-1 + adjuvante à base de éster metílico.

Pode ser misturado com atrazine.

Cuidados

O herbicida não deve ser aplicado sobre a cultura ou plantas daninhas com sintoma de estresse hídrico ou ainda com presença de orvalho. É preciso respeitar prazo de 30 dias para cultivo de girassol, algodão e feijão após a aplicação do produto.

Herbicida para milho transgênico

Como já comentamos, além dos herbicidas que podem ser utilizados no milho convencional, existem no Brasil híbridos resistentes aos seguintes herbicidas:

  • Glifosato (milho RR) e glufosinato de amônia (milho LL)

Nos próximos anos será lançada no mercado a tecnologia enlist, que permitirá o uso dos herbicidas:

  • 2,4 D (doses maiores que o milho convencional e com janela de aplicação maior);
  • Glufosinato de amônio (herbicida de contato não seletivo, para controle de plantas daninhas em estádios iniciais (provenientes de sementes) ou utilizado no manejo sequencial);
  • Glifosato (herbicida de ação sistêmica não seletivo, proporciona controle de plantas daninhas mesmo fora de estádio, porém com muitos casos de resistência);
  • Haloxyfop (herbicida para controle de gramíneas, proporciona controle de plantas mesmo em estádios mais avançados. Possui poucos casos de resistência).

Mas como já ressaltamos, utilize outros herbicidas além daqueles que sua cultura é resistente para obter um bom manejo de plantas daninhas a longo prazo.

Outros métodos de controle para plantas daninhas

Neste artigo, abordamos principalmente ferramentas de controle químico, pois é o manejo mais utilizado.

Mas é importante que você utilize também algumas técnicas para controle eficiente de plantas daninhas como:

  • Rotação de mecanismos de ação de herbicidas, com maior utilização de pré-emergentes
  • Rotação de culturas
  • Consórcio com forrageiras
  • Adubação verde


Plantio de milho consorciado com feijão guandu anão; adubação verde é uma das técnicas para proteger lavoura das daninhas
(Fonte: Fapesp)

Atenção! As sugestões de herbicida para milho passadas aqui são para híbridos voltados à produção de grãos.

Outras cultivares como milho pipoca, milho doce ou milho em consórcio com forrageiras possuem outras indicações de manejo.

É importante que a recomendação e orientação técnica de produtos fitossanitários seja feita por um agrônomo. Mas você deve estar sempre atento a novas informações para auxiliar em sua recomendação.

Banner de chamada para o download da planilha de controle de custos de safra

Conclusão

Neste artigo, vimos as plantas daninhas mais recorrentes na cultura do milho e as principais ferramentas de controle químico que podem ser utilizadas.

Falamos sobre o posicionamento correto do herbicida para milho, de modo que não haja danos ao cultivo.

Além disso, citamos técnicas importantes que devem ser utilizadas no manejo integrado de plantas daninhas.  

Com essas informações, tenho certeza que você irá realizar um bom manejo de herbicidas na sua lavoura de milho!

>> Leia mais:

Calcule seu custo de produção de milho por hectare”

Principais e melhores manejos na dessecação para pré-plantio de milho

“Como calcular o custo de milho para silagem”

Qual herbicida para milho você tem utilizado hoje? Já teve problemas de fitotoxidade? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Inseticida natural: como ele pode ajudar no manejo da sua lavoura

Inseticida natural: conheça as opções que têm trazido melhores resultados e como fazer as aplicações na sua propriedade.

Cerca de 40% da produção agrícola no mundo é perdida devido ao ataque de pragas, segundo a FAO.

E as notícias sobre as falhas de controle com alguns inseticidas tradicionais já são conhecidas. Isso tem relação com pouco monitoramento, o que intensifica a pressão de seleção dos insetos.

Assim vemos que para otimizar o controle é válido incluir novas estratégias de manejo de insetos.

Neste artigo, compartilho informações sobre o uso de inseticidas naturais que, se bem posicionados, podem dar ótimos resultados. Confira a seguir!

Inseticida natural: como defender minhas plantas

Os mecanismos naturais de defesas das plantas são eficientes: é como nosso sistema imunológico.

A fitopatologia confirma que a resistência é uma regra. A suscetibilidade é exceção.

Esses mecanismos de defesa contra qualquer patógeno e inseto são:

  • Defesa induzida direta: a defesa da planta acontece a partir de algum ataque de inseto.

Ocorre pela produção de compostos repelentes de herbívoros e substâncias químicas que inibem degradação das proteínas ingeridas pelos insetos (inibidores de proteases).

  • Defesa induzida indireta: a planta produz compostos voláteis que atraem inimigos naturais dos insetos.

E esses compostos voláteis são base de algumas formas de controles naturais contra insetos.

No entanto, a entomologia considera que as populações de insetos se multiplicam acima do normal e se transformam em pragas em condições excepcionais.

Além disso, segundo a lei da trofobiose, há forte relação de plantas mais suscetíveis ao ataque de pragas com quantidades maiores de aminoácidos.

Estes seriam os alimentos preferenciais dos insetos, e é o que ocorre nas lavouras atuais devido às práticas que temos hoje.

Mas, então, por onde começamos quando os ataques à lavoura ocorrem? Vou explicar melhor.

inseticida natural
(Fonte: Mais Soja)

Manejo Integrado de Pragas

Não existe um inseticida milagroso para controlar os ataques de pragas. É a integração de diferentes táticas de controle que fará a diferença.

Portanto, adotar o MIP (Manejo Integrado de Pragas) pode reduzir 50% dos seus custos com defensivos agrícolas.

A base do MIP é o monitoramento constante para identificação da espécie que está atacando a lavoura.

Isso se realiza a partir de amostragem, registro e acompanhamento das populações de insetos-pragas e inimigos naturais presentes na cultura.

As orientações corretas de amostragem, além dos níveis de ação necessários, devem ser considerados na tomada de decisão para o MIP.

Lembre-se que um bom monitoramento deve apresentar a realidade de campo!

E faz diferença ter o histórico dessas informações no bolso. Além de facilitar o registro, isso permite ter informações acessíveis para agir na hora certa.

O Aegro permite que o monitoramento e o armadilhamento de pragas sejam feitos de forma fácil e com todos os dados seguros e fáceis de serem interpretados.

inseticida natural
Aegro permite que você coloque o nível de controle por pragas, indicando o momento em que há risco de perdas econômicas na lavoura

A tecnologia é uma ferramenta importantíssima, mas precisa ser integrada a outras práticas.

Aqui no Blog do Aegro nós explicamos os 8 fundamentos sobre Manejo Integrado de Pragas que você ainda não aprendeu”.

Agora que você já sabe mais sobre o MIP, vamos falar sobre inseticida natural para proteger suas plantas.

Inseticida natural: o que você precisa saber

Hoje existem diversas opções de produtos alternativos aos inseticidas químicos no mercado.

Há diferentes tipos: desde produtos à base de micro e macrorganismos até os que têm base de extratos vegetais, como os bioquímicos e semioquímicos (feromônios e aleloquímicos).

Quanto aos feromônios é importante ressaltar que mesmo sendo considerados por muitos um inseticida natural, já que de alguma maneira pode controlar a população de insetos por armadilhas, conceitualmente ele não se trata de um inseticida já que não mata as pragas.

Além disso, o mais comum é utilizar os feromônios sintéticos.

Já falamos sobre todos esses produtos aqui no blog em: “Como utilizar defensivos naturais e diminuir custos”.

Inseticida natural não é somente para a agricultura orgânica. O importante é superar preconceitos e conhecer mais opções, sejam químicas ou naturais. Afinal de contas, o objetivo final é o mesmo!

Os principais inseticidas naturais que eu recomendaria para que você teste em sua lavoura são:

Beauveria bassiana

É um fungo que parasita mais de 200 espécies de artrópodes como mosca branca, ácaros, incluindo carrapatos.

Através, do contato direto com o alvo, o fungo germina na superfície do inseto, penetrando no tegumento e colonizando-o internamente, liberando toxinas. Isso leva os insetos à morte.

inseticida natural

Insetos atacados pelo fungo ficam com aspecto chamado de “mumificação”, acima o exemplo de uma lagarta que sofreu o ataque
(Fonte: Kansas Bugs)

Metarhizium anisopliae

Também é um fungo. Neste caso, os esporos entram em contato com o inseto, penetram sua cutícula, colonizando os órgãos internos do hospedeiro, que para de se alimentar e morre.

Este processo ocorre entre 2 e 7 dias após a aplicação, dependendo das condições climáticas.

Pode ser usado no controle de cigarrinha das pastagens, mas também em larva alfinete ou coró na cultura do milho e outras.

inseticida natural
Cigarrinha das pastagens pode ser controlada com Metarhizium anisopliae
(Foto: Robson Paiva em Emater-RO)

Bacillus thuringiensis

Bactéria que auxilia principalmente no controle de lagartas ao ser ingerida pelo inseto.

É muito conhecida pelas culturas Bt, onde os genes que produzem as proteínas tóxicas às lagartas são incorporados às plantas de soja, algodão ou milho.

Também existe o bioinseticida à base de Bacillus thuringiensis. Mas não devemos utilizar culturas Bt e inseticidas também Bt, já que são dois métodos de controle com a mesma tecnologia.

Isso porque a pressão de seleção de indivíduos resistentes à tecnologia Bt aumentaria muito.

É um produto comercial registrado e de alta qualidade no mercado. A Embrapa inclusive tem promovido formações de capacitações para a produção “on farm” de qualidade.

Chromobacterium subtsugae

É uma bactéria que tem sido relatada para combater pragas como percevejo, mosca branca, pulgões e ácaros.

Através da produção de substâncias como a violaceína, polihidroxialcanoatos, cianeto de hidrogênio, antibióticos e quitinase.

Sua ação ocorre através da ingestão da mesma presente sobre as plantas.

Em pesquisa, houve até 78% de insetos emergidos no controle de caruncho do feijão (callosobruchus maculatus).

Feromônios

O uso de feromônios tem mostrado bons resultados para fazer o controle de pragas nas lavouras.

A Embrapa, por exemplo, conduziu pesquisa com produção de feromônio de percevejo macho em laboratório, usando-o em armadilhas para atração das fêmeas nas plantações de soja e arroz.

Os resultados foram tão bons que as armadilhas à base de feromônios estão patenteadas e à disposição no mercado pela empresa Isca.

Existem muitos outros tipos de feromônios, como para controle de traça na folha de tomate.

E outros como: Isaria fumosorosea (para mosca branca); Baculovirus spp. (para lagartas); e calda bordalesa (que pode ser pulverizada sobre as plantas, funcionando como repelente contra cigarrinha verde, cochonilhas, trips e pulgões).

inseticida natural
Armadilhas para teste de feromônio do percevejo da soja
(Fonte: Embrapa)

Conclusão

Quando o ataque de pragas se inicia, todo mundo quer conhecer todas as alternativas existentes para controle.

E os biopesticidas são uma opção. É uma tecnologia que atua mais a favor do meio ambiente e do bem-estar dos inimigos naturais.

Eles não servem só para sua horta orgânica, pelo contrário!

Vimos aqui que o inseticida natural tem tido cada vez mais resultados comprovados nas lavouras.

Por isso, inclua em seu planejamento agrícola novas estratégias de controle de pragas!

>> Leia mais:

7 pragas de armazenamento de grãos para você combater

“Inseticida piretroide: Como fazer o melhor uso dele”

Este artigo sobre inseticida natural é útil para você? Assine nossa newsletter e receba novos textos direto em seu e-mail!

Lagarta-do-cartucho do milho: Controle eficiente com as táticas do MIP

Lagarta-do-cartucho do milho: quando e com o que fazer as aplicações e outras medidas simples que dão resultado no combate a essa praga

O que você prefere: tomar remédio sem estar doente ou apenas quando houver necessidade, caso você esteja realmente precisando? É bem provável que você tenha respondido a segunda opção, não é mesmo?

E o ideal seria prevenir que você fique doente. O mesmo pensamento deve ser levado em consideração quando se tratar de uma lavoura.

A “doença” a que me refiro está relacionada a tudo aquilo que acomete perdas significativas na produção. Dentre elas, a incidência de insetos-praga, como a lagarta-do-cartucho do milho, tem grande importância na perda de produção.

Por isso, confira a seguir táticas simples e efetivas que você pode fazer para combater a lagarta-do-cartucho.

[form-post-v2]

Por que o ataque da lagarta-do-cartucho do milho causa tantas perdas?

Perdas de produtividade ocorrem principalmente pelo ataque de insetos polífagos, ou seja, aqueles que podem atacar várias espécies de plantas.

A lagarta-do-cartucho do milho ou lagarta militar (Spodoptera frugiperda) é um grande exemplo entre os insetos polífagos.

Ela pode atacar cerca de 100 espécies diferentes de plantas em diversos sistemas de produção.

Além disso, pode causar danos em vários estágios de desenvolvimento da cultura, seja no cartucho ou nas plântulas.

Por isso, ela pode ser vista atacando o cartucho, ou nas plântulas, com hábito semelhante ao da lagarta rosca.

lagarta-do-cartucho do milho
Lagarta-do-cartucho do milho (Spodoptera frugiperda)
(Fonte: EPPO)

Os danos também ocorrem nas espigas e a base da planta pode ser perfurada, provocando o sintoma de “coração morto”.

E como devo agir diante de uma praga tão agressiva como essa?

Com base no que foi falado acima, o ideal é a utilização de várias táticas em conjunto para que a planta não necessite do “remédio” constantemente.

Aqui no nosso caso, o “remédio” seria o uso desenfreado de aplicação de inseticidas sem levar em consideração outras formas de manejo.

As táticas devem fazer parte do Manejo Integrado de Pragas, o MIP, o qual vamos entender melhor como realizar a seguir:

lagarta-do-cartucho do milho
Spodoptera frugiperda causa danos na planta e também nas espigas do milho
(Fonte: Cabi)

Manejo Integrado de Pragas para a lagarta-do-cartucho do milho

A lagarta-do-cartucho do milho é uma praga que, se não controlada, atinge rapidamente o nível de dano econômico.

É a principal praga do milho, mas ataca diversas culturas devido a sua polifagia. Além disso, tem alto potencial reprodutivo e ciclo curto (período de lagarta é de 12 a 30 dias), o que possibilita muitas gerações ao longo de um ano.

O Brasil por ter clima tropical, possibilita cultivos sucessivos (cultura do milho, soja, feijão, sorgo) durante todas as estações climáticas nas diversas regiões produtoras. Isso acaba contribuindo para a estabilidade da praga na lavoura e por ter alimento disponível o ano todo.

Nas lavouras de milho, causa danos em todos os estágios fenológicos da planta e, caso o único método de controle seja o químico, pode haver um efeito colateral.

Vamos imaginar um exemplo para entendermos melhor.

Por que aplico inseticida e as lagartas persistem na lavoura?

Por exemplo, imagine que você plantou alguns hectares de milho convencional e, logo no início (no estágio fenológico V3), percebeu a presença de algumas lagartas em sua lavoura.

Então, sem realizar nenhum tipo de monitoramento, você aplica um inseticida de amplo espectro e persistente.

Entretanto, algum tempo depois, notou que ainda havia lagartas e aplicou mais uma vez aquele mesmo inseticida.

Com a contínua presença da lagarta na fase reprodutiva, você pode não entender o que estava acontecendo, e, assim, aplica mais uma dose.

No entanto, ao final da produção, a lavoura estava completamente infestada e quase todas as espigas tinham a presença da lagarta-do-cartucho.

Nesse caso, você teria cometido 2 grandes erros no manejo de pragas:

Erro 1 – Não realizou o monitoramento da praga

Primeiramente, ao detectar a presença da praga, é preciso realizar o monitoramento na lavoura para só depois fazer a tomada de decisão.

Este monitoramento pode ser por meio de armadilhas do tipo delta contendo uma pastilha de feromônio de acasalamento, atraindo assim os machos.

O ideal é instalar uma armadilha por hectare e quando 3 ou mais adultos forem capturados, pode-se iniciar o controle.

lagarta-do-cartucho do milho
(Foto: Thaís Matioli)

Outra maneira de realizar o monitoramento é através de amostragem no campo com caminhamento do tipo zigue-zague ou de perímetro.

Os níveis de dano devem ser mensurados conforme a escala de Davis. Quando for detectado 20% de plantas atacadas com nota igual ou maior do que 3 na escala, deve-se entrar com controle.

lagarta-do-cartucho do milho
(Fonte: Davis em Pionner)

Erro 2 – Uso inadequado do inseticida

O uso inadequado e excessivo de inseticidas causa, dentre muitas consequências, a pressão de seleção.

Isso induz a resistência da praga àquele inseticida aplicado, morte de inimigos naturais na área, contaminação do ambiente e do produto final, dentre outros fatores.  

As aplicações sucessivas causam pressão de seleção das lagartas. O que seria isso?

O inseticida matou pragas suscetíveis ao ingrediente ativo do inseticida e permitiu que as lagartas com genética resistente continuassem na área.

Isso fez com que apenas a população resistente permanecesse e, por isso, você não conseguiu mais controlar as lagartas.

Neste caso, foi utilizado um inseticida de amplo espectro e alta persistência, ou seja, mata não só a praga, mas também insetos não-alvo e fica por muito tempo na lavoura.

Isso fez com que a população dos inimigos naturais da área fosse completamente reduzida ou extinta, o que contribuiu ainda mais para que a população da praga aumentasse.

Se o inseticida não atingisse os inimigos naturais, haveria uma grande chance de reduzir os danos causados.

Mas então quais as melhores maneiras de controle para evitar o uso errôneo de apenas um tipo de tática?

No MIP existem 4 bases e 6 pilares que sustentam sua estrutura para qualquer cultura em que se deseja implementá-lo.

As bases são a identificação correta das espécies, monitoramento, níveis de controle e condições ambientais.

Já os pilares são as táticas utilizadas para que sejam complementares ao controle de uma praga. São eles:

  • Controle cultural
  • Uso de agentes de controle biológico
  • Controle comportamental
  • Controle genético
  • Controle varietal
  • Controle químico
  • Manejo de resistência. (Conheça mais sobre a estrutura do MIP).
lagarta-do-cartucho do milho

Para saber mais sobre MIP leia este artigo aqui: Tudo o que você precisa saber sobre Manejo Integrado de Pragas

Nas principais culturas de importância econômica (soja e milho) em que a lagarta-do-cartucho causa severos danos, deve-se começar com a base da estrutura do MIP.

Antes de qualquer coisa, é importante conhecer o histórico da área: qual o cultivo anterior e se já houve infestações.

Se já houve a presença da praga, pode-se começar com controle cultural fazendo o tratamento das sementes e retirada de restos culturais.

Em seguida,  identificar a praga, fazer o monitoramento para só depois realizar a tomada de decisão.

Uso de variedades resistentes, tecnologia Bt (Bacillus thuringiensis), agentes de controle biológico e o controle comportamental podem e devem ser utilizados para reduzir o nível populacional desta praga.

Note que a aplicação de inseticidas não deve ser prioridade! E sobre sua utilização temos mais dicas:

Como fazer o controle químico eficiente da lagarta-do-cartucho do milho

Ao utilizar o controle químico é imprescindível o uso de inseticidas seletivos. O que seria isso? São inseticidas que, de alguma forma, não atingem os insetos não-alvo.

Muitos são os insetos benéficos (parasitoides e predadores) que ocorrem ou podem ser liberados no agroecossistema e estes contribuem, e muito, para a redução da lagarta-do-cartucho.

A exemplo desses insetos pode-se citar a tesourinha (Dorus luteipes),  joaninhas (Harmonia axyridis e Coleomegilla maculata) e parasitoide de ovos (Trichogramma pretiosum).

Inseticidas de amplo espectro, normalmente, causam impactos no agroecossistema. Estes agem principalmente no sistema nervoso (SN) dos insetos, por isso, devem ser evitados.

Os principais grupos químicos para SN são piretroides e neonicotides. Então, quando for utilizar esta tática, tenha preferência por outros grupos químicos.

Na imagem, um exemplo de como olhar na bula o grupo químico do inseticida.

lagarta-do-cartucho do milho

Conclusão

A lagarta-do-cartucho do milho é uma das principais pragas do milho e soja, podendo causar inúmeras perdas sem o devido manejo.

O manejo adequado não é baseado somente em inseticidas, mas sim em um conjunto de táticas que aqui apresentamos.

Além disso, vimos que o monitoramento é fundamental para que nosso controle seja eficiente. Aproveite as dicas e boa safra!

>>Leia mais:

“4 motivos pelos quais você não deve ignorar a cigarrinha-do-milho”
“5 tecnologias para controlar a Helicoverpa armigera eficientemente”
“Pragas do milho: Principais manejos para se livrar delas”

Gostou do texto? Utiliza outra tática de controle para lagarta-do-cartucho do milho que não comentei aqui? Restou alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!

O guia do manejo eficiente da buva (Conyza spp.)

Atualizado em 03 de novembro de 2022.

Buva: principais características, época de controle, como realizar o manejo e quais herbicidas utilizar para evitar prejuízos na lavoura

A presença da buva na lavoura é um sinal de alerta. Essa planta invasora se alastra muito rapidamente e interfere no desenvolvimento das espécies cultivadas. 

A soja, por exemplo, é uma cultura bastante sensível à presença da buva, pois ela afeta diretamente a produtividade. Entretanto, controlar essa planta daninha não é uma tarefa simples. 

Alguns casos de resistência fazem com que muitos herbicidas não sejam eficientes no manejo da buva. Por isso, conhecer a planta e as melhores táticas para controlá-la antes de sofrer grandes danos na lavoura é fundamental.

Neste artigo, saiba qual é o período ideal para controlar a buva e quais os herbicidas mais indicados. Confira a seguir!

O que é buva?

A buva (nome científico Conyza spp.) é uma planta daninha de difícil controle e que está presente nas principais áreas agrícolas do Brasil. Ela é popularmente conhecida por rabo-de-foguete, arranha-gato e voadeira. Há três espécies dessa invasora:

  • Conyza canadensis;
  • Conyza bonariensis;
  • Conyza sumatrensis.

O ciclo da Conyza canadensis pode ser anual ou bienal. Já as espécies Conyza bonariensis e Conyza sumatrensis têm ciclo anual.

tabela com diferenças entre espécies de buva
Principais diferenças morfológicas entre as plantas do gênero Conyza
(Fonte: Comitê de Ação a Resistência aos Herbicidas)

A propagação dessas espécies de buva ocorre por sementes. Uma única planta tem a capacidade de produzir 200 mil sementes. Elas são facilmente transportadas pela água e pelo vento a longas distâncias.

As sementes da buva são fotoblásticas positivas. Isso quer dizer que elas germinam na presença de luz, quando estão próximas à superfície do solo. Temperaturas próximas a 20°C favorecem a germinação das sementes. 

A emergência das sementes de buva pode ocorrer durante todo o ano. Durante o outono e inverno, entre os meses de junho a setembro, a incidência é maior. A época de germinação coincide com o período da entressafra

Fotos de buva em lavoura
Fotos de buva em lavoura
(Fonte: Blog da Aegro)

O manejo das plantas daninhas nesse período é de extrema importância.  Nesse caso, a buva pode funcionar como “ponte verde”. Ou seja, ela pode ser hospedeira de patógenos e pragas no período da entressafra. Dentre as principais pragas hospedadas pela buva, há:

Resistência da planta buva (Conyza spp.) aos herbicidas

Durante muito tempo, o herbicida glifosato foi a principal molécula utilizada na dessecação de plantas para formação de palhada no sistema de plantio direto. Ainda, a introdução comercial da soja transgênica tolerante a esse princípio ativo aumentou seu uso.

O glifosato era usado como única ferramenta para o controle das plantas invasoras em lavouras de soja RR. Por isso, acabou selecionando populações de buva resistentes a ele.

No Brasil, a primeira ocorrência de plantas de buva resistentes ao glifosato foi registrada em 2005. Hoje, a buva apresenta resistência a diferentes moléculas herbicidas. Abaixo, veja como ocorreu a evolução da resistência da buva aos herbicidas no Brasil:

  • Em 2005, a Conyza bonariensis e a Conyza canadensis foram identificadas como resistente ao glifosato;
  • Em 2010, a Conyza sumatrensis foi identificada como resistente ao glifosato. No ano seguinte, foi identificada como resistente ao clorimurom;
  • Em 2016, a Conyza sumatrensis foi identificada como resiste ao paraquate e ao saflufenacil;
  • Em 2017, a Conyza sumatrensis foi identificada como resistente ao diuron e ao herbicida 2,4-D.

Vale lembrar que não é recomendada a utilização de produtos isolados com resistência comprovada. Como você pode observar, atualmente algumas populações de buva possuem resistência a 6 moléculas herbicidas:

  • Diuron;
  • Clorimurom;
  • Glifosato;
  • Paraquate;
  • Saflufenacil;
  • 2,4-D. 

Como controlar a buva?

O manejo de plantas daninhas como a buva é um grande desafio na agricultura. 

Nesse caso, é importante adotar práticas de manejo integrado. Essas práticas pretendem eliminar as espécies invasoras, mas também podem prevenir o surgimento de novos casos de resistência aos herbicidas.

Veja a seguir algumas técnicas que podem ser adotadas no manejo da buva.

Manejo preventivo

Algumas medidas com o objetivo de evitar que sementes de buva sejam introduzidas e disseminadas na lavoura podem ser adotadas. Confira algumas abaixo:

  • Utilizar sementes certificadas;
  • Controlar as espécies invasoras presentes nas estradas, carreadores e bordaduras das lavouras. O vento pode transportar as sementes para dentro da área cultivada;
  • Realizar a limpeza de máquinas e implementos agrícolas. Isso evita que restos vegetais e torrões de terra contaminados com sementes de plantas daninhas sejam transportados de uma área para outra.

Manejo mecânico

No manejo mecânico da buva, os seguintes métodos podem ser aplicados:

  • Capina;
  • Roçagem;
  • Arranquio;
  • Preparo de solo (aração e gradagem). Essa operação promove a incorporação dos restos vegetais e sementes de ervas invasoras;
  • Cobertura morta. Atua como barreira física, evitando a passagem de luz o que atrapalha a germinação das sementes de buva.

Manejo cultural 

O manejo cultural da buva pode ser realizado pela adoção das seguintes estratégias:

  • Plantio de cultivares de rápido crescimento e adaptadas às condições da região;
  • Realizar o plantio na época, no espaçamento e na densidade recomendadas;
  • Adubação equilibrada;
  • Rotação de culturas;
  • Culturas de inverno como o trigo, o centeio e a aveia reduzem a população de plantas de buva.

Manejo químico

No manejo químico da buva, é preciso destacar a importância da rotação dos mecanismos herbicidas. Isso evita que novas populações de plantas daninhas apresentem resistência aos produtos disponíveis no mercado.

Depois da aplicação dos herbicidas, é fundamental estar atento às plantas com suspeita de resistência. As plantas de buva sobreviventes devem ser eliminadas (através de capina, arranquio, roçada) para evitar a produção e a disseminação das sementes na lavoura. 

Ainda, o emprego do controle químico requer alguns cuidados. É essencial fazer uso dos herbicidas de forma correta, respeitando as orientações quanto à:

  • dosagem;
  • estádio de desenvolvimento das plantas;
  • intervalo de aplicação;
  • época;
  • modo de aplicação dos produtos.

O manejo da buva deve ser realizado tanto na safra quanto no período de entressafra.  

Manejo da buva na entressafra do sistema soja-milho

No caso da buva, atenção especial deve ser dada ao período da entressafra. Como foi dito anteriormente, nessa época a taxa de germinação das sementes é maior.

Diante desse cenário, a entressafra é o período ideal para realizar o manejo da buva. Isso porque existem mais opções de produtos químicos a serem utilizados.

O momento da aplicação dos herbicidas é outro fator muito relevante nesse tipo de manejo.  Em geral, plantas jovens são controladas com mais facilidade que plantas mais velhas.

A aplicação de herbicidas nos estádios iniciais de desenvolvimento da buva resulta em menor rebrote das plantas. Isso garante maior sucesso no controle. Fique de olho nos produtos que você for utilizar. Você verá alguns exemplos a seguir.

Herbicidas para matar a buva na entressafra

Confira a seguir alguns princípios ativos utilizados no manejo químico da buva: 

  • Atrazina + Mesotriona: herbicida seletivo de ação sistêmica para aplicação em pós-emergência;
  • Cloransulam-meptílico: herbicida seletivo de ação sistêmica para aplicação em pós-emergência;
  • Diclosulan: herbicida seletivo aplicado no solo para o controle em pré-emergência;
  • Fluroxipir-metílico: herbicida seletivo de ação sistêmica para aplicação em pós-emergência;
  • Glufosinato – sal de amônia: herbicida não seletivo de ação não sistêmica para aplicação em pós-emergência;
  • Imazapir: herbicida de ação sistêmica para aplicação em pós-emergência;
  • Sulfentrazona: herbicida seletivo de ação sistêmica para aplicação em pré-emergência; 
  • Flumioxazina: herbicida seletivo de ação não sistêmica para aplicação em pré e pós-emergência;
  • Picloran + 2,4 – D: herbicida seletivo de ação sistêmica para aplicação em pós-emergência.

Preste atenção ao efeito residual dos herbicidas para que não ocorra fitotoxidez nas plantas cultivadas. Para saber mais sobre os produtos disponíveis com registro no Mapa, consulte o Agrofit.

Conclusão

A buva (Conyza spp.) é uma planta daninha de difícil controle e que já apresentou resistência a seis moléculas herbicidas. Ela apresenta elevada produção de sementes, facilidade de dispersão e crescimento vigoroso.

O manejo dessa invasora é complexo e deve ser realizado pela adoção de técnicas integradas.  O uso racional dos herbicidas é uma importante ferramenta para o controle satisfatório da buva.

Isso também te ajuda a evitar a seleção de plantas resistentes aos produtos químicos.  Com essas informações, tenho certeza que você irá realizar o manejo eficiente da buva na sua lavoura!

>>Leia mais:

“Como fazer um controle eficiente do capim-amargoso”

Guanxuma: 5 maneiras de livrar sua lavoura dessa planta daninha

Guia para o controle eficiente da trapoeraba

Como você controla a infestação de buva na lavoura hoje? Já enfrentou casos de resistência? Adoraria ver seu comentário abaixo!

foto da redatora Tatiza. Ela está com blusa preta, casaco jeans azul, e está sorrindo na frente de uma paisagem cheia de plantas

Atualizado em 03 de novembro de 2022 por Tatiza Barcellos.

Tatiza é engenheira-agrônoma e mestra em agronomia, com ênfase em produção vegetal, pela Universidade Federal de Goiás.

Planta tiguera: quais os manejos mais eficientes para sua lavoura

Planta tiguera: As principais recomendações para acabar de uma vez por todas com essas invasoras que atrapalham a produção.

Plantas de uma cultura anterior que persistem na nova lavoura são conhecidas como plantas tigueras, guaxas ou voluntárias.

Nada mais é do que a presença de plantas de milho em uma lavoura de soja, por exemplo.

Longe de ser inofensiva, essa situação pode causar muitos prejuízos.

A alta densidade de plantas de milho em meio à soja, originárias de espiga, podem diminuir em 70% a produtividade da lavoura de soja.

Neste artigo, vamos entender melhor a ocorrência de plantas tiguera e como fazer seu manejo eficiente. Confira a seguir!

Planta tiguera: O problema das plantas transgênicas

Antes do surgimento de plantas tolerantes aos herbicidas, o manejo de plantas tigueras era realizado principalmente pelo uso de glifosato.

Porém, logo após o surgimento de cultivos resistentes a glifosato, os problemas com essas plantas aumentaram, já que tal manejo não pôde ser mais utilizado.

Como você sabe, atualmente os cultivos de soja, milho e algodão possuem eventos de resistência a herbicidas:

  • Soja: Roundup ready (glifosato) e Cultivance (imazapique e imazapir)
  • Milho: Roundup ready (glifosato) e Libert link (glufosinato de amônio)
  • Algodão: Roundup ready (glifosato), Libert link (glufosinato de amônio) e Glytol (glifosato e glufosinato de amônio)

Além das cultivares transgênicas, existem no mercado cultivares tolerantes a herbicidas, obtidas por melhoramento convencional, como:

  • Soja: STS (Chlorimuron)
  • Arroz: (Imidazolinonas ex: imazapir e imazapique)

Para os próximos anos, também existem previsões de lançamento de novas tecnologias na área de resistência a herbicidas. Veja:  

  • Soja: Enlist (2,4D colina, glyphosate e glufosinato de amônio) e Xtend (Dicamba, glyphosate)
  • Milho: Enlist (2,4D colina, glyphosate, glufosinato de amônio e haloxyfop)

Além das plantas voluntárias destes cultivos transgênicos, nosso país já possui 28 espécies de plantas daninhas resistentes a herbicidas.

Com isso, vão diminuindo as opções de herbicidas que podemos utilizar para controlar as tigueras.

Este somatório exigirá do agricultor um ótimo planejamento para manter sua lavoura no limpo e atingir alta produtividade!  

planta tiguera
(Fonte: Embrapa)

Como controlar a planta tiguera de milho safrinha na soja

Devido às características climáticas, o Brasil é um dos poucos países onde é possível produzir mais de uma cultura no mesmo ano agrícola.

Um dos sistemas mais difundidos é o cultivo em sucessão da soja primeira safra seguida pelo milho safrinha.

Desta forma, pode haver interferência de soja tiguera nos cultivos de milho e do milho tiguera na lavoura de soja.

Cada planta de milho por metro quadrado na lavoura de soja pode causar 17% de redução na produtividade da cultura.

Mas você pode se perguntar: como as plantas de milho podem interferir na soja mesmo após o manejo outonal (manejo de entressafra)?

Após a colheita, a máquina eventualmente espalha as sementes de milho, segmentos de espiga e espigas inteiras (com e sem palha) na área. 

Assim, podem ocorrer vários fluxos de emergência de milho na área, o que dificulta posicionamento de herbicidas para seu controle.

planta tiguera
Indicação de manejo de milho tiguera na cultura da soja
(Fonte: Monsanto)

Se o controle não for efetivo na entressafra, a soja pode emergir competindo com milho grande, podendo aumentar perdas por interferência.

Caso o milho seja tolerante a glifosato e glufosinato, os herbicidas mais eficientes para controle em pós-emergência são os graminicidas (herbicidas inibidores da ACCase).

Para milho em estádio inicial até V2-V3, pode-se utilizar clethodim (0,40 L ha-1), sethoxydim (1,25 L ha-1), fluazifop (0,60 L ha-1) e haloxyfop (0,40 L ha-1).

Lembre-se de adicionar adjuvantes conforme recomendação de bula.

Já em plantas de milho com estádio mais avançado (V6-V8) os herbicidas fluazifop e haloxyfop são mais eficientes.

No manejo outonal é comum que o produtor aplique a mistura de 2,4D com graminicidas, porém, essa mistura tem caráter antagônico.

Assim, para garantir a eficiência do graminicida, é necessário um aumento de 20% da dose normalmente utilizada.

Como controlar planta tiguera de soja no milho safrinha

No caso da soja tiguera no meio da lavoura de milho, 8 plantas por m2 podem reduzir 14% da produção da cultura.

O grande problema é que a semeadura de milho é feita simultânea à colheita de soja.

Deste modo, o manejo da soja tiguera deve ser feito antes que ela comece a competir com o milho.  

planta tiguera
Controle da soja RR voluntária na safrinha do milho
(Foto: Fernando Storniolo Adegas em USP/Esalq)

Outra questão importante é que as plantas tiguera podem servir de hospedeiras de insetos-pragas e doenças.

No caso do milho safrinha, as plantas de soja tiguera obrigatoriamente devem ser controladas para prevenção da ferrugem asiática da soja, respeitando o período de vazio sanitário.

O controle de soja tiguera é mais eficiente em plantas com até 2 trifólios.

Para manejo dentro da cultura do milho, recomenda-se o uso de Atrazina (3,0 L ha-1), Mesotrione (0,25 L ha-1)+Atrazina (3,0 L ha-1) ou Nicosulfuron (0,40 L ha-1)+Atrazina (3,0 L ha-1).

Lembre-se de adicionar adjuvantes conforme recomendação de bula.

planta tiguera
Período de vazio sanitário da soja
(Fonte: Embrapa)

Como manejar plantas tiguera de soja no algodão

Uma das principais culturas em sucessão da soja é o algodão.

Pesquisas apontam que uma planta de soja tiguera por metro quadrado pode reduzir a produtividade do algodoeiro em até 14%, pois a planta de algodão possui lento crescimento inicial.

Geralmente, as sementes de soja que encontram-se um pouco enterradas no solo tem apenas um fluxo de emergência, o que facilita seu controle.

No caso da soja RR, pesquisas demonstram um bom manejo com glufosinato de amônio (0,67 L ha-1) isolado ou associado a pyrithiobac-sodium (0,06 L ha-1).

Caso o algodão não seja resistente ao glufosinato de amônio, o controle pode ser feito via jato dirigido com herbicidas não seletivos como paraquat, paraquat+diuron e MSMA.  

>> Leia mais: “Últimas notícias sobre ervas daninhas: Dicamba e Amaranthus palmeri

>> Leia mais: “O guia completo para o controle do capim-pé-de-galinha

Manejo de algodoeiro voluntário na cultura da soja

O algodão pode interferir na cultura subsequente por rebrota da soqueira ou por sementes perdidas no momento da colheita.

Por isso, deve-se realizar um bom manejo de destruição de soqueira  

Para controle de planta tiguera de algodão proveniente de semente na cultura da soja recomenda-se o uso dos herbicidas imazethapyr, cloransulam, chlorimuron ou fomesafen.

planta tiguera
Planta de algodoeiro pela rebrota na lavoura da soja próximo ao período de colheita
(Foto: Alexandre Ferreira em Embrapa)

Perspectivas para os próximos anos

Mesmo com um número maior de eventos de resistência a herbicidas nos cultivos brasileiros, novas ferramentas ajudarão no controle de planta tiguera!

Princípios ativos usados nos Estados Unidos serão registrados no Brasil (ex: halauxifen e florpyrauxifen)

Algumas moléculas utilizadas no país serão relançadas com novas formulações, visando assim aumentar sua eficiência!

Além disso, o que vem gerando expectativas no mercado de herbicidas é divulgação de produtos que serão lançados na próxima década com novo mecanismo de ação!

>> Leia mais: “Guanxuma: 5 maneiras de livrar sua lavoura dessa planta daninha”
>> Leia mais: “Guia para o controle eficiente da trapoeraba

Conclusão

Neste artigo, vimos como planta tiguera pode prejudicar a produção dos cultivos e porque ganharam tanta importância nos últimos anos.

Também abordamos os tipos de herbicidas mais recomendados para manejo de tiguera em diferentes sistemas de produção do Brasil.

Novas ferramentas para manejo de tiguera surgirão no mercado!

Mas lembre-se: uma colheita eficiente, com menor percentual de perdas de grãos (perdas na colheita em geral) é o primeiro passo para reduzir a ocorrência de planta tigueira.

Assim, mantenha atenção à regulagem da colhedora e faça a operação no momento certo.

Espero que com as recomendações passadas aqui você consiga evitar a ocorrência de tiguera na sua lavoura!

>> Leia mais: “Os 5 melhores aplicativos de identificação de plantas daninhas
>>Leia mais: “O guia do manejo eficiente da buva”
>>Leia mais: “Como fazer o manejo eficiente do capim-amargoso”

Você já conhecia o impacto da planta tiguera na produtividade da lavoura? Restou alguma dúvida? Adoraria ver seu comentário abaixo!