Adubo para Feijão: veja que adubar de forma correta, com estratégias certeiras, pode permitir as produções esperadas.
Todo sucesso na produção está vinculado ao estado nutricional da planta e no feijão isso não é diferente!
O feijão é uma cultura de ciclo rápido, por isso fazer uma adubação assertiva é o caminho para boas produtividades.
Assim, aqui vamos relatar a importância do adubo para feijão e como o cultivo pode se tornar mais produtivo quando essa adubação é fornecida no momento certo e de forma exata.
O que devo fazer antes de adubar?
Sabemos que não adianta adubar sem que haja condições ideais, desta forma, a seguir demonstro os passos que devem ser feito antes da adubação.
1- Amostragem do solo
Conhecer a real situação do solo é um fator importante para quem busca respostas produtivas.
Mas como se consegue averiguar isso? Por meio de amostras de solo que serão submetidas à análise.
Assim, a amostra enviada ao laboratório (amostra composta) pesando 500 gramas deve ser provinda da mistura de 15 sub-amostras.
Recomenda-se também que sejam coletadas de áreas consideradas homogêneas quanto ao tipo de solo, vegetação, topografia e histórico da área e que não ultrapasse de 10 a 20 hectares.
Além disso, aconselha-se realizar a amostragem com dois meses de antecedência à adubação, com a possibilidade de fazer possíveis correções necessárias.
2- Calagem
Se com o resultado da análise de solo em mãos, você notar que apresenta elevada acidez, altos teores de alumínio trocável e deficiência de cálcio, magnésio e fósforo, será necessário calagem.
Entre os benefícios da calagem estão:
- Aumento da eficiência dos fertilizantes;
- Aumento da atividade microbiana (liberação de nutrientes);
- Melhora das propriedades físicas do solo;
- Aumento da produtividade;
- Elevação do pH;
- Fornecimento de Ca e Mg como nutrientes;
- Diminuição ou eliminação dos efeitos tóxicos do Al, Mn e Fe;
- Diminuição da “fixação” de P;
- Aumento da disponibilidade do N, P, K, Ca, Mg, S e Mo do solo.
Quando aplicar? Em qualquer época do ano, com 3 meses de antecedência à semeadura.
Quando esse tempo é inferior, recomenda-se a utilização de calcário com maior PRNT para que reaja mais rápido.
E sua distribuição? Deve ser a mais uniforme possível e incorporada a maior profundidade que conseguir.
Em sistemas de plantio direto já estabelecido, o calcário é distribuído na superfície do solo sem que haja incorporação, acarretando em efeito mais lento.
Como determinar a necessidade de calcário (NC)? A NC pode ser calculada por dois métodos: da neutralização da acidez trocável e elevação dos teores de cálcio e magnésio trocáveis e, pelo método da saturação por bases.
Confira a equação do método da neutralização da acidez trocável e elevação de Ca e Mg:
NC=Y[Al3+– (mt . t/100)] + [X – (Ca2++Mg2+)]
E a equação do método da soma de bases:
NC= T(Ve – Va)/100
Então, qual quantidade aplicar de calcário (QC)? Calculando a NC, não levamos em consideração a porcentagem da superfície do terreno a ser coberta (SC), qual a profundidade de incorporação (PF) e o poder relativo de neutralização total do calcário (PRNT). Dessa forma, a quantidade de aplicação será feita pela seguinte fórmula:
QC= NC x (SC/100) x (PF/100) x (100/PRNT)
3- Gessagem
O gesso é um sulfato de cálcio di-hidratado responsável por condicionar a subsuperfície do solo.
As vantagens em sua utilização são:
- Diminuição do alumínio trocável nas camadas mais profundas, aumentando assim o cálcio;
- Fornecimento de enxofre a baixo custo;
- Propicia condições para o crescimento radicular em subsuperfície, permitindo que a planta explore maior volume de solo, acessando mais água e nutrientes.
Quando aplicar? No momento em que o solo apresentar em análise de 20 a 40 cm, valores de cálcio menor que 4,0 mmol/dm-3 e/ou saturação por alumínio (m%) maior que 30%.
E quanto aplicar? A quantidade a aplicar pode ser feita com base na textura do solo, no teor de fósforo remanescente e no NC calculado pelo método de neutralização da acidez (equações contidas na 5ª aproximação – recomendações para uso de corretivos fertilizantes em MG).
Qual o melhor adubo para feijão?
É fundamental que os adubos sejam colocados à disposição para as plantas em local e tempo certo.
No feijão isso é bem pontual devido ao seu ciclo curto e por seu sistema radicular ser pouco profundo.
Relata-se que a cada 1000 kg de grãos de feijão são exportados:
- 35,5 kg de N
- 4,0 kg de P
- 15,3 kg de K
- 3,1 kg de Ca
- 2,6 kg de Mg
- 5,4 kg de S

Marcha de absorção do feijoeiro
(Fonte: Haag et al. (1967))
Nitrogênio
O nitrogênio é absorvido durante todo o ciclo do feijoeiro, mas em maior quantidade entre o 35º e 50º dia após emergência (DAE).
Diferente da soja, no feijão somente a fixação biológica de nitrogênio não é suficiente – demandando assim adubação.
Desta forma, normalmente a adubação é feita com ⅓ na semeadura e ⅔ na cobertura de 25 a 30 DAE.
As doses de N variam de 40 a 120 kg/ha, dependendo do nível de tecnologia e produtividade esperada.
Fósforo
A época de maior velocidade de absorção de fósforo vai desde aproximadamente 30 dias até os 55 dias da emergência, acentuando-se no final do florescimento e no início de formação das vagens.
Por isso, recomenda-se que sua aplicação seja toda na semeadura, ao lado e abaixo das sementes.
Suas dosagens variam de 30 a 110 kg/ha a depender da produtividade esperada, do nível de tecnologia empregado e dos teores desse nutriente no solo.
Potássio
O potássio tem comportamento de absorção diferente dos nutrientes anteriores.
Desta maneira, existem dois picos de absorção: um marcado pela diferenciação dos botões florais (25 a 35 DAE) e outro no florescimento e formação das vagens (45 a 55 DAE).
A recomendação desse nutriente varia de 20 a 50 kg/ha, de acordo com a produtividade, tecnologia e teor presente no solo.
Em solos arenosos, por exemplo, existem recomendações de parcelamento, sendo feito metade da dose na semeadura e a outra metade na cobertura de 25 a 30 DAE.
Para outros solos, a dosagem pode ser fornecida toda no plantio.
Cálcio e Magnésio
Ambos são fornecidos pela aplicação de calcário, que além de corrigir o pH disponibiliza esses dois nutrientes.
Enxofre
O feijoeiro responde bem a adubações de enxofre quando o solo apresenta baixos teores, por isso, recomenda-se aplicar 20 kg/ha desse nutriente, podendo ser fornecido por adubos nitrogenados ou fosfatados que o contém.
Esse elemento também é disponibilizado pelo gesso, enfatizando mais uma vez a importância de fazer a gessagem.
Zinco e Boro
Constatando baixo teores de boro no solo, deve-se realizar a aplicação de 1 kg/ha.
E, se notar a de zinco, também deve-se aplicar de 2 a 4 kg/ha, preferencialmente junto com a adubação de plantio.
Condições do solo e Fórmula de adubo para feijão
Quando o solo apresenta condições nutricionais adequadas, outra estratégia é a adubação trabalhada em valores de extração e exportação, como mostra a tabela a seguir.

Extrações e exportações de nutrientes segundo diferentes autores
(Fonte: Brasil IPNI)
No mercado é possível encontrar inúmeras formulações de adubo e diferentes fontes de adubos.
A escolha deve ser baseada no nível de tecnificação adotada, na produção esperada, nos teores de nutrientes no solo e, além disso, no valor que o produtor pretende investir.
A seguir elenco algumas formulações de NPK utilizadas no feijoeiro:
08-24-12
06-26-12
08-20-15
Adubação orgânica para feijão
A cultura do feijão responde bem à adubação orgânica.
Com adubações de 15 a 20 t/ha de esterco de curral e até 4 a 8 t de esterco de galinha ou cama de frango de corte, percebe-se o efeito residual dessa adubação em até o 3º ano.
Adubos orgânicos devem ser aplicados a lanço e, em seguida, serem incorporados com o auxílio da grade.
Adubo foliar para feijão
A adubação foliar é importante no diagnóstico de qualquer deficiência, principalmente de micronutrientes.
Porém, não pode ser tratada como substituta da adubação via solo e nem é muito recomendada para culturas anuais, como é o caso do feijão.
Mas em casos pontuais e para respostas rápidas, essa pode ser uma estratégia que não provoca efeito algum sobre a cultura subsequente.
Atente-se à dosagem dessas aplicações, pois podem provocar fitotoxicidade severas quando muito altas.
Na cultura do feijão, pode ser efetuada aplicação via foliar de 60 g/ha de molibdênio (154 g/ha de molibdato de sódio ou 111 g/ha de molibdato de amônio) entre 15 e 25 DAE.
Conclusão
Vimos que antes de adubar deve ter atenção a várias práticas, tudo para aumentar a eficiência dos fertilizantes.
Além disso, destacamos a importância das dosagens e aplicações dos nutrientes no feijoeiro e informamos algumas formulações utilizadas.
Citamos também a importância da adubação orgânica e da adubação via foliar para o sucesso produtivo do feijoeiro.
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E você, como realiza a adubação do seu feijoeiro? Tem alguma dica? Deixe nos comentários abaixo.