Guia de Plantio 2025: Planeje sua Safra por Região

Começar a safra com o pé direito exige planejamento, não é mesmo? Mas você sabe qual a melhor época para plantar na sua região?

O Brasil tem uma diversidade climática enorme e o que funciona bem para uma lavoura no sul, pode não ser adequado para o nordeste ou o centro-oeste.

É justamente aqui que entra a importância de um Guia de Plantio regional, que funciona como um mapa, orientando sobre as melhores datas para semear, considerando as condições climáticas e os riscos do seu município.

Ignorar as particularidades regionais e as recomendações técnicas pode levar a perdas na produção, impactando o seu bolso.

Por isso, vamos entender como usar as informações corretas a seu favor e transformar o planejamento em um diferencial para o sucesso da sua lavoura.

Por que o guia de plantio varia no Brasil?

O Brasil é um país muito grande, com diferentes tipo de solo, clima e quantidade de chuva.

Por isso, não dá para usar a mesma recomendação de plantio para uma lavoura em Roraima e outra no Rio Grande do Sul — cada região tem suas próprias necessidades.

É comum que alguns locais tenham longos períodos de estiagem, enquanto outros sofrem com excesso de chuvas e temperaturas médias muito distintas em cada localidade.

Para ajudar o produtor a lidar com as mudanças do clima e plantar com menos risco, o Ministério da Agricultura criou Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC).

O ZARC indica as melhores épocas de plantio para cada cultura, de acordo com as condições de clima e solo de cada município.

Com isso, você tem mais segurança para decidir quando plantar, reduzindo o risco de perder a safra por causa do clima.

O que é ZARC?

O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) é como um guia de plantio que ajuda a reduzir os riscos relacionados ao clima.

O ZARC indica os períodos mais seguros para plantar cada cultura em cada município do Brasil, com base em uma análise de dados climáticos, características do solo e exigências das plantas.

Ou seja, é um modo de entender quando é mais provável que a lavoura se desenvolva em boas condições, com menos risco de perdas por seca, excesso de chuva, geadas e outros problemas climáticos.

Seguir as orientações do ZARC é uma forma inteligente de fazer gestão de risco no campo.

Além de proteger a produção, é também um critério exigido para acessar políticas públicas importantes, como o Proagro e o seguro rural com subsídio do governo.

Guia de plantio por Região

O planejamento agrícola começa com uma análise regional, entender os fatores que mais influenciam o sucesso de uma safra e os principais desafios no campo.

Para simplificar, separamos tudo o que você deve saber no guia de plantio por região a seguir:

RegiãoClima Solos Culturas PrincipaisRecomendações / Janelas ZARCDesafios
SulSubtropical úmido; Estações definidas; Risco de geadas; Chuvas bem distribuídas (influência El Niño/La Niña).Férteis: Nitossolos, Latossolos, Argissolos. Planícies: Gleissolos, Planossolos (arroz).Soja, Milho (1ª safra), Trigo, Arroz, Cevada, Aveia, Feijão, Fumo, Uva, Maçã, Pecuária.ZARC essencial (geada, seca). Plantio Direto mandatório. Controle de erosão (nível, terraços). Agricultura de Precisão.Erosão hídrica severa. Riscos climáticos (geadas, veranicos).
SudesteTropical / Tropical de Altitude; Verão chuvoso, inverno seco; Risco de secas.Diversos: Latossolos, Argissolos (exigem correção); Nitossolos (férteis). Solos em relevo acidentado.Cana-de-açúcar, Café, Laranja (dominantes). Milho, Feijão, Soja, Hortifruti.Seguir calendário agrícola. Manejo da irrigação. Correção de solos (acidez, nutrientes ). Conservação do solo (erosão). Consultar ZARC para grãos.Crises hídricas. Degradação do solo (erosão, compactação). Competição por terra/água.
Centro-OesteTropical sazonal; Estação seca e úmida bem definidas.Predomínio de Latossolos (profundos, ácidos, baixa fertilidade natural).Soja, Milho (1ª e 2ª safra/safrinha), Algodão. Pecuária (ILPF), Cana-de-açúcar.Correção intensiva do solo (calagem, gessagem, adubação). ZARC crítico para soja e milho safrinha (janela curta). Manejo da safrinha (risco de seca). Plantio Direto (desafio da palhada).Dependência climática (janela safrinha). Manutenção da fertilidade. Logística.
NordesteDiversificado: Semiárido (maior parte, chuvas escassas/irregulares); Zona da Mata (úmida); Cerrado (MATOPIBA).Extrema variabilidade: Semiárido (rasos, pedregosos, Luvissolos, etc.); Áreas úmidas/Cerrado (Latossolos, Argissolos).Familiar/Sequeiro (Milho, Feijão, Mandioca). Irrigada (Frutas: Uva, Manga, Melão). Cerrado (Soja, Milho, Algodão).Adaptação por sub-região. Semiárido (convivência com a seca). Irrigadas (manejo água/salinidade). Cerrado (correção solos). Manejo sustentável (matéria orgânica, sistemas integrados).Seca e irregularidade climática (Semiárido). Degradação solos (erosão, salinização). Acesso à água.
NorteEquatorial úmido; Altas temperaturas e chuvas; Período menos chuvoso variável.Predomínio de Latossolos e Argissolos (profundos, ácidos, baixa fertilidade natural). Várzeas (férteis, inundáveis).Pecuária bovina (extensiva). Soja e Milho (em expansão). Mandioca, Açaí , Castanha, Cacau, Dendê.Manejo da fertilidade (correção, adubação). Priorizar Sistemas Agroflorestais (SAFs) e ILPF. Controle de erosão. Evitar desmatamento. Consultar ZARC para grãos.Baixa fertilidade natural dos solos. Pressão por desmatamento. Logística precária.

Como transformar o guia de plantio em ações práticas na lavoura?

Com desafios de mudanças climáticas e as flutuações do mercado, os produtores precisam tomar decisões cada vez mais estratégicas.

O guia de plantio, que orienta sobre o melhor período para o cultivo e os cuidados necessários para cada safra, é algo que pode ajudar muito a partir de algumas ações, como:

  1. Defina a cultura: Escolha o que plantar com base na aptidão agrícola da sua região, oportunidades de mercado, estrutura e na necessidade de rotação de culturas para a saúde do solo;
  2. Consulte o ZARC: Acesse a portaria do ZARC específica para a cultura escolhida e o seu município. Identifique a janela de plantio que oferece o menor risco climático (idealmente a de 20%) para o tipo de solo predominante na sua área.
  3. Ajuste com previsões climáticas: Acompanhe as previsões climáticas de curto e médio prazo. Se a previsão indicar um período muito seco ou chuvoso logo no início da janela recomendada, ajuste a data de semeadura dentro dessa janela.
  4. Planeje as operações: Com a janela de plantio definida, organize todo o cronograma de operações da safra, incluindo compra de insumos, preparo do solo, maquinário e mão de obra;
  5. Projete a colheita: A data de plantio tem influência direta sobre a época da colheita. Use essa estimativa para planejar a logística de colheita e armazenamento da produção.
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Onde encontrar calendário agrícola 2025?

Existem vários lugares na internet com calendários que se baseiam em fases da lua ou em princípios biodinâmicos e que podem ser usados com o guia de plantio.

Para não seguir nenhum fonte errada, separamos uma lista de locais confiáveis para encontrar o calendário de plantio para sua região. Confira:

1. CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento)

É a referência principal para dados oficiais sobre a produção agrícola brasileira, estimativas de safra, informações de mercado e cronogramas de divulgação.

A CONAB publica regularmente o calendário de levantamentos das safras de grãos e outros produtos, indicando datas importantes para o setor ao longo do ano.

2. Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária)

É a principal instituição de pesquisa agropecuária do país e uma fonte muito grande de conhecimento técnico.

A Embrapa desenvolve e divulga tecnologias, recomendações de manejo para diversas culturas, informações sobre cultivares adaptadas a cada região, estratégias para manejo de pragas e doenças e práticas de conservação do solo e da água.

As publicações da Embrapa ajudam a entender o como plantar com mais eficiência e sustentabilidade, complementando o quando plantar indicado pelo ZARC.

3. MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária)

O MAPA atua através da divulgação das portarias do ZARC, definindo as janelas de plantio de menor risco climático.

Além disso, se responsabiliza por disseminar informações relacionadas à fitossanidade, controle de pragas e doenças, e práticas de manejo sustentável, visando a manutenção da saúde das lavouras e a segurança alimentar.

Através de suas portarias e diretrizes, o Ministério orienta sobre os melhores períodos para plantio, colheita e manejo, considerando as condições climáticas, as necessidades do mercado e os impactos ambientais.

4. Secretarias Estaduais de Agricultura e Entidades de Extensão Rural (Emater)

Órgãos como a Secretaria da Agricultura e as Ematers estaduais publicam informações adaptadas à realidade local.

Isso inclui boletins agrometeorológicos, notícias sobre o andamento do plantio e da colheita na região, e recomendações técnicas específicas.

Fontes secundárias, como blogs especializados, portais de notícias agrícolas e sites de empresas do agronegócio, podem ser úteis também.

Mas é sempre importante verificar se as informações apresentadas por essas fontes estão alinhadas e se baseiam nos dados das fontes oficiais (CONAB, Embrapa, MAPA).

Planejamento Regional, Colheita Ideal

Fica claro que utilizar um Guia de Plantio específico para a sua região não é apenas uma boa prática, mas sim uma estratégia inteligente e necessária para quem busca sucesso na agricultura.

O Brasil é diverso, e considerar as particularidades climáticas e de solo de cada localidade, com o apoio de ferramentas como o ZARC para reduzir riscos e otimizar o potencial produtivo da lavoura.

Fontes confiáveis como a CONAB, a Embrapa e o MAPA, complementadas pelas informações das Secretarias de Agricultura e Emater locais, são seus maiores aliados na hora de elaborar o planejamento da safra.

Além disso, consultar o calendário de plantio por região e seguir as recomendações técnicas adaptadas à sua realidade faz toda a diferença entre uma safra incerta e uma colheita bem-sucedida.

Lembre-se: investir tempo no planejamento, utilizando dados regionais e ferramentas adequadas, é investir na segurança, na sustentabilidade e na rentabilidade do seu negócio rural.

Mathias Bergamin

Engenheiro Agrônomo (UFRGS, Kansas State) e especialista de Novos Negócios na Aegro. Reconhecido como referência em Agricultura Digital, especialização em administração, gestão rural, plantas de lavoura.

O que são insumos agrícolas e como planejar a compra?

Os insumos agrícolas são parte fundamental dos sistemas produtivos de qualquer cultivo, seja ele anual ou perene. Eles servem para garantir a produtividade da cultura produzida por você.

Alguns exemplos de insumos agrícolas são sementes, adubos orgânicos e inorgânicos, inoculantes e agroquímicos. A compra deles é um passo essencial para o sucesso da sua safra e da sua empresa agrícola.

Neste artigo, saiba o que são insumos agrícolas e por que a compra e correta gestão deles é tão importante.

O que são insumos agrícolas?

Os insumos agrícolas são todos os recursos e materiais que você utiliza na sua produção agrícola, desde o preparo do solo até a colheita e o beneficiamento.

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), insumos agrícolas são todos os elementos usados no processo produtivo para nutrir, proteger e desenvolver as plantas.

Na prática, eles englobam tudo aquilo que contribui para viabilizar ou aprimorar a produção agropecuária, como defensivos agrícolas, fertilizantes, máquinas e implementos agrícolas e equipamentos.

Matéria-prima e insumos: Qual a diferença?

A matéria-prima é o material usado para fabricar um produto, como o milho na produção de ração ou o algodão na indústria têxtil.

Já o insumo é tudo que entra no processo produtivo, podendo ser um bem ou um serviço. Com isso, os insumos agrícolas podem ser classificados em três tipos:

  • Naturais (relacionados à matéria-prima);
  • De trabalho (mão de obra);
  • De capital (investimentos em bens e serviços).

Esses insumos geralmente se dividem em três grandes grupos, conforme sua origem e função: Biológicos, químicos/minerais e mecânicos.

Entender essas categorias facilita o planejamento, a escolha de tecnologias e o controle de custos, além de alinhar as decisões produtivas às demandas do mercado.

Tipos de insumos agrícolas 

Os insumos agrícolas podem ser mecânicos, biológicos e químicos, que são usados em momento diferentes no ciclo produtivo. Veja a seguir:

1. Insumos mecânicos 

Os insumos mecânicos envolvem todo o maquinário, implementos agrícolas, ferramentas e equipamentos utilizados na produção. Alguns exemplos desse tipo de insumo são:

  • Maquinário pesado: Tratores agrícolas, colheitadeiras, semeadeiras, plantadeiras, pulverizadores e sistemas de irrigação;
  • Implementos: Arados, grades, subsoladores e roçadeiras;
  • Sistemas de irrigação: Pivôs centrais, gotejamento e aspersão.

2. Insumos biológicos 

Os insumos biológicos são produtos derivados de fontes naturais, como microrganismos, plantas, animais ou seus subprodutos, como:

  • Sementes e mudas:
  • Adubos orgânicos;
  • Agentes de controle biológico.

Os inoculantes de sementes e os biofertilizantes são mais exemplos desse tipo de insumo que tem ganhado mais destaque nos últimos anos.

3. Insumos químicos/minerais 

Os insumos químicos/minerais são os produtos industrializados ou provenientes de material mineral. Historicamente, são a base de muitos sistemas de produção modernos.

Esse tipo de insumo inclui os defensivos agrícolas, como herbicidas, inseticidas e fungicidas sintéticos.

O calcário e os fertilizantes inorgânicos, como o cloreto de potássio e o superfosfato triplo também são exemplos de insumos químicos/minerais. 

Planilha de custos dos insumos da lavoura

Como planejar a compra de insumos agrícolas?

Para não comprometer a lucratividade da fazenda, é preciso planejar bem a compra de insumos agrícolas.

Isso porque os preços variam bastante a cada ano, influenciados por fatores como reajustes de mercado e flutuações do dólar.

A melhor forma de se proteger é antecipar a compra. Com planejamento, você define as quantidades necessárias, estabelece um teto de preços e aproveita melhores condições de negociação.

Além disso, pesquisar diferentes fornecedores e fazer cotações com antecedência também ajuda a economizar.

Outra boa prática é participar de grupos de compras ou cooperativas, que conseguem descontos por volume e centralizam negociações.

Muitos produtores vêm adotando o barter, uma estratégia que permite trocar parte da produção futura (como soja ou milho) pelos insumos da próxima safra.

Essa é uma forma de garantir os produtos mesmo sem ter capital disponível no momento da compra.

Ficar de olho no mercado financeiro e nas tendências de preços é fundamental para aproveitar o melhor momento de fechar negócio.

Importância dos insumos agrícolas para o agronegócio

Sem determinados insumos é impossível produzir. Por isso, conhecer o que será necessário para o bom desenvolvimento da sua lavoura é fundamental para disponibilizar os insumos no momento certo.

De modo geral, os insumos agrícolas garantem o bom desenvolvimento das plantas. Também auxiliam no controle de pragas, doenças e plantas daninhas, reduzindo perdas na lavoura. 

Eles são empregados tanto no sistema de produção agrícola convencional quanto no orgânico, de acordo com as características de cada um.

A utilização dos insumos corretos e de forma racional está diretamente relacionada ao crescimento da produção agrícola.

Projeções de custo para a safra 2025: O que esperar?

Os custos de insumos agrícolas devem seguir altos na safra 2025/26, exigindo ainda mais atenção e planejamento.

Mesmo com a previsão de crescimento do PIB do agronegócio, a rentabilidade pode ser afetada por fatores como câmbio, juros altos e preços internacionais.

Os fertilizantes continuam com preços altos, principalmente dos fosfatados. Apesar de quedas pontuais nos custos em março de 2025 para soja (-0,18%) e milho (-0,55%) no Mato Grosso, os valores ainda pesam no orçamento.

Os defensivos agrícolas também estão com aumento nos custos, mesmo com uma desaceleração do mercado. Em março, os gastos subiram para soja (+2,12%), milho (+0,86%) e algodão (+1,22%) no Mato Grosso.

Já as sementes têm variações. Para o milho de alta tecnologia, por exemplo, houve queda de quase 5% nos preços, ajudando a reduzir o custo total da cultura.

Diante de tudo isso, é preciso acompanhar o mercado e usar estratégias de compras antecipadas, barter e negociações coletivas para manter a competitividade da lavoura.

A média do mercado nem sempre reflete a realidade da sua fazenda, mas cada cultura e região tem suas particularidades.

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O que influencia os preços dos insumos em 2025?

Diversos fatores influenciam os custos dos insumos agrícolas. Para a safra 2025, a taxa de câmbio (Real vs. Dólar) é um dos mais relevantes, já que um boa parcela dos insumos agrícolas é importada ou tem seu preço dolarizado.

O acesso ao crédito rural também vai ter desafios desafios, mas com os juros altos previstos para 2025, o que encarece o financiamento da safra e a compra de insumos.

A situação se agrava com o aumento da inadimplência e dos pedidos de recuperação judicial no setor.

Além disso, o orçamento destinado a programas de apoio, como o seguro rural, é considerado insuficiente para atender à demanda.

O clima continua sendo uma variável de grande impacto, especialmente com La Niña ou El Niño impactando nas chuvas e as temperaturas, influenciando as janelas de plantio e colheita.

Eventos climáticos extremos, como excesso de chuvas ou secas prolongadas, podem não só prejudicar a produção, mas também complicar a logística de aplicação de insumos e escoamento da safra.

Neste caso, o melhor a se fazer, é acompanhar de perto as previsões climáticas para ajustar o planejamento .

Insumos agrícolas: Cenário global

O cenário global e a logística interna também pesam. As tensões geopolíticas atuais, principalmente entre Estados Unidos e China, podem trazer volatilidade aos preços das commodities, com possíveis benefícios indiretos para o Brasil, mas também riscos.

A demanda da China, principal comprador do agro brasileiro, e regulamentações internacionais, como a Lei Antidesmatamento da União Europeia (EUDR), são fatores de atenção.

Com a expectativa de safras volumosas, os custos de frete podem aumentar nos períodos de pico, a capacidade de armazenamento e dos portos pode ficar sobrecarregada, impactando a eficiência e os custos do produtor .

Bioinsumos: Um oportunidade da agricultura sustentável

Uma das tendências mais fortes e consolidadas para a safra 2025 é o crescimento dos bioinsumos.

O Brasil se destaca nesse cenário, com projeções indicando um aumento de cerca de 13% na área potencial tratada com produtos biológicos na safra 2024/2025, ultrapassando a marca de 155 milhões de hectares.

Esse avanço reflete a busca por alternativas mais sustentáveis e, em muitos casos, economicamente vantajosas, que complementam os insumos químicos tradicionais, reduzindo custos de produção.

O crescimento do mercado brasileiro de bioinsumos se destacado, especialmente pela variedade disponíveis para diversas finalidades, como:

  • Biofertilizantes: Melhoram a absorção de nutrientes, agentes de bionutrição, produtos para controle biológico de pragas e doenças.
  • Bioestimulantes: Ajudam as plantas a resistir a estresses e a melhorar a eficiência no uso de nutrientes.

A inovação contínua nesse setor e a exploração do manejo sinérgico, que combina estrategicamente o uso de produtos biológicos e químicos, são vistas como oportunidades para potencializar o controle de problemas fitossanitários

Como um software de gestão agrícola ajuda com os insumos agrícolas?

A melhor forma de planejar a compra de insumos agrícolas é analisando dados das safras anteriores, relacionando o uso de fertilizantes e agroquímicos com a produtividade obtida.

A partir disso, você consegue entender se houve falta, excesso ou uso adequado dos produtos.

Os softwares de gestão rural, como o Aegro, são tecnologias que ajudam nisso, oferecendo uma visão clara dos estoques, planejamentos e resultados.

Com poucos dados inseridos, é possível gerar relatórios por área cultivada, acompanhar metas, controlar fornecedores, locais de armazenamento e histórico de movimentações.

Ferramentas desse tipo, são capazes de diminuir a carga de trabalho na administração na fazenda e ajudam a economizar com mais eficiência na gestão dos insumos.

banner com fundo, com um notebook no lado direito e texto no lado esquerdo, convidando para uma demonstração no software Aegro

Mathias Bergamin

Engenheiro Agrônomo (UFRGS, Kansas State) e especialista de Novos Negócios na Aegro. Reconhecido como referência em Agricultura Digital, especialização em administração, gestão rural, plantas de lavoura.

Como o manejo da água ajuda no início da lavoura?

Começar bem a lavoura faz toda a diferença para o andamento da safra e a água é um dos principais fatores nesse início.

Garantir que as plantas recebam a quantidade certa, na hora certa, é o que vai fazer a diferença no desenvolvimento do plantio.

Muitos produtores só se preocupam com a irrigação quando a planta já está desenvolvida, mas os primeiros dias são os mais sensíveis.

Um manejo eficiente da água nesse momento define grande parte do potencial produtivo da cultura.

Entender as necessidades hídricas desde o começo é o primeiro passo para uma lavoura mais saudável, produtiva e eficiente.

Por que os primeiros dias da planta pedem atenção especial com a água?

Plantas recém-germinadas ou mudas que acabaram de ser transplantadas, ainda estão formando seu sistema de raízes.

Com raízes pequenas e concentradas na superfície, elas exploram um volume muito limitado de solo.

Isso as torna vulneráveis à falta de umidade justamente nessa camada mais superficial, onde as alterações climáticas podem mudar rapidamente com o sol e o vento.

A água é a forma como as plantas absorvam os nutrientes do solo e realizem a fotossíntese, processos que impulsionam todo o crescimento inicial.

Ou seja, a falta de água, mesmo que por períodos curtos nesses primeiros dias, pode causar um estresse severo, diminuindo o vigor ou levar à morte das plântulas.

Além disso, cada cultura reage de uma forma diferente à disponibilidade de água nos estágios iniciais.

Água nas fases iniciais de culturas

1. Soja

Tanto o excesso quanto a falta de água durante a germinação e emergência podem desuniformizar o nascimento das plantas.

A semente precisa absorver uma quantidade significativa de água, no mínimo 50% do seu peso, para germinar bem.

Para o preparo do solo ideal na cultura, é preciso manter o teor de água no solo entre 50% e 85% da água disponível máxima nessa fase crítica da soja.

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2. Milho

No milho, durante a pré-emergência (antes da planta sair do solo), é preciso que a camada superficial do solo, onde a semente foi depositada, esteja sempre úmida.

Embora as fases onde a falta de água causa maiores perdas de produtividade venham depois, um bom estabelecimento inicial, que depende dessa umidade na germinação, é a base para todo o ciclo.

3. Culturas perenes

Em culturas perenes como os citros, os períodos de brotação, emissão de botões florais e o início do desenvolvimento dos frutos são mais sensíveis.

A falta de água nessas fases pode provocar a queda de flores e frutos jovens, impactando diretamente a produção.

A demanda de água aumenta conforme a planta cresce, passando de uma média de 4,7 L/dia no segundo ano para 46,5 L/dia no quinto ano após o plantio.

Além dessas informações, é importante lembrar que o estresse hídrico inicial, mesmo que não mate a planta, pode deixar marcas ocultas.

Ao comprometer o desenvolvimento das raízes ou o vigor, a planta pode ter dificuldades em absorver água e nutrientes mais tarde, limitando seu potencial produtivo final. Isso mostra o quanto o manejo da água é importante.

Como saber a hora certa e a quantidade ideal de água para as mudas?

A resposta varia conforme o tipo de solo, a cultura, as condições climáticas e o estágio de desenvolvimento da planta.

O objetivo do manejo da água é manter a umidade do solo, na zona onde as raízes estão ativas, dentro de uma faixa ideal, que é acima do Ponto de Murcha Permanente e abaixo da saturação.

O ideal é sempre manter a umidade próxima da capacidade de campo. Para isso, você pode usar alguns métodos, como:

1. Teste do tato-aparência

Uma forma bastante simples, rápida e praticamente sem custo para ter uma ideia da umidade do solo, é usar as próprias mãos.

Basta coletar uma pequena amostra de solo na profundidade onde as raízes das suas mudas estão (geralmente nos primeiros 15-20 cm) e apertá-la na mão.

A forma como o solo se comporta e sua aparência dão pistas sobre a necessidade de irrigação.

Se o solo estiver solto, esfarelando ao ser apertado e com uma coloração mais clara, é sinal de que está seco e precisa irrigar.

Mas se mantiver a forma ao ser apertado, sem ficar totalmente firme ou liberar água, com uma cor mais escura que o solo seco, ele está úmido. Neste caso, a irrigação pode ser necessária em breve.

Ou se formar uma bola bem firme, brilhante, e talvez até soltar um pouco de água ao ser apertado com força, o solo está muito molhado. Se isso acontecer, você não se deve irrigar, pois água em excesso pode prejudicar as raízes.

2. Sensores e monitoramento preciso

Para quem busca mais controle e dados objetivos, a tecnologia os sensores de umidade do solo podem ajudar no manejo da água.

Instalados em pontos estratégicos da lavoura, os sensores medem o conteúdo de água no solo e podem ser conectados a sistemas de irrigação inteligentes.

Além dos sensores de solo, outras tecnologias podem compor a irrigação otimizada, como:

  • Estações meteorológicas: Fornecem dados climáticos para estimar a perda de água do solo e da planta para a atmosfera;
  • Telemetria: São sistemas que monitorar os sensores e até acionar a irrigação remotamente, usando celular ou computador;
  • Drones com câmeras especiais (térmicas/multiespectrais): Sobrevoam a lavoura e identificam, pela temperatura das folhas ou por índices de vegetação, áreas que estão começando a sofrer com estresse hídrico.

3. Estimando a quantidade

Saber quando irrigar é importante, mas também é preciso estimar quanto irrigar. Algumas fontes técnicas oferecem orientações práticas.

Uma cartilha da Embrapa sobre irrigação de baixo custo, por exemplo, traz tabelas com tempos diários de irrigação para culturas como feijão-caupi, milho, mandioca, melancia, banana e mamão.

Esses tempos variam conforme a idade da planta, o mês do ano e o tipo de sistema usado.

As tabelas servem como referência inicial, mas os tempos devem ser ajustados conforme as condições específicas da sua lavoura.

Em sistemas como a produção de MPB de cana-de-açúcar, a irrigação pode ser calculada com precisão a partir da ETo medida por estações meteorológicas e ajustada ao ambiente do viveiro.

Mãos segurando uma porção de solo úmido e escuro, representando a importância da umidade adequada no solo para o desenvolvimento das plantas.

Qual o melhor sistema de irrigação para o início da lavoura?

A escolha do sistema de irrigação otimizada é um passo determinante para a eficiência do manejo da água, e isso é ainda mais verdadeiro quando falamos de mudas e plantas jovens.

Nessa fase, o ideal é conseguir aplicar a água de forma precisa, direto na zona onde as pequenas raízes estão se desenvolvendo, em quantidades menores e, se necessário, com maior frequência. Entenda:

Sistemas de irrigação localizada

Os sistemas de irrigação localizada são os mais indicados para os estágios iniciais, pois atendem bem a esses requisitos.

A principal característica, definida pela Embrapa, é molhar apenas uma parte da área, concentrando a água onde é mais necessária e economizando o recurso. Neste sentido, os tipos mais comuns são:

Gotejamento: Aplica água em gotas diretamente no solo, próximo às plantas. É um método com mais de 90% de aproveitamento, economizando água e energia, por molhar apenas uma faixa estreita e reduz ervas daninhas entre as linhas.

É ideal para hortaliças, fruteiras e culturas em linha, além de ser ótimo para fertirrigação, exigindo água limpa e boa filtragem para evitar entupimentos.

Microaspersão: Parecido com o gotejamento, o sistema de microaspersão usa emissores que espalham a água em forma de uma chuva fina e localizada.

Tem boa eficiência (80% a 90%) e é comum em fruteiras, hortaliças e viveiros. Sua principal vantagem é ser menos propenso a entupimentos, exigindo filtragem menos rigorosa.

Opções de baixo custo para irrigação localizada

Pensando na agricultura familiar ou em situações onde o investimento inicial precisa ser menor, existem alternativas mais acessíveis dentro da irrigação localizada, como:

Mangueiras perfuradas (tipo “santeno” ou similar): São mangueiras flexíveis com pequenos furos feitos a laser ou mecanicamente, que liberam a água ao longo da linha.

São mais baratas que o gotejamento convencional, mas com menor eficiência e uniformidade.

Ainda assim, oferecem irrigação localizada e são uma opção prática para pequenos produtores. A Embrapa, inclusive, traz sugestões de tempo de irrigação para esse sistema

Sistema “Xique-xique”: É uma versão ainda mais simples e artesanal, onde o próprio agricultor faz pequenos furos (1 a 2 mm) na tubulação lateral.

O custo é mínimo, mas a eficiência e a uniformidade são baixas (em torno de 67%), e o risco de entupimento dos furos é alto.

Irrigação por sulcos: Usa canais abertos ao lado das plantas, com água correndo por gravidade. É um método de baixo custo e simples, mas com menor eficiência, devido a perdas por infiltração e evaporação.

Também é mais difícil controlar a quantidade exata de água, o que pode ser um risco nas fases iniciais da lavoura.

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Como economizar água no começo do cultivo?

O manejo sustentável da água na agricultura não se resume apenas a escolher o sistema de irrigação certo e aplicar no momento correto.

Tão importante quanto isso, é adotar práticas que ajudem a conservar a água que já está presente no solo ou que chega através da chuva.

Essas práticas reduzem a evaporação, melhoram a infiltração e aumentam a capacidade do solo de armazenar água.

Tudo isso contribui para diminuição da dependência da irrigação e tornando todo o manejo da água e o sistema produtivo mais resiliente, especialmente em períodos de seca.

Cobertura do solo

Manter o solo coberto é uma das formas mais eficazes de conservar a água. Isso pode ser feito com palhada da safra anterior ou materiais como capim seco e serragem. A prática, conhecida como mulching, traz vários benefícios:

  • Reduz a evaporação, protegendo o solo do sol e do vento;
  • Melhora a infiltração, evitando a crosta superficial que dificulta a entrada da água;
  • Controla a temperatura do solo, mantendo-o mais estável;
  • Suprime ervas daninhas, que competem por água e nutrientes;
  • Melhora o solo ao longo do tempo, aumentando a matéria orgânica e a capacidade de retenção de água.

A cobertura do solo é um princípios da Agricultura Conservacionista, recomendada para regiões como o Cerrado, mas com bons resultados em todo o Brasil.

Plantio direto e preparo reduzido

Evitar o revolvimento excessivo do solo é uma das práticas para conservar e ter uma melhor manejo da água.

Ações como arações e gradagens frequentes destroem a estrutura do solo, comprometem os canais naturais de infiltração e aceleram a perda de matéria orgânica, reduzindo a saúde do solo e a retenção água.

Dentro disso, o Sistema Plantio Direto (SPD) coloca em prática com três princípios:

  1. Solo sem revolvimento (o plantio é feito sobre a palhada);
  2. Cobertura permanente do solo;
  3. Rotação de culturas.

É um dos sistemas mais eficientes para conservar água e solo, com benefícios também ambientais e econômicos.

Mesmo que não seja possível adotar o SPD completo, reduzir o preparo já ajuda a preservar a umidade e a qualidade do solo.

Outras práticas que ajudam a conservar água

  • Plantio em nível (ou em contorno): Seguir as curvas de nível do terreno ajuda a frear o escoamento da água, favorecendo a infiltração e reduzindo a erosão;
  • Terraceamento: Terraços funcionam como barreiras físicas que retêm a água da chuva, permitindo que ela infiltre aos poucos no solo;
  • Rotação de culturas: Alternar culturas com diferentes tipos de raízes melhora a estrutura do solo em várias camadas, tornando mais poroso;
  • Controle de tráfego: Restringir o tráfego de máquinas evita a compactação, facilitando a entrada e retenção de água.

Combinação que potencializa os resultados

A escolha do sistema de irrigação e as práticas de conservação de água no solo se complementam.

Um solo bem manejado, coberto com palhada e com boa estrutura, absorve e retém melhor a água da irrigação, aumentando a eficiência do sistema e economizando em volume e frequência de aplicação.

Essas práticas também geram economia além da água: menos plantas daninhas reduzem o uso de herbicidas, menor erosão e lixiviação evitam perdas de fertilizantes, e solos mais saudáveis tendem a ser mais produtivos.

No Aegro, você pode registrar e acompanhar essas práticas, facilitando a análise dos impactos no rendimento da lavoura e no uso dos recursos.

Isso ajuda a planejar melhor, fazer escolhas mais estratégicas sobre o manejo de água e o futuro da propriedade.

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Mathias Bergamin

Engenheiro Agrônomo (UFRGS, Kansas State) e especialista de Novos Negócios na Aegro. Reconhecido como referência em Agricultura Digital, especialização em administração, gestão rural, plantas de lavoura.

Estratégia de Plantio: Lições para uma safra de sucesso

O último ano agrícola trouxe uma série de desafios para o produtor rural brasileiro, que apenas uma boa estratégia de plantio é capaz de ajudar.

Houve a presença de um clima mais imprevisível, marcado por eventos extremos, como as inundações no RS, períodos de seca e calor intenso em outras regiões.

Somado a isso, as flutuações do mercado e a pressão crescente nos custos de produção, exigem ainda mais atenção.

Não por acaso, a produção agrícola geral no Brasil em 2024 apresentou uma queda em comparação com 2023.

Diante de tudo isso, desenhar uma estratégia de plantio eficiente não é apenas uma opção, mas uma necessidade.

Como fazer um bom planejamento de plantio?

Um bom planejamento de plantio começa antes da semeadora entrar no campo. O primeiro passo é analisar os sucessos, os erros e os problemas que aconteceram nas últimas safras.

Questionar quais áreas tiveram melhor desempenho, onde a produtividade ficou abaixo do esperado ou quais pragas ou doenças causaram mais dor de cabeça, também devem entrar na análise.

Busque conhecer o histórico detalhado da área de plantio, como as correções de solo feitas, sistemas de cultivo anteriores e defensivos aplicados. Tudo isso ajuda a antecipar desafios e otimizar o manejo.

Com base nisso, você pode começar a montar uma estratégia de plantio com dados confiáveis, envolvendo:

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Estratégias de plantio: Planejamento financeiro

Dentro das estratégias de plantio, o planejamento financeiro não pode ficar de fora, já que é importante avaliar a saúde financeira da fazenda (investimentos, dívidas, fluxo de caixa).

Junto disso, é preciso analisar as perspectivas do mercado para as culturas que você pretende plantar, bem como os preços esperados para os insumos.

A tendência de racionalização de custos, impulsionada por margens mais apertadas, torna essa análise ainda mais relevante.

Com base nesse diagnóstico, crie um orçamento detalhado, especificando como os recursos serão alocados em cada etapa do manejo, desde a compra de sementes até a colheita.

Apenas com isso feito, o planejamento de plantio pode entrar em ação, mas acompanhado do plano operacional e o cronograma agrícola.

O plano operacional detalha cada atividade, especificando os insumos necessários e a mão de obra envolvida.

Já o cronograma agrícola estabelece as datas ou janelas ideais para cada etapa: preparo do solo, plantio, adubação, pulverizações e colheita.

O planejamento de plantio é uma maneira de aumentar a produtividade em condições ideais, sendo usado como uma ferramenta de gestão de riscos.

Diante da crescente volatilidade climática e das pressões de custos, cada etapa funciona como uma medida proativa para mitigar incertezas.

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Checklist da Estratégia de Plantio

Etapa do PlanejamentoDescrição
Análise da Safra AnteriorIdentificar erros, problemas e sucessos para aprender e ajustar.
Histórico da ÁreaConhecer manejo passado, pragas/doenças comuns, correções de solo.
Planejamento com DadosBasear decisões em análise de solo, dados climáticos, mapas, relatórios.
Definição de MetasEstabelecer objetivos claros (produtividade, custos, manejo, qualidade).
Análise FinanceiraAvaliar saúde financeira da fazenda e perspectivas de mercado/custos.
Orçamento DetalhadoEspecificar gastos previstos para cada etapa do manejo.
Plano OperacionalDetalhar o quê, como, quando fazer cada operação, incluindo insumos e mão de obra.
Cronograma AgrícolaDefinir datas/janelas para as principais atividades da lavoura.
Avaliação TecnológicaVerificar quais tecnologias podem otimizar o planejamento e a execução.

Quais tecnologias ajudam na estratégia de plantio?

O uso da tecnologia é uma estratégia de plantio que pode fazer muita diferença, permitindo uma uma forma de agir mais precisa.

A agricultura de precisão, por exemplo, deixou de ser uma tendência e virou uma realidade em muitas propriedades, melhorando cada etapa do cultivo.

Entre essas tecnologias que estão ganhando espaço, podemos destacar:

  • Drones: Usados para monitoramento das lavouras, identificação de falhas de plantio, áreas com estresse hídrico ou ataque de pragas;
  • Sensores de solo e clima: Coletam dados em tempo real sobre umidade, temperatura, níveis de nutrientes, ajudando a tomar decisões mais assertivas sobre irrigação e adubação;
  • Sistemas de navegação por satélite (GPS): Ajudam no piloto automático de máquinas, plantio em linhas precisas e aplicação localizada de insumos;
  • Inteligência Artificial (IA): Analisa grandes volumes de dados (climáticos, de solo, de imagens) para gerar recomendações, prever riscos e otimizar o manejo;
  • Plataformas de gestão agrícola: Softwares de gestão rural e aplicativos, como o Climate FieldView™ ou soluções baseadas em satélite , integram dados de fontes diferentes, geram mapas de produtividade, diagnósticos da saúde da lavoura e até prescrições para aplicação de sementes e fertilizantes em taxa variável.

Os benefícios dessas tecnologias estão relacionados ao aumento da produtividade, uso mais eficiente de recursos como água e fertilizantes e melhoria na qualidade final da colheita.

Como aplicar uma estratégia de recuperação no plantio?

Os desafios climáticos são uma realidade cada vez mais presente na agricultura brasileira.

Eventos como as enchentes devastadoras no Rio Grande do Sul em 2024, os longos períodos de estiagem e ondas de calor reforçam a necessidade de construir lavouras mais resilientes.

Uma estratégia de plantio para recuperação eficaz combina ações emergenciais com práticas de manejo de longo prazo. Veja:

Após eventos extremos: Enchentes

Quando as águas baixam ou a seca severa passa, a recuperação do solo exige algumas cuidados e técnicas específicas, como:

  1. Avaliação detalhada: Para avaliar a extensão dos danos, mapear as áreas afetadas por erosão ou deposição de sedimentos, além de verificar a presença de restos vegetais, lixo ou entulho;
  2. Limpeza e manejo de sedimentos: Remova os detritos que não puderem ser misturados ao solo. Sedimentos com menos de 10 cm podem ser incorporados com aração ou gradagem. Já camadas mais espessas devem ser espalhadas para reduzir a espessura ou descartadas em locais adequados. Evite máquinas pesadas em solo úmido para não causar compactação;
  3. Análise química do solo pós-evento: Após a limpeza inicial, colete amostras de solo para cada área com diferentes níveis de impacto. A análise química vai indicar a necessidade de correção da acidez (pH) e a disponibilidade de nutrientes;
  4. Correção da fertilidade: As recomendações de calagem e adubação devem ser baseadas nos resultados da análise de solo. Aplicar insumos sem essa base pode ser ineficaz e gerar custos desnecessários;
  5. Reparo da Erosão: Sulcos rasos podem ser corrigidos com preparo do solo conservacionista (em nível). Grandes sulcos e voçorocas podem exigir terraplanagem e revegetação com espécies adequadas para estabilizar a área;
  6. Atenção à compactação: O movimento da água pode causar compactação superficial, dificultando a infiltração e o desenvolvimento das raízes. Em casos leves, o preparo do solo e a atividade biológica podem ajudar na recuperação.
Compactação do solo: como evitar e corrigir em sua propriedade

Construindo resiliência a longo prazo

Tão importante quanto a recuperação imediata é a adoção de práticas que tornem a lavoura menos vulnerável a futuros eventos climáticos, como:

  • Sistema plantio direto: Ao evitar o revolvimento e manter o solo coberto com palhada, o sistema de plantio direto protege contra a erosão, melhora a infiltração de água, aumenta a matéria orgânica e pode reduzir custos a longo prazo;
  • Agricultura regenerativa: Um conjunto de práticas focadas na saúde do solo, incluindo rotação de culturas e uso de plantas de cobertura, que aumenta a resistência e recuperação de estresse do solo;
  • Plantas de cobertura: Espécies como leguminosas e gramíneas que protegem o solo do impacto da chuva, suprimem plantas daninhas, adicionam matéria orgânica e melhoram a estrutura do solo;
  • Manejo eficiente da água: Investir em técnicas de captação e armazenamento de água da chuva, sistemas de irrigação eficientes e sistemas de drenagem adequados são aliados para lidar com excesso e falta de água;
  • Sistemas Integrados (SAF/ILPF): A integração de árvores com lavouras e/ou pastagens (Sistemas Agroflorestais ou Integração Lavoura-Pecuária-Floresta) cria sistemas mais complexos e resilientes, que regulam o microclima, protegem o solo, sequestram carbono e diversificam a renda;
  • Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC): Use as informações do ZARC para definir as culturas e datas de plantio mais seguras, reduzindo os riscos climáticos na sua região.

Crises como grandes enchentes podem acelerar mudanças positivas. A recuperação de áreas degradadas é uma chance de revisar o manejo e adotar sistemas mais resilientes e sustentáveis.

Em vez de apenas restaurar o que foi perdido, é possível avançar para uma agricultura mais preparada, com foco na saúde do solo e na resiliência a longo prazo.

Como avaliar novas terras para a estratégia de plantio?

Expandir a área de cultivo ou iniciar uma nova estratégia de plantio exige mais do que encontrar um terreno disponível.

A metodologia para prospecção estratégica de terras para plantio deve ir além da simples análise de preço, já que faz parte da estratégia de plantio. Veja os critérios de avaliação:

1. Análise de solo completa

Realizar análises químicas e físicas detalhadas revela o potencial produtivo, as necessidades de correção, adubação, textura, estrutura e a capacidade de retenção de água do solo.

Alguns programas, como o PronaSolos, buscam fornecer informações mais detalhadas sobre os solos brasileiros.

2. Logística e Infraestrutura

Avaliar a localização em relação a vias de acesso, facilidade de transporte da produção, proximidade de mercados consumidores ou unidades de processamento/armazenamento.

Também é importante considerar a qualidade das estradas, a disponibilidade de serviços logísticos na região, a presença de energia elétrica, conectividade e acesso à assistência técnica.

Esses fatores influenciam nos custos operacionais, a eficiência na distribuição e a competitividade do negócio.

3. Aspectos legais e ambientais

Avalie se a área está de acordo com o zoneamento agrícola (ZARC) e o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE).

Verifique a regularidade da documentação, a existência de passivos ambientais e o cumprimento das legislações vigentes, como a manutenção da Reserva Legal (RL) e das Áreas de Proteção Permanente (APPs).

Também é importante analisar a disponibilidade hídrica e, se for o caso, a necessidade de uma autorização legal para uso de água na irrigação.

4. Histórico de uso

Investigar o uso anterior da terra pode revelar informações sobre possíveis contaminações, compactação preexistente ou problemas de manejo anteriores.

Em um cenário de mudanças climáticas, a avaliação estratégica de terras assume uma nova dimensão: de avaliar o potencial de resiliência futura.

O agronegócio representa cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, demonstrando a imensa força e importância do campo para a economia nacional.

Além de alimentar o Brasil, o setor é um gigante na exportação mundial de produtos como soja, café, açúcar e suco de laranja. Neste sentido, montar uma estratégia de plantio vai muito além da sua fazenda.

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Mathias Bergamin

Engenheiro Agrônomo (UFRGS, Kansas State) e especialista de Novos Negócios na Aegro. Reconhecido como referência em Agricultura Digital, especialização em administração, gestão rural, plantas de lavoura.

Sementes Certificadas: Veja as Novas Regras

A cada nova safra, o produtor rural se depara com uma decisão importante: a escolha da semente.

Essa escolha pode ser determinante para a lavoura, já que impacta o potencial produtivo, a sanidade e rentabilidade da propriedade.

O cenário regulatório brasileiro para sementes é complexo e está em constante evolução e entender essas regras evita problemas legais e garante a qualidade do insumo.

Nesse contexto, as sementes certificadas surgem como um elemento principal, oferecendo garantias e origem.

Existem várias opções disponíveis no mercado, como as sementes S1/S2, as crioulas e, infelizmente, as ilegais (piratas), cada uma com suas próprias regras e implicações.

O que são sementes certificadas?

As sementes certificadas são aquelas que passaram por um processo de produção, controle e certificação oficial garantindo a sua alta qualidade genética, física, fisiológica e sanitária.

Segundo a definição oficial do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), a certificação de uma semente é um processo longo, que inclui conhecer a origem genética do material e controlar as gerações de multiplicação.

O processo de certificação envolve inspeções rigorosas nos campos onde as sementes são produzidas, seguindo normas técnicas detalhadas pelo MAPA.

Essas inspeções verificam o isolamento da área, a pureza varietal, a sanidade das plantas, entre outros aspectos.

Dentro da classe certificada, existem categorias como Básica, Certificada de Primeira Geração (C1) e Certificada de Segunda Geração (C2), que indicam a linhagem e o número de multiplicações a partir da semente genética original.  

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Por que as sementes certificadas são importantes?

A semente é o primeiro passo de qualquer safra. Se ela não for de qualidade, todo o resto pode ficar comprometido.

É neste momento entra a importância das sementes com certificados, garantindo bom desempenho, segurança e previsibilidade.

Por mais sejam mais caras, as sementes certificadas são um investimento mais que necessário para alcançar melhores resultados no campo. Entenda:

  1. Maior potencial produtivo: Devido ao alto poder de germinação, vigor e pureza, as sementes formam lavouras mais uniformes e com maior teto produtivo;
  2. Melhor qualidade e lucratividade: Lavouras mais uniformes e saudáveis geram grãos de melhor qualidade, que podem ser vendidos por um preço maior;
  3. Garantia genética e pureza varietal: A certificação garante que o produtor está plantando exatamente a cultivar escolhida, com todas as suas características preservadas;
  4. Rastreabilidade e suporte técnico: Conhecer a origem da semente e quem a certificou dá segurança de a quem recorrer em caso de dúvidas ou problemas;
  5. Segurança fitossanitária: O controle rigoroso na produção reduz o risco de introduzir pragas, doenças ou sementes de plantas daninhas na sua área;

O investimento que nas sementes certificadas retorna, em parte, para as empresas de melhoramento genético.

Isso financia a pesquisa e o desenvolvimento de novas cultivares, mais produtivas, resistentes a doenças e adaptadas às condições locais.

Ou seja, além de gerar mais lucro, esses insumos contribuem para a evolução tecnológica da agricultura.  

O que são sementes piratas? Por que não devem ser usadas?

Em contraste direto com os benefícios das certificadas, estão as chamadas sementes piratas.

Estas são produzidas e comercializadas ilegalmente, sem qualquer controle ou certificação, geralmente no mercado informal.

O uso dessas sementes é um grande risco para a qualidade da lavoura e para a parte financeira da fazenda, além de causar outros problemas, como:

  • Mistura de cultivares: É comum que lotes piratas tenham misturas de diferentes variedades, resultando em lavouras desuniformes, com plantas de ciclos e portes diferentes, dificultando o manejo e a colheita.  
  • Disseminação de plantas daninhas: Podem carregam sementes de plantas daninhas de difícil controle, infestando a área e aumentando os custos com herbicidas.  
  • Contaminação por doenças e pragas: Podem introduzir doenças e pragas, transmitidas pelas próprias sementes ou por partículas de solo aderidas;
  • Baixa germinação e vigor: A qualidade fisiológica é incerta. Baixa germinação e baixo vigor levam a falhas no estabelecimento da lavoura, impactando a produtividade final;
  • Falta de garantia e problemas legais: Os insumos sem certificação não oferecem garantia de qualidade de semente ou identidade varietal.
  • Prejuízo à Inovação: A pirataria desestimula o investimento em pesquisa, pois as empresas não recebem o retorno devido pelo desenvolvimento de novas tecnologias.  

Ao avaliar o custo inicial de uma semente pirata, que pode parecer menor, considere os múltiplos riscos associados, como a disseminação de doenças ou a baixa germinação, que resultam em perdas de produtividade ou aumento nos custos de manejo.

Por outro lado, as sementes certificadas, mesmo com um preço maior, vêm com garantias de qualidade e sanidade que minimizam esses riscos e atingem o potencial produtivo da cultivar.

Além disso, o combate à pirataria e a preferência por sementes certificadas são importantes mas para a sustentabilidade de todo o sistema de inovação agrícola no Brasil.

Como se preparar para as principais pragas agrícolas

Quais as novas regras afetam o uso de sementes certificadas?

A base legal que organiza todo o setor de sementes e mudas no Brasil é a Lei nº 10.711, de 2003, conhecida como Lei de Sementes, regulamentada pelo Decreto nº 10.586, de 2020.

Juntos, estabelecem o Sistema Nacional de Sementes e Mudas (SNSM), que define as regras para registros obrigatórios, produção, certificação, análise, comercialização e fiscalização.

É um sistema complexo, mas fundamental para garantir a identidade e a qualidade do material que chega ao campo.  

Recentemente, algumas atualizações trouxeram mudanças práticas para o dia a dia. A Portaria MAPA nº 538, de 20 de dezembro de 2022 consolidou e alterou algumas normas.

Em vigor desde 1º de março de 2023, as mudanças trazidas pela Portaria 538, incluem:

1. Simplificações burocráticas

Houve uma simplificação na documentação exigida para o registro dos campos de produção de sementes.

Além disso, foi eliminada a necessidade de autorização prévia do MAPA para o transporte de sementes entre diferentes estados, desde que a carga esteja acompanhada do comprovante de inscrição do campo no MAPA e a nota fiscal detalhada.  

2. Novas regras para Semente Salva

A prática de guardar parte da colheita para usar como semente na safra seguinte (“salvar semente”) é um direito do produtor, mas a Portaria 538/2022 trouxe regras mais claras e exigências adicionais:

  • Declaração obrigatória no Sigef: A “Declaração de Uso Próprio” deve ser feita pelo Sistema de Gestão da Fiscalização (Sigef), plataforma online do MAPA, no momento do plantio, informando a área que cultivada com a semente salva;
  • Comunicação pós-colheita: É a obrigatoriedade de informar no Sigef o peso final das sementes que foram reservadas (salvas) para o plantio seguinte. Isso deve ser feito em até 90 dias após o fim da colheita;  
  • Definição da reserva técnica: O produtor pode ter uma reserva técnica de sementes salvas de até 10% da quantidade total necessária para o plantio da área declarada, para cobrir necessidades de replantio.  
  • Transporte entre propriedades: A solicitação para transportar sementes salvas entre diferentes propriedades rurais do mesmo titular agora é feita na Declaração de Uso Próprio no Sigef;
  • Royalties e biotecnologia: Se a cultivar tiver tecnologia protegida, como transgênicos, o pagamento de royalties à empresa detentora é obrigatório;
  • Impacto no seguro rural: A Declaração de Uso Próprio é exigida para contratar o seguro agrícola. Nem todas as seguradoras cobrem lavouras com sementes salvas.

3. Análise de sementes (RAS)

O MAPA atualizou as Regras para Análise de Sementes (RAS), que definem os métodos oficiais usados por laboratórios credenciados para avaliar a qualidade física e fisiológica das sementes.

Essa atualização modernizou os métodos, se alinhando aos padrões internacionais, como ISTA e AOSA, adaptando à realidade da agricultura tropical.

Além disso, trouxe mais clareza em pontos que geravam dúvidas nos laboratórios, incluindo mudanças como:

  • Atualização dos nomes científicos;
  • Inclusão de culturas como quinoa e chia;
  • Regras mais claras para misturas de sementes;
  • Revisões nos procedimentos de amostragem.

Apesar de voltadas aos laboratórios, essas mudanças garantem resultados mais confiáveis no Boletim de Análise de Sementes — documento que comprova a qualidade dos lotes.

Diversas mãos segurando diferentes tipos de sementes crioulas, com variedade de cores, formas e tamanhos, representando a diversidade agrícola preservada por comunidades tradicionais.
Fonte: Brasil de fato

4. Avanço no controle e formalização

Essas atualizações fazem parte de um movimento maior do MAPA para reforçar o controle e a rastreabilidade do sistema de sementes.

A Portaria 538, por exemplo, detalha as exigências para o uso de semente salva e a obrigatoriedade do registro no Sigef.

Já a atualização das RAS melhora a padronização e confiabilidade das análises. Com isso, o MAPA fortalece o mercado formal, especialmente o de sementes certificadas.

Como as regras se aplicam aos diferentes tipos de sementes?

A legislação brasileira classifica as sementes em diferentes categorias, como sementes certificadas, sementes fiscalizadas, sementes S1/S2 e sementes salvas.

Cada uma delas segue regras específicas quanto à produção, comercialização e uso. Veja os detalhes abaixo:

Sementes crioulas

São variedades desenvolvidas e mantidas por agricultores familiares, assentados, indígenas e comunidades tradicionais.

Essas sementes são reconhecidas pela Lei 10.711/2003 e não podem ser transgênicas ou resultado de hibridação industrial.

A lei isenta agricultores familiares, assentados e indígenas para multiplicar, trocar ou vender sementes crioulas entre si, mas proíbe que programas públicos restrinjam o seu uso.

Mesmo com as isenções, quem cultiva sementes crioulas pode enfrentar barreiras, como a falta de acesso ao seguro agrícola, que exige cultivares registradas no RNC e no Zoneamento Agrícola.

Para resolver esse problema, o Projeto de Lei 2190/2023 propõe liberar a troca, comercialização e envio dessas sementes entre comunidades rurais e indígenas, fortalecendo a agrobiodiversidade e a autonomia desses grupos.

Sementes transgênicas

Antes de qualquer uso comercial, sementes geneticamente modificadas (transgênicas), passam por uma avaliação de biossegurança feita pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

A CTNBio analisa os potenciais riscos à saúde humana, animal e ao meio ambiente, emitindo um visto técnico sobre sua segurança.  

Somente após a liberação pela CTNBio é que a cultivar transgênica pode ser registrada no RNC pelo MAPA. A partir daí, sua produção e comercialização seguem as mesmas regras gerais da Lei 10.711 e as regulamentações.

Muitas sementes certificadas tem biotecnologias com resistência a pragas ou tolerância a herbicidas, sendo ferramentas importantes na agricultura moderna.  

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Sementes inoculadas

A Instrução Normativa 13/2011 do MAPA regula o inoculante, produto com microrganismos benéficos, como o Rhizobium.

A norma define especificações de qualidade, concentração mínima de microrganismos, garantias, regras para registro do produto no MAPA, embalagem e rotulagem.

A lei não regula diretamente a “semente inoculada”, mas sim o insumo que aplicado a ela, que é o responsável pela saúde da safra.

Sementes selecionadas (Categorias S1 e S2)

As sementes S1 e S2 são da classe não certificada, conhecidas informalmente como “semente fiscalizada” antes da legislação atual.  

A S1 pode ser obtida pela multiplicação de sementes da classe certificada (Genética, Básica, C1 ou C2). Já a S2 pode vir da multiplicação da S1 ou de qualquer categoria certificada.

A duas podem ser produzidas por produtores inscritos no Renasem e atender a padrões mínimos de qualidade, que são verificados por análises em laboratório.

As sementes S1 e S2 não passam pelo mesmo processo rigoroso de controle de qualidade em todas as etapas que caracteriza a semente certificada.

Na prática, isso significa que oferecem uma garantia inferior à das certificadas, especialmente em relação à pureza varietal e ao potencial genético.

Por conta disso, podem ter um custo inicial menor, mas o produtor assume um risco maior em relação ao desempenho da lavoura.  

Tipos de sementes no Brasil

CaracterísticaSemente Certificada (C1/C2)Semente Não Certificada (S1/S2)Semente CrioulaSemente Pirata
Garantia de QualidadeAlta (MAPA/Certificadora)Média (Padrões mínimos)Variável (Conhecimento local)Nenhuma
Pureza Genética/VarietalAlta (Controlada)Média (Menor controle)Variável (Adaptada localmente)Baixa / Mistura
RastreabilidadeSim (Obrigatória)LimitadaGeralmente Não (Comunitária)Não
Controle de ProduçãoRigoroso (Todas as etapas)Básico (Foco no produto final)Tradicional / ComunitárioNenhum / Ilegal
Risco FitossanitárioBaixoMédioVariávelAlto
Legalidade (Comércio)SimSim (Dentro das regras)Restrita (Entre grupos isentos)Não (Ilegal)
Potencial ProdutivoAltoMédio / AltoVariável (Adaptado ao local)Baixo / Incerto
Custo Inicial (Médio)Mais altoIntermediárioBaixo / TrocaMais baixo (aparente)

O Brasil é considerado um dos líderes globais em tecnologia de sementes, especialmente em adaptações para condições tropicais e resistência a pragas.

Grande parte desse avanço é resultado dos investimentos em pesquisa e melhoramento genético, graças ao sistema formal de produção e comercialização de sementes certificadas.

Ao optar por sementes legais e de qualidade, você não só protege sua lavoura, mas também contribui para a continuidade dessa inovação.  

Mathias Bergamin

Engenheiro Agrônomo (UFRGS, Kansas State) e especialista de Novos Negócios na Aegro. Reconhecido como referência em Agricultura Digital, especialização em administração, gestão rural, plantas de lavoura.

Manejo Integrado de Pragas e Doenças para Soja e Milho

O começo de tudo na lavoura é um momento de grande expectativa. A germinação das sementes, a emergência das plântulas e o desenvolvimento das primeiras folhas definem o potencial produtivo da safra.

No entanto, essa fase é também um período de alta vulnerabilidade, por conta das pragas e doenças que podem comprometer a cultura.

Para proteger a lavoura, é preciso adotar uma abordagem inteligente e sustentável. É aqui que entra o Manejo Integrado de Pragas e Doenças para Soja e Milho.

Muito mais do que simplesmente aplicar defensivos, este tipo de manejo combina diferentes ferramentas de controle, baseada em conhecimento técnico e observação atenta do campo.

O que é o Manejo Integrado de Pragas e Doenças para Soja e Milho?

O MIP é uma combinação harmônica de diferentes métodos de controle para manter as populações de pragas e a incidência de doenças em níveis que não causem perdas econômicas significativas.

Para que o Manejo Integrado de Pragas e Doenças funcione, é necessário seguir alguns passos. Sendo eles:

  • Monitoramento constante;
  • Identificação correta da praga ou doença;
  • Níveis de Ação (NA);
  • Integração de métodos de controle;
    • Controle cultural;
    • Controle biológico;
    • Controle comportamental;
    • Controle genético;
    • Controle químico;
  • Avaliação da lavoura.

O MIP pode ser usado em todas as culturas agrícolas e se apoia na informação coletada no campo para decidir quando e como agir.

Investir tempo no monitoramento e no entendimento dos níveis de ação, é um modo mais racional de usar insumos, gerando economia e menor impacto ambiental.

Manejo ecológico de pragas e doenças

Dentro dessa filosofia mais ampla, você pode ouvir falar também em manejo ecológico de pragas e doenças.

Esse termo se refere a uma abordagem com mais foco em táticas preventivas, no controle biológico e cultural, para reduzir ao máximo ou até eliminar o uso de defensivos químicos sintéticos.

Pode ser visto como uma vertente, ou um aprofundamento, dos princípios do MIP, porém com um foco maior em métodos considerados mais naturais.

No fim das contas, seja no MIP padrão ou no manejo ecológico, a meta não é a erradicação total, mas sim o manejo inteligente e sustentável dos problemas fitossanitários, mantendo a lavoura saudável e viável.

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Soja e Milho: Quais pragas e doenças ficar de olho?

As primeiras semanas após o plantio são um período delicado e é quando o manejo integrado de pragas e doenças para soja e milho vão fazer diferença.

Desde a seleção de sementes e a germinação, até as pequenas plântulas com poucas folhas (estádios V1 a V4, por exemplo), a lavoura está suscetível a uma série de inimigos.

Os danos nessa fase inicial podem resultar diretamente na redução do número de plantas por área (estande), desenvolvimento desuniforme e perdas de produtividade.

A melhor forma de prevenção é reconhecer as pragas e doenças desse período crítico, que aparecem nos primeiros 30 a 45 dias após o plantio. Veja a seguir:

Principais ameaças nas fases iniciais da soja e do milho

CulturaFase CríticaAmeaçaTipoDanos
SojaGerminação/PlântulaCorós, Elasmo, TamanduáInseto (Solo)Falhas na germinação, corte de plântulas, danos radiculares
SojaGerminação/PlântulaTombamento (Pythium, etc.)Fungo (Solo/Semente)Semente não germina, plântula morre antes/após emergir
SojaVegetativo InicialVaquinhas, Lagartas IniciaisInseto (Folha)Desfolha, danos em cotilédones/folhas jovens
SojaVegetativo InicialAntracnose (início)FungoManchas escuras em hastes/pecíolos (pode começar cedo)
MilhoGerminação/PlântulaLarva-arame, AlfineteInseto (Solo)Falhas na germinação, galerias em raízes/colmo inicial
MilhoGerminação/PlântulaPodridões (Fusarium, etc.)Fungo (Solo/Semente)Falha na emergência, podridão de sementes/raízes/plântulas
MilhoPlântula/Veg. InicialLagarta-elasmo, RoscaInseto (Superfície/Solo)Corte de plântulas na base, “coração morto”
MilhoPlântula/Veg. InicialCigarrinha (Dalbulus)Inseto (Vetor)Sucção de seiva, transmissão de enfezamentos (viroses/molicutes)
MilhoVegetativo InicialLagarta-do-cartuchoInseto (Folha)Folhas raspadas/perfuradas, dano no cartucho

Pragas de solo

Insetos como corós, larva-arame, larva-alfinete e lagarta-elasmo atacam as sementes antes mesmo da germinação ou as raízes, e o caule das plântulas logo após a emergência.

Seus danos são muitas vezes silenciosos, resultando em falhas de estande que só são percebidas tarde demais.  

Doenças de solo e semente

Um complexo de fungos no solo ou nas sementes, pode causar o apodrecimento das sementes ou a morte das plântulas antes ou logo após emergirem. Condições de solo úmido e frio podem agravar o problema.  

Pragas iniciais da parte aérea

Assim que as primeiras folhas aparecem, pragas como vaquinhas, pulgões, lagartas desfolhadoras e a cigarrinha-do-milho começam a atacar, sugando seiva, comendo folhas ou transmitindo doenças.

Doenças foliares iniciais

Embora muitas doenças fúngicas tenham seu pico mais tarde, algumas como a antracnose na soja.

Algumas manchas foliares também podem iniciar a infecção nos estágios vegetativos iniciais, especialmente se as condições climáticas forem favoráveis.  

A similaridade nos tipos de ameaças sugere que práticas de manejo focadas na saúde do solo e na qualidade de sementes podem trazer benefícios para ambas as culturas dentro de um sistema de rotação.

Como se preparar para as principais pragas agrícolas

Como colocar o MIP em prática desde o plantio?

Sabendo quais são as principais ameaças, a pergunta é: como implementar o Manejo Integrado de Pragas e Doenças para soja e milho desde o início do ciclo?

A resposta está em combinar planejamento, prevenção e monitoramento constante. Veja o passo a passo abaixo:

1. Planejamento e prevenção (antes e durante o plantio)

  • Conheça sua Área: O histórico de ocorrência de pragas e doenças no talhão é uma informação valiosa. Anote o que aconteceu nas safras anteriores para saber o que esperar;
  • Escolha da variedade/híbrido: Opte por materiais geneticamente resistentes ou tolerantes às principais doenças e pragas da sua região, e adaptados às suas condições;
  • Qualidade da semente e tratamento: Use sempre sementes certificadas e de alta qualidade para proteger contra o complexo de fungos de tombamento e pragas de solo.  
  • Época de plantio: Dentro da janela recomendada para sua região, ajustar a data de plantio pode ajudar a escapar de picos populacionais de certas pragas ou de períodos com clima muito favorável a doenças iniciais;
  • Manejo do solo: Um solo bem estruturado, com boa drenagem e níveis adequados de matéria orgânica, promove um desenvolvimento mais rápido e vigoroso das plantas, tornando-as menos suscetíveis ao ataque de patógenos de solo.

2. Monitoramento e amostragem

  • Frequência: Nas primeiras semanas (até V4-V6, aproximadamente), visite a lavoura com frequência, idealmente duas vezes por semana. As plantas crescem rápido e os problemas podem surgir de um dia para o outro;
  • O que procurar: Caminhe pela lavoura em zigue-zague, observando falhas no estande, observe as plântulas emergidas, danos de insetos ou sintomas de ataque de sugadores.
  • Técnicas: No início, a principal técnica é a observação visual direta e a contagem de plantas/pragas. Armadilhas adesivas amarelas podem ajudar a monitorar a chegada de cigarrinhas no milho. O pano-de-batida será mais útil para lagartas e percevejos em fases posteriores da soja.
  • Anotação: Registre o que foi encontrado, onde e em que quantidade. Isso cria um histórico e ajuda a identificar se as populações estão aumentando e se aproximando do Nível de Ação.

3. Táticas de controle cultural

  • Rotação de culturas: Alternar soja e milho é uma das melhores formas de quebrar o ciclo de vida de muitas pragas e doenças que são mais específicas de uma cultura.
  • Densidade de plantio: Usar a população de plantas recomendada para a cultivar/híbrido e a região ajuda a garantir um bom fechamento das linhas e boa aeração entre as plantas.
  • Manejo de plantas daninhas: Mantenha a lavoura limpa, especialmente no início. As plantas daninhas competem por água, luz e nutrientes, enfraquecendo as plantas cultivadas. Essas invasoras e também podem servir de abrigo ou hospedeiras alternativas para pragas e doenças.
Guia para manejo de plantas daninhas

4. Controle Biológico

  • Conservação: A principal estratégia é proteger os inimigos naturais já presentes na área (joaninhas, aranhas, tesourinhas e etc.). Isso é feito para evitar pulverizações desnecessárias de inseticidas de amplo espectro, que matam tanto as pragas quanto seus predadores/parasitoides.
  • Bioinsumos: O uso de produtos biológicos à base de microrganismos está crescendo e pode ser uma ferramenta importante dentro do MIP, especialmente em programas com foco mais ecológico.

5. Controle Químico

  • Baseado em níveis de ação: A decisão de aplicar um inseticida ou fungicida deve ser tomada apenas quando o monitoramento indicar que a praga ou doença atingiu o Nível de Ação (NA) ou Nível de Dano Econômico (NDE) estabelecido para aquela situação. Aplicar “por via das dúvidas” ou por calendário vai contra os princípios do MIP.
  • Seletividade: Quando a aplicação for necessária, escolha produtos que sejam eficazes contra o alvo, mas que tenham o menor impacto possível sobre os inimigos naturais, polinizadores e o ambiente. Leia atentamente o rótulo e a bula.
  • Aplicação correta: Use a dose recomendada, calibre bem o pulverizador, escolha o bico correto e aplique nas condições climáticas adequadas para garantir boa cobertura e eficácia, evitando deriva e desperdício.

A implementação bem-sucedida do Manejo Integrado de Pragas e Doenças para soja e milho nas fases iniciais depende muito mais das ações preventivas e da qualidade do monitoramento.

Essas ações iniciais criam uma base sólida para a saúde da lavoura ao longo de todo o ciclo.

Monitoramento de pragas eficiente por aplicativo

Por que investir no MIP gera retorno?

Adotar o Manejo Integrado de Pragas e Doenças para soja e milho não é apenas uma questão de seguir boas práticas agrícolas, é também um investimento inteligente.

Por conta da eficácia, o MIP acaba gerando retorno a curto, médio e longo prazo, além de outros benefícios, como:

  • Redução de custos;
  • Otimização da produtividade;
  • Manejo da resistência;
  • Menor carga de pesticidas no ambiente;
  • Conservação da biodiversidade;
  • Melhora a saúde do solo.

O uso do Manejo Integrado de Pragas e Doenças para soja e milho vai muito além da economia na compra de defensivos.

Se trata de uma abordagem que fortalece a resiliência do sistema produtivo, protege os recursos naturais, reduz riscos e contribui para a viabilidade econômica e social da atividade agrícola.

É um jeito de cuidar da lavoura pensando no todo, equilibrando produtividade com a saúde do ambiente.

Com o Aegro, você coloca isso em prática: monitore a lavoura, reduza os custos com defensivos e receba relatórios que mostram as pragas-alvo e o melhor momento para pulverizar

Mathias Bergamin

Engenheiro Agrônomo (UFRGS, Kansas State) e especialista de Novos Negócios na Aegro. Reconhecido como referência em Agricultura Digital, especialização em administração, gestão rural, plantas de lavoura.

Seleção de sementes de soja: Guia para escolher a ideal

Em um cenário agrícola brasileiro em que a soja é a protagonista econômica, a busca pela rentabilidade na lavoura passa por uma decisão determinante: a escolha da semente ideal. 

A seleção de sementes de soja deve considerar a adaptabilidade à região, resistência a pragas e doenças, ciclo de desenvolvimento, perfil de manejo e até exigências de mercado.

O histórico da área, o planejamento e a estratégia comercial da fazenda também influenciam diretamente nessa decisão. Saiba mais acompanhando o conteúdo!

Seleção de sementes de soja: O que considerar?

A jornada de seleção de sementes de soja perfeita para sua propriedade precisa de uma boa análise de diversos fatores interligados.

Ignorar qualquer um deles pode comprometer o potencial produtivo e a lucratividade da sua lavoura. Para ajudar nisso, separamos tudo o que você deve considerar. Veja:

1. Potencial de rendimento e adaptação ambiental

A ambição de colher o máximo por hectare é natural, e o potencial de rendimento de uma variedade é, sem dúvida, um ponto de partida importante.

Esse potencial, medido por componentes, como número de plantas, vagens e peso dos grãos, mostra o quanto a semente pode produzir em condições ideais

No entanto, o ambiente de cultivo tem uma influência poderosa. Uma semente com alto potencial em um local pode não apresentar o mesmo desempenho em outro.

A adaptabilidade às condições locais (temperatura, chuva, luz solar), solo (tipo, fertilidade, pH) e o grupo de maturação para a sua latitude, são fatores determinantes.

Escolher o grupo de maturação correto, garante que o ciclo da planta se alinhe com as características da região, evitando problemas com floração precoce ou tardia.

Portanto, a busca pela alta produtividade deve considerar a avaliação da capacidade da semente de prosperar nas condições específicas da sua fazenda.

2. Resistência a pragas, doenças e tolerância a herbicidas

A lavoura de soja no Brasil enfrenta um exército de ameaças, desde pragas, como o percevejo-marrom e a lagarta da soja, até doenças, como a ferrugem asiática e o crestamento foliar.

A incorporação de resistência genética nas sementes é uma tipo de defesa proativa e econômica contra esses inimigos.

As tecnologias como a Bt, com resistência a diversas lagartas, nematóides, doenças do caule e raiz, diminuem a necessidade de intervenções químicas, reduzindo custos e impactos ambientais.

As diversas tecnologias disponíveis no mercado (RR, Intacta, Xtend, Conkesta) oferecem diferentes ferramentas para o manejo de plantas daninhas.

A escolha da tecnologia ideal deve estar alinhada com o sistema de manejo da sua fazenda, considerando a eficácia contra as ervas predominantes e os riscos de deriva para culturas vizinhas.

A combinação inteligente de resistência genética e tolerância a herbicidas otimiza a proteção da lavoura e simplifica o manejo.

Monitorar a lavoura e registrar as ocorrências de pragas e doenças pode ser simplificado com o Aegro, que registra e a cria um histórico da propriedade.

Com o uso da ferramenta e do manejo integrado, as decisões de tornam mais precisas sobre a necessidade e o momento ideal das intervenções.

Banner planilha- manejo integrado de pragas

3. Custos, mercado e o futuro da sua lavoura

Mesmo que o desempenho no campo seja importante, o custo-benefício da seleção de sementes de soja também conta

O custo das sementes, especialmente as transgênicas, geralmente é mais elevado, mas essa análise não pode ser simplificada ao preço por saco.

É preciso ponderar o potencial de redução nos custos com defensivos e herbicidas e o quanto a tecnologia pode aumentar a produtividade.

Além disso, as demandas do mercado tem influência crescente. A busca por soja não transgênica em alguns nichos pode gerar prêmios atrativos, tornando essa opção economicamente interessante para alguns produtores.

Acompanhar os lançamentos de cultivares e tecnologias, como Intacta 2 Xtend e Conkesta E3, permite entender futuro do manejo da soja e antecipar as escolhas para as próximas safras.

Tendências e adaptações na seleção de sementes de soja

As preferências e as variedades de sementes de soja mais utilizadas não são uniformes em todo o Brasil.

Cada estado produtor, com suas particularidades climáticas, de solo e desafios fitossanitários, desenvolve suas próprias tendências e adaptações na hora da escolha.

No Mato Grosso, a adoção de tecnologias transgênicas é predominante, refletindo a busca por alta produtividade e controle de pragas em larga escala.

Já no Paraná, há uma maior diversidade, com espaço para a soja transgênica e para a não transgênica, influenciada pela safrinha e a necessidade de ciclos de maturação específicos.

O Rio Grande do Sul, pelo clima mais instável, é priorizada a adaptabilidade das variedades e a resistência a doenças, como a ferrugem asiática, utilizando diferentes grupos de maturação para mitigar riscos.

Em Goiás, a produção de soja não transgênica tem uma parcela significativa, enquanto tecnologias, como Intacta e Conkesta E3, ganham espaço pelo alto rendimento em diferentes épocas de plantio.

Por fim, no Mato Grosso do Sul, a alta adoção de soja transgênica, com destaque para a tecnologia Intacta, indica a busca por proteção contra pragas e a integração com outras culturas, como o milho safrinha.

Essas tendências regionais demonstram a importância de considerar as condições locais ao tomar a decisão sobre qual semente plantar.

Qual o impacto da escolha de sementes na lucratividade?

A decisão de qual semente de soja levar pode ser a diferença entre uma safra lucrativa e um resultado decepcionante.

A otimização do rendimento é o primeiro e mais impacto. Variedades com alto potencial produtivo e bem adaptadas ao ambiente maximizam a colheita por hectare.

Paralelamente, a escolha de sementes com resistência a pragas e doenças e a tolerância a herbicidas leva a uma redução de custos com defensivos e manejo de plantas daninhas.

Além disso, escolher variedades com diferentes ciclos de maturação ajuda a reduzir riscos, escalonar a colheita e evitar perdas por clima adverso

Por fim, estar atento às demandas do mercado, como a crescente procura por soja não transgênica em certos nichos, pode abrir portas para os melhores preços e aumentar a receita da fazenda.

Manejo integrado da lavoura: como ele pode impulsionar sua produtividade

Melhores práticas para a seleção de sementes de soja

Para não deixar a escolha da semente de soja ao acaso, é preciso adotar uma série de melhores práticas que aumentam a rentabilidade. Confira a lista a seguir:

1. Conheça bem a sua propriedade

Primeiramente, é necessário conhecer a fundo as condições da sua fazenda, desde o tipo de solo até o histórico de pragas e doenças.

A dica é consultar um engenheiro agrônomo de confiança para interpretar esses dados e receber recomendações personalizadas.

2. Use dados de safras anteriores

Acompanhar os resultados de safras anteriores na sua propriedade ou em áreas semelhantes ajuda a identificar quais variedades se adaptam melhor ao seu contexto.

Além disso, participar de dias de campo e eventos técnicos é uma ótima forma de ficar por dentro das novidades do mercado e aprender com a experiência de outros produtores.

3. Planeje a longo prazo e diversifique

É importante também fazer um planejamento a longo prazo, integrando a escolha da semente com as demais práticas de manejo da sua lavoura.

Em áreas maiores ou com variabilidade de condições, diversificar as variedades plantadas pode ser uma estratégia inteligente para mitigar riscos.

4. Avalie o custo-benefício da semente

Lembre-se de sempre avaliar o custo-benefício das sementes. Não considere apenas o preço inicial, mas também o potencial de economia e ganho de produtividade que cada opção oferece.

Para auxiliar na organização das atividades e acompanhamento da lavoura, o Aegro tem soluções que facilitam o planejamento das tarefas, do plantio até a colheita.

Realizar múltiplas atividades, como o plantio de variedades, monitoramento de pragas e a programação de aplicações de defensivos, pode ser gerenciada no Software de Gestão Rural Aegro. Faça uma demonstração gratuita!

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Mathias Bergamin

Engenheiro Agrônomo (UFRGS, Kansas State) e especialista de Novos Negócios na Aegro. Reconhecido como referência em Agricultura Digital, especialização em administração, gestão rural, plantas de lavoura.

Preparo do solo ideal: O segredo para uma safra abundante

O sucesso de qualquer safra começa muito antes da semeadura. O preparo do solo, muitas vezes subestimado, é a base para um cultivo saudável e produtivo.

Você já parou para pensar em como as técnicas de preparo do solo podem influenciar diretamente a qualidade e a quantidade da sua colheita?

Entender qual é a importância do solo e como otimizá-lo se torna é necessário para garantir o máximo potencial da sua lavoura. Neste conteúdo você vai entender tudo isso.

Quais os cuidados essenciais com o solo?

O solo exige atenção e cuidado para que possa nutrir as culturas da melhor forma. Para isso, a análise do solo surge como uma forma de orientar manejos mais eficientes.

Com isso, são identificadas as necessidades específicas da sua terra, permitindo uma correção precisa do pH através da calagem e um aprimoramento das camadas subsuperficiais com a gessagem.

Essa correção, ajustada para cada cultura, como para preparar o solo para o plantio de soja, impacta diretamente a disponibilidade de nutrientes essenciais. Além disso, a adubação deve ser planejada com precisão.

Nutrientes como fósforo, potássio e nitrogênio também são importes, e sua aplicação deve ser baseada nas particularidades do solo e da cultura.

No caso da soja, a fixação biológica de nitrogênio, feita por bactérias simbióticas, reduz a necessidade de adubação nitrogenada.

Banner da planilha de calagem

Por que o preparo do solo é tão importante?

O preparo do solo é importante porque é responsável pelo desenvolvimento saudável das culturas e, consequentemente, aumentara produtividade.

Um solo bem estruturado facilita a penetração das raízes, melhora a absorção de água, nutrientes e reduz a compactação, permitindo que as plantas cresçam com mais vigor.

As práticas ainda ajudam a controlar erosão, manter a microbiota do solo ativa e otimizar o uso de insumos, resultando em maior eficiência produtiva e sustentabilidade na lavoura.

Quais são as etapas do preparo do solo?

Um bom preparo do solo facilita a penetração das raízes, melhora a absorção de água e nutrientes, garantindo um desenvolvimento mais saudável e produtivo para as plantas.

Estudos indicam que práticas adequadas de preparo podem aumentar a produtividade de culturas, como o milho, em até 29%.

Investir no preparo do solo impacta diretamente o rendimento das culturas, além da eficiência das operações agrícolas.​ Mas para isso é necessário seguir algumas etapas, como:

  1. Análise do solo: Identifica a fertilidade, o pH e a necessidade de correções, orientando as práticas de manejo;
  2. Correção da acidez (calagem e gessagem): Aplicação de calcário regula o pH do solo, enquanto o gesso agrícola melhora a estrutura e corrige a camada subsuperficial;
  3. Adubação e fertilização: Reposição de nutrientes essenciais, conforme a necessidade da cultura, com fertilizantes químicos ou orgânicos;
  4. Descompactação do solo: Técnicas como escarificação ou subsolagem evitam camadas compactadas que dificultam o crescimento das raízes;
  5. Preparo mecânico ou cultivo mínimo: Uso de aração e gradagem para revolver o solo (preparo convencional) ou técnicas conservacionistas, como o plantio direto;
  6. Manejo da matéria orgânica: Uso de palhada e rotação de culturas para melhorar a fertilidade e a retenção de umidade;
  7. Controle de ervas daninhas, pragas e doenças: Aplicação de herbicidas seletivos e práticas de manejo integrado para evitar perdas na lavoura.
Guia para manejo de plantas daninhas

Solo, manejo integrado e sustentabilidade

O manejo de plantas daninhas, pragas e doenças contribui para a proteção da lavoura e melhora o desenvolvimento das culturas.

No preparo do solo, mesmo no plantio direto, o controle inicial das invasoras evita a competição por água, luz e nutrientes, reduzindo perdas na produtividade.

Enquanto isso, a rotação de culturas diversifica o ambiente agrícola, ajudando a quebrar ciclos de pragas e melhorar a fertilidade do solo.

O uso de coberturas vegetais também pode ser um aliado, favorecendo a retenção de umidade e fazendo a proteção contra a erosão.

Por fim, o controle químico, quando necessário, deve ser feito com herbicidas seletivos e na dose correta, reduzindo impactos ambientais e evitando a resistência de plantas daninhas.

Ao integrar diferentes estratégias, o manejo se torna mais eficiente, diminuindo custos e preservando a saúde do solo para as próximas safras.

Como preparar a terra para o plantio?

Cada cultura tem suas particularidades quando se trata de etapas de preparação do solo para o plantio.

Para a soja, por exemplo, o sistema de plantio direto (SPD) se destaca múltiplos benefícios, como proteção contra erosão, retenção de umidade e enriquecimento da matéria orgânica.

Entretanto, em alguns casos, um preparo inicial do solo pode ser necessário para corrigir problemas de compactação ou fertilidade, garantindo assim um ambiente ideal para o desenvolvimento da cultura.

Já para o milho, o preparo do solo pode variar desde sistemas convencionais até o plantio direto, dependendo das condições da sua propriedade.

A rotação de culturas, uma prática sábia e sustentável, surge como um aliado importante em ambas as culturas.

Ao alternar soja e milho, não apenas diversificamos a produção, mas também melhoramos a saúde do solo, reduzindo a incidência de pragas e doenças e otimizando o aproveitamento de nutrientes.

A complexidade na coordenação de múltiplas atividades simultâneas, somada à imprevisibilidade do clima, pode desafiar o planejamento do preparo do solo.

As ferramentas de planejamento detalhado e acompanhamento em tempo real da Aegro permitem ajustes rápidos e eficientes, otimizando o uso de maquinário e insumos, permitindo uma melhor organização das atividades de campo.

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Mathias Bergamin

Engenheiro Agrônomo (UFRGS, Kansas State) e especialista de Novos Negócios na Aegro. Reconhecido como referência em Agricultura Digital, especialização em administração, gestão rural, plantas de lavoura.