Enxofre para as plantas: função, adubação e outras recomendações de manejo

Enxofre para as plantas: função do nutriente, formas de absorção e exigências na cultura do milho e da soja

O enxofre é fundamental para a planta, pois é um macronutriente com papel estrutural em diversas moléculas – a exemplo do grupo dos aminoácidos, como metionina e cistina, necessárias para a formação de proteínas.

E, apesar da maior reserva do enxofre estar no solo como S-orgânico, adições desse elemento vêm demonstrando incrementos em produtividade, principalmente em solos arenosos e pobres em matéria orgânica. 

Veja como fazer o manejo do enxofre na sua lavoura e as principais recomendações a seguir!

Importância e função do enxofre para as plantas

O enxofre (S) é um dos nutrientes mais requeridos pelas plantas, fundamental em processos metabólicos e na produção de proteínas, o que influencia o desenvolvimento e enchimento dos grãos, por exemplo. Também está vinculado a processos metabólicos da fotossíntese, presente em coenzimas como a ferredoxina, e associado à fixação de nitrogênio.

Além dessas funções, o S também manifesta importância quanto às funções fungistáticas, acaricidas e inseticidas

O enxofre, assim como o cálcio e o magnésio, é conhecido como um macronutriente secundário, e precisa estar disponível à planta durante todo seu ciclo. Na maioria das culturas, a necessidade de enxofre gira em torno de 10 kg a 30 kg/ha. 

Mas existe diferença da necessidade entre leguminosas e gramíneas. Normalmente, as leguminosas são mais exigentes quando comparada às gramíneas. Isso se deve ao fato do teor de S em suas sementes ser maior.

Extração e exportação de S pelas culturas

Extração e exportação de S pelas culturas
(Fonte: Pauletti, 2004)

O solo fornece o enxofre para as plantas por meio da matéria orgânica – representando até 90% do total requerido pelas culturas agrícolas. Mas, para obter uma melhor produtividade, pode ser necessário incremento do S por meio da aplicação de fertilizantes

Esse nutriente é aplicado indiretamente, via alguns adubos como o superfosfato simples, sulfato de amônio e sulfato de potássio, por exemplo, e também através do gesso agrícola.

Na natureza, as rochas ígneas são a fonte primária de enxofre, normalmente como sulfato.

Absorção, transporte e redistribuição

As plantas absorvem o enxofre via sistema radicular, na forma de sulfato SO42+ , mas também de uma forma pouco eficiente pode ocorrer a absorção do SO2 atmosférico através dos estômatos foliares. 

Alguns ânions (como o cloreto e o selenato) podem atrapalhar o processo de absorção desse nutriente, tendo em visto que ocorre a inibição competitiva, acarretando menor eficiência quanto à absorção. 

O transporte deste nutriente é via xilema, seguindo das raízes para a parte aérea. O movimento inverso é muito pequeno, ou seja, sua redistribuição é bem reduzida. 

Por causa desse reduzido transporte via floema, a maioria da manifestação de carência de enxofre nas plantas ocorre em órgãos mais novos, como brotações e folhas mais novas.  

Tipo de solo e adsorção

Os solos argilosos, com altos teores de óxidos de ferro, apresentam grande capacidade de adsorção de SO4, o que diminui a sua movimentação no perfil do solo.

Já em solos arenosos e bastante intemperizados, a movimentação do SO4 é maior e, com isso, pode ser perdido por percolação, além de já ter menor reserva de S orgânico

Nota-se que as maiores respostas à aplicação de S são vistas em solos intemperizados, com baixo teores de matéria orgânica e baixo teor de argila.

Sintomas e problemas da deficiência de enxofre

Como o enxofre é pouco redistribuído nos tecidos vegetais, em caso de carência do elemento, os sintomas aparecem primeiro nas folhas mais novas, como uma clorose generalizada no limbo foliar.

Além dessa clorose, há o comprometimento da síntese de proteínas que requerem os aminoácidos cistina, cisteína e metionina. Também pode haver crescimento retardado e acúmulo de antocianina. 

A fixação biológica do N2 atmosférico também é bastante diminuída sob condições de deficiência de S, assim como a síntese de gorduras (óleos), que fica afetada nestas condições.

Por participar de uma série de reações e de um grande número de compostos, a carência de enxofre para as plantas provoca uma série muito grande de distúrbios metabólicos.

A deficiência de enxofre nas plantas não é comum, pois geralmente os solos possuem quantidade suficiente deste nutriente. Mas, devido à utilização intensiva dos solos, isso pode ser notado.

Fontes e opções de aplicação de enxofre para as plantas

O solo fornece de 60% a 90% do total de enxofre necessário para as plantas. Para ser aproveitado pelas plantas, o S-orgânico deve ser mineralizado, o que depende da relação C/S. 

Entretanto, sabe-se que a adição de enxofre nas plantas é feita normalmente de uma forma indireta, ou seja, via alguns adubos que o apresentam em sua constituição. 

Normalmente, os fertilizantes fosfatados estão na forma de sulfato e suas diversas combinações. 

O sulfato de amônio é uma boa opção para adição de enxofre para plantas, e também nitrogênio, sendo usado para adubação de cobertura, tendo em vista que o S contido está prontamente disponível e o N é pouco volatilizado.

O superfosfato simples apresenta como vantagem a presença de cálcio e enxofre, possibilitando a melhoria das condições subsuperficiais do solo. 

Outra fonte de S, o gesso também é uma alternativa, mas requer cautela quando usado, pois pode causar desequilíbrio de bases na camada de 0 cm a 20 cm. 

O S elementar apresenta alta concentração de enxofre, porém de uma forma ainda não disponível, dependendo da atuação de microrganismos. Mas, por seu custo ser relativamente baixo, desperta interesse a sua utilização. 

O sulfato de potássio é muito utilizado em culturas sensíveis ao cloro e que são exigentes quanto ao potássio. Também é bastante empregado em solos salinos, pois é um fertilizante com índice salino mais baixo

O sulfato de magnésio e potássio são muito utilizados em áreas com limitações quanto à chuva e/ou irrigação

Fontes de fertilizantes contendo enxofre

Fontes de fertilizantes contendo enxofre
(Fonte: Informações Agronômicas nº 129)

Exigência de enxofre em milho e soja

Adubação e manejo de enxofre para milho 

A extração de enxofre pela planta de milho é pequena: varia de 15kg a 30 kg/ha para produção de grãos em torno de 5 t/ha a 7 t/ha.

No milho, os sintomas de deficiência são amarelecimento do caule e das folhas mais novas, início nas bordas até a nervura central das folhas e as folhas mais velhas permanecem verdes.

Desta maneira, tem-se utilizado o enxofre no solo na forma de sulfato para prever respostas ao elemento. 

Assim, em solos com teores de enxofre inferiores a 10 ppm (extração com fosfato de cálcio), o milho apresenta grande probabilidade de resposta a esse nutriente. Neste caso, recomenda-se a aplicação de 30 kg de S por hectare

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Adubação e manejo de enxofre para soja

A cultura da soja requer, em média, 10 kg de S para cada tonelada produzida.

O S é um nutriente fundamental para rendimentos maiores da soja por ser, principalmente, um elemento catalisador das principais reações que envolvem o fósforo nas transformações bioquímicas na cultura.

Plantas deficientes de S apresentam amarelo pálido nas folhas mais novas, tornando toda a planta na tonalidade amarela, além das folhas ficarem pequenas.

diferença de plantas com e sem enxofre

(Fonte: Pauletti e Sloboda)

Para conhecer os teores de enxofre na sua lavoura é importante fazer a análise de solo e, em seguida, o ajuste à quantidade produzida, como mostra a tabela a seguir: 

Indicação de adubação de correção e de manutenção com enxofre (S)

Indicação de adubação de correção e de manutenção com enxofre (S), conforme as faixas de teores de S no solo (mg dm-3), a duas profundidades no perfil do solo, para a cultura da Soja no Brasil. 2ª aproximação
(Fonte: Embrapa)

banner para baixar a planilha de cálculo de fertilizantes para milho e soja

Conclusão 

O enxofre é essencial ao desenvolvimento vegetal e está intimamente ligado à matéria orgânica do solo. 

Neste artigo, falamos sobre sua forma de absorção (SO42-) e elencamos algumas fontes desse nutriente para a lavoura.

O fornecimento em doses adequadas depende da cultura e de uma análise de solo.  

Com essas informações, espero que você consiga melhores resultados na produtividade da sua lavoura!

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Descubra qual o melhor adubo para a sua lavoura

9 micronutrientes das plantas: como e quando utilizá-los

Como ter mais eficiência na adubação com ureia agrícola

Como você tem manejado o enxofre para as plantas em sua lavoura? Já notou efeitos positivos em produtividade? Conte pra gente nos comentários!

Plantas daninhas em feijão: principais espécies, manejo e combate

Plantas daninhas em feijão: saiba como posicionar os principais herbicidas para garantir o controle na lavoura.

Plantas daninhas na lavoura podem dar muita dor de cabeça, não é mesmo? Além de reduzir a produtividade da cultura, elas podem hospedar pragas, doenças, nematoides e prejudicar a colheita.

E o controle nem sempre é fácil. O ideal é sempre monitorar a lavoura para entender quais espécies predominam e dar prioridade na hora do controle.

Neste artigo, vou mostrar as principais plantas daninhas em feijão e também as opções para se livrar delas! Confira a seguir!

Importância das plantas daninhas em feijão

As plantas daninhas causam redução na produtividade da cultura por meio da competição das plantas com o feijão por recursos como água, nutrientes e luz. 

Além disso, podem interferir indiretamente, hospedando pragas, doenças e nematoides, dificultar a colheita e reduzir a qualidade do produto. 

O ideal é sempre monitorar a lavoura para entender melhor quais espécies predominam, pois assim damos prioridade a elas na hora do controle.

Temos à disposição cinco métodos de manejo: preventivo, controle cultural, mecânico, físico, biológico e químico.

Quanto mais métodos utilizar, melhores os resultados. Entretanto, sabemos que alguns métodos, como o biológico, não trazem muitas alternativas. 

Mas podemos e devemos sempre nos atentar aos métodos preventivos e culturais que, aliados ao químico, geram ótimos resultados. 

Veja a seguir as principais espécies que interferem na lavoura de feijão:

Principais plantas daninhas em feijão

Entre as gramíneas, temos:

Foto de planta daninha em plantação de feijão
Capim-colonião (Panicum maximum)
(Fonte: Arquivo da autora)

Já entre as espécies de folhas largas temos: 

  • leiteiro (Euphorbia heterophylla);
  • quebra-pedra (Phyllanthus niruri);
  • erva-de-santa-luzia (Chamaesyce hirta);
  • guanxuma (Sida spp.);
  • cordas-de-viola (Ipomoea spp.);
  • picão-preto (Bidens pilosa e B. subalternans);
  • carrapicho-rasteiro (Acanthospermum australe);
  • mentrasto (Ageratum conyzoides);
  • poaia-branca (Richardia brasiliensis);
  • fedegoso (Senna spp.);
  • buva (Conyza spp.);
  • apaga-fogo (Alternanthera tenella);
  • caruru-de-espinho (Amaranthus spinosus).
Foto de capim (leiteiro) em feijão
Leiteiro (Euphorbia heterophylla)
(Fonte: Arquivo da autora)

Também temos espécies um pouco mais difíceis de serem controladas, como a trapoeraba (Commelina benghalensis) e a tiririca (Cyperus spp.).

Controle químico de plantas daninhas em feijão

Muitos herbicidas são registrados para o manejo de plantas daninhas na cultura do feijão. 

Na tabela abaixo estão todos os herbicidas registrados.

Note que temos herbicidas seletivos e não-seletivos. A seletividade depende do modo de aplicação, dentre outros fatores.

Por isso, alguns herbicidas são recomendados apenas para a dessecação antes do plantio, como os herbicidas não-seletivos e de amplo espectro de ação (como glifosato, glufosinato, diquat e saflufenacil).

Tabela que mostra principais plantas daninhas em feijão

Pela tabela, você pode observar que temos várias opções de graminicidas (inibidores da ACCase) na cultura do feijão. 

Além dos graminicidas, alguns produtos também controlam gramíneas em pré-emergência.

Foto de lavoura de feijão com algumas plantas daninhas
Escape de gramíneas após o manejo apenas com glifosato
(Fonte: Arquivo da autora)

Vamos ver agora alguns herbicidas registrados na cultura do feijão para o controle de folhas estreitas e largas:

Herbicidas para controle de plantas daninhas em feijão

S-metolacloro

Quando aplicar: logo após o plantio, ou no máximo 1 dia depois, na pré-emergência do feijão e das plantas daninhas.

Espectro de controle: Digitaria horizontalis; Eleusine indica; Urochloa plantaginea; Echinochloa crusgalli; Amaranthus viridis; A. hybridus; e Commelina benghalensis.

Dose recomendada: em solo médio a pesado aplicar 1,25 L/ha 

Cuidados: não aplicar em solos arenosos. Não recomendado para controle de E. indica, E. crusgalli e C. benghalensis em Sistema de Plantio Direto.

Variedades de feijão na qual é recomendado o Dual Gold: Carioquinha, IAPAR 44, IAPAR-14, Minuano e Itaporé.

Foto de planta daninha trapoeraba, uma das principais invasoras da espécie
Trapoeraba (Commelina benghalensis)
(Fonte: Arquivo da autora)

Pendimetalina

Quando aplicar: aplicar em pré-plantio incorporado (PPI). A incorporação ao solo pode ser feita após a aplicação ou em até 5 dias. 

Espectro de controle: gramíneas anuais e algumas folhas largas.

Dose recomendada: em solo arenoso, usar 2 a 2,5 L/ha para o controle de Eleusine indica; Digitaria horizontalis; e Amaranthus hybridus.

Em solo médio, usar 2,5 a 3 L/ha, para o controle de Galinsoga parviflora; Eleusine indica; e Alternanthera tenella.

Em solo argiloso, usar 3 a 4 L/ha, para o controle de Sida rhombifolia; Urochloa plantaginea; e Sonchus oleraceus

Cuidados: realizar apenas uma aplicação por ciclo. Aplicar em solo bem preparado, livre de torrões, restos de culturas e detritos. 

Incorporar a uma profundidade de 3 cm a 7 cm. A incorporação pode ser feita de forma mecânica com implementos ou pode ser dispensada caso ocorra uma chuva de 10 mm após a aplicação.

Foto de amaranthus hybridos, planta daninha rasteira e com algumas flores
Amaranthus hybridus
(Fonte: Arquivo da autora)

Trifluralina

Quando aplicar: pré-emergência, pré-plantio incorporado e plantio direto.

Espectro de controle: Alternanthera tenella; Amaranthus hybridus; A. retroflexus; A. viridis; Urochloa decumbens; Echinochloa colona; E. crus galli; Digitaria ciliaris; Cenchrus echinatus; U. plantaginea; Richardia brasiliensis; Portulaca oleracea; Spergula arvensis; Silene gallica; Sorghum halepense; Setaria geniculata; Pennisetum setosum; Panicum maximum; Lolium multiflorum; Eleusine indica; D. insularis; D. sanguinalis.

Foto da planta daninha apaga-fogo
Apaga-fogo (Alternanthera tenella)
(Fonte: Arquivo da autora)

Dose recomendada: 

Pré-emergência no plantio convencional: usar 1,2 L/ha em solos arenosos (leves), 1,8 L/ha em solos areno-argilosos (médios) e 2,4 L/ha em solos argilosos (pesados) (Trifluralina Nortox Gold).

Em plantio direto: usar 3 L/ha em solos arenosos (leves), 4 L/ha em solos areno-argilosos (médios) e 5 L/ha em solos argilosos (pesados) (Trifluralina Nortox Gold).

Pré-emergência em solo médio e pesado: usar 3 – 4 L/ha (Premerlin 600 CE). A maior dose deve ser utilizada para solos com teores de matéria orgânica acima de 5%. 

Pré-plantio incorporado (Premerlin 600 CE):

  • Incorporação normal (10 – 12 cm): 0,9 a 1,2 L/ha em solo leve; 1,2 a 1,5 L/ha em solo médio; 1,5 a 1,8 L/ha em solo pesado.
  • Incorporação superficial (2 cm): 1,5 a 2,0 L/ha em solo médio e pesado.

Cuidados: para Alternanthera tenella; Amaranthus retroflexus; Cenchrus echinatus; Richardia brasiliensis; Setaria geniculata; Lolium multiflorum; Digitaria insularis. Fazer o controle apenas em pré-emergência em solo leve e pesado.

Imazetapir

Quando aplicar: pós-emergência.

Dose recomendada: produto Vezir e Vezir 100, aplicar em pós-emergência, na dose de 0,3 a 0,4 L/ha, para controle de Euphorbia heterophylla; Portulaca oleracea; Acanthospermum hispidum; A. australe; Amaranthus hybridus; Emilia fosbergii; Raphanus raphanistrum; e Commelina benghalensis.

Cuidados: aplicar em pós-emergência sobre o feijão no estádio do segundo para o terceiro trifólio, em uma única aplicação. As plantas daninhas devem estar com até 4 folhas. Nas variedades precoces (ciclo de no máximo 80 dias) usar 0,3 L/ha. Em variedades tardias (ciclo maior de 90 dias), usar 0,3 a 0,4 L/ha.

No caso de utilizar Vezir WG use 40 g/ha para para variedades precoces e 40 a 50 g/ha para as tardias. 

Imazamox

Quando aplicar: pós-emergência.

Espectro de ação: folhas largas.

Dose recomendada: produto Raptor 70 DG e Sweeper: 40 – 60 g/ha, aplicar do 1º até o 3º trifólio. 

Cuidados: as plantas daninhas devem estar com 2 a 4 folhas. Utiliza-se surfactante não iônico na proporção de 0,25 – 0,5% v/v de calda. 

Conclusão

As plantas daninhas em feijão podem trazer grandes prejuízos em produtividade e qualidade.

Neste artigo, vimos algumas das principais espécies que prejudicam a cultura do feijoeiro.

Você pôde aprender quais herbicidas são recomendados na cultura do feijão e como posicionar s-metolachlor, imazamox, imazetapir, trifluralina e pendimetalina. 

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Como fazer o preparo do solo para plantio de feijão

Conheça as melhores práticas de adubo para feijão

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Superfosfato triplo: o que é e como tirar o máximo proveito desse fertilizante fosfatado

Superfosfato triplo: saiba mais sobre a utilização, eficiência agronômica e aplicação deste e de outros fertilizantes fosfatados.

Os solos brasileiros são reconhecidos como pobres em fósforo (P), elemento que com mais frequência limita a produção agrícola. 

Atualmente, os superfosfatos simples e superfosfatos triplos correspondem a 90% ou mais de todo P2O5 utilizado na agricultura brasileira. 

O superfosfato triplo é um fertilizante fosfatado de origem mineral que pode solucionar esse problema. Conhecer detalhes desse insumo é essencial para não errar na adubação.

A seguir, veja como o superfosfato triplo funciona, como tirar o máximo de proveito dele na sua lavoura e muito mais!

Fósforo nas plantas 

O fósforo nas plantas é essencial. Isso principalmente na fase de estabelecimento das lavouras. Ele é fundamental em vários processos fisiológicos das plantas, como a respiração e a fotossíntese. 

Além disso, ele aumenta a resistência das plantas às doenças e melhora a utilização da água. Plantas deficientes em fósforo apresentam crescimento lento. O desenvolvimento da parte aérea e do sistema radicular é prejudicado. 

Os sintomas de deficiência de fósforo aparecem nas folhas mais velhas. Elas adquirem coloração arroxeada. Quando os sintomas visuais aparecem, a deficiência nas plantas já é crítica.
O fornecimento tardio de adubos fosfatados não terá efeito sob a lavoura. Disponibilizar o fósforo na dosagem e no momento certo é fundamental para garantir qualidade e alcançar altas produtividades.

Quais são as limitações do superfosfato triplo?

O superfosfato triplo é um dos adubos fonte de fósforo mais utilizados na agricultura. Apesar disso, esse insumo apresenta algumas limitações quanto a sua utilização.

Primeiramente, é preciso se atentar à compatibilidade entre os insumos utilizados na correção e fertilização do solo.

Conhecer a compatibilidade desses produtos é de extrema importância para garantir a eficiência do processo de adubação.

Abaixo você pode conferir a compatibilidade entre os corretivos da acidez do solo, os fertilizantes minerais e orgânicos.

Exemplificacão de solubilidade de adubos e nutrientes
Matriz de compatibilidade entre fertilizantes e corretivos
(Fonte: Boletim Técnico IAC)

No caso do superfosfato triplo, deve-se evitar a mistura desse fertilizante com o calcário, pois eles apresentam incompatibilidade. Isso quer dizer que a mistura compromete as propriedades físico-químicas desses insumos e, consequentemente, a sua eficiência.

O superfosfato triplo também apresenta limitada compatibilidade com a ureia, que é utilizada como fonte de nitrogênio para as plantas, e com o fosfato diamônico (DAP). 

Nesse caso, é preciso se atentar à proporção da mistura e ao momento em que ela deve ser realizada. A recomendação é que, em caso de mistura, essa seja feita pouco antes da aplicação.

Além disso, o superfosfato triplo não apresenta problemas de incompatibilidade com o cloreto de potássio, sulfato de potássio, sulfato de potássio e magnésio e com adubos orgânicos.

A acidez do solo também é um parâmetro que merece atenção na aplicação do superfosfato triplo.

Em solos ácidos, com baixo pH, é fundamental que seja feita a correção da acidez antes da aplicação de adubos fosfatados solúveis.

Essa estratégia é recomendada para diminuir os sítios de adsorção do fósforo no solo. Isso melhora a eficiência da adubação e aumenta a quantidade de fósforo disponível para as plantas. 

Adubos fosfatados que apresentam nitrogênio em sua composição, como é o caso do MAP e DAP, têm maior potencial para acidificação do solo. No entanto, essa característica não é observada no superfosfato triplo.

Outro fator limitante diz respeito ao elevado custo dos adubos fosfatados. Isso impacta diretamente no custo total de produção. 

Qual a viabilidade do superfosfato triplo?

A viabilidade da utilização do superfosfato triplo deve levar em consideração a análise de uma série de coeficientes. Para que uma prática de manejo seja viável é preciso que parâmetros técnicos, econômicos e ambientais caminhem lado a lado.

Para isso, todo o cenário deve ser estudado e cada caso deve ser avaliado individualmente.

Por isso é importante realizar a análise físico-química do solo, bem como conhecer as exigências nutricionais da cultura e a duração do seu ciclo. Apenas assim é possível determinar a dosagem correta do adubo e em qual momento deve ser disponibilizado para as plantas. 

No caso da adubação fosfatada, atenção especial deve ser dada à acidez do solo, que tem influência direta na disponibilização do fósforo para as plantas. Não se esqueça de avaliar a compatibilidade do superfosfato triplo com outros insumos. Isso pode ter um impacto direto na eficiência dos produtos.

Solubilidade do superfosfato triplo 

O superfosfato triplo (SPT) é altamente solúvel em água e CNA. Outros adubos solúveis em água e CNA são:

O superfosfato triplo é utilizado principalmente na forma de grânulos. Isso diminui a superfície de exposição do adubo com o solo, diminuindo também o processo de solubilização. 

Além disso, essa forma facilita o manejo e a aplicação.

Como tirar o máximo proveito do super triplo na lavoura

A eficiência da adubação fosfatada vai muito além do fornecimento do nutriente na dosagem correta. Vários fatores devem ser considerados e todo o cenário deve ser avaliado.

Independente do nutriente fornecido para as plantas, é preciso conhecer o histórico de cultivo da área.

O histórico deve conter informações sobre:

  • calagens realizadas na lavoura;
  • quais adubos e em qual quantidade foram utilizados;
  • quais culturas foram plantadas;
  • sistema de manejo adotado;
  • produtividades alcançadas. 

Todas essas informações contribuem com a orientação e eficiência da adubação.

Além disso, conhecer o solo é fundamental. Fatores como o pH e a umidade interferem na disponibilidade dos adubos fosfatados para as plantas, como o super triplo e simples.

A eficiência da adubação também está relacionada à fonte, a solubilidade, a granulometria e ao modo de aplicação dos produtos.

Diferença entre superfosfato triplo e simples

O superfosfato simples é um fertilizante mineral que tem em sua composição 18% de fósforo, 16% de cálcio e 10% de enxofre. 

A diferença entre ele e o superfosfato triplo está na concentração dos nutrientes, principalmente do fósforo. Eles também diferem na forma de obtenção. 

Os dois fertilizantes são produzidos a partir do beneficiamento de rochas fosfáticas

Elas são submetidas a processos químicos. Pela reação com o ácido fosfórico é produzido o superfosfato triplo.

Enquanto isso, a produção do superfosfato simples envolve a aplicação de ácido sulfúrico no processo de beneficiamento da matéria-prima. O superfosfato simples e o superfosfato triplo podem ser encontrados no mercado na forma de grânulos ou em pó

Ambos têm coloração acinzentada e apresentam elevada solubilidade. Isso significa que o fósforo se apresenta na forma mais solúvel.

Esquema que mostra os diferentes tipos de fertilizantes fosfatados
Rota de produção de alguns fertilizantes fosfatados comercializados no Brasil
(Fonte: Teixeira, P. P. de C.)

O que é adubação fosfatada?

A adubação fosfatada é o uso de fertilizantes que têm principalmente o fósforo em sua composição.

O principal objetivo dessa prática é a manutenção do potencial produtivo da área pela elevação dos níveis de fósforo  no solo. Os adubos fosfatados mais utilizados na agricultura são:

  • Fosfato monoamônico ou MAP;
  • Fosfato diamônico ou DAP;
  • Superfosfato simples;
  • Superfosfato triplo.

Solubilidade dos fertilizantes fosfatados

A legislação brasileira determina que a garantia dos adubos fosfatados seja fornecida com base na quantidade de fósforo solúvel em extratores como:

  • água;
  • ácido cítrico; e
  • citrato neutro de amônio + água (CNA + H2O).

A solubilidade de uma substância é a capacidade de se dissolver em outra. A compreensão dessa informação auxilia na tomada de decisão sobre qual a melhor fonte de fósforo e o melhor manejo de adubação a ser adotado. 

No entanto, solubilidade não é sinônimo de disponibilidade do fósforo no solo. Fatores como acidez, teor de argila, umidade do solo e outras condições ambientais interferem na disponibilidade e absorção desse elemento.

Como fazer a adubação fosfatada?

A aplicação dos adubos fosfatados é realizada, principalmente, durante o plantio e diretamente no sulco. Dependendo da cultura, a adubação fosfatada também é feita em cobertura.

O plantio é o melhor momento para que o fósforo seja disponibilizado em profundidade, próximo às raízes. Isso se deve ao fato desse elemento apresentar baixa mobilidade no solo.

Vale lembrar que toda recomendação de adubação deve ser orientada pela análise de solo e pela exigência nutricional da cultura.

Adubos fonte de fósforo

No mercado, é possível encontrar inúmeras fontes de fósforo além do superfosfato triplo. A escolha da melhor fonte de fósforo deve considerar fatores como:

  • as características físico-químicas do solo; 
  • a exigência nutricional da cultura; 
  • o sistema de plantio adotado (convencional, cultivo mínimo, plantio direto);
  • o modo de aplicação;
  • as características do fertilizante. 

Além dos aspectos técnicos, é importante avaliar a viabilidade econômica da adubação.

Confira os principais fertilizantes fosfatados utilizados nas lavouras do Brasil e sua composição:

  • Fosfato monoamônico (MAP): 48% de pentóxido de fósforo e 9% de nitrogênio;
  • Fosfato diamônico (DAP): 45% de pentóxido de fósforo e 17% de nitrogênio;
  • Superfosfato simples: 18% de pentóxido de fósforo, 16% de cálcio e 10% de enxofre;
  • Superfosfato triplo: 41% de pentóxido de fósforo e 10% de cálcio.

Diversas opções de fertilizantes fosfatados podem ser usadas para garantir o suprimento de fósforo às plantas. Porém, considere aspectos técnicos e econômicos destes insumos para definir qual usar.

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Conclusão 

O fósforo é um nutriente essencial para o pleno desenvolvimento dos vegetais. 

Conhecer a composição química de fertilizantes como o superfosfato triplo e como eles reagem no solo é essencial. 

Não deixe de fornecer o fósforo na dosagem e no momento certo. Utilizando as fontes adequadas, você terá a chave do sucesso para grandes produtividades

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Fertilizantes para plantas: Tudo o que você precisa saber para aumentar a eficiência

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Você já usou o superfosfato triplo para suprir a demanda de fósforo da sua lavoura? Vem sendo eficiente? Conte sua experiência nos comentários abaixo!

Quando e como usar as forrageiras em seu sistema de produção

Forrageiras: como fazer a semeadura, impacto na produtividade, principais espécies e mais!

O uso de forrageiras vem avançando no país, com produtores mais atentos aos benefícios dessas plantas para o sistema de produção.

Além de protegerem o solo e fornecer palha para o plantio direto, as forrageiras também ajudam a elevar a produtividade da lavoura. E isso, claro, traz reflexos à rentabilidade da fazenda!

Neste artigo, vou falar melhor sobre a cobertura do solo com forrageiras, como e quando utilizá-las. Confira a seguir!

O que são e como fazer a cobertura do solo com forrageiras

As forrageiras são plantas que têm como propósito proteger o solo, fornecer palha para o plantio direto e alimento para o consumo animal, podendo ser gramíneas ou leguminosas. No caso da alimentação animal, podem ser plantadas para pastagem ou colhida para ser servida como alimento posteriormente, como feno e silagem, por exemplo. 

Mas, para entendermos o impacto dessas culturas de cobertura nos nossos sistemas de produção, antes precisamos entender alguns pontos… Vamos lá! 

A agricultura em nosso país acontece basicamente em dois climas: tropical e subtropical

O clima subtropical está presente na região Sul e em parte do estado de São Paulo. Esse clima apresenta verões quentes e invernos mais frios, com chuvas mais bem distribuídas e, consequentemente, estações secas menos severas.

Já o clima tropical ocorre na maior parte do Brasil, pegando todo o Centro-Oeste, Norte, Nordeste e boa parte do Sudeste.

Ele tem como principais características verões quentes e chuvosos e invernos secos, com poucas diferenças de temperatura.

O clima tropical apresenta dois problemas para o uso do solo como agricultura: 

  1. Falta de água durante parte do ano, inviabilizando lavouras de sequeiro nesse período;
  2. Chuvas torrenciais, concentradas numa época do ano.

O primeiro problema é bem lógico e já conseguimos contorná-lo (de certa forma) com a segunda safra. 

Quanto ao segundo ponto, o problema é que as chuvas torrenciais têm alto potencial erosivo. E a única proteção contra erosão é o solo estar coberto.

Mas aí temos um terceiro problema: cobrir o solo num clima tropical é extremamente difícil.

Acredito que todos que trabalham nas antigas ou novas fronteiras agrícolas sabem como a palha “derrete” rapidamente no solo.

Isso acontece porque quando começa a estação das águas, a combinação de umidade e altas temperaturas são um “prato cheio” para os microrganismos do solo. Eles, literalmente, “devoram” a palha.

E em pouco tempo o solo está descoberto e sendo cultivado para a nova safra, o que gera uma combinação bem problemática.

Cobertura e proteção do solo

Uma planta precisa de basicamente três coisas para se desenvolver: luz, água e nutrientes, sendo os dois últimos adquiridos do solo. Daí já conseguimos ver a importância do solo para nosso sistema de produção.

A água retida no solo é perdida por transpiração (água que passa pela planta) e por evaporação (água perdida diretamente do solo para a atmosfera). A palha das forrageiras diminui a água perdida por evaporação, ou seja, água que sai do sistema sem “produzir”.

Outro objetivo de se manter o solo coberto é diminuir o impacto das gotas de chuva que desagregam o solo e, quando escorrem, levam essas partículas embora (erosão).

As partículas superficiais do solo perdidas pela erosão são valiosas, pois nelas estão a maior parte dos nutrientes. Se compramos e aplicamos nutrientes ao solo, eles são perdidos: é, literalmente, jogar dinheiro fora!

Gráfico mostra detalhes da extração de nutrientes
Extração total de N, P, K, Ca, Mg e S, em kg ha-1, alteradas pela quantidade de palha na superfície
(Fonte: Sá et al, 2010)

Note na figura acima que, quanto mais palha sobre o solo, maior a quantidade de nutrientes que a planta consegue absorver.

Dessa forma, sabemos que o adubo aplicado será melhor aproveitado e não perdido pela enxurrada das chuvas de verão.

Outro ponto importante são as características físicas do solo. A cobertura da palha propicia um ambiente que melhora o desenvolvimento das raízes, prevenindo a compactação do solo.

Podemos ver na figura abaixo como a presença da palha sobre o solo aumentou o comprimento das raízes das plantas de aveia. Isso ajudou na captação de água pela planta e na extração de nutrientes.

Como e quando usar forrageiras

Para tornar o uso de forrageiras e culturas de cobertura economicamente viáveis, existem duas formas: 

  1. Semeando as forrageiras na segunda safra (clima tropical) ou na safra de inverno (nas regiões de clima subtropical).

Assim, garantimos a safra de maior renda no verão e também a presença de palha protegendo o solo no início das chuvas e do próximo ciclo de cultivo.

  1. Através do consórcio das forrageiras com culturas como milho, sorgo, arroz e até mesmo soja.

Bom, para quem lê isso pela primeira vez pode até parecer loucura, mas já abordei esse assunto neste post do Lavoura 10

A essência do consórcio é que duas culturas subsistam no mesmo local durante alguma etapa dos seus ciclos de vida.

No caso da soja, o consórcio normalmente é feito usando a sobressemeadura das forrageiras no final do ciclo do grão, mais precisamente entre as fases R5 e R6. 

Isso permite as forrageiras emergirem antes da colheita da soja e aproveitarem as últimas chuvas e as temperaturas mais propícias do final da safra.

Nas regiões que propiciam uma segunda safra de milho ou até mesmo sorgo, as forrageiras podem ser incluídas no sistema de forma consorciada com essas culturas.

Semeadura de forrageiras

Normalmente, a semeadura das forrageiras é feita em linha (mais profunda, na caixa de adubo) ou a lanço, no mesmo momento da semeadura da cultura de milho ou sorgo, ou na realização da adubação de cobertura.

Rendimento de grãos em cultivares de milho safrinha sob monocultivo e em consorciação com forrageiras
(Fonte: adaptado de Jakelaitis et al, 2010)

E, como podemos ver na figura acima, a diferença entre a produtividade de milho solteiro ou em consórcio é mínima e muitas vezes inexistente. Isso viabiliza economicamente o consórcio, já que há redução nos custos de implantação da forrageira.

Principais forrageiras

diversas espécies forrageiras e cada uma delas pode se encaixar melhor no sistema de produção da sua propriedade.

Braquiárias

As braquiárias são as principais plantas forrageiras atualmente no país, principalmente devido à sua adaptabilidade ao clima tropical e ao cerrado.

Entre as espécies do gênero Brachiaria, são destaque a B. ruziziensis, B. brizantha, B. humidicola e B. decumbens.

Aqui no Blog do Aegro temos um post específico sobre quando semear a forrageira, como fazer consórcio e quais espécies são mais recomendadas. Confira: “Principais espécies de brachiaria e como fazer seu manejo.” 

Aveia

Existem diversas cultivares, com diferentes ciclos de produção. A aveia forrageira possui tolerância ao frio e geadas, boa produção de massa verde e boa rusticidade. 

Além de produzir forragem, também pode ser utilizada para produção de palha para o SPD (Sistema de Plantio Direto).

Feijão guandu

O feijão guandu tem sido utilizado por cada vez mais produtores como forrageira para ser ofertada para os animais no inverno (picada, pastejada diretamente, ensilado com milho ou em fardos de feno).

Pode ser consorciado com milho e também com outras forrageiras tropicais, como a braquiária. Em 2010, inclusive, a Embrapa lançou um sistema que consorcia milho, guandu e braquiária: o Sistema Santa Brígida.

Separei alguns outros posts aqui do Blog em que falo mais sobre outras forrageiras e que podem te ajudar a escolher a melhor opção para sua propriedade:

“Culturas de inverno: Como aumentar o rendimento na propriedade”

Adubos verdes: Saiba como cultivar e as características de cada espécie

Divulgação do kit de 5 planilhas para controle da gestão da fazenda

Conclusão

As forrageiras têm se mostrado uma das principais aliadas na agricultura tropical e na implantação de um plantio direto correto, que consiga cumprir o papel de proteção do solo.

Neste artigo, tratamos sobre os benefícios dessas plantas, principais forrageiras e características de semeadura.

O importante é escolher a espécie que melhor se adapta ao seu sistema e começar a proteger o solo, que é literalmente a base do sucesso do Agro brasileiro!

>> Leia mais: O que você precisa saber sobre a cobertura do solo com nabo forrageiro

Quais forrageiras você já utilizou em seu sistema de produção? Restou alguma dúvida sobre o tema? Deixe seu comentário!

Fungos de solo: veja as principais causas e como evitá-los

Fungos de solo: entenda o que são, veja as características dos principais tipos, as causas e como evitá-los.

A presença de fungos de solo patogênicos, frequentemente, causam muita dor de cabeça ao produtor rural.

Isso porque trazem prejuízo à lavoura, reduzindo consideravelmente a produtividade.

Por isso, é fundamental evitar a entrada de patógenos em sua propriedade e realizar um manejo adequado quando já estão presentes.

Nesse artigo, separamos algumas informações que podem te auxiliar muito na prevenção de fungos de solo. Confira!

O que são fungos de solo?

Os fungos são habitantes naturais do solo, onde podem atuar de forma benéfica ou não ao cultivo, dependendo de sua espécie.

Alguns fungos são responsáveis pela decomposição de matéria orgânica, pelo maior desenvolvimento das culturas e pelo aumento da produtividade. Estes podem estar naturalmente presentes na área ou serem incorporados via inoculação (superfície do solo).

Contudo, outras espécies podem ocasionar diversos tipos de injúrias nas culturas agrícolas, podendo reduzir a produtividade ou até mesmo matar as plantas, como é o caso do Fusarium sp. e da Scleriotinia sclerotiorum – agentes causais da podridão da raiz e do mofo branco.

Estes fungos considerados patógenos para as plantas, normalmente sobrevivem em resíduos de culturas ou em plantas hospedeiras. Mas se na área não existirem locais para abrigo, os fungos podem ser encontrados livres no solo devido à sua alta capacidade de sobrevivência

Por esse motivo os fungos de solo fitopatogênicos, uma vez introduzidos em uma lavoura, acabam gerando diversos problemas ao produtor rural.

Abaixo vou mostrar os principais fungos de solo que podem ser encontrados em sua lavoura. Acompanhe!

Conheça os principais fungos de solo

Separei para você apenas alguns dos principais fungos de solo que afetam as culturas de interesse agronômico como soja, milho, feijão e trigo

Observe as características e identifique o fungo em sua lavoura para realizar o manejo e controle adequado da doença.

Macrophomina phaseolina (podridão da raiz)

Este patógeno é capaz de infectar as culturas nos diferentes estádios de crescimento das plantas e apresenta difícil controle por produzir microescleródios (estrutura de sobrevivência do fungo) no solo.

Na prática, é capaz de ocasionar menor rentabilidade, pois além de induzir a maturação precoce, pode reduzir o estande da cultura no campo e em casos mais extremos levar à morte das plantas.

Para identificar essa doença, você pode ter um pouco de dificuldade nos estádios iniciais de infecção do patógeno, pois não apresenta sintomas visíveis.

Conforme o desenvolvimento da cultura é possível identificar alguns sintomas, que são baseados na coloração preta e empoeirada do fungo, podendo ser observada em tecidos vasculares e radiculares.

fungos de solo

Sintomas da podridão do colmo ocasionada pela Macrophomina phaseolina em milho
(Fonte: Embrapa, foto de Nicésio F. F. A. Pinto)

Fusarium sp. (podridão radicular e murcha)

Este patógeno é capaz de infectar plantas em diferentes estádios de desenvolvimento e apresenta manejo por produzir clamidósporos (estruturas de resistência), que permanecem presentes no solo por várias estações.

Na prática, é capaz de ocasionar perdas consideráveis na produção, podendo gerar baixa estatura levar à morte de plantas.

Para você identificar essa doença, fique atento à descoloração vascular e foliar, ao amarelecimento das folhas mais velhas e, principalmente, à murcha da cultura.

fungos de solo

Fusarium solani f. sp. phaseoli (podridão radicular seca) em feijoeiro
(Fonte: Embrapa)

Scleriotinia sclerotiorum (mofo branco)

Este fungo é capaz de infectar plantas de mais de 400 espécies, principalmente caule, folhas e flores por conta de sua estrutura de sobrevivência (na forma de escleródios).

Mas fique atento: as sementes são as principais fontes de inóculo!

Já a fase de maior vulnerabilidade é na floração e na formação de vagens.

Esse patógeno, como os já mostrados aqui, também influenciam diretamente a produtividade da cultura podendo levá-la à morte.

Como sintoma, você pode observar a presença de murcha e seca da planta. Também leve em consideração a presença de lesões encharcadas nas folhas (ou em outro tecido na parte aérea da planta) e, principalmente, de micélios (sua forma física lembra um algodão).

Scleriotinia sclerotiorum

Sintomas Scleriotinia sclerotiorum
(Fonte: Revista Cultivar)

Para evitar que esses e outros fungos de solo entrem em sua lavoura, separei para você quais as causas desses fungos e como evitá-los. Confira!

Fungos de solo: principais causas e como evitá-los

Os fungos que são considerados patógenos para as plantas, muitas vezes aparecem na lavoura por um pequeno descuido.

Dentre as principais causas para a entrada dos fungos de solo podemos citar a entrada na lavoura de máquinas e implementos agrícolas sujos com solos contaminados, uso de sementes não certificadas e, até mesmo, irrigação realizada com água de má qualidade.

Para evitar a entrada e a proliferação dos fungos de solo são fundamentais alguns cuidados durante o planejamento do manejo.

Por isso, realize o planejamento de sua lavoura com o devido cuidado!

E não esqueça: o sucesso no controle de qualquer doença ocasionada por fungos de solo está diretamente relacionado ao momento em que o manejo é iniciado.

Veja alguns cuidados que devem ser levados em consideração:

  • Realize a limpeza de seus maquinários e implementos frequentemente;
  • Utilize sementes certificadas;
  • Realize o tratamento de sementes;
  • Quando possível, opte por cultivares resistentes a doenças fúngicas;
  • Realize a rotação de culturas;
  • Mantenha o solo com adubação equilibrada;
  • Escolha da época de plantio;
  • Realize o manejo integrado de doenças;
  • Elimine plantas hospedeiras;
  • Realize frequentemente análises de solo em sua lavoura.

Além disso, o monitoramento de sua propriedade é fundamental, pois o manejo imediato pode fazer toda a diferença para evitar que o fungo se espalhe por todos os talhões.

E sempre que surgir qualquer dúvida sobre qual fungicida utilizar naquele momento, consulte um(a) engenheiro(a) agrônomo(a)!

Conclusão

Após todo o esforço com sua lavoura, você não pode perder tudo pela presença de um fungo de solo.

Neste artigo, vimos o que são fungos de solo, quais os principais e como reconhecê-los.

Falamos também sobre as principais causas de contaminações por fungos patogênicos e como podemos evitá-los com um bom planejamento.

Espero que essas informações possam auxiliar em seu dia a dia no campo. 

>> Leia Mais: 

“Tudo sobre tombamento da soja e como fazer o melhor manejo”

“Como identificar e manejar a podridão radicular em soja”

Você tem problemas com fungos de solo na sua lavoura? Quais medidas de prevenção utiliza para evitar essas doenças? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Descubra qual o melhor adubo para plantas

Melhor adubo para plantas: confira sobre as classificações, diferenças entre adubo mineral e orgânico, vantagens dos fertilizantes líquidos e mais. 

O Brasil utiliza cerca de 30 milhões de toneladas de fertilizantes na agricultura todos os anos e, aproximadamente, 75% dessa quantia é importada.

Assim, a variação mundial nos preços dos fertilizantes afeta imensamente produtores nacionais.

São adubos orgânicos, minerais, de liberação controlada, foliares, formulados e por aí vai. Mas como escolher o melhor para a lavoura? E qual o modo de aplicação mais eficiente para cada tipo de fertilizante? 

Os novos fertilizantes, lançados a cada ano, trazem ainda mais dúvidas na hora de gerir a propriedade, pois afinal, o que todas essas novidades têm de diferente e o que podem trazer de vantagens e rentabilidade? 

Bem, para saber o melhor momento de investir em um novo adubo e não jogar dinheiro fora, precisa-se conhecer melhor a dinâmica dos nutrientes no ambiente de produção.

Então, me acompanhe neste texto para ajudar na escolha do seu melhor adubo para plantas e saiba mais sobre o mundo dos fertilizantes.

Classificação dos adubos 

Segundo a legislação brasileira, os fertilizantes podem podem ser classificados em três tipos.

O primeiro são os mais utilizados na agricultura de larga escala: os fertilizantes minerais ou sintéticos. Esses adubos são concentrados e de rápida assimilação pelas plantas.

Temos também os adubos orgânicos, de origem animal ou vegetal (ou ambos), com concentrações menores de nutrientes, sendo que muitas vezes não estarão rapidamente disponíveis para as plantas. Esses adubos têm como principal função “alimentar o solo” para promover o aumento da matéria orgânica.

E o terceiro tipo são os adubos organominerais que são compostos por uma mistura de fertilizantes orgânicos e minerais, sendo que na maioria dos casos apresentam maiores quantidades de adubos orgânicos e baixas quantidades de adubos minerais ou sintéticos. 

melhor adubo

(Fonte: Emanuel Malai)

Além disso, os adubos também se diferenciam pela sua constituição, podendo ser simples (composto que fornecerá um ou mais nutrientes) ou mistura (mistura de dois ou mais fertilizantes simples).

O fertilizante misturado pode ser classificado em simples – fertilizante misto em que cada nutriente principal está contido em grãos separados – ou complexo – que contém todos os nutrientes de sua fórmula no mesmo grão.

Mas os adubos também podem ser classificados pelo estado físico: 

  • Pó: fertilizantes simples ou misto, sendo moídos na forma de pó;
  • Farelado: com grânulos desuniformes;
  • Granulado: é o fertilizante na forma de grânulos;
  • Líquido: tipo de fertilizante na forma líquida.

Certo, vimos que existem diversas classificações de fertilizantes, mas qual a diferença no uso de cada um deles? O que muda na prática? Veremos a seguir!

Melhor adubo para plantas: mineral ou orgânico?

Bom, já falei um pouco sobre isso, mas vamos entender um melhor sobre a grande diferença entre os adubos minerais e orgânicos. 

Os fertilizantes minerais e sintéticos (por exemplo, o nitrogênio) possuem composição química e são utilizados para disponibilizar prontamente os nutrientes para as plantas, mas pouco ou nada influenciam o sistema a longo prazo.

Outro ponto é a concentração alta desses adubos que facilitam a logística e a aplicação, principalmente em áreas extensas de cultivo como feijão, arroz, soja, milho, algodão, trigo, etc.  

Já os adubos orgânicos apresentam menores concentrações de nutrientes e, consequentemente, necessitam de grandes volumes de aplicação, o que dificulta a logística em áreas de grandes culturas. 

Por outro lado, os adubos orgânicos influenciam na fertilidade do solo a longo prazo, aumentando a matéria orgânica e, assim, o potencial do solo em reter os nutrientes minerais e sintéticos (CTC do solo).

Mas em contrapartida, outro ponto negativo é que as maiores perdas de nitrogênio ocorrem por conta desses adubos, tanto por volatilização quanto por lixiviação. 

Para combater esse problema é aconselhado a mistura de pequenas doses de fósforo que ajudam a fixar o nitrogênio no fertilizante natural, diminuindo a perda e incrementando o adubo.

Tamanho da partícula 

O modo como a mistura de adubos para plantas é feito também é outro fator que influencia muito na aplicação. 

Fertilizantes em misturas simples segregam com facilidade, devido aos diferentes tamanhos e peso dos grânulos, e essa segregação tende a tornar a aplicação desuniforme.

Esse problema pode ser resolvido com misturas complexas de fertilizantes. Como cada grânulo contém todos os compostos químicos, dessa forma eles se distribuem de maneira mais uniforme na lavoura durante a aplicação. 

Já a forma física dos adubos influencia no tempo de reação deles, assim como no calcário, por exemplo. Quanto menor a partícula, menor o tempo para esse fertilizante reagir no solo e liberar nutrientes.

Mas isso não quer dizer que partículas menores sempre são melhores. 

Fertilizantes mais propensos a sofrerem lixiviação no perfil do solo ou por escorrimento superficial da água podem ter sua eficiência diminuída quando aplicados em partículas menores e passarem por chuvas torrenciais. 

Outro exemplo é o do fósforo (P), que apresenta adubos com diferentes solubilidades em água. Os mais solúveis podem ser adsorvidos ao solo e/ou lixiviados mais facilmente quando aplicados em formas de partículas menores.

Desse modo, as fontes de P mais solúveis são recomendadas para aplicações no sulco de plantio na forma de grânulos, aumentando a eficiência do fertilizante.

Por outro lado, as fontes menos solúveis de fósforo apresentam reação mais lenta no solo, dessa forma a aplicação de partículas menores agiliza esse processo e é mais aconselhável nas adubações em área total (fosfatagem).

Melhor adubo: líquidos

Nos últimos anos, houve um aumento no surgimento e comercialização dos fertilizantes líquidos, principalmente dos adubos foliares.

Esse estado líquido dos adubos tem como ponto positivo a logística mais fácil e o uso que pode ser, basicamente, de duas formas: foliar e fertirrigação.

Porém, existem certas limitações nos adubos foliares que nem sempre são claras. 

Apesar da alta concentração dos fertilizantes líquidos, que facilita o manejo, eles devem ser aplicados em baixíssimas concentrações (1% a 2%) para evitar danos às folhas.

Dessa forma, a aplicação em grandes quantidades fica limitada, o que inviabiliza os nutrientes exigidos em grandes quantidades pelas plantas como nitrogênio, fósforo, potássio e outros macros, ainda que essa adubação foliar seja apenas para tratamentos de emergência.

Nesses casos de deficiência, mesmo com várias aplicações foliares, é difícil suprir as necessidades das culturas, por isso, torna-se mais viável o uso de fertilizantes sólidos. 

Contudo, uma possibilidade viável é o uso de adubos foliares para aplicações de micronutrientes e, mesmo quando o solo apresenta deficiência acentuada, a aplicação via solo é a mais indicada.

melhor adubo

(Fonte: Semeadura Líquida)

As aplicações foliares de zinco, manganês, boro e ferro têm se mostrado eficazes, sendo comum a associação de fertilizantes líquidos aos defensivos para aplicação, desde que não prejudiquem a eficiência do defensivo em questão.  

E na fertirrigação, o mais aconselhável é a utilização dos adubos após o início da irrigação, finalizando antes do término dela. Desse modo evitamos as perdas por lixiviação ou danos por salinidade nas raízes e folhas das plantas.

Conclusão

Vimos que escolher o melhor adubo para plantas não é uma decisão simples, pois existem diferentes classificações que interferem diretamente na melhor opção. 

Precisa-se compreender a função de cada fertilizante e qual o cenário mais adequado para cada um.

Não existem soluções mágicas, nem uma “bala de prata” que resolverá todos os problemas na agricultura. Lembre-se que os nutrientes correspondem a 5% da planta, todo o resto (95%) vem da fotossíntese. 

Por isso, é necessário pensar no manejo como um todo!

>> Leia mais:

Enxofre para as plantas: adubação e outras recomendações de manejo

Como ter mais eficiência na adubação com ureia agrícola

O que achou deste texto? Tem mais dúvidas sobre o melhor adubo para plantas? Deixe nos comentários abaixo!

Fertilidade do solo e adubação: dicas de como melhorar seu manejo

Fertilidade do solo e adubação: confira como se relacionam e entenda por que nem sempre há resposta da adubação.

A maioria dos solos brasileiros tem baixa fertilidade natural. Então, como foi possível ganharmos o cerrado e produzirmos tanto?

Bem, graças a muito estudo sobre fertilidade do solo, correção e adubação, além é claro, da coragem do produtor em meter o peito e desbravar o Brasil, hoje sabemos o resultado! 

Mas se engana aquele que acha que está tudo resolvido neste assunto. 

Ainda existe muito para ser feito quanto à eficiência do uso de nutrientes e nunca é demais falar sobre boas práticas que às vezes são esquecidas.

Confira neste artigo dicas sobre fertilidade do solo e adubação e entenda como podem influenciar na sua produção. Vem comigo!

O que determina a fertilidade do solo?

A fertilidade do solo se refere à capacidade do mesmo em fornecer os nutrientes para que as plantas se desenvolvam e cumpram seu ciclo. 

Dessa forma, não se pode esquecer dos elementos tóxicos que devem estar em níveis que não comprometam o desenvolvimento vegetal.

Dessa definição conseguimos extrair três informações importantes sobre a fertilidade do solo:

  1. A fertilidade do solo depende da sua disponibilidade de nutrientes;
  2. A fertilidade do solo é relativa às exigências nutricionais das plantas;
  3. Ao analisar quimicamente um solo, pode-se inferir sobre sua fertilidade.

Isso quer dizer que um solo considerado fértil para uma espécie menos exigente pode não ser capaz de fornecer os nutrientes necessários para uma espécie mais exigente.

Se as exigências de uma espécie vegetal para cumprir seu ciclo são menores, teoricamente ela necessita de menor fertilidade. 

Logo, se a espécie for mais exigente, mais nutrientes serão necessários. 

É importante ressaltar que um solo fértil não, necessariamente, é sinônimo de solo produtivo. Outros fatores além da química como o clima, a física e a biologia de solo influenciam nisso.

Qual a relação entre fertilidade do solo e adubação?

Bem, a adubação é (ou pelo menos deveria ser) feita com base no balanço entre as exigências nutricionais da planta e a disponibilidade de nutrientes no solo (fertilidade). 

Veja de maneira simplificada na fórmula abaixo:

Adubação = (exigência da planta – disponibilidade no solo)

fertilidade do solo e adubação

(Fonte: Blog Unicamp)

Assim, fica claro que existe uma relação íntima entre três disciplinas:

  • Nutrição de plantas
  • Fertilidade de solo
  • Adubos e adubação

Quanto maior a disponibilidade de nutrientes ou a fertilidade do solo, menor será, proporcionalmente, a necessidade de adubação. E isso é relativo às exigências da cultura em questão como já abordamos no tópico anterior.

3 dicas para melhorar a fertilidade do solo com adubação

1. Pergunte ao solo

Não podemos falar de fertilidade sem antes fazer uma análise de solo

O padrão de comparação é a camada de 0 a 20 cm do solo, na qual se baseiam as recomendações de adubação.

Com base em ensaios que correlacionam a produção relativa das plantas aos teores dos elementos do solo, diversas instituições de pesquisas definiram classes de teores de nutrientes no solo.

As classificações podem mudar de acordo com a instituição de pesquisa, mas em linhas gerais, se o teor de determinado nutriente no solo é considerado baixo, este será limitante à produção. 

Por isso é fundamental elevar esses teores até níveis adequados (adubação de correção), além de fornecer a quantidade exportada pela planta (adubação de manutenção)

Por outro lado, se o nutriente está na faixa adequada, teoricamente não há resposta à adubação. Sendo necessária apenas a adubação de manutenção para manter esses níveis.

interpretação de teores de potássio e de fósforo em solos

Limites de interpretação de teores de potássio e de fósforo em solos
(Fonte: adaptado IAC)

Toda essa conversa de teores no solo é válida para P, K, Ca, Mg, S (fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre) e os micronutrientes. Mas e o N (nitrogênio)?

Não existe ainda um teste padrão para inferir quanto de N há disponível no solo, por isso: pergunte às plantas!

2. Pergunte às plantas

As plantas não mentem. O excesso ou falta de nutrientes aparece na forma de sintomas característicos nas folhas e no crescimento da planta, isso seria a diagnose visual da fertilidade do solo.

Essa avaliação requer conhecimento e treino, o que muitas vezes gera problemas e a torna subjetiva. Por isso, um método mais certeiro de inferir sobre a fertilidade via planta é pela análise foliar.

Para cada espécie existe uma época correta de coleta, folhas específicas e um número de amostras mínimos. Você pode encontrar essas informações aqui, disponibilizadas pelo Departamento de Ciência do Solo – Esalq/USP. 

A partir disso, podemos comparar os resultados com uma base de dados de plantas da mesma espécie e verificar se está tudo bem. 

A diagnose foliar  pode servir como um complemento à análise de solo, revelando se o que está no solo realmente está suprindo a exigência da planta ou se devemos intervir com adubações, por exemplo.  

Além disso, a produtividade esperada e a exportação de nutrientes pela planta ajudam a definir a demanda de nutrientes e a adubação de manutenção da cultura. 

Isso é importante, principalmente, no caso do N que não sai na análise de solo.

Concentração de nutrientes nas partes exportadas das culturas

Concentração de nutrientes nas partes exportadas das culturas
(Fonte: Informações Agronômicas Nº130 – IPNI)

3. A adubação

Como já dissemos, existem basicamente dois tipos de adubação.

A adubação de correção deve ser feita com base na análise de solo, a fim de elevar os teores de nutrientes que podem não estar adequados para a cultura. Esses nutrientes devem estar disponíveis desde antes do plantio.

Adubação = (Exigência da planta – disponibilidade no solo) x f

É importante lembrar que a eficiência de uma adubação de correção não é 100%. 

Portanto, devemos sempre utilizar um fator (f) para corrigir o cálculo que geralmente é maior para solos argilosos devido à reatividade maior desses solos.

Já a adubação de manutenção é feita visando repor os nutrientes exportados pela cultura. 

Deve ser ressaltado que a demanda da planta não é uniforme durante seu ciclo. Cada cultura tem estádios de maior demanda e nesses estádios o nutriente já deve estar disponível para absorção.

fertilidade do solo e adubação

Porcentagem do N total na planta, absorvido antes e após o florescimento; e porcentagem do N no grão absorvido pós-florescimento (VT-R1) e remobilizado de outras partes da planta
(Fonte: Pioneer)

Assim, de modo simplificado, fornecemos uma pequena quantidade de nutrientes no plantio e o restante em cobertura, sempre pensando na marcha de absorção de nutrientes. 

Dessa maneira, consegue-se aumentar a eficiência da adubação.

Conclusão

Observamos que existe uma relação íntima entre fertilidade do solo, adubação e nutrição de plantas.

Ressaltamos também que a fertilidade do solo depende da disponibilidade de nutrientes, baixos teores de elementos tóxicos e da planta utilizada como referência, a sua cultura.

Além da importância de adubações feitas corretamente para garantir a eficiência do uso de fertilizantes.

>> Leia mais:

Como fazer o manejo e a correção do solo alcalino

“Conheça os 9 indicadores de fertilidade do solo e saiba usá-los ao favor da sua lavoura”

Restou alguma dúvida sobre fertilidade do solo e adubação? Conte pra gente nos comentários abaixo. Grande abraço!

Benefícios do trigo mourisco para o solo da lavoura

Trigo mourisco: veja quais características tornam esta cultura uma excelente opção para inserir no seu sistema de rotação de culturas. 

A maior parte dos produtores brasileiros concordam que realizar uma boa rotação de culturas e construir um bom perfil de solo pode solucionar muitos problemas da agricultura atual.

Porém, muitos agricultores relatam que ainda existem barreiras regionais ou operacionais que os impedem de implementar um sistema de rotação em sua propriedade. 

Entretanto, algumas culturas têm se mostrado promissoras para rotação em diferentes contextos, como o trigo mourisco. 

Esta planta possibilita realizar três safras em uma mesma área, em que sua produção pode ser utilizada na alimentação humana e animal. 

Também pode ser utilizada como cobertura verde solteira ou consorciada com outras coberturas ou milho. 

Ficou interessado em saber mais sobre as características e benefícios do trigo mourisco? Confira!

Histórico do trigo mourisco

O trigo mourisco, tartara ou trigo sarraceno é uma cultura da família das Poligonáceas com nome científico de Fagopyrum esculentum Moench.

Apesar do nome comum, não tem nenhuma semelhança botânica com o trigo convencional e recebe este nome devido ao uso para produção de farinha. 

Proveniente das regiões centrais da Ásia, o trigo mourisco é uma planta muito cultivada na Polônia e Ucrânia compondo vários pratos da culinária típica desses países.  

Sendo introduzida no Brasil no século 20, por imigrantes na região sul. 

Desta forma, inicialmente o trigo mourisco foi produzido por estes imigrantes para consumo próprio por ser uma opção mais barata de alimento em relação a outros cultivos, como arroz e trigo que demandam mais insumos.

Atualmente, o maior produtor nacional desta cultura é o estado do Paraná com cerca de 2.640 ton ao ano de trigo mourisco.

Sendo a maioria desta produção de grãos destinada ao mercado internacional (Japão e França) e o restante ao mercado nacional de produtos saudáveis, como a fabricação de soba (macarrão japonês).

trigo mourisco

Sementes de trigo mourisco
(Fonte: Beleza da terra)

Por que usar trigo mourisco na rotação de culturas?

Um dos diferenciais do trigo mourisco é o bom desenvolvimento em solos pobres com presença de metais pesados, sem necessidade de adubação e com rusticidade a pragas e doenças. 

Além disso, possui um bom fechamento de rua, o que contribui com o manejo de plantas daninhas e suprime nematoides

Esta cultura é de uma família diferente da maioria das culturas utilizadas no Brasil, possuindo características com efeitos benéficos que se encaixam em vários contextos produtivos do país, como veremos a seguir.  

Lavoura de Trigo Mourisco

Lavoura de trigo mourisco
(Fonte: Sementes com vigor)

Ciclo curto do trigo mourisco

O trigo mourisco é uma cultura de ciclo curto, de aproximadamente 75 dias, o que possibilita a realização de três safras na mesma área, implantação como cultura de cobertura ou consórcio com outras culturas. 

Além disso, pode ser utilizado na alimentação animal, seja pelo fornecimento dos grãos ou como feno ou silagem. 

Porém existem restrições quanto ao fornecimento diário (dependendo do animal), que se não forem levadas em consideração podem ocasionar algumas doenças. 

Com isso, em regiões mais frias o produtor deve realizar o planejamento de seu ciclo para não cair em épocas de geadas – em que esta cultura é muito suscetível.

Bom aproveitamento da fertilidade natural do solo

Este cultivo tem ótimo desenvolvimento em solos pobres, pois seu sistema radicular tem maior facilidade de absorver fósforo e potássio de maiores profundidades, o que é muito benéfico para ciclagem de nutrientes no solo.  

Mas quando utilizada como cultura, o uso de formulados (NPK) pode melhorar muito sua performance.  

Além disso, esta cultura tem alta tolerância a metais pesados, podendo ser cultivada, por exemplo, em áreas com alto teor de alumínio ou cobre. 

Na região Sul vem sendo muito estudada como opção para ser cultivada na entrelinha da cultura da uva, devido ao alto teor de cobre presente nestas áreas.

Facilidade no manejo de plantas daninhas

Esta cultura possui um bom fechamento de linha que inibe a germinação de plantas que dependem de luz para germinar (por exemplo buva), além delas terem alta competitividade por seu bom aproveitamento de nutrientes. 

Como essas são plantas daninhas de folha larga, permite o uso de graminicidas para controle de gramíneas em pós-emergência.

Portanto, essa pode ser uma ótima estratégia para áreas com alta infestação de capim-amargoso, alternativamente ao uso de aveia ou brachiaria que também são gramíneas.

Rusticidade a pragas e doenças

Como o trigo mourisco é de uma família diferente da maioria das culturas do país, pode ser utilizado para interromper o ciclo das principais pragas e doenças que atacam as culturas brasileiras. 

Estudos também comprovam que o trigo mourisco pode ser uma excelente ferramenta no combate aos nematoides, inibindo a reprodução de Pratylenchus e suprimindo o desenvolvimento em 90% de formas juvenis de Meloidogyne e Incógnita. 

Além disso, a cultura atrai abelhas que são muito importantes para a polinização de várias culturas.

Principais desafios do trigo mourisco no Brasil

Atualmente esta cultura não tem produção de sementes em todo o Brasil, tendo maiores iniciativas na região Sul, principalmente com parcerias entre instituições de pesquisa e extensão (IAPAR, EPAGRI e EMATER) e produtores. 

Outra característica é que quando este trigo é destinado para a produção de farinha, deve ter uma estrutura própria de beneficiamento (moinho) para não ser contaminado com glúten, sendo um dos seus maiores diferenciais de mercado. 

Seus subprodutos também podem ser utilizados para confecção de travesseiros e tatames. 

Farinha de Trigo Mourisco

Farinha de Trigo Mourisco
(Fonte: Sabor em grãos)

Divulgação do kit de 5 planilhas para controle da gestão da fazenda

Conclusão

Vimos neste artigo a importância da rotação de culturas e as principais barreiras que dificultam sua implantação em algumas propriedades. 

Falamos sobre o potencial de utilização do trigo mourisco na rotação de culturas, adubação verde e consórcio com outras culturas. 

Além disso, citamos algumas características como bom aproveitamento da fertilidade do solo, bom desenvolvimento em áreas com metais pesados, rusticidade a pragas e doenças e bom fechamento de entrelinha. 

Você conhecia esta cultura? Já cultivou trigo mourisco? Ficou alguma dúvida? Adoraria ver seu comentário abaixo!