5 maneiras de controlar os nematoides na soja

Nematoides na soja: veja como reconhecê-los na sua lavoura e as 5 principais maneiras de controlá-los de forma eficiente.

YouTube video player

No Centro-Oeste brasileiro já foram relatadas perdas de até 80% da produtividade de soja devido aos nematoides.

Os nematoides podem causar perdas pequenas até a inviabilização de uma área em sua propriedade.

O maior desafio é correta identificação no campo, já que é facilmente confundida com deficiência de nutrientes e de água.

Depois, a grande questão é como manejar esse patógeno, o que nem sempre é simples.

Neste artigo veremos como é a identificação dos principais nematoides na soja e como fazer o seu controle de forma eficiente.

Os nematoides na soja: características gerais

Para o controle correto dos nematoides em qualquer cultura é necessário reconhecer esse problema em campo.

Por isso, vou repassar as condições favoráveis a esses patógenos, assim você já tem uma noção se pode ser esse o problema da sua lavoura.

Em geral, terrenos arenosos ou franco-arenosos são mais favoráveis aos nematoides. Bem como as áreas de baixo índice de matéria orgânica.

Isso porque é bem mais facilitado a movimentação e a migração deles no solo.

As temperaturas ideais são as acima de 28 °C e a umidade também os favorece.

A presença de nematoides causam sintomas de baixo vigor e pouco desenvolvimento da parte aérea, podendo ocorrer clorose das folhas.

Por afetarem o sistema radicular esses sintomas podem ser confundidos com deficiências nutricionais e estresse hídrico, uma vez que podem prejudicar a absorção de água e nutrientes.

nematoides na soja

Sintomas visuais causados por nematoides na soja
(Fonte: LSU Ag Center)

É importante saber também que a severidade do ataque dos nematoides depende muito da suscetibilidade da cultivar plantada, e da espécie e raça do nematoide presente na lavoura.

Agora que vimos as características gerais, vou detalhar os sintomas dos principais nematoides na cultura da soja:

Nematoide de Cisto da Soja – Heterodera glycines

As fêmeas adultas e cistos se alimentam das raízes e nódulos radiculares.

Por isso, os danos causados resultam em sintomas visíveis como estresse e deficiências nutricionais.

Assim, o crescimento da soja é atrofiado e as folhas ficam cloróticas, até ganhando o nome de “doença do nanismo amarelo”.

Com a presença desses nematoides é possível visualizar sintomas foliares confundidos com estresse hídrico ou deficiência nutricional.

Em geral, a cinco semanas após a semeadura, observam-se pontos de coloração branca e amarelada nas raízes.

Se você tiver uma lupa, pode observar nas raízes nematoides brancos ou marrons, com formato de minúsculos limões.

2-nematoides-na-soja

Cistos do nematoide nas raízes da soja
(Fonte: Santino Aleandro da Silva em Agro Rural News)

Nematoide das galhas – Meloidogyne spp.

A ocorrência dos sintomas do nematoide das galhas também são semelhantes com os outros nematoides. Assim, os sintomas são em reboleira, sendo que as folhas ficam amareladas e o crescimento da planta é atrofiado.

O ciclo completo de vida do nematoide das galhas se dá em 37 dias. Os jovens penetram nos ápices radiculares e iniciam o desenvolvimento de células gigantes nos tecidos da raiz (as galhas).

Por isso, a diferença dos sintomas é no sistema radicular, onde se desenvolvem as galhas. Elas prejudicam o transporte de água e nutrientes, causando os danos que comentei.

3-nematoides-na-soja

(Fonte: Phytus Club)

Lesões radiculares – Pratylenchus brachyurus

Esse nematoide está bem presente em culturas de gramíneas também. Eles são favorecidos em áreas com solos mais arenosos.

O sistema radicular da soja parasitada se apresenta totalmente escurecido e as raízes finas ficam curtas.

4-nematoides-na-soja

(Fonte: Phytus Club)

Reniforme – Rotylenchulus reniformis

Os sintomas são muito parecidos com aqueles causados por outros tipos de nematoides, se assemelhando com problemas de deficiência nutricional.

Eles ocorrem em qualquer textura de solo, fazendo com que o sistema radicular se apresenta de forma mais “fraca”, mas sem formação de galhas.

A característica principal para a identificação é a massa de ovos sobre a superfície das radicelas (raízes finas).

5-nematoides-na-soja

Rotylenchulus reniformis em raízes
(Fonte:Jonathan D. Eisenback, Virginia Polytechnic Institute and State University em  CABI)

Baixe aqui a planilha gratuita para estimar sua produtividade de soja!

5 maneiras de controlar os nematoides na soja

Com certeza o manejo mais eficiente aos nematoides será os realizados na entressafra e no plantio.

Os desafios técnicos são grandes porque após o sua presença e estabelecimento na lavoura, a única saída é regredir e estabilizar a sua população, pois dificilmente eles serão eliminados.

Com isso as práticas culturais, continuam sendo as principais atividades para o controle.

Como veremos a seguir, essas práticas envolvem a rotação, sucessão de culturas e até mesmo consórcio com plantas não hospedeiras.

Mas uma prática isolada não é a solução.

A melhor opção é o uso associado de diferentes estratégias de controle, consolidando um manejo integrado.

Por isso agora vamos conhecer as 5 principais maneiras de controlar os nematoides na soja, assim você poderá selecionar as que fazem mais sentido na sua fazenda.

1. Controle Biológico de nematoides

Já foram identificados mais de 200 diferentes organismos que são inimigos naturais dos fitonematoides.

Estes microrganismos são encontrados normalmente no solo, parasitando ovos e cistos, ou predando nematoides juvenis e adultos.

Mas, pensar em uso de microrganismos para o controle de nematoides, devemos ter em mente que esses terão que aguentar as altas temperaturas de solo na semeadura.

Assim, se atente para a temperatura no plantio nesse método de controle.

Entre os microrganismos com efeito nematicida comprovado estão Paecilomyces lilacinus, Trichoderma harzianu, Arthrobotrys oligospora, Arthrobotrys musiformis, assim como algumas rizobactérias.

A seguir confira os principais para o controle na soja:

Paecilomyces lilacinus

É um fungo que afeta a capacidade reprodutiva dos nematoides.

Através do parasitismo dos ovos, ele penetra e destrói o embrião, ou atacando as fêmeas sedentárias, que são colonizadas e mortas.

Sua capacidade é de promover a redução de 60% na penetração do nematoide na fase de estabelecimento da cultura.

E existem produtos comerciais como o Nemat da Ballagro.

Trichoderma harzianum

É um fungo que através de várias estratégias combate o nematoide das lesões radiculares Pratylenchus spp.

Pochonia chlamydosporia

Esse fungo que parasita e mata ovos e fêmeas de nematoides.

E existem produtos comerciais no mercado, como o Rizotec, desenvolvido através do trabalho colaborativo entre a Universidade Federal de Viçosa e o Instituto de Biotecnologia Aplicada à Agropecuária (Bioagro).

Bacillus amiloliquefaciens

Essa bactéria age de duas maneiras principais sobre os nematoides.

Quando aplicada em tratamento de semente ou em sulco de plantio, o seu estabelecimento no solo promove colonização do sistema radicular da planta, alimentando-se dos exsudatos radiculares.

Com isso, os nematoides não conseguem reconhecer os exsudatos radiculares, inibindo assim a penetração dos nematoides nas raízes

Já o mecanismo de produção de produção natural de antibióticos e toxinas, há a morte do embrião de nematoide dos ovos presentes próximos ao sistema radicular.

Existem produtos comerciais no mercado com o NemaControl, recomendado para o controle de Pratylenchus brachyurus (nematoide das lesões radiculares)

Além desses, tratamentos bacterianos de solos e de sementes com biopesticidas contendo Pseudomonas fluorescens, Pasteuria penetrans, Bacillus subtilis, B. methylotrophicus e o B. pumilis que controlam o nematoide dos cistos, também têm sido eficientes.

2. Cultivares resistentes

Plantas são definidas como resistentes a fitonematoides quando previnem, ou restringem marcantemente, a reprodução deles.

E existem no mercado algumas cultivares de soja e milho já resistentes a nematoides.

Sempre bom lembrar da importância de considerar realmente o posicionamento técnico recomendado pela empresa que você adquiriu.

3. Rotação de culturas

Essa é uma das principais práticas e que realmente faz a diferença.

Você pode inserir plantas não hospedeiras, que possuem a resistência passiva, ou também chamada de pré-infeccional.

Essa é uma característica inerente às plantas, ocorrendo independentemente do parasitismo pelos nematoides..

Isso ocorre devido à presença nessas plantas de substâncias repelentes ou tóxicas aos nematoides.

Nesse sentido, temos as crotalárias, girassol, sorgo, e os milhetos resistentes  como ADR 300 ou ADR 8010.

Além disso, a rotação de cultura contribui na melhora das condições físicas, químicas e biológicas do solo, sendo que também quebra o ciclo de pragas e doenças.

4. Tratamento de sementes

O tratamento de sementes é um método complementar no manejo dos nematoides na soja.

Isso porque eles combatem esses patógenos nas primeiras semanas após o plantio, e não na safra toda. No entanto, plantas melhor formadas conseguem resistir mais aos futuros ataques de nematoides.

Além disso, essa primeiras semanas são fundamentais para a definição de produtividade e as plantas conseguem resistir mais aos futuros ataques de nematoides.

Ademais, a quantidade reduzida de nematicida utilizado na semente resulta em maior sustentabilidade e segurança no sistema de produção agrícola.

Os defensivos agrícolas mais utilizados são os à base de abamectina e de tiodicarbe.

6-nematoides-na-soja

À esquerda lavoura com tratamento de sementes com nematicidas, à esquerda sem tratamento de sementes
(Fonte: Ag Update)

5. Controle químico

Aplicados em sulco ou em pulverização terrestre. Porém, sempre considere uma abordagem integrada dos métodos de controle e não só o químico.

Medidas preventivas para combater os nematoides na soja

Algumas medidas de prevenção são fundamentais para o manejo adequado dos nematoides na soja:

  • Cultivares de soja de alta produtividade e resistentes;
  • Monitoramento da lavoura antes do plantio, amostragem de solo;
  • Rotação de culturas como já comentado;
  • Culturas de adubos verdes ou de cobertura (ex: trevo), como hospedeiros alternativos, para atrair nematoides para longe das plantas de soja;
  • Eliminação das plantas daninhas, pois estas podem contribuir no aumento da população de nematoides;
  • Limpeza de equipamentos para não disseminar os patógenos.

Você pode ver mais artigos sobre doenças da soja aqui:
>>6 Dicas para combater de vez a ferrugem asiática da soja
>>9 curiosidades que você não sabe sobre ferrugem-asiática da soja e como combatê-la
>>O Combate às ferrugens: Controle essas doenças nas culturas do milho e soja

Conclusão

Na disciplina de fitopatologia, existia a ideia de que as melhores respostas na prova seria sempre a rotação de cultura e cultivar resistente.

E realmente essa é uma dobradinha que dá resultado. E, por isso, realmente deveria ser um mantra nas lavouras.

Mas, existem mais práticas que contribuem significativamente para combater os nematoides na soja, especialmente a integração delas.

Aqui, vimos as principais maneiras de controle para que você escolha as melhores dentro da realidade da sua fazenda e consiga um manejo efetivo!

>>Leia mais:

Nematoides na cana-de-açúcar: como reconhecer e manejar

Fungicidas da cultura da soja que já apresentam resistência e alternativas de controle

Como você faz o controle de nematoides na soja da sua propriedade? Tem mais dicas sobre esse manejo? Ficou alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!

6 Inseticidas naturais para você começar a usar na sua lavoura

Inseticidas naturais: O que são, como usar e quais são os principais produtos para seu manejo ser ainda melhor e menos custoso.

Muitas vezes o uso de inseticidas pode gerar um custo pesado no orçamento da safra.

Por isso, dentro do seu planejamento agrícola inclua novas estratégias de controle de insetos.

Não só os custos, mas também o manejo de pragas como um todo fica muito mais eficiente e o ambiente equilibrado com a diversificação nos métodos de controle.

Uma dessas opções de manejo são os inseticidas naturais. Aqui recomendo os principais produtos e orientações para seu manejo ser ainda melhor e menos custoso.

O que são inseticidas naturais? Eles realmente matam os insetos?

Inseticidas são os produtos ou meios que usamos para combater algum inseto praga. Quando falamos dos defensivos agrícolas químicos, esses são classificados de acordo com a sua composição química. Você pode conferir essa classificação e outros detalhes sobre inseticidas neste artigo sobre os principais tipos de inseticidas para grãos.

Mas, além dos produtos químicos, há outras formas de fazer o controle dos insetos.

Os produtos biológicos de controle de insetos são exemplos disso e estão ganhando cada vez mais adeptos.

No controle biológico nós utilizamos como base os macro e microbiológicos para realizar o controle dos insetos pragas. E os principais são:

  • Microbianos;
  • Insetos predadores;
  • Parasitóides.

Com o aumento do número de resistências aos produtos químicos e novos insetos pragas surgindo, as pesquisas com controladores biológicos tem aumentado.

E acredito que o futuro teremos mais soluções biotecnológicas utilizando os recursos genéticos dos microrganismos, com o descobrimento e desenvolvendo produtos mais seletivos e assertivos com base nos microrganismos.

Mas o que chamamos de inseticidas naturais são produtos botânicos de compostos vegetais secundários ou outros subprodutos de origens orgânicas. Os principais são os de base vegetal como:

  • Piretrina;
  • Rotenona;
  • Nicotina;
  • Cevadinha e Veratridina;
  • Rianodina;
  • Quassinóides.
2-inseticidas-naturais

(Fonte: Toxicidade dos principais inseticidas botânicos)

A maioria dessas substâncias são derivadas de metabólitos secundários com propriedades inseticidas, fruto da própria evolução natural das plantas.

As vantagens estão na seletividade, prejudicando bem menos insetos benéficos, como os inimigos naturais.

Divulgação do kit de 5 planilhas para controle da gestão da fazenda

Além das pragas: A importância dos inseticidas naturais para outros insetos

Pode até soar distante da realidade de uma grande lavoura falar de inimigos naturais de pragas agrícolas.

Mas não. Os inimigos naturais são em geral bem pequenos, menores que os insetos pragas, e existem em grande quantidades em todos os agroecossistemas.

São tanto nematoides como parasitoides, e à medida em que a safra vai se desenvolvendo o número desses insetos só aumenta.

É bom lembrar as principais leis naturais que regem todo o agroecossistema terrestre.

As plantas cultivadas servem de alimento para os herbívoros, os quais ocupam o segundo nível trófico,  e que por sua vez, servem de alimento para os organismos carnívoros, ocupantes do terceiro nível trófico.

Os carnívoros atuam como agentes reguladores das populações dos herbívoros, sendo esses os ‘inimigos naturais”.

3-inseticidas-naturais-cadeia-alimentar

(Fonte: Embrapa Agrobiologia)

Mesmo com a aplicação de muitos produtos químicos não seletivos, os inimigos naturais continuam a existir nas lavouras.

Porém, nem todos em quantidades adequadas para cumprirem seu papel de reguladores naturais.

Como por exemplo, a Cotesia flavipes é parasitóide que realiza o controle da broca da cana-de-açúcar.

Dentre os inimigos naturais, também consideremos os microrganismos. Cerca de 80% das doenças de insetos são causadas por fungos, e os principais gêneros são:

  • Aschersonia;
  • Aspergillus;
  • Beauveria;
  • Enthomophthora;
  • Erynia;
  • Hirsutella;
  • Metarhizium;
  • Nomurea;
  • Penicillium.

Assim, eles podem ser usados para o combate de diversas pragas.

A Beauveria bassiana, por exemplo,  tem realizado controle da broca do café (Cosmopolites sordidus) e broca do pedúnculo floral do coqueiro (Homalinotus coriaceus). Já o Baculovírus anticarsia apresenta controle eficiente das lagartas na soja.

4-inseticidas-naturais

(Fonte: Controle Biológico de Pragas: Princípios e Estratégias de Aplicação em Ecossistemas Agrícolas – Embrapa Agrobiologia)

5 Inseticidas naturais para começar a usar

Extrato de nim (Azadirachta indica)

O nim é uma árvore, nativa do continente indiano, muito resistente a seca.

O extrato de nim, tem origem na semente da árvore, e possui em sua composição mais de 30 compostos tóxicos, se destacando a azadiractina.

Sua atuação se dá principalmente retardando o desenvolvimento e repelindo insetos, sendo que nas fases da ecdise em insetos pode impedir ou interromper, causando a morte dos mesmos.

O óleo de nim é extraído por prensagem das sementes, das quais se obtém 47% de óleo com 10% de azadiractina.

Segundo Brechelt (2004) os produtos a base de nim não afetam animais de sangue quente, inclusive o homem, não se acumulam no meio ambiente, e tem pouco efeito sobre os organismos benéficos.

Veja abaixo os efeitos do óleo de Nim em insetos:

5-inseticidas-naturais

(Fonte: Brechet, 2004)

2. Extrato de Bougainvillea ou primavera (Bougainvillea spp.)

O extrato de primavera realiza um controle preventivo muito eficaz.

Sua principal atuação é sobre o tripes, inseto transmissor de viroses , pois este transmite o vírus causador da doença “Vira Cabeça” do tomateiro.

No tomate, o uso ocorre na emergência das mudas, em intervalos de 2 a 3 dias no desenvolvimento das plantas, até o início do florescimento das mesmas.

3. Extrato de Alho (Allium sativum)

O extrato possui uma composição rica em enxofre, que contribui para a repelência de insetos e, assim, controle de pragas.

Ao ser pulverizado sobre as plantas, o extrato do alho em litros de água, é absorvido pela planta, e seu odor natural “engana” os insetos pragas. Os principais controles são com lagarta das maçãs e pulgões.

4. Óleo de rícino e de citros

Outros inseticidas naturais que têm despertado interesses em mais pesquisas são o óleo de rícino e de citros que causam mortalidade em ninfas de moscas-brancas.

Também nessa linha, o extrato aquoso de cravo da índia, pó de café e de folhas de tomate repelem pulgões e outras pragas.

Esses produtos são de baixo custo e normalmente utilizados em horta orgânica, misturando-os até mesmo com sabão de coco, para combater as pragas.

No entanto, esses tipos de óleo mineral e outros extratos vêm sendo cada vez mais pesquisados para larga escala.

5. Cinamomo (Melia azedarach)

Utilizamos o extrato de folhas de cinamomo para o combate de algumas pragas agrícolas importante.

Estudos indicam, por exemplo, o controle eficiente da lagarta-mede-palmo, mosca-das-frutas, traça-das-crucíferas e outros.

6. Extrato pirolenhoso

O extrato pirolenhoso é um inseticida natural, o qual é um líquido resultante da condensação da fumaça, a partir da carbonização de madeiras.

Mesmo não sendo um produto direto de derivação botânica, sua fonte é orgânica. Este líquido pode conter mais de 200 tipos de compostos diferentes, predominando, porém, o ácido acético.

Sua principal forma de atuação é como repelente aos insetos pragas.

6-inseticidas-naturais

(Fonte: Pirolenhoso BR)

A defesa é o melhor ataque: silício

Esse elemento será cada vez mais falado na agricultura. Plantas com suprimentos adequados deste elemento, possuem resistência e tolerância a insetos e doenças.

Isso ocorre devido a uma camada protetora formada sobre a epiderme da planta.

A sua ação sobre os insetos é o desgaste das mandíbulas e a atração de inimigos naturais. Veja abaixo o efeito do silício sobre insetos:

7-inseticidas-naturais

(Fonte: IPNI – Silício: Um elemento benéfico e importante para as plantas)

O silício é um elemento pouco móvel, absorvido na forma de ácido monossilícico, o que vem a contribuir na dinâmica dos elementos no solo.  

Por exemplo, na redução da fixação do fósforo, pois os dois elementos competem pelos mesmo sítios ativos, contribuindo também na saturação de bases do solo.

>> Leia mais: “Por que defensivos biológicos? Conheça mais sobre esses produtos e tire suas dúvidas

Conclusão

Quem não gosta de experimentar novas tecnologias eficazes, mais econômicas e sustentáveis?

Aqui trouxe alguns defensivos naturais que podem ser testados em conjunto com outros manejos de inseticidas nas suas lavouras.

Podem contribuir em economia e te auxiliar a ver outras formas de realizar controle contra pragas.

Os inclua em seu planejamento agrícola e orçamento e faça seu Manejo Integrado de Pragas de forma ainda mais eficiente.

>>Leia mais:

Agrotóxicos naturais: Manejo certeiro mesmo em grandes culturas
O futuro de defensivos agrícolas: as novas tecnologias que veremos no campo
Inseticida piretroide: Como fazer melhor uso dele

Você já tinha ouvido falar de inseticidas naturais? Já usa algum na sua área? Restou alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!

Soja RR: tire suas dúvidas e consiga melhores resultados

Soja RR: saiba sua história, como é feita, como funciona e as principais dicas para tirar o máximo proveito de sua lavoura de soja.

Das lavouras de soja brasileiras, 96,5% é transgênica, sendo a maior parte com resistência a herbicidas.

Dentre elas, a tecnologia Roundup Ready (RR) é a mais adotada, conferindo resistência ao glifosato.

Apesar de tão empregadas, é normal ter algumas dúvidas sobre essas tecnologias.

Aqui vamos discutir suas principais informações, como surgiu, como funciona e as melhores maneiras de aproveitar essa tecnologia em campo.

História da soja RR (Roundup Ready)

A história do melhoramento de plantas começou com a domesticação das mesmas há mais de 10 000 anos.

Esse melhoramento era feito pela simples seleção das melhores plantas da área para a alimentação humana ou animal.

Com o desenvolvimento e evolução da tecnologia o melhoramento das plantas começou a ser feito também pela transformação genética.

Dessa forma hoje nós conseguimos ter uma planta resistente a insetos e herbicidas, como a soja RR ou Bt. Conseguimos também aumentar a produtividade de soja, obter culturas mais tolerantes à seca, e outros.

Assim, há 20 anos os transgênicos foram aprovados no Brasil.

A primeira soja transgênica foi desenvolvida nos Estados Unidos em 1995, era justamente a semente de soja tolerante ao glifosato (Roundup Ready ou RR).

Dois anos depois, em 1997, a soja RR foi aprovada na Argentina e em 1998 foi aprovada no Brasil.

Porém, enquanto Estados Unidos e países vizinhos já possuíam a legalização da soja RR há alguns anos, no Brasil ela só foi legalmente cultivada em 2005.

Desde então, o manejo de ervas daninhas na cultura ficou mais fácil e barato pelo uso da soja RR, resultando em intensa adoção dessa tecnologia.

Em trabalho realizado por Duarte (2009), foi pesquisado os principais motivos pelos quais os produtores adotaram o uso dos transgênicos.

planilha de produtividade da soja

Entenda o que são transgênicos

Transgênicos são organismos geneticamente modificados (OGM), que através do uso da biotecnologia recebem um gene de outro organismo.

Dentre todas as culturas com eventos transgênicos, a cultura de soja é a mais conhecida e plantada.

Mas muitas outras culturas, como algodão, milho, feijão, eucalipto e cana-de-açúcar possuem eventos transgênicos aprovados no Brasil.

E não é só na agricultura que os transgênicos estão presentes.

No Brasil existem 144 aprovações de eventos transgênicos, o que inclui plantas, vacinas, insetos, microrganismos e medicamentos.

No entanto agricultura corresponde a uma grande e importante parte dos transgênicos no país, já que O Brasil é o segundo país com maior área de cultivo desses organismos, com 50,2 mil hectares.

Desse total de área cultivada com transgênicos, 67% são de soja, 31% de milho e 2% com algodão.

Embora tenha discussões sobre os transgênicos, temos que admitir que essa tecnologia na agricultura proporciona inúmeros benefícios:

Como funciona a soja Roundup Ready (RR)?

Conforme vimos acima, podemos definir a soja geneticamente modificada como aquela  que teve seu código alterado pela inserção de um gene de um outro organismo.

Essa modificação genética tem como objetivo introduzir características que a soja convencional não tem.

Mas eu não conseguiria introduzir essas características sem a ajuda da transgenia?

A resposta é sim, entretanto o melhoramento genético pode levar anos para selecionar e conseguir transferir essa característica.

A soja RR possui um evento transgênico que confere tolerância ao herbicida glifosato, tecnologia a qual foi desenvolvida pela Monsanto.

O glifosato é um herbicida pós-emergente, não seletivo, de amplo espectro de controle de plantas daninhas, com ação sistêmica.

Esse produto é absorvido pelas folhas e translocado pelo floema, impedindo a formação dos  aminoácidos: fenilalanina, tirosina e triptofano.

No caso da soja RR, o gene que confere a tolerância ao herbicida glifosato é conhecido por cp4-epsps;

Esse gene foi isolado de uma bactéria chamada Agrobacterium spp. Assim, segmentos do DNA dessa bactéria são introduzidas nas plantas de soja, dando origem à soja RR.

Adoção da soja RR e suas consequências

O produtor brasileiro adotou muito rápido e extensivamente a soja RR, o que se deve especialmente pela facilidade do manejo que ela proporciona.

Como o glifosato é um herbicida com boa eficiência de controle e barato, é normal “se acomodar” a esse sistema.

No entanto, isso essas aplicações repetidas do mesmo produto vão selecionando as plantas que não morrem. Com isso, ao longo dos anos você terá uma área cheia de plantas daninhas que desenvolveram resistência ao glifosato, além de prejudicar o meio ambiente.

Você pode ver mais sobre a resistência a herbicidas aqui: “9 Fatos primordiais para o manejo de plantas daninhas resistentes ao glifosato”.

Eventos transgênicos aprovados para soja no Brasil

Abaixo você pode conferir todos os tipos de transgênicos aprovados para a cultura da soja no Brasil:

  • Tolerante ao herbicida glifosato;
  • Tolerante aos herbicidas do grupo químico das imidazolinonas;
  • Tolerante ao herbicida glufosinato;
  • Resistente aos insetos da ordem Lepidóptera (lagartas) e tolerante ao herbicida glifosato;
  • Tolerante aos herbicidas à base de ácido diclorofenoxiacético (2,4-D) e ao glufosinato de amônio;
  • Tolerante aos herbicidas glifosato e de isoxaflutole;
  • Tolerante aos herbicidas glifosato, glufosinato e isoxaflutole;
  • Resistente a insetos da ordem Lepidóptera e tolerante ao herbicida glufosinato;
  • Resistente a insetos da ordem Lepidóptera (lagartas) e tolerante ao herbicida glufosinato;
  • Tolerante ao herbicida dicamba;
  • Tolerante aos herbicidas dicamba e glifosato;
  • Resistente a insetos da ordem Lepidóptera (lagartas);
  • Resistente a insetos e tolerante aos herbicidas 2,4-D, glifosato e glufosinato;
  • Resistente a Insetos e tolerante aos herbicidas glifosato e dicamba;
  • Soja com perfil de ácidos graxos modificado e tolerante a glifosato;
  • Soja com perfil de ácidos graxos modificado;
  • Resistente a insetos e tolerante aos herbicidas 2,4-D, glifosato e glufosinato.

Além disso, em 2017 foram aprovados vários eventos transgênicos de diversas culturas, veja abaixo:

9-Soja-RR

As empresas têm um grande portfólio de cultivares de soja, com diversas transgenias. Veja o da Embrapa Soja aqui.

Para conferir quais variedades estão sendo comercializadas e entender se são recomendadas para sua área, veja este artigo: “Como escolher as melhores cultivares de soja para sua lavoura”

Soja Bt

A soja resistente a insetos é conhecida por Bt. Isso porque o gene que confere esta característica vem da bactéria Bacillus thuringiensis;

A  soja Bt é eficaz contra alguns dos insetos-praga que atacam as lavouras como:

  • Lagartas desfolhadoras: lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis) e a falsa-medideira (Chrysodeixis includens);
  • Lagartas das vagens: lagarta-das-maçãs (Heliothis virescens) e as lagartas do gênero Helicoverpa;
  • Broca-das-axilas ou dos-ponteiros (Epinotia aporema);
  • Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus).

No entanto, há relatos de perda da tecnologia Bt por resistências dos insetos. Isso se deve ao uso indevido desse tipo de transgênico.

10-Soja-RR

10 Dicas para usar soja RR e outros transgênicos envolvendo herbicidas

1. O manejo integrado de plantas daninhas sempre deve ser priorizado;

2. Manejo adequado ajudam a preservar a eficácia e o valor da semente de soja tolerante, além de auxiliar na prevenção de plantas daninhas resistentes;

3. Limite o número de aplicações de um único defensivo agrícola, herbicidas da mesma família ou modo de ação dentro de uma única safra;

4. Nesse sentido, mesmo utilizando a soja resistente  ao glifosato, você pode e deve utilizar herbicidas de outros ingredientes ativos e mecanismos de ação;

5. Leia a bula, aplique apenas produtos registrados para a cultura, na dose correta recomendada e no estágio adequado, seja de desenvolvimento da planta daninha como da cultura;

6. Observe na bula fatores importantes para tecnologia da aplicação: pressão, vazão adequada, condições ambientais no momento da aplicação (temperatura do ar, umidade relativa do ar e vento), volume de calda, tipos de pontas;

7. Além de herbicidas você deve fazer a rotação de culturas;

8. Pratique o manejo preventivo através da limpeza de máquinas e implementos agrícolas;

9. Monitore a lavoura para detectar escapes de plantas daninhas ou novas germinações;

10. Faça o manejo da entressafra, não deixando sua área muito tempo em pousio, com uso de adubação verde ou culturas de cobertura.

Conclusão

Os transgênicos foram amplamente adotados no Brasil. A soja está entre as principais culturas com transgênicos, com a maior parte dos eventos voltados para a tolerância aos herbicidas e insetos.

Aqui vimos as principais informações sobre os transgênicos, especialmente sobre a soja RR.

Apesar de seus inúmeros benefícios, precisamos de alguns cuidados ao utilizar os transgênicos, sendo que aqui vimos as principais dicas nesse sentido.

Dessa forma, sabendo de tudo isso, tire o máximo proveito das plantas de soja, sendo elas transgênicas ou não.

Gostou do texto? Tem mais informações, opiniões ou sugestões sobre soja RR ou outra transgênica? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Percevejo marrom: 7 estratégias de controle na soja

Percevejo marrom: conheça quais são as melhores estratégias de controle, incluindo os principais inseticidas, controle biológico, época de aplicação e outros.

O percevejo marrom da soja, Euschistus heros, é um grande desafio no manejo de pragas na cultura da soja.

Ao atacar as vagens de soja o percevejo afeta diretamente a produtividade e a sanidade do produto final.

Estima-se que na colheita os grãos atacados apresentam peso 40% inferior ao sadios implicando em perdas de até 10 sacas de soja por hectare.

Devido a limitação de ferramentas de manejo efetivas, essa praga tem tirado nosso sono safra após safra.

Por isso aqui vamos ver quais são as principais estratégias de controle para que você escolhas as que mais se enquadrem a sua realidade.

1ª Saiba qual o período de maior ataque do percevejo marrom na soja

Como próprio nome diz, esse inseto possui coloração marrom e mede cerca de 11 mm de comprimento.

Durante o inverno, o percevejo marrom pode entrar em diapausa. Ou seja, há redução do desenvolvimento do percevejo devido as baixas temperaturas.

Nesses períodos ele sobrevive nas palhadas/restos culturais, ou migra para áreas de refúgio e de mata.

percevejo marrom

Atividade alimentar do percevejo marrom na safra e entressafra da cultura da soja

(Fonte: Fundação MS)

Normalmente fêmeas ovipositam nas folhas ou vagens em formato de massas ou fileiras com 5 a 7 ovos de cor amarelada.

Ao eclodir, as ninfas de 1° instar (1° estágio) ficam juntas sobre os ovos.

No 2° instar já iniciam o processo de alimentação, mas os danos são insignificantes. No entanto, no 3° instar os prejuízos da alimentação se tornam significativos.

2-percevejo-marrom

Percevejo marrom Euschistus heros adulto (a), ovos (b), ninfas de primeiro (c) e quinto ínstar (d)

(Fonte: Embrapa)

3-percevejo-marrom

Ciclo de desenvolvimento do percevejo marrom, Euschistus heros
(Fonte: Cividanes)

Assim, o período de ataque que causa maiores prejuízos é de R3 até R7 na cultura da soja, quando devemos realizar amostragens e tomar as medidas de controle necessárias.

Ainda, é bom lembrar que uma das plantas daninhas maiores hospedeiras do percevejo é o capim-rabo-de-burro. Portanto, ao notar a presença dessa planta na lavoura, você deve ficar de olho também na possível presença dos percevejos.

2ª Reconheça os danos do percevejo marrom

Em fase inicial de cultivo, ataques podem levar ao abortamento de vagens e implicar no retardamento da maturação dos grãos.

É comum observar a planta com retenção foliar e hastes verdes, distúrbio fisiológico denominada de Soja Louca I.

Já ataques no seu período mais suscetível (R3- 7), o percevejo marrom da soja ataca as vagens e reduz o peso e tamanho de grãos (g). Os grãos também ficam enrugados e chochos, apresentando coloração arroxeada a enegrecida.

4-percevejo-marrom

Danos nos grãos ocasionados pela alimentação do percevejo marrom da soja
(Fonte: Bayer)

Dessa forma, em lavouras para a obtenção de sementes, as mesmas se tornam inviáveis para tal devido ao seu baixo vigor.

Também pode haver danos na qualidade ou danos invisíveis ao produtor, os quais são alterações nos teores de proteína e de óleo no grão.

Por isso, após a venda da produção, penalidades financeiras poderão vir a acontecer por parte da indústria devido aos grãos escurecidos ou sujos, que dificultam o beneficiamento e produção de óleo.

3ª Utilize inseticidas apenas ao atingir o Nível de Controle (NC)

Embora o percevejo marrom se faça presente na área desde o período vegetativo da cultura, é no período reprodutivo que ocorrem os prejuízos.

O estágio fenológico de maior suscetibilidade ocorre no início do desenvolvimento das vagens – R3 (fase de “canivetinho”) e vai até a maturação fisiológica da planta – R7.

5-percevejo-marrom

Nível de controle para o percevejo marrom da soja pelo monitoramento por exame de plantas
(Fonte: Embrapa)

Para estimar a população do percevejo marrom na cultura da soja você pode usar o método de exame de plantas (como mostra figura acima). Mas o método mais eficaz continua sendo o pano de batida.

Recomenda-se iniciar as amostragens semanalmente nos períodos mais frescos do dia.

O controle deve ser realizado atingir a média de 2 percevejos por pano-de-batida para produção de grãos e 1 percevejo por pano-de-batida em áreas destinadas a produção de sementes.

6-percevejo-marrom

Com o Aegro você tem todos os dados de monitoramento de pragas agrícolas organizados, seguros e fáceis de serem visualizados.

Aqui disponibilizamos gratuitamente uma planilha para você fazer seu MIP: saiba qual o Nível de Controle de cada praga e quando você deve aplicar, mantendo tudo organizado. Clique na figura a seguir para baixar!

4ª Inseticidas para percevejo marrom

Entre as estratégias de controle do Manejo Integrado de Pragas, o controle químico por meio da pulverização de inseticidas tem sido a mais efetiva.

Infelizmente os produtos comerciais destinados ao controle do percevejo marrom se limitam basicamente a 3 grupos químicos: Organofosforado, Piretróide e Neonicotinóide.

Atualmente existem no portal Agrofit do Mapa 47 produtos registrados.

Já foi levantada a hipótese de casos de resistência do percevejo marrom ou perda da eficiência das moléculas existentes no mercado, mas nada ainda foi confirmado em campo.

Um projeto entre IRAC e PROMIP estudou as principais substâncias utilizadas no controle e que tiveram suspeita de perda de eficiência. O resultado foi de que esses produtos não perderam eficiência sobre o percevejo marrom, sendo eles:

  • Acefato;
  • Tiametoxam;
  • Imidacloprid;
  • Lambda-cialotrina;
  • Beta-ciflutrina;
  • Imidacloprid + beta-ciflutrina.

Além disso, em trabalho realizado pelo pesquisador Edmar Tuelher e colaboradores foi mapeado o risco da falha de controle do percevejo marrom em Goiás.

Também foi concluído que os produtos ainda apresentavam a eficiência mínima recomendada pelo Mapa de 80%.

Apenas foi verificada falha de controle para a beta-ciflutrina no sudoeste de Goiás e para o imidaclopride no nordeste do estado.

5ª Não promova a resistência do percevejo marrom aos inseticidas na sua área

As suspeitas de resistência na maioria das vezes são falhas na aplicação ou pulverizações em momentos inadequados, como aplicações tardias.

Mesmo assim é necessário prevenir a resistência para que os produtos continuem a ter eficiência de controle.

Para isso, tenho algumas dicas:

  • Invista em tecnologia de aplicação: barra, bicos e vazão adequada;
  • Pulverizar no momento de maior atividade da praga, normalmente nos meses mais quentes;
  • Evitar “aplicações caronas” junto aos fungicidas para o controle da ferrugem asiática. Essas aplicações são feitas em intervalos de até 21 dias, o que pode ser inapropriado ao controle do percevejo marrom;
  • Ainda nesse sentido, sempre utilize o monitoramento o Nível de Controle para direcionar suas pulverizações.

6ª Inclua o controle biológico no seu manejo

Ressalta-se que, além da eficiência dos inseticidas é importante priorizar aqueles seletivos a inimigos naturais.

Inúmeros inimigos naturais são encontrados nas lavouras de soja. Eles contribuem na redução populacional do percevejo marrom, sendo os parasitoides de ovos os mais importantes.

Destacam-se as espécies Trissolcus basalis e Telenomus podisi que atacam os ovos do percevejo marrom da soja. Já foram relatadas taxas de parasitismo de 60% para T. basalis e 80% para T. podisi.

8-percevejo-marrom

Parasitoides em ovos de percevejo
(Fonte: BUG/Koppert em Veja)

No decorrer da safra, os índices de parasitismo em ovos variam de 30 a 70%, sendo E. heros, o mais parasitado, especialmente por T. podisi.

Além de parasitoides de ovos, o parasitoide de ninfas e adultos do percevejo marrom Hexacladia smithii tem mostrado taxas de parasitismos de até 14%.

Dessa maneira, a escolha de inseticidas seletivos permite a sobrevivência desses inimigos naturais na área. Somados a eficiência dos inseticidas, eles maximizam as chances de sucesso no controle do percevejo marrom da soja.

>> Leia mais: “Todas as formas de controle para se livrar do percevejo-castanho” 

7ª Conheça e faça controles alternativos

Outras estratégias de controle também podem ser utilizadas e associadas aos métodos químico e biológico.

Uma das alternativas, é o uso de cultivares precoces associado à manipulação da época de semeadura. Também pense sobre o uso de plantas armadilhas.

Além disso, algumas novidades relacionadas ao manejo devem ser introduzidas no mercado em breve em forma de pacote tecnológico.

São elas a soja tolerante ao percevejo, até 4 percevejos/metro linear sem afetar sua produtividade e a armadilha iscada como feromônio sexual que auxiliará no monitoramento populacional da praga.

>> Leia mais: “Como fazer o manejo eficiente da mosca-branca

Conclusão

Apesar das dificuldades no controle do percevejo marrom, o monitoramento da praga para acertar o momento de aplicação maximiza as chances da efetividade do controle químico.

Ao lado desse, outras estratégias como medidas culturais e biológicas contribuem para minimizar o impacto do ataque de percevejos na cultura da soja.

Assim, utilize todas essas estratégias e informações para melhorar seu manejo e combater eficientemente o percevejo marrom!

Como você faz hoje o manejo do percevejo marrom? Restou alguma dúvida? Tem outra estratégia que não citei aqui? Deixe seu comentário abaixo!

Como se preparar para as principais pragas agrícolas

Principais pragas agrícolas: um compilado completo das pragas de soja, algodão e milho. Respondemos também as perguntas mais frequentes para o manejo eficiente.

Como se preparar para as principais pragas agrícolas

Antes mesmo de colocar as semeadoras em campo, devemos estar preparados para enfrentar as adversidades.

E uma das grandes preocupações é o ataque de pragas.

Até porque a presença de insetos-praga na lavoura se faz presente antes, durante e depois do plantio.

Pensando nisso, fizemos um compilado sobre as principais pragas agrícolas das culturas da soja, algodão e milho. Assim, você pode se preparar para enfrentar as pragas agrícolas da melhor maneira possível. Confira!

[form-post-v2]

Quando devo me preocupar com as principais pragas agrícolas? 

Em vista do sistema sucessivo de cultivo, com culturas sobrepondo culturas, as chamadas pontes verdes, observamos pragas a qualquer momento do ano.

Assim, para evitar frustrações após o plantio, um bom manejo de pragas para a safra deve ser iniciado ainda na entressafra.

Mas por que a entressafra é um período crítico e determinante para os cultivos?

Isso se deve ao fato de que a fase de estabelecimento da cultura é a mais suscetível/sensível ao ataque de pragas e doenças.

Sendo assim, a presença de inóculos iniciais e/ou altas densidades populacionais das principais pragas agrícolas pode comprometer todo o planejamento da safra.

Portanto, é na entressafra que devemos fazer o “dever de casa”, como o controle de plantas daninhas e tigueras.

Isso porque elas servem de abrigo e alimento para as pragas, permitindo a reprodução das mesmas na entressafra.

Aqui vão algumas dicas para esse controle de plantas daninhas e voluntárias:

Caso contrário, você pode ter alguns problemas e danos, conforme veremos a seguir:

Qual é o risco de não fazer o manejo da entressafra corretamente?

Ao deixar na área plantas daninhas ou tigueras – que são hospedeiros alternativos -, você permite o aumento da população da praga e o seu ataque em altas densidades populacionais no início de cultivo.

Isso pode reduzir o número de plantas por unidade de área e, em consequência, afetar diretamente a produtividade.

Além disso, os danos iniciais de um ataque intenso das principais pragas agrícolas afeta todo o desenvolvimento da planta, prejudicando a produção.

O que devo fazer para minimizar os riscos do ataque das principais pragas agrícolas?

Isso implica na adoção do Manejo Integrado de Pragas (MIP). Assim, devemos seguir alguns passos simples na entressafra:

  • proceder amostragem com identificação do inseto-praga;
  • verificar sua densidade populacional;
  • tomar a decisão da melhor ferramenta a ser utilizada, incluindo controle biológico, químico e cultural.

Abaixo disponibilizamos gratuitamente uma planilha para você fazer seu MIP. Clique na imagem para baixar agora!

planilha manejo integrado de pragas - mip Aegro

Entre as medidas a serem adotadas, podemos citar o uso correto da dose do produto à praga-alvo, rotacionar os mecanismos de ação e priorizar o uso inseticidas seletivos aos inimigos naturais de pragas agrícolas.

Tendo em vista a entressafra, também vale pensar no uso de culturas de cobertura ou adubos verdes não hospedeiros das principais pragas agrícolas da sua área. Tudo isso, além do controle de plantas daninhas, como já comentamos.

Principais pragas agrícolas de soja, milho e algodão

Percevejo barriga-verde (Dichelops spp.)

As duas espécies principais são Dichelops melacanthus e Dichelops furcatus.

Apesar de atacar a soja, na maioria das regiões produtoras, não tem sido essa a espécie mais preocupante.

No entanto, no milho, esse percevejo pode causar danos consideráveis, sendo uma das principais pragas agrícolas da cultura.

O percevejo barriga-verde pode atacar as plantas em seu período crítico, que vai desde a germinação até a emissão do quinto par de folhas (VE- V5).

Repare abaixo a migração do percevejo das safras anteriores para o milho, ressaltando a importância do monitoramento na entressafra:

Ele penetra seus estiletes na região do colo, injeta toxinas e perfura as folhas ainda em formação.  As plantas que sofrem o ataque dessa praga apresentam halos amarelados.

Além disso, a planta pode produzir perfilhos improdutivos, o que resulta em perda de produtividade.

A medida que a planta de milho vai se desenvolvendo, você pode observar pequenos orifícios nas folhas que ficam dispostos transversalmente. 

Também é possível notar o enrolamento anormal das folhas do cartucho do milho e, em casos mais severos, pode ocorrer a morte das folhas. 

Atualmente, o principal método de controle da praga tem sido o tratamento de sementes e a pulverização foliar com inseticidas sistêmicos.

No Agrofit, existem cerca de 50 produtos registrados para o manejo do percevejo-barriga-verde no milho para as duas espécies do gênero Dichelops

Helicoverpa spp.

A Helicoverpa zea e Helicoverpa armigera são algumas das principais pragas agrícolas nas culturas de importância econômica do Brasil.

Enquanto a H. zea é originária da região do México, a H. armigera é originária da Oceania.

Por isso, a H. zea possui maior adaptação ao milho e a H. armigera mais adaptada às culturas do algodão e da soja.

Veja detalhes dessas pragas no artigo “Você conhece o ciclo de vida da Helicoverpa armigera?

Bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis)

O bicudo-do-algodoeiro é considerado uma das principais pragas do algodão desde a sua detecção, em 1983.

Essa praga tem o hábito de se alimentar dos botões florais, flores e maçãs do algodoeiro.

foto de Bicudo-do-algodoeiro atacando maçã do algodoeiro - principais pragas agrícolas

Bicudo-do-algodoeiro atacando maçã do algodoeiro
(Fonte: Boas Práticas Agronômicas)

As fêmeas têm o hábito de fazer as posturas dos ovos nesses locais, especialmente nos botões florais. 

Portanto, é importante que você saiba a diferença entre os danos de alimentação e os danos de oviposição (ato de depositar os ovos).

Quando há o dano de oviposição podemos observar a presença de uma substância cerosa, parecido com um calo pequeno, no orifício criado quando a fêmea deposita seus ovos.

Já o dano de alimentação, o orifício não é coberto com essa secreção e observam-se somente as pontuações enegrecidas ou necrosadas.

Na prática, os dois tipos de danos podem trazer prejuízos, no entanto, o dano de oviposição é mais prejudicial.

Isso ocorre porque as larvas do bicudo se desenvolvem nessas estruturas reprodutivas e impossibilitam o desenvolvimento do capulho. 

Além disso, temos o aumento da população da praga, pois, com as larvas protegidas dentro do botão floral e maçã do algodoeiro, o inseticida não consegue penetrar.

Medidas de manejo para o bicudo-do-algodoeiro

  • O plantio-isca para atrair os bicudos e eliminá-los com inseticidas antes do plantio definitivo;
  • O uso de armadilhamento, no qual em um tubo de papelão biodegradável é colocado o feromônio sintético para atração do bicudo e também é pincelado óleo de algodão com inseticida de efeito de choque;  
  • A eliminação dos restos culturais após a colheita, pois nesse momento o bicudo se dispersa para refúgios e pode permanecer em diapausa durante a entressafra;
  • Pulverização de inseticidas em área total.

É importante ressaltar a importância do armadilhamento para essa praga que, assim como na mosca-das-frutas, vem trazendo bons resultados.

No portal Agrofit existem 112 produtos registrados para o manejo do bicudo.

Mosca-branca (Bemisia tabaci – biótipo B)

Assim como a lagarta do cartucho, a mosca-branca Bemisia tabaci é um tipo de praga cosmopolita e polífaga.

Já foi detectada se desenvolvendo em plantas de milho, cultura que anteriormente era uma alternativa para “quebrar” o seu ciclo biológico.

foto de Presença de Bemisia tabaci biótipo B em plantas de milho

Presença de Bemisia tabaci biótipo B em plantas de milho
(Quintela et al., 2016)

Ao longo de um ano, a mosca-branca pode produzir até 15 gerações e é uma das principais pragas agrícolas atualmente.

Nas culturas hospedeiras, se localiza preferencialmente na face inferior das folhas. Ali ovipositam, em média, de 150 a 300 ovos.

Uma característica dessa praga é que, após se alimentar nas folhas, é comum observar a presença de uma substância açucarada e pegajosa, conhecida como “honeydew”.

Os danos da mosca-branca podem ser agrupados em diretos e indiretos.

Danos diretos da mosca-branca

Na soja, o dano direto é causado tanto pelas ninfas como pelos adultos, que sugam a seiva, e as folhas infestadas podem apresentar manchas cloróticas. Além disso, podem ocorrer reduções na produtividade e antecipação do ciclo em até 15 dias.

Em períodos de veranico, os danos podem ser potencializados, pois a população da praga aumenta, a planta encontra-se fragilizada, e o dano pode ser potencializado.

Na cultura do algodão e da soja, é comum observarmos a formação da fumagina sobre as estruturas vegetativas e reprodutivas:

No algodão, o grande problema da formação da fumagina é a contaminação do línter, que prejudica diretamente a qualidade da fibra e, até mesmo, a colheita.

Danos indiretos da mosca-branca

Com relação ao dano indireto, este é caracterizado pela transmissão de vírus nas culturas hospedeiras.

No algodão, os vírus do grupo geminivírus são os mais comuns. Na cultura da soja, a mosca-branca é transmissora do vírus da “necrose-da-haste”, do grupo dos carlavírus.

Ainda na soja, é possível observar o enrolamento e clorose das folhas. Esse conjunto de fatores impacta diretamente na produtividade.

Atualmente no portal Agrofit existem mais de 55 produtos registrados para o manejo da mosca-branca na soja e 49 no algodão.

Lagarta-do-cartucho do milho (Spodoptera frugiperda)

Existe um complexo de lagartas do gênero Spodoptera e a espécie Spodoptera frugiperda, lagarta-do-cartucho, é a praga-chave da cultura do milho, além de ser um sério problema nas culturas da soja e do algodão.

É uma praga polífaga, ou seja, consegue se alimentar de diferentes espécies de plantas. Por isso, está associada à maioria das culturas anuais de importância econômica.

No milho, as lagartas preferem alimentar-se de folhas novas, mas também podem atacar as espigas.

Devido ao canibalismo dessa praga, é comum observar no cartucho do milho apenas uma lagarta. 

Sintomas típicos de seu ataque no milho são folhas raspadas e/ou desfolhadas no cartucho. Em casos severos, verificamos o cartucho destruído e espigas danificadas.

Tanto no milho quanto na soja e no algodão, as lagartas podem atacar a base/colo das plantas recém emergidas, semelhante o comportamento típico da lagarta-rosca (Agrotis ipsilon).

Além disso, na soja e no algodão essa lagarta também pode atacar suas estruturas reprodutivas: vagens, capulhos e maçãs. Ao danificá-las, comprometem diretamente a produtividade.

foto de Spodoptera frugiperda atacando maçãs do algodoeiro

Spodoptera frugiperda atacando maçãs do algodoeiro
(Fonte: Senar)

No portal Agrofit existem 213 produtos comerciais registrados para a cultura do milho, 34 para a essa praga na soja e 70 para o algodão.

Você pode ver mais sobre a Spodoptera frugiperda nestes artigos:

Passo a passo de como combater a lagarta-do-cartucho

“As tecnologias que você precisa saber para controlar “Spodoptera frugiperda”

Cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis)

Atualmente, a cigarrinha-do-milho Dalbulus maidis é considerada uma das principais pragas na cultura do milho.

Uma característica comportamental marcante dessa praga é sua agilidade em se movimentar.

Ela está entre as pragas mais importantes do milho e isso se deve pela capacidade em transmitir doenças.

Assim, plantas infectadas podem manifestar a doença do enfezamento pálido, vermelho e o raiado fino:

três fotos, uma ao lado da outra, mostram Cigarrinha-do-milho e as doenças enfezamento pálido e vermelho

Cigarrinha-do-milho e as doenças enfezamento pálido e vermelho
(Fonte: Pioneer)

As plantas doentes apresentam entrenós encurtados e ficam definhadas, com menor porte. Assim como a mosca-branca, a cigarrinha-do-milho também produz a substância açucarada “honeydew”.

A principal estratégia de manejo adotada para essa praga é o tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos e a pulverização foliar com inseticidas com ação de choque e com efeito residual. 

No portal Agrofit existem 27 produtos registrados para seu manejo.

Percevejo-marrom (Euschistus heros)

Euschistus heros possui ciclo biológico – fase de ovo até a fase adulta – médio de 29 dias. Em geral, os adultos dessa praga possuem longevidade média de 116 dias.

Nas vagens ou folhas são observadas pequenas massas de ovos, na média de 5 a 8 ovos. Ali as ninfas permanecem ao redor dos ovos até atingirem o segundo ínstar.

A partir dessa fase é que podemos observar os danos. Ao penetrar seu aparelho bucal nas vagens para se alimentar, eles atingem as sementes.

Em consequência, o ataque desse percevejo danifica diretamente os tecidos da semente ou grão, que ficam praticamente todos chocos e enrugados.

Assim, há perda de massa do grão, de qualidade e sua inviabilização para ser comercializado como semente.

Além disso, é comum notarmos retenção foliar e vagens murchas devido à intensa sucção de seiva.

No Agrofit existem 58 produtos registrados para o manejo do percevejo marrom na cultura da soja e 3 produtos na cultura do algodão.

Ácaro-rajado (Tetranychus urticae)

Outra praga muito comum e polífaga é o ácaro-rajado. Embora tenha características muito semelhantes aos insetos, essa praga é uma aracnídeo (classe Arachnida).

A espécie Tetranychus urticae pode atacar muitas culturas. Dentre elas, algodão, soja e feijão são as que mais sofrem. 

Ela tem o hábito de formar teias nas folhas, o que cria um ambiente propício para seu desenvolvimento e ainda protege as ninfas e os adultos de possíveis ataques de predadores. 

Além disso, essa teias prejudicam o controle químico e a solução é aplicar jatos de água na lavoura para que sejam destruídas.

O ciclo desse ácaro varia de acordo com as condições ambientais, mas, em média, costuma ser de 7 a 20 dias. 

fotos de adultos de ácaro-rajado e teia que produzem na planta: principais pragas agrícolas

 Adultos de ácaro-rajado e teia que produzem na planta
(Fonte: University of Florida)

Os ataques são mais comuns em épocas com altas temperaturas e clima seco. Os danos são diretos com perfurações das células superficiais e redução da capacidade fotossintéticas das plantas. 

É importante fazer o manejo integrado desse ácaro, pois o manejo convencional tende a selecionar as populações resistentes. 

Os principais métodos são controle biológico com ácaros predadores e entomopatógenos; controle cultural, com destruição de restos culturais e manejo de plantas invasoras; além de controle químico com a rotação de diferentes modos de ação. 

No portal Agrofit existem 32 produtos registrados para o manejo de ácaro-rajado na cultura da soja, 72 produtos para a cultura do algodão, 12 para feijão e 1 para milho. 

Manejo Integrado de Pragas (MIP) 

É importante que você tenha em mente que o controle de todas essas pragas deve seguir preceitos do Manejo Integrado de Pragas (MIP).

O MIP não visa eliminar as pragas, mas mantê-las abaixo do nível de controle, de maneira equilibrada, após verificação com monitoramento. 

Dessa maneira você conseguirá evitar a resistência de pragas-chave a pesticidas, o uso irracional dos pesticidas, ressurgência de pragas em níveis muito mais altos, contaminação do ambiente e pesticidas incompatíveis com o controle biológico. 

Perguntas frequentes sobre as principais pragas agrícolas e o Manejo Integrado de Pragas (MIP)

Próximo ao plantio, posso usar inseticida na dessecação?

No momento da dessecação da área, poderá ser feita a aplicação de inseticidas junto ao herbicida.

Antes disso, é preciso fazer amostragens na área para verificar a densidade populacional.

Spodoptera frugiperda, Helicoverpa armigera e Dichelops melacanthus são as principais pragas-alvo nessa fase. Entre os inseticidas utilizados nesse momento estão os pertencentes aos grupos químicos metilcarbamato e organofosforado (grupo 1A e 1B do IRAC).

Quais outras medidas posso tomar?

Paralelo a isso, você também pode fazer o tratamento de sementes com inseticidas de contato e sistêmico.

O intuito é garantir o estande de plantas na área, prevenindo os danos de insetos de solo e parte aérea.

Os principais inseticidas utilizados são do grupo químico dos neonicotinoides (grupo 4A do IRAC), piretroides (grupo 3A do IRAC), metilcarbamatos (grupo 1A do IRAC) e pirazol (grupo 2B do IRAC).

Como manejar a resistência das principais pragas agrícolas?

Fase inicial de plantio

Se for necessário, aplique um inseticida foliar até 25 dias após a semeadura.

Os produtos devem ter mecanismos de ação diferente do inseticida utilizado no tratamento de sementes.

Portanto, inseticidas com o mesmo mecanismo de ação utilizado para tratar as sementes não deverão ser utilizados por pelo menos 30 dias.

Pós-fase inicial de plantio

Caso mais de uma aplicação de inseticida seja necessária durante o período de 30 dias após a semeadura, opte por inseticidas com mecanismo de ação diferente.

É importante saber que é possível fazer aplicações múltiplas do mesmo mecanismo de ação dentro de um período de 30 dias.

Veja o exemplo abaixo os usos de inseticidas divididos em três momentos:

Esquema demonstrando como fazer a rotação com diferentes mecanismos de ação por janela ou geração da praga (30 dias)

Esquema demonstrando como fazer a rotação com diferentes mecanismos de ação por janela ou geração da praga (30 dias)
(Fonte: IRAC)

Conclusão

As pragas listadas aqui são polífagas, altamente adaptadas ao sistema agrícola, de extrema importância econômica e quase sempre de difícil controle.

Para isso, é importante planejarmos e fazer o uso correto das ferramentas de MIP disponíveis.

Se as medidas preventivas, na entressafra, não forem realizadas adequadamente, sem a destruição de plantas daninhas e tiguera, essas pragas vão causar prejuízos econômicos.

Tendo isso em vista, faça seu planejamento agrícola, coloque em prática nossas dicas e boa safra!

“Inseticidas ecdisteroides: como agem nos insetos e por que são uma boa opção de manejo”

Quais as principais pragas agrícolas que te dão mais dor de cabeça? Tem mais dicas sobre essas pragas? Restou alguma dúvida? Deixe seu comentário!

Atualizado em 05 de novembro de 2020 por Thaís Fagundes Matioli
Agrônoma formada pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), mestra em ciências/entomologia e doutoranda no Departamento de Entomologia da Esalq-USP.

12 principais pragas da soja que podem acabar com sua lavoura

As pragas da soja podem acabar com a produtividade da sua lavoura, mas você pode se preparar conhecendo melhor cada uma delas. Veja aqui as 12 principais pragas da soja e como fazer seu manejo.

As pragas agrícolas podem prejudicar muito a produtividade da sua lavoura, podendo até inviabilizar o trabalho de um ano inteiro.

No Brasil, o clima tropical quente e úmido, juntamente com o cultivo de duas ou mais safras no ano, favorece a reprodução das pragas.

Aliado a isso, as pragas têm adquirido a capacidade cada vez maior de atacar um grande número de espécies, podendo, com isso, permanecer presentes nas áreas de cultivo durante todo o ano.

Por isso, o combate às pragas deve se iniciar muito antes da safra, com monitoramento. E, para isso, é indispensável que você conheça quem são elas. Conheça a seguir!

Principais pragas da soja: importância e dicas para combatê-las

Conhecer as pragas da soja, bem como suas principais características e métodos de controle, é fundamental para se ter altas produtividades. 

Dessa maneira  conseguimos realizar adequadamente o Manejo Integrado de Pragas (MIP), pelo qual temos melhor controle e equilíbrio do ambiente.

Por meio de monitoramento periódico (uma das bases do MIP), realizamos as pulverizações somente quando necessário, para não haver desperdício.

Confira as principais pragas da soja, que vamos abordar em detalhes a seguir, e veja no gráfico as principais épocas em que elas ocorrem, para orientar seu monitoramento:

  1. Lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis)
  2. Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)
  3. Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)
  4. Lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens)
  5. Lagarta-falsa-medideira (Rachiplusia nu)
  6. Lagartas broqueadoras de vagens e grãos
  7. Mosca-branca (Bemisia spp.)
  8. Percevejo-castanho (Scaptocoris spp.)
  9. Outros percevejos
  10. Tamanduá-da-soja (Sternechus subsignatus)
  11. Ácaros
  12. Corós da soja
pragas da soja

Para facilitar e otimizar o seu trabalho, o monitoramento da lavoura pode ser realizado com o software agrícola Aegro

Assim, além de todos os seus pontos georreferenciados, você pode consultar o histórico da sua lavoura nas diferentes culturas plantadas, épocas do ano e pressão por espécie de praga. 

Com o Aegro, seus dados ficam seguros e muito mais fáceis de ser visualizados. Os produtores de soja também podem acompanhar as pragas pelo aplicativo e manual de pragas da Embrapa Soja. 

Ambos, manual e aplicativo, foram desenvolvidos por pesquisadores da Embrapa e podem auxiliar  muito na tomada de decisão e na identificação das pragas que ocorrem na sua lavoura.

Além disso, disponibilizamos gratuitamente uma planilha para você fazer seu MIP. Baixe clicando aqui!

Agora que sabemos toda a importância que o conhecimento das pragas representa, vamos entender mais sobre cada uma delas:

1. Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis)

A lagarta-da-soja é uma potente desfolhadora da cultura. Inicia o seu ataque no topo da parte aérea das plantas de soja, podendo persistir até a fase de enchimento dos grãos. 

Pode apresentar até quatro gerações durante a safra. Seu ciclo biológico dura cerca de 30 dias.

Pode se alimentar de folhas, flores ou até mesmo de vagens. Quando o ataque é muito intenso, as lagartas assumem coloração preta com listras brancas. Essa modificação fisiológica do inseto é causada pela competição por alimento.

2- pragas-da-soja
Característica visual da lagarta-da-soja em diferentes fases de desenvolvimento. Pode adquirir coloração escura devido à competição por alimento, em alta pressão da praga na lavoura (Fonte: Elaine Nascimento, 2016)

Controle da lagarta-da-soja

Seguindo o Manejo Integrado de Pragas na cultura da soja, o controle deve ser realizado conforme estas três situações:

  • quando forem encontradas, em média, 20 lagartas grandes (igual ou maior que 1,5 cm) por metro de fileira;
  • quando a desfolha atingir 30% antes da floração;
  • quando a desfolha atingir 15% tão logo apareçam as primeiras flores.
3-pragas da soja

Defensivos naturais também podem ser utilizados, como a ação do Baculovírus para essa lagarta, vide a imagem acima (Fonte: SOSA-GOMEZ, 1983)

Após ou durante o fechamento das entrelinhas da cultura da soja, os inseticidas reguladores de crescimento constituem uma ótima opção para o controle dessa praga.

Quando materiais (cultivares) de soja com tecnologia Bt forem implantados na área de cultivo, torna-se necessária a implementação de áreas de refúgio em pelo menos 20% da área cultivada com a soja transgênica.

O refúgio é fundamental para o manejo antirresistência, e para prolongar a vida útil e eficiência dos inseticidas no controle da praga.

>> Leia mais: “Lagartas na soja: como identificar e controlar

2. Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)

A lagarta-do-cartucho pode ocorrer tanto nos estádios iniciais de desenvolvimento da cultura da soja quanto nos estádios mais avançados, como o reprodutivo.

Ela se alimenta de espécies de mais de 23 famílias de plantas. Apresenta preferência por gramíneas (como milho e arroz), mas pode se alimentar de outras plantas, como soja e algodão, dentre inúmeras outras de interesse agrícola.

4-pragas-da-soja

Assim, é comum a lagarta estar presente em culturas comumente utilizadas como cobertura, como milheto, aveia, trigo, as quais serão dessecadas para a posterior semeadura  da soja.

Controle da lagarta-do-cartucho

O manejo dessa praga da soja começa com a boa dessecação da cultura de cobertura para a produção de palha no Sistema Plantio Direto (SPD).

Além disso, para o controle de Spodoptera frugiperda, não é recomendado aplicar inseticidas na fase de dessecação, mesmo que haja lagartas.

Isso porque a semeadura é realizada cerca de 25 dias após a dessecação, e, na ausência de alimento, as lagartas viram pupas ou morrem.

Assim, se o plantio for realizado logo após a dessecação e for constatada a presença de lagartas, a aplicação de inseticidas se faz necessária. 

Isso porque a lagarta-do-cartucho pode afetar o estande inicial da lavoura, “cortando” literalmente as plântulas recém emergidas. 

Os inseticidas registrados e recomendados podem ser consultados no Agrofit. Mas é necessário ainda que se conheça a eficiência das moléculas, uma vez que a praga já apresenta resistência a alguns grupos químicos.

3. Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)

Também conhecida como broca-do-colo, a lagarta-elasmo se alimenta de diversas espécies de plantas. É tida como uma das pragas iniciais da soja.

Uma mesma lagarta pode atacar até três plantas de soja durante a sua fase larval. Os danos são maiores em condições de alta temperatura e déficit hídrico no solo. Assim, sua presença é menor no Sistema Plantio Direto, devido à conservação de umidade do solo.

Sua época de ocorrência é entre o período da emergência da soja, até 30 a 40 dias do desenvolvimento (estádio V2-V3). Ocorre com maior intensidade na região do Cerrado, em áreas com predominância de solos arenosos.

Controle da lagarta-elasmo

Naturalmente ocorre quando há chuvas bem distribuídas, durante os primeiros 30 dias de desenvolvimento da soja.

O controle químico é menos eficaz, principalmente, por causa da posição em que a praga fica alojada na planta.

É possível fazer o tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos em áreas com histórico de ocorrência da praga.

4. Lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens)

A falsa-medideira é fácil de ser reconhecida, já que ela tem o hábito de se deslocar dobrando o corpo como se estivesse medindo palmos.

5-pragas da soja
(Fonte: Defesa Vegetal)

Pode causar intensa desfolha na soja, principalmente na fase reprodutiva da cultura. Ocorre na cultura da soja desde as primeiras folhas, podendo persistir até o enchimento dos grãos, sendo favorecidas por períodos de seca.

Embora a falsa-medideira seja facilmente reconhecida, em função do seu comportamento de deslocamento, a diferenciação entre ela e outras lagartas também denominadas falsas-medideiras (como Rachiplusia nu) não é tão fácil assim.

Muitas vezes, a diferenciação pode ser realizada apenas por análise laboratorial; por isso, ficar atento à ocorrência delas na lavoura é fundamental.

Controle da falsa-medideira

É necessário realizar o controle da praga nestas três situações:

  • ao se verificar 20 lagartas grandes (igual ou maior que 1,5 cm) por metro de fileira;
  • quando a desfolha atingir 30% antes da floração;
  • quando a desfolha atingir 15% tão logo apareçam as primeiras flores.

É possível utilizar inseticidas reguladores de crescimento durante a fase de fechamento das fileiras, além do uso de soja transgênica Bt.

>> Leia mais: “Reduza drasticamente suas aplicações utilizando o Manejo Integrado de Pragas”.

5. Lagarta falsa-medideira (Rachiplusia nu)

A lagarta falsa-medideira (R. nu) é assim conhecida porque, além de possuir a mesma cor da falsa-medideira (C. includens), também se movimenta como se estivesse “medindo palmos”. 

Essa espécie de lagarta tem ocorrido com maior frequência nas últimas safras, preocupando produtores de norte a sul do país. Possui hábito polífago — ou seja, é capaz de se alimentar de inúmeras espécies de plantas.

Os ovos de R. nu são ovipositados de forma isolada, podendo ser encontrados principalmente na face inferior das folhas, sendo de coloração branco-amarelada. 

A fase de lagarta tem duração média de 18 a 21 dias, a depender da temperatura. É nessa fase que os maiores danos ocorrem, principalmente ao passar do desenvolvimento das lagartas. Temperaturas amenas favorecem essa espécie.

As lagartas possuem coloração verde intensa e podem atingir comprimento de 2,7 cm. A fase de pupa desta espécie dura em média 12,7 dias.

Os danos causados pela Rachiplusia nu incluem:

  • desfolha;
  • aspecto rendilhado dos folíolos, mantendo apenas as nervuras intactas;
  • cada lagarta pode consumir um total de 1074 mg, chegando até 100 cm² de folhas.
6-pragas-da-soja
Fase larval de R. nu, e danos causados, com preservação das nervuras (Fonte: Marsaro Júnior, 2016)

Controle da lagarta falsa-medideira da soja R. nu

O controle deve ser baseado no monitoramento da lavoura e na escolha dos inseticidas para combater a praga. 

Essa lagarta deve ser controlada quando atingir o nível de ação, que, para lagartas, de forma geral, deve ser realizada quando a desfolha for igual ou superior a 30% durante o estádio vegetativo da soja e quando atingir 15% durante o período reprodutivo da soja.

É importante que os inseticidas para controle sejam utilizados no momento correto, quando houver real necessidade, assim evitando a eliminação de insetos benéficos à lavoura.

Áreas de refúgio devem ser utilizadas obrigatoriamente para o manejo antirresistência, a fim de se evitar problemas de resistência aos inseticidas e à tecnologia Bt.

7-pragas-da-soja
Mariposa da falsa-medideira R. nu (Fonte: Specht, 2020)

6. Lagartas broqueadoras de vagens e grãos

Estão são as lagartas consideradas broqueadoras de vagens e grãos:

  • Complexo de lagartas do gênero Spodoptera: 
    • S. eridania: são mais ativas no período noturno, e encontradas com maior frequência no terço inferior das plantas;
    • S. cosmioides: ataca grande número de hospedeiros;
      Ambas as espécies causam desfolha ou destroem as vagens em formação, possuindo importância crescente na região do Cerrado
  • Lagarta-da-maçã-do-algodoeiro (Heliothis virescens):
    Alimentam-se de vagens da soja e, às vezes, das folhas;
  • Broca-pequena-das-vagens (Maruca vitrata):
    Essas pragas broqueiam — ou seja, causam danos às vagens, hastes e pecíolos da soja, com maior ocorrência em períodos de seca associados a altas temperaturas;
  • Helicoverpa armigera:
    Essa lagarta se alimenta principalmente de folhas e hastes da soja, mas tem preferência pelas estruturas reprodutivas (botões florais, vagens e grãos).

Controle das lagartas broqueadoras de vagens e grãos

Para o controle, é recomendável utilizar inseticidas seletivos para o complexo de inimigos naturais das pragas agrícolas. Além disso, o uso de inseticidas deve ser realizado de acordo com os níveis de controle; por isso, a amostragem e o histórico da área são informações muito importantes.

Informações sobre inseticidas recomendados para o controle de cada uma das espécies de lagartas podem ser encontrados no Agrofit, a partir da pesquisa por nome comum da praga ou nome científico. 

Consulte sempre um agrônomo para melhor recomendação do produto, de acordo com as necessidades da sua lavoura.

Para o controle de lagartas, ainda de modo geral, é necessário implementar um programa de manejo integrado de pragas (MIP), com a junção de diferentes métodos de controle, principalmente para o manejo antirresistência.
As recomendações para o manejo das principais espécies com relatos de resistência podem ser conferidas diretamente nos materiais disponibilizados pelo Comitê de Ação à Resistência a Inseticidas (IRAC).

7. Mosca-branca (Bemisia sp.)

A mosca-branca é um inseto sugador que pode transmitir vírus em plantas leguminosas como a soja.

Além disso, durante a alimentação, esse inseto-praga da soja libera parte da seiva sugada – substâncias açucaradas sobre os tecidos da planta, que favorecem o desenvolvimento de um fungo de coloração escura conhecido como fumagina.

A fumagina por si só não afeta a cultura da soja. Porém, devido ao recobrimento da superfície foliar, pode reduzir a área fotossinteticamente ativa, prejudicando a cultura.

Os danos em soja são causados tanto pelos adultos quanto pelas ninfas, na fase vegetativa ou reprodutiva da cultura.

No entanto, o ataque é predominante na fase de enchimento de grãos, sendo favorecido por períodos de estiagem prolongada associados à ocorrência de altas temperaturas.

8-pragas-da-soja-mosca-branca
Aparência visual de adulto, ninfas e ovos da mosca-branca

Controle da mosca-branca

O controle pode ser feito pela escolha da melhor época de semeadura, eliminação de plantas hospedeiras, rotação de culturas e seleção de inseticidas efetivos.

Ademais, o período de vazio sanitário, utilizado para o controle da ferrugem-asiática, é também uma importante ferramenta de controle para essa praga da soja.

Para a aplicação de inseticidas, é importante entender que moléculas têm apresentado eficiência na região de cultivo, bem como em que fases da mosca-branca elas possuem ação.

O tratamento de sementes com inseticidas também ajuda a reduzir ou retardar o estabelecimento da praga.

8. Percevejo-castanho (Scaptocoris spp.)

O percevejo-castanho é um inseto polífago e de hábito subterrâneo, sendo uma praga que ataca um grande número de plantas hospedeiras. 

Sua presença é facilmente reconhecida, devido ao forte cheiro que exala quando o solo é movimentado.

No Brasil, as principais espécies de percevejos-castanhos associadas à cultura da soja incluem são:

  • Scaptocoris castanea;
  • S. carvalhoi;
  • S. buckupi.

O inseto suga a seiva das raízes da soja e pode ser encontrado predominante em solos arenosos

Desse modo, os sintomas provocados podem ser confundidos com uma deficiência nutricional ou doença, já que destroem as raízes da soja e os nódulos de fixação biológica de nitrogênio, afetando negativamente o estabelecimento do estande, o vigor e o desenvolvimento das plantas. 

Os danos têm sido mais frequentes nos estados do Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul.

Controle do percevejo-castanho

O controle do percevejo-castanho é preventivo. Por isso, é necessário fazer o monitoramento dessas pragas por meio de amostragens, antes da instalação da lavoura.

Além disso, a alteração da época de semeadura e a aplicação de inseticidas no sulco de semeadura auxiliam o manejo.

Quanto ao controle biológico, estudos estão sendo realizados para controlar a praga usando fungos entomopatogênicos, como o Metarhizium anisopliae.

9. Outros percevejos

Além do percevejo-castanho, há outros percevejos que podem danificar as vagens ou os grãos da soja em formação. São eles:

  • Percevejo-marrom-da-soja (Euschistus heros);
  • Percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildinii);
  • Percevejo-verde (Nezara viridula).
9-pragas-da-soja
Percevejo-marrom: (a), ovos (b), ninfas de primeiro (c) e quinto ínstar (d) (Fonte: Panizzi, 2012)
10-pragas da soja
Percevejo-verde-pequeno: adulto (a), ovos (b), ninfa de primeiro (c) e quinto ínstar (d) (Fonte: Panizzi; Bueno; Silva, 2012)

A época de ocorrência é o período de florescimento e, após a colheita da soja precoce, migram para talhões de soja mais tardia.

Os sintomas são grãos menores, enrugados, chochos e com a cor mais escura que o normal.

Quando o ataque ocorre nos estádios R3 a R4, podem favorecer o abortamento de vagens.

Se o ataque é durante o enchimento da vagem (R5), podem afetar o rendimento da cultura e a qualidade dos grãos ou sementes produzidas.

Além disso, um ataque severo de percevejos na soja pode causar distúrbio fisiológico na planta, causando retenção foliar.

Regiões de ocorrência dos percevejos:

  • Percevejo-marrom, percevejo-verde-pequeno e o percevejo-verde: região Centro-Sul do Brasil;
  • Percevejo-verde: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul;
  • Percevejo-marrom e o verde-pequeno: Cerrado.

Controle de percevejos

Deve ser iniciado no estádio R3, quando houver dois percevejos por metro para lavouras de grãos e um percevejo por metro para lavouras destinadas a sementes.

O controle biológico pode ser feito das seguintes formas:

  • Parasitóides de ovos: Trissolcus basalis;
  • Parasitóide de adultos: Hexacladia smithii.

No entanto, os parasitóides são muito sensíveis a inseticidas de amplo espectro de ação. Por isso, tenha atenção quanto aos defensivos escolhidos.

10. Tamanduá-da-soja (Sternechus subsignatus)

As plantas jovens são as mais suscetíveis ao ataque dessa praga, conhecida como bicudo, cascudo ou tamanduá-da-soja.

Controle do Tamanduá-da-soja

Devem ser realizadas amostragens nos talhões em que, na safra anterior e na entressafra, tenham sido observados ataques severos da praga.

A rotação de cultura (por exemplo, com milheto, Crotalaria juncea ou mucuna-preta) é uma boa opção de controle.

Ademais, ao emergir, os adultos podem ser controlados com inseticidas, também sendo possível o tratamento de sementes com fipronil, tiametoxam.

11. Ácaros

Podemos citar quatro ácaros que podem causar danos à cultura de soja:

  • Ácaro-rajado (Tetranychus urticae);
  • Ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus);
  • Ácaro vermelho (Tetranychus ludeni ou Tetranychus desertorum);
  • Ácaro-verde (Mononychellus planki)
11-pragas-da-soja-acaros
(Fonte: Unipac)

Os ácaros ficam na parte inferior das folhas e, possivelmente, é necessária uma lupa para vê-los.

No entanto, você pode observar seus sintomas — que, normalmente, são pontuações claras (células mortas) na folha que podem evoluir para manchas. Os sintomas são desuniformes nas plantas e ao longo da lavoura.

No caso do ácaro branco, os sintomas são folhas encarquilhadas, podendo até ser confundido por viroses. Isso ocorre porque esse ácaro ataca as folhas novas, prejudicando o processo de expansão da folha.

Além do mais, o ataque dos ácaros decorre condições climáticas ou algum desequilíbrio.

O desequilíbrio pode ser causado pela aplicação de inseticidas pouco seletivos, que matam também os inimigos naturais dos ácaros.

São exemplos desses inseticidas os piretróides, usados em soja para lagartas e percevejos. Já os neonicotinoides favorecem os ataques por estimular a reprodução dos ácaros.

Quantos às condições climáticas, as estiagens favorecem todos os ácaros citados, exceto o ácaro-branco, que prefere períodos chuvosos.

Além disso, no geral, as infestações ocorrem nos estádios iniciais de desenvolvimento da cultura e, especialmente, após o florescimento das plantas.

O importante aqui é saber identificar o problema e anotar a presença dos ácaros na lavoura, para que isso fique registrado no histórico da área.

Controle de ácaros

Não existe um método adequado para realizar a amostragem dessas pragas da soja, já que há dificuldade em visualizá-los, o que dificulta o manejo.

Muitas vezes, as próprias condições climáticas desfavoráveis já controlam essa praga da soja.

12. Corós

Podemos citar três espécies de corós dessas pragas da soja e suas regiões de ocorrência:

  • Coró-da-soja (Liogenys fusca): Goiás e Mato Grosso;
  • Coró-da-soja-do-cerrado (Phyllophaga capillata): Distrito Federal, Mato Grosso e Goiás;
  • Coró-pequeno-da-soja: Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás;

Os corós se alimentam de raízes da soja e até mesmo nódulos de fixação biológica de nitrogênio.

Por isso, os sintomas são de desenvolvimento lento, amarelecimento, murcha e morte.

Com isso, causam redução na capacidade das plantas de absorver água e nutrientes, podendo ocorrer até 100% de perda da lavoura.

Semeaduras tardias tendem a sofrer maiores danos, uma vez que há predomínio de larvas maiores, que são mais vorazes.

Controle dos corós da soja

É importante fazer amostragens no solo, para identificar as espécies presentes dessas pragas da soja, seu nível populacional e o estádio de desenvolvimento.

Além disso, o monitoramento dessas pragas deve ser feito antes do plantio, já que é recomendado o controle preventivo.

Outro controle preventivo é a alteração da época de semeadura e o preparo do solo com implementos agrícolas adequados. O uso de armadilhas luminosas permite capturar adultos do inseto durante a noite e, assim, também contribuir para reduzir infestações.

Como controle químico, temos a aplicação de inseticidas nas sementes ou no sulco de semeadura da soja.

Conclusão

Aqui vimos as principais pragas da soja, sabendo mais sobre suas características e métodos de controle.

Conseguimos compreender também a época de ocorrência dessas pragas e as condições favoráveis a cada uma delas para que o monitoramento da lavoura seja realizado constantemente.

Agora é possível começar o MIP efetivamente, seja por planilhas ou um software agrícola como o Aegro, que possibilitam um controle mais eficaz e econômico.

>>Leia mais:

Como controlar a lagarta enroladeira das folhas na sua lavoura

Guia completo para o manejo da lagarta-preta

Como proteger sua lavoura da lagarta-rosca

Gostou destas dicas sobre amostragem e monitoramento de pragas da soja? Assine nossa newsletter para receber mais artigos como este!

redatora Bruna Rohrig

Atualizado em 07 de junho de 2023 por Bruna Rhorig.

Bruna é agrônoma pela Universidade Federal da Fronteira Sul, mestra em fitossanidade pela Universidade Federal de Pelotas e doutoranda em fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul na área de pós-colheita e sanidade vegetal.

O futuro de defensivos agrícolas: as novas tecnologias que veremos no campo

Conheça agora as soluções para o uso de defensivos agrícolas e fertilizantes: nova forma de pulverização, repelente para plantas e outras tecnologias que já estamos utilizando ou veremos em breve no campo.

Todos os dias temos notícias de novas tecnologias: celulares mais rápidos, carros mais potentes, computadores melhore, e por aí vai.

Com a agricultura não é diferente, novas e promissoras tecnologias vêm surgindo para melhorar a produção agrícola.

E não tem nada de modismo.

Assim como o celular entrou no nosso dia a dia, muitas dessas tecnologias farão parte do nosso cotidiano com o objetivo de facilitar as atividades.

Assim, separei aqui 4 novas tecnologias de uso de agrotóxicos, sendo que algumas já estão sendo implantadas com sucesso. Confira:

1.Uma nova solução para pulverização de defensivos agrícolas e fertilizantes

Ao aplicar os defensivos agrícolas e fertilizantes  na lavoura, o tamanho das gotas faz uma grande diferença.

Gotas maiores atingem seus alvos com maior precisão mas com menor cobertura. Já gotas pequenas dão maior cobertura, mas são mais propensas à deriva.

Pensando nisso, uma equipe de pesquisadores do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) encontrou uma maneira de equilibrar essas propriedades.

Ou seja, os pesquisadores acreditam ter encontrado uma maneira para que as pulverizações produzam gotas que não sofram tanto com deriva, mas que tenham boa cobertura do alvo.

Para isso, a equipe usou uma malha com pequenos furos entre o jato de defensivo e o alvo. Isso divide as gotas em um milésimo do seu tamanho.

Muitos tipos de materiais funcionam como essa barreira entre o jato e o alvo. O que importa é o tamanho das aberturas na malha e a espessura do material.

Para esse estudo em questão, os pesquisadores utilizaram uma malha de aço inoxidável comumente disponível.

As fotos abaixo ilustram como são produzidas as minúsculas gotas ao encontrar essa malha.

defensivos-agricolas-gotas-grudam-plantas

As gotas menores na imagem à direita têm pouco efeito sobre a planta, enquanto as pequenas gotas à esquerda, produzidas ao encontrar a malha, atingem melhor as folhas

(Fonte: The Varanasi Research Group e MIT em Science Daily)

Essa malha ainda impede que as plantas sejam atingidas pelas gotas maiores de chuva, lavando os defensivos químicos das folhas.

Para a implantação da malha sobre a cultura é necessário que a mesma seja apoiada na planta ou em uma estrutura.

Assim, o produtor pode simplesmente usar um pulverizador convencional que produz gotas grandes e que, portanto, não sofrem deriva.

Então, as gotas são quebradas pela malha em gotículas finas, o que aumenta muito as chances de “grudar” em todo alvo.

É claro que na agricultura extensiva esse uso fica mais complicado. Porém, alguns agricultores já cobrem algumas pequenas culturas como forma de proteção contra pássaros e insetos.

> Como otimizar sua lavoura com pulverizador autopropelido

2. Defensivo agrícola que é repelente para plantas contra insetos

Pesquisadores da Universidade Técnica de Munique (TUM) desenvolveram um agente biodegradável que evita ataque de pragas à lavoura, mas sem envenená-las.

Você pode notar que o princípio é o mesmo do repelente de mosquitos que usamos comumente: apenas manter os insetos longe.

Os pesquisadores de Munique se inspiraram na planta de tabaco, que produz o cembratrienol (CBTol) em suas folhas para se proteger de pragas.

Assim, eles começaram a produzir biotecnologicamente essa substância.

Para isso, os cientistas isolaram as seções do genoma da planta do tabaco responsáveis ​​pela formação das moléculas de CBTol.

Depois, eles adicionaram essas seções no genoma da bactéria, fazendo com que elas produzam o ingrediente ativo CBTol.

Investigações iniciais indicam que o produto não é tóxico para todos os insetos, mas protege contra os pulgões.

Além disso, como ele é biodegradável, não se acumula no meio ambiente.

defensivos-agricolas-repelente-doenças

Os pulgões evitam as plantas de trigo tratadas com  CBTol (direita) em relação com as plantas sem nenhum tipo de aplicação (esquerda)

(Fonte: Technical University of Munich (TUM) em Science Daily)

A substância ainda tem efeito antibacteriano nas bactérias gram-positivas. Isso significa que ela pode age especificamente contra alguns patógenos humanos, como Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae e Listeria monocytogenes.

A equipe ainda ressalta que essa nova abordagem abre as portas para uma mudança fundamental na proteção de cultivos.

Mas não foram só os pesquisadores de Munique que encontram uma solução mais sustentável para as pragas, como você pode ver a seguir:

> Veja como escolher o adjuvante agrícola e melhorar o seu manejo

> 6 dicas de compra de defensivos agrícolas para potencializar o manejo da sua lavoura

3. Abelhas que transportam defensivos agrícolas naturais

A empresa canadense Bee Vectoring Technology (BVT) desenvolveu um sistema em que as abelhas são quem transportam os defensivos agrícolas para as lavouras.

As abelhas criadas comercialmente entram em uma caixa, chamada de dispensador. Elas saem na outra ponta do dispensador prontas para levar o defensivo para campo.

Dentro da caixa elas passam por um material em pó especialmente formulado contendo material natural que adere às abelhas, permitindo o transporte de ingredientes ativos.

Assim, quando as abelhas pousam em flores para coletar néctar e pólen, elas deixam uma camada de defensivos para proteger a planta e/ou a futura fruta.

O grande “pulo do gato” nesse caso foi a produção desse pó que gruda nas abelhas e que, ao mesmo tempo, permite a mistura com ingredientes ativos.

soluções para o uso de defensivos agrícolas e fertilizantes

(Fonte: Bee Vectoring em New Scientist)

Segundo a empresa, o produto atende algumas culturas, como girassol, canola, tomate, pera, maçã e outras.

O pó pode conter uma variedade de substâncias, desde que não prejudiquem as abelhas. Por isso, a empresa trabalha especialmente com os defensivos naturais que você confere a seguir:

Beauveria bassiana

Usado para controlar uma variedade de insetos-praga, o Beauveria bassiana pode ajudar as plantas a combater cupins, tripes, moscas brancas, pulgões e diferentes besouros.

Estreptomicina

Utilizada para combater o crescimento de doenças bacterianas e fúngicas de certas frutas, vegetais e sementes. A estreptomicina é especialmente útil para o controle de doenças em algumas culturas.

Bacillus thuringiensis

As proteínas inseticidas cristalinas produzidas pelo Bacillus thuringiensis são usadas para controlar pragas de insetos em plantas.

4. Defensivos agrícolas: manejo e custos baseado em dados

Você nunca lembra ao certo quais foram as aplicações da última safra? Especialmente as doses e a mistura de produtos utilizada? E sobre a quantidade de uso de fertilizantes?

Ou sempre fica na dúvida se aquele produto mais caro realmente valeu a pena e qual foi seu custo por hectare.

Todas essas informações você pode ter em um caderno ou planilha atualizada e com todas as informações da safra de maneira organizada.

O problema é que a rotina pesada da lida da fazenda, juntamente com as inúmeras informações do campo tornam isso quase impossível.

>> 5 dicas infalíveis para uma aplicação de defensivos agrícolas mais eficaz

>> Como fazer controle de estoque de defensivos agrícolas em 5 passos

Com o software agrícola Aegro, você consegue ter todas essas informações de forma mais rápida e automatizada.

Sem falar nos gráficos e relatórios que te ajudam a visualizar como está tudo, tornando as tomadas de decisões muito mais seguras e assertivas.

custo-realizado-gestão-rural

Você também tem seus custos, total e por hectare, baseado em todos os dados da lavoura, conhecendo seu custo real de produção.

Além disso, o Aegro ainda permite a importação automática da nota fiscal, o monitoramento de pragas georreferenciado e muitos outras atividades para colaborar com seu dia a dia.

Saiba mais sobre o Aegro falando com um de nossos consultores aqui.

Conclusão

Vimos aqui algumas soluções para o uso de defensivos agrícolas e fertilizantes.

Novas tecnologias envolvendo os defensivos agrícolas podem até parecer distantes da nossa realidade.

No entanto, cada vez mais vamos ver essas tecnologias em campo com o intuito de facilitar e automatizar as atividades.

Com tudo isso nós poderemos ficar menos tempo em trabalhos mecânicos, e focar no que mais importa, como em manejos e estratégias mais eficientes de produção.

Assim, cabe a você se atentar e avaliar quais são as tecnologias que mais podem te ajudar hoje, colocando seu foco e tempo no que mais interessa!

Leia mais:

>> Armazenagem de defensivos agrícolas: como fazer e o que é preciso saber

>> 8 perguntas para fazer ao seu consultor sobre defensivos agrícolas

>> [Infográfico] Defensivos agrícolas genéricos ou de marca: a batalha definitiva do que usar na sua propriedade

>> Tudo o que você precisa saber sobre resistências a defensivos agrícolas

Gostou do texto? Conhece outras tecnologias inovadoras de defensivos agrícolas? Restou alguma dúvida? Adoraria ver seu comentário abaixo!

7 verdades sobre Helicoverpa zea: sua origem e como combatê-la

Helicoverpa zea: Como identificar facilmente a lagarta-da-espiga e quais as medidas de controle mais eficientes para a lavoura.

A Helicoverpa zea, também conhecida por lagarta-da-espiga, está entre as espécies de pragas mais importantes para a agricultura.

Isso porque ela ataca inúmeras culturas, especialmente o milho, chegando a até 96% de infestação nas espigas.

Essa espécie tipicamente do “Novo Mundo” (do continente Americano, como mostra figura abaixo) pode causar inúmeros danos.

No entanto, com tantas lagartas que podem atacar a lavoura, podemos facilmente nos confundir e nos deixar levar pela rotina do dia a dia.

Por isso, veja aqui 7 verdades sobre Helicoverpa zea que lhe ajudarão a entender melhor sobre essa praga e como combatê-la.

distribuição-helicoverpa-zea


Distribuição global de Helicoverpa zea
(Fonte: CABI)

1.Helicoverpa zea e sua origem

A lagarta-da-espiga tem sua distribuição em parte da América do Norte, na América Central e parte da América do Sul, englobando todo o território brasileiro.

Atualmente, existem 18 espécies identificadas do gênero Helicoverpa spp., sendo que, duas delas estão presentes no Brasil: a lagarta-da-espiga-do-milho (Helicoverpa zea) e a Helicoverpa armigera.

A Helicoverpa armigera é da região da Oceania, sendo mais adaptada às culturas do algodão e da soja.

Já a Helicoverpa zea é originária da região do México, resultando em maior adaptação ao milho e, por isso, sendo mais facilmente encontrada nessa cultura.

Essas duas lagartas, normalmente, não podem ser diferenciadas a olho nu, sendo necessário o uso de alguma lupa ou microscópio.

Desse modo, a morfologia externa desses insetos, em todas as fases do ciclo biológico são muito semelhantes, o que dificulta a identificação.

No entanto, se você encontrar um inseto com as características da Helicoverpa em milho é mais provável que seja a H. zea.  A seguir você confere todas essas características:

2. A identificação da Helicoverpa zea não é tão complicada

O inseto adulto da Helicoverpa zea é uma mariposa que mede cerca de 40 mm, com asas anteriores amarelo-parda.

Ele também possui uma faixa escura na transversal e algumas manchas nas asas, também de coloração escura. Já as asas posteriores são de cor mais clara.

Abaixo você pode ver as principais características da Helicoverpa zea e H. armigera, bem como seu ciclo:

ciclo-de-vida-helicoverpa-zea

Ciclo e identificação de Helicoverpa zea ou H. armigera
(Fonte: Mapa, Bayer, FAEG e Santin Gravena em Globo Rural)

Além disso, os danos causados pela lagarta-da-espiga podem ser confundidos com os danos causados pela lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda).

Mas você pode diferenciá-las facilmente através da coloração da cabeça, que é mais escura na Spodoptera frugiperda.

A lagarta-da-espiga tem a cabeça de coloração marrom bem clara enquanto a lagarta-do-cartucho apresenta a cabeça quase preta. Aqui no blog, temos outros artigos sobre esse assunto. Veja:

>> “As tecnologias que você precisa saber para controlar “Spodoptera frugiperda
>> “Passo a passo de como combater a lagarta-do-cartucho

3. Conhecer o ciclo de vida da Helicoverpa zea ajuda a combatê-la

O conhecimento do ciclo de vida dos insetos te ajuda a entender em que fase as pragas agrícolas atacam a cultura.

Além disso, esse conhecimento é essencial para facilitar a identificação e saber quando é melhor fazer o monitoramento da lavoura.

Como você viu na imagem acima, a vida total desse inseto é em torno de 40-45 dias, sendo que ele passa por seis instares larvais num período de aproximadamente 18 dias.

Assim, podem ocorrer durante o ano mais de cinco gerações.

Com essas informações podemos definir algumas estratégias de manejo para combate da Helicoverpa zea:

  • Como o tempo de cada geração é de aproximadamente 30 dias, estabeleça janelas de aplicação com aproximadamente 30 dias de duração;
  • Você até pode fazer aplicações múltiplas do mesmo modo de ação dentro de uma janela, mas desde que os efeitos não excedam os 30 dias duração da janela. Assim, a chance da lagarta ser exposta ao mesmo modo de ação do inseticida são reduzidas, sendo menor o risco de desenvolvimento de resistência;
  • As aplicações em pré-plantio e no tratamento de sementes também devem ser seguir essa estratégia de janela de 30 dias;
  • O tratamento de sementes podem não oferecer controle de 30 dias, então, se necessário, aplique um inseticida foliar. No entanto, é indicado que essa aplicação ocorra mais tarde, até 25 dias após a semeadura;
  • Caso não consiga manter essa janela de aplicação, mude o mecanismo de ação do inseticida em cada pulverização;

A praga possui hábitos noturnos, movimentando-se a partir do entardecer, sendo que as condições de umidade contribuem para seu crescimento populacional.

No milho, a lagarta-da-espiga está listada entre as pragas primárias, tendo grande importância nos estádios de R1 a R4.

pragas-cultura-milho

4. Os danos da Helicoverpa zea no milho são característicos

No milho, o adulto (mariposa) da lagarta-da-espiga coloca seus ovos nos estilos-estigmas (cabelo do milho).

ovo-helicoverpa-zea

Ovo de Helicoverpa spp. no “cabelo” (estilo-estigmas) de milho
(Fonte: Foto de J. Obermeyer em Purdue Extension)

Mas, também pode colocar os ovos nas folhas de plantas ainda em estádios vegetativos de desenvolvimento.

Na espiga, você poderá encontrar de 13 a 15 ovos, tendo um período de incubação em torno de três dias.

As larvas recém-nascidas alimentam-se dos cabelos de milho, e dependendo da intensidade de ataque podem ocorrer grandes falhas nas espigas pela não-formação dos grãos.

Já as lagartas maiores se alimentam dos grãos leitosos, o que também facilita a penetração de microrganismos e pragas de armazenamento de grãos.

Danos causados no milho:

  • Ataca os estigmas impedindo a fertilização;
  • Alimentam-se de grãos leitosos;
  • Deixam orifícios que facilitam a penetração de microrganismos que podem causar podridões e facilitar as pragas no armazenamento.
danos-helicoverpa-zea

(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

Danos da Helicoverpa zea em outras culturas:

  • Brocam os frutos;
Helicoverpa zea

(Fonte: Plant Health Progress)

  • Destroem mudas;
  • Alimentam-se dentro da coroa da planta causando buracos na nervura central;
  • Abrem pequenos orifícios na extremidade da flor e causam falhas na produção de grãos.

5. O controle de Helicoverpa zea pode ser por produtos biológicos

O controle biológico é feito através dos predadores e parasitoides:

  1. A tesourinha Doru luteipes se alimenta de ovos e de larvas pequenas da praga;
  2. A vespa Trichogramma parasita os ovos de Helicoverpa zea.
controle-biológico-helicoverpa-zea

Vespa Trichogramma
(Fonte: Lucas Machado – Universidade Federal de Lavras)

O uso de Trichogramma é recomendado tanto para área de plantio de milho convencional quanto de milho Bt.

A liberação do parasitoide deve ser associada ao monitoramento das mariposas na área-alvo.

O monitoramento deve ser feito com armadilhas contendo feromônio sexual sintético, específico para cada espécie de praga-alvo.

Pode ser utilizado também em soja, algodão, independentemente do tamanho da área.

Além disso, podemos controlar essa lagarta por meio de produtos biológicos Bt ou mesmo com a cultura transgênica Bt.

No entanto não utilize essas duas tecnologias em conjunto, já que isso seleciona indivíduos resistentes.

Para ver mais sobre usos de defensivos naturais no combate à pragas acesse este artigo: “Como utilizar defensivos naturais e diminuir custos”

6. O controle de Helicoverpa zea por inseticidas não é tão fácil assim

O controle químico é difícil, pois as aplicações de inseticidas devem ser direcionadas às espigas.

Isso porque as lagartas, ao eclodirem dos ovos, penetram nas espigas através do estilo-estigma.

Por isso recomendamos a adoção do Manejo Integrado de Pragas (MIP), que traz inúmeros benefícios além do controle desta praga.

Para te ajudar, disponibilizamos gratuitamente uma planilha para você fazer seu MIP. Clique na figura abaixo para acessar!

7. Helicoverpa zea é resistente a algumas medidas de controle

Têm sido relatados casos de resistência a inseticidas na América do Norte e na América Latina.

Esses casos são principalmente em relação aos grupos químicos dos carbamatos (1A), organofosforados (1B), piretróides (3A) ou a tecnologia de plantas Bt (Bacillus thuringiensis).

Conclusão

A Helicoverpa zea (lagarta-da-espiga) continua sendo uma importante praga para a cultura do milho, sendo necessário conhecer mais sobre o inseto.

A correta identificação, bem como o conhecimento do ciclo, controle biológico e outras informações que você viu aqui,são essenciais para um manejo adequado.

Assim, faça o MIP e controle a Helicoverpa zea em sua lavoura, protegendo todo o potencial de produção de sua cultura!

>> Leia mais:

Reduza drasticamente suas aplicações utilizando o Manejo Integrado de Pragas
As perguntas (e respostas!) mais frequentes sobre manejo integrado de pragas
Como fazer manejo integrado de pragas (MIP) na cultura do milho


Como você faz o controle da Helicoverpa zea em sua propriedade? Adoraria ver seu comentário abaixo!