Prad: entenda o que é o plano de recuperação de áreas degradadas

Prad: conheça os objetivos, documentação necessária, quem pode fazer, como elaborar, quais os tipos de recuperação e mais!

O Prad (Plano de Recuperação de Áreas Degradadas) é um estudo que serve como instrumento para a regularização ambiental da sua propriedade. 

Ele possibilita a recuperação de áreas degradadas. Se a sua fazenda sofre com degradação do solo, conhecer esse plano é fundamental, pois ele pode ser um grande aliado.

Neste artigo, você verá tudo o que precisa saber antes de elaborar o plano. Confira!

O que é o Prad e quais os objetivos?

O Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (sigla Prad) é um estudo, baseado em um conjunto de técnicas e medidas que são executadas a fim de recuperar áreas que sofreram degradação ambiental. Isso seja por ação humana ou natural.

São consideradas áreas degradadas aquelas que sofreram alterações em suas propriedades químicas, físicas e biológicas. Isso compromete a capacidade de retornarem ao seu estado natural e a fertilidade do solo.

O Prad assegura condições adequadas de uso do solo e a conservação dos recursos naturais. Seu objetivo é reunir informações, diagnósticos, levantamentos e estudos que possibilitem avaliar a degradação ocorrida

Depois disso, o Prad define as medidas adequadas para a recuperação da área degradada.

Esse plano é solicitado pelos órgãos ambientais como parte do processo de licenciamento ambiental. Ele também pode ser solicitado após a propriedade ser punida administrativamente por causar degradação ambiental.

Esse estudo deve ser elaborado e acompanhado por um profissional habilitado. Ele deve ter registro de ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) do conselho de classe.

É bom ressaltar que existe o Prad e o Prad simplificado. A diferença entre os dois está relacionada ao impacto ambiental. O Prad simplificado é específico para pequenas propriedades rurais ou posse rural familiar.

Nesses locais, o impacto ambiental é de baixa complexidade, o que facilita a elaboração e execução do plano.

Prad: foto de solo rachado
(Fonte: AgroRural)

Fundamentos legais do Prad

A instrução normativa IN n° 04/2011 do Ibama estabelece exigências mínimas e norteia a elaboração de projetos de recuperação de áreas degradadas. Além disso, ajuda na confecção de algumas leis e decretos que devem ser considerados, como:

  • Lei Federal 7.347/1985: permitiu a criação de instrumentos para viabilizar a recuperação de áreas degradadas;
  • Constituição Federal de 1988: remete às áreas degradas como situações que devem ser reparadas independente do causador da degradação ter sofrido ações penais e aplicações de multas;
  • Decreto 97.632/1989: primeiro marco regulatório que cita plano de recuperação degradados, e para essa legislação específica obriga atividades de mineração a elaborar o Prad e submeter à aprovação do órgão ambiental competente;
  • Lei Federal 9.605/1998: lei dos crimes ambientais, que exige ao infrator recompor o ambiente degradado;
  • Lei Federal n° 12.651/2012: novo Código Florestal atuando fortemente na recuperação de áreas de reserva legal e áreas de preservação permanente, além da obrigatoriedade de Cadastro Ambiental Rural dos imóveis rurais.

Como fazer o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas?

O primeiro passo para elaborar o Prad é fazer a caracterização da área degradada e seu entorno. O agente causador da degradação deve ser informado, através de vistoria de campo.

Após, a delimitação da área a ser recuperada precisa ser feita. Você deverá escolher métodos e técnicas de recuperação de acordo com a área a ser recuperada e com a classificação do solo

Especifique também as técnicas e ações que serão adotadas no processo de recuperação.

O próximo passo é elaborar uma proposta de monitoramento. Faça também uma avaliação da efetividade da recuperação após a execução do plantio. Elabore um levantamento dos insumos, custos e cronograma de execução necessários para a recuperação.

Por fim, detalhe o cronograma, a proposta de monitoramento e a avaliação da recuperação da área. Após a aprovação do plano do Ibama, você terá 90 dias para dar início às atividades de recuperação previstas no cronograma do Prad.

Em resumo, os itens que são obrigatórios e que devem estar no seu plano são:

  • Dados do imóvel rural;
  • Dados do proprietário rural;
  • Dados do responsável técnico pela elaboração do plano;
  • Dados do responsável pela execução do plano;
  • Causas da degradação;
  • Objetivo da realização do projeto;
  • Detalhamentos sobre a implantação do plano;
  • Detalhamentos da manutenção do plano;
  • Informações sobre monitoramento da recuperação da área;
  • Cronograma (de atividades e financeiros), extremamente detalhado.

Documentação necessária

O Prad deve ser protocolizado no Ibama em 2 vias, uma impressa e outra digital. Essas vias devem ser acompanhadas dos seguintes documentos:

  • documentação do proprietário;
  • documentação da propriedade;
  • cadastro no ADA (ato declaratório ambiental);
  • certificado de registro do responsável técnico no Cadastro Técnico Federal do Ibama;
  • ART (anotação de responsabilidade técnica);
  • informações georreferenciadas de toda área a ser recuperada;
  • mapa ou croqui que possibilite o acesso ao imóvel rural.

Só podem elaborar o Prad profissionais habilitados. Considere contratar uma empresa de consultoria ambiental confiável e regularize sua propriedade. Assim, as chances de receber multas e sanções são menores. 

Recuperação de áreas degradadas

Áreas degradadas são aquelas que tiveram suas características naturais alteradas, tanto por motivos naturais quanto por ação humana, além do limite em que possam se recuperar sozinhas. Por esse motivo, precisam de intervenção humana para se recuperarem.

Não existe apenas uma forma de recuperar uma área degradada. As principais maneiras de se fazer isso são através do plantio de mudas, do plantio de sementes, do plantio de culturas como amendoim, da recuperação natural e do uso de espécies pioneiras. Veja mais a seguir: 

Plantio de mudas

O plantio de mudas é uma das técnicas de recuperação de áreas degradadas mais efetivas. Porém, apresenta alto custo. Em geral, o plantio de mudas nativas apresenta alto crescimento e portanto. Em até dois anos, a área poderá estar recuperada.

Prad: solo com plantio de mudas em linhas
(Fonte: Embrapa)

Plantio de sementes

O plantio de sementes também pode recuperar solos degradados. Ele deve ser feito com espécies florestais adaptadas à região. Para o sucesso desse tipo de recuperação, é necessário que ela seja realizada sob condições climáticas adequadas.

Recuperação natural

A recuperação natural de áreas degradadas é quando uma área se regenera naturalmente. É indicada para casos de recuperação de áreas de preservação permanente. Porém, algumas barreiras podem prejudicar a regeneração:

  • ausência de sementes para a recuperação do local;
  • menor desenvolvimento de mudas jovens; 
  • falta de polinizadores.

Recuperação com espécies pioneiras

O plantio de espécies pioneiras pode ser aplicado em áreas próximas a fragmentos florestais. Nesses locais, a natureza se encarrega de promover o enriquecimento natural da área. Esse método também é indicado quando a área está muito degradada.

Como funciona a manutenção e monitoramento do Prad?

O monitoramento e avaliação do Prad é de 3 anos após sua implantação. Ele pode ser prorrogado por 3 anos. Ao longo da execução do Prad, você deve apresentar relatórios de monitoramento, elaborados pelo responsável técnico.

Esses relatórios poderão ser solicitados pela área técnica do Ibama, caso a situação requeira, em intervalos de 3 meses. Pequenos proprietários rurais ou agricultores familiares não precisam apresentar relatórios.

Serão realizadas análises e vistorias pelo Ibama nas áreas em processo de recuperação. Eventuais alterações das atividades técnicas previstas no Prad deverão ser encaminhadas ao Ibama com antecedência mínima de 90 dias.

Ao final da execução do Prad, você precisa apresentar um Relatório de Avaliação com indicativos que permitam aferir o grau e a efetividade da recuperação da área.

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O que acontece se descumprir o Plano?

Caso os objetivos propostos no Prad não sejam alcançados, a área degradada não será considerada recuperada. Isso pode tornar necessária a reavaliação do projeto e ações técnicas pertinentes.

Desta forma, o proprietário estará sujeito a multas e sanções penais, conforme mencionado na Lei 9.605/1998. 

Ele também pode sofrer medidas restritivas de direitos, como a perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento e crédito rural.

Conclusão

O Prad é um conjunto de medidas para recuperação de áreas degradadas. Ele assegura condições adequadas de uso do solo e a conservação dos recursos naturais.

Esse estudo reúne informações, diagnósticos, levantamentos e estudos para avaliar a degradação ocorrida e definir medidas adequadas de recuperação da área.

Esse plano é solicitado por órgãos ambientais como parte do processo de licenciamento ambiental ou após a propriedade ser punida administrativamente por causar degradação ambiental.

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Estação meteorológica na fazenda: Entenda como funciona 

Estação meteorológica: saiba quais equipamentos fazem parte, o que eles medem e como seus dados podem ser um diferencial na atividade da fazenda

As condições climáticas influenciam muito no crescimento, desenvolvimento e produtividade das culturas.

Quanto mais mapeadas forem as condições ambientais, melhor você entenderá os ciclos climáticos e sua interação com a cultura. Com uma estação meteorológica, é possível fazer isso na sua própria fazenda.

Neste artigo, veja quais são os impactos positivos das informações obtidas em estações meteorológicas, quais são os instrumentos necessários e muito mais. Boa leitura! 

O que é uma estação meteorológica?

Uma estação meteorológica é um conjunto de sensores e equipamentos que tem a capacidade de medir, gravar e recolher dados sobre o tempo. Eles medem parâmetros como temperatura, pressão atmosférica, radiação, chuva, pressão atmosférica, direção e velocidade do vento e muito mais.

A meteorologia é a ciência que estuda os fenômenos da atmosfera, a entende e prevê. Assim, a meteorologia estuda as condições passadas e atuais para prever o futuro próximo. 

Vale lembrar que o tempo é uma situação momentânea das condições meteorológicas. Já o clima é um conjunto de condições meteorológicas em um determinado intervalo, como por exemplo, um ano.

Dessa forma,  uma estação meteorológica ajuda a avaliar a situação atual do tempo. Com essa análise, é possível comparar e entender os fenômenos passados que formam o clima.

Equipamentos da estação meteorológica

Uma estação meteorológica é composta por instrumentos de medição como termômetros, higrômetros, barômetros, anemômetros, pluviômetros, radiômetros, tensiômetros, sensores e tanque. 

Além desses itens básicos, também podem fazer parte da estação outros equipamentos. Data loggers, GPS, redes de comunicação para transferência de dados, dispositivos armazenadores de dados e repetidores de sinais são exemplos.

Equipamentos de estação meteorológica
(Fonte: AgSolve)

Conheça os instrumentos de medição de uma estação meteorológica e saiba como esses equipamentos funcionam.

Termômetros

Esse é um dos equipamentos mais conhecidos e mede a temperatura do ar. Existem diversos tipos de termômetro, em vários níveis de tecnologia.  A unidade de medida mais comum no Brasil é graus Celsius (°C).

Higrômetro

O higrômetro é o equipamento que mede a umidade do ar. Essa medida reflete a quantidade de água presente no ar, de acordo com a capacidade de retenção do mesmo. Sua unidade é refletida em porcentagem (%), e seus valores podem variar entre 0 e 100.

Anemômetro

Esse é o sensor responsável por detectar a velocidade e direção do vento. A unidade de velocidade normalmente é medida em metros por segundo (m/s) ou quilômetros por hora (km/h).

A direção do vento é dada de acordo com as coordenadas geográficas (norte, sul, leste, oeste e suas intermediárias).

Barômetro

O barômetro mede a pressão atmosférica. Apesar dessa característica ser bastante constante com a altitude, é importante ter um valor bem medido para estimativa de outros parâmetros. Isso, é claro, em combinação com outros instrumentos da estação. 

As unidades mais comuns de medida são BAR e Mega Pascal (MPa).

Pluviômetro

A quantidade de precipitação/chuva é medida por esse equipamento. Apesar de poder ser medida em outras unidades, normalmente o mais comum é o milímetro (mm) de água. O milímetro representa litros por metro quadrado (l/m2).

Radiômetro

O radiômetro (ou piranômetro) é um sensor que mede a quantidade de radiação solar que chega ao dossel ou ao solo em uma área específica e intervalo de tempo. 

A unidade de medida normalmente é dada em megaJoules por metro quadrado por hora (MJ/m2/h) ou em Watts por metro quadrado (W/m2). 

Existe também um medidor específico para a radiação fotossinteticamente ativa, que é a parte da radiação total absorvida pelas plantas. A unidade de medida é em micromols por metro quadrado por segundo (µmol/m2/s).

Termômetro e tensiômetro de solo

Existem sensores específicos para a medição de características do solo. Essas medições são normalmente feitas na parte superficial do solo, mas também podem atingir porções mais profundas, de acordo com a necessidade. 

As unidades são as mesmas de temperatura (°C) e umidade (%). A porcentagem também pode ser medida em metros cúbicos por metros cúbicos (m3/m3).

Sensores de molhamento e umidade foliar

Os sensores de molhamento e umidade são utilizados para medir características específicas, como o tempo de molhamento foliar e a umidade da folha.

Tanque classe A

Esse equipamento consiste em um tanque de volume e área conhecida que contém uma quantidade de água conhecida. 

Ele permite a medição da quantidade de água evaporada em um período de tempo e auxilia no cálculo da evapotranspiração. A unidade de medida normalmente é em milímetros por unidade de tempo (mm/h).

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Tipos de estação meteorológica

As estações meteorológicas podem ser automáticas, convencionais, de primeira classe, segunda classe ou terceira classe. Essa classificação acontece de acordo com o modo de captura e armazenamento de dados, e também de acordo com os dados coletados. 

As estações podem ter os dados medidos e armazenados automaticamente, por meio de dispositivos eletrônicos e redes de transmissão de dados (estações automáticas). 

Os principais sensores das estações meteorológicas automáticas são os anemômetros, piranômetros, sensores de temperatura e umidade, além dos pluviômetros.

A aquisição de dados também pode ser feita pelos instrumentos mecanicamente e verificadas e anotadas por um operador (convencional).

As estações são também classificadas de acordo com os tipos de sensores que apresentam e os dados gerados.

As estações de primeira classe coletam dados de diversos sensores, trazendo informações completas. 

As estações de segunda classe são mais simples e não apresentam informações sobre pressão atmosférica, vento e radiação.

As estações de terceira classe coletam apenas temperaturas máxima e mínima e chuva acumulada, e são ainda mais simples.

Estação meteorológica convencional e automática
Exemplo de estações meteorológicas convencional e automática
(Fontes: Ufla/Oficina de textos)

Quais são as principais estações meteorológicas do Brasil?

O Inmet  (Instituto Nacional de Meteorologia) é o órgão que organiza e controla as informações meteorológicas captadas pelas estações espalhadas pelo país. A rede do Inmet conta com cerca de 500 estações automáticas, além de quase 300 estações convencionais.

Abaixo, mostramos um mapa das estações cadastradas na rede do Inmet.

Mapa do Brasil com indicador de estação meteorológica por região
Mapa de estações meteorológicas do Brasil, pertencentes à rede Inmet
(Fontes: Inmet)

Além do Inmet, também há a rede de estações do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), além de algumas estações da Embrapa. Estações de instituições estaduais também são presentes no Brasil, como:

  • IAC (Instituito Agronômico de Campinas); 
  • Iapar (Instituto Agronômico do Paraná);
  • Climerh (Centro Integrado de Meteorologia e Recursos Hídricos de Santa Catarina);
  • Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná). 

Importância e vantagens de levantar os dados climatológicos

O conhecimento das variáveis meteorológicas é muito importante nas tomadas de decisão em uma propriedade agrícola. Ele pode definir a produtividade das lavouras e o sucesso do empreendimento.

Apesar do elevado número de estações com dados disponíveis pela rede Inmet, ter uma estação própria na propriedade tem muitas vantagens:

  • Disponibilidade de dados facilitada;
  • Caracterização específica da propriedade;
  • Capacidade de verificações momentâneas das variáveis ambientais;
  • Maior assertividade nas previsões a curto prazo;
  • Tomada de decisões de manejo mais bem embasadas;
  • Diminuição de risco de perdas devido a condições extremas;
  • Redução de custos e de retrabalho;
  • Maior eficiência no uso de maquinários, mão-de-obra e recursos.

Muitas atividades podem ser beneficiadas pelo conhecimento vindo das estações meteorológicas particulares. Elas são:

  • Estimativa de geadas;
  • Controle preciso das atividades de irrigação, baseados em cálculos de umidade de solo e folha e evapotranspiração;
  • Eficiência nas atividades de pulverização de acordo com condições de vento, molhamento foliar e possibilidade de chuva;
  • Mapeamento da previsão de incidência de doenças devido a condições favoráveis de temperatura, vento e umidade;
  • Decisão facilitada da melhor época de plantio e maior eficiência de acordo com umidade do solo;
  • Menor compactação de solo devido ao controle de tráfego de acordo com a umidade do solo.

Qual o custo de uma estação meteorológica?

O custo de uma estação meteorológica é proporcional ao seu grau tecnológico. Elas costumam custar entre R$ 5 mil e R$ 30 mil. Outro fator que influencia no valor é o fato de a estação ser ou não usada.

Estações meteorológica automáticas, que contenham grande número de sensores e estejam conectadas a redes de compartilhamento de dados terão preços mais altos. As estações convencionais, mais simples, podem ser mais baratas.

É importante ressaltar que, apesar de o investimento em uma estação meteorológica poder ser alto, a economia que ela pode gerar também é alta. Como você viu, é possível evitar perdas, melhorar a produtividade e ter mais eficiência nas atividades da lavoura.

Requerimentos para ter uma estação meteorológica na fazenda

Apesar de todos os possíveis benefícios, a instalação de uma estação meteorológica na propriedade deve ser bem planejada por diversos fatores.

Alguns desses fatores estão relacionados aos requerimentos do terreno e local para a instalação e perfeito funcionamento da estação. A área deve ter as seguintes características:

  • Ser plana e ter cobertura vegetal rasteira, de preferência gramado;
  • Estar em área aberta e longe de obstáculos que possam interferir no vento, criar microclimas específicos ou bloquear a radiação solar;
  • Não ser próxima a cursos ou reservatórios de água, evitando impacto nas medições de umidade;
  • Evitar proximidade a redes de energia elétrica.

Conclusão

Há muitas vantagens de se ter informações de uma estação meteorológica. 

Isso destaca a importância de as fazendas possuírem um bom nível tecnológico para abrigar ferramentas que podem ser aliadas da produtividade. 

Analise bem os tipos de estação meteorológica e escolha o melhor modelo para sua fazenda com base em sua realidade, capacidade de investimento, nível tecnológico da propriedade e o conhecimento dos operadores. Na dúvida, consulte um especialista!

>> Leia mais: Saiba como fazer um projeto de fazenda sustentável

Restou alguma dúvida sobre ter ou não uma estação meteorológica em sua fazenda? Deixe seu comentário aqui embaixo!

Adubação: tipos de adubos e principais métodos de aplicação

Adubação: saiba o que é, como funciona, como fazer o planejamento ideal, todos os benefícios e muito mais.

A maioria dos solos brasileiros tem baixa fertilidade natural. Para resolver esse problema, há a adubação: a prática de reposição dos nutrientes exigidos pelas plantas. 

Ela é indispensável para atingir altas produtividades e garantir a qualidade do produto final. Existem diversos tipos de adubo e métodos de aplicação, e conhecer todos eles faz parte do planejamento de fertilização da sua lavoura.

Neste artigo, veja as diferenças entre os tipos de fertilizante e entenda qual a sua importância na manutenção da produtividade das lavouras. Boa leitura!

O que é adubação?

A adubação é a prática agrícola de repor os nutrientes do solo, e é fundamental para garantir a qualidade das plantas. 

Através dos fertilizantes ou adubos, as culturas são nutridas com as substâncias essenciais para terem um crescimento satisfatório, o que impacta diretamente na sua produção e nos seus lucros.

Essa prática ajusta a fertilidade do solo para atender as exigências nutricionais das plantas cultivadas. Conhecer os indicadores de fertilidade é fundamental para fornecer os adubos na dosagem adequada, evitando excessos ou faltas.

A análise de solo é a ferramenta utilizada para quantificar os nutrientes presentes no solo. Além disso, ela fornece informações que influenciam na disponibilidades dos nutrientes para as plantas, como o pH e a presença de alumínio.

É importante ressaltar que toda recomendação de adubação deve ser orientada pelo resultado da análise de solo

Classificação dos adubos 

Segundo a legislação brasileira, os fertilizantes podem podem ser classificados em três tipos.

O primeiro são os mais utilizados na agricultura de larga escala: os fertilizantes minerais ou sintéticos.

  1. Minerais ou sintéticos: Concentrados e de rápida assimilação pelas plantas, usados principalmente na agricultura em larga escala.
  2. Orgânicos: De origem animal ou vegetal, com menor concentração de nutrientes e ação mais lenta, focados em alimentar o solo e aumentar a matéria orgânica.
  3. Organominerais: Mistura de orgânicos e minerais, geralmente com maior proporção de orgânicos.

Além disso, os fertilizantes podem ser simples (fornecem um ou mais nutrientes) ou misturados (combinam dois ou mais fertilizantes simples), podendo ser simples (nutrientes separados) ou complexos (nutrientes no mesmo grão) e classificados por estado físico:

  • : Moído em pó.
  • Farelado: Grânulos desuniformes.
  • Granulado: Grânulos uniformes.
  • Líquido: Forma líquida.

Principais Tipos de adubo

Os adubos ou fertilizantes são os insumos utilizados na nutrição das plantas. Eles podem ser orgânicos, minerais ou organominerais. Veja as diferenças entre eles:

1. Adubo orgânico

O adubo orgânico têm como matéria-prima os resíduos de origem vegetal e/ou animal. Eles atuam como condicionadores do solo, melhorando as suas propriedades físico-químicas. Podem ser adubos o esterco animal, folhas secas, grama, vinhaça, torta de filtro ou mamona, etc.

Eles aumentam o teor de matéria orgânica e, consequentemente, aumentam a CTC do solo. O fertilizante orgânico também melhora a agregação do solo e a capacidade de retenção de água. 

Eles também contribuem para a redução da oscilação térmica do solo, porque a matéria orgânica é má condutora de temperatura. Isso garante que as plantas não sofram estresse térmico nas horas mais quentes do dia. 

Esses fertilizantes também reduzem o impacto ambiental pelo aproveitamento dos resíduos. A adubação verde é um bom exemplo disso.

Apesar disso, as fontes orgânicas apresentam variação em sua composição e podem não suprir todas as exigências nutricionais das plantas. Em alguns casos, a aplicação complementar de adubos minerais pode ser necessária.

A adubação orgânica tem custo elevado, principalmente no que se refere ao transporte. Em algumas regiões, não são encontrados com facilidade. 

Apesar de orgânicos, eles não devem ser utilizados de forma indiscriminada. É fundamental conhecer a composição química dos fertilizantes para estabelecer a melhor dosagem, considerando a espécie cultivada e o tipo de solo.

Adubação: Trabalhadores rurais inserindo adubo orgânico em lavoura
Fabricação de composto orgânico a partir de resíduos vegetais
(Fonte: Resende, Alexander Silva)

2. Adubo mineral

O  adubo inorgânico ou adubo mineral é o mais utilizado na produção agrícola em larga escala. Eles têm as rochas como matérias-primas, e são obtidos a partir de processos físicos, químicos e físico-químicos

Alguns exemplos são a ureia, nitrogênio, potássio e fosfatados.

Os fertilizantes minerais são concentrados. Quando entram em contato com a solução do solo, liberam rapidamente os nutrientes para as plantas. Por se tratar de um produto concentrado, eles devem ser utilizados com moderação

Alguns fertilizantes minerais apresentam liberação controlada dos nutrientes, como o basacote e o osmocote. Nesse caso, os nutrientes são encapsulados por polímeros e liberados lentamente, ao decorrer do ciclo de desenvolvimento das plantas. 

A utilização do fertilizante inorgânico melhora a eficiência da adubação, pela disponibilidade contínua de nutrientes para as plantas. Quando comparado aos adubos convencionais, os adubos de lenta liberação apresentam maior valor agregado

Apesar disso, sua utilização reduz os custos com mão de obra para a aplicação parcelada de outros fertilizantes.

Ao utilizar adubos de liberação controlada, é preciso estar atento ao tempo de liberação dos nutrientes para as plantas. O tempo de liberação do fertilizante mineral varia de acordo com o produto e pode variar entre 3 a 12 meses.

3. Adubo organomineral

Os adubos organominerais são produzidos a partir da combinação de fertilizantes minerais e orgânicos. Isso quer dizer que eles são um adubo orgânico enriquecido com fontes minerais.

Além de fornecer nutrientes para as plantas, esse tipo de adubo contribui para a redução dos impactos ambientais. Afinal, eles são produzidos a partir de resíduos animais e vegetais.

Os fertilizantes organominerais favorecem a microbiota do solo e o desenvolvimento das plantas

Principais métodos de aplicação dos fertilizantes

Os fertilizantes podem ser aplicados na lavoura de diferentes formas: via solo, via foliar ou via fertirrigação. Cada um desses métodos possui particularidades que você deve conhecer.

1. Via solo 

Nesse método, os fertilizantes são aplicados diretamente no solo. Eles podem ser incorporados ou não com o auxílio de um arado ou grade.

A adubação a lanço também pode ser feita, de forma manual ou com máquinas distribuidoras. Nesse caso, ela é realizada antes da implantação da lavoura.

Quando a cultura está sendo implantada, pode ser feita a adubação de semeadura. Ela ocorre pela deposição dos fertilizantes na linha de plantio. Nesse caso, os adubos são depositados abaixo e nas laterais das sementes

Para a adubação no momento do plantio, os fertilizantes químicos ou granulados são os mais recomendados.

Em culturas com grande espaçamento entre plantas e entre linhas, a adubação pneumática pode ser feita. Ela acontece através das semeadoras pneumáticas. 

Outra possibilidade via solo é a adubação de base. Ela é a fertilização do solo em cobertura, com aplicações feitas apenas após a emergência da cultura. 

2. Adubação foliar

Na adubação foliar, os fertilizantes são dissolvidos em água e pulverizados sobre as folhas das plantas. Os nutrientes são absorvidos pela parte aérea das plantas, e não pelas raízes.Trata-se de uma prática complementar na nutrição vegetal.

É uma estratégia bastante comum na aplicação de micronutrientes, e acontece através de pulverizações. Na aplicação foliar, as condições climáticas têm grande influência na eficiência da adubação. 

Além disso, os adubos aplicados nas folhas são assimilados mais rapidamente, em comparação aos aplicados no solo. Porém, a desvantagem é que o aproveitamento desses nutrientes é curto.

3. Via fertirrigação

A fertirrigação é uma prática agrícola em que é utilizado o sistema de irrigação para aplicação dos adubos. Ela pode ser feita através da micro-irrigação, da aspersão, da microaspersão e do gotejamento, por exemplo.

Trata-se de um método eficiente e econômico na nutrição das plantas, que economiza o uso dos adubos na lavoura. 

Como a fertirrigação acontece junto da irrigação, a absorção dos nutrientes pelas plantas é melhor. Para esse tipo de adubação, opte pelos adubos líquidos.

Qual a Importância da adubação?

A deficiência ou a superdosagem de um nutriente interfere na absorção dos outros nutrientes. Isso prejudica o desenvolvimento das plantas e diminui a produtividade da lavoura. 

Além disso, a superdosagem de fertilizantes também desequilibra o pH do solo. Dependendo da quantidade aplicada, pode causar a morte das plantas.

A adubação é um dos fatores indispensáveis para a produção agrícola. É fundamental que seja realizada tendo como referência os resultados da análise de solo. Somente assim é possível disponibilizar os nutrientes na quantidade e no momento certo.

A correta adubação garante o crescimento das plantas, contribui para o incremento da produtividade e para a qualidade do produto. Ela também melhora a capacidade de resposta das plantas a pragas e doenças.

Melhor adubo para plantas: mineral ou orgânico?

Os fertilizantes minerais e sintéticos, como o nitrogênio, têm composição química e fornecem nutrientes rapidamente às plantas, mas não afetam o solo a longo prazo.

Sua alta concentração facilita a logística e aplicação, especialmente em grandes áreas de cultivo, como feijão, arroz, soja, milho, algodão e trigo.

Já os adubos orgânicos, com menor concentração de nutrientes, exigem grandes volumes, dificultando a logística em áreas extensas.

No entanto, eles melhoram a fertilidade do solo a longo prazo, aumentando a matéria orgânica e a capacidade de retenção de nutrientes.

Porém, as perdas de nitrogênio nos adubos orgânicos são mais elevadas, devido à volatilização e lixiviação. Para minimizar isso, é recomendado misturar pequenas doses de fósforo, que ajudam a fixar o nitrogênio e reduzir as perdas.

Adubo líquido: É um boa opção?

Os fertilizantes líquidos, especialmente os foliares, têm ganhado popularidade devido à logística facilitada e ao uso em duas formas principais: foliar e fertirrigação. Contudo, apresentam limitações.

Apesar da alta concentração, devem ser aplicados em baixas concentrações (1-2%) para evitar danos às folhas, o que limita a aplicação de nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio.

Por isso, para atender a grandes necessidades nutricionais, os fertilizantes sólidos são mais viáveis.

Adubos líquidos são eficazes para micronutrientes, como zinco, manganês, boro e ferro. São comuns também em associação com defensivos, desde que não prejudiquem sua eficácia.

Na fertirrigação, é ideal aplicar os fertilizantes após o início da irrigação, finalizando antes de seu término, evitando perdas por lixiviação ou danos por salinidade.

Planejamento da adubação

No planejamento da adubação, escolher um bom laboratório para análise do solo é fundamental. Afinal, todo o processo será baseado nesse resultado. Considerar as exigências nutricionais da cultura também é uma etapa importante.

Além disso, antes de começar a adubação, considere também:

  • a produtividade esperada;
  • o sistema de manejo;
  • o histórico da área onde será implantada a lavoura (espécies cultivadas anteriormente, produtividades alcançadas nas safras passadas, calagem e adubações já realizadas);
  • as condições climáticas;
  • o maquinário disponível;
  • os seus recursos financeiros.
Banner de planilha de adubação de milho e soja

Conclusão

A adubação é uma prática agrícola que tem o objetivo de repor os nutrientes e ajustar a fertilidade do solo. Isso vai atender as exigências nutricionais das espécies cultivadas.

Somente o manejo da adubação não é garantia de altas produtividades. Fatores como tipo de solo, clima, incidência de pragas e doenças têm influência direta nesse parâmetro.

No que se refere a adubação, não existe receita. Cada cenário deve ser avaliado individualmente, considerando fatores agronômicos, ambientais e econômicos. Na dúvida, consulte um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).

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Como você faz a adubação da sua lavoura? Já teve problemas com o excesso ou a falta dela? Deixe seu comentário.

Colheita de café: quando realizar e como evitar perda de qualidade

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Veja como fazer a colheita do café e a reconhecer qual é a época correta, diferentes métodos, custo e muito mais!

A época de colheita do café é um dos fatores que mais interferem no sabor da bebida. Saber o momento correto de realizá-la é primordial.

Os tipos de colheita de café também precisam ser analisadas de acordo com a realidade da sua propriedade. Essa é outra forma de evitar perdas de qualidade dos grãos.

Neste artigo, separamos informações valiosas sobre a colheita de café, tipos e dicas que podem te ajudar. Boa leitura!

Época de colheita do café

A colheita de café deve ser feita com os frutos em maturação fisiológica, parecidos com cerejas. Esse estado ocorre entre março e abril até setembro, no período da seca. Nesse momento, a cor da casca do café fica entre o vermelho e o amarelo, e os grãos precisam ter entre 55% e 70% de umidade.

O tempo de colheita após a floração do café é de aproximadamente 7 meses. Há mais de uma floração por ano. Por isso, a colheita se estende por vários meses. No Brasil, o pico de colheita acontece entre junho e agosto.

Em países próximos à linha do Equador, pode ocorrer florada todos os meses, devido aos fatores climáticos serem favoráveis. Nesses locais, a colheita é feita durante o ano todo.

Diversos fatores interferem na qualidade dos grãos colhidos. Por exemplo, o manejo da lavoura, clima, momento de colheita, beneficiamento, secagem e armazenamento.

Colher o café no momento ideal é fundamental porque os grãos influenciam diretamente na qualidade da bebida.

Se a colheita ocorrer antes do tempo, a maioria dos frutos estão verdes e há alta concentração de fenóis, como taninos e ligninas. Essas substâncias interferem negativamente no sabor do café.

Quando são colhidos muitos secos, também sofrem alterações de sabor. Isso acontece devido a fermentação negativa, reduzindo sua qualidade.

Como a floração não ocorre somente uma vez, existem grãos em todos os estádios de maturação na mesma planta.

Assim, se a colheita do café não for manual, de grão a grão, o ideal é realizar quando estiver com maior uniformidade de maturação. Isso representa de 80%  a 90% dos frutos já maduros, com menos de 20% dos frutos verdes.

Para a  produção de cafés especiais, são utilizados grãos do tipo cereja. Isso tem gerado maior valor agregado para os produtores que buscam produzir este tipo de café.

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Classificação dos grãos de café

A coloração é um importante sinal da maturidade fisiológica dos frutos. A cor cereja dos grãos indica esse ponto. 

Os grãos começam com coloração verde. Com o avanço do processo de maturação,  eles vão adquirindo a cor do cultivar, que pode ser vermelho ou amarelo

Com o avanço do processo, os grãos vão adquirindo uma coloração escura. Eles perdem teor de água até estarem secos, no estádio conhecido como coco.

Os grãos podem ser classificados conforme seu ponto de maturidade:

  • Café verde, ou grãos verdes (teor de água de 60 a 70 %): é quando ocorre a granação dos frutos, ou seja, o endosperma fica duro, e os frutos estão com coloração verde; 
  • Grãos verde cana (teor de água de 55 a 60 %): os grãos vão mudando a coloração, se tornando mais maduros, passando a assumir a coloração do cultivar;
  • Grãos cereja (teor de água de 45 a 55 %): quando os frutos já estão totalmente com a coloração do cultivar, este é o momento ideal de colheita;
  • Grãos passa (teor de água de 30 a 45 %): quando os grãos já passaram do momento correto de colheita. O tegumento dos grãos, ou casca, começa a adquirir uma coloração escura.
  • Grãos secos/coco (menor que 25%): os frutos de café neste ponto já estão secos, com umidade baixa.
  • Grãos bóia: são grãos que flutuam na água devido ao menor peso, que pode ocorrer devido a má formação do grãos, por estar imaturo ou com ataque de pragas como da broca do café.
Estagios do café, desde gema dormente até seco
Escala para determinação de estádios fenológicos do café arábica 
(Fonte: Ciiagro)

Como é feita a colheita de café

Existem três tipos de colheita de café: manual (com trabalhadores que fazem a poda e retiram os frutos), semimecanizada (com trabalhadores e uso de máquinas em alguns processos) e mecanizada (totalmente feita através de máquinas). 

Veja mais sobre eles a seguir:

Colheita de café manual

A colheita manual ainda é bastante utilizada em áreas declivosas, em que a entrada de colhedoras é inviável. Pequenas propriedades também costumam adotar esse método.

Esse tipo de colheita consiste em retirar manualmente os grãos dos ramos. Ele exige muita mão de obra e é mais demorada.

Primeiro é feita a arruação, que consiste em limpar embaixo das plantas e nas entrelinhas. Essa operação é feita para facilitar a varrição depois da colheita e evitar mistura dos grãos com restos vegetais.

Para realizar a colheita manual de café são estendidas lonas ou panos na saia do cafezal, ou o colhedor carrega uma peneira. A colheita por este método pode ser feita de dois modos.

Os colhedores fazem a derriça total dos grãos nos panos ou peneiras, que são coletados e abanados. Isso os separa dos restos vegetais, como folhas e ramos. Em seguida, são levados para secagem.

Para este modo de colheita manual, é preciso que a lavoura esteja com a maior quantidade dos grãos cereja possível. Afinal, a colheita só ocorre uma vez por ano.

Em locais onde a colheita é feita o ano todo, ou para fabricação de cafés especiais, os colhedores retiram da planta de café somente os grãos cereja. Eles deixam os verdes para a próxima colheita.

Neste caso, os grãos apresentam maior qualidade, apesar do maior gasto com mão de obra.

Trabalhadores rurais colhendo café no campo. Todos usam boné verde e estão com braços erguidos na frente do cafezal.
Derriça manual sobre o pano 
(Fonte: Helton)

Após a colheita, é feita a varrição. Nela, os grãos que caíram no chão devem ser coletados para não servirem de local viável para broca-do-café. Essa praga pode prejudicar a próxima safra.

São utilizados rastelo e peneira para catar estes grãos e separá-los dos restos vegetais. Posteriormente, eles são comercializados por um preço menor em relação ao café colhido. 

Colheita de café semimecanizada

Na colheita semimecanizada, parte das operações são feitas manualmente e a outra parte de forma mecanizada.

Devido a falta de mão de obra para colheita do café, este método tem sido adotado por muitos produtores. Ele reduz a quantidade de mão de obra, otimiza o tempo e gera maior rendimento na operação.

Todas estas etapas podem ser feitas de modo manual ou mecanizado, gerando várias combinações de máquinas e mão de obra são possíveis como:

  • Derriça: manual ou com uso de derriçadeiras elétricas.
  • Recolhimento: no pano ou com uso de máquina que recolhe a lona.
  • Abanação: feita em peneiras ou abanador mecânico.
Trabalhadores em cafezal, realizando a colheita do café com um grande arado. Todos usam equipamentos de proteção cinza e laranja.
Derriça mecânica sobre o pano 
(Fonte: Stihl)

Na colheita semimecanizada, um ou mais processos destes citados são feitos com uso de máquinas, o que agiliza o trabalho.

Para o café conilon ou robusta, o uso de máquina que recolhe e trilha os grãos já é uma opção de uso dos produtores.

Colheita de café mecanizada

A colheita mecanizada do café vem sendo empregada em diversas regiões, principalmente nas que apresentam topografia adequada para este método. Ela pode ser realizada em grandes, médias e pequenas propriedades.

Todas as etapas de colheita citadas acima são realizadas por uma máquina, seja automotriz ou de arrasto.

Com o uso de mecanização, há aumento do rendimento operacional e redução do custo de mão de obra.

Se você vai instalar sua lavoura de café e pretende colher mecanicamente, é recomendável ajustar o espaçamento do cafezal entre linhas de 3-4 metros. Isso vai facilitar a locomoção da máquina.

Outro ponto importante neste método é a regulagem da colheitadeira, para evitar perdas de grãos ou danos nas plantas.

Máquina agrícola em cafezal, realizando a colheita.
Exemplo de colhedora de café
(Fonte: Jacto)

Pós-colheita de café

Com a colheita realizada, outro ponto que afeta a qualidade da bebida é a pós-colheita do café, feita em várias etapas. Após a retirada dos grãos do campo, o teor de água é elevado nos grãos. O próximo passo é a secagem.

Ela pode ser feita em terreirões ou em terreiros suspensos, utilizados principalmente para fabricação de cafés especiais.

O café precisa estar entre 10,5% a 11,5% de umidade para ser beneficiado. O cuidado com a temperatura é importante, por isso é preciso de tempo em tempo revolver o café durante a secagem.

Após a secagem, o próximo passo é o beneficiamento. A máquina que realiza esse processo pode ser móvel ou fixa.

Máquina amarela em campo, realizando o beneficiamento após a colheita de café
Exemplo de máquina de beneficiamento de café móvel
(Fonte: Campo e Negócio)

No beneficiamento, ocorre a separação de impurezas como pedras, restos vegetais, entre outros, e a separação dos grãos da casca seca.

Depois de beneficiados, os grãos são colocados em sacarias ou big-bags. Eles devem ser armazenados em local arejado, piso impermeável, limpo e sem iluminação solar direta.

Os sacos ou big-bags devem ser colocados sobre paletes para evitar contato direto com o chão ou paredes.

planilha para estimativa de perdas na colheita Aegro

Quanto vale uma colheita de café

Em maio, o preço do café arábica tem apresentado forte oscilação, pressionados por movimentos técnicos, incertezas relacionadas às demandas globais e pelo início da colheita 2022/23, principalmente. No dia 17, o Indicador Cepea/Esalq do arábica tipo 6, no posto da capital paulista, chegou a atingir R$ 1.308,24/sc, o maior patamar nominal desde 9 de março.

Quanto aos custos de produção do café, a mão de obra na colheita é um dos principais – e também um dos entraves da produção. Muitos produtores realizam a colheita fora do momento ideal devido à falta de trabalhadores.

Mesmo em áreas declivosas, onde a colheita não pode ser totalmente mecanizada, fazer parte da operação com uma máquina já gera economia. 

No custo de produção, tanto do café arábica quanto do café conilon, a mão de obra utilizada na colheita fica em média 20% do valor total da produção.

Pela informação fornecida pela Embrapa, a colheita manual necessita de aproximadamente 20 trabalhadores. Eles demoram mais tempo para colher em comparação com a semimecanizada.

Na colheita semimecanizada, somente 4 ou 5 trabalhadores são necessários. Na colheita mecanizada do café, esse número cai para 1 ou 2.

Isto geraria uma grande redução no custo de produção do café por mão de obra, além de colher os grãos próximos do momento ideal. Isso melhora a qualidade do produto final, resultando em maior lucro.

Mesmo havendo gasto com aluguel ou aquisição de maquinário, o investimento é pago ao longo das safras. Muitos produtores estão investindo em maquinários para colheita e prestando serviços para outros produtores, gerando mais renda.

Conclusão

A colheita de café é um fator que interfere na qualidade da bebida.

Saber o momento ideal de colher é fundamental para obtenção de grãos desejados e evitar perdas de produção.

Além disso, a colheita pode ser realizada de três métodos: manual, semimecanizada e mecanizada. Escolha o método ideal de acordo com as necessidades e a realidade da sua fazenda. Boa colheita!

Está se preparando para a colheita de café? As dicas desse artigo te ajudaram? Deixe seu comentário abaixo!

Colheitadeira: diferentes tipos, evolução e como escolher a melhor para a fazenda

Colheitadeira: entenda como funciona, quais são as funções, quanto custa, capacidade, detalhes sobre regulagem e mais!

A colheitadeira é uma máquina agrícola destinada à colheita das culturas. Ela pode colher plantas inteiras (forragem), partes de plantas (cana-de-açúcar), frutos (café) ou grãos (como milho e soja).

Nesse artigo, entenda a evolução das colheitadeiras e veja como escolher a ideal para a sua lavoura. Boa leitura!

Evolução das colheitadeiras

As colheitadeiras, também chamadas de colhedoras, colhedeiras, ceifeiras ou ceifadeiras, são equipamentos agrícolas destinado à colheita das culturas como soja, cana-de-açúcar, algodão, etc., que surgiram na esteira da modernização das lavouras. 

Antes das primeiras colheitadeiras chegarem ao Brasil, na década de 60, as colheitas eram manuais. O trabalho manual deu lugar para máquinas de tração animal, que foram sendo constantemente modernizadas.

Inicialmente as máquinas apenas cortavam as plantas. Ainda era necessária a separação dos grãos e frutos, por exemplo. Após isso, debulhadores e separadores de grãos e palhada foram desenvolvidos, bem como funções para limpeza e classificação de grãos.

Hoje, as máquinas possuem muito mais tecnologia e capacidade de colheita. Por exemplo, uma colheitadeira de soja colhe, em média, 3 hectares por hora. Já uma colheitadeira de milho silagem pode colher até 2 hectares por hora

As colheitadeiras modernas exercem funções além de colher. Elas podem oferecer a você detalhes que te ajudam a controlar as atividades sem necessariamente ir a campo. Isso é possível graças à agricultura de precisão

 Outra grande vantagem é a economia de custos que essas máquinas oferecem. 

Montagem com varias colheitadeiras diferentes, em evoluções diferentes

Evolução de colheitadeiras
(Fonte: editada pelo autor de múltiplas fontes)

Como funciona uma colheitadeira?

As colheitadeiras agrícolas são compostas de diversos sistemas que exercem atividades diferentes como corte, alimentação, trilha, separação, limpeza e transporte. Todas as funções juntas resultam em um processo completo. 

Essas atividades variam de acordo com a especificidade da máquina e da cultura a ser colhida. Veja detalhes de cada uma dessas funções de uma colheitadeira de grãos:

Corte ou despiga

Essa é a etapa inicial das colheitadeiras. Ela consiste na retirada das plantas ou das suas partes de interesse do campo. O corte depende da cultura que está no campo.

Em trigo, por exemplo, colhe-se a planta toda. No milho, faz-se apenas o arranquio das espigas. Já em milho silagem, toda a planta também é colhida.

Alimentação

Após o corte, o material vegetal é conduzido através do sistema de alimentação para a trilha. Esse sistema é composto por esteiras ou correntes transportadoras, caracóis de condução, elevadores, dentre outros.

Trilha

A etapa de trilha é principalmente feita nas colheitadeiras de grãos. Nessa etapa os grãos são retirados dos órgãos onde se prendem, como espigas, panículas, espiguetas, vagem, etc. Esse sistema se baseia em movimento, atrito e impacto

Os movimentos são coordenados, retirando os grãos sem causar danos ou impactos a eles.

Separação

Essa etapa consiste na separação de grãos e outras partes da planta como colmos, folhas, restos de espigas, normalmente conhecidos como palhada. 

Essa atividade pode acontecer em combinação com a trilha ou após ela. Normalmente, o grão segue para um compartimento e a palhada é ejetada para fora da máquina, se acumulando no campo.

Limpeza

Essa etapa atua na limpeza dos grãos e retirada de partículas como pedras, restos vegetais grandes ou pequenos, chamados de palhiço.  O sistema é normalmente composto pela bandeja de entrada que transporta a massa de grãos. 

Esses grãos são conduzidos a um sistema de peneiras de diferentes tamanhos e ventiladores. As peneiras de crivo maior permitem a passagem dos grãos e retém partículas maiores. O sistema de ventilação retira partículas mais leves que os grãos. 

Transporte e armazenamento

Os grãos limpos são conduzidos através de um escorregador para o fundo da máquina e elevados através de um elevador para o tanque graneleiro. Esse tanque será descarregado na carreta graneleira que acompanha a colheitadeira.

Banner do kit de gestão do maquinário

Principais tipos de colheitadeiras

As máquinas colheitadeiras podem ser classificadas quanto ao funcionamento (automotrizes, montadas ou de arrasto), quanto ao tipo de cultura e quanto ao sistema de trilha (radial ou axial).

Funcionamento

As máquinas podem se deslocar e executar as atividades por conta própria (automotrizes), necessitar de um motor externo (de arrasto) ou estar acoplada a um trator agrícola para movimento e tração (montadas);

Tipo de cultura

Existem colheitadeiras específicas para frutos como café, ou para plantas inteiras como forragem ou cana-de-açúcar, para algodão e para grãos/cereais. Elas são classificadas de acordo com o tipo da planta e o tamanho do grão. Porém, existem formas de adaptação entre as colheitadeiras de grãos para que se consiga utilizá-las para múltiplas culturas.

Sistema de trilha 

Existem dois tipos básicos de trilha. No sistema de tipo radial, a planta passa apenas uma vez entre um sitema fixo (côncavo) e um móvel (rotor). No sistema axial, o material vegetal passa por diversas voltas entre o sistema de rotor e cilindro separador.

Montagem com fotos de quatro colheitadeiras: de grãos, de silagem, de café e colheitadeira de cana

Tipos de colheitadeira

(Fonte: adaptação do autor)

Cuidados na colheita

No momento da colheita, esteja de olho em fatores como planejamento, logística, maquinário, mão de obra, tempo de colheita e cultura a ser colhida. As condições ambientais também devem ser consideradas para garantir a eficiência da operação e a qualidade dos grãos.

  • Planejamento e logística: estime a quantidade de horas necessárias para colheita de todas as áreas. Considere a máquina, a cultura a ser colhida, o tipo de solo, o ambiente, etc. 
  • Maquinário e mão de obra: é importante saber quais recursos são necessários para efetuar a colheita das áreas na época correta e sem desperdício de tempo. Organize o número e tipos de máquinas, suas manutenções e pré-preparo, a disponibilidade e experiência de operadores e a capacidade de armazenamento dos produto colhido;
  • Material vegetal e tempo de colheita: conhecer e monitorar a cultura no campo te ajuda a tomar a decisão do melhor momento de colheita. Fatores como o estágio de desenvolvimento da planta, teor de água da matéria verde e maturação do fruto/grão são os indicadores da colheita. Uma colheita precoce pode trazer embuchamento da máquina e danos aos grãos. Uma colheita tardia pode causar perda de grãos por abertura de vagens ou derrubada de frutos, por exemplo;
  • Condições ambientais: fatores como chuva, vento, insolação e temperatura podem causar problemas na colheita. Dias consecutivos secos e com alta temperatura podem desidratar rapidamente o material vegetal, enquanto que dias de chuva podem aumentar a umidade da planta e postergar a data de colheita. Esses fatores podem alterar não só as condições da planta, mas também do solo, podendo limitar a entrada de maquinários mais pesados. 

Regulagem da colheitadeira para evitar perdas na colheita

As regulagens da colheitadeira devem ser feitas de acordo com cada sistema. 

Para garantir eficiência da colheita, cuidar do corte, da trilha, da separação, limpeza e sensores das colheitadeiras é essencial. Todos esses aspectos trabalham em conjunto e  precisam estar bem ajustados para diminuir as perdas na colheita

Regulagens do sistema de corte e alimentação

Essa etapa representa a maior porcentagem de perdas na colheita (até 80%) por derrubada de plantas e grãos para fora da máquina. As principais regulagens são: 

  • averiguar a velocidade de deslocamento da máquina;
  • checar a altura da plataforma de corte;
  • checar a afiação do sistema de corte ou despiga da barra;
  • verificar rotação;
  • conferir posicionamento e ângulo de corte do molinete;
  • velocidade, altura e ajuste do caracol;
  • checar a esteira de transporte.

As perdas internas da máquina dependem do volume que chega aos sistemas através do sistema de alimentação. Quanto maior o volume de alimentação, maiores serão as perdas por separação.

Regulagens do sistema de trilha

Essa etapa pode causar perdas na qualidade dos grãos por excesso de atrito ou movimento abrupto na retirada do grãos. A principal regulagem é integrar os sistemas móveis e fixos, como:

  • cilindro, côncavo e batedor (radial);
  • rotor, côncavo e batedor (axial). 

As colheitadeiras axiais são mais eficientes e diminuem as perdas e danos aos grãos, quando comparadas com as de sistema radial.

Regulagens do sistema de separação, limpeza e sensores

Se mal regulado, o sistema de separação e limpeza pode gerar perdas por descarte de grãos junto com impurezas. As principais regulagens são:

  • checar o movimento da máquina;
  • escolher corretamente a malha de peneiras;
  • checar a velocidade e fluxo de ar e da combinação dos dois.

Além disso, com o avanço do uso de técnicas de precisão, é importante a calibração dos sistemas de sensores da máquina. Sobretudo os que medem fluxos, velocidades, umidade e outras características físicas da máquina e da cultura devem receber atenção.

Qual a melhor colheitadeira pra comprar?

Escolher a colheitadeira ideal vai depender da sua realidade e da cultura que você produz. Existem algumas marcas e modelos mais comprados no país. 

Para grãos, a colheitadeira mais vendida no país é a New Holland TC. A Case IH Axial-Flow 9250 é conhecida como a melhor do mundo. 

Para café, as mais utilizadas são as da marca Jacto, com destaque para os modelos KTR350 e K3 Millennium.

Além disso, considere aspectos financeiros, técnicos e da propriedade:

  • Aspectos financeiros: preço do produto, capacidade de investimento, tempo para pagar a máquina, depreciação do bem, custo da hora de trabalho;
  • Aspectos técnicos: culturas que podem ser colhidas, adaptação para múltiplas culturas, capacidade de colheita, horas de manutenção;
  • Aspectos da propriedade: tamanho da propriedade, características como declividade, facilidade de acesso, estruturas de armazenamento e manutenção de máquinas, especialidade de mão-de-obra.

No Brasil, existem várias marcas de colheitadeiras internacionais disponíveis, o que te dá muitas opções de compra. As principais são: Massey Ferguson, New Holland, Case-IH, John Deere, Valtra, Jacto e AGCO Power

A colheitadeira New Holland – TX 5.90, por exemplo, foi eleita a melhor colhedora de grãos pelo prêmio Machine of the Year Brasil 2022/23.

Qual o valor de uma colheitadeira?

Existem máquinas mais modernas que podem chegar a custar entre R$ 2 milhões a 3 milhões, como por exemplo a Fendt – IDEAL 9. Máquinas com alguns anos de uso custam em média  R$ 100 mil, e as novas, a partir de R$ 800 mil.

O valor de uma colheitadeira varia muito conforme tipo e capacidade da máquina. Além disso, máquinas novas e usadas tendem a ter preços bem diferentes. 

Vale destacar que, atualmente, os preços de maquinários agrícolas têm sofrido variações constantes. Isso acontece principalmente devido às alterações nas cotações do dólar.

Quanto custa em média a hora de uma colheitadeira?

O valor é composto pelos custos da máquina, da mão de obra e do combustível. Para uma colheitadeira de grãos, o valor estimado é de R$ 600 por hora. 

Porém, esse preço pode variar muito em função das oscilações de custo de combustível e também do tipo de máquina. É ideal que você calcule o custo operacional da máquina agrícola considerando todas essas variáveis.

Para te ajudar nesse cálculo, disponibilizamos uma ferramenta que torna esse processo automático. A ferramenta é gratuita, e irá calcular os custos operacionais da sua máquina de acordo com os dados que você fornecer.

Basta clicar na imagem abaixo para acessar.

Conclusão

Para uma execução eficiente da colheita,  é necessário planejamento e o uso de máquinas específicas.

As colheitadeiras são máquinas bastante caras e, por isso, avaliar bem antes da compra é essencial. Aproveite que a colheita é planejada bem antes do plantio e analise com calma antes de escolher.

Considere aspectos como a cultura, a terra, a propriedade e o financeiro. E, na dúvida, consulte um(a) engenheiro(a)-agrônomo(a) para te ajudar na decisão.

>> Leia mais: “Moderfrota: veja o que é preciso para conseguir recursos

Qual tipo de colheitadeira você usa na sua fazenda? Quer compartilhar sua experiência com essa máquina? Deixe um comentário abaixo!

Por que a mucuna-preta pode ser uma opção vantajosa para adubação verde

Mucuna-preta: conheça as características, como cultivar, formas de utilização e também os benefícios da rotação de culturas com essa espécie.

A mucuna-preta é uma leguminosa de primavera/verão com hábito de crescimento trepador. Ela controla a presença de nematoides e de plantas daninhas, além de ser vantajosa para solos degradados.

Trata-se de uma planta rústica e adaptada às condições de clima e de solo brasileiros.

Neste artigo, confira um pouco mais sobre a mucuna-preta e os benefícios do seu cultivo para adubação verde e rotação de culturas. Boa leitura!

Mucuna-preta: para que serve?

A mucuna-preta é uma planta com diferentes finalidades: adubação verde, fixação biológica do nitrogênio, rotação de culturas, recuperação de áreas degradadas e no combate à erosão do solo. 

Em razão da grande produção de biomassa, garante cobertura vegetal bastante eficiente na conservação do solo.

Além disso, a mucuna-preta tem potencial na alimentação humana e animal. Os grãos têm alto teor de proteína e a planta pode ser destinada à produção de silagem e feno, e também ser utilizada sob pastejo direto.

A mucuna-preta também é uma alternativa para o controle de plantas daninhas e de nematoide-das-galhas (Meloidogyne incognita e Meloidogyne javanica). 

Características da mucuna-preta 

A mucuna-preta (Mucuna pruriens ou Mucuna aterrima) é uma espécie herbácea da família Fabaceae, das leguminosas. Ela é adaptável ao clima tropical e subtropical, e seu ciclo pode ser anual ou bianual.

O período do plantio ao pleno florescimento é de 140 a 180 dias. Além disso, os caules da mucuna são grandes, finos e flexíveis. Ela tem hábito de crescimento rasteiro e trepador. Seu porte é baixo, podendo medir até 90 cm de altura. 

As flores são grandes e de coloração violeta ou branca. As vagens têm de 3 a 6 sementes

Mucuna-preta em lavoura, na fase de inflorescência

Inflorescência da mucuna-preta

(Fonte: TV TEM)

As sementes são grandes, pretas e com hilo de cor clara. Além disso, a dormência das sementes da mucuna-preta é comum. Isso ocorre em função da impermeabilidade do tegumento à água. 

Para a quebra da dormência, a Embrapa recomenda que antes do plantio as sementes sejam colocadas em água quente. A temperatura deve ser de aproximadamente 80 °C e as sementes devem permanecer na água durante um minuto.

Vagem de mucuna-preta com alguns grãos

Vagem com sementes de mucuna-preta

(Fonte: Adaptado de Santos, 2016)

A mucuna-preta é bastante rústica e apresenta boa adaptação às condições de solos ácidos. Ela também tolera bem elevadas temperaturas e déficit hídrico.

Essa leguminosa se desenvolve tanto em solos argilosos quanto nos solos arenosos. Além disso, não é exigente quanto à fertilidade. 

Ela é tolerante à toxidez por alumínio, ao sombreamento e ao encharcamento temporário do solo.

Plantio da mucuna-preta

Geralmente, a semeadura da mucuna-preta é realizada em linhas. A recomendação é de 6 a 9 sementes por metro linear, com espaçamento entre linhas de 50 cm.

O plantio também pode ser feito em covas. No plantio em covas, a recomendação é de 2 a 3 sementes por cova, espaçadas em 40 cm.

Fique de olho também na quantidade de sementes: geralmente, usa-se 60 kg de sementes de mucuna-preta por hectare. Se a semeadura for feita a lanço, é recomendado usar 100 kg por hectare.

A melhor época para plantio da mucuna-preta é entre outubro e novembro. Logo em seguida da floração, cerca de 150 dias depois do plantio, é feito o corte/colheita da mucuna.

Inoculação 

No intuito de maximizar a fixação de nitrogênio, é recomendado fazer a inoculação das sementes de mucuna-preta antes do plantio. A estirpe de rizóbio indicada é a SEMIA 6158 (BR 2811), da Embrapa Cerrados.

Isso é necessário porque a fixação biológica do nitrogênio ocorre pela simbiose estabelecida entre as raízes das leguminosas e bactérias específicas (rizóbios). 

Em solos com baixa fertilidade, a nodulação da mucuna-preta pode ficar abaixo do esperado.  Isso ocorre pela baixa eficiência das bactérias nativas presente no solo.  A ausência desses microrganismos também é um problema.  

Quais os benefícios da mucuna na rotação de culturas? 

A rotação com mucuna-preta pode trazer inúmeros benefícios à lavoura, como descompactação do solo e melhora das condições de aeração e infiltração de água. Além disso, reduz os custos com adubação, manejo de plantas daninhas e nematoides. 

A mucuna-preta é excelente para adubação verde e fixação biológica de nitrogênio. Ela também oferece maior sustentabilidade da atividade agrícola e maior produtividade da cultura principal.

A rotação de mucuna-preta com soja, milho e feijão é uma prática agrícola muito comum. O cultivo de espécies como a mucuna ocorre na entressafra da cultura anual, e serve como fonte de nutrientes para a próxima safra, principalmente nitrogênio.

Vale ressaltar que os dois principais e mais relevantes benefícios são o controle de plantas daninhas e de nematoides. Veja mais sobre eles em seguida.

Controle de plantas daninhas

A mucuna-preta suprime plantas invasoras da lavoura. Seu rápido crescimento forma uma barreira física que prejudica o desenvolvimento de espécies espontâneas. 

Além da barreira física, ela também apresenta efeitos alelopáticos que contribuem para o manejo de daninhas. Isso quer dizer que ela produz compostos que inibem o desenvolvimento dessas plantas.

O picão-preto (Bidens pilosa) e a tiririca (Cyperus rotundus) são exemplos de invasoras afetadas pela mucuna-preta.

Controle de nematoides

Em áreas infestadas por nematoide-das-galhas (Meloidogyne incognita e Meloidogyne javanica), a mucuna-preta apresenta eficiente controle da população dos parasitas.

Apesar disso, é importante lembrar que o cultivo dessa planta de forma sucessiva em uma mesma área deve ser evitado. Afinal, a mucuna-preta é hospedeira de outro gênero de nematóide, o Pratylenchus, também conhecido por nematóide-das-lesões.

Dessa forma, o plantio sequenciado da mucuna-preta pode reduzir a população de nematóides do gênero Meloidogyne. Entretanto, pode favorecer os nematóides do gênero Pratylenchus.

Outra planta que tem efeito direto no controle de nematóides é a crotalária. Assim como a mucuna-preta, ela melhora a qualidade do solo e aumenta a população de microrganismos inimigos dos fitonematóides. 

planilha controle de custos por safra

Conclusão

A mucuna-preta é utilizada como adubo verde, na recuperação de áreas degradadas, no combate à erosão e na rotação de culturas.

Ela incrementa a matéria orgânica do solo e favorece a manutenção do equilíbrio dos nutrientes. Além disso, diminui os custos de produção pela menor dependência dos adubos nitrogenados.

Essa espécie também colabora com o manejo de nematóides e plantas invasoras. Todos esses motivos são mais que suficientes para considerar o plantio de mucuna-preta na lavoura!

Você já cultivou mucuna-preta na sua propriedade? Teve uma boa experiência com a cultura? Adoraria ler seu comentário.

Plantação de feijão: Melhores práticas para sua produção

Plantação de feijão: entenda mais sobre as épocas de plantio, variedades e preparo do solo desta cultura.

A plantação de feijão tem uma grande importância para o agronegócio nacional, uma vez que o grão é uma das bases da alimentação brasileira.

Na última década, conforme dados da Conab, a produção de feijão, incluindo as três safras, foi de 3.133,8 milhões de toneladas.

Vários fatores influenciam na produtividade das lavouras. Neste artigo, vamos falar sobre como fazer o melhor plantio de feijão e os principais manejos para que você obtenha sucesso e lucro com sua produção! Confira! 

Qual é a época de plantar feijão?

As épocas recomendadas para semeadura do feijão podem ser divididas em três: período das águas (nos meses de setembro a novembro), o período da seca (de janeiro a março) e período de outono-inverno ou terceira época (que vai de maio a julho).

A melhor época para plantar feijão, no entanto, varia por ser uma cultura de ciclo curto. As recomendações também mudam conforme o Estado. 

Melhor época para plantar feijão em diferentes estados
 Épocas de semeadura para a cultura do feijão nos estados da região Central brasileira
(Fonte: adaptado de ProEdu)

Aqui no blog nós já falamos em detalhes sobre qual a melhor época para plantar feijão em cada região do país. Confira!

Como iniciar uma plantação de feijão: pré-plantio

Antes de iniciar o plantio, você precisa considerar diversos fatores que interferem na produtividade do feijão.

As condições edafoclimáticas como clima, solo, temperatura e precipitação são decisivas no resultado no plantio e para evitar quebra de safra. Veja um pouco mais sobre cada uma delas.

1. Temperatura

A temperatura ideal de produção de feijão é de 21 °C. A faixa de 18 °C e 24 °C é ótima para o bom desenvolvimento das plantas, vagens e grãos.

Locais onde a média de temperatura fica abaixo de 12 °C e acima de 30 °C são prejudiciais para produção de feijão. Essas temperaturas podem causar: 

  • atraso na germinação;
  • redução na porcentagem de germinação;
  • atraso no desenvolvimento;
  • abortamento de flores, grãos e vagens.

2. Radiação solar

Se a quantidade de luz nas plantas for reduzida, ocorre menor índice de área foliar. Isso gera menor captação de energia, afeta o metabolismo fisiológico da planta e diminui a produção.

Quando a radiação solar é intensa durante todo o ciclo das plantas, ocorre maior produção de massa foliar. A consequência disso é o auto-sombreamento. Ele causa abortamento de flores, reduzindo a quantidade de vagens e grãos.

O ideal é que as plantas de feijão consigam interceptar a maior quantidade de radiação solar possível no período vegetativo.

No manejo, procure oferecer maior intensidade luminosa até o florescimento. Fique de olho no espaçamento e na população de plantas. 

3. Precipitação pluvial

A quantidade de chuvas ideias durante o ciclo do feijoeiro é de 300 mm a 400 mm. Essa quantidade deve ser bem distribuída até antes da época de colheita.

Excesso de chuvas em locais de acúmulo de água reduz o tamanho das plantas e favorece doenças no feijão. As plantas podem morrer nessas condições. 

Na época de colheita, as chuvas dificultam a retirada dos grãos do campo. Isso causa acamamento de plantas e reduz a qualidade do produto.

A falta de chuvas durante o desenvolvimento das plantas também é prejudicial. Essa falta causa falha no estande, caso ocorra no período de germinação e emergência.

Durante o desenvolvimento, as plantas sem a quantidade de água necessária crescem pouco. Isso influencia na quantidade de vagens produzida.

Na época da floração, a falta de água leva ao abortamento das flores, menor quantidade de vagens e de grãos.

4. Solo

As plantas de feijão preferem solos soltos, fofos, bem areados, ricos em matéria orgânica e livres de encharcamento.

Entretanto, regiões de várzea e de solos encharcados também servem para o cultivo de feijão, com alguns cuidados. Isso ocorre desde que sejam cultivados em épocas de seca, com baixa quantidade de chuva.

Assim, estes solos não ficam encharcados e fornecem água para o desenvolvimento das plantas. Mesmo que seja possível, o cultivo de feijão nesse tipo de solo deve ser evitado.

Afinal, em casos de chuvas intensas, o sistema radicular não suporta o alagamento.

Planeje e Maximize a Renda de Sua Fazenda

Como fazer o preparo do solo para a plantação de feijão?

O feijão tem algumas exigências que precisam ser seguidas para que se possa atingir produtividades elevadas. 

No plantação de feijão, uma das principais operações é a calagem e a adubação do solo. Além disso, o pH do solo deve estar entre 6 e 7. A saturação por bases ideal é acima de 70%.

Para obter esses resultados é importante realizar a análise química do solo a cada 2 ou 3 anos, somente assim você conseguirá ter a fertilidade ideal que as plantas de feijão necessita.

Outro ponto importante é o sistema de plantio que você realiza na sua área, ele pode ser: convencional ou direto.

O preparo do solo convencional é realizado normalmente com discos como arados, grades pesadas ou arado de aiveca.

É importante evitar o uso frequente da mesma profundidade dos implementos e trabalhar o solo com o teor de umidade ideal para evitar camadas de compactação que prejudicam o desenvolvimento radicular das plantas, reduzindo a produtividade do feijoeiro.

Já o plantio direto na palha visa o não revolvimento do solo e também a cobertura total do solo por resíduos vegetais.

Além de reduzir a erosão causada pelas chuvas, isso aumenta a disponibilidade de água e diminui a compactação do solo. 

É importante na entressafra sempre utilizar diferentes espécies para cobertura vegetal, assim o solo terá uma camada de palha constantemente, o uso de espécies com raízes agressivas também é recomendado, como nabo forrageiro, para descompactar a camada superficial do solo.

Espaçamento, densidade e profundidade ideais de plantio

Para garantir uma plantação de feijão de sucesso, o planejamento começa antes mesmo do plantio. Por isso, você deve estar de olho em aspectos como:

1. Profundidade 

O tipo de solo influencia na profundidade da semeadura do feijão. Em solos arenosos, a profundidade ideal de plantio é de 5 a 6 centímetros. Em solos argilosos, por sua vez, é ideal semear com profundidade de 3 a 4 centímetros. 

2. Densidade 

Outro fator importante na hora da semeadura é a densidade de plantio. A densidade ideal para o feijão é aquela em que as plantas recobrem toda a área durante o florescimento.

A média recomendada é de no mínimo 10 e no máximo 15 sementes a cada metro. O número de plantas varia em média de 250 mil a 300 mil plantas/ha. 

Entretanto, no momento de definir a densidade, é necessário considerar o histórico de doenças na lavoura. 

3. Espaçamento 

Feijões do tipo 1 e 2 requerem um espaçamento em torno de 40 cm a 50 cm entre linhas.  Para feijões do tipo 3,  o espaçamento varia de 50 cm a 60 cm entre linhas. 

Pesquisas da Embrapa relatam que os melhores rendimentos têm sido obtidos com espaçamentos de 40 cm a 60 cm entre linhas e com 10 a 15 plantas/m

Qual adubo usar para a plantação de feijão?

Dos nutrientes exigidos pelo feijoeiro, os principais são nitrogênio, fósforo e potássio. A absorção desses macronutrientes, no entanto, ocorre em épocas diferentes. 

  • Adubação nitrogenada: é essencial durante todo o ciclo do feijoeiro, com maior absorção de nitrogênio ocorrendo entre 35 e 50 dias após a emergência da planta – época do florescimento.”;
  • Fósforo para plantas: a maior absorção é entre 30 e 55 dias após a emergência do feijão. Ou seja, antes de aparecerem os botões florais, indo até o florescimento e início da formação das vagens;
  • Potássio para plantas: a máxima absorção pode ser observada em 2 períodos, o primeiro entre 25 e 35 dias (período em que ocorre a diferenciação dos botões florais) e o segundo dos 45 aos 55 dias (época final do florescimento e início da formação das vagens).

Para garantir que a planta tenha acesso a esses nutrientes essenciais em cada fase do seu desenvolvimento, é fundamental o uso de um adubo para feijão adequado.

O adubo deve ser rico em nitrogênio, fósforo e potássio, fornecendo os nutrientes necessários para maximizar a produtividade da cultura e evitar deficiências nutricionais ao longo do ciclo.

Ao longo do desenvolvimento, a planta de feijão é capaz de exportar as seguintes  quantidades desses nutrientes:

  • 35,5 kg de nitrogênio;
  • 4 kg de fósforo;
  • 15,3 kg de potássio;
  • 3,1 kg de cálcio; 
  • 2,6 kg de magnésio;
  • 5,4 kg de enxofre.

Essas quantidades consideram cada 1.000 kg de grãos produzidos. Conhecer esses detalhes é fundamental para garantir uma adubação de qualidade para o seu feijoeiro.

Quando é a colheita do feijão?

A colheita do feijão é feita logo após a maturidade fisiológica (estádio R9), entre 80 e 100 dias após a germinação. Um sinal visual desse ponto é a mudança da cor das vagens de verde para palha.

Em pequenas áreas, a colheita costuma ser manual: as plantas são arrancadas, secas e trilhadas manualmente.

Em grandes áreas, a colheita é geralmente mecanizada, podendo ser indireta (duas máquinas) ou direta (uma única máquina realiza todo o processo), exigindo pouca mão de obra.

Para a colheita semimecanizada, parte é feita manual e parte é mecanizada. É feito o arranquio das plantas e o enleiramento manualmente. Já o trilhamento e as etapas seguintes é feita mecanizada. Veja na figura abaixo:

Fluxograma com aspectos da colheita do feijão
Fluxograma de colheita semimecanizada de feijão
(Fonte: Unesp)

Como fazer o armazenamento do feijão?

Após a colheita, a umidade dos grãos deve estar abaixo 13% para que o armazenamento dos grãos seja seguro.

O local adequado para o armazenamento, tanto para semente quanto para grãos, deve ser limpo, arejado, frio, com pouca luminosidade e seco.

As sacarias não devem ter contato direto com o chão para garantir que as características desejadas sejam mantidas.

Hábito de crescimento e ciclo do feijoeiro

Existem 4 tipos de hábitos de crescimento desse grão. Você deve conhecê-los antes de iniciar a plantação de feijão, porque cada um desses hábitos exige manejos diferentes.

  • Tipo 1: o porte das plantas do tipo 1 é ereto, com arquitetura arbustiva. A ramificação terminal é uma inflorescência. Como o ciclo deste tipo de crescimento é rápido, entre 60 a 80 dias, a falta de água e luz comprometem a produtividade.
  • Tipo 2: o crescimento de plantas do tipo 2 continua após o início da floração. As plantas têm porte arbustivo, semi ereto e pouco ramificação nos caules. A duração do ciclo é de 82 a 95 dias.
  • Tipo 3: as plantas do tipo 3 apresentam crescimento indeterminado com boa ramificação. Isso favorece o acamamento das plantas e dificulta os tratos culturais.
  • Tipo 4: plantas do tipo 4 exigem suporte para condução das ramificações. O crescimento é indeterminado e trepador. Sem a condução das plantas, elas formam um emaranhado de caules, aumentando a incidência de doenças e pragas do feijão, dificultando a colheita.

Independente do hábito de crescimento do feijão, todos apresentam a mesma fenologia, ou seja, apresentam fase vegetativa e reprodutiva.

Fase da planta de feijão

  • Vegetativa: Composta por 5 etapas e classificadas de V0 até V4;
  • V0 – Germinação: Ocorre o início da germinação, com desenvolvimento da radícula. Termina com o rompimento do solo pelos cotilédones.
  • V1 – Emergência: Inicia quando 50% dos cotilédones estão visíveis e termina quando ocorre o aparecimento das folhas primárias.
  • V2 – Folhas primárias: Quando as folhas primárias estão totalmente expandidas e termina com a abertura da primeira folha trifoliolada;
  • V3 – Primeira folha composta aberta: Nesse momento, a primeira folha trifoliolada está totalmente aberta. Esse estádio vai até o início do crescimento da terceira folha trifoliolada;
  • V4 – Terceira folha composta aberta: Com a terceira folha trifoliolada totalmente desenvolvida, começa o desenvolvimento dos ramos secundários na planta. Esse estádio termina com o surgimento dos primeiros botões florais;
Foto de feijão germinado e em estado de plântula
Estádios vegetativos da cultura do feijoeiro
(Fonte: Embrapa)

Fase reprodutiva 

  • R5 – Pré-floração: As plantas já apresentam os primeiros botões florais. O período de duração deste estádio é menor em cultivares de hábito de crescimento tipo 1 e 2;
  • R6 – Floração: O final de R5 e começo de R6 ocorre quando 50% das flores estão abertas, e termina com 100% das flores abertas;
  • R7 – Formação das vagens: Começa com a formação das vagens, após a queda das flores. As vagens se desenvolvem do tamanho de canivete até atingirem o tamanho final;
  • R8 – Enchimento das vagens: As vagens começam a pesar, as folhas começam a cair. No final de R8, os grãos de feijão já ficam a coloração da cultivar, deixando de ser verdes;
  • R9 – Maturação: Ocorre quando os grãos estão prontos. Ou seja, as vagens já estão secando e os grãos já estão com coloração do cultivar semeado.
Fotos da floração, vagens e grãos prontos para a colheita
Estádios reprodutivos da cultura do feijoeiro
(Fonte: Embrapa)

Tipos de feijão

Considerar a variedade a ser plantada também é uma etapa importante. Afinal, cada variedade possui características que podem interferir no seu manejo.

  • Grupo preto BRS Esteio: ciclo de 85 a 90 dias, adaptada à colheita mecanizada devido à arquitetura ereta. Resistente ao vírus do mosaico comum e a quatro raças do agente causador da antracnose, moderadamente resistente à antracnose e ferrugem e moderadamente suscetível à murcha de fusário.
  • BRS Esplendor: adaptado à colheita mecanizada, resistente ao crestamento bacteriano comum e mosaico comum. É moderadamente resistente à antracnose, ferrugem e murchas de fusarium e curtobacterium.  
  • BRSMG Madrepérola: cultivar de grãos tipo carioca, porte ereto e hábito de crescimento indeterminado. Baixa tolerância ao acamamento, considerada como semi-precoce, resistência ao mosaico comum e a várias raças de antracnose.
  • Feijão-caupi: também conhecido por feijão-de-corda, feijão-miúdo e feijão-fradinho. Tolera temperaturas elevadas, mas não muito altas durante o florescimento.
  • Cultivar de feijão carioca BRS: alto potencial produtivo, arquitetura de planta ereta, adaptada à colheita mecânica, moderadamente resistente à antracnose, ferrugem e ao crestamento bacteriano comum, suscetível à mancha angular, ao vírus do mosaico dourado do feijoeiro e à murcha de Fusarium.
  • BRS FC104: cultivar de feijão superprecoce com ciclo abaixo de 65 dias, o que permite diminuir o risco de perdas por estiagem na safra de verão e escapar das doenças de solo. Possui moderada resistência à antracnose. 
  • Feijão-vagem: não tolera frio e geadas, a temperatura ótima para o desenvolvimento está entre 18 °C e 30 °C.
  • BRS FC402: é cultivar do grupo carioca, resistente à antracnose e à murcha de fusário, adaptada às principais regiões produtoras, ciclo normal de cerca de 90 dias, arquitetura de planta semiereta (favorece colheita manual e semimecanizada).
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Triticale: alternativa de cultura de inverno para sua fazenda

Triticale: saiba quando e como cultivar, como é feito o controle de pragas e doenças, recomendações de colheita e muito mais!

O triticale é um cereal de inverno gerado a partir do cruzamento do trigo com o centeio. Ele herdou o potencial de rendimento de grãos do trigo e a rusticidade do centeio.

Uma das dificuldades que você pode enfrentar no cultivo do triticale está no manejo da cultura. Afinal, esse cereal possui muitas especificidades.

Neste artigo, você verá detalhes sobre a semeadura e a colheita do triticale, assim como manejo de pragas e doenças. Aproveite a leitura! 

O que é o triticale?

O triticale é um cereal híbrido de inverno. Ele é resultado da hibridação do trigo com o centeio, e possui alta tolerância às geadas. O cereal contribui com a manutenção de palhada em solos arenosos e fracos, além de colaborar com o plantio direto.

Consequentemente, o triticale tem baixa resistência à seca e ao calor excessivo.

Esse cereal se adapta a diferentes condições de solo e clima. Além disso, tem alta capacidade de produção e resistência a doenças fúngicas.

Ele é utilizado principalmente no Sul do Brasil. Afinal, é uma ótima opção para anteceder o cultivo de grandes culturas como milho, soja e feijão

Quando o triticale pode ser cultivado?

A semeadura do triticale ocorre entre os meses de fevereiro e maio

No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, é semeado na mesma época que a cultura de trigo. Nessa época, há maior possibilidade de a cultura ter um bom rendimento.

Plantio do triticale

A semeadura deve ser feita em linhas, com espaçamento de 17 cm, e a densidade indicada é de 400 sementes por metro (ou 300 sementes por metro, em locais com risco de acamamento).  A profundidade ideal de semeadura deve ficar entre 2 cm e 5 cm.

Outros espaçamentos podem ser utilizados, mas não ultrapasse 20 cm.

É recomendado que você eleve a saturação de bases do solo para 70%.  Conforme os teores de nutrientes do solo, faça a adubação corretiva.

Devido a sua rusticidade, o cereal possui tolerância a solos ácidos e a altos teores de alumínio tóxico. Apesar dessa tolerância, a correção da acidez por meio da aplicação de calcário é fundamental.

Ela proporciona incrementos significativos na sua produtividade. Além disso, o triticale também responde significativamente à adubação nitrogenada

Antes de semear, avalie as condições e faça a adubação e as correções conforme os resultados da análise de solo.

Grãos de triticale vistos de perto

Grãos de triticale após serem colhidos

(Fonte: Kaufmann seeds)

Quantidade de triticale por hectare

A quantidade de triticale por hectare deve ser de 350 a 400 sementes viáveis/m².

Em áreas onde existe o risco de acamamento, a densidade de semeadura pode ser reduzida para 300 sementes viáveis/m².

Esse cereal é rústico e tolera bem solos ácidos e a toxidez de alumínio. Por isso, pode ser cultivado em regiões classificadas como marginais à cultura do trigo.

Controle de doenças do triticale

O primeiro passo para o controle de pragas e doenças está no tratamento de sementes com fungicidas e inseticidas. O tratamento de sementes apresenta diversas vantagens, como:

  • reduz o inóculo inicial de doenças;
  • controla de pragas iniciais;
  • proporciona maior porcentagem de germinação de sementes;
  • garante plântulas mais vigorosas;
  • garante estande adequado de plantas;
  • fornece maior rendimento de grãos.

Durante o desenvolvimento da cultura, a giberela e a brusone merecem atenção especial. Essas doenças atacam as espigas do triticale. Consequentemente, causam danos significativos ao rendimento da cultura.  

Portanto, faça o controle fitossanitário dessas doenças no início da floração plena.

Controle de pragas do triticale

As pragas de maior ocorrência no triticale são lagartas, pulgões, corós e percevejos.

No entanto, vale alertar que o controle dessas pragas deve ser realizado somente quando a população das pragas atingirem o nível de dano econômico utilizando inseticidas.

Para calcular o nível de dano econômico, contar com ferramentas é essencial. Por isso, separamos para você uma planilha de Manejo Integrado de Pragas que te permite fazer esse cálculo.

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Recomendações de colheita para o triticale

A colheita do triticale deve ser feita com a máquina em baixa velocidade. A umidade das espigas e dos grãos também precisa estar baixa, e o uso de batedores em barras é o mais recomendado.

Além disso, a colheita dependerá da forma de utilização da cultura.

Quando usadas para produção de feno ou silagem pré-secada, as plantas devem ser colhidas até o estádio do emborrachamento.

Quando utilizado como silagem da planta inteira, a colheita deve acontecer quando os grãos atingirem o estádio leitoso a pastoso.

A colheita pode ser feita de forma manual ou mecânica. Na colheita manual, o grão deve ser colhido com menos de 25% de umidade. Em seguida, esses grãos devem ser secos até 14% de umidade para realizar a sua trilha.

Já na colheita mecanizada, o grão deve apresentar entre 14% e 25% de umidade. É importante que a máquina esteja bem regulada e ajustada para colher cereais de inverno de grãos pequenos.

Colha o mais cedo possível. Assim você evita prejuízos na germinação, vigor qualidade dos grãos.

A colheita com menos de 20% de umidade é aconselhável. Isso pode evitar perdas econômicas quando há ameaça de chuva, além da facilidade de secagem.

Pela maior quantidade de palha em relação ao trigo, a colheita deve ser realizada com menor velocidade.

Triticale em fase adulta, em ponto de colheita

Triticale em fase adulta, prestes a ser colhido

(Fonte: FMApa)

Cuidados na pós-colheita

Após a colheita, é importante observar se há a presença de grãos giberelados.

A retirada desses grãos permite que os grãos sadios sejam usados sem problemas na alimentação dos animais. Esse processo pode ser feito com uma máquina de ar e peneira ou outra prática de seleção, como a manual.

Isso é importante porque tanto o triticale como outros cereais de inverno giberelados podem causar problemas de toxidez em animais. Portanto, tenha atenção na pós-colheita e garanta a seleção dos melhores grãos.

Zoneamento Agrícola para o triticale

Recentemente, o triticale entrou para a base de dados do Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático). Ele pode ser acessado gratuitamente pela internet.

Ele permite a indicação da melhor época de semeadura nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do Brasil. Isso tanto em sistema de sequeiro quanto irrigado.

A criação do zoneamento para a cultura foi impulsionado pelo aumento da demanda desse cereal na alimentação animal. Essa expansão permitirá o aumento do cultivo do cereal no país.

Benefícios do triticale na sucessão de culturas

Com a inserção do triticale como cultura de inverno, o cultivo de culturas sucessoras pode ser muito mais vantajoso. Afinal, o cereal minimiza danos do solo e suprime plantas daninhas da lavoura

Além dessas, existem outras vantagens:

  • o triticale tem qualidades panificáveis;
  • é uma ótima opção para cobertura do solo na entressafra, protegendo-o da erosão e da lixiviação de nutrientes/
  • é uma excelente alternativa para adubação verde, garantindo muitos nutrientes para a lavoura;
  • possui alta resistência ao frio;
  • seus grãos têm alta qualidade nutricional;
  • também pode ser utilizado na consorciação e rotação de culturas.
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Conclusão

O triticale pode ser utilizado na rotação e/ou sucessão de culturas como cobertura do solo, produção de grãos e alimentação animal.

A giberela e a brusone são as principais doenças que atacam as espigas do triticale, e merecem atenção especial. Com sua inserção como cultura de inverno, o cultivo de culturas sucessoras pode ser muito mais vantajoso.

Agora que você tem essas informações, que tal considerar o triticale como cultura de inverno em sua propriedade?

Restou alguma dúvida sobre o tema? Quais espécies de triticale você utiliza no cultivo de inverno em sua propriedade? Adoraria ler seu comentário abaixo!