Saiba como manejar a cercosporiose no milho

Cercosporiose no milho: o que causa, quais são os sintomas, como ocorre a disseminação e quais são as estratégias de controle dessa doença

A cercosporiose, causada pelo fungo Cercospora zeae-maydis, é uma das principais doenças da cultura do milho. Ela também é conhecida como mancha foliar de cercospora e mancha cinzenta, e causa tantos danos quanto a helmintosporiose e a mancha-branca no milho.

Além de estar presente em todas as regiões produtoras do grão no país, essa doença interfere na produtividade do milho por hectare. Quando a infecção acontece muito cedo, há formação de grande quantidade de lesões foliares, o que aumenta ainda mais os danos.

Geralmente, as lesões causadas pela cercosporiose cobrem a parte aérea da planta, responsável pela fotossíntese. Nesses casos, há perda de água pela planta e também a deterioração do colmo, além de acamamento da cultura. 

Neste artigo, saiba como identificar a cercosporiose do milho e como se prevenir dos danos causados. Além disso, veja como manejar a doença para garantir menos perdas. Confira!

Quais são os sintomas da cercosporiose do milho?

A cercosporiose no milho possui vários sintomas fáceis de identificar. Os primeiros aparecem nas folhas inferiores. Conforme a doença avança, eles também são visíveis na parte superior das plantas. Geralmente, eles aparecem próximo ao período do florescimento.

Os sintomas dessa doença são lesões estreitas, retangulares e delimitadas pelas nervuras das folhas. Isso quer dizer que essas manchas se desenvolvem paralelas às nervuras.  Dependendo da situação, essas manchas podem apresentar bordas irregulares e indefinidas.

Lesões de cercosporiose (Cercospora zeae-maydis) em folhas de milho
Lesões de cercosporiose (Cercospora zeae-maydis) em folhas de milho  
(Fonte: Crop Protection)

As lesões jovens de cercosporiose tem cor amarelada e podem estar circundadas por um halo aquoso. Esse halo pode ser observado colocando a folha contra a luz. Com o desenvolvimento da doença, essas lesões tornam-se necróticas, com cor marrom, e aumentam de tamanho.

Sob alta umidade do ar, as manchas foliares adquirem coloração acinzentada

A cercosporiose reduz a área fotossintetizante das plantas de milho. Isso limita a produtividade da cultura por prejudicar a produção e o enchimento de grãos. Em severas infestações, as plantas de milho enfraquecem e têm seu desenvolvimento prejudicado. 

Como consequência, elas ficam vulneráveis ao ataque de outros fungos, como aqueles causadores de podridões do colmo. O ataque desses patógenos resulta no tombamento precoce das plantas da lavoura, além da morte prematura do milho. 

Sintomas de cercosporiose na palha da espiga
Sintomas de cercosporiose na palha da espiga 
(Fonte: Crop Protection Network)

Condições favoráveis para o fungo Cercospora zeae-maydis

A severidade da cercosporiose depende da suscetibilidade do milho híbrido e das condições ambientais. Tendo em vista os aspectos ambientais, a gravidade dessa doença é maior sob condições de elevada temperatura, alta umidade relativa do ar e pela presença de orvalho.

Temperaturas entre 25°C e 30°C e umidade acima de 90% contribuem para que a cercosporiose se estabeleça. Em condições favoráveis, o fungo presente nos restos culturais produz esporos. 

Esses esporos são transportados pelo vento e respingos da chuva e infectam novas plantas. Até o momento, não há informações de que ele seja transmitido por sementes. 

Ciclo da cercosporiose na cultura do milho
(Fonte: Traduzido de Universidade Estadual de Ohio)

Como manejar essa e outras doenças foliares do milho?

No manejo de qualquer doença é importante adotar um conjunto de práticas que irão prevenir e reduzir o desenvolvimento de doenças na área. Essas práticas são conhecidas como MID (Manejo Integrado de Doenças).

Abaixo, veja quais medidas são recomendadas para o controle da cercosporiose e de outras doenças foliares do milho. Confira:

Controle genético

O principal método utilizado no manejo da cercosporiose é o plantio de híbridos de milho resistentes. A resistência genética é uma técnica eficiente, econômica e segura no controle dessa doença.

Ou seja, é uma medida de controle que começa no planejamento de safra, antes mesmo do plantio. Se a sua lavoura já teve incidência dessa doença, a escolha de um híbrido resistente é ainda mais necessária.

Controle cultural

A rotação de cultura é um recurso indicado para o controle da cercosporiose, tendo em vista que o milho é o único hospedeiro do fungo Cercospora zeae-maydis. Assim, a rotação com girassol e com soja são muito recomendadas. 

Além disso, como o fungo sobrevive nos restos culturais, é importante evitar o plantio sucessivo de milho em um mesmo local. Em áreas onde a doença se manifestou de forma severa, a destruição dos restos culturais é uma alternativa para evitar o aumento do fungo. 

Também é interessante diversificar o material genético cultivado. Isso é realizado pelo plantio de híbridos de milho diferentes, ou seja, com níveis de resistência distintos, que irão dificultar a adaptação do fungo. 

Em lavouras com histórico da doença, a recomendação é evitar altas densidades de plantio. Espaçamentos entre plantas e linhas adensados criam um microclima favorável ao desenvolvimento do fungo.

A adubação do milho é outro ponto que deve ser considerado no manejo de doenças. Em caso de desequilíbrio nutricional, seja por carência ou excesso de algum elemento, as plantas ficam mais sensíveis ao ataque de pragas e doenças.

Fornecer os nutrientes na quantidade e no momento certo garante plantas saudáveis. Para isso, é importante que as adubações sejam sempre orientadas pela análise de solo

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Controle químico: qual o melhor fungicida para cercospora?

O controle químico também é uma alternativa para o manejo da cercosporiose em lavouras de milho. No entanto, é preciso avaliar os custos envolvidos na aplicação dos fungicidas. Uma boa estratégia de controle deve ser viável do ponto de vista técnico e econômico.

No manejo químico é importante sempre seguir as orientações da bula do produto quanto a dosagem, modo e época de aplicação. A seguir, você pode conferir todos as moléculas fungicidas com registro no Mapa para o controle da cercosporiose na cultura do milho

  • azoxistrobina
  • azoxistrobina + benzovindiflupyr + difenoconazol
  • azoxistrobina + ciproconazol
  • azoxistrobina + ciproconazol + mancozebe
  • azoxistrobina + difenoconazol
  • azoxistrobina + epoxiconazol
  • azoxistrobina + flutriafol
  • azoxistrobina + flutriafol
  • azoxistrobina + mancozebe
  • azoxistrobina + mancozebe + tebuconazol
  • azoxistrobina + tebuconazol
  • azoxistrobina + tetraconazol
  • bixafem + protioconazol + trifloxistrobina
  • ciproconazol + picoxistrobina
  • ciproconazol + trifloxistrobina
  • clorotalonil + tebuconazol
  • difenoconazol + impirfluxam + picoxistrobina
  • difenoconazol + pidiflumetofen
  • difenoconazol
  • epoxiconazol + fluxapiroxade + piraclostrobina
  • epoxiconazol + piraclostrobina
  • fluazinam + tiofanato-metílico
  • fluxapiroxade + mefentrifluconazol + piraclostrobina
  • mancozebe + picoxistrobina + tebuconazol
  • mefentrifluconazol + piraclostrobina
  • metominostrobin + tebuconazol
  • pidiflumetofen
  • protioconazol + trifloxistrobina
  • protioconazol + trifloxistrobina
  • tebuconazol + trifloxistrobina
  • tebuconazol
  • tetraconazol.

Conclusão

A cercosporiose causa uma série de danos na cultura do milho, e em muitos casos pode reduzir drasticamente a produtividade. Altas temperaturas e umidade relativa do ar elevada favorecem o desenvolvimento da cercosporiose.

Por isso, se você desconfia da presença da doença na lavoura, não pense duas vezes antes de começar o manejo integrado.  Você pode utilizar híbridos resistentes, rotação de culturas, evitar plantios adensados, adubação equilibrada e a aplicação de fungicidas. 

Na dúvida de qual método utilizar, não deixe de consultar um(a) profissional da agronomia.

Você já teve problemas com a cercosporiose no milho? Se você conhece outros produtores que também lidam com a doença na lavoura, compartilhe esse artigo com eles.

Como livrar a lavoura da mancha-púrpura na soja (crestamento foliar de cercospora)?

Mancha púrpura na soja: saiba como identificar a doença, entenda os danos causados, como prevenir a lavoura e como fazer o controle tardio

Anualmente os prejuízos causados pela mancha púrpura são consideráveis. Causada pelo fungo Cercospora kikuchii, é uma das principais doenças de final de ciclo da soja

Também conhecida como cercosporiose ou crestamento foliar de cercospora, essa doença deve ser controlada muito antes do final do ciclo. Para isso, é necessário saber como identificar os sintomas e como reduzir os fungos causadores.

Neste artigo, saiba mais sobre como a mancha-púrpura reduz a qualidade dos grãos e das sementes e como fazer o manejo efetivo. Boa leitura!

O que é mancha-púrpura em soja (Cercospora Kikuchii)?

A mancha-púrpura, também conhecida como crestamento-foliar de cercospora, é uma doença de final de ciclo (ou DFC) da soja. Causada pelo fungo Cercospora kikuchii, ela reduz a produtividade e qualidade dos grãos, além de também poder afetar a germinação da soja. 

Apesar de ser uma doença conhecida por ser de final de ciclo, ela pode iniciar ainda no período vegetativo. Nessa fase, ela causa danos pouco significativos por causa da capacidade de compensação da cultura e não interfere de imediato no potencial produtivo.

Entretanto, é importante frisar que quando a doença inicia ainda no período vegetativo. Sem um controle eficiente, tende a atingir maior severidade no período reprodutivo. Além disso, sementes e grãos em contato com a doença possuem menor potencial de armazenamento.

Danos causados na cultura e no armazenamento da soja

A redução da produtividade da soja devido ao ataque da mancha-púrpura pode ser de até 50%. Isso, é claro, em condições favoráveis à doença e em cultivares suscetíveis. O fungo é causador de três problemas principais na cultura da soja:

  • Crestamento foliar, que se manifesta por meio de sintomas na parte aérea da planta;
  • Morte de plântulas durante a emergência da cultura, o que pode interferir no potencial produtivo da área em função da redução do estande inicial da cultura;
  • Danos causados em grãos e sementes, visíveis pela presença de manchas arroxeadas em sementes e grãos. Como consequência, há prejuízos na germinação e vigor da soja.

Os danos causados pelo fungo estão relacionados à fase de desenvolvimento da cultura em que a doença ocorre. No início do enchimento dos grãos de soja, os danos são mais severos. Ao final do deste período, os danos são menos acentuados e por vezes mínimos.

Foto do agente causador da mancha púrpura, também conhecida como crestamento-foliar de cercospora
Foto do agente causador da mancha púrpura, também conhecida como crestamento-foliar de cercospora
(Fonte: Chanda, 2012)

O controle deve priorizar as fases antes do período de enchimento de grãos, principalmente após o fechamento de entrelinhas, o que evita o estabelecimento do patógeno. O controle no baixeiro é mais difícil devido à dificuldade de alcance das aplicações de fungicidas.

A soja é armazenada no máximo até a próxima safra, e possui rápida deterioração quando armazenada em teor de água inadequado. A presença de fungos pode interferir na capacidade de armazenamento do produto colhido.

Durante o armazenamento, a infecção pelo fungo serve ainda como porta de entrada para outros patógenos e pode favorecer a infestação por insetos.

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Como identificar o crestamento foliar de cercospora na soja?

Os sintomas da mancha púrpura podem ser observados desde o período vegetativo. Afinal, o fungo pode sobreviver em restos culturais da soja ou no solo até o próximo cultivo. 

Os sintomas da doença ocorrem em todas as partes da planta e em qualquer estádio de desenvolvimento da soja, exceto nas raízes. Confira os principais sinais que te ajudam a identificar a doença na lavoura:

  • aspecto arroxeado nas folhas, que lembra um couro;
  • severa desfolha, principalmente no estádio reprodutivo;
  • coloração arroxeada com variações mais claras e escuras;
  • rachadura do tegumento das sementes e grãos;
  • surgimento inicial dos sintomas na haste, com escurecimento e necrose do tecido;
  • pontuações escuras castanho-avermelhadas nas folhas;
  • na haste, podem ser visualizadas lesões vermelhas-arroxeadas.

Você pode identificar a doença apenas observando os sintomas. Apesar disso, se você fez aplicações anteriores na lavoura, saiba que os sintomas da mancha-púrpura podem ser confundidos com fitotoxidez. 

A diferença entre ambos encontra-se no fato de no caso em excesso de uso de adjuvante, as características iniciais da folha de superfície lisa são mantidas. No crestamento, além da mancha de cor arroxeada, as folhas ficam enrugadas na direção das bordas para o interior.

Bronzeamento de folhas de soja em função da aplicação de adjuvantes à base de óleo. Na direita, sintomas de crestamento-foliar.
(Fonte: Forcelini, 2014)

Como controlar a mancha na soja e outras doenças de final de ciclo da soja?

Antes de tudo, é necessário ficar de olho nas condições favoráveis à doença. Temperaturas entre 23°C e 27°C associadas à alta umidade favorecem o fungo causador. Estudos já comprovaram que menores precipitações (menor molhamento foliar) também são favoráveis.  

Assim como para as demais doenças de plantas, o MID (Manejo Integrado de Doenças) deve ser priorizado. Ele consiste no uso de diferentes métodos de controle, o que reduz a população do patógeno da área de cultivo.

Isso também diminui as possibilidades de seleção de populações resistentes. Além disso, confira as mais eficientes formas de controlar a mancha-púrpura:

  • Uso de sementes certificadas: além de prevenir a mancha-púrpura, evite usar sementes piratas para afastar outras doenças disseminadas por sementes;
  • Tratamento de sementes: isso protege as plântulas do ataque inicial do patógeno que sobrevive nos restos culturais;
  • Uso de variedades resistentes ou tolerantes: opte por variedades precoces, que permanecem expostas aos patógenos por menor  tempo;
  • Rotação de culturas com milho: quando possível, essa técnica também reduz o inóculo do patógeno na área de cultivo;
  • Densidade adequada: se possível, opte por maior espaçamento entre linhas;
  • Adubação equilibrada: faça uma boa adubação principalmente potássica e de cálcio, nutrientes que tornam a planta mais rígida e resistente;
  • Aplicações de fungicidas na parte aérea da cultura: essas aplicações devem iniciar ainda no período vegetativo, estendendo-se até o enchimento dos grãos;
  • Controle químico: ele deve ser utilizado como ferramenta adicional e não de forma isolada. O uso de misturas duplas (dois mecanismos de ação) ou triplas, são recomendadas, combinadas com fungicidas multissítios.  

Além disso, vale lembrar que o controle do crestamento-foliar ou mancha-púrpura não exige controle separado das demais doenças. Afinal, as moléculas usadas para o controle da ferrugem, por exemplo, são efetivas para o controle das outras doenças de fim de ciclo.

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Quando fazer aplicações tardias para controlar manchas foliares na soja?

A aplicação tardia para controlar a mancha-púrpura é interessante para prolongar o período de enchimento de grãos em até duas semanas. O  mesmo vale para as demais manchas foliares na soja.Isso, é claro, diante das seguintes condições:

  • possuir vasta área foliar;
  • estiver em contato com baixa temperatura noturna;
  • boa incidência de sol;
  • umidade do solo elevada. 

Quando a cultura está em fase de senescência, com folhas amareladas e em fase de queda da planta, as aplicações já não são mais necessárias.

Conclusão

A mancha-púrpura da soja não provoca danos diretos aos tecidos foliares, e também aos grãos e sementes. Isso influencia o seu armazenamento e reduz a qualidade dos grãos destinados à indústria.

Além disso, é importante lembrar que o controle da doença deve ser sempre planejado em conjunto com demais patógenos presentes na área.

Conheça o histórico de doenças que ocorrem na área de cultivo, bem como épocas e condições ambientais que as favorecem. Assim, você poderá fazer um manejo mais assertivo e economicamente viável, reduzindo custos e aumentando as receitas.

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“Cercosporiose no milho: saiba como manejar a doença”

Gostou de saber mais sobre a mancha-púrpura? Se você conhece outras pessoas que produzem e enfrentam essa doença na lavoura, compartilhe este artigo com elas.

Georreferenciamento de imóveis rurais: o que é, para que serve e como fazer?

Georreferenciamento rural: quanto custa, quem precisa fazer, novas regras, quando deve ser feito e muito mais.

Se você atua no setor agrícola, já deve ter ouvido falar em georreferenciamento de imóveis. Esse procedimento tem como objetivo regulamentar a identificação de imóveis rurais.

Ele é obrigatório para todo e qualquer proprietário de imóveis rurais no país e necessário para emitir o CCIR (Certificado de Cadastro do Imóvel Rural). Sem ele, não é possível legalizar transferências imobiliárias, obter financiamento bancário ou ter acesso a crédito rural.

Ou seja: estamos falando de um de um processo essencial para uma boa gestão agrícola. Você sabe como esse processo é feito na prática?

Neste artigo, saiba quais são as novas regras de georreferenciamento da sua propriedade, quando é necessário fazer, quanto custa e muito mais. 

O que é georreferenciamento de imóveis rurais?

O georreferenciamento rural é um procedimento adotado pelo Incra para identificar, padronizar e regularizar os imóveis rurais no Brasil. Afinal, esse é um dos países com maior extensão territorial do mundo.

Na prática, por meio de um levantamento topográfico, o georreferenciamento coleta todos os dados necessários para a identificação dos imóveis que ocupam o território nacional. Esses dados são, por exemplo:

  • formato do terreno;
  • dimensão do terreno;
  • coordenadas geográficas (latitude e longitude) da área.

Assim, além de serem usados para fiscalização e planejamento do poder público, os dados coletados também garantem mais segurança para os proprietários dos imóveis. Afinal, eles evitam sobreposições, ocupações e desentendimentos relacionados à posse do terreno.

Além disso, o procedimento também é necessário para emissão do CCIR e para dar entrada em praticamente todos os procedimentos que envolvem o terreno de uma propriedade rural. Isso inclui desde compra e venda do imóvel até solicitações de financiamento do governo.

Quando é necessário fazer o georreferenciamento?

A Lei 10.267/2001 criou a obrigatoriedade do georreferenciamento de imóveis rurais para propriedades com mais de 100 hectares. Isso quando ocorre alteração de suas áreas ou titulares, como nos casos de:

  • Compra;
  • Venda;
  • Partilha (amigável ou judicial);
  • Desmembramento;
  • Remembramento
  • Transferência;
  • Hipoteca.

Em 2018, porém, um decreto do governo federal passou a exigir que todas as propriedades, independentemente do seu tamanho, realizem o procedimento.  A mudança trouxe consigo novos prazos para a regularização das propriedades. Veja abaixo:

  • Imóveis com área acima de 250 hectares: vigente;
  • Imóveis com área entre 100 e 250 hectares: 20/11/2018;
  • Imóveis com área entre 25 e 100 hectares: até 20/11/2023; 
  • Imóveis com área menor que 25 hectares até 20/11/2025.

Como fazer georreferenciamento de imóveis rurais

O georreferenciamento rural é realizado em duas grandes etapas.

Na primeira, são realizadas a identificação e o reconhecimento dos limites do imóvel por meio da medição da propriedade. O objetivo é garantir que não haverá erros 

nas distâncias medidas posteriormente por meio do levantamento topográfico.

Também faz parte dessa primeira etapa uma análise criteriosa da documentação do imóvel e dos terrenos vizinhos (a fim de evitar a sobreposição). Dentre eles, estão a descrição imobiliária do registro de imóveis e a documentação técnica já registrada no Incra.

O segundo passo é o levantamento no campo, que inclui a coleta e análise de dados físicos e geográficos a partir de fotogrametria. Essa técnica mede distâncias, formas e dimensões de objetos e elabora um registro fotográfico tridimensional da área.

São estes dados que precisarão ser validados pelo Incra para regularização do terreno e posterior emissão do Certificado de Cadastro do Imóvel Rural.

É importante destacar que a contratação de um profissional é essencial. Ela é fundamental tanto para a realização dos serviços de campo, quanto para o envio do material para o Sistema de Gestão Fundiária do Incra.

Quem pode fazer o georreferenciamento de imóveis rurais?

O serviço de georreferenciamento de imóveis rurais deve ser realizado por um profissional habilitado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia. Ele deve ser credenciado junto ao Incra (veja a lista de profissionais credenciados por estado aqui).

Tratam-se de engenheiros agrimensores, engenheiros cartógrafos, arquitetos, tecnólogos e técnicos nestas modalidades. Esses profissionais, de acordo com PL 2087/2004, devem ter cursado os seguintes conteúdos e disciplinas em suas grades curriculares: 

  • Topografia aplicadas ao georreferenciamento;
  • Cartografia;
  • Sistemas de referência;
  • Projeções cartográficas, 
  • Ajustamentos, métodos e medidas de posicionamento geodésico.

Novas regras para o georreferenciamento rural

Recentemente, o Incra divulgou novas regras para o georreferenciamento de imóveis rurais. Agora, o georreferenciamento poderá utilizar novas metodologias (como sensoriamento remoto com o uso de drones, por exemplo) durante o processo. 

Segundo o órgão, essa alteração não afetará direta e imediatamente os proprietários de imóveis rurais. Entretanto, ele deve facilitar o trabalho do profissional responsável pelo georreferenciamento.

As mudanças foram publicadas na segunda edição do Manual Técnico para Georreferenciamento de Imóveis Rurais, em 23 de dezembro de 2022. Elas entraram em vigor no dia 30 do mesmo mês.

Quanto custa o georreferenciamento de imóveis rurais

A média cobrada no mercado costuma oscilar entre R$ 250 e R$ 350 por hectare. Entretanto, diversos fatores podem interferir no preço cobrado pelo georreferenciamento rural.

A experiência do profissional contratado, os equipamentos utilizados, o tamanho e as especificidades da área que será georreferenciada são alguns exemplos.  Por isso, a dica é fazer uma boa pesquisa e realizar diferentes orçamentos antes de fechar o serviço.

O que acontece se o georreferenciamento não for feito?

Apesar de obrigatório e necessário para legalizar transferências imobiliárias, a não realização do georreferenciamento não implica em nenhum tipo de multa, sanção ou penalização. Entretanto, é um passo a menos no seu gerenciamento rural.

As únicas consequências sofridas pelos proprietários que não fazem o georreferenciamento  são a desvalorização do imóvel no mercado. Além disso, há a impossibilidade de legalizar a venda (ou qualquer outra transação) com suas terras.

Ou seja, quem produz não poderá fazer qualquer tipo de mudança na titularidade, na dimensão da área, na localização, no tipo de exploração feita e na classificação fundiária. Ainda, é claro, não é possível acessar benefícios governamentais como custeio agrícola.

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Conclusão

A extensão do território brasileiro é a quinta maior do planeta. Nesse contexto, manter o registro das propriedades rurais se provou muito mais do que mera burocracia.

Além de evitar sobreposições, o georreferenciamento é uma poderosa ferramenta para que proprietários de imóveis rurais tenham maior conhecimento e controle de suas terras. Assim, eles podem realizar uma gestão mais eficiente de suas fazendas.

Por isso, se você é proprietário(a) de terras rurais, atente-se ao prazo para realizar o georreferenciamento do seu terreno!

Já fez o georreferenciamento de imóveis rurais alguma vez? Se quer ver mais assuntos como esse, não deixe de assinar nossa newsletter e receber semanalmente conteúdos fresquinhos. 

Passo a passo para fazer o cálculo de semeadura de milho

Cálculo de semeadura de milho: veja como definir população de plantas, quantidade de sementes, taxa de semeadura, dicas e mais!

Um dos principais momentos na lavoura é a semeadura. No milharal, este momento é ainda mais importante por causa da fenologia do milho e outras características delicadas dessa cultura.

Não basta apenas colocar as sementes no solo, sem qualquer parâmetro. É necessário fazer alguns cálculos para que a quantidade de sementes esteja correta, garantindo assim boa produtividade do milho.

Neste artigo, veja as principais contas que você precisa fazer antes dessa etapa para obter o máximo potencial produtivo que seu híbrido pode fornecer. Assim, você consegue fazer um bom planejamento para a cultura do milho. Boa leitura!

Como fazer o cálculo de semeadura do milho?

Nessa cultura, é importante definir qual híbrido de milho irá ser semeado para aí sim calcular a semeadura do milho. Existem diversos híbridos comerciais no mercado. Antes de fazer essa escolha, considere os seguintes aspectos:

Com a definição da melhor variedade de milho a ser semeada, você precisa fazer os cálculos para saber a quantidade ideal de sementes para semear toda a área. Veja a seguir os principais cálculos de semeadura do milho a serem feitos.

Como calcular a população de plantas de milho por hectare

O primeiro passo é saber qual a recomendação do híbrido escolhido em relação a quantidade de plantas por hectare. Para todas as culturas, a população de plantas ideal já vem pré definida com o híbrido ou cultivar escolhido.

Quem faz essa predefinição são pesquisas conduzidas em diversas regiões produtoras. Assim, o material poderá expressar seu máximo potencial produtivo. Ou seja: quantos grãos de milho plantar por hectare depende da marca de híbrido escolhido por você.

A população de plantas está definida dentro de um intervalo considerado ideal. Ainda assim, é importante seguir a recomendação técnica, pois a população ideal de plantas definidas é aquela que te traz melhor aproveitamento de água, luz e nutrientes.

Como calcular a quantidade de sementes de milho por metro

Com a população de plantas definida, o próximo passo é saber a quantidade de sementes por metro. Para isso, é preciso ter os dados de população de plantas e espaçamento a ser utilizado. O espaçamento entre linhas para cultura do milho varia muito entre:

  • 0,45 m;
  • 0,50 m;
  • 0,90 m.

Segundo a Embrapa, espaçamentos mais (45 cm a 50 cm entre linhas) tem apresentado melhores resultados em comparação com espaçamentos maiores (80 cm a 90 cm). Isso acontece especialmente quando se utilizam densidades de plantio mais elevadas.

Outra vantagem destacada é a maior rapidez no fechamento de linhas quando o espaçamento é reduzido. Essa técnica é mais eficaz no controle de plantas daninhas. Sabendo estes dados, é possível definir a quantidade de plantas por metro. Veja o cálculo a seguir:

Como calcular a taxa de semeadura do milho

Feito o cálculo de sementes por metro, é preciso considerar a germinação antes de regular a semeadora. O cálculo que considera a quantidade de sementes viáveis do lote é chamado taxa de semeadura.

Para saber a porcentagem de germinação do híbrido escolhido, basta olhar no rótulo da embalagem. Se você ainda não recebeu as sementes, pergunte para o vendedor. Feito isso, você pode realizar o teste a seguir:

Pelo cálculo, é preciso ter 3 sementes/metro para obter a população de plantas definida.

Como calcular a quantidade de sementes de milho para um hectare 

Definindo a taxa de semeadura, basta saber a quantidade de sementes que você irá utilizar em um hectare e depois na área total. Há dois modos de fazer este cálculo. Veja:

Normalmente, para fazer a compra, é colocado 10% a mais de sementes a serem semeadas por causa de problemas com as máquinas ou perdas durante o abastecimento ou transporte. Por isso há na fórmula acima a multiplicação de 1,1.

O milho, atualmente, é comercializado em número de sementes. As empresas colocam 60 mil sementes em cada saco, geralmente. Com nosso exemplo, é preciso ter 1,22 sacos para semear um hectare de milho. 

Caso a área total semeada seja 100 hectares, seriam necessários 122 sacos. Caso em alguma revenda ainda seja comercializado o milho em kg, o cálculo feito é diferente. Com a conta a seguir, você consegue saber quantos quilos de milho por hectare você deve plantar.

Dicas para melhorar a semeadura do milho

Dicas para melhorar a semeadura do milho  

Após fazer os cálculos necessários de semeadura de milho e fazer a compra das sementes, o próximo passo é o momento de semear. Nessa etapa, é importante ter alguns cuidados para que a semeadora consiga colocar as sementes com espaçamento correto entre plantas.

Regulagem correta da semeadora

Antes de tudo, faça uma boa regulagem da semeadora. Faça as revisões necessárias e, antes de começar o plantio, coloque o disco de tamanho ideal para seu híbrido. Feito isso, confira se está caindo a quantidade correta de sementes por metro linear.

Para isto, ande com a semeadora por cerca de 10 metros em local limpo. Depois disso, confira em pelo menos 2 metros se está caindo a quantidade desejada de sementes. Confira também se não estão caindo duas sementes no mesmo local.

Além disso, é sempre bom saber qual é a melhor semeadora para milho no mercado. Tendo os equipamentos corretos, a produtividade do milho é ainda mais preservada. 

Quer uma ajuda para controlar melhor o status da manutenção das máquinas da sua fazenda? Separamos uma planilha ideal para esse momento, totalmente gratuita. Basta clicar na imagem abaixo e acessar.

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Velocidade de plantio

A velocidade de plantio é outro ponto de atenção. Com a velocidade correta, você garante que as sementes sejam depositadas no solo de modo correto, evitando falhas e duplas. A velocidade ideal da semeadora é entre 4 km/h a 6 km/h.

Na imagem abaixo, veja como é o efeito da velocidade do plantio da densidade final da sua plantação. Além disso, você confere que a velocidade correta afeta também na produtividade da sua cultura.

Efeito da velocidade do plantio na densidade final e na produtividade do milho
Efeito da velocidade do plantio na densidade final e na produtividade do milho
(Fonte: Embrapa)

Profundidade de plantio

A profundidade é outro fator que interfere no estabelecimento das plântulas em campo. Para isso, é importante garantir que as sementes fiquem entre no máximo de 3 cm a 5 cm de profundidade.

Garantir uma profundidade uniforme no plantio de milho pode parecer trabalhoso, mas é uma das etapas mais fundamentais e que não podem ser ignoradas. Afinal, uma boa profundidade também evita alguns dos principais danos em grãos de milho.

Depois de ter semeado corretamente o milho, você precisará começar a pensar e planejar a adubação. Para te ajudar nesse processo, separamos uma planilha gratuita para facilitar o cálculo de adubação e controle dessa tarefa. Clique na imagem abaixo para acessar:

planilha calculo fertilizante milho e soja

Conclusão

Neste texto, você viu que é importante fazer os cálculos de semeadura do milho já no planejamento da cultura. Ainda, lembre-se que fazer os principais cálculos é uma etapa um tanto quanto trabalhosa, mas fundamental.

Não deixe de considerar o que influencia nos cálculos e de onde vem cada valor a ser utilizado. Feito isso, você garante ainda mais assertividade no processo.

Não deixe de relembrar as dicas importantes que demos aqui para que seus cálculos não sejam em vão. Assim, você obterá o melhor aproveitamento na operação de semeadura.

>> Leia mais:

“Previsão do preço do milho: o que esperar para 2023”

Entendeu como fazer o cálculo de semeadura de milho? Se quiser ficar sempre por dentro de outros conteúdos sobre a cultura do milho e outros assuntos de gestão agrícola, não deixe de se inscrever na nossa newsletter.

Como controlar pragas com ajuda da Beauveria bassiana?

Beauveria bassiana: saiba o que é, como fazer as aplicações, custos, vantagens do uso, onde encontrar e muito mais!

O fungo Beauveria bassiana pode ser encontrado nos solos de todo mundo.

É classificado como fungo entomopatogênico, porque causa doenças em insetos. Para a produção agrícola, especialmente no caso das pragas, é um grande benefício. 

Depois da sua descoberta como um aliado no controle de pragas, ele passou a ser multiplicado em massa. Posteriormente, foi liberado nas lavouras das mais diversas culturas.

Para ter o maior benefício possível no uso desse fungo, é importante entender como fazer uma aplicação mais eficiente. Neste artigo, saiba esses e outros detalhes importantes sobre o Beauveria bassiana. Boa leitura!

O que é o fungo Beauveria bassiana?

Beauveria bassiana é um fungo entomopatogênico capaz de parasitar insetos, causando uma doença fatal em vários deles. Ele está presente naturalmente em solos do mundo inteiro, e por isso diversos estudos foram feitos para compreender seu potencial no controle de insetos

Atualmente, já são conhecidas mais de 200 espécies de insetos que são afetadas pelo fungo. A Beauveria bassiana atua da seguinte maneira em contato com as pragas e com as plantas:

  • capacidade de causar doenças;
  • produção de substâncias tóxicas às pragas;
  • estimula sinais químicos na planta antes do ataque dos insetos, ativando suas defesas.

O fungo afeta os insetos de forma contínua, como resultado cumulativo da produção de toxinas. Ele entope importantes canais de absorção de água e nutrientes das pragas. Como consequência desse e de outros efeitos, as pragas morrem.

O fungo também pode permanecer sob raízes, solo e água, criando oportunidade para disseminação rápida. Este fato requer atenção de quem produz, porque o fungo pode causar danos aos inimigos naturais de pragas presentes na lavoura.

Quais pragas o  inseticida biológico Beauveria bassiana controla?

As pragas controladas pelo Beauveria bassiana dependem do produto em questão. Entretanto, as principais pragas controladas pelo produto são:

Vale ressaltar novamente que a indicação de controle para determinada praga deve ser conferida na bula do produto, pois há variação entre fabricantes. Essa variação depende do isolado utilizado na formulação.

Sintomas e sinais da infecção por Beauveria bassiana
Sintomas e sinais da infecção por Beauveria bassiana em lagarta (A), fungo cultivado em meio de cultura (B e C), conídios do fungo em detalhes (D, E e F)
(Fonte: Castro)

Como aplicar Beauveria bassiana (dose, custo e bula)

Se você pretende usar o Beauveria bassiana na sua lavoura, é necessário tomar alguns cuidados na aplicação. Por exemplo:

  • Prepare a calda e aplique nas horas mais frescas do dia, com alta umidade do ar;
  • Fins de tarde e dias nublados são ideais para aplicação do fungo Beauveria bassiana;
  • Evite misturas ou resíduos de outros produtos no tanque de pulverização, assim como nas demais estruturas do equipamento. Assim, você evita contaminação e redução da eficiência do produto;
  • Dissolva o produto em um primeiro momento em menor quantidade de água (20 litros). Em seguida, dissolva o conteúdo no pulverizador contendo 2/3 da água necessária para a calda.
  • As recomendações de aplicação variam conforme a bula, então sempre leia antes de começar o preparo da calda.

Também é importante ficar por dentro do custo de aplicação desse fungo na lavoura. O custo depende da praga alvo a ser controlada e da cultura, o que determinará a melhor tecnologia de aplicação e tipo de formulação. No entanto, em geral, o custo é baixo.

Se você pretende usar o fungo na sua lavoura, é preciso ficar de olho no preço da Beauveria bassiana. Embalagens com cerca de 1kg do produto costumam custar cerca de R$ 160, valor que pode variar bastante conforme o fabricante.

planilha - calcule seus custos

Limitações do uso desse fungo no controle de pragas

Esse fungo pode causar danos em inimigos naturais presentes na lavoura, que ajudam no controle de pragas agrícolas.

Ainda, no caso de inseticidas sintéticos e outros defensivos, há uma forma específica de preparo das caldas. Além disso, é necessário fazer um monitoramento constante das condições ambientais para sua aplicação.

Para isso, indica-se o preparo da calda no máximo uma hora antes da aplicação. Você também deve manter os equipamentos sem a presença de outros produtos, especialmente em função da incompatibilidade

Além disso, a adição de adjuvantes agrícolas pode reduzir a população de fungos viáveis. Ou seja, fique de olho também nesse aspecto.

Outra limitação do uso da Beauveria bassiana é a lentidão do seu funcionamento. Enquanto inseticidas sintéticos matam as pragas em até algumas horas, esse fungo pode levar entre 6 a 14 dias. 

O fungo também depende de condições ambientais favoráveis para a germinação dos esporos no hospedeiro. São ideais as temperaturas entre 23°C a 28°C, além de alta umidade relativa do ar.

Por fim, a fabricação desse fungo na fazenda não é indicada. Por isso, é necessário adquiri-lo através de fabricantes do mercado, devidamente regulamentados.

Vantagens no uso do fungo na lavoura

Uma grande vantagem é que esse fungo pode ser usado independentemente da cultura. Para os produtos sintéticos, isso não ocorre. Geralmente, no caso dos sintéticos, há indicações para algumas culturas específicas.

Ainda, ele pode ser usado na produção orgânica por possuir autorização para esse fim.

Outra vantagem é que a Beauveria bassiana pode continuar a se reproduzir na praga que foi controlada, disseminando outros esporos na área. Mas atenção, essa característica não anula a necessidade de outras aplicações.

O fungo pode também ser utilizado no manejo integrado de pragas, especialmente no manejo anti-resistência. Afinal, muitos insetos são resistentes aos inseticidas químicos disponíveis no mercado, caso de diversos insetos alvo do fungo, como a mosca-branca

Como conseguir Beauveria bassiana?

Alguns produtores relatam dificuldades em conseguir Beauveria bassiana para aplicação em suas lavouras. Ainda, muito se pergunta sobre como produzir o Beauveria bassiana ou como multiplicar o Beauveria bassiana.

Entretanto, vale ressaltar que produtos formulados a partir do fungo entomopatogênico podem ser adquiridos diretamente em revendas ou em empresas de controle biológico. A produção desse fungo na fazenda não é recomendada.

No Agrofit, podem ser encontradas 93 diferentes formulações registradas. No entanto, é importante conferir atentamente a bula do produto. Afinal, para diferentes fabricantes, há indicações específicas quanto às pragas controladas e modos de aplicação.

O fungo pode ainda ser formulado em mistura com outros fungos utilizados no controle de pragas, como Metarhizium anisopliae e Isaria javanicaDesta forma, as recomendações variam de acordo com a formulação do produto e do fabricante.

planilha manejo integrado de pragas

Conclusão

É gigante o potencial da Beauveria bassiana no controle de importantes pragas nas lavouras. Além disso, vimos aqui inúmeras vantagens do uso desse fungo.

A possibilidade de aplicação sem restrição de culturas e custo baixo de aplicação são as principais delas. 

Para máxima eficiência das formulações de Beauveria bassiana é indispensável que as recomendações da bula sejam seguidas. Tome cuidado quanto às doses do produto e, na dúvida, consulte um(a) engenheiro(a)-agrônomo(a)

Você já conhecia o fungo Beauveria bassiana? Está pensando em utilizá-lo na sua lavoura? Inscreva-se na nossa newsletter para não perder mais conteúdos como esse.

Veja como adotar práticas de tecnologia e sustentabilidade no campo na sua fazenda

Agricultura sustentável: qual a sua importância, quais são as práticas que devem ser implementadas e como a tecnologia te ajuda nesse processo.

Nos últimos anos, o modelo convencional de agricultura tem sido alvo de duras críticas em razão dos danos ambientais e sociais. Diante disso, tem crescido a busca por modelos de exploração agrícola mais sustentáveis. 

É fundamental usar recursos naturais de forma mais racional, mantendo a capacidade produtiva a longo prazo. 

Para conseguir dar conta da produção de alimentos e sustentabilidade no campo, ao mesmo tempo, é preciso ficar por dentro das melhores práticas.

Neste artigo, saiba mais sobre o que é e como implementar práticas de sustentabilidade na agricultura na sua fazenda. Confira a seguir. Boa leitura!

O que é sustentabilidade no agronegócio?

A sustentabilidade no campo é um conceito que precisa estar sempre presente no cotidiano de quem produz. Assim, é possível unir produtividade das culturas com conservação ambiental. Isso garante que as empresas rurais atendam a demanda de alimentos sem danos à natureza. 

Afinal, um dos grandes desafios das próximas décadas se refere à produção de alimentos, fibras e energia em quantidade suficiente para a população. Esta, por sua vez, cresce de forma exponencial. 

Tendo em vista a finitude dos recursos naturais, é urgente a necessidade de repensar o modo de consumo e o modelo de agricultura atual. Somente assim será possível propor soluções que garantam a sustentabilidade no campo. 

Na agricultura, a sustentabilidade é fundamentada na valorização dos recursos internos dos sistemas agrícolas produtivos. 

A sustentabilidade se baseia em três pilares: econômico, social e ambiental. Em outras palavras, uma atividade sustentável deve ser economicamente viável, socialmente justa e ambientalmente correta.

Portanto, o desenvolvimento sustentável pode ser entendido como a busca por atender as necessidades do presente. Tudo isso, é claro, sem comprometer as necessidades das futuras gerações.

Tripé da sustentabilidade
(Fonte: Adaptação dos três pilares de Elkington, 1997)

Agricultura convencional x agricultura sustentável

A diferença básica entre o modelo de agricultura convencional e a sustentável é o fato de a agricultura sustentável se aproximar da realidade. Afinal, ela é multidisciplinar.

Enquanto isso, o modo de produção convencional valoriza a universalidade e a transferência de pacotes tecnológicos. Como resultado, tem-se maior desperdício de água, poluição do ambiente, degradação do solo, além de acentuar as desigualdades sociais.

Assim, fica claro que a agricultura sustentável é o único caminho viável para o futuro. É bom lembrar que ela também tem o objetivo de atender a demanda de alimentos, fibras, biocombustíveis, produtos madeireiros e não-madeireiros.

Ao mesmo tempo, na agricultura sustentável tem-se o uso racional dos recursos, o que contribui para a preservação do meio ambiente

Além da preocupação ambiental, a agricultura sustentável busca proporcionar boas condições de trabalho para todos os envolvidos no processo e aumentar a produtividade.

Importância da sustentabilidade no agronegócio

A palavra “sustentabilidade” tem sido bastante utilizada em diferentes setores. Na agricultura, a adoção de práticas sustentáveis garante a manutenção dos recursos naturais e da produtividade agrícola a longo prazo. 

Além disso, reduz os impactos adversos no meio ambiente e favorece a biodiversidade. A agricultura sustentável promove a conservação do solo, da água e dos recursos genéticos animais e vegetais.

O uso de ações sustentáveis também pode agregar valor aos produtos agropecuários brasileiros no mercado interno e externo. E assim, remunerar adequadamente os trabalhadores rurais. Essas práticas otimizam a produção agrícola com o mínimo de insumos químicos.

diagnostico de gestao

Quais são as práticas sustentáveis no campo?

Com o aumento da preocupação ambiental, tem crescido também o interesse por práticas agrícolas que atendam os requisitos de sustentabilidade. Isso pode ser feito de forma total ou parcial. Confira algumas práticas que garantem maior sustentabilidade das atividades:

Para garantir a sustentabilidade do agronegócio, é fundamental adotar diferentes técnicas de manejo, aliadas às inovações tecnológicas. Somente assim é possível minimizar impactos ambientais e sociais, além de melhorar a eficiência de uso dos insumos e evitar o desperdício.

As inovações tecnológicas voltadas para o agronegócio têm contribuído muito para o desenvolvimento sustentável no campo. A transformação digital da agricultura possibilitou melhorar a gestão dos recursos e aumentar a produtividade. 

A transformação digital engloba uma série de tecnologias e conceitos que devem ser postos em prática. Confira algumas delas a seguir. 

Digitalização, internet das coisas e computação em nuvem

A internet das coisas e a computação em nuvem possibilitam o acesso de informações, arquivos e serviços pela internet. De qualquer lugar, é possível acessar dados e ferramentas sem a necessidade de instalação de programas e com atualização em tempo real.

A computação em nuvem promove a redução de custos e economia de espaço, uma vez que o armazenamento é todo virtual. Além disso, o armazenamento de dados na nuvem facilita o acesso por toda a equipe de trabalho envolvida. 

O uso dessas ferramentas, pouco a pouco, ajuda a construir uma agricultura cada vez mais digital. Uma agricultura mais moderna possui inúmeras vantagens, como diminuição dos seus custos e também da sua carga de trabalho. 

Ainda tem dúvidas de como a tecnologia pode te ajudar a tornar seu negócio rural mais sustentável? Separamos para você um guia completo e gratuito, com todas as informações necessárias.

Biotecnologia e bioinformática 

São duas importantes tecnologias que garantem diversos avanços na produção animal e vegetal.  A partir delas, é possível integrar e analisar um grande volume de informações. 

Assim, é possível compreender os mecanismos biológicos e realizar análises em diferentes níveis de complexidade, criando uma extensa rede de informações.

Zoneamento agrícola de risco climático (Zarc)

O zoneamento agrícola é uma ferramenta de gestão de riscos na agricultura. Ele fornece os períodos de semeadura com menor risco climático e também os municípios com condições climáticas favoráveis para o cultivo de determinada cultura.

As informações do Zarc podem ser acessadas de três modos: aplicativo Zarc – Plantio Certo; Painel de Indicação de Riscos e Portarias de Zarc por Estado.

Agricultura de precisão e tecnologia de aplicação

Trata-se de um conjunto de tecnologias que possibilita a coleta e análise de dados, como o teor de umidade do solo, clima e características das plantas.

No meio rural, a digitalização dos dados tem contribuído para assegurar maior controle em todas as etapas da cadeia produtiva. Assim, a agricultura de precisão aumenta a eficiência no uso dos recursos e na redução dos custos.

A tecnologia de aplicação em taxa variável é uma ferramenta da agricultura de precisão que possibilita variar a taxa de insumos em diferentes pontos da área. Dessa forma, os insumos são aplicados somente quando necessário, na dosagem requerida e no momento adequado. 

Inteligência artificial

Hoje em dia, é cada vez mais comum o uso de inteligência artificial, softwares, drones e VANTs (os veículos aéreos não tripulados). Eles são usados no monitoramento de áreas e até mesmo na aplicação de defensivos agrícolas.

Nesse sentido, os benefícios da tecnologia na agricultura e no desenvolvimento sustentável no campo são indiscutíveis. No entanto, é preciso deixar claro que a adoção de determinadas tecnologias exige significativos investimentos. 

Isso acaba não sendo acessível para uma grande parcela de produtores rurais, principalmente, os pequenos. Assim, a adoção de tecnologias pode variar conforme o contexto geográfico e socioeconômico.

Conclusão

A sustentabilidade garante que as necessidades do presente e das gerações futuras sejam atendidas. Ela se baseia em três pilares: ambiental, econômico e social.

Uma atividade sustentável se preocupa com as condições de trabalho e a remuneração dos colaboradores, além de preservar o meio ambiente. Ainda, é claro, a sustentabilidade no campo ajuda a reduzir os impactos ambientais e agregar valor aos produtos agropecuários.

A inovação e a tecnologia têm contribuído muito para o desenvolvimento sustentável no campo. Porém, aderir às inovações tecnológicas demanda significativos investimentos, então procure organizar as suas finanças e avaliar quais das tecnologias se aplicam à sua realidade.

Você já conhecia essas práticas de sustentabilidade no campo? Se quer ficar sempre por dentro das novidades do agronegócio, não deixe de assinar nossa newsletter.

Saiba o que é e para que serve o superfosfato simples

Superfosfato simples: conheça os principais fertilizantes do mercado, como utilizar, custo-benefício e muito mais.

O superfosfato simples é uma fonte de fósforo para as plantas. Ele é obtido através do tratamento de rochas fosfatos naturais, como a fosforita e a apatita. As reservas de fósforo disponíveis no mundo para exploração econômica são suficientes apenas até 2050.

Justamente por isso, compreender quais fontes deste elemento são melhor aproveitadas pelas plantas é fundamental. Ainda, possibilitar as melhores condições do solo para aumentar a absorção do nutriente também é uma prática importante. 

Neste artigo, saiba mais sobre o superfosfato simples e entenda como escolher a mais adequada da fonte de fósforo para a lavoura. Saiba também sobre a diferença entre superfosfato triplo e simples. Boa leitura!

Qual é a composição do superfosfato simples?

O super simples, também conhecido como superfosfato simples ou SSP, é um fertilizante obtido através da adição de ácidos em rochas. Como resultado deste processo, a composição do superfosfato simples é próxima de 18% de fósforo, 16% de cálcio e 10% de enxofre

A fórmula do superfosfato simples é Ca(H2PO4)2 + CaSO4 2H2O. Ainda, além de disponibilizar fósforo quando aplicado, também é fonte de outros nutrientes importantes. O enxofre, por exemplo, é importante para as plantas por participar de processos importantes.

O nutriente ajuda na síntese de proteínas e aminoácidos essenciais. Ainda, é indispensável para o desenvolvimento das raízes e para a fotossíntese. Além disso, na maioria das áreas de produção, o enxofre é encontrado em quantidades abaixo das necessárias para as plantas.

Também é bom lembrar que os efeitos do superfosfato simples sobre o pH do solo são praticamente nulos. Esse parâmetro é fundamental para que os nutrientes sejam disponibilizados para as plantas. O oposto acontece no uso de outros fertilizantes, como:

  • termofosfato;
  • fosforita de olinda.

Importância do fósforo para as plantas

Dentre os macronutrientes essenciais (nitrogênio, fósforo e potássio), o fósforo exerce papel fundamental para as plantas. Isso sobretudo nos processos de armazenamento e utilização da energia captada pela luz solar, pelo processo de fotossíntese. Ainda, o fósforo:

  • é exigido em grandes quantidades pelas plantas;
  • participa do crescimento das raízes, da formação de grãos, frutos e fibras;
  • está diretamente envolvido na maturação dos grãos e frutos.

O fósforo é o elemento que possui maior dificuldade de absorção pelas plantas. Afinal, ele é considerado imóvel no solo. Além disso, a depender das características físicas e do tipo de solo, pode estar presente em quantidades adequadas, mas  indisponível para absorção. 

Mobilidade de diferentes nutrientes no solo. Da parte superior esquerda para para direita: água, nitrato, amônio, fósforo, potássio, cálcio, enxofre e cloro. 
(Fonte: Manual de Fertirrigação Yara)

Essa indisponibilidade está ligada ao pH do solo. Em solos ácidos, o fósforo pode estar presente no solo, mas indisponível para plantas. Além da fonte de fósforo adequada, condições do cultivo e características do solo são importantes para seu melhor aproveitamento.

Uma das alternativas disponíveis e mais utilizadas como fonte de fósforo no mercado são os fertilizantes fosfatados.

Quais as vantagens do uso do fertilizante super simples?

O superfosfato é altamente solúvel no solo. Isso acontece em função do método de fabricação do fertilizante fonte de fósforo, como a adição de ácidos para a sua solubilização. Ainda, a purificação e concentração da rocha fosfática também auxilia nesse processo.

Desta forma, os superfosfatos possuem alta eficiência devido à liberação rápida e de forma prontamente disponível. Após a aplicação no solo, o superfosfato simples libera fósforo rapidamente no solo, o que contribui para a absorção das plantas.  

Qual a desvantagem do superfosfato simples?

Como desvantagem principal do superfosfato simples, podemos destacar o fato deste fertilizante ser importado. Desta forma, ele fica suscetível a alterações abruptas de preços e também da disponibilidade.

Isso acontece especialmente em cenários conturbados, como os conflitos vivenciados no Oriente Médio. Por esse motivo, é necessário um enorme planejamento para compra de insumos para evitar ficar sem estoques de fósforo na lavoura.

Outra desvantagem é que a alta solubilidade pode causar perdas por lixiviação na sua cultura agrícola, especialmente em solos de pH ácido. Isso também acontece em épocas de alta incidência de chuvas, que podem levar o nutriente para camadas mais profundas do solo.

Diferença entre o adubo superfosfato simples e triplo? 

A principal diferença entre superfosfato simples e superfosfato triplo é a disponibilidade para as plantas. No caso dos superfosfatos, como o superfosfato triplo, o efeito da sua adição à lavoura pode ser observado tanto no primeiro ano, como em anos posteriores.

Entretanto, é necessário se manter atento, pois uma única aplicação não é garantia de que as plantas poderão absorver o nutriente. Além disso, após a extração pelos cultivos, é necessário que adubações de manutenção e correção sejam realizadas.

Outra diferença encontra-se nas quantidades de fósforo disponíveis. No caso do superfosfato triplo, segundo as garantias mínimas legais impostas pelo Mapa, a quantidade mínima de fósforo solúvel em água deve ser de 41%

Ainda, o superfosfato triplo possui 10% de cálcio, além da ausência de enxofre em sua composição. Por conter maiores quantidades de fósforo e exigir menor quantidade para aplicação na lavoura, pode ser encontrado com preços mais atrativos.

Quanto a qual dessas opções é a melhor para se utilizar na área de cultivo, depende da disponibilidade de enxofre. Se a área apresentar baixa disponibilidade de enxofre, a opção mais acertada pode ser o superfosfato simples

Cabe salientar que existem fontes mais baratas para reposição deste nutriente, como o enxofre elementar. Além disso, é importante observar as características da área, pois o superfosfato simples é mais suscetível à lixiviação.

Principais fertilizantes fosfatados do mercado

Existem diversas opções de fertilizantes fosfatados do mercado, obtidos a partir de diferentes métodos. Dentre os principais, estão:

  • os fosfatos acidulados, como superfosfato simples e superfosfato triplo; 
  • os fosfatos de amônio, como o monoamônio fosfato e o diamônio fosfato;
  • os termofosfatos, como os termofosfatos magnesianos;
  • os fosfatos naturais, como os importados de Arad, Gafsa, Carolina do Norte, e os nacionais, como os Fosfatos de Araxá e Patos de Minas.

Os fosfatos acidulados são obtidos através do uso de ácidos. Os fosfatos de amônio se formam na reação de amoníaco com ácido fosfórico. 

Os termofosfatos, em contrapartida, são obtidos através do tratamento térmico de rochas fosfatadas. Podem ainda ser obtidos por meio da adição de outros materiais, como o silicato de magnésio.

Cada uma das fontes apresenta particularidades quanto ao benefício ao sistema. Dentre todas as fontes listadas, os superfosfatos acidulados solúveis em água são os mais utilizados na agricultura mundial.

Como usar o superfosfato simples? 

A forma mais eficiente para que o fósforo seja adicionado ao solo é por meio da aplicação a lanço e posterior incorporação. Desta forma, são fornecidas as melhores condições para que as plantas possam absorver não somente o fósforo, mas também a água e outros nutrientes.

Por isso, a análise do sistema de cultivo de forma geral é fundamental para o melhor aproveitamento deste macronutriente de difícil absorção pelas plantas. 

Dadas as diferentes fontes de fósforo disponíveis no mercado, é comum a dúvida de qual a melhor opção para aplicação na lavoura. Esta resposta depende de diversos fatores, e a tomada de decisão sobre qual fonte utilizar dependerá:

  • da espécie a ser cultivada;
  • do sistema de preparo do solo;
  • do clima da região de cultivo;
  • da forma como o fósforo é adicionado no solo (a lanço, na superfície, com ou sem incorporação ao solo);
  • e das características do solo. 

Ou seja, esta resposta não é tão simples. Mas não se preocupe, pois agora você verá mais detalhes sobre as características de cada uma das fontes disponíveis.

planilha calculo fertilizante milho e soja

Tipos de fontes de fósforo para o solo

Como você viu, existem diversas fontes desse nutriente no mercado. Conhecer os detalhes de cada uma delas é fundamental, visto que elas possuem características diferentes e que podem impactar na sua propriedade. 

Confira algumas considerações importantes sobre as diferentes fontes de fósforo antes de considerar o super simples como adubo na sua lavoura.

Fosfatos acidulados

Devido a boa solubilidade em água, os superfosfatos acidulados são ótimas fontes de fósforo em solos com baixa disponibilidade deste nutriente. Eles são a fonte de fósforo mais utilizada no mundo. 

No entanto, os fosfatos acidulados podem apresentar limitação no uso devido ao seu custo ser mais elevado. Isso, é claro, quando comparados aos fosfatos naturais (menos eficientes).

O principal benefício dos fosfatos acidulados é a facilidade de aplicação localizada, por serem produtos granulados. No entanto, a mesma característica que configura um benefício, em solos muito intemperizados e ácidos, pode configurar uma desvantagem. 

A alta solubilidade dos superfosfatos em água pode torná-los indisponíveis neste tipo de solo. Desta forma, ao se ligarem a outros compostos, parte do fósforo adicionado ao solo não pode ser utilizado pelas plantas. 

Considerando esses detalhes, a adição de fósforo ao sistema do solo precisa estar em harmonia com a correção de outras características, como a acidez.

Fosfatos de amônio

Os fosfatos de amônio possuem alta concentração de nitrogênio e pentóxido de difósforo. Entretanto, eles não possuem cálcio e enxofre na sua composição. Por isso, caso você precise também desses micronutrientes, reconsidere o uso do fosfato de amônio.

Termofosfato

Os termofosfatos podem promover aumentos expressivos no pH, reduzindo a acidez potencial do solo. Esse fenômeno acontece quando aplicados antes do cultivo da cultura principal.

O termofosfato pode ainda proporcionar aumentos nos teores de cálcio e magnésio no solo. Esses nutrientes são importantes para o crescimento e desenvolvimento das plantas.

Fosfatos naturais

Os fosfatos naturais possuem boa reatividade em solos tropicais. No entanto, a sua aplicação exige maiores quantidades, em função da menor disponibilidade de fósforo

Dentre as opções, embora não seja a mais eficiente, é a que geralmente possui preço mais baixo. Isso também em comparação às demais fontes de fósforo.

Conclusão

Muitas fontes de fósforo podem ser utilizadas na agricultura. Por isso, a escolha da mais apropriada envolve uma série de análises. A primeira delas é a análise de solo, para entender quais são as quantidades de nutrientes disponíveis e possíveis deficiências.

Após isso, o direcionamento de custos, da espécie que está sendo cultivada e das condições ambientais vigentes da safra  poderão ajudar na escolha. Assim, é possível ter mais assertividade, tanto financeira quanto na produtividade da cultura.

Ficou com alguma dúvida sobre o superfosfato simples? Já utilizou esse adubo na sua lavoura? Adoraria ler seu comentário sobre o assunto. 

Saiba como calcular o lucro por hectare de soja

Lucro por hectare de soja: o que fazer para aumentar seu lucro líquido, qual a projeção para 2023 e outras informações importantes

Quem produz quer ter sucesso em sua propriedade rural, produzir bem, vender com preço elevado e ter bons lucros. Entretanto, poucos produtores sabem o que é lucratividade, como calcular e como defini-la para cada área de produção.

Não tem sido uma tarefa fácil fechar as contas nestes últimos anos. Afinal, a volatilidade dos preços tem atrapalhado na definição da margem de lucro das lavouras de soja. Justamente por isso, entender bem sobre lucro é fundamental. 

Neste texto, conheça o principal fator que deve ser considerado para definir o lucro líquido da fazenda e como calculá-los. Assim, você poderá definir o preço da soja em 2023 e nos anos seguintes. Aproveite a leitura!

O que é o lucro de soja por hectare?

O lucro líquido é, de forma resumida, quanto sobrou para o produtor após ele pagar todos os gastos diretos e indiretos. Ou seja, o quanto sobra ao quitar o custo de produção da área de soja.

Todo comércio realizado é voltado para lucro obtido com o produto, mas o lucro na agricultura não é fixo. Nos últimos anos, foi possível observar grande oscilação de preços na venda e compra dos insumos agrícolas e dos grãos.

Essa volatilidade nos preços gera maior instabilidade na venda dos grãos colhidos. Afinal, quem produz espera preços bons no mercado comprador para poder vender. Entretanto, a pergunta que fica é: qual é o melhor preço de venda da saca de soja?

Pensando na safra 2021/22, a média de preço da saca de soja no porto de Paranaguá foi de R$ 188,89. Entretanto, o preço diário oscilou entre R$ 174,46 a R$ 207,14 ao longo dos dias.

Poucos produtores conseguiram vender sua soja ao preço de R$ 200 por saca, pois este valor se manteve por poucos dias. Outros produtores já tinham realizado a venda futura da soja em 2021 ao preço de R$ 150 por saca.

Outro questionamento  é o seguinte: será que o produtor que fez contrato futuro a R$ 150 por saca saiu no prejuízo? Por isso, é importante saber o que significa o lucro da soja por hectare. Assim você não ficará à mercê das oscilações que estão presentes nesta safra.

Sabendo quanto a lavoura custou, é possível saber se aqueles R$ 150 por saca foram ou não um bom negócio.

Assim, é importante ter um planejamento antecipado da sua lavoura. Somente com ele em mãos você poderá definir um preço de venda futura, ou até mesmo definir a lucratividade esperada da sua fazenda.

Custo de produção x rentabilidade da soja por hectare

Um custo bem feito te gera dados confiáveis e seguros para que realizar com mais confiança suas transações de venda. Um custo de produção precisa ser feito com planejamento. Nele, é preciso definir: 

  • quantidade de área;
  • cultivar utilizada;
  • formulação de adubo;
  • quantidade de adubo por hectare;
  • principais defensivos a serem utilizados.

A definição dos defensivos no planejamento é feita com base no histórico da área e da cultura antecessora. Com isso, já é possível definir alguns destes produtos, enquanto outros são adquiridos no decorrer da cultura em campo.

Assim, é possível definir os gastos diretos realizados no custo de produção, que são todos os insumos utilizados. É preciso anotar também os gastos indiretos. Eles são os valores gastos com revisões de maquinários, mão de obra, energia, fretes, combustível, peças, entre outros.

Estes gastos devem estar no custo de produção, mas divididos por hectare. Um exemplo hipotético seria: 

  • a revisão da semeadora ficou no valor de R$ 20 mil;
  • serão semeados 100 hectares;
  • Portanto, o valor deste item será de R$ 200 por hectare. 

Outra forma de fazer esse cálculo é utilizando tecnologia, através de planilhas de custo de produção por hectare. Separamos uma planilha gratuita para você calcular os insumos utilizados em cada safra, por hectare. Clique na imagem abaixo para acessar o material:

Banner de chamada para o download da planilha de cálculos de insumos

Exemplo de lucratividade da soja

Confira um exemplo de lucratividade da soja da safra 2021/22, pelos dados de custo de produção obtidos da Conab e valor médio de venda obtido no Cepea. O valor médio de venda foi de R$ 188,89 em 2022.

Para esse cálculo, considere que o custo de produção da soja por hectare em Londrina, na safra 2021/22 foi de R$ 5.989,97. Ainda, considere que a produtividade média na região foi de 60 sacas por hectare

Nessa safra, o preço médio de venda da saca de soja nessa região foi de R$ 188,89. Para chegar ao resultado do lucro da soja, é necessário multiplicar o valor da produtividade (60 sacas) pelo valor de venda dessas sacas (R$ 188,89). 

Assim, fazendo esse cálculo, percebemos que o valor total de venda por hectare foi de R$ 11.333,40. Agora, veja como fazer esse cálculo em mais detalhes:

lucratividade da soja: forma de calcular o lucro por hectare da soja
Esquema para calcular o lucro por hectare de soja

Houve produtores da safra 2021/22 que venderam a saca de soja por R$ 150. Fazendo os cálculos citados acima, vemos que estes produtores tiveram um lucro líquido de R$ 3.010,03 por hectare. Isso significa uma lucratividade de 33,44%.

Alguns podem achar pouco, mas quem está no ramo agrícola a algum tempo sabe que este não é um valor ruim de lucro. Ainda, é preciso ter pé no chão para não deixar escapar boas ofertas de venda, na busca do que oscila tanto: o mercado de commodities agrícolas.

Ou seja, o custo de produção considera todos os gastos com a lavoura por hectare. Sabendo qual a margem de lucro desejada, é possível conseguir a melhor relação de custo x lucro.

Projeção da margem de lucro de soja por hectare em 2023

Quem produziu na safra passada (2021/22) pode lucrar cerca de R$ 1,5 mil por hectare de soja. A cotação da saca de 60 kg do grão está em cerca de R$ 156 no Estado do Mato Grosso do Sul. É um valor preocupante, e que pode gerar baixos lucros para quem produz na região.

Essa foi uma projeção feita pela Aprosoja, do MS. Agora, na safra atual, o valor dos insumos tem sido os grandes vilões da lucratividade da soja nas duas últimas safras. 

Por outro lado, a previsão para a safra 2022/23 é de que o lucro líquido será de R$ 1.387,63. Ainda, a previsão de lucratividade é de 13%.

Assim, vemos que nesta safra, quem produz tende a ter menor lucro líquido em relação ao ano anterior. Por isso, é importante estar de olho no mercado e buscar as melhores oportunidades de comercialização agrícola.

Com aumento dos preços pagos na saca de soja, os preços dos insumos deram um salto, elevando o custo de produção. Por exemplo, o lucro de soja por hectare para a safra 2021/22 foi de 47% em Londrina-PR. Entretanto, para esse ano, as projeções são menores.

Os produtores vão se lembrar da preocupação com fertilizantes para a safra 2022/23, o aumento do preço dos defensivos ao final da safra 2021/22. Isto eleva o custo de produção, e como vimos, lucratividade está diretamente relacionada com o custo.

Por quanto vender a saca de soja na safra 2022/23?

Para a safra 2022/23 é preciso ter cautela no cálculo para obter margem boas de lucro. Veja um exemplo hipotético de como definir o lucro da saca de soja por hectare para safra 2023: para isso, considere que o custo de produção da safra 2022/23 foi R$ 9.250,79.

A produtividade esperada por hectare foi de 60 sacas. Para definir o preço mínimo de venda é necessário dividir o custo de produção pela produtividade esperada (ou seja, R$ 9.250,79 dividido por 60). 

Fazendo esse cálculo, chegamos ao resultado de que o preço mínimo de venda é R$ 154,18 por saca. Se o lucro mínimo desejado por saca for de 15%, é necessário dividir o preço mínimo de venda por 0,15.

Fazendo esse cálculo, chegamos à conclusão de que para obter 15% de lucro, você deve vender sua saca de soja por pelo menos R$ 177,31.

Como aumentar a margem de lucro da soja?

Na fazenda, diversos são os fatores incontroláveis por quem produz: clima, bases de preço de compra e venda de mercadorias são apenas alguns exemplos. Entretanto, fazer corretamente aquilo que é controlável é o que faz a diferença no final da safra.

Para conseguir aumentar ou buscar a melhor margem de lucro da sua propriedade, faça corretamente o custo. Anotando todos os gastos diretos e indiretos em planilhas.

Fazer estas planilhas é uma tarefa complicada. Muitas vezes, na correria das atividades da fazenda, é possível esquecer de anotar algum gasto. Ou ainda, é possível não conseguir acompanhar os preços no mercado da soja diariamente.

Para evitar esses gargalos, busque ferramentas que te ajudem neste momento. O Aegro é uma destas soluções! Esse software de gestão rural auxilia no planejamento e controle de custos, garantindo uma visão clara do dinheiro gasto ao longo da safra em tempo real.  

Ao fazer o planejamento e registrar as atividades da safra dentro do sistema, ele permite que você verifique a possibilidade de lucro ou prejuízo antes mesmo da colheita.