7 Pragas de armazenamento de grãos para você combater

Pragas de armazenamento: Identifique os insetos, saiba como preveni-los e conheça os manejos químico e físico para evitar perdas após a colheita.

O ataque de pragas é um problema para lavoura – e ele não termina com a colheita.

Estima-se que até 10% do que é produzido pode ser perdido durante a armazenagem de grãos devido às pragas.

No Brasil, indústrias alimentícias têm negado cargas com a presença de insetos vivos e mortos.

Além disso, requisitos fitossanitários atestando que o produto é livre de pragas têm sido cada vez mais exigido pelos países importadores.

Em unidades armazenadoras, as sementes podem se tornar inviáveis ao plantio e comprometer a safra seguinte caso sejam atacadas por insetos-praga.

Neste artigo vamos tratar as principais pragas de armazenamento e como manejá-las segundo os preceitos do MIP (Manejo Integrado de Pragas). Confira!

Pragas de armazenamento: o que fazer para evitar o ataque

pragas de armazenamento

(Fonte: Unesp)

A cada safra as unidades armazenadoras de grãos e de sementes devem estar preparadas para receber novas cargas.

Esse preparo diz respeito ao local onde os grãos ou sementes ficarão armazenados, que devem estar limpos e isentos de pragas (insetos, ácaros, fungos e roedores).

Nessa etapa pode ser realizada a fumigação do local de maneira preventiva para evitar a presença de pragas de armazenamento. Vou explicar com mais detalhes adiante.

Além disso, é importante que haja ventilação e condições climáticas de temperatura e umidade relativa adequadas para o recebimento dos grãos.

Para a efetividade do MIP nas unidades armazenadoras também é preciso conscientizar os funcionários a respeito dos danos e importância das pragas de armazenamento.

Compreender a relevância das práticas de limpeza e higienização da unidade armazenadora, assim como a identificação de insetos, é essencial para prosseguimento das metas de manejo estabelecidas.

Como identificar as 7 principais pragas de armazenamento

Basicamente existem duas grandes ordens de insetos-praga que atacam os grãos armazenados: Coleoptera (caruncho, gorgulho) e Lepidoptera (traças).

Essas pragas podem ser classificadas, conforme o seu hábito alimentar, em pragas primárias (internas e externas) e pragas secundárias.

As pragas primárias danificam os grãos íntegros ou sadios.

As pragas primárias internas conseguem perfuram o grão. Elas se alimentam do conteúdo interno, se desenvolvem e completam o seu ciclo no interior do grão.

Já as pragas primárias externas se alimentam da parte externa do grão.

Além do dano direto nos grãos ou sementes, as pragas primárias facilitam o ataque de pragas secundárias, que se beneficiam dos grãos danificados para se alimentar.

Vou detalhar as principais características de cada inseto-praga:

Gorgulho dos cereais – Rhyzopertha dominica

Considerada a principal praga de armazenamento na cultura do trigo, esse inseto é popularmente conhecido como o gorgulho ou besouro dos cereais e farinhas.

É uma praga primária interna que, além do trigo, pode atacar cevada, triticale, arroz e aveia.

Adultos e larvas causam danos aos grãos e sementes que ficam perfurados e com grande quantidade de resíduos em forma de farinha.

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Adulto de Rhyzopertha dominica atacando grãos de milho
(Fonte: Adaptado de Defesa Vegetal)

Gorgulhos do arroz e milho – Sitophilus oryzae e S. zeamais

Os gorgulhos do arroz e do milho são espécies muito semelhantes quanto à morfologia e podem ocorrer juntas na massa de grãos ou sementes.

São pragas primárias internas com elevado potencial de reprodução e possuem hospedeiros como trigo, milho, arroz, cevada e triticale.

Essas pragas podem apresentar infestação tanto dos grãos em campo como no armazém.

Os danos decorrentes do ataque dessa praga são a redução de peso e qualidade do grão.

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Adultos de Sitophilus oryzae e Sitophilus zeamais
(Fonte: Defesa vegetal)

Besouro castanho – Tribolium castaneum

O besouro castanho é uma praga secundária. Sendo assim, sua presença indica que os grãos já estão infestados por pragas primárias.

Esses insetos podem causar a deterioração dos grãos e trazer prejuízos superiores quando comparados ao ataque das pragas primárias.

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Larva (a, b), pupa (c) e adulto (d) de Tribolium castaneum
(Fotos: Adriana de Marques Freitas/Embrapa)

Besourinho-do-fumo – Lasioderma serricorne

Conhecida como besourinho-do-fumo, essa praga passou a ocorrer com maior frequência em grãos e sementes de soja durante o armazenamento.

Na soja, perfuram as sementes e grãos causando prejuízos aos armazéns. Por afetar a qualidade do produto final, é uma grande ameaça aos armazenadores.

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Besourinho-do-fumo
(Fonte: Agrolink)

Oryzaephilus surinamensis

É uma praga secundária que ataca grãos de milho, trigo, arroz, soja, cevada, aveia.

Essa praga também pode infestar estruturas de armazenamento como moegas, máquinas de limpeza, elevadores, secadores, túneis, fundos de silos e caixas de expedição.

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Inseto adulto de Oryzaephilus surinamensis
(Foto: Irineu Lorini em Embrapa)

Sitotroga cerealella

É praga que ataca grãos inteiros, porém afeta a superfície da massa de grãos.

As larvas desta praga destroem o grão, alterando o peso e a sua qualidade.

Podem atacar também farinhas causando deterioração do produto final para consumo.

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Desenvolvimento de Sitotroga cerealella nos grãos  
(Fonte: Agronegócios)

Traça-dos-cereais – Ephestia kuehniella

Conhecida como traça-dos-cereais, é uma praga secundária.

Ela infesta principalmente grãos e sementes de soja, milho, sorgo, trigo, arroz, cevada e aveia, além de produtos elaborados, como biscoitos, barras de cereais e chocolates.

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Ephestia kuehniella larva (a) e adulto (b)
(Foto: Adriana de Marques Freitas em Embrapa)

Pragas de armazenamento: como fazer o controle

Entre as pragas mencionadas, de maneira geral, R. dominica, S. oryzae e S. zeamais são as mais importantes.

São as que justificam a maior parte do controle nas unidades de armazenamento.

Método químico de controle

Inseticidas inorgânicos à base de fosfeto de alumínio, precursor da fosfina, é o mais utilizado para expurgar ou fumigar.

Ele atua em todas as fases de desenvolvimento do inseto e consegue penetrar em locais inacessíveis às pulverizações.

No entanto, os fumigantes só devem ser usados ​​quando necessário, pois, além de perigoso, é um método caro e não oferece proteção residual a longo prazo.

Como a fosfina funciona

Durante o processo de fumigação, o calor e a umidade relativa do ar (UR) aceleram a liberação do gás tóxico, sendo o contrário válido para o frio e ar seco.

Assim, o tempo de exposição do produto à massa de grãos em concentrações letais varia conforme as condições ambientais durante a aplicação.

A temperatura de 25℃ é a ideal para realizar a fumigação.

Quando feita em temperaturas entre 15℃ e 25℃, deve-se acrescentar 20% do tempo recomendado na condição ideal.  

Em locais em que a temperatura encontra-se abaixo de 15℃, o expurgo torna-se inviável.

Tempo de exposição do defensivo agrícola

Locais em que há semente a granel devem ficar expostas por 96 horas, sendo 120 horas quando em sacarias.

Já em silos graneleiros, o período de exposição deve ser em média de 240 horas.

Como aplicar

O produto comercial pode vir na forma de pastilhas, comprimidos ou sachês. A dose é dada em função do volume do lote de grãos/silos e praga-alvo.

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Etapas da fumigação em um silo vertical
(Fonte: Bequisa)

Em aplicações curativas, com os silos cheios de grãos, é recomendável nivelar a superfície onde será depositada as pastilhas antes de realizar a fumigação.

O objetivo é  facilitar a vedação com lona e evitar o escape do gás.

Para isso podem ser utilizadas “cobras de areia” para o ajuste da lona junto à massa de grãos.

Além disso, deixar nesses locais pontos de liberação facilita a operação e a correta distribuição do produto sobre a massa de grãos.  

Alerta-se que, por ser altamente tóxico e incolor, é obrigatório o uso de equipamento de proteção individual (EPI) e seguir as normas de segurança durante o expurgo ou fumigação.

Métodos alternativos de controle das pragas de armazenamento

A manipulação da temperatura e umidade relativa do ar em níveis desfavoráveis às pragas é considerado um método físico de controle e pode ser empregado nas UA e UBS.

A única ressalva é com relação aos locais em que já estão armazenadas sementes.

Nesses casos, temperaturas e UR extremas, apesar favorecerem o controle das pragas de armazenamento, mas poderá comprometer a qualidade da semente.

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Efeito da temperatura sobre o desenvolvimento das pragas de grãos armazenados
(Fonte: Embrapa)

Além desses, o método físico mais estudado e eficaz tem sido o emprego do pó inerte à base de terra de diatomáceas.

A terra de diatomácea é um sedimento amorfo obtido a partir de depósitos sedimentares de sílica em organismos aquáticos. Seu efeito assemelha-se aos dos inseticidas.

Ela atua por contato nos insetos e remove as camadas de cera da cutícula. Em contato com ela, os insetos perdem água, desidratam e morrem.  

Diferente dos produtos convencionais, a terra de diatomácea controla as pragas durante longo período após aplicado.

Ela não deixa resíduos nos alimentos e é segura ao ser humano.

Entretanto alguns fatores limitam seu uso, como a aparência branco acinzentada nos grãos e a possibilidade de retirar umidade dos mesmos.

Além desse método físico, outros métodos possíveis de serem utilizados são radiação, uso da luz e do som.

Você pode obter mais detalhes na publicação Manejo Integrado de Pragas de Grãos e Sementes Armazenadas, da Embrapa.

Para fins de monitoramento, no mercado existe uma armadilha adesiva à base de feromônio sexual sintético para o monitoramento de Lasioderma serricorne (bicho do fumo).

Essa armadilha auxilia no monitoramento de pragas nas UA e UBS.

Deve-se realizar amostragens sistemáticas a cada 15 dias nas massas de grãos para verificar a densidade populacional de pragas e a necessidade de controle.

Banner planilha- manejo integrado de pragas

Conclusão

As pragas de armazenamento ou pragas pós-colheita são tão importantes quanto as que ocorrem durante o desenvolvimento da cultura.

Para manejar corretamente, é necessário entender que métodos básicos e preventivos de controle são imprescindíveis e devem ser realizados.

Além disso, é importante conscientizar de que a fumigação somente será necessária quando nenhum outro inseticida ou manejo possa controlar efetivamente os insetos.

Nesse artigo, vimos também como a adoção do MIP auxilia no manejo racional e sustentável das pragas em pós-colheita.

Espero que com essas informações você possa fazer o melhor controle e evitar prejuízos decorrente dos ataque de pragas nos produtos armazenados.

>>Leia mais: “As principais orientações para se livrar do percevejo barriga-verde”
>> Leia mais: “Como fazer o manejo eficiente da mosca-branca

Pragas de armazenamento têm afetado a rentabilidade da sua lavoura? Quais manejos você utiliza? Deixe seus comentários abaixo!

Soqueira da cana-de-açúcar: 5 dicas para garantir mais rentabilidade

Soqueira cana-de-açúcar: Saiba quais cuidados tomar desde a preparação do solo até a colheita e alcance uma melhor produtividade

Como você bem sabe, cana soca e ressoca costumam ter menor produtividade que a cana planta.

Então, como manter uma boa produção e rentabilidade a partir da soqueira cana-de-açúcar?

Neste artigo, apresentamos algumas dicas para que você alcance melhores resultados na produção e obtenha mais lucratividade. Saiba como!

1 – Plantio eficiente melhora soqueira cana-de-açúcar

Alcançar uma boa produtividade a partir da soqueira depende de alguns fatores ligados ao plantio, como a escolha da variedade da cana e a qualidade das mudas.

Para acertar na variedade, você precisa considerar o histórico regional, garantindo que ela esteja adaptada às condições edafoclimáticas (solo + clima) do local.

O que se espera é ter uma planta com produtividade maior e elevado teor de açúcar. Assim como uma boa capacidade de rebrota, não florescimento ou formação de flecha, fácil desfolha e resistência doenças e pragas agrícolas.

Atenção também à qualidade das mudas. Elas devem possuir ótima sanidade e serem provenientes de viveiros.

Além disso, o uso de tratamento térmico melhora a sanidade e proporciona brotações mais rápidas e vigorosas.

Não recomendo que as mudas sejam armazenadas entre o corte e o plantio.

O armazenamento neste período pode diminuir a umidade do tolete e prejudicar a brotação das gemas.

soqueira cana-de-açúcara) Parte do tolete, com destaque para gema e zona radicular; b) Broto e raízes em processo de crescimento inicial

(Fonte: Instituto Agronômico Campinas)

no plantio, a profundidade precisa ser adaptada ao tipo de solo e às previsões climáticas seguintes a essa fase.

Em solos arenosos, é preciso mais profundidade. Em solos argilosos, menos profundidade.

A cobertura dos toletes deve ser de até 10 cm de terra, pois excesso de solo pode prejudicar a brotação.

Lembre-se também de planejar o tráfego e dimensionamento das máquinas para evitar a compactação do solo no momento do plantio.

Terreno compactado afeta a brotação das mudas e, consequentemente, prejudica a soqueira cana-de-açúcar.

Mesmo com essas práticas para evitar problemas no plantio, é preciso sempre vistoriar o canavial e replantar falhas encontradas.

2 – Herbicidas na soqueira cana-de-açúcar: quando e quais usar?

Entre 30 e 90 dias depois que a cana é cortada, a presença de plantas daninhas pode afetar o crescimento da soqueira.

Por isso, é essencial empregar técnicas de manejo para prevenção e controle durante esse período após o corte.

O principal método de controle é o químico.

Os herbicidas podem ser aplicados em pré ou pós-emergência, sempre considerando as condições climáticas do momento e pós-aplicação.

Elas são determinantes na ação do produto e período residual no solo.  

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Principais plantas daninhas que interferem com a cultura da cana-de-açúcar
(Fonte: Victoria Filho e Christoffoleti em Esalq/USP)

Devido à logística das usinas, as aplicações na soqueira ocorrem em condições diversas. Veja:

  • Soca semi-seca – aplicação em solo úmido com perspectiva de seca
  • Soca seca – aplicação em período seco
  • Soca úmida – aplicação em solo seco com perspectiva de chuva

 Neste contexto, a recomendação de herbicidas pré-emergentes é mais complexa, pois objetiva o controle residual das daninhas, preferencialmente até o fechamento da cultura.   

Porém essa persistência do herbicida envolve características físico-químicas do solo, deposição de palhada e condições climáticas. Vejamos a seguir as principais recomendações:

Características dos herbicidas recomendados para soca semi-seca e seca 

  • Não ser volátil;
  • Não ser fotodegradado (luz do sol);
  • Rápida dessorção do herbicida com umidade;
  • Baixa retenção na argila e matéria orgânica;
  • Longo período residual (controlar fluxos de emergência após chuva).

Alguns exemplos são amicarbazone, hexazinona, imazapic, sulfentrazone, tebuthiurom e isoxaflutol.

Já  herbicidas com maior retenção no solo e baixa solubilidade são recomendados para épocas úmidas. Clomazone, diclosulam, oxyfluorfen, s-metalacloro e trifluralina são exemplos.

Além destes fatores, com a colheita mecanizada há deposição de palha no solo. Isso pode interferir na ação do herbicida, principalmente em período seco.

Em aplicações de pós-emergência é fundamental considerar a seletividade do herbicida para a cana, evitando fitotoxidade.

Por isso, antes de usar um novo herbicida, informe-se sobre seletividade ou teste em pequenas áreas.

Caso ocorram escapes, localize e faça a catação para evitar problemas na colheita!

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Canavial infestado por corda-de-viola
(Foto: Raffaella Rossetto em Embrapa)

3 – Adubação adequada da soqueira cana-de-açúcar

Os principais manejos utilizados na cana soca são calagem, gessagem e adubação (na tríplice operação).

Para que a soqueira cana-de-açúcar mantenha sua produtividade é importante que o solo esteja corrigido, via um bom manejo de calagem e gessagem.

Deste modo, o sistema radicular da soqueira terá melhor recuperação após cultivo.

Ele também atingirá um maior perfil do solo, o que proporciona menor sensibilidade ao déficit hídrico.

soqueira cana-de-açúcar latossolo-vermelho

A maior parte da cana-de-açúcar cultivada no estado de São Paulo é feita em Latossolo Vermelho, os quais podem apresentar teor considerável de alumínio e baixos níveis de fósforo
(Fonte: Embrapa)

A adubação correta da plantação de cana-de-açúcar (sem falta ou excesso de nutrientes) é muito importante para manter a produtividade da soqueira.

Além de melhorar o crescimento e desenvolvimento da planta, a torna menos suscetível a pragas, doenças e ação de herbicidas.

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Amostragem de solo e práticas corretivas para a cana-de-açúcar
(Fonte: Vitti em Atividade Rural)

Aqui no blog nós falamos mais sobre Tudo o que você precisa saber sobre cálculo de calagem (+ calcário líquido). Confira!

>> Leia mais: “Adubo para cana: Principais recomendações para alta produtividade

4 – Compactação na colheita: como evitar

O sistema de colheita mecanizada trouxe vários benefícios para o cultivo da cana-de-açúcar.

Mas ele também elevou o tráfego de máquinas agrícolas na lavoura (colhedoras e transbordos), o que tem aumentado a compactação do solo.

Para minimizar esse problema, evite o trânsito de carregadoras ou caminhões na linha da soqueira cana-de-açúcar. O caminhamento oblíquo (transversal) não deve ocorrer.

Estas práticas prejudicam as raízes que sobram na soqueira, atrasando sua recuperação, a emissão de novas raízes e, consequentemente, a brotação da soqueira.

Uma maneira de contornar este processo é fazer o correto planejamento e dimensionamento da frota.

Faça um planejamento rotativo do tráfego de máquinas entre safras.

Também recomenda-se planejar pontos de carregamento estratégicos na lavoura.

Implementar sistemas de rotação de culturas ou adubação verde também são úteis.  

5 – Faça rotação de culturas

O sistema de rotação de culturas auxilia na conservação do solo e no manejo integrado de pragas, doenças e manejo de plantas daninhas.

beneficiosdarotaçãodeculturas
(Fonte: Deep Green Permaculture)

Mas a implantação deste sistema deve ocorrer com muita antecedência para não interferir na logística e rentabilidade.

Além de evitar que práticas como uso de herbicidas residuais na cultura da cana-de-açúcar ocasione carryover na cultura seguinte.

planilha ponto otimo de renovacao canavial

Conclusão

Neste artigo, vimos os cuidados que você deve ter para garantir uma melhor produtividade da soqueira cana-de-açúcar.

Também abordamos os tipos de herbicida mais recomendados e quando fazer a aplicação para obter bons resultados.

Falamos ainda sobre a importância de evitar a compactação do solo e da rotação de culturas.

Agora, com essas estratégias, espero que você possa aumentar sua produtividade e rentabilidade!

>> Leia mais: “3 maneiras de lucrar mais com um software de gestão agrícola”

>> Leia mais: “Como fazer o melhor manejo da broca da cana-de-açúcar”

Você realiza todas estas práticas na soqueira cana-de-açúcar? Restou alguma dúvida? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Doenças de final de ciclo soja: principais manejos para não perder a produção

Doenças de final de ciclo soja: como identificar as mais recorrentes e os 5 principais manejos para reduzir o risco de prejuízos na lavoura.

Alcançar uma boa produtividade na cultura da soja é desafiador.

Além das questões climáticas e pragas ao longo do cultivo, doenças de final de ciclo soja podem colocar em risco quase toda a produção.

As perdas podem variar de 10% a 90% da produção, como no caso da ferrugem asiática, por exemplo.

A seguir, falaremos sobre os principais manejos para não perder a produtividade da sua lavoura e as doenças de final de ciclo mais recorrentes. Confira!

Principais manejos para doenças de final de ciclo soja

Uma doença pode ser controlada por mais de um método de manejo, então tente integrá-los e pense no custo-benefício.

Vou listar aqui os principais manejos para as doenças mais recorrentes no final do ciclo da cultura da soja:

1- Cultivares resistentes

Se a doença é problema na sua região e se há cultivares que são resistentes para esta doença  na plantação de soja, utilize cultivares resistentes para o manejo.

Indicado para:

  • Mancha olho de rã
  • Oídio
  • Mancha-alvo

2 – Sementes sadias e tratadas (tratamento de sementes)

É muito importante utilizar sementes certificadas, principalmente porque muitos patógenos são transmitidos pelas sementes contaminadas.

Além das sementes sadias, o tratamento de sementes também é indicado para várias doenças.

Ele pode ser realizado com controle químico e biológico.

No Agrofit você pode verificar os produtos biológicos e químicos registrados para tratamento das sementes

Indicado para:

  • Crestamento foliar
  • Mancha olho de rã
  • Mancha-alvo
  • Antracnose (fungicida sistêmico e de contato)

doenças de final de ciclo soja
(Fonte: Cotrisoja)

3 – Rotação de culturas

Realize rotação de culturas com espécies que não sejam hospedeiras dos patógenos das doenças indicadas para esta medida de manejo. 

Indicado para:

  • Mancha-parda
  • Mancha-alvo
  • Antracnose

4 – Controle químico da parte aérea das plantas

Você pode identificar quais produtos são registrados para a cultura da soja e para o patógeno no Agrofit.  Nele você também encontra qual a dose recomendada.

Não esqueça que para cada doença são realizados procedimentos diferentes.

Para algumas doenças você deve realizar aplicações de fungicidas da cultura da soja de modo protetor. Em outras, somente deve realizar as aplicações no início do desenvolvimento da doença.

Indicado para:

  • Crestamento foliar
  • Mancha-parda (na fase de formação e enchimento das vagens)
  • Oídio
  • Mancha-alvo

Em caso de dúvida no controle das doenças, procure sempre um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).

5 – Gestão agrícola

Planejamento é essencial em qualquer atividade na lavoura, inclusive para o manejo de doenças. Com um planejamento agrícola bem feito, você organiza situações como compra de fungicida, aplicação de defensivos, tratamento de sementes, insumos e outros.

Também é essencial registrar essas atividades, seja com uso de planilhas ou de software para fazenda.

Isso ajuda a gestão agrícola, a tomada de decisões e, consequentemente, o manejo de doenças de final de ciclo soja.

Por isso, esteja atento à sua gestão para o controle eficiente das doenças de final de ciclo soja.

Para lhe ajudar a começar a gestão no final de ciclo da soja, disponibilizamos aqui, gratuitamente, uma planilha de estimativa de produtividade de soja. Com ela, você irá conseguir estimar sua produção e planejar melhor a colheita e venda.

planilha-produtividade-soja

Uma das principais doenças é, na verdade, um complexo delas

Algumas doenças da soja podem ocorrer juntas, ou seja, em um complexo que pode causar perdas de até 30% no rendimento da lavoura.

Abaixo você verá as doenças de final de ciclo soja que podem formar esse complexo (crestamento foliar e mancha-parda) e suas principais características, permitindo sua correta identificação e manejo:

Crestamento foliar de Cercospora e Mancha púrpura da semente

Uma das principais doenças de final de ciclo soja é  causada pelo fungo Cercospora kikuchii. O crestamento foliar é favorecido por clima quente e chuvoso.

Este fungo pode atacar todas as partes da planta.

Os sintomas nas folhas são pontuações escuras, com coloração castanho-avermelhado, que se desenvolvem e formam grandes manchas.

Também pode ocorrer a queda prematura das folhas. Isso pode ser confundido pela senescência prematura da cultura,  que pode reduzir a produtividade da lavoura.

Nas vagens, aparecem pontuações vermelhas que evoluem para manchas castanho-avermelhadas.

Através da vagem, o fungo atinge a semente, causando a mancha-púrpura na semente ou grão.

Na haste podem ocorrer lesões avermelhadas e levemente deprimidas.

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Mancha-púrpura no grão ou semente de soja
(Fonte: Paulo Edimar Saran)

Mancha-parda ou septoriose

A mancha-parda é uma doença causada pelo fungo Septoria glycines e pode ocorrer desde o início do desenvolvimento da cultura da soja. O fungo necessita de um período mínimo de molhamento foliar de 6 horas e temperatura entre 15℃ a 30℃ para o desenvolvimento dos sintomas.

No final do ciclo da cultura, a doença causa pontuações pardas nas folhas, que evoluem para manchas castanhas com centro angular com halo amarelo. A doença também causa desfolha precoce nas plantas de soja.

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(Fonte: Paulo Edimar Saran)

Um conhecimento importante sobre as doenças é como o fungo sobrevive após a colheita da cultura.

Esse conhecimento muitas vezes ajuda no desenvolvimento das estratégias eficientes de controle da doença.

As formas de sobrevivência dos fungos que causam a mancha-parda e o crestamento foliar são através de sementes infectadas e restos culturais.

Doenças de final de ciclo soja que ocorrem também no desenvolvimento  da cultura

Algumas publicações também relatam outras doenças como sendo de final de ciclo na cultura da soja.

Porém, doenças como antracnose, oídio, mancha olho de rã, entre outras, podem ocorrer desde estádios de desenvolvimento mais iniciais até o final do ciclo.

Veja na figura abaixo as principais doenças da cultura da soja e os momentos em que elas ocorrem:

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(Fonte: Paulo Edimar Saran)

Antracnose

Essa doença é causada pelo fungo Colletotrichum truncatum e é favorecida em regiões de clima quente e úmido.

A Antracnose foi considerada a segunda doença mais importante da cultura em safras passadas.

Pode ocorrer na cultura da soja desde o início do desenvolvimento e ocasionar morte das plântulas.

Ao longo do desenvolvimento da cultura, o fungo tende a causar manchas na haste, folhas e nas vagens.

A partir da floração pode ocorrer sintomas nas vagens, que ficam com coloração castanha-escura.

As sementes ou grãos, se atacadas pelo fungo, apresentam manchas castanhas deprimidas. O fungo pode sobreviver em restos culturais e sementes.

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(Fonte: Fundação Rio verde)

Mancha olho de rã

As perdas com está doença podem chegar até 60%. Ela é causada pelo fungo Cercospora sojina.

Esta doença também é favorecida por presença de água nas folhas e temperaturas altas, sendo mais comum na fase de floração da planta.

Nas folhas, inicialmente, ocorrem pequenos pontos escuros que evoluem para lesões marrons, com margem mais escura.

Com o desenvolvimento da doença, na face superior ocorrem manchas castanho-claras no centro, com bordos castanho-avermelhados. Na face inferior, a região central apresenta coloração cinza.

Nas vagens podem ocorrer lesões avermelhadas circulares a alongadas.

O fungo que causa esta doença também pode atacar as sementes, que ficam com coloração acinzentada a marrom.

Este fungo sobrevive em restos de culturas e pode ser disseminado por sementes.

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(Fonte: Paulo Edimar Saran)

Mancha-alvo

A mancha alvo é causada por Corynespora cassiicola, que é favorecida por temperaturas amenas e alta umidade.

A doença pode apresentar perdas de até 35% na produtividade.

Podem ocorrer sintomas nas folhas, haste, vagens e sementes ou grãos.

Nas folhas, os sintomas da doença se iniciam por pontuações pardas, com halo amarelado, evoluindo para manchas circulares de coloração castanha.

Normalmente, essas manchas apresentam pontuação no centro e anéis concêntricos de coloração mais escura (semelhantes a um alvo).

Nas vagens, podem ocorrer lesões de formato circular, levemente deprimidas.

O fungo pode penetrar da vagem para a semente de soja, formando lesões de coloração castanha.

Este fungo também pode sobreviver em restos culturais e ser disseminado por sementes contaminadas.

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(Fonte: Dirceu Gassen em Agrolink)

Oídio

Doença causada pelo fungo Microsphaera difusa, que é favorecido por temperaturas amenas e baixa umidade.

Oídio pode ocorrer em folhas, vagens e hastes, apresentando inicialmente coloração branca e, com o passar do tempo, coloração castanha-acinzentada.

Esta doença também pode favorecer a queda precoce das folhas.

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(Fonte: Cláudia V. Godoy em Embrapa)

Ferrugem asiática

Phakopsora pachyrhizi é o fungo que causa a ferrugem asiática, podendo causar perdas de 10% a 90% nas lavouras.

Essa doença pode ser observada em qualquer estádio de desenvolvimento da planta, mas preferencialmente a partir do fechamento do dossel.

Esta doença é de difícil identificação nos estádios iniciais, por não ter os esporos alaranjados como em outras ferrugens.

Os esporos desta ferrugem são mais claros. Assim, deve-se olhar na parte de baixo das folhas com auxílio de uma lupa e procurar saliências que são as pústulas.

-Caso você dificuldade para o diagnostico, procure uma clínica fitopatológica para a correta identificação.

Com o progresso da doença, essas estruturas ficam com coloração castanha, se abrem e liberam esporos.

Se você observar folhas amarelas na lavoura, provavelmente a ferrugem já está presente há mais de 30 dias na lavoura, ficando difícil o controle.

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Lavoura de soja durante o período reprodutivo intensamente atacada por ferrugem asiática (A), e a mesma lavoura, uma semana após, apresentando severa desfolha (B)
(Fonte: Pioneer sementes)

Recentemente no blog nós demos 6 dicas para combater de vez a ferrugem asiática da sojaTambém falamos sobre combate às ferrugens: controle essas doenças nas culturas do milho e soja.

planilha - monitore e planeje a safra de soja de forma automática

Conclusão

Neste texto apresentamos a classificação das doenças de final de ciclo soja, os sintomas e condições favoráveis para cada uma delas.

Você também conferiu dicas que podem te ajudar no manejo das doenças e evitar perdas de produtividade na cultura da soja.

Com essas informações, aperfeiçoe seu planejamento agrícola e faça um bom manejo das doenças de final de ciclo.

Afinal, sua lavoura é parte da sua empresa agrícola e você precisa obter lucro com ela!

>> Leia mais:

“Mancha-púrpura na soja: como livrar sua lavoura dela”

“Como identificar e manejar o crestamento bacteriano na soja”

Quais doenças de final de ciclo soja têm sido mais recorrentes em sua lavoura? Quais métodos de controle você tem utilizado? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Como fazer a dessecação de soja para uma colheita eficiente

Dessecação de soja para colheita: saiba qual é o ponto ideal e as principais orientações para garantir boa produtividade e rentabilidade da colheita.

A dessecação em pré-colheita da soja é uma prática estratégica para os agricultores brasileiros.

Ela permite controlar plantas daninhas, uniformizar a maturação e antecipar a colheita do grão. Isso também beneficia os plantios seguintes, como o do milho safrinha.

Porém, a perda de produtividade por dessecação inadequada pode chegar a 12 sacas/ha. Você sabe como fazer a dessecação de soja para colheita mais eficiente e sem perdas?

Veja neste artigo o que você precisa considerar e qual o momento ideal para dessecar a lavoura.

O que é dessecação e por que fazer?

A dessecação pré-colheita da soja consiste em aplicar um herbicida, geralmente de contato, quando a semente atinge o ponto de maturação fisiológica. A aplicação mata a planta e seca suas folhas, uniformizando a maturação, o que permite antecipar a safra.

A dessecação é utilizada em alguns casos, como quando condições climáticas adversas (oscilação de umidade e alta temperatura) na pré-colheita podem ocasionar maior percentual de sementes verdes na colheita.

Quanto mais tempo a semente fica no campo após seu ponto de maturidade fisiológica, maior a taxa de deterioração. Isso diminui a qualidade das sementes.

Quanto menos tempo a semente ficar no campo, menor a exposição a patógenos, assegurando a sanidade do lote. Por isso, para a produção de grãos, o uso do dessecante é bastante importante.

Ele diminui o nível de impurezas no momento da colheita, pois elimina folhas e pecíolos das plantas.

Eliminar as partes verdes da planta também pode impedir a inoculação de doenças da soja e ataque de pragas.

Outra vantagem da dessecação é o controle de escapes de plantas daninhas que podem dificultar a colheita e prejudicar a próxima cultura.

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Uniformidade de maturação e antecipação da colheita são alguns dos principais benefícios buscados com a dessecação
(Fonte: A Voz do Campo)

Em regiões de milho safrinha, a dessecação permite antecipar o plantio do milho. E com isso, há menor chance de ocorrência de geadas no cultivo.

Em regiões que semeiam algodão após a soja, a prática auxilia o plantio do algodão em época mais favorável.

Ou seja: a dessecação de soja permite o planejamento e a antecipação da colheita.

Agora que te mostrei os principais motivos da prática, vou te explicar quando esse manejo é recomendado!

planilha controle de custos por safra

Ponto ideal da dessecação de soja para colheita

A partir do momento em que a semente atinge o ponto de maturidade fisiológica a planta cessa o transporte de nutrientes para a semente. Com isso, ela chega ao máximo acúmulo de matéria seca.

Neste ponto a semente encontra-se com as melhores características fisiológicas.

Porém devido à alta umidade e presença de ramos e folhas verdes, a colheita mecânica não é possível.

Para conseguir colher a semente com melhor qualidade, realiza-se a dessecação da soja logo após o ponto de maturidade fisiológica que ocorre no estádio fenológico R7.

Este estádio inicia-se pelo aparecimento de uma vagem com coloração de madura na haste principal.

Depois é dividido em 3 classes que vão de acordo com o nível de amarelecimento das folhas e vagens.  

A melhor época de aplicação do herbicida é quando a soja possui em torno de 70% de suas vagens com coloração amarronzada ou bronzeada, no estádio R7. 2.

Em regiões ou anos atípicos, em que o clima durante os estádios R6 e R7 tem escassez de chuva e altas temperaturas, o manejo de dessecação não é necessário.

Nessa situação, a técnica só é utilizada se houver necessidade de controle de plantas daninhas.

fenologia da soja. Fonte: Coopertradição

(Fonte: Coopertradição)

Posso dessecar em R6 e antecipar ainda mais minha colheita?

Nesse estádio, as sementes de soja atingem sua máxima expansão. Porém, fisiologicamente, essa semente não está pronta!

Em lavouras comerciais produtoras de grãos, essa prática pode ocasionar uma diminuição de até 27% da produção.

Além disso, a dessecação em R6 diminui o teor de extrato etéreo na soja, que é essencial na alimentação animal, principal finalidade dos grãos.

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Planta da soja em estádio R6
(Fonte: Embrapa)

Como aumentar a eficiência do manejo

Mesmo utilizando herbicidas como paraquate, que tem efeito rápido sobre a planta (não perde a eficiência com chuvas após 30 min), não é bom que haja chuvas após a dessecação da lavoura de soja.

Por isso fique sempre atento às condições climáticas no momento e após aplicação do herbicida.

Caso ocorram chuvas após a aplicação do dessecante, pode não haver grande antecipação da colheita, como esperado. Mas, quando a chuva cessar, a área dessecada perderá umidade mais facilmente.  

É muito importante utilizar a tecnologia de aplicação adequada para a dessecação.

Em geral, produtos de contato somente serão eficientes se tiverem boa cobertura da planta.

A eficiência da dessecação e potencial de fitotoxidade podem variar de acordo com a cultivar.

Por isso, tente se informar sobre a resposta dos seus cultivares de soja para o manejo que pretende utilizar.

É fundamental que os herbicidas utilizados possuam recomendação para cultura da soja e a carência mínima para colheita seja respeitada. Fique atento!  

Principais herbicidas na dessecação de soja para colheita

O herbicida mais utilizado para o manejo de dessecação da soja para colheita é o paraquate.

Isso se deve à sua ação rápida e por não deixar resíduos no grão ou prejudicar os atributos fisiológicos da semente.

Porém, com a Resolução 177 da Anvisa, sua utilização será proibida a partir de 2020, devido às suas características toxicológicas.

Por isso recomenda-se que o produtor já comece a testar novas ferramentas que possam substituir este herbicida.

Planejamento e se antecipar a problemas futuros sempre foram a chave da lucratividade.

Mesmo que a proibição seja revogada, já existem áreas com buvas resistentes a paraquate. A dessecação com este produto já não controla os escapes, nesses casos.

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(Fonte: Peluzio et al., 2008 em Geagra)

>> Leia mais: “Herbicidas pré-emergentes para soja: Os melhores produtos e suas orientações

Opções para plantas daninhas resistentes na pré-colheita

Outras opções que podem ser utilizadas como alternativa ao paraquate são os herbicidas diquat, flumioxazin, glifosato, glufosinato e saflufenacil.

Nas áreas com buva resistente a paraquate, os mais indicados seriam os herbicidas Saflufenacil na dose de 70 g/ha a 140 g/ha + adjuvante não iônico  ou glufosinato na dose de 2 L/ha + óleo mineral.

Além destes herbicidas para dessecação de áreas da plantação de soja pode se utilizar diquat 2 L/ha e flumioxazin 50 g/ha.

Após aplicação do herbicida flumioxazin deve-se esperar no mínimo 14 dias para o plantio do milho, evitando efeito residual na cultura.

O ideal é sempre que o manejo de buva ou amargoso, plantas daninhas resistentes a herbicidas, seja feito no período de entressafra.

Assim, existe maior disponibilidade de ferramentas e menor efeito guarda-chuva na aplicação.

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Buva é resistente ao Paraquate, por isso o manejo deve ser feito na entressafra
(Foto: Fernando Adegas/Embrapa)

O herbicida glifosato também pode ser utilizado para dessecação de soja para colheita convencional, mas não é efetivo no controle de buva e amargoso.

Em áreas produtoras de semente, devido ao mecanismo de ação sistêmico do glifosato, a qualidade da semente pode ser prejudicada.

É importante que a recomendação de produtos fitossanitários seja feita por um agrônomo. Mas o produtor deve estar sempre atento a novas informações para auxiliar em sua recomendação.

planilha para estimativa de perdas na colheita Aegro

Conclusão

Vimos aqui diversas vantagens na prática da dessecação de soja para colheita, porém, esta deve ser aplicada de maneira técnica.

Cuidado com o momento da aplicação do herbicida, pois deve ser logo após o ponto de maturação fisiológica.

Antes desse momento podem ocorrer perdas de produtividade de grãos ou menor qualidade da semente.

Além disso, cuidado com chuvas após a aplicação do dessecante.

Não esqueça de se atentar a alguns detalhes na escolha do herbicida como a variedade utilizada e a infestação de plantas daninhas na colheita. Boa safra!

>> Leia mais:

Custo de produção de soja: Entenda por quanto vender sua saca”
Doenças de final de ciclo soja: Principais manejos para não perder a produção

Você já pensou em fazer a dessecação de soja para colheita? Ficou alguma dúvida? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Evite a rebrota da planta de algodão com esses 2 tipos de manejos

Planta de algodão: saiba como fazer o manejo químico e mecânico da soqueira e reduza a incidência de pragas e doenças na lavoura.  

A destruição da soqueira é uma prática essencial na cultura do algodão para interromper o ciclo de pragas e doenças.

Mas, você sabe como são os manejos mais adequados para evitar a rebrota?

Neste artigo, separamos os detalhes de tratamentos que trazem bons resultados. Confira a seguir!

Por que é necessário destruir a planta de algodão após a colheita

A planta de algodão é usada, pelo menos, desde 4.500 anos a.C.. Atualmente a produção mundial tende a aumentar para 121,97 milhões de fardos na safra 2018/19.

Nesse sentido, o Brasil também vem elevando sua produção e, junto com ela, a preocupação com seu manejo.

Depois que colhemos o algodão em pluma, é preciso se preocupar com a destruição dos restos culturais. Isso porque o algodão é uma planta que após sua colheita pode rebrotar e continuar ocupando a área.

Esta prática é feita para reduzir doenças e a população de pragas do algodão (Gossypium hirsutum L.)

As principais pragas do algodão alvos dessa prática são:

  • Bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis);
  • Lagarta-rosada (Pectinophora gossypiella);
  • Broca-da-raiz (Eutinobothrus brasiliensis);
  • Ramulose (Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides);
  • Mancha-angular (Xanthomonas axonopodis pv. malvacearum);
  • Doença-azul (Cotton leafroll dwarf virus).

Outras pragas controladas com a destruição das soqueiras são algumas espécies de lagartas como as do gênero Helicoverpa spp.

planta de algodão

Bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis) é a principal praga da planta de algodão que vem preocupando todo o mundo
(Fonte: Sebastião Araújo/Embrapa – Informativo Técnico Nortox)

O controle de insetos-praga do algodoeiro nos Estados Unidos, por exemplo, é um dos fatores que mais onera os custos de produção.  

E estudos científicos mostraram que a destruição de soqueiras possibilita redução de mais de 70% da população dos insetos que sobrevivem ao período de entressafra.

Para isso, são necessários pelo menos 60 dias sem planta de algodão no campo.

Assim, todo ano, o vazio sanitário ocorre entre o prazo final legal para destruição de soqueiras e início do calendário de semeadura da nova safra.

planilha de produtividade do algodão Aegro

Quais métodos podem ser adotados para o manejo?

Existem dois manejos principais que podem ser feitos para evitar a rebrota da planta de algodão. São eles o manejo químico e o mecânico.

O manejo químico da soqueira do algodão é realizado com herbicidas, o qual é responsável por eliminar restos culturais sem revolvimento do solo.

Já o manejo mecânico é realizado através do arranquio da soqueira.

Ambos podem ser feitos nas mais diversas variedades de algodão(espécies nativas, cultivo de algodão colorido, etc.). Vou falar mais especificamente sobre os dois:

Como fazer o manejo químico

Os dois herbicidas mais utilizados na destruição química das soqueiras são o glifosato e o 2,4-D.

Esses produtos possuem ação sistêmica dentro da planta e são transportados pelos vasos condutores até as raízes. Para a destruição química você deve atentar-se a qual tecnologia está no campo.

Para algodão convencional ou com melhoramento genético (LL®), os herbicidas mais utilizados são glifosato e 2,4-D.

Já para RF® e Glytol® (resistentes ao glifosato), a opção seria o uso de 2,4-D.

Outra boa opção é fazer a roçada das plantas com posterior aplicação de herbicida.

Observe abaixo o trabalho realizado por Andrade Junior et al. (2015).

Os autores testaram 15 tratamentos, incluindo os herbicidas 2,4-D, glifosato, glufosinato, carfentrazone, saflufenacil e flumiclorac.

A conclusão do trabalho é que a aplicação de 2,4-D logo após a roçada é fundamental e que é necessário realizar uma segunda aplicação sobre as rebrotas (ramos com cor verde).

Os melhores resultados foram obtidos com 2,4-D + Radiant, 2,4-D + Aurora, 2,4-D + Finale e 2,4-D + Heat.

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(Fonte: Andrade Junior et al. (2015))

Em outro trabalho, Sofiatti et al. (2015) estudaram a destruição de soqueiras na cultivar IMA 5675B2RF, resistente ao herbicida glifosato.

Os autores observaram que os melhores tratamentos foram aqueles em que se empregou o manejo mecânico.

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(Fonte: Sofiatti et al., 2015)

Observe o gráfico abaixo e entenda melhor os resultados alcançados pelos autores:

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(Fonte: Miranda e Rodrigues Adaptado de Sofiatti et al. (2015))

Já em trabalho realizado por Ferreira et al. (2015), os autores observaram que os melhores tratamentos foram para aplicações sequenciais:

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(Fonte: Miranda e Rodrigues (2015))

Como fazer a destruição mecânica da planta de algodão

Este tipo de manejo é muito utilizado em toda área onde é cultivado algodão, mas é especialmente importante naquelas mais voltadas à preocupação ao meio ambiente, como o cultivo orgânico.

Existem hoje vários implementos agrícolas que você pode optar para realizar a destruição mecânica.

Sua escolha deverá ser baseada nos manejos adotados na sua lavoura, principalmente se você adota práticas conservacionistas do solo. Vou te mostrar algumas opções:

1 – Arrancador de discos em “V”

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(Fonte: Valdinei Sofiatti, Pesquisador da Embrapa Algodão)

2 – Arrancador de discos

  • É acoplado ao hidráulico do trator;
  • Seus órgãos ativos são discos lisos côncavos;
  • Profundidade de 8 cm a 15 cm;
  • Alta eficiência no arranquio das plantas previamente roçadas;
  • Há formação de sulcos e camaleões.

3 – Cortador de plantas

  • Acoplado à barra de tração do trator;
  • Para cada linha de algodoeiro previamente roçada, possui dois discos que atuam aos pares;
  • Os discos apresentam certa angulação para favorecer sua penetração no solo;
  • Profundidade de trabalho de 3 cm a 5 cm;
  • As plantas são cortadas na região do colo;
  • Excelente eficiência na destruição da soqueira;
  • Baixo revolvimento do solo.

4 – Matabrotos-algodão

  • As plantas precisam estar roçadas;
  • Possui hastes com lâminas horizontais, que vão trabalhar no perfil do solo;
  • Trabalha a uma profundidade entre 20 cm e 35 cm;
  • Corta a raiz pivotante do algodoeiro e desestabiliza as secundárias.
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(Fonte: Saul Carvalho)

5 – Destroyer (destruidor de touceira)

  • É um combinação de um subsolador com um rotor picador de palha;
  • Também conhecido por triton ou trincha;
  • O rotor picador destrói a parte aérea da planta;
  • As hastes com lâminas horizontais (que ficam na parte de trás) vão atuar no perfil do solo;
  • Profundidade entre 20 cm e 30 cm;
  • Em uma única passada, faz todas as operações necessárias à destruição das plantas.

6 – Roçadeira ou triton + grade aradora

  • Corta e estraçalha a parte aérea da planta de algodão;
  • Facilita a incorporação dos restos culturais ao solo;
  • Na próxima operação utiliza a grade aradora;
  • Mobiliza e revolve o solo até a profundidade de 10 cm a 12 cm;
  • Pode precisar de até três passadas com a grade aradora, e outra, com a niveladora;
  • Pode favorecer a formação de camadas compactadas;
  • Os discos pulverizam em excesso o solo.

7 – Cotton Mil

  • Atrelado à barra de tração do trator;
  • É um disco côncavo e liso que atua sobre a linha do algodão;
  • Pequenas profundidades (a partir de 1 cm);
  • O implemento arranca ou corta as plantas previamente roçadas, ocasionando pequenos sulcos;
  • Pequena mobilização do solo;
  • Na parte frontal possui discos lisos e planos para cortar os resíduos.

8 – Arrancador-triturador de soqueira

  • Na parte frontal possui um rotor picador de palha;
  • Na parte traseira possui uma barra porta-ferramentas acoplada a um disco liso côncavo;
  • As plantas são arrancadas e deslocadas para as laterais do disco;
  • Profundidade de trabalho entre 6 cm e 10 cm;
  • Deixa a superfície do solo com desníveis;
  • Realiza em uma única passada todas as operações necessárias à destruição das plantas.

9 – Destruidor de plantas

  • Acoplado à barra de tração do trator;
  • Sistema hidráulico próprio (não usa o sistema hidráulico do trator);
  • Corta as plantas na região do colo;
  • Profundidade de trabalho entre 3 cm a 5 cm;
  • O solo é pouco mobilizado pelos discos;
  • Excelente eficiência na destruição das plantas.

10 – Destruidor de plantas Cotton 100

  • Acoplado à barra de tração do trator;
  • Cada unidade destruidora possui um disco de corte vertical (corta o sistema radicular das plantas);
  • Esteira arrancadora: as plantas são retiradas do solo e conduzidas a uma faca;
  • A faca separa a raiz do restante da planta;
  • As partículas são padronizadas e lançadas ao solo.

Observe a tabela abaixo e verifique a comparação entre os implementos para destruição de soqueiras:

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(Fonte: Silva (2006))

Conclusão

A área plantada e produção de algodão (de fibras curtas e médias principalmente) aumentou no país nos últimos anos. Mas a rebrota da soqueira pode reduzir a produção algodoeira.

Neste texto foram discutidos os principais tipos de manejo para evitar essa situação.

Você pôde conferir também quais herbicidas são mais eficazes para a destruição química e os implementos indicados para destruição mecânica dos restos culturais.

A destruição da soqueira reduz pragas agrícolas e doenças para tornar sua lavoura mais rentável.

Então, agora que você já sabe as recomendações de uso, pode fazer a escolha mais adequada à sua propriedade!

>>Leia mais:

Como evitar e combater a mela do algodoeiro em sua lavoura

Você tem dicas sobre o manejo da soqueira da planta de algodão? Restou alguma dúvida? Baixe aqui uma planilha gratuita e estime a produtividade da sua próxima safra de algodão!

8 dicas de como acabar com as lagartas da sua lavoura

Como acabar com as lagartas: saiba quais são as principais e veja as principais táticas de manejo

Visitar a lavoura e ver as folhas raspadas nunca é um bom sinal. Por isso, as lagartas estão entre as principais pragas agrícolas do Brasil e do mundo.

A ausência de medidas de manejo para o controle de lagartas pode aumentar os custos de produção em até R$ 500 na cultura da soja, por exemplo. Esse valor pode aumentar a depender do ano, da cultura e das altas dos insumos.

Saber como identificar as lagartas e os danos causados por elas é o primeiro passo para evitar perdas na produtividade.

Neste artigo, conheça as lagartas mais perigosas para as culturas agrícolas e saiba como livrar sua lavoura delas. Boa leitura!

O que são as lagartas e suas características gerais

As lagartas são insetos mastigadores da ordem Lepidoptera, que causam danos diretos nas folhas das culturas. Elas são consideradas pragas quando estão em populações capazes de causar danos econômicos maiores do que o custo do seu controle. 

Elas costumam atacar culturas diferentes cultivadas em sucessão em uma mesma área. Recentemente, algumas espécies eram consideradas pragas secundárias, como a lagarta-das-folhas. Ela passou a ser primária na soja, causando danos significativos.

Isso se deu por dois motivos principais: a aplicação desenfreada de inseticidas não seletivos aos inimigos naturais e a ausência ou manejo inadequado, especialmente em áreas com  cultivares resistentes. 

A ausência de área de refúgio e aplicações inadequadas de inseticidas agravam o problema. Produtores de diversas regiões, principalmente do Centro-Oeste, já relatam que as cultivares antes resistentes não têm suportado a pressão das lagartas. 

Principais tipos de lagartas de planta

Embora existam inúmeras espécies de lagartas, algumas são mais danosas às culturas. Afinal, são capazes de se alimentar e completar o ciclo de vida em diferentes espécies cultivadas em uma mesma área, em diferentes épocas do ano.

As principais espécies de lagartas que atacam as culturas agrícolas são as que você verá a seguir:

Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda

A lagarta-do-cartucho se alimenta de mais de 100 espécies de plantas e por isso, é de difícil controle. Ela tem hábito noturno, e durante o dia pode ser vista próxima ao solo.

Além de plantas adultas, a Spodoptera frugiperda ataca plântulas em estádio inicial de desenvolvimento. Isso provoca falhas no estande e redução da população final de plantas, o que também influencia na produtividade.

Ela se diferencia das demais lagartas por conter um Y invertido na parte frontal da cabeça. Possui coloração preta e verde, a depender do estádio de vida. Ao longo do ciclo da lagarta, a coloração é verde e quando chega na fase adulta, a coloração é escura.

Lagarta-preta-da-soja (Spodoptera cosmioides

A lagarta-preta-da-soja pode provocar a desfolha total da lavoura, atacando ainda as vagens. Isso reduz a produtividade e prejudica a qualidade da produção.

Ela se diferencia das demais pela coloração marrom ou preta, acompanhada de listras amareladas ao longo do corpo que chegam até a cabeça.  Além disso, possui pontuações de cor preta ou branca e triângulos no dorso, ao longo das listras.

Lagarta falsa-medideira (Chrysodeixis includens)

A lagarta falsa-medideira ataca mais de 70 hospedeiros, sendo considerada uma das principais desfolhadoras da soja. Nas plantas, estão localizadas nas porções inferiores.

Diferentemente da lagarta-da-soja, a falsa-medideira consome o limbo foliar. Dessa forma, ela mantém as nervuras intactas. A falsa-medideira possui coloração verde-clara e listras brancas na lateral do corpo, além de pontos pretos distribuídos ao longo do corpo.

Lagarta Helicoverpa armigera 

A lagarta Helicoverpa armigera é capaz de se alimentar de mais de 170 gêneros de plantas. Ela apresenta rápida reprodução, capacidade elevada de dispersão e ótima adaptação a diferentes condições ambientais.

Anualmente, causa prejuízos de mais de 5 bilhões de dólares e é considerada uma das principais ameaças das lavouras na atualidade. Além disso, diversos casos de resistência a diferentes grupos químicos inseticidas já foram relatados.  

Ela se diferencia das demais lagartas pelas listras marrons na lateral do corpo.

planilha pulverização de defensivos agrícolas

Lagarta-das-folhas (Spodoptera eridania

Os adultos da lagarta-das-folhas possuem hábito noturno e provocam o aspecto de esqueletização das folhas a partir da alimentação. Além disso, elas consomem as plantas do estágio inicial até as vagens.

Distingue-se das demais pela presença de um Y invertido na parte superior da cabeça. Por outro lado, essa é uma característica que dificulta diferenciar essa lagarta da Spodoptera frugiperda.

Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis

A lagarta-da-soja causa desfolhamento intenso, podendo resultar na destruição de todas as partes da planta. Como consequência, acaba causando danos irreversíveis à produção de soja, principalmente em folhas jovens.

Durante a alimentação, ela injeta toxinas na planta. Essa lagarta é um problema para diversas culturas, especialmente leguminosas, mas também em gramíneas como trigo e arroz. 

8 dicas para acabar com as lagartas na fazenda

Agora que você viu quais são as principais pragas que atacam as culturas, veja como acabar com a infestação de lagartas na sua lavoura.

1. Conheça o ciclo da lagarta presente na sua área

Conhecer o ciclo das lagartas ajuda a saber exatamente o momento correto de agir. Além disso, com conhecimento do ciclo, você consegue identificar essas pragas antes que elas alcancem a fase adulta, onde geralmente causam mais danos. 

Também vale lembrar que o ciclo das lagartas muda conforme a espécie, o que torna necessário que você saiba bem identificar as principais espécies.

2. Conheça sua área e sua cultura

Estude o histórico de ataque de pragas na área e as principais espécies que podem atacar sua cultura. Assim, você consegue planejar quais estratégias de controle usar em conjunto e sabe mais claramente como acabar com as lagartas. 

É importante entender quais cultivos próximos a sua lavoura são realizados. Afinal, a ausência de controle nesses cultivos pode influenciar na migração de pragas para a sua lavoura.

Assim, você visualiza quais as medidas ou estratégias de controle serão mais efetivas a serem utilizadas para conter o ataque das pragas.

É importante que nesse momento você contemple as espécies de pragas comuns ao sistema de cultivo. Por meio disso, trace estratégias de médio e longo prazo para reduzir a pressão populacional.

Entre as espécies comuns ao sistema agrícola brasileiro, podemos citar as lagartas Spodoptera frugiperda e Helicoverpa armigera. Ambas as espécies possuem potencial para atacar a maioria das plantas cultivadas.

3. Faça a semeadura na janela favorável

Semear em janela favorável permite a máxima expressão do potencial produtivo da cultivar utilizada e menor exposição às pragas. Ainda durante o planejamento, siga o zoneamento agrícola da sua região. 

Isso permitirá ao mesmo tempo a semeadura e colheita em épocas favoráveis. O zoneamento agrícola é publicado anualmente pelo Mapa. A semeadura no início da janela de plantio contribuirá para que a cultura não sofra com pressão populacional das pragas.

No caso do manejo de pragas da soja, há uma ressalva. Embora o plantio no início da janela te dê melhores condições climáticas na 2ª safra, em algumas regiões esse período poderá coincidir com períodos de estiagem.

Isso pode favorecer o ataque de algumas lagartas, como a lagarta-elasmo e a lagarta-do-cartucho na fase de estabelecimento da nova cultura. Por isso, é importante conhecer o histórico de pragas, das variáveis climáticas e o planejamento agrícola.

4. Não acabe com todas as lagartas da lavoura

Ao se deparar com lagartas em sua lavoura, esteja ciente que nem todas elas serão pragas do ponto de vista econômico. Para tomar boas decisões no controle das lagartas, monitore as pragas a nível de talhão para verificar sua densidade populacional.

É importante que você monitore semanalmente ou, pelo menos, de duas em duas semanas. Abaixo, veja um exemplo sobre o nível de controle (momento correto da ação) adotado para acabar com as lagartas Helicoverpa armigera, e S. frugiperda na cultura da soja.

níveis de ação para o controle de pragas
(Fonte: Embrapa )

Assim, registre seus monitoramentos da lavoura verificando o nível de ação para cada praga e cultura. Para facilitar esse processo, baixe a planilha grátis de monitoramento de pragas na lavoura. 

Com ela, seus dados ficam muito mais automáticos e fáceis de serem visualizados. Basta clicar na imagem abaixo para acessar o material:

5.  Invista em medidas preventivas de controle

Após verificar a necessidade de uma medida de ação, esteja preparado para isso. Nesse momento, as medidas adotadas são emergenciais com efeito curativo.

Existem outras estratégias preventivas que poderão contribuir para conter esse momento. Uma das mais efetivas é a rotação de culturas, mas não a confunda com a sucessão de culturas. Além da rotação de culturas, há outras medidas preventivas importantes, como:

  • a adubação equilibrada;
  • uso de cultivares de ciclo curto ou de ciclo precoce;
  • a semeadura de materiais genéticos resistentes naturalmente.

Uma estratégia que apresenta bons resultados é o plantio de variedades ricas em silício. Além disso, a aplicação de fertilizantes à base desse nutriente na planta também possui bons resultados.

O silício causa o desgaste mandibular das lagartas e ajuda na redução populacional das pragas e nas injúrias causadas na cultura.

6. Invista em medidas curativas de controle

Após o ataque de pragas, estratégias de controle eficientes devem ser utilizadas para evitar o prejuízo financeiro. A principal estratégia é o uso de inseticidas químicos e microbiológicos.

Na dessecação, você pode associar o inseticida ao herbicida. Também é interessante realizar o tratamento de sementes. Vale lembrar que isso deve ser feito a cada nova cultura implantada.

Se você possui lavoura geneticamente modificada, não é recomendável aplicar inseticidas à base de Bacillus thuringiensis para evitar a evolução da resistência.

Outro ponto importante é manter áreas de refúgio, com uso de sementes convencionais em 10% da área. No entanto, a aplicação de  inseticidas microbiológicos à base de vírus são permitidos e altamente recomendados. 

Além disso, existem diversos outros compostos que podem ser utilizados para acabar com as lagartas, como podemos ver na figura abaixo.

(Fonte: Irac-BR)

O controle biológico aplicado através da liberação de Trichogramma pretiosum é recomendável e já está consolidado. Ele ocorre especialmente em áreas de refúgio e nas regiões que se observam casos de falha de inseticidas.

7. Integre o maior número de estratégias de MIP

Para garantir que as lagartas não sejam um problema em sua lavoura, é importante agregar outras estratégias de Manejo Integrado de Pragas. Por exemplo, o controle comportamental com feromônios sexuais auxiliam no monitoramento populacional.

Junto a ele, as práticas culturais permitem a diversidade e sobrevivência de inimigos naturais na área, auxiliando na mortalidade natural. Para um MIP eficiente, você também deve integrar práticas mecânicas, genéticas, químicas e biológicas.

Não esqueça também de registrar o monitoramento de pragas em local seguro e que facilite a visualização das infestações.

8. Aposte em tecnologia para otimizar o controle e o manejo

Um planejamento estratégico te permite integrar todas essas medidas e a acabar com as lagartas mais facilmente. Por isso, anote o custo total de cada talhão e de cada manejo diferente. No final da safra, não esqueça de registrar a produtividade de cada talhão

Verificando os controles que deram mais certo, você saberá melhor o que fazer na próxima safra. Além disso, terá maior controle dos custos da safra e da rentabilidade da sua área de cultivo.

Monitoramento de pragas eficiente por aplicativo

Com o Aegro você tem seu monitoramento georreferenciado e ainda mais facilitado. Veja como aqui.

Através de softwares de gestão agrícola como o Aegro, você consegue registrar todas as atividades e monitorar a situação de cada talhão.  Ao fazer o MIP com o Aegro, você sabe onde há mais pressão populacional de lagartas, o que te ajuda a agir rapidamente. 

Afinal, você consegue:

  • Planejar as atividades de MIP;
  • Monitorar as pragas orientado por GPS agrícola;
  • Ter registro de amostragens pelo celular;
  • Visualizar mapas com níveis de infestação na lavoura;
  • Receber alertas quando houver alta incidência de lagartas;
  • Acessar o histórico completo dos seus talhões.

Conclusão

Como acabar com as lagartas não é tarefa fácil, especialmente no Brasil, é necessário ficar por dentro das melhores táticas de controle e manejo. 

No entanto, com um bom planejamento e o uso adequado das ferramentas do Manejo Integrado de Pragas, você garantirá sucesso na lavoura.

A integração do maior número de táticas de MIP é necessária, especialmente em um momento de carência de novas moléculas inseticidas no mercado. Aproveite as dicas deste artigo e tenha uma boa safra!

>> Leia mais:

“Pragas do milho: Principais manejos para se livrar delas”

“Tudo o que você precisa saber sobre controle da broca-das-axilas”

Já sabe como acabar com as lagartas da sua lavoura? Aproveite e inscreva-se na nossa newsletter para receber mais materiais como este.

Como fazer uma dessecação em pré-colheita de soja eficiente

Dessecação em pré-colheita de soja: Qual o melhor momento para fazê-la, os principais herbicidas e outras dicas para conseguir uma colheita ainda melhor.

Dessecar uma plantação de soja para colheita é uma unanimidade entre os sojicultores.

Mesmo assim, sempre divide opiniões entre pesquisadores e até mesmo os produtores brasileiros se o processo como um todo é viável.

Alguns dizem que a maturação “forçada” da soja pode comprometer no ganho de produtividade final.

Diante de tantas especulações, reuni neste texto o que deve ou não ser feito para que a dessecação apenas acrescente ao bolso do produtor. Confira!

Por que devo dessecar uma plantação de soja?

Levando ao pé da letra, dessecar é um processo que consiste na secagem rápida e extrema de uma planta. Com isso, tiramos toda sua umidade (água) de forma que ela fique completamente seca.

A propriedade rural hoje é vista como uma empresa produtora completa de proteína vegetal e animal.

Logo, se faz necessário que adotemos técnicas, como a dessecação, e meios que permitam agilizar todo o processo de produção de soja para que uma nova safra se inicie.

plantação de soja      Os dois maiores produtores de soja mundiais, Brasil e Estados Unidos, reduziram a estimativa de produção total em relação ao esperado no começo da safra devido a fatores climáticos. Realizar uma boa dessecação pode ajudar a na redução de perdas na colheita e, consequentemente, produtividade.
(Fonte: Foto de Tarso Veloso/ARC em Globo Rural)

Além disso, houve a entrada de cultivares de soja cada vez mais precoces e produtivas para que os produtores pudessem antecipar ao máximo o plantio do milho safrinha.

Toda essa pressa tem nome: janela de plantio.

A janela de plantio é o intervalo respeitado pelos produtores rurais que define qual o período adequado de semeadura conforme a região, devido especialmente a radiação solar, temperaturas e incidência de chuvas.

Fora desse intervalo a plantação de soja não encontrará as melhores condições, portanto, pode afetar diretamente na produtividade de soja.

Objetivos da dessecação da plantação de soja

A dessecação de soja para colheita é usada de forma frequente nos últimos anos. Essa prática possui três benefícios fundamentais para os produtores:

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(Fonte: Syngenta)

1. Antecipação da colheita

Realizar a semeadura nos primeiros dias da janela de plantio é uma das formas de reduzir os riscos climáticos que são típicos de cada região, sejam eles geadas ou veranicos.

Além disso, a dessecação permite antecipar a colheita da soja, sendo essencial em regiões com possibilidade de realizar a segunda safra, principalmente com a cultura do milho.

Ocorre aqui uma relação que é diretamente proporcional: Se eu respeito minha janela de plantio, eu desseco minha área, antecipo minha colheita e inicio o plantio da safrinha.

A antecipação da colheita pode variar de 3 a 7 dias, dependendo de:

a) Momento da dessecação (umidade do grão);
b) Produto utilizado;
c) Condições climáticas após a dessecação.

2. Uniformidade da plantação de soja

A uniformidade da maturação dos grãos é um fator muito importante, pois permite maior rendimento operacional da colhedora.

Isso reduz os problemas de plantas com haste verde e retenção foliar, o que faz com que a máquina embuche menos, diminuindo de forma expressiva a perda de grãos e menor índice de impurezas.

3. Controle de infestação de plantas daninhas

Com a dessecação é realizado o controle de invasoras que não foram manejadas corretamente no início do cultivo, facilitando assim a colheita.

Qual o momento certo de dessecar a soja?

O momento exato para a dessecação é considerado o ponto mais crítico dessa prática.

Quando a soja completa a sua maturação fisiológica se dá o maior acúmulo de matéria seca, e a partir daí a cultura só perde água.

Isto ocorre a partir do estádio R6.5, onde já não se tem perdas no rendimento.

O mais recomendável é que se faça a dessecação entre os estádios R6.5 e R7.

Utiliza-se normalmente o estádio R7, por ser de mais fácil visualização a campo (folhas mais amareladas).

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(Fonte: Baseado Pedersen (2007), criado por Erin W. Hodgson (2010) publicado em Hodgson (2012))

VE: Cotilédones emergidos
VC: Folhas unifolioladas expandidas (bordas são se tocam)
V1: 1° folha trifoliolada expandida
R1: 1ª Flor aberta em qualquer nó
R2: Flor aberta no primeiro ou segundo nó do ramo principal
R3: Vagens com 5 mm nos 4 primeiros nós
R4: Vagens com 2 cm nos 4 primeiros nós
R5: Grãos com 3 mm em um dos 4 primeiros nós
R6: Grão verde que preenche a capacidade da vagem em um dos 4 primeiros nós
R7: Uma vagem do ramo principal atingiu a cor de vagem madura
R8: 95% das vagens atingiram a cor de vagem madura

O método usado para conhecer o momento ideal para fazer a dessecação numa área de soja com certeza é uma das principais preocupações do produtor rural.

Por isso, listei algumas dicas que você deve levar em consideração para fazer uma dessecação segura e eficaz:

Dica 1

Os grãos de soja precisam estar com no máximo 58% de umidade. Recolha uma amostra dos grãos que retirou das vagens e faça um teste simples de umidade.

Dica 2

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Folhas e vagens devem estar mudando da coloração verde intenso para verde claro a amarelo.
(Fonte: DuPont Pioneer)

Dica 3

Grãos passando de aspecto esbranquiçado para aspecto brilhoso (Lado A).

Dica 4

Quando, ao abrir a vagem, os grãos estiverem desligados um do outro (não presos por fibras, “desmamados”) (Lado B).

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(Foto: Adaptado pela autora de Edson e Paulo em Informações agronômicas)

Dica 5

Pelo menos uma vagem sadia sobre a haste principal que tenha atingido a cor de vagem madura, normalmente amarronzada ou bronzeada.

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(Foto: Edson e Paulo em Informações agronômicas)

Na agricultura essa secagem é feita com a ajuda de produtos dessecantes, facilmente encontrados em estabelecimentos credenciados para esse tipo de venda.

Nesse momento é necessário muita atenção em que dessecante usar, veja só:

Principais herbicidas para uma dessecação eficiente na pré-colheita

A dessecação pré-colheita da soja é feita com uso de herbicida que quando aplicado na soja causa o mesmo efeito em plantas daninhas: ele seca rapidamente a planta.

Automaticamente as folhas caem e com pouca água em seu interior está feito o trabalho.

O ganho com a dessecação na antecipação da colheita pode variar de 3 a 7 dias, isto depende muito de vários fatores, entre eles:

  • A umidade que o grão apresenta no momento da dessecação;
  • A qualidade do produto utilizado;
  • Condições climáticas após a dessecação.

Para obter os resultados esperados, o agricultor deve sempre respeitar o período de carência dos dessecantes.

Aqui está um complicado nos herbicidas mais usuais na dessecação de soja hoje:

Gramoxone + Agral

  • Dose: 1,0 a 1,5 l/ha + 0,1% v.v.
  • Volume de calda: 150 a 200 l/ha
  • Utilização: dessecação para antecipação de colheita ou lavoura com infestação mista predominante de gramíneas
  • Carência: pelo menos 7 dias.

Reglone + Agral

  • Dose: 1,0 a 2,0 l/ha + 0,1% v.v.
  • Volume de calda: 150 a 200 l/ha
  • Utilização: dessecação para antecipação de colheita ou lavoura com infestação mista predominante de folhas largas
  • Carência: pelo menos 7 dias

Gramoxone + Reglone (+ Agral)

  • Dose: 0,75 a 1,0 l/ha de cada produto (+ 0,1% v.v.)
  • Volume de calda: 150 a 200 l/ha
  •  Utilização: dessecação para antecipação de colheita ou lavoura com infestação mista de gramíneas e folhas largas
  • Carência: pelo menos 7 dias

Ação desses produtos é aquela de contato, ou seja, não translocam (caminham) pela planta.

Por isso, a absorção deles são em 30 minutos, fazendo com que chuvas após a aplicação não interferem na sua ação, além de que não possuem efeito residual.

Se atente para o uso desses defensivos agrícolas que deve ser orientado por um engenheiro(a) agrônomo(a).

Outros benefícios da dessecação bem feita na plantação de soja

Nós já falamos aqui sobre os principais objetivos da dessecação, mas além da uniformidade, antecipação da colheita e eliminação de plantas daninhas temos outros benefícios com essa prática:

  • Venda antecipada, obtendo melhor preço;
  • Capital de giro para aquisição de adubos, sementes e outros insumos;
  • Plantio da cultura subseqüente no limpo;
  • Aproveitamento da maior umidade do solo para a safra seguinte;
  • Melhor resultado na safrinha;
  • Transporte de grãos de soja sem impurezas;
  • Redução de perdas na colheita, como impurezas, proporcionando grãos mais limpos;
  • Melhor qualidade dos grãos colhidos.

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(Fonte: Foto Anderson Viegas em G1 e Ponta Porã Informa)

Desafios com a dessecação

Pode-se perceber as diversas vantagens de utilizar a dessecação na cultura da soja, no entanto, o produtor precisa ficar atento ao momento correto de se realizar a aplicação do herbicida.

Caso a colheita, após a dessecação demore, o produtor pode ter surpresas desagradáveis como:

  • Perdas com abertura de vagens;
  • Maior incidência de grãos “ardidos”;
  • Germinação da soja na própria planta, dentro da vagem, caso ocorra excesso de umidade na lavoura por período prolongado;
  • Perda de qualidade das sementes de soja.

Além disso, se ocorrerem dias chuvosos após a dessecação, pode não haver grande antecipação da colheita.

Entretanto, após a chuva cessar, a perda de umidade é mais rápida na área dessecada.

A velocidade de secagem das plantas de soja vai depender do produto que você usar, da dosagem e, principalmente, das condições climáticas.

A sua colheita ainda pode ser feita sem a dessecação da plantação de soja


A colheita também pode ser feita sem dessecação, mas o produtor deve levar em conta os benefícios da prática, aliado às informações de previsão de tempo.

Assim é necessário que você avalie os riscos envolvidos antes da tomada de decisões.

Por isso, sempre é interessante ter um bom planejamento agrícola, prevendo todas essas condições antes mesmo do plantio da soja.

Respeite o momento certo de aplicação do dessecante, que é fundamental, pois evita perdas no rendimento da cultura, caso seja feito antes do tempo correto, que é a maturação fisiológica das plantas.

Se você fizer a dessecação antes desse ponto, a soja perde massa dos grãos.

A partir desse ponto recomendado, a planta já finalizou o transporte de nutrientes para os grãos e já atingiu o pico de matéria seca e está apenas perdendo água.

É importante também que os produtores de soja que adotam a dessecação da soja sigam as orientações agronômicas de um profissional.

Conclusão

Conhecida por antecipar a colheita, a dessecação em soja sem dúvidas é uma prática que se usada corretamente proporciona somente ganhos ao produtor.

Além disso, a colheita cedo se traduz em melhor plantio de safrinha, uniformiza sua lavoura e pode proporcionar uma colheita mais eficiente.

Aqui vimos as principais orientações para que essa dessecação seja a melhor possível, mas lembre-se que existe a opção sem dessecação para safras chuvosas no período de colheita e a depender de sua estratégia de venda.

Considere todos os benefícios e riscos, tome sua decisão consciente e boa colheita!

>> Leia mais:

“Como fazer o melhor uso de inseticida na dessecação da lavoura”

A dessecação da plantação de soja é comum na sua região? Como costuma fazer? Restou alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!

Inseticidas para soja: Faça eles se pagarem

Inseticidas para soja: Veja as principais dicas de defensivos e suas aplicações para que você tenha um manejo de pragas mais eficiente e econômico.

O uso adequado dos inseticidas, com o MIP, economizaria R$ 4 bilhões na produção nacional de soja, segundo Embrapa.

Os produtos corretos, a tecnologia e o momento da aplicação são fundamentais para isso.

No entanto, ao ver a lavoura com percevejos e lagartas fica difícil estimar o quanto podemos esperar para compensar a aplicação, ou mesmo as alternativas de controle.

Por isso, aqui mostramos as mais importantes informações para embasar suas decisões na lavoura e conseguir um manejo que faça os inseticidas se pagarem. Confira:

Entendendo as realidades da soja Bt e não-Bt

Liberada para comercialização desde a safra 2013/2014, a soja transgênica, que expressa a proteína inseticida derivada de Bacillus thuringiensis (Bt), representa a maior parte das lavouras brasileiras.

A tecnologia de soja Bt, comercialmente chamada de INTACTA RR2 PRO, apresenta atividade inseticida e efetividade no controle dos insetos:

  • Lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens);
  • Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis);
  • Lagarta-das-maçãs( Chloridea (=Heliothis) virescens);
  • Helicoverpa armigera.
inseticidas

Principais pragas alvo da soja Bt
( Fonte: Pioneer)

O que isso quer dizer para o manejo de pragas na cultura da soja?

O uso da tecnologia Bt implica na realização de áreas de refúgio. Elas devem corresponder a 20% da área, e é importante que você a faça para evitar a resistência dos insetos da sua área aos defensivos agrícolas.

Essas áreas tem como objetivo de manter os insetos suscetíveis às proteínas Bt, se acasalando com os insetos resistentes da vindos da lavoura Bt.

Além disso, você preserva essa tecnologia e consegue aumentar o número de safras com ela, o que resulta em economia das pulverizações e sustentabilidade do meio ambiente.

Você pode conferir o passo a passo de como fazer a área de refúgio aqui.

Consequentemente, os insetos alvo da tecnologia Bt serão grandes problemas como pragas nas áreas cultivadas com soja não-Bt (área de refúgio).

O esperado é que nas áreas de soja não-Bt teremos mais lagartas atacando as plantas quando comparado a soja Bt.

2-inseticidas-pragas-área-de-refúgio

Área semeada com soja não-Bt à esquerda e soja Bt à direita
(Fonte: Monsanto)

No entanto, pragas em comum nas sojas Bt e não-Bt também ocorrerão, como é o caso das lagartas do gênero Spodoptera spp., os percevejos-fitófagos, mosca-branca, ácaros, entre outras pragas.

A pergunta que fica é: Será que esse ataque na parte não Bt vai afetar minha produtividade e rentabilidade?

Se você seguir as recomendações do Manejo Integrado de Pragas (MIP), inclusive as dicas aqui citadas, aplicando somente quando necessário, a resposta dessa pergunta é não.

Aliás, diversos estudos de caso e científicos mostram cada vez mais que a produtividade e economia tendem a aumentar em áreas que seguem essas recomendações do MIP.

Como fazer o manejo nas áreas de soja Bt e não-Bt

Você pode aplicar inseticidas e outros métodos de controle nas áreas de refúgio.

Mas, antes de fazer qualquer aplicação de inseticida nas áreas de soja Bt e não-Bt é fundamental o monitoramento e amostragens dos insetos-praga para verificar se há a necessidade de alguma intervenção.

Monitore sua lavoura constantemente, sendo recomendado a frequência semanal. Anote os danos ou número de inseto que você encontrou em algum lugar e verificar o Nível de Controle (NC).

O NC é o nível de danos ou de insetos que ainda não estão prejudicando economicamente sua produção, mas que indica a necessidade de tomar alguma medida de controle dentro de pouco tempo, evitando o prejuízo econômico.

Os níveis de ação ou de controle das pragas podem ser verificados na figura abaixo.

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Níveis de ação para os principais lepidópteros-praga da soja
(Fonte: IRAC-BR)

No caso dos percevejos na soja, os níveis de ação são os mesmo e podem ser verificados no post “Percevejo marrom: 7 estratégias de controle na soja”.

Para facilitar os registros do seu monitoramento de pragas e verificação do NC, nós preparamos uma planilha de Excel que automatiza mais essas informações e te dá muito mais segurança.

Baixe sua planilha gratuita clicando na imagem abaixo!

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Com o Aegro você tem seu monitoramento georreferenciado e ainda mais facilitado. Veja como aqui.

Dica de manejo antes da decisão de aplicar

A cultura da soja, diferente das demais, consegue compensar níveis de desfolhas sem que haja interferência na sua produtividade.

Na fase vegetativa ela tolera até 30% de desfolha e na fase reprodutiva até 15% sem que haja implicações na produção.

Sendo assim, faça o monitoramento de pragas e também verifique o nível de desfolha na cultura.

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Escala de desfolha em folíolos de soja
(Fonte: NC Soybean)

Principais orientações sobre inseticidas para soja

Uma coisa que você deve estar ciente é que as pragas se diferenciam de local para local.

Ou seja, elas sofrem a influência da cultura anterior e das condições climáticas, entre outros, que poderão favorecer ou não determinado inseto-praga.

Portanto o “segredo” do manejo é amostrar os insetos, antes e durante o plantio, para saber o melhor inseticida a ser utilizado, e o momento correto.

Aqui vamos dividir as pragas e os principais tipos de inseticidas utilizados conforme o momento de ataque na cultura.

Antes disso, confira os grupos químicos e os principais inseticidas em cada um, entendendo melhor as dicas a seguir:

7-grupo-químico-inseticidas

(Fonte: IRAC)

Pragas iniciais e de solo

Considerado um dos períodos críticos da cultura, esse conjunto de pragas pode comprometer o número de plantas de soja/ha (estande).

Isso porque elas atacam a raiz, o colo da planta e seccionam o caule da planta, implicando em replantio.

As principais pragas nessa fase são:

Aqui pode-se fazer o controle químico com inseticidas do grupo químico dos carbamatos, organofosforados e piretroides no momento da dessecação da área para o plantio.

Após a dessecação da área, pode se fazer o tratamento de sementes com inseticidas do grupo químico dos fenilpirazóis, carbamatos, piretroides, neonicotinoides e diamidas conforme as pragas-alvo da área.

Pragas da parte aérea ou de folhas

Conforme mencionado anteriormente, a cultura da soja pode tolerar 30% de desfolha na fase vegetativa e 15% na fase reprodutiva.

Durante a fase vegetativa os principais grupos de pragas que atacam a cultura são os lepidópteros (lagartas), coleópteros (besouros) e hemípteros (mosca-branca).

Entre as lagartas, as principais espécies são Helicoverpa armigera e Chrysodeixis includens.

Com relação aos besouros, se destaca D. speciosa e Maecolaspis sp. Nas últimas 5 safras tem se verificado o intenso ataque de Bemisia tabaci biótipo B (mosca-branca).

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(Fonte: Mato Grosso Econômico)

Por serem espécies diferentes, com comportamentos distintos, os inseticidas aqui também deverão ser específicos para cada grupo de praga:

Lagartas

Ao atingirem o nível de controle, os principais inseticidas utilizados são representados pelos grupos químicos das benzoilfeniluréias, diamidas, diacilhidrazina, espinosina, oxadiazina e semicarbazone.

Além dos químicos, temos os inseticidas microbiológicos a base de vírus que podem ser utilizados para o controle de C. includens, H. armigera e Spodpotera spp.

Aqui cabe uma ressalva: não utilize inseticidas a base de B. thuringiensis nas áreas de soja Bt e nas áreas de refúgio.

O intuito é não aumentar a pressão de seleção das pragas-alvo da soja Bt e retardar o processo de evolução da resistência.

Vaquinha (fase adulta)

Com relação ao controle de D. speciosa na fase adulta, os principais inseticidas utilizados são do grupo químico dos piretroides e análogo ao pirazol.

Mosca-branca

Para B. tabaci os principais inseticidas são a base de diamidas, éter piridiloxipropílico, cetoenol, feniltioureia, o microbiológico a base de Beauveria bassiana e Tetranortriterpenóide (azadiractina).

Pragas das estruturas reprodutivas ou de vagens

Nessa fase os principais grupos de pragas são os lepidópteros e os percevejos pragas. No primeiro grupo tem destaque as espécies do complexo Spodoptera spp., S. frugiperda, S. eridania e S. cosmioides.

Por danificarem as vagens e os grãos, devem ser eficientemente controladas. Os principais inseticidas utilizados são os mesmos mencionados no item anterior para pragas de parte aérea.

Entre os percevejos-praga, as principais espécies são Euschistus heros, Piezodorus guildinii e Dichelops spp.

Atualmente esse grupo de pragas carece de novas moléculas inseticidas para o seu controle e está limitado basicamente a três principais grupos químicos, que são: neonicotinoides, piretróides e organofosforados.

Por isso, é importante pensar no manejo dos inimigos naturais e no uso de inseticidas naturais. Saiba mais sobre eles nestes artigos:

Como manejar os inimigos naturais de pragas agrícolas da sua área
6 Inseticidas naturais para você começar a usar na sua lavoura

Dicas para uma tecnologia de aplicação ainda melhor

Cada cultivar de soja possui uma arquitetura que favorece ou desfavorece a penetração dos inseticidas.

Assim, o sojicultor pode trabalhar com algumas estratégias de tecnologia de aplicação para maximizar o controle.

Dentre elas, se atente para:

  • Pontas de pulverização;
  • Taxa de aplicação (L/ha);
  • Pressão de serviço;
  • Assistência de ar na barra de pulverização;
  • Momento da aplicação: umidade do ar e temperatura devem ser observadas;
  • Estude o uso de adjuvantes ou surfactantes.

Uso de inseticidas seletivos e manejo da resistência

Priorize inseticidas seletivos na fase inicial da cultura para evitar o desequilíbrio biológico. Esse desequilíbrio prejudica ainda mais a infestação de pragas na sua lavoura.

Faça também o manejo da resistência de inseticidas intercalando grupos de inseticidas diferentes por janela da praga.

Atenção especial deverá ser dada às áreas de refúgio (soja não-Bt). Esteja ciente quanto ao número de aplicações permitidas por janela e o grupo químico do inseticida utilizado para não comprometer o MRI e efetividade da soja Bt.

Veja o quadro informativo abaixo:

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Esquema de manejo de pragas da soja com inseticidas
( Fonte: IRAC-BR)

Os inseticidas se pagaram?

Você utilizou novos defensivos, alguns produtos biológicos, fez talhões com manejos diferentes… mas isso se pagou?

Só a partir dos registros corretos do que foi utilizado na sua área, e do quanto foi produzido, é possível saber se o manejo foi rentável.

Para isso, softwares de gestão agrícola facilitam esses registros e as análises provenientes dos mesmos. Veja o exemplo da rentabilidade de uma safra abaixo:

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Exemplo de rentabilidade total e por talhão em uma safra. Saiba mais sobre o Aegro aqui.

Além disso, como citamos anteriormente, também temos a planilha de excel para o MIP na soja e milho gratuita que você pode baixar aqui!

Conclusão

Aqui vimos que os inseticidas estão entre as principais estratégias de manejo na cultura da soja. Mas, eles apenas deverão ser utilizados quando detectado o nível de controle da praga em questão.

Tenha em mente que a escolha de inseticidas seletivos é fundamental para preservar a comunidade de inimigos naturais e favorecer o controle biológico de pragas.

O manejo da resistência de insetos na soja Bt e não-Bt também deverá ser realizado para prolongar a vida útil e efetividade dessa ferramenta no MIP na cultura da soja.

Aproveite todas essas dicas e faça seus inseticidas, e todo seu manejo, se pagar!

Como você contabiliza a eficiência dos seus inseticidas hoje? Tem outras dicas que não citei aqui? Restou alguma dúvida? Deixe seu comentário aqui embaixo!