About João Leonardo Corte Baptistella

Sou Engenheiro Agrônomo pela ESALQ/USP em Piracicaba-SP. Mestre em Fitotecnia na mesma instituição com pesquisa voltada ao consórcio café-braquiária. Atualmente estou no doutorado.

5 dicas para uma lavoura de trigo mais produtiva

Lavoura de trigo: confira algumas recomendações para garantir mais produtividade nesta cultura.

A lavoura de trigo, quando próxima à colheita, é algo bonito de se ver! Nos remete aos campos da Toscana e às belas paisagens europeias que vemos nos filmes.

Bem, no Brasil também plantamos muito trigo! Principalmente na região Sul onde a cultura se desenvolve melhor.

Mas você sabe quais os principais cuidados para garantir a produção da lavoura de trigo?

Confira comigo como podemos atuar no manejo da lavoura de trigo para garantir uma boa produção e obter sucesso na atividade.

Como obter sucesso na lavoura de trigo

O sucesso da lavoura de trigo – tanto em volume, como em sustentabilidade da produção – depende de diversos fatores. 

Podemos citar os relacionados ao:

  • Clima e solo da região de cultivo;
  • Cultivar e fenologia da planta; 
  • Manejo da lavoura de acordo com o sistema de produção.

Os cuidados para o sucesso da produção vão desde o plantio até a colheita e pós-colheita. 

Existem fatores que podem maximizar sua produção e outros que jogam contra o produtor. Confira a seguir 5 dicas de como obter sucesso com sua lavoura de trigo.

1. Não esqueça do clima

Antes mesmo do plantio devemos considerar o clima e o solo da região

Isso porque chuvas fora de hora e temperaturas inadequadas podem pôr em risco a lavoura de trigo e, dependendo do tipo de solo, a retenção e disponibilidade de água será distinta.

Por exemplo, o excesso de chuvas na maturidade fisiológica do trigo, característico do clima subtropical, é prejudicial. Nessas regiões também podemos ter problemas com geadas. 

Por outro lado, em regiões tropicais, o problema passa ser as altas temperaturas e a umidade relativa no florescimento.

Assim, começar com o pé direito é avaliar o clima e acertar na janela de plantio. Mas como fazer isso?

Para isso existe o zoneamento agroclimático para cultura do trigo, que leva em conta o clima e classifica a janela de plantio de acordo com o tipo de solo (arenoso, textura média ou argiloso).

Abaixo você pode conferir o Rio Grande do Sul como exemplo, mas isso varia de acordo com o estado. Com base no zoneamento, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) define as janelas de plantio adequadas.

lavoura de trigo

Períodos de semeadura para a cultura de trigo de sequeiro no RS
(Fonte: Embrapa Trigo)

2. Acerte no plantio

Bom, já sabemos que a semeadura da lavoura de trigo deve ocorrer de acordo com as definições do zoneamento para cada localidade. Agora, vamos definir qual cultivar semear.

A lista de cultivares de trigo é extensa e para cada região a melhor cultivar pode ser diferente. Aqui você pode encontrar informações detalhadas sobre as cultivares e escolher a que melhor lhe sirva.

cultivares de triticale Mapa

Cultivares de Triticale registradas no Mapa com indicação de cultivo em 2019
(Fonte: Informações Técnicas para Trigo e Triticale)

De qualquer maneira, algumas coisas não mudam. O espaçamento indicado para o trigo, por exemplo, é de 17 cm, no máximo 20 cm entre linhas. 

Já a densidade de semeadura (sementes viáveis/m2) varia de acordo com a localidade e a cultivar escolhida.

É importante lembrar que o plantio do trigo deve ser feito com o mínimo de mobilização do solo e sempre no contexto do sistema de plantio direto: com rotação de culturas e manutenção de cobertura sobre o solo, garantindo conservação do solo e maior sustentabilidade de produção.

3. Adubação e correção da lavoura de trigo

Antes de semear a lavoura de trigo, como está o seu solo?

A partir de uma análise de solo da área, devemos realizar as correções e adubações corretivas, caso necessário.

No cálculo da calagem, o ideal é que se eleve a saturação de bases até 70% e conforme os teores de nutrientes do solo, deve-se fazer a adubação corretiva. 

Existem várias recomendações, veja como exemplo abaixo a do estado do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. As demais você pode encontrar nesta publicação.

lavoura de trigo
lavoura de trigo

(Fonte: Informações Técnicas para Trigo e Triticale)

4. Cuidados com a lavoura de trigo

Com a lavoura de trigo no campo surgem então novos desafios. Além das condições climáticas, as quais não controlamos, surgem as daninhas, pragas e doenças. 

Por isso, aqui vamos dar algumas diretrizes para que fique claro a importância do manejo.

Daninhas

As daninhas são mais problemáticas no ínicio da fase de desenvolvimento da cultura. 

O período crítico de competição é de 45 a 50 dias após emergência. Dessa forma, a lavoura de trigo precisa ficar livre de competição nesse período.  

Ao fim do ciclo do trigo, as daninhas podem contaminar o cereal colhido e aumentar sua umidade, por isso, tenha cuidado.

Doenças

Duas doenças que merecem atenção especial são: giberela e brusone.

Elas atacam diretamente a espiga do trigo e causam danos significativos ao rendimento da lavoura.  

Ambas são favorecidas em situações onde o período de molhamento é elevado e as temperaturas superiores a 20 ºC. São doenças de difícil controle e de alto potencial de dano, principalmente pela baixa resistência/tolerância da maioria das cultivares a elas. 

Para ajudar os produtores, foi criado um simulador de risco de ocorrência dessas doenças, o Sisalert. Afinal, toda ajuda é bem-vinda!

Pragas

Na lavoura de trigo, as pragas mais comuns são as lagartas (desfolha), pulgões (transmitem viroses), corós (causadores de danos no sistema radicular, sementes e plântulas do trigo) e percevejos (que atacam durante todo o ciclo, causando danos variados).

Cabe ressaltar que esses insetos só devem ser controlados quando atingirem a população que causem dano econômico. Antes disso não é economicamente viável.

Escala fenológica do trigo

Escala fenológica do trigo segundo Feekes-Large
(Fonte: Embrapa)

5. Lavoura de Trigo: colheita 

Na colheita, colhemos os “frutos” do nosso trabalho e alguns fatores são determinantes para o sucesso dessa prática na lavoura de trigo.

Deve-se evitar chuvas no período de maturidade fisiológica do trigo, pois isso reduz a qualidade final do cereal. 

Por isso, se possível antecipe a colheita, mas tenha em mente que a umidade de grão ideal é próxima a 13%.

Colher na umidade correta e com o maquinário regulado adequadamente reduz perdas quantitativas e qualitativas, obtendo assim, o máximo da sua lavoura de trigo. Ou seja, seu objetivo desde o início.

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Conclusão

Ao longo do texto, observamos que existem diversos detalhes para serem levados em conta para o sucesso de uma lavoura de trigo.

Devemos estar atentos ao clima da região e se ele é favorável ao cultivo do trigo e qual a cultivar mais adequada para um bom desenvolvimento. 

A partir disso, olhamos para o solo e as necessidades de correção.

O plantio deve sempre respeitar a época recomendada e o espaçamento. Além disso, o controle de pragas, doenças e daninhas deve ser realizado de forma sustentável, minimizando perdas e maximizando os rendimentos.

Também vimos as melhores condições para colheita a fim de evitar perdas, conseguindo as melhores produções e um produto de qualidade.

>> Leia mais:

O que você precisa saber para fazer a melhor aplicação de 2,4 D em trigo

“Como garantir a qualidade durante os processos de secagem e armazenamento de trigo”

“Melhores práticas para fazer o tratamento de sementes de trigo na fazenda”

Restou alguma dúvida sobre a lavoura de trigo? Deixe sua dúvida ou comentário abaixo. Grande abraço e até a próxima!

Trigo: o que você precisa saber sobre a produção da cultura

Atualizado em 06 de junho de 2022.

Trigo: entenda os pontos principais da produção, sua origem, características, ciclo, classificações, diferentes tipos e mais!

O trigo (Triticum aestivum L, Triticale sp, Triticum durum) é uma gramínea pertencente à família Poaceae, sendo cultivado em todo o mundo. É a segunda maior cultura de cereais, ficando atrás do milho e à frente do arroz.

Seu grão é utilizado amplamente na alimentação humana, desde a farinha de trigo para o pão até como ingrediente na fabricação de cervejas. Além disso, também compõe a alimentação animal.

Hoje, a cultura do trigo ocupa 20% da área cultivada mundial e a produção gira em torno de 500 milhões de toneladas por ano. 

Neste artigo, entenda as classificações e tipos, além de aspectos importantes da produção desse cereal. Acompanhe!

Origem do trigo

O trigo é uma cultura de grande importância econômica e alimentícia, fazendo parte da dieta de grande parte da população mundial. Além de ser uma fonte de energia (carboidrato), é rica em vitaminas e minerais essenciais como do complexo B, potássio, magnésio e fósforo.

É uma gramínea originada e domesticada no Médio Oriente, mais especificamente no “Crescente Fértil”, zona geográfica que abarca o trecho africano e asiático do local (antiga Mesopotâmia).

Essa cultura é

Inicialmente, era consumido em grãos, em uma espécie de papa, junto a peixe e frutas. Por volta de 4.000 a.C., o processo de fermentação do trigo foi descoberto, dando origem aos primeiros pães.

Da Mesopotâmia, espalhou-se pelo mundo, com relatos de que, por volta de 2.000 a.C, os chineses já utilizam o trigo para produção de farinha, pães, macarrão. De lá chegou à Europa e depois à América.

O trigo no Brasil chegou provavelmente em 1534, com Martim Afonso de Souza, que o introduziu em uma região que hoje é parte de São Paulo.

Produção de trigo no Brasil

Para a safra 2021/2022, a produção de trigo no Brasil está estimada em 8,1 milhões de toneladas, um aumento de 5,9% em relação à safra passada, segundo dados da Conab. Já a importação de trigo deve chegar a 6,5 milhões de toneladas.

No Brasil, as principais áreas de cultivo de trigo são o Rio Grande do Sul e o Paraná, tanto em área quanto em volume de produção. O tamanho da área plantada no país todo deve crescer em torno de 3%, com 2,8 milhões de hectares produtivos, ainda conforme a Conab. 

A produção do trigo brasileiro começou em São Paulo, mas aos poucos foi migrando para a região Sul. Atualmente, São Paulo é o terceiro maior produtor do Brasil.

Regiões produtoras de trigo no Brasil

(Fonte: Conab)

Nos últimos anos, o Cerrado vem crescendo na produção do trigo. Isso tem acontecido devido a pesquisas desenvolvidas pela Embrapa, tanto para cultivo irrigado quanto em sequeiro.

A cotação de preço do trigo, com base no Paraná e Rio Grande do Sul, pode ser acompanhada diretamente pelo site do Cepea e pela tabela abaixo:

Importação: de onde vem o trigo consumido no Brasil

A maior parte do trigo importado para o Brasil vem da Argentina, principalmente devido à melhor qualidade dos grãos produzidos. Eles são mais adequados para a fabricação de pães.

Isso acontece porque o Brasil, com toda sua extensão agrícola, não consegue produzir trigo para suprir a demanda interna. Essa incapacidade é devida a dois principais fatores: produção nacional e qualidade industrial para panificação.

A produção nacional atende apenas parte da demanda interna, cerca de 8 milhões de toneladas. Porém, o consumo nacional está acima de 12 milhões de toneladas. Por isso, o Brasil ainda importa cerca de 6,5 milhões de toneladas.

Porcentagem de trigo nacional e importado

(Fonte: Abitrigo)

A produção nacional caminha para produzir a quantidade consumida internamente. Aliada a isso, está a melhora na qualidade do trigo produzido.

Através de estudos e investimentos, a Embrapa vem desenvolvendo novas cultivares de trigo para a região do Cerrado brasileiro. Estas cultivares apresentam bom desempenho em campo.

Associadas a um ambiente de cultivo favorável, as cultivares produzem grãos com ótima qualidade industrial. Além disso, possuem grão melhorador, elevada força de glúten e estabilidade na produção. Esses são fatores importantes para a  indústria de panificação.

Acredita-se que a produtividade média de alguns materiais possa ser em média 70 sacas por hectare.

Características do trigo

As plantas de trigo têm folhas finas, planas e compridas. Elas são ligeiramente ásperas, com bainha invaginante, e sua quantidade pode variar entre 6 e 9. O fruto (ou grão) é oval, entumecido e tenro.

As raízes da planta são fasciculadas, e podem atingir até 1,5 m. Os colmos são eretos e cilíndricos, com 5 a 7 nós. Além disso, há a presença de perfilhos que nascem paralelos à base principal da planta.

A inflorescência é uma espiga composta, formada por 15 a 20 espiguetas alternadas, cada uma com 2 ou 3 grãos. Essas espiguetas são formadas por um conjunto de 3 a 5 flores. Vale lembrar que não são todas as flores que se tornam frutos.

Estrutura da planta  em ilustração.

Exemplo de uma planta de trigo

(Fonte: Adaptado de UFSM)

Benefícios do trigo

O trigo é um carboidrato altamente energético para o corpo. Proteínas, gordura, fibra e minerais também estão presentes na composição do trigo. Há minerais presentes nos grãos, como o fósforo, cálcio, ferro e vitaminas como B1 e B2.

Beneficios nutricionais do trigo (grão, germe e farinha)

(Fonte: adaptação da autora)

Existe uma série de benefícios nutricionais do trigo, e esses benefícios variam conforme a forma do cereal. Veja mais detalhes:

  • Grãos: são ricos em uma substância denominada lignana, que auxiliam no fortalecimento do sistema imunológico;
  • Gérmen: apresenta minerais como zinco, cálcio e vitaminas como ácido fólico e vitamina E, que ajudam a combater os radicais livres e na metabolizar glicose, além de auxiliar no sistema circulatório;
  • Farelo: rico em fibras que ajudam no funcionamento do intestino;
  • Farinha integral: com a presença de fibra e proteína, seu consumo auxilia na digestão e no ganho de massa muscular;
  • Farinha branca: por retirar a casca e o gérmen, é um alimento pobre em vitaminas e fibras, mas fornece energia para o corpo de forma rápida.

Tipos de trigo

O trigo pode ser classificado de acordo com 4 aspectos: espécie, época de plantio, dureza dos grãos e tipo de farinha.

Quanto à época de plantio, podemos classificar em cultivares de inverno (que necessitam de mais horas de frio) e cultivares de primavera.

Quanto à dureza, classifica-se em trigo duro (com grãos de amido que não quebram na moagem) e mole (com grãos de amido que quebram durante a moagem).

Também temos classes de trigo e farinha, que variam em sua utilização e valor nutricional. 

No Brasil, a farinha industrial é a mais vendida, principalmente para padarias e supermercados.

A qualidade do trigo e das farinhas é regulamentada pela instrução normativa nº 38 de 2010. Dentre os parâmetros avaliados estão: glúten, cor, dureza, número de queda, absorção, peso hectolítrico e tipo.

Dessa forma, o trigo é dividido em tipos para comercialização, como mostra a figura abaixo. 

Ilustração que mostra os diferentes tipos de trigo, divididos em tipos de comercialização.

Tipos de trigos – Anexo IV – IN 38

(Fonte: Adaptado da cartilha “O triticultor e o mercado”)

Existem três tipos principais de trigo: Triticum aestivum L, Triticum turgidum L e Triticum monococcum L. O nome da planta de trigo é Triticum spp. Por meio da evolução e domesticação foram surgindo outras espécies.

A hibridização e a seleção pelas pessoas originou a espécie de trigo mais utilizada hoje: Triticum aestivum L. ou trigo comum. Veja um pouco mais sobre essas espécies:

Trigo comum – Triticum aestivum L 

É a espécie mais cultivada no mundo, representando 80% da produção mundial. No Brasil não é diferente.  É utilizada, principalmente, para a fabricação de pães. 

Outra espécie bem semelhante à espécie comum é o T. compactum – ou trigo clube – bastante usado na fabricação de bolos e bolachas não crocante, pois possui menos glúten.

Para produzir o trigo mais consumido, é feito um processo de moagem. Na moagem, o endorsperma do grão é retirado, e dele é originada a farinha branca. Esse endosperma representa 75% do trigo.

Trigo Durum – Triticum turgidum L

A espécie tem alto conteúdo de glúten e por isso confere maior firmeza após o cozimento.  

É ele que dá origem à semolina (resultado da moagem incompleta de cereais).  Esse tipo é indicado para massas, triguilho e cuscuz, além de alguns pães.

Trigo Einkorn – Triticum monococcum L 

Considerado como uma espécie ancestral, pode ter dado origem às espécies cultivadas. 

Embora ainda seja cultivado em regiões específicas do mundo, essa espécie tem despertado interesse por produzir um glúten menos alergênico e seria uma alternativa para os celíacos. 

Plantio de trigo

Para a região Sul, principal produtora, o plantio deve ocorrer entre abril e agosto, dependendo do estado. Na região Sudeste, a janela é mais restrita: entre março e maio.

O plantio deve seguir as recomendações do zoneamento agroclimático para a cultura. Este zoneamento considera alguns aspectos importantes para o melhor desempenho da cultura, entre eles as condições climáticas.

As plantas de trigo, por via de regra, se desenvolvem melhor entre 15 ℃ a 20 ℃ . A umidade também é um fator importante, com disponibilidade hídrica que pode variar de 120 mm no início do desenvolvimento até 40 mm nos meses de perfilhamento e espigamento.

Vale ressaltar que as condições climáticas e tipo de solo são fatores que interferem diretamente no desenvolvimento das plantas. Por isso ocorre variação de época de plantio e de colheita.

Calendário de plantio de trigo por região do Brasil

Calendário de plantio e colheita do trigo

(Fonte: Adaptado de Conab)

Quando tempo dura o ciclo do trigo 

O ciclo de produção do trigo pode durar, em média, de 100 a 170 dias. Essa variação é devida a cultivar empregada e as condições edafoclimáticas (clima e solo).

Cada fase do desenvolvimento tem uma faixa ideal de temperatura. A variação pode definir a rapidez do ciclo, por exemplo, bem como a passagem de um estádio para outro

Além disso, durante o ciclo, a adubação é essencial. A ureia agrícola é um dos principais fertilizantes utilizados no trigo. Afinal, a ureia é um dos adubos nitrogenados disponível com menor custo.

Ilustração das fases do desenvolvimento do cereal

Estádios de desenvolvimento de cereais conforme a escala de Feekes (1940)

(Fonte: Livro “Trigo: do plantio à colheita”)

De modo geral, o ciclo de produção do trigo acontece em cinco fases:

  • Germinação e crescimento da plântula: nesta fase, a quantidade de água no solo tem que ser adequada para que a semente consiga iniciar os processos metabólicos. Esses processos darão origem à radícula, parte aérea das plantas, e primeiras folhas;
  • Afilhamento: após a abertura das folhas, começa o processo de perfilhamento. Os perfilhos/afilhos nascem em quantidade variável dentre as cultivares;
  • Alongamento: os nós dos colmos se tornam visíveis nesta fase, as plantas crescem e adquirem mais folhas (formação da folha bandeira, a última da planta). Com o final desta fase, termina o período vegetativo com o “emborrachamento”;
  • Espigamento: esta fase inicia no surgimento total da espiga até o enchimento dos grãos, passando pela floração e frutificação;
  • Maturação: a fase final se dá pela maturação dos grãos, que inicialmente estão no estado de grão leitoso, depois de grão em massa e por último grão maduro, pronto para colheita.

Colheita 

A colheita do trigo ocorre entre agosto e dezembro e pode ser feita com colheitadeiras que colhem e já descascam o grão em simultâneo, deixando-os prontos para o transporte e armazenamento. Ela acontece cerca de 110 a 120 dias após o plantio.

Para que a colheita possa acontecer, o teor de umidade dos grãos deve estar entre 15% e 13%. Além disso, a espiga deve estar dobrando, os grãos devem estar duros e as plantas, amareladas.

Conclusão

Embora não seja produzido em todo país, o trigo é consumido por quase todo território nacional, portanto, a demanda interna não é suprida pela produção. Assim, importamos boa parte do que é consumido por aqui.

Neste artigo, você entendeu melhor as especificidades da cultura e alguns cuidados relacionados à plantação de trigo.

Quanto à questão agrícola, a escolha das cultivares adequadas e um bom manejo contribuem para uma boa produção e um produto de qualidade. 

Escolha bem e faça um bom planejamento agrícola antes de iniciar esse cultivo!

>> Leia Mais:

O que você precisa saber para fazer a melhor aplicação de 2,4 D em trigo

Quais são as principais pragas do trigo e como combatê-las

Tudo que você precisa saber sobre as plantas daninhas do trigo

Restou alguma dúvida sobre o trigo? Deixe nos comentários abaixo que responderemos para você. Grande abraço!

Foto da redatora Carina, no meio de uma plantação

Atualizado em 06 de junho de 2022, por Carina Oliveira.

Carina é engenheira-agrônoma formada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), mestre em Sistemas de Produção (Unesp), e doutora em Fitotecnia pela Esalq-USP.

Adubação de milho para altos rendimentos: Como calcular + planilha grátis

Adubação de milho: veja como calcular e o que você precisa saber para altas produções em sua lavoura.

O milho é uma planta bastante exigente em nutrientes para que sejam alcançadas altas produtividades.

A recomendação de adubação para esta cultura deve levar em consideração os teores disponíveis no solo e extraídos pela planta.

Dessa forma, a exigência nutricional varia conforme a finalidade da produção, seja para grãos ou silagem. Por isso, a adubação também será diferente.

Neste artigo, mostraremos para você como calcular a adubação de milho para produção de grãos e silagem. Aproveite!

Importância da cultura do milho

Juntamente com a soja, a produção de milho representa cerca de 80% da produção de grãos no Brasil.

Na safra de 2018/19, a área plantada do milho safrinha cresceu, principalmente, no Cerrado brasileiro. Isso fez com que a produção de milho na safrinha se tornasse maior que a da safra de verão.

adubação de milho

Mapa da Produção Agrícola – Milho primeira safra
(Fonte: Conab)

Mapa da Produção Agrícola

Mapa da Produção Agrícola – Milho segunda safra
(Fonte: Conab)

Qual a adubação de milho ideal?

A tomada de decisão na adubação de milho deve ser feita levando em consideração os seguintes critérios:

  • Análise do solo;
  • Produtividade esperada: extração e exportação de nutrientes;
  • Fenologia da cultura;
  • Histórico da cultura;
  • Aspectos econômicos.

A análise de solo nos mostrará a disponibilidade de nutrientes no solo e a necessidade de correção da acidez e elevação da saturação por bases do solo.

Já o manejo da adubação de correção é feito para elevar a disponibilidade de outros nutrientes no solo.

Agora, a adubação de manutenção, pode ser feita através da reposição dos nutrientes exportados pela cultura do milho. Ela será o foco deste texto.

A exportação de nutrientes não é uniforme durante todas as fases de desenvolvimento da planta. Por isso, é importante entender sobre o ciclo do milho antes de começarmos a recomendar a adubação.

Como é o ciclo e desenvolvimento do milho?

O ciclo do milho é dividido em estádios fenológicos vegetativos (V) e reprodutivos (R).

Entre V6 e V10, o potencial  número de fileiras por espiga é determinado. Também é uma fase de alta demanda e absorção de nutrientes. 

No estádio V12, a disponibilidade de nutrientes é decisiva para a confirmação da produção e do rendimento da cultura, pois aqui se definem o tamanho da espiga e número de grãos por fileira.

O aparecimento do pendão ocorre no estádio VT, que marca a transição para o estádio reprodutivo do milho. 

Cerca de 63% do nitrogênio (N) e 80% do potássio (K) são absorvidos até o estádio VT!

Assim, fica claro que devem haver nutrientes disponíveis durante o período vegetativo da cultura do milho, principalmente N e K. 

adubação de milho

Percentual de N absorvido pela planta, antes e após o florescimento, e percentual de N presente no grão no período da absorção no pós-florescimento (após VT-R1) e fontes remobilizadas.
(Fonte: Pioneer)

Exigência nutricional da cultura do milho

No caso do milho, a quantidade de nutrientes extraída varia conforme a finalidade da produção: sendo grãos ou silagem. 

Veja na tabela abaixo acúmulo de nutrientes na planta do milho (grãos e parte aérea) e somente nos grãos para cada tonelada de grãos produzida. 

(Fonte: dados médios compilados de vários autores)

Quando o milho é colhido para silagem, a parte vegetativa também é removida, aumentando a quantidade de nutrientes exportada.

Por isso a adubação deve ser ajustada de acordo com a finalidade de produção!

Adubação de milho nitrogenada

O milho é uma cultura bastante exigente em nitrogênio. São necessários em torno de 15 kg por tonelada de grãos produzidos e aproximadamente 23 kg quando se produz silagem.

Para calcular a quantidade de N a ser aplicada, é necessário ter uma ideia da produtividade esperada e a finalidade da produção – grãos ou silagem.

Assim, multiplica-se os valores de produtividade esperada pela extração de N e se tem a demanda desse nutriente da planta.

A cultura anterior também pode influenciar na adubação de milho. Os restos culturais de soja são capazes de fornecer 15 kg de N por tonelada de grãos produzidos.

Também se deve considerar a eficiência dos fertilizantes nitrogenados, que é em torno de 60%.

Assim, se for produzido 10 toneladas de grãos, a exportação é de cerca de 144 kg de N. Considerando uma eficiência de 60%, teríamos que aplicar 240 kg/ha.

E se a ureia possui 45% de N, serão necessários 400 kg/ha desse adubo.

Recomendação de adubação

Recomendação de adubação de manutenção de acordo com a produtividade esperada de grãos
(Fonte: dados médios compilados de vários autores)

Como é feita a adubação de cobertura? 

A recomendação atual é de que seja aplicado em torno de 50 kg/ha de N na semeadura. O restante deve ser aplicado em cobertura.

Essa adubação de cobertura é iniciada quando a planta está com a 3 a 4 folhas formadas. Dessa maneira, o N estará disponível na fase seguinte (V6 a V10) em que é mais exigido, como vimos anteriormente.

As condições para fazer o parcelamento da dose podem ser vistas na tabela abaixo.

Recomendação de adubação nitrogenada de cobertura

Recomendação de adubação nitrogenada de cobertura
(Fonte: Visão Agrícola)

Adubação de milho fosfatada 

Apesar da planta de milho exigir menos fósforo (P) em comparação com N e K, a adubação fosfatada é muito importante para garantir altas produtividades. 

A recomendação de adubação com P é feita conforme o seu teor no solo e a extração da planta. Se a disponibilidade de fósforo estiver abaixo do adequado, devemos fazer a adubação de correção. 

Do contrário, procedemos apenas com a manutenção baseada na extração. Esta dose deve ser aplicada no sulco de plantio. 

Classes de teores de P-resina no solo
(Fonte: Boletim 100-IAC)

Adubação de milho potássica 

O potássio (K) é o segundo nutriente mais exigido pela cultura do milho. 

As respostas à aplicação de K têm sido maiores com a intensificação do cultivo e com a rotação da soja milho, uma vez que esta leguminosa exige altos teores de K. 

A recomendação de adubação potássica para o milho grão ou silagem pode ser feita com base na disponibilidade de K do solo e expectativa de produtividade. 

(Fonte: Boletim 100-IAC)

Por exemplo, com teores adequados de K do solo, a extração para 10 ton/ha de grãos seria de 43 kg. No caso da silagem, esse valor seria de 200 kg.

Por isso, ajustar a adubação conforme a finalidade da produção é muito importante, do contrário, a fertilidade do solo seria debilitada em pouco tempo.

Como doses maiores que 50 kg/ha na semeadura podem prejudicar a germinação da semente, é aconselhado que o restante seja parcelado na adubação de cobertura.

Parcelamento da adubação com potássio

Grande parte do potássio é requerido no começo do ciclo da cultura. 

Até o estádio VT a planta acumula cerca 50% da matéria seca e absorve mais de 80% de sua necessidade total em K. 

Assim, a aplicação restante da dose de K deve ser feita em pré-semeadura ou em cobertura antes de chegar no reprodutivo.

Planilha gratuita para cálculo da adubação de milho

Para te auxiliar, montei uma planilha para o cálculo da adubação de milho com base na extração de nutrientes e produtividade.

adubação de milho

Como calcular: basta entrar com os dados da análise de solo para P e K e produtividade da cultura esperada. Pronto, a planilha faz o restante, tanto para produção de grãos como para silagem.

O download gratuito você pode fazer aqui!

Conclusão 

Como vimos, a adubação do milho deve seguir a análise de solo, expectativa de produção e a fenologia da cultura.

Com teores adequados, atuamos somente com a adubação de manutenção. Do contrário, a fertilidade do solo precisa ser construída com adubações de correção.

O posicionamento das adubações deve respeitar os estádios de maior demanda da cultura.

De acordo a finalidade da produção, grãos ou silagem, a dose aplicada deve ser ajustada para suprir a demanda da cultura. Seguindo esses critérios, você não terá surpresas com a produção de seu milho.

E você, tem alguma dúvida sobre adubação de milho? Conte pra gente nos comentários abaixo. Grande abraço!

Mercado futuro da soja: seu funcionamento e as principais vantagens

Mercado futuro da soja: entenda como funciona, as principais vantagens e desvantagens e como você pode tirar proveito disso para alavancar sua rentabilidade.

E se eu te falar que você pode vender soja sem ter plantado ou comprar um “caminhão” de soja sem ter um silo para guardar?

Pois é, isso é possível no mercado futuro da soja.

Pode parecer complicado no começo, mas no futuro é uma boa maneira de assegurar o preço de venda e faturar no mercado.

Nesse artigo vamos abordar como funciona o mercado futuro da soja e como você, empresário rural, pode tirar proveito disso para aumentar sua lucratividade. Confira comigo!

O que é o mercado futuro da soja?

Sem complicações e em palavras simples, o mercado futuro da soja assegura o preço de hoje para a venda que você fará amanhã.

Mas como isso funciona? Eu explico. Por exemplo…

Vamos supor que hoje a cotação da soja  2019/20 está em R$ 80 por saca de 60 kg e, para o empresário rural, esse é um bom preço. Então prefiro não esperar, porque “vai que o preço despenca quando for vender”.

Assim, pode-se proteger das oscilações do mercado fazendo um contrato de mercado futuro e fixando o preço da soja nos R$ 80 de hoje, mesmo que a venda só se concretize meses depois.

Como veremos a seguir, temos muito o que levar em consideração ao atuar neste mercado, mas podemos tirar bom proveito disso.

Como funciona o mercado futuro da soja?

Assim como para outras commodities, os contratos são negociados na bolsa BM&FBovespa e podem ser relativos à soja Brasil ou à soja da bolsa de Chicago (Estados Unidos). Em ambos os casos os contratos são fixados em dólar.

mercado futuro da soja

(Fonte: AFNews)

Nesse mercado, se negocia soja a granel tipo exportação, com certas especificações de pureza e teor mínimo de óleo. Cada contrato segue as condições da tabela abaixo.

Os contratos em aberto ficam disponíveis no site da BM&FBovespa e o ideal é que você escolha entre esses junto com a sua corretora.

O calendário de negociações segue de acordo com o pré-estabelecido pela BM&FBovespa, disponível aqui, com informações relativas às atividades de negociação, registro, compensação, liquidação e depósito centralizado durante o referido ano.

Vale lembrar que no mercado futuro só existe a liquidação financeira, em primeiro momento, não há a entrega do produto físico. Sendo que isso é um grande atrativo para investidores. 

Se você tiver curiosidade de entrar no site da bolsa, verá que existem vários códigos para designar os produtos e serviços. Parece complicado, mas eu explico.

Como são formados os preços? 

A formação dos preços de qualquer contrato disponível para o mercado futuro da soja depende da cotação do mercado físico, dada pelo indicador da soja Cepea/Esalq-Usp e da proximidade do mês de vencimento do contrato.

Assim, quanto mais alto o valor do indicador do mercado físico, mais o contrato futuro de soja se valoriza.

No entanto, essa valorização é limitada pela proximidade do mês de vencimento. Quanto mais próximo da data, menor a valorização.

Entenda os códigos

O mercado futuro da soja utiliza códigos que indicam o produto negociado, o mês de vencimento e o ano. É importante entender essas siglas para quando for realizar suas operações no futuro.

Veja na imagem abaixo como são formados os códigos:

mercado futuro da soja

(Fonte: Autor, de acordo com as diretrizes da BM&FBovespa)

Desta forma, os meses seguem uma nomenclatura específica, que apresento na tabela abaixo.

meses de vencimento mercado futuro da soja

(Fonte: Autor, de acordo com as diretrizes da BM&FBovespa)

Vale lembrar que a data de vencimento e o último dia para negociação do contrato é sempre o 2º dia útil anterior ao mês de vencimento.

Tarifações e garantias

Para investir no mercado futuro da soja, é exigido que se tenha a garantia mínima de 4.32% do valor do negócio em conta, em ações ou em títulos do tesouro. Também existem tarifações para cada negócio.

Veja as principais tarifas cobradas em operações:

Repare que as tarifas dependem do volume de contratos e do tempo de permanência.

Quais as vantagens e desvantagens do mercado futuro da soja?

Vantagens

Com o mercado futuro da cultura de soja você consegue fixar o preço atual, protegendo-se contra oscilações do mercado.

Pelo fato da liquidação ser apenas financeira e não do produto físico em primeiro momento, isso é interessante para investidores pois não é necessário possuir um silo para comprar ou uma planta de soja para vender.

Assim, há a possibilidade de especular o mercado – como em qualquer investimento na bolsa – o que possibilita alavancar sua lucratividade.

Desvantagens

Como todo investimento, o mercado futuro da soja está sujeito a riscos. Os preços podem subir acima do que você fixou ou, ainda, existe a possibilidade de perder dinheiro com especulações na bolsa.

Por isso, o ideal é entender a dinâmica e o funcionamento do mercado futuro antes de entrar nessa jogada. 

Da mesma forma, especular na bolsa pode ser uma maneira de ganhar mais com a venda ou acordo de compra da soja, mas sempre tenha cautela.

Como investir no mercado futuro da soja?

Se após tudo o que abordamos até agora, você se interessou pelo mercado futuro da soja, decidiu conhecer mais a fundo e investir, o que você precisa fazer é encontrar uma corretora que opere na bolsa.

No site da BM&FBovespa, você encontra uma lista completa de corretoras, basta escolher uma de sua confiança e que trabalhe neste mercado.

A partir disso, faça seus investimentos e tome suas decisões de compra e venda. Geralmente, o contato é por telefone, mas algumas corretoras disponibilizam canais online para fazer suas operações. 

planilha de produtividade da soja

Conclusão

Como conferimos no texto, o mercado futuro da soja é uma opção para quem quer fugir das oscilações do mercado e garantir o preço atual na venda que virá.

E como ressaltamos, é um mercado onde não ocorre a venda física da soja em primeiro momento – há apenas a liquidação financeira do produto. Por essa razão, muitos investidores utilizam esse mercado para especulação e como alavanca para se ganhar dinheiro.

Embora existam algumas garantias iniciais e taxas que devem ser pagas, quando se entende o funcionamento esse mercado se torna um ótimo aliado para aumentar a rentabilidade do produtor e, principalmente, do empresário rural.

>> Leia mais:

“Veja a previsão do preço da soja para 2022″

Venda da soja: como garantir uma boa negociação de forma antecipada”

E você, já comprou ou vendeu no mercado futuro da soja? Restou alguma dúvida sobre este assunto? Conte pra gente nos comentários abaixo. Grande abraço e até a próxima!

Planilha de custo de produção por hectare: como fazer e modelo pronto para baixar

Planilha de custo de produção por hectare: entenda o passo a passo para você controlar os gastos de sua propriedade e ainda ganhe uma planilha modelo grátis!

É, meu amigo, não é fácil trabalhar de sol a sol e chegar o fim do mês com a conta sem fechar. Mas você já se perguntou onde é que está indo todo esse dinheiro?

A falta de controle do custo de produção pode levar à ilusão da lucratividade quando, na verdade, se está no vermelho.

Pensando nisso, fiz um passo a passo de como controlar seu custo por hectare a partir de um kit gratuito com uma planilha modelo para você começar a controlar suas finanças. Acompanhe!

A importância de controlar os custos de produção

Toda propriedade agrícola deve ser encarada como uma empresa rural, independentemente do porte.

Como em toda empresa, a organização dos processos e controle das finanças é fundamental para o sucesso do empreendimento.

Dentre os aspectos que merecem atenção está o controle dos custos de produção.

Esse controle deve ser feito de maneira simples, anotando tudo em um caderno ou de forma mais organizada, utilizando uma planilha de custo de produção por hectare, por exemplo.

Confira a seguir, como montar uma planilha para controlar seus custos de produção.

Passo a passo para uma planilha de custo de produção por hectare

Existem várias maneiras de criar uma planilha de custo de produção, com mais ou menos detalhamento. O importante é que ela reflita a realidade de sua propriedade, englobando os custos de todas as atividades realizadas.

Para te auxiliar nisso, montamos um kit gratuito com uma planilha modelo para que você possa acompanhar os procedimentos a seguir e ainda fazer a comparação com os custos de outras propriedades do Brasil. Faça o download gratuito clicando aqui.

1. Organize suas informações

Organize as informações de cada atividade que você realiza. Veja na figura abaixo que na nossa planilha modelo podemos inserir a cultura, o ano, se é safra ou safrinha e a área de plantio.


Repare que temos o custo total da safra e por hectare, além de cada tipo de custo separado e sua contribuição para o total. 

O gráfico também facilita a visualização dos dados para extrair informações precisas para a tomada de decisão. Do contrário, seriam apenas vários números, em que ficaria difícil ver alguma coisa…

Mas, para chegar nesse resultado, devemos seguir alguns passos. Confira!

2. Comece pelos insumos

Para começar a lidar com os insumos é interessante ter todo o estoque organizado. Já tratei deste assunto em outros textos, se tiver dúvidas, confira nosso texto sobre gerenciamento rural.

Com tudo em ordem, basicamente deve ser contabilizado quais os insumos e a quantidade utilizada para cada atividade.

Por exemplo, quanto de calcário foi usado em cada área, quanto e qual tipo de adubo foi utilizado, quais vacinas foram gastas com o gado… e por aí vai. 

Desta forma fica simples e é só inserir na planilha.


Observe que a planilha trabalha com os valores por hectare e apresenta o total gasto, mas os insumos são a parte mais fácil de controlar… Vamos ao restante.

3. Custo das operações 

O uso de cada insumo geralmente está atrelado a uma ou mais operações agrícolas. Assim, cada insumo tem um custo associado: da operação para aplicá-lo ou utilizá-lo.

Cada etapa, do plantio à condução da lavoura, demanda uma série de operações. Listadas essas operações, calcule o custo de cada uma delas. Deixe a colheita para uma aba, para o caso de ser terceirizada.

Para isso, precisamos saber o tempo gasto (horas máquina/ha) para cada operação e o custo unitário de hora por hectare (R$/ha). Além disso, o maquinário precisa de manutenção e também gera custos.

Horas máquina por hectare

Na tabela abaixo, segue a nossa sugestão para estimar as horas gastas por hectare para as operações agrícolas.

É lógico que se a realidade de sua fazenda for outra, ou a eficiência maior, sinta-se livre para alterar esses números. Mas tenha muita certeza dos valores antes de alterá-los.

Custo unitário de hora máquina por hectare

Cada hora trabalhada tem um custo associado. Aqui devemos levar em conta a quantidade de diesel gasta, o valor desse combustível e o salário do operador. 

Isso varia de propriedade para propriedade, então cabe a você adaptar a planilha às suas condições. Aqui no Blog do Aegro nós já explicamos em detalhes como saber o custo operacional de máquinas agrícolas. Confira!

Custo com manutenção de máquinas

Sugerimos que você utilize um número médio de manutenções realizadas a cada safra ou a cada ano e o custo médio dessas operações.

Leve em consideração troca de óleo, peças, etc. Tudo entra nessa conta e quanto mais detalhes, melhor.

A depreciação de máquinas, parte importante e muitas vezes esquecida, será tratada a seguir.

4. Juros de custeio da safra e depreciação de máquinas

Na aba que tratamos com “investimentos” na planilha, colocamos os juros de custeio da safra e depreciação de máquinas. Empréstimos ou verbas referentes a financiamentos também podem ser colocados aqui.

A dica neste momento é não esquecer de levar em conta o valor da alíquota e dividir os custos por ano/safra pela área usada em cada ano, para então obter o custo por hectare.

5. Colheita, transporte e armazenamento

Se a sua colheita for terceirizada, o custo disso deve ser computado junto com os outros custos referentes a serviços como transporte, silos, etc.

Assim como nos casos anteriores é necessário verificar a quantidade de horas necessárias para cada operação e o preço pago por cada hora.

Um passo a mais no controle de custos por hectare

Este kit com a planilha que disponibilizamos para download é um modelo para o controle de custo de produção por hectare. Ao explorá-la, você vai notar que utilizamos valores médios e alguns arredondamentos para o cálculo. 

Como a planilha é aberta, o ideal é que você mude os valores para a realidade da sua propriedade para ter uma representação fiel do que está ocorrendo.

Caso sua fazenda já utilize planilhas, você tenha muitas informações ou ainda necessite de um detalhamento maior, somente esta planilha de custo de produção por hectare não será o suficiente. 

Talvez seja o caso de começar a utilizar um software de gestão agrícola, como o Aegro

aegro planilha de custo de produção por hectare

Com este sistema de controle é possível integrar todas as suas finanças, com detalhamento para cada atividade e ainda organizar as operações e o estoque de sua fazenda. 

As informações são agregadas e de fácil visualização, possibilitando maior controle na tomada de decisão.

O Aegro oferece ao empresário rural (produtores, consultores, engenheiros agrônomos):

  • Gestão de patrimônio e de máquinas;
  • Operações agrícolas;
  • Gestão financeira e comercialização;
  • Monitoramento integrado de pragas – MIP;
  • Integração com o Climatempo; 
  • Cotação de seguro rural
  • Anotador – ferramenta para os lançamentos do LCDPR;
  • Imagens de satélite e NDVI;
  • Entre outras funções para o controle da fazenda. 

É possível testá-lo de forma gratuita, por meio de:

Custo de produção agrícola: Controle tudo pelo Aegro!

O seu custo de produção por hectare está muito alto?

Depois de calcular o seu custo de produção com o auxílio da planilha ou software, pode ser que você comece a questionar se não está gastando além do que deveria durante a safra.

A melhor forma de solucionar essa dúvida é comparando os seus números com os números de fazendas que estão próximas de você. Caso as despesas da sua lavoura estejam acima da média, talvez seja a hora de repensá-las.

Para fazer uma análise de mercado rápida e entender melhor o seu cenário, recomendo que você utilize nosso kit comparativo de custos de safra, que permite a comparação com outras fazendas do Brasil.

Ele reúne dados confiáveis de órgãos como a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) para te oferecer um comparativo geral de resultados por cultura e região.

Assim, você confere se produziu e gastou mais ou menos que os seus vizinhos.

Sem dúvida, as informações da Conab vão te ajudar a identificar oportunidades de melhoria no seu processo produtivo e aumentar a competitividade da sua lavoura.

Calcule seus custos e compare com outras fazendas

Conclusão

Ao longo do texto você conferiu a importância de se organizar e controlar os custos de produção por hectare de sua propriedade.

Conhecendo as finanças é possível identificar onde melhorar e qual atividade não está dando lucro.

Para isso, pode-se contar com a ajuda de planilhas de controle de custos, como esta que foi disponibilizada para baixar e com o passo a passo de como fazer.

Em alguns casos, um software de gestão agrícola pode facilitar ainda mais a sua vida.

Fato é: não deixe de controlar seu custo por hectare. Isso pode definir o sucesso ou o fracasso do seu negócio.

Como você controla os gastos de sua propriedade? O que achou dessa planilha de custo de produção por hectare? Deixe suas dúvidas e sugestões abaixo. Grande abraço e até a próxima!

Consultoria financeira no agro: amplie seus serviços como consultor

Consultoria financeira: veja como é possível ampliar e diversificar os serviços do consultor ao prestar consultoria financeira no agro.

“Trabalho de segunda a segunda, mas no fim do mês não me sobra nenhum dinheiro”. Você, como consultor, já deve ter ouvido algo parecido, não é mesmo?

Que tal se você pudesse ajudar seu cliente produtor a diversificar os serviços prestados e ainda faturar com isso?

A consultoria financeira no agro pode ser a solução!

Assim, você ajuda a saúde financeira da propriedade e, ainda, tem mais lucratividade no negócio. Sendo algo bom para o consultor e para o assessorado!

Veja a seguir que existe todo um processo de preparação para realizar essa consultoria financeira, mas que pode trazer muitos benefícios. Entenda como funciona, confira comigo!

O que é consultoria financeira e qual sua importância?

A consultoria financeira envolve análise, organização e planejamento das finanças do negócio.

Resumindo: ela analisa a situação financeira da propriedade/produtor, os fluxos de entrada e saída de dinheiro, bem como a lucratividade da empresa rural.

A partir disso, o consultor financeiro é quem consegue identificar os gargalos do negócio e propor mudanças, visando a melhoria da rentabilidade de seu cliente.

Como funciona uma consultoria financeira no agro?

Uma propriedade rural é como qualquer empresa e, portanto, deve visar a excelência em seus processos para obtenção de lucro. 

No agro ainda temos algumas peculiaridades, pois o mercado é complexo e o sistema totalmente dependente do clima. 

Grande parte dos produtores não encaram sua propriedade como uma empresa e, muitas vezes, as finanças da casa se misturam com as do negócio.

Assim, pouco controle é feito sobre o que entra e sai de dinheiro e como resultado, o dinheiro vai embora sem nem perceber.

O papel da consultoria financeira no agro é entender a realidade de cada cliente e, baseado em dados coletados, identificar problemas financeiros e propor soluções.

O passo a passo da consultoria financeira rural

A necessidade de cada cliente é diferente e depende da organização, situação financeira atual, atividade que realiza, além das aspirações que se tem para o negócio. 

Por isso, um passo de cada vez.

No início, geralmente cuidamos da organização dos dados para então analisá-los, sendo a fase de diagnóstico.

Com a atual situação da empresa rural em mãos e após a análise de mercado, é traçado o planejamento estratégico para a propriedade.

Esse planejamento é feito de acordo com os dados coletados e na sua própria experiência, mas a palavra final é do produtor e segundo seus objetivos. Por exemplo, se ele pretende expandir os negócios, focar em alguma atividade ou deixar de fazer outra.

Mas o serviço de consultoria não acaba aí! Embora a execução ou não das propostas seja inteiramente da decisão do produtor rural, cabe ao consultor agrícola acompanhar o andamento do projeto e propor as alterações necessárias de acordo com o desempenho.

Por isso, é muito importante a realização de relatórios de desempenho para criar e cumprir metas.

Tipos de consultoria financeira no agro

A consultoria financeira no agro pode ser de dois tipos: empresarial e pessoal.

Na empresarial, o foco do consultor são as finanças da empresa, ou seja, a propriedade rural. Já na consultoria pessoal, as finanças pessoais do cliente são o foco.

Dada a complexidade do meio rural e a recorrente mistura das finanças “da casa” com as do negócio, na prática a consultoria financeira deve mesclar um pouco das duas.

Primeiro, deve-se analisar a situação financeira atual e identificar a que pertence cada item. Depois com os processos identificados, faz-se análises separadas “da casa” e outra do negócio. 

É bom lembrar que o produtor vive (na maioria da vezes) exclusivamente daquela atividade, por isso é importante que o planejamento dimensione corretamente um pró-labore para o produtor.

Como prestar consultoria financeira no agro

Se você, consultor do agro, deseja ampliar seus serviços e prestar consultoria financeira, primeiro tenha em mente alguns aspectos importantes.

1. Prepare-se

A parte técnica da produção agropecuária, com certeza, é de seu domínio. Contudo, as finanças podem não ser.

Antes de mais nada, é importante se familiarizar com os termos e a teoria que envolve a parte financeira de uma empresa.

O primeiro passo é sempre o mais difícil, não desanime! Com dedicação a gente chega lá.

Existem cursos online e gratuitos que ajudam a se preparar e entender sobre finanças. Separei aqui alguns cursos online do Sebrae que podem ser úteis nessa jornada:

2. Vá devagar…

Com o conhecimento adquirido, pode-se começar a analisar as finanças da empresa de consultoria ou das finanças pessoais. Será que elas estão em dia?

Ao adquirir mais experiência, o consultor pode prestar esse serviço também aos clientes da consultoria agrícola.

3. Soluções da consultoria financeira

A experiência e análise do consultor faz enxergar coisas que muitas vezes o dono do negócio não vê.

Atividades não lucrativas, desorganização, erros em processos e conflitos entre as partes (principalmente em empresas familiares) são comuns e facilmente identificáveis para quem é “de fora”.

O fluxo de caixa – tão importante, mas tão negligenciado – é fundamental em uma consultoria financeira. Muitos dos erros empresariais estão aí!

Por isso, muitas vezes vale a pena investir em um software que traga essas soluções de maneira muito mais ágil e facilitada, dando a você uma diferenciação e mais tempo para expandir seu negócio.

Quanto ganha um consultor financeiro no agro

Não existem dados específicos para consultores financeiros autônomos do agro, mas segundo o site de empregos Vagas, o salário médio de um consultor autônomo é cerca de R$5.300, variando entre R$3 a R$9.5 mil.

Quais as vantagens de uma consultoria financeira

A consultoria financeira apresenta um raio x da saúde financeira da propriedade e permite prescrever a “medicação” correta para os males que a afligem.

Se a avaliação for bem feita, consegue-se reduzir e gerir os custos, além de avaliar as possibilidades de captação de recursos e de possíveis mercados a serem explorados.

Em casos críticos e com a estratégia correta, é possível recuperar empresas que estão no vermelho. 

Com isso, além de um plano a seguir, o produtor terá mais tempo para se dedicar à sua atividade, com liberdade para tomar decisões com mais clareza.

Um grande potencial para gerar lucro!

Para o consultor, além de auxiliar e possibilitar a geração de lucro dos clientes, pode-se ampliar os serviços e explorar uma área ainda pouco atendida no meio rural.

Ferramentas para auxiliar sua consultoria financeira

Uma consultoria financeira bem feita no agro deve manter registros e informações detalhadas sobre as finanças de seus clientes, para que possa propor soluções corretas e auxiliar a tomada de decisão.

No começo, organizar esses dados em uma planilha pode facilitar a vida. Dessa forma, cada cliente teria uma planilha específica com suas finanças.

Mas com uma cartela maior de clientes e muitas informações para lidar, dessa maneira o controle tende a ficar complicado.

Softwares de gestão agrícola como o Aegro, podem facilitar essa rotina. Com o Aegro você consegue integrar todas as informações, suas e de seus clientes, desde as finanças até as operações agrícolas que serão realizadas. São muitas as opções!

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Desse modo, os dados ficam todos sincronizados online e com fácil visualização e controle.

O que permite extrair informações mais facilmente, que auxiliam nas orientações de sua consultoria financeira e proporcionam uma tomada de decisão mais certeira.

Conclusões

Como acompanhamos no texto, a consultoria financeira no agro pode ser um diferencial para os serviços do consultor.

Atuando nessa área, você pode contribuir para a melhoria do negócio de seus clientes e também da sua própria consultoria!

Além disso, vimos também que existem ferramentas que ajudam nessa tarefa, desde simples planilhas até softwares de gestão agrícola – como o Aegro – que facilitam a sua vida e de seus clientes.

Restou alguma dúvida sobre consultoria financeira? Você presta ou gostaria de prestar serviços desse tipo? Conte pra gente nos comentários abaixo. Grande abraço!

Adubação para café: simples e prática (+ planilha)

Adubação para café: as principais dicas para melhorar a produção nas diferentes fases do cafezal + planilha para cálculo automático de adubação!

Na hora de fazer a adubação do café surgem várias dúvidas, não é mesmo?

Ainda existe muita desinformação e picaretagem por aí, o que muitas vezes leva o produtor ao erro na adubação. E isso pode significar prejuízos tanto na produção como no bolso.

Confira no artigo a seguir as dicas para adubação nas diferentes fases do cafezal, exigências nutricionais e outras informações para não fazer feio na adubação para café! 

Princípios da adubação para café 

A adubação de café deve levar em conta três princípios básicos: exigência e estado nutricional do cafeeiro, a disponibilidade de nutrientes no solo e a eficiência da adubação.

1 – Exigência e estado nutricional do café

A demanda de nutrientes do cafeeiro depende da sua produção de biomassa: frutos + vegetação. Isso vale tanto para café arábica como conilon.

Os frutos demandam mais nutrientes. Portanto, a frutificação é a época de maior demanda.

E, quanto maior a produção, maior será a demanda nutricional do cafeeiro.

Nos anos de baixa, quando o café vegeta e produz menos, a demanda por nutrientes também é menor!

O estado nutricional da planta na cultura de café é indicado pela análise foliar do 3º ou 4º par de folhas totalmente expandidas.

teores foliares para café

2 – Disponibilidade de nutrientes no solo

Ao longo dos anos, a pesquisa determinou classes de teores de nutrientes no solo para a produção de café. Existe mais de um tipo de classificação, mas vamos focar nas recomendações do Novo Boletim 100.

nutrientes no solo para café

Esses teores servem de base para comparar os resultados da nossa análise de solo e sabermos como está a fertilidade da lavoura de café.

O ideal é manter os teores de nutrientes na faixa “adequada”.

Abaixo dessa faixa, pode haver deficiência nutricional no cafezal e devemos fazer a adubação de correção na cultura. 

Acima dela, não há resposta à adubação, portanto, basta repor os nutrientes exportados na colheita.

Veja que não existem valores para o nitrogênio (N). A adubação nitrogenada é feita de acordo com a expectativa de produção da área e teor foliar de N.

3 – Eficiência de adubação

A fonte, modo e época de aplicação dos adubos influenciam na eficiência da adubação. 

O cálculo dessa eficiência não é tão simples, mas podemos dizer que, em geral, a eficiência da adubação química é de 50% para o N; 70% para o K; e de menos de 20% para o P.

Adubos de liberação lenta/controlada, com inibidores ou adubos orgânicos/organominerais, podem aumentar essa eficiência em alguns casos por liberar os nutrientes de forma gradual. 

Contudo, isso não necessariamente é verdade ou resulta em maior produtividade e lucro. Fique com o pé atrás com “produtos milagrosos”…

Adubação para café em diferentes fases

Aqui no Blog do Aegro, já mostramos as recomendações de adubação no plantio no artigo “Todas as recomendações para o melhor plantio do café”!

Nos resta então comentar sobre as adubações de café em formação e em plena produção.

As tabelas de adubação são bons guias, contudo, conhecendo o histórico de nossa lavoura e sua resposta à adubação, podemos refinar esses valores e adaptar a dose para nossa realidade.

Não há segredo: temos que fornecer nutrientes que atendam à demanda das plantas de café na dose e na época correta.

Considerando que a calagem e a gessagem foram bem feitas, não teremos problemas com pH, alumínio e teores de cálcio (Ca) e enxofre (S). 

Adubação para cafeeiros em formação

Cafeeiros em formação estão vegetando, formando suas raízes e parte aérea. Nessa fase, as exigências de nutrientes são menores e diferentes de uma lavoura em produção.

Cafeeiro em formação
Cafeeiro em formação 
(Fonte: Arquivo do autor)

É muito importante que tenhamos P, Ca e Boro (B) para o desenvolvimento das raízes e que não falte N para vegetar. A aplicação destes nutrientes é sempre via solo, para melhor aproveitamento. 

Os demais nutrientes devem ser mantidos em níveis adequados para não comprometer o desenvolvimento vegetativo e reprodutivo dos cafeeiros em formação.

É considerada adubação de formação a realizada após o plantio até o primeiro ano produtivo do cafeeiro. Ela geralmente é concentrada no período chuvoso.

adubação para café

Adubação para cafeeiro em produção

O cafeeiro produzindo tem uma maior exigência nutricional. Para cada saca produzida são necessários: 6,2 kg de N; 0,6 kg de P; e 5,9 kg de K para vegetar e frutificar.

Cafeeiros em produção plena
Cafeeiro em produção plena
(Fonte: Arquivo do autor)

Para o N, a dose será definida com base na produção esperada e análise foliar. Já para P e K, o que manda é a análise de solo e a produção esperada.

recomendação para adubação de café

Adubação para café: macro e micronutrientes

Nitrogênio (N)

Como referência prática, até o final de janeiro, devemos fornecer 70% de todo o N que vamos aplicar. 

A aplicação deve antecipar a florada principal e o novo ciclo vegetativo e ir até a granação dos frutos de forma parcelada.

Prefira nitrato de amônio à ureia para evitar perdas por volatilização do N.

As doses variam de acordo com a produtividade do sistema, como podemos ver na tabela acima.

Fósforo (P)

O fósforo é pouco exportado pela colheita: apenas 60 g por saca produzida. Portanto, sua importância maior está no plantio e formação do cafezal, pois este elemento é essencial no crescimento das raízes do cafeeiro.

Com os teores de P adequados no solo, basta adubar com a quantidade exportada.

Adubação P (kg/ha) =  
sc/ha produzidas x 0,06 kg de P/sc x 0,2 (eficiência da adubação)

Do contrário, deve-se realizar a adubação corretiva de P para elevar seus teores para a faixa adequada, entre 15 e 30 mg.kg-1. 

Feita a correção, a adubação de P para café segue como na conta acima.

Fontes menos solúveis de fósforo são preferíveis na instalação da lavoura e na adubação corretiva. Para os cafés em produção, prefira fontes solúveis como o super simples e triplo, MAP, DAP, etc.

Potássio (K)

A maior parte do potássio é exigida da floração à formação dos frutos. Portanto, na época da floração, já deve haver K disponível para a planta.

A primeira parcela deve anteceder a floração e a adubação deve seguir até a granação dos frutos.

O parcelamento deve ser maior em solos mais arenosos, onde o risco de lixiviação de K é maior.

Atenção redobrada na relação entre a disponibilidade de K e Mg. Ela deve ser 1:2 para que não haja deficiência de Mg devido à inibição de sua absorção pelas altas doses de K.

Uma fonte rica de Potássio (e também de Nitrogênio) é a palha do café. Fazer a adubação de macronutrientes com esse resíduo pode ser uma boa opção.

Micronutrientes

Os micronutrientes que demandam maior atenção na adubação para café são boro e zinco.

As doses de Zn ficam entre 1 e 4 kg.ha-1 fornecidos entre outubro e março, mas podem variar de acordo com a cultivar e análise foliar.

O boro deve ser aplicado no solo. Na forma de ácido bórico pode ser fornecido junto da calda de herbicidas. Recomenda-se 2 a 3 aplicações de 1 kg.ha-1 de B. 

Boro foliar somente para correções pontuais, pois ele não se move na planta. O correto é aplicar sempre no solo.

Adubação em café sombreado

Será que cafés sombreados devem receber a mesma adubação que os cultivados a pleno sol? 

A resposta é: depende do nível de sombreamento!

Pesquisas mostram que, com um sombreamento de até 30%, a produção do café é igual a do pleno sol. Portanto, a exigência nutricional e a adubação seriam equivalentes.

Para maiores níveis de sombra, a conversa é outra.

A diferenciação em gemas florais seria menor e, consequentemente, a produção de frutos também.

Além disso, menos luz significa menos fotossíntese, menos energia para a planta produzir, vegetar e assimilar N.

Portanto, se a adubação fosse feita com a dose do cultivo a pleno sol, estaria em excesso e o produtor estaria perdendo dinheiro, principalmente no caso do N.

A dose deve ser reduzida de acordo com as característica de sua lavoura sombreada.

>> Leia mais: “Broca-do-café: veja as principais alternativas de controle

Planilha de cálculo de adubação para café

Para te ajudar nas contas de adubação para seu café, nós fizemos uma planilha para cálculo de adubação baseada nas recomendações do Novo Boletim 100 do IAC.

Nela você pode inserir as informações de suas análises de solo e foliar, além da produtividade esperada e automaticamente visualizar os valores recomendados para lavouras em produção.

O download você pode fazer clicando na imagem abaixo! 

banner-de-implantacao-e-renovacao-do-cafezal

Conclusão

Como pudemos acompanhar no texto, a adubação para café deve ser feita de acordo com parâmetros da planta e do solo, bem como o histórico de produção e manejo da área.

A exigência nutricional do cafeeiro deve ser suprida na quantidade e na época certas para termos maior eficiência de uso dos adubos e melhor produção.

É importante ressaltar que, dependendo do sistema, as adubações para café serão distintas. 

Por isso, as tabelas de adubação são apenas um guia que devemos adequar à realidade de nossa propriedade.

>> Leia mais:

Acerte no adubo líquido para café e não jogue dinheiro fora

Pós-colheita do café: Tendências e perspectivas para cafés de qualidade (+ cuidados com a lavoura)

Restou alguma dúvida sobre adubação para café? Conte para gente nos comentários! Grande abraço!

Por que produtores não mantêm seus dados organizados e como sua consultoria pode resolver isso

Consultoria: Como auxiliar os produtores a melhorar a gestão e administração da propriedade pode ser bom para ambos os lados, e como fazer isso.

Aproximadamente 33% dos produtores rurais não têm qualquer tipo de controle de suas finanças. Entre os que fazem, a maioria ainda recorre ao controle no papel.

E são vários os motivos para que isso aconteça.

Como consultor, você pode atuar para a melhoria desse quadro, auxiliando o produtor na implementação da gestão e administração do negócio rural.

Sua consultoria pode contribuir de diversas maneiras. Isso é bom para o produtor e para o seu negócio! Confira a seguir:

O perfil do produtor rural brasileiro

O Sebrae realizou um levantamento para saber como é o acesso à internet e ferramentas digitais, além de como é feito o controle e organização dos dados nas propriedades. O resultado foi o seguinte:

Mais de 95% dos produtores usam celular, mas apenas metade tem acesso à internet nos aparelhos. Cerca de 40% utilizam computadores, mas geralmente fora do local de trabalho.

Quanto ao controle de suas despesas, receitas e estoque, o quadro é um pouco diferente.

Sebrae Produtor Rural Brasileiro
(Fonte: Adaptado de Sebrae)

Veja que ⅓ não realiza controle algum e outros 44% o fazem no papel!  

Como veremos a seguir, são vários os motivos para que isso aconteça e diversas as oportunidades para que sua empresa de consultoria possa atuar e melhorar esse cenário.

Por que grande parte dos produtores rurais não têm dados organizados em sua propriedade?

Alguns motivos são limitações do próprio sistema produtivo, outros da assistência que os produtores recebem e de como enxergam o processo de gestão e administração.

1. Complexidade do sistema agrícola

A atividade agrícola é complexa, por isso são vários os fatores que devemos controlar.

Assim, um grande volume de dados é gerado, o que complica a vida do produtor na hora de anotar e extrair informações úteis.

2. Produtor sobrecarregado

Na maior parte dos casos, o produtor acumula várias funções dentro da propriedade: ele é responsável pelo planejamento, pelo operacional, pela administração e por cuidar de sua casa. 

Como a parte operacional tem retorno imediato na produção e é de maior domínio do produtor, a administração e gestão acabam ficando de lado.

3. Modelo de assistência e desconfiança

A assistência rural no Brasil é predominantemente voltada às questões técnicas do sistema produtivo, seja porque o produtor prioriza esse lado ou por falta de conhecimentos acerca de gestão e administração por parte de produtores/consultores.

Muitas vezes, falta a orientação vinda da assistência técnica para definir e ensinar o produtor como organizar seus dados e extrair informações úteis.

Por outro lado, há sempre a desconfiança dos produtores em abrir seus dados para terceiros (consultores, consultores financeiros e contadores, por exemplo) ou na utilização de novas tecnologias.

4. Dificuldades técnicas

A coleta de dados deve ser padronizada e bem-feita para que gere informações confiáveis. A falta de conhecimento sobre como coletar e aproveitar os dados de maneira correta faz com que muitos abandonem a prática.

Além disso, como a maioria faz o controle financeiro no papel, esses dados podem ser facilmente perdidos e/ou misturados, gerando confusão e informações imprecisas.

Como sua consultoria pode ajudar na organização, gestão e administração das propriedades rurais que você atende?

Esses são alguns dos motivos que levam à desorganização das informações das propriedades rurais. É na resolução desses problemas que sua consultoria deve atuar.

Aqui você entenderá onde sua consultoria pode atuar, para acabar de uma vez por todas com a má gestão das fazendas!

1. Antes de tudo, estude sobre o assunto

Se seus conhecimentos sobre gestão e administração rural não estão afiados, é sempre bom estudar sobre o assunto.

Desde a coleta e controle dos dados, até como extrair informações importantes a partir deles, é importante que você saiba orientar o produtor corretamente.

2. Cada caso é um caso

Existem os mais variados sistemas produtivos no Brasil. Uns são mais tecnificados, outros menos. Alguns focam em apenas uma atividade, outros atuam em várias. 

Tomemos, como exemplo, dois casos: o “produtor A” e o “produtor B”.

consultoria

Veja que são dois sistemas completamente diferentes!

Embora os conceitos empregados sejam os mesmos, a forma como abordaremos o assunto e colocaremos em prática será específica para cada situação.

Nesse exemplo hipotético, o produtor A já tem seus dados organizados e conta com maior tecnologia. 

A consultoria em agronegócio, nesse caso, pode orientá-lo sobre a melhor maneira de coletar e organizar os dados. Uma opção é implementar a utilização de um software de gestão para tornar a atividade mais fácil.

Como o produtor B não realiza nenhum tipo de controle, a estratégia seria mostrar que a adoção um sistema de gestão pode melhorar o negócio dele.

Com esse maior controle seria possível saber o lucro da propriedade e como melhorá-la.

Por isso, a proposta do serviço de consultoria deve ser condizente com a capacidade de assimilação do produtor, para que o novo sistema seja empregado corretamente e a longo prazo.

3. Mostre que organizar as coisas traz bons frutos

O segredo é ir implementando a gestão aos poucos, de acordo com o ritmo do produtor. Assim, mostramos que não é um bicho de sete cabeças e os resultados são bons para o negócio.

Também é necessário que a consultoria atue de maneira próxima ao produtor, fornecendo as informações necessárias para a correta coleta e organização dos dados.

Uma opção é reunir um grupo de produtores de que é consultor e ministrar um pequeno curso sobre o assunto, mostrando como as coisas podem ser feitas e ensinando o processo.

Como usar a tecnologia como aliada de sua consultoria

Pouco mais de 20% dos produtores já utilizam algum tipo de tecnologia (computador , software, celular, etc) para a gestão/administração de sua propriedade. O problema é convencer os outros 80% a utilizar essas ferramentas…

Nos lugares onde não há controle, ou o acesso à internet é limitado e o volume de dados gerados pela propriedade é limitado, as planilhas podem ser uma boa opção.

Elas são mais organizadas que o controle no papel e são, relativamente, de fácil utilização.

Para facilitar, deixamos aqui uma planilha totalmente grátis para controle de estoque.

Aqui você pode baixar também uma planilha para fluxo de caixa grátis.

Onde já se tem as informações organizadas e familiaridade com a tecnologia, uma boa opção podem ser os softwares de gestão, como o Aegro.

O sistema conta com um plano especial para produtores agrícolas disponível para atender diversas fazendas ao mesmo tempo, organizando todas as informações em um só lugar.

Controle de custos de safra no Aegro

Com o Aegro você tem todo o controle de sua propriedade, das finanças às operações, tudo de forma integrada e online.

Dessa forma, a consultoria pode integrar todos os produtores assistidos e tornar o processo de assistência mais dinâmico e preciso.

Com o uso de tecnologias na hora da gestão, o produtor fica menos sobrecarregado, pois o processo é todo facilitado e as informações estão facilmente visíveis.

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Conclusão

Como pudemos conferir ao longo desse artigo, de modo geral, o controle dos dados das propriedades rurais no Brasil é mal feito. E são vários os motivos para que isso ocorra.

O papel da consultoria para sanar os problemas de organização de dados é atuar diretamente sobre os motivos que levam o produtor a deixar de lado essa área, que é tão importante para o sucesso de qualquer empreendimento.

Como cada caso é específico, cabe à consultoria adotar a melhor abordagem para a propriedade em questão. Sendo que é um processo que deve ser feito com calma, de acordo com a adaptação do produtor.

Com o uso de novas ferramentas e tecnologias, esse processo pode ser facilitado, tornando o trabalho menos oneroso e as informações mais claras e confiáveis.

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Sua consultoria auxilia os produtores a ter maior controle sobre a propriedade? Como você faz para ajudá-los?

Conte pra gente nos comentários. Grande abraço!