Adubação de sistemas: como fazer para ter mais economia e alta produtividade

Adubação de sistemas: entenda o que é, como implantar e as vantagens dessa estratégia quando aplicada na sucessão soja-milho-soja!

A adubação é o item mais custoso do custo de produção

Por isso, é essencial adotar medidas que otimizem o aproveitamento de nutrientes, evitem o desperdício de insumos, reduzam custos e causem menor impacto ambiental.

A adubação de sistemas é uma prática que contribui com tudo isso, além de cooperar com a sustentabilidade da atividade.

Neste artigo, você irá conferir como funciona a adubação de sistemas e quais são as vantagens ao adotar essa prática de manejo.

O que é a adubação de sistemas

A adubação de sistemas é uma estratégia de manejo da fertilidade do solo. Ela busca melhorar o aproveitamento dos nutrientes pelas plantas. 

Essa prática busca atender as exigências nutricionais de todas as espécies envolvidas no sistema.

Na adubação tradicional, a recomendação é realizada de forma isolada. Ela tem em vista somente as necessidades da cultura que será implantada

Na maioria das vezes, são utilizadas quantidades fixas de nitrogênio, fósforo e potássio. Como resultado, há adubações superdimensionadas

Isso tem impacto direto no meio ambiente e nos custos de produção.

Na adubação de sistemas, os fertilizantes não são destinados para uma única cultura, mas sim para todo o sistema de produção.

Como implantar a adubação de sistemas

É importante ter em mente que a adoção da adubação de sistemas implica em rotação de culturas e em plantio direto.

O primeiro passo para implantar essa técnica é realizar a análise físico-química do solo. Somente assim é possível conhecer a real fertilidade do solo.

Para estabelecer práticas de correção de acidez e adubação do solo, é necessário ter informações como:

  • a qualidade da palhada presente na superfície do solo;
  • a exigência nutricional das plantas cultivadas;
  • a taxa de exportação de nutrientes pelas culturas.

Conhecer o histórico das safras anteriores é fundamental.

A partir dessas informações, são determinadas as épocas das adubações, as fontes dos fertilizantes, as dosagens e os métodos de aplicação. 

Como é realizada a adubação de sistemas

Na adubação de sistemas, as culturas mais exigentes e responsivas à adição de fertilizantes recebem doses maiores de nutrientes, acima das exigidas pela cultura.

Milho, feijão e algodão são culturas que exigem adubações mais pesadas.

As culturas de verão geralmente são menos responsivas à adubação. Elas se beneficiam pelas condições deixadas pela safra anterior.

A soja, plantada em sucessão com o milho, se beneficia dos nutrientes pelo efeito residual das adubações e pela reciclagem da matéria.

O manejo racional da adubação:

  • evita o desperdício de insumos;
  • reduz o trânsito de máquinas na lavoura;
  • reduz os custos de produção;
  • tem menor impacto ambiental.

A sucessão soja-milho-soja

A sucessão soja-milho-soja é o sistema de produção de grãos mais adotado em plantio direto. Nesse sistema, a cultura da soja é plantada na primeira safra e o milho na segunda safra.

Por ser altamente responsiva à adubação, a cultura do milho pode receber doses acima da sua exigência nutricional

A soja é plantada com uma adubação de arranque e se beneficia da adubação residual e da matéria orgânica deixada pelo milho. 

Essa adubação de arranque é essencial em solos de textura arenosa, para não prejudicar o desenvolvimento das plantas.

A soja, por sua vez, beneficia o milho pelos resíduos de nitrogênio deixados no solo.

Além de otimizar as condições de solo, a sucessão soja-milho-soja em sistema de plantio direto também apresenta vantagens operacionais. Ela otimiza a mão de obra e o maquinário. 

Embora a sucessão soja-milho-soja esteja bastante consolidada, é fundamental diversificar a produção

Você pode fazer isso através da rotação de culturas com espécies que tenham propósito comercial e de recuperação do solo.

imagens que demonstram sucessão de soja-milho safrinha-soja

Sucessão de soja-milho safrinha-soja
(Fonte: Constantin et al., 2013)

Rotação de culturas

A rotação de culturas é uma prática que precisa ser planejada para beneficiar as espécies envolvidas. 

A ideia é que a espécie implantada seja favorecida pelas condições deixadas pelas culturas passadas.

A escolha das espécies envolvidas no sistema de rotação deve ser baseada na viabilidade técnica e econômica da atividade.

É importante escolher espécies adaptadas às condições climáticas da região de plantio e com diferentes sistemas radiculares. Isso promove a exploração do solo em profundidade variada. 

A rotação com plantas forrageiras eleva o teor de matéria orgânica do solo e favorece a ciclagem de nutrientes.

Além de melhorar as propriedades do solo, a rotação de culturas também contribui para o manejo de pragas, doenças e plantas daninhas

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Vantagens e desvantagens da adubação de sistemas

Veja a seguir as vantagens da adubação de sistemas:

  • maior eficiência no uso de nutrientes;
  • redução da quantidade de adubos aplicados;
  • redução dos custos de produção;
  • menor impacto ambiental;
  • evita o desperdício de insumos;
  • aumento da produtividade.

Apesar de todos os benefícios que a adubação de sistemas pode trazer, existe um ponto negativo.

A sucessão de culturas pode provocar a degradação do solo ao longo do tempo, seja física, química ou biológica.

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Conclusão

A adubação de sistemas é uma estratégia de manejo que promove maior aproveitamento dos nutrientes pelas plantas. A cultura mais responsiva à adubação recebe doses maiores de fertilizantes

A cultura menos responsiva é beneficiada pela ciclagem de nutrientes e pelo efeito residual das adubações realizadas na cultura anterior.

O sistema de plantio direto, a rotação de culturas e a adubação de sistemas contribuem para a sustentabilidade da atividade.

É  importante lembrar que não existe receita de adubação. Avalie seu caso individualmente, e considere todas as características e peculiaridades dos seus sistemas de produção.

Você conhecia a adubação de sistemas? Sabia de todas as vantagens? Conte sua experiência nos comentários.

O que é e por que investir na análise microbiológica do solo?

Análise microbiológica do solo: entenda a importância dos indicadores microbiológicos e como eles te ajudam a garantir a qualidade do solo

Além das análises químicas e físicas, existe outra aliada para avaliar a qualidade do solo: a análise microbiológica. 

Ela permite detectar com antecedência alterações na qualidade do solo.

Quer descobrir se vale a pena inseri-la em seu planejamento?

Entenda melhor como funciona a análise microbiológica do solo e como utilizá-la em sua fazenda. Aproveite a leitura!

O que é a análise microbiológica do solo?

A MOS (Matéria Orgânica do Solo) é o principal componente e indicador de fertilidade do solo. Os microrganismos constituem a sua parte viva e mais ativa.

Qualquer alteração que afete a MOS também afetará os microrganismos presentes nela.

Com a análise microbiológica, é possível verificar precocemente alterações na comunidade microbiana do solo.

Os principais parâmetros avaliados nas análises microbiológicas são:

  • o carbono da biomassa microbiana;
  • a respiração basal;
  • o quociente metabólico;
  • a atividade das enzimas β-glucosidase, arilsulfatase e fosfatase ácida.

Essas análises são importantes para entender o comportamento da matéria orgânica do solo. Algumas vantagens são:

  • simples determinação analítica;
  • as análises são ligadas à ciclagem de nutrientes;
  • maior sensibilidade na detecção;
  • as análises não são influenciadas por adubos;
  • a amostragem é feita em pós-colheita;
  • baixo custo de análise;
  • reagentes baratos.

Veja as classes de interpretação de bioindicadores para Latossolos Vermelhos Argilosos de Cerrado, em cultivos anuais em plantio direto e convencional. 

tabela com valores referência que podem fornecer informações sobre os impactos de sistemas de manejo na qualidade do solo

Valores referência que podem fornecer informações sobre os impactos de sistemas de manejo na qualidade do solo
(Fonte: adaptado de Lopes et al. 2018)

Bioindicadores com valores baixos podem indicar um manejo do solo com práticas inadequadas. Valores elevados indicam que práticas adequadas estão sendo adotadas.

Esses valores são referências para te auxiliar a decidir qual sistema de manejo do solo será adotado na área de cultivo.

Como coletar as amostras para análise

Colete o solo com trado do tipo holandês, na profundidade de 0 – 10 cm

Faça isso após a colheita das culturas, coincidindo com a amostragem química do solo.

ilustração de como as amostras de solo devem ser coletadas na camada de zero a dez centímetros

As amostras de solo devem ser coletadas na camada de 0 – 10 cm
(Fonte: Laborsolo)

Para coletar as amostras no campo, utilize um pedaço de madeira (semelhante a uma régua). Ela deve ter uma marca no centro e duas marcas equidistantes para cada lado.

O importante é que a marca central seja no centro da linha de semeadura. As demais devem cobrir até a metade do espaçamento da entrelinha, como demonstrado abaixo.

ilustração de representação de coleta em cada ponto de amostragem

Representação de coleta em cada ponto de amostragem
(Fonte: Laborsolo)

Cada conjunto de amostras (linha e entrelinha) constitui um ponto de amostragem.

A quantidade de pontos amostrados dependerá do tamanho da área que você deseja avaliar. Porém, o ideal é coletar de 10 a 15 pontos.

Após a coleta de todos os pontos, o solo deve ser homogeneizado para formar uma amostra de aproximadamente 500 gramas.

Essa amostra deve ser acondicionada em saco plástico com identificação, mantida em refrigeração e encaminhada diretamente para o laboratório de análise de solo.

As coletas devem ser feitas em áreas homogêneas da propriedade, evitando períodos de estiagem para não prejudicar os resultados.

Por que investir na análise microbiológica do solo?

A maior vantagem da análise microbiológica do solo está em sua maior sensibilidade em detectar, com antecedência, alterações que ocorrem no solo em função do seu uso e manejo.

Para ilustrar, veja como as propriedades químicas do solo não permitiram diferenciar as áreas de cultivo:

tabela de como características químicas não permitem diferenciar as áreas de cultivo por tratamentos, soja/pousio e soja/braquiária.

Características químicas não permitem diferenciar as áreas de cultivo
(Fonte: Mendes et al. 2018)

Já com as análises microbiológicas de biomassa microbiana e atividade enzimática do solo, foi possível diferenciar as áreas de cultivo.

tabela com visão microbiológica do solo, além do excesso e falta de nutrientes

Visão microbiológica do solo, além do excesso e falta de nutrientes
(Fonte: Mendes et al. 2018)

Embora as duas áreas apresentem características químicas semelhantes, os atributos microbiológicos são completamente distintos.

O maior aporte de resíduos vegetais proporciona maior atividade microbiológica do solo. Isso eleva a sustentabilidade ambiental do sistema produtivo. A inclusão desses bioindicadores nas análises permite um maior conhecimento sobre o funcionamento do solo.

Como construir um solo biologicamente ativo?

A construção de um solo biologicamente ativo envolve diversas práticas de manejo, como:

Sistemas de cultivo com maior aporte de resíduos vegetais proporcionam o aumento da atividade biológica do solo.  Isso acontece devido à alta disponibilidade de carbono para o crescimento populacional dos microrganismos.

infográfico que mostra que o aporte de resíduos vegetais possibilita o aumento da atividade biológica que é o ponto inicial para melhoria de um solo

O aporte de resíduos vegetais possibilita o aumento da atividade biológica que é o ponto inicial para melhoria de um solo
(Fonte: Mendes et al. 2018)

Os atributos microbiológicos do solo estão relacionados à quantidade, qualidade e diversidade de resíduos vegetais depositados a longo prazo. Desta forma, o aumento da atividade biológica do solo se torna possível, principalmente em sistemas integrados de produção.

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Conclusão

A análise microbiológica é fundamental para detectar alterações na qualidade do solo em função do seu sistema de manejo.

Conservar o solo é usá-lo de forma sustentável. Respeitar suas características e aplicar técnicas de manejo que permitam preservar a sua qualidade é essencial.

Atente-se à qualidade microbiológica do solo. Assim, você poderá garantir o máximo potencial produtivo da sua lavoura. 

Qual tipo de análise você realiza em sua fazenda? Já realizou a análise microbiológica do solo? Adoraria ler seu comentário abaixo! 

Como ocorre e quais os efeitos do estresse hídrico nas plantas

Estresse hídrico nas plantas: saiba quais são as consequências, o que pode ser feito para minimizar a falta de água e mais

A quantidade ideal de água em uma cultura existe quando as condições climáticas são favoráveis ou a irrigação é bem distribuída.

Entretanto, isso geralmente não ocorre em campo. A má distribuição de água e a falta das chuvas ocasiona o estresse hídrico nas plantas.

O estresse hídrico causa redução da produção das culturas. Saber quais estratégias você pode adotar para minimizar o problema pode ser sua solução.

Confira neste artigo o que ocorre quando a planta sofre estresse hídrico, os fatores que agravam este problema e o que pode ser feito!

Importância da água nas plantas

A água desempenha diversas funções na planta. Por exemplo, participação no processo de fotossíntese e na regulação da abertura e fechamento estomático.

O conteúdo de água de uma planta herbácea é superior a 90%. Em plantas como a alface, esse conteúdo ultrapassa 95%. Processos como a germinação só são desencadeados com a presença de água.

A água hidrolisa macromoléculas com amido em açúcares solúveis. Esses açúcares fornecem energia para germinação e desenvolvimento inicial da plântula. Além disso, as células são importantes para o crescimento vegetal e para a  sustentação da morfologia da planta. 

Para que desempenhem esses papéis, a água é fundamental por manter as células túrgidas. A principal forma de absorção da planta é através de suas raízes. Elas captam a água e nutrientes presentes no solo.

Após a entrada pelas raízes, a água tem de ser distribuída para a parte área.  Esse papel é feito por um vaso condutor denominado xilema. O xilema é responsável por distribuir a seiva bruta das raízes para os caules e folhas.

ilustração de transporte da água do solo para a planta

Transporte da água do solo para a planta
(Fonte: UFC)

Como ocorre o estresse hídrico?

A disponibilidade hídrica adequada é necessária para a produção das plantas. A irregularidade das chuvas, por exemplo, pode levar a períodos de falta de água.

O solo é o principal fornecedor de água para as plantas. Ele apresenta uma capacidade de armazenamento de água determinada. Pense no solo como uma caixa d’água que abastece uma casa. Se a caixa não for reabastecida, a casa fica sem água.

Se as chuvas forem irregulares ou o manejo de qualquer tipo de irrigação for mal planejado, o volume de água no solo reduz e as raízes das plantas não conseguem absorver. O volume adequado para as plantas absorverem água é a CAD (Capacidade de Água Disponível) completa.

Quando faltam chuvas ou a irrigação é insuficiente, a disponibilidade de água fica abaixo da quantidade ideal e chamamos isso de PMP (Ponto de Murcha Permanente).

Quando o solo está no PMP, a quantidade de água é tão baixa que a planta, mesmo gastando energia, não consegue retirar a água do solo.

Representação da capacidade de água armazenada no solo

Representação da capacidade de água armazenada no solo
(Fonte: adaptado de Unesp)

A falta de chuva, geralmente em épocas mais quentes, aumenta a perda de água pelo processo de transpiração. Isto caracteriza o déficit hídrico, que se prolongado, causa estresse nas plantas.

A deficiência hídrica ocorre quando a demanda por água pela planta é maior que a oferta de água pelo solo.

Fatores que influenciam 

A perda de água de um solo pode ocorrer de diferentes maneiras: pela absorção de água pelas plantas, evaporação, escoamento, entre outros.

O tipo de solo influencia na capacidade de retenção de água. Solos mais rasos (solos jovens), são pedregosos, que retém pouca quantidade de água. 

Em solos mais profundos (solos maduros), a presença de rochas é mais profunda. Assim, há mais espaços porosos para reter água e disponibilizá-la para as plantas.

Além disso, em solos mais rasos a evapotranspiração é maior. O tempo de armazenamento de água acaba sendo menor. 

A infiltração de solos rasos é menor. Com grandes volumes de água eles saturam-se rapidamente, e ocorre o escoamento de água superficial.

Vale lembrar que todos os solos podem saturar, mesmo os mais profundos. Se solos profundos saturam-se rapidamente, é provável que ele esteja compactado.

A compactação do solo também influencia no déficit hídrico das plantas. Com a compactação, a infiltração será reduzida e maior será a perda de água por escoamento.

Efeitos do estresse hídrico nas plantas

Como você viu, as plantas têm em sua composição a maior parte de água. Sem ela, diversas reações químicas, metabólicas e fisiológicas não ocorrem.

A água mantém a turgência das células. Então, com a falta de água, as plantas murcham. Ocorrem mudanças da estrutura, espessura e coloração das folhas com a falta de água.

foto de Planta murcha e planta normal

Planta murcha e planta normal
(Fonte: Embrapa)

A escassez de água causa o fechamento dos estômatos, locais de passagem de gases e vapor de água, geralmente localizados nas folhas.

Esse fechamento, em períodos de seca, é uma linha de defesa da planta por reduzir a transpiração. 

Porém, caso a situação de déficit hídrico se prolongue, ocorrerá redução da fotossíntese. Isso porque o fechamento causa redução do suprimento de CO2.

Com a redução da fotossíntese, a planta reduz a produção de fotoassimilados. Como consequência, seu crescimento e produção são reduzidos.

Efeito em plantas de café da falta de água adequada (sequeiro) e ideal (irrigado)

Efeito em plantas de café da falta de água adequada (sequeiro) e ideal (irrigado)
(Fonte: Embrapa)

Como minimizar a deficiência hídrica nas plantas? 

O primeiro passo para minimizar ou evitar o estresse hídrico é conhecer o histórico de chuvas da sua região.

Saiba as épocas de maior oscilação de chuvas e planeje estratégias que reduzam o efeito da falta de água no campo.

Outro ponto importante é saber a demanda hídrica da cultura que irá produzir. Sabendo qual é a necessidade, você consegue relacionar o histórico de chuvas da região com a produção.

A principal ferramenta é o uso de irrigação, mas não é possível realizá-la em todas as áreas. Nesses casos, adote outros métodos. O uso de variedades resistentes à seca é uma opção para algumas culturas, como no caso do trigo.

Evite a compactação dos solos, pois ela afeta a quantidade de água disponível para as plantas, o desenvolvimento radicular e a absorção de nutrientes. 

O sistema de plantio direto também é uma estratégia para evitar o estresse hídrico nas plantas.

A palhada no solo reduz a perda de água pela evaporação, e assim o solo consegue manter a quantidade de água por mais tempo.

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Conclusão

Você viu qual a importância da água para as plantas e como o estresse hídrico ocorre.

Viu que existem fatores que aceleram ou retardam a deficiência hídrica. Além disso, os efeitos causados pela falta de água podem ser irreversíveis e afetar sua produção.

Existem estratégias que diminuem o efeito do estresse hídrico nas plantas. Lembrar delas é essencial para garantir que o estresse não ocorra.

Tenha atenção nas épocas mais quentes do ano e use medidas para evitar a redução da sua produção!

>> Leia mais:

“Irrigação com drip protection: conheça as vantagens e cuidados necessários”

Como é a distribuição de chuvas na sua região? Já teve perdas de sua lavoura pela deficiência hídrica? Deixe seu comentário abaixo!

Como analisar o DNA do solo pode te ajudar a prevenir problemas e fazer um manejo mais efetivo da lavoura

DNA do solo: saiba como a análise de uma pequena amostra de terra pode te ajudar a prevenir problemas e a realizar um manejo efetivo

Você sabia que é possível conhecer e quantificar os microrganismos existentes no solo da sua fazenda? Essa é uma forma de descobrir quais deles auxiliam na retenção de água, na ciclagem  e na disponibilidade de nutrientes.

A consequência é a melhora da produtividade e qualidade do solo e ela é possível através da análise genética de uma pequena amostra. 

Quer entender melhor como funciona essa técnica e como recolher uma amostra para análise? Confira a seguir!

O que é o DNA do solo?

A análise do DNA do solo é uma ótima forma de estudar o conjunto de microrganismos que ali habitam, como fungos, bactérias, vírus, protozoários e microalgas. 

Por meio do sequenciamento desse DNA, é possível descrever e identificar tais seres de maneira completa.

Você também pode analisar a funcionalidade deles. É possível averiguar se eles estão associados à sanidade, ciclagem de nutrientes, tolerância a estresse, síntese de hormônios, etc.

Essa descrição pode ser utilizada de forma preventiva ou para o gerenciamento de vários problemas do solo. Também é possível identificar se os microrganismos que habitam o solo da lavoura são benéficos ou prejudiciais às atividades agrícolas.

Com isso, é possível recomendar sistemas de produção que melhorem ou estimulem a atividade microbiológica. A técnica da extração do DNA revela uma maior biodiversidade do microbioma do solo em relação às demais técnicas de análise do solo.

As técnicas tradicionais são baseadas no cultivo laboratorial dos microrganismos.  Na última década, houve uma grande redução de custos do sequenciamento genético. Isso proporcionou a ampliação dessas análises para fins comerciais, e não apenas acadêmicos.

A análise genética é o futuro para as análises microbiológicas do solo.  Provavelmente, técnicas antigas serão, aos poucos, substituídas pela precisão e agilidade da análise de DNA.

Como a análise é feita

A análise do DNA do solo é feita pelo método de detecção por RT – PCR, mesma tecnologia que detecta a Covid-19.

Essa técnica identifica, quantifica e diferencia os microrganismos da amostra de solo. RT – PCR significa teste molecular de Transcrição Reversa – Reação em Cadeia Polimerase.  Além de rápida, essa técnica tem um custo muito mais baixo que as metodologias tradicionais.

Desta forma, a análise informa a presença e quantidade dos microrganismos na amostra. O resultado revela o que o solo precisa através desta avaliação genética completa.

Como coletar as amostras para análise

O solo deve ser coletado em quatro pontos da área, na profundidade 0 – 10 cm, para compor uma amostra composta de aproximadamente 200 gramas.

As amostras de solo devem ser coletadas na camada de 0 - 10 cm

As amostras de solo devem ser coletadas na camada de 0 – 10 cm
(Fonte: Laborsolo)

Mantenha as amostras refrigeradas e as encaminhe diretamente para o laboratório de análise de solo. Com apenas 0,25 gramas de solo é possível aplicar o teste RT – PCR e conhecer o DNA de todos os microrganismos presentes na amostra.

As informações obtidas podem ajudar na escolha de práticas agrícolas que minimizem as perdas da biodiversidade de um solo. Isso é fundamental para a manutenção da produtividade das lavouras.

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Benefícios de analisar o DNA do solo

Realizar apenas a correção do solo, seja química ou física, não traz resultados em produtividade para o agricultor. Neste cenário, se encaixa a análise do DNA do solo. Toda a vida presente no solo é essencial para o seu bom funcionamento e qualidade. 

Conhecer, preservar e potencializar esses microrganismos é uma forma de construir uma agricultura sustentável. Os microrganismos do solo são fundamentais para:

  • desenvolvimento vegetal;
  • estruturação do solo;
  • degradação da matéria orgânica do solo;
  • ciclagem e disponibilidade de nutrientes;
  • fixação biológica de nitrogênio;
  • proteção contra doenças.

Quanto mais se conhece esses microrganismos, mais eficiente é a gestão do uso do solo e o resultado na produtividade das lavouras. São muitos os motivos para avaliar os microrganismos que habitam o solo. Além de explorar todo o potencial do local de plantação, você obtém:

  • ganho de eficiência na aplicação dos compostos químicos e biológicos no solo;
  • melhoria das propriedades do solo por redução do estresse e prevenção de surgimento de novas doenças;
  • identificação de microrganismos maléficos presentes no solo, visando a uma maior proteção das plantas;
  • escolha consciente dos produtos microbianos para aprimorar a produtividade da lavoura;
  • redução de perdas pelo aumento da resistência de plantas e microrganismos;
  • a avaliação da biodiversidade dos microrganismos presentes no solo pode auxiliar o produtor na tomada de decisões e gestão do solo.

Relação da qualidade da argila com o DNA do solo

Outra forma de avaliar o potencial genético do solo é por meio do seu mapeamento mineralógico. O mapeamento detecta a qualidade das argilas por meio do magnetismo do solo. Esse mapa te orienta a tomar as decisões agronômicas corretas.

A qualidade é um indicativo do potencial agrícola, de fatores e processos de formação do solo. O objetivo da técnica é fornecer a você o mapa genético da área de cultivo. O mapeamento do DNA do solo é uma técnica versátil, acessível e de ótimo custo benefício.

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Conclusão

O DNA do solo permite analisar se os microrganismos beneficiam ou prejudicam as atividades agrícolas e te ajuda a melhorar a produtividade da lavoura.

Através da análise, é possível recuperar a qualidade do solo e reestruturar e atender às suas demandas.  Com o conhecimento da biodiversidade ali presente, é possível aproveitá-la de maneira mais eficiente e sustentável.

Agora que você tem essas informações, invista na análise genética do solo em sua fazenda!

>> Leia mais:

“O guia da interpretação da análise de solo”

“Entenda o Diagnóstico Rápido da Estrutura do Solo (DRES) e como ele pode ser útil para sua lavoura”

“O que é e por que investir na análise microbiológica do solo”

Qual tipo de análise do solo você realiza em sua fazenda? Já extraiu o DNA do solo? Adoraria ler seu comentário abaixo!

Como garantir uma melhor nutrição da soja?

Nutrição da soja: conheça os sintomas da deficiência de NPK, como é feita a avaliação nutricional da lavoura e a marcha de absorção de nutrientes

O manejo correto da adubação da soja é um dos fatores que contribuem para maximizar a produtividade. Além disso, uma nutrição balanceada contribui para proteger a planta do ataque de pragas e doenças.

É importante fornecer esses nutrientes para as plantas nos períodos de maior demanda nutricional. Por isso, ter conhecimento da marcha de absorção de nutrientes da soja permite melhorar a eficiência da adubação.

Neste artigo, você lerá sobre como identificar a falta de alguns elementos na soja, sobre análise foliar e muito mais. Confira!

Como identificar a deficiência nutricional na soja

Considerando as áreas destinadas à produção de grãos, os solos brasileiros apresentam baixa fertilidade natural e elevada acidez. 

É mais comum que apareçam sintomas decorrentes da deficiência nutricional do que do excesso

A deficiência de NPK diz respeito à carência de nitrogênio, fósforo e potássio nas plantas. 

Cada um desses elementos desempenha um papel na cultura, e sua deficiência pode comprometer a produtividade e a qualidade do produto.

Nitrogênio

O nitrogênio é o nutriente demandado em maior quantidade pela cultura da soja. A maior parte desse elemento é obtida pelo processo de fixação biológica. 

controvérsias quanto ao uso de nitrogênio mineral na soja. A recomendação para o manejo do nitrogênio é a inoculação das sementes com bactérias do gênero Bradyrhizobium

É importante frisar a importância da presença de cobalto e molibdênio para a eficiente fixação biológica do nitrogênio.

A deficiência de nitrogênio afeta primeiro as folhas mais velhas da soja. Elas apresentam clorose seguida de necrose. A clorose pode ser distribuída de forma uniforme ou em áreas internervais da folha. 

A carência desse elemento também pode levar à redução do porte da soja, aumentar a  susceptibilidade das plantas ao ataque de pragas e doenças, além de diminuir os teores de proteínas nos grãos.

Clorose decorrente da deficiência de nitrogênio na soja

(Fonte: Yara Brasil) 

Fósforo 

Na adubação da soja, o fósforo é o elemento que tem o maior custo para o produtor.

Algumas fontes de fósforo utilizadas na agricultura são o superfosfato simples (20% de P2O5) e o  fosfato monoamônio (48% de P2O5).

Os sintomas de deficiência desse elemento são visíveis primeiro nas folhas mais velhas, em razão da alta mobilidade do fósforo na planta

As plantas com sintomas de deficiência de fósforo apresentam folhas de tamanho reduzido, além de terem seu crescimento prejudicado. 

Nesse caso, também há presença de clorose e necrose internerval. As folhas podem exibir coloração que varia do verde-escuro ao azulado.

Clorose seguida de necrose em função da deficiência de fósforo na soja

(Fonte: Yara Brasil)

Potássio 

Depois do nitrogênio, o potássio é o elemento mais exigido pela soja. A principal fonte de potássio utilizada na agricultura é o cloreto de potássio.

Os sintomas da deficiência desse elemento incluem clorose internerval seguida de necrose das folhas mais velhas. Esse sintoma tem início na margem foliar e, com o avanço da deficiência, a clorose-necrose avança para o centro dos folíolos. 

Além disso, a deficiência de potássio afeta diretamente a qualidade dos grãos. Plantas carentes desse elemento produzem grãos de menor tamanho e peso, enrugados e deformados.

Clorose seguida de necrose, iniciando nas margens das folhas, pela deficiência de potássio na soja

(Fonte: Yara Brasil) 

Avaliação do estado de nutrição da soja

A análise foliar é uma importante ferramenta auxiliar no manejo nutricional da cultura da soja. 

Ela permite inferir sobre a fertilidade do solo, uma vez que há relação entre os nutrientes acumulados nos tecidos foliares e os nutrientes disponíveis no solo para as plantas.

A avaliação do estado nutricional da planta é feita pela análise química de uma amostra de folhas, coletadas entre o início do florescimento e a plena floração da cultura (R1 – R2). 

De acordo com o ciclo fenológico da soja, a amostragem deve ser realizada no estádio R1 (início do florescimento). 

É nesse período que ocorre o máximo acúmulo de nutrientes pela cultura. As folhas  apresentam maiores concentrações de nutrientes que serão expressos na análise foliar. 

A quantidade de folhas amostradas irá depender de fatores como a homogeneidade da lavoura, cultivar e tipo de solo. A Embrapa recomenda uma amostragem de 35 folhas trifolioladas por talhão. 

As folhas coletadas precisam ser recém-maduras e sem pecíolos. Devem corresponder à quarta ou à terceira folha a partir do ápice da haste principal.

Terceira ou quarta folhas de soja que podem ser colhidas para análise do tecido no início do florescimento

(Fonte: Agência Embrapa de Informação Tecnológica)

Interpretação dos resultados 

Abaixo, você pode conferir as concentrações de alguns macro e micronutrientes que são utilizadas para a interpretação dos resultados das análises foliares da soja.

Classes e teores de nutrientes utilizados na interpretação dos resultados das análises de folhas (sem pecíolo) de soja de tipos de crescimento determinado e indeterminado

(Fonte: Embrapa Soja)

A análise das folhas possibilita diagnosticar a “fome ou toxidez oculta”, que é quando a planta ainda não apresentou visualmente os sintomas ocasionados pela carência ou excesso de determinado nutriente.

Caso seja diagnosticada a deficiência de algum nutriente, e este for disponibilizado no período de maior exigência nutricional, a lavoura pode se recuperar e não ter sua produtividade afetada. 

No entanto, é importante salientar que antes do aparecimento dos sintomas nas plantas, sejam eles por deficiência ou excesso de nutrientes, o desenvolvimento e a produtividade da cultura já podem ter sido afetados. 

Além de disponibilizar o fertilizante no momento certo, é preciso estar atento às dosagens, fontes, métodos de aplicação, mobilidade do elemento no solo e condições ambientais.

Marcha de absorção de nutrientes

O conhecimento das curvas da marcha de absorção de nutrientes é muito importante no manejo da cultura, pois permite identificar os períodos de maior exigência nutricional

Na fase inicial, a soja apresenta baixa absorção de nutrientes. A exigência nutricional aumenta ao longo do desenvolvimento da cultura e atinge seu pico máximo na fase de enchimento de grãos

O início do florescimento da soja compreende a fase de maior velocidade de absorção de nutrientes pelas plantas. 

A partir desses conhecimentos, você consegue melhorar a eficiência da adubação pelo fornecimento dos nutrientes nas fases de maior demanda, de acordo com a quantidade extraída pela cultura e pela mobilidade de cada elemento no solo.

A seguir você pode conferir a marcha de absorção dos macronutrientes nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S) pela soja.

Marcha de absorção de macronutrientes pela soja

(Fonte: Adaptado de Embrapa Soja)

Abaixo, está apresentada a marcha de absorção dos micronutrientes boro (B), cobre (Cu), manganês (Mn) e zinco (Zn) pela soja.

Marcha de absorção de micronutrientes pela soja

(Fonte: Adaptado de Embrapa Soja)

Conclusão

Toda recomendação de adubação deve ser orientada pelos teores de nutrientes determinados na análise de solo

Na soja, o nitrogênio é o elemento absorvido em maiores quantidades, seguido do potássio. Os sintomas de deficiência de NPK são visíveis, primeiramente, nas folhas mais velhas.

A análise foliar é uma ferramenta auxiliar importante no manejo nutricional da soja. Recomenda-se que a análise das folhas seja feita no início do florescimento (R1) da cultura.

Conhecer a marcha de absorção de nutrientes da cultura da soja te permite melhorar a eficiência da adubação, pelo fornecimento dos nutrientes no momento de maior exigência.

Espero que esse artigo tenha te ajudado a saber qual o momento exato de realizar a adubação na soja!

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Por que o mix de plantas de cobertura é uma boa opção para sua lavoura?

Mix de plantas de cobertura: como cultivar, melhores épocas para cada espécie e as vantagens para o solo e para as culturas sucessoras

Que tal aproveitar a entressafra para melhorar o solo com o mix de plantas de cobertura?

Essa é uma estratégia de manejo do solo que pode trazer diversos benefícios para a sua fazenda, como uma maior diversidade de biomassa vegetal e melhorias em diversos atributos do solo.

Você lerá alguns motivos neste artigo para investir nesta opção de cobertura, além de saber quais são as desvantagens para conseguir realizar um bom planejamento. Confira!

Benefícios da implantação do mix de plantas de cobertura

O mix de plantas de cobertura é a mistura de espécies gramíneas, crucíferas e leguminosas, e pode tornar o cultivo de culturas sucessoras muito mais vantajoso.

A utilização do mix e a adubação verde apresentam vantagens em relação ao cultivo de uma única espécie.

Isso porque as espécies utilizadas no mix apresentam diferentes hábitos de crescimento, exploração radicular, composição nutricional e florística.

As opções de espécies são classificadas em três famílias botânicas:

Os benefícios da espécie de uma família são complementados pelos benefícios das espécies de famílias diversas.

Como exemplo, veja um mix de plantas muito usado no sistema de plantio direto, com espécies de outono-inverno:

Essa combinação inteligente proporciona múltiplos benefícios ao solo, renovando os nutrientes de forma natural, melhorando aspectos físicos, químicos e biológicos.

A prática de manter a mesma espécie de planta de cobertura, ano após ano, pode ser um equívoco.

A mistura de espécies de diferentes famílias botânicas traz diversas vantagens, como:

  • ampla adaptabilidade nos diversos ambientes produtivos;
  • liberação escalonada dos nutrientes para a cultura comercial;
  • cobertura do solo por longos períodos, o que aumenta a qualidade física do solo;
  • material rico e diversificado para o aumento dos teores de matéria orgânica do solo;
  • cobertura permanente com raízes diversificadas;
  • melhor exploração das camadas do solo, favorecendo a maior ciclagem dos nutrientes;
  • alta produção de matéria seca em curto espaço de tempo;
  • supressão de plantas daninhas.

Essa prática pode resultar no aumento expressivo do potencial produtivo das culturas em sucessão.

Desvantagens do mix

Apesar de todas as vantagens, é inevitável que você possa enfrentar algumas dificuldades ao realizar a mistura de plantas de cobertura. Veja alguns exemplos:

  • dificuldades na identificação e junção de espécies que irão se complementar;
  • necessidade de um melhor planejamento, devido à maior complexidade de implantação;
  • o mix de plantas de cobertura não proporciona retorno econômico imediato;
  • dificuldade em adquirir sementes de algumas espécies devido à baixa disponibilidade no mercado;
  • as espécies apresentam diferentes taxas de crescimento inicial, e algumas podem se sobressair em relação às outras;
  • devido a grande produção de massa seca gerada no mix, é necessário que haja equipamentos adequados para manejá-las;
  • caso não seja realizado o manejo correto do mix, com a dessecação e roçada da palhada, o agricultor pode enfrentar dificuldades na semeadura da cultura sucessora.

Vale a pena ressaltar que as vantagens de cultivar um mix de plantas de cobertura são maiores que as desvantagens. Realizar um planejamento de qualidade e um manejo correto te ajudam a evitar muitos pontos negativos.

Quando e como cultivar o mix de plantas de cobertura

As plantas de cobertura devem ser adaptadas para atender às necessidades e/ou benefícios esperados na área de cultivo. Desta forma, a seleção correta das espécies é o primeiro passo.

Ao realizar o planejamento, tenha em mente espécies de três famílias botânicas:

  • gramíneas: aveia, cevada, centeio, azevém, sorgo, milheto, entre outras;
  • crucíferas: nabo forrageiro, rabanetes e outras espécies relacionadas;
  • leguminosas: ervilha, ervilhaca, mucuna, crotalária, feijão de porco, são alguns exemplos comuns.

A seleção das espécies que irão compor a mistura dependerá do clima da região e da época de implantação.

No período do inverno, as coberturas do solo mais recomendadas para o mix de plantas são: 

Já no verão, são indicados o cultivo de:

As espécies de inverno são semeadas entre março e junho; as de verão entre setembro e dezembro.

A semeadura pode ser realizada a lanço ou em linhas com espaçamento de 20 cm. A profundidade ideal de semeadura deve ser de 2 cm a 3 cm. Caso seja a lanço, aumente a taxa de semeadura em 25%.

Para qualquer espécie, época de semeadura e região, é indispensável que a umidade do solo esteja adequada para que ocorra a germinação das sementes e desenvolvimento das plantas.

Quais espécies de plantas de cobertura utilizar?

Veja alguns esquemas de cobertura para utilizar em sua fazenda:

 Opções de mix de plantas de cobertura mais recomendados para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país, com melhores resultados para os cultivos de milho, soja e feijão em sucessão

Fonte: (Adaptado de Ademir Calegari, 2016)

Abaixo, você pode verificar o aumento da produtividade de grãos de milho após o cultivo do nabo forrageiro + aveia preta.

 A cobertura do solo com nabo forrageiro + aveia preta contribui para o aumento da produtividade de grãos do milho em sucessão

Fonte: (Adaptado de Santi et al. 2013)

Essas combinações de diferentes espécies têm como objetivo produzir palhada, melhorar o solo em profundidade e aumentar a matéria orgânica do solo.

e-book culturas de inverno Aegro

Conclusão

Devido aos diversos benefícios, a mistura de espécies gramíneas, crucíferas e leguminosas é uma excelente alternativa para formação de uma boa cobertura do solo.

A mistura dessas espécies fornece material rico e diversificado para o aumento dos teores de matéria orgânica do solo.

Desta forma, o mix de plantas de cobertura auxilia na renovação do solo, permitindo o aumento da produtividade das culturas em sucessão.

Agora que você tem essas informações, você pode considerar essa opção em sua propriedade.

Veja mais>>>

“Adubação de cobertura: como e quando fazer”

Restou alguma dúvida sobre o tema? Você já utilizou algum mix de plantas de cobertura? Deixe sua experiência aqui nos comentários!

Como evitar perdas na adubação nitrogenada no cafeeiro

Adubação nitrogenada no cafeeiro: como favorecer a liberação controlada do nutriente no solo e realizar a análise foliar em menor tempo

O nitrogênio é o nutriente mais exigido pelo cafeeiro e influencia diretamente a produtividade. No entanto, são diversos os desafios de manejo na adubação nitrogenada

O controle de perdas do nutriente por volatização e a avaliação dos níveis de absorção da planta, realizada pela análise foliar, são impasses que você pode enfrentar em sua lavoura.

No entanto, há maneiras de tornar o manejo da adubação nitrogenada no cafeeiro mais eficiente, conforme pesquisas recentes. Conheça algumas delas neste artigo!

Importância da adubação nitrogenada no cafeeiro

Estima-se que haja 85% de nitrogênio na matéria orgânica do solo, mas seu teor depende do processo de mineralização.  Normalmente, apenas entre 2 e 3% do nitrogênio no solo está disponível para as plantas. 

Esse nutriente tem relação direta com a produtividade do café: ele influencia no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da planta. Uma boa fonte de nitrogênio é a palha do café.

Além disso, ele também favorece o crescimento das folhas novas e dos ramos plagiotrópicos (ramos laterais produtivos), o aumento da área foliar e a produção de carboidratos essenciais para os frutos. A ausência desse elemento pode causar deficiência nutricional no cafeeiro.

Absorção de nitrogênio pelos grãos

O nitrogênio é o segundo nutriente mais translocado e o mais exportado pelos grãos de café.

A recomendação varia conforme a produtividade no ano/safra e o teor foliar do nutriente. Geralmente, num estande com 4.000 plantas, você deve usar 450 kg ha-1.

Para essa quantidade utilizada, a produção esperada é de 8,8 litros de grãos por planta. Porém, há casos em que a quantidade de fertilizante nitrogenado utilizada chega a 800 kg ha-1.

Normalmente, a adubação de nitrogênio no solo é feita de forma parcelada (a cada 15 dias) entre setembro e março, durante o período chuvoso, para maior absorção pela planta.

Nessa época, ocorrem as fases de floração, frutificação (quando aumenta a absorção do nutriente pela planta) e desenvolvimento vegetativo.

Até chegar a fase de produção, há diferentes níveis de exigência nutricional, resultando em um parcelamento da adubação do cafeeiro.

Mobilidade do nitrogênio no solo

Um fator importante na adubação nitrogenada é a mobilidade do nitrogênio no solo, que pode ser perdido por lixiviação, volatização, nitrificação, desnitrificação, imobilização e mineralização

Segundo pesquisadores, em solos de regiões de clima tropical úmido ocorre grande mobilidade do nutriente e intensa mineralização da matéria orgânica.

Dentre os fatores que interferem no aproveitamento do nitrogênio pelas plantas, estão a disponibilidade de água no solo, o pH, o tipo e a fertilidade do solo, além da presença de alumínio.

Uma das formas mais usuais de fornecer o nutriente para o cafeeiro é por meio da adubação com fertilizantes nitrogenados, como ureia e o sulfato de amônio.A adubação é feita em três ou quatro parcelas a partir do quarto mês de florescimento, concomitante à época de granação e maturação dos frutos.

Ureia agrícola com 44% de N

(Fonte: MFRural

Perdas e absorção de nitrogênio pelas plantas

Pesquisas mostram que as perdas do nitrogênio no solo ocorrem, quase sempre, por volatização na forma de gás amônia, quando aplicado na superfície do solo em ambiente úmido. Essas perdas podem chegar a até 35%.

Nessa situação, a ureia reage com a água, o que resulta na formação do gás amônia (ou forma amônia).

Na aplicação da ureia em solo seco, quando o insumo é molhado pela chuva ou por irrigação (ou fertirrigação), há formação do amônio.

A formação do amônio  possibilita a absorção, mas ele pode ser convertido também em nitrito ou nitrato, absorvido com mais facilidade em solos com pH superior a 5,5.

De acordo com pesquisadores, o nitrogênio em qualquer forma em solos com pH próximo de neutro é transformado em nitrato pela ação de bactérias nitrificadoras.

Métodos para controle de perdas do nitrogênio 

1. Ureia revestida com polímeros

Uma das formas de controle de perdas do nitrogênio no solo é a aplicação parcelada, mas ela também implica em mais gastos com mão de obra, além da compactação do solo.

Estudo recente sugere o uso de inibidores de urease (NBPT) e de nitrificação, com adição de acidificantes e ureia revestida com polímeros ou gel para evitar perdas de N.

Por esse método, ocorre a liberação lenta ou controlada do nutriente no solo, o que pode favorecer o aumento da produtividade e economia de serviços.

Teste de comparação

A título de comparação, a pesquisa fez a adubação nitrogenada com ureia de forma convencional (45% de N) e revestida com polímeros (39% de N) num cafezal em Minas Gerais.

Foram aplicados 450 kg ha-1 (em três parcelas) na aplicação convencional, com intervalo de 60 dias e em dose única para a ureia revestida com polímeros.

Os resultados apontaram perdas de 18,5% do total de nitrogênio aplicado de forma convencional, ou seja: dos 450 kg ha-1 aplicados, 83,5 kg foram perdidos por volatização.

Com a ureia revestida com polímeros, houve perda de 10,46% de N, mesmo aplicado em dose única.

O estudo concluiu que houve perda de 8% a menos do nutriente na adubação com ureia revestida, em comparação com o modelo convencional de adubação.

2. Análise foliar por meio de sensoriamento remoto

Uma ferramenta importante para maior eficiência do manejo nutricional do nitrogênio no cafeeiro é a análise foliar.

É por meio da análise foliar que é possível saber o quanto de fato a planta está absorvendo de nutriente, e se necessário fazer alguma intervenção nutricional. 

Contudo, geralmente, os resultados são conhecidos 30 dias após coletar as amostras e as analisar em laboratório, com custo de R$ 950, numa área de 5 ha, por exemplo. 

Um estudo realizado na Bahia, com o uso do sensoriamento remoto (sensores manuais e drones), mostra que é possível reduzir esse tempo a apenas um dia.

Teores de nitrogênio foliar medido com sensores

(Foto: Crislaine Ladeia/Divulgação)

Tecnologia para sensoriamento remoto

Uma possibilidade para realizar o sensoriamento remoto é através do sensor óptico ativo manual terrestre GreenSeeker®, da Trimble.

O equipamento emite radiação eletromagnética na banda do vermelho a 660 ± 12 nanômetros e do infravermelho, próximo de 770 ± 12 nm.

A medição é realizada a 0,5 metro da cultura no terço médio da planta.

Também pode ser utilizado um drone equipado com sensor que capta a radiação do comprimento de ondas do visível (400 – 700 nm).

planilha adubação de café

Conclusão 

A adubação nitrogenada do cafeeiro pode ser realizada de forma mais eficiente, como você viu ao longo do artigo.

A adubação nitrogenada em dose única, com ureia revestida com polímeros, é uma boa alternativa para maior eficiência, redução de custos e redução da compactação do solo.

Igualmente benéfica, a análise foliar por meio do sensoriamento remoto permite uma atuação ainda no mesmo ano/safra, caso sejam necessárias correções nutricionais.

Tais ações, se bem executadas, resultarão em boa produtividade de café para a sua lavoura.

>> Leia mais:

“Tudo o que você precisa saber sobre a cercosporiose no café”

Quais métodos você costuma utilizar para fazer a adubação nitrogenada no cafeeiro? Relate sua experiência aqui nos comentários, e assine nossa newsletter para receber mais artigos parecidos!

Por que a adubação com silício pode ser sua aliada na produtividade

Adubação com silício: a importância dessa estratégia de manejo e os benefícios no desenvolvimento das plantas.

O aumento da produtividade agrícola se deve ao manejo adequado de fatores como a adubação. A fertilização promove muitos benefícios no desenvolvimento das lavouras.

Os efeitos positivos da adubação com silício podem ser observados principalmente nas gramíneas  como arroz, cana-de-açúcar, milho e trigo, consideradas acumuladoras desse elemento.

Além de minimizar os efeitos do déficit hídrico, essa substância aumenta a resistência das plantas ao ataque de pragas e doenças.

Quer saber como a adubação com silício pode te ajudar a aumentar a produtividade da sua lavoura? Confira a seguir!

O que é o silício?

O silício é um mineral que promove melhorias no desenvolvimento das plantas, encontrado naturalmente na maioria dos solos. Os solos brasileiros apresentam cerca de 5% a 40% de silício em sua composição. 

Embora faça parte da constituição da solo, este elemento está presente em maiores quantidades em ambientes pouco intemperizados. Em geral, solos arenosos apresentam baixa disponibilidade de silício assimilável pelas plantas.

Sua absorção está diretamente relacionada ao pH do solo. Em condições de pH mais elevado, há maior quantidade de silício disponível. Dessa forma, ocorre maior absorção do elemento pelas plantas.

O silício é absorvido pelas plantas na forma de ácido silícico (H4SiO4) e esse processo ocorre, preferencialmente, pelas raízes. No entanto, a adubação silicatada pode ser feita tanto via solo quanto via foliar.

Fontes de silício para as plantas

Segundo a legislação brasileira que regulamenta a produção e comercialização de fertilizantes e corretivos, a adubação com silício é considerada benéfica para as plantas

O silício pode ser comercializado na forma isolada ou misturado a outros nutrientes. Dentre os materiais utilizados como fonte de silício para as plantas, há:

  • escórias da indústria siderúrgica
  • metassilicato de cálcio;
  • termofosfato;
  • wollastonita;
  • silicato de potássio; 
  • silicato de cálcio;
  • silicato de magnésio.

O silicato de cálcio é um exemplo de adubo aplicado diretamente no solo, enquanto o silicato de potássio é um fertilizante foliar

Além disso, o silicato de sódio, bastante empregado no modelo de agricultura convencional, é uma substância liberada para uso na produção de orgânicos. 

Importância da adubação com silício

Várias pesquisas científicas demonstram a importância do silício na relação planta-ambiente. 

Esse elemento atua como protetor, fornecendo condições para que a lavoura tenha maior resistência a estresses bióticos (pragas e doenças) e abióticos (déficit hídrico, salinidade e estresse térmico).

Silício no controle de pragas e doenças

Ao ser absorvido, o silício é depositado na epiderme das folhas e nos colmos, que ficam mais espessos. O acúmulo desse elemento nas células epidérmicas funciona como uma barreira física que dificulta o ataque de insetos e o desenvolvimento de doenças.

tabela com pragas controladas com a utilização de silício em diversas culturas

Pragas controladas com a utilização de silício em diversas culturas
(Fonte: International Plant Nutrition Institute)

O silício também atua induzindo mecanismos naturais de defesa das plantas, como a produção de compostos fenólicos, enzimas e acúmulo de lignina

Essa resposta metabólica das plantas interfere negativamente no desenvolvimento de agentes fitopatogênicos, por exemplo. 

tabela com efeito do silício na supressão de doenças fúngicas em grandes culturas e hortaliças

Efeito do silício na supressão de doenças fúngicas em grandes culturas e hortaliças
(Fonte: International Plant Nutrition Institute)

A deposição de silício nas folhas também melhora a arquitetura foliar. Isso quer dizer que as folhas ficam mais eretas, o que favorece a penetração da luz no dossel das plantas e evita o auto-sombreamento. 

Com isso, há melhora na capacidade fotossintética das plantas e há aumento da produtividade. O enrijecimento das paredes das células também reduz o acamamento das plantas.

Silício na correção da acidez do solo

O silicato de cálcio e o silicato de magnésio são substâncias que contêm silício em sua composição. Elas podem ser usadas na correção da acidez do solo, além de fornecer os nutrientes para as plantas.

As escórias siderúrgicas (subprodutos da indústria do ferro e do aço) também são utilizadas na agricultura para correção da acidez do solo. 

Elas aumentam a saturação por bases (V%) e a capacidade de troca de cátions (CTC do solo). Além disso, sua ação como corretivo da acidez do solo pode ser comparada à do calcário

No entanto, é bom destacar a importância desse material não apresentar substâncias contaminantes, principalmente metais pesados. Isso evita a contaminação do solo, dos cursos d’água e protege o ecossistema.  

O silício contribui ainda na redução da toxicidade de alumínio, manganês e ferro presentes no solo.

Silício e a adubação NPK

Os fertilizantes silicatados têm importante papel no aumento da eficiência da adubação feita com nitrogênio, fósforo e potássio. 

Como o silício contribui para o aumento da taxa fotossintética, ocorre maior incorporação do nitrogênio nas atividades metabólicas. Além disso, o silício aumenta o teor de fósforo no solo e diminui a lixiviação de potássio e outros nutrientes móveis. 

Silício no aumento da resistência ao estresse hídrico e salino

Em condições de déficit hídrico, a adubação silicatada contribui para minimizar os efeitos negativos. 

O espessamento da epiderme das folhas, em decorrência da deposição de silício, reduz a transpiração da planta e diminui a abertura estomática. Isso resulta em menor perda de água pela planta

Em condições de salinidade, o silício atua na preservação da parede celular. Ele estimula o sistema antioxidante da planta que garante a integridade e estabilidade da membrana celular. 

10 benefícios da adubação com silício

Você viu todas as vantagens que a adubação com silício pode promover. Confira a síntese desses benefícios e considere essa possibilidade!

  • maior resistência ao ataque de pragas e doenças;
  • aumento da capacidade fotossintética em função do melhor arranjo foliar;
  • maior resistência ao acamamento;
  • indução de mecanismos naturais de defesa, como a produção de polifenóis e enzimas;
  • correção da acidez do solo;
  • aumento dos teores de cálcio e magnésio trocáveis;
  • redução da toxicidade do alumínio, manganês e ferro;
  • contribui para a melhoria do estado nutricional da planta;
  • aumento da resistência ao estresse hídrico e salino;
  • aumento da produtividade.
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Conclusão

O silício é um mineral com influência positiva sobre o desenvolvimento das plantas, principalmente as gramíneas. Pode ser aplicado via solo ou via foliar.

O silicato de sódio não apresenta restrição de uso na agricultura orgânica, sendo utilizado no controle de pragas e doenças.

A adubação silicatada é uma estratégia de manejo importante no aumento da produtividade e que contribui para a maior resistência a pragas e doenças, melhora o estado nutricional da lavoura, além de aumentar a resistência à salinidade e a falta de água.

O silício funciona como corretivo da acidez do solo e, além disso, fornece cálcio e magnésio para as plantas

Com quais produtos você realiza a adubação do solo da sua lavoura? Já fez adubação com silício? Quais foram os resultados? Conte sua experiência aqui nos comentários!