About Tatiza Barcellos

Sou engenheira-agrônoma e mestra em agronomia, com ênfase em produção vegetal, pela Universidade Federal de Goiás.

Zoneamento agrícola para o sorgo forrageiro: o que você precisa saber sobre essa nova medida

Zoneamento agrícola do sorgo forrageiro: entenda o que é, qual a sua importância, onde e como consultar os dados deste estudo.

O clima na agricultura é um fator de risco. Saber onde e quando plantar é fundamental.

O Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático) é um importante instrumento de gestão de riscos. Ele contribui para a redução de perdas em decorrência de problemas climáticos.

O Zarc identifica os municípios e os períodos do ano que apresentam condições de cultivo mais favoráveis. Os resultados são apresentados considerando o ciclo fenológico da cultura e as diferentes classes texturais do solo.

Neste artigo, você pode conferir como funciona o Zarc para a cultura do sorgo forrageiro, onde e como consultar essa ferramenta. Boa leitura!

Zoneamento agrícola do sorgo forrageiro

Recentemente, o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) divulgou o Zarc para a cultura do sorgo forrageiro. 

O sorgo é uma planta classificada em cinco grupos: granífero, biomassa, forrageiro, sacarino e vassoura. 

Apesar de se tratar da mesma espécie, os sistemas de produção dos tipos de sorgo são diferentes

O Zarc direcionado para o sorgo forrageiro permite o melhor manejo da cultura. Além disso, reduz a probabilidade de perdas de produtividade em função de adversidades climáticas. 

No Zarc, foram identificadas áreas com condições favoráveis para o cultivo de sorgo: aquelas que apresentavam menor risco climático

Também foram definidas as melhores épocas de plantio, considerando a textura do solo e o ciclo do sorgo forrageiro.

>> Leia mais: “Veja como lidar com as pragas e doenças do sorgo”

Tipos de solo

Nos resultados gerados pelo Zarc, são considerados três tipos de solo aptos para o cultivo: 

  • solo tipo 1: solos arenosos, com teor de argila acima de 10% e menor ou igual a 15%;
  • solo tipo 2: solos com textura média, com teor de argila entre 15% e 35%, e menos de 70% de areia;
  • solo tipo 3: solos argilosos, com teor de argila acima de 35%.

Ciclo fenológico da cultura do sorgo

Além do tipo de solo, os resultados do Zarc são fornecidos em função do ciclo fenológico da espécie cultivada. O ciclo da cultura é dividido em quatro fases:

  • fase 1, estabelecimento: semeadura/germinação/emergência;
  • fase 2, crescimento vegetativo: das primeiras folhas verdadeiras até o surgimento da primeira flor;
  • fase 3, reprodução: da primeira flor, incluindo floração e frutificação, até o enchimento dos grãos;
  • fase 4, maturação: do enchimento dos grãos até a maturação fisiológica.

Veja na tabela a duração média dos ciclos e as respectivas fases fenológicas do sorgo forrageiro:

Sorgo forrageiro: tabela de duração média dos ciclos e suas respectivas fases fenológicas

Sorgo forrageiro: duração média dos ciclos e suas respectivas fases fenológicas
(Fonte: Mapa – Portaria 268, de 6 de julho de 2021)

Segundo a Embrapa, o estudo que permitiu a elaboração do Zarc do sorgo forrageiro mostrou que seu cultivo deve ser iniciado em outubro e finalizado em fevereiro na maioria das regiões do Brasil Central. 

Já nas áreas em que o regime de chuvas começa e termina mais tarde, o sorgo forrageiro pode ser plantado até março – caso da região Nordeste.

A seguir, veja como pesquisar as épocas para plantio do sorgo forrageiro na sua região!

Como funciona o Zarc

Os dados do Zarc podem ser acessados de três formas:

Como consultar o zoneamento agrícola do sorgo forrageiro

Painel de Indicação de Riscos do Zarc

Veja como consultar as datas de plantio pelo Painel de Indicação de Riscos do Zarc:

  1. acessar o Painel no site do Mapa;
  2. selecionar a aba Zarc – 20%;
  3. selecionar o indicativo de safra;
  4. selecionar a safra;
  5. selecionar a cultura;
  6. selecionar a unidade federativa;
  7. selecionar o município.

Feito isso, são apresentadas as melhores datas para semeadura. Isso de acordo com o tipo de solo e o grupo da cultura, considerando um nível de risco de perda de 20%.

Portarias de Zarc por Estado

As Portarias de Zarc são publicadas a cada ano-safra no Diário Oficial da União. Elas podem ser acessadas pelo site do Mapa.

Na consulta pelas portarias vigentes do Zarc, é necessário indicar o seu Estado e a cultura de interesse

São apresentadas informações técnicas sobre a cultura e a janela de plantio por município, textura de solo e ciclo da planta

Também são considerados três níveis de risco de perda: 20%, 30% e 40%.

Aplicativo Zarc – Plantio Certo

O aplicativo possibilita uma consulta fácil e rápida aos dados do Zarc. Nele, é necessário selecionar o município e a cultura de interesse

A partir disso, é indicada a melhor época do ano para se realizar a semeadura, com base no tipo de solo e no ciclo fenológico da cultura. São considerados diferentes níveis de risco de perda.

Confira como são apresentados os resultados da pesquisa pelo aplicativo:

Aplicativo Plantio Certo: recomendação de datas de plantio do sorgo forrageiro no município de Rio Verde, Goiás, para a safra 2021/2022

Aplicativo Plantio Certo: recomendação de datas de plantio do sorgo forrageiro no município de Rio Verde, Goiás, para a safra 2021/2022
(Fonte: Aplicativo Zarc – Plantio Certo)

Zarc para concessão de crédito e seguro agrícola 

O Zarc também é cada vez mais utilizado por instituições financeiras como um dos critérios para concessão de crédito de custeio e seguro agrícola.

O Proagro e Proagro Mais (Programa de Garantia da Atividade Agropecuária) e o PSR (Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural) são políticas de seguro agrícola do governo federal. 

Elas têm seu acesso facilitado quando as recomendações do Zarc são seguidas.

Ao adotar as orientações do Zarc e práticas de manejo adequadas, você reduz os riscos de perda de produtividade em decorrência de problemas climáticos, como períodos de seca.

checklist planejamento agrícola Aegro, baixe agora

Conclusão

O Zoneamento Agrícola de Risco Climático é uma importante ferramenta na orientação da melhor época para a semeadura, além de indicar as regiões aptas para o plantio das culturas de interesse agronômico.

O Zarc também influencia na orientação da concessão de crédito de custeio e seguro agrícola.

É importante ressaltar que o Zarc te orienta quanto à melhor época de plantio e quanto às regiões com condições para o cultivo.

Aliado a isso, é imprescindível adotar um manejo agronômico adequado que contribua para o pleno desenvolvimento da lavoura.

Restou alguma dúvida sobre o zoneamento agrícola do sorgo forrageiro? Já consultou qual a melhor época de plantio em sua região? Adoraria ler seu comentário abaixo!

Adubação de sistemas: como fazer para ter mais economia e alta produtividade

Adubação de sistemas: entenda o que é, como implantar e as vantagens dessa estratégia quando aplicada na sucessão soja-milho-soja!

A adubação é o item mais custoso do custo de produção

Por isso, é essencial adotar medidas que otimizem o aproveitamento de nutrientes, evitem o desperdício de insumos, reduzam custos e causem menor impacto ambiental.

A adubação de sistemas é uma prática que contribui com tudo isso, além de cooperar com a sustentabilidade da atividade.

Neste artigo, você irá conferir como funciona a adubação de sistemas e quais são as vantagens ao adotar essa prática de manejo.

O que é a adubação de sistemas

A adubação de sistemas é uma estratégia de manejo da fertilidade do solo. Ela busca melhorar o aproveitamento dos nutrientes pelas plantas. 

Essa prática busca atender as exigências nutricionais de todas as espécies envolvidas no sistema.

Na adubação tradicional, a recomendação é realizada de forma isolada. Ela tem em vista somente as necessidades da cultura que será implantada

Na maioria das vezes, são utilizadas quantidades fixas de nitrogênio, fósforo e potássio. Como resultado, há adubações superdimensionadas

Isso tem impacto direto no meio ambiente e nos custos de produção.

Na adubação de sistemas, os fertilizantes não são destinados para uma única cultura, mas sim para todo o sistema de produção.

Como implantar a adubação de sistemas

É importante ter em mente que a adoção da adubação de sistemas implica em rotação de culturas e em plantio direto.

O primeiro passo para implantar essa técnica é realizar a análise físico-química do solo. Somente assim é possível conhecer a real fertilidade do solo.

Para estabelecer práticas de correção de acidez e adubação do solo, é necessário ter informações como:

  • a qualidade da palhada presente na superfície do solo;
  • a exigência nutricional das plantas cultivadas;
  • a taxa de exportação de nutrientes pelas culturas.

Conhecer o histórico das safras anteriores é fundamental.

A partir dessas informações, são determinadas as épocas das adubações, as fontes dos fertilizantes, as dosagens e os métodos de aplicação. 

Como é realizada a adubação de sistemas

Na adubação de sistemas, as culturas mais exigentes e responsivas à adição de fertilizantes recebem doses maiores de nutrientes, acima das exigidas pela cultura.

Milho, feijão e algodão são culturas que exigem adubações mais pesadas.

As culturas de verão geralmente são menos responsivas à adubação. Elas se beneficiam pelas condições deixadas pela safra anterior.

A soja, plantada em sucessão com o milho, se beneficia dos nutrientes pelo efeito residual das adubações e pela reciclagem da matéria.

O manejo racional da adubação:

  • evita o desperdício de insumos;
  • reduz o trânsito de máquinas na lavoura;
  • reduz os custos de produção;
  • tem menor impacto ambiental.

A sucessão soja-milho-soja

A sucessão soja-milho-soja é o sistema de produção de grãos mais adotado em plantio direto. Nesse sistema, a cultura da soja é plantada na primeira safra e o milho na segunda safra.

Por ser altamente responsiva à adubação, a cultura do milho pode receber doses acima da sua exigência nutricional

A soja é plantada com uma adubação de arranque e se beneficia da adubação residual e da matéria orgânica deixada pelo milho. 

Essa adubação de arranque é essencial em solos de textura arenosa, para não prejudicar o desenvolvimento das plantas.

A soja, por sua vez, beneficia o milho pelos resíduos de nitrogênio deixados no solo.

Além de otimizar as condições de solo, a sucessão soja-milho-soja em sistema de plantio direto também apresenta vantagens operacionais. Ela otimiza a mão de obra e o maquinário. 

Embora a sucessão soja-milho-soja esteja bastante consolidada, é fundamental diversificar a produção

Você pode fazer isso através da rotação de culturas com espécies que tenham propósito comercial e de recuperação do solo.

imagens que demonstram sucessão de soja-milho safrinha-soja

Sucessão de soja-milho safrinha-soja
(Fonte: Constantin et al., 2013)

Rotação de culturas

A rotação de culturas é uma prática que precisa ser planejada para beneficiar as espécies envolvidas. 

A ideia é que a espécie implantada seja favorecida pelas condições deixadas pelas culturas passadas.

A escolha das espécies envolvidas no sistema de rotação deve ser baseada na viabilidade técnica e econômica da atividade.

É importante escolher espécies adaptadas às condições climáticas da região de plantio e com diferentes sistemas radiculares. Isso promove a exploração do solo em profundidade variada. 

A rotação com plantas forrageiras eleva o teor de matéria orgânica do solo e favorece a ciclagem de nutrientes.

Além de melhorar as propriedades do solo, a rotação de culturas também contribui para o manejo de pragas, doenças e plantas daninhas

Você pode saber mais acessando nosso curso de Manejo de Solo. Inscreva-se gratuitamente clicando no botão abaixo!

Vantagens e desvantagens da adubação de sistemas

Veja a seguir as vantagens da adubação de sistemas:

  • maior eficiência no uso de nutrientes;
  • redução da quantidade de adubos aplicados;
  • redução dos custos de produção;
  • menor impacto ambiental;
  • evita o desperdício de insumos;
  • aumento da produtividade.

Apesar de todos os benefícios que a adubação de sistemas pode trazer, existe um ponto negativo.

A sucessão de culturas pode provocar a degradação do solo ao longo do tempo, seja física, química ou biológica.

Banner de chamada para o download da planilha de cálculos de insumos

Conclusão

A adubação de sistemas é uma estratégia de manejo que promove maior aproveitamento dos nutrientes pelas plantas. A cultura mais responsiva à adubação recebe doses maiores de fertilizantes

A cultura menos responsiva é beneficiada pela ciclagem de nutrientes e pelo efeito residual das adubações realizadas na cultura anterior.

O sistema de plantio direto, a rotação de culturas e a adubação de sistemas contribuem para a sustentabilidade da atividade.

É  importante lembrar que não existe receita de adubação. Avalie seu caso individualmente, e considere todas as características e peculiaridades dos seus sistemas de produção.

Você conhecia a adubação de sistemas? Sabia de todas as vantagens? Conte sua experiência nos comentários.

Guia completo de análise e manejo dos principais nematoides no algodão

Nematoides no algodão: conheça as principais espécies e seus sintomas, o que é a análise nematológica e como é realizado o manejo desses parasitas nos algodoais.

Os nematoides podem causar inúmeros danos às lavouras. Além disso, sua presença pode facilitar a entrada de fungos nas plantas.

Saber identificar os nematoides e determinar seu nível populacional é essencial. Assim, você consegue traçar um plano de manejo eficiente no controle desses parasitas.

Neste artigo, você conhecerá os principais nematoides da cultura do algodão. 

Você também terá um guia completo de como realizar a amostragem para análise nematológica, e assim conseguirá se planejar melhor. Confira!

Principais nematoides no algodão

No Brasil, três espécies de nematoides causam grandes prejuízos à cultura do algodão

As espécies de maior importância econômica são:

Esses nematoides estão amplamente disseminados nas regiões produtoras de algodão. Além disso, têm causado prejuízos a diversas outras culturas como soja, feijão, milho e cana-de-açúcar.

A ausência de sintomas evidentes pelo ataque de nematoides faz com que alguns sintomas sejam confundidos com problemas de compactação do solo, desequilíbrios nutricionais e estresse hídrico

Nematoide das galhas (Meloidogyne incognita)

Os nematoides das galhas têm grande importância econômica. Eles afetam diversas espécies de plantas cultivadas e não-cultivadas.

Têm maior ocorrência em condições de clima quente e em solos arenosos e médio-argilosos.

Na parte aérea das plantas atacadas por nematoides das galhas, é possível observar o amarelecimento com aspecto mosqueado das folhas (sintoma de “carijó”). Esses parasitas prejudicam o desenvolvimento das plantas. 

Plantas afetadas apresentam sistema radicular menos desenvolvido e com menor número de raízes secundárias.

Outro sintoma é a formação de galhas nas raízes. Elas ocorrem em função da penetração e infecção pelo nematoide.

O sintoma de galha facilita a identificação em campo.

Galhas nas raízes da planta de algodão provocadas por M. incognita

Galhas nas raízes da planta de algodão provocadas por M. incognita
(Fonte: LSU College of Agriculture)

Nematoide reniforme (Rotylenchulus reniformis)

O nematoide reniforme possui um grande número de hospedeiros. 

Além disso, tem a capacidade de sobreviver em condições adversas. Isso possibilita sua sobrevivência na área mesmo na ausência do hospedeiro.

O nematoide reniforme pode ser encontrado em vários tipos de solo. 

Lavouras de algodão com sintomas provocados por esse parasita podem apresentar plantas de tamanho reduzido e menor volume de raízes.

Dependendo do nível populacional de nematoides e da suscetibilidade da cultivar, pode ser observado o sintoma de “carijó” nas folhas. 

Nesse caso, as folhas apresentam áreas amareladas que necrosam com o tempo.

Sintoma de “carijó” em folha de algodão causado pelo nematoide reniforme

Sintoma de “carijó” em folha de algodão causado pelo nematoide reniforme
(Fonte: Galbieri et al., 2015)

Nematoide das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus

A espécie Pratylenchus brachyurus é conhecida como nematoide das lesões radiculares

Esse nematoide tem ampla gama de hospedeiros (inclusive plantas daninhas). Tem maior ocorrência em solos de textura média.

Ele destrói o sistema radicular das plantas, provocando sintomas como podridão e necrose, diminuindo o número de radicelas. 

As plantas afetadas também podem apresentar clorose e murchamento.

 À esquerda, raízes necrosadas pelo parasitismo do nematoide das lesões radiculares. À direita, galhas provocadas por Meloidogyne incognita (plantas com 80 dias após a inoculação)

 À esquerda, raízes necrosadas pelo parasitismo do nematoide das lesões radiculares. À direita, galhas provocadas por Meloidogyne incognita (plantas com 80 dias após a inoculação)
(Fonte: Boletim P&D – IMAmt)

Interação entre nematoides e fungos de solo

A associação entre nematoides e fungos de solo é bastante comum. 

O ataque dos nematoides aos tecidos radiculares facilita a entrada de fungos fitopatogênicos na planta

Além disso, predispõe fisiologicamente as plantas de algodão a ação do fungo.

Nematoide das galhas, nematoide reniforme e nematoide das lesões radiculares apresentam associação com fungos do gênero Fusarium e Verticillium

Assim, doenças causadas por esses fungos são favorecidas na presença desses nematoides.

Análise nematológica

A análise nematológica tem por objetivo quantificar a população de nematoides e também identificar as espécies parasitas. 

A avaliação é feita somente em laboratório. O eficiente manejo de nematoides está diretamente relacionado à análise nematológica. 

É preciso ter conhecimento das espécies presentes na área e seu nível populacional para estabelecer estratégias de controle. Conhecer o histórico da área também é fundamental.

Quando fazer a amostragem

A amostragem deve ser realizada durante o florescimento da cultura

É nessa fase que as plantas estão em pleno desenvolvimento. Os nematoides podem ser encontrados em elevados níveis populacionais nas raízes e no solo.

No final da fase reprodutiva, as raízes das plantas entram em senescência e a população de nematoides diminui.

Material para amostragem

Confira quais materiais são necessários para a coleta das amostras de solo e raízes:

  • balde;
  • enxada;
  • pá;
  • tesoura de poda;
  • sacos plásticos (previamente identificados);
  • caixa térmica.

Como coletar as amostras

Para a coleta das amostras, caminhe em zigue-zague pela área. A coleta deve ser feita na linha de plantio a uma profundidade de 25 cm.

Em áreas com suspeita de ocorrência de nematoides reniformes, a profundidade de amostragem deve ser entre 20 cm e 40 cm.

O material coletado deve conter solo e raízes finas da cultura de interesse agronômico. 

O solo coletado deve ser aquele que se encontra localizado próximo ao sistema radicular da planta.

Em relação ao número de subamostras, amostre entre 20 e 25 pontos a cada 10 hectares, no máximo.

As subamostras devem ser homogeneizadas em um balde, formando uma amostra composta. 

A amostra composta deve ser formada por aproximadamente 500 g de  solo e 50 g de raiz por área amostrada.  

Armazene as amostras em sacos plásticos previamente identificados com uma ficha de coleta. As raízes e o solo devem estar acondicionados no mesmo saco plástico.

Na ficha de coleta, insira informações como:

  • número da amostra;
  • cultivar plantada;
  • sintomas;
  • tipo de solo;
  • sistema de plantio;
  • data de semeadura;
  • local;
  • data da coleta. 

Transporte as amostras até o laboratório de nematologia o mais rápido possível

Os sacos de amostras podem ser armazenados em caixas térmicas durante esse processo, para melhor conservação do material. 

Caso o material não seja levado rapidamente para o laboratório, você pode armazená-lo em geladeira por um período máximo de 4 dias.

No laboratório, é realizada a extração e isolamento dos nematoides presentes na amostra. Após esse processo, os nematoides são identificados e quantificados.

Esquema de amostragem, homogeneização, acondicionamento, identificação, transporte de amostras de solo e raiz da cultura do algodoeiro para quantificação de fitonematoides

Esquema de amostragem, homogeneização, acondicionamento, identificação, transporte de amostras de solo e raiz da cultura do algodoeiro para quantificação de fitonematoides
(Fonte: Galbieri et al., 2015)

Cuidados na amostragem

Veja alguns cuidados que você deve adotar na coleta das amostras para análise nematológica:

  • não realizar a amostragem quando o solo estiver muito seco ou muito úmido;
  • não molhar o solo para facilitar a coleta;
  • não coletar amostras no centro de reboleiras de plantas com severos sintomas;
  • na presença de reboleira de plantas com sintomas, a amostragem deve ser feita nas plantas da periferia da área afetada;
  • coletar apenas raízes vivas da cultura de interesse agronômico;
  • utilizar sacos plásticos resistentes e limpos para armazenar as amostras;
  • identificar corretamente as sacos plásticos;
  • não deixar as amostras expostas ao sol ou à condições de altas temperaturas;
  • utilizar caixas térmicas para o transporte das amostras até o laboratório;
  • os equipamentos utilizados na amostragem devem ser limpos ao mudar o talhão de coleta.

Manejo de nematoides no algodão

A primeira medida de controle é evitar a contaminação da área. 

Para isso, não esqueça de limpar os implementos agrícolas ao mudar de talhão. Isso evita que torrões de terra contendo nematoides sejam transportados para uma área isenta. 

Para a redução do nível populacional de nematoides na área, a rotação de culturas com espécies que não são hospedeiras desses parasitas é uma boa opção. 

O manejo de nematoides também envolve o uso de genótipos tolerantes e o controle de plantas daninhas no período da entressafra.

A nutrição balanceada da lavoura também é essencial para aumentar a tolerância das plantas ao ataque de nematoides.

O controle biológico com bactérias e fungos nematógafos também é indicado para o manejo. No Brasil, já é possível encontrar no mercado alguns nematicidas biológicos

Outro método de controle é o químico

Abaixo estão listados alguns produtos registrados pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) para o controle de nematoides na cultura do algodão

tabela de nematicidas registrados para a cultura do algodão no Brasil, segundo o Mapa

Nematicidas registrados para a cultura do algodão no Brasil, segundo o Mapa
(Fonte: adaptado de Boletim P&D – IMAmt)

planilha de produtividade do algodão Aegro

Conclusão

Três espécies de nematoides causam danos à cultura do algodão no Brasil: nematoide das galhas, nematoide reniforme e nematoide das lesões radiculares.

Doenças provocadas por fungos do gênero Fusarium e Verticillium são favorecidas na presença desses parasitas.

Caso encontre sinais dos nematoides em sua lavoura, faça a análise nematológica o mais rápido possível. 

Nessa análise, você terá a quantificação e a identificação dos nematoides presentes na amostra. 

Ao realizar o manejo, lembre-se que práticas culturais, controle químico e biológico, e o plantio de cultivares tolerantes são as melhores opções.

>> Leia mais:

“Como a crotalária controla nematoides em sua lavoura”

Você já enfrentou problemas com nematoides no algodão? Realizou a análise nematológica? Quais estratégias de manejo adotou? Conte sua experiência nos comentários.

Irrigação com drip protection: conheça as vantagens e cuidados necessários

Irrigação com drip protection: saiba o que é, como funciona esse sistema, as vantagens, desvantagens e as manutenções que devem ser feitas

A água utilizada na irrigação retorna para o meio ambiente. Ainda assim, é fundamental que seu uso seja racional e eficiente.

Dos diversos sistemas de irrigação, o gotejamento é um dos que mais economiza e conserva água

Quando esse sistema funciona com drip protection, as vantagens são ainda maiores.

Neste artigo, você saberá como funciona a irrigação por gotejamento com drip protection e quais são seus benefícios. Aproveite a leitura!

Como funciona a irrigação por gotejamento

Na irrigação por gotejamento, a água é distribuída lentamente, próxima às raízes das plantas. 

Nesse sistema, a água é levada até as plantas por mangueiras flexíveis com gotejadores que trabalham com baixa vazão e pressão. A água é fornecida gota a gota.

O sistema é simples e composto por:

  • mangueiras ou fitas gotejadoras;
  • canos;
  • bomba;
  • filtro;
  • reguladores de pressão;
  • válvulas.

Uma prática bastante comum no sistema de gotejamento é a aplicação de fertilizantes via água de irrigação (fertirrigação ou nutrirrigação).

Esse sistema é eficiente na aplicação de produtos químicos, biológicos e orgânicos.

infográfico de uso eficiente da água: tanto a água quanto os defensivos agrícolas podem ser distribuídos por meio de pequenos orifícios nas mangueiras

Uso eficiente da água: tanto a água quanto os defensivos agrícolas podem ser distribuídos por meio de pequenos orifícios nas mangueiras
(Fonte: traduzido de Bayer) 

O que é drip protection? 

A tecnologia drip protection é um sistema de injeção de agroquímicos, produtos biológicos e orgânicos na irrigação por gotejamento. 

Essa tecnologia contribui para a aplicação de condicionantes de solo e para o controle de pragas e doenças. 

Vantagens da irrigação com drip protection

O sistema de gotejo apresenta menor consumo de energia em relação a outros sistemas.

Além disso, não impede que outras atividades, como capinas e colheita, sejam realizadas simultaneamente à irrigação

Também promove maior uniformidade de plantas, melhora a qualidade do produto e aumenta a produtividade.

A irrigação com drip protection é um instrumento eficaz no manejo fitossanitário da lavoura e no manejo da adubação.

Quando comparada ao sistema convencional de aplicação de defensivos agrícolas, essa tecnologia permite a economia de insumos, de tempo, mão de obra e redução dos custos.

O sistema possibilita maior precisão na aplicação dos produtos e maior segurança operacional. 

Há maior segurança porque não há contato dos operadores das máquinas com a calda de pulverização. 

Vantagens ambientais

O sistema de irrigação com drip protection economiza e conserva a água.

O sistema reduz a contaminação do solo, rios e lençóis freáticos. Isso porque reduz as perdas de água e insumos por lixiviação e escorrimento superficial.

Na irrigação por gotejamento, não há contato da água com a parte aérea da planta (folhas, flores, frutos, ramos e caule). 

Isso contribui com o manejo fitossanitário da lavoura, pois diminui a incidência de doenças. Principalmente, as doenças beneficiadas por condições de alta umidade.

O gotejamento favorece ainda o controle de plantas daninhas. A água não é distribuída em toda área, e sim apenas na zona radicular das plantas de interesse agronômico

Esse método também apresenta baixo nível de desperdício de água.

>> Leia mais:

“As melhores práticas para o reúso da água na agricultura”

Desvantagens

Quando comparado a outros sistemas de irrigação, o gotejamento apresenta alto custo inicial

A manutenção do sistema também pode ser onerosa. É necessário trocar as mangueiras/fitas gotejadoras que acabam ressecando com o tempo.

Outra desvantagem diz respeito à necessidade da retirada das mangueiras/fitas gotejadoras da área para a realização do preparo de solo.

Além disso, o entupimento dos emissores é algo recorrente.

Cuidados com o sistema de irrigação por gotejamento

No sistema de gotejo, é comum problemas relacionados ao entupimento dos emissores. Por isso, dê uma atenção especial à qualidade da água utilizada na irrigação

A obstrução dos gotejadores ocorre em função da presença de impurezas na água da irrigação, como:

  • areia;
  • argila; 
  • matéria orgânica;
  • sais minerais;
  • organismos vivos.
tabela com elementos físicos, químicos e biológicos que provocam entupimento nos sistemas de irrigação localizada

Elementos físicos, químicos e biológicos que provocam entupimento nos sistemas de irrigação localizada
(Fonte: Bucks et al., 1979)

Com o tempo, os sais solúveis utilizados na fertirrigação podem se acumular nas saídas de água. O acúmulo reduz a vazão dos gotejadores

Esse excesso de impurezas diminui a quantidade de água e produtos que chegam até as plantas, prejudicando o manejo e o desenvolvimento da cultura. 

É importante que uma vez ao dia passe somente água pelo sistema de irrigação. Essa é uma forma de realizar a limpeza de canos e das mangueiras/fitas gotejadoras. 

Outro cuidado diz respeito à integridade dessas gotejadoras. Com o tempo, elas acabam ressecando e podem rachar. 

Com o intuito de preservar o sistema de irrigação e aumentar sua vida útil, elas podem ser instaladas embaixo da palhada ou plástico.

É fundamental que você as vistorie regularmente.

Assim, a presença de rompimentos, rachaduras e emissores entupidos pode ser detectada com antecedência.

checklist planejamento agrícola Aegro

Conclusão

A tecnologia drip protection consiste em um sistema de injeção de produtos químicos, biológicos e orgânicos na irrigação por gotejamento

Essa tecnologia garante maior segurança operacional e precisão na aplicação de produtos.

O sistema de gotejo reduz a mão de obra, economiza tempo e insumos, além de aumentar a produtividade e reduzir os custos de produção.

Caso utilize esse sistema em sua lavoura, não deixe de tomar os cuidados necessários com ele!

>> Leia mais:

“Agricultura irrigada ideal e produtiva”

“Como ocorre e quais os efeitos do estresse hídrico nas plantas”

Você sabia de todas as vantagens da irrigação por gotejamento? Já conhecia a tecnologia drip protection? Conte pra gente nos comentários.

Como identificar e manejar a podridão radicular em soja

Podridão radicular em soja: conheça os sintomas, as condições de desenvolvimento, transmissão e disseminação para realizar o melhor método de controle

A podridão radicular por fitóftora é uma das doenças da soja mais importantes. 

Em cultivares altamente suscetíveis, pode causar a redução de até 100% no rendimento de grãos.

A doença está presente na maioria das áreas produtoras de soja do país e já causou muitos prejuízos.

Neste artigo, você verá como identificar essa doença e quais as melhores práticas para evitá-la. Boa leitura!

O que causa a podridão radicular em soja?

A podridão radicular em soja (ou podridão da raiz e haste por fitóftora) é causada pelo oomiceto Phytophthora sojae.

É comum que se refiram à podridão radicular por fitóftora como uma doença fúngica. No entanto, o patógeno dessa doença (oomiceto) não é considerado um fungo verdadeiro.

De origem grega, Phytophthora significa “destruidor de plantas” (Phyto = planta e phthora = destruidor).

Os Phytophthora são conhecidos por causar danos a culturas como soja, tomate, batata e citros. 

Sintomas da doença

Os sintomas da podridão radicular na soja podem ser observados da pré-emergência à fase adulta da cultura. 

O grau de severidade da doença está relacionado ao nível de resistência da soja. Plantas jovens são mais suscetíveis que plantas adultas.

No solo, as sementes infectadas podem apodrecer e a germinação pode ser retardada. Plântulas infectadas na fase inicial apresentam tecidos de coloração marrom

É comum que as plântulas morram durante a emergência.

Sintomas de podridão radicular por fitóftora em mudas de soja: (A) leve descoloração das raízes e lesão com aspecto encharcado no caule; (B) lesão de coloração marrom no caule e raízes; (C1-C3) danos no hipocótilo e cotilédone; (D) podridão da semente

Sintomas de podridão radicular por fitóftora em mudas de soja: (A) leve descoloração das raízes e lesão com aspecto encharcado no caule; (B) lesão de coloração marrom no caule e raízes; (C1-C3) danos no hipocótilo e cotilédone; (D) podridão da semente
(Fonte: Traduzido de Chang et al., 2017)

Em plantas adultas, é possível observar o apodrecimento da haste e dos ramos, que exibem coloração marrom. Esse sintoma avança da base da haste até as ramificações. 

A podridão radicular da soja também ataca severamente o sistema radicular. 

As raízes secundárias são destruídas e a raiz principal apodrece, adquirindo coloração marrom.

A doença provoca a redução do vigor da planta, clorose e a murcha das folhas. As folhas, mesmo secas, não se desprendem da planta. 

Sintomas de podridão da raiz e haste por fitóftora em soja

Sintomas de podridão da raiz e haste por fitóftora em soja
(Fonte: Daren Mueller)

A podridão radicular por fitóftora diminui a uniformidade da lavoura e o estande de plantas. 

Em alguns casos é necessário realizar operações de ressemeadura, o que aumenta os custos de produção. A doença também diminui o rendimento e a produtividade de grãos. 

Os sintomas da doença podem aparecer em plantas isoladas na lavoura. Também podem se manifestar em reboleiras, geralmente onde há acúmulo de água no solo.

Reboleira de soja com sintomas de podridão da raiz e haste por fitóftora

Reboleira de soja com sintomas de podridão da raiz e haste por fitóftora
(Fonte: Cary Hicks)

Em síntese, os principais sintomas da podridão radicular em soja são:

  • apodrecimento do sistema radicular;
  • lesões de coloração marrom em sentido ascendente na haste principal;
  • clorose
  • murcha das folhas; 
  • redução no rendimento e produtividade de grãos.

Transmissão e disseminação

Só ocorre um ciclo da podridão radicular durante o ciclo da soja. As plantas infectadas serão fonte de inóculo somente na próxima safra

O patógeno Phytophthora sojae consegue sobreviver por longos períodos, mesmo na ausência do hospedeiro. 

O solo e os restos culturais de soja contaminada são considerados as principais fontes de inóculo.

Além disso, o patógeno da podridão radicular em soja não é transmitido e disseminado por sementes de soja.

infográfico com ciclo da podridão radicular por fitóftora

Ciclo da podridão radicular por fitóftora
(Fonte: Traduzido de Crop Protection Network)

Condições para o desenvolvimento da podridão radicular em soja

As condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento da podridão por fitóftora são temperaturas em torno de 25 °C e 30 °C, além de elevada umidade do solo. 

A doença tem maior ocorrência em solos argilosos, solos compactados e mal drenados. 

Há práticas que aumentam a severidade da doença. O plantio direto na soja e a aplicação de altas doses de fertilizantes orgânicos antes da semeadura são exemplos.

Manejo da doença

O principal manejo da podridão radicular consiste no plantio de cultivares de soja resistentes à doença

Mesmo utilizando cultivares resistentes, fique de olho na ocorrência da doença na área. Existe a possibilidade de quebra da resistência da cultivar pelo patógeno.

Além do plantio de cultivares resistentes, adote práticas que melhorem as condições de drenagem e a descompactação do solo

Tenha em vista as condições de desenvolvimento da doença nesse momento. 

Outra medida a ser adotada é a rotação de culturas. Essa prática evita o aumento da quantidade do patógeno no solo.

Segundo a Embrapa, a aplicação de fungicidas na parte aérea da planta não apresenta efeito contra a podridão radicular por fitóftora. 

No Brasil, não há produtos químicos registrados para o tratamento de sementes de soja contra essa doença.

planilha de produtividade da soja

Conclusão

A podridão radicular por fitóftora da soja é uma doença causada pelo oomiceto Phytophthora sojae

O solo e os restos culturais contaminados são as principais fontes do inóculo. 

O principal método de controle utilizado para a podridão radicular por fitóftora é o plantio de cultivares resistentes

Também é importante realizar a rotação de culturas e o correto manejo do solo

Ele precisa apresentar condições como boa drenagem e descompactação, essenciais para que a doença não se estabeleça.

>> Leia mais:

“Conheça as 11 principais doenças da soja e como combatê-las (+ nematoides)”

Você já teve problemas com a podridão radicular em soja? Quais práticas de manejo você utilizou no controle da doença? Adoraria ler seu comentário!

Como garantir uma melhor nutrição da soja?

Nutrição da soja: conheça os sintomas da deficiência de NPK, como é feita a avaliação nutricional da lavoura e a marcha de absorção de nutrientes

O manejo correto da adubação da soja é um dos fatores que contribuem para maximizar a produtividade. Além disso, uma nutrição balanceada contribui para proteger a planta do ataque de pragas e doenças.

É importante fornecer esses nutrientes para as plantas nos períodos de maior demanda nutricional. Por isso, ter conhecimento da marcha de absorção de nutrientes da soja permite melhorar a eficiência da adubação.

Neste artigo, você lerá sobre como identificar a falta de alguns elementos na soja, sobre análise foliar e muito mais. Confira!

Como identificar a deficiência nutricional na soja

Considerando as áreas destinadas à produção de grãos, os solos brasileiros apresentam baixa fertilidade natural e elevada acidez. 

É mais comum que apareçam sintomas decorrentes da deficiência nutricional do que do excesso

A deficiência de NPK diz respeito à carência de nitrogênio, fósforo e potássio nas plantas. 

Cada um desses elementos desempenha um papel na cultura, e sua deficiência pode comprometer a produtividade e a qualidade do produto.

Nitrogênio

O nitrogênio é o nutriente demandado em maior quantidade pela cultura da soja. A maior parte desse elemento é obtida pelo processo de fixação biológica. 

controvérsias quanto ao uso de nitrogênio mineral na soja. A recomendação para o manejo do nitrogênio é a inoculação das sementes com bactérias do gênero Bradyrhizobium

É importante frisar a importância da presença de cobalto e molibdênio para a eficiente fixação biológica do nitrogênio.

A deficiência de nitrogênio afeta primeiro as folhas mais velhas da soja. Elas apresentam clorose seguida de necrose. A clorose pode ser distribuída de forma uniforme ou em áreas internervais da folha. 

A carência desse elemento também pode levar à redução do porte da soja, aumentar a  susceptibilidade das plantas ao ataque de pragas e doenças, além de diminuir os teores de proteínas nos grãos.

Clorose decorrente da deficiência de nitrogênio na soja

(Fonte: Yara Brasil) 

Fósforo 

Na adubação da soja, o fósforo é o elemento que tem o maior custo para o produtor.

Algumas fontes de fósforo utilizadas na agricultura são o superfosfato simples (20% de P2O5) e o  fosfato monoamônio (48% de P2O5).

Os sintomas de deficiência desse elemento são visíveis primeiro nas folhas mais velhas, em razão da alta mobilidade do fósforo na planta

As plantas com sintomas de deficiência de fósforo apresentam folhas de tamanho reduzido, além de terem seu crescimento prejudicado. 

Nesse caso, também há presença de clorose e necrose internerval. As folhas podem exibir coloração que varia do verde-escuro ao azulado.

Clorose seguida de necrose em função da deficiência de fósforo na soja

(Fonte: Yara Brasil)

Potássio 

Depois do nitrogênio, o potássio é o elemento mais exigido pela soja. A principal fonte de potássio utilizada na agricultura é o cloreto de potássio.

Os sintomas da deficiência desse elemento incluem clorose internerval seguida de necrose das folhas mais velhas. Esse sintoma tem início na margem foliar e, com o avanço da deficiência, a clorose-necrose avança para o centro dos folíolos. 

Além disso, a deficiência de potássio afeta diretamente a qualidade dos grãos. Plantas carentes desse elemento produzem grãos de menor tamanho e peso, enrugados e deformados.

Clorose seguida de necrose, iniciando nas margens das folhas, pela deficiência de potássio na soja

(Fonte: Yara Brasil) 

Avaliação do estado de nutrição da soja

A análise foliar é uma importante ferramenta auxiliar no manejo nutricional da cultura da soja. 

Ela permite inferir sobre a fertilidade do solo, uma vez que há relação entre os nutrientes acumulados nos tecidos foliares e os nutrientes disponíveis no solo para as plantas.

A avaliação do estado nutricional da planta é feita pela análise química de uma amostra de folhas, coletadas entre o início do florescimento e a plena floração da cultura (R1 – R2). 

De acordo com o ciclo fenológico da soja, a amostragem deve ser realizada no estádio R1 (início do florescimento). 

É nesse período que ocorre o máximo acúmulo de nutrientes pela cultura. As folhas  apresentam maiores concentrações de nutrientes que serão expressos na análise foliar. 

A quantidade de folhas amostradas irá depender de fatores como a homogeneidade da lavoura, cultivar e tipo de solo. A Embrapa recomenda uma amostragem de 35 folhas trifolioladas por talhão. 

As folhas coletadas precisam ser recém-maduras e sem pecíolos. Devem corresponder à quarta ou à terceira folha a partir do ápice da haste principal.

Terceira ou quarta folhas de soja que podem ser colhidas para análise do tecido no início do florescimento

(Fonte: Agência Embrapa de Informação Tecnológica)

Interpretação dos resultados 

Abaixo, você pode conferir as concentrações de alguns macro e micronutrientes que são utilizadas para a interpretação dos resultados das análises foliares da soja.

Classes e teores de nutrientes utilizados na interpretação dos resultados das análises de folhas (sem pecíolo) de soja de tipos de crescimento determinado e indeterminado

(Fonte: Embrapa Soja)

A análise das folhas possibilita diagnosticar a “fome ou toxidez oculta”, que é quando a planta ainda não apresentou visualmente os sintomas ocasionados pela carência ou excesso de determinado nutriente.

Caso seja diagnosticada a deficiência de algum nutriente, e este for disponibilizado no período de maior exigência nutricional, a lavoura pode se recuperar e não ter sua produtividade afetada. 

No entanto, é importante salientar que antes do aparecimento dos sintomas nas plantas, sejam eles por deficiência ou excesso de nutrientes, o desenvolvimento e a produtividade da cultura já podem ter sido afetados. 

Além de disponibilizar o fertilizante no momento certo, é preciso estar atento às dosagens, fontes, métodos de aplicação, mobilidade do elemento no solo e condições ambientais.

Marcha de absorção de nutrientes

O conhecimento das curvas da marcha de absorção de nutrientes é muito importante no manejo da cultura, pois permite identificar os períodos de maior exigência nutricional

Na fase inicial, a soja apresenta baixa absorção de nutrientes. A exigência nutricional aumenta ao longo do desenvolvimento da cultura e atinge seu pico máximo na fase de enchimento de grãos

O início do florescimento da soja compreende a fase de maior velocidade de absorção de nutrientes pelas plantas. 

A partir desses conhecimentos, você consegue melhorar a eficiência da adubação pelo fornecimento dos nutrientes nas fases de maior demanda, de acordo com a quantidade extraída pela cultura e pela mobilidade de cada elemento no solo.

A seguir você pode conferir a marcha de absorção dos macronutrientes nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S) pela soja.

Marcha de absorção de macronutrientes pela soja

(Fonte: Adaptado de Embrapa Soja)

Abaixo, está apresentada a marcha de absorção dos micronutrientes boro (B), cobre (Cu), manganês (Mn) e zinco (Zn) pela soja.

Marcha de absorção de micronutrientes pela soja

(Fonte: Adaptado de Embrapa Soja)

Conclusão

Toda recomendação de adubação deve ser orientada pelos teores de nutrientes determinados na análise de solo

Na soja, o nitrogênio é o elemento absorvido em maiores quantidades, seguido do potássio. Os sintomas de deficiência de NPK são visíveis, primeiramente, nas folhas mais velhas.

A análise foliar é uma ferramenta auxiliar importante no manejo nutricional da soja. Recomenda-se que a análise das folhas seja feita no início do florescimento (R1) da cultura.

Conhecer a marcha de absorção de nutrientes da cultura da soja te permite melhorar a eficiência da adubação, pelo fornecimento dos nutrientes no momento de maior exigência.

Espero que esse artigo tenha te ajudado a saber qual o momento exato de realizar a adubação na soja!

Gostou do conteúdo? Assine nossa newsletter para receber artigos semelhantes. 

Todos os cuidados para maximizar o enchimento de grãos de soja

Enchimento de grãos de soja: o que ocorre nessa fase, quais os cuidados a serem adotados e como garantir uma boa colheita 

Para que você obtenha altas produtividades, conhecer o ciclo da soja é fundamental. Assim, as práticas de manejo adotadas atendem às necessidades específicas das plantas em cada estádio de desenvolvimento. 

Você sabia que a falta de água durante o florescimento até a granação plena é prejudicial e compromete o rendimento de grãos? Sabe quando a soja precisa receber cada nutriente? Sabe quais são as pragas e doenças mais perigosas na fase do enchimento?

Neste artigo, você vai ler sobre o ciclo fenológico da soja e os cuidados essenciais na fase de enchimento de grãos de soja.

Estádios fenológicos da soja

A escala fenológica da soja é uma ferramenta muito importante no manejo da lavoura. A partir dela é possível relacionar as fases de desenvolvimento às necessidades da cultura.

A fase vegetativa começa com a emergência das plântulas (VE) e termina com o surgimento dos primeiros botões florais. Nesse período, ocorre a formação de estruturas vegetativas como folhas, ramos, caule e raízes.

A fase reprodutiva da soja é o período desde o início do florescimento (R1) até a plena maturação da planta (R8). Nesse momento ocorre o florescimento, desenvolvimento das vagens, enchimento de grãos e maturação.

Abaixo estão representados os estádios vegetativos e reprodutivos da soja. 

tabela com descrição dos estádios vegetativos e reprodutivos da soja

Descrição dos estádios vegetativos e reprodutivos da soja
(Fonte: adaptado de Embrapa Soja e Fehr & Caviness, 1977)

No estádio V(n), “n” se refere ao número de nós, acima do nó cotiledonar, com folhas totalmente desenvolvidas. A folha totalmente desenvolvida é aquela em que as bordas dos folíolos não se tocam mais.

O que ocorre na fase de enchimento de grãos de soja?

Na fase de enchimento de grãos da soja (R5) ocorre rápido acúmulo de matéria seca e nutrientes nos grãos, que são translocados das folhas, ramos e caule.

Esse período é caracterizado pela presença de vagens com grãos de 3 mm de comprimento em um dos 4 nós superiores do caule, com folha completamente desenvolvida.

Plantas no estágio R5 atingem o máximo índice de área foliar, desenvolvimento de raízes e fixação biológica de nitrogênio

Além disso, esse é um período bastante sensível ao déficit hídrico

A falta de água nessa fase provoca a queda prematura das estruturas reprodutivas e o chochamento dos grãos. Isso interfere negativamente na qualidade e no peso, além de diminuir o rendimento de grãos. 

O estádio de enchimento de grãos apresenta cinco subdivisões: R5.1, R5.2, R5.3, R5.4 e R5.5.

Divisão do estádio R5 (enchimento de grãos) em cinco subestádios
(Fonte: adaptado de Stoller e Ritchie et al., 1977)

Cuidados na fase do enchimento de grãos de soja

Veja quais as exigências hídricas e nutricionais da soja no estádio R5 e quais as pragas e doenças que causam danos nesse período.

Exigência hídrica

Dois momentos do ciclo da soja merecem atenção quanto ao suprimento de água: a germinação-emergência e o florescimento-enchimento de grãos. Nesses períodos, o déficit hídrico pode comprometer a produtividade da lavoura.

A necessidade de água aumenta à medida que a lavoura se desenvolve. O estádio de maior consumo hídrico ocorre na fase de florescimento até o completo enchimento dos grãos. Segundo a Embrapa, nesse período (R1-R6) as plantas necessitam de 7 a 8 mm/dia de água.

Exigência nutricional 

O nitrogênio é o nutriente exigido em maior quantidade pela cultura da soja. Ele é obtido pelo processo de fixação biológica, realizado por bactérias do gênero Bradyrhizobium

Depois no nitrogênio, o fósforo e o potássio são os elementos mais requeridos.

O fósforo atua na fotossíntese e no crescimento das plantas de soja. O potássio é responsável pela translocação de carboidratos para os grãos, além de participar do controle da atividade estomática. 

O cálcio e o boro são nutrientes que, quando em falta, podem ocasionar má formação dos grãos

O magnésio faz parte da composição da molécula da clorofila, que é um pigmento indispensável para a realização da fotossíntese. Como na fase de enchimento de grãos ocorre a maior atividade fotossintética, o magnésio é muito importante nesse período.

Pragas na fase de enchimento de grãos

Durante a fase de enchimento de grãos, as principais pragas que atacam a soja são percevejos, nematoides e lagartas.  

Os percevejos são os insetos-praga que apresentam maior impacto econômico para a soja nesse período, em decorrência dos elevados prejuízos que podem causar. 

Dentre os percevejos que causam danos à cultura da soja, há:

  • percevejo-marrom (Euschistus heros);
  • percevejo-verde (Nezara viridula);
  • percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildinii).

Eles são insetos sugadores que se alimentam inserindo o aparelho bucal (estilete) nas vagens de soja. Isso compromete a qualidade dos grãos que ficam menores, murchos, enrugados e com a cor mais escura.

Além disso, o ataque de percevejos retarda a maturação da soja pela indução de um distúrbio fisiológico. Nesse caso, as plantas permanecem com as folhas verdes ao final do ciclo da cultura, o que dificulta a colheita.

Os danos causados pelos percevejos incluem também o abortamento de vagens e a redução do conteúdo de proteína e óleo da semente.  

Os percevejos podem causar danos indiretos à soja pela transmissão de doenças durante o processo de alimentação. Um exemplo é a mancha-fermento, causada pelo fungo Nematospora coryli.

Os nematoides de galhas (Meloidogyne spp.) podem provocar abortamento das vagens de soja e também o amadurecimento prematuro das plantas.

A Helicoverpa armigera é um exemplo de lagarta que se alimenta de folhas, hastes, flores e vagens da soja.

infográfico com desenvolvimento de pragas seguindo o estádio fenológico da soja

Desenvolvimento de pragas seguindo o estádio fenológico da soja
(Fonte: Brasmax)

Doenças na fase de enchimento de grãos

As doenças da soja são um dos fatores limitantes na produção.

A antracnose e a ferrugem asiática são exemplos de doenças fúngicas que afetam as plantas em qualquer momento do ciclo fenológico. Alguns dos sintomas são a queda das vagens e problemas na formação e no enchimento dos grãos

O crestamento foliar de cercóspora (ou mancha púrpura) e a mancha-parda (ou septoriose) são consideradas doenças de final de ciclo da soja (DFC). Elas se desenvolvem com maior frequência na fase final do enchimento de grãos.

A mancha olho-de-rã é outra doença com maior ocorrência no período reprodutivo da soja, ou seja, na fase de florescimento até o enchimento de grãos.

A podridão parda da haste e a podridão por fitóftora também podem pode ser observadas nas lavouras de soja em diferentes momentos do período reprodutivo.

Resumidamente, as principais doenças na fase de enchimento de grãos da soja são:

  • antracnose (Colletotrichum truncatum);
  • ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhiz);
  • crestamento foliar de cercóspora (Cercospora kikuchii);
  • mancha-parda (Septoria glycines);
  • mancha olho-de-rã (Cercospora sojina);
  • podridão parda da haste (Cadophora gregata);
  • podridão por fitóftora (Phytophthora sojae).
infográfico com desenvolvimento de doenças seguindo o estágio fenológico da soja

Desenvolvimento de doenças seguindo o estágio fenológico da soja
(Fonte: Brasmax)

Como garantir um bom período de enchimento de grãos?

É importante ter em mente que a colheita é reflexo das práticas de manejo adotadas ao longo do desenvolvimento da lavoura. 

Para garantir um bom período de enchimento de grãos e atingir altas produtividades, é preciso que as recomendações de adubação sejam feitas com base na análise de solo

Além disso, é fundamental conhecer o ciclo da cultura, de modo que os nutrientes sejam disponibilizados nas fases de maior demanda. 

O manejo de pragas e doenças deve ser realizado durante todo o ciclo da soja. Porém, na fase de enchimento de grãos deve-se dar atenção especial aos percevejos e às doenças de final de ciclo.

O controle de plantas daninhas também é importante, pois elas competem com a cultura por recursos como água, luz, nutrientes e espaço.

Conclusão

O estádio de enchimento de grãos é o período em que ocorre rápido acúmulo de matéria seca e nutrientes nos grãos. Nitrogênio, fósforo, potássio, boro, cálcio e magnésio contribuem positivamente nessa fase.

Tenha cuidado com os percevejos, porque eles são os insetos-praga com maior importância econômica para a cultura da soja.

Fique por dentro de doenças como antracnose, ferrugem asiática, crestamento foliar de cercóspora, mancha-parda, mancha olho-de-rã, podridão parda da haste e podridão por fitóftora. Elas são as mais impactantes nesse período.

Não esqueça de realizar o manejo de pragas, doenças e plantas daninhas durante todo o ciclo da cultura.  Essa atitude é essencial para garantir a qualidade do grão e atingir altas produtividades.

>> Leia mais: “Tudo o que você precisa saber sobre Macrophomina em soja

Quais medidas você toma no período de enchimento dos grãos de soja? Já precisou realizar o manejo de alguma daninha, praga ou doença mencionadas nesse artigo? Deixe sua resposta aqui nos comentários!

Por que a adubação com silício pode ser sua aliada na produtividade

Adubação com silício: a importância dessa estratégia de manejo e os benefícios no desenvolvimento das plantas.

O aumento da produtividade agrícola se deve ao manejo adequado de fatores como a adubação. A fertilização promove muitos benefícios no desenvolvimento das lavouras.

Os efeitos positivos da adubação com silício podem ser observados principalmente nas gramíneas  como arroz, cana-de-açúcar, milho e trigo, consideradas acumuladoras desse elemento.

Além de minimizar os efeitos do déficit hídrico, essa substância aumenta a resistência das plantas ao ataque de pragas e doenças.

Quer saber como a adubação com silício pode te ajudar a aumentar a produtividade da sua lavoura? Confira a seguir!

O que é o silício?

O silício é um mineral que promove melhorias no desenvolvimento das plantas, encontrado naturalmente na maioria dos solos. Os solos brasileiros apresentam cerca de 5% a 40% de silício em sua composição. 

Embora faça parte da constituição da solo, este elemento está presente em maiores quantidades em ambientes pouco intemperizados. Em geral, solos arenosos apresentam baixa disponibilidade de silício assimilável pelas plantas.

Sua absorção está diretamente relacionada ao pH do solo. Em condições de pH mais elevado, há maior quantidade de silício disponível. Dessa forma, ocorre maior absorção do elemento pelas plantas.

O silício é absorvido pelas plantas na forma de ácido silícico (H4SiO4) e esse processo ocorre, preferencialmente, pelas raízes. No entanto, a adubação silicatada pode ser feita tanto via solo quanto via foliar.

Fontes de silício para as plantas

Segundo a legislação brasileira que regulamenta a produção e comercialização de fertilizantes e corretivos, a adubação com silício é considerada benéfica para as plantas

O silício pode ser comercializado na forma isolada ou misturado a outros nutrientes. Dentre os materiais utilizados como fonte de silício para as plantas, há:

  • escórias da indústria siderúrgica
  • metassilicato de cálcio;
  • termofosfato;
  • wollastonita;
  • silicato de potássio; 
  • silicato de cálcio;
  • silicato de magnésio.

O silicato de cálcio é um exemplo de adubo aplicado diretamente no solo, enquanto o silicato de potássio é um fertilizante foliar

Além disso, o silicato de sódio, bastante empregado no modelo de agricultura convencional, é uma substância liberada para uso na produção de orgânicos. 

Importância da adubação com silício

Várias pesquisas científicas demonstram a importância do silício na relação planta-ambiente. 

Esse elemento atua como protetor, fornecendo condições para que a lavoura tenha maior resistência a estresses bióticos (pragas e doenças) e abióticos (déficit hídrico, salinidade e estresse térmico).

Silício no controle de pragas e doenças

Ao ser absorvido, o silício é depositado na epiderme das folhas e nos colmos, que ficam mais espessos. O acúmulo desse elemento nas células epidérmicas funciona como uma barreira física que dificulta o ataque de insetos e o desenvolvimento de doenças.

tabela com pragas controladas com a utilização de silício em diversas culturas

Pragas controladas com a utilização de silício em diversas culturas
(Fonte: International Plant Nutrition Institute)

O silício também atua induzindo mecanismos naturais de defesa das plantas, como a produção de compostos fenólicos, enzimas e acúmulo de lignina

Essa resposta metabólica das plantas interfere negativamente no desenvolvimento de agentes fitopatogênicos, por exemplo. 

tabela com efeito do silício na supressão de doenças fúngicas em grandes culturas e hortaliças

Efeito do silício na supressão de doenças fúngicas em grandes culturas e hortaliças
(Fonte: International Plant Nutrition Institute)

A deposição de silício nas folhas também melhora a arquitetura foliar. Isso quer dizer que as folhas ficam mais eretas, o que favorece a penetração da luz no dossel das plantas e evita o auto-sombreamento. 

Com isso, há melhora na capacidade fotossintética das plantas e há aumento da produtividade. O enrijecimento das paredes das células também reduz o acamamento das plantas.

Silício na correção da acidez do solo

O silicato de cálcio e o silicato de magnésio são substâncias que contêm silício em sua composição. Elas podem ser usadas na correção da acidez do solo, além de fornecer os nutrientes para as plantas.

As escórias siderúrgicas (subprodutos da indústria do ferro e do aço) também são utilizadas na agricultura para correção da acidez do solo. 

Elas aumentam a saturação por bases (V%) e a capacidade de troca de cátions (CTC do solo). Além disso, sua ação como corretivo da acidez do solo pode ser comparada à do calcário

No entanto, é bom destacar a importância desse material não apresentar substâncias contaminantes, principalmente metais pesados. Isso evita a contaminação do solo, dos cursos d’água e protege o ecossistema.  

O silício contribui ainda na redução da toxicidade de alumínio, manganês e ferro presentes no solo.

Silício e a adubação NPK

Os fertilizantes silicatados têm importante papel no aumento da eficiência da adubação feita com nitrogênio, fósforo e potássio. 

Como o silício contribui para o aumento da taxa fotossintética, ocorre maior incorporação do nitrogênio nas atividades metabólicas. Além disso, o silício aumenta o teor de fósforo no solo e diminui a lixiviação de potássio e outros nutrientes móveis. 

Silício no aumento da resistência ao estresse hídrico e salino

Em condições de déficit hídrico, a adubação silicatada contribui para minimizar os efeitos negativos. 

O espessamento da epiderme das folhas, em decorrência da deposição de silício, reduz a transpiração da planta e diminui a abertura estomática. Isso resulta em menor perda de água pela planta

Em condições de salinidade, o silício atua na preservação da parede celular. Ele estimula o sistema antioxidante da planta que garante a integridade e estabilidade da membrana celular. 

10 benefícios da adubação com silício

Você viu todas as vantagens que a adubação com silício pode promover. Confira a síntese desses benefícios e considere essa possibilidade!

  • maior resistência ao ataque de pragas e doenças;
  • aumento da capacidade fotossintética em função do melhor arranjo foliar;
  • maior resistência ao acamamento;
  • indução de mecanismos naturais de defesa, como a produção de polifenóis e enzimas;
  • correção da acidez do solo;
  • aumento dos teores de cálcio e magnésio trocáveis;
  • redução da toxicidade do alumínio, manganês e ferro;
  • contribui para a melhoria do estado nutricional da planta;
  • aumento da resistência ao estresse hídrico e salino;
  • aumento da produtividade.
planilha de controle dos custos com insumos Aegro, baixe grátis

Conclusão

O silício é um mineral com influência positiva sobre o desenvolvimento das plantas, principalmente as gramíneas. Pode ser aplicado via solo ou via foliar.

O silicato de sódio não apresenta restrição de uso na agricultura orgânica, sendo utilizado no controle de pragas e doenças.

A adubação silicatada é uma estratégia de manejo importante no aumento da produtividade e que contribui para a maior resistência a pragas e doenças, melhora o estado nutricional da lavoura, além de aumentar a resistência à salinidade e a falta de água.

O silício funciona como corretivo da acidez do solo e, além disso, fornece cálcio e magnésio para as plantas

Com quais produtos você realiza a adubação do solo da sua lavoura? Já fez adubação com silício? Quais foram os resultados? Conte sua experiência aqui nos comentários!