Enxofre para as plantas: função do nutriente, formas de absorção e exigências na cultura do milho e da soja
O enxofre é fundamental para a planta, pois é um macronutriente com papel estrutural em diversas moléculas – a exemplo do grupo dos aminoácidos, como metionina e cistina, necessárias para a formação de proteínas.
E, apesar da maior reserva do enxofre estar no solo como S-orgânico, adições desse elemento vêm demonstrando incrementos em produtividade, principalmente em solos arenosos e pobres em matéria orgânica.
Veja como fazer o manejo do enxofre na sua lavoura e as principais recomendações a seguir!
Importância e função do enxofre para as plantas
O enxofre (S) é um dos nutrientes mais requeridos pelas plantas, fundamental em processos metabólicos e na produção de proteínas, o que influencia o desenvolvimento e enchimento dos grãos, por exemplo. Também está vinculado a processos metabólicos da fotossíntese, presente em coenzimas como a ferredoxina, e associado à fixação de nitrogênio.
Além dessas funções, o S também manifesta importância quanto às funções fungistáticas, acaricidas e inseticidas.
O enxofre, assim como o cálcio e o magnésio, é conhecido como um macronutriente secundário, e precisa estar disponível à planta durante todo seu ciclo. Na maioria das culturas, a necessidade de enxofre gira em torno de 10 kg a 30 kg/ha.
Mas existe diferença da necessidade entre leguminosas e gramíneas. Normalmente, as leguminosas são mais exigentes quando comparada às gramíneas. Isso se deve ao fato do teor de S em suas sementes ser maior.

Extração e exportação de S pelas culturas
(Fonte: Pauletti, 2004)
O solo fornece o enxofre para as plantas por meio da matéria orgânica – representando até 90% do total requerido pelas culturas agrícolas. Mas, para obter uma melhor produtividade, pode ser necessário incremento do S por meio da aplicação de fertilizantes.
Esse nutriente é aplicado indiretamente, via alguns adubos como o superfosfato simples, sulfato de amônio e sulfato de potássio, por exemplo, e também através do gesso agrícola.
Na natureza, as rochas ígneas são a fonte primária de enxofre, normalmente como sulfato.
Absorção, transporte e redistribuição
As plantas absorvem o enxofre via sistema radicular, na forma de sulfato SO42+ , mas também de uma forma pouco eficiente pode ocorrer a absorção do SO2 atmosférico através dos estômatos foliares.
Alguns ânions (como o cloreto e o selenato) podem atrapalhar o processo de absorção desse nutriente, tendo em visto que ocorre a inibição competitiva, acarretando menor eficiência quanto à absorção.
O transporte deste nutriente é via xilema, seguindo das raízes para a parte aérea. O movimento inverso é muito pequeno, ou seja, sua redistribuição é bem reduzida.
Por causa desse reduzido transporte via floema, a maioria da manifestação de carência de enxofre nas plantas ocorre em órgãos mais novos, como brotações e folhas mais novas.
Tipo de solo e adsorção
Os solos argilosos, com altos teores de óxidos de ferro, apresentam grande capacidade de adsorção de SO4, o que diminui a sua movimentação no perfil do solo.
Já em solos arenosos e bastante intemperizados, a movimentação do SO4 é maior e, com isso, pode ser perdido por percolação, além de já ter menor reserva de S orgânico.
Nota-se que as maiores respostas à aplicação de S são vistas em solos intemperizados, com baixo teores de matéria orgânica e baixo teor de argila.
Sintomas e problemas da deficiência de enxofre
Como o enxofre é pouco redistribuído nos tecidos vegetais, em caso de carência do elemento, os sintomas aparecem primeiro nas folhas mais novas, como uma clorose generalizada no limbo foliar.
Além dessa clorose, há o comprometimento da síntese de proteínas que requerem os aminoácidos cistina, cisteína e metionina. Também pode haver crescimento retardado e acúmulo de antocianina.
A fixação biológica do N2 atmosférico também é bastante diminuída sob condições de deficiência de S, assim como a síntese de gorduras (óleos), que fica afetada nestas condições.
Por participar de uma série de reações e de um grande número de compostos, a carência de enxofre para as plantas provoca uma série muito grande de distúrbios metabólicos.
A deficiência de enxofre nas plantas não é comum, pois geralmente os solos possuem quantidade suficiente deste nutriente. Mas, devido à utilização intensiva dos solos, isso pode ser notado.
Fontes e opções de aplicação de enxofre para as plantas
O solo fornece de 60% a 90% do total de enxofre necessário para as plantas. Para ser aproveitado pelas plantas, o S-orgânico deve ser mineralizado, o que depende da relação C/S.
Entretanto, sabe-se que a adição de enxofre nas plantas é feita normalmente de uma forma indireta, ou seja, via alguns adubos que o apresentam em sua constituição.
Normalmente, os fertilizantes fosfatados estão na forma de sulfato e suas diversas combinações.
O sulfato de amônio é uma boa opção para adição de enxofre para plantas, e também nitrogênio, sendo usado para adubação de cobertura, tendo em vista que o S contido está prontamente disponível e o N é pouco volatilizado.
O superfosfato simples apresenta como vantagem a presença de cálcio e enxofre, possibilitando a melhoria das condições subsuperficiais do solo.
Outra fonte de S, o gesso também é uma alternativa, mas requer cautela quando usado, pois pode causar desequilíbrio de bases na camada de 0 cm a 20 cm.
O S elementar apresenta alta concentração de enxofre, porém de uma forma ainda não disponível, dependendo da atuação de microrganismos. Mas, por seu custo ser relativamente baixo, desperta interesse a sua utilização.
O sulfato de potássio é muito utilizado em culturas sensíveis ao cloro e que são exigentes quanto ao potássio. Também é bastante empregado em solos salinos, pois é um fertilizante com índice salino mais baixo.
O sulfato de magnésio e potássio são muito utilizados em áreas com limitações quanto à chuva e/ou irrigação.

Fontes de fertilizantes contendo enxofre
(Fonte: Informações Agronômicas nº 129)
Exigência de enxofre em milho e soja
Adubação e manejo de enxofre para milho
A extração de enxofre pela planta de milho é pequena: varia de 15kg a 30 kg/ha para produção de grãos em torno de 5 t/ha a 7 t/ha.
No milho, os sintomas de deficiência são amarelecimento do caule e das folhas mais novas, início nas bordas até a nervura central das folhas e as folhas mais velhas permanecem verdes.
Desta maneira, tem-se utilizado o enxofre no solo na forma de sulfato para prever respostas ao elemento.
Assim, em solos com teores de enxofre inferiores a 10 ppm (extração com fosfato de cálcio), o milho apresenta grande probabilidade de resposta a esse nutriente. Neste caso, recomenda-se a aplicação de 30 kg de S por hectare.
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Adubação e manejo de enxofre para soja
A cultura da soja requer, em média, 10 kg de S para cada tonelada produzida.
O S é um nutriente fundamental para rendimentos maiores da soja por ser, principalmente, um elemento catalisador das principais reações que envolvem o fósforo nas transformações bioquímicas na cultura.
Plantas deficientes de S apresentam amarelo pálido nas folhas mais novas, tornando toda a planta na tonalidade amarela, além das folhas ficarem pequenas.

(Fonte: Pauletti e Sloboda)
Para conhecer os teores de enxofre na sua lavoura é importante fazer a análise de solo e, em seguida, o ajuste à quantidade produzida, como mostra a tabela a seguir:

Indicação de adubação de correção e de manutenção com enxofre (S), conforme as faixas de teores de S no solo (mg dm-3), a duas profundidades no perfil do solo, para a cultura da Soja no Brasil. 2ª aproximação
(Fonte: Embrapa)
Conclusão
O enxofre é essencial ao desenvolvimento vegetal e está intimamente ligado à matéria orgânica do solo.
Neste artigo, falamos sobre sua forma de absorção (SO42-) e elencamos algumas fontes desse nutriente para a lavoura.
O fornecimento em doses adequadas depende da cultura e de uma análise de solo.
Com essas informações, espero que você consiga melhores resultados na produtividade da sua lavoura!
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Como você tem manejado o enxofre para as plantas em sua lavoura? Já notou efeitos positivos em produtividade? Conte pra gente nos comentários!