Herbicida para algodão: como fazer a melhor utilização para combate de plantas daninhas

Herbicida para algodão: Saiba quais produtos podem ser utilizados, posicionamento correto e como evitar fitotoxidade.

A cultura do algodão tem grande relevância no agronegócio brasileiro devido a seu valor agregado e potencial de exportação.

Na safra 2018/19, a cultura ocupou 1,62 milhões de hectares, com produção de 6,81 milhões de toneladas de caroço, movimentando mais de US$ 2 bilhões. E, para a safra que está maturando no campo, estima-se um aumento de 3,8% na produção de algodão

Para assegurar altas produtividades mantendo a boa qualidade final do produto, o manejo eficiente de plantas daninhas é essencial. Por isso trago agora tudo que você precisa saber sobre a aplicação de herbicida para algodão. Confira!

Manejo de plantas daninhas no algodão

Algumas características da cultura do algodão tornam o manejo de plantas daninhas um procedimento complexo e que exige muito planejamento. 

O primeiro desafio é o ciclo longo da cultura: são 170 a 200 dias. Além disso, o algodão tem um crescimento inicial lento, o que pode dar uma certa dianteira para plantas daninhas muito adaptadas. 

A cultura costuma ser cultivada com espaçamento maior que outras culturas anuais (70 a 90 cm), sendo mantida com porte baixo por meio de reguladores de crescimento

Somado a isso, o algodão possui baixa tolerância a herbicidas e precisa estar livre de plantas daninhas por ocasião da colheita (para que não haja perda na qualidade do produto).  

Devido a essas características, o cultivo possui um período crítico de prevenção a interferência de 55 dias em média, período mínimo que a cultura deve ser mantida no limpo para que não ocorram perdas no rendimento. 

Este período se inicia próximo aos 15 dias após a emergência (período anterior à interferência) e se estende até em média 70 dias após a emergência (período total de prevenção a interferência).

herbicida para algodão

Plantas de algodão sem interferência inicial de plantas daninhas
(Fonte: Notícias Agrícolas)

Principais plantas daninhas do algodão

Devido à baixa tolerância a herbicidas pelo algodão, as plantas daninhas mais problemáticas na cultura são as de folhas largas. Elas devem ser o foco do manejo entressafra. 

As plantas daninhas de maior ocorrência nas lavouras de algodão brasileira são:

Folhas largas:

Folhas estreitas:

Estas plantas daninhas são mais problemáticas, com a ocorrência de biótipos resistentes a herbicidas, como é o caso de leiteiro, picão-preto ou capim-amargoso. 

Outras são naturalmente tolerantes ao glifosato, como a trapoeraba e corda-de-viola. 

Desta forma, a primeira recomendação de manejo de plantas daninhas é realizar um bom manejo nutricional da cultura, mantendo-a com bom crescimento e competitividade. 

Além disso, o uso de rotação de culturas com cultivos que tenham alta produção de palha impede a emergência de muitas sementes de plantas infestantes, melhorando o perfil do solo. 

O milho com braquiária, por exemplo, é uma excelente opção para utilização na safrinha. 

Quanto às alternativas químicas de controle de plantas daninhas, vou falar mais a seguir!

Infestação de plantas daninhas no algodão

Infestação de plantas daninhas no algodão
(Fonte: Embrapa)

Herbicida para algodão: Manejo de plantas daninhas na entressafra

O período de entressafra, com certeza, é o período ideal para manejar plantas daninhas de difícil controle. Isso ocorre pois nessa época há mais mecanismos de ação herbicida que podem ser utilizados. 

Veja os principais herbicidas a seguir:

Glifosato

Quando aplicar: herbicida não seletivo de ação sistêmica, aplicado na entressafra ou em pós-emergência de variedades resistentes (RR). 

Espectro de controle: folhas largas e folhas estreitas.

Dosagem recomendada: 2,0 a 6,0 L ha-1 dependendo da planta daninha a ser controlada e estádio de desenvolvimento. 

Pode ser misturado com herbicidas sistêmicos e pré-emergentes (ex: Clethodim, flumioxazin e 2,4 D).

Cuidados: há muitas plantas daninhas com resistência, porém é uma excelente ferramenta de manejo para as demais plantas daninhas. 

Amônio-glufosinato

Quando aplicar: herbicida não seletivo de contato, aplicado na entressafra ou em pós-emergência de variedades resistentes (LL). 

Espectro de controle: folhas largas com 2 a 4 folhas e folhas estreitas provenientes de sementes de 1 a 3 perfilhos.

Dosagem recomendada: 2,5 a 3,5 L ha-1 dependendo da planta daninha a ser controlada e estádio de desenvolvimento. 

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos e pré-emergentes (ex: Clethodim, flumioxazin e 2,4 D).

Cuidados: Para garantir a eficácia do produto, as plantas daninhas devem estar em estádio inicial. A aplicação deve ter uma boa cobertura do alvo e ser realizada com condições climáticas favoráveis.   

Carfentrazone

Quando aplicar: herbicida não seletivo de contato, utilizado em plantas pequenas ou na segunda aplicação do manejo sequencial.

Espectro de controle: folhas largas com 2 a 4 folhas, ótimo controle de trapoeraba. 

Dosagem recomendada: 50 a 75 mL ha-1 dependendo da planta daninha a ser controlada e estádio de desenvolvimento. 

Pode ser misturado com: glifosato.

Diquat

Quando aplicar: herbicida não seletivo de contato, utilizado em plantas pequenas ou na segunda aplicação do manejo sequencial.

Espectro de controle: folhas largas com 2 a 4 folhas.

Dosagem recomendada: 1,0 a 2,0 L ha-1 dependendo da planta daninha a ser controlada e estádio de desenvolvimento. 

2,4 D

Quando aplicar: herbicida de ação sistêmica, aplicado na entressafra ou em pós-emergência de variedades resistentes (Enlist). 

Espectro de controle: folhas largas.

Dosagem recomendada: 1,0 a 2,0 L ha-1 dependendo da planta daninha a ser controlada e estádio de desenvolvimento. 

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (glifosato e clethodim) e pré-emergentes.;

Cuidados: Possui problemas de incompatibilidade de calda, por isso cuidado com baixo volume de calda. Se associado com graminicidas, deve-se aumentar 20% a dose do graminicida. Devido a efeitos residuais, deve-se deixar um período mínimo de 15 dias entre a aplicação e semeadura. 

Herbicida para algodão aplicado na pré-emergência da cultura

S-metolachlor 

Quando aplicar: herbicida com ação residual utilizado no sistema de plante aplique do algodão.

Espectro de controle: gramíneas de semente pequena (ex: capim-amargoso, capim-pé-de-galinha).

Dosagem recomendada:1,25 a 1,5 L ha-1.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato).

Cuidados: não deve ser aplicado em solos arenosos. O solo deve estar úmido, com perspectivas de chuva. 

Trifluralina 

Quando aplicar: herbicida com ação residual utilizado no sistema de plante aplique do algodão.

Espectro de controle: gramíneas de semente pequena (ex: capim-amargoso e capim-pé-de-galinha).

Dosagem recomendada: 1,2 a 2,4 L ha-1 do percentual de argila do solo.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato  e graminicidas).

Cuidados: deve ser aplicado em solo úmido e livre de torrões. Formulações antigas têm problemas com fotodegradação (necessidade de incorporação). Eficiência muito reduzida em solo com grande quantidade de palha ou durante grande período de seca.  

Clomazone

Quando aplicar: herbicida com ação residual, no sistema de plante aplique, com uso de safeners.

Espectro de controle: gramíneas de semente pequena (ex: capim-colchão, capim-pé-de-galinha) e algumas folhas largas de sementes pequena.

Dosagem recomendada: 1,6 a 2,0 L ha-1 dependendo da planta daninha a ser controlada e nível de cobertura do solo.

Pode ser misturado com: diuron e glifosato.

Cuidados: Deve ser utilizado um safener (dietolathe, phorate e dissulfoton) no tratamento das sementes do algodão. Atenção com deriva em culturas suscetíveis vizinhas.

Prometryne

Quando aplicar: herbicida com ação residual, no sistema de plante aplique.

Espectro de controle: folhas largas e folhas estreitas. 

Dosagem recomendada: 1,6 a 2,0 L ha-1 dependendo da planta daninha e teor de argila do solo.

Cuidados: Usar menores doses em solo arenoso. 

Diuron

Quando aplicar: herbicida com ação residual, no sistema de plante aplique ou no sistema de jato dirigido às entrelinhas da cultura. .

Espectro de controle: folhas largas. 

Dosagem recomendada: 0,7 a 2,5 L ha-1 dependendo do sistema de aplicação. 

Cuidados: No sistema de jato dirigido, o caule do algodão deve estar lignificado e recomenda-se o uso da capota de proteção ou “casinha de cachorro”. Cuidado com residual de diuron na cultura consecutiva. 

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Herbicida para algodão aplicados na pós-emergência da cultura 

Pyrithiobac sodium

Quando aplicar: aplicação única feita entre uma e duas semanas após a emergência ou em aplicação sequencial, com 2 aplicações com intervalo de 5 a 15 dias entre aplicações. 

Espectro de controle: folhas largas (ex: caruru, picão-preto, trapoeraba e corda-de-viola) e plantas voluntárias de soja. 

Dosagem recomendada: 150 a 500 mL ha-1 dependendo da planta daninha a ser controlada.

Cuidados: Não misturar com graminicidas. 

Trifloxysulfuron sodium

Quando aplicar: aplicar após 2 a 3 semanas após emergência do cultivo, por ocasião da aplicação o algodão deve estar com no mínimo 4 folhas verdadeiras. 

Espectro de controle: folhas largas (ex: caruru, picão-preto, leiteiro, corda-de-viola) e plantas voluntárias de soja. 

Dosagem recomendada: 10 a 30 g ha-1 dependendo da planta daninha a ser controlada.

Cuidados: Não misturar com graminicidas. 

Outros herbicidas como prometryne, prometryne+MSMA, amônio-glufosinato (cultivo convencional), diuron+MSMA, atrazina, ametrina e flumioxazin. Aplicação de jato dirigido geralmente ocorre após a lignificação do caule, por volta de 45 a 50 dias após a emergência (caule marrom), usando capota de proteção ou “casinha de cachorro”. 

Cuidado com residual na cultura consecutiva!

Controle da soqueira do algodão 

Além do manejo de plantas daninhas, o produtor de algodão deve se assegurar da completa eliminação da soqueira do cultivo, respeitando a legislação e mantendo o vazio sanitário. Isso evita a disseminação de pragas como bicudo-do-algodoeiro e lagarta rosca.

Aqui no blog nós mostramos como evitar a rebrota planta de algodão com dois tipos de manejo. Confira!

herbicida para algodão

Aplicação de herbicidas para destruição de soqueira do algodão 
(Fonte: G1)

Conclusão

Neste artigo vimos a importância econômica do cultivo do algodão no Brasil e por que você precisa realizar o manejo eficiente de plantas daninhas. 

Mostramos quais ferramentas de controle químico podem ser utilizadas e o posicionamento correto para evitar causar perdas no cultivo.  

Além disso, citamos técnicas importantes que devem ser utilizadas no manejo integrado de plantas daninhas.  

Com essas informações, tenho certeza que você irá realizar um bom manejo de herbicidas para algodão!

>> Leia mais:

“5 dicas para o plantio de algodão de alta produtividade”

“Capim-rabo-de-raposa (Setaria Parviflora): guia de manejo”

Aproveite também nossa planilha de estimativa da produtividade do algodão aqui

Qual herbicida para algodão você costuma utilizar em sua lavoura? Já teve problemas de fitotoxidade? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Plantas daninhas em feijão: principais espécies, manejo e combate

Plantas daninhas em feijão: saiba como posicionar os principais herbicidas para garantir o controle na lavoura.

Plantas daninhas na lavoura podem dar muita dor de cabeça, não é mesmo? Além de reduzir a produtividade da cultura, elas podem hospedar pragas, doenças, nematoides e prejudicar a colheita.

E o controle nem sempre é fácil. O ideal é sempre monitorar a lavoura para entender quais espécies predominam e dar prioridade na hora do controle.

Neste artigo, vou mostrar as principais plantas daninhas em feijão e também as opções para se livrar delas! Confira a seguir!

Importância das plantas daninhas em feijão

As plantas daninhas causam redução na produtividade da cultura por meio da competição das plantas com o feijão por recursos como água, nutrientes e luz. 

Além disso, podem interferir indiretamente, hospedando pragas, doenças e nematoides, dificultar a colheita e reduzir a qualidade do produto. 

O ideal é sempre monitorar a lavoura para entender melhor quais espécies predominam, pois assim damos prioridade a elas na hora do controle.

Temos à disposição cinco métodos de manejo: preventivo, controle cultural, mecânico, físico, biológico e químico.

Quanto mais métodos utilizar, melhores os resultados. Entretanto, sabemos que alguns métodos, como o biológico, não trazem muitas alternativas. 

Mas podemos e devemos sempre nos atentar aos métodos preventivos e culturais que, aliados ao químico, geram ótimos resultados. 

Veja a seguir as principais espécies que interferem na lavoura de feijão:

Principais plantas daninhas em feijão

Entre as gramíneas, temos:

Foto de planta daninha em plantação de feijão
Capim-colonião (Panicum maximum)
(Fonte: Arquivo da autora)

Já entre as espécies de folhas largas temos: 

  • leiteiro (Euphorbia heterophylla);
  • quebra-pedra (Phyllanthus niruri);
  • erva-de-santa-luzia (Chamaesyce hirta);
  • guanxuma (Sida spp.);
  • cordas-de-viola (Ipomoea spp.);
  • picão-preto (Bidens pilosa e B. subalternans);
  • carrapicho-rasteiro (Acanthospermum australe);
  • mentrasto (Ageratum conyzoides);
  • poaia-branca (Richardia brasiliensis);
  • fedegoso (Senna spp.);
  • buva (Conyza spp.);
  • apaga-fogo (Alternanthera tenella);
  • caruru-de-espinho (Amaranthus spinosus).
Foto de capim (leiteiro) em feijão
Leiteiro (Euphorbia heterophylla)
(Fonte: Arquivo da autora)

Também temos espécies um pouco mais difíceis de serem controladas, como a trapoeraba (Commelina benghalensis) e a tiririca (Cyperus spp.).

Controle químico de plantas daninhas em feijão

Muitos herbicidas são registrados para o manejo de plantas daninhas na cultura do feijão. 

Na tabela abaixo estão todos os herbicidas registrados.

Note que temos herbicidas seletivos e não-seletivos. A seletividade depende do modo de aplicação, dentre outros fatores.

Por isso, alguns herbicidas são recomendados apenas para a dessecação antes do plantio, como os herbicidas não-seletivos e de amplo espectro de ação (como glifosato, glufosinato, diquat e saflufenacil).

Tabela que mostra principais plantas daninhas em feijão

Pela tabela, você pode observar que temos várias opções de graminicidas (inibidores da ACCase) na cultura do feijão. 

Além dos graminicidas, alguns produtos também controlam gramíneas em pré-emergência.

Foto de lavoura de feijão com algumas plantas daninhas
Escape de gramíneas após o manejo apenas com glifosato
(Fonte: Arquivo da autora)

Vamos ver agora alguns herbicidas registrados na cultura do feijão para o controle de folhas estreitas e largas:

Herbicidas para controle de plantas daninhas em feijão

S-metolacloro

Quando aplicar: logo após o plantio, ou no máximo 1 dia depois, na pré-emergência do feijão e das plantas daninhas.

Espectro de controle: Digitaria horizontalis; Eleusine indica; Urochloa plantaginea; Echinochloa crusgalli; Amaranthus viridis; A. hybridus; e Commelina benghalensis.

Dose recomendada: em solo médio a pesado aplicar 1,25 L/ha 

Cuidados: não aplicar em solos arenosos. Não recomendado para controle de E. indica, E. crusgalli e C. benghalensis em Sistema de Plantio Direto.

Variedades de feijão na qual é recomendado o Dual Gold: Carioquinha, IAPAR 44, IAPAR-14, Minuano e Itaporé.

Foto de planta daninha trapoeraba, uma das principais invasoras da espécie
Trapoeraba (Commelina benghalensis)
(Fonte: Arquivo da autora)

Pendimetalina

Quando aplicar: aplicar em pré-plantio incorporado (PPI). A incorporação ao solo pode ser feita após a aplicação ou em até 5 dias. 

Espectro de controle: gramíneas anuais e algumas folhas largas.

Dose recomendada: em solo arenoso, usar 2 a 2,5 L/ha para o controle de Eleusine indica; Digitaria horizontalis; e Amaranthus hybridus.

Em solo médio, usar 2,5 a 3 L/ha, para o controle de Galinsoga parviflora; Eleusine indica; e Alternanthera tenella.

Em solo argiloso, usar 3 a 4 L/ha, para o controle de Sida rhombifolia; Urochloa plantaginea; e Sonchus oleraceus

Cuidados: realizar apenas uma aplicação por ciclo. Aplicar em solo bem preparado, livre de torrões, restos de culturas e detritos. 

Incorporar a uma profundidade de 3 cm a 7 cm. A incorporação pode ser feita de forma mecânica com implementos ou pode ser dispensada caso ocorra uma chuva de 10 mm após a aplicação.

Foto de amaranthus hybridos, planta daninha rasteira e com algumas flores
Amaranthus hybridus
(Fonte: Arquivo da autora)

Trifluralina

Quando aplicar: pré-emergência, pré-plantio incorporado e plantio direto.

Espectro de controle: Alternanthera tenella; Amaranthus hybridus; A. retroflexus; A. viridis; Urochloa decumbens; Echinochloa colona; E. crus galli; Digitaria ciliaris; Cenchrus echinatus; U. plantaginea; Richardia brasiliensis; Portulaca oleracea; Spergula arvensis; Silene gallica; Sorghum halepense; Setaria geniculata; Pennisetum setosum; Panicum maximum; Lolium multiflorum; Eleusine indica; D. insularis; D. sanguinalis.

Foto da planta daninha apaga-fogo
Apaga-fogo (Alternanthera tenella)
(Fonte: Arquivo da autora)

Dose recomendada: 

Pré-emergência no plantio convencional: usar 1,2 L/ha em solos arenosos (leves), 1,8 L/ha em solos areno-argilosos (médios) e 2,4 L/ha em solos argilosos (pesados) (Trifluralina Nortox Gold).

Em plantio direto: usar 3 L/ha em solos arenosos (leves), 4 L/ha em solos areno-argilosos (médios) e 5 L/ha em solos argilosos (pesados) (Trifluralina Nortox Gold).

Pré-emergência em solo médio e pesado: usar 3 – 4 L/ha (Premerlin 600 CE). A maior dose deve ser utilizada para solos com teores de matéria orgânica acima de 5%. 

Pré-plantio incorporado (Premerlin 600 CE):

  • Incorporação normal (10 – 12 cm): 0,9 a 1,2 L/ha em solo leve; 1,2 a 1,5 L/ha em solo médio; 1,5 a 1,8 L/ha em solo pesado.
  • Incorporação superficial (2 cm): 1,5 a 2,0 L/ha em solo médio e pesado.

Cuidados: para Alternanthera tenella; Amaranthus retroflexus; Cenchrus echinatus; Richardia brasiliensis; Setaria geniculata; Lolium multiflorum; Digitaria insularis. Fazer o controle apenas em pré-emergência em solo leve e pesado.

Imazetapir

Quando aplicar: pós-emergência.

Dose recomendada: produto Vezir e Vezir 100, aplicar em pós-emergência, na dose de 0,3 a 0,4 L/ha, para controle de Euphorbia heterophylla; Portulaca oleracea; Acanthospermum hispidum; A. australe; Amaranthus hybridus; Emilia fosbergii; Raphanus raphanistrum; e Commelina benghalensis.

Cuidados: aplicar em pós-emergência sobre o feijão no estádio do segundo para o terceiro trifólio, em uma única aplicação. As plantas daninhas devem estar com até 4 folhas. Nas variedades precoces (ciclo de no máximo 80 dias) usar 0,3 L/ha. Em variedades tardias (ciclo maior de 90 dias), usar 0,3 a 0,4 L/ha.

No caso de utilizar Vezir WG use 40 g/ha para para variedades precoces e 40 a 50 g/ha para as tardias. 

Imazamox

Quando aplicar: pós-emergência.

Espectro de ação: folhas largas.

Dose recomendada: produto Raptor 70 DG e Sweeper: 40 – 60 g/ha, aplicar do 1º até o 3º trifólio. 

Cuidados: as plantas daninhas devem estar com 2 a 4 folhas. Utiliza-se surfactante não iônico na proporção de 0,25 – 0,5% v/v de calda. 

Conclusão

As plantas daninhas em feijão podem trazer grandes prejuízos em produtividade e qualidade.

Neste artigo, vimos algumas das principais espécies que prejudicam a cultura do feijoeiro.

Você pôde aprender quais herbicidas são recomendados na cultura do feijão e como posicionar s-metolachlor, imazamox, imazetapir, trifluralina e pendimetalina. 

>> Leia mais:

Como fazer o preparo do solo para plantio de feijão

Conheça as melhores práticas de adubo para feijão

Gostou do texto? Tem mais dicas sobre como controlar as principais plantas daninhas em feijão? Baixe gratuitamente o Guia para Manejo de Plantas Daninhas aqui!

Tudo que você precisa saber sobre as plantas daninhas do trigo

Plantas daninhas do trigo: como planejar o manejo, quais as principais infestantes e como controlá-las

O trigo é uma cultura muito importante e que pode ser peça-chave para rotação de cultivos e melhor aproveitamento de áreas em algumas regiões do país. 

Além disso, essa cultura é uma aliada do manejo de plantas daninhas, pois tem ótimo fechamento de linha e ótima produção de palhada. 

Porém, para que este uso seja efetivo, é importante conhecer as principais plantas daninhas do trigo e saber como manejá-las. Por isso, confira!

Estratégias de manejo de plantas daninhas do trigo

Em nosso país, o trigo geralmente é cultivado em rotação com a cultura da soja no lugar do milho safrinha.

A principal diferença no manejo de plantas daninhas nesta cultura é que o período de entressafra ocorrerá entre a colheita da soja e o plantio do trigo. 

Desta forma, o produtor deve utilizar este período para controlar as plantas daninhas da área e priorizar a semeadura do trigo no limpo

Apesar do ótimo fechamento de linha do trigo, a ocorrência de plantas daninhas nos estádios iniciais pode ser muito prejudicial à produtividade da cultura. 

Para cultivares de porte baixo, estudos demonstram que o período anterior à interferência é de 12 dias após a emergência.  Já o período crítico de prevenção da interferência vai dos 12 aos 24 dias após a emergência. 

Ou seja, o manejo de plantas daninhas deve ser planejado para a cultura do trigo ficar no limpo por, no mínimo, 12 dias!

Além disso, a semeadura da soja ocorrerá logo após a colheita do trigo. Se a área estiver com plantas daninhas, o produtor terá de semear a cultura principal no sujo (soja) ou terá que prorrogar a semeadura (o que não costuma ser viável).

Uma questão importante no manejo de plantas daninhas no trigo é o padrão de seletividade na cultura.  Como o trigo se trata de uma gramínea, o número de herbicidas que controlam outras gramíneas no meio desta cultura é reduzido.  

Por isso, priorize controlá-las na entressafra (entre a colheita e a semeadura da soja). 

Principais plantas daninhas do trigo

Azevém (Lolium multiflorum)

Essa planta daninha possui grande importância para a cultura do trigo na região Sul do Brasil.

Já foi muito utilizada como cultura de cobertura ou forrageira e, devido a isso, se disseminou em várias áreas. 

O azevém é uma das poucas gramíneas que tem a capacidade de vegetar durante o período de inverno. 

Ele tem seu ciclo anual ou bianual (com ampla variação dependendo do biotipo) ereta, herbácea, amplamente perfilhada e sem ocorrência de pilosidades (glabra). Tem reprodução exclusivamente por sementes!

Estudos demonstram que uma população de 24 plantas de azevém por m2, convivendo com o trigo por 35 dias, pode reduzir em 62% o rendimento de grãos da cultura. 

Recomendação de manejo do azevém

Recomenda-se que o manejo desta planta daninha seja realizado prioritariamente antes da semeadura do trigo!

Caso as plantas estejam em estádio inicial de desenvolvimento, a aplicação de graminicidas será efetiva. Caso contrário, a aplicação sequencial de glifosato + graminicidas será necessária. 

Além disso, pode-se utilizar o herbicida pendimethalin no sistema plante-aplique para controlar as sementes presentes na área. 

Caso esta planta daninha do trigo esteja na área na pós-emergência da cultura, as opções disponíveis serão iodosulfuron, clodinafop e diclofop.

Além de sua capacidade competitiva, existem biótipos resistentes a herbicidas no Brasil.

Até o momento foram relatados quatro casos de resistência de azevém no Brasil. De maneira cronológica, os casos foram:

2010 –  azevém resistente ao herbicida iodosulfuron;

2010 – azevém resistente aos herbicidas clethodim e glifosato;

2016 – azevém resistente aos herbicidas clethodim e Iodosulfuron;

2017 – azevém resistente aos herbicidas Iodosulfuron, pyroxsulam, glifosato.

Caso existam biótipos resistentes desta espécie daninha em sua lavoura de trigo, uma opção para manejá-la é optar por variedades Clearfield®, que serão tolerantes ao herbicida imazamox.

Capim-amargoso (Digitaria Insularis)

O capim-amargoso é uma planta daninha de ciclo perene, herbácea, entouceirada, ereta  e que produz rizomas (estruturas de reserva). 

É uma das principais plantas daninhas do Brasil, ocorrendo em grande parte do território nacional. 

O ponto principal de seu controle é a aplicação nos estádios iniciais de desenvolvimento, pois após a produção de rizomas (aproximadamente 45 após a emergência) sua capacidade de rebrota depois de uma injúria de herbicidas é altíssima. 

Capim-amargoso é uma das principais plantas daninhas do trigo
(Foto: Germani Concenço/Embrapa)

Recomendação de manejo do capim-amargoso

Recomenda-se que o manejo do capim-amargoso seja realizado prioritariamente antes da semeadura do trigo!

Caso as plantas estejam em estádio inicial de desenvolvimento, a aplicação de graminicidas será efetiva. Caso contrário, a aplicação sequencial de glifosato + graminicidas será necessária. 

Além disso, pode-se utilizar o herbicida pendimethalin no sistema plante-aplique para controlar as sementes presentes na área.

Caso esta planta daninha esteja presente na área na pós-emergência da cultura, a opção disponível será clodinafop.

Além de sua capacidade competitiva, há ocorrência de biótipos resistentes a herbicidas no Brasil.

Até o momento foram relatados dois casos de resistência de capim-amargoso no Brasil. De maneira cronológica, os casos foram:

2008 –  capim-amargoso resistente ao herbicida glifosato;

2016 – capim-amargoso resistente ao herbicida haloxyfop.

Aveia (Avena strigosa e A. sativa)

Esta planta daninha possui grande importância para a cultura do trigo na região Sul do Brasil.

Já foi muito utilizada como cultura de cobertura ou forrageira e, devido a isso, se disseminou em várias áreas. 

Esta planta daninha também é uma das poucas gramíneas que tem a capacidade de vegetar durante o inverno. 

Estas espécies têm ciclo anual, são eretas, bastante perfilhadas e com reprodução exclusivamente por sementes. 

Podem ser facilmente diferenciadas pela coloração dos envoltórios das sementes. A Avena strigosa possui coloração escura sendo assim chamada de aveia preta. 

Lavoura de aveia preta
(Foto: Agrolink)

Recomendação de manejo da aveia:

Recomenda-se que o manejo desta planta daninha seja realizado prioritariamente antes da semeadura do trigo!

Caso as plantas estejam em estádio inicial de desenvolvimento, a aplicação de graminicidas será efetiva. Caso contrário, o controle químico envolve a aplicação sequencial de glifosato + graminicidas. 

Se a aveia estiver presente na área na pós-emergência da cultura, as opções disponíveis serão iodosulfuron, clodinafop e diclofop.

Nabo (Raphanus raphanistrum e R. sativus)

As espécies de nabo forrageiro têm ciclo anual, são eretas e com reprodução exclusivamente por sementes. 

Foto de lavoura de trigo infestada com nabo forrageiro
Lavoura de trigo infestada com nabo

Recomendação de manejo do nabo:

Antes do plantio do trigo podem ser utilizados os seguinte herbicidas: glifosato, 2,4 D, metribuzin e metsulfuron. 

Caso esta planta daninha esteja presente na área na pós-emergência da cultura, as opções disponíveis serão metsulfuron, 2,4D, iodosulfuron e bentazon.

Até o momento foram relatados dois casos de resistência de nabo no Brasil. De maneira cronológica, os casos foram:

2001 – nabo resistente aos herbicidas metsulfuron, imazetapir, clorimuron, nicosulfuron, cloransulam;

2013 – nabo resistente aos herbicidas metsulfuron, imazetapir, clorimuron, sulfometuron, cloransulam, iodosulfuron e imazapic.

Buva (Conyza spp.)

A buva é uma das principais plantas daninhas do Brasil, ocorrendo em grande parte do território nacional. 

Estas espécies têm ciclo anual, são eretas, com ramos e folhas pubescentes, propagando-se exclusivamente por sementes. Suas sementes são facilmente disseminadas pelo vento!

Lavoura de trigo infestada por buva
(Fonte: Mais Soja)

Recomendação de manejo da buva:

Como essa é uma espécie que suas sementes necessitam de luz para germinar, a cultura do trigo é muito utilizada para auxiliar em seu manejo! 

Se bem controlada, o bom fechamento de linha e a palhada depois da colheita vão segurar a emergência destas sementes no período mais propício (período frio). 

Antes do plantio do trigo podem ser utilizados os seguinte herbicidas: glifosato, 2,4 D, metribuzin e metsulfuron. 

Caso esta planta daninha esteja presente na área na pós-emergência da cultura, as opções disponíveis serão metsulfuron, 2,4D, iodosulfuron e bentazon.

Até o momento foram relatados oito casos de resistência de buva no Brasil. De maneira cronológica os casos foram:

2005 – Conyza bonariensis resistente ao herbicidas glifosato;

2005 – Conyza canadensis  resistente ao herbicidas glifosato;

2010 – Conyza sumatrensis resistente ao herbicidas glifosato;

2011 – Conyza sumatrensis resistente ao herbicidas clorimuron;

2011 – Conyza sumatrensis resistente aos herbicidas glifosato e clorimuron;

2016 – Conyza sumatrensis resistente ao herbicidas paraquat;

2017 – Conyza sumatrensis resistente ao herbicidas saflufenacil;

2018 – Conyza sumatrensis resistente aos herbicidas diuron, paraquat, glifosato, 2,4 D e saflufenacil.

Para te ajudar no controle da buva e de outras espécies invasoras em sua lavoura, preparamos um Guia para Manejo de Plantas Daninhas de difícil controle. Baixe gratuitamente aqui!

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Conclusão

Neste texto vimos as particularidades do manejo de plantas daninhas do trigo.

Mostramos a importância de semear no limpo e o que devemos priorizar no manejo de plantas daninhas para as diferentes fases do cultivo. 

Vimos também os casos de ervas daninhas resistentes e as indicações de manejo para o controle adequado na cultura do trigo!

>> Leia mais: 

Quais são as principais pragas do trigo e como combatê-las

O que você precisa saber para fazer a melhor aplicação de 2,4 D em trigo

Quais plantas daninhas mais afetam sua lavoura hoje? Qual tem sido seu maior problema no manejo de plantas daninhas no trigo? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Veja como lidar com as pragas e doenças do sorgo

Pragas e doenças no sorgo: veja quais são as principais e como você pode manejá-las em sua lavoura para não ter perdas.

No Brasil, o sorgo é mais utilizado para a ração animal, sendo cultivado principalmente na segunda safra, com produção estimada de 2,3 milhões de toneladas (Conab) na safra 2019/20.

Mas podem ocorrer perdas nas lavouras por ataques de pragas e doenças, o que causa muita dor de cabeça para o produtor.

Por isso, preparamos este texto com as principais pragas e doenças do sorgo que podem ocorrer na sua lavoura e como combatê-las. Confira!

Doenças na cultura do sorgo

Antracnose do sorgo

No sorgo, a antracnose é considerada a doença mais importante por sua ampla distribuição nas áreas produtoras e pelos danos causados. 

Essa doença pode ocasionar perdas na produção de grãos superiores a 80%, por conta da utilização de cultivares suscetíveis e de condições favoráveis à doença.

O fungo que causa a antracnose no sorgo é o Colletotrichum graminicola, que também causa antracnose na cultura do milho.

Assim, a doença no sorgo pode ocorrer em: folhas, colmo, panícula e grãos.

Nas folhas podem ocorrer sintomas em qualquer estádio, principalmente a partir do desenvolvimento da panícula. 

Inicialmente, as lesões são circulares a ovais, com centros necróticos de coloração palha, depois se tornam escuras com a margem avermelhada ou castanha, dependendo da variedade.

No colmo, formam-se cancros caracterizados pela presença de áreas mais claras circundadas pela pigmentação característica da planta hospedeira, principalmente em plantas adultas.

E na panícula, pode ser a extensão da fase de podridão do colmo. As lesões nesta fase se formam abaixo da epiderme com aspecto encharcado, adquirindo posteriormente coloração cinza a avermelhada. 

E como consequência da doença, as panículas de plantas infectadas são menores e amadurecem mais cedo.

Algumas medidas de manejo para antracnose no sorgo são:

  • Uso de variedades resistentes;
  • Sementes sadias;
  • Tratamento de sementes;
  • Rotação de culturas;
  • Eliminação de plantas hospedeiras do fungo.

Ferrugem do sorgo

Causada pelo fungo Puccinia purpurea, a ferrugem do sorgo é considerada uma doença comum na cultura e favorecida por regiões frias e úmidas. 

Inicialmente, você pode observar pústulas (urédias) de coloração vermelha a castanha nas folhas mais próximas ao solo. 

Com o desenvolvimento da doença, as pústulas liberam os esporos que são disseminados pelo vento.

Recomenda-se o uso de variedades resistentes para o controle da ferrugem do sorgo.

Míldio do sorgo

O míldio é causado por Peronosclerospora sorghi e apresenta ampla distribuição nas áreas produtoras de sorgo, podendo causar danos de até 80% com a utilização de cultivares suscetíveis.

Na região Sul do país, esta doença é considerada a segunda mais importante, atrás apenas da antracnose.

Assim, podem ocorrer duas formas de infecção: localizada e sistêmica.

A localizada se caracteriza por apresentar lesões necróticas nas folhas e, em condições frias e úmidas, pode ocorrer crescimento pulverulento e acinzentado na parte inferior da folha.

Já a infecção sistêmica, as plantas ficam cloróticas (clorose foliar). Na parte inferior das folhas com clorose, em condição de umidade, pode-se observar um revestimento branco, que são estruturas do agente causal do míldio.

Plantas com infecções sistêmicas podem se tornar raquíticas e morrer precocemente ou ficarem estéreis, não produzindo grãos.

Algumas medidas de manejo que você pode utilizar para o manejo do míldio são:

  • Variedades resistentes;
  • Uso de sementes de boa qualidade;
  • Rotação de culturas.

Mosaico comum do sorgo

Esta doença é virótica, causada por Sugarcane mosaic virus (SCMV), no entanto, mais recentemente, pesquisas relataram que outros vírus podem causar o mosaico em sorgo, tendo como vetor várias espécies de afídeos, como o pulgão do milho.

Como sintomas, podemos observar mosaico principalmente nas folhas mais novas, que podem desaparecer com a idade da planta. 

Além disso, pode apresentar sintomas mais necróticos nas folhas, com áreas amareladas e avermelhadas, o que pode levar à morte da planta ou baixa produção de grãos.

Para o controle dessa doença é recomendado utilizar variedades tolerantes ou resistentes.

Doença açucarada do sorgo

Esta doença também é conhecida por secreção doce ou ergot, causada pelo fungo Sphacelia sorghi, e reduz a quantidade de grãos produzidos afetando seu desenvolvimento.

Como sintoma da doença, você pode observar a presença de um líquido pegajoso de coloração rosada que progride para parda na região da panícula.

Algumas medidas de manejo para a doença açucarada são:

  • Utilização de fungicidas na fase de floração;
  • Tratamento de sementes;
  • Eliminação de plantas com sintomas da doença, principalmente em áreas de produção de sementes.

Pragas na cultura do sorgo

Lagarta-do-cartucho

Essas lagartas são larvas de mariposa (Spodoptera frugiperda) que afetam o cartucho da planta, sendo mais prejudicial quando ataca a planta com até 8 folhas.

A lagarta-do-cartucho é uma importante praga para a cultura do sorgo, podendo causar prejuízos de 17% a 38,7% na produção.

Inicialmente esta praga pode “raspar” as folhas e depois se alimentar das mais novas e centrais da planta (palmito).

O ataque em plantas pequenas pode causar a morte, já em plantas maiores ocorre a redução da produtividade.

Por isso é importante realizar o monitoramento da lavoura, que pode ser feito com armadilhas para a captura de insetos adultos (uma armadilha a cada cinco hectares) ou o monitoramento das plantas de sorgo.

Para definir quando realizar o controle, fique de olho se a praga atinge o nível de controle que é em média 3 mariposas por armadilha de feromônio. 

Ao monitorar as plantas, recomenda-se o manejo da lagarta quando for observado que 10% das folhas do cartucho estão com pequenas lesões circulares e algumas pequenas lesões alongadas, de até 1,3 cm de comprimento.

Tanto o uso de controle químico (inseticidas) quanto de controle biológico são recomendados para a lagarta-do-cartucho.

Lagarta-elasmo

Elasmopalpus lignosellus causa danos principalmente em locais em que ocorreu estiagem após a emergência das plantas.

Inicialmente, as lagartas podem “raspar” as folhas e depois afetam a região do colo da planta. Desta forma, podem danificar o ponto de crescimento e favorecer a morte das folhas centrais, provocando o sintoma de “coração morto”.

Recomenda-se realizar o manejo com o uso de inseticidas nas plantas ou nas sementes, além do plantio direto.

Broca-da-cana-de-açúcar

A broca-da-cana (Diatraea spp.) pode causar dano pelo quebramento e ataque no colmo das plantas.

No início do seu desenvolvimento, a broca também pode raspar as folhas do sorgo.

O controle dessa praga pode ser semelhante ao realizado em cana-de-açúcar com a liberação de parasitóides.  

Outras medidas de controle que também podem ser utilizadas são o tratamento de sementes e destruição de restos culturais.

Pulgão no sorgo

O sorgo pode ser infestado pelo pulgão do milho (Rhopalosiphum maidis) e pelo pulgão verde (Schizaphis graminum).

O pulgão verde pode introduzir toxinas que causam o bronzeamento das folhas e até a morte das áreas afetadas, podendo ainda ser vetor de viroses.

O controle pode ser realizado por inimigos naturais e, também, aplicação de inseticidas quando ocorrer altas populações.

Corós

Corós, bichos-bolo ou pão-de-galinha são larvas de várias espécies que podem atacar as plantas de sorgo.

Para a identificação, você pode observar que as larvas apresentam formato de “C” de cor clara e a cabeça de coloração marrom.

Normalmente, elas afetam o sistema radicular das plantas podendo causar murcha nas plantas, tombamento ou a morte.

Algumas medidas de manejo são:

  • Eliminação de hospedeiros alternativos;
  • Destruição de restos culturais;
  • Utilização de inseticidas.

Larva arame

A larva arame, Conoderus scalaris, causa danos principalmente na destruição das sementes no sulco de plantio, reduzindo o estande inicial e vigor das plantas, o que causa perdas em seu sistema de produção.

As recomendações de manejo são:

  • Rotação de culturas;
  • Tratamento de sementes.

Percevejos no sorgo

Esses insetos se alimentam principalmente dos grãos no momento de enchimento, o que podem torná-los manchados e reduzir o tamanho.

Existem dois grupos de percevejos: grandes (percevejo-gaúcho, percevejo-verde e percevejo-pardo) e pequenos (percevejo-do-sorgo e percevejo-chupador-do-arroz).

Normalmente, o controle desses percevejos é natural. Quando em altas populações, pode-se utilizar controle químico (aéreo).

Controle de pragas e doenças do sorgo

Até aqui, comentei sobre as particularidades de pragas e doenças do sorgo, no entanto, algumas medidas gerais de manejo que você pode utilizar na sua área são:

  • Planejamento agrícola da cultura: é nessa fase que se escolhe a variedade de sorgo e, como vimos, o uso de variedades resistentes é uma medida de manejo muito utilizada;
  • Identificar as pragas e doenças que afetam a cultura do sorgo;
  • Conhecer o histórico da área a ser cultivada (quais os problemas que ocorreram nas culturas ao longo dos anos);
  • Conhecer as culturas em volta da sua plantação: várias doenças e pragas do sorgo podem ocorrer em outras culturas;
  • Monitoramento da área.

Lembrando que se for utilizar produto químico, verifique o registro no Agrofit para a cultura e para praga/doença. 

Em caso de dúvidas, consulte um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).

e-book culturas de inverno Aegro

Conclusão

Como vimos, existem muitas pragas e doenças que podem afetar a sua cultura de sorgo. 

Algumas podem atacar as plantas no início do desenvolvimento ou já na fase de panícula.

Por isso, é importante conhecê-las e manejá-las para não afetar a produção da sua lavoura.

>>Leia mais:

“Zoneamento agrícola para o sorgo forrageiro: o que você precisa saber sobre essa nova medida”

Quando e como usar as forrageiras em seu sistema de produção

Quais pragas e doenças do sorgo afetam a sua lavoura? Quais medidas de manejo você utiliza? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Como identificar e combater as 6 principais plantas daninhas da soja

Plantas daninhas da soja como o caruru, leiteiro, capim-pé-de-galinha, capim-amargoso e trapoeraba podem dificultar e encarecer o controle na lavoura. 

Dentre os diversos problemas que temos que lidar no campo, as plantas daninhas são um daqueles desafios que sempre tiram o nosso sono, não é mesmo?

Isso porque sabemos que os gastos com as práticas de manejo, principalmente com os herbicidas, podem ser de alto custo.

É por isso que separei para você cinco espécies de plantas daninhas da soja e algumas dicas para auxiliar no controle. 

E, já falando da primeira dica, um dos principais manejos é fazer uma boa dessecação antes do plantio, pois isso vai ajudar a reduzir a competição inicial entre plantas daninhas e cultivadas. Veja mais a seguir!

As 6 principais plantas daninhas da soja

A cultura da soja pode ser afetada por diversas daninhas. A seguir, listaremos as 6 principais e as formas de controle mais recomendadas:

  • Capim-amargoso
  • Capim-pé-de-galinha
  • Amendoim-bravo ou leiteira
  • Buva
  • Trapoeraba
  • Caruru

1. Capim-amargoso (Digitaria insularis)

Logo que falamos em soja, já pensamos em uma das principais espécies que vêm causando problemas no campo: o capim-amargoso.

Também conhecido por capim-flecha, capim-açu e capim-pororó, é uma planta de ciclo perene, herbácea, ereta e que forma touceiras. 

Sua reprodução ocorre via sementes e por meio de curtos rizomas, tendo seu controle dificultado. 

Na cultura da soja, as perdas de produtividade podem chegar a 20% na presença de apenas uma planta de capim-amargoso/m².

Entre os herbicidas registrados para o controle de Digitaria insularis em soja temos:

  • graminicidas: cletodim, fenoxaprop, haloxifop, quizalofop e setoxidim;
  • diclosulam, imazapir, imazetapir;
  • glifosato;
  • glufosinato;
  • s-metolachlor;
  • trifluralina;
  • flumioxazin + imazetapir.

Na 37ª Reunião de Pesquisa de Soja (RPS 2019) foi estudado o controle de capim-amargoso em soja e os pesquisados obtiveram bons controles com os herbicidas em pré-emergência:

  • diclosulam (29,4 g i.a. ha-1);
  • trifluralina (1.200 g i.a. ha-1);
  • trifluralina + imazetapir (1.200 + 160 g i.a. ha-1);
  • s-metolacloro (1.440 g i.a. ha-1).

Para plantas perenizadas ou em áreas de elevada infestação de amargoso, serão necessárias três aplicações sequenciais de herbicidas ou uma roçada e duas aplicações.

Na hora da escolha dos produtos, o ideal é usar o glifosato junto com outros herbicidas. Por exemplo:

1° aplicação: glifosato + graminicida;

2° aplicação (rebrota): produto com ação de contato;

3° aplicação: não usar o mesmo graminicida da primeira aplicação.

2. Capim-pé-de-galinha (Eleusine indica)

O capim-pé-de-galinha, também conhecido por capim-do-pomar ou pé-de-galinha, é uma planta anual ou perene, que forma touceiras e tem reprodução por sementes.

Capim-pé-de-galinha (Eleusine indica)
Capim-pé-de-galinha (Eleusine indica)

Entre os herbicidas registrados para o controle de capim-pé-de-galinha em soja temos:

  • graminicidas: cletodim, fenoxaprop, haloxifop, quizalofop e setoxidim, fluazifop, propaquizafop, tepraloxidim;
  • metribuzin;
  • sulfentrazone
  • glifosato;
  • glufosinato;
  • s-metolachlor;
  • trifluralina;
  • carfentrazone + clomazone;
  • clomazone;
  • glifosato + imazethapyr;
  • glifosato + s-metolachlor.

Agora sobre as folhas largas, podemos citar as espécies de plantas daninhas da soja: carurus, o leiteiro e a buva que veremos a seguir.

3. Amendoim-bravo ou leiteira (Euphorbia heterophylla)

Também conhecida por flor-dos-poetas e café-do-diabo, o amendoim-bravo pertence à família Euphorbiaceae. É uma planta de ciclo anual, ereta, pouco ramificada, lactescente e com reprodução por sementes.

plantas daninhas da soja
Leiteiro (Euphorbia heterophylla)

O leiteiro possui algumas características que lhe garantem sucesso como: 

  • viabilidade longa das sementes, permanecendo mais tempo viáveis no solo;
  • germinação em maiores profundidades;
  • rápido crescimento vegetativo.

Antes da soja tolerante ao glifosato, o leiteiro era uma das principais plantas daninhas na cultura da soja.

Os principais herbicidas utilizados para o controle eram os inibidores da ALS. Mas, em 1993, o primeiro caso de resistência foi relatado com os herbicidas chlorimuron, cloransulam, imazamox, imazaquin e imazethapyr.

Isso dificultou o manejo que, após a aprovação da soja tolerante a glifosato, foi facilitado novamente, até que na safra 2018/19 foi verificado biótipos de leiteiro resistentes ao glifosato

Por isso, dentre os herbicidas registrados hoje para o controle de leiteiro em soja temos:

  • 2,4-D;
  • acifluorfen + bentazon;
  • chlorimuron;
  • dicamba;
  • diclosulam;
  • diquat;
  • fluazifop + fomesafen;
  • sulfentrazone;
  • saflufenacil;
  • lactofen;
  • imazethapyr;
  • imazaquin;
  • imazamox;
  • glufosinato;
  • glifosato + imazethapyr.

Estudos realizados por Ramires et al. (2010) demonstram a associação de herbicidas no controle de leiteiro com uma a três folhas, obtendo controle acima de 90% quando associado glifosato com cloransulam, flumiclorac, chlorimuron, imazethapyr, bentazon, fomesafen ou lactofen.

4. Buva (Conyza sumatrensis, C. bonariensis e C. canadensis)

A buva, também conhecida por voadeira, pertence à família Asteraceae

São espécies anuais, herbáceas, eretas, com reprodução por sementes, que se não controladas até o final de seu desenvolvimento podem produzir até 350 mil sementes.

Por conta das sementes de buva serem leves, sua dispersão ocorre principalmente pelo vento, além de permanecerem viáveis por longos períodos no solo.

Além disso, plantas de buva no final do ciclo da cultura podem servir de hospedeiras de doenças e pragas.

Plantas de buva (Conyza spp.)
Plantas de buva (Conyza spp.)

Entre os herbicidas registrados para o controle de buva temos:

  • C. sumatrensis: 2,4-D, chlorimuron e diclosulam;
  • Imazethapyr, glifosato e saflufenacil: C. canadensis;
  • C. bonariensis: 2,4-D, sulfentrazone, saflufenacil, diclosulam, dicamba, diquat, chlorimuron, flumioxazin, imazapyr, glufosinato e glifosato.

5. Trapoeraba (Commelina benghalensis)

A trapoeraba tem maior incidência na soja no período final do ciclo da cultura. Embora pareça uma folha larga, ela é classificada como folha estreita devido às suas características morfológicas e fisiológicas.

Assim, a falta de controle durante o ciclo da soja pode prejudicar a próxima cultura. 

Esta espécie é uma planta complexa, pois possui produção de sementes aéreas e subterrâneas, além de ser tolerante ao herbicida glifosato.

Entre os herbicidas utilizados para o manejo da trapoeraba estão: 2,4-D, glufosinato, chlorimuron, sulfentrazone, glifosato + imazethapyr, dicamba, clomazone, carfentrazone, lactofen, imazethapyr, s-metolachlor, fomesafen e flumioxazin.

Lembrando que a seletividade à cultura da soja deve ser consultada na bula de cada produto.

6. Caruru

Diversas espécies de caruru podem infestar as lavouras de soja, entre elas temos:

  • caruru-rasteiro (Amaranthus deflexus);
  • caruru-roxo (Amaranthus hybridus var. paniculatus);
  • caruru (Amaranthus hybridus var. patulus);
  • caruru-gigante (Amaranthus retroflexus);
  • caruru-de-espinho (Amaranthus spinosus);
  • caruru-de-mancha (Amaranthus viridis).
plantas daninhas da soja caruru
Caruru (Amaranthus hybridus var. patulus), caruru-roxo (Amaranthus hybridus var. paniculatus) e caruru-de-mancha (Amaranthus viridis)

Hoje, o uso dos herbicidas em pré-emergência é uma ferramenta fundamental no manejo de plantas daninhas.

Por que usar herbicidas em pré-emergência da soja

Podemos citar diversas vantagens no uso de herbicidas em pré-emergência como: 

  • aumento do período anterior à interferência (PAI);
  • redução do banco de sementes (propágulos) do solo;
  • rotação dos mecanismos de ação dos herbicidas, pois muitos possuem mecanismo de ação diferente dos herbicidas utilizados em pós-emergência;
  • vantagem competitiva para as plantas cultivadas.

Como vimos ao longo do texto, sempre há um herbicida recomendado em pré-emergência para o controle de plantas daninhas.

Em resumo, para a soja temos registrados os herbicidas: 

  • Diclosulam: possui ação residual, ótimo controle de folhas largas, como a buva, e também algumas gramíneas como o capim-amargoso;
  • Clomazone: possui ação residual, utilizado no sistema de aplique-plante, além de bom controle de gramíneas de sementes pequenas como capim-colchão e capim-pé-de-galinha;
  • Flumioxazin: possui ação residual, pode ser usado no sistema aplique-plante da soja e também é utilizado no controle de plantas daninhas de folhas largas e algumas gramíneas;
  • S-metolachlor: possui ação residual, usado para o controle de plantas daninhas gramíneas de sementes pequenas como capim-pé-de-galinha e capim-amargoso;
  • Sulfentrazone: possui ação residual sobre plantas daninhas de folhas largas, algumas gramíneas e tiririca;
  • Trifluralin: possui ação residual com controle de plantas daninhas de semente pequena, como o capim-amargoso e o capim-pé-de-galinha.
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Conclusão

Neste texto, vimos algumas espécies de plantas daninhas que podem prejudicar a lavoura de soja como caruru, trapoeraba, capim-amargoso, capim-pé-de-galinha e buva.

Vimos também os herbicidas registrados para o controle e a importância do uso dos pré-emergentes.

Lembre-se que os herbicidas registrados podem ou não ser seletivos para a soja. Assim, é necessário buscar sempre a bula para posicionar corretamente os produtos.

>> Leia mais:

Como a tecnologia Enlist na soja pode tornar sua lavoura mais produtiva”

“Capim-rabo-de-burro na lavoura? Saiba como se livrar dessa planta daninha”

Capim-rabo-de-raposa (Setaria Parviflora): guia de manejo

Como você lida com as plantas daninhas da soja? Aproveite e baixe gratuitamente aqui um guia para manejo das invasoras e faça o melhor controle em sua lavoura.

Veja como evitar residual de herbicidas na sua lavoura

Residual de herbicidas no solo pode trazer prejuízos à cultura em sucessão devido ao carryover. Planeje-se com a rotação de culturas!

No campo temos diversos desafios que exigem tomada de decisões que nem sempre são tão fáceis, não é mesmo?

Você já deve ter se perguntado ou passado por alguma situação na qual teve problemas com carryover, ou seja, com residual de herbicidas no solo.

Pensando nisso, trouxe para você algumas informações sobre este tema que podem te auxiliar em sua lavoura. Confira!

Persistência de herbicidas no solo

Os herbicidas possuem diversas características e uma delas é a persistência no solo, ou seja, o período durante o qual a substância do produto permanece no meio ambiente.

Este tempo é medido por meio da meia-vida do herbicida, necessário para que um produto atinja a metade da concentração original após a aplicação.

Assim, a meia-vida pode ser curta (até 90 dias no solo), média (91 a 180 dias no solo) ou longa (acima de 180 dias no solo).

Sintomas de injúrias em soja e milho

Sintomas de injúrias em soja (cv. BMX Titan RR.) – foto da esquerda – e milho (cv. DKB 390 YG) – foto da direita – devido ao residual de metribuzin no solo
(Fonte: Alonso et al. (2013))

Como exemplo, podemos citar os herbicidas que pertencem ao grupo químico das imidazolinonas (pertencente ao inibidores da ALS), ou seja, o imazaquin, imazamox, imazapyr, imazethapyr e imazapic. 

Estes produtos apresentam persistência de moderada a longa no solo. 

Desta forma, herbicidas com maior persistência no solo podem resultar no fenômeno conhecido como carryover.

Carryover pode ser definido como: resíduos fitotóxicos que permanecem no solo e que venham a afetar culturas sensíveis em rotação, após àquelas culturas em que foi utilizado o herbicida.

residual de herbicidas

Sintomas de injúrias em milho (cv. DKB 390 YG) devido ao residual de chlorimuron – foto da esquerda – e diclosulam – foto da direita – no solo
(Fonte: Alonso et al. (2013))

Sintomas de injúrias em milho

Sintomas de injúrias em milho (cv. DKB 390 YG) devido o residual de imazethapyr – foto da esquerda – e imazaquin – foto da direita – no solo
(Fonte: Alonso et al. (2013))

No geral, quanto maior a sorção destes produtos ao solo, maior será a persistência.

A sorção dos produtos no solo também é influenciada pelas condições ambientais, aumentando quando decrescem a umidade do solo, o pH e a temperatura e, quando os teores de matéria orgânica no solo como óxidos de ferro e de alumínio aumentam. 

Isso acontece porque em condições de solo mais seco, mais herbicida é preso nos coloides do solo e menos produto fica disponível para biodegradação ou absorção pelas plantas e, consequentemente, pode haver uma maior persistência e carryover.

residual de herbicidas

Sintomas de injúrias em soja (cv. BMX Titan RR.) devido o residual de amicarbazone no solo
(Fonte: Alonso et al. (2013))

Como evitar o carryover – residual de herbicidas no solo

Algumas medidas que podem ser tomadas para evitar o efeito residual de herbicidas na próxima cultura são:

  • Redução das doses (pode não resolver o problema em alguns tipos de solos);
  • Aplicação em faixas ou dirigida ao invés da área total (reduz a quantidade total de herbicida aplicado).

Entretanto, o melhor mesmo, é conhecer o período residual do produto, saber quanto tempo ele pode permanecer no solo e sempre pensar na sua área como um sistema, planejando a cultura que você semeará posteriormente ali.

Sabendo qual será a cultura utilizada em rotação, você pode definir quais produtos podem ou não serem utilizados na cultura atual e que não afetarão a próxima em sucessão.

residual de herbicidas

Residual de herbicida aplicado na soja causando intoxicação na cultura do milho em sucessão
(Fonte: Juparanã Cultivar)

Qual o efeito do residual de herbicidas no solo?

O residual de herbicidas no solo tem um papel fundamental no campo, sendo que o principal é fazer com que a cultura fique livre das plantas daninhas até terminar o período no qual elas interferem na produtividade da cultura.

Porém, residuais muito longos têm dois problemas: o primeiro é que ele aumenta a pressão de seleção de biotipos de plantas daninhas resistentes e, o segundo, é que se este residual for muito longo pode ocorrer problemas com carryover na próxima cultura.

sintomas de injúrias em soja e milho

À esquerda, sintomas de injúrias em soja (cv. BMX Titan RR.) e à direita, milho (cv. DKB 390 YG) devido ao residual de metsulfuron no solo 
(Fonte: Alonso et al. (2013))

Residual de herbicidas e rotação de culturas

O trifloxysulfuron, por exemplo, é utilizado em mistura com o ametryn na cana-de-açúcar ou sozinho no algodão em pós-emergência inicial. 

Mas este defensivo agrícola pode apresentar problemas de carryover na cultura do feijão cultivado em sucessão, tendo que esperar em torno de 8 meses após a aplicação para a semeadura da próxima cultura. 

Outro exemplo que posso citar é o tebuthiuron

Recomendado em pré-emergência da cana-de-açúcar, também apresenta longo período residual causando intoxicação em amendoim, feijão e soja, quando cultivadas em até 2 anos após a aplicação. 

Já herbicidas, como picloram e imazapyr, apresentam efeito residual no solo e podem chegar em até 3 anos o intervalo para plantio de culturas sensíveis como algodão, tomate, batata e soja.

residual de herbicidas

Algodão com sintomas de intoxicação devido ao residual de sulfentrazone

O herbicida imazaquin, em anos secos, pode afetar a cultura do milho na safra seguinte (mais de 300 dias após a aplicação).

Em áreas onde foram utilizadas o herbicida imazamox (Raptor 70 DG), somente as seguintes culturas de inverno ou de verão podem ser semeadas em sucessão ou rotação com trigo: 

  • Culturas de inverno (sucessão): trigo, ervilha, azevém, cevada, aveia, milho, feijão, amendoim e arroz;
  • Culturas de verão (rotação): milho, algodão, soja, feijão, amendoim, arroz e sorgo.

Logo em áreas onde foram utilizadas o herbicida imazamox (Sweeper), somente essas culturas de inverno ou verão podem ser semeadas em sucessão ou rotação com soja

  • Culturas de inverno (sucessão): trigo, ervilha, azevém, cevada, aveia, milho safrinha, feijão e amendoim;
  • Culturas de verão (rotação): milho, algodão, soja, feijão, amendoim, arroz e sorgo.

Outro herbicida deste grupo que pode ocasionar carryover é o imazapic. Recomendado na cultura da cana-de-açúcar e amendoim, entretanto, para as demais culturas é necessário respeitar intervalo de 300 dias de plantio.

A atividade residual de imazaquin pode causar intoxicação em culturas de sucessão como o melão, pepino, girassol e mostarda, se não respeitado o intervalo entre aplicação e plantio de até 112 dias. 

A tabela abaixo mostra os intervalos entre a aplicação de herbicidas e a semeadura das culturas de soja, milho, trigo e feijão.

intervalos entre aplicação de herbicidas e semeadura

Intervalos entre aplicação de herbicidas e semeadura de culturas

calculo-de-pulverizacao

Conclusão

Neste texto vimos sobre os conceitos de carryover, ou seja, o efeito residual de herbicidas no solo.

Observamos que o potencial de carryover depende do herbicida utilizado, da cultura em sucessão e das condições ambientais após a aplicação. 

Vimos também que muitos produtos persistem no solo por dias, meses ou anos, o que torna essencial o planejamento da sucessão de culturas para evitar problemas com intoxicação.

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Como você lida com o residual de herbicidas em sua lavoura? Deixe seu comentário abaixo. 

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Alternativas ao Paraquat de dessecar soja para colheita

Dessecar soja: Entenda por que o produto foi proibido, quais as normas para o processo de transição e as perspectivas do mercado para novos substitutos. 

Atualmente, o herbicida Paraquat vem sendo largamente utilizado no Brasil, sendo um dos oito fitossanitários mais comercializados no país. 

Esta intensa comercialização se deve à sua utilização em 11 culturas para manejo de plantas daninhas e dessecação de culturas, com objetivo de facilitar a colheita mecanizada.

No entanto, mesmo apresentando ótimos resultados na lavoura este produto causa um risco elevado para a saúde do aplicador.

Se você quer saber mais sobre a situação atual deste produto para dessecar soja e quais são as perspectivas caso ele realmente seja proibido, confira a seguir!

Para que serve o Paraquat?

O Paraquat é um herbicida que atua no processo fotossintético das plantas, impedindo o transporte de elétrons e formando radicais livres que são extremamente tóxicos às plantas, o que causa necrose dos tecidos. 

Este herbicida possui ação não seletiva (atinge todas as plantas) e é utilizado para o controle de plantas daninhas em pós-emergência. 

Indicado para controle de folhas largas – até 4 folhas – e de gramíneas de até 3 perfilhos (provenientes de sementes) ou usado na última aplicação do manejo sequencial de plantas perenizadas.  

Além disso, é amplamente utilizado como dessecante na pré-colheita de algumas culturas, com o objetivo de remover ramos e folhas verdes e uniformizando a maturação. 

Essa dessecação é uma prática que facilita a colheita mecanizada. 

Assim, o Paraquat é um dessecante muito eficiente e com ação rápida (sintomas aparecem em até 30 min após aplicação) e por não se translocar pela planta, possui baixos riscos de contaminação dos grãos ou fitotoxidade em sementes. 

dessecar soja

Nos cloroplastos, o Paraquat atrapalha a fotossíntese
(Fonte: Paraquat Information Center)

Por que o Paraquat foi proibido no Brasil?

Por volta de 2008, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) iniciou o processo de reavaliação de 14 fitossanitários utilizados no país, dentre esses o Paraquat. 

Após uma série de estudos, em 2017 a Anvisa relatou que este produto pode causar danos à saúde do aplicador, pois aumenta o risco da doença de Parkinson e pode causar mutações em células, além de apresentar alta toxicidade aguda. 

Devido a isto, por meio da RDC Nº 177, de 21 de Setembro de 2017 foi decidido proibir a produção, importação, comercialização e utilização de produtos técnicos e formulados à base do ingrediente ativo Paraquat. 

Porém deixando um prazo de três anos com uso controlado da molécula, para que as empresas pudessem contrapor a decisão com novos estudos e o setor produtivo tivesse tempo de encontrar novas alternativas. 

Entretanto, durante esse período de transição foram proibidas algumas modalidade de uso:

  • Produção e importação de produtos formulados em embalagens de volume inferior a cinco litros;
  • Utilização nas culturas de abacate, abacaxi, aspargo, beterraba, cacau, coco, couve, pastagens, pêra, pêssego, seringueira, sorgo e uva; 
  • A modalidade de uso como dessecante; 
  • Aplicações costal, manual, aérea e por trator de cabine aberta. 

Medidas preventivas e período de pesquisas

Durante o período de transição as empresas ampliaram seu programas de treinamento e capacitação para diminuir o risco do produto. 

Assim, se uniram em uma Força Tarefa do Paraquat, visando implementar essas medidas preventivas e realizar mais estudos para contrapor a decisão da Anvisa. 

Veja mais neste vídeo do canal da AB AgroBrasil:

Outro ponto é que todo produtor que fosse utilizar o Paraquat, seria necessário assinar um termo de responsabilidade, reconhecendo e assumindo os riscos do uso do produto.  

Após o período de três anos, que se completa no dia 22 de setembro de 2020, caso as empresas não consigam apresentar novos estudos que contraponham à decisão da Anvisa, ficará realmente proibido o uso de Paraquat no Brasil. 

Assim, será responsabilidade das empresas recolher todos os estoques do herbicida em poder de revendas ou produtores para que o produto seja efetivamente retirado do mercado.

Isso deve acontecer no prazo máximo de 30 dias após a data de proibição

Logo após esse período, os órgãos de fiscalização do governo pretendem realizar fiscalizações nos estabelecimentos e fazendas e, caso encontre estoques do produto, poderá aplicar multas ao responsável.

Por que o Paraquat fará falta para dessecar soja?

No processo de maturação dos grãos, a planta envia nutrientes ao grão até que o mesmo atinja o ponto máximo de acúmulo de matéria seca, chegando ao ponto de maturidade fisiológica (cessando o transporte de nutrientes) no estádio R7 da cultura.  

A partir deste ponto, os grãos não vão mais se desenvolver nem crescer, mas não podem ser colhidos devido ao teor de umidade elevado (o que dificulta o armazenamento e o custo com secagem) e a presença de ramos e folhas verdes que atrapalham a colheita mecanizada.

Por isso, a aplicação de um herbicida que seque a planta rapidamente é fundamental para colher em condições melhores e não deixar o grão exposto a condições adversas. 

Este problema é agravado em regiões que têm histórico de excesso de chuvas na colheita, pois o produtor tem uma janela muito curta para não ter prejuízos com a elevada umidade nos grãos

dessecar soja

Dessecação pré-colheita da soja
(Fonte: Rehagro)

Herbicidas alternativos ao Paraquat para dessecar soja

Infelizmente, até o momento não temos produtos disponíveis no mercado com a mesma eficiência do Paraquat para realizar a dessecação da soja.

Por isso, muitas vezes será necessário associar mais de um produto (elevando os custos).

Outro ponto importante é que com a perda desta ferramenta o produtor terá que fazer um planejamento melhor do manejo de plantas daninhas, para que não ocorram escapes no momento da dessecação.

A incidência de plantas daninhas no momento da dessecação prejudica a cobertura das plantas e a ação do produto e, as plantas daninhas que não morrerem com essa aplicação, vão prejudicar o processo de colheita e aumentar a umidade dos grãos. 

Então, as principais alternativas disponíveis no mercado são:

  • Diquat na dose de 2 L/ha;
  • Saflufenacil na dose de 70 g/ha a 140 g/ha + adjuvante não iônico;
  • Glufosinato na dose de 2 L/ha + óleo;
  • Flumioxazin na dose de 50 g/ha.

Além dos herbicidas presentes no mercado, as empresas estão estudando novos herbicidas com características interessantes que talvez possam ter um melhor desempenho ao dessecar soja para colheita.  

Escapes de buva na soja dessecada

Escapes de buva na soja dessecada
(Fonte: Cooperalfa)

Conclusão

Vimos aqui a importância que o Paraquat tem no mercado brasileiro e por que os órgãos reguladores optaram por proibir sua utilização. 

Entendemos melhor como foi o processo de proibição e a nova regulamentação para o período de transição.  

Além disso, ressaltamos que se realmente ocorrer essa proibição, os produtores não poderão manter estoque do produto em sua fazenda. 

Quanto a outras alternativas, os herbicidas disponíveis no mercado possuem menor eficiência e menor custo, porém existem perspectivas de novos produtos a serem lançados. 

Você já testou alternativas para dessecar soja pré-colheita? Aproveite e baixe aqui a planilha gratuita para estimar sua produtividade de soja!

Agroquímicos: importância, problemas e alternativas

Agroquímicos: veja mitos e verdades do uso no agro e conheça os principais produtos e aplicações.

Cada vez mais nos deparamos com manchetes alarmantes a respeito deles nos noticiários, envolvendo casos de poluição ambiental e até intoxicação em humanos.

São os agroquímicos, agrotóxicos, defensivos agrícolas, ‘praguicidas’ ou pesticidas’.

Mas afinal, o que são todos esses nomes? Esses produtos são bons ou ruins? Devemos amá-los ou odiá-los?

Em tempos de extremismo e fake news devemos sempre buscar informações porque, como já disse o filósofo Francis Bacon, “saber é poder”.

Confira a seguir um pouco mais a respeito do que são os agroquímicos, por que precisamos deles e que nem tudo são flores.

O que são agroquímicos?

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), pela Lei Federal 7.802 de 11.07.89, os agroquímicos são definidos como:

produtos ou agentes de processos físicos, químicos ou biológicos utilizados na produção, armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, pastagem e proteção de florestas (…) cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos”.

Ou seja, são produtos que quando aplicados atuam no sistema agrícola modificando beneficamente o sistema produtivo.

Além de definir o que são, esta lei traz informações a respeito da pesquisa, produção, rotulagem, transporte, armazenamento e inúmeros outros tópicos.

Lei Federal 7.802 de 1989

Disposições a respeito dos agroquímicos da Lei Federal 7.802 de 1989, regulamentada pelo decreto Nº 4074/2002
(Fonte: Mapa e Menten et al., 2011)

Agora que já sabemos o que são os agroquímicos, podemos seguir em frente e explorar quais os principais tipos existentes no mercado.

Principais tipos de agroquímicos

Como a própria definição deixa explícito, a principal função desses produtos é alterar a composição da flora e fauna na produção agrícola.

Portanto, os agroquímicos podem ser enquadrados em algumas categorias, de acordo com o seu alvo sendo: fungicidas, inseticidas, herbicidas e outros.

Pragas dos cultivos agrícolas e seus defensivos

Principais pragas dos cultivos agrícolas e seus respectivos defensivos
(Fonte: CropLife Brasil)

Fungicidas

Os fungicidas atuam principalmente no controle e prevenção da ocorrência de fungos fitopatogênicos nos cultivos agrícolas. 

As demandas variam de cultura para cultura, principalmente nos diferentes níveis de sensibilidade das plantas aos patógenos.

São produtos requisitados de norte a sul do país, pois as condições climáticas brasileiras permitem o desenvolvimento destes fungos na maioria dos ambientes.

Inseticidas 

Inseticidas, por sua vez, são mais comuns em nosso dia a dia, pela razão de que muitas pessoas os possuem em suas casas.

É claro que as fórmulas bem como as doses e formas de aplicação utilizadas são bem diferentes que no campo, mas o princípio é o mesmo: prevenção e controle de insetos.

Os insetos, bem como os fungos, podem ser extremamente prejudiciais aos cultivos agrícolas quando não controlados e aparecem por todo o país.

Herbicidas

Junto com os fungicidas e inseticidas, os herbicidas são ferramentas essenciais para as práticas agrícolas, realizando o controle de plantas daninhas.

Quando não controladas, as plantas daninhas competem com os cultivos por água, luz e nutrientes, fazendo com que os cultivos não atinjam a produtividade máxima.

Outros produtos

Nessa categoria podemos enquadrar uma série de produtos que auxiliam as aplicações de modo a torná-las mais eficientes.

Os óleos espalhantes, adjuvantes, antiespumantes, sequestrantes e reguladores de pH são responsáveis por garantir maior eficiência e uniformidade no processo.

Importância do uso dos agroquímicos

Os agroquímicos são utilizados na agricultura desde o século XIX na forma de produtos inorgânicos, como o sulfato de cobre (principal componente da calda bordalesa).

Entretanto, o crescimento da população mundial associado ao aumento da expectativa de vida trouxe à tona um enorme desafio: como alimentar todas essas pessoas?

Perante essa necessidade, as alternativas eram expandir as áreas cultivadas ou aumentar a produção nas áreas já cultivadas.

A expansão das áreas traria prejuízos ambientais, principalmente no que diz respeito ao desmatamento, portanto, buscou-se o aumento da produção das áreas existentes.

Assim, a fim de aumentar a produtividade, precisamos reduzir as perdas e garantir um ambiente propício para o desenvolvimento dos cultivos.

Como grande parte dos trabalhos e pesquisas científicas indicam que as perdas de produção referente à ação de pragas chegam ao redor de 30% a 40%, a estratégia foi reduzir a ação dessas pragas nos cultivos agrícolas pelo uso de agroquímicos.

No Brasil, segundo dados do Ipea, um quinto do PIB nacional depende do agronegócio, tendo como base o cultivo e venda de commodities como soja, milho, laranja, café, entre outras culturas.

principais cultivos agrícolas do Brasil - IBGE - agroquímicos

Principais cultivos agrícolas do Brasil em volume de produção
(Fonte: Censo Agro IBGE (2017))

Esses cultivos dependem, e muito, dos agroquímicos, principalmente devido às grandes áreas cultivadas, o que dificulta a realização de outros tipos de manejo.

A tecnologia presente nos agroquímicos é extremamente eficiente, trazendo excelentes resultados de produção.

Mas, nem tudo são flores, o uso intensivo ou equivocado de agroquímicos pode trazer prejuízos irreparáveis.

Problemas relacionados ao uso de agroquímicos

Os principais problemas relacionados ao uso dos agroquímicos estão associados à saúde humana, ao meio ambiente e ao aparecimento de resistência de pragas.

O uso inadequado dos produtos afeta negativamente o sistema produtivo, deixando mais resíduos e atuando muitas vezes onde não devia.

A poluição ambiental por agroquímicos, seja do solo ou das águas, deve-se principalmente ao uso exagerado e inadequado.

agroquímicos

Exemplo de aplicação inadequada de agroquímicos, sem o uso dos equipamentos de proteção recomendados
(Fonte: Mundo Educação)

O não respeito às normas de aplicação, com o uso de equipamentos de proteção individual (EPI’s), expõe os trabalhadores a riscos desnecessários.

Além disso, a utilização indiscriminada de agroquímicos pode induzir a resistência das pragas, patógenos e daninhas aos produtos, tornando-os ineficientes no controle e exigindo doses cada vez mais altas para atingir o mesmo efeito.

Para entendermos melhor, podemos traçar um paralelo entre os agroquímicos e os antibióticos

Ambos possuem ingredientes ativos que atuam sobre os organismos de modo a eliminá-los.

Da mesma forma que não tomamos antibióticos sem orientação médica, os agroquímicos também devem ser utilizados sob orientação e recomendação de engenheiros agrônomos.

Principais alternativas aos agroquímicos

Graças à pesquisas, é possível tornar a agricultura menos dependente dos agroquímicos.

Os agroquímicos, ou controle químico, não é a única ferramenta disponível para o manejo das pragas, plantas daninhas e doenças em nas lavouras.

Diferentes técnicas podem ser aplicadas para a realização do manejo como o controle físico, biológico, mecânico e cultural.

agroquímicos - manejo integrado

Principais técnicas aplicadas para realização do manejo integrado
(Fonte: AMICI Mecanização Agrícola)

Quando aplicadas juntas, ou alternadas, essas técnicas formam o chamado manejo integrado, que pode ser utilizado para o controle de pragas, doenças e até plantas daninhas.

O manejo integrado das lavouras faz uso racional dos agroquímicos, tornando a agricultura mais sustentável, aliado ao desenvolvimento de novas tecnologias de aplicação que podem auxiliar na redução do volume de agroquímicos utilizados.

Outra saída para a redução do uso de agroquímicos está associada ao desenvolvimento de novas moléculas, mais eficientes e menos tóxicas.

controle biológico

Exemplo de controle biológico: vespinhas de Trichogramma parasitando ovos de lagartas
(Fonte: Embrapa)

Porém, além do custo envolvido é um processo demorado, sendo uma alternativa a longo prazo.

A agricultura orgânica, que se baseia no cultivo totalmente livre de agroquímicos, também pode ser uma alternativa viável para frutas e verduras.

Entretanto, os orgânicos conseguem – em sua maioria – fornecer maior variedade do que volume, e muitas vezes a sazonalidade é maior.

planilha de compras de insumos

Conclusão

Os agroquímicos fazem parte da realidade da produção de alimentos do Brasil e do mundo.

Entretanto, deve-se saber ponderar o seu uso e fazê-lo de forma correta – apenas quando necessário.

Finalmente, vimos que é preciso buscar o equilíbrio entre as técnicas de manejo para tornarmos a agricultura mais sustentável e segura para todos.

E você, qual sua opinião sobre os agroquímicos? Utiliza outras técnicas de controle, além do químico, em sua lavoura? Conte pra gente nos comentários!