Conheça as melhores práticas de adubo para feijão

Adubo para Feijão: veja que adubar de forma correta, com estratégias certeiras, pode permitir as produções esperadas.

Todo sucesso na produção está vinculado ao estado nutricional da planta e no feijão isso não é diferente! 

O feijão é uma cultura de ciclo rápido, por isso fazer uma adubação assertiva é o caminho para boas produtividades. 

Assim, aqui vamos relatar a importância do adubo para feijão e como o cultivo pode se tornar mais produtivo quando essa adubação é fornecida no momento certo e de forma exata.

O que devo fazer antes de adubar?

Sabemos que não adianta adubar sem que haja condições ideais, desta forma, a seguir demonstro os passos que devem ser feito antes da adubação.

1- Amostragem do solo

Conhecer a real situação do solo é um fator importante para quem busca respostas produtivas. 

Mas como se consegue averiguar isso? Por meio de amostras de solo que serão submetidas à análise. 

Assim, a amostra enviada ao laboratório (amostra composta) pesando 500 gramas deve ser provinda da mistura de 15 sub-amostras.

Recomenda-se também que sejam coletadas de áreas consideradas homogêneas quanto ao tipo de solo, vegetação, topografia e histórico da área e que não ultrapasse de 10 a 20 hectares

Além disso, aconselha-se realizar a amostragem com dois meses de antecedência à adubação, com a possibilidade de fazer possíveis correções necessárias.

2- Calagem 

Se com o resultado da análise de solo em mãos, você notar que apresenta elevada acidez, altos teores de alumínio trocável e deficiência de cálcio, magnésio e fósforo, será necessário calagem

Entre os benefícios da calagem estão: 

  • Aumento da eficiência dos fertilizantes;
  • Aumento da atividade microbiana (liberação de nutrientes);
  • Melhora das propriedades físicas do solo; 
  • Aumento da produtividade;
  • Elevação do pH; 
  • Fornecimento de Ca e Mg como nutrientes; 
  • Diminuição ou eliminação dos efeitos tóxicos do Al, Mn e Fe; 
  • Diminuição da “fixação” de P;
  • Aumento da disponibilidade do N, P, K, Ca, Mg, S e Mo do solo.

Quando aplicar? Em qualquer época do ano, com 3 meses de antecedência à semeadura.

Quando esse tempo é inferior, recomenda-se a utilização de calcário com maior PRNT para que reaja mais rápido. 

E sua distribuição? Deve ser a mais uniforme possível e incorporada a maior profundidade que conseguir. 

Em sistemas de plantio direto já estabelecido, o calcário é distribuído na superfície do solo sem que haja incorporação, acarretando em efeito mais lento.  

Como determinar a necessidade de calcário (NC)? A NC pode ser calculada por dois métodos: da neutralização da acidez trocável e elevação dos teores de cálcio e magnésio trocáveis e, pelo método da saturação por bases. 

Confira a equação do método da neutralização da acidez trocável e elevação de Ca e Mg:

NC=Y[Al3+– (mt . t/100)] + [X – (Ca2++Mg2+)]

E a equação do método da soma de bases: 

NC= T(Ve – Va)/100

Então, qual quantidade aplicar de calcário (QC)? Calculando a NC, não levamos em consideração a porcentagem da superfície do terreno a ser coberta (SC), qual a profundidade de incorporação (PF) e o poder relativo de neutralização total do calcário (PRNT). Dessa forma, a quantidade de aplicação será feita pela seguinte fórmula:

QC= NC x (SC/100) x (PF/100) x (100/PRNT)

3- Gessagem 

O gesso é um sulfato de cálcio di-hidratado responsável por condicionar a subsuperfície do solo. 

As vantagens em sua utilização são: 

  • Diminuição do alumínio trocável nas camadas mais profundas, aumentando assim o cálcio;
  • Fornecimento de enxofre a baixo custo;
  • Propicia condições para o crescimento radicular em subsuperfície, permitindo que a planta explore maior volume de solo, acessando mais água e nutrientes. 

Quando aplicar? No momento em que o solo apresentar em análise de 20 a 40 cm, valores de cálcio menor que 4,0 mmol/dm-3  e/ou saturação por alumínio (m%) maior que 30%. 

E quanto aplicar? A quantidade a aplicar pode ser feita com base na textura do solo, no teor de fósforo remanescente e no NC calculado pelo método de neutralização da acidez (equações contidas na 5ª aproximação – recomendações para uso de corretivos fertilizantes em MG).

Qual o melhor adubo para feijão?

É fundamental que os adubos sejam colocados à disposição para as plantas em local e tempo certo. 

No feijão isso é bem pontual devido ao seu ciclo curto e por seu sistema radicular ser pouco profundo. 

Relata-se que a cada 1000 kg de grãos de feijão são exportados:

  • 35,5 kg de N
  • 4,0 kg de P
  • 15,3 kg de K
  • 3,1 kg de Ca
  • 2,6 kg de Mg 
  • 5,4 kg de S
adubo para feijão

Marcha de absorção do feijoeiro 
(Fonte: Haag et al. (1967))

Nitrogênio 

O nitrogênio é absorvido durante todo o ciclo do feijoeiro, mas em maior quantidade entre o 35º e 50º dia após emergência (DAE). 

Diferente da soja, no feijão somente a fixação biológica de nitrogênio não é suficiente – demandando assim adubação. 

Desta forma, normalmente a adubação é feita com ⅓ na semeadura e ⅔ na cobertura de 25 a 30 DAE

As doses de N variam de 40 a 120 kg/ha, dependendo do nível de tecnologia e produtividade esperada.

Fósforo

A época de maior velocidade de absorção de fósforo vai desde aproximadamente 30 dias até os 55 dias da emergência, acentuando-se no final do florescimento e no início de formação das vagens. 

Por isso, recomenda-se que sua aplicação seja toda na semeadura, ao lado e abaixo das sementes. 

Suas dosagens variam de 30 a 110 kg/ha a depender da produtividade esperada, do nível de tecnologia empregado e dos teores desse nutriente no solo.

Potássio 

O potássio tem comportamento de absorção diferente dos nutrientes anteriores. 

Desta maneira, existem dois picos de absorção: um marcado pela diferenciação dos botões florais (25 a 35 DAE) e outro no florescimento e formação das vagens (45 a 55 DAE).

A recomendação desse nutriente varia de 20 a 50 kg/ha, de acordo com a produtividade, tecnologia e teor presente no solo. 

Em solos arenosos, por exemplo, existem recomendações de parcelamento, sendo feito metade da dose na semeadura e a outra metade na cobertura de 25 a 30 DAE. 

Para outros solos, a dosagem pode ser fornecida toda no plantio

Cálcio e Magnésio 

Ambos são fornecidos pela aplicação de calcário, que além de corrigir o pH disponibiliza esses dois nutrientes.

Enxofre 

O feijoeiro responde bem a adubações de enxofre quando o solo apresenta baixos teores, por isso, recomenda-se aplicar 20 kg/ha desse nutriente, podendo ser fornecido por adubos nitrogenados ou fosfatados que o contém. 

Esse elemento também é disponibilizado pelo gesso, enfatizando mais uma vez a importância de fazer a gessagem.

Zinco e Boro 

Constatando baixo teores de boro no solo, deve-se realizar a aplicação de 1 kg/ha

E, se notar a de zinco, também deve-se aplicar de 2 a 4 kg/ha, preferencialmente junto com a adubação de plantio.

Condições do solo e Fórmula de adubo para feijão

Quando o solo apresenta condições nutricionais adequadas, outra estratégia é a adubação trabalhada em valores de extração e exportação, como mostra a tabela a seguir. 

nutrientes feijão

Extrações e exportações de nutrientes segundo diferentes autores
(Fonte: Brasil IPNI)

No mercado é possível encontrar inúmeras formulações de adubo e diferentes fontes de adubos. 

A escolha deve ser baseada no nível de tecnificação adotada, na produção esperada, nos teores de nutrientes no solo e, além disso, no valor que o produtor pretende investir. 

A seguir elenco algumas formulações de NPK utilizadas no feijoeiro: 

08-24-12
06-26-12
08-20-15

Adubação orgânica para feijão

A cultura do feijão responde bem à adubação orgânica.

Com adubações de 15 a 20 t/ha de esterco de curral e até 4 a 8 t de esterco de galinha ou cama de frango de corte, percebe-se o efeito residual dessa adubação em até o 3º ano. 

Adubos orgânicos devem ser aplicados a lanço e, em seguida, serem incorporados com o auxílio da grade.

Adubo foliar para feijão

A adubação foliar é importante no diagnóstico de qualquer deficiência, principalmente de micronutrientes.

Porém, não pode ser tratada como substituta da adubação via solo e nem é muito recomendada para culturas anuais, como é o caso do feijão.

Mas em casos pontuais e para respostas rápidas, essa pode ser uma estratégia que não provoca efeito algum sobre a cultura subsequente. 

Atente-se à dosagem dessas aplicações, pois podem provocar fitotoxicidade severas quando muito altas. 

Na cultura do feijão, pode ser efetuada aplicação via foliar de 60 g/ha de molibdênio (154 g/ha de molibdato de sódio ou 111 g/ha de molibdato de amônio) entre 15 e 25 DAE.

Conclusão

Vimos que antes de adubar deve ter atenção a várias práticas, tudo para aumentar a eficiência dos fertilizantes. 

Além disso, destacamos a importância das dosagens e aplicações dos nutrientes no feijoeiro e informamos algumas formulações utilizadas. 

Citamos também a importância da adubação orgânica e da adubação via foliar para o sucesso produtivo do feijoeiro. 

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E você, como realiza a adubação do seu feijoeiro? Tem alguma dica? Deixe nos comentários abaixo. 

Como fazer o preparo do solo para plantio de feijão

Preparo do solo para plantio de feijão: confira os tipos de solos, condições ideais para cultivo e outras dicas para uma boa produção. 

Nos últimos anos, o feijão esteve entre os cinco grãos mais produzidos no Brasil, com uma média de 3 milhões de toneladas por ano

Toda essa produção é dividida, basicamente, em três safras ao longo do ano.

  • safra de verão ou “das águas”, semeada entre outubro e novembro;
  • – safra outonal ou “da seca”, que é plantada entre fevereiro e março;
  • – safra de inverno entre abril e junho.

Isso garante uma oferta constante de feijão para o mercado, sendo consumido ao longo de todo o ano. 

Essas três safras só são possíveis graças ao ciclo curto da cultura e ao uso da irrigação.

Desta forma, o cultivo de feijão pode ter altos retornos financeiros, o que viabiliza uma agricultura mais intensiva com cada vez mais investidores e produtores para o setor.

Veja neste texto como tudo começa nesse cultivo, aprendendo mais sobre o preparo do solo para plantio de feijão, a época ideal e das características ambientais exigidas pela cultura.

Tipo de solo para plantar feijão

O feijoeiro é uma planta que se adapta a diferentes características do solo, podendo ser cultivado desde texturas arenosas até uma textura argilosa pesada. 

Contudo, o principal aqui é observar a drenagem do solo.

Solos com texturas mais argilosas e tendência de má drenagem devem ter a semeadura evitada na safra de verão, evitando assim um possível problema nas raízes da planta.

Isso porque a má drenagem propicia o ataque da semente por fungos do solo, o que diminui a emergência das plântulas, afetando a população do feijoal. 

Outra característica que afeta muito o feijoeiro é a compactação de solo

A planta apresenta um sistema radicular modesto, que limita a exploração do solo por água e nutrientes e, por essa razão, solos compactados podem reduzir a produtividade em até 75%!

preparo do solo para plantio de feijão

Produtividade do feijoeiro em função do grau de compactação do solo
(Fonte: Alves et al. (2003))

Quanto à fertilidade e acidez do solo, o feijoeiro não é diferente da maior parte das nossas culturas, sendo até de maior importância dado a falta do desenvolvimento do sistema radicular vigoroso, que apresenta 85% das raízes nos primeiros 20 cm de solo.

Agora uma consideração extremamente importante: a sucessão do cultivo de feijão sobre feijão ou sobre soja (quando feito logo em sequência) deve ser evitada ao máximo.

Essa prática pode aumentar a incidência de doenças como antracnose, podridão radicular, Rhizoctonia, mofo-branco e também de pragas.

Preparo do solo para plantio de feijão

Bom, temos três principais meios para o preparo do solo para plantio de feijão ou de qualquer cultura anual.

O primeiro deles é o velho conhecido preparo convencional, que tem o objetivo de revolver a camada superficial do solo. 

Esse preparo é realizado normalmente com discos como arados, grades pesadas ou arado de aiveca.

O importante é evitar o uso recorrente da mesma profundidade dos implementos e trabalhar o solo com o teor de umidade ideal. Tudo isso para evitar camadas de compactação que, como vimos, prejudicam muito a produtividade do feijoeiro.

O segundo método é o preparo reduzido, que visa reduzir o número de operações e dos problemas com erosão. 

O principal implemento para a realização da operação é o arado escarificador que deve ser utilizado com o solo de 30% a 40% da capacidade de campo.

E o terceiro método de manejo do solo é a semeadura direta ou plantio direto na palha, da qual já falei bastante aqui no blog.  

A semeadura direta visa o não revolvimento do solo e também a cobertura total do solo por resíduos vegetais.

Componentes da produtividade do feijoeiro

Componentes da produtividade do feijoeiro em cinco sistemas de preparo do solo (médias de quatro anos)1
(Fonte: Stone & Moreira (2000))

Como podemos ver na tabela, a semeadura direta tende a aumentar os teores de matéria orgânica do solo.

Além de reduzir a erosão causada pelas chuvas, aumentar a disponibilidade de água e diminuir a compactação do solo. 

Mas os benefícios desse sistema de plantio direto acontecem apenas quando temos constantemente uma camada de palha cobrindo todo o solo.

Quais as condições ideais para plantar feijão?

O feijoeiro pode ser cultivado praticamente em todo o Brasil, porque suas exigências de temperatura são enquadradas em pelo menos 1 de suas 3 safras em quase todo o território nacional.

As temperaturas críticas da planta ficam na faixa de 15 a 29º C, sendo considerada uma faixa ótima entre 20 e 22º C – importantes na época de florescimento da cultura.

Por outro lado, a ocorrência de baixas temperaturas pode reduzir ou atrasar a germinação e a emergência de plântulas, consequentemente reduzindo a produção. 

Já as altas temperaturas prejudicam especialmente no florescimento da cultura do feijoeiro.

Portanto, temperaturas acima de 29º C provocam o abortamento das flores e acima disso há a esterilização do grão de pólen. 

É possível evitar essa situação planejando a semeadura para que o florescimento da planta não corresponda a altas temperaturas médias.

Conclusão

Vimos os passos iniciais para a instalação de uma lavoura de feijão, as características de solo desejáveis, opções de preparo de solo até a influência do clima no feijoal.

A cultura do feijão pode se adaptar a praticamente todas as regiões do Brasil, sendo preciso apenas planejar o ciclo da cultura com as condições climáticas locais.

O cultivo de feijão pode ser uma ótima opção no sistema de produção, principalmente em sistemas irrigados onde conseguimos colher três safras no ano!

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Qual tipo de preparo do solo para plantio de feijão você utiliza? Restou dúvidas ou tem alguma dica para compartilhar? Deixe nos comentários abaixo!

Rotação de culturas: entenda as vantagens e desvantagens dessa prática

A rotação de culturas é uma técnica agrícola tradicional e amplamente utilizada, que envolve a alternância de diferentes tipos de plantas em uma mesma área ao longo de várias temporadas de cultivo. 

Uma das suas principais vantagens é a melhoria da saúde do solo, que ajuda a manter o equilíbrio de nutrientes, prevenir a degradação e melhorar sua estrutura. 

Além disso, ajuda a interromper os ciclos de vida de pragas e doenças específicas de determinadas culturas, reduzindo a necessidade de pesticidas e promovendo um ambiente agrícola mais sustentável.

Continue acompanhando o conteúdo para mais informações sobre a rotação de culturas!

O que é rotação de culturas?

A rotação de culturas é uma técnica que alterna diferentes espécies de plantas cultivadas em uma mesma área ao longo do tempo. 

A técnica é usada para melhorar a saúde do solo, reduzir pragas e doenças, aumentar a produtividade e ajudar a manter o equilíbrio de nutrientes

Ou seja, após uma safra de milho, por exemplo, você pode plantar feijão ou trigo, para ter maior diversidade no sistema agrícola e reduzindo os impactos do monocultivo

Além de aumentar a biodiversidade, a rotação ainda ajuda para a sustentabilidade agrícola, evitando a degradação do solo, melhorando sua estrutura e capacidade de retenção de água. 

Quanto mais a rotação for usada em uma lavoura, maior será o equilíbrio ecológico, a rentabilidade e a longevidade da área cultivada.

Quais as vantagens da rotação de culturas?

A rotação de culturas apresenta muitas vantagens ao sistema de produção, principalmente em relação aos defensivos. 

O uso dos mesmos herbicidas, fungicidas e inseticidas todos os anos é um prato cheio para a seleção natural. 

Com isso, vemos surgir um número expressivo de plantas daninhas resistentes a várias moléculas de herbicidas, o que torna o controle delas ainda mais complicado.

Considerando esse fato, a prática de rotação de culturas se torna ainda mais importante em uma fazenda, especialmente pelas seguintes vantagens:

1. Melhoria da saúde do solo

Sem dúvidas, a maior vantagem da rotação de culturas é a melhoria da saúde do solo e a sua própria manutenção

A diversidade de plantas cultivadas promove variações na absorção e devolução de nutrientes, prevenindo a exaustão de elementos específicos. 

Sendo assim, leguminosas, como feijão e ervilha, por exemplo, fixam nitrogênio atmosférico no solo, enriquecendo para culturas seguintes que demandam esse nutriente. 

Além disso, a rotação contribui para a estruturação do solo, aumentando sua porosidade e capacidade de retenção de água, essenciais para o desenvolvimento radicular e resistência à erosão.

2. Redução de pragas e doenças

A rotação de culturas é uma estratégia eficaz para interromper os ciclos de vida de pragas e patógenos específicos de determinadas culturas. 

Monoculturas contínuas criam um ambiente favorável para a proliferação de pragas e doenças que se adaptam a uma única espécie vegetal. 

Ao alterar culturas, será mais difícil o estabelecimento e a disseminação desses organismos, reduzindo a necessidade de intervenções químicas

Isso não apenas diminui os custos com pesticidas, mas também mitiga os impactos ambientais negativos associados ao seu uso.

Leia também: 

3. Aumento da biodiversidade

Ao atrair organismos benéficos, como polinizadores e predadores naturais de pragas, promovendo o equilíbrio do ecossistema, a rotação de culturas também acaba sendo uma vantagem para uma maior biodiversidade na lavoura. 

Essa diversidade fortalece a resiliência do sistema agrícola, reduzindo sua vulnerabilidade a estresses causados por pragas, doenças e condições climáticas adversas, tornando a produção mais sustentável e equilibrada.

4. Redução do uso de químicos

Outra vantagem da rotação de culturas é a contribuição para a redução do uso de químicos ao controlar pragas e doenças de forma natural, interrompendo seus ciclos de vida. 

Alternar espécies diferentes diminui a proliferação de organismos associados ao monocultivo e melhora a saúde do solo, reduzindo a necessidade de fertilizantes e defensivos agrícolas.

Tudo isso torna o sistema produtivo ainda mais sustentável e menos dependente de insumos químicos.

5. Implicações econômicas

Embora a rotação de culturas exija um planejamento detalhado e possa envolver investimentos adicionais, seus benefícios econômicos são significativos. 

A melhoria da saúde do solo e a redução de pragas e doenças resultam em menores custos de produção e maiores rendimentos a longo prazo. 

Além disso, a diversificação de culturas pode abrir novos mercados e fontes de receita para os agricultores, mitigando os riscos econômicos associados à dependência de uma única cultura.

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Rotação de culturas x monocultura

A rotação de culturas alterna diferentes espécies em uma mesma área ao longo das safras, melhorando diversos aspectos, em especial o solo e a quebra do ciclo de pragas e doenças, promovendo  sustentabilidade.

Já a monocultura é o cultivo contínuo de uma única espécie, priorizando a produtividade de um produto específico. Essa abordagem pode exaurir o solo, aumentar a dependência de químicos e tornar a lavoura mais suscetível a pragas e doenças.

A rotação favorece o equilíbrio ecológico, enquanto a monocultura pode comprometer a sustentabilidade a longo prazo.

Rotação de culturas x rotação de terras

A rotação de terras pode ser uma prática para complementar a rotação de culturas, já que melhora a sustentabilidade agrícola e a qualidade do solo.

Ao alternar o uso de diferentes áreas de cultivo, a rotação de terras permite que algumas áreas descansem, o que favorece a recuperação da estrutura do solo e a reposição de nutrientes.

Isso ajuda a evitar o esgotamento de nutrientes em uma área específica, permitindo que as culturas sejam alternadas de forma mais eficaz.

Além disso, a rotação de terras reduz o risco de compactação do solo, que pode ocorrer com o uso constante de máquinas pesadas, e melhora a drenagem e a aeração do solo.

Quais as desvantagens da rotação de culturas?

Uma desvantagem crítica da rotação de cultura está ligada ao fato de não cultivar a mesma cultura todos os anos. 

Geralmente, as microrregiões das culturas são tão especializadas que dificilmente se encontra maquinário ou, até mesmo, mercado na região para outras diferentes culturas.

Contudo, a rotação d pode ser feita de uma forma mais simples, semeando plantas de cobertura ou variando apenas a área semeada com soja e milho na primeira safra.

Mesmo com esses pontos, e outras diversas vantagens, é importante que você entenda os pontos negativas da rotação de culturas, que podem ser: 

  • Complexidade de manejo: Exige mais planejamento e conhecimento sobre diferentes culturas.
  • Custo inicial: Pode haver um aumento nos custos de implementação, como o investimento em sementes e equipamentos para diferentes culturas.
  • Espaço limitado: Pode ser difícil em áreas com grande demanda por uma cultura específica.
  • Necessidade de adaptação: A mudança de culturas pode exigir ajustes no manejo, o que pode levar a uma curva de aprendizado.

Rotação de culturas x sistema de plantio direto

A rotação de culturas e o Sistema de Plantio Direto (SPD) são práticas complementares, mas com objetivos diferentes. 

A rotação de culturas envolve alternar as plantas cultivadas para melhorar a saúde do solo e reduzir pragas, enquanto o SPD visa minimizar o preparo do solo, mantendo a cobertura vegetal e evitando a erosão. 

Juntas, essas práticas favorecem a sustentabilidade agrícola, com a rotação diversificando as culturas e o SPD preservando a estrutura do solo, ambos contribuindo para maior produtividade e conservação ambiental.

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Como implantar rotação de cultura na lavoura?

A rotação de culturas pode ser implantada facilmente e o maior segredo aqui é o planejamento!

Comece avaliando o solo e identificando as condições climáticas da sua região para selecionar culturas que se complementem em termos de necessidade de nutrientes e adaptação ao ambiente.

Outro segredo para ter sucesso, é seguir as dicas abaixo e implementar na sua organização para iniciar a rotação. Confira:

  1. Analise o solo: Faça testes de fertilidade e textura do solo para identificar suas necessidades e potenciais limitações;
  2. Escolha culturas adequadas: Combine culturas que tenham diferentes características, como gramíneas (milho, trigo) e leguminosas (soja, feijão);
  3. Planeje os ciclos de plantio: Determine a sequência de plantio para evitar a repetição de espécies que tenham as mesmas pragas ou doenças. Por exemplo, plante soja após milho para se beneficiar da fixação de nitrogênio pela soja.
  4. Inclua culturas de cobertura: Entre safras, cultive espécies que protejam o solo, como braquiária ou aveia, para evitar erosão e melhorar a retenção de nutrientes.
  5. Registre e monitore as práticas: Utilize ferramentas como a Aegro para registrar os talhões, ciclos de plantio e resultados.
  6. Capacite sua equipe: Certifique-se de que todos os envolvidos na lavoura compreendam a importância da rotação e saibam identificar pragas, doenças ou sinais de melhoria do solo.
  7. Avalie os resultados regularmente: Após algumas safras, analise os impactos da rotação na produtividade e saúde do solo para fazer ajustes no planejamento.

Além dessas dicas, você pode dividir a propriedade e semear pequenos talhões, alternando os talhões em rotação ao longo dos anos, para não ter nenhum tipo de surpresa financeira.

Por exemplo: um talhão dividido em quatro partes, sendo que a primeira parte é semeada com milho ou girassol, algodão, etc. no primeiro ano e o restante com soja

Na próxima safra, outra parte do talhão será semeada com alguma outra cultura e o restante com a soja, e por aí vai.

3 exemplos de rotação de culturas

1. Soja → Milho → Braquiária

    A soja fixa nitrogênio no solo, beneficiando o milho na safra seguinte. Depois do milho, a braquiária melhora a matéria orgânica e estrutura do solo, reduzindo a compactação e o risco de erosão.

    2. Trigo → Soja → Milheto

    O trigo é cultivado no inverno, seguido pela soja no verão, aproveitando a adubação residual. Após a colheita da soja, o milheto é plantado como cobertura, ajudando na reciclagem de nutrientes e controle de pragas.

    3. Arroz → Feijão → Crotalária

    O arroz, de ciclo curto e exigente em nutrientes, é seguido pelo feijão, que aproveita o solo já corrigido. A crotalária, como adubo verde, melhora a fertilidade e reduz nematoides para a próxima safra.

    Essas rotações ajudam a melhorar a fertilidade do solo, reduzir pragas e doenças e aumentar a produtividade de forma sustentável.

    Como o Aegro pode ajudar na rotação de culturas?

    No Aegro você consegue registrar e acompanhar todas as etapas do processo da fazenda, desde o plantio até a colheita, proporcionando uma visão clara sobre o desempenho das culturas ao longo do tempo. 

    Esse tipo de utilização ajuda a fazer a análise do histórico de tudo o que foi feito em cada talhão, ajudando a tomar decisões sobre a rotação de culturas.

    Por exemplo, ao usar a rotação com milho e soja, o Aegro pode monitorar o impacto de cada safra sobre o solo e auxiliar na escolha da melhor cultura de inverno ou de verão para otimizar os resultados. 

    Com o uso de funcionalidades como o planejamento financeiro e de recursos, o sistema prevê os custos e lucros, garantindo que a rotação seja economicamente viável.

    A plataforma também oferece  monitoramento de saúde do solo e de culturas, além de integrar dados com outras áreas do gerenciamento agrícola, como o controle de insumos e a gestão de produtividade​

    Marque uma demonstração gratuita e veja tudo o que o Aegro pode fazer pela sua propriedade rural. Clique no botão e faça seu registro em menos de 1 minuto!

    5 dicas para uma lavoura de trigo mais produtiva

    Lavoura de trigo: confira algumas recomendações para garantir mais produtividade nesta cultura.

    A lavoura de trigo, quando próxima à colheita, é algo bonito de se ver! Nos remete aos campos da Toscana e às belas paisagens europeias que vemos nos filmes.

    Bem, no Brasil também plantamos muito trigo! Principalmente na região Sul onde a cultura se desenvolve melhor.

    Mas você sabe quais os principais cuidados para garantir a produção da lavoura de trigo?

    Confira comigo como podemos atuar no manejo da lavoura de trigo para garantir uma boa produção e obter sucesso na atividade.

    Como obter sucesso na lavoura de trigo

    O sucesso da lavoura de trigo – tanto em volume, como em sustentabilidade da produção – depende de diversos fatores. 

    Podemos citar os relacionados ao:

    • Clima e solo da região de cultivo;
    • Cultivar e fenologia da planta; 
    • Manejo da lavoura de acordo com o sistema de produção.

    Os cuidados para o sucesso da produção vão desde o plantio até a colheita e pós-colheita. 

    Existem fatores que podem maximizar sua produção e outros que jogam contra o produtor. Confira a seguir 5 dicas de como obter sucesso com sua lavoura de trigo.

    1. Não esqueça do clima

    Antes mesmo do plantio devemos considerar o clima e o solo da região

    Isso porque chuvas fora de hora e temperaturas inadequadas podem pôr em risco a lavoura de trigo e, dependendo do tipo de solo, a retenção e disponibilidade de água será distinta.

    Por exemplo, o excesso de chuvas na maturidade fisiológica do trigo, característico do clima subtropical, é prejudicial. Nessas regiões também podemos ter problemas com geadas. 

    Por outro lado, em regiões tropicais, o problema passa ser as altas temperaturas e a umidade relativa no florescimento.

    Assim, começar com o pé direito é avaliar o clima e acertar na janela de plantio. Mas como fazer isso?

    Para isso existe o zoneamento agroclimático para cultura do trigo, que leva em conta o clima e classifica a janela de plantio de acordo com o tipo de solo (arenoso, textura média ou argiloso).

    Abaixo você pode conferir o Rio Grande do Sul como exemplo, mas isso varia de acordo com o estado. Com base no zoneamento, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) define as janelas de plantio adequadas.

    lavoura de trigo

    Períodos de semeadura para a cultura de trigo de sequeiro no RS
    (Fonte: Embrapa Trigo)

    2. Acerte no plantio

    Bom, já sabemos que a semeadura da lavoura de trigo deve ocorrer de acordo com as definições do zoneamento para cada localidade. Agora, vamos definir qual cultivar semear.

    A lista de cultivares de trigo é extensa e para cada região a melhor cultivar pode ser diferente. Aqui você pode encontrar informações detalhadas sobre as cultivares e escolher a que melhor lhe sirva.

    cultivares de triticale Mapa

    Cultivares de Triticale registradas no Mapa com indicação de cultivo em 2019
    (Fonte: Informações Técnicas para Trigo e Triticale)

    De qualquer maneira, algumas coisas não mudam. O espaçamento indicado para o trigo, por exemplo, é de 17 cm, no máximo 20 cm entre linhas. 

    Já a densidade de semeadura (sementes viáveis/m2) varia de acordo com a localidade e a cultivar escolhida.

    É importante lembrar que o plantio do trigo deve ser feito com o mínimo de mobilização do solo e sempre no contexto do sistema de plantio direto: com rotação de culturas e manutenção de cobertura sobre o solo, garantindo conservação do solo e maior sustentabilidade de produção.

    3. Adubação e correção da lavoura de trigo

    Antes de semear a lavoura de trigo, como está o seu solo?

    A partir de uma análise de solo da área, devemos realizar as correções e adubações corretivas, caso necessário.

    No cálculo da calagem, o ideal é que se eleve a saturação de bases até 70% e conforme os teores de nutrientes do solo, deve-se fazer a adubação corretiva. 

    Existem várias recomendações, veja como exemplo abaixo a do estado do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. As demais você pode encontrar nesta publicação.

    lavoura de trigo
    lavoura de trigo

    (Fonte: Informações Técnicas para Trigo e Triticale)

    4. Cuidados com a lavoura de trigo

    Com a lavoura de trigo no campo surgem então novos desafios. Além das condições climáticas, as quais não controlamos, surgem as daninhas, pragas e doenças. 

    Por isso, aqui vamos dar algumas diretrizes para que fique claro a importância do manejo.

    Daninhas

    As daninhas são mais problemáticas no ínicio da fase de desenvolvimento da cultura. 

    O período crítico de competição é de 45 a 50 dias após emergência. Dessa forma, a lavoura de trigo precisa ficar livre de competição nesse período.  

    Ao fim do ciclo do trigo, as daninhas podem contaminar o cereal colhido e aumentar sua umidade, por isso, tenha cuidado.

    Doenças

    Duas doenças que merecem atenção especial são: giberela e brusone.

    Elas atacam diretamente a espiga do trigo e causam danos significativos ao rendimento da lavoura.  

    Ambas são favorecidas em situações onde o período de molhamento é elevado e as temperaturas superiores a 20 ºC. São doenças de difícil controle e de alto potencial de dano, principalmente pela baixa resistência/tolerância da maioria das cultivares a elas. 

    Para ajudar os produtores, foi criado um simulador de risco de ocorrência dessas doenças, o Sisalert. Afinal, toda ajuda é bem-vinda!

    Pragas

    Na lavoura de trigo, as pragas mais comuns são as lagartas (desfolha), pulgões (transmitem viroses), corós (causadores de danos no sistema radicular, sementes e plântulas do trigo) e percevejos (que atacam durante todo o ciclo, causando danos variados).

    Cabe ressaltar que esses insetos só devem ser controlados quando atingirem a população que causem dano econômico. Antes disso não é economicamente viável.

    Escala fenológica do trigo

    Escala fenológica do trigo segundo Feekes-Large
    (Fonte: Embrapa)

    5. Lavoura de Trigo: colheita 

    Na colheita, colhemos os “frutos” do nosso trabalho e alguns fatores são determinantes para o sucesso dessa prática na lavoura de trigo.

    Deve-se evitar chuvas no período de maturidade fisiológica do trigo, pois isso reduz a qualidade final do cereal. 

    Por isso, se possível antecipe a colheita, mas tenha em mente que a umidade de grão ideal é próxima a 13%.

    Colher na umidade correta e com o maquinário regulado adequadamente reduz perdas quantitativas e qualitativas, obtendo assim, o máximo da sua lavoura de trigo. Ou seja, seu objetivo desde o início.

    e-book culturas de inverno Aegro

    Conclusão

    Ao longo do texto, observamos que existem diversos detalhes para serem levados em conta para o sucesso de uma lavoura de trigo.

    Devemos estar atentos ao clima da região e se ele é favorável ao cultivo do trigo e qual a cultivar mais adequada para um bom desenvolvimento. 

    A partir disso, olhamos para o solo e as necessidades de correção.

    O plantio deve sempre respeitar a época recomendada e o espaçamento. Além disso, o controle de pragas, doenças e daninhas deve ser realizado de forma sustentável, minimizando perdas e maximizando os rendimentos.

    Também vimos as melhores condições para colheita a fim de evitar perdas, conseguindo as melhores produções e um produto de qualidade.

    >> Leia mais:

    O que você precisa saber para fazer a melhor aplicação de 2,4 D em trigo

    “Como garantir a qualidade durante os processos de secagem e armazenamento de trigo”

    “Melhores práticas para fazer o tratamento de sementes de trigo na fazenda”

    Restou alguma dúvida sobre a lavoura de trigo? Deixe sua dúvida ou comentário abaixo. Grande abraço e até a próxima!

    Solo arenoso: como fazer o melhor plantio nesse tipo de terra

    O que é solo arenoso, suas características, alternativas para melhor resultado produtivo e como recuperar a fertilidade. 

    Quando tratamos de produção, uma das primeiras coisas que se vem à mente é o solo. Existem diversos tipos de solo, com diferentes texturas, estruturas, profundidades e riquezas

    Mas como a produção é demandada, temos que aprender a lidar com as peculiaridades de cada um e, dentre esses, vamos destacar aqui os solos arenosos. Eles constituem cerca de 8% do território nacional e podem obter produções satisfatórias.

    Confira a seguir as principais estratégias de utilização e de manejo do solo arenoso!

    O que é um solo arenoso?

    Solo arenoso, também chamado de solo de textura leve, é caracterizado pelo alto teor de areia (superior a 70%) e menor teor de argila (inferior a 70%) em sua composição. É um tipo de solo normalmente granuloso, pobre em nutrientes e com baixo teor de matéria orgânica.

    gerador de triângulo textural

    (Fonte: Gerador de Triângulo Textural)

    A grande parte dos solos arenosos está presente na região Nordeste, sendo um dos maiores problemas para agricultura. 

    Entretanto, esses solos também podem ser encontrados em São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia, Pará, Maranhão, Piauí e Pernambuco, ocorrendo ainda no Norte de Minas Gerais, Alagoas, Ceará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Tocantins e Goiás.

    Características do solo arenoso

    1. Consistência granulosa (grãos grossos, médios e finos);
    2. Alta porosidade e permeabilidade, devido ao arranjo das partículas;
    3. Pouca umidade;
    4. Pobreza em nutriente;
    5. Baixo teor de matéria orgânica;
    6. pH ácido;
    7. Alta possibilidade de erosão.

    Por que o solo arenoso é pobre em nutrientes: dificuldades no cultivo

    Os solos arenosos são constituídos quase que exclusivamente por grãos de areia, ou seja, quartzo, desta maneira são pobres em nutrientes.  Além disso, esses solos se esgotam rapidamente com poucos anos de uso, necessitando de manejo planejado para continuar oferecendo condições à produção. Os baixos teores de matéria orgânica (menor que 1%) agravam essa situação. 

    A deficiência de água em solo arenoso é um fator agravante para a produção agrícola, pois apresenta uma drenagem excessiva devido à sua constituição de areia e pequena retenção de água, favorecendo a lixiviação de nutrientes.

    Outra dificuldade é sua baixa capacidade de retenção de cátions, assim como também é comum encontrar saturação acima de 50% de alumínio tóxico, o que pode resultar em produções baixas. 

    Mas uma das maiores limitações dos solos arenosos quanto à utilização agrícola é que são propensos à erosão, ainda mais quando comparados aos solos argilosos e, principalmente, em relevo suave-ondulado ou ondulado. 

    O processo erosivo inicia no momento em que esses solos são desmatados ou utilizados pelo gado. 

    Se ocorrer nas cabeceiras de vertentes ou margeando os mananciais, a erosão tende a desenvolver voçorocas. 

    Em solos arenosos a mecanização só é viável em áreas de relevo plano, devido a esta propensão à erosão. Assim, recomenda-se restringir operações mecanizadas com grande potência.

    Como recuperar a fertilidade?

    Solos arenosos não são sinônimos de solos inférteis ou improdutivos, eles apenas são mais sujeitos à deficiência nutricional e reduzida quantidade de MO, uma vez que este fator está relacionado à rocha de sua formação e à ação de fatores climáticos, como o intemperismo. 

    Devido a isso, é indicado a aplicação de resíduos vegetais e adubos orgânicos (bagaço de cana, bagaço de coco e estercos de animais) com fosfato e potássio.

    Sobre a acidez, recomenda-se adição de calcário com objetivo de aumentar o pH, neutralizar o alumínio tóxico e também auxiliar na disponibilização de cálcio e magnésio. 

    O indicado é que a adubação seja feita de forma constante, parcelada e equilibrada, sendo necessário coordenação e análise de solo das condições locais, da cultura, da cultivar e dos resultados esperados.

    Como e o que plantar em solos arenosos 

    Com a utilização de novas práticas de manejo sustentável e por meio da tecnologia, as áreas de solos arenosos estão entrando no sistema produtivo e conseguindo mostrar o seu potencial. 

    A seguir elenco algumas estratégias de manejo que vão melhorar e facilitar o sucesso em solos arenosos:

    Sistema de Plantio direto (SPD)

    Com objetivo de preservar o solo, o plantio direto vem sendo uma ferramenta necessária para a utilização produtiva de solos arenosos. 

    Este sistema permite a conservação do solo e da água por meio de práticas que:

    • Minimizam a erosão; 
    • Aumentam a retenção de água e nutrientes no solo; 
    • Melhoram os atributos biológicos do solo; 
    • Reduzem os picos de temperatura no solo; 
    • Diminuem a infestação de plantas daninhas
    • Permitem maior agilidade operacional nas atividades agropecuárias. 

    Além disso, nesse sistema se consegue elevar os teores de matéria orgânica do solo, aumentando assim sua capacidade de troca catiônica e retenção de água – características correlacionadas ao sucesso produtivo. 

    solo arenoso

    Cultivo de soja em plantio direto

    Adubação verde 

    A utilização de adubos verdes e/ou plantas de cobertura em solos arenosos faz toda a diferença quando se quer resultados produtivos. 

    A adubação verde consiste no uso de plantas, podendo ser gramíneas ou leguminosas, visando a proteção superficial dos solos bem como a melhoria das condições físicas, químicas e biológicas do solo. 

    As plantas que estão sendo bastante empregadas em solos arenosos são as gramíneas milheto, brachiaria e panicum, por conta do grande aporte de palhada e por terem um sistema radicular bem agressivo. 

    Mas ainda é utilizado as crotalárias e o feijão guandu, pois da mesma forma apresentam um bom aporte de palhada e, além disso, fixação biológica de nitrogênio. 

    Fazendo a utilização da adubação verde, os solos arenosos ficam menos propensos à erosão, com aumento do teor de matéria orgânica e de nutrientes. 

    Sucessão e consórcio de cultura

    Sendo que a decomposição dos materiais vegetais ocorrem de maneira distinta por causa da composição dos mesmos, a sucessão e rotação de culturas aparece como uma estratégia essencial na manutenção de palhada em solo arenoso. 

    Palhas de leguminosas tendem a decompor mais rapidamente devido à baixa relação carbono/nitrogênio, mas por outro lado são ricas em nitrogênio. 

    Já as gramíneas, apresentam uma palha que fica por um longo período sob o solo, porém são mais carentes em nitrogênios, ou seja, possuem grande quantidade de carbono em sua constituição. 

    Assim, vêm sendo empregado as seguintes sucessões:

    1. Soja na safra, seguida de milho + braquiária na safrinha (consórcio). A soja fornece o aporte de nitrogênio para as duas culturas posteriores. Em seguida, o milho é colhido e a braquiária pode se desenvolver melhor sendo aporte de cobertura do solo para a próxima safra. 
    2. Soja na safra, seguida de pastagem + guandu (consórcio). Nesse sistema, a pastagem consorciada com guandu favorece sua qualidade nutricional e física do solo promovidas pela leguminosa.

    Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF)

    Pensando em manejo sustentável, muitos produtores vêm utilizando o sistema ILPF para garantir uma produção de sucesso.

    Diferente do que ocorre em monocultura, a interação de atividade agrícola e pecuária na mesma área resulta em aumento de produtividade, pois existe uma sinergia entre ambas. 

    Nesse sistema, as principais vantagens são: 

    • Manter a fertilidade
    • Contribuir para evitar o aquecimento excessivo do solo; 
    • Reduzir as perdas de água por evaporação;
    • Servir de barreira física para evitar a entrada de fungos causadores de doenças; 
    • Conforto animal. 

    A manutenção desse sistema em solo arenoso consiste basicamente em mantê-lo permanentemente vegetado, com ciclagem de nutrientes e de raízes ao longo do ano para promover a construção física e química do solo.

    Divulgação do kit de 5 planilhas para controle da gestão da fazenda

    Conclusão

    Neste artigo abordamos o que são solos arenosos e quais as suas limitações quanto à utilização agrícola. 

    Vimos como lidar com com suas deficiências nutricionais e quais cuidados devemos ter quanto ao cultivo nesse tipo de solo. 

    Ainda demos dicas de como manejá-lo com o enfoque no manejo sustentável e integrado. 

    >> Leia Mais:

    Solo humífero: vantagens e desvantagens de utilizar para plantio

    “Como melhorar a qualidade do solo com o terraceamento”

    Rochagem: como essa prática pode beneficiar sua lavoura

    Como evitar e corrigir a compactação do solo na sua propriedade

    Como fazer o manejo e a correção do solo alcalino

    Você tem solo arenoso em sua propriedade? Como faz o manejo para um cultivo sustentável? Se restou alguma dúvida, deixe nos comentários abaixo. 

    Como fazer o preparo do solo para plantio de trigo

    Preparo do solo para plantio de trigo: escolha da cultivar, melhor época de semeadura, preparo do solo e rotação de culturas.

    O trigo é um importante cereal cultivado em todo o mundo, com produção de 735 milhões de toneladas em 2018 (segundo a FAO). 

    Já no Brasil, em 2019 a produção alcançou 5,2 milhões de toneladas (dados do IBGE).

    Assim, para ter uma alta produção nessa cultura tudo começa com um bom preparo do solo para o plantio.

    Por isso, preparamos este texto para te auxiliar com esta prática agrícola e com o seu planejamento na cultura do trigo. Confira!

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    Qual cultivar de trigo plantar e a melhor época de plantio?

    No Brasil, a produção de trigo está concentrada na região Sul, mas o Cerrado também está produzindo trigo na Bahia, Minas Gerais, Distrito Federal e Goiás.

    Assim, a produção de trigo nos estados brasileiros na safra de 2019, segundo o IBGE, foi de 4,5 milhões de toneladas no Sul do país, 505 mil toneladas no Sudeste, 30 mil no Nordeste e 138 mil no Centro-Oeste. 

    Falando em cultivares de trigo, estão sendo desenvolvidas novas adaptadas ao clima de cada região. E para realizar a melhor escolha se atente em:

    • Indicação de produção;
    • Alto desempenho no campo e produtividade;
    • Resistência à doença
    • Indicação da cultivar de acordo com o sistema de produção; 
    • Fertilidade do solo
    • Época de semeadura;
    • Entre outros fatores.
    preparo do solo para plantio de trigo

    (Fonte: Agro Advisor)

    Além da escolha da cultivar, um ponto importante é saber a melhor época para o plantio de trigo – que deve ser realizado de acordo com o período indicado para cada município. 

    Para te auxiliar nessa escolha, você pode seguir as recomendações do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), que apresenta uma lista de cultivares indicadas para cada região e a relação de municípios com os respectivos calendários de plantio.

    Para conseguir as informações, acesse, escolha o estado e selecione a cultura do trigo.

    Dessa forma, aparecerá os dados para o estado escolhido, a relação das cidades indicadas, além dos períodos de plantio (início e fim) para cada município, por tipo de solo e por grupo de cultivar. 

    Esses dados podem te ajudar a reduzir riscos na cultura do trigo como geada no espigamento, doenças na fase inicial de enchimento de grãos, perda da qualidade dos grãos e baixo desenvolvimento da cultura.

    Após determinar a melhor época de semeadura e cultivar, se atente no preparo do solo para plantio de trigo.

    Fazendo o preparo do solo para plantio de trigo

    Em qualquer cultura, é necessário planejamento e histórico da área para o preparo do solo. Por isso, deve-se determinar qual o tipo de sistema de cultivo será ou é utilizado na área, sendo convencional ou plantio Direto, e realizar as práticas de acordo com ele.

    Para alguns agricultores do Rio Grande do Sul, o plantio direto garantiu o dobro de produtividade de trigo. Esse sistema também pode ter outros benefícios como diminuição da erosão do solo, redução de operações no preparo do solo, aumento da matéria orgânica, entre outros.

    Mas lembre-se que cada propriedade tem suas particularidades, por isso, realize o melhor sistema de plantio para a sua fazenda.

    Outros fatores importantes para o estabelecimento da lavoura de trigo são: 

    • Semear no limpo; 
    • Fazer um bom manejo de cobertura do solo até a semeadura;
    • Análise de solo (adubação equilibrada);
    • Semeadura de qualidade; 
    • Cuidados com velocidade de semeadura e profundidade (2 a 5 cm); 
    • Escolha da semente de qualidade;
    • População de planta adequada.

    Para o preparo do solo, deve-se também saber qual a quantidade de fertilizantes e corretivos a serem aplicados no solo, sendo um fator importante quando se pensa no custo com a cultura.

    Isso porque os fertilizantes têm maior participação nos custos de produção do trigo, representando aproximadamente 25% do investimento na lavoura. Por isso, é importante realizar a análise de solo

    Análise do solo

    Para determinar se o solo precisa de correção ou de fertilizantes é necessário realizar a análise do solo, mas lembre-se que as amostras devem ser representativas da área. 

    Para plantio direto, é recomendado a amostragem de 0-10 cm e ocasionalmente de 0-20 cm de profundidade, já para o convencional normalmente é de 0-20 cm.

    A interpretação da análise de solo é realizada de acordo com o nível de cada elemento e, para determinar a necessidade de calagem e adubação para a área amostrada, devem ser utilizados manuais ou indicações técnicas para cada região do país. 

    Ou seja, isso depende da região produtora de trigo, como vamos ver em exemplos mais adiante.

    Correção com calcário

    Para determinar se a área precisa de calagem e qual quantidade utilizar, deve-ser ter a interpretação da análise de solo com as recomendações para cada região de cultivo do trigo.

    Preparo do solo para plantio de trigo: Adubação

    Geralmente, a adubação com nitrogênio, fósforo e potássio (NPK) e com micronutrientes para a cultura do trigo, é realizada no sulco de semeadura e o suprimento de N é complementado em duas aplicações de cobertura.

    Para te auxiliar no manejo de fertilizantes, veja a figura abaixo:

    preparo do solo para plantio de trigo

    Manejo nutricional e fenologia da cultura do trigo
    (Fonte: Modificada de Pires et al. (2011) em IPNI)

    O nitrogênio é o elemento mais demandado pela planta de trigo. Sua dose recomendada varia em função do teor de matéria orgânica do solo, cultura precedente, região climática e da expectativa de rendimento de grãos.

    Para os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, a quantidade de fertilizante nitrogenado varia em função do nível de matéria orgânica do solo, da cultura precedente e da expectativa de rendimento de grãos da cultura.

    Assim, a dose de nitrogênio a ser aplicada na semeadura varia entre 15 kg/ha a 20 kg/ha, sendo que o restante deve ser aplicado em cobertura entre as fases de perfilhamento e alongamento do colmo da cultura.

    Indicação de adubação nitrogenada

    Indicação de adubação nitrogenada (kg/ha) para as culturas de trigo e triticale nos estados do RS e SC
    (Fonte: Embrapa)

    Já para o estado do Paraná, essa adubação nitrogenada é realizada com base na cultura anterior.

    Indicação de adubação nitrogenada PR

    Indicação de adubação nitrogenada (kg/ha) para as culturas de trigo e triticale no estado do PR
    (Fonte: Embrapa)

    Com os exemplos acima, verificamos que para cada estado existe uma indicação de nitrogênio, que é baseada em variáveis do solo, do clima ou da cultura anterior. 

    Para os outros estados, você pode consultar nos estudos da Embrapa e verificar ali as recomendações para os demais macros e micronutrientes.

    Em caso de dúvidas, consulte um(a) engenheiro(a) agrônomo(a) para auxiliar nas recomendações.

    Benefícios da rotação de culturas com o trigo

    A rotação de culturas é a alternância de diferentes culturas na mesma área de cultivo e na mesma época ao longo dos anos.

    preparo do solo para plantio de trigo

    Com inúmeros benefícios, o trigo é a melhor opção de cultura para o inverno
    (Fonte: Correio do Povo do Paraná)

    O trigo é uma cultura de inverno e pode ser utilizado no sistema de rotação de culturas trazendo diversas vantagens como:

    • Retorno econômico;
    • Redução de plantas daninhas, pragas e doenças;
    • Controle da erosão;
    • Melhora das características físicas, químicas e biológicas do solo;
    • Aumento dos teores de matéria orgânica no solo;
    • Importante para o plantio direto;
    • Entre outros.

    Para realizar a rotação de culturas é importante ter um bom planejamento, para determinar quais as culturas serão utilizadas na área e se no inverno será utilizado trigo ou outra cultura.

    Para auxiliar na composição dos programas de recomendações de culturas no sistema de plantio direto, veja a figura abaixo.

    culturas plantio direto

    (Fonte: Fancelli, 2008)

    e-book culturas de inverno Aegro

    Conclusão

    A cultura do trigo é um importante cereal que pode ser utilizado na rotação de culturas como cultura de inverno.

    Também abordamos neste texto sobre como realizar um bom preparo do solo, com a escolha da cultivar e da melhor época do ano, além de como fazer a adubação e a calagem para a cultura do trigo.

    Agora que você tem todas essas informações, realize um bom preparo do solo para a cultura de trigo na sua fazenda e alcance altas produtividades.

    >>Leia mais:

    O que você precisa saber para fazer a melhor aplicação de 2,4 D em trigo

    Como você realiza o preparo do solo para a cultura de trigo? Adoraria ver seu comentário abaixo!

    Adubo para plantio de milho: 5 dicas para maximizar a produção

    Adubo para plantio de milho: entenda mais sobre a adubação de plantio e confira recomendações para o sucesso de sua lavoura.

    Em 2019, o Brasil se tornou o maior exportador de milho e a tendência para 2020 é o crescimento da área plantada da cultura.

    Uma das estratégias para aumentar a produtividade e manter o Brasil entre os maiores produtores é a fertilidade do solo.

    Por isso, confira agora as cinco dicas que separamos para te ajudar a ter mais sucesso no adubo para plantio de milho. Aproveite!

    Orientações: adubo para plantio de milho

    O Brasil é um dos maiores produtores de milho do mundo e, segundo o IBGE, as expectativas de produção para 2020 são cerca de 92,7 milhões de toneladas.

    Contudo, de acordo com estudos de pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-Minas Gerais) a manutenção de altas produtividades só é possível levando em conta alguns fatores como:

    • Escolha do híbrido;
    • Tratamento de sementes;
    • Condições climáticas;
    • Fertilidade do solo;
    • Manejo de pragas, doenças e plantas daninhas.

    Dentre esses fatores, a fertilidade do solo é um dos mais importantes para a produção de grãos.

    Por isso, é essencial que você realize um bom planejamento antes do plantio do milho.

    Confira a seguir algumas dicas sobre adubação para plantio de milho que podem auxiliar no seu planejamento – maximizando sua produção de grãos.

    1ª Dica: Planejamento Inicial

    O preparo para a adubação da cultura inicia muito antes da semeadura. Primeiramente, você deve conhecer todo o sistema de produção da lavoura.

    Isso inclui tanto as culturas semeadas na área, quanto as análises de solos atuais e as antigas!

    Dessa forma, ter em mãos o histórico das análises já realizadas em outras safras é fundamental para você entender o comportamento de seu solo.

    Assim, você entende como ele age com a aplicação de corretivos e com a adubação.

    A recomendação deve ser realizada em função da análise de solos e exigência da cultura do milho, podendo variar de acordo com a textura de seu solo.

    Realize o planejamento antes de adubar sua lavoura, assim você minimizará seus custos e aumentará a rentabilidade de sua propriedade.

    adubo para plantio de milho

    2ª Dica: Cálculo de adubação para plantio do milho

    Após observar a análise de solo, o segundo passo é verificar se a adubação a ser realizada será a de manutenção ou a de correção.

    Já falamos aqui no blog sobre esses conceitos, mas vale a pena relembrar!

    A adubação de manutenção, nada mais é aquela que colocamos no solo, sendo a quantidade de nutrientes que foram extrapolados pelas plantas, em outras palavras, aqueles nutrientes que foram colhidos (saindo do sistema).

    Já na adubação de correção, acrescenta-se nutrientes no solo visando aumentar o estoque.

    Outro fator levado em consideração no momento do cálculo de adubação é a cultura anterior e a produtividade média do milho esperada.

    Abaixo podemos observar as indicações para aplicação de nitrogênio para o milho segunda safra, no estado do Paraná.

    adubo para plantio de milho

    Adubação nitrogenada para o cultivo de milho segunda safra no Paraná
    (Fonte: Manual de adubação e calagem para o estado do Paraná)

    Acima apresento apenas a tabela indicada para a adubação nitrogenada para o cultivo do milho segunda safra no estado do Paraná.

    Porém, caso semeie milho na primeira safra no Paraná, fique atento, pois as indicações sofrem algumas alterações.

    Agora se você for de outro estado, pode conferir aqui no blog, ou consultar alguma instituição de pesquisa próxima da sua localização.

    Mas se você ainda está em dúvida de como calcular sua adubação na prática, não deixe de conferir o vídeo abaixo, do canal AgricOnline:

    3ª Dica: Adubo para plantio de milho – macronutrientes

    A adubação de macronutrientes é fundamental para o sucesso do estabelecimento do estande inicial.

    Isso porque se tornou rotina de boa parte das regiões optar pela utilização dos macronutrientes parceladamente, parte no plantio e o restante em adubação de cobertura.

    Porém o indicado é que cada agricultor leve em conta as particularidades e necessidades de sua propriedade, ficando sempre atento às características físico-químicas de seu solo.

    Contudo vale a pena lembrar que alguns cuidados sempre devem ser levados em consideração, como por exemplo:

    • Doses elevadas de potássio, que podem prejudicar o estabelecimento do estande adequado e influenciar negativamente as sementes.
    • Altos níveis de nitrogênio no plantio, que podem ser perdidos por lixiviação e, o excesso de sais no sulco, pode prejudicar a qualidade das sementes.

    Já a adubação do fósforo deve ser estratégica, pois no solo esse nutriente é pouco móvel. Uma das alternativas tem sido aplicação de nutrientes via tratamento de sementes.

    Um exemplo prático é o Fulltec Mais, composto por nitrogênio, fósforo e alguns micronutrientes.

    4ª Dica: Adubo para plantio de milho: micronutrientes

    Apesar da quantidade requerida de micronutrientes ser bastante pequena, sua ausência pode refletir em menor desenvolvimento das plantas e, consequentemente, menor produtividade.

    A aplicação de micronutrientes no solo muitas vezes é inviável, devido ao comportamento complexo de alguns micronutrientes e a influência de inúmeros fatores sobre sua disponibilidade para as plantas.

    Por isso, a aplicação no plantio do milho deve ser realizada com cautela e dentro do planejamento, para evitar perda de fertilizantes e dinheiro.

    Nesse caso, novamente a aplicação de nutrientes via tratamento de sementes aparece como uma excelente alternativa!

    Atualmente no mercado, existem inúmeros produtos compostos por micronutrientes, por isso observe qual a necessidade de sua lavoura. O agricultor deve sempre consultar seu engenheiro(a) agrônomo(a).

    5ª Dica: Adubo para plantio de milho: custos

    Os fertilizantes compõem em média 25% dos custos de produção de milho no Brasil. Para você calcular os custos e a quantidade de fertilizantes em sua lavoura, você deve considerar:

    • Aplicação de calcário;
    • Aplicação de gesso agrícola;
    • Aplicação de macro e micronutrientes.

    Não esqueça de levar em consideração a dose utilizada, quantidade de nutrientes e preço pago por quilo, litro ou tonelada.

    Para facilitar, tenha todas as informações na palma da mão em uma planilha ou software de controle agrícola. 

    O Aegro é um software de gestão agrícola que atua mesmo offline e auxilia o produtor da semeadura até a colheita, assim como no cálculo dos custos com adubação. Oferece:

    • Gestão de patrimônio e de máquinas;
    • Operações agrícolas como custos e insumos;
    • Gestão financeira e comercialização;
    • Monitoramento integrado de pragas – MIP;
    • Integração com o Climatempo; 
    • Imagens de satélite e análise NDVI;
    • Cotação de seguro rural; 
    • Anotador – ferramenta para os lançamentos do LCDPR;
    • Entre outras funções para o controle da fazenda. 

    É possível testar o sistema de gestão agrícola Aegro de forma gratuita, por meio de:

    Também existe a possibilidade de utilizar seus Pontos Bayer para contratar a versão completa do Aegro (clique aqui).

    Custo de produção agrícola no Aegro

    Visualização de custos de uma fazenda com gestão pelo Aegro (dados são ilustrativos)

    Conclusão

    A adubação para o plantio do milho é de extrema importância para o estabelecimento da cultura.

    Mostramos neste artigo algumas dicas para te auxiliar nessa etapa, desde o planejamento inicial aos custos.

    Espero que com essas informações, você consiga realizar o plantio de milho e alcançar altas produtividades. Boa safra!

    Como você realiza adubação em sua lavoura? Ficou com alguma dúvida sobre adubo para plantio de milho? Deixe seu comentário abaixo!

    Feijão guandu: como ele pode melhorar seu sistema de produção

    Feijão guandu: saiba todos os benefícios desse cultivo, suas utilizações como adubo verde, consórcio e na alimentação animal. 

    Nos últimos anos, o cultivo de feijão guandu cresceu aproximadamente 50% no mundo. Além de ser uma planta rústica e tolerante a secas e solos inférteis, apresenta um grande potencial para alimentação humana e animal.

    Essas características fazem do feijão guandu uma planta extremamente interessante para os sistemas de produção, principalmente os que apresentam déficit hídrico em algum período do ano.

    O guandu pode beneficiar o solo, servindo como um ótimo adubo verde, além de poder ser consorciado com outras culturas e incrementado na alimentação animal.

    Veremos a seguir os aspectos do feijão guandu, como pode ser introduzido nos sistemas de produção e os benefícios dessa cultura na realidade brasileira.

    Características do feijão guandu

    O feijão guandu (Cajanus cajan) é uma leguminosa arbustiva da família das fabáceas, semiperene, de crescimento ereto/semiereto e que pode rebrotar após cortado. O ciclo de produção varia de 90 até 180 dias aproximadamente, isso porque o guandu é uma planta sensível ao fotoperíodo. 

    Como é uma planta de dias curtos, assim como a soja, a fase vegetativa é influenciada pelo comprimento do dia. 

    Dessa forma, quanto mais cedo o plantio (início da primavera) maior o ciclo vegetativo da planta e, consequentemente, maior a produção de biomassa.

    feijão guandu

    Relação entre biomassa seca e época de semeadura do Feijão Guandu
    (Fonte: Modificado de Amabile et al (1996))

    O feijão guandu é uma leguminosa e, portanto, é capaz de fixar nitrogênio do ar por meio de associação simbiótica com microrganismos.  

    Graças à fixação biológica do nitrogênio, famosa FBN, o guandu apresenta altíssimas porcentagens desse nutriente em seus grãos e nas folhas (entre 15% e 20%).

    Por não ter grandes exigências climáticas, pode ser cultivado de modo satisfatório nas regiões tropicais, subtropicais e no semiárido brasileiro.

    Para completar o ciclo, o guandu necessita entre 500 e 1200 mm de chuvas. A fertilidade dos solos pode influenciar de maneira pequena no rendimento da planta, sendo que a disponibilidade de microrganismos que propiciem a FBN é o principal fator.

    Como resultado, pode produzir de 5 a 15 toneladas por hectare de matéria seca e pode fixar de 90 a 150 kg de nitrogênio no solo por hectare. Sendo que as maiores produtividades ocorrem em solos com pH entre cinco e seis.

    Sistema de produção

    O feijão guandu pode entrar no sistema de produção como cultura alimentícia durante a segunda safra, como adubo verde e também como suplementação proteica animal. 

    Como alimentação humana, seu uso tem crescido em algumas regiões do Brasil por conta da rusticidade da planta, seu elevado teor proteico e sua produção considerável de cerca de uma tonelada de grãos por hectare.

    Quando usado como adubo verde, o feijão guandu se destaca não só pela fixação de nitrogênio no solo, mas também pela rápida degradação da sua biomassa, que está relacionada com a alta relação C/N (carbono e nitrogênio) do material. 

    Já vimos aqui no Lavoura 10 como a relação C/N influencia na degradação do material vegetal e, também, já discutimos como o uso de plantas leguminosas é inviável pura e simplesmente para a formação de palha no solo. 

    Mas os benefícios do guandu não estão na formação de palha. 

    Como já citamos, a maior vantagem dessa planta é seu alto teor de nitrogênio e seu potencial na adubação verde e na rotação de culturas, que pode ter grandes benefícios na área. 

    Outro uso crescente do feijão guandu no Brasil é na alimentação animal. Aí está outra aplicabilidade para seu alto teor de nitrogênio, já que quanto maior o teor do nutriente maior o teor proteico do alimento.

    Dessa forma, muitos produtores têm usado o guandu como forrageira para ser ofertada no inverno para os animais, picada, ensilada com milho, pastejada diretamente affordablepapers e até mesmo em fardos de feno.

    Veremos mais sobre alimentação animal mais adiante. Agora, vamos falar um pouco de como contornar as limitações do feijão guandu: consorciando!

    Consórcios com feijão guandu

    Uma das maneiras de contornar o problema da rápida decomposição da palha formada pelo feijão guandu e, ainda assim, aproveitar seus benefícios no solo como cultura de cobertura e adubo verde é consorciando essa leguminosa com gramíneas.

    O guandu pode ser consorciado com milho ou sorgo, com o objetivo de aumentar a qualidade da silagem do material ou apenas para beneficiar o solo. 

    feijão guandu

    Milho (BRS 1035) solteiro e consorciado com guandu com e sem nitrogênio
    (Fonte: Modificado de Oliveira et al (2010))

    Também pode-se consorciar com forrageiras tropicais como a braquiária. A Embrapa lançou em 2010 o sistema Santa Brígida que consorcia milho, guandu e braquiária.

    Milho (BRS 1035) solteiro e em diferentes consórcios

    Milho (BRS 1035) solteiro e em diferentes consórcios
    (Fonte: Modificado de Oliveira et al (2010))

    Implantado solteiro, consorciado com milho ou com braquiária, a população de guandu semeada é em torno de 10 plantas por metro, espaçadas de 40 cm a 1,2 m. A taxa de semeadura pode chegar em até 40 kg de sementes por hectare.

    Relação de Carbono e Nitrogênio na palha das culturas

    Relação de Carbono e Nitrogênio na palha das culturas
    (Fonte: Modificado de Oliveira et al (2010))

    Como podemos ver, quando se realiza o consórcio do feijão guandu alteramos sua relação C/N de aproximadamente 25 para mais de 40, aumentando em muito o tempo de persistência desse material sobre o solo.

    Assim, com palha mais tempo sobre o solo, tem-se maior proteção contra a chuva e os processos erosivos, além de maior umidade, temperatura e outros características do solo.

    Feijão guandu na alimentação animal

    Outro uso para o guandu que tem crescido muito no Brasil é sua utilização na alimentação animal.

    Ao contrário de outras leguminosas usadas como adubo verde, como as crotalárias, o feijão guandu não é tóxico para o gado.

    Desse modo, ele tem grande serventia para incrementar os teores de proteína nas dietas, por meio de silagem ou pastejo direto.

    Como silagem, o guandu pode ser semeado em consórcio com o milho, sendo colhidos e ensilados conjuntamente. Esse processo pode elevar os níveis de proteína bruta da dieta em até 6%.

    Valor nutritivo das silagens de milho com níveis crescentes de guandu
    (Fonte: Quintino et al (2013))

    O feijão guandu também pode ser semeado em consórcio simultâneo com pastagens como braquiária ou sobressemeado. Nesse caso, o objetivo é ser consumido diretamente pelos animais.

    Como os animais pastejam pouco o guandu antes do florescimento, o cultivar conseguirá crescer e acumular uma boa quantia de biomassa até se tornar mais palatável no início da seca (pós-florescimento).

    Na estação chuvosa seguinte, o material remanescente de guandu deverá ser roçado por volta dos 50 cm de altura, visando sua rebrota e o início de um novo ciclo de vegetação e posterior pastejo.

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    Conclusão

    O feijão guandu pode ser uma ótima opção quando pensamos em alimentação animal, na famosa rotação de culturas e como adubação verde.

    Essa leguminosa pode incrementar a produtividade dos sistemas de produção e, de quebra, ajudar na sanidade dos solos agrícolas.

    Após anos da “dobradinha” soja-milho, o sistema tende a declinar a produtividade e exige maior quantidade de insumos. Dessa forma, é de extrema importância que possamos variar essa sucessão sem diminuir os lucros.

    >> Leia mais:

    Qual a melhor época para plantar feijão?

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