O que é o Plano ABC e como ele impacta na sua produção agrícola

Plano ABC: entenda a importância dessa política pública para o agronegócio e saiba como se beneficiar do programa e sua nova versão, o ABC+

O Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), lançado em 2012, é uma das principais políticas públicas voltadas para o agronegócio no Brasil.

Ele possui uma linha de crédito, o Programa ABC. Através dela, você consegue financiamento para a adoção de tecnologias sustentáveis na fazenda.

Até o final de 2021, o Plano ABC será atualizado com o ABC+. A atualização trará novas tecnologias e orientações para o avanço da agricultura de baixa emissão de carbono no país.

Saiba neste artigo o que é o Plano ABC, como ele impacta na sua produção agrícola e o que fazer para ter acesso ao crédito do programa. Boa leitura!

O que é o Plano ABC e qual sua importância para o agronegócio

No Brasil, a principal política pública voltada ao agronegócio para reduzir as emissões de gás carbônico é o Plano ABC. 

Ele foi criado em 2009, após o país assumir o compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

O relatório mais recente sobre o tema (de 2019) aponta que o Brasil lança na atmosfera 2,17 bilhões de toneladas de dióxido de carbono. Deste total, 72% dessas toneladas vêm de atividades agrícolas.

Somente entre julho e dezembro de 2020, o programa financiou R$ 1,958 bilhão. Isso elevou para mais de 750 mil hectares as áreas rurais do país com tecnologias sustentáveis.

É grande a pressão internacional sobre o Brasil para a redução de emissão de carbono. O Plano ABC é o principal aliado do agro neste sentido.

O Plano ABC já fez com que mais de 50 milhões de hectares em todo o país adotassem as tecnologias propostas por ele.

Em comparação com o mesmo período de 2019, o aumento é de 47%

Destaque no Plano Safra 2021/2022

Os financiamentos se dão por meio do Programa ABC, linha de crédito do Plano ABC aprovada pela Resolução Bacen nº 3.896 de 17/08/10.

O programa teve aumento de 101% no volume de recursos do Plano Safra 2021/2022, em relação ao Plano Safra anterior.

São R$ 5,05 bilhões em recursos, com taxa de juros de 5,5% e 7% ao ano. A carência é de até 8 anos e o prazo máximo de pagamento é de 12 anos.

Além do Programa ABC, o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) fortaleceu o Proirriga (projetos de irrigação) e o Inovagro (de inovação e tecnologia).

Infográfico que mostra que dados demonstram que governo deu prioridade ao programa ABC no Plano Safra.

Dados mostram que governo deu prioridade ao Programa ABC no Plano Safra
(Fonte: Mapa)

>> Leia mais: “Saiba como será o Plano Safra 2022/23”

Como se beneficiar do Programa ABC

O Programa ABC está disponível para produtores rurais (pessoa física e jurídica) e cooperativas. No total, são nove projetos dentro do Programa ABC: 

  1. ABC Recuperação (recuperação de pastagens degradadas);
  2. ABC Orgânico (para sistemas orgânicos de produção agropecuária);
  3. ABC Plantio Direto (de sistemas de plantio direto na palha);
  4. ABC Integração (sobre sistemas de integração lavoura-pecuária, lavoura-floresta, pecuária-floresta ou lavoura-pecuária-floresta e de sistemas agroflorestais);
  5. ABC Florestas (implantação, manutenção e melhoramento do manejo de florestas comerciais);
  6. ABC Ambiental (adequação ou regularização das propriedades rurais frente à legislação ambiental);
  7. ABC Tratamento de dejetos (implantação, melhoramento e manutenção de sistemas de tratamento de dejetos e resíduos da produção animal, para geração de energia e compostagem);
  8. ABC Dendê (implantação, melhoramento e manutenção de áreas de dendezais degradadas);
  9. e ABC Fixação (para fixação biológica do nitrogênio).

Segundo o Mapa, a quantidade de recursos para financiar a agricultura sustentável no país é de mais de R$ 20,8 bilhões.

Parte desses recursos possibilitaram que 26,8 milhões de hectares de pastagens degradadas fossem recuperadas.

Integração lavoura-pecuária-floresta, um dos programas do Plano ABC. Imagem mostra seis bois no meio do pasto, com uma floresta atrás.

Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), um dos programas do Plano ABC 
(Fonte: Embrapa/Divulgação)

Financiamentos e prazos

Pelas regras do Banco Central, o Programa ABC financia até R$ 5 milhões por pessoa, por ano agrícola. Também financia R$ 150 milhões de forma coletiva, observando o limite individual. 

O limite individual também é considerado no caso de financiamentos a cooperativas que farão repasse aos cooperados.

O limite poderá ser excedido somente quando a atividade em questão necessitar. Além disso, deve ficar comprovada a capacidade de pagamento da pessoa que acessou o crédito.

Prazos

Os prazos do Programa ABC variam de acordo com o projeto. São 8 anos de carência e até 12 anos para concluir o pagamento dos seguintes projetos:

  • Implantação e manutenção de florestas comerciais e para produção de carvão vegetal;
  • Implantação e manutenção de florestas de dendezeiro, açaí, cacau, oliveiras e nogueiras;
  • Recomposição e manutenção de áreas de preservação permanente ou de reserva legal.

Os demais projetos têm carência de até 5 anos e prazo máximo de pagamento de 10 anos.

O seguro é obrigatório para bens oferecidos em garantia da operação.

ABC+: renovação para reduzir a emissão de carbono

Até o final de 2021, o Mapa pretende lançar o ABC+. O objetivo é fortalecer a política de redução de carbono.

O ABC+ deve ser executado até 2030. Também até o final do ano, o Mapa deve lançar o Plano Operativo do ABC+. 

O plano contém informações detalhadas e complementares, relacionadas às ações e metas quantitativas necessárias à operacionalização do ABC+.

No novo ciclo (2020-2030), o Mapa pretende fortalecer a governança institucional com monitoramento e avaliação da gestão integrada de dados e acesso às ações adotadas. Isso  favorece a transparência.

“Ao promover conjuntamente ações miradas à adaptação e mitigação no setor, o ABC+ mantém-se como uma das mais importantes políticas públicas para o enfrentamento da mudança do clima, dentro do contexto de desenvolvimento sustentável”, afirma o Mapa.

banner que convida o leitor para baixar um informativo, de diagnóstico de gestão 360º da propriedade rural

Conclusão

O Plano ABC deve servir como instrumento de ações integradas dos governos federal, estadual e municipal, setor produtivo e sociedade civil.

Só assim, será possível promover a redução das emissões dos gases de efeito estufa provenientes das atividades agropecuárias.

Ao mesmo tempo, ele é uma ótima oportunidade para, por meio do Programa ABC, você modernizar sua fazenda e torná-la mais tecnológica, sustentável e lucrativa.

>> Leia mais:

“Agricultura de baixo carbono: o que é e como fazer?”

“Como vai funcionar o bureau verde do crédito rural e como ele pode impactar os financiamentos”

“Saiba o que é sequestro de carbono na agricultura e como se beneficiar dele”

Você já conhecia o Plano ABC? Já fez algum financiamento com ele? Adoraria ler o seu comentário!

Como tornar o cultivo em terras baixas mais eficiente e lucrativo

Cultivo em terras baixas: entenda a importância da adoção dessa estratégia e como torná-la mais produtiva

Existem grandes áreas de várzeas disponíveis para o cultivo de culturas de sequeiro, em rotação com o arroz irrigado.

Conhecer e investir em técnicas de cultivo nessas áreas é essencial para o sucesso das lavouras. Esse é um dos grandes desafios dos produtores. Através da técnica de sulcos-camalhões, grandes produtividades em terras baixas têm sido alcançadas.

Entenda como funciona essa técnica em culturas de sequeiro e como melhorar a produtividade. Confira a seguir!

O que são terras baixas

As terras baixas são áreas de várzea, com relevo plano e altitude próxima ao nível do mar. 

Essas áreas apresentam algumas características limitantes para o cultivo de culturas de sequeiro. Isso porque apresentam drenagem deficiente do solo. A drenagem do solo é uma premissa básica para iniciar o cultivo de culturas de sequeiro nessas áreas.

Quando essas limitações em terras baixas são solucionadas, a rotação de culturas de sequeiro com arroz irrigado pode proporcionar benefícios como:

Diversas culturas de sequeiro podem ser utilizadas em rotação com o arroz irrigado:

A soja é a principal cultura de sequeiro utilizada em rotação com arroz em terras baixas.

Como tornar eficiente o cultivo em terras baixas

O cultivo em terras baixas é eficiente após a correção das suas limitações. Após a correção, as culturas de sequeiro são produtivas e rentáveis nas áreas de várzea. Veja quais são os principais fatores limitantes:

  • a deficiente drenagem natural do solo;
  • a ocorrência frequente de períodos de estiagem;
  • a alternância entre o excesso e o déficit de umidade no solo;
  • a compactação do solo.

O solo precisa ter um ambiente radicular favorável e sem limitações físicas para o crescimento das plantas. Essas características tornam o cultivo em terras baixas eficiente e lucrativo.  Nesse ambiente, a planta expressa o seu máximo potencial produtivo.

gráfico de relação tridimensional entre rendimento de grãos, parâmetros físicos do solo e nodulação na soja em terras baixas

Relação tridimensional entre rendimento de grãos, parâmetros físicos do solo e nodulação na soja em terras baixas
(Fonte: Adaptado de Sartori)

Como contornar as dificuldades do cultivo em terras baixas

É importante se atentar a essas limitações. Assim, você poderá realizar uma implantação e manejo da lavoura adequados.  Nessas áreas, são necessárias técnicas de manejo que proporcionem um ambiente melhor drenado

Uma alternativa eficiente para investir em áreas de várzea é o sistema de sulco-camalhão. Conheça melhor essa técnica!

Técnica de sulco-camalhão

O sistema de sulco-camalhão é uma técnica de irrigação e drenagem. Ela é indicada para áreas de relevo pouco declivoso e com solo de baixa permeabilidade.

A técnica é baseada na construção de um “canteiro”. Na parte alta, ou camalhão, são cultivadas as culturas de sequeiro. Entre os camalhões, são formados os sulcos laterais. Eles servem para o escoamento da água de drenagem e irrigação.

Entre eles, transitam os rodados das máquinas agrícolas.

Esquema de como a cultura de sequeiro é implantada no sistema sulco-camalhão

Esquema de como a cultura de sequeiro é implantada no sistema sulco-camalhão
(Fonte: Bredemeier, 2020)

A utilização da técnica melhora a drenagem superficial do solo e, ao mesmo tempo, permite irrigação suplementar pelos sulcos. Ou seja, o mesmo sulco que irriga também drena o solo.

O principal objetivo da técnica é atingir níveis altos e estáveis de produtividade, com rentabilidade. Ela já gerou bons resultados na produtividade da soja sequeiro.

Como aplicar a técnica de sulco-camalhão?

Para construir os sulcos-camalhões, você precisa realizar a:

Para a construção, você pode utilizar os equipamentos disponíveis na propriedade. Os sulcos-camalhões podem ser adotados por pequenos, médios e grandes produtores.

Em propriedades pequenas, é possível utilizar o arado de aiveca para construção dos camalhões, no sentido da declividade da área.

Já para médias e grandes propriedades, existem no mercado implementos específicos para a construção dos camalhões.

Na figura abaixo, você pode verificar como eles são construídos.

Esquema da confecção dos camalhões

Esquema da confecção dos camalhões
(Fonte: Beauchamp, 1952; Silva et al. 2006)

Após a construção dos camalhões, são semeadas duas linhas da cultura de sequeiro na parte mais alta. Faça isso com auxílio da semeadora disponível na propriedade, com o espaçamento recomendado para a cultura.

Resultados do cultivo de soja em terras baixas e outras vantagens

Em culturas de sequeiro em áreas de terras baixas, têm surgido resultados positivos do emprego da técnica de sulco-camalhão.

Veja algumas vantagens:

  • Evita problemas relacionados ao excesso ou deficiência hídrica;
  • Os sulcos fazem drenagem e irrigação;
  • Os camalhões podem ser construídos antes ou no momento da semeadura;
  • O uso do sistema é essencial para a obtenção de renda e estabilidade produtiva da soja em terras baixas.

A safra 2019/2020 foi extremamente seca, com perdas de produtividade nas áreas não irrigadas. 

Nas áreas irrigadas por meio dessa técnica, os ganhos de produtividade chegaram a 20 sacas/ha em comparação às não irrigadas.

gráfico da produtividade da soja na safra 2019/2020 em áreas irrigadas por sulco-camalhão em comparação às não irrigadas

Produtividade da soja na safra 2019/2020 em áreas irrigadas por sulco-camalhão em comparação às não irrigadas
(Fonte: Pipe Brasil, 2021)

A safra 2020/2021 apresentou chuvas adequadas. Apesar disso, as áreas irrigadas com sulco-camalhão produziram, em média, 26 sacas/ha a mais que as áreas não irrigadas.

gráfico da produtividade da soja na safra 2020/2021 em áreas irrigadas por sulco-camalhão e áreas referências não irrigadas

Produtividade da soja na safra 2020/2021 em áreas irrigadas por sulco-camalhão e áreas referências não irrigadas
(Fonte: Pipe Brasil, 2021)

Os custos adicionais para a implantação e execução do sistema sulco-camalhão na safra 2019/2020 foram de 3,5 sacas/ha.

Na safra 2020/2021, os custos foram um pouco maiores, atingindo 4,0 sacas/ha. A técnica proporciona ótimo retorno econômico.

gráfico dos custos de produção da soja na safra 2019/2020 e 2020/2021 em áreas irrigadas por sistema sulco-camalhão

Custos de produção da soja na safra 2019/2020 e 2020/2021 em áreas irrigadas por sistema sulco-camalhão
(Fonte: Pipe Brasil, 2021)

Na soja cultivada em áreas de várzea e em rotação com o arroz irrigado, a técnica soluciona problemas de drenagem nos períodos de encharcamento.

Esses períodos são comuns no ciclo vegetativo da soja.

gráfico de comparativo de produtividade de soja cultivada em área convencional, escarificada e de camalhões de base larga

A soja cultivada em camalhões de base larga apresentou maior produtividade de grãos (kg ha-1), comparada aos sistemas de cultivo convencional, com e sem escarificação
(Fonte: Silva et al. 2020)

Desvantagens do cultivo em terras baixas

Essa técnica também apresenta algumas desvantagens, como: 

  • baixo rendimento operacional;
  • maior consumo de combustível;
  • dificuldade de uso em áreas de relevo irregular;
  • necessário o preparo do solo para implantação da cultura seguinte (arroz irrigado).
diagnostico de gestao

Conclusão

A drenagem do solo é a premissa básica para o cultivo de culturas de sequeiro em terras baixas. A soja é a principal cultura de sequeiro utilizada em rotação com arroz irrigado nessas terras.

A técnica de sulco-camalhão é uma alternativa para solucionar o problema de drenagem nessas áreas. A técnica é capaz de, ao mesmo tempo, drenar e irrigar o solo.

Invista nesse sistema em terras baixas para garantir o máximo potencial produtivo da sua lavoura. 

Você tem investido ou pensa em investir em técnicas de cultivo em terras baixas? Adoraria ler seu comentário abaixo! 

O que são bioinsumos e como eles podem ajudar a reduzir custos

Bioinsumos: o que são, vantagens e desvantagens, cuidados que devem ser tomados e como consultar produtos registrados.

Não é de hoje que os bioinsumos são utilizados na agricultura. 

Nas lavouras, atuam no controle de pragas e doenças. Também agem na fertilidade do solo, como promotores de crescimento e na fixação biológica de nitrogênio.

Eles são utilizados nos diferentes setores do agro e podem reduzir muito os seus custos de produção.

Neste artigo, você verá como os insumos biológicos podem ser seus aliados, e como consultá-los com ajuda de uma ferramenta. Confira!

O que são os bioinsumos?

Os bioinsumos são uma classe de produtos de origem biológica: animal, vegetal ou microbiana.

Dentre os produtos biológicos, há: 

●   biofertilizantes;

●   bioacaricidas;

●   bioinseticidas;

●   biofungicidas;

●   produtos fitoterápicos;

●   inoculantes.

Os produtos biológicos são eficientes. Eles contribuem para que o sistema de produção se aproxime do modelo sustentável.

Esses produtos podem ser utilizados:

  • na produção;
  • no armazenamento;
  • no beneficiamento de produtos agropecuários;
  • nos sistemas de produção aquáticos;
  • nas florestas plantadas.

Quando comparados aos defensivos e fertilizantes químicos, a disponibilidade de produtos biológicos no mercado ainda é pequena.

Em 2020, o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) lançou o Programa Nacional de Bioinsumos.

O programa tem o intuito de fortalecer o setor e consolidar o uso de defensivos biológicos no país.

Onde os insumos biológicos são utilizados?

É possível usar os bioinsumos na produção vegetal e animal, na pós-colheita e no processamento. 

Confira a seguir como esses insumos são aplicados em cada setor.

Produção vegetal

Na produção vegetal, os bioinsumos são usados no controle de pragas e doenças. Alguns exemplos são os feromônios de insetos, os bioacaricidas e os biofungicidas.

Os bioinsumos também são empregados na manutenção e no incremento da fertilidade do solo e nutrição das plantas

Dentre os produtos usados para essa finalidade, há os biofertilizantes e os inoculantes para soja, milho e feijão.

No Brasil, pesquisas com inoculantes são desenvolvidas há mais de 100 anos. Hoje, o país é reconhecido internacionalmente por liderar as pesquisas com esses bioinsumos.   

Modelo de armadilha de feromônio com mariposas capturadas

Modelo de armadilha de feromônio com mariposas capturadas
(Fonte: Embrapa)

Produção animal

Na produção animal, os bioinsumos são utilizados na forma de vacinas, medicamentos, antissépticos e produtos fitoterápicos.

Na alimentação animal, são fornecidos como rações, suplementos e probióticos. Na produção aquícola, são empregados na alimentação e no tratamento de doenças.

Pós-colheita e processamento

Os bioinsumos atuam na conservação e acondicionamento dos alimentos:

  • na pós-colheita de produtos de origem vegetal;
  • no processamento de produtos de origem animal e vegetal.

Revestimentos e filmes comestíveis, aplicados sobre a superfície de frutas e hortaliças, são alguns exemplos.

O objetivo é aumentar a vida útil do produto e diminuir as perdas pós-colheita, garantindo qualidade e segurança alimentar. Além disso, contribui para a redução de impactos ambientais.

Filme comestível desenvolvido a partir da polpa de manga

Filme comestível desenvolvido a partir da polpa de manga
(Fonte: Embrapa)

Vantagens dos bioinsumos

As vantagens do uso de produtos de origem biológica são:

● redução no uso de produtos químicos, como os inseticidas e os adubos nitrogenados;

menor impacto ambiental;

● maior segurança operacional, em função da baixa toxicidade dos produtos;

● redução dos custos de produção. Um exemplo é a inoculação da soja com bactérias fixadoras de nitrogênio. Nesse caso, os inoculantes substituem a adubação nitrogenada a um custo até 95% menor quando comparado à adubação convencional;

● redução da dependência do setor pela importação de insumos químicos.

Desvantagens

Os bioinsumos possuem menor prazo de validade quando comparados aos produtos químicos. Além disso, exigem maiores cuidados no transporte e armazenamento

Por exemplo, no caso dos inoculantes, a exposição ao sol e a altas temperaturas pode provocar a morte dos microrganismos.

Cuidados no uso de produtos biológicos

Apesar de garantir maior sustentabilidade da atividade, a utilização dos produtos biológicos deve ser feita com cuidado.

Ao utilizar esses produtos, lembre-se de:

●  utilizar produtos com registro no Mapa;

●  verificar o prazo de validade dos produtos;

●  aplicar, manipular, transportar e armazenar os produtos de acordo com as            recomendações do fabricante;

●  seguir as instruções da bula do produto quanto às dosagens;

●  no caso da pulverização em lavouras, respeitar as condições climáticas para aplicação dos produtos;

●  no caso do uso de inoculantes, fazer a semeadura no mesmo dia da inoculação.

Aplicativo Bioinsumos

O acesso à lista de produtos biológicos registrados pelo Mapa pode ser feito de forma rápida.

No aplicativo Bioinsumos, os produtos são divididos em duas classes: controle de pragas e inoculantes

Estão cadastrados 265 produtos para controle biológico de pragas e doenças e 321 produtos inoculantes.

Os produtos biológicos são registrados por alvo e os agroquímicos são registrados por cultura. Dessa forma, os bioinsumos podem ser utilizados em qualquer cultura em que ocorra a praga ou doença. 

Pelo aplicativo, é possível acessar informações sobre a praga ou doença. Além disso, você tem acesso a dados sobre a empresa responsável pelo bioinsumo, o número do registro no Mapa e a bula do produto. 

Ao utilizar os produtos biológicos registrados pelo Mapa, você tem a garantia de estar utilizando um produto com procedência conhecida, seguro e legal.

captura de tela do aplicativo Bioinsumos: consulta aos produtos biológicos registrados para o controle de pragas e doenças que podem ser utilizados em qualquer cultura

Aplicativo Bioinsumos: consulta aos produtos biológicos registrados para o controle de pragas e doenças que podem ser utilizados em qualquer cultura
(Fonte: aplicativo Bioinsumos)

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Conclusão

Os bioinsumos contribuem para o desenvolvimento das plantas, controlam pragas e doenças, favorecem a fertilidade do solo e a nutrição de plantas.

Para garantir a eficiência dos bioinsumos, não se esqueça de utilizar produtos com registro no Mapa e verificar se o produto se encontra dentro do prazo de validade. 

Seguir as recomendações do fabricante quanto à dosagem, modo de aplicação, manuseio, transporte e armazenamento dos produtos também é fundamental. 

Preste atenção em todos os detalhes para garantir um bom resultado. 

>> Leia mais:

“Como o inoculante BiomaPhos contribui para o aumento da produtividade

Você já conhecia os bioinsumos? Quais produtos têm sido utilizados na sua propriedade? Conte sua experiência nos comentários.

Tudo o que você precisa saber sobre dormência em sementes

Dormência em sementes:  o que é, quando ocorre, tipos, causas e as interferências na agricultura

Na maioria das espécies, as sementes são responsáveis pela propagação das plantas.

Para poderem germinar, emergir e produzir, são necessários estímulos do ambiente. Sem eles, a produção fica comprometida.

Entretanto, algumas sementes apresentam bloqueios internos e/ou externos que impedem a germinação. Esse problema é conhecido como dormência.

Quer saber mais sobre a dormência em sementes e como ela interfere na produção agrícola? Confira a seguir!

O que é dormência em sementes?

Após a maturação, se as condições de água, temperatura, oxigênio e luz forem favoráveis, as sementes iniciam o processo de germinação.

Entretanto, há espécies que mesmo em locais com condições favoráveis não germinam. São exemplos:

  • alguns cereais (aveia, cevada);
  • frutíferas;
  • arbóreas;
  • hortaliças;
  • forrageiras;
  • ornamentais, entre outras. 

Isso ocorre por causa de mecanismos de resistência que as sementes adquirem na maturação ou após ela. Esses mecanismos são induzidos por ações do ambiente.

Tipos de dormência

Há dois tipos de dormência em sementes:

  • dormência primária: se os mecanismos de bloqueio da germinação forem adquiridos durante o processo de maturidade das sementes;
  • dormência secundária: caso a dormência seja imposta após a dispersão das sementes, devido a condições ambientais desfavoráveis.

Sementes dormentes após a dispersão irão germinar ao longo do tempo. Elas apresentarão maior longevidade e resistência a condições desfavoráveis do ambiente. 

infográfico da dormência e longevidade da semente

Dormência e longevidade da semente
(Fonte: Revistaneoo)

A dormência é uma proteção.  

A semente só irá germinar quando os mecanismos de bloqueio forem removidos ou desativados naturalmente, e as condições ambientais forem ideais para aquela espécie.

Interferência da dormência na produção agrícola 

A dormência é favorável por evitar germinação da semente quando ainda está ligada à planta-mãe. Além disso, as sementes se conservam por longos períodos. Bancos de sementes e armazenagem são ideais.

Entretanto, como desvantagem, a superação natural da dormência pode ser longa. Pode levar meses ou anos, o que dificulta a avaliação da qualidade das sementes colhidas.

Muitas plantas daninhas apresentam esses mecanismos para que haja perpetuação da espécie. Como consequência, seu controle é dificultado.

A germinação de sementes dormentes é desuniforme e lenta. Isso reduz a germinação em campo, e é necessário realizar tratamento para a quebra da dormência.

Germinação desuniforme de Brachiaria devido a dormência

Germinação desuniforme de Brachiaria devido a dormência
(Fonte: Conceito Agronômico)

Como ocorre a dormência nas sementes?

A dormência pode ser primária ou secundária. As causas desses dois tipos de dormência podem ser endógenas e exógenas

Endógena

As causas endógenas da dormência também são denominadas embrionárias, pois são associadas ao embrião das sementes.

A dormência endógena pode ser subdivida em fisiológica, morfológica ou morfofisiológica.

Fisiológica 

Ocorre devido à presença de substâncias inibidoras da germinação ou falta de substâncias promotoras presentes no embrião ou endosperma. Há aí um desbalanço hormonal.

Também pode ocorrer devido à restrição no desenvolvimento do embrião, causada pelos tecidos que o envolvem.

Morfológica 

Ocorre quando as sementes são dispersas da planta-mãe, mas o embrião não está totalmente desenvolvido.

Essa dormência é perdida com o tempo. Por isso, as sementes colhidas precisam de um período para que o embrião fique pronto para ocorrer a germinação.

Morfofisiológica 

Essa é a combinação da causa fisiológica e morfológica.

Exógena 

As causas exógenas são ligadas ao impedimento físico da germinação, que começa com a protrusão da raiz primária.

Esses impedimentos são causados pelo pericarpo e tegumento das sementes. Eles são subdivididos em dormência química, física e mecânica.

Dormência química 

Ocorre pela presença de inibidores químicos presentes no pericarpo das sementes. Esses compostos impedem a germinação. Essa causa é adquirida quando as sementes ainda estão ligadas à planta-mãe.

Dormência física 

O pericarpo ou o tegumento das sementes impedem a passagem de água e gases para seu interior. Essa obstrução pode ser adquirida na dormência primária ou secundária.

Mecânica  

Ocorre quando as sementes ainda estão ligadas à planta-mãe. A consistência do mesocarpo ou endocarpo impedem o crescimento do embrião.

Principais causas da dormência por espécies

A dormência nas sementes muitas vezes é uma associação das causas apresentadas acima. Algumas causas são mais encontradas com maior frequência nas espécies de importância agrícola.

A impermeabilidade a trocas gasosas pelo tegumento impede a entrada de oxigênio no interior das sementes. Sem a entrada de oxigênio e saída de gás carbônico, as sementes não conseguem germinar. São afetados:

  • alface;
  • trigo;
  • maçã;
  • beterraba;
  • abóbora;
  • cevada;
  • e arroz.

Na dormência do embrião, as sementes são formadas de modo desuniforme. 

Algumas sementes, após se desprenderem da planta-mãe, apresentam o embrião em desenvolvimento, necessitando de um período para poderem germinar. São afetados:

A resistência mecânica da cobertura é ligada à causa de dormência mecânica. Alguns componentes da semente, como pericarpo, tegumento e endosperma, são barreiras que impedem o crescimento do embrião. Pode ocorrer em:

  • pepino;
  • pimenta;
  • tabaco;
  • tomate.

As sementes que não conseguem absorver água são conhecidas como sementes duras. Impermeabilidade do tegumento a água é uma das causas mais comuns em espécies cultivadas, como:

Substâncias inibidoras, como o ácido abscísico, podem estar presentes nos componentes internos ou externos das sementes. A semente só irá germinar quando houver um balanço hormonal adequado entre os inibidores e promotores da germinação.

São afetados:

O que fazer para superar a dormência em sementes?

Para evitar falhas de estande pela ocorrência de germinação desuniforme, é necessário realizar, em alguns casos, a superação da dormência.

Cada causa tem um ou mais tratamentos para remover os mecanismos que provocam dormência. Veja abaixo os principais tratamentos:

infográfico com tratamentos para superação das diferentes causa de dormência sendo choque de temperatura, embebição em água, exposição a ácidos, desgaste em local áspero, utilização de hormônios vegetais e imersão em água quente

Tratamentos para superação das diferentes causa de dormência
(Fonte: G1)

Armazenamento

Para sementes que apresentam dormência devido ao embrião imaturo ou alta concentração de inibidores da germinação, o armazenamento é o método para superar este bloqueio.

Com alguns meses de armazenamento, o embrião completa seu desenvolvimento. A  concentração de inibidores da germinação pode diminuir, aumentando a presença dos hormônios promotores da germinação.

O uso de giberelinas em algumas sementes têm demonstrado aumento da germinação, causado pela superação da dormência.  

Escarificação química

A escarificação química com uso de ácidos é utilizada nas sementes em que a dormência é causada pela impermeabilidade à água, gases ou inibidores químicos. Esses ácidos permitem que as sementes realizem as trocas.

Sementes de Brachiaria antes e depois da escarificação química

Sementes de Brachiaria antes e depois da escarificação química
(Fonte: Matsuda)

Uso de água quente

O uso de calor pode ser eficiente para superar a dormência, principalmente as causadas por ação de inibidores. O uso de água quente é uma boa opção.

Escarificação mecânica

Em sementes que apresentam impedimento na entrada de água, é necessário realizar a escarificação mecânica.

Esse tratamento consiste em remover parte do tegumento para que a água possa entrar. Assim, a semente ativa o metabolismo e germina.

foto de escarificação mecânica com uso de lixa

Escarificação mecânica com uso de lixa
(Fonte: Horta em casa)

Na Regra para Análise de Sementes, você encontra as espécies botânicas e os principais tratamentos recomendados para superar a dormência.

Conclusão

A dormência nas sementes é algo complexo. É muito influenciada pelo clima, durante a maturação.

O bloqueio da germinação pode ocorrer devido a uma ou mais causas de dormência. Essas causas impedem a germinação adequada das sementes.

A dormência é algo natural. O melhoramento genético retirou esse mecanismo de proteção de algumas espécies de importância econômica.

Além disso, existem diversos tratamentos para superação de dormência. Para realizá-los corretamente, é necessário saber qual dormência sua semente apresenta.

>> Leia mais:

Tratamento de sementes na fazenda ou industrial? Faça a melhor escolha!

Tratamento de sementes de trigo na fazenda: Confira as melhores práticas

Tratamento de sementes de soja ainda melhor: Todas as orientações

Restou alguma dúvida sobre a dormência em sementes? Você já teve de realizar algum tratamento para superá-la? Adoraria ler seu comentário abaixo!

O que é e por que adotar o sistema de combinação de híbridos?

Sistema de combinação de híbridos: saiba em que consiste, por que utilizá-lo e quais as suas vantagens 

Os híbridos são materiais que apresentam elevado potencial produtivo. 

No entanto, fatores como o clima são determinantes para que a sua máxima produtividade seja alcançada.  

O uso combinado de híbridos, com diferentes características, pode ser uma alternativa interessante para diluir os riscos e manter a produção da sua lavoura.

A seguir, conheça mais sobre este sistema e por que é interessante adotá-lo na sua lavoura.

O que são híbridos?

Os híbridos são obtidos pelo cruzamento de duas variedades puras e geneticamente distintas. Cada híbrido apresenta características de interesse agronômico diferentes.

A obtenção dos híbridos pode ser realizada de diferentes formas. Além disso, eles podem ser de tipos diferentes: simples, duplos, triplos, dentre outros. 

Esse tipo de cruzamento tem como objetivo obter uma nova variedade. Ela deve reunir características de interesse agronômico presentes em seus genitores, ou “pais”.

Dentre as características de interesse está, principalmente, a produtividade. O ciclo produtivo e a resistência a pragas, doenças e estresses ambientais, como a seca, também são visados.

Cada híbrido apresenta características genéticas distintas quanto ao seu potencial produtivo, precocidade e defensividade.

Veja o que cada uma dessas características significa:

  • Potencial produtivo: é definido como o potencial máximo de produtividade que um híbrido apresenta em condições ideais de ambiente e manejo.
  • Precocidade: está relacionada ao período de tempo, desde a semeadura até a maturidade fisiológica dos grãos. Híbridos mais precoces apresentam ciclo produtivo mais curto. Híbridos mais tardios apresentam ciclo produtivo mais longo.
  • Defensividade: diz respeito à capacidade do híbrido em tolerar condições adversas, como estresses ambientais, além do ataque de pragas e doenças. 

O que é o sistema de combinação de híbridos?

O sistema de combinação de híbridos é o uso combinado e proporcional das características de potencial produtivo, precocidade e defensividade presentes em cada híbrido.

Este sistema tem o objetivo de diluir os riscos decorrentes de fatores limitantes das altas produtividades. Ele proporciona maior produtividade, estabilidade e segurança para a lavoura.

Para que a escolha dos híbridos e as combinações sejam realizadas de forma adequada, é importante que você conheça o histórico da sua lavoura e o clima da região.

Por que usar o sistema de combinação de híbridos?

A produtividade de um híbrido é definida pela soma de três fatores: genética, manejo e ambiente.

Desses fatores, em apenas dois você pode intervir: 

  • a genética, escolhendo materiais com elevado potencial produtivo; 
  • e o manejo, adotando formas de manejo adequadas.

O efeito do ambiente não pode ser manipulado. Por isso, é o principal fator de risco para a lavoura. A aposta no sistema de combinação de híbridos pode ser uma saída interessante, pois:

  • é difícil prever todas as condições ambientais que irão ocorrer na safra; 
  • é difícil saber quais doenças ocorrerão, sua intensidade e em qual momento aparecerão;
  • o potencial produtivo de um híbrido depende da sua interação com o ambiente;
  • não existem híbridos perfeitos, que se adaptem às diferentes condições ambientais que podem ocorrer na safra.

O uso do sistema reduz os riscos, principalmente aqueles envolvidos com as condições ambientais. Isso porque adota a combinação de híbridos com diferentes características agronômicas.

O sistema de combinação de híbridos pode ser empregado na safra e na safrinha. Além disso, pode ser usado em diferentes culturas, como o milho, para grãos e silagem, e o sorgo

Veja exemplos de situações em que o uso do sistema de combinação de híbridos pode ser interessante.

Estresse hídrico

O estresse hídrico, provocado pela falta ou baixos volumes de chuva, é um fator limitante para o potencial de produtividade das culturas.

Para o milho, por exemplo, o período crítico para falta de água é em torno de 15 dias antes e até 15 dias após o florescimento.

Nesse caso, o uso do sistema de combinação de híbridos pode auxiliar no manejo do risco de perdas em função da falta de chuva.

A utilização de diferentes híbridos, com ciclos produtivos distintos, é uma alternativa interessante. Assim, nem toda a produção será comprometida.

Caso haja falta de chuvas durante o período crítico de um dos híbridos semeados, o outro, com ciclo diferente, poderá escapar.

Para uma lavoura semeada em setembro, com período de falta de chuvas em novembro, os híbridos mais precoces sofreriam mais com a falta de chuvas. Os mais tardios teriam escapado.

Em outra situação hipotética, com falta de chuvas em dezembro, os híbridos mais precoces escapariam do estresse. Os tardios sofreriam com o estresse.

tabela com exemplo de combinação de diferentes híbridos de milhos na safra verão, visando a reduzir o risco de perdas pelo estresse hídrico

Exemplo de combinação de diferentes híbridos de milhos, visando a reduzir o risco de perdas pelo estresse hídrico
(Fonte: Pioneer)

Colheita

A colheita é outro fator que pode ser melhor manejado com o uso do sistema de combinação de híbridos.

Ao utilizar híbridos com características e ciclos produtivos diferentes, você poderá escalonar a colheita.

O escalonamento da colheita é importante. Se toda a lavoura estiver apta a ser colhida e você não tiver estrutura suficiente para realizá-la, podem ocorrer atrasos.

O atraso na colheita ocasiona perdas de peso e de qualidade aos grãos. Isso porque eles ficam suscetíveis às condições climáticas, como chuvas e altas temperaturas, o que acelera a deterioração.

Portanto, combinando híbridos com diferentes características, você poderá realizar a colheita de forma mais organizada e com menores perdas por deixar os grãos no campo. 

Vantagens do sistema de combinação de híbridos

As principais vantagens do sistema de combinação de híbridos são:

  • não tem custos;
  • possibilita a redução dos riscos, proporcionando maior segurança e estabilidade à sua produção;
  • diminui riscos ambientais, bem como por pragas e doenças;
  • possibilita o escalonamento da colheita;
  • pode ser usado na safra e na safrinha.
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Conclusão

A expressão do potencial máximo de produtividade de um híbrido depende, dentre outros fatores, da sua interação com o ambiente.

O sistema de combinação de híbridos tem o objetivo de diluir os riscos, visando à manutenção da produção com maior segurança e estabilidade.

Além disso, o uso do sistema possibilita a colheita escalonada da sua produção, evitando perdas pelo atraso.

Se você quer manter a produção e correr menores riscos relacionados ao clima, a combinação de híbridos é uma alternativa muito interessante.

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Restou alguma dúvida sobre o sistema de combinação de híbridos? Deixe seu comentário abaixo!

Como minimizar os impactos e prejuízos da geada no milho

Geada no milho: principais regiões de ocorrência, efeitos em cada estágio fenológico da cultura, como reduzir as consequências e mais!

O Brasil é o terceiro maior produtor de milho do mundo. Essa cultura pode ser produzida em duas safras nos estados brasileiros.

Em determinadas épocas do ano, as lavouras ficam sujeitas a desafios climáticos, como seca e frio.

A geada é uma das condições climáticas que influencia a produtividade do milho. Ela pode gerar grandes perdas econômicas.

Neste artigo, você lerá sobre os efeitos da geada no milho e como reduzir os efeitos dessa condição climática na lavoura. Confira!

Locais de ocorrência da geada no milho 

O clima interfere e gera risco a quem produz, e o milho segunda safra é o principal influenciado.  Quanto mais tarde o milho safrinha for semeado, maior o risco de geada em algumas regiões.

Isso pode ocorrer em alguns anos, quando a onda de frio intenso atinge o país. Os estados do Sul e Sudeste são os mais afetados.

mapa que mostra frequência das geadas nas regiões do Brasil

Frequência das geadas nas regiões do Brasil
(Fonte: Esalq)

O milho pode ser produzido em todos os estados brasileiros. A produção é dividida pelo calendário agrícola da Conab em três safras.

No Brasil são consagradas a primeira e segunda safra, conhecidas como safra e safrinha.

O plantio do milho de primeira safra (ou verão) ocorre entre outubro e dezembro. Já o  milho safrinha, entre janeiro e abril.

A época ideal de cultivo de milho é o verão. Entretanto, devido à maior competitividade com a soja por área, a maior parte do milho brasileiro é semeada na segunda safra.  

Com o investimento no milho segunda safra, a produtividade é igual ou superior ao milho de verão. 

Consequências da geada na cultura do milho

A temperatura ideal para a cultura do milho varia entre 15 °C a 30 °C, sem ocorrência de déficit hídrico e livre de geadas.

Conhecer os estágios fenológicos do milho em épocas de ocorrência de geada é importante. Assim, você consegue saber os efeitos e decidir quais ações realizar.

Estágios iniciais

Se a planta estiver nova, entre os estágios VE e V2, provavelmente ocorrerá recuperação da planta. Até o estágio V2, o ponto de crescimento está abaixo do solo.

Conforme a planta vai crescendo, a ocorrência da geada vai se tornando mais prejudicial.

Estágios V3 e V4

Em V3 e V4, a reserva da semente já foi totalmente consumida. A planta precisa produzir sua energia por meio da fotossíntese.

Com a ocorrência da geada, há o congelamento das células da planta, especialmente das folhas. Como consequência, há ruptura da célula e morte do tecido.

Plantas de milho afetadas pela geada

Plantas de milho afetadas pela geada
(Fonte: AssisCity)

A geada na cultura do milho afeta principalmente as folhas jovens. Nelas, há maior quantidade de água e menor quantidade de sais.

Estágios até 6 folhas

Se a planta se recuperar nos estágios vegetativos até 6 folhas, ocorrerá diminuição de 10 a 25% da produção, devido à diminuição da fotossíntese.

Além disso, pode ocorrer redução do crescimento da planta. Isso reduz o tamanho das espigas devido ao menor acúmulo de fotoassimilados.

Estágio de embonecamento

Se a planta estiver no estágio de embonecamento (quando o pendão e os estilos-estigmas, ou cabelos, estão aparentes), a ocorrência de geada afeta diretamente a produção de grãos, devido à má fecundação.

Estágio de enchimento de grãos

Também pode acontecer a perda de grãos por geada, caso os grãos ainda não estejam bem formados. 

Para o enchimento dos grãos, as folhas produzem fotoassimilados e encaminham os nutrientes para os grãos.

Devido à redução da área foliar, os grãos ficam pequenos e mais leves, o que reduz a produtividade do milho.

Estimativa de perda de produtividade em relação a desfolha e estágios fenológicos do milho

Estimativa de perda de produtividade em relação a desfolha e estágios fenológicos do milho
(Fonte: Dekalb)

A redução de produção em casos extremos de geada pode chegar a 100% da área semeada. Confira mais informações neste vídeo.

Como minimizar os efeitos da geada no milho? 

Não é possível mudar o clima. Mas você pode adotar medidas para reduzir os danos que podem ser causados pelas geadas. O planejamento é fundamental neste momento. 

Cultivares precoces

Em anos em que houver atraso da semeadura do milho segunda safra, utilizar cultivares mais precoces pode ser uma opção.

Adubação foliar com potássio

O ponto de congelamento da célula das plantas muda com a concentração de sais na célula.

Desse modo, outra opção para evitar grandes perdas pela ocorrência de geadas é fazer uma adubação foliar com potássio.

O potássio eleva o ponto de congelamento da seiva. Assim, as folhas toleram o frio intenso das geadas.

Irrigação

Outro fator que interfere no congelamento das folhas é a irrigação. Se há previsão de geada e você tiver sistema de irrigação em sua área, utilize-o!

A irrigação aumenta a umidade do ar, interferindo no ponto de congelamento das células. Além disso, a massa de ar frio congela primeiro as gotas de água presentes nas folhas.

Barreira natural

Se sua área é aberta e sua região está sempre com risco de geada, cercar a área com árvores pode diminuir a intensidade da geada.

Nebulização artificial

Em pequenas áreas é possível fazer a formação de uma névoa que ajuda a evitar a perda de calor pelo solo, consequentemente ajuda a minimizar os efeitos da geada.

Planejamento

Atenção ao clima sempre é importante, mesmo não havendo previsões climáticas precisas para os meses do ano.

Ainda assim, o acompanhamento das massas de ar fornece informações de como o clima pode se comportar durante o ano agrícola.

Com o conhecimento do histórico climático na sua região, aliado ao comportamento do clima no mundo, é possível traçar estratégias para prevenir ou minimizar os riscos da geada.

O que fazer quando a geada afetar a plantação de milho?

Caso sua lavoura de milho tenha sofrido danos por geada, é importante esperar de 5 a 7 dias para avaliar as perdas e tomar as ações necessárias.

Com planta ainda pequena, você deve avaliar se o ponto de crescimento foi afetado. Em caso afirmativo, a planta não cresce e provavelmente não irá produzir.

Nesses casos, avaliar as opções de ressemeadura, se a janela de plantio estiver adequada. Semear outra cultura no lugar ou derrubar as plantas e mantê-las na área também são opções viáveis.

planilha de produtividade de milho Aegro, baixe agora

Conclusão

Neste texto, você viu que as geadas no milho são mais frequentes nas regiões Centro-Sul do país.

Viu também que os danos ocorrem em qualquer estágio fenológico. O que muda de um estágio para outro é a porcentagem de perda que poderá ocorrer na lavoura de milho.

As plantas podem se recuperar da geada mesmo sofrendo perdas em sua produtividade. Porém, também é possível sofrer grandes perdas econômicas.

Além disso, você viu que é possível minimizar os efeitos da geada com planejamento,  conhecimento da área e algumas técnicas simples. Não deixe a prevenção para depois.

>> Leia mais:

Cálculo de perdas na colheita de milho: Passo a passo de como fazer

A ocorrência de geadas é frequente em sua região? Você já teve perdas ocasionadas pela geada no milho? Deixe seu comentário abaixo!

Entenda a importância da construção do perfil do solo e como ela impacta sua produtividade

Construção do perfil do solo: saiba quais práticas favorecem a fertilidade e como contornar os principais desafios relacionados

Conhecer e construir o perfil do solo é essencial para o sucesso das lavouras. Esse é um dos grandes desafios para os produtores brasileiros.

Quando bem realizada, a construção pode ser uma grande aliada do aumento da produtividade das culturas.

Quem investe na construção do perfil do solo compartilha bons resultados

Quer entender melhor como funciona a construção do perfil de solo e como utilizá-la em sua fazenda? Confira a seguir!

O que é perfil do solo

O perfil do solo é formado por uma sequência de camadas horizontais, chamadas horizontes. Esses horizontes iniciam-se na camada superficial do solo até chegar à camada de rocha. E o conjunto desses horizontes constitui o perfil do solo.

Ou seja, o perfil pode ser formado de diversos horizontes, que são as camadas que o constitui. Veja abaixo as principais características dos horizontes do solo:

infográfico dos horizontes do solo

Os horizontes do solo
(Fonte: Geophild, 2020)

Algumas características diferenciam esses horizontes, como:

  • cor;
  • textura;
  • composição;
  • estrutura;
  • atividade biológica;
  • tipos de agregados.

Objetivos da construção do perfil de solo

Os solos brasileiros são geralmente ácidos e de baixa fertilidade. Eles necessitam de manejo, correção e fornecimento adequado de nutrientes em seu perfil.

O equilíbrio adequado dos atributos químicos, físicos e biológicos do solo servem para que as plantas utilizem eficientemente os recursos disponíveis (água, luz e nutrientes). Dessa forma, elas expressam seu máximo potencial produtivo.

Neste sentido, é de grande importância o manejo correto do sistema como um todo. É necessário empregar práticas conservacionistas, como:

Qualquer uma dessas práticas serve para quem busca melhorar a fertilidade do solo em suas áreas de cultivo.

Perfil químico do solo

As correções químicas melhoram as condições que restringem o desenvolvimento das culturas.

A viabilização do uso do solo por meio da incorporação de calcário e adubos minerais é conhecida como a etapa da “construção da fertilidade”.

Essa etapa serve para manter o equilíbrio químico do solo, ou seja:

  • manter o pH do solo na faixa ideal para a cultura de interesse;
  • eliminar o alumínio tóxico do solo;
  • aumentar a disponibilidade de nutrientes;
  • fornecer nitrogênio, fósforo, cálcio, potássio, magnésio e outros nutrientes. 

Perfil físico do solo

Outro ponto importante para a construção do perfil do solo está na melhoria das suas propriedades físicas.

A adoção de práticas conservacionistas pode auxiliar nessa melhoria física. Elas proporcionam condições como: 

  • maior aeração e menor compactação do solo;
  • maior crescimento radicular das plantas;
  • maior retenção e infiltração de água no solo;
  • menor escorrimento superficial de água;
  • menor lixiviação de nutrientes.

Perfil biológico do solo

A construção do perfil do solo também envolve a conservação e melhoria das suas características biológicas.

Também através das práticas conservacionistas, é possível aumentar o aporte de matéria orgânica no solo.

A presença da matéria orgânica melhora a qualidade do solo. Isso porque proporciona benefícios como:

  • maior agregação do solo;
  • maior porosidade do solo;
  • favorecimento da penetração das raízes, ou seja, menor resistência do solo;
  • maior retenção e infiltração de água;       
  • maior absorção de nutrientes;      
  • liberação de exsudados;       
  • aumento da atividade e diversidade biológica do solo.

Como a construção do perfil de solo impacta a produção agrícola

Os solos de fertilidade construída diferenciam-se dos demais pelo seu manejo. Neles, são realizadas aplicações sucessivas de corretivos e fertilizantes.

Essas aplicações proporcionam efeitos residuais cumulativos. Esses efeitos aumentam os teores de macro e micronutrientes para níveis altos ou muitos altos. 

gráfico de aplicações sucessivas de corretivos e fertilizantes proporcionam efeitos residuais cumulativos que aumentam os teores de macro e micronutrientes para níveis altos ou muito altos

Aplicações sucessivas de corretivos e fertilizantes proporcionam efeitos residuais cumulativos que aumentam os teores de macro e micronutrientes para níveis altos ou muito altos
(Fonte: adaptada de Gianello e Wietholter, 2004)

Veja algumas características de solos de fertilidade construída:

  • altas produtividades das culturas;
  • altos teores de matéria orgânica do solo;
  • solo descompactado;
  • teores adequados de nutrientes;
  • maior retenção e infiltração de água.

O solo de fertilidade construída equivale a uma poupança que precisa ser administrada, com o recebimento e retirada de aplicações

Tudo isso deve ser feito na forma e momento mais adequado ao sistema produtivo.

infográfico, explica que os solos funcionam como “contas bancárias”, que guardam a capacidade de suprimento de nutrientes e água para as plantas

Os solos funcionam como “contas bancárias”, que guardam a capacidade de suprimento de nutrientes e água para as plantas
(Fonte: Resende, 2017)

Áreas com fertilidade construída, em solos de textura média a argilosa e sob sistema de plantio direto, podem manter sua estabilidade produtiva por um tempo. 

Isso é possível com aplicação de quantidades menores de fertilizantes, em comparação com a quantidade utilizada habitualmente. 

Desafios para a construção de perfil do solo

Ao utilizar as doses fixas de fertilizantes sem examinar a análise do solo e as estimativas de exportação, você pode aumentar o risco de promover desbalanço nutricional do solo.

Isso faz com que solos de fertilidade construída fiquem propensos a desequilíbrios nutricionais, devido às aplicações super ou subestimadas.

Realizar um manejo nutricional insatisfatório das lavouras pode ocasionar prejuízos futuros ao sistema de produção.

A análise química do solo é o primeiro passo para aprimorar a gestão de solos de fertilidade construída. Ela ajuda na determinação da quantidade de cada insumo a ser aplicado.

Esses solos não estão livres da ocorrência de desequilíbrios nutricionais. A manutenção dos nutrientes é um dos principais desafios de manejo, principalmente em sistemas intensivos de produção.

Cada cultura possui padrões peculiares de extração e exportação de nutrientes durante o ciclo.

A falta de equilíbrio entre adubação e exportação de nutrientes no sistema de produção pode ocasionar o esgotamento das reservas do solo

Como consequência, a condição de fertilidade construída é prejudicada.

tabela com estimativas de exportação de nitrogênio (N), fósforo (P2O5) e potássio (K2O), em lavouras de milho safrinha

 Estimativas de exportação de nitrogênio (N), fósforo (P2O5) e potássio (K2O), em lavouras de milho safrinha
(Fonte: Simão, 2016)

O acompanhamento das flutuações de nutrientes no solo é necessário. Há um confronto de entradas via adubação, saídas pela exportação e os teores disponíveis na análise do solo.

É importante identificar esses pontos para realizar a reposição, recolocando ou utilizando os créditos de nutrientes ao longo do tempo.

Dificuldades

Você pode encontrar algumas dificuldades na construção do perfil do solo, como:

  • alto investimento para a melhoria do perfil do solo;
  • o retorno econômico não é imediato;
  • o tempo para a construção de um perfil do solo de qualidade pode ser longo;
  • demanda maior conhecimento dos agrônomos e produtores;
  • necessidade de equipamentos modernos e de alta qualidade;
  • presença e auxílio de profissionais capacitados.

Práticas que favorecem a construção do perfil do solo

A análise química do solo é crucial para aprimorar a gestão de solos de fertilidade construída. Ela determina a quantidade de cada insumo a ser aplicado.

Normalmente, solos de fertilidade construída estão associados ao manejo adequado

Sistema plantio direto, rotação de culturas e uso de plantas de cobertura são apenas alguns exemplos.

Solos manejados sob sistema plantio direto podem manter ou aumentar os teores originais de matéria orgânica. Isso depende da região e do tempo de adoção do sistema.

Normalmente, os acréscimos de matéria orgânica são pequenos. Porém, são de grande importância para a capacidade produtiva do solo.

gráfico de teores de argila em áreas agrícolas da região Oeste da Bahia e respectivas perdas de matéria orgânica do solo e da capacidade de troca de cátions, após cinco anos de preparo do solo com aração/gradagem e monocultivo de soja

Teores de argila em áreas agrícolas da região Oeste da Bahia e respectivas perdas de matéria orgânica do solo e da capacidade de troca de cátions, após cinco anos de preparo do solo com aração/gradagem e monocultivo de soja
(Fonte: adaptado de Silva et al., 1994)

Como construir a fertilidade do solo?

A construção da fertilidade do solo envolve diversas práticas, como:

  • análises frequentes do solo;
  • rotação de culturas;
  • sistema plantio direto;
  • mínimo revolvimento do solo;
  • plantas de cobertura;
  • uso racional de defensivos e fertilizantes, entre outras.
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Conclusão

A construção da fertilidade do solo possui passos bem definidos.

Para a maior eficiência na construção da fertilidade é preciso investir na qualidade dos diagnósticos, a partir de análises mais frequentes do solo.

É importante que a adubação seja regulada em quantidade e qualidade. Assim, haverá um correto balanceamento dos nutrientes.

Invista na construção da fertilidade do solo de sua propriedade para garantir o máximo potencial produtivo da sua lavoura. 

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Saiba como fazer um projeto de fazenda sustentável

Solo humífero: vantagens e desvantagens de utilizar para plantio

“Como melhorar a qualidade do solo com o terraceamento”

Você tem investido ou pensa em investir na construção do perfil do solo da sua fazenda? Realiza análises químicas, físicas e biológicas periodicamente? Adoraria ler seu comentário abaixo! 

Entenda os princípios e benefícios da pulverização eletrostática na agricultura

Pulverização eletrostática: confira o que é e como ela pode te ajudar a garantir melhores resultados na lavoura

Os agroquímicos são um dos insumos mais importantes para a agricultura, independente de sua categoria. Eles ajudam a preservar a sanidade das lavouras e combatem uma gama de agentes prejudiciais.

Porém, a eficiência de deposição desses agroquímicos sobre as plantas ainda é muito baixa. Essa baixa eficiência eleva a frequência de pulverizações. 

Consequentemente, há gastos exagerados, ocorrência de resíduos nos produtos e aumento dos impactos ambientais.

Buscando uma agricultura mais sustentável, a pulverização eletrostática surgiu como alternativa promissora para contornar esse cenário!

Quer saber mais? Confira neste artigo como a pulverização eletrostática pode te ajudar. Aproveite a leitura!

O que é pulverização eletrostática?

A pulverização eletrostática é diferente da convencional, graças ao processo de eletrificação das gotas.

As gotas pequenas são as que geram os melhores resultados de controle dos problemas fitossanitários nas plantas. Porém, essas gotículas são extremamente suscetíveis à deriva.

Para contornar esse problema, você precisa dar, literalmente, uma força para as gotículas. É aí que entra a pulverização eletrostática.

Nesse tipo de pulverização, uma força elétrica é acrescentada às gotículas, controlando seus movimentos.

Eletrificação de gotas

A eletrificação das gotas torna-as fortemente atraídas pelas plantas.

Através desse processo, as gotículas alcançam partes das plantas que dificilmente seriam atingidas na pulverização convencional. A parte inferior das folhas é um exemplo.

Para você entender mais a fundo a eletrificação das gotas, vale revisar algumas leis da eletrostática.

A primeira é que cargas de polaridades opostas se atraem e semelhantes se repelem:

  • cargas positivas e negativas se atraem;
  • carga positiva com positiva ou negativa com negativa se repelem.

A segunda lei diz que a carga de um corpo (ou partículas) induz a formação de uma carga igual, mas oposta nos corpos aterrados mais próximos.

gráfico de efeito de atração da gotícula eletrificada por sua imagem no objeto aterrado a uma distância ‘d’

Efeito de atração da gotícula eletrificada por sua imagem no objeto aterrado a uma distância ‘d’
(Fonte: adaptado de Chaim, 2006)

No caso da pulverização eletrostática, o corpo aterrado é a planta. Ou seja, a nuvem de gotículas eletrificadas será atraída em direção às plantas.

A eficiência da pulverização eletrostática dependerá diretamente do processo utilizado para eletrificar as gotas.

Processos de eletrificação de gotas

É possível eletrificar as gotas de três formas diferentes: por “efeito corona”, por eletrificação indireta e por eletrificação direta.

Conheça melhor cada uma delas a seguir.

Eletrificação por efeito corona 

Nesse processo, um eletrodo pontiagudo sob tensões elevadíssimas ioniza o ar. 

As cargas livres vão se chocar com as gotas que saem do bico de pulverização, tornando-as carregadas.

Esse processo é adequado para diâmetros de gota inferiores a 20 micrômetros. 

Portanto, não é muito adequado para a agricultura, em que as pulverizações com gotas mais finas são superiores a 20 micrômetros.

Eletrificação indireta 

Na eletrificação indireta, a calda de pulverização permanece inicialmente neutra (ou aterrada).

O eletrodo de indução é posicionado na borda do jato, onde as gotas são formadas.

Assim, as gotas adquirem carga na presença do campo eletrostático presente, conforme o esquema.

Esquema de um sistema eletrificação indireta de pulverização eletrostática

Esquema de um sistema eletrificação indireta de pulverização eletrostática
(Fonte: adaptado de Chaim, 2006)

Esse sistema de eletrificação apresenta a enorme vantagem de ter a calda e as tubulações neutras. Entretanto, há uma desvantagem.

Como as gotas adquirem uma carga oposta à do eletrodo, são atraídas para ele. Elas o molham e causam corrimento, o que torna o sistema ineficiente.

Para solucionar isso é necessário o uso de bicos eletrostáticos pneumáticos. Neles, o ar que pulveriza o líquido também o carrega para longe da zona de atração do eletrodo de indução.

Eletrificação direta

No sistema de eletrificação direta, a calda de pulverização encontra-se sob alta tensão e sem o eletrodo de indução.

Sem ele, a voltagem de eletrificação deve ser alta o suficiente para criar um campo eletrostático bastante intenso. Deve ser algo próximo de 30 mil volts.

Esquema de um sistema eletrificação direta de pulverização eletrostática

Esquema de um sistema eletrificação direta de pulverização eletrostática
(Fonte: adaptado de Chaim, 2006)

A principal vantagem desse sistema de eletrificação direta é a ausência do eletrodo de indução próximo ao bico de pulverização.

Entretanto, como a calda deverá estar sob alta tensão, é necessário isolar o tanque e as tubulações envolvidas no processo.

Vantagens da pulverização eletrostática

Independente da forma de eletrificação da calda a ser aplicada, a pulverização eletrostática é uma tecnologia promissora e apresenta uma série de vantagens, como:

  • melhor combate às pragas, já que as gotículas carregadas conseguem superar a força da gravidade e resistência do ar, alcançando locais que a convencional não conseguiria;
  • ao contrário da convencional, as gotas são atraídas para os alvos e não lançadas ao ar, sujeitas à deriva;
  • melhor deposição de gotas na superfície das folhas;
  • as gotas, por estarem com a mesma carga, não se unem formando gotas maiores;
  • economia de calda de pulverização;
  • menor necessidade de reabastecimento do tanque;
  • economia de mão de obra;
  • redução dos custos operacionais;
  • menor perda por evaporação;
  • menor perda para o solo;
  • menor risco de contaminação de lavouras vizinhas;
  • menor impacto ambiental (devido ao menor uso de produto e diminuição de desperdícios).
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Desvantagens 

Para a agricultura, os resultados têm apresentado baixa consistência, devido à baixa carga aplicada.

Outro ponto importante diz respeito à avaliação do custo benefício deste equipamento. E isso está diretamente relacionado com o custo do equipamento.

Custos e equipamentos para a pulverização eletrostática

A pulverização eletrostática pode ser realizada em pulverizadores costais ou nos pulverizadores de barra, axiais ou até mesmo aéreos.

Pulverizadores com essa tecnologia apresentam preços superiores aos mesmos equipamentos convencionais.

Entretanto, a médio prazo, o valor do equipamento é coberto. Afinal, dentre as vantagens, há economia de calda e redução de custos de produção.

A Embrapa Meio Ambiente desenvolveu um kit de adaptação de baixo custo para pulverizadores do tipo costal.

Kit de adaptação de pulverização eletrostática desenvolvido pela Embrapa

Kit de adaptação desenvolvido pela Embrapa
(Fonte: Embrapa)

Esse kit, na época de seu desenvolvimento, custou cerca de R$ 100. Ele podia ser adaptado a qualquer pulverizador hidráulico do mercado.

Porém, por envolver corrente elétrica, a segurança deve vir sempre em primeiro lugar.

Para isso é interessante adquirir os pulverizadores já adaptados das diversas empresas existentes no mercado.

O tipo de pulverizador a ser adquirido é o que mais influencia no preço.

Um pulverizador costal é muito mais barato do que um pulverizador de barra ou axial, por exemplo.

Dentro da mesma categoria, existem muitas variações nos preços destes equipamentos, desde R$ 200 a R$ 2.000. Isso acontece porque essa é uma tecnologia ainda em desenvolvimento.

>> Leia mais:  “Limpeza de pulverizador agrícola com segurança: Confira passo a passo!

Conclusão

A pulverização eletrostática tem enorme potencial para redução das perdas na aplicação de agroquímicos.

Além de reduzir as perdas, essa técnica pode aumentar os níveis de controle de pragas e doenças.

Seu sucesso depende do desenvolvimento de novas tecnologias, capazes de formar gotas menores e com maiores intensidades de carga.

Considere as vantagens e as desvantagens desse tipo de pulverização de acordo com as necessidades do seu plantio, e faça um bom planejamento.

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Aplicação Localizada de Insumos para Otimizar os Custos da sua lavoura

Drone para pulverização: Como funciona e principais modelos do mercado

Você já conhecia a tecnologia de pulverização eletrostática? Já fez o uso em sua propriedade? Deixe seu comentário abaixo!