Hedge agrícola: o que é e por que você deveria ter essa opção

Hedge agrícola: como funciona essa operação, todas as dicas de como utilizá-la e ter uma boa opção de venda da sua produção.

A função do hedge é minimizar os riscos e proteger contra as oscilações de preço que podem afetar a produção agrícola.

O risco do mercado de commodities é grande, e com a margem pequena da agricultura, não é difícil acabar tendo prejuízo.

Neste artigo, vou explicar o que é hedge agrícola e como essa operação financeira pode ser uma opção de negócio para você. Confira a seguir.

O que é e por que fazer hedge?

Hedge é uma palavra inglesa que significa proteção/cobertura. Assim, hedge é um instrumento que busca proteger operações financeiras contra oscilações de preço.

Ele reduz o risco de grandes variações de preço de um ativo ou commodity, por exemplo.

É uma operação antiga. No século 19, no mercado de commodities de Chicago, agricultores e pecuaristas traziam os produtos para venda na cidade e queriam reduzir o risco com a oscilação de preço dos produtos.

Então, eles decidiram negociar o preço antes da venda, o que hoje é chamado de operação a termo.

Por isso, o hedge faz parte de instrumentos financeiros chamados de derivativos. Vou explicar melhor no próximo tópico!

Derivativos e hedge agrícola

Os derivativos são instrumentos que têm objetivo de gerenciar o risco financeiro adequadamente, sendo utilizado por pessoas ou instituições.

Como o próprio nome diz, os derivativos derivam do preço de algum ativo. Ou seja, o valor depende e deriva de um ativo como commodities, taxa de juros, taxa de câmbio da moeda estrangeira, ações e outras.

Existem vários tipos de derivativos, sendo mais comuns:

  • Mercado a termo (compromisso de comprar ou vender um bem por preço fixado em data futura);
  • Mercado futuro;
  • Opções;
  • Swaps.

Esses podem ou não ser negociados na bolsa de valores.  Veja a diferença desses tipos de derivativos na tabela abaixo:

tabela com tipos de derivativos de hedge nos mercados a termo, futuro, de opções e de swap.

(Fonte: InvestMax)

Os derivativos têm várias funções. Uma delas é justamente proteger contra a variação do preço (hedge).

Os derivativos agropecuários disponíveis para negociação na bolsa de valores são: açúcar cristal, boi gordo, café arábica, etanol, milho e soja.

Agora que conhecemos mais sobre o conceito e como funciona o hedge, vamos entender como utilizá-lo no agronegócio.

Função dentro do agronegócio

É comum termos notícias, por exemplo, de que o preço da saca de soja caiu, afetando muitos produtores brasileiros.

Esse fato é frequente no Brasil, que produz commodities como soja, milho, café e outras. E elas apresentam variações de preço dependendo da oferta e demanda.

O Brasil produziu 252,3 milhões de toneladas de soja na safra 2020/21, segundo a Conab. Agora imagine se todos os produtores fossem vender esse grão ao mesmo tempo!

O preço certamente seria baixo, pois a oferta do produto seria alta. E isso, poderia trazer prejuízo aos produtores, não tendo dinheiro nem para pagar o custo de produção.

E como sempre gosto de destacar: sua lavoura é sua empresa e você precisa ter lucro com ela para continuar o negócio!

Por isso, você precisa vender o seu produto (commodity) por um preço adequado.

Assim, é possível realizar o hedge agrícola — ou seja, essa operação financeira que protege o valor do produto contra as variações/oscilações do preço de venda, onde o preço é negociado antes.

Agora que você já sabe o que é hedge agrícola, vou falar sobre a importância dessa operação para a agricultura.

Exemplo prático da importância do hedge agrícola

Do plantio até a colheita da lavoura, há um período de vários meses e muita coisa pode ocorrer nesse tempo. Você corre diversos riscos, como:

E tudo isso pode afetar a produção e o preço de venda do produto. Além das oscilações de preços das commodities.

O hedge, como já falamos, minimiza esses riscos com a oscilação de preços. Vou dar um exemplo de hedge agrícola, considerando a commodity soja.

Lembro que este é um exemplo muito simplificado, tendo mais valores e custos que podem estar associados a esta operação.

Suponhamos que o produtor de soja vai colher sua safra daqui a 40 dias e está com medo das oscilações do preço da saca. Ele então decide realizar hedge no mercado a termo para assegurar o preço e cobrir o custo de produção, com valor acordado de R$ 70 a saca de 60 Kg.

Após os 40 dias, no vencimento do contrato, o preço à vista da soja é de R$ 75. O produtor vai entregar a soja a R$ 70 e, assim, perde (na verdade, deixa de ganhar) R$ 5 comparado à venda à vista.

Mas, se ao contrário, o preço da saca de soja estiver R$ 65 no dia da venda, o produtor ganharia R$ 5. Pois, como se valeu do hedge agrícola, ele vende a produção a R$ 70 a saca.

Então, é importante entender que o hedge é uma operação que protege a commodity contra a oscilação de preço.

Mas antes de realizar uma estratégia de hedge em sua fazenda, veja outros pontos que são essenciais antes de iniciar esta operação.

O que você precisa saber antes de fazer a operação

Para fazer operações de hedge agrícola, você precisa ter um bom planejamento da lavoura e saber seu custo de produção.

Assim, você terá os dados precisos para a tomada de decisão do quanto vale a pena vender sua produção agrícola. Por exemplo, se meu custo de milho foi de 22 reais, meu hedge agrícola precisa ser, no mínimo, desse valor.

captura de tela de custo realizado no sistema de gestão rural Aegro
Com o Aegro, é possível planejar um custo orçado e acompanhar o custo realizado na safra em apenas alguns cliques, com todos os dados seguros

Por isso é tão importante conhecer, ou ao menos ter um planejamento, dos custos da produção da sua lavoura. Assim, você pode verificar se o preço que está negociando cobre ou não seu custo de produção.

Veja algumas dicas de como realizar o hedge na agricultura.

Dicas para realizar o hedge agrícola

Como você observou nos tópicos anteriores, o hedge agrícola pode ser importante para a proteção de preços das commodities e você pode ter essa opção para sua fazenda.

Então veja algumas dicas para realizar o hedge agrícola em sua fazenda:

  • Tenha o planejamento e custo de produção da lavoura;
  • Mantenha um planejamento estratégico: qual quantidade de produção será comercializada (fazer hedge) e qual será armazenada, por exemplo;
  • Acompanhe o preço dos produtos na bolsa de valores: veja por quanto as commodities estão sendo negociadas e analise com base no seu custo de produção;
  • Defina qual derivativo irá utilizar para realizar o hedge. Se utilizar o mercado futuro, por exemplo, você precisa ter uma conta em uma corretora de mercado futuro para conseguir negociar na bolsa de valores, ou entrar em contato com um corretor;
  • Ao escolher um corretor, ou uma empresa corretora, esteja seguro que são pessoas idôneas e de confiança;
  • Observe todas as opções no mercado de derivativos e tipos de hedge agrícola, escolhendo a melhor para a sua propriedade.
planilha controle de custos por safra

Conclusão

O hedge agrícola é uma importante ferramenta para se proteger das oscilações de preços das commodities.

Mas antes de fazer uma operação do tipo, você precisa conhecer tudo sobre o que está relacionado a ela.

Neste artigo, mostramos o que é hedge agrícola e o que são os derivativos. Falamos sobre como eles são importantes para a agricultura e o que você pode fazer antes de realizar essa operação.

Espero que essas informações te ajudem a melhorar o processo de venda dos seus produtos agrícolas e ter mais lucratividade!

>> Leia mais:

Tudo sobre barter: garanta o sucesso do seu negócio rural
Barter de milho: como começar e como melhorar suas negociações

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Inseticida piretroide: Como fazer o melhor uso dele

Inseticida piretroide: Entenda melhor como funcionam, qual a melhor maneira de utilizá-los e como prevenir a resistência de insetos aos produtos desse tipo.

Os piretroides são alguns dos inseticidas mais utilizados na agricultura hoje, com resultados efetivos contra diversas pragas agrícolas.

Mas seu uso requer cuidados com misturas e, principalmente, quanto ao intervalo de aplicações.

A utilização incorreta pode gerar populações de insetos resistentes na sua lavoura. E aí os prejuízos são muitos.

Neste artigo, vamos entender o modo de ação do inseticida piretroide e como fazer o melhor uso dele. Confira a seguir!

O que é inseticida piretroide: como consultar doses, bula e aplicações

Os inseticidas piretroides são defensivos químicos com compostos extraídos de flores de Chrysanthemum cinerariaefolium e Chrysanthemum coccineum, da família Asteraceae. Controlam diversas pragas, desde percevejos e lagartas até moscas.

Produtos comerciais registrados podem ser consultados no Agrofit, do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

inseticida piretroide

Ao consultar o inseticida piretroide que você queira utilizar na sua cultura, leia a bula do produto, veja a dose recomendada, quantas vezes pode aplicar e qual o intervalo entre as aplicações.

É importante que você entenda que este grupo de inseticidas possui muitos ingredientes ativos.

E o que seria um ingrediente ativo? É a substância química principal presente no inseticida, mas terá o mesmo princípio ativo do seu grupo químico, neste caso, dos piretroides.

Dentro do grupo dos piretroides existem mais de 30 ingredientes ativos com diferentes formulações e marcas comerciais.

E eles são registrados para controle de pragas em diversas culturas. Vou mostrar alguns dos mais usados para grãos.

Inseticida piretroide para soja e milho

Bifentrina

Este ingrediente ativo possui 25 produtos comerciais registrados no site do Mapa.

inseticida piretroide

Atua como acaricida, formicida e inseticida. São registrados para diversas culturas, dentre elas algodão, feijão, milho e soja.

O que é Cipermetrina?

Este ingrediente ativo possui 21 produtos comerciais registrados no site do Mapa.

inseticida piretroide

Atuam como formicidas e inseticidas. São registrados tanto para culturas anuais como perenes. São bastante utilizados para controle de pragas do algodão, milho e soja.

Deltametrina

Este ingrediente ativo possui 7 produtos comerciais registrados no site do MAPA.

inseticida piretroide

Algumas marcas comerciais têm registro para espécies cultiváveis de solanáceas. Mas, na cultura do milho, atua bem no controle inicial de lagarta-do-cartucho.   

Lambda-cialotrina

Este ingrediente ativo é um dos mais utilizados e tem 29 produtos comerciais registrados no site do MAPA.

inseticida piretroide

Também tem registro para diversas culturas, principalmente, algodão, milho e soja. Em soja, são bastante utilizados para controle de percevejo-verde.

Suponhamos que você teve que recorrer ao uso de um inseticida piretroide.

Você está tendo problemas com a larva-alfinete na sua lavoura de milho e te indicaram o ingrediente ativo bifentrina.

Ao consultar o site do MAPA, escolheu o inseticida Seizer 100 EC.  

inseticida piretroide

Na bula, a recomendação é de que a dose seja de 200 a 300 mL de produto em um ha. E que seja realizada apenas 1 aplicação em todo o ciclo da cultura.

inseticida piretroide

É importante que você respeite essas indicações da bula para não comprometer o controle da praga, o agroecossistema e a produção final.

Entenda como funcionam os inseticidas piretroides

Os inseticidas piretroides são um grupo químico de inseticidas sintéticos mímicos das piretrinas.

As piretrinas são compostos extraídos de flores de Chrysanthemum cinerariaefolium e Chrysanthemum coccineum, da família Asteraceae.

Por serem substâncias sintéticas, derivadas de extratos de uma espécie de planta, nos vem aquela ideia de que sejam inseticidas bastante seguros, não é mesmo?

Mas alguns cuidados devem ser tomados na sua utilização.

É importante que você saiba que o piretroide é um inseticida de amplo espectro. Vou explicar mais a frente o que isso significa.

Agora, vamos entender o modo de ação do inseticida piretroide nos insetos.

Modo de ação dos piretroides

O inseticida piretroide age no sistema nervoso dos insetos, mais especificamente nos canais de sódio dos axônios dos neurônios. Ficou complicado? Vejamos o esquema abaixo:

A primeira figura mostra a célula nervosa (neurônio)

inseticida piretroide

O inseticida piretroide irá agir nesta parte destacada, que é o axônio:

inseticida piretroide

Veja que o axônio possui na parte de fora cargas positivas e, na parte de dentro da membrana, cargas negativas:

inseticida piretroide

Sem o efeito do piretroide, o potencial de ação acontece normalmente, como você verá nas próximas imagens.

Com um impulso nervoso, o canal axônico abre e entram as cargas positivas. Depois, o canal fecha e as cargas positivas saem, voltando ao estado inicial de equilíbrio.

inseticida piretroide

Mas, quando as moléculas de inseticidas piretroides entram em contato com o sistema nervoso do inseto, elas fazem com que os canais axônicos permaneçam abertos.

Então, quando há uso do inseticida piretroide, os canais não se fecham:

inseticida piretroide

Dessa forma, os íons de sódio entram no axônio de forma contínua, produzindo excessivos potenciais de ação seguidos de hiperpolarização da membrana.

A consequência disso tudo é que o inseto tem um primeiro sintoma de hiperexcitação, seguido de paralisia e morte.

inseticida piretroide

(Fonte das imagens: Larry Keeley em YouTube)

Amplo espectro

O termo amplo espectro é utilizado para inseticidas que podem agir não somente nas pragas, mas também em organismos não-alvo.

Por agirem no sistema nervoso, outros organismos podem sofrer com efeitos colaterais e até efeitos letais, como no caso de outros insetos (que não as pragas) presentes na lavoura.

Eles comumente agem por contato e ingestão. Ou seja, as moléculas podem ter acesso aos neurônios por meio do contato físico ou pela alimentação de partes da planta contendo resíduos.

Mas tudo depende da dose para ter efeito nos organismos. Muitas vezes a dose para matar a praga é menor do que para outro organismo ou pode acontecer o contrário, que não seria ideal.

Por isso é muito importante respeitar:

  • As doses recomendadas para cada cultura;
  • O período de carência para pulverização (intervalo entre a aplicação e a colheita);
  • Saber se são seletivos aos inimigos naturais das pragas na área.

Inseticida piretroide: cuidados para evitar efeitos colaterais

Além de serem de amplo espectro, os piretroides tem uma boa estabilidade sob a luz solar e costumam persistir nas áreas em que foi aplicado.

E o que isso tem a ver com as recomendações anteriores?

Pela boa estabilidade, eles não se degradam facilmente e, por isso, continuam agindo no período em que estão tendo ação residual.

Com isso, controlam bem as populações das pragas. Entretanto, se o intervalo entre as aplicações não for respeitado, os efeitos colaterais podem ocorrer.

Um deles seria a pressão de seleção. Com aplicações constantes, e devido à persistência das moléculas residuais, as pragas mais resistentes permanecerão na área.

A presença de populações resistentes na sua lavoura lhe causará prejuízos, pois seu inseticida não controlará mais a praga.

Além disso, pelo amplo espectro, esses inseticidas podem atingir organismos benéficos que auxiliam no controle da sua praga.

Muitos trabalhos científicos mostram a toxicidade destes inseticidas a insetos que atuam no controle biológico de pragas.

É ideal que os inseticidas sejam seletivos fisiológica e ecologicamente aos inimigos naturais.

Conclusão

Os inseticidas do grupo dos piretroides podem lhe auxiliar muito bem no controle das pragas.

Mas é essencial conhecer e respeitar as recomendações do fabricante porque são inseticidas de amplo espectro e podem atingir organismos não-alvo.

Neste artigo, destacamos o modo de ação dos piretroides e os cuidados para minimizar os riscos de efeitos colaterais.

Com essas informações, espero que você consiga utilizá-los de forma adequada e tenha ótimos resultados na lavoura!

>>Leia mais:

Guia completo para o manejo da lagarta-preta (Spodoptera cosmioides)

“6 inseticidas naturais para você começar a usar na sua lavoura”

“Inseticida natural: Como ele pode ajudar no manejo da sua lavoura

“Como fazer o melhor uso de inseticida na dessecação da lavoura”

Você tem usado inseticida piretroide em sua propriedade? Restou alguma dúvida? Deixe seu comentário e compartilhe em suas redes sociais!

Umidade do milho para colheita: todas as dicas para não perder seus grãos

Umidade do milho para colheita: como determinar o ponto ideal de colheita para diferentes situações e outras dicas para não perder seus grãos.

A colheita é umas das etapas mais importantes durante a produção de milho.

Estima-se que uma colheita bem planejada pode diminuir aproximadamente 6% das perdas da produção total de milho no Brasil.

A umidade do grão para colheita é ponto essencial de atenção, pois caso esteja inadequada, pode causar prejuízos ainda maiores.

Até por isso surgem tantas dúvidas: como determinar a umidade, qual o ponto ideal para venda do grão ou silagem, etc.

Confira agora todas essas respostas e as principais dicas para realizar uma colheita eficiente no momento adequado!

Cuidado com a umidade do milho para colheita!

Durante todo o ciclo da cultura, inúmeros cuidados são essenciais para alcançar altas produtividades.

Contudo, o momento mais delicado é a colheita! Se não realizada no momento adequado, pode acarretar perdas dos grãos.

A colheita deve ser planejada com antecedência, evitando que os grãos fiquem secando no campo e sejam expostos a condições climáticas indesejáveis.

Veremos aqui quais cuidados devem ser tomados no momento da colheita. Mas antes vamos mostrar o que é maturidade fisiológica e como reconhecê-la!

Ponto de maturidade fisiológica do milho

O ponto de maturidade fisiológica refere-se ao momento em que o grão atingiu a máxima matéria seca. Contudo, nesse momento, a umidade ainda é elevada: cerca de 50%.

Após atingir o ponto de maturidade fisiológica, o milho está pronto para ser colhido. Mas, com a umidade elevada, fica impossibilitada a colheita.

Desse modo, alguns cuidados devem ser levados em consideração para a manutenção da qualidade dos grãos.

O primeiro deles é não realizar a colheita com umidade elevada! Isso pode acarretar em perda de grãos.

Em geral, a colheita do milho deve ser feita assim que possível, pois manter a planta no campo a deixa vulnerável ao ataque de insetos e patógenos.

Além disso, o prolongamento deste período pode favorecer o crescimento e desenvolvimento de plantas daninhas, o que pode dificultar a colheita e diminuir a qualidade dos grãos.

Mas, na prática, além da umidade, como reconhecer o ponto de maturidade fisiológica?

Tratando-se de milho, o produtor pode se atentar a dois aspectos visuais nos grãos: a linha de leite e a camada negra.

Na figura abaixo podemos observar o avanço da linha de leite durante o processo de maturação. Veja:

umidade do milho para colheita
(Fonte: Steve Butzen)

A formação de uma camada negra na região de inserção do grão no sabugo é considerada um indicador de maturidade.

umidade do milho para colheita
(Fonte: José Carlos Madalóz)

Além disso, o produtor pode observar a coloração amarelada/marrom das plantas:

Umidade do milho: ponto ideal de colheita

A colheita dos grãos deve ser realizada assim que possível, após os grãos atingirem a maturação fisiológica!

Na prática, a colheita deve ocorrer quando os grãos atingem teor de água que possibilitem a colheita mecânica.

A colheita realizada quando os grãos possuem alto teor de umidade, pode provocar danos mecânicos. Além disso, a alta umidade dos grãos dificulta a debulha.

De acordo com estudos da Embrapa, a porcentagem de danos é menor quando os grãos são colhidos com teor de água inferior a 16%.

Atualmente, a umidade recomendada para colheita do milho pode variar de acordo com o objetivo e a tecnificação do produtor!

Se seu objetivo é o armazenamento do milho e você não possui tecnologia para o processo de secagem, indica-se colher seus grãos com umidade em torno de 14%.

Contudo, se você possui essa técnica em sua propriedade, é possível realizar a colheita com até 25% de umidade.

Não se esqueça: o milho deve ser colhido assim que possível, logo após o ponto de maturidade!

planilha para estimativa de perdas na colheita Aegro

Como determinar a umidade do milho para colheita

Além do conhecido aparelho eletrônico utilizado para determinar a umidade, vou indicar alguns métodos práticos que podem te ajudar no campo!

1º. Teste de resistência do grão ao risco, sob pressão da unha

Risque o grão de milho com a unha. Se o grão ficar com alguma marca, isso indica que a umidade está acima de 18%.

umidade do milho para colheita
Teste de resistência do grão ao risco ajuda a verificar umidade do milho para colheita
(Fonte: Embrapa)

2º. Teste de resistência da espiga à torção

Submeta a espiga despalhada a uma torção no sentido do seu eixo. Se a espiga torcer facilmente, a umidade dos grãos pode estar em torno de 18% a 20%.

3º. Teste de resistência à pressão do dente

Caso o grão “quebre” no dente, é possível verificar que a umidade está acima da ideal para a colheita.

Se você tiver dúvidas sobre a umidade dos grãos, retire amostras e leve-as a um laboratório para determinação da umidade.

Como a umidade pode prejudicar o ciclo do milho

A alta umidade pode ser extremamente prejudicial para a cultura do milho em todo ciclo.

Durante o período de desenvolvimento, a umidade pode influenciar negativamente a formação do grão.

Além disso, pode ocasionar um microclima favorável ao aparecimento de doenças tanto nas plantas quanto nos grãos. De modo geral, isso prejudicará sua comercialização.

A alta umidade favorece a ocorrência de danos mecânicos durante a colheita, afetando a qualidade dos grãos.

Por isso, são necessários cuidados especiais quanto à umidade. Saber determiná-la e acompanhar todo o ciclo da cultura é essencial!

>>Leia mais: “Plantio de milho: Como garantir a alta produção”

Umidade do milho para colheita: 6 dicas fundamentais para uma boa safra

1. Determine a umidade de seus grãos

Para melhor planejamento da colheita, retire amostras representativas em diferentes pontos da propriedade e realize a determinação de umidade.

2. Planeje sua colheita

O planejamento da colheita é essencial, evitando que as plantas fiquem no campo por um longo período.

Isso inclui determinar a frota de máquinas e tempo de trabalho para que os grãos de todos os talhões sejam colhidos na época certa.

colheita de milho com Aegro

Exemplo da gestão da colheita pelo Aegro: dados seguros e acompanhamento da operação em alguns cliques

3. Acompanhe o processo de maturação

É importante fazer o monitoramento da lavoura. Assim, você poderá reconhecer quando os grãos atingirem o ponto de maturidade. Isso irá evitar perdas no campo.

4. Regule seu maquinário

Acerte seu maquinário de acordo com a umidade de seus grãos! Como já mencionei, a umidade pode variar durante a colheita!

5. Velocidade de colheita

Altas velocidade e alta umidade resultam em prejuízo na qualidade final de seus grãos e perdas na produtividade.

6. Secagem e armazenamento

Quando o grão é colhido com umidade acima da ideal, é necessário realizar a secagem. A técnica mais utilizada é a secagem artificial.

Aqui no blog nós já falamos sobre Secagem e armazenamento de grãos: Diferentes tipos e seus custos”. Confira!

As dicas que mostramos até aqui se aplicam se seu objetivo for produzir grãos. Agora se pretende produzir silagem, veja quais dicas seguir para fazer a colheita no momento certo!

Umidade no campo para colheita: o que muda para produção de silagem?

A principal diferença é o momento da retirada do milho do campo. O momento ideal caso seu foco seja silagem, é o ponto farináceo!

Na prática: quando mais da metade do grão está com consistência dura.

Veja o passo a passo para reconhecer o momento ideal no campo:

  • Retire o grão da espiga
  • Aperte-o com o dedo para verificar a umidade
  • Se escorrer leite do grão, não está no ponto ideal
  • Se o grão apenas umedecer os dedos está no ponto ideal, conforme a foto.

umidade do milho para colheita
(Fonte: Embrapa)

Conclusão

Entender sobre a umidade do milho para colheita é fundamental para a qualidade do grão.

E neste artigo vimos os principais cuidados durante o ciclo da cultura.

Mostramos como reconhecer o ponto de maturidade fisiológica e como a umidade pode ser prejudicial se não houver planejamento para o momento da colheita.

Você pôde conferir ainda algumas dicas para uma boa colheita. E viu o que muda caso resolva produzir silagem!

Espero que essas informações te ajudem a melhorar o manejo e evitar problemas com a umidade na hora da colheita!

>> Leia mais:

“Safrinha do milho: como garantir boa produtividade sem gastar muito”
“Plantio de milho irrigado: quando compensa?”

“O que você precisa saber sobre os principais indicadores de desempenho para colheita de grãos”

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Capim-amargoso: características e como fazer o manejo eficiente

Capim-amargoso: época certa para controle, quais herbicidas usar e as principais dicas para minimizar casos de resistência e evitar prejuízos na lavoura.

A presença de capim-amargoso na lavoura tira o sono de muitos produtores. E não é à toa, pois essa planta daninha tem grande capacidade de crescer e se desenvolver em lavouras de grãos, ocasionando grandes prejuízos à produtividade.  

O custo para controle em áreas com capim-amargoso resistente a glifosato já em estádio de desenvolvimento avançado pode aumentar em até 290%. E se houver infestação simultânea de capim-amargoso e buva, esse custo pode ser 403% maior.

Quer saber como fazer um manejo eficiente do capim-amargoso? A seguir, explicarei o período ideal para controle e os herbicidas mais indicados. Confira!

Capim-amargoso: características e principais pontos sobre essa planta daninha

O capim-amargoso (Digitaria insularis) é uma planta daninha de ciclo perene – seu ciclo de vida pode durar mais de 2 anos. Ela se reproduz através de sementes e produz estruturas de reserva subterrâneas (rizomas).

Essas estruturas de reserva ou rizomas são formadas a partir dos 45 dias após emergência. E isso confere ao capim-amargoso uma grande capacidade de recuperação da parte aérea após danos causados por corte mecânico ou ação de herbicidas.

O capim-amargoso é adaptado a quase todo o território nacional, infestando a maioria dos cultivos de grãos do Brasil. Estima-se que, atualmente, ela infeste uma área de 8,2 milhões de ha em nosso país.

Sua ampla dispersão está associada à capacidade de produzir uma grande quantidade de sementes (mais de 100 mil sementes por inflorescência). Essas sementes são facilmente disseminadas pelo vento durante todo o ano.

capim-amargoso
Sementes de capim-amargoso são disseminadas durante o ano inteiro
(Foto: Laura Wewerka em Plant Atlas)  

As sementes têm sua germinação indiferente à luz, ou seja, podem germinar no escuro ou no claro. Porém, têm maior porcentagem de germinação na presença da luz.

Além disso, a profundidade de enterrio pode influenciar a capacidade de emergência de sementes de capim-amargoso. Profundidades a partir a 4 cm podem diminuir sua emergência em mais de 90%.

Este fato pode ser justificado por se tratar de sementes pequenas com baixa quantidade de reservas, o que impossibilita atravessar esta barreira de solo para encontrar a luz e fazer fotossíntese.   

O problema da resistência do capim-amargoso no Brasil

O capim-amargoso começou a ter importância econômica a partir da década de 90, com a expansão do plantio direto.

Apesar das grandes melhorias trazidas com a implantação desse sistema de plantio, a prática favoreceu a infestação de algumas plantas daninhas.

Isso porque, no plantio convencional, o revolvimento do solo enterrava as sementes de capim-amargoso. Essa situação ajudava a destruir as estruturas de reservas utilizadas para o rebrote.

Com o aumento da infestação dessa planta daninha em áreas de grãos e o uso indiscriminado do glifosato, houve seleção de plantas resistentes no ano de 2008.

A dispersão dessas populações foi tão grande, que em 2016, 87% das populações coletadas à beira de rodovias nos estados do Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás apresentaram resistência ao glifosato.

Em 2016, foi relatado o primeiro caso de capim-amargoso resistente a graminicidas (fenoxaprop e haloxyfop). Por sorte, estas populações foram selecionadas em áreas de produção convencional de soja e não apresentavam resistência a glifosato.

Porém, devido à larga utilização destes herbicidas em nosso país, existem fortes indícios de que populações com resistência múltipla ao glifosato e graminicidas serão identificadas muito em breve.    

capim-amargoso
Capim-amargoso resistente ao glyphosate foi notificado em 2008
(Foto: Germani Concenço em Embrapa)

Manejo do capim-amargoso na entressafra do sistema soja-milho

A entressafra com certeza é período ideal para realizar um bom manejo do capim-amargoso. Isso porque existe um número maior de opções a serem utilizadas.

O ideal é que a aplicação ocorra em plantas com até 2 perfilhos, pois as chances de sucesso são maiores.

Como o capim-amargoso produz estruturas de reserva – e os herbicidas geralmente não conseguem afetá-las -, o controle tardio demandará aplicações sequenciais para esgotar estas reservas e impedir a rebrota.  

Em geral, as aplicações sequenciais envolvem uma primeira aplicação com herbicidas sistêmicos (ex: glifosate e graminicidas) e aplicações sequenciais com herbicidas de contato (glufosinato de amônio e paraquat).

Porém, dependendo das condições edafoclimáticas (solo e clima), é comum que sejam necessárias até 3 aplicações para controlar plantas perenizadas.

E qual o intervalo ideal entre aplicações?

O intervalo é determinado através do tamanho da rebrota (comprimento entre o solo e inserção da primeira folha rebrotada) após a aplicação. O ideal é aplicar com uma rebrota entre 10 cm e 20 cm.

>> Leia mais: “Últimas notícias sobre ervas daninhas: Dicamba e Amaranthus palmeri

Herbicidas pós-emergentes:

Cletodim

Possui ótimo controle de plantas daninhas pequenas (até 2 perfilhos). Pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial (geralmente associado a glifosato), na dose de 0,5 a 1,0 L ha-1. Adicionar óleo mineral 0,5 a 1,0 % v v-1.

Haloxyfop

Possui ótimo controle de plantas daninhas pequenas (até 2 perfilhos). Pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial (geralmente associado a glifosato), na dose de 0,55 a 1,2 L ha-1. Adicionar óleo mineral 0,5 a 1,0 % v v-1.

Este são os exemplos mais comuns de graminicidas utilizados no mercado. Porém, existem outros produtos para controle químico com ótimo desempenho e que seguem a mesma lógica de manejo.

Novas formulações de graminicidas vêm sendo lançadas com maior concentração do ingrediente ativo (responsável pela morte da planta) e com adjuvante incluso. (Ex: Verdict max®, Targa max® e Select one pack®)

Glifosato

Mesmo não sendo efetivo para a maioria das populações, pode ser usado no manejo para controle de outras plantas daninhas. Ainda que o capim-amargoso seja resistente à associação de glifosato a graminicidas, melhora o controle.

Quando forem misturados 2,4D e graminicidas, deve-se aumentar a dose do graminicida em 20%, pois este herbicida reduz sua eficiência.

Paraquat

Pode ser utilizado em plantas pequenas (até 2 perfilhos) provenientes de sementes ou em manejo sequencial para controle da rebrota de plantas maiores. Recomendada dose de 1,5 a 2,0 L ha-1. Adicionar adjuvante não iônico 0,5 a 1,0% v.v.

Glufosinato de amônio

Pode ser utilizado em plantas pequenas (até 2 perfilhos) provenientes de sementes ou em manejo sequencial para controle de rebrota de plantas maiores. Indicada dose de 2,5 a 3,0 L ha-1. Adicionar óleo mineral 2,0% v.v.

capim-amargoso
Sistema radicular de plantas de capim-amargoso aos 45 dias após a emergência. A – Visão geral; B – Detalhes dos rizomas formados
(Fonte: Machado et al.)

Herbicidas pré-emergentes:

Diclosulam

Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes. Utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato e graminicidas), solo deve estar úmido. Recomendações de dose de 29,8 a 41,7 g ha-1.

Flumioxazin

Herbicida com ação residual. Utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato, graminicidas e imazetapir) ou no sistema de aplique plante da soja. Recomendações de dose de 70 a 120 g ha-1.

S-metolachlor

Herbicida com ação residual utilizado no sistema de aplique plante da soja. Recomendável dose de 1,5 a 2,0 L ha-1. Não deve ser aplicado em solos arenosos.

Trifluralina

Herbicida com ação residual utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato, graminicidas). Recomendável dose de 1,2 a 4,0 L ha-1, dependendo da planta daninha a ser controlada e nível de cobertura do solo. Deve ser aplicado em solo úmido e livre de torrões.

capim-amargoso
Infestação de capim-amargoso em lavoura de soja: cuidados com daninhas na cultura começam no pré-plantio
(Fonte: Agronegócio em foco)

Manejo na pós-emergência das culturas de soja e milho

Para plantas pequenas ou rebrota de plantas perenizadas na soja, temos como opção eficiente somente o uso de graminicidas (clethodim, haloxyfop e outros).

Em caso de soja RR, podem ser associados ao glifosato.

Em áreas com grande infestação, devem ser utilizados herbicidas pré-emergentes no sistema de “aplique plante” para diminuir o banco de sementes e o número de aplicações em pós-emergência (diclosulam, flumioxazin e s-metolachlor).

A inclusão de pré-emergentes em diferentes etapas do manejo de plantas daninhas é fundamental, principalmente em áreas com grandes infestações.

Eles trazem ótimo custo-benefício ao produtor, pois diminuem a necessidade de aplicações em pós-emergência e previnem a seleção de plantas resistentes.

O controle de capim-amargoso no milho é mais complexo, pois o milho também é uma gramínea. Existem poucas opções que sejam seletivas ao milho e controlem o capim-amargoso.

Dentre elas temos:

  • herbicidas pré-emergentes aplicados em sistema de “aplique plante” – como trifluralina, s-metolachlor e isoxaflutole;
  • herbicidas utilizados em pós-emergência precoce – como nicosulfuron, tembotrione e mesotrione).

Porém, não há opções eficientes para controle de plantas mais desenvolvidas ou perenizadas.    

Lembre-se sempre de consultar um engenheiro agrônomo.

capim-amargoso
Lavoura de milho safrinha com alta infestação de capim-amargoso; controle é mais difícil no milho
(Fonte: Notícias Agrícolas)

Perspectivas futuras

Nos próximos anos, existem previsões da liberação comercial de um novo “trait” de resistência a herbicidas para a cultura da soja e do milho.

  • Soja e milho: Enlist (2,4D colina, glifosato e glufosinato de amônio).

Essa tecnologia trará a opção incluir o glufosinato de amônio no manejo de pós-emergência do cultivo, além de possibilitar o uso de haloxyfop em pós-emergência do milho. Isso trará grandes benefícios ao agricultor.  

Existem ainda previsões do lançamento de novos herbicidas pré-emergentes para controle de gramíneas (ex: pyroxasulfone).

Na próxima década, há previsão do lançamento de um novo mecanismo de ação que controla gramíneas em pós-emergência seletivo à soja e milho.

Conclusão

Neste artigo, mostramos a importância econômica que o capim-amargoso possui e como realizar um manejo eficiente em lavouras de grãos.

Entendemos a importância de conhecer a biologia da planta daninha antes de manejá-la. E vimos algumas novidades que serão lançadas no mercado.

Espero que, com essas dicas passadas aqui, você consiga realizar um manejo eficiente do capim-amargoso na condução da lavoura!

Como você controla a infestação de capim-amargoso na lavoura hoje? Já enfrentou casos de resistência? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Guia absolutamente completo sobre agricultura de precisão

O que é agricultura de precisão? Como implementar essa técnica na sua lavoura? Vou te mostrar nesse guia completo. Confira!

A Agricultura de Precisão (AP) inclui muitas tecnologias.

Mas, sinceramente, essas inúmeras tecnologias nem sempre se encaixam em todas as operações e todos os produtores.

Você precisa ter um objetivo bem definido, investigar e avaliar completamente as opções antes da implementação.

Vou te explicar como implementar essa técnica na sua lavoura a seguir!

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O que é Agricultura de Precisão (AP)?

O termo Agricultura de Precisão (AP) surgiu no começo da década de 1980, nos Estados Unidos. No entanto, a prática de seus conceitos fundamentais já são utilizadas há muito mais tempo.

Para ser mais exato, desde o século passado alguns agricultores já gerenciavam suas lavouras de forma localizada. Nessa época, a aplicação de calcário era o “carro-chefe”.

O termo AP possui várias definições feitas pelos mais diversos pesquisadores e estudiosos da área.

Mas o conceito fundamental é que as lavouras não são uniformes, necessitando de formas de manejo que explorem essas diferenças encontradas em cada talhão, tirando proveito econômico disso.

o que é agricultura de precisão e seus benefícios

Você pode conferir aqui o infográfico completo sobre o que é agricultura de precisão, incluindo as fontes dessas estatísticas.

A Agricultura de Precisão não é uma tecnologia única, mas sim um sistema de gestão.

A AP pode ser considerada como um conjunto de muitos componentes. Dos quais produtores podem selecionar para formar um sistema que atenda às suas necessidades (Reza Ehsani, Prof.ª na UF/IFAS – Estados Unidos).

A AP é um sistema que fornece conhecimento para melhorar a tomada de decisões.

E, se usado corretamente, pode contribuir para reduzir o desperdício, aumentar os lucros e proteger o meio ambiente.

Se você ficou gostou do assunto e quer se aprofundar ainda mais, aprenda com estes:

>> 3 cursos de Agricultura de Precisão grátis (+ graduação e pós graduação que você pode fazer).

Agora que você já sabe melhor o que é agricultura de precisão, vou falar como usar as ferramentas certas para obter excelentes resultados.

Onde usar ferramentas de agricultura de precisão na fazendas e na pré safra?

Primeiro, entenda quais são as necessidades da sua fazenda.

Um dos principais benefícios do uso da AP está no aumento da eficiência na utilização dos insumos.

A AP faz com que sejam utilizadas as quantidades necessárias de insumos para sua lavoura, no momento certo e no lugar certo.

E é claro que isso vai depender do nível de produção que você deseja atingir, já que (em geral) produções elevadas utilizam mais insumos.

No entanto, lembre-se que existe um limite de alta produtividade que realmente resulta em lucro para o produtor (ponto de equilíbrio).

Confira como um software de gestão agrícola pode te ajudar a ter o ponto de equilíbrio da sua safra.

aegro

Com isso, temos o uso de insumos mais eficiente e de forma mais racional. Assim é possível evitar contaminações ambientais, lixiviações de nutrientes e redução de custos de produção.

Você pode economizar e utilizar menos insumos, mas não vou te enganar: esteja ciente que em alguns casos há o aumento do uso de insumos, seja para aumentar as produtividades e os ganhos, e/ou para suprir as necessidades do solo.

Isso porque você pode estar utilizando mais insumos ou menos do que o necessário e a AP vem para ajustar no entendimento dessas relações.

Como já tratamos o que é agricultura de precisão, vou falar agora sobre a AP no cenário brasileiro e mundial.

Agricultura de precisão no Brasil e no Mundo

A agricultura de precisão vem crescendo a cada dia no Brasil e no mundo.

agricultura de precisão no Brasil

Você pode conferir aqui o infográfico completo sobre o que é agricultura de precisão, incluindo as fontes dessas estatísticas

No Brasil, por volta de 70 a 80% dos usuários de AP a utilizam na análise e preparação do solo.

Isso indica a grande importância dada aos produtores brasileiros na aplicação de fertilizantes e corretivos em taxa variável.

Na minha visão, esses números podem ser provenientes de dois fatores: o grande impacto que esses insumos produzem nas contas das propriedades e pela grande difusão da AP para esses fins no Brasil.  

A regulagem de equipamentos e plantio aparecem como terceiro e quarto lugar nas atividades em que é utilizado AP pelos agricultores brasileiros segundo o infográfico.

Não é preciso ir muito a fundo nessa questão.

Realizar a regulagem ou o plantio corretamente não são práticas simples e requerem anos de experiência, além de profissionais capacitados para sua realização.

O que é Agricultura de Precisão: Monitoramento da lavoura

Dentre as atividades em que menos utilizam a AP estão coleta e análise de dados do plantio e monitoramento da lavoura.

Não pode ser coincidência com o que eu vejo constantemente no campo: imensa preocupação com o plantio e com a colheita, mas nem tanto assim durante a condução da lavoura.

Na época de plantio e colheita é comum ver os produtores no campo dia sim e outro também. Porém, durante o ciclo das plantas, essa frequência é diminuída.

É claro que o plantio e a colheita são os pontos vitais.

Mas, convenhamos, saber o que ocorre na lavoura durante toda a safra também é importante. E creio que a AP pode tornar isso muito mais simples e fácil.

Para conferir uma maneira mais simples, segura e prática de monitorar sua fazenda, veja este vídeo:

Como você pode perceber, temos desuniformidade nos campos. Ou seja, o campo e sua lavoura não é igual em toda sua extensão.

E, por meio da AP, os produtores podem explorar essas manchas da melhor maneira possível.

Às vezes, na mesma fazenda existem regiões de maior potencial produtivo e outras de menor potencial. O grande lance é saber cultivar e fazer ambas as regiões gerarem lucro.

Mas como faço para uma região de baixo potencial produtivo gerar lucro?

Existem várias maneiras de explorar as regiões de baixo potencial:

  • reduzir os custos investidos naqueles talhões de baixo potencial;
  • redistribuir os insumos das áreas de baixa para áreas com maiores potenciais;
  • reduzir o número de amostragens de solo nestes talhões;
  • plantar outra cultura menos exigente ou mais adaptada às condições daquele talhão;
  • reservar tais talhões para APP ou reserva legal.

Vale ressaltar que as regiões de baixo potencial devem ser avaliadas com cautela. Apenas um ano de produtividade baixa não torna uma região em área de baixo potencial.

É necessário verificar qual é o problema.

Se não for por falta de água ou de insumos e sim coisas que não podemos mudar em tempo hábil (como textura, profundidade do solo e outros), você pode seguir meus conselhos anteriores.

Preciso de equipamentos caros para praticar AP?

Essa pergunta é clássica quando o assunto é Agricultura de Precisão.

Já ouvi centenas de vezes ao visitar os mais diversos produtores, estando eles produzindo 200 hectares ou 10.000 hectares.

“Agricultura de Precisão não é pra mim, é muito cara! Sou pequeno produtor!”

equipamento de agricultura de precisão

Como a Agricultura de Precisão é utilizada no maquinário agrícola pelos produtores brasileiros

É evidente que os produtores já sabem que existem determinados locais em sua lavoura que todo ano produzem mais.

A AP está relacionada à utilização massiva de informações que podem ser obtidas de cada propriedade.

Ninguém sabe mais sobre o que acontece em suas terras que o próprio produtor, que na maioria dos casos, cultiva nos mesmos locais há anos.

Em pequenas propriedades, a Agricultura de Precisão pode ser realizada por um gestor mais criterioso, que simplesmente relata tudo o que ocorre dentro da propriedade.

Assim ele já sabe quais talhões tem maior potencial produtivo.

Com tais informações, esse gestor toma decisões mais assertivas quanto a adubações e tratos culturais.

Isso também é AP! E um exemplo de sua aplicação sem investir dinheiro em equipamentos caros.

Fazendas maiores trabalham com escalas de produção maiores. Então, a divisão em zonas de manejo mais produtivas se torna um pouco mais trabalhosa.

Nesses casos, podem ser analisados mapas de colheita, mapas de índice de vegetação, mapas de textura de solo, condutividade elétrica e outras informações disponíveis.

Veja como escolher um software de agricultura de precisão neste artigo: “Software para Agricultura de Precisão: O guia definitivo para escolher um”.

Monitoramento da variabilidade das culturas

O mapeamento da produtividade das lavouras, obtido por meio dos mapas de colheita pode ser considerado o primeiro passo para implantação da AP nas fazendas.

Em grandes extensões cultivadas, onde a colheita manual já caiu em desuso, a forma de identificar regiões mais produtivas é com o mapa de colheita.

Ele é um excelente apontador da variabilidade presente na área.

mapa-produtividade

(Fonte: Molin e Mascarin)

Mapas de anos anteriores podem auxiliar no planejamento da pré safra.

O que os mapas obtidos com a utilização de AP podem mostrar aos produtores?

  • Resposta real da cultura frente ao manejo utilizado;
  • Identificação de zonas mais produtivas;
  • Visualização da lavoura como um todo;
  • Identificação de áreas limitantes à produção;
  • Possibilidade de utilização de tratamentos localizados;
  • Possibilidade de redução de custos e manejo diferenciado;
  • Identificação de pragas e doenças na lavoura;
  • Identificação de áreas com maior biomassa;
  • Saúde da vegetação;
  • Problemas com fertilidade;
  • Água no solo.

Atualmente, temos o avanço da utilização de satélites e sensores na agricultura.

Eles podem estar acoplados às máquinas agrícolas, drones, motocicletas, quadriciclos e mesmo serem carregados por meio de dispositivos móveis ou aplicativos de celulares.

Dessa forma, com os mapas em mãos, os agricultores podem investigar o campo. É possível identificar problemas como pragas e doenças, fertilidade dos solos, áreas compactadas, áreas com problemas de água etc.

Porém o monitoramento e amostragens a campo de áreas da lavoura são essenciais.  

Lembrando que o monitoramento da lavoura também é a base do Manejo Integrado de Pragas, além de ser fundamental para seu planejamento agrícola.

O que é Agricultura de Precisão: Como fazer o planejamento de amostragem

Com o auxílio das amostragens e conceitos de Agricultura de Precisão, os produtores tentam representar um todo de seus talhões, analisando apenas uma porção dele.

A amostragem podem ser utilizada para avaliar diversos atributos na agricultura.

Podem ser atributos físicos ou químicos do solo, pragas e doenças das lavouras, estado nutricional das culturas, entre outras.

Aqui vamos focar nas amostragens de solos para posteriormente realizar uma aplicação localizada de insumos.

Os  produtores que possuírem mapas de colheita, mapas de condutividade elétrica do solo, mapas de biomassa da vegetação, podem utilizá-los para planejar suas amostragens.

O ideal é sempre tentar verificar regiões onde estão presentes as maiores diferenças nos atributos.

Abaixo segue uma mapa de planejamento da amostragem direcionada com base em um mapa de colheita.

mapa de produtividade em agricultura de precisão

(Fonte: Boletim Técnico 2 LAP)

Amostragem em grade regular para Agricultura de Precisão

Na AP, as amostragens são georreferenciadas.

Ou seja, é possível a localização do ponto amostrado e o processamento destas informações pode ser realizado e visualizado em softwares de AP.

Existem diversas maneiras de planejar a amostragem em nossas propriedades, a mais comum é a amostragem em grade.

A grade pode ser definida segundo informações que os produtores possuem de suas propriedades, zonas de manejo ou grade regular.

No Brasil, a amostragem mais utilizada é a em grade regular. É normalmente realizada com uma amostra composta a cada 3 a 5 hectares e em alguns casos ainda maior.

grades de amostragem em agricultura de precisão

(Fonte: Boletim Técnico 2 LAP)

Esse é um assunto que gera grandes discussões, especialmente quanto ao número e forma de caminhamento nas amostragens.

A comunidade acadêmica de AP preza por densidades amostrais de no mínimo 1 amostra a cada 2 hectares.

A comunidade norte americana já trabalha, na maioria dos casos, com 1 amostra por hectare.

Malhas amostrais maiores podem não representar os atributos dentro dos talhões, como apresentado no trabalho científico neste link.

O que é agricultura de precisão: Densidade amostral 

Em cada ponto deve ser amostrado várias subamostras em um raio de 1 a 5m.

O número de subamostras também varia de acordo com cada fazenda ou empresa que presta o serviço, normalmente temos de 6 a 15 subamostras.

pontos-amostrais

(Fonte: Embrapa)

A densidade amostral é muito importante para o posterior processamento das informações e criação dos mapas que melhor representem os nossos talhões.

interpolação-ap

(Fonte: Boletim Técnico 2 LAP)

A grade amostral e toda a parte de processamento das informações podem ser criadas com a utilização de softwares de Agricultura de Precisão.

>> Leia mais: “Drones e agricultura de precisão: 8 Pontos para você considerar”

guia - a gestão da fazenda cabe nos papéis

Conclusão

Agora você já sabe o que é agricultura de precisão e como implementá-la.

A Agricultura de Precisão tem como fundamento o manejo diferenciado das lavouras. Para isso acontecer, existem muitas ferramentas que podem ser incorporadas em sua propriedade.

Um bom planejamento, incluindo a AP, é indispensável para reduzir os custos e explorar o máximo potencial de nossas lavouras.

Através desse artigo você conheceu a Agricultura de Precisão e como ela pode ajudar na sua lavoura.

Agora cabe a você buscar soluções e ferramentas que melhor se adaptem ao seu sistema de manejo.

Utilizar todas as informações disponíveis é a melhor forma de planejar e não cometer os mesmos erros de manejos anteriores.

>> Leia mais:

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Mapas de produtividade na agricultura de precisão: Como otimizar seus insumos

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Restou alguma dúvida sobre o que é Agricultura de Precisão e como ela pode te ajudar na fazenda? Você já utiliza algumas das ferramentas que mencionei? Adoraria ver seu comentário abaixo.