Previsão para o preço do feijão: saiba quais são as expectativas para 2024

Previsão para o preço do feijão: entenda o mercado, estimativas de produção, tendências e muito mais!

A produção agrícola sofre impactos de diversos fatores, desde o clima até a economia. Isso não é diferente em relação ao feijão, que tem seus preços afetados pelos mesmos fatores.

A partir do segundo semestre de 2023, o feijão apresentou uma redução nos preços, devido às  colheitas de segunda e terceira safra. 

Veja abaixo como tem se comportado o preço do feijão ao longo dos anos e confira neste artigo a previsão para o preço do feijão para 2023/24. Boa leitura!

Qual a previsão para o preço do feijão?

A queda no preço do feijão na segunda metade de 2023 inibiu os aumentos da área de plantio no verão. O preço do feijão carioca recuou 24,2% em 2023. 

Em Minas Gerais, as negociações atingiram R$ 330,00, enquanto no Paraná, as referência indicam valores entre R$ 320,00 e R$ 325,00 para o feijão carioca.

A  manutenção da área plantada em relação a 2022/23 e o El Niño tem gerado um cenário de incertezas para a plantação e o preço do feijão em 2024.

Esse cenário de incertezas sobre a oferta e os preços do feijão nos primeiros meses do ano, tem indicado uma subida intensa dos preços até março.

É importante estar atento ao movimento ascendente dos preços. O valor de US$ 70,00 por saca de 60 quilos, que atualmente é considerado excelente, só ocorreu em janeiro de 2023, tornando o cenário atual muito favorável.

Preço do feijão carioca de 2014 a janeiro de 2024 no Brasil e em Goiás

(Fonte: Agrolink)

Produção de feijão de 2024

O Brasil possui três épocas distintas de plantio do feijão, favorecendo a oferta constante do produto ao longo do ano.

Tem-se o feijão da primeira safra, semeado entre agosto e dezembro, o de segunda safra, cultivado entre janeiro e abril, e o de terceira safra, semeado de maio a julho.

De acordo com a Conab, a área plantada na safra 2023/24 é semelhante à de 2022/23, mas 19% menor que a de cinco anos atrás.

A cultura se encontra em entressafra, e o país conta apenas com os estoques remanescentes da terceira safra e das lavouras paulista na oferta de feijão novo, pelo menos até meados de janeiro de 2024.

A partir de meados de janeiro, poderá contar com volumes mais robustos do grão produzido no Paraná, Minas Gerais e Goiás.

Além disso, o plantio do feijão tem sofrido com os efeitos do El Niño. Em Minas Gerais e São Paulo, o tempo seco e o calor reduziram a taxa de germinação. No Sul, o problema é o excesso de chuvas.

Por outro lado, a safra da Bahia deve ter um desempenho melhor.

Para 2024, a estimativa era de que a colheita de feijão fosse de aproximadamente 3 milhões de toneladas, mas a safra deve registrar retração de mais ou menos 2,5%. 

De acordo com o Portal do Agronegócio, a colheita da primeira safra de feijão para o período de 2023/24 no Paraná atingiu 40% da área total estimada. Este número representa uma redução de 2% em comparação à plantação da safra anterior.

Produção, área e produtividade de feijão de 2012 até 2023

Comparação entre as safras de feijão entre 2012 e 2022/23 (Fonte: Conab)

Como estará o mercado do feijão em 2024?

No Brasil, a maior parte das ofertas do feijão recém-colhido continua sendo dos estados de Minas Gerais, Paraná, São Paulo e Goiás. 

As projeções para 2024 indicam um cenário inédito, sugerindo que o Brasil pode enfrentar um dos menores volumes de feijão em estoque da história nos primeiros meses do ano.

A escassez de produto armazenado indica dificuldades significativas no abastecimento futuro, principalmente, ao considerar a calamidade pública declarada em municípios do Norte e Nordeste, devido à seca. 

Esperava-se uma maior demanda no início do mês, período típioc de reposição de estoques, porém, o volume de negócios tem sido limitado pela quantidade de feijão ofertado.

As perspectivas de melhoria dos preços dependem do término do período de férias escolares, quando se espera uma eventual recuperação do consumo.

Planilha para controle de estoque da fazenda

Vai faltar feijão em 2024?

O plantio de feijão da safra das águas de 2023/2024 começou em agosto, nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

A primeira safra tem sofrido com as adversidades climáticas como, falta/excesso de chuva e baixas temperaturas durante o ciclo da cultura. Esse cenário tem influenciado negativamente a produtividade e, consequentemente, a produção.

O volume a ser colhido não será suficiente para manter o mercado em equilíbrio e impedir, no curto prazo, preços em patamares mais elevados.

A segunda safra está em início de semeadura. A tendência é que a superfície a ser cultivada seja próxima da safra anterior. 

Caso as condições climáticas sejam adequadas, a produção será superior à colheita registrada em 2023, o que manterá elevada a oferta interna do produto.

Conclusão

O preço do feijão carioca para os próximos meses deve se manter nos patamares elevados atuais, com leve queda no final de 2024, quando está prevista expansão da safra.

Para o início de 2024, espera-se que os preços ainda estejam elevados, o que é bom para o produtor.

Fique sempre de olho no mercado e nas variações de preços dessa cultura. Assim, você garante deixar seus preços competitivos, lucrando bem mesmo com as mudanças mais recentes.

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5 passos para acertar na semeadura do feijão

7 principais doenças do feijão e como controlá-las na lavoura

Manejos essenciais em cada um dos estádios fenológicos do feijão

Quebra de safra: saiba as causas e como lidar com ela

Quebra de safra: saiba quais fatores podem levar a uma quebra de safra agrícola, maneiras de evitá-la e os impactos que ela pode trazer.

A produção agrícola de uma determinada cultura pode ser bastante variável. Muitos fatores podem interferir na produtividade, como a quebra de safra.

A quebra de safra é uma grande redução do que estava previsto da produtividade de uma cultura, e pode acontecer por vários motivos. Ataques de pragas, eventos climáticos, doenças, uso errado de defensivos são apenas alguns motivos.

Nesse artigo, veja quais são os impactos locais e globais da quebra de safra e o que você pode fazer para evitá-la ou lidar com ela. Aproveite a leitura!

O que é quebra de safra?

A quebra de safra é definida como uma ocasião em que a produtividade agrícola na safra é muito reduzida no campo. Isso pode acontecer tanto em uma micro ou macrorregião quanto em um país inteiro.

A produtividade tem diversas definições teóricas e práticas, e pode ser medida de várias formas. Entenda abaixo:

  • Produtividade potencial (PP): é a produtividade máxima intrínseca ao material genético da cultivar utilizada e que pode ser alcançada. Teoricamente, se o material genético for ótimo, todos os fatores vinculados à produção também serão ótimos;
  • Produtividade irrigada ótima (PIo): é a produtividade alcançada em uma área com irrigação ótima;
  • Produtividade irrigada média (PIm): é a produtividade alcançada em áreas irrigadas, porém em que o manejo não consegue fornecer a quantidade ideal de água para a cultura ao longo do ciclo. Quando há quebra por esse motivo, é chamada quebra de água.
  • Produtividade atingível (PA): é a produtividade que se pode atingir em área não irrigada e considerando as perdas por déficit hídrico e nutricional relacionado à baixa captação de água;
  • Produtividade real ótima (PRo): a produtividade real ótima é a produtividade em sequeiro, e considera que os demais fatores são idealmente controlados;
  • Produtividade real média (PRm): é a produtividade na fazenda em condições de sequeiro e que é diminuída por outros fatores bióticos e abióticos. Essa quebra é chamada quebra de manejo.  
tabe;a que mostra níveis de produtividade na quebra de safra
Tipos de Produtividade
(Fonte: Informações Agronômicas)

Quais fatores causam quebra de safra?

Os fatores que influenciam a produtividade e podem causar quebras de safra são divididos em bióticos e abióticos. Fatores bióticos estão relacionados a organismos vivos, enquanto fatores abióticos estão relacionados a fatores não vivos. São eles:

Doenças

As doenças podem ser de diversos tipos, mas as mais comuns são causadas por fungos, bactérias ou vírus. Elas podem atacar a parte aérea das plantas, a parte radicular, e até  mesmo atacar o produto agrícola em pós-colheita.

Para evitar quebras desse tipo, adotar medidas como o MID (Manejo Integrado de Doenças) é fundamental. Afinal, através dessas medidas você consegue identificar as doenças na lavoura e controlá-las antes que causem a quebra.

Pragas

Insetos, ácaros e nematoides também podem causar quebra de safra. Eles podem influenciar diretamente a planta, afetando raízes, diminuindo a área foliar ou atacando o produto final. Além disso, as pragas podem ser vetores de doenças, principalmente virais.

Para evitar as quebras de safra causadas por pragas, investir no MIP (Manejo Integrado de Pragas) também é uma boa tática de prevenção.

Plantas daninhas

Plantas daninhas podem estar presentes na mesma área da sua cultura agrícola, competindo com ela por recursos como água, radiação, nutrientes, entre outros.

Se não devidamente identificadas e controladas, as plantas daninhas podem causar prejuízos enormes à cultura. Esses prejuízos podem chegar ao ponto de quebra de safra.

Água

A água é o maior fator limitante para o crescimento de culturas agrícolas ao redor do mundo. Sua falta causa diminuição na capacidade de crescimento e de formação de compostos para enchimento de grãos e frutos.

Sem o enchimento adequado dos grãos, a produtividade da cultura pode ser reduzida a níveis drásticos.

Temperatura

Temperaturas altas ou baixas podem causar estresse térmico nas plantas, o que limita muito o crescimento de plantas e produtividade. 

Temperaturas altas normalmente aumentam os danos da falta de água e podem causar queima de folhas. Temperaturas baixas podem causar congelamento e destruição de tecidos que não mais se recuperam.

Vento

Rajadas de vento podem causar tombamento de plantas em estágios intermediários ou mesmo na maturação, impossibilitando a colheita e reduzindo a produção.

Investir em uma estação meteorológica na fazenda pode ser uma boa alternativa para prever e identificar ventos fortes demais. Tendo os identificado, você poderá adotar medidas que diminuam o impacto dessas ventanias.

Chuva

Poucas chuvas podem causar déficit hídrico por falta de água. Porém, seu excesso pode causar alagamentos e, caso ocorram em curtos espaços de tempo ou venham acompanhada de granizo, podem causar tombamento de plantas.

Esses fatores também podem causar a derrubada de folhas e/ou frutos e grãos. Investir em uma estação meteorológica também é uma alternativa para evitar esse tipo de quebra, além de realizar a drenagem do solo quando necessária.

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Quebra de safra de milho e soja

Ultimamente quebras de safra em culturas de importância tem sido comum. Por exemplo, na safra 2020/2021, a cultura do milho sofreu uma grande quebra na região Sul devido, principalmente, à estiagem, frio intenso e doenças. 

No estado do Paraná, essa quebra de safra foi a maior da história, com cerca de 58% de perdas.

Já na safra 2021/2022 que recém termina, a cultura da soja sofreu a maior quebra de safra registrada na história. As perdas foram de cerca de 12% e 24 milhões de toneladas, comparadas à safra 2020/2021. A principal causa dessa quebra foi a estiagem.

O que a quebra de safra agrícola pode causar?

A quebra de safra causa uma redução abrupta da disponibilidade de um determinado produto agrícola. Ela pode gerar danos em diversas etapas da cadeia de distribuição de produtos. São elas:

  • Aumento de preços: a diminuição da oferta de um produto que continua sendo demandado causa uma alteração nos preços. Isso pode acontecer diretamente no consumidor ou nas cadeias de distribuição;
  • Diminuição de estoques: para produtos que podem ser estocados, como grãos, a quebra de safra pode causar uma necessidade de venda de estoques, causando desbalanço;
  • Impacto em mercados e bolsas: a quebra de safra inesperada de commodities agrícolas pode causar impacto grande nos valores dos produtos e seus derivados em bolsas de valores e mercado agrícola;
  • Falta de alimentos: a quebra de safra pode gerar escassez momentânea ou duradouro do alimento em uma região, país ou diversos países, dependendo de sua rede de exportação, por exemplo;
  • Insegurança alimentar: ao longo prazo ou em situações em que a produção da área afetada é a base alimentar da população, a quebra de safra pode gerar insegurança alimentar e fome;
  • Perdas econômicas: para produtores, um dos maiores efeitos da quebra de safra é o não retorno dos investimentos. Isso pode causar a falência do negócio ou o comprometimento de anos futuros e investimentos.

Como evitar a quebra de safra na produção agrícola?

Em alguns casos, a diminuição da produtividade na fazenda é inevitável. Esse é o exemplo das infestações gerais de pragas, estiagens extremas ou condições de vento que derrubam toda a produção.

Porém, há maneiras de evitar ou aliviar os efeitos que podem causar ou causaram a quebra de safra. Alguns deles são:

  • Planejamento agrícola: planejar a safra e estar ciente de quais serão as principais causas potenciais de perdas na região é crucial;
  • Buscar informação: estar de olho nas notícias da região, principalmente sobre indicadores, previsões climáticas ou intensidade de ataque de pragas/doenças;
  • Capacidade de manejo: ter equipamentos e insumos disponíveis para controle de pragas/doenças pode amenizar grandemente as perdas;
  • Planejamento financeiro: ter um planejamento financeiro da propriedade e compreender onde gastos podem ser diminuídos e onde há necessidade maior de investimento te dá maior flexibilidade e capacidade para enfrentar e se recuperar de quebras de safras;
  • Acompanhamento técnico: ter acompanhamento especializado de empresas e profissionais faz grande diferença nas tomadas de decisão, no manejo técnico da lavoura e também nos mercados;
  • Contratação de seguro: o seguro agrícola contra perda pode dar maior tranquilidade ao produtor de ter um retorno financeiro caso a produtividade seja grandemente reduzida;
  • Apoio da tecnologia: ter acesso rápido à informação de suas lavouras, do mercado e condições climáticas é decisivo para amenizar os impactos na lavoura e diminuir a quebra de safra.
Banner de chamada para portal de consultores agrícolas

Conclusão

A agricultura é uma atividade de alto risco, principalmente porque muitos dos fatores que definem seu sucesso não podem ser controlados. 

Isso causa uma possibilidade de que a produção atingida seja muito mais baixa do que a esperada, quebrando a safra.

Fique por dentro das possíveis causas e consequências da quebra de safra através do uso de tecnologias de monitoramento e de seguro agrícola.

>> Leia mais:

“Safra de milho: conheça as previsões para 2022/23”

“Mancha olho-de-rã: saiba acabar com a doença na soja”

Você já sofreu alguma quebra de safra? Quer compartilhar sua experiência? Adoraria ler seu comentário.

Tudo que você precisa saber para escolher o milho híbrido correto

Milho híbrido: o que é, quais diferenças e tipos, como é produzida a semente, quais vantagens e desvantagens de sua utilização.

O milho é uma cultura com muita demanda mundial. Para ser possível atender a essa demanda, as plantas de milho precisam produzir muito mais grãos.

Pensando nisso, pesquisas foram desenvolvidas para buscar novas formas de aumentar a produtividade do milho. Foram dessas pesquisas que surgiram os milhos híbridos.

Neste artigo, veja qual é a diferença entre um híbrido e uma variedade de milho comum, os melhores híbridos para plantio e muito mais. Boa leitura!

O que é milho híbrido?

O milho híbrido é a primeira geração que se obtém após o cruzamento de linhagens puras de milho. Essas sementes apresentam alto vigor e elevada produtividade. As sementes derivadas desse processo possuem alto vigor híbrido e produtividade muito elevada.

As sementes de milho puras são a base da produção de híbridos. Elas são obtidas pela autofecundação em diversos ciclos, e selecionam características desejáveis até a obtenção da linhagem pura.

Ilustração de espigas de milho com diferentes tamanhos
Representação da obtenção de linhagem pura de milho 
(Fonte: Adaptado de Unesp)

Esta é a diferença entre milho híbrido e outros tipos ou cultivares de milho. As sementes das variedades são produzidas pela polinização aberta e mantém suas características nos filhos. No entanto, são plantas mais heterogêneas e menos produtivas que os híbridos.

Quais tipos de semente de milho híbrido?

Os híbridos de milho podem ser simples, duplos e triplos. Cada um possui diferenças quanto ao modo de obtenção e nível tecnológico a ser utilizado pelo produtor. Entretanto, todos  possuem uma característica igual: só podem ser produzidos com sementes compradas.

Isto quer dizer que você não pode salvar as sementes produzidas destes híbridos, pois apresentam grande variabilidade genética.

Esquema que mostra a formação do milho híbrido
Formação de híbridos e sua reprodução 
(Fonte: Seed news)

Híbrido simples

O cruzamento de duas linhagens puras resulta em sementes de híbridos simples, com alta pureza genética.

Por exemplo: a linhagem A será a planta mãe e a linhagem B a planta pai. Desse modo, retira-se o pendão da linhagem A ou utiliza uma linhagem mãe que não produz a parte masculina na flor (macho esterilidade).

A linhagem B servirá apenas para produzir grãos de pólen para fecundar a planta mãe. Após a polinização, as plantas utilizadas como pai são eliminadas.

Ilustração que mostra a formação do milho simples
Esquema de obtenção de híbridos simples
(Fonte: Geagra)

Estas linhagens puras produzem poucas sementes. Isso gera alto custo para sua aquisição e exige alto nível tecnológico para sua produção.

Entretanto, seu potencial produtivo é mais elevado dentre os híbridos. Os híbridos simples apresentam boa uniformidade de plantas e espigas, demandando maior nível tecnológico.

Híbrido duplo

Quando ocorre o cruzamento entre dois híbridos simples, as sementes produzidas serão denominadas de híbridos duplos. Portanto, o híbrido duplo é originado a partir de quatro linhagens puras.

O cruzamento da linhagem pura A com linhagem pura B irá gerar o híbrido simples AB. Do cruzamento da linhagem pura C com a linhagem pura D será formado o híbrido simples CD. Por fim, do cruzamento destes dois híbridos simples irá resultar o híbrido duplo.

Ilustração que mostra a formação do milho híbrido duplo
Esquema de obtenção de híbridos duplos
(Fonte: Geagra)

Devido sua obtenção ser de dois híbridos simples, sua produtividade não é tão elevada quanto a dos seus progenitores. Em contrapartida, o valor das sementes e o nível tecnológico necessário para semear este híbrido é menor.

Híbridos duplo

O híbrido intermediário no quesito nível tecnológico e preço de sementes é o triplo. Ele é obtido pelo cruzamento entre uma linhagem pura e um híbrido simples. Ou seja, para esse tipo de híbrido é preciso ter três linhagens puras.

Ao utilizar um híbrido para obtenção de sementes, a pureza genética é menor, se comparado com a utilização de apenas linhagens. Por este fato, o híbrido triplo apresenta o potencial produtivo menor que o simples, porém maior que o duplo.

Além disso, para que o híbrido triplo apresente a produtividade esperada, é necessário que o nível tecnológico seja médio a alto.

Ilustração que representa a formação do milho híbrido triplo
Esquema de obtenção de híbridos triplos
(Fonte: Geagra)

Saber destas informações é importante para você definir corretamente qual híbrido utilizar nas suas áreas de produção e qual será o nível tecnológico que irá empregar.

Nível tecnológico é a quantidade de investimento que a lavoura irá receber. Ou seja, quantidade de adubo que será utilizado na semeadura e em cobertura, uso de micronutrientes, aplicação preventiva para controle de pragas e doenças do milho, etc.

O nível tecnológico também envolve a saúde do solo, como uso de plantas de cobertura, adubação verde e desimpedimento físico do solo. A tecnologia também está relacionada ao manejo direto e indireto das plantas de milho.

Milho híbrido para silagem

Não é todo milho híbrido ideal para produção de silagem. Um híbrido bom para esta finalidade deve ter bom volume de massa verde e também de grãos. São estes que fornecem energia na alimentação animal.

Entretanto, não são todos os milhos que produzem grande quantidade de grãos bons para silagem. Para silagem, é preciso que o milho tenha alta digestibilidade, tanto dos grãos quanto das fibras.

Em relação à digestibilidade dos grãos, milhos híbridos com grão tipo dentado são os ideais para produção de silagem. Esses grãos apresentam o amido mais farináceo, ou seja, mais solto dentro dos grãos, o que facilita a digestibilidade.

A digestibilidade da fibra também é um fator determinante na escolha do híbrido para silagem.  O alto teor de fibra prejudica a ingestão pelos animais. O ideal é avaliar a Fibra em Detergente Neutro. Este é o melhor indicativo em relação à fibra, definido na análise bromatológica.

FDN entre 38% a 45% da matéria seca indica uma boa silagem. Além disso, o híbrido deve apresentar tolerância a pragas e doenças, principalmente a da região de utilização.

É importante escolher um híbrido que apresenta estas características para sua região. Afinal, milho destinado à silagem para região do Mato Grosso pode ser diferente do destinado para o Paraná, por exemplo.

Dentre as escolhas, empresas como DuPont Pioneer tem a Linha Nutri, que recomenda milhos híbridos para silagem em diferentes regiões. As Sementes Agroceres também possuem uma linha de milhos indicados para silagem, as sementes NK da syngenta.

Antes de comprar, pesquise na sua região os melhores preços que também te entreguem as qualidades necessárias.

Quais as vantagens e desvantagens dos híbridos de milho?

A principal vantagem do milho híbrido é a maior produtividade que possuem em relação às variedades de milho. Os híbridos também apresentam também alto vigor das sementes e maior uniformidade de plantas e espigas.

Isso gera maior eficiência na colheita do milho quando feita em  condições adequadas. Para que os híbridos expressem seu potencial, eles devem ser alocados em áreas que forneçam o que eles necessitem. Isso tanto em questões climáticas quanto na parte de manejo.

Em alguns casos, um milho variedade se comportaria melhor que os híbridos. Afinal, as variedades são mais rústicas e toleram mais condições adversas. Veja alguns exemplos em que a variedade é melhor que o híbrido:

  • em ambientes com baixa fertilidade de solo;
  • compactação do solo
  • pouca infiltração e matéria orgânica;
  • região com histórico de baixa precipitação em momentos importantes para cultura do milho;
  • clima inadequado.

Outro ponto a ser considerado é o nível tecnológico. Em propriedades onde não há grandes investimentos, a variedade será a melhor opção, pois exigem menos e suas sementes são mais baratas.

Para pequenos produtores que salvam sementes, o milho variedade também é melhor, justamente por ser o único que pode ser guardado para a próxima safra de milho

Para produtores com alto nível tecnológico na fazenda e que possuem um ambiente com qualidade de solo e clima ideal, o milho híbrido é mais indicado. Afinal, sua produtividade elevada compensa seu custo mais alto.

Entre milho híbrido simples, duplo e triplo, também há vantagens e desvantagens. Por exemplo, o milho híbrido simples possui produtividade elevada, mas custo alto. O híbrido duplo, por sua vez, possui custo mais baixo e produtividade também mais baixa.

Para simplificar, veja na tabela abaixo a comparação de alguns aspectos entre estes três híbridos:

Planilha que mostra a produtividade do milho híbrido simples, duplo e triplo.
(Fonte: adaptação da autora)

Milho híbrido para o plantio: qual escolher?

Milhos híbridos, simples, duplo ou triplo, podem ser utilizados para todo tipo de finalidade, desde alimentação humana até animal.

Outro ponto relevante a ser mencionado é o ciclo dos milhos híbridos, que interfere na escolha de época de semeadura. Isso por causa do clima ou momento de semeadura. Assim, o ciclo pode ser definido em normal, precoce e superprecoce.

No milho de ciclo normal, a emergência à maturação fisiológica é inferior a 110 dias. No grupo do milho precoce, o ciclo é maior ou igual a 110 dias e menor ou igual a 145 dias. No grupo do milho superprecoce, por sua vez, o ciclo é acima de 145 dias.

Mas fique de olho, pois pode ocorrer alteração do ciclo conforme as condições climáticas, a data de semeadura e local de plantio.

planilha de planejamento da safra de milho

Conclusão

O milho híbrido é considerado um dos melhores materiais para plantio. Há diferenças entre os híbridos mais comercializados no Brasil e no mundo, e para obter o esperado é preciso atenção às exigências de cada um

Além disso, agora você sabe mais sobre as vantagens e desvantagens de sua utilização. Essas informações serão muito úteis no momento do planejamento de safra.

A escolha entre milho híbrido ou milho variedade dependerá principalmente do investimento feito. Por isso, não deixe de se planejar bem.

>> Leia mais:

“Safra de milho: conheça as previsões para 2022/23”

“Previsão do preço do milho: o que esperar para 2023”

Está pensando em utilizar o milho híbrido na sua fazenda? Conseguiu decidir se vai utilizar o simples, duplo ou triplo? Adoraria ler seu comentário!

Pulverizador agrícola: diferentes tipos e como acertar na escolha

Pulverizador agrícola: conheça os diferentes tipos, suas características principais e recomendações

A pulverização é um método usado na agricultura para aplicação de produtos relacionados à proteção de cultivos e controle de pragas, doenças e plantas daninhas.

Ela consiste em jogar líquidos em gotas muito pequenas sobre uma superfície. Os pulverizadores agrícolas são os equipamentos responsáveis por essa atividade no campo. 

Eles são a máquina agrícola com maior tempo de uso durante a safra.

Nesse artigo, veja as principais técnicas de pulverização, suas vantagens e desvantagens e também as boas práticas. Boa leitura!

O que é um pulverizador agrícola?

Um pulverizador é um equipamento que tem a capacidade de “quebrar” um líquido em partículas muito pequenas. Seu objetivo é espalhar essas partículas por uma superfície-alvo.

O princípio de ação é o mesmo utilizado em borrifadores comuns. Porém, a diferença entre um borrifador e um pulverizador está principalmente no tamanho das partículas e no alcance da aplicação.

No pulverizador agrícola, os líquidos são normalmente agroquímicos. Inseticidas, fungicidas, herbicidas ou fertilizantes são lançados nas superfícies-alvo, como plantas no campo ou em estufas.

Dessa forma, a finalidade de um pulverizador agrícola é fazer com que o líquido esteja em contato com a maior parte da superfície-alvo. Isso, é claro, de maneira eficiente e com menor perda possível.

Componentes de um pulverizador

Cada um dos muitos tipos de pulverizador tem a necessidade de certos componentes para seu funcionamento. Aqui listamos alguns componentes principais em sistemas de pulverização:

  • Tanque de armazenamento: é onde a calda a ser aplicada fica armazenada;
  • Mecanismo agitador: ele mantém a calda sempre homogênea, sem decantação de partes mais pesadas;
  • Filtros: evitam a passagem de impurezas da calda para os sistemas aspersores;
  • Bombas hidráulicas: bombeiam a calda do sistema de armazenamento para os sistemas aspersores;
  • Regulador de pressão: controlam a pressão do líquido no interior do sistema de aspersão;
  • Manômetro: informam de possíveis perdas de pressão no sistema;
  • Barra de pulverização: conduzem a calda aos bicos em sistemas de barra, aumentando o alcance e eficiência da pulverização;
  • Bicos de aplicação: pulverizam o líquido em gotículas e aplicam a calda na  superfície-alvo.

Tipos de pulverizador agrícola

Como qualquer outro tipo de equipamento, para pulverizadores agrícolas também há uma grande variedade de tipos, marcas e modelos. Abaixo listamos os tipos mais utilizados de pulverizadores agrícolas:

Costal

O pulverizador costal consiste de um reservatório de produto que é carregado por um operador. Sua aplicação pode ser manual ou automática. Essa técnica tem rendimento limitado pela velocidade de aplicação e baixa capacidade do tanque. Por isso, é mais recomendada para áreas pequenas ou plantios em estufa.

Pistola

O aplicador tipo pistola normalmente é acoplado a um sistema de mangueiras e aumenta o alcance da aplicação por usar sistema de ar comprimido. Ele pode ser de acionamento manual ou elétrico.

Barra

Ele consiste em uma barra com múltiplos bicos de pulverização acoplados a uma mangueira, e podem pulverizar áreas maiores. Eles podem ser acoplados a tratores ou serem autopropelidos.

Autopropelido

O pulverizador autopropelido é o mais utilizado nas propriedades, e apresenta o sistema de barra e um sistema motriz individual, não dependendo da força motriz do trator. Esse método pode alcançar maiores áreas e rendimentos.

Atomizador

Os atomizadores são equipamentos que utilizam ventilação forçada para espalhar o produto a ser aplicado pela lavoura. Apesar de aumentar a deriva de defensivos, o alcance do método é maior.

Aéreos

Esse processo pode ser feito por meio de veículos voadores como drones para pulverização, helicópteros e aviões. Esse tipo de aplicação ainda é um pouco limitado por custos ou por baixo rendimento de aplicação, como para drones.

Foto elaborada pelo autor, com vários pulverizadores agrícolas diferentes
Tipos de pulverizadores agrícolas
(Fonte: Adaptado pelo autor de diversas fontes)

Além desses tipos de pulverizadores, existem técnicas que podem ser envolvidas nos sistemas de pulverização para aumento de eficiência. Uma dessas técnicas é a pulverização eletrostática.

Ela consiste em gerar gotas com cargas elétricas contrárias às das plantas. Isso causa atração eletromagnética entre a gota e a planta, aumenta a eficácia da aplicação e diminui as perdas.

Regulagem de pulverizador agrícola

A regulagem é o último processo antes do uso desse equipamento no campo. Porém, antes disso, há a necessidade de manutenção e limpeza do pulverizador, que garantem um bom funcionamento.

Em primeiro lugar, utilize equipamentos de proteção individual durante a regulagem e aplicação de produtos na lavoura. Os principais fatores a serem regulados em um pulverizador são:

  • Dose de produtos: normalmente presentes nas bulas dos agroquímicos, as doses definem a quantidade do princípio ativo do produto a ser aplicado por hectare;
  • Cobertura: é a quantidade de gotas do produto a ser aplicado por área da superfície-alvo;
  • Tamanho de gota: o tamanho de gota é controlado principalmente pelo tipo de bico a ser usado e a pressão de operação e é definido de acordo com o tipo de produto, estágio de fechamento da cultura, condições ambientais, dentre outros;
  • Volume de calda: o volume de calda é definido para uma área conhecida, por exemplo, em litros por hectare. Ele dependente da dose, da cobertura e do tamanho de gotas;
  • Pressão: a pressão no sistema de barras é importante para definir a vazão do produto e o tamanho de gota e pode ser verificada através do manômetro. Ele indica possíveis perdas no sistema;
  • Vazão: a vazão é o volume aplicado em um certo tempo por um sistema de pulverização. É importante para entregar a quantidade adequada do produto na superfície-alvo;
  • Tipo de bico: o tipo de bico define o espalhamento da calda, o tamanho da gota e o alcance e capacidade de penetração do produto no dossel;
  • Velocidade da máquina: a velocidade da máquina irá controlar a qualidade de aplicação e deve ser levada em conta junto com os parâmetros acima, como vazão.

Os parâmetros atmosféricos também devem ser considerados na definição da regulagem. Velocidade do vento, chuva, umidade e temperatura do ar podem causar problemas na aplicação de produtos, como deriva, evaporação, diluição do produto, etc.

Marcas de pulverizador agrícola: como escolher o melhor modelo para a fazenda

Existem várias marcas de pulverizadores agrícolas comercializados no Brasil: Valtra, Massey Ferguson, John Deere, Jacto, Aral, Stara, New Holland, Case, Jan, Metalfor, PLA, Montana, ServSpray e Pulverjet. Porém, a escolha de um pulverizador deve considerar fatores como:

  • Tipos de culturas agrícolas utilizadas na propriedade: para culturas agrícolas perenes, prefira o uso de pulverizadores atomizadores. Para culturas anuais, priorize o uso de pulverizadores costais ou autopropelidos. Algumas culturas florestais utilizam pulverização aérea;
  • Extensão da área e relevo da propriedade: para produtores médios a pequenos com extensões de terra reduzidas, o pulverizador costal é uma boa opção de custo-benefício. Com o aumento das áreas, há necessidade de um sistema mecanizado  e mais automático;
  • Nível tecnológico da fazenda e da mão de obra: a decisão por investir em sistemas de maior precisão, por exemplo com geolocalização ou mesmo o uso de drones, tem que estar de acordo com o conhecimento da mão de obra e da tecnologia da fazenda;
  • Capacidade de investimento: o investimento em um pulverizador autopropelido é maior que em um costal ou de pistola. Isso deve ser levado em conta no plano de investimento e amortização dos custos nas safras posteriores;
  • Facilidade de assistência técnica na região de atuação: de nada adianta ter maquinários na fazenda se eles não estão aptos a executar suas funções. Muitos problemas podem ser minimizados por manutenções preventivas, mas outras vezes há necessidade de mão de obra especializada. Ter especialistas disponíveis na região da propriedade é de grande valia.

Por isso, consulte sempre os fornecedores e assistentes técnicos para definição do melhor maquinário para sua realidade.

Como escolher o tipo de bico

A escolha do tipo de bico de pulverização é um passo muito importante. Ele está diretamente relacionado à qualidade e homogeneização da aplicação. Os bicos precisam ser bem escolhidos e estar sempre em boas condições.

Caso contrário, de nada adianta ter o produto correto, na dose correta e com a calda bem preparada e aplicado em condições climáticas ideais. Os principais tipos de bico são:

  • cone: pode ser de tipo cone cheio ou cone vazio. Normalmente é utilizado para aplicações de fungicidas e inseticidas;
  • leque: pode ser do tipo leque padrão ou leque uniforme. É normalmente utilizado para aplicação de herbicidas e utilizado em pulverizadores de barra;
  • impacto: os bicos de impacto são bastante abrangentes em suas características, e por isso são utilizados para pulverização de vários tipos de produtos; 
  • indução a ar: é um bico de maior tecnologia que trabalha sob maior pressão. ELe minimiza a deriva do produto, aumentando a eficiência de aplicação;

Alguns fatores são importantes na escolha do bico, como seu material, pressão de trabalho, forma e tamanho de gotas, tipo de jato. Suas condições de desgaste e possíveis entupimentos também devem ser avaliadas. 

Testes prévios são necessários para ver o molhamento executado pelos bicos.

Conclusão

Existem diversos fatores que definem o tipo de pulverizador mais recomendado. A regulagem adequada deles garante uma aplicação mais eficiente na propriedade.

O uso de novas tecnologias como drones e aviões tem crescido bastante. Porém, os sistemas autopropelidos ainda são grandemente usados nas propriedades brasileiras.

Ao fazer a escolha do pulverizador ideal para a sua fazenda, não deixe de realizar a manutenção frequente para garantir a qualidade dos processos.

>> Leia mais: “Moderfrota: veja o que é preciso para conseguir recursos

Pensando em investir em um pulverizador agrícola para a sua fazenda? Esse artigo te ajudou? Assine nossa newsletter para receber mais artigos em seu e-mail.

Agrometeorologia: saiba como ela é importante para a produtividade da lavoura

Agrometeorologia: veja a definição, usos e aplicações, importância e potencial para aumento da produtividade

A influência do clima na agricultura é muito delicada, sobretudo porque o clima tem sido cada vez mais extremo e imprevisível. 

Veranicos longos, chuvas torrenciais, ventos muito fortes, temperaturas muito altas ou geadas bruscas têm sido cada vez mais normais.

A agrometeorologia estuda esses fenômenos. Seu conhecimento pode trazer grandes benefícios ao produtor, facilitando suas tomadas de decisão e trazendo vantagens na atividade agrícola.

Nesse artigo explicaremos, em detalhes, os diversos fatores relacionados à meteorologia agrícola. Boa leitura!

O que é meteorologia agrícola?

A agrometeorologia (ou meteorologia agrícola) é a parte da meteorologia que estuda as interações entre o clima e a atividade agrícola. Ela está relacionada à Engenharia Florestal, Agrícola e Agronômica, além da Zootecnia.

Isso inclui o estudo de diversos fatores que formam a condição do tempo atual como:

  • Temperatura;
  • Umidade do ar;
  • Chuva;
  • Vento;
  • Radiação solar.

Ao analisar essas condições ao longo do tempo, é formada a definição de clima, que é estudado pela climatologia.

A agrometeorologia de cultivos estuda as condições ideais e as respostas de cultivos diversos às condições meteorológicas. Isso ajuda a entender sua resiliência e resistência a estes fatores. 

Além disso, a meteorologia agrícola analisa e identifica a formação de microclimas. Microclimas são áreas com condições climáticas específicas e diferentes do clima predominante ao redor. 

São alterações principalmente em parâmetros como temperatura e umidade do ar. Elas acontecem devido a fatores como a cultura agrícola, as características do solo, do relevo, da presença de cursos de água, da face de exposição ao sol, dentre outras. 

Os microclimas são específicos de cada região e podem causar a necessidade de manejos específicos em áreas da propriedade. Por isso, uma análise detalhada de suas formações é essencial.

Agrometeorologia operacional: objetivos

Os objetivos do estudo da agrometeorologia podem ser definidos de acordo com sua aplicação nas atividades agrícolas e no tempo (cronológico). Esses estudos procuram identificar as condições ambientais atuais, passadas e futuras.

Esses conhecimentos são fundamentais na tomada de decisão. Esse processo é chamado de Agrometeorologia operacional. Afinal, ela define as operações agrícolas de acordo com a meteorologia.

Condições ambientais atuais

Ao estudar as condições atmosféricas na propriedade no presente momento ou no futuro próximo, o objetivo é tomar decisões sobre as atividades no curto prazo.  

Exemplos: não se deve fazer pulverização de produtos fitossanitários se houver vento ou chuva.

Condições ambientais passadas

Ao estudar as condições atmosféricas passadas e o impacto delas no comportamento das culturas agrícolas, o objetivo é compreender as melhores maneiras de manejo quando essas condições se repitam. 

Exemplo: quem produz aprende que determinada doença tende a ser mais rigorosa em anos de temperatura mais amena e maior umidade no ar.

Condições ambientais futuras

Ao prever condições atmosféricas futuras, o objetivo é diminuir os impactos delas na atividade agrícola através do planejamento de ações de manejo. 

Exemplo: ao ter informações de que a tendência de geada é grande na região, quem produz pode utilizar da irrigação como método de diminuir os impactos do frio extremo.

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Importância da agrometeorologia dos cultivos

Os estresses causados por condições atmosféricas não ideais aos cultivos agrícolas são diretamente responsáveis por grande parte das perdas de produtividade. São exemplos desses estresses: 

Além disso, outra parte das perdas da produtividade são causadas por ataques de pragas e doenças, que também estão relacionados às condições do ambiente. 

Por exemplo, a cercosporiose na soja, que causa cerca de 30% de perda de produtividade, tem maior incidência em alta umidade e em temperaturas entre 23 e 27 graus.

A agrometeorologia é importante para aumentar a capacidade de compreensão dos produtores sobre a influência do clima. Além disso, ela dá maiores possibilidades de prever e planejar ações de mitigação das perdas, aumentando produtividade.

Foto de uma estação meteorológica, ponto fundamental da agrometeorologia
Exemplo de estação meteorológica
(Fonte: AgSolve)

Quais as aplicações da Agrometeorologia na propriedade?

Você pode se perguntar como aplicar esses conhecimentos na prática. Veja alguns exemplos para ilustrar.

Estação meteorológica ou Agromet, da Embrapa

Cada dia mais o uso de tecnologia no campo tem ocupado seu espaço, principalmente após o surgimento das chamadas Agricultura 4.0 e Agricultura 5.0

Esses conceitos se baseiam bastante no uso de dados detalhados da propriedade para controle e eficiência de processos.

As características do tempo e do clima são cruciais para aumentar a eficiência da produção agrícola. Esses dados podem ser conseguidos, por exemplo, por meio de uma estação meteorológica instalada na fazendo. 

Isso permite o conhecimento das condições a que a cultura tem sido ou será exposta e auxilia na tomada de decisões.

Há também a possibilidade de se obter dados através de sites ou aplicativos gratuitos, como o portal AgroMet da Embrapa. Porém, eles são de abrangência mais geral e não específicos para micro-regiões.

Assim, é comum que muitas fazendas modernas já utilizem dados de estações em combinação com outros sensores para decidir quando e como efetuar atividades. Isso acaba aumentando a eficiência de processos e a produtividade.

Plantio

Data de plantio: normalmente há muitas dúvidas sobre a data de plantio de culturas anuais, principalmente após o início das chuvas após estiagem. Conhecendo as previsões de chuva e os níveis de água no solo, fica mais seguro decidir a data de plantio.

Além disso, conhecer características como temperaturas máximas e mínimas, incidência de vento e insolação e umidade do solo têm muitas vantagens. Por exemplo, fica mais fácil decidir quais culturas serão implantadas em cada área da fazenda.

Manejo

A decisão por irrigar ou não uma lavoura pode ser tomada em conjunto com dados de umidade do ar e do solo, de chuvas acumuladas ou previstas e da evapotranspiração da cultura. 

Além disso, a pulverização não é recomendada em certos níveis de incidência de vento. Se há previsão de chuva ou o molhamento foliar é muito grande, pode ocorrer diluição ou lavagem do produto, diminuindo ou anulando sua eficiência.

Conhecendo as características de umidade do ar e temperatura, fica mais fácil prever a chance de ataque e expansão de algumas doenças de plantas. Esse conhecimento também auxilia na previsão da produtividade.

A combinação de dados como disponibilidade de água, temperatura acumulada e evapotranspiração podem ser usados em modelos para a previsão de produção de lavouras específicas.

Colheita e pós-colheita

A colheita, principalmente de grãos, é bastante relacionada ao grau de umidade das plantas. De posse da informação das últimas chuvas e temperaturas e da previsão pros dias seguintes, fica fácil decidir sobre quando colher com perdas menores.

Ainda, para produtos que demandam secagem, por exemplo, o conhecimento das condições de chuva e temperatura facilitam a decisão de processos. Isso ocorre principalmente em condições de secagem natural.

Foto de terreiro suspenso, com grãos de café
Secagem de café em terreiro suspenso
(Fonte: shutterstock)

Conclusão

Conhecer as condições climáticas de sua região e os microclimas de sua propriedade é um fator crucial para o sucesso da atividade agrícola.

Esses dados, juntamente com novas tecnologias de mapeamento de plantas e solo, são combinados com maquinários inteligentes e geolocalização.

Em conjunto, eles permitem um manejo mais eficiente das lavouras.

Pensando em aplicar a agrometeorologia na sua fazenda? Já sabe por onde começar? Deixe seu comentário abaixo!

Café Arara: o que você precisa saber sobre a variedade de café de alta qualidade 

Café Arara: características agronômicas, particularidades e vantagens de sua utilização

Além dos efeitos climáticos, a incidência de doenças e pragas do café causam grande impacto nas perdas da lavoura.

O café Arara é uma opção que tem estado muito presente no Brasil. Afinal, produtores tendem a buscar variedades com boa resistência ou tolerância a esses efeitos de perda . 

Neste texto, vamos explicar o que você precisa saber sobre o café Arara e o motivo de ele estar tendo tamanho destaque nos últimos anos. Boa leitura!

O que é o café Arara?

O café Arara é proveniente do cruzamento natural entre as variedades Obatã e Catuaí Amarelo, após muita pesquisa. Ele foi selecionado pela primeira vez no Paraná, no fim da década de 80. A variedade é produtiva e resistente a várias doenças

No fim da década de 90 e início dos anos 2000, houve aumento no interesse de pesquisadores pela variedade de café Arara. Ele passou a ser mais estudado e incluído em processos de melhoramento do cafeeiro, em instituições como a Fundação Procafé.

Hoje, o café Catuaí é o mais cultivado no país. Porém, o café Arara tem assumido papel de destaque, sendo uma escolha bastante comum para produtores que desejam implementar novas lavouras. Essa tendência teve um aumento principalmente a partir de 2017.

Estima-se que o café Arara represente cerca de 50 % a 60% das mudas de café arábica produzidas hoje em dia. Também estima-se que, na safra de 2020, tenham sido plantados em torno de 60 a 80 milhões de mudas no Brasil. 

Características agronômicas

As principais características que diferenciam o café Arara são o porte baixo (porém mais alto que o Catuaí), frutos maiores e amarelos. Além disso, a alta resistência natural à ferrugem do cafeeiro, a maturação tardia e o alto potencial produtivo também são relevantes.

As características agronômicas completas do café Arara são resumidas no quadro a seguir.

Tabela de características agronômicas do café Arara
(Fonte: adaptado de Consórcio Pesquisa Café)

Principais vantagens do café Arara

A variedade café Arara tem uma série de vantagens, mas a principal é ser praticamente imune à doença ferrugem. Essa é a doença que mais atinge o cafeeiro. Além disso, a variedade é resistente à bactérias pseudomonas e é tolerante à phoma, mais uma doença muito frequente.

Como dito anteriormente, o café Arara tem se tornado bastante comum entre os produtores que implementam novas lavouras nos últimos anos. Algumas das vantagens desse café é que ele tem muita resistência a doenças como ferrugem do cafeeiro.

Veja algumas vantagens que têm sido diferenciais desta variedade.

Resistência fitossanitária

Essa é uma das características mais importantes desse café. A variedade de café Arara é extremamente resistente às doenças importantes como a ferrugem do cafeeiro, as pseudomonas de fruto e a mancha de phoma.

Facilidade de colheita

Por apresentar uma copa mais compacta, mas com maior diâmetro, a colheita de café manual ou mecânica é facilitada. 

Apesar disso, os grãos tendem a ter maior adesão ao caule, necessitando maior força para retirada. Porém, isso acaba diminuindo a queda de frutos. Estima-se que o rendimento de colheita no café Arara seja 20% mais alto que em outras variedades.

Os grãos de café da variedade Arara tendem a ser maiores e de peneira mais alta se comparados ao Catuaí, por exemplo.  Isso faz com que os grãos de Arara tenham maior peso médio que os de Catuaí e outras variedades.

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Potencial produtivo alto

O café Arara apresenta uma especificidade do surgimento de flores (que geram frutos) em ramos mais velhos. Isso acaba contribuindo para aumento de produção.

O café Arara apresenta um potencial de produção mais alto que outras variedades. Ele possui  reportes de até 35% de aumento em comparação ao Catuaí.

Redução do uso de agroquímicos

Por apresentar maior resistência a algumas doenças do cafeeiro, a variedade necessita de menos aplicações de produtos fitossanitários, como fungicidas, por exemplo.  Isso também o faz uma boa escolha para cultivos orgânicos.

Qualidade de bebida 

Apesar da qualidade da bebida não ser uma característica que dependa apenas da variedade, o café Arara tem se destacado por pontuações altas em concursos. Às vezes, essa pontuação fica acima de 90 pontos, com características de uma bebida limpa e adocicada.

Foto de cafeeiros da cultivar café arara
Plantas de cultivar Arara
(Fonte: Revista Cafeicultura)

Café arara: espaçamento e outras recomendações de cultivo

A escolha da variedade do café é muito importante, principalmente por se tratar de uma cultura perene. Ela só começa a dar retorno produtivo a partir de 3 anos após o plantio.

O café Arara, assim como todos os outros, possui recomendações específicas de plantio para garantir uma produtividade ainda melhor.

O espaçamento para café Arara precisa ser de 3 metros entre linhas e 50 centímetros entre plantas. Isso permite um plantio semi-adensado, sem limitar os tratos culturais e manejo e ainda permitindo a opção por safra zero.

O café Arara apresenta maiores bifurcações dos ramos. Por isso, a poda de esqueletamento/ponteiro pode ser necessária com mais frequência que em outras variedades adensadas. O objetivo disso é “desembatumar” a planta.

Já os limites de altitude para o café Arara também são específicos. O Arara é um café recomendado para altitudes mais altas e não para áreas de baixada

Ele se adapta bem a condições mais frias e úmidas, e é recomendado para altitudes entre 600 e 1200 metros acima do nível do mar.

O café Arara pode ser combinado com outras variedades de maturação precoce ou normal na mesma propriedade. Por exemplo, pode-se alocar o Arara em áreas mais altas e a outra variedade em áreas mais baixas. 

Por ser uma variedade imune à ferrugem e bastante resistente a pseudomonas e phoma, as pulverizações para controle de doenças podem diferir de outras variedades. Normalmente, há diminuição das aplicações.

A correção de solo e adubações do café Arara são comuns aos de outras variedades de café. Isso, é claro, sempre de acordo com as análises de solo, análise foliar e a previsão de produção.

Isso aumenta o potencial de cada um e ainda permite organização de colheita de acordo com a maturação de cada um.

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Conclusão

O café Arara é cada vez mais presente nas lavouras brasileiras. A tendência é que isso continue a acontecer. Suas características agronômicas oferecem vantagens em condições de altitude e clima específicos.

Além disso, por necessitar menor uso de fitoquímicos, têm grande aceitação em lavouras destinadas à produção orgânica.

Sua  alta produtividade e qualidade de bebida podem proporcionar um produto final de valor agregado mais alto. Ele é uma opção bastante interessante, principalmente em combinação com outras variedades em áreas distintas da fazenda.

Você já conhecia a variedade de café Arara? Está pensando em implantá-la na sua lavoura? Adoraria ler seu comentário!

O que são insumos agrícolas e como planejar a compra

Insumos agrícolas: saiba o que são, quais os tipos de insumos, como planejar sua compra, opções para negociação e muito mais!

Os insumos agrícolas são parte fundamental dos sistemas produtivos de qualquer cultivo, seja ele anual ou perene. Eles servem para garantir a produtividade da cultura produzida por você.

Alguns exemplos de insumos agrícolas são sementes, adubos orgânicos e inorgânicos, inoculantes e agroquímicos. A compra deles é um passo essencial para o sucesso da sua safra e da sua empresa agrícola.

Neste artigo, saiba o que são insumos agrícolas e por que a compra e correta gestão deles é tão importante. Boa leitura!

O que são insumos agrícolas?

Os insumos agrícolas são todo produto ou serviço essenciais para o processo de produção agrícola. Eles podem ser defensivos agrícolas, fertilizantes, máquinas e implementos agrícolas, equipamentos, e tudo aquilo que é preciso para produzir.

Segundo o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento),  os insumos agrícolas são todos os fatores de produção utilizados com o objetivo de garantir a nutrição e a proteção das plantas.

Com insumos agrícolas, você garante boas produtividades e qualidade do produto final. 

É importante lembrar que existe diferença entre matéria-prima e insumo agrícola. A matéria-prima é todo material utilizado para a fabricação de um produto. Insumo é tudo aquilo utilizado no processo de produção. Ele pode ser um bem ou serviço. 

O milho empregado na produção de ração e o algodão usado na fabricação de roupas são exemplos de matéria-prima.

Os insumos podem ser classificados como naturais (relacionados à matéria-prima), de trabalho (relacionados à mão de obra) e ao capital (relacionados ao investimento realizado no serviço ou produto).

Tipos de insumos agrícolas 

Os insumos agrícolas podem ser mecânicos, biológicos e químicos. Confira a seguir as diferenças entre eles e alguns exemplos.

Insumos mecânicos 

Os insumos mecânicos envolvem todo o maquinário, implementos agrícolas, ferramentas e equipamentos utilizados na produção. 

Alguns exemplos desse tipo de insumo são:

Insumos biológicos 

Os insumos biológicos são produtos de origem microbiana, animal ou vegetal

Os inoculantes de sementes, os biofertilizantes e os adubos orgânicos são exemplos desse tipo de insumo. As sementes e as mudas também são insumos biológicos.

Insumos químicos/minerais 

Os insumos químicos/minerais são os produtos industrializados ou provenientes de material mineral.

Esse tipo de insumo inclui os defensivos agrícolas, como herbicidas, inseticidas e fungicidas sintéticos. O calcário e os fertilizantes inorgânicos, como o cloreto de potássio e o superfosfato triplo também são exemplos de insumos químicos/minerais. 

Importância dos insumos agrícolas para o agronegócio

Sem determinados insumos é impossível produzir. Por isso, conhecer o que será necessário para o bom desenvolvimento da sua lavoura é fundamental para disponibilizar os insumos no momento certo.

De modo geral, os insumos agrícolas garantem o bom desenvolvimento das plantas. Também auxiliam no controle de pragas, doenças e plantas daninhas, reduzindo perdas na lavoura. 

Eles são empregados tanto no sistema de produção agrícola convencional quanto no orgânico, de acordo com as características de cada um. A utilização dos insumos corretos e de forma racional está diretamente relacionada ao crescimento da produção agrícola.

Como planejar a compra de insumos agrícolas

Os custos com insumos nas produções agrícolas podem ser um dos maiores vilões da lucratividade do produtor. 

A variação anual de preços devido a reajustes e flutuação do câmbio (US$) pode trazer inúmeras dores de cabeça na hora de comprar os insumos agrícolas. Para evitar preços abusivos, o planejamento da safra é essencial.

Assim, fica mais fácil estabelecer metas tanto para as quantidades a serem compradas quanto para os preços máximos de cada insumo agrícola.

Pedidos antecipados e com base em um bom levantamento de preços nas diferentes distribuidoras são as estratégias mais comuns de negociação de insumos.

Trabalhar com grupos de compras ou cooperativas pode garantir preços mais acessíveis por concentrar as compras em uma única revenda.

Porém, o custo dos insumos pode variar – sendo anualmente reajustado e fortemente influenciado pela variação das taxas de câmbio. Por isso, você precisa estar antenado também ao mercado financeiro para acertar na hora da compra.

A compra antecipada pode garantir os menores preços. Entretanto, muitas vezes não temos o capital naquele momento, não é mesmo?

Por isso, algumas estratégias vêm sendo utilizadas por produtores de grãos em todo o país para facilitar a aquisição dos insumos agrícolas. A principal delas é o barter.

O barter é uma estratégia muito comum para as commodities agrícolas, principalmente para milho e soja. Além disso, essa pode ser uma alternativa interessante para os produtores.

Software de gestão agrícola

A melhor maneira de planejar a compra de insumos agrícolas, principalmente de fertilizantes e agroquímicos, é através da coleta e análise de dados.

Quando se analisa as quantidades de insumos agrícolas utilizadas em safras anteriores relacionadas às produtividades obtidas, temos uma noção da eficácia dos manejos em campo e da gestão agrícola.

Além disso, você consegue saber se as aquisições anteriores foram suficientes e se houve falta ou excesso de produtos nos estoques.

Para algumas pessoas, a coleta e análise de dados pode parecer um bicho de sete cabeças. Isso não precisa ser assim, afinal, temos a tecnologia a nosso favor.

Softwares e aplicativos de gestão agrícola como o Aegro permitem uma ampla visão dos estoques das propriedades rurais.

Com a inclusão de poucas informações, como diferentes tipos de insumos agrícolas, o software gera relatórios que incluem as quantidades planejadas e realizadas para cada área cultivada.

Assim, há um alerta quando se alcança os objetivos pretendidos, se está em déficit ou se excedeu em algum aspecto.

Detalhe da aba “Insumos da safra” do aplicativo Aegro

Além das quantidades, podemos gerenciar os locais de estoque, os fornecedores (ou revendas) de insumos agrícolas, as movimentações e o histórico de todos os itens!

As plataformas digitais podem auxiliar tirando a sobrecarga do produtor rural, podendo ainda levar a ganhos com base na economia dos insumos.

Exemplo da plataforma Aegro, exemplificando o histórico de item num estoque da propriedade

É possível testar o aplicativo de gestão agrícola Aegro de forma gratuita, por meio de:

Conclusão

Os insumos agrícolas ajudam a produzir sempre mais e com melhor qualidade.

Por isso, saber comprar, negociar e gerenciar os insumos nas empresas agrícolas é essencial!

Portanto, fique ligado em suas safras, faça a gestão e acompanhamento de seus dados. Dessa forma, a cada ano que passa melhores resultados virão, fazendo sempre mais com menos!

Leia mais >>

“Estoque de insumos: como fazer uma gestão eficiente?”

“Superfosfato simples: saiba como utilizar”

“Gestão de máquinas agrícolas: como diminuir seus custos com ela”

Gostou do artigo? Conte pra gente nos comentários quais os insumos agrícolas mais utilizados na sua lavoura e como tem realizado a negociação dele.

Saiba a previsão do preço do café para 2023

Previsão do preço do café para 2023: veja como está o mercado de café neste momento, confira os preços da saca, tendências, valores e mais!

A previsão do preço do café para 2023 será influenciada pelo excedente de estoques, estimado em 7,9 milhões de sacas. Segundo especialistas, variações do clima, como La Niña e o El Niño, também podem interferir.

O mercado do café, nos últimos anos, tem passado por diversas oscilações. Tudo isso é efeito do clima, mudança nos hábitos de consumo, pandemia de Covid19 e guerra na Ucrânia. Mas o principal fator que você deve estar atento para saber como vai ficar o preço do café é o excedente de estoque.

Neste artigo, confira detalhes sobre a previsão do preço do café para 2023 neste artigo. Boa leitura!  

Previsão do preço do café para 2022

O preço da saca de café (60 kg) em 2022 deve variar entre R$ 1.250 e R$ 1.300 nos próximos meses. Isso pode depender da região de produção, segundo analistas do setor.

Esses são os preços da saca atualmente. Portanto, os próximos meses devem ser de estabilidade nos valores pagos ao produtor, pelo menos até o último trimestre do ano. 

O cenário apontado é dentro de contexto de normalidade da produção, com o aumento natural da oferta. Afinal, a fase atual é de colheita de café nas regiões produtoras.

Também dentro de um cenário normal, espera-se que as condições climáticas sejam favoráveis ao término da colheita. A principal preocupação é o La Niña.

Os meteorologistas do Noaa (agência de clima e meteorologia dos Estados Unidos) preveem 52% de chances de La Ninã e 46% de Enso neutro (El Niño-Oscilação do Sul) de julho a setembro de 2022.

A avaliação é de que, se o La Niña surgir durante o período de colheita no Brasil, ele não afeta a quantidade da safra 2022/2023. Porém, atrasa a disponibilidade do café ao mercado.

Gráfico que demonstra previsões de eventos climáticos
Previsões do Noaa para os fenômenos climáticos La Niña, Enso e El Niño
(Fonte: Stonex)

De acordo com o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), muitos produtores estão preocupados com a colheita por conta do clima e da falta de mão de obra. Em locais onde a colheita é feita de forma manual, os grãos estão secando nos pés. 

O que explica a alta do café?

Em 2021, o preço da saca de 60 kg de café começou em R$ 640 e fechou em R$ 1.446. Isso significa alta de 126,31%, segundo a Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé). 

Em 2022, o preço da saca de café chegou a ser negociada por R$ 1.550 pela Coopama (Cooperativa Agrária de Machado). Esse foi um valor recorde para o arábica.

De acordo com especialistas das cooperativas, a alta dos preços é explicada pelo aumento dos custos de produção com insumos, sobretudo os fertilizantes e combustível. No geral, o aumento dos custos para os produtores no Brasil é estimado entre 50% e 60%.

A inflação também é outro fator de grande importância para a previsão do preço do café para 2023. No Brasil, a inflação do café aumentou impressionantes 67% no ano passado.

Previsão do preço do café para 2023: estimativa de inflação no Brasil, EUA e Europa.
Evolução da inflação do café torrado e moído no Brasil, EUA e Europa
(Fonte: StoneX)

Os preços do café e a inflação na Europa não aumentaram tanto quanto nos EUA e no Brasil. Para analistas da StoneX, “isso é uma indicação da recuperação mais lenta da demanda e do mercado competitivo, permitindo que os varejistas mantenham os preços mais baixos”.

Qual a safra do café em 2022?

De acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a safra de 2022 de café deve ter produção total de 53,43 milhões de sacas.

Essa quantia representa queda de 15,3%, frente às 63,08 milhões de sacas de 2020, último ano de bienalidade positiva do café arábica. O arábica é a principal variedade produzida no país, ficando na frente do conilon.

Em comparação a 2021 (bienalidade negativa), o resultado é 12% superior.

A Sincal (Associação Nacional dos Cafeicultores do Brasil), no entanto, prevê 40 milhões de sacas para a safra de 2022.

A principal razão para a queda da safra de 2022 (em relação a 2020) são a estiagem e a geada. Eles antecederam a florada do café de 2021, conforme analistas da Conab.

Somente a geada afetou mais de 200 mil hectares de cafezais em Minas Gerais em 2021.

A produção mundial de café para a temporada 2022/2023 está estimada entre 175 milhões de sacas, de acordo com o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Segundo o departamento, os estoques mundiais estão em 32,7 milhões de sacas.

Qual a demanda do café para 2022?

A previsão do preço da saca de café para 2022, com impactos em 2023, pode ser influenciada pela demanda. Nos Estados Unidos, maior consumidor mundial, teve queda de 3,6% em 2020 e de 1,3% em 2021, por conta da pandemia de coronavírus.

O esperado para 2022 é que a demanda americana de café se recupere. É esperado um aumento de 6,9% e estabilização em 2023.

A StoneX prevê demanda global de 24,5 milhões de sacas em 2022 e aumento de 4,1% no consumo em 2023. Também é previsto 1 milhão de sacas a mais.

Já o Usda estima que a demanda mundial crescerá 1,8 milhão de sacas em 2022. 

Houve um agravamento da guerra na Ucrânia, com a entrada da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) nos combates contra a Rússia, apoiada pela China. Isso causaria outro impacto ainda mais grave no consumo.

A Ucrânia consumiu 1,235 milhão de sacas em 2021 e não deve comprar um grão do café brasileiro em 2022, segundo especialistas do CoffeeNetwork.

A Rússia, e ainda num cenário sem a entrada da Otan na guerra, deve ter 50% de queda no consumo este ano. Em 2021, os russos compraram quase 4 milhões de sacas. 

O agravamento da guerra na Ucrânia representa uma preocupação em relação ao consumo de café, na análise de especialistas da Conab. Tudo isso explica o por que o preço do café subiu em 2022.

“O conflito bélico no leste europeu intensificou a inflação global, ameaçando a demanda do café e favorecendo a migração de investidores para outras commodities com maior perspectiva de valorização”, avaliam especialistas do CoffeeNetwork.

A demanda prevista para o Brasil em 2022/2023 é de 19 milhões de sacas, o mesmo da atual temporada.

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Qual a previsão do preço do café para 2023?

A previsão do preço do café para 2023 é que ele deve se manter nos mesmos patamares de 2022. Isso, é claro, caso não ocorram eventos extremos na economia global, relacionados ao consumo ou à oferta.

Problemas com o La Niña no Brasil e o atraso das chuvas de final de ano pode ter problemas para o desenvolvimento da florada. Isso pode impactar negativamente a oferta em ano de bienalidade negativa do arábica.

Outro fator importante para a previsão do preço do café para 2023 é a oscilação do valor do dólar em relação ao real.

Em 2022, o dólar chegou a ultrapassar R$ 5, o que é muito positivo para quem exporta café. Porém, a tendência do café para 2023, apontada por especialistas, é a de que o real se valorize frente ao dólar, como vem ocorrendo nos primeiros quatro meses do ano.

Na demanda, o superávit de 7,9 milhões apontado pelo Usda pode também reduzir os preços da saca do café, para o ano cafeeiro 2022/2023. Confira abaixo a evolução dos preços do café nos últimos anos:

Previsão do preço de café para 2023: preços do arábica e do conilon
Preços de café nas bolas de Nova Iorque (arábica) e Londres (conilon)
(Fonte: Conab)

Conclusão

As previsões do preço do café para a temporada 2022/2023 apontam para uma estabilidade dos preços. Porém, há uma preocupação geral com a queda no consumo, em decorrência do agravamento da guerra na Ucrânia.

Nesse sentido, a geopolítica deverá ditar nos próximos meses as tendências para os preços do café, com interferência em toda a economia global.

A previsão do preço do café para 2023 é a de que fique entre R$ 1.250 e R$ 1.300 a saca de 60 kg. Fique sempre de olho no mercado do café e nas mudanças para garantir acertar no preço das suas sacas.

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